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DENISE FIGUEIRA NUNES Defesa Civil ações estruturantes frente a desastres Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Ten Cel R/1 Neyde Lúcia de Freitas Souza. Rio de Janeiro 2013

NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

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Page 1: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

DENISE FIGUEIRA NUNES

Defesa Civil

ações estruturantes frente a desastres

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Ten Cel R/1 Neyde Lúcia de Freitas

Souza.

Rio de Janeiro 2013

Page 2: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

C2013 ESG

Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG

_________________________________

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Nunes, Denise Figueira. Defesa civil: ações estruturantes frente a desastres/Denise

Figueira Nunes. Rio de Janeiro : ESG, 2013. 40 f.: il. Orientador: Ten Cel R/1 Neyde Lucia de Freitas Souza. Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao

Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2013.

1. Defesa Civil. 2. Prevenção de desastres. 3. Ações estruturantes

4. Responsabilidade social. I.Título.

Page 3: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

Dedico este trabalho aos agentes das defesas

civis municipais, aos bombeiros militares e aos voluntários

que arriscam a vida todos os dias em defesa dos outros.

Page 4: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

AGRADECIMENTOS

Aos estagiários da Turma Força Brasil pelo convívio harmonioso de todas

as horas.

À Ten Cel Neyde Lucia Freitas Souza, pelo apoio e incentivo durante a

elaboração desta monografia.

Por fim, deixo aqui expresso meu sincero agradecimento a todos aqueles

que de alguma forma contribuíram para a construção deste trabalho.

Page 5: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

RESUMO

Este trabalho aborda os aspectos estruturais do sistema de proteção civil no âmbito

municipal. O município é o menor ente da federação e é onde estão concentradas as

ações preventivas que visam mitigar os efeitos de desastres naturais. No Brasil, 90%

dos municípios não possuem estrutura de defesa civil. Historicamente, as políticas

públicas são voltadas para a remediação. É grande o desafio dos municípios para

executar políticas públicas que envolvam saneamento básico, habitação,

planejamento urbano e implementar as medidas estruturantes voltadas para a

prevenção e remediação de desastres naturais previstas na nova Política Nacional

de Proteção e Defesa Civil (Lei 12.608/12).

Com base nas estratégias para prevenção de desastres estabelecidas no Marco de

nas Ação de Hyogo visando o aumento de resiliência das cidades e para garantir

que a redução de riscos de desastres seja uma prioridade local e nacional com forte

base institucional para sua implementação, a Secretaria Nacional de Defesa Civil

formulou um plano de ação de dez passos, prestando apoio para que os municípios

desenvolvam ações em âmbito local para reduzir os perdas com desastres.

A magnitude e consequências da tragédia ocorrida em 2011 no Rio de Janeiro

evidenciaram para as autoridades e para a sociedade brasileira a necessidade de

fortalecer o município com dotação de recursos especialmente destinados à criação

de estruturas de defesa civil e políticas públicas que os capacitem a atuar de forma

sistêmica e integrada na prevenção e mitigação de desastres.

Palavras chave: Defesa Civil. Prevenção de desastres. Ações estruturantes. Responsabilidade social.

Page 6: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

ABSTRACT

This paper addresses the structural aspects of the civil protection system in the

municipal context. The city is the smallest entity of the federation and is where are

concentrated the preventive actions aiming to mitigate the effects of natural

disasters. In Brazil, 90% of municipalities have no civil defense structure. Historically,

public policies are geared towards remediation. The challenge for municipalities to

implement public policies involving sanitation, housing, urban planning and

structuring measures aimed at the prevention and remediation of natural disasters

included in the new National Policy on Protection and Civil Defense (Law 12.608/12).

Based on the Hyogo Framework for Action for achieving disaster resilience and to

ensure that disaster risk reduction is a national and a local priority with a strong

institutional basis for implementation, the Civil Defence National Secretary outlined a

ten steps plan in order to offer guiding principles and practical means to the cities

aiming to reduce disaster losses.

The magnitude and consequences of the tragedy that occurred in 2011 in Rio de

Janeiro revealed to the authorities and to the Brazilian society the need to strengthen

the municipality with resource allocation specifically for the creation of structures of

civil defense and public policies that enable them to work systemic and integrated in

the prevention and mitigation of disasters.

Keywords: Civil Defense. Disaster prevention. Structural actions. Social

responsibility.

Page 7: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 Desastres naturais mais recorrentes no Brasil ......................................13

FIGURA 2 Ocorrência de desastres nas décadas 1990 e 2000 .............................14

FIGURA 3 Municípios afetados por inundações, enxurradas, enchentes e alagamentos ....................................................................................15

FIGURA 4 Verbas orçamentárias para prevenção e resposta a desastres..............36

Page 8: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Classificação de desastres ..............................................................12

Tabela 2 População afetada, por município.....................................................25

Tabela 3 Inundações e deslizamentos na Região Serrana do Rio de Janeiro em 2011..............................................................................26

Page 9: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 8

2 OS DESASTRES E A DEFESA CIVIL...................................................... 12

2.1 DESASTRES: CONCEITUAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E OCORRÊNCIA... 12

2.2 O SURGIMENTO DA DEFESA CIVIL....................................................... 16

2.2.1 A Defesa Civil no Brasil.......................................................................... 17

2.3 A POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA CIVIL............................................ 19

3 ESTRATÉGIA PARA REDUÇÃO DE DESASTRES................................ 22

3.1 AÇÕES DA DEFESA CIVIL NO BRASIL................................................... 24

3.2 RIO DE JANEIRO – CIDADE RESILIENTE.............................................. 27

4 A DEFESA CIVIL E AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE

DESASTRES.......................................................................................

33

4.1 PREVENIR X REMEDIAR: A QUESTÃO ORÇAMENTÁRIA.................... 35

5 CONCLUSÃO............................................................................................ 38

REFERÊNCIAS......................................................................................... 40

Page 10: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

8

1 INTRODUÇÃO

O Brasil, juntamente com outros 167 países, é signatário do Marco de Ação

de Hyogo1, instrumento adotado em 2005 pelas Nações Unidas como parte de uma

Estratégia Internacional para Prevenção de Desastres visando gerar soluções

coordenadas, a nível mundial, para redução de riscos de desastres. Foram

estabelecidas metas para os municípios visando à avaliação e redução de riscos, a

implantação de sistemas de alerta e alarme, além de cuidados com a água e

construção em áreas de risco.

Com o objetivo de aumentar a resiliência das comunidades afetadas e

fortalecer a capacidade de reação, o Protocolo de Hyogo estabelece cinco metas

prioritárias a serem alcançadas até o ano de 2015, quais sejam: garantir que a

redução de desastres seja uma prioridade nacional e local com sólida base

institucional para sua implantação; identificar, avaliar e monitorar as áreas com risco

de desastre, e melhorar o sistema de alerta à população; utilizar o conhecimento, a

educação e a inovação, para construir uma cultura de segurança e resiliência em

todos os níveis; reduzir os fatores fundamentais de risco e fortalecer a preparação

em desastres para uma pronta resposta em todos os níveis.

Os municípios e os gestores municipais devem identificar as comunidades

que se encontram ameaçadas, atuar preventivamente na redução dos riscos e dar

resposta aos desastres com a participação de comunidades e da sociedade civil. O

município é quem primeiro vivencia situações de crises e emergências, e é no

âmbito municipal que estão concentradas as ações preventivas que visem mitigar os

efeitos de desastres naturais.

A campanha Construindo Cidades Resilientes2, lançada no Brasil em 2010

pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, objetiva ordenar esforços para implementar

as ações prioritárias do Protocolo de Hyogo no âmbito municipal ao estabelecer

1 Marco de Ação Hyogo, Conferência Mundial para Redução de Desastres, conduzida pela

Organização da Nações Unidas em Hyogo, Japão, no período de 18 a 22 de Janeiro de 2005, estabelece metas mundiais de redução de riscos de desastres no período de dez anos. 2 Campanha Construindo Cidades Resilientes: Minha Cidade Está se Preparando, Estratatégia

Internacional para a Redução de Desastres (EIRD), das Nações Unidas (ONU), foi lançada no Brasil pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, do Ministério da Integração Nacional visando sensibilizar governos e cidadãos para os benefícios da redução de riscos por meio da implementação de 10 passos para se construir cidades resilientes.

Page 11: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

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mecanismos de organização e coordenação de ações com base na participação de

comunidades e da sociedade civil organizada.

Um progresso notável, derivado da Lei 12.608/12 (BRASIL.2012), que

instituiu a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, foi o estabelecimento da

competência dos entes federados nas ações de prevenção e remediação em sua

jurisdição.

