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Nuno André Jesus Cunha Alternativas terapêuticas na abordagem da Hipomineralização Incisivo-Molar Universidade Fernando Pessoa Faculdade de Ciências da Saúde Porto 2015

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Nuno André Jesus Cunha

Alternativas terapêuticas na abordagem da Hipomineralização Incisivo-Molar

Universidade Fernando Pessoa

Faculdade de Ciências da Saúde

Porto 2015

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Universidade Fernando Pessoa

Faculdade de Ciências da Saúde

Porto 2015

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Nuno André Jesus Cunha

Alternativas terapêuticas na abordagem da Hipomineralização Incisivo-Molar

__________________________________

Trabalho apresentado à Universidade Fernando

Pessoa como parte dos requisitos para obtenção

do grau de Mestre em Medicina Dentária.

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Alternativas terapêuticas na abordagem da Hipomineralização Incisivo-Molar

SUMÁRIO

A Hipomineralização Incisivo-Molar é uma anomalia que atinge os primeiros molares e

incisivos permanentes. Clinicamente o esmalte apresenta-se frágil e poroso, originando

uma maior tendência a fraturas.

A realização deste trabalho teve como principal objetivo a realização de uma pesquisa

bibliográfica sobre as principais abordagens terapêuticas que podem ser implementadas

perante lesões de Hipomineralização Incisivo-Molar.

Para a elaboração deste trabalho foi efetuada uma pesquisa bibliográfica de artigos

publicados em revistas e jornais científicos, disponibilizados em bases de dados

eletrónicas no período compreendido entre abril e junho de 2015. A seleção dos artigos

foi realizada mediante o estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão estipulados

pelo autor.

A adoção de medidas terapêuticas para as lesões de HIM deve ser estabelecida após a

obtenção de um adequado e correto diagnóstico diferencial. Os tratamentos propostos

para esta condição são de espectro variável, podendo varia desde uma caráter

preventivo, restaurador, protético, cirúrgico e ortodôntico.

A implementação da modalidade terapêutica deve ser sempre realizada consoante o

grau de severidade das lesões apresentadas em concordância com a história clínica do

paciente.

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Alternativas terapêuticas na abordagem da Hipomineralização Incisivo-Molar

ABSTRACT

The Molar Incisor hypomineralization is an anomaly that affects the first molars and

permanent incisors. Clinically the enamel presents weak and porous, yielding a greater

tendency to fracture.

This work was aimed at carrying out a literature review on the main therapeutic

approaches that can be implemented before the Molar-Incisor hypomineralization

injuries.

For the preparation of this work was carried out a literature search of articles published

in scientific magazines and newspapers available in electronic databases in the period

between April and June 2015. The selection of articles was made through the

establishment of inclusion and exclusion criteria stipulated by the author.

The adoption of therapeutic measures for HIM injuries should be established after

obtaining an adequate and correct differential diagnosis. The proposed treatments for

this condition are variable spectrum and can vary from a preventive, restorative,

prosthetic, surgical and orthodontic.

The implementation of treatment modalities should always be carried out depending on

the severity of the injuries presented in accordance with the patient's medical history.

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DEDICATÓRIA

Dedico este meu trabalho, com todo o meu carinho e orgulho, aos meus pais e irmãos,

por todo o sacrifício, paciência, apoio e motivação, não só ao longo de

toda a minha formação académica, como também em toda a minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Para a execução deste trabalho, foi necessária a “ajuda” de algumas pessoas, das quais gostaria de salientar:

Os meus pais e irmãos, por toda a motivação, ajuda e incentivo, principalmente nas

alturas em que o desânimo e o cansaço se manifestavam;

Dra. Cátia Carvalho, agradeço pela “paciência” e dedicação, que transmitiu no

decurso deste trabalho, sem a sua orientação este trabalho não teria atingido o

patamar pretendido.

Aos meus amigos de turma agradeço o contributo, o companheirismo e a motivação

que mantiveram ao longo desta etapa, nomeadamente à Ana Tavares, Raul Teixeira, à

“prima” Jéssica Cunha, Delfin Delgado, Saulo Diniz, Luís Sousa e Daniela Borges,

esperando acima de tudo, poder leva-los comigo para esta nova etapa das nossas vidas.

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i

ÍNDICE

Lista de Abreviaturas, Siglas e Acrónimos ......................................................... ii Índice de Figuras .................................................................................................. iii Índice de Tabelas .................................................................................................. iv Índice de Gráficos .................................................................................................. v I. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1 II. DESENVOLVIMENTO ................................................................................. 2 1. Materiais e métodos ............................................................................................ 2 2. Hipomineralização Incisivo-Molar ..................................................................... 4

i. – Definição ............................................................................................... 4

ii. – Etiologia ............................................................................................... 6

iii. – Prevalência ......................................................................................... 9

iv.- Diagnóstico ......................................................................................... 10

3. Opções terapêuticas da Hipomineralização Incisivo-Molar.............................. 15

i. – Tratamentos preventivos ................................................................... 18 ii. – Tratamentos restaurativos ................................................................ 22 iii. – Extrações dentárias/Ortodontia ....................................................... 26

4. Discussão ......................................................................................................... 27 III- CONCLUSÃO ............................................................................................. 29 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 31

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ii

ÍNDICE DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÓNIMOS

Ca- Cálcio

CPP-ACP – Casein Phosphopeptides-Amorphous Calcium Phosphate - Fosfopeptídeo de caseína fosfato de cálcio amorfo (tradução livre)

HIM - Hipomineralização Incisivo Molar

P- Fósforo

Ppm- Partes por milhão

%- Percentagem

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iii

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1- Vista clínica do incisivo inferior permanente com lesão de HIM ....... 10

