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Área de Competências-Chave

Cultura, Língua e Comunicação

RECURSOS DE APOIO À EVIDENCIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS

Núcleo Gerador 7 – SABERES FUNDAMENTAIS

DIMENSÃO: CULTURA

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SABERES FUNDAMENTAIS NA DIMENSÃO CULTURA

O conceito de cultura

Ao consultarmos o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, esbarramos com a seguinte

definição:

CULTURA - s.f. - Ação, efeito, arte ou maneira de cultivar; lavoura; (…); desenvolvimento das

capacidades intelectuais quer em geral quer no domínio particular: literária, artística, matemática,

filosófica; maneiras coletivas de pensar e de sentir; conjunto de costumes, instituições e de obras que

constituem a herança social de um grupo ou de uma comunidade; conjunto de ações do meio que

asseguram a integração de um indivíduo numa coletividade, sabedoria, apuro, elegância. Do latim

“cultura”.

In Costa, J. Almeida e Melo, A. Sampaio. Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora. Porto. 1979

Numa rápida pesquisa, podemos concluir que amiúdes vezes, o conceito sociológico e antropológico de

cultura é o mais vulgarizado, nos termos em que

foi definido pelo antropólogo Edward B. Tylor nos

finais do século século XIX:

“Cultura é todo aquele complexo que inclui o

conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os

costumes e todos os outros hábitos e capacidades

adquiridos pelo homem como membro da

sociedade.”

A evolução do conceito de cultura

“A palavra "cultura" aparece no fim do séc. XI. Designa, nomeadamente, um pedaço de terra trabalhada

para produzir vegetais e torna-se sinónimo de agricultura (...). Em meados do séc. XVI, o sentido figurado de

cultura do espírito começa a ser empregado pelos humanistas do Renascimento. É no séc. XVIII que a

cultura em ciências, letras e artes se torna um símbolo da filosofia das Luzes e que Hobbes designa por

"cultura" o trabalho de educação do espírito em particular durante a infância. O homem cultivado tem

gosto e opinião, requinte e boas maneiras. No séc. XIX, a palavra "cultura" tem por sinónimo "civilização".

Mas, ao passo que E. F. Tylor (1871) define a cultura através do desenvolvimento mental e organizacional

das sociedades, como "esse todo complexo que inclui os conhecimentos, as crenças religiosas, a arte, a

moral, os costumes e todas as outras capacidades e hábitos que o homem adquire enquanto membro da

sociedade", a antropologia cultural americana, uns sessenta anos mais tarde, insiste no desenvolvimento

material e técnico e na transmissão do património social. Segundo os culturalistas, a cultura, enquanto

modo de vida de um povo, é uma aquisição humana, relativamente estável mas sujeita a mudanças

contínuas que determina o curso das nossas vidas sem se impor ao nosso pensamento consciente.”

Dicionário de Sociologia, Publicações Dom Quixote, 1990 (adaptado)

Imagem disponível em: http://desconversa.com.br/sociologia/resumo-cultura/

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Ao sistematizar as ideias contidas neste texto, conclui-se que a palavra "cultura" é pluridimensional e

pode significar, nomeadamente:

- terra trabalhada para produzir vegetais (agricultura);

- desenvolvimento do espírito;

- civilização (conhecimentos, crenças religiosas, arte, moral, costumes, capacidades e hábitos);

- desenvolvimento material e técnico;

- património social;

- modo de vida de um povo.

Adaptado de Pombo, António Pedro et all. À Descoberta da Sociologia,

Módulos 1,2,3 e 4, Porto Editora. Porto. 2011.

Por ter sido fortemente associada ao conceito de civilização no século XVIII, a noção de cultura muitas

vezes confunde-se com as de desenvolvimento, educação, bons costumes, etiqueta e comportamentos

elitistas. Daí a dicotomia (e, eventualmente, hierarquização) entre “cultura erudita” e “cultura popular”.

O conceito Cultura é também associado, comummente, a manifestações artísticas elevadas (eruditas)

como a pintura, escultura, arquitetura, literatura, a música, etc.

A associação do conceito de cultura “a

manifestações artísticas elevadas” está muito

divulgada, como se pode inferir da leitura das

respostas dadas por diferentes intelectuais à

pergunta “O que é cultura geral?, feita pela

jornalista do jornal Público,” publicadas no

dia 11 de janeiro de 2015, de onde retiramos

alguns excertos:

“Se pensarmos que a palavra “cultura” vem

de “cultivar” e que se refere inicialmente ao

amanho da terra, então ela tem que ver com

preparação, com cuidado, com aprimoramento de capacidades que estão latentes em todos e todas nós e

que vão sendo desenvolvidas através da comunicação. Ter cultura geral incluiria conhecer a Bíblia, claro,

tanto quanto a Pietá, incluiria saber do folclore de um povo, tanto quanto apreciar Bach, incluiria entender

as razões para a Revolução Francesa, tanto quanto perceber a guerra

económica e social movida pelo que foi a chamada “bolha de Wall

Street”...”

Ana Luísa Amaral, Poeta, professora universitária, 1956

“Tenho dificuldade em definir o conceito, mas quero acreditar

que a definição mais nobre de cultura será aquela que está contida

na frase de Caetano (Veloso), quando fala do poder que o livro tem

de lançar mundos no mundo. Que mundos não estão contidos em

Homero e Shakespeare, em Dostoievski e Proust, em Pessoa e

Guimarães Rosa, ou num verso de Camilo Pessanha! Uma das

expressões mais reveladoras do que será a ausência de cultura é

quando se diz de alguém que não tem mundo.” Imagem publicada em: http://www.publico.pt/culturaipsilon/notic

ia/o-que-e-cultura-geral-1681554

Imagem disponível http://www.cultura.ba.gov.br/2010/12/13/balanco-secultba-2007-2010/

Imagem publicada em: http://www.publico.pt/culturaipsilon/notici

a/o-que-e-cultura-geral-1681554

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Carlos Mendes de Sousa, professor universitário, ensaísta, 1960

“ Cultura é saber que a Lua controla as marés, que o som do violoncelo é o mais próximo da voz humana,

que no Butão há um índice de felicidade. É não ter preconceitos sobre a importância das coisas e estar

disponível para pôr em causa amanhã tudo o que hoje damos como certo. Ser culto há 40 anos devia dar

uma trabalheira logística e muita despesa. Papel, livros, jornais e revistas, sessões de cinema, palestras (só

o nome…). Agora, temos o mundo na mão, e só precisamos de o querer conhecer. De saber fazer escolhas e

ter espírito crítico. Pode visitar-se o Louvre sem sair do sofá. Há bibliotecas completas online. Podemos

escutar toda a obra de Mozart sem entrar numa sala de concertos. O acesso à cultura é mais democrático.”