Além disso, a referida legislação:

Cria um cadastro nacional de municípios com risco de desastres naturais;

Obriga prefeituras a fazerem mapeamento das áreas de risco e incluírem

essas áreas no plano diretor municipal;

Obriga municípios a elaborarem o plano de contingência, determinando

quais são os procedimentos a serem adotados, no caso catástrofe;

Veda a concessão de alvará para novas construções em áreas de risco,

sob pena de o gestor ser processado por improbidade;

Obriga o ensino de prevenção a desastres nas escolas; e

Cria o serviço militar alternativo na área de Defesa Civil.

A nova Política Nacional prioriza a integração das políticas públicas voltadas

ao ordenamento territorial dos municípios, incentiva a criação de sistemas de

informação e alerta, as iniciativas educacionais, o mapeamento das áreas de riscos

e medidas estruturantes voltadas para a prevenção aos desastres naturais.

O Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais,

outro importante instrumento para a consecução das políticas preventivas, recebeu

recursos federais que somavam 7,7 bilhões de reais em 2012, de acordo com dados

do Ministério da Integração. No entanto, levantamento feito pela ONG Contas

Abertas3 com base em dados do Sistema Integrado de Administração Financeira -

SIAFI, mostra que o governo federal teve 5,7 bilhões de reais do orçamento

disponível para o programa de prevenção de desastres mas aplicou somente 32,2%

dos recursos.

3 Levantamento da ONG Contas abertas publicado na Revista Veja em edição do dia 23/12/12.

Page 12: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

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Mesmo os municípios já mapeados como área de risco sofrem com a

demora na realização de obras estruturantes, seja por falta de projetos adequados,

burocracia, rigidez da legislação ou despreparo de gestores no âmbito municipal.

Para reduzir o impacto das tragédias naturais as ações de defesa civil visam

prevenir, mapear, monitorar e responder prontamente às situações de emergência

causadas pelas secas, enchentes e deslizamentos. No entanto, o que a população

brasileira vivencia ano a ano é a repetição de tragédias que poderiam ser

minimizadas com a implementação eficaz das políticas públicas concebidas para

esse fim, com a capacitação técnica dos gestores municipais e, caso necessário,

com a instauração do devido processo legal para apuração de eventuais

responsabilidades dos agentes públicos.

As tragédias que ocorrem anualmente no Brasil envolvendo enchentes,

deslizamentos e perdas de vidas são uma mostra do que a ausência de quadros

técnicos estáveis e preparados para ações preventivas, a ineficácia dos sistemas de

prevenção a cargo do governo municipal e a ausência de políticas públicas

eficientes ligadas à defesa civil representam para a população.

A partir do levantamento histórico da atuação da defesa civil no mundo e

particularmente no Brasil, este trabalho pretende analisar as ações preventivas no

âmbito da administração municipal e identificar os possíveis entraves enfrentados

pelos municípios na aplicação das leis que regem as ações da Política Nacional de

Proteção e Defesa Civil e o sistema de informações e monitoramento de desastres.

Em complemento, este trabalho enfoca o município do Rio de Janeiro, em

especial a catástrofe ocorrida em 2011 e as ações decorrentes até os dias atuais.

A escolha do enfoque no município recai no fato de ser este o menor ente da

federação e em sua imensa maioria não possui meios ou gestores com a

qualificação necessária para desenvolver projetos consistentes e de longo prazo

visando a prevenção de desastres no âmbito dos municípios. Essas deficiências

operacionais e carência de recursos humanos nos órgãos de defesa civil federal e

municipais e, consequentemente, atrasos no processo de solicitação e liberação de

recursos necessários para fazer frente a despesas emergenciais realizadas pela

Secretaria Nacional de Defesa Civil, já foram objeto de análise pelo Tribunal de

Contas da União em auditoria realizada no período de 2004 a 2009 (TCU,2010).

É a Defesa Civil municipal que estará encarregada de dar a primeira

resposta em caso de desastre e sua preparação será determinante para mobilizar os

Page 13: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

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recursos materiais e humanos disponíveis e a agilidade para acionar o auxílio

externo visando remover, abrigar e alimentar a população atingida.

Em 2012 o orçamento da união alocou para ações de defesa civil recursos

na ordem de R$5,74 bilhões, assim distribuídos: ações preventivas (R$3,47 bilhões)

e de remediação (R$2,27 bilhões). De acordo com os dados disponíveis no Portal do

Orçamento/Siga Brasil, somente 13,6% do orçamento destinado à prevenção foi

efetivamente empenhado, enquanto 87% do montante previsto para remediação foi

utilizado em regime de emergência.

Esta lógica poderia ser invertida por meio de ações tais como fornecimento

de assistência técnica aos municípios, formação de agentes facilitadores e o

estabelecimento de prioridades para as ações de defesa civil em áreas já

identificadas como de risco, capacitação adequada dos agentes envolvidos com a

defesa civil e o envolvimento da comunidade das áreas a serem monitoradas.

Entre as limitações da pesquisa vale ressaltar a ausência de dados

confiáveis e padronizados sobre desastres no Brasil e a escassez de registros

informatizados sobre a ocorrência de desastres, o que dificulta a atualização dos

dados coletados.

A metodologia utilizada no estudo foi baseada em pesquisa bibliográfica e

documental, em especial na Lei 12.608, de 10 de abril de 2012 que institui a Política

Nacional de Proteção e Defesa Civil, em matérias jornalísticas em razão da

contemporaneidade da legislação e nas publicações e proposições legislativas

oriundas da Cämara dos Deputados.

Page 14: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

12

2 OS DESASTRES E A DEFESA CIVIL

2.1 DESASTRES: CONCEITUAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E OCORRÊNCIA.

Para uniformização e melhor compreensão deste texto, é necessário

conceituar desastre. Para reconhecimento federal4, desastre é o resultado de

eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem sobre um cenário vulnerável,

causando grave perturbação ao funcionamento de uma comunidade ou sociedade

envolvendo extensivas perdas e danos humanos, materiais, econômicos ou

ambientais, que excede a sua capacidade de lidar com o problema usando meios

próprios (CASTRO, 1999).

De acordo com a Política Nacional de Defesa Civil (SECRETARIA

NACIONAL DE DEFESA CIVIL, 2007), os desastres são classificados de acordo

com os critérios de evolução, intensidade e origem:

CRITÉRIO TIPO DE

DESASTRE COMENTÁRIO

EVOLUÇÃO

Súbito ou de evolução aguda

Causados por eventos adversos violentos e rápidos. Exemplos: deslizamento, enxurrada, vendaval, terremoto, erupção vulcânica, chuva de granizo etc.

De evolução crônica ou gradual

Insidiosos, com agravamento progressivo. Exemplos: seca, erosão, poluição ambiental etc.

Por somatório de efeitos parciais

Somatório de vários acidentes ou desastres que, após um período, definem um grande desastre. Exemplos: cólera, malária, acidentes de trânsito e de trabalho etc.

INTENSIDADE

Acidente Danos e prejuízos de pouca importância para a coletividade como um todo.

Desastre de médio porte

Danos e prejuízos importantes, mas recuperáveis com recursos da própria área sob sinistro.

Desastre de grande porte

Recuperação exige o reforço de recursos regionais, estaduais ou federais. Implica decretação de situação de emergência.

Desastre de muito grande porte

Recuperação exige a ação coordenada de todos os níveis do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil e, eventualmente, a ajuda externa. Implica decretação de estado de calamidade.

CAUSA PRIMÁRIA

Natural Decorrente de fatores e desequilíbrios da natureza que atuam independentemente da ação humana.

Humana ou antropogênica

Provocado pela ação ou omissão humana. Homem como agente e autor.

Mista Decorrente da intercorrência de fenômeno natural sobre áreas degradadas pela ação humana ou quando um fenômeno é agravado pela ação ou omissão humana

Tabela nº 1 – Classificação de desastres Fonte: GANEM, 2011, adaptado a partir da Política Nacional de Defesa Civil (SNDC, 2007).

4 O reconhecimento federal de Situação de Emergência ou do Estado de Calamidade Pública se dará

por meio de portaria, mediante requerimento do Poder Executivo do Município, do Estado ou do Distrito Federal afetado pelo desastre, obedecidos os critérios estabelecidos na Instrução Normativa MI nº 001, de 24 de agosto de 2012.

