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Nutrir- FUNCIONAL Uma dica: observe a alimentação do seu filho. Faça um quadro de anotações de sintomas todas as semanas com os alimentos consumidos e qualquer reação emocional que possa estar relacionada com aqueles alimentos. E m 1943, o psiquiatra ameri- cano Leo Kanner descreveu pela primeira vez o autismo infantil, demonstrando-o com um grupo de crianças que apresentavam dificulda- des de relacionamento desde o início da vida com outras pessoas, além de falha no uso da linguagem para comunicação e desejo obsessivo e ansioso para a ma- nutenção da mesmice. Os Transtornos do Espectro Autista (TEA) são um grupo de distúrbios do de- senvolvimento que podem causar mu- danças comporta mentais significativas e também na comunicação social. Estes transtornos afetam pessoas de diferen- tes maneiras e podem variar na sua in- tensidade. Segundo o Centers for Disease Con- tra/ and Prevention (COC) existem três tipos de TEAs: • Autismo (também chamado de au- tismo clássico) • Síndrome de Asperger • Transtorno Global do Desenvolvi- mento - Sem outra especificação (cha- mado de autismo atípico) O autismo é classificado como um transtorno invasivo do desenvolvimento que envolve graves dificuldades ao lon- go da vida nas habilidades sociais e co- municativas - além daquelas atribuídas ao atraso global do desenvolvimento - e também comportamentos e interes- ses limitados e repetitivos. Geralmente apresentam atrasos de linguagem e po- dem apresentar déficit intelectual. Já as pessoas com a Síndrome de Asperger diferem dos autistas por nor- malmente não apresentarem problemas com a fala e déficit intelectual, geral- mente apresentam sintomas mais leves que o autista. O autismo atípico é aquele que não se enquadra em alguns critérios do au- tismo clássico ou da Síndrome de Asper-

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Nutrir-FUNCIONAL

Uma dica: observea alimentaçãodo seu filho. Façaum quadro deanotações desintomas todasas semanas comos alimentosconsumidos equalquer reaçãoemocional quepossa estarrelacionada comaqueles alimentos.

Em 1943, o psiquiatra ameri-cano Leo Kanner descreveupela primeira vez o autismo

infantil, demonstrando-o com um grupode crianças que apresentavam dificulda-des de relacionamento desde o início davida com outras pessoas, além de falhano uso da linguagem para comunicaçãoe desejo obsessivo e ansioso para a ma-nutenção da mesmice.

Os Transtornos do Espectro Autista(TEA) são um grupo de distúrbios do de-senvolvimento que podem causar mu-danças comporta mentais significativase também na comunicação social. Estestranstornos afetam pessoas de diferen-tes maneiras e podem variar na sua in-tensidade.

Segundo o Centers for Disease Con-tra/ and Prevention (COC) existem trêstipos de TEAs:

• Autismo (também chamado de au-tismo clássico)

• Síndrome de Asperger

• Transtorno Global do Desenvolvi-mento - Sem outra especificação (cha-mado de autismo atípico)

O autismo é classificado como umtranstorno invasivo do desenvolvimentoque envolve graves dificuldades ao lon-go da vida nas habilidades sociais e co-municativas - além daquelas atribuídasao atraso global do desenvolvimento- e também comportamentos e interes-ses limitados e repetitivos. Geralmenteapresentam atrasos de linguagem e po-dem apresentar déficit intelectual.

Já as pessoas com a Síndrome deAsperger diferem dos autistas por nor-malmente não apresentarem problemascom a fala e déficit intelectual, geral-mente apresentam sintomas mais levesque o autista.

O autismo atípico é aquele que nãose enquadra em alguns critérios do au-tismo clássico ou da Síndrome de Asper-

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gero Geralmente tem poucos sintomas emais leves que o autista clássico.

Os enquadramentos de diagnósti-co mais utilizados são da ClassificaçãoEstatística Internacional de Doenças eProblemas Relacionados à Saúde (Inter-national Statistical C1assification of Dise-asesand Related Health Problems)- CID-10 e Manual Diagnóstico e Estatísticode Transtornos Mentais (Diagnostic andStatistical Manual of Mental Disorders)-DSM-IV-TR, da Associação Americana dePsiquiatria (APA) que identificam anor-malidades nestas áreas de de-senvolvimento antesda idade de 36 meses.

Por se tratar deum diagnóstico base-ado em observaçõesclínicas, este podeser demorado, já quemuitas vezes o autis-mo pode ser confun-dido com outras sín-dromes ou com outrostranstornos globais dodesenvolvimento. Masos pais e/ou responsá-veis devem estar aten-tos a alguns comporta-mentos característicosda criança autista (verquadro).

Segundo a Nutricio-nista Denise Carreiro,coordenadora do Cursode Pós-Graduação emNutrição, "Sistema Diges-tório e Imunologia sob aótica da Nutrição" da NE-CPAR-Maringá/Paraná eautora de diversos livros,em se tratando de autis-mo, "existe alta incidênciafamiliar, indicando fato-res hereditários. Porém,

o aumento na incidência de distúrbiosde comportamento em 20 anos não jus-tifica a genética como única causa. Porexemplo, transtornos como o autismo,tiveram um aumento aproximado de2000% em 20 anos. Com certeza, fatoresambientais estão induzindo essa susce-tibilidade. É improvável que qualqueum dos fatores que serão colocados aseguir desencadeie uma doença isola-damente. A associação de vários dessesfatores com o potencial genético é quevão desencadear os sintomas". Não se sabe ao

certo as causasdo autismo,mas acredita-se que muitosfatores quepodem levara criançaa ser maispropensa emdesenvolverestapatologia,incluindobiológicos,ambientaise fatoresgenéticos.