Figura 2- Vista clínica do primeiro molar permanente com lesão de HIM ........ 11

Figura 3- Amelogénese imperfeita ...................................................................... 11

Figura 4 – Fluorose dentária ................................................................................ 12

Figura 5- Primeiro molar inferior permanente com selante de fissuras ............... 19

Figura 6- Primeiro molar superior permanente com selante de fissuras ............. 19

Figura 7- Primeiro molar permanente com restauração em resina composta ...... 23

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iv

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1- Tabela representativa da pesquisa bibliográfica .................................... 3

Tabela 2- Diagnóstico diferencial das anomalias do esmalte .............................. 13

Tabela 3- Protocolo recomendado para abordagem de dentes permanentes afetados pela HIM ............................................................................................... 17

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v

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Taxa de retenção do selante de fissuras com superfície dentária pré-tratada apenas com condicionamento ácido.................................................... 20

Gráfico 2- Taxa de retenção do selante de fissuras com superfície dentária pré-tratada com condicionamento ácido e adesivo................................................ 21

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1

I. INTRODUÇÃO

A Hipomineralizacao Incisivo-Molar (HIM) é caracterizada como uma anomalia no

esmalte dentário de origem sistémica, que afeta os primeiros molares permanentes,

surgindo também, frequentemente associada aos incisivos permanentes, igualmente

afetados. (Fernandes, 2012)

Clinicamente é possível identificar as lesões dentárias desta condição pela cor

característica que apresentam: brancas opacas, amarelas ou castanhas. (Silva, et al.,

2010)

Um diagnóstico profundo e criterioso é muito importante para traçar um plano de

tratamento efetivo e eficaz, a fim de restabelecer a função, a estética e a autoestima dos

pacientes com HIM. (Ribas, 2004)

O principal objetivo do tratamento consiste em restabelecer a anatomia e harmonia entre

a função e a estética e devolver ao paciente a sua autoestima. Nos pacientes com HIM,

frequentemente tímidos e introvertidos resultante do seu aspeto dentário, pretende-se

também com a implementação da terapêutica adequada a sua integração social,

potenciar as suas capacidades comunicativas promovendo o seu normal crescimento

físico, psicológico e social.(Ribas, 2004)

A curiosidade por adquirir novas competências teóricas nesta área, assim como o

especial gosto pela Odontopediatria aliadas ao facto da aquisição de conhecimentos

neste âmbito representar uma mais-valia a nível profissional e pessoal para o autor,

foram os principais motivos que o levaram à escolha deste tema.

A realização deste trabalho tem como principal objetivo a realização de uma pesquisa

bibliográfica sobre a HIM, nomeadamente sobre as modalidades terapêuticas atualmente

consideradas e a sua adequação clínica à gravidade da condição.

Pretende-se ainda proceder à caracterização clínica e epidemiológica desta condição.

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II. DESENVOLVIMENTO

1. Materiais e métodos

Para a elaboração deste trabalho foi efetuada uma pesquisa bibliográfica de artigos

publicados em revistas e jornais científicos, disponibilizados nas bases de dados

eletrónicas: MEDLINE, PubMed, B-on, ScienceDirect, Elsevier e Google Académico,

no período compreendido entre Abril e Junho de 2015.

A pesquisa eletrónica foi realizada com as seguintes palavras-chave, utilizadas

isoladamente e/ou em combinação: “molar incisor hypomineralization”, ”alternative

treatment”, ”prevalence”, “orthodontics”, “dental prostheses”, “defects in the glaze”,

“epidemiology”, “prevalence”, “therapeutic alternatives”, “orthodontic adhesive

systems”.

Foram usados como critérios de inclusão dos artigos a sua data de publicação, devendo

os artigos ser datados de 2002 para diante, foram considerados artigos publicados em

idioma inglês, português e espanhol sob o formato de Guidelines, estudos clínicos, atas

e revisões narrativas e sistemáticas.

Os critérios de exclusão foram considerados perante todas as publicações que não

estivessem compreendidas na data estipulada, cujo título e resumo não se enquadrassem

no contexto pretendido e publicações cujo conteúdo não contribuísse diretamente para o

enriquecimento teórico do trabalho a ser elaborado.

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3

Em suma, foram pesquisados na totalidade 102 artigos, dos quais 56 corresponderam ao

limite temporal preconizado, contudo só 40 publicações foram consideradas face aos

critérios de inclusão estabelecidos.

Foi elaborada uma tabela que sintetiza toda a pesquisa bibliográfica elaborada neste

trabalho (Tabela 1).

Tabela 1 - Tabela representativa da pesquisa bibliográfica realizada.

Bases de Dados Eletrónicas

Total da pesquisa

Artigos publicados entre 2002-2015

Artigos correspondessem aos critérios de

inclusão

MEDLINE

PubMed

ScienceDirect

Elsevier

Google Académico

102

56

40

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2-Hipomineralização Incisivo-Molar

O esmalte dentário é o tecido mais mineralizado do corpo humano que confere proteção

e revestimento aos dentes. (Jeremias et al., 2013)

O processo de formação do esmalte é dividido em três ciclos diferentes. Fase secretora,

em que os ameloblastos, células responsáveis pela formação do esmalte dentário,

segregam grandes quantidades de proteínas para a matriz do esmalte e na qual a maior

parte da hidroxiapatite é formada; ao longo desta fase os cristais de esmalte

desenvolvem-se sobretudo em espessura e comprimento.

