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1.° ANNO Castello Branco, 10 de julho de 1889 N.' 1 DIRECTOR: C. CORRÊA DE SAMPAIO -o- ASSIGNATURAS 12 números, 36o reis; para fora de Castello Branco, ac- cresce o preço das estampi- lhas. Numero avulso, 3o i eis. -o- Rt DACÇÃO K ADMINISTRAÇÃO Rua de St.' Maria, 54. MZ9I - MS ESI ia St PUBLICA-SE ÁS QUARTAS-FEIRAS No cofyn ilT ij niiiwfcada linha 40 réis. Annuncios,_ca- da linha 3o réis; repetições, 20 ré's; repetidos mais de 4 vexes, preço convencional. Os srs. assigtiantes teem o abatimento ae 25 por cento. EXPEDIENTE Tomamos a liberdade de pre- venir os cavalheiros a quem remettemos o primeiro nume- ro do Albicastrense de que, se a*é á data da publicação do segundo o não devolverem, serão considerados como as- signantes. Aos nossos prezados colle- gas da imprensa, que recebe- rem O Albicastrense rogamos a fineza da permuta com os seus respectivos periódicos. O ALBICASTRENSE Vimos continuar, sós, a ta- refa iniciada no antigo Distri- cto de Castello '"Branco. Se é verdadeiro o provérbio- —mais vale que mal acompanhado, então estámos perfeitamente á r.ossa vontade. Presumimos comprehender toda a grandeza c respeitabili- dade do sacerdócio da impren- sa. mensageira liei da palavra, transportando o pensamento aos mais recônditos cantinhos do mundo. A invenção de Guttemberg, como a realidade de um pen- samento extraordinariamente FOLHETIM ONDAS K TREVAS —sSSHEr-S - cahiu um homem ao mar! Que importa ? O navio segue avante. Bafejado do vento, continua a sua derrota forçada. Não pôde de- ter-se. E o homem desapparece. um instante depois torna a apparecer, mergulha e sobe á flor da agua. chama, estende os braços; não o ouve ninguém. O navio, balouçado peias va- gas. obedece ao impulso da ma- nobra que o dirige; equipagem e passageiros nem sequer divisam jj o homem submergido; a cabe- proveitoso e util, encontrou, desde logo, na ignorância do homem o motor de fortes re- sistências ; e, durante longo pe- ríodo de tempo, não appareccu á luz da publicidade uma des- coberta aproveitável, sem que o seu auctor visse ante si as portas da masmorra, as esca- das do cadafalso ou as pallidas e lúgubres labaredas da santa inquisição!. . . O facho luminoso não des- lumbrava olhos affeitos ás tre- vas—cegava-os. Reis, ohgarchas e padres, es- tremecendo de susto diante d'esta potencia nova, que avas- salava e submettia todas as re- sistências, subordinaram-a en- tão a regras preventivas, ba- seando-se rio principio, capcio- samente invocado, de que mais vale prevenir o mal do que castigal-o. Demorava-se assim o alvorecer da civilisação e ar- mava-se o braço da tyrannia!... Mas a razão triumpha sem- pre, e o velho systema, ba- queado, deixou logar ao mo- derno. A livre communicação dos pensamentos e opiniões, o mais precioso dom do homem, estabeleceu-se definitivamen- te, creou raizes, que mão hu- ça do infeliz é apenas um ponto escuro na immensidade das on- das. E as concavidades do espaço retumbam com os gritos desespe- rados do mesquinho, ao ver o es- pectro d'aquelia vela que lhe foge. Cor.templa-a, crava n'ella os olhos com phrenesi. E ella afasta-se, vae decrescen- do, vae-se esfumando, confundi- da no ambiente nebuloso do ho- rizonte. Ha pouco ainda que clle ia den- tro d'esse navio, que fazia parte da sua equipagem, que passeava no convés com os outros, que ti- nha a sua parte de respiração e de sol, que era um vivo. Agora, que foi que succedeu ? Escorregou, cahiu, precipitou- se irremediavelmente. Eil-o em lucta imponente com mana não poderá jamais pro- fanar. Não é a estrada, qiief flbjfpçK^gpwcor-, rcr. O noslpqçrnal, mantendo uma posiçaWjoJiiUCa Indepen- dente de toaoíLsi- quaesquer compromissos,que possam des- viar o jornalista do exacto cum- primento de seus deveres, te- rá, certamente, não poucas oc- casiões de arcar com a male- dicência descomposta, com o- dios mesquinhos e vinganças torpes. Seja, porem, dito de passagem que baldados serão todos os esforços conducentes a ãpeiar-nos do posto, que oc- cupamos. 'Por outro lado, o oAlbicas- trense representa um vivo pro- testo contra a deslealdade de certos peralvilhos impertiga- dos, ignorantes de profissão, penderucalhos incommodos no convívio da gente honesta, ao mesmo tempo que é uma sa- tisfação dada áquelles que, as- signando o antigo Districto de Castello 'Branco, constituiram- nos na obrigação de corres- ponder dignamente aos seus favores. a voracidade do medonho golphão. Tenta firmar os pese não acha um ponto de apoio; estende os bra- ços e não encontra a que se apc gar. Agua por baixo d'elle, agua em roda d'elle, agua por cima da sua cabeça, agua por todos os lados ! As vagas envolvem-n'o,sacudi- das pelo vento em pavorosos es- carcéus; as ondulações impetuo- sas e desencontradas do abysmo fazem d'elle seu ludibrio; a espu- ma das ondas fustiga-lhe a cara, como se fôra a lava d'este vulcão liquido, como se fora um escarro de pungente ironia atirado ás fa- ces do infeliz por aquelle povoléu de vagas indómitas; a cada passo o dragão immense abre as fauces de chofre esubverte-o c devora-o; e elle, de cada vez que mergulha, avista precipícios de trevas cerra- THEATRO Castello Branco, uma cida- de classificada, administrativa- mente, como de primeira ca- tegoria e capital de districto, não possue um theatro! Esco- la de moralidade e ensinamen- to, onde o coração se retempe- ra pafa a pratica de acções no- bres e alevantadas, o animo se fortifica com o exemplo e o es- pirito, cmfitn, se enriquece e deleita, o theatro é uma insti- tuição immensamente civili- dora, e, portanto, indispensa- savel no seio das socieda- des, que amam o progresso, conquistado assim, palmo a palmo, por um meio suave, não violento; agradavel, não doloroso. A iniciativa de alguns cava- lheiros tem posto louvável em- penho no emprehendimento de tão necessária obra, mas a re- lutância de muitos ergue-se desde logo, como barreira in- supperavel, contrariando a realisação de um melhoramen- to, que a todos, sem distinc- ção, devera ser sympathico! Quando a iniciativa parti- das; medonhas vegetações desco- nhecidas o enleiam, emmaranham- se-lhe nos pés, e o atirahem para si; sente que se torna abysmo, faz parte da espuma; as vagas tra- zem-n'o aos repellÕes bebe a amar- gura ; o Oceano porfia cobarde- mente no intento de o afogar, a immensidade zomba da sua ago- nia. Parece que toda aquella agua se encarniça n'um odio descommu- nal contra elle. E elle luctando sempre ! O infeliz tenta defender-se, ten- ta suster-se, esbraceja, debate-se, nada, arcando c combatendo com o inexhaurivel, elle, pobre força de prompto exhaurida. Onde vai, porém, o navio ? Além. Mal se avista por entre as trevas pallidas do horisonte.