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Causas de desequilíbrios orgânicos quepodem desencadear transtornos men-tais e/ou emocionais, incluindo Trans-torno do Espectro Autista:

• Suscetibilidade genética;

• Desequilíbrio da metalationeína;

• Fatores ambientais: toxicidade de metais (chumbo e mercúrio) e poluição am-biental;

• Uso indiscriminado de antibióticos eoutros medicamentos que podem da-nificar a microbiota saudável e compro-meter a permeabilidade intestinal; Denise ainda res-

salta que "o autismonão é uma doençacerebral, mas simuma doença sistêmi-ca com repercussãocerebral", por isso adieta pode ajudar,sim, pessoas comautismo. Quando ospais/responsáveisimplementam corre-

tamente dietas para autismo notam-semelhorias em: problemas gastrintesti-nais (como diarreia e constipação), lin-guagem, aprendizado, atenção, contatovisual, comportamento, dificuldade dedormir, entre outros.

• Disbiose intestinal: supercrescimentofúngico e bacteriano;

• Desequilíbrio Thl/Th2;

• Alteração da permeabilidade intestinal;

• Dificuldade de destoxificação.

Fonte: Denise Carreiro

A dieta dedestoxificaçãopode ser simfeitas em crianças,mas deve seracompanhada esupervisionadapor umprofissionalcapacitado.

De acordo com Hipócrates "todas asdoenças começam no intestino" e comcerteza esta frase é comprovada no au-tismo. A saúde do intestino influenciadiretamente o cérebro e os sintomas físi-cos desta patologia. A nutricionista Noa-dia Lobão Diretora do CBAN (Centro Bra-sileiro de Apoio Nutricional) explica que"o autista apresenta alterações gastrin-testinais, como a má digestão de certosalimentos e hiperpermeabilidade intes-tinal, que desencadeia reações alérgicase/ou inflamatórias"; com isso, a absorçãode nutrientes é limitada. Denise comple-menta lembrando que "distúrbios dedestoxificação, intoxicações por metaistóxicos, desequilíbrios imunológicos eneurais, hipoglicemias entre outros fa-

tores já relacionados, só poderãoser corrigidos com equilíbrio damatéria-prima que executa essasfunções, ou seja, OS NUTRIENTES".E é apenas através de uma anam-nese detalhada "avaliando o qua-dro clínico, observando os sinaise sintomas e solicitando exameslaboratoriais, que conseguiremosidentificar estes desequilíbrios"finaliza Noadia.

"Alimentos industrializados,muito açúcar, corantes e aditivosquímicos induzem a hiperativi-dade em crianças, dificultam aconcentração e o foco na aprendi-zagem. Já a carência de determi-nados nutrientes causam instabi-lidade de humor, e é amplamente

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Fique por dentro

Todo dia 2 de abril comemo-ra-se o Dia Mundial da Cons-cientização do Autismo, datadecretada pela ONU (Orga-nização das Nações Unidas),desde 2008, pedindo maisatenção ao Transtorno doEspectro Autista.

O azul foi definido comoa cor símbolo do autismo,porque a síndrome é maiscomum nos meninos - naproporção de quatro meni-nos para cada menina.

Fonte: Denise Carreiro

aceito que os alérgenos ali-mentares podem causar mu-danças de humor, depressãoe até mesmo alucinações",diz Priscila Spiandorello nu-tricionista clínica funcional,docente do curso de pós-graduação da VP ConsultoriaNutricional.

"Quando os alimentosagressores (individuais) são retirados e,ao mesmo tempo, são acrescentadosou é feita uma adequação de alimentossaudáveis, se corrige a microbiota intes-tinal e se promove uma recuperação damucosa intestinal, naturalmente have-rá uma maior absorção de nutrientes euma menor passagem de macromolé-culas proteicas (alergênicas), de metaistóxicos e mesmo de substâncias agres-soras produzidas pela microbiota pato-gênica (inclusive por fungos).

Esse processo, naturalmente dimi-nui a sobrecarga de xenobióticos quetêm que ser eliminados e aumenta osnutrientes e fitoquímicos necessáriospara fazer a correta destoxificação,lembrando que os autistas apresentamdificuldades neste processo. Portanto,destoxificação é uma função naturaldo organismo e sempre é feita adequa-damente se forem oferecidos os subs-tratos necessários para a mesma. Nocaso de TEA, já se sabe que existe umasuscetibilidade genética em que váriosfatores associados levam à carência demicronutrientes, ômega 3 e bactériasprobióticas. Portanto, a suplementaçãoadequada será determinante para a re-cuperação de várias funçõesque poderão melhorar e, emdeterminados casos, prin-cipalmente quando o tra-tamento for iniciado antesdos dois anos, até revertero quadro, como já relatadopor mães de pacientes tratados,

como por exemplo, os do Dr.Willian Shaw" enfatiza DeniseCarreiro.

"Não basta restringirdeterminados alimentos, éimportante realizar as subs-tituições dos mesmos, ga-rantindo o desenvolvimentofísico, mental e emocionaldesta criança. Importanteenfatizar que haja uma in-tervenção apropriada e indi-vidualizada para cada caso,buscando uma melhor quali-dade de vida e um progressona regressão dos sintomasautísticos. A randomização ehomogeneização da popula-ção não podem ocorrer, poisquando tratamos os indiví-duos de forma homogênea,há uma grande chance de aintervenção ser nula, já queas doenças não têm vida in-dependente, mas sim são ca-racterizadas por desarmoniasno organismo", complementaPriscila.