Na fase de transição processa-se a maturação/degradação da matriz do esmalte

acompanhada por mineralização compacta do esmalte (a matriz é parcialmente

mineralizada). E por fim, na fase da maturação a água e a matéria orgânica são

removidas de modo que ocorra um aumento dos cristais de esmalte (mineralização), o

esmalte endurece e aumenta a sua estrutura em volume, resultando num tecido

mineralizado que contém mais de 95% do seu peso em minerais. (Alaluusua, 2010)

Os ameloblastos são células muito sensíveis a distúrbios nos estágios iniciais da

maturação do esmalte, se forem danificados por agressões locais ou sistémicas nesse

período, a célula não consegue recuperar da disfunção tão facilmente durante a etapa da

maturação. Como consequência ocorrem anomalias no esmalte dentário tais como a

HIM. (Whatling & Fearne, 2008)

i. Definição

A Hipomineralização Incisivo Molar mais conhecida por HIM, foi referida pela

primeira vez na Suécia nos finais dos anos 70s (Jeremias et al., 2013).

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Durante essa década foram identificadas clinicamente, algumas alterações na estrutura

dentária de crianças, tais como, dentes com esmalte muito poroso e quebradiço, assim

como, presença de dentes com elevadas fraturas de esmalte, resultado da fraca

resistência deste tecido dentário. Todas estas situações encontravam-se associadas à

extrema hipomineralização verificada no esmalte dentário. (Onat & Tosun, 2013)

Em alguns casos, existiam ainda registos da ocorrência de alterações de cor em algumas

peças dentárias. A coloração registada era variável, desde branco/amarelo a

amarelo/castanho consoante o grau de severidade que as lesões apresentavam. (Onat &

Tosun, 2013)

Foram várias as classificações usadas para descrever estas condições, tais como:

hipomineralização idiopática nos primeiros molares, opacidade de esmalte não

relacionada ao flúor, hipoplasia interna do esmalte, opacidade do esmalte e “molares em

queijo”. (Basso et al., 2007).

Em 2001, surgiu o termo “ Molar-Incisor Hypomineralization” e foi definido como uma

anomalia no esmalte dentário que atinge os primeiros molares permanentes, podendo

também surgir associada aos incisivos permanentes. (Ptiphat et al., 2014).

Em 2003 na 6ª Conferência Anual da Academia Europeia de Odontopediatria foi

acordada a última terminologia desta anomalia. (Mast et al., 2013)

Atualmente a HIM é considerada um defeito no esmalte dentário de origem sistémica e

que pode afetar os primeiros molares permanentes, frequentemente associada aos

incisivos permanentes, também eles afetados. (Oliveira et al., 2015)

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ii. Etiologia

A etiologia da HIM é bastante complexa, podendo ser resultante de condições

ambientais, problemas do trato respiratório, otites, amigdalites, varicela, complicações

perinatais, períodos febris, carências nutricionais e exposição a bifenilos policlorados e

dibenzo-p-dioxinas contidas no leite da mãe no período de amamentação. (Weerheijm et

al., 2003; Mast et al., 2013)

Num estudo realizado por Lygidakis e seus colaboradores foi utilizada uma amostra de

2000 indivíduos com idades compreendidas entre os três e os 15 anos tendo sido

demonstrado que em 14,5% dos casos a HIM encontrava-se relacionada com patologias

sistémicas, 19,2% com complicações pré-natais, 44,3% perinatais e 21,8% neonatais,

concluindo-se que 12,2% não estão associados a qualquer história médica. Enquanto

que a restante percentagem (87,8%) pode ser correlacionada com inúmeros problemas

ocorridos desde o nascimento até à primeira infância, tais como: asma, pneumonia,

amigdalites, administração de antibióticos, algumas dioxinas presentes no leite materno

e episódios febris. (Condó, 2012)

Segundo Lygidakis a HIM poderá não ser causada por um fator etiológico em

específico, mas vários agentes nocivos/condições que podem agir em sinergia.

(Lygidakis et al., 2010)

William et al. (2006) referencia que a determinação dos fatores etiológicos envolvidos

na HIM é difícil quando uma criança apresenta mais do que um problema sistémico até

aos três anos de idade. Crianças com complicações na sua saúde geral nos primeiros três

anos de vida, que nasceram pré-termo ou foram expostas a ambientes tóxicos (mercúrio,

pesticidas, entre outros) podem apresentar um maior risco para o desenvolvimento desta

condição.

Num estudo realizado na Grécia com uma amostra de 151 crianças com HIM, 78%

apresentavam problemas médicos associados: 19% pré-natais, 44% perinatais, 22%

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neonatais e 15% não evidenciaram fatores etiológicos na sua história clínica. (William,

2006)

Outro estudo realizado na Suécia refere uma prevalência duas vezes superior em

crianças com parto pré-termo (38%) quando comparada com crianças de um grupo de

controlo (16%). (Fernandes, 2012)

Para outros autores como Ahmandi et al., (2012) e Onat (2013) os fatores que se

encontram na etiologia da HIM devem ser estudados de acordo com três períodos de

tempo distintos:

• Período pré-natal, onde ocorrem complicações maternas, como infeções do trato

urinário, hipocalcemia, diabetes gestacional, anemia e rubéola.

• Período perinatal onde ocorrem complicações durante o nascimento, tais como o

parto prematuro.

• Período neonatal, onde ocorrem complicações durante o nascimento/infância,

como otites, asma, varicela, amigdalite, episódios de febre alta, alergias, toma de

antibióticos, insuficiência renal e episódios de epilepsia.

Tem sido demonstrado em estudos realizados com animais que a toma de antibióticos é

um dos fatores etiológicos da HIM, contudo, nos seres humanos não é possível afirmar

com certeza se as doenças na infância/episódios febris ou o tratamento em si

correspondem a fatores causais ou se ambos estão envolvidos no mesmo processo.