O ALBICASTRENSE - purl.ptpurl.pt/26336/4/460458_PDF/460458_PDF_24-C-R0150/460458_0000_capa... · venir os cavalheiros a quem remettemos o primeiro nume- ro do Albicastrense de que,

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1.° ANNO Castello Branco, 10 de julho de 1889 N.' 1

DIRECTOR:

C. CORRÊA DE SAMPAIO -o-

ASSIGNATURAS 12 números, 36o reis; para

fora de Castello Branco, ac- cresce o preço das estampi- lhas. Numero avulso, 3o i eis.

-o- Rt D ACÇÃO K ADMINISTRAÇÃO

Rua de St.' Maria, 54.

MZ9I -

MS

ESI ia St

PUBLICA-SE ÁS QUARTAS-FEIRAS

No cofyn ilT ij niiiwfcada linha 40 réis. Annuncios,_ca- da linha 3o réis; repetições, 20 ré's; repetidos mais de 4 vexes, preço convencional.

Os srs. assigtiantes teem o abatimento ae 25 por cento.

EXPEDIENTE

Tomamos a liberdade de pre- venir os cavalheiros a quem remettemos o primeiro nume- ro do Albicastrense de que, se a*é á data da publicação do segundo o não devolverem, serão considerados como as- signantes.

Aos nossos prezados colle- gas da imprensa, que recebe- rem O Albicastrense rogamos a fineza da permuta com os seus respectivos periódicos.

O ALBICASTRENSE

Vimos continuar, sós, a ta- refa iniciada no antigo Distri- cto de Castello '"Branco. Se é verdadeiro o provérbio- —mais vale só que mal acompanhado, então estámos perfeitamente á r.ossa vontade.

Presumimos comprehender toda a grandeza c respeitabili- dade do sacerdócio da impren- sa. mensageira liei da palavra, transportando o pensamento aos mais recônditos cantinhos do mundo.

A invenção de Guttemberg, como a realidade de um pen- samento extraordinariamente

FOLHETIM

ONDAS K TREVAS —sSSHEr-S -

Lá cahiu um homem ao mar! Que importa ? O navio segue avante. Bafejado do vento, continua a

sua derrota forçada. Não pôde de- ter-se.

E o homem desapparece. um instante depois torna a apparecer, mergulha e sobe á flor da agua. chama, estende os braços; não o ouve ninguém.

O navio, balouçado peias va- gas. obedece ao impulso da ma- nobra que o dirige; equipagem e passageiros nem sequer divisam jj o homem submergido; a cabe-

proveitoso e util, encontrou, desde logo, na ignorância do homem o motor de fortes re- sistências ; e, durante longo pe- ríodo de tempo, não appareccu á luz da publicidade uma des- coberta aproveitável, sem que o seu auctor visse ante si as portas da masmorra, as esca- das do cadafalso ou as pallidas e lúgubres labaredas da santa inquisição!. . .

O facho luminoso não des- lumbrava olhos affeitos ás tre- vas—cegava-os.

Reis, ohgarchas e padres, es- tremecendo de susto diante d'esta potencia nova, que avas- salava e submettia todas as re- sistências, subordinaram-a en- tão a regras preventivas, ba- seando-se rio principio, capcio- samente invocado, de que mais vale prevenir o mal do que castigal-o. Demorava-se assim o alvorecer da civilisação e ar- ma va-se o braço da tyrannia!...

Mas a razão triumpha sem- pre, e o velho systema, ba- queado, deixou logar ao mo- derno. A livre communicação dos pensamentos e opiniões, o mais precioso dom do homem, estabeleceu-se definitivamen- te, creou raizes, que mão hu-

ça do infeliz é apenas um ponto escuro na immensidade das on- das.