Page 15: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

13

Os desastres naturais registrados com maior frequência no Brasil são os

decorrentes de inundações, alagamentos, enxurradas, deslizamentos, estiagens,

secas e vendavais, sendo que nos ambientes urbanos, onde está concentrada a

grande maioria da população brasileira, as inundações, as enxurradas e os

deslizamentos de solo ou rocha constituem-se nos eventos que causam os maiores

impactos5.

Figura 1 : Desastres naturais mais recorrentes no Brasil Fonte: Atlas Bras. Desastres Naturais, 2012.

O gráfico seguinte retrata os registros de desastres ocorridos nas décadas

de 1990 e 2000. A disparidade no número de ocorrências evidencia a dificuldade de

compilação de dados padronizados e confiáveis sobre desastres no Brasil, tendo em

vista a ausência de coleta sistêmica e armazenagem adequada de dados. Como

tendência é possível afirmar que tanto os desastres têm potencial crescimento,

como o sistema de registro desses dados cresceu na última década.

5 O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais, Volume Brasil, aponta que do total de afetados

(96.220.879) estiagem e seca é o desastre que mais afeta a população brasileira, por ser mais recorrente (50,34%), mas as inundações bruscas, com 29,56% dos afetados brasileiros, causam maior número de mortes (43,19%) . A região com maior proporção de mortos é a Sudeste, em parte devido à alta densidade demográfica.

Page 16: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

14

Figura 2: Ocorrência de desastres nas décadas 1990 e 2000 Fonte: Atlas Brasileiro de Desastres Naturais, Volume Brasil, 2012.

No Brasil, a ocorrência e a intensidade dos desastres naturais dependem

mais do grau de vulnerabilidade das comunidades afetadas do que da magnitude

dos eventos adversos.

A figura seguinte retrata a distribuição dos municípios afetados por, no

mínimo, três eventos de inundações, enxurradas, enchentes e alagamentos entre

janeiro de 2003 e maio de 2011, com Portaria de Reconhecimento de Situação de

Emergência ou Estado de calamidade pública expedida pela Secretaria Nacional de

Defesa Civil. Com essa distribuição, percebe-se a significativa concentração dessas

situações de risco em municípios das regiões Sudeste, Sul e Nordeste do País.

Page 17: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

15

Figura 3 – Municípios afetados por inundações, enxurradas, enchentes e alagamentos.

Fonte: Secretaria Nacional de Defesa Civil (MI). Elaboração: Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos (MP).

A crescente urbanização do país não foi acompanhada de políticas de

desenvolvimento urbano capazes de prover moradia para grande parcela da

população que, aos poucos, estabeleceu-se em assentamentos precários e em

terrenos e encostas que ofereciam risco potencial de deslizamento e

desmoronamento gerando um quadro de extrema vulnerabilidade. Soma-se a este

quadro a expansão da área impermeabilizada das cidades contribuindo para o

aumento das áreas de risco.

Page 18: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

16

O programa de Gestão de Riscos e Reposta a Desastres do Ministério da

Integração aponta para a necessidade de uma ação coordenada e articulada dos

entes federados para a consecução das seguintes ações estruturantes:

ampliação do conhecimento público sobre as áreas de risco nos

municípios mais críticos, por meio do mapeamento da suscetibilidade

geológica aos fenômenos deslizamentos, inundações e enxurradas;

mapeamento de riscos nas áreas ocupadas;

definição de diretrizes para a ocupação urbana segura, tanto na escala de

planejamento urbano, quanto na escala dos projetos de parcelamento do

solo;

monitoramento da ocupação urbana, permitindo avançar num processo de

controle e fiscalização urbanos que reduza o avanço da ocupação sobre

áreas de maior fragilidade natural.

As intervenções estruturais de caráter preventivo devem ser ampliadas para

envolver a implantação de sistemas de drenagem urbana e do manejo adequado

das águas pluviais; a implantação de parques, bosques e áreas de lazer em áreas

de grande suscetibilidade a inundações rápidas e enxurradas; e a execução de

obras de estabilização e contenção de encostas, além da execução de intervenções

emergenciais voltadas para proteger a infraestrutura e setores críticos sob risco de

colapso iminente.

Tais intervenções estruturais contemplam ainda a remoção criteriosa de

moradias em áreas de risco, associada ao reassentamento em áreas próximas, de

forma a permitir a manutenção das condições de emprego e renda e do acesso aos

equipamentos públicos.

2.2 O SURGIMENTO DA DEFESA CIVIL

O primeiro país a preocupar-se com a segurança de sua população foi a

Inglaterra, que instituiu a Civil Defense (Defesa Civil) após os ataques sofridos entre

1940 e 1941, quando suas principais cidades e centros industriais foram

bombardeados, causando milhares de perdas de vida na população civil.

As autoridades inglesas padronizaram um conjunto de procedimentos para

diminuir o número de mortes. O plano, que ficou conhecido como Defesa Passiva

Page 19: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

17

atuava basicamente em três frentes: prevenção, alarme e socorro. Nascia assim o

conceito moderno de Defesa Civil, até hoje usado como modelo para prevenção de

catástrofes por vários governos em todo o mundo.

A Civil Defense britânica foi o primeiro órgão de Defesa Civil organizado no

mundo. As primeiras ações, estruturas e estratégias de proteção e segurança

dirigidas à população, tanto no Brasil e como no resto do mundo, foram realizadas

nos países envolvidos na Segunda Guerra Mundial.

O Japão também possuía, durante a segunda guerra, um sistema eficiente

de proteção civil, com alto grau de organização e mobilização. Esta organização foi

evidenciada quando da explosão das bombas atômicas nas cidades de Hiroshima e

Nagasaki. De um total de 500.000 pessoas que residiam nas duas cidades,

aproximadamente 200.000 foram evacuadas, e cerca de 350.000 sobreviveram. Sua

capacidade organizacional permitiu que as indústrias voltassem a operar com 70%

de sua capacidade em menos de dez dias.

A Alemanha, após os bombardeios, teve sua população paralisada, pois não

possuía um sistema de proteção civil eficiente e organizado.

A Cruz Vermelha Internacional (1859) é a mais antiga organização ligada à

defesa civil. Durante e após este período de guerras, surgiram outros organismos

internacionais de proteção civil, como a Organização Internacional de Proteção Civil

(1931), a Organização das Nações Unidas (1945), a Secretaria de Coordenação de

Socorro às Catástrofes da Organização das Nações Unidas (1971).

2.2.1 A defesa civil no Brasil

Com a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial e, principalmente,

após o afundamento, na costa brasileira, dos navios de passageiros Arará e Itagiba,

totalizando 56 vítimas, o governo brasileiro, em 1942, cria o Serviço de Defesa

Passiva Antiaérea e estabelece a obrigatoriedade do ensino da defesa passiva em

todos os estabelecimentos de ensino, oficiais ou particulares, existentes no país,

entre outras medidas.

Em 1943, a denominação de Defesa Passiva Antiaérea é alterada para

Serviço de Defesa Civil, sob a supervisão da Diretoria Nacional do Serviço da

Defesa Civil, do Ministério da Justiça e Negócios Interiores e extinto em 1946, bem

Page 20: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

18

como as Diretorias Regionais do mesmo Serviço, criadas no Estado, Territórios e no

Distrito Federal.

Em 1966, foi criado, no então Estado da Guanabara, um Grupo de Trabalho

com a finalidade de estudar a mobilização dos diversos órgãos estaduais em casos

de catástrofes. Este grupo elaborou o Plano Diretor de Defesa Civil do Estado da

Guanabara, definindo atribuições para cada órgão componente do Sistema Estadual

de Defesa Civil. Em 19.12.1966 foi organizada no Estado da Guanabara, a primeira

Defesa Civil Estadual do Brasil.

Em 1967 foi criado o Ministério do Interior com a competência, entre outras,

de assistir as populações atingidas por calamidade pública em todo o território

nacional.

O Decreto-Lei nº 950, de 13.10.1969, institui no Ministério do Interior o

Fundo Especial para Calamidades Públicas – FUNCAP, sendo regulamentado por

intermédio do Decreto nº 66.204, de 13.02.1970. Com o intuito de prestar assistência

e defesa permanente contra as calamidades públicas, é criado em 05.10.1970, no

âmbito do Ministério do Interior, o Grupo Especial para Assuntos de Calamidades

Públicas - GEACAP.

A Constituição Federal de 1988 estabelece em seu artigo 144 que cabe aos

bombeiros militares executar as atividades de defesa civil. Portanto, a Carta Magna

incumbe ao Corpo de Bombeiros, vinculados aos governos estaduais, a função de

socorrer a população em situação de desastre. No mesmo ano, o Decreto 97.274

instituiu o Sistema Nacional da Defesa Civil, que tinha como órgão central a

Secretaria Especial de Defesa Civil, vinculada ao Ministério do Interior.