(William, 2006)

Para Whatlin & Fearne (2008) as crianças que tomam antibióticos de forma recorrente

são geralmente doentes portadores de várias condições patológicas, tornando-se difícil

determinar se o medicamento ou a doença são a causa para a anomalia do esmalte

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dentário. A tetraciclina é o único antibiótico conhecido por causar defeitos no esmalte

dentário.

Atualmente não se sabe se existe uma correlação genética para a HIM. Jeremias e os

seus colaboradores (2013) consideram que quando ocorrem alterações na fase da

maturação do esmalte dentário (que originam anomalias geralmente nos primeiros

molares/incisivos permanentes), correspondendo ao último trimestre da gravidez até ao

terceiro ano de vida da criança, é possível que variações genéticas possam ter algum

impacto, interferindo de alguma forma no processo da amelogénese.

iii. Prevalência

Ahmadi e os seus colaboradores referem que a prevalência da HIM tem vindo a ser alvo

de pesquisa entre vários investigadores em diferentes países, sendo a maioria desses

estudos realizados na Europa, (4-25%).(Ahmadi et al., 2012)

Num estudo realizado na Finlândia, com crianças entre os sete e os 13 anos de idade,

nascidas entre 1983 e 1989, verificou-se que 19,3% apresentavam os primeiros molares

permanentes afetados por hipomineralização. (Basso et al., 2007)

Segundo Jalevik a prevalência desta condição em crianças suecas com idades entre sete

e os oito anos é de cerca de 18,4%, entre as quais 70% apresentavam os incisivos

permanentes afetados. (Jalevik et al., 2002)

Para Weerheijm num estudo que realizou com uma amostra de 497 crianças alemãs com

11 anos de idade e nascidas em 1988, 10% da amostra apresentava lesões de HIM e

79% possuía dois ou mais primeiros molares permanentes afetados. (Weerheijim, 2004)

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Por outro lado, num estudo realizado por Silva no município de Botelhos, Minas Gerais,

Brasil com 918 crianças com idades compreendidas entre os seis e os 12 anos, a

prevalência de HIM foi de 19,9%, onde a maioria dos defeitos encontrados foram

opacidades demarcadas sem perda de estrutura dentária. (Silva et al., 2010)

Outro estudo realizado no Brasil em Araraquara envolvendo 1157 crianças dos seis

aos12 anos de idade a taxa prevalência verificada foi de 12,3%. (Jeremias et al., 2013)

Relativamente à distribuição da HIM por género, num estudo realizado na Grécia em

2008, com crianças de 12 anos de idade, verificou-se que a taxa de 10.2% da amostra

apresentava os dentes afetados por HIM, em que 58,6 eram do sexo feminino e 41,1 do

masculino. Apontando para uma maior evidência desta condição no sexo feminino.

(Condó et al., 2012)

Allazzam e os seus colaboradores avaliaram a prevalência da HIM, na clínica pediátrica

da Universidade de King Abdulaziz em Jeddah, cuja amostra compreendia 267 crianças

com idade compreendida entre os oito e os 12 anos e constataram que 8,6% dos

indivíduos avaliados apresentava esta condição. (Allazzam et al., 2014)

A prevalência da HIM varia consideravelmente a nível mundial. Existem registos da

prevalência da HIM na China (2,5%), na Dinamarca (37,3%) e no Rio de Janeiro

(40,2%) em crianças dos sete aos 13 anos de idade. (Silva et al., 2010)

Contudo segundo Alvarez & Hermida, baseando-se em revisões da literatura,

concluíram que a prevalência da HIM a nível mundial varia entre 3-23,4%, afetando de

igual modo ambos os sexos. (Alvarez & Hermida, 2009)

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iv. Diagnóstico

Clinicamente na HIM o esmalte apresenta-se poroso, macio, as opacidades são amarelo-

acastanhadas e assimétricas afetando principalmente os dois terços oclusais da coroa do

dente. (Basso et al., 2007; Fernandes et al., 2012; Weerheijim, 2003)

Para Jalevik e Klingberg as opacidades de cor amarelo ou amarelo-acastanhadas

apresentam maior porosidade, as de cor amarelo-esbranquiçado são menos porosas e

profundas e localizam-se preferencialmente na parte interior do dente (Figura 1 e 2).

(Jalevik & Klingberg, 2002)

Figura 1. Vista clínica no incisivo inferior permanente com lesão de HIM.

(Fonte: Alvarez & Hermida, 2009)

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Figura 2. Vista clínica do primeiro molar permanente com lesão de HIM.

(Fonte: Alvarez & Hermida, 2009)

Por vezes a HIM é confundida com outros defeitos do esmalte, como a ou amelogénese

imperfeita (Figura3) ou a fluorose dentária (Figura 4).(Santos et al., 2014)

Na HIM as opacidades são demarcadas surgindo nos incisivos-molares permanentes, na

fluorose as opacidade são difusas. A amelogénese imperfeita é de origem hereditária e

pode afetar ambas as dentições (decídua ou permanente). (Weerheijim et al., 2004)

Figura 3. Amelogénese imperfeita

(Fonte: Souza et al., 2011)

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Alternativas terapêuticas na abordagem da Hipomineralização Incisivo-Molar

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Figura 4. Fluorose dentária

( Fonte: Souza et al., 2011)

Segundo Souza et al. (2011) o diagnóstico diferencial é baseado no facto de que

raramente na HIM os molares são igualmente comprometidos, enquanto que na

amelogénese imperfeita, quase todos os dentes são afetadas e existe sempre uma

correlação de padrão hereditário.

Santos et al. (2014) elaborou uma tabela que explica as anomalias do esmalte,

auxiliando o diagnóstico diferencial (tabela 2).