E as concavidades do espaço retumbam com os gritos desespe- rados do mesquinho, ao ver o es- pectro d'aquelia vela que lhe foge.

Cor.templa-a, crava n'ella os olhos com phrenesi.

E ella afasta-se, vae decrescen- do, vae-se esfumando, confundi- da no ambiente nebuloso do ho- rizonte.

Ha pouco ainda que clle ia den- tro d'esse navio, que fazia parte da sua equipagem, que passeava no convés com os outros, que ti- nha a sua parte de respiração e de sol, que era um vivo.

Agora, que foi que succedeu ? Escorregou, cahiu, precipitou-

se irremediavelmente. Eil-o em lucta imponente com

mana não poderá jamais pro- fanar.

Não é a estrada, qiief flbjfpçK^gpwcor-, rcr. O noslpqçrnal, mantendo uma posiçaWjoJiiUCa Indepen- dente de toaoíLsi- quaesquer compromissos,que possam des- viar o jornalista do exacto cum- primento de seus deveres, te- rá, certamente, não poucas oc- casiões de arcar com a male- dicência descomposta, com o- dios mesquinhos e vinganças torpes. Seja, porem, dito de passagem que baldados serão todos os esforços conducentes a ãpeiar-nos do posto, que oc- cupamos.

'Por outro lado, o oAlbicas- trense representa um vivo pro- testo contra a deslealdade de certos peralvilhos impertiga- dos, ignorantes de profissão, penderucalhos incommodos no convívio da gente honesta, ao mesmo tempo que é uma sa- tisfação dada áquelles que, as- signando o antigo Districto de Castello 'Branco, constituiram- nos na obrigação de corres- ponder dignamente aos seus favores.

a voracidade do medonho golphão. Tenta firmar os pese não acha

um ponto de apoio; estende os bra- ços e não encontra a que se apc gar.

Agua por baixo d'elle, agua em roda d'elle, agua por cima da sua cabeça, agua por todos os lados !

As vagas envolvem-n'o,sacudi- das pelo vento em pavorosos es- carcéus; as ondulações impetuo- sas e desencontradas do abysmo fazem d'elle seu ludibrio; a espu- ma das ondas fustiga-lhe a cara, como se fôra a lava d'este vulcão liquido, como se fora um escarro de pungente ironia atirado ás fa- ces do infeliz por aquelle povoléu de vagas indómitas; a cada passo o dragão immense abre as fauces de chofre esubverte-o c devora-o; e elle, de cada vez que mergulha, avista precipícios de trevas cerra-

THEATRO

Castello Branco, uma cida- de classificada, administrativa- mente, como de primeira ca- tegoria e capital de districto, não possue um theatro! Esco- la de moralidade e ensinamen- to, onde o coração se retempe- ra pafa a pratica de acções no- bres e alevantadas, o animo se fortifica com o exemplo e o es- pirito, cmfitn, se enriquece e deleita, o theatro é uma insti- tuição immensamente civili- dora, e, portanto, indispensa- savel no seio das socieda- des, que amam o progresso, conquistado assim, palmo a palmo, por um meio suave, não violento; agradavel, não doloroso.

A iniciativa de alguns cava- lheiros tem posto louvável em- penho no emprehendimento de tão necessária obra, mas a re- lutância de muitos ergue-se desde logo, como barreira in- supperavel, contrariando a realisação de um melhoramen- to, que a todos, sem distinc- ção, devera ser sympathico!

Quando a iniciativa parti-

das; medonhas vegetações desco- nhecidas o enleiam, emmaranham- se-lhe nos pés, e o atirahem para si; sente que se torna abysmo, faz parte da espuma; as vagas tra- zem-n'o aos repellÕes bebe a amar- gura ; o Oceano porfia cobarde- mente no intento de o afogar, a immensidade zomba da sua ago- nia.

Parece que toda aquella agua se encarniça n'um odio descommu- nal contra elle.

E elle luctando sempre ! O infeliz tenta defender-se, ten-

ta suster-se, esbraceja, debate-se, nada, arcando c combatendo com o inexhaurivel, elle, pobre força de prompto exhaurida.

Onde vai, porém, o navio ? Além. Mal se avista já por entre as

trevas pallidas do horisonte.

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O ALBICASTRENSE

cular esmorece cse torna inha- bil para produzir, as corpora- ções administrativas podem e devem correr em seu auxilio, favorecei-a se m pre, su bst i t u i !-a algumas vezes.

A constrtí'Jçãó de um thea- tro éitt Castello Branco deve, pois, attrahir, com jusiificadòs motivos, a attenção da camura municipal ou junta geral res- pectiva. As tentativas da ini- ciativa particular (astentativas, porque cilas teem sido muitas) conseguiram apenas levantar umas paredes, que se desta- cam no Largo da Sé, á vista do forasteiro, como o padrão de uma cnerda condemnavel, ou de um desleixo criminoso.

Limpem de ali aquella no- doa... Concluam o theatro, ou utilisem aquellas paredes, de modo que os forasteiros não possam saber o que ellas re- presentam : — a inércia, ou desleixo, supplantando uma ideia grande !

AO DE LEVE...

( CASOS E COISAS )

Pobre c humilde romeiro do progresso, entendo que todos te- em obrigação de acccnder, senão um pharol reluzente, ao menos um archote, n'esta vareda tortuo- sa c escura, por onde a humani- dade caminha, vacillantc e sem rumo. Obedecendo a este intuito, a minha penna, apontada sempre contra a ociosidade, ora rabisca um conto, depois umas recorda- ções da infanda, agora um artigo politico, mais tarde a noticia de uma morte, de um nascimento, de um ar.niversario, de uma par- tida, de uma chegada.. .eu sei lá!