O conceito de Defesa Civil como instituição estratégica para redução de

riscos de desastres deu-se com a criação do Sistema Nacional de Defesa Civil –

SINDEC, por meio do Decreto nº 97.274, de 16.12.1988. No ano seguinte, a

Assembleia Geral da ONU realizada em 22 de dezembro, aprovou a Resolução

44/236, que estabelecia o ano de 1990 como início da Década Internacional para

Redução dos Desastres Naturais (DIRDN), objetivando a redução de perdas de

vidas, danos e transtornos socioeconômicos provocados por desastres naturais

como escorregamentos, terremotos, erupções vulcânicas, tsunamis, inundações,

vendavais, secas e desertificação, incêndios, pragas, além de outras calamidades

de origem natural.

Page 21: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

19

Em 1989, em cumprimento aos termos da Resolução 44/236, o Brasil

elaborou a Política Nacional de Defesa Civil - PNDC estruturada em quatro pilares:

prevenção, preparação, resposta e reconstrução, estabelecendo metas e programas

a serem alcançados até o ano 2000.

Em 2010, o Sistema sofreu uma simplificação, com a exclusão das

coordenadorias regionais e dos órgãos setoriais, os quais retornaram por meio da

Lei 12.608/2012. Esta Lei ampliou as atribuições do Sistema, que passou a

denominar-se Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, visando fortalecer as

ações de prevenção aos desastres.

Na nova estrutura do Sistema Nacional de Defesa Civil, destaca-se a criação

do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres – CENAD, o Centro

Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) , o Grupo

de Apoio a Desastres e o fortalecimento dos órgãos de Defesa Civil locais.

Ainda em 2012 o governo federal lançou o Plano Nacional de Gestão de

Risco e Resposta a Desastres Naturais, que prevê investimento de R$ 18,8 bilhões

até o final de 2014 a ser utilizado em ações de prevenção a enchentes e

inundações, mapeamento das áreas de risco, resposta a catástrofes, monitoramento

e alerta, fortalecimento das Defesas Civis Municipais entre outras ações. Oitenta e

três por cento desse total vão financiar obras capazes de prevenir ou minimizar os

efeitos das catástrofes.

2.3 A POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA CIVIL

A Lei 12.608/2012 (BRASIL, 2012) institui a Política Nacional de Proteção e

Defesa Civil (PNPDEC), que abrange as ações de prevenção, mitigação,

preparação, resposta e recuperação.

A nova política traz uma forte orientação no sentido de priorizar as ações de

prevenção aos desastres naturais a partir de medidas estruturantes como: o

incentivo à criação de sistemas de informação, mapeamento de áreas de risco,

iniciativas educacionais e a articulação de diferentes políticas públicas direcionadas

ao ordenamento territorial das cidades.

Apesar de explicitar o estímulo à participação de entidades privadas,

associações de voluntários, clubes de serviços, organizações não governamentais,

associações de classe e comunitárias em suas diretrizes, a nova política não

Page 22: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

20

apresenta uma estratégia clara para a organização da população residente nas

áreas de risco frente a situações de prevenção e reação à ocorrência de eventos

extremos.

Entre os objetivos da PNPDEC estão a redução dos quatorze riscos de

desastres; a incorporação do risco de desastre e as ações de proteção e defesa civil

entre os elementos da gestão territorial e do planejamento das políticas setoriais; o

desenvolvimento de cidades resilientes e os processos sustentáveis de urbanização;

a identificação e avaliação das ameaças, suscetibilidades e vulnerabilidades a

desastres; o monitoramento dos eventos meteorológicos, hidrológicos, geológicos,

biológicos, nucleares ,químicos e outros potencialmente causadores de desastres; a

produção de alertas antecipados sobre a possibilidade de ocorrência de desastres

naturais; o combate à ocupação de áreas ambientalmente vulneráveis e de risco e a

realocação da população residente nessas áreas; e o estímulo às iniciativas que

resultem na destinação de moradia em local seguro.

A Lei 12.608/2012 determina que todos os Entes da Federação programem

ações para desenvolver uma cultura nacional de prevenção de desastres e a

conscientizar a população sobre os riscos de desastre no País e autoriza a criação

de sistema de informações e monitoramento de desastres, cuja base de dados será

compartilhada pelas três esferas da Federação, visando ao oferecimento de

informações atualizadas para prevenção, mitigação, alerta, resposta e recuperação

em situações de desastre em todo o território nacional.

Além disso, a Lei 12.608/2012 alterou a Lei 8.239, de 4 de outubro de 1991,

que “regulamenta o art. 143, §§ 1º e 2º da Constituição Federal, que dispõem sobre

a prestação de Serviço Alternativo ao Serviço Militar Obrigatório”. Conforme as

novas disposições, o Serviço Alternativo incluirá o treinamento para atuação em

áreas atingidas por desastre, em situação de emergência e estado de calamidade. O

objetivo dessa medida é oferecer a possibilidade de que os jovens alistados nas

Forças Armadas possam ser capacitados para o exercício de outras atividades que

não aquelas de cunho militar.

A Lei define as responsabilidades de cada ente da federação cabendo à

União atribuições relacionadas ao planejamento e monitoramento em ampla escala,

bem como ao reconhecimento do estado de calamidade pública e situação de

emergência. Os Estados também têm forte atuação nas ações de planejamento e

monitoramento, na elaboração de Planos Estaduais de Proteção e Defesa Civil que

Page 23: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

21

devem conter a identificação das bacias hidrográficas com risco de ocorrência de

desastres e as diretrizes de ação governamental de proteção e defesa civil no

âmbito estadual, em especial no que se refere à implantação da rede de

monitoramento meteorológico, hidrológico e geológico das bacias com risco de

desastre e devem apoiar os Municípios, a quem cabe o planejamento urbano

preventivo, de modo a evitar as ocupações em áreas de risco, bem como a

implantação de ações de prevenção e gestão de situação de risco.

Conforme orienta a Política Nacional, os municípios poderão solicitar

inscrição no cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de

inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos. Os

municípios inscritos no cadastro deverão elaborar Planos Municipais de

Contingência de Proteção e Defesa Civil, a serem avaliados e reformulados

anualmente.

Page 24: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

22

3 ESTRATÉGIAS PARA REDUÇÃO DE DESASTRES

O Marco de Ação de Hyogo (MAH) é o instrumento mais importante para a

implementação da redução de riscos de desastres que adotaram os Estados

Membros das Nações Unidas. Seu objetivo geral é aumentar o resiliência das

nações e das comunidades frente aos desastres até o ano de 2015.

O MAH oferece cinco áreas prioritárias para a tomada de decisões, em

iguais desafios e meios práticos para aumentar a resiliencia de cidades vulneráveis

aos desastres, no contexto do desenvolvimento sustentável.

As Ações prioritárias do MAH são:

a) Fazer com que a redução dos riscos de desastres seja uma prioridade

nacional e local com sólida base institucional para sua implementação;

b) Conhecer os riscos e tomar medidas para identificar, avaliar e observar de

perto os riscos dos desastres e melhorar os alertas prévios;

c) Desenvolver uma maior compreensão e conscientização utilizando o

conhecimento a inovação e a educação para criar uma cultura de

segurança e resiliência em todos os níveis;

d) Reduzir os fatores fundamentais de risco diminuindo a vulnerabilidade

frente às ameaças naturais; e

e) Fortalecer a preparação em desastres para uma resposta eficaz em todos

os níveis.

Com base nas prioridades estabelecidas no Marco de Açao de Hyogo para

2005-2015, que visa o aumento da resiliência das nações e comunidades frente aos

desastres, a Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec) implementou um plano de

ação de dez passos, no qual estão inclusos dez aspectos essenciais para a

resiliência das cidades, prestando apoio para que os municípios desenvolvam ações

em âmbito local para reduzir o risco de desastres.

Uma cidade resiliente é aquela que tem a capacidade de resistir, absorver e

se recuperar de forma eficiente dos efeitos de um desastre e de maneira organizada

prevenir que vidas e bens sejam perdidos.

O objetivo da ação é aumentar o grau de consciência e compromisso em

torno das práticas de desenvolvimento sustentável, como forma de diminuir as

vulnerabilidades e propiciar o bem estar e segurança dos cidadãos.