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Tabela 2 – Diagnóstico diferencial das anomalias do esmalte

(Adaptado de: Santos et al., 2014)

Anomalias do Esmalte Dentário (AED)

Critério auxiliar para o diagnóstico

Hipoplasias

− Perda de estrutura dentária − Histologicamente: defeitos quantitativos, existe um comprometimento

da função secretora dos ameloblastos − Subtipos

• Hipoplasia de Turner:

→ Etiologia: trauma ou infeção local → Forma: única ou múltipla, formato do sulco ou fosseta, falta parcial

ou total de esmalte sobre a dentina

• Amelogénese Imperfeita:

→ Etiologia: fatores hereditários

→ Forma: pode afetar ambas as dentições e todos os dentes

Hipomineralizações

− Alteração na translucidez do esmalte (modificação da cor)

− Histologicamente: defeitos qualitativos, ocorrem alterações na microestrutura do esmalte durante a fase de maturação deste tecido

− Subtipos:

• Opacidade Demarcada:

→ Etiologia de caráter sistémico (fluoretos, tetraciclinas, deficiências nutricionais (carência de vitamina A, C e D)), infeções severas, endocrinopatias, sífilis congénita e radiação

→ Forma: espessura normal, limites claramente definidos

• Opacidade Difusa:

→ Etiologia: exposição excessiva aos fluoretos durante amelogénese

→ Forma: translucidez em vários graus, distribuída de forma contínua ou linear, sem limites nítidos com o esmalte adjacente

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Na HIM o esmalte, geralmente apresenta-se mais frágil, havendo uma maior

probabilidade de fratura sobre interferência das forças mastigatórias, conduzindo à

exposição dos tecidos dentinários que pode favorecer o desenvolvimento de cáries

dentárias, sensibilidade dentária e, consequentemente, propiciar uma pior higiene oral.

(Fernandes, 2012; Lygidakis et al., 2010)

Alvarez et al. (2009) explica que o esmalte afetado pela HIM desgasta-se

continuamente, culminando na fratura dentária e, muitas vezes, criando cavidades na

dentina que favorecem uma maior acumulação de placa bacteriana, podendo afetar

severamente os molares.

É de salientar que todas as superfícies porosas no dente, no esmalte ou na dentina,

podem promover inflamação crónica da polpa, complicando assim administração

anestesica e, consequentemente, a sua efetividade. (Jeremias et al., 2013)

Devido à dificuldade acrescida na administração da anestesia nestes pacientes, por vezes

é necessário recorrer ao uso do protóxido de azoto como adjuvante à anestesia local, de

modo a aliviar a ansiedade da criança e a reduzir a sua perceção da dor. Em casos muito

graves de HIM, pode ser necessário a anestesia geral realizada em bloco operatório para

se poder proceder aos tratamentos dentários adequados. (William 2006; Lygidakis,

2010)

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3. Opções Terapêuticas da Hipomineralização Incisivo-Molar

A decisão sobre qual o tratamento que deve ser implementado é complexa, dependendo

de uma série de fatores, tais como: identificar o grau de severidade da condição

dentária, a idade cronológica e dentária do paciente, o contexto socioecónomico da

criança e dos pais e as suas expectativas. (Lygidakis et al., 2010; Lygidakis, 2010;

Souza et al., 2009; Vilani et al., 2014; Weerheijm, 2003)

Ribas (2004) menciona que no tratamento das anomalias que acometem o esmalte é

fundamental restabelecer a harmonia estética, funcional e psicológica do paciente o

mais precocemente possível. Associando o conhecimento e a aptidão do profissional aos

materiais e técnicas a utilizar.

Carneiro et al. (2006) cita que a técnica a utilizar deve ter em conta o tempo que o

paciente passa em cadeira, a estética pretendida, a resistência do material e o equilíbrio

oclusal.

Para facilitar a decisão no tratamento das lesões de HIM, Lygidakins e os seus

colaboradores (2010) propuseram dividir a HIM em três diferentes graus de severidade:

• Ligeira:

Opacidades delimitadas nos primeiros molares permanentes, em áreas livres

de carga mastigatória;

Não são evidenciadas fraturas no esmalte nas áreas opacas;

Sem antecedentes de hipersensibilidade dentária;

Não existem lesões de cárie associadas ao esmalte.

• Moderada:

Opacidades demarcadas estão presentes nas superfícies oclusais e terços

incisais;

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Após a erupção pode ocorrer a fratura do esmalte ou cáries limitadas a uma ou

duas superfícies dentárias, mas sem envolvimento das cúspides;

A sensibilidade é normal contudo, os pacientes e os pais expressam

preocupação pelo aspeto estético dos dentes.

• Severa:

A rutura do esmalte ocorre durante a erupção (episódios de dor e sensibilidade);

Apresentam cáries extensas associadas ao esmalte afetado;

Destruição da coroa com envolvimento da câmara pulpar, podendo existir

restaurações atípicas;

Pais e paciente demonstram preocupação com o aspeto estético.

Fernandes (2012) refere que a coloração do esmalte reflete em parte o grau de

severidade da HIM.

De forma a efetuar uma abordagem, tratamento e monitorização mais efetivos, William

(2006) elabora uma tabela onde descreve os procedimentos a serem adotados em dentes

permanentes afetados pela HIM (Tabela 3).

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Tabela 3 – Protocolo recomendado para a abordagem de dentes permanentes afetados pela HIM.