Inês Monteiro Rocha, Estudante de Geografia, 1994

“Para mim, cultura é pensar. Pensar pela própria cabeça, sabendo

o que outros, noutros tempos e noutros lugares, pensaram sobre um

assunto. É um saber digerido, assimilado, relacionado, apropriado,

recriado. Cultura é a arma para combater o lugar-comum, a

banalidade, o preconceito e a indiferença. Distingue-se de erudição

pelas dimensões da criatividade e do fazer.”

Inês Monteiro Rocha, Estudante de Geografia, 1994

“Para mim, cultura é pensar. Pensar pela própria cabeça, sabendo

o que outros, noutros tempos e noutros lugares, pensaram sobre um

assunto. É um saber digerido, assimilado, relacionado, apropriado,

recriado. Cultura é a arma para combater o lugar-comum, a

banalidade, o preconceito e a indiferença. Distingue-se de

erudição pelas dimensões da criatividade e do fazer.

Exige leituras, convívio com obras de arte em vários

suportes e com pessoas interessantes — mas anos também. Confesso que acho difícil ser-se culto quando se

é muito novo. Porque cultura requer um olhar próprio e um olhar próprio constrói-se a partir da experiência

e da reflexão. Por muito que tenha relativizado a cultura, identifico-a com o que é mais universal, mais

intemporal, mais belo e mais humano.”

Maria Emília Brederode Santos, Pedagoga, 1942

“Cultura? Não sei. Deve ser o tecido que faz o ser humano. A trama, a rede, os fios? Ou os nós e os laços,

como no título do Alçada Baptista? Para mim, cultura é tudo que seja comum. Cultura é o que há entre nós.

Lembro-me às vezes do que disse Gilberto Gil quando tomou posse como ministro da Cultura do Brasil

(googlei, não sei de cor): “Cultura como conjunto

de signos de cada comunidade e de toda a nação.

Cultura como o sentido de nossos actos, a soma

de nossos gestos, o senso de nossos jeitos.” Eu

acrescentaria ainda os grandes e pequenos

nadas de que a vida é feita.”

Tomás Cunha Ferreira, Pintor e músico, 1974

in Ribeiro, Anabela Mota, O que é cultura geral?. Jornal Público. 11/01/2015. http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/o-que-e-cultura-geral-1681554.

Imagem publicada em: http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/o-que-e-

cultura-geral-1681554

Os embaixadores, 1553, de Hans Holbain - Imagem publicada em: http://cocanhadas.blogspot.pt/2008_07_01_archive.html

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O conceito sociológico de cultura

A cultura é um fenómeno exclusivo do ser humano e representa tudo o que nele não é inato, não é

natural. Assim, sabemos que os atos de comer, beber, dormir, reproduzir-se e morrer são naturais no ser

humano mas que a forma como ele pratica ou organiza esses atos no seu quotidiano, no seu grupo, é

cultural.

Na cultura ocidental, comemos com talheres; na oriental, come-se com pauzinhos. Há culturas em que

se dorme a sesta. A nossa cultura é monogâmica, ou seja, só nos permite casar com uma pessoa de cada

vez, outras há que são poligâmicas e que consideram natural o casamento simultâneo com mais do que

uma pessoa. Os rituais fúnebres também variam largamente de cultura para cultura: em Portugal,

habitualmente, usamos o preto

como forma de luto, mas é o

branco que cumpre essa função

noutras culturas.

A cultura representa, pois, as

várias formas que o ser humano

encontrou de se relacionar com a

Natureza, inclusive com a sua

própria natureza, e de a

compreender, organizar e

manipular em seu proveito e

para sua própria organização.

Assim, os instrumentos de trabalho e de produção, os rituais, as crenças, o vestuário, as regras de

comportamento, as formas de comunicação, a culinária, a arte, a arquitetura, as relações sociais e

familiares, a educação, a conceção de bem e de mal ou de certo e de errado, a hierarquização das

necessidades, a religião, a política, as instituições e as expectativas em relação ao futuro são fenómenos

culturais. A cultura organiza e dá sentido à vida dos grupos e das sociedades e é, simultaneamente, o

resultado dessa mesma organização.

Conceito sociológico de cultura

1- “Quando os sociólogos falam do conceito de cultura, referem-se a esses aspetos das sociedades humanas

que são aprendidos e não herdados. Esses elementos da cultura são partilhados pelos membros da

sociedade e tornam possível a cooperação e a comunicação. Eles formam o contexto comum em que os

indivíduos de uma sociedade vivem as suas vidas.”

Anthony Giddens, Sociologia, Fundação Calouste Gulbenkian, 2004, 4.ª edição

2- “(...) é, obviamente, o todo integral constituído por implementos e bens de consumo, por cartas

constitucionais para os vários agrupamentos sociais, por ideias e ofícios humanos, por crenças e costumes.

Quer consideremos uma cultura muito simples ou primitiva, ou uma extremamente complexa e

desenvolvida, deparamo-nos com uma vasta aparelhagem, em parte material, em parte humana, em parte

espiritual, com a ajuda da qual o homem é capaz de lidar com os problemas concretos, específicos, com que

se defronta.”

B. Malinowski, "Que é cultura?", in Uma Teoria Científica da Cultura, Zahar, 3.ª edição

Imagem publicada em: https://www.google.pt/search?hl=pt-PT&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1440&bih=775&q=cultura&oq=cultura&gs_l=img.3..0l10.1386.2922.0.3220.7.6.0.1.1.0.104.504.5j1.6.0....0...1ac.1.64.img..0.7.508.mFckJcbcPO

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Da análise destes textos podemos sintetizar as seguintes ideias relativamente ao significado sociológico

de cultura:

- A cultura é aprendida e não herdada

geneticamente. Ao contrário dos outros

animais, o ser humano tem de aprender

tudo sobre a vida em sociedade. Por

exemplo, os animais procuram alimento

quando têm fome e sabem

instintivamente o que comer e como o

obter. O ser humano aprende desde a

infância que a alimentação é sujeita a

horários, à utilização de instrumentos

adequados (pauzinhos, talheres, pratos, copos, taças, etc.), que há determinados alimentos que se devem

comer e outros que não são permitidos, que há regras de cortesia e de boa educação durante as refeições.

- Os elementos culturais são partilhados por um determinado número de pessoas, as quais, ao fazê-lo,

constituem-se como uma comunidade distinta das demais. A cultura tem, assim, a função social de

organizar a interação dos indivíduos, de Ihes atribuir significado e de facilitar a vida em conjunto. O termo

cultura pode ser aplicado a uma sociedade global (por exemplo, a chamada "cultura ocidental", da qual

fazemos parte) mas também a grupos mais pequenos (a subcultura punk, por exemplo).

