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TEMA I A ACÇÃO HUMANA E OS VALORESA DIMENSÃO RELIGIOSA – ANÁLISE E COMPREENSÃO
DA EXPERIÊNCIA RELIGIOSA
MichelangeloA Criação de Adão
Questão: O que é a religião?A filosofia da religião é uma área filosófica que se debruça sobre o fenómeno religioso .Trata de temas como:
O significado e a justificação das crenças religiosas;Os conceitos principais e centrais das religiões;A racionalidade da crença em Deus;A demonstrabilidade da existência de Deus.
(pág. 228 do manual)
Definição etimológica de Religião – segundo a etimologia o termo religião pode ter 2 origens latinas (não é consensual)Ao derivar de religare, significa voltar a juntar, unir; traduz a ligação do homem à transcendência. (S. Agostinho)Ao derivar de relegere, significa respeitar, prestar culto, reler. (Cícero)
Em ambas o fenómeno religioso é caracterizado como um sentir profundo da natureza humana que procura o restabelecimento de laços com outra realidade: o sagrado. Deseja reatar uma relação que, em tempos, terá existido, através de cultos e rituais.
Análise dos conceitos de religião. (pág. 226 e 227)
A religião, como a ciência, têm como objectivo dar uma explicação do mundo tal como ele é em si mesmo e não como ele é para nós. De forma diferente da ciência, aReligião revela o mundo como um propósito e uma vontade de um ser transcendente.
Segundo Cícero (político, orador e filósofo romano do séc. I a. C.):
Segundo Michael Petterson (professor contemporâneo de filosofia no Asbury College, EUA):
A Religião é o respeito que o indivíduo sente, no mais profundo se si, perante qualquer ser que disso seja digno, em particular o divino ou sagrado. Este respeito manifesta-se no cuidado que se coloca aquando da participação nos ritos e outros gestos tradicionais da sociedade.
A Religião é constituída por um conjunto de crenças, acções, experiências, tanto individuais como colectivas, organizadas em torno de um conceito de realidade última.
O SAGRADO E O PROFANO (pág. 229) O CRENTE RELACIONA-SE COM O SAGRADO ATRAVÉS DE
UMA ATITUDE AFECTIVA FORMADA POR:
1. Sentimentos ambivalentes : Pavor e medo Amor e atracção
2. Sentimentos de humildade e confiança: Evidenciam-se nas práticas religiosas – cultos,
rituais, adoração Expressam a dependência psicológica do Homem
face ao divino
SAGRADO
SobrenaturalTranscendente
Realidade Verdadeira e SignificativaDimensão da realidade diferente da
que nos é dada pelos sentidos (supra-sensível)
Manifesta-se através de hierofanias
PROFANO
Realidade temporal, cronológicaRealidade da vida quotidianaApreensível pelos sentidos Compreensível pela razão
A ORIGEM DO SENTIMENTO RELIGIOSO
Onde tem origem o sentimento religioso do ser humano? Julgamos que da consciência da sua essencial finitude, da sua evidente limitação de ser, conhecer e poder, que experimenta desde o momento em que chega a ter plena consciência de si mesmo e que se acentua à medida que ele vislumbra novos horizontes de felicidade e de sabedoria que lhe são absolutamente impossíveis de alcançar. Nesse momento, o homem tende para algo em relação ao qual se sente fatalmente impotente. É essa consciência da sua finitude que o faz buscar ansiosamente o horizonte donde lhe parece ouvir uma voz, um chamamento, que lhe oferece a elevação para além das suas possibilidades. A opção do homem está em deixar-se cair ante esse chamamento ou erguer-se na sua direcção.
Filosoficamente temos um termo para definir esta essencial limitação do ser humano: contingência. Somos e sentimo-nos contingentes e por isso não podemos deixar de experimentar a nossa dependência do absoluto, do que não é contingente e finito. (…..)