Nunca, porem, me dediquei ao

Sopra o vento ás lufadas; en- roscam-se n'ellc mil serpentes li- quidas.

Alça os olhos, não avista mais que a lividez das nuvens, que pai- ram ao de cima e em volta d'elle.

Presenceia agonisanteo immen- so delírio do mar, e a victima d'es- sa demência é etíc.

No meio da sua angustia ouve ruidos estranhos ao homem, que parecem vir de não sei que terrí- vel região de além da terra.

Por entre aquellas nuvens pai ram aves, como os anjos por ci- ma dos infortúnios humanos; mas que podem ellas fazer-lhe ?

Voam, cantam, fendem os ares, e. ellc agonisa, vê-sç sepultado por dois infinitos ao mesmo tempo:

d-ceano e ceu; um é um sepul- hro, outro mortalha.

mister de chronista. Acho difficil espelhar nas columnas de um pe- riódico os acontecimentos mais notáveis e interessantes, em prosa amena, salpicada de verve, ale- gre e folgazã, até mesmo diante dos casos mais graves e sérios. ..

Mas, mãos á obra ! Hoje aban- dono os meus preconceitos, po- nho de lado a tibieza, violo e vio- lento a minha bossa, e cá estou, aprumado, como um prego.. .que não esteja torto, a escrevinhar uma chronica. Safa, que já é coragem!

Uma chronica! Quanto não é melhor escrever

um noticiário! Ora vejam : —«Victima de uma pertinaz do-

ença, que Os recursos da sciencia não poderam debeilar, falleceu o sr. PaneracioManos. Era o finado um esposo exemplar, pae aman- tíssimo e amigo dedicado e leal.

Associamo-nos, vivamente pe- nal isados, á dor acerba, que pun- ge a família do finado».

— «Vimos de assistir a uma fes- ta alegre, de que conservaremos sempre saudosas c gratas recor- dações.

Para solemnisar o anniversario de sua filha, uma adoravel joven, os condes de Cabeçudo, reuniram as pessoas da sua intimidade,» ctc.

Que mixto de sentimentos e sensações! Como ali, no noticiá- rio do mais conspícuo jornal, se allia perfeitamente o pesar c % ale- gria!

Isto sim, que o mais é historia... I

# *

Tardou, mas arrecadou. Já cá chegaste, não sem grandes

lutas, grandes sacrifícios, grandes fadigas, grandes questões, tardei- rona de mil demonios!...

Segundo se reza, até os cida- dãos do Rcacho e de outras lo- calidades cgualmente importantes, vão apanhar vias acceleradas c ferreas...

Mas ha ali grande azafama para se decidir acerca do material de que se devem construir as taes

Desce a noite. Já as forças lhe escasseiam, por-

que ha umas poucas de horas que nada; o navio, esse vulto longín- quo em que havia homens, esvae- ceu-se de todo; ellc, o infeliz, jaz só no meio da pavorosa voragem crepuscular; mergulha, dcbatc-se, estorce-se, sente por baixo d'elle os monstros impalpáveis do invi- sível.

Chama. Ninguém lhe responde. Nem um só homem ha ali que

o ouça. Mas Deus ? Chama. Alguém! alguém ! Continua a chamar. Nada no horisonte, nada no ceu. Implora a extensão, as vagas,

a alga, o escolho; é tudo surdo.

vias. Querem alguns que se façam de vidro, onde se espalhem todas as maravilhas da luxuriante vege- tação. ..

Eu voto que se construam de cortiça; ao menos aproveita-se em beneficio domestico a notável pro- ducção d'este genero e redobra- se-lhe o valor.. .

Seja como fôr, oh fiammejante civilisação, amo-te! adoro-te! To- dos te queremos; não nos aban- dones, ainda que tínhamos de em- penhar a camisa para te vestir e crear !...

*

* *

— Deveras?! —Palavrinha de honra ! —Mas então elles encommenda-

ram o artigo de fundo em Lisboa e afinal ficaram comidos!...

—Exactamente como quem en- commenda umas botas ao sapa- teiro para certo dia, elle não as faz e a gente fica em casa.. .Tu- do, porem, se arranjou : o Peti;, como lhe chamou certo poeta, ha- de apparecer amanhã. E vem bom, muito bom, boníssimo...

Louvado seja Deus !

Fechem as escolas! Organisar methodicamentc um

plano de estudos." tendente a faci- litar o desenvolvimento das facul- dades intellectuals- tias. crcanças, que frequentam a escola primaria; determinar os meios disciplinares, dc que os professores devem soc- corrcr-sc, com o fim de aperfei- çoar a razão e educar o coração dos alumnos, tudo isto, e muito mais ainda, está por fazer em Por- tugal, mas o que sobretudo repu- gna a quem oíha a serio para os negocios de ensino é por sem du- vida a tristíssima situação econó- mica do professorado.

No concelho de Villa de Rei ha professores a quem a respectiva camara municipal deve mais de igoffooo réis!!!

Supplica a tempestade; a tem- pestade, imperturbável, só obede- ce ao infinito.

Em torno d'elle escuridão, né- voa, solidão, tumulto tempestuoso e inconsciente, redemoinhar in- cessante das aguas desertas. N"cl- le horror e extenuamento.

A seus pés o abysmo incom- mensuravcl, c nada a que deitar a mão para suster-se na queda.