- A cultura concretiza-se num determinado modo de vida que compreende maneiras de pensar, de agir

e de sentir. Ou seja, a cultura determina os valores e as crenças dos indivíduos (o seu pensamento), os seus

comportamentos (condicionados precisamente por esses valores e essas crenças) e os seus sentimentos.

Tomemos o exemplo daquelas culturas onde a idade dos indivíduos é um bem extremamente

valorizado. Nelas, acredita-se que os idosos são pessoas sábias porque acumularam ao longo da sua

existência um conjunto vasto de saberes e de experiências, estando em vantagem sobre os mais novos. Por

isso, a autoridade dos idosos é inquestionável, as suas opiniões são respeitadas e todos sob a sua alçada

contribuem para o seu bem-estar.

Ao contrário, a cultura ocidental valoriza

sobretudo a juventude, a boa forma e a

beleza física, pelo que os idosos têm

dificuldade em encontrar um lugar próprio,

não só na família como na sociedade em

geral. Além disso, a rapidez vertiginosa a

que estas sociedades evoluíram nos últimos

anos tornou obsoletos os saberes antigos,

inutilizando social e culturalmente todos

aqueles que não se adaptaram,

nomeadamente a maioria dos idosos.

Ao conjunto de normas e símbolos que regem e unificam, numa dada cultura, as maneiras de agir,

pensar e sentir dos seus membros (ou seja, as práticas e comportamentos) chamamos padrão de cultura.

Por exemplo, a forma como nos vestimos, cumprimentamos e interagimos nos locais públicos

corresponde a comportamentos padronizados, dos quais nem sempre nos apercebemos mas que nos

permitem saber como agir e o que esperar dos outros em cada situação.

Rancho Regional das Lavradeiras de Carreço - Imagem publicada em:

http://bloguedominho.blogs.sapo.pt/viana-do-castelo-rancho-regional-das-4338714

Imagem disponível na Internet em: http://estandarsociales.blogspot.pt/2014/02/el-

hombre-un-ser-social.html

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Esta previsibilidade é, contudo, fundamental para a manutenção da coesão social, pois gera nos

indivíduos um sentimento de segurança do qual só se apercebem quando são confrontados com algo

diferente, inesperado ou bizarro (uma situação, um comportamento, uma imagem, etc.).

Os elementos materiais e espirituais da cultura

“A cultura de uma sociedade engloba tanto os aspetos intangíveis - as crenças, as ideias e os valores que

constituem o teor da cultura - como os aspetos tangíveis - os

objetos, os símbolos ou a tecnologia que representam esse

conteúdo.”

Anthony Giddens, op.cit.

Por outras palavras, podemos considerar como elementos

espirituais (ou intangíveis) de uma cultura os seus valores, as

suas crenças, as suas normas, a sua linguagem e os seus ideais

de bem e de mal, de justo e injusto, de beleza, de liberdade,

entre outros.

Já os elementos materiais (ou tangíveis) de uma cultura

podem ser encontrados, por exemplo, nos seus monumentos,

na sua arte, nos seus rituais e nos seus instrumentos de

trabalho - em suma, nas suas concretizações objetivas.

Elementos materiais e espirituais da cultura

Elementos materiais Elementos espirituais

Arte Construção Tecnologia

Vias e meios de circulação

Instrumentos de trabalho Legislação

Artefactos e objetos

Valores Crenças Normas

Linguagem Ideias Usos

Costumes

Imagem disponível na Internet em: https://comunidadaula.wordpress.com/2014/08/01/el-significado-de-los-colores-en-diferentes-

culturas/comment-page-1/

Imagem publicada em:

http://terraculta.pt/wp/project/a-descoberta-dos-sabores-

do-mediterraneo/

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Apesar desta distinção, os aspetos materiais e espirituais da cultura não devem ser encarados

separadamente. De facto, eles influenciam-se mutuamente.

Na cultura hindu, a vaca é considerada um animal sagrado e, por isso, a sua carne é rejeitada na

alimentação. Neste exemplo, o espiritual condiciona o material, a crença dita o comportamento.

Inversamente, graças à proliferação do uso da informática e do telemóvel, os postais de boas festas

enviados pelo correio foram largamente substituídos pelas mensagens de correio eletrónico e SMS. Aqui, o

material condicionou o espiritual, a tecnologia modificou a tradição. Paralelamente à influência recíproca

entre elementos materiais e espirituais de cada cultura, que conduz à sua evolução ao longo do tempo, o

próprio ser humano é um agente produtor de

cultura.

Cada indivíduo herda o património cultural dos

seus antepassados, aprende-o desde que nasce,

mas esse património não é absorvido passivamente

nem é imutável. Cada vez mais o ser humano

acrescenta elementos novos à sua cultura e fá-Ia

evoluir, transformando, por seu turno, a herança a

transmitir aos seus descendentes. Ele é um produto

da cultura em que nasce e, simultaneamente,

produtor de cultura.

A diversidade cultural e os valores

Os valores constituem-se como um elemento espiritual ou intangível da cultura, como vimos acima.

Vamos agora explorar este conceito e verificar de que forma ele atua no nosso quotidiano.

Uma definição de valor

“Diremos que o valor é uma maneira de ser ou de agir que uma pessoa ou uma coletividade reconhecem

como ideal e que faz com que os seres ou as condutas aos quais é atribuído sejam desejáveis ou estimáveis.

(...) Pode dizer-se que o valor se inscreve de maneira dupla na realidade: apresenta-se como um ideal que

solicita a adesão ou convida ao respeito; manifesta-se nas coisas ou nas condutas que o exprimem de

maneira concreta ou, mais exatamente, de maneira simbólica.”

Guy Rocher, op. cit.

Um valor é pois algo que, numa determinada cultura, se considera ideal ou desejável. Além disso, os

valores concretizam-se por intermédio das regras e das normas que, por sua vez, condicionam os

comportamentos.

“As ideias que definem o que é importante, útil ou desejável são fundamentais em todas as culturas.

Essas ideias abstratas, ou valores, atribuem significado e orientam os seres humanos na sua interação com

o mundo social. A monogamia - a fidelidade a um único parceiro sexual - é um exemplo de um valor

proeminente na maioria das sociedades ocidentais. As normas são as regras de comportamento que

refletem ou incorporam os valores de uma cultura. As normas e os valores determinam entre si a forma

como os membros de uma determinada cultura se comportam”

Anthony Giddens, op. cit.

Imagem disponível na Internet em:

http://viagem.uol.com.br/album/ap_festivalchhat_india_album.ht

m

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Os valores predominantes numa dada cultura podem estar descritos formalmente, nomeadamente em

textos institucionais, como as leis de cada país. Outros não estão formalizados mas apenas inscritos na

mente de cada indivíduo - são, por isso, informais -, não deixando de condicionar fortemente as suas ações.