A seguir, os dez passos estabelecidos no plano de ação:

Page 25: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

23

a) Estabelecer mecanismos de organização e coordenação de ações com

base na participação de comunidades e sociedade civil organizada, por

meio, por exemplo, do estabelecimento de alianças locais. Incentivar que

os diversos segmentos sociais compreendam seu papel na construção de

cidades mais seguras com vistas à redução de riscos e preparação para

situações de desastres;

b) Elaborar documentos de orientação para redução do risco de desastres e

ofereça incentivos aos moradores de áreas de risco: famílias de baixa

renda, comunidades, comércio e setor público, para que invistam na

redução dos riscos que enfrentam;

c) Manter informação atualizada sobre as ameaças e vulnerabilidades de

sua cidade; conduza avaliações de risco e as utilize como base para os

planos e processos decisórios relativos ao desenvolvimento urbano.

Garantir que os cidadãos de sua cidade tenham acesso à informação e

aos planos para resiliência, criando espaço para discutir sobre os

mesmos;

d) Investir e manter uma infraestrutura para redução de risco, com enfoque

estrutural, como por exemplo, obras de drenagens para evitar

inundações; e, conforme necessário invista em ações de adaptação às

mudanças climáticas;

e) Avaliar a segurança de todas as escolas e postos de saúde de sua

cidade, e modernizá-los se necessário;

f) Aplicar e fazer cumprir regulamentos sobre construção e princípios para

planejamento do uso e ocupação do solo. Identificar áreas seguras para

os cidadãos de baixa renda e, quando possível, modernizar os

assentamentos informais;

g) Investir na criação de programas educativos e de capacitação sobre a

redução de riscos de desastres, tanto nas escolas como nas

comunidades locais;

h) Proteger os ecossistemas e as zonas naturais para atenuar alagamentos,

inundações, e outras ameaças às quais sua cidade seja vulnerável.

Adaptar-se às mudanças climáticas recorrendo a boas práticas de

redução de risco;

Page 26: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

24

i) Instalar sistemas de alerta e desenvolver capacitações para gestão de

emergências em sua cidade, realizando, com regularidade, simulados

para preparação do público em geral, nos quais participem todos os

habitantes; e

j) Depois de qualquer desastre, velar para que as necessidades dos

sobreviventes sejam atendidas e se concentrem nos esforços de

reconstrução. Garantir o apoio necessário à população afetada e suas

organizações comunitárias, incluindo a reconstrução de suas residências

e seus meios de sustento.

3.1 AÇÕES DA DEFESA CIVIL NO BRASIL

Os eventos dos dias 11 e 12 de janeiro de 2011, quando chuvas de grande

intensidade deflagraram o que seria considerado o pior desastre brasileiro dos

últimos tempos: as inundações e deslizamentos da Região Serrana do Rio de

Janeiro, evento que causou 905 mortes em sete cidades e afetou mais de 300 mil

pessoas, ou 42% da população dos municípios atingidos, de acordo com dados da

Polícia Civil do Rio de Janeiro.6

As operações de resgate mobilizaram o Corpo de Bombeiros de quatro

estados, a Força Nacional, efetivos das Forças Armadas, Governos dos Estados de

Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro em uma operação sem

precedentes que envolveu mais de mil homens no resgate às vítimas.

Os impactos do desastre na Região Serrana não se limitaram às perdas e

danos, mas também configuraram um marco nas políticas de gestão de riscos e

desastre no país. Imediatamente após as chuvas, no processo de resposta, o

Governo Federal instalou uma força tarefa bem como iniciou um processo de

fortalecimento das práticas de gestão de riscos e desastres a nível nacional.

As inundações e deslizamentos da Região Serrana do Rio de Janeiro em

janeiro de 2011 ficaram conhecidos como o pior desastre brasileiro em termos de

danos humanos, mas as perdas e danos econômicos também foram significativos,

com implicações sobre a qualidade de vida dos sobreviventes e para a atividade

econômica na região, que ainda está longe de recuperar seu status pré-desastre. 6 Dados constantes do Relatório do Banco Mundial intitulado Avaliação de Perdas e Danos -

Inundações e Deslizamentos na Região Serrana do Rio de Janeiro -Janeiro de 2011, com base nos dados oficiais da Polícia Civil do Rio de Janeiro, publicado em novembro de 2012.

Page 27: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

25

Estima-se que 304.562 habitantes dos sete municípios que entraram em

estado de calamidade pública, foram diretamente afetados pelo desastre,

representando 42,68% da população daquelas localidades7. As perdas de vidas

humanas e outros danos que não podem ser mensurados estão assim distribuídos,

por município:

Tabela 2: População afetada, por município: Fonte: Secretaria Nacional de Defesa Civil do Rio de Janeiro

Ainda de acordo com o Relatório do Banco Mundial (TORO, 2012) as perdas

e danos totais foram estimados em R$ 4.8 bilhões, valor que não inclui o impacto

nas áreas de educação e saúde, que não puderam ser considerados em função da

indisponibilidade de informações detalhadas. Dos custos totais, R$ 2.2 bilhões (46%)

correspondem aos danos, custos diretos das inundações e deslizamentos. Por sua

vez, as perdas (custos indiretos do desastre) foram estimadas em R$ 2.6 bilhões

(54% dos custos totais). Os custos mensuráveis dessa tragédia foram consolidados

na tabela abaixo:

7 De acordo com o Censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),nos sete

municípios que entraram em estado de calamidade pública viviam 713.652 pessoas, ou 4.46% da população do estado do Rio de Janeiro (15.989.929).

MUNICÍPIO AFETADOS DESABRIGADOS DESALOJADOS MORTOS FERIDOS

PARCELA DA

POPULAÇÃO AFETADA %

Areal 7,000 1,469 1,031 na 15 61

Bom Jardim

12,380 632 1,186 na 423 49

Nova Friburgo

180,000 3,800 4,500 420 900 99

Teresópolis 50,500 6,727 9,110 355 837 31

S.J. do Rio Preto

20,682 790 na na 163 100

Sumidouro 15,000 240 311 22 13 100

Petrópolis 19,000 2,800 6,341 68 na 6

Total 304,562 16,458 na na na

Subtotal - - 22,479 865 2,351

Page 28: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

26

Impacto (R$1.00) Propriedade Danos Perdas Setor Público Setor Privado Total

Infraestrutura

1.106.312.344,44 1.426.518,04 1.038.839,38 83.8958.923,10 1,013.585.000,00

Transporte

620.971.233,15 0,00 620.971.233,15 0,00 620.971.233,15

Telecomunicações

9.303.400,00 0,00 0,00 9.303.400,00 9.303.400,00

Água e saneamento

451.890.352,83 3.143.000,00 417.868.706,23 39.164.646,60 457.033.352,83

Energia

22.147.358,46 13.283.518,04 0,00 35.430.876,50 35.430.876,50

Setores Sociais

721.817.400,00 1.973.754.827,97 2.047.382.327,97 648.190.300,00 2.695.572.627,97

Habitação 644.685.300,00 1.964.987.327,97 1.962.662.327,97 647.010.300,00 2.609.672.627,97

Saúde

2.502.500,00 8.767.500,00 10.720.000,00 550.000,00 11.270.000,00

Educação

74.630.000,00 0,00 74.000.000,00 630.000,00 74.630.000,00

Setores Produtivos

294.724.415,61 601.376.475,88 2.000.000,00 894.100.891,49 896.100.891,49

Agricultura

124.000.000,00 90.000.000,00 0,00 24.000.000,00 214.000.000,00

Indústria

30.184.961,00 123.297.889,00 0,00 153.482.850,00 153.482.850,00

Comércio

133.539.459,61 335.678.586,90 0,00 469.218.041,49 469.218.041,49

Turismo

7.000.000,00 52.400.000,00 2.000.000,00 57.400.000,00 59.400.000,00

Meio ambiente

71.466.000,00 0,00 71.466.000,00 0,00 71.466.000,00

Total 2.194.320.560,05 2.591.557.821,89 3.159.688.267,35 1.626.190.114,59 4.785.878.381,94

Tabela 3 : Inundações e deslizamentos na Região Serrana do Rio de Janeiro em 2011.

Fonte: Estimativas do Banco Mundial, com base em informações oficiais

As tragédias naturais ocorridas entre 2008 e 2011 custaram R$15 bilhões a

quatro estados brasileiros, segundo estudos do Banco Mundial. O setor de habitação

foi o mais afetado pelos desastres e impactos importantes na infraestrutura, na

saúde, na agricultura, na educação e no comércio. Das perdas e danos estimados

no setor de infraestrutura de saneamento, por exemplo, mais de 90% podem ter

implicações fiscais diretas em algum nível de governo (municipal, estadual ou

federal).