Cogita nas tenebrosas aventu- ras do cadaver no meio da escu- ridão illimitada. Paralysa-o o frio sem fim. Crispam-se-lhe as mãos, fccha-as c apanha o nada.

Ventos, nuvens, turbilhões, lu- fadas, estrellas inúteis!

Que fará o mesquinho ? Quem está cançado resolve se

a morrer. Entrega-se sem espe- rança á discrição, deixa-se ir, põe termo á sua lucta impotente, dei-

Pareçe que regulamento para a execução da lei de 9 de agosto do anno proximo passado vein agra- var muito e muito a sorte dos pro- fessores. E' indispensável que es- ta prestimosa classe de funcciona- rios, congregando-se n'um só pen- samento —o da melhoria de sua situação— peça, reclame, exija o gosode todos os direitos, inherert- tes ao cargo que desempanha no seio das sociedades hodiernas.

Senão... fechem as escolas !

Tortosendo Os recentes acontecimentos de

Tortozendo, cuja origem é já do domínio publico, tiverem o seu epilogo lutuoso.

Quando o administrador do concelho respectivo effectuava, auxiliado pela força armada, a pri- são de um individuo, que se lhe tornou suspeito, a população cor- reu á pedrada sobre aquella aucto- ridade, sem que todavia, a ferisse. Infelizmente, porem, o sr. capitão commandante da força de infan- teria 21, que da Covilhã partira para Tortozendo, foi alcança- do por algumas pedras, ficando muito ferido na cabeça. Foi en- tão que a força armada, reconhe- cendo a necessidade de se defen- der, carregou sobre o povo, ma- tando um homem e ferindo mui tos, entre os quaes dois que, á data das ultimasnoticias recebidas, estavam agonisanies.

As cincoenta e cinco praças de

cidade para o local do conflict.), quando alli chegaram a ordem estava completamente restabeleci- da, e a força foi bem recebida pela população. Por isso, uma ho- ra depois, retirou para a Covilhã, onde se demorou quatro dias.

Peora de dia para dia o já de* ha muito péssimo estado da es- trada, que vae d'esta cidade á es- tação do caminho de ferro, deno- minada Pezo.

O nosso respeitável amigo, sr. dr. Franscisco dc Albuquerque Mesquita e Castro, illustrc chefe

xa-sc arrastar, deixa-se balouçar, e eil o que para sempre rola pe- las lugubres profundezas da vora- gem, que o submerge.

O' impiedosa marcha das so- ciedades humanas, cm que se não dá attenção aos homens e á.s al- mas que se vão perdendo ! Ocea- no que absorve sem remedio quanto ali cae ! Sinistra desappá- rição dc soccorro ! O morte mo- ra! !

O mar é a inexorável escuridão soctal a que a penalidade arre- messa os seus conaemnados. O mar é a immensa miséria !

A alir.a que cac a este golphão pode tornar-sc cadaver.

Quem a resuscitará ?

Victor Hugo.

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O ALBICASTRENSE

superior d'este districto, sempre solicito no desempenho de suas elevadas funeções, tem, por diver- sas vezes, rogado providencias, mas, infelizmente, nada consegue, permanecendo em perigo a vida de quem transita por aqueila es- trada em qualquer vehicuio. Os carreiros veem-se obrigados a tra- zer pedras comsigo para taparem os grandes buracos, que ha na es- trada, sem o que não poderiam transitar !

Ultimamente teem apparecido, em Castello Branco, alguns casos de febre typhoide.

Devemos attribuir á falta de iimpeza publica a insalubridade da nossa terra. A ex.'aa camara municipal não pôde ser indifieren- te a este estado de coisas, porque é grave, gravíssima a responsabi- lidade, que lhe cabe.

Tivemos occasião de abraçar o nosso respeitável amigo, sr. Sal vador Augusto Gamito d'Olivei- ra, inspector geral dos serviços pecuários do paiz.

O distinctissimo funccionario veiu, no exercício do seu cargo, visitar algumas localidades do nos- so distneto.

Desde mui tenra idade que co- nhecemos Salvador Gamito,quan- do ainda era elle intendente de pecuaria na Madeira, onde a lu- cidez do seu espirito e a nobreza do seu caracter recrutaram mui- tos admiradores e amigos.

Folgamos sineer»ment«-em ter ensejo de prestar justa hamena- gem ao nosso talentoso amigo.

Chegou a esta cidade, no do- mingo, o nosso distincto amigo» sr. José Maria da Conceição, mui- to esclarecido sub-inspector do 4.0 circulo da circumscripção es- colar de Castello Branco. Vem presidir ao jury dos exames íi- naes dos alum nos das escolas pri- marias.

Esteve alguns dias em Proença a Nova, acompanhado de s. ex."'a

família, o nosso dilecto amigo, sr. João Pereira Pinto d'Almetda, proprietário de uma acreditada ourivesaria e relojoaria, estabele- cida na Praça Nova, d'esta cidade.

— » Foi determinado o estabeleci-

inem- vie uma estação postal, jun- to do observatório meteorologico • la serra da Estrella.

O ; spector d'esta circumscri- 1 cão escolar, sr. Augusto Francis- co Correr de Sampaio, está na Covil!; , presidindo a uma meza dos exames de ensino primário elementar.

I em stdo muito procurada a tizana de Zittman, modificada pelo sr. Domingos Roballo, acre- ditado pharinaceutico, d'esta ci dade.

Foram aprovados os projectos Jos viaductos da Carpinteira, Car- gc c M içainhas, no i.° lanço da

8.a secção do caminho dc ferro Ja Beira Baixa, comprehendido en- tre a Covilhã e a Portella das Escolládàs.