A liberdade, por exemplo, é considerada um valor essencial em Portugal desde o 25 de Abril de 1974,

consagrado e regulamentado nos textos jurídicos: a liberdade de opinião, de expressão, de voto e de

associação, entre outras. Já a amizade, por seu turno, é um valor também globalmente aceite mas que não

está formalizado. A amizade pressupõe uma série de regras implícitas, como o dever de lealdade e o

companheirismo, e concretiza-se em comportamentos mais ou menos comuns, como a comunicação sob

variadas formas, o convívio e a partilha.

Uma das características principais dos valores é o facto de orientarem (ou mesmo determinarem) as

ações das pessoas e dos grupos. Os atores sociais, com efeito, não pensam, avaliam, decidem e escolhem

no vazio - fazem-no, sim, pautados por um sistema de referências em que acreditam e que consideram

desejável.

Outra sua característica é a relatividade espacial

e temporal. Os valores são sempre específicos de

uma sociedade particular, que os moldou e

adotou. Por esta razão, os valores não só variam de

cultura para cultura como igualmente dentro da

mesma cultura, entre os vários grupos que a

constituem e ao longo do tempo.

A relatividade dos valores

“Aos olhos do sociólogo, os únicos valores reais

são sempre os de uma sociedade particular: são os

ideais que uma coletividade escolhe para si e a que

adere. Os valores são pois sempre específicos duma sociedade; são-no também dum tempo histórico,

porquanto variam não só no tempo como duma sociedade para outra.”

Guy Rocher, op. cit.

“As normas e os valores variam muitíssimo entre culturas. (...) Mesmo no seio de uma sociedade ou

comunidade, os valores podem ser contraditórios: alguns grupos ou indivíduos podem valorizar crenças

religiosas tradicionais, enquanto outros podem aprovar o progresso e a ciência. Há pessoas que preferem o

sucesso e o conforto material, outras favorecem a simplicidade e uma vida pacata.”

Anthony Giddens, op. cit.

A seguir, encontraremos alguns exemplos de como a diversidade de culturas se traduz na diversidade

de valores e de comportamentos.

A diversidade cultural

“Não são só as crenças culturais que variam de cultura para cultura. Também a diversidade do

comportamento e práticas humanas é extraordinária. AB formas aceites de comportamento variam

grandemente de cultura para cultura, contrastando frequentemente de um modo radical com o que as

pessoas das sociedades ocidentais consideram "normal". Por exemplo, no Ocidente moderno, as crianças de

Imagem disponível na Internet em: https://saalmeida.wordpress.com/o-homem-e-o-futuro-o-percurso-o-

ritmo/

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doze ou treze anos são consideradas demasiado novas para casar. No entanto, em outras culturas são

arranjados casamentos entre crianças dessas idades. No Ocidente, comemos ostras, mas não comemos

gatinhos e cachorros, e tanto uns como outros são considerados, em algumas partes do mundo, iguarias

gastronómicas. Os Judeus não comem carne de porco, enquanto os Hindus, embora comam porco, evitam a

carne de vaca. Os Ocidentais consideram o ato de beijar uma parte natural do comportamento sexual, mas

em muitas outras culturas esse ato ou é

desconhecido ou considerado de mau

gosto. Todos estes diferentes tipos de

comportamento são aspetos das grandes

diferenças culturais que distinguem as

sociedades umas das outras.” Anthony Giddens, op. cit.

Existem variadíssimas culturas em todo

o mundo. Já mencionámos a cultura

ocidental, a cultura hindu e a cultura

judaica. Já nos apercebemos de que

existem grupos mais restritos, dentro de

cada sociedade, culturalmente distintos. Por exemplo, no nosso país, encontramos traços culturais

característicos das várias regiões, tão diferentes entre si, e mesmo dentro de cada região, de cidade para

cidade ou de aldeia para aldeia. Numa grande cidade, podem coexistir subgrupos com culturas igualmente

distintas. Existem também as chamadas culturas de classe, em que as diferentes classes sociais defendem

valores próprios, o que origina comportamentos também diferentes.

A diversidade cultural revela a multiplicidade de padrões culturais existentes em todas as sociedades.

Dado que o Homem é um ser social, cresce e desenvolve-se numa determinada sociedade, na qual

existem formas coletivas de pensar, sentir e agir e pelas quais cada ser humano organiza as suas condutas

individuais. Estes modelos culturais influenciam-nos e regulam os nossos hábitos, bem como determinam

as normas, os costumes e os valores sociais.

Cultura e socialização

Os comportamentos de cada ser humano não

são determinados pela sua herança biológica mas,

sobretudo, por uma duradoura aprendizagem

sociocultural. O processo de socialização do

indivíduo resulta, assim, na aquisição gradual de

hábitos e na interiorização de normas e valores, que

vão debelando os nossos comportamentos naturais

em favor de comportamentos socialmente aceites e

desejados.

São os elementos da cultura que condicionam a

adaptação do indivíduo à sociedade e o levam a reproduzir determinados padrões de comportamento, que

expressam a cultura do seu grupo e da sociedade na sua conduta pessoal.

Imagem disponível na Internet em: https://www.youtube.com/watch?v=xD_3Rn4UA7I

Imagem disponível na Internet em: http://www.bantumen.com/2015/05/cultura-os-khoisan-a-comunicacao-e-o-

processo-de-socializacao/

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Contudo, como lemos anteriormente, para além da diversidade de valores no espaço, a evolução dos

valores no tempo, nas diferentes culturas e dentro de uma mesma sociedade condiciona a forma e o modo

de socializar.

Sendo a socialização um processo de transmissão de cultura, a forma como esta é transmitida constitui

também uma manifestação cultural própria e singular.

O dinamismo da cultura

Além da diversidade de normas, valores e padrões de comportamento, ou seja, da multiplicidade de

culturas existentes no mundo e do modo específico de cada

sociedade transmitir a sua própria cultura, outro aspeto

fundamental é a dinâmica da própria cultura.

Com efeito, as culturas não são estáticas. A evolução das

sociedades nos mais diversos níveis (social, político, económico,

etc.) pressupõe um processo de transformação cultural.

Apesar de a cultura ter modelos mais ou menos estáveis e

consistentes (tradições), estes sofrem alterações que provêm do

próprio dinamismo das diferentes sociedades. Cada nova geração

apresenta valores, aspirações e desejos diferentes das gerações

anteriores.

Embora sejam uma constante ao longo da História, estas

mudanças acentuaram-se extraordinariamente devido à

facilidade de comunicação, aos numerosos movimentos

migratórios, em suma, às constantes e globais interações entre os

diferentes povos e culturas.