Deve-se ainda considerar que os reais impactos econômicos e sociais

possam estar sendo subestimados devido a pouca tradição do Brasil no setor de

gestão de riscos e desastres.

Page 29: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

27

3.2 RIO DE JANEIRO: CIDADE RESILIENTE

A cidade do Rio de Janeiro tem desenvolvido ações envolvendo a formação

e capacitação de agentes locais de defesa civil, parcerias com instituições

municipais de ensino, conscientização de moradores, preparação de voluntários e

agentes comunitários para executar ações típicas de prevenção de desastres como

a organização de abrigos, evacuação de áreas, cursos de primeiros socorros, entre

outras.

Algumas ações preconizadas pelo Protocolo de Hyogo servem de guia para

tornar o Rio de Janeiro uma cidade resiliente. A seguir, um resumo das ações de

prevenção a desastres realizadas pelo município em parceria com a Secretaria de

Defesa Civil no bojo da Campanha “Rio de Janeiro em Busca da Resiliência Frente a

Chuvas Fortes8” :

I. Fazer da Redução de Desastres uma prioridade

Aquisição de um Novo Radar Meteorológico

Adquirido em dezembro de 2010, o equipamento mostra as condições

(localização e intensidade) das chuvas a cada momento e, estas informações, em

conjunto com outros parâmetros meteorológicos (vento, umidade, etc.) permitem que

o meteorologista efetue uma previsão de curtíssimo prazo (nowcasting) em relação à

trajetória mais provável que a chuva terá nas próximas horas. Além do Radar

Meteorológico, o Sistema Alerta Rio também conta com uma rede de pluviômetros

localizados em diversas regiões da cidade que monitoram a quantidade de chuva.

Fortalecimento da Defesa Civil e demais órgãos do Sistema

Aumento do orçamento, realização de concurso público específico e

aquisição (ou locação) de viaturas, máquinas e equipamentos são exemplos de

medidas visando fortalecer a Defesa Civil Municipal.

8 Campanha realizada pela prefeitura da cidade do Rio, em parceria com UNISDR (Estratégia Internacional para

Redução de Desastres), e a Secretaria Nacional de Defesa Civil, disponível em

http://www.preventionweb.net/files/32363_32363riodejaneiroresiliente20131.pdf, acesso em 20.9.2013.

Page 30: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

28

Implantação de um Centro de Operações

Centro de Operações Rio é um centro de operações que integra cerca de 30

órgãos municipais e concessionárias com o objetivo de monitorar e otimizar o

funcionamento da cidade, além de antecipar soluções e minimizar as ocorrências. A

unidade vai alertar os setores responsáveis sobre os riscos e as medidas urgentes

que devem ser tomadas em casos de emergências como chuvas fortes, acidentes

de trânsito e deslizamentos e irá integrar todas as etapas de um gerenciamento de

crise: desde a antecipação, mitigação e preparação, até a resposta imediata aos

eventos e realimentação do sistema com novas informações que podem ser usadas

em futuros casos.

II. Conhecer o Risco e tomar ações

Mapeamento das Áreas de Risco Geológico

Foram mapeadas as encostas localizadas no Maciço da Tijuca e

adjacências, abrangendo 52 bairros das zonas Norte, Sul, Oeste e do Centro da

cidade. Ao todo foram vistoriados 13,02 quilômetros quadrados (1.302 hectares),

dos quais 30% foram considerados áreas de alto risco. Este mapeamento permite à

Prefeitura carioca elaborar projetos específicos para cada comunidade mapeada e

definir as ações junto às comunidades em risco, além de priorizar a implantação do

Sistema de Alerta Comunitário.

Implantação do Sistema de Alerta e Alarme Comunitário

O Sistema de Alerta e Alarme Comunitário é fundamentado no Sistema

Alerta Rio que é um órgão específico da Prefeitura para a Previsão Meteorológica e

para o Monitoramento das Chuvas.

A previsão de chuva possui 4 estágios:

1 - VIGILÂNCIA (ausência de chuva ou chuva leve nas próximas 6 horas -

verde);

2 - ATENÇÃO (possibilidade de chuva moderada, ocasionalmente forte, nas

próximas horas – amarelo);

3 - ALERTA (chuva forte nas próximas horas podendo causar alagamentos e

deslizamentos isolados - vermelho);

Page 31: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

29

4 - ALERTA MÁXIMO (chuva muito forte nas próximas horas podendo

causar alagamentos e deslizamentos generalizados - preto).

Quando o estágio entra em Atenção é enviada uma mensagem de texto para

os telefones celulares de todos integrantes do sistema (Agentes Comunitários de

Saúde, Líderes Comunitários e Agentes Públicos), alertando para a possibilidade de

chuva moderada/forte.

A Defesa Civil e a Geo Rio instalaram um SISTEMA DE ALARME POR

SIRENES em 103 comunidades (que possuem residências em áreas de alto risco

conforme mapeamento de risco). Nestes locais, quando a chuva atinge um limite

pré-estabelecido, a sirene é acionada informando os moradores sobre o risco de

deslizamentos e solicitando que os mesmos dirijam-se para os Pontos de Apoio

(locais seguros previamente definidos na comunidade – igrejas, associação de

moradores, escolas, quadras de escola de samba etc).

III. Construir entendimento e consciência

Formação de Núcleos Comunitários de Defesa Civil (NUDECs)

Este trabalho teve como foco os Agentes Comunitários de Saúde (ACS),

presidentes das Associações de Moradores e integrantes de outros Programas

Comunitários Municipais (Educação Ambiental, Mutirão do Reflorestamento e

Guardiões dos rios), que moram e trabalham na comunidade.

Cada equipe (que é composta por 6 ACS) é considerada como um Nudec.

Atualmente, existem 569 Nudecs e 3653 Agentes Comunitários envolvidos. Os

membros dos Nudecs também atuam na organização das comunidades que

possuem Sistema de Alarme por Sirenes instalado, desocupando áreas de risco e

direcionando moradores para abrigos temporários, diante da possibilidade de

ocorrência de desastres. Aos membros dos Nudecs são disponibilizaçãos

equipamentos pessoais, como: lanternas, capas de chuvas, apitos e telefones

celulares que podem falar gratuitamente entre si, formando uma rede de mobilização

em caso de desastres.

Page 32: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

30

Atuação nas Escolas (eventos e simulados).

A Defesa Civil Municipal possui os projetos “Construindo A Cidadania Nas

Escolas” e “Educando Para A Proteção Comunitária” em parceria com a Secretaria

Municipal de Educação para atender alunos da Rede Municipal de Ensino.

No Projeto “Construindo a Cidadania nas Escolas”, é realizado um evento

em um ambiente externo a escola, que busca desenvolver nas crianças noções de

Preservação do Meio Ambiente e ações de Redução de Desastres.

O Projeto “Educando para a Proteção Comunitária” conta com ações nas

escolas, seja por meio de palestras explicativas ou, principalmente, com a realização

de Exercícios Simulados (por meio do subprojeto Alerta nas Escolas).

Os Exercícios Simulados nas Escolas tiveram início em agosto de 2011 e

mais de 10.000 alunos de cerca de 50 escolas já participaram deste treinamento.

Estas escolas, que são localizadas no interior ou entorno de comunidades que

apresentam áreas com alto risco de deslizamento, já atuam como Ponto de Apoio

(local seguro - abrigo temporário) para a população residente nestas comunidades

em caso de chuva forte.

A base da ação como um todo é a Estratégia de Mobilização do Sistema de

Alerta e Alarme Comunitário para Chuvas Fortes.

IV. Reduzir o risco

Delimitação legal e física das áreas de risco e de preservação ambiental.

O Novo Plano Diretor da Cidade do Rio de Janeiro, sancionado em fevereiro

de 2011, contempla de a preservação da paisagem e o controle do uso e ocupação

para combater irregularidades e prevenir situações de risco. A legislação e a

fiscalização por parte do governo local, entretanto, não são suficientes para conter a

expansão de comunidades em áreas impróprias.

Ações contínuas de conservação e limpeza.

Além das coletas já realizadas em toda a cidade, a Comlurb (Companhia

Municipal de Limpeza Urbana), órgão da Secretaria de Conservação e Serviços

Públicos, esta implantando, de forma integrada com a Secretaria Municipal de Meio

Ambiente e com a UPP Social, uma nova logística de limpeza e coleta de lixo em

várias comunidades.

Page 33: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

31

A entrada em vigor da Lei do Lixo Zero9, somada a ações educativas vão

reforçar junto à comunidade a importância de fazer o descarte correto do lixo.

Reassentamento de moradores das áreas de alto risco.