Uma das direcções mais modernas da filosofia tem precisamente como ponto de partida a consciência da própria finitude, da insuficiência essencial do homem, que parece estar em contínuo perigo de cair no vazio. A angústia do homem frente ao nada, ao não-ser, o perigo da existência, é o núcleo essencial da moderna filosofia existencialista. Não é isso reconhecer a contingência e finitude essencial do homem, donde nasce inexoravelmente a necessidade de reconhecer um princípio superior a partir do qual se mantenha?
Ismael Quiles, Filosofia de la Religión, Espasa-Calpe, Madrid (adapt.), 2005
Análise do texto:1. Explica o significado dos seguintes termos: finitude, contingente.2. Responde à questão colocada no início do texto.
Existem muitas religiões com cultos, ritos, símbolos, significações e livros sagrados diferentes.
Alguns aspectos em comum:Todas apresentam descrições acerca do modo como o mundo e o universo foram criados;Propõem orientações para o modo como devemos viver.Mensagens semelhantes:
Cristianismo Faz aos outros o que gostarias que te fizessem a ti, pois esta é a lei dos profetas. (Mateus,7, 12)
Islamismo Nenhum de vós é verdadeiramente crente até desejar para os outros aquilo que deseja para si mesmo. (Maomé)
Judaísmo Não faças ao teu vizinho aquilo que te é odioso. (Talmud, Sabbat, 31 a)
Budismo Não faças aos outros aquilo que te magoasse se fosse feito a ti próprio. (Udana – Varga, 5:18)
Divindade: Deus
Livro sagrado - A Bíblia Cristã
Símbolo: Cruz
A Cruz foi adoptada como símbolo pelo cristianismo após Jesus Cristo ser cruxificado e representa a Santíssima Trindade: a extremidade superior representa Deus (o Pai) no Céu, a extremidade inferior representa Jesus Cristo (o Filho) na Terra e as duas extremidades horizontais representam o Espírito Santo. A forma da cruz varia de acordo com cada tradição, como a cruz latina, grega, etc.
Lugares Sagrados: Igreja, altar
Igreja pode designar reunião de pessoas, sem estar necessariamente associada a uma edificação ou a uma doutrina específica.
Rituais: missas, procissões: Uma igreja de Marselha
Procissão é um cortejo religioso realizado em ocasiões festivas, normalmente em devoção ou adoração a um santo(s) ou deus(s), onde se faz transportar as imagens do(s) adorado(s) pelas ruas da(s) localidade(s) em festa.
Livro Sagrado: A Tora, a Bíblia Judaica
Divindade: Javé
Símbolo: Estrela de David
Candelabro de 7 braços
O Selo de Salomão é o maior símbolo do Judaísmo. Também chamado de Estrela (ou escudo) de David, representa os elementos do universo: água, fogo, terra e ar. Foi criado pelo Rei Salomão e é formada por um triângulo entrelaçado num triângulo inverso. Outro famoso símbolo é o Menorá.
Rituais: Os cultos judaicos são realizados nas sinagogas e são celebrados pelo rabino.
Alguns rituais:A circuncisão dos meninos ( aos 8 dias de vida ) e o Bar Mitzvah que representa a iniciação na vida adulta para os meninos e a Bat Mitzvah para as meninas ( aos 12 anos de idade ).Os homens judeus usam a kippa, pequena touca, que representa o respeito a Deus no momento das orações.Yom Kipur – é uma cerimónia religiosa do dia do perdão. Os judeus fazem jejum por 25 horas seguidas para purificar o espírito.Páscoa ( Pessach ) - comemora-se a libertação da escravidão do povo judeu no Egipto, em 1300 AC.Simchat Tora - celebra a entrega dos Dez Mandamentos a Moisés.