A globalização financeira, económica e cultural, não sendo um

fenómeno completamente novo, tem agora características

diferentes, só possíveis com os avanços tecnológicos com que lidamos todos os dias.

A globalização contemporânea processa-se ao nível do espaço global, ou seja, é planetária. Contudo, a

transformação maior reside no facto de as diferentes sociedades e culturas viverem, cada vez mais, num

mesmo tempo, ou seja, um tempo que ultrapassa a distância.

As transformações culturais por influência de outras culturas (aculturação) são, assim, um processo cada

vez mais dinâmico, reflexo da capacidade científica e tecnológica da Humanidade atual.

Aspetos culturais das sociedades contemporâneas

As subculturas

O dinamismo das sociedades contemporâneas, cosmopolitas e multiculturais, é caracterizado por uma

pluralidade de manifestações culturais.

O conceito de subculturas refere-se, pois, às diferentes manifestações culturais presentes neste tipo de

sociedades, designando o conjunto de padrões de comportamentos, crenças, valores e interesses próprios

de determinados grupos sociais.

As subculturas mais significativas surgem associadas a movimentos culturais, artísticos e políticos que,

pela sua irreverência e criatividade, marcaram importantes transformações em diversos períodos da

Imagem disponível na Internet em: http://profwladimir.blogspot.pt/2012/05/char

ge-globalizacao-perda-das.html

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História contemporânea. Os movimentos hippie, punk e hip hop, entre outros, são exemplos ilustrativos de

subculturas com impacto entre os jovens e, posteriormente, nos valores e padrões de comportamento da

própria cultura dominante.

O conceito de subcultura relaciona-se estreitamente com o de contracultura, pois, muitas vezes, os

movimentos minoritários rejeitam e contestam radicalmente os valores e modos de vida dominantes na

sociedade.

A aculturação

Todos somos "mestiços".

“ Em primeiro lugar, a constelação de culturas

que constituem a nossa identidade: todos somos de

algum modo, "mestiços", no sentido em que, em nós

e na cultura de que somos herdeiros, se cruzam

traços tão diferentes como os que estão ligados à

civilização celta, árabe e romana, à cultura

hebraico-cristã e aos vestígios que em nós deixou a

dominação mais ou menos explícita de outros povos

estrangeiros, como os espanhóis, os ingleses e os

franceses, para citar apenas alguns casos mais evidentes. Em segundo lugar, o movimento das descobertas,

da expansão ultramarina e da colonização: emigrámos, recebemos imigrantes, dominámos e deixámo-nos

dominar. Em terceiro lugar, o movimento da emigração laboral quer para a Europa quer para a América do

Sul e do Norte (...).

Finalmente, a globalização, que, atingindo-nos como uma consequência também da implementação e

ampliação da União Europeia, não pode ser vista apenas como uma globalização europeizante, mas como

um movimento económico e à escala mundial (...).”

J. M. André, Ars lnterpretandi e Tempo, 2000 (adaptado)

Os Portugueses são um bom exemplo de um povo que, ao

longo da sua História, se cruzou com múltiplas culturas,

influenciando e deixando marcas da sua identidade um

pouco por todo o mundo, mas também sofrendo influências

de muitos povos e civilizações que, num passado mais

distante ou recente, passaram pelo nosso território.

O fenómeno da aculturação resulta, assim, da riqueza e

diversidade de culturas e civilizações que, ao longo da

História, se foram cruzando e mesclando de uma forma mais

ou menos pacífica. Do contacto e diálogo entre duas ou mais

culturas formam-se novas culturas e renovadas expressões

culturais. Tal como afirma o texto, somos todos "mestiços",

ou seja, somos seres aculturados.

O fenómeno da globalização, nas suas diversas

dimensões, mas sobretudo ao nível cultural, rompeu

definitivamente com as barreiras que subsistiam à abertura e

diálogo entre todos os povos.

Certo é que o tema da aculturação - ou a absorção, total

ou parcial, de uma cultura por outra através de contactos

Imagem disponível na Internet em: http://www.faellestival.dk/cms/

Imagem disponível na Internet em: http://novahistorianet.blogspot.pt/2009/01/igreja-

catlica-e-revoltas-coloniai.html

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diretos e contínuos, dando origem a uma cultura nova ou a uma síntese híbrida das duas - tornou-se uma

das preocupações fundamentais das sociedades do presente.

Determinados autores defendem que, devido à rapidez da comunicação entre os diferentes países do

Globo, os traços originais das culturas nacionais tendem a enfraquecer a ou mesmo a perder-se, em favor

de culturas estrangeiras com maior poder de atração (efeito de homogeneização cultural).

Em reforço desta tese, apontam como paradigma a expansão dos bens e valores culturais do mundo

ocidental (representado principalmente pelos Estados Unidos da América mas também pela Europa) para

as restantes regiões do planeta, processo que designam por ocidentalização. Nesta aceção, a globalização

equivale a um poderoso instrumento de "imperialismo cultural", cujos agentes pretendem impor uma

cultura mundialmente uniforme (a ocidental), à custa da aniquilação dos hábitos e tradições de outros

povos.

Os programas televisivos de entretenimento, os blogues de opinião e debate existentes na Internet, as

imagens sedutoras da publicidade e os filmes de grande audiência no cinema são, neste contexto, alguns

dos mais eficazes veículos de difusão dos modelos culturais de matriz ocidental.

Outros autores, porém, encaram a globalização como um processo que conduz a uma crescente

diferenciação cultural. O mundo contemporâneo

caracteriza-se, segundo esta perspetiva, pela

coexistência de uma variedade de culturas, dando

a todos os indivíduos a oportunidade de escolher e

combinar formas culturais nacionais e estrangeiras.

Contrariamente, pois, à tese da

homogeneização, os adeptos da diferenciação

cultural consideram que a globalização amplia a

diversidade, fragmenta as formas culturais e gera

identidades culturais híbridas (isto é, compostas

quer por traços nacionais quer por influências

estrangeiras).

Ilustre-se esta ideia com o que se passa hoje na

indústria discográfica. Paralelamente ao inegável predomínio dos produtos anglo-saxónicos - o hip hop

norte-americano e a pop britânica, por exemplo, que têm liderado nos últimos anos as vendas de discos e o

número de downloads (música em formato digital disponível na Internet) -, outras expressões musicais,

dirigidas a públicos minoritários, têm conseguido penetrar neste mercado global altamente concorrencial. É

o caso da chamada world music, ou música étnica,

originária de países tão diversos como o Mali, o

Paquistão, a Irlanda ou Cuba.

O etnocentrismo cultural

O conceito de etnocentrismo tem origem no

facto de julgarmos as outras culturas tendo como

ponto de referência a nossa própria cultura. Se

partirmos do princípio de que os nossos valores, os

nossos hábitos e os nossos comportamentos são os

"normais", assumimos então que todos os outros,

diferentes dos nossos, são inferiores e condenáveis.