Para a transferência destes moradores e liberação das localidades de risco,

a Secretaria Municipal de Habitação (SMH) paga a cada família um aluguel social.

Essas famílias recebem o benefício até serem reassentadas definitivamente em

imóveis do Programa Minha Casa, Minha Vida.

Realização de obras de infraestrutura e estabilização de encostas.

Fundação Geo Rio também executa obras emergenciais de estabilização de

encostas em diversos morros da cidade. No ano de 2010 foram executadas 380

frentes de serviço com volume de recursos superior a R$ 145 milhões e a realização

de mais de 4.000 vistorias.

V. Estar preparado e pronto para agir

Definição das Atribuições e Responsabilidades (Plano de Emergência).

Visando definir as instituições (públicas, privadas ou sociedade civil)

integrantes do Sistema de Defesa Civil e que possam ter atribuições antes, durante

e depois do evento adverso, bem como integrá-las e conscientizá-las das ameaças a

que a cidade está exposta, foi elaborado um Plano de Emergências.

Comunidade, Sociedade Civil e Poder Público Mobilizados.

O treinamento de Agentes e Líderes Comunitários, bem como a implantação

de Núcleos Comunitários de Defesa Civil tem por objetivo conscientizar e esclarecer

os moradores, fortalecendo a mobilização comunitária. A identificação,

cadastramento e treinamento de grupos voluntários de instituições religiosas,

associações de classe, ONGs etc representa a sociedade civil mobilizada. A Cruz

Vermelha Brasileira é outro importante parceiro da Defesa Civil Municipal auxiliando

na formação de agentes aptos a agir em emergências e ajudando a formar uma

cultura de prevenção na sociedade.

9 Lei Municipal 3273 (Lei de Limpeza Urbana, de 2011) prevê multas que variam de R$ 157 a R$ 3

mil, dependendo do volume do item descartado incorretamente.

Page 34: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

32

Simulação de Desocupação Emergencial das Comunidades

Para a que o Sistema de Alarme por Sirenes funcione de forma eficiente, os

moradores devem ser treinados sobre como proceder quando a sirene for acionada.

Desta forma são realizados exercícios simulados de desocupação, com o intuito de

treinar e adaptar, de uma forma concreta e próxima da realidade, os moradores da

área de risco para a desocupação em uma situação emergencial. Esta ação é parte

do Plano de Desocupação do Município do Rio de Janeiro que tem por objetivo

estabelecer procedimentos e orientações gerais da desocupação.

Todas as 103 comunidades que possuem Sistema de Alarme por Sirenes

instalado já tiveram exercício simulado de desocupação com a participação de

representantes de mais de 13.000 famílias.

Page 35: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

33

4 A DEFESA CIVIL E AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE DESASTRES

As enchentes e deslizamentos provocados pelo megadesastre ocorrido na

região serrana do Rio de Janeiro em janeiro de 2011 representaram um “divisor de

águas” no que tange à gestão de desastres no Brasil. A magnitude e as

consequências nefastas daquela tragédia evidenciaram para as autoridades e para a

sociedade brasileira a importância da prevenção, mitigação e criação de cidades

mais resilientes. A defesa civil e a gestão de desastres tornaram-se, finalmente, um

tema prioritário na agenda governamental.

Três iniciativas de grande importância para a gestão e prevenção de

desastres foram consolidadas ainda em 2012, a saber:

Elaboração do Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991 a 2010,

organizado pelo Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre

Desastres(CEPED), da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC;

Diagnóstico do Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a

Desastres (PNGRD), organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV); e

Criação do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID),

tornando públicas as informações oficiais sobre desastres no Brasil e

possibilitando, entre outras funções, a construção de um banco de dados

confiável sobre desastres no país.

As ações governamentais incluem a criação de um programa específico no

Plano Plurianual (PPA) 2012–2015 para tratar dessa temática — o Programa nº

2040 “Gestão de Riscos e Resposta a Desastres” — e o Plano Nacional de Gestão

de Riscos e Resposta a Desastres (PNGRD).

De acordo com o Programa 2040 – Gestão de Riscos e Resposta a

Desastres, do Plano Plurianual (2012-2015) do Governo Federal, menos de 10% dos

municípios brasileiros possuem órgãos de defesa civil instalados e estruturados.

Considerando que o desastre ocorre no âmbito do município, a instituição local

deveria estar bem estruturada, articulada com os demais órgãos integrantes do

Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC), cujo órgão central é a Secretaria

Nacional de Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional, e servir de referência

para os demais segmentos para a tomada de decisão sobre ações preventivas e de

resposta.

Page 36: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

34

Praticamente inexistem ações sistêmicas voltadas para a prevenção e

políticas públicas que promovam a redução de vulnerabilidades sócio-econômicas

dos moradores que residem em áreas de risco. O Programa aponta a necessidade

de ampliação dos investimentos estruturais de caráter preventivo, tais como a

implantação de sistemas de drenagem urbana e de medidas que promovam

adequadamente o manejo das águas pluviais, a implantação de parques, bosques e

áreas de lazer em áreas de grande suscetibilidade a inundações rápidas e

enxurradas, e a execução de obras de estabilização e contenção de encostas.

O Plano Nacional de Gestão de Riscos e Respostas a Desastres Naturais,

lançado em 2012 com a previsão de aplicação de cerca de 19 bilhões em estados e

municípios para o estabelecimento das seguintes ações:

Prevenção, através da execução de obras estruturantes;

Mapeamento de áreas de risco;

Monitoramento e Alerta, através da estruturação da rede nacional;

Socorro, Assistência e Reconstrução.

Assim como a nova Política Nacional, o PNGRD prioriza as ações de

prevenção, sendo destinados 15,6 bilhões a estas iniciativas, que compreendem

obras de contenção de encostas, drenagem, retenção de cheias, barragens,adutoras

e sistemas de abastecimento de água.

Há a previsão de capacitação de 4000 membros da sociedade civil

organizada em Defesa Civil e Gestão de Risco e a expansão da rede de observação

e alerta, com a instalação de radares, sensores de deslizamentos, pluviômetros e

outros, bem como de uma articulação nacional destes sistemas.

O Plano não prevê, no entanto, a construção de abrigos temporários para

acolher os atingidos por esses fenômenos, medida considerada de extrema

necessidade considerando a dificuldade de remoção total das habitações localizadas

em áreas de risco e a insuficiência de políticas habitacionais para esse fim.

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35

De acordo com pesquisa10 publicada em janeiro de 2013 pelo Comitê de

Entidades no Combate à Fome e pela Vida - COEP, somente os estados de Minas

Gerais, Paraíba, Paraná, Santa Catarina e São Paulo possuem planos de prevenção

conforme preconiza a Política Nacional e das onze capitais pesquisadas, somente

sete possuem planos municipais de contingência, a saber: Rio de Janeiro, São

Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, João Pessoa e Manaus.

4.1 PREVENIR X REMEDIAR: A QUESTÃO ORÇAMENTÁRIA

A Comissão Especial da Câmara dos Deputados destinada a efetuar

estudos e apresentar propostas em relação às medidas preventivas e saneadoras

diante de catástrofes, em relatório11 publicado em novembro 2011, faz a seguinte

análise da execução da Lei Orçamentária na Política de Defesa Civil (BRASIL,2011):

[...] O Poder Executivo Federal adota a estratégia de utilizar o crédito extraordinário, via medida provisória, para abastecer especialmente o programa de Resposta aos Desastres. Já o programa de Prevenção, que decorre de ações planejadas de intervenção, não recebe o devido aporte de recursos. A título de exemplo, ressalte-se que em 2010 foram destinados no Orçamento da União, para esses dois programas, o total de R$ 3,17 bilhões (valores liquidados), sendo R$ 2,89 bilhões para Resposta aos Desastres e apenas R$ 280 milhões para a Prevenção. Desse montante destinado aos dois programas, tão somente R$ 169 milhões foram alocados ao Orçamento no início do exercício financeiro e R$ 3 bilhões foram acrescidos ao longo do ano, especialmente via créditos extraordinários. Essa situação revela fatos preocupantes acerca da execução da política de Defesa Civil. Fica evidenciado que o Governo Federal não se antecipa aos eventos climáticos danosos, mas apenas reage quando ocorre a tragédia. Mesmo nesses casos, o Governo Federal depende da edição de medidas provisórias para alocar recursos para o atendimento emergencial à população atingida por desastres, já que esses recursos não se acham reservados em programação orçamentária aprovada no início do exercício financeiro.