(Tabela adaptada de: William, 2006)

Passos Procedimentos recomendados

Identificação dos riscos • Efetuar uma adequada e pormenorizada

história clínica e avaliar os possíveis fatores etiológicos

Diagnóstico precoce

• O exame radiográfico pode auxiliar na determinação do risco

• Monitorizar dentes durante a sua fase de erupção

Dessensibilização e remineralização • Aplicação tópica de fluoretos

• Aplicação de selantes de fissuras

Prevenção de cáries e fraturas pós-eruptivas

• Redução na ingestão de alimentos cariogénicos

• Instruções de higiene oral

Restaurações ou extrações

• Restaurações inlay/onlay com resina composta ou coroas metálicas

• Considerar a necessidade de ortodontia pós-extração

Manutenção

• Monitorizar a zona marginal das restaurações de dentes com fraturas pós-eruptivas

• Considerar o recobrimento coronal a curto/médio prazo

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i. Tratamentos preventivos

Segundo Basso et al. (2007) o primeiro objetivo do tratamento deve ser a redução da

dor, seguida por avaliações da vitalidade dentária a longo prazo.

Numa fase inicial da patologia, como medida preventiva, o paciente/responsável deverá

ser aconselhado a uma dieta alimentar pobre em açúcares, deverá ser informado

relativamente aos hábitos e técnicas de higiene oral mais adequados, nomeadamente a

utilização de uma pasta dentífrica fluoretada com a concentração mínima de 1000 ppm

de F, e no caso de referir sensibilidade dentária a aplicação de fluoretos sob a forma

tópica está indicada, sendo por vezes, necessário o uso de vernizes, a fim de minimizar a

sensibilidade e aumentar a mineralização dos dentes afetados. ( Lygidakis, 2010; Onat

& Tosun, 2013)

O fosfopeptídeo de caseína fosfato de cálcio amorfo (CPP-ACP) encontra-se também

indicado nestas condições pelas suas propriedades dessensibilizantes. É recomendado o

uso diário deste gel com uma concentração de 0,4%. Este procedimento visa reduzir a

sensibilidade dentária, ao mesmo tempo que se pretende que o esmalte

hipomineralizado seja remineralizado, visto este composto apresentar na sua

composição quantidades significativas dos elementos cálcio (Ca) e fósforo (P), os quais

se depositam nas superfícies do esmalte. O CPP-ACP encontra-se também incorporado

nas pastilhas elásticas, tendo sob esta forma, demonstrado capacidade de remineralizar a

superfície dentária. ( Lygidakis, 2010; Onat & Tosun, 2013)

No entanto, esta abordagem clínica requer um longo tempo de tratamento, que pode

durar meses ou anos, exigindo uma ampla cooperação dos pacientes. (Mastroberardino

et al., 2012)

O uso CPP-ACP está contraindicado em pacientes que sejam alérgicos às proteínas

contidas no leite. (Mast et al., 2013)

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A realização de selantes de fissuras consiste num dos tratamentos preconizados para os

casos da HIM “ligeira”, sendo necessário o exame radiográfico prévio a fim de

confirmar a ausência de cáries dentárias. (Daly & Waldron, 2009)

A aplicação de selantes de fissuras em dentes posteriores é uma técnica eficaz na

prevenção do aparecimento de cáries dentárias, é uma técnica que deve ser executada

em peças dentárias íntegras, que não tenham sofrido fratura. (Fernandes, 2012)

Figura 5. Primeiro molar inferior permanente com selante de fissuras

(Fonte: Daly & Waldron, 2009)

Figura 6. Primeiro molar superior permanente com selante de fissuras

(Fonte: Daly & Waldron, 2009)

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Fernandes referencia que em 2005 Kotsanos duvidou da eficácia da colocação de

selantes nos dentes comprometidos pela HIM devido à verificação de baixas taxas de

retenção associadas. (Fernandes, 2012)

Contudo, num estudo realizado em Atenas durante 48 meses, numa amostra que

compreendia 54 crianças com HIM, foi analisado num dos grupos (grupo A) a aplicação

de selantes de fissuras cuja superfície dentária foi apenas pré-tratada com

condicionamento ácido e num outro grupo (grupo B) a superfície dentária foi pré-tratada

com condicionamento ácido e aplicação de adesivo. Neste estudo os autores verificaram

que a taxa de retenção após o período de 4 anos foi de 70,2% para os dentes pré-tratados

com adesivo (grupo B) enquanto no grupo A (pré-tratamento da superfície apenas com

ácido) as taxas de retenção do selante foram substancialmente inferiores durante o

período de tempo avaliado (Gráfico 1 e 2). (Lygidakis, 2009)

Gráfico 1- Taxa de retenção do selante de fissuras com superfície dentária pré-tratada apenas com condicionamento ácido (Gráfico adaptado de: Lygidakis, 2009).

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Gráfico 2- Taxa de retenção do selante de fissuras com superfície dentária pré-tratada com condicionamento ácido e adesivo (Gráfico adaptado de: Lygidakis, 2009).

Desta forma, Lygidakis verificou que a retenção de selantes de fissuras nas superfícies

oclusais dos molares com HIM apresenta melhor resultados quando o dente é pré-

tratado com condicionamento ácido e adesivo, do que somente com o ataque ácido.

(Lygidakis, 2009)

Os ionómero de vidro são considerados um material de eleição para uma grande

variedade de procedimentos clínicos em Odontopediatria. É considerado um material

apropriado nestas condições devido às suas propriedades, entre elas, a adesão aos

tecidos mineralizados, a biocompatibilidade, o coeficiente de expansão térmica

semelhante ao do dente e, principalmente, pela sua capacidade de liberação de flúor.

(Silva et al., 2011)

Nestas circunstâncias quando um dente afetado pela HIM se encontra parcialmente

erupcionado pode estar indicado o seu recobrimento coronário com ionómero de vidro.