Failcceu, na aldeia de Santa Margarida, d'este concelho, o sr. dr. Francisco Boavida, irmão do rev.° conego do mesmo appellido.

Fra cavalheiro geralmente esti- mado, pelas bôas qualidades do seu coração.

O distincto pintor portuguez, sr. Sousa Pinto, obteve medalha dc segunda classe na exposição universal de Paris.

O sr. Joaquim da Silva Gavião, 2.0 official do quadro para o ser- viço de correios e telegraphos fo- ra de Lisboa e Porto, foi promo- vido, por antiguidade, ao logar de i." official do mesmo quadro, e nomeado director telegrapho-pos- tal do districto do Funchal, ilha da Madeira.

Oxalá que n'aquclla formosis- sisma ilha o sr. Gavião seja mais feliz do que o foi entre nós.

Está a concurso a cgreja de Nos- sa Senhora da Conceição, fregue- zia do Rosmaninhal, concelho dc Idanha a Nova, diocese de Porta- legre.

A universidade de Coimbra foi frequentada, no anno dc 1888, por 788 alumnos, que pertenciam ás seguintes localidades :

Braga, SS-^ Vianna do Castello, 82; Villa Real, 36 ; Bragança, 22 ; Porto, 81 ; Aveiro, Õ2; Coimbra, 79 ; Vizeu, 09 : Castello Branco, 29; Guarda, 66; Lisboa, 43 ; San- tarém, 25 ; Leiria, 21 ; Évora, i5 ; Beja, 14; Portalegre, 26: Ponta Delgada, 14; Angra do Hcroismo, 10 ; Horta, 3; Funchal 19; Ca- bo Verde, 2 ; Loanda, 1 ; índia 7 ; Italia. 1 ; Brazil, 17; Urugay 1.

Começaram no dia 8 as obras para a estação de saúde na Ser- ra da Estrella.

O local escolhido satisfaz a to- das as condições, porque attinge uma altitude muito superioi ao primeiramente escolhido e offere- ce á vista um panorama surpre- hendente de quasi toda a Beira Baixa.

O sr. dr. Almeida Garrett pro- jecta mandar construir ali uma vivenda de recreio.

Effectuou-se r.o dia 1 a inaugu- ração official do caminho de ferro do Algarve.

A este acto solemnissimo, por- que representava a satisfação da mais viva aspiração de toda uma província, não compareceu um só membro da família real ou do mi- nistério !

Em linguagem energica, mas vasada nos moldes da mais sã jus- í tiça, o nosso illustrado collega do j Districto de Faro condemna, in - j dignado, a farçada da inaugura- j cão official.

Como rigorosa lição infligida j aos poderes públicos, os habitan- '■

tes d'aquella formosíssima pro- víncia. conseguiram, por um lou- vável esforço, festejar brilhante- mente a inauguração, mostrando assim que o povo. para a expan- são da sua alegria, dispensa bem os fulgores que se projectam das fardas agaloadas tios reis. Honra lhes seja.

Os exames de ensino primário elementar começaram, mesta ci- dade, antes de hòntem, 8.

A commissáo inspectora dos mesmos exames, presidida pelo nosso bondoso amigo, sr. Manuel Duarte de Carvalho c Sousa, di- gno commissario de policia civil d'este districto, compareceu n'a- quelle dia, deliberando fazer-se representar sempre em tacs actos, como lhe cumpre.

São 63 os candidatos, 41 do sexo masculino e 22 do sexo fe- minino.

Vindo do Funchal, é esperado entre nós o sr. Gregorio Ferreira, 2.0 official dos correios e telegra- phos, recentemente despachado director telegrapho-postal d'este districto.

Victims de repetidos insultos apoplécticos, finou-se, hontem, n esta cidade o sr. Antonio Ribei- ro de Paiva Morão.

A sua ex.ma familia os nossos pezames.

Consta-nos que a Santa Casa da Misericórdia dc Castello TSran- co ficou sem visita medica, nos fins de junho ultimo, durante qua- tto dias consecutivos.

O concelho de Ollciros acaba de ver satisfeita uma das suas mais vivas aspirações—a creação de um julgado municipal, isto mercc dos ; esforços do digno governador ci- vil d'este districto. -«a*—

Regressou da capital a Castello Branco, na segunda-feira, o nosso erudito amigo, sr. dr. José Domin- gos Ruivo Godinho, illustre depu- tado por este circulo.

Está na Covilhã, terra da sua naturalidade, o nosso excellente amigo, sr. dr. Alexandrino da Sil- va Guimarães, muito esclarecido agente do ministério publico jun- to do tribunal administrativo de Fare.

SECÇÃO L1TTERARIA

Frei João Sem Cuidados

O rei ouvia sempre fallar em Frei João Sem Cuidados como de um homem que se não affiigia com coisa nenhuma d'este mundo :

—Deixa tu estar, que cu é que te hei de meter em trabalhos.

Mandou-o chamar á sua pre- sença, e disse-lhe :

—V011 dar-te uma advinha, e se dentro cm tres dias me não

souberes responder mardo-tc ma- tar. Quero que me digas :

Quanto pesa a lua l Quanta agua tem o mar ? O que é que eu penso ? Frei João Sem Cuidados sahiu

do palacio bastante atrapalhado, pensando na resposta que havia de dar áquellas perguntas. O seu moleiro encontrou o no caminho, e lá estranhou de ver Frei João Sem Cuidados de cabeça baixa e macambúzio.

—Olá, senhor Frei João Sem Cuidados, então o que é isso, que o vejo tão triste ?