Imagem disponível na Internet em: http://learningreports.blogspot.pt/2012/07/terminologia-discutida-

em-sala_04.html

Imagem disponível na Internet em: http://free-stock-

illustration.com/hip+hop+dancing

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Tal atitude gera fenómenos de rejeição e, eventualmente, de conflito entre indivíduos portadores de

culturas diferentes.

A diversidade cultural é uma realidade, nomeadamente em locais como a Europa e os Estados Unidos da

América, mas esse facto nem sempre é pacífico ou bem aceite. Tem-se registado, nos últimos anos, um

aumento de sentimentos de intolerância e de manifestações de racismo - ou seja, de rejeição de indivíduos

de raça ou de etnia diferente - e de xenofobia - rejeição de indivíduos de nacionalidade diferente.

A realidade das nossas sociedades: a diferença

“Vivemos num mundo confuso. Por

vezes parece que vivemos cada vez mais

próximo uns dos outros. Para os que têm

acesso à informação é possível estar em

contacto com o outro lado do planeta em

segundos. Mas perto de casa as

distâncias entre nós estão a aumentar.

Não apreciamos as nossas sociedades

multiculturais como poderíamos: como

um fenómeno que nos enriquece pela

diversidade e que não nos deveríamos

permitir desperdiçar.

Infelizmente, a presença de pessoas

diferentes num país pode levar ao

desinteresse e à indiferença. Para as minorias nas nossas sociedades a discriminação permeia todas as

áreas da vida: acesso aos serviços públicos, oportunidades de emprego, alojamento, organização e

representação política, acesso à educação.

A intolerância crescente conduz frequentemente à violência e, em casos mais extremos, ao conflito

armado.”

Todos Diferentes, Todos Iguais - Pacote Educativo, Centro Europeu da Juventude,

Conselho da Europa, 1995 (adaptado)

Ensino e diversidade cultural Vimos que a escola é responsabilizada pela reprodução das desigualdades sociais, na medida em que é

portadora de um currículo académico e de um "currículo

escondido" que se adequam às classes mais favorecidas da

sociedade - com maior poder simbólico e cultural - e que

excluem, por inadaptação, as crianças das classes menos

favorecidas. Com efeito, estas crianças são portadoras de

uma cultura diferente da cultura escolar, que o sistema de

ensino não valoriza nem está preparado para valorizar.

O mesmo acontece quando incluímos n este conceito de

"cultura diferente" as culturas das minorias étnicas, cada

vez mais presentes na nossa sociedade.

A imigração tem provocado profundas transformações

Imagem disponível na Internet em: https://www.google.pt/search?hl=pt-

PT&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1440&bih=775&q=etnocemntrismo&oq=etnocemntrismo&gs_l=img.3...2090.4808.0.5116.14.7.0.7.1.0.230.741.2j3j1.6.

0....0...1ac.1.64.img..8.6.516.NQdrdoxuKt4#hl=pt-

PT&tbm=isch&q=imigra%C3%A7%C3%A3o+escola&imgrc=_Syqj5pJCfjFEM%3A

Imagem disponível na Internet em : https://arquivopublicors.wordpress.com/tag/cultura-africana/

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demográficas em Portugal e, nessa medida, as escolas estão a tornar-se “instituições multiculturais por

excelência”. Para além da etnia cigana - desde há muito presente em Portugal e sempre vivendo grandes

dificuldades de integração social e escolar -, tem-se registado nos últimos anos uma forte corrente

imigratória vinda dos países africanos de expressão portuguesa (os PALOP) e, mais recentemente, dos

países do Leste da Europa e do Brasil.

No caso particular das crianças oriundas de África, que há décadas fazem parte da população escolar

portuguesa, jogam contra si a situação de pobreza e exclusão social em que frequentemente vivem, as

diferenças culturais e linguísticas face aos seus meios de origem, o tipo de linguagem utilizada, o analfa-

betismo ou a iliteracia dos pais e, ainda, a desconfiança e o distanciamento destes face à escola. O

insucesso escolar destes alunos é muito frequente e o abandono é precoce, aumentando a probabilidade

de se reproduzirem as desigualdades sociais, económicas e culturais que enfrentam.

Os alunos estrangeiros

“O número de alunos estrangeiros nas escolas portuguesas subiu 15,7 por cento nos últimos quatro

anos, de acordo com dados anunciados no 3.º Encontro de Educadores de Infância e Professores do 1.º Ciclo

do Ensino Básico, que dedica a reunião à

inclusão destes jovens. "É uma mudança rápida

que há que enquadrar com cuidado, até pela sua

dimensão, embora este não seja um facto novo,

já que há alunos estrangeiros em grande

quantidade nas escolas desde a independência

das antigas colónias", disse Diogo Santos, um

dos organizadores, citando dados oficiais. (...)

Sob o tema "Responder às diferenças - Uma

exigência da Escola no Séc. XXI", os participantes

tratarão de analisar as respostas a dar ao cres-

cente número de alunos de origens socioeconó-

micas e culturais muito diversas.

Números do Ministério da Educação mostram que, no ano letivo de 2003/2004, mais de 81 mil alunos

das escolas portuguesas eram naturais de países estrangeiros ou com ascendentes oriundos de outras

culturas e nacionalidades.

"Há escolas em que são maioria os alunos estrangeiros ou filhos de estrangeiros", disse Diogo Santos.”

Público (www.publico.pt, 2006-02-15

O respeito pela diversidade e pelo pluralismo cultural tornou-se uma preocupação premente nos dias de

hoje, face também ao aumento dos conflitos étnicos e religiosos ao nível mundial. Numa época em que é

cada vez mais comum o convívio e/ou confronto entre indivíduos pertencentes a grupos culturais, étnicos e

religiosos distintos, a escola vê-se perante a necessidade de gerir a sua diversidade cultural interna e de

educar os jovens para uma cidadania plena.

Por essa razão, diversos autores defendem a aposta na educação intercultural enquanto modelo que

reconheça o valor insubstituível da diversidade, abrindo espaço às diferenças e subjetividades dos alunos, e

que procure alcançar maior justiça social, garantindo iguais oportunidades de sucesso escolar.

Imagem disponível na Internet em : http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2014-06-13/estudantes-estrangeiros-

poderao-ser-incluidos-como-bolsistas-integrais-do-prouni.html

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A ARTE Definições de arte

Arte: como defini-la?

Pensamos que a arte é algo complicado de ser definido exatamente.