(Lygidakis, 2010)

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Contudo, a retenção e resistência mecânica dos ionómeros de vidro em zonas sujeitas a

cargas mastigatórias não são muito efetivas, devendo este material ser substituído por

selante de fissuras após a erupção do dente estar concluída. Este material é utilizado no

âmbito preventivo como forma de tratamento provisório. (Onat & Tosun, 2013)

É importante realçar a necessidade de consultas de medicina dentária periódicas para

reforçar a motivação e as instruções de higiene oral, assim como, para verificar a

integridade dos tratamentos preventivos efetuados e para monitorizar a evolução da

anomalia. (Daly & Waldron, 2009)

ii. Tratamentos restauradores

A decisão sobre o material a utilizar deve ter em consideração a dimensão do defeito

dentário, o tipo de sensibilidade dentária apresentada e o período de erupção em que o

dente se encontra (tolamente ou parcialmente erupcionado). (Onat & Tosun, 2013)

Microabrasão

Quando o dente apresenta o esmalte com manchas superficiais a microabrasão da zona

afetada deve ser a primeira tentativa para correção da cor. Esta técnica pode ser bem

sucedida para lesões leves e superficiais que não se estendem para as camadas mais

internas do esmalte. (Souza et al., 2009;Wrigth, 2002)

Se a mancha não apresentar estas características deverá optar-se por restaurar a peça

dentária com resina composta. (Souza et al., 2009)

A microabrasão tem vindo a apresentar taxas de sucesso bastante satisfatórias quando

efetuada como profilaxia na realização de restaurações dentárias em resina composta.

(Souza et al., 2009;Wrigth, 2002)

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Restauração em resina composta

Esta técnica restauradora é simples, conservadora, com um custo aceitável, durabilidade

adequada, de fácil reparo e execução. (Onat & Tosun, 2013; Souza et al., 2009)

A idade da criança e o dente a ser intervencionado são fatores muito importantes, pois

numa criança com idade entre os seis e os sete anos a capacidade de abertura de boca e a

colocação do isolamento absoluto pode ser uma tarefa bastante difícil, comprometendo

a integridade do tratamento restaurador. (Onat & Tosun, 2013)

Restaurações adesivas em resina composta deverão ser utilizadas em dentes pouco

comprometidos, cujas lesões sejam opacas (Fernades, 2012) Têm sido utilizadas como

opção de tratamento, pois são diretas e conservadoras, e a quantidade de tecido dentário

removido é mínima, são estéticas e funcionais e efetuam-se numa única consulta.

(Souza et al., 2009)

Figura 7. Primeiro molar permanente com restauração em resina composta

(Fonte: Daly & Waldron, 2009)

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Restauração em amálgama

O mecanismo de retenção da amálgama é feito mecanicamente, por esse motivo,

estruturalmente representa um maior desgaste de estrutura dentária sadia para sua

correta retenção, para além de ser também uma mau isolador térmico para o dente. Por

estes motivos este material não é considerado uma boa opção de tratamento para as

lesões de HIM. (Onat & Tosun, 2013)

Branqueamento dentário

O branqueamento dentário com peróxido de carbamida é considerado quando os dentes

se encontram comprometidos esteticamente, cuja estrutura se apresente íntegra, tendo

especial atenção à possibilidade do agravamento da sensibilidade dentária. (Fernandes,

2012)

Segundo um estudo de Mastroberardino a associação do CCP-ACP aplicado sobre os

dentes antes e após o branqueamento dentário, demonstrou-se bastante eficaz,

preservando a integridade do esmalte e ajudando na redução da sensibilidade dentária.

(Mastroberardino et al., 2012)

Os incisivos por norma são os dentes menos afetados pela HIM, por não serem sujeitos

diretamente às forças mastigatórias que possam atuar sobre as suas áreas desmineralizadas,

não se evidencia uma perda estrutural tão considerável como nos molares. Neste sentido,

muitas vezes, o branqueamento dentário por si só, pode representar para estes dentes, a

alternativa terapêutica adequada (mediante o grau de severidade das lesões). (Basso, 2007)

Reabilitação com Coroas

Quando o dente não apresenta estrutura remanescente suficiente para suportar uma

restauração em resina composta é aconselhada a sua reabilitação através da colocação

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de coroas, podendo ser coroas metálicas pré-formadas ou fundidas em laboratório.

(Fernandes, 2012)

As coroas metálicas pré-formadas são consideradas a melhor opção, pois apresentam

um baixo custo, são de fácil aplicação/manutenção, conferem proteção quase total à

peça dentária, proporcionam um contacto adequado entre os dentes adjacentes e o plano

oclusal e são passíveis de serem substituídas ao longo do tempo. (Onat & Tosun 2013)

Segundo Lygidakis as coroas em metal têm vindo a ser utilizadas desde há muitos anos,

como uma das principais opções de tratamento em dentes posteriores afetados pela

HIM. (Lygidakis, 2010)

Por outro lado, as coroas fundidas em laboratório são mais caras, o tempo de realização

do preparo dentário é maior, e existe também uma dificuldade acrescida na realização

de um correto ajuste cervical em dentes permanentes não totalmente erupcionados.

(Onat & Tosun 2013)

Os incisivos permanentes, geralmente, são menos afetados pela HIM comparativamente

com os molares. Porém, aquando da necessidade de intervenção nestes dentes poderá

estar indicada a utilização de facetas, quando o branqueamento e/ou restauração com

resina composta não foram suficientes. Contudo, esta modalidade terapêutica encontra-

se contraindicada em pacientes com má oclusão, bruxismo, má higiene oral e com

pouco esmalte para retenção. A idade do paciente também pode contraindicar a sua

colocação. (Basso et al., 2007; Carneiro, 2006)

Onat & Tosun (2013) recomendam esperar até a idade adulta para o tratamento dos

incisivos afetados pela HIM, no entanto, se o dente apresentar perda significativa de

estrutura, sensibilidade, cáries muito extensas e defeitos estéticos severos, o tratamento

deverá ser implementado após a sua erupção.