10

pesquisa entitulada ‘Políticas Públicas e Iniciativas da Sociedade Civil de Prevenção e Resposta a

Situações de Desastres Climáticos’ realizada pelo COEP Nacional no âmbito das atividades do Grupo de Trabalho Mudanças Climáticas, Pobreza e Desigualdades Sociais, do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. A pesquisa foi realizada no período de setembro a novembro de 2012, junto aos órgãos de Defesa Civil de onze estados e suas capitais disponível em http://www.coepbrasil.org.br/portal/Publico/apresentarArquivo.aspx?TP=1&ID=e997b561-d59f-4aec-9d48-30d1f18edfb&NOME=Relat%C3%B3rio%20S%C3%ADntese_Pesquisa.pdf 11

Disponível em <http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/especiais/54a-legislatura/medidas-preventivas-diante-de-catastrofes/arquivos/relatorio-do-dep.-glauber-braga>. Acesso em: 17 set. 2013.

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36

O Jornal O Globo, em reportagem publicada em 4.1.13 e disponível no portal

de notícias G1, ao analisar as verbas orçamentárias destinadas aos programas de

prevenção e remediação de desastres para o ano de 2012, corrobora o relatório

daquela Casa Legislativa.

Da verba para investir em prevenção de desastres naturais em todo o país –

R$3,47 bilhões – somente 13,6% desse total foi executado. Por outro lado, o

governo federal usou 87% dos R$2,27 bilhões disponíveis para remediar as

tragédias.

Figura 4 : Verbas orçamentárias para prevenção e resposta a desastres Fonte:Portal do Orçamento/Siga Brasil*até 29.12.12 Defesa Civil Nacional

Em um país que tem, segundo os mapeamentos do governo federal, 5

milhões de pessoas morando em 800 áreas de risco, um dos maiores entraves é a

falta de estrutura dos municípios. Apenas 426 dos 5.565 municípios brasileiros têm

estrutura de Defesa Civil e a gestão dos recursos repassados são apenas outro

complicador. Dados da Confederação Nacional de Municípios (CNM) dão conta de

que, em média, somente 10% das cidades brasileiras tiveram gastos com ações de

Defesa Civil nos últimos cinco anos.

A diferença entre os valores empenhados e aqueles efetivamente pagos

deve-se principalmente à falta ou apresentação inadequada de projetos por parte

dos municípios atingidos. Os municípios, especialmente os mais pobres, não têm

capacidade técnica ou de pessoal para apresentar projetos que possam ser

aprovados pelo governo federal ou pelos Estados.

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37

Para contornar essa dificuldade, ministérios e governos estaduais deveriam

fornecer assistência técnica aos municípios para desenvolver projetos e adaptar

exigências burocráticas para dar mais agilidade a esse processo.

A questão orçamentária não é apenas técnica, mas essencialmente uma

questão política. As comunidades vitimadas não têm força política para se

representarem na execução das políticas públicas de prevenção a desastres. Após

uma grande tragédia, a administração pública tende a investir em ações de

prevenção e isso se reflete no orçamento das prefeituras das cidades atingidas por

enchentes e deslizamentos. Essas comunidades, no entanto, não estão

representadas por partidos políticos, movimentos sociais ou outros grupos de

pressão e as ações de prevenção a desastres acabam não se concretizando.

Resta demonstrada a necessidade de prover condições pra que os

municípios criem suas estruturas de defesa civil, especialmente nos que

recorrentemente são afetados por desastres. Como já comentado, menos de 10%

dos municípios brasileiros têm órgãos de defesa civil estruturados. É necessário

implementar políticas públicas que os capacitem a atuar de maneira sistêmica e

integrados a centros de monitoramento, previsão e alerta de desastres naturais, com

capacidade de monitoramento ininterrupto que permitam alertar sobre a

possibilidade de desastres e viabilizar uma ação preventiva dos órgãos do sistema

de defesa e da própria sociedade.

Além da política de gestão de riscos e resposta a desastres, o estado

precisa dirigir seu foco para a prevenção por meio de políticas estruturadas de

planejamento urbano, habitação, saneamento básico e conservação ambiental.

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38

5 CONCLUSÃO

Embora a seca seja o desastre natural mais comum no Brasil, com cerca de

54% das ocorrências registradas, as inundações decorrentes de fortes chuvas são

as mais devastadoras. Na década de 1990 foram registradas mais de dez mil

enchentes no país e a ocorrida na região serrana do Rio de Janeiro em 2011, a mais

grave.

Desde então o país vem se preparando para dotar os entes da federação

com meios para prevenir e mitigar os efeitos de desastres naturais com a formulação

de políticas públicas voltadas para esse fim, a elaboração de protocolos de

precaução e alerta para cada tipo de desastre e a realização de campanhas

educativas para envolver a sociedade e criar uma cultura de defesa civil visando

aumentar a capacidade de percepção de riscos e desestimular as ocupações em

áreas de risco de desastre.

Existe consenso acerca da necessidade de fortalecer o Município com a

dotação de recursos especialmente destinados à prevenção de desastres, pois 90%

deles não possui estrutura para o enfrentamento de tragédias como as que vêm

ocorrendo anualmente no país. A administração municipal, por ser a mais próxima

da população atingida precisa estar preparada para responder prontamente às

situações de risco.

Os órgãos que compõem o Sistema Nacional de Proteção Civil devem

trabalhar de forma integrada para garantir que os recursos e ações coordenadas

possam efetivamente cumprir o planejamento estratégico voltado para a prevenção

e remediação de desastres.

No entanto, a implantação de um sistema de informações e a elaboração de

complexos estudos técnicos, ainda que importantes, terão pouca ou nenhuma

eficácia se não forem acompanhados de estruturação e capacitação municipal.

A nova política traz uma forte orientação no sentido de priorizar as ações de

prevenção aos desastres naturais a partir de medidas estruturantes mas não

estabelece novas fontes de recursos para as ações de gestão de desastres e

tampouco define penas para os gestores municipais que não elaborem, por

exemplo, um plano de contingência como previsto em lei.

O plano de contingência é a formalização de uma estratégia de

enfrentamento dos desastres onde estão detalhadas as características do evento

Page 41: NUNES, Denise Figueira. Defesa Civil

39

previsto, as ações planejadas para o seu enfrentamento, o número provável de

pessoas atingidas e os recursos disponíveis ou necessários para a preparação ou

enfrentamento dos eventos adversos. Um plano de contingência bem elaborado

deve proporcionar o estabelecimento de formas de monitoramento, alertas e alarmes

para que tanto a comunidade quanto as instituições. Em um enfoque realista, no

entanto, devemos admitir as limitações e dificuldades técnicas que pequenos

municípios teriam para elaborar um plano que cumprisse todos esses requisitos.

Os planos estaduais de prevenção a desastres e os planos municipais de

contingência, em geral, apresentam estratégias para a atuação dos sistemas de

defesa civil em casos de emergências, não compreendendo o planejamento de

ações estruturantes, a longo e médio prazo nem ações integradas entre os sistemas

de prevenção e políticas públicas que promovam a redução de vulnerabilidades

socioeconômicas dos moradores que residem em áreas de risco.

Para que ações de prevenção a desastres funcionem de forma sistêmica

como prevê a nova Lei, a estruturação de um sistema central de monitoramento,

previsão e alerta de desastres naturais, fazendo uso de tecnologias modernas e com

capacidade de monitoramento. Deve, ainda, ser capaz de incorporar e processar

informações de diversas fontes, a exemplo da rede de radares meteorológicos, da

rede nacional hidrometeorológica, de imagens de sensores remotos e da rede

nacional de sismógrafos, produzindo a informação que permita alertar sobre a

probabilidade de ocorrência de desastres e viabilizar a ação preventiva dos órgãos

do SINDEC e da sociedade.

Entende-se que o esforço do Estado deve, cada vez mais, ser concentrado

nas ações de prevenção. Para tanto, o enfrentamento da questão também se dará

em outras políticas públicas além da política de gestão de riscos e resposta a

desastres, a exemplo das políticas de: saneamento básico, oferta de água,

planejamento urbano, habitação, energia nuclear e conservação ambiental. Para

tanto, a fim de orientar essas e outras políticas públicas, os órgãos e instituições do

Sistema Nacional de Defesa Civil devem, estar estruturados e integrados.

Além das questões orçamentárias já comentadas nesse estudo, há ainda

questões jurídicas, sociais e até geográficas que dificultam a consecução de

remoção de grande número de pessoas de uma área de risco. Enquanto as

intervenções estruturais não são possíveis, a educação para a percepção e

convivência com o risco é fundamental.

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40

REFERÊNCIAS

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