- E' que o rei disse-me que me mandava matar se dentro em tres dias se lhe não respondesse a es- tas perguntas: — Quanto pesa a lua ? Quanta agua tem o mar ? E o que é que elle pensa ?

O moleiro pôz-se a rir e dissc- lhe que não tivesse cuidado, que lhe emprestasse o habito de frade cue elle iria disfarçado e havia de aar boas respostas ao rei.

Passados os tres dias, o molei- ro vestido de frade, íoi pedir au- diência ao rei. O rei perguntou- lhe :

—Então, quanto pesa a lua ? —Saberá vossa magestade que

não pôde pezar mais do que um arratel, porque todos dizem que cila tem quatro quartos.

—E' verdade. E agora Quanta agua tem o mar ?

Respondeu o meleiro : —Isso é muito fácil de saber :

mas como vossa magestade só quiz, saber da agua do mar é pre- ciso que primeiro mande tapar todos os nos porque sem isso na- da feito.

O rei achou bem respondido ; mas zangado por ver que Frei João se escapava das difficuldades tqrnou :

—Agora se não souberes o que é que eu penso, mando-te matar !

O moleiro respondeu : —Ora vossa magestade pensa

que está fallando com Frei João Sem Cuidados e está mas é fal- lando com o seu moleiro.

Deixou cahir o habito de frade e o rei ficou pasmado com o es- perteza do lauino.

Theophilo Braga.

Tvpographia do Correio da Beira GASTEI.I O BRANCO

ANNTWCIOS

M AS FLORES SEU AR0H4

Quem as não viu ainda, não sa- be o que é a quinta essência da arte... E, afinal, as gentis leito- ras podem de um momento para outro vcl-as, conhccel-as, pos- sjuil-as ! Ali mesmo, na Praça No- va, a Viuva Almeida & Filhos lh'as mostrará e venderá, podendo ga- rantir-lhcs que nunca apparece- ram em Castello Branco BRIN- COS mais catitas para as damas cue conhecem a elegância. E são ac ouro, olé ! 1

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O ALBICASTRENSE

OURIVESARIA

E

IEN0S & C.\ Editores — Praça d'Alegria, iOí

POTATO

% 3

DA

VK9 J

o O VIUVA ALMEIDA & FILHOS

PINICA ZXpWA

CASTELLO BRANCO

N este estabelecimento está sempre exposta uma grande '

variedade de objectos de ouro e prata, confeccionados nas

mais acreditadas manufacturas do paiz. Também se fazem to-

dos os concertos respeitantes a um estabelecimento d'esta na-

tureza. e encarregam-se de encommendas, tudo com brevida- de, perfeição e liarateza.

:ecxsíra:Roc.A.

REVOLUÇÃO * FRANCEZ A

POR

LITTZ

TRADUCÇÁO DE

MAXIMIANO LEMOS JUNIOR

Ilaustarda cora perto de 600 magnificas gravuras

DE

K*.

(PmTe Continental e Insular)

a população por distrirlos, concelhos c Ireguczias, a snperlieie

por districlos e concelhos

designando todas as cidades, villas e outras povoações, ainda as mais insignificantes,

a divisão judicial, administrativa, ecclesiastic» e militar, as distancias das freguezias tis sedes dos concelhos,

e comprehendendo a indicação das estações do caminho de ferro do serviço postal, telegraphico, telephonico,

da emissão de vaies do correio, de encommendas postaes; repartições com que as differentes estações permutam malas, etc., etc.

POR

F. A. DE MATTOS

Empregado no Ministério da Fazenda e socio da Sociedade de Geographia de Lisboa

Este livro, que criticos auctorisados consideram como o único á altura da epocha de que se occupa, será publicado em 4 volumes de 400 paginas cada um.

A parte material da edição é magnifica. A empreza Lemos 8: C." contractou com a casa editora franceza a cedência de todas as gravuras, retratos, etc., que são em tal quantidade que se pôde cal cular que cada fasciculo conterá cinco ou seis gravuras, algumas das quaes de pagina inteira.

Cada fasciculo comprehende 16 paginas, em quarto, impressas em typo elzevir, completamente novo, de corpo 10, o que nos per- mitte dar uma grande quantidade de materia n'um pequeno espaço. Typo, papel, formato, gravuras e disposição da nossa edição podem ser apreciadas pelos prospectos, pelos fascículos em distribuição c pe- los álbuns specimens em poder dos correspondentes da empreza c das livrarias.

PREÇO DE CADA FASCÍCULO — 100 RÉIS

EDIÇÃO MONUMENTAL

(*)

HISTORIA

DA

IEV0LI CU» 1'OIITI

JODS ISSO

5 V A JÍJ

O Diccionario Chorographico de Portugal, que annuncia- mos, para se tornar accessivel a todas as bolsas, será dividido em fasciculos de 32 paginas, em 8.° francez, bom papel e impressão ní- tida, que serão distribuídos semanalmente, pelo modico preço de 60 RÉIS CADA UM, pagos no acto da entrega.

Nas províncias e ilhas a distribuição dos fascículos far-se-ha ás remessas de quatro, pagos adiantadamente.

O DICCIONARIO CHOROGRAPHICO DE PORTUGAL, formará um só volume, cujo preço não excederá a 1^400 réis.

Acceitam-se agentes em todas as terras do paiz. As pessoas que obtiverem dez assignaturas, responsababili-,

sando-se pelo pagamento e distribuição dos respectivos fasciculos, j receberão um exemplar gratis.

Toda a correspondência será dirigida a F. A. de Mattos, T. de ! S. Domingos, 3y, 2."—Lisboa.