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iii. Extrações dentárias/Ortodontia

A extração dentária deve ser considerada quando o dente já foi submetido a vários

tratamentos sem obter sucesso ou quando apresenta sintomas pulpares de resolução

muito complicada para o paciente. (Jalevik & Klingberg, 2002)

A falta de interesse dos pais, a falta de cooperação do paciente e a má higiene oral são

fatores que influenciam a progressão da cárie dentária, com o risco de comprometer o

tecido pulpar, considerando-se a extração como forma de tratamento. (Silva et al., 2011)

Segundo Jalevik e Klingberg, a última opção a ser considerada na abordagem de casos

severos de HIM é a extração dentária. Atualmente a extração dos primeiros molares

permanentes já não é um ato clínico tão crítico devido à existência de aparelhos

ortodônticos, para posterior alinhamento dentário. (Jalevik & Klingberg, 2002;

Kabaktchieva & Bogdanov, 2012)

O uso de próteses dentárias removíveis estão clinicamente relacionadas com aparelhos

ortodônticos, pois podem ser utilizadas para corrigir os espaços dos dentes extraídos,

restabelecendo a estética e função aos pacientes. (Attaie & Ouatik, 2015)

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3. Discussão

Tendo como base as concessões teórico-metodológicas apresentadas ao longo desta

trabalho sobre a problemática da HIM, nomeadamente o diagnóstico e as alternativas

terapêuticas, importa neste ponto refletir sobre a adequação dos tratamentos à gravidade

da condição dos pacientes.

O tratamento deve ser considerado após a realização de um sólido diagnóstico

diferencial que determine o grau de severidade das lesões a fim de traçar um correto e

eficaz plano de tratamento.

Retomando a abordagem do autor Lygidakis e seus colaboradores (2010), a opção de

tratamento passa pela identificação dos diferentes graus de severidade da condição.

Nas lesões dentárias com um grau de severidade ligeiro podem ser aplicadas medidas

preventivas, aconselhando os pacientes a adotar hábitos que promovam a sua saúde oral:

uma dieta alimentar pobre em açúcares, a realização de selantes de fissuras e, nos casos

de sensibilidade dentária, a aplicação de fluoretos tópicos ou outros agentes

remineralizantes.

Para além destas medidas preventivas pode-se recorrer à aplicação do CPP-ACP,

embora as desvantagens associadas a esta técnica, tais como, o tempo despendido, os

custos associados e a possibilidade de reação alérgica sejam riscos que devem ser

considerados.

Dos artigos analisados podemos constatar que existem diferentes alternativas

terapêuticas para a HIM, no entanto as medidas preventivas devem ser executadas nos

diferentes graus de severidade.

O tratamento das lesões de HIM com grau de severidade moderada, e de acordo com as

perspetivas dos autores Onat & Tosun (2013) e Souza et al. (2012), maioritariamente

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resume-se à realização de restaurações diretas definitivas em resina composta. Esta

técnica permite ir de encontro ao contexto socioeconómico do paciente/responsável, às

suas expectativas, ao mesmo tempo que este material fornece algumas garantias de

viabilidade e durabilidade do tratamento.

Ainda que existam outras alternativas restauradoras para as lesões de HIM, tais como, a

microabrasão e o branqueamento dentário, estas requerem quase sempre a

complementaridade com outro tratamento, nomeadamente, restauração em resina

composta.

Em situações em que o dente não apresenta estrutura para suportar uma restauração e

que já foi submetido a vários tratamentos, deve-se optar pela colocação de uma coroa

em aço pré-formada ou fundida em laboratório.

A extração dentária com possível correção ortodôntica, mediante as características e

idade do paciente, devem ser consideradas como as últimas opções de tratamento das

lesões da HIM de elevada severidade.

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III. CONCLUSÃO

As lesões de HIM de acordo com o seu grau de severidade podem apresentar diversas

alterações ao nível da cor, forma e estrutura dentária. Esta condição apresenta uma

distribuição relacionada com o género do indivíduo, podendo estar também associada à

sua distribuição geográfica.

Na abordagem terapêutica das lesões de HIM, dependendo do estádio desta condição,

pode-se optar por diferentes modalidades terapêuticas que devem ser ajustadas às

necessidades individuais de cada paciente. Neste sentido, devem ser consideradas como

alternativas, os tratamentos preventivos, restauradores, protéticos, cirúrgicos e

ortodônticos.

No âmbito preventivo devem ser consideradas como fundamentais a motivação e

instruções de higiene oral assim como o aconselhamento na dieta alimentar quer ao

paciente quer ao seu responsável legal. A aplicação de selantes de fissuras e o uso de

ionómero de vidro, como material restaurado provisório, são estratégias de prevenção

que se têm demonstrado efetivas.

Os tratamentos restauradores a ser implementados podem variar desde a simples

microabrasão do esmalte até a realização de restaurações diretas definitivas em resinas

compostas.

Quando a estrutura dentária remanescente não apresenta quantidade suficiente para

suportar uma restauração dentária podem ser utilizadas as coroas metálicas pré-

formadas ou fundidas em laboratório.

Por outro lado, na impossibilidade de manutenção da peça dentária afetada na cavidade

oral deve ser considerada a sua extração e possível alinhamento dentário através da

correção ortodôntica.

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Em suma, verifica-se que atualmente na área da Odontopediatria dispomos de várias

modalidades terapêuticas para a abordagem das lesões de HIM, no entanto, a

implementação do tratamento deve apenas realizado mediante a obtenção de um correto

diagnóstico diferencial associado ao grau de severidade das lesões complementarmente

com uma criteriosa história clínica do paciente.

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