A arte é uma espécie de respiração da alma, análoga à respiração física, sem a qual o nosso corpo não

pode passar. "Os tratados em geral dizem que arte é a atividade humana que procura o belo. Isto é,

porém, um conceito vago, genérico, e nada mais claro se obteve quando se tentou substituir a palavra

"belo" pela expressão "prazer estético". Tem esta expressão um caráter estritamente psicológico e não

coincide com todas as possibilidades da arte e com todas as suas manifestações. Nenhuma definição

conseguiu jamais, e talvez jamais consiga,

sintetizar este complexo fenómeno espiritual

e material ao mesmo tempo" (Bardi, P. M. -

Pequena História da Arte).

Outras definições de arte: "A arte é o

oposto da natureza. Uma obra de arte só

pode provir do interior do homem" [Edward

Munch, 1907). "A arte não reproduz visível,

mas torna visível" (Paul Klee, 1920). "A arte é

uma mentira que nos faz compreender a

verdade" (Pablo Picasso, 1923). "A arte é uma

força cuja finalidade deve desenvolver e

apurar a alma humana" (Vassily Kandinsky,

1910).

E, segundo o dicionário, arte é o "conjunto

de preceitos para a perfeita execução de

qualquer coisa, atividade criativa, artifício, ofício, profissão, astúcia, habilidade".

Examinando a definição de Bardi, voltemo-nos para a compreensão da palavra estética. Segundo Bardi,

estética é uma palavra grega e significa sensível. Em 1735, a palavra foi adotada para significar "ciência do

belo" ou investigação sobre os motivos do ato artístico, com o objetivo de definir o conceito de belo

absoluto, o belo metafísico, ou seja, o verdadeiro, o exato juízo à luz da perfeição.

Estética é um processo de perceção sensorial de um objeto, de reflexão acercada natureza do belo e dos

fundamentos da arte e trata do sentimento, do belo e da apreciação do gosto. Assim, podemos relacionar a

palavra arte à palavra belo, sem esquecer que belo é exatamente como cada um de nós o percebe. E que o

feio expressado numa obra de arte também pode ser muito belo, isto porque na contemplação da obra, o

espetador, de algum modo, recria a obra e atribui-lhe um determinado sentido que ele descobre e que não

está previamente definido. Por isso, experiência estética é sempre uma aventura pessoal e emocionante.

A obra de arte abre horizontes novos e outras perspetivas, pois ela não retende fazer uma cópia do

real, mas sim transmitir sensações e emoções, construindo com a imaginação, não o mundo tal como ele

é, mas transmitindo o mundo como o seu criador o vê.

Pietro Maria Bardi, História da arte brasilera, 2.ª ed. São Paulo: Melhoramentos, 1975 (adaptado) e

http://www.ntecarazinho.relrs.g12.br/Oficina%20Front%20Page/arte3.htm.Maio 2010 (adaptado)

Picasso - Mulheres de Argel, 1955 - Imagem disponível na Internet em: http://veja.abril.com.br/noticia/entretenimento/tela-de-picasso-se-torna-a-

mais-cara-ja-leiloada-us-179-milhoes/

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Experiência estética

Todos nós somos inclinados a aceitar formas e cores convencionais como as únicas corretas. Por vezes,

as crianças pensam que as estrelas devem ter mesmo o formato estelar, embora não o tenham

naturalmente.

Os adultos que insistem em que, num

quadro, o céu deve ser azul e a relva

verde, não são muito diferentes dessas

crianças. Indignam-se se vêem outras

cores num quadro, mas se tentarmos

esquecer tudo o que ouvimos a respeito

de relva verde e céu azul, e olharmos o

mundo como se tivéssemos acabado de

chegar de outro planeta, numa viagem de

descoberta, e o víssemos pela primeira

vez, talvez concluíssemos que as coisas

são suscetíveis de apresentar as cores e

formas mais surpreendentes.

Ora, os artistas sentem, às vezes, como

se estivessem empreendendo tal viagem

de descoberta. Querem ver o mundo como se fosse uma novidade e rejeitar todas as noções aceites e

todos os preconceitos sobre a carne ser rosada e as maçãs amarelas ou vermelhas. Não é fácil libertarmo-

nos dessas ideias preconcebidas, mas os artistas que conseguem fazê-Io produzem frequentemente as

obras mais excitantes. São eles quem nos ensinam a ver na natureza novas belezas de cuja existência nunca

havíamos sonhado. Se os acompanharmos e apreendermos através deles, até mesmo um relance de olhos

para fora da nossa própria janela poderá converter-se numa aventura emocionante.

E.H. Gombrich, A História da Arte. Madrid: Guanabara

Tendências literárias

O conceito de tendências literárias [ou estéticas literárias] está vinculado ao de estilo de época. 0 estilo

de época advém de um conjunto de normas que orienta e caracteriza as manifestações culturais de um

momento histórico. Esse conjunto de normas costuma atender aos padrões de gosto e às exigências

ideológicas da classe social dominante, a qual selecciona as manifestações artísticas a que se dá maior

projecção, e muitas vezes condena ao esquecimento formas artísticas de outras camadas sociais. Num

período artístico qualquer, coexistem diversos sistemas de normas estéticas, dos quais um se destaca por

motivos sociais e económicos e acaba por ser registado historicamente, passando a ser tomado como

sinónimo artístico de determinada época.

Além disso, o conceito de período literário pode criar alguns equívocos. Podemos, por exemplo,

desenvolver a falsa impressão de que os limites cronológicos de um período são rigorosos. Lembremo-nos

sempre de que cada período se insere num processo, e que as datas apontadas como limite são na

realidade mera indicação de factos significativos das transformações literárias.

Ulisses Infante, Textos de leitura e escritas: literatura. língua e redação, vol. 1. São Paulo: Scipione. Disponível em : http://www.pg.cefet.br/croeme/espacoarte/estudar.htm. Junho de 2010

Fotografia artística - Imagem disponível na Internet em: http://michaeldre.blogspot.pt/2014/09/fotografia-artistica.html

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A arte fala da cultura de uma época

A noção de que há uma estrutura subjacente, um mundo dentro do mundo do átomo, captou

imediatamente a imaginação dos artistas. A arte posterior a 1900 é diferente de toda a arte que a

precedeu, como pode ser constatado em qualquer pintor original da época. (...) A arte moderna e a física

moderna nasceram ao mesmo tempo, porque a mesma ideia lhes deu origem.

O século XX mudou o objeto dos seus interesses. À semelhança do que fazem os raios X de Röntgen,

passaram a buscar os ossos por baixo da pele e as estruturas sólidas profundas que, de dentro para fora,

suportam a forma total de um objeto ou de um corpo. Pintores tais como Juan Gris estão engajados na

análise da estrutura, quer se trate de formas naturais, como em Natureza-Morta, quer se trate do corpo

humano, como em Pierot.