Espaço Sagrado: Sinagoga
Sinagoga na cidade do Porto
Sinagoga é o local de culto da religião judaica, é desprovido de imagens religiosas ou de peças de altar e tem ao centro a Arca da Tora. As cerimónias religiosas da sinagoga são feitas ao sábado de manhã (Shabat) que é o dia santo para todos os judeus. Muitas das suas cerimónias envolvem leituras da Tora, cujos rolos são retirados da Arca e transportados até o púlpito.
Divindade: Alá
Livro Sagrado: Corão
Símbolo: Lua Crescente com uma Estrela
O símbolo do islão é a Lua Crescente com uma Estrela. O Islamismo é uma das principais religiões abraâmicas e foi criada pelo profeta Maomé.
Rituais: Cinco Pilares do Islão
Repetição da récita “ não existe outro Deus senão Alá e Maomé é o seu profeta”;Fazer jejum durante o Ramadão;Orar 5 vezes ao dia voltado para MecaIr uma vez em peregrinação a MecaDar dinheiro por caridade.
Espaço Sagrado: Mesquita
Mesquita do Cairo
HinduísmoDivindade: são três as principais divindades hindus: Brahma, o Criador do universo;
Vishnu, o reformador do universo; Shiva, o Destruidor (ou Transformador) do universo.
Livro Sagrado: O Rig-Veda
Símbolo:
Om (ou Aum) é o mais importante símbolo religioso do Hinduísmo, e significa o Espírito Cósmico
Divindade: BudaSiddhartha GautamaLivro Sagrado: Não tem
Estátua de Buda
Budismo é uma religião e filosofia baseada nos ensinamentos deixados por Siddhartha Gautama, ou Sakyamuni (o sábio do clã dos Sakya).O Buda histórico viveu aproximadamente entre 563 e 483 a.C. no Nepal. O budismo difundiu-se pela Índia, Ásia, Ásia Central, Tibete, Sri Lanka (antigo Ceilão), Sudeste Asiático e também por países do Leste Asiático, incluindo China, Myanmar, Coreia, Vietname e Japão.Actualmente o budismo tem cerca de 376 milhões de seguidores.
Símbolo: Roda Dharmica O símbolo do Budismo é a Roda Dharmica ou Dharmacakra. É um círculo com oito braços a partir do centro apontando direcções diferentes. Cada um dos braços representa cada uma das oito práticas que constituem o Nobre Caminho Óctuplo: Compreensão, Pensamento, Fala, Acção, Meio de Vida, Atenção, Sabedoria e Visão Correctas.
Os ensinamentos básicos do budismo são:
evitar o mal, fazer o bem e cultivar a própria mente. O objectivo é o fim do ciclo de sofrimento ou reencarnação - samsara - e
despertar o entendimento da realidade última - o Nirvana.A moral budista é baseada nos princípios de preservação da vida e moderação. O treino mental consiste na disciplina moral (sila), concentração meditativa (samadhi) e a sabedoria (prajña).
Rituais:
Em sânscrito, a palavra mandala significa círculo. No buddhismo Vajrayana, mandala refere-se a uma mansão sagrada, o palácio de uma divindade meditacional, a dimensão pura da mente iluminada. Geralmente, as mandalas são pintadas como thangkas, representadas tridimensionalmente em madeira ou metal ou construídas com areia colorida sobre uma plataforma. Neste último caso, a mandala é desfeita após algumas cerimónias e a areia é atirada a um rio próximo, para que as bênçãos se espalhem. A dissolução de uma mandala serve também como exemplo da impermanência.
Durante as cerimónias religiosas é comum a oferta de mandalas aos budas
Espaço Sagrado: Templo budista
Templo budista no Camboja
Palácio Potala, Lassa, Tibete
REFLECTINDO SOBRE A DIVERSIDADE RELIGIOSA
Perante a diversidade das religiões, como nos devemos relacionar com outras religiões?
• Devemos ser intolerantes, revelando um espírito dogmático e fechado?
• Devemos ser tolerantes, abrindo-nos ao diálogo com todas as religiões?