Os pintores cubistas, por exemplo,

obviamente inspiram-se nas formas dos cristais.

Nelas vêem a forma de um vilarejo construído

em uma encosta, como o fez Georges Braque na

sua Casas em L'Estaque, ou num grupo de

mulheres, como Picasso as pintou em As

Donzelas de Avinhão.

(...) Existem duas diferenças nítidas entre

uma obra de arte e um escrito científico. A

primeira é que na obra de arte o pintor divide o

mundo em pedaços e recompõe-no novamente,

numa mesma tela. A segunda é dada pelo facto

de podermos acompanhar os seus pensamentos

enquanto trabalha. O escrito científico é

deficiente nessas duas atribuições.

Frequentemente é apenas analítico; e, quase

invariavelmente, esconde o processo de

pensamento na sua linguagem impessoal.

Jacob Bronowski, 1992, A escala do Homem, São Paulo: Martins Fontes [adaptado)

Metodologias ao serviço da atividade cultural

No iniciar de qualquer investigação ou estudo, bem como no decorrer da elaboração de todo 0 trabalho,

é essencial pesquisar e estudar literatura relacionada com 0 tema e trabalhos de investigação dentro da

área, bem como procurar um público-alvo onde possa incidir a observação (direta, indireta, participante ou

não participante) ou inquirição (inquérito, questionário, entrevista).

Investigação e pesquisa

Pesquisar é um trabalho que envolve um planeamento análogo ao de um cozinheiro. Ao preparar um

prato, o cozinheiro precisa saber o que ele quer fazer, obter os ingredientes, assegurar-se de que possui os

utensílios necessários e cumprir as etapas requeridas no processo. Um prato será saboroso na medida do

Várias obras de Andy Warhol - Imagem disponível na Internet em; http://blogdarafa.com/2013/02/28/pop-art-de-andy-warhol/

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envolvimento do cozinheiro com o ato de cozinhar e das suas habilidades técnicas na cozinha. O sucesso de

uma pesquisa também dependerá do procedimento seguido, do seu envolvimento com a pesquisa e de sua

habilidade em escolher 0 caminho para atingir os objetivos da pesquisa. [...]

Pesquisar é um conjunto de ações propostas para encontrar a solução para um problema, que tem por

base procedimentos racionais e sistemáticos. A pesquisa é realizada quando se tem um problema e não se

tem informações para solucioná-lo. [...]

. Do ponto de vista da sua natureza pode ser básica ou aplicada.

. Do ponto de vista de seus objetivos pode ser exploratória, descritiva ou explicativa.

. Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, pode ser bibliográfica, documental, experimental, por

levantamento ou por estudo de caso.

E. L. Silva e E. M. Menezes, 2005. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação

A geração copy e past

Temos o mundo à distância de um clique. Em poucos segundos milhares de anos de informação e

conhecimento armazenados desfilam perante os nossos olhos, em ecrãs de alta definição, que nos

permitem quase "sentir" aquilo que estamos a ver, ler ou ouvir.

Selecionamos, cortamos, copiamos, guardamos e utilizamos ou enviamos a informação recolhida. Nunca

como hoje foi tão fácil ter tanta informação em tão pouco tempo. Nunca como hoje houve tanta gente a

aceder a um património de conhecimento que pode considerar-se comum e universal. Nunca como hoje

houve tantas possibilidades de partilha e utilização desse mesmo conhecimento. Nunca como hoje "saber"

foi tão rápido. Em poucos anos, a Internet tornou possível um mundo que há algumas décadas só existia na

ficção científica - mas a evolução foi tão rápida que não nos deu tempo de perceber como gerir toda essa

informação, de que ferramentas necessitamos para a transformar em conhecimento e aproveitar as

potencialidades que se nos oferecem. A geração copy/ paste [...] é a primeira a utilizar em pleno as redes

para estudar, divertir-se, crescer, viver. É uma geração para a qual procurar informação não tem a menor

dificuldade: teclam-se as palavras-chave e copiam-se os dados para onde for necessário. Quem tem filhos

em idade escolar não pode deixar de invejar a facilidade com que se fazem trabalhos de investigação. Mas

os primeiros estudos sobre estas novas formas de trabalhar aí estão: infelizmente, a tanta recolha de

informação não corresponde o mesmo nível de aquisição de conhecimento. "Copiar" e "colar" não é

exatamente o mesmo que investigar, selecionar, criticar. A rapidez não permite a dúvida. O que é perigoso.

Porque se perdemos a capacidade de criticar, interrogar, duvidar, tornamo-nos amorfos. E fácil: mente

manipuláveis. É urgente encontrar formas que nos permitam usar 0 melhor do futuro sem perdermos o

melhor que há em nós.

Sofia Barrocas, in Notícias Magazine, n.º 923. 31 de janeiro de 2010 (com supressões)

ORIENTAÇÕES PARA A ELABORAÇÃO DE TRABALHO DE PESQUISA

Faça uma análise/pesquisa bibliográfica acerca do tema escolhido para que posteriormente seja capaz

de realizar o trabalho onde sejam tratadas as subtemáticas a aborda.

O trabalho realizado deve ser efetuado tendo em conta a estrutura seguinte:

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1- Rosto (nele devem constar: o título do trabalho, o nome do candidato e a data de apresentação);

2 - índice (como se de um "livro" se tratasse);

3 – Introdução (nela deve constar a forma como vai desenvolver o seu trabalho e uma abordagem

sintética ao tema que vai abordar);

4 - Execução/desenvolvimento do trabalho (aprofundamento das temáticas tratadas);

5 - Conclusão (nela deve constar um pequeno resumo dos aspetos principais do trabalho elaborado e

uma reflexão pessoal e crítica acerca do que foi tratado);

6 - Bibliografia (livros. jornais. revistas ou enciclopédias consultadas. sítios da internet pesquisados e

utilizados com a respetiva data de consulta).

Deve ser dada especial atenção aos seguintes aspetos:

1- Todo o texto deve estar justificado;

2 - Usar letra Times New Roman, tamanho 12;

3 - Espaçamento entre linhas de 1.5;

4- - Todas as folhas devem estar paginadas, não devem existir erros ortográficos, etc.

5 - Se realizar "cópias" ou citações deve colocar a fonte de onde retirou a mesma informação.

Comentário pessoal e crítico, refletindo acerca do que aprendeu com a realização do trabalho.

NOTA: O que se pretende não é um "plágio" de conteúdos. Dê especial atenção a isso e à linguagem e

clareza do texto construído.

Para saber mais sobre a evolução da arte ao longo da História, particularmente nas décadas

mais recentes consulte os documentos:

A evolução cultural e artística ao longo da primeira metade do século XX

A evolução cultural e artística de meados do século XX até à atualidade