Illustrada com os retratos dos patriotas mais illustres d'aquella epocha

\ \aliosos brindes a cada assignanle

Tem sido distribuídos com a maxima regularidade Xi- fascículos d'esta obra e o 2." BRINDE, trabalho d'alto valor artístico que me- receu os maiores elogios dos competentes.

Já está concluído o primeiro volume. As capas para a encadernação são feitas expressamente para esta

edição. A capa em separado custa 5oo réis.

Para os assignantes que preferirem receber a obra aos fascículos, continua aberta a assignatura.

Preço de cada fasciculo 240 réis sem mais despeza alguma. Agente em Lisboa, Sergio da Silva Magalhães, Calçada do Com-

bro n.° 20. Editores, no Porto, Lopes & C.a, rua do Almada, 119 a 12a. Ha agentes cm todas as princípaes terras do paiz. Em Castello Brar.co recebe assignaturas

0 correspondente da empreza

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/ } v J

1.* ANNO ■

'DIRECTOR:

C.CORRÊA BE SAMPAIO —o—

ASSIGNATURAS 12 números, 36o réis; pari

lóra Je Castello Branco, ac- cresce o preço das estampi- lhas. Numero avulso, 3o i eis.

—O— REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO

Rua de St.* Maril, 5 4.

Castello Branco, 24 de julho de 1889 N.° 3

PUBLICA-SE ÁS QUARTAS-FE1RAS

DIRECTOR

C. CORRÊA BE SAMPAIO —o— _

PUBLICAÇÕES No corpo do jornal, cada

linha 40 réis. Annuncios, ca- da linha 3o réis; repetições, 20 réis; repetidos mais de 4 vezes, preço convencional.

Os srs. assignantesteem © abatimento de iJ porcento

Na capital c nas províncias, a conversa das boticas e taba- carias começa a versar sobre —eleições.

Os futuros deputados, pro- curadores á junta geral e ca- maristas descalçaram já a luva aristocrática e estendem a mão, sem repugnância, ao regedor de parochia. ..

É' o terreno que se arro- teia .. .

Entre nós, porem, os paes da patria, do districto e do con- celho não sentem a necessida- de de lançar mão a taes expe- dientes. Tomaram uma boa dóze de reconciliação sincera, cerrando um accordo que,

P( •V^sí., --,ver-se ecattentat Pettic. ~ .Ç9n,rti.r- .lie 1

que parece, o merecimento de dispensar os eleitores de irem á urna, porque as respectivas descargas são feitas antecipa- damente .. .

Condemnamos, pois, o ac- cordo, que, longe de promo- ver os melhoramentos do dis- tricto, cifra-se apenas em con- ceder a indivíduos de antemão determinados o mandato po- pular.

Quando os accordos só pro-

FOLHETIM

SOPA DE PEDRA

--@£9£r<&~

Está a lembrar-me agora a his- toria de dois rapazes da tropa, dois pobres moços, dois tristes soldados, que foram aboletados para casa de um grande somítico, em Peniche, por este tempo.

Foi.-lhes logo dizendo o homem : —O filhos, 'vocemecês vêm pa-

ra cá ! Ora, que ideia ! Não lhes posso dar senão agua e lume.

—Agua e que ? —E lume. —Já não c mau. —Está visto, que não é mau.

Mas advirto-os desde já, para sa- berem a tempo com o que po

duzem tão mesquinhos resul- tados, queremos antes os cam- pos extremados, a guerra aber- ta e leal. embora se incommo- dem os mortos para votarem...

Fòra-nos, entretanto, extre- mamente agradavel ver con- gregados todos os partidos po- líticos do nosso districto, no sentido de se acudir com re- médio efficaz aos males e ne- cessidades locaes, que todos reconhecem. Protrahir esta as- piração afigura-sc-nos a con- demnação de nós mesmos a permanecer n'um estado quasi primitivo. Quem metter hom- bros a tão profícua empreza merecerá as bênçãos do povo.

Esíamosr^ ' os nossos! Çbiv <■■«' vvtUrn^L..nitarios, a°\ quaesquer partidos, porque ne- nhum satisfaz as nossas aspi- rações democráticas, facilitan-

do a evolução para ulna vfôr- ma de governo mais consen- tânea com o caminhar inces- sante dos povos na senda do progresso. Trabalhamos para uma perfectibilidade, que de- certo poderemos attingir, sem viciar as condições naturaes do progredimento humano, ou antes, os preceitos da sociolo- gia moderna. Assim, não du-

vidamos offercccr o nosso hu- milde appoio ao accordo que tenha por fim o interesse dos povos, não a supremacia re- trograda e caprichosa do egoís- mo. ..

dem contar, e não me azoinarem depois com pedidos...

—Diz bem. —Tenho razão, ou não tenho ? —Tem, tem razão. —Cada um dá o que pôde. —Está bem de ver ! —Não é assim ? —E\ —Pois ahi está. Agua c lume

téem vocês aqui. O mais arran- jem-o.

—Sim, senhor! —Estamos entendidos. Puzcram agua ao lume. Depois, disse um para o outro : —Oh, Rufino vae buscara cou-

sa, heim ? —A agua já ferve ? —Não; mas para haver tempo

de se lavar.

A cidade de Castello Bran- co já hoje lucta com falta de casas para a sua população, que dia a dia cresce progressi- vamente, sendo provável que semelhante falta se accentue mais, com a abertura do nos- so caminho de ferro.

No interior da cidade é qua- si impossível a edificação de novos prédios, excepto no ter- re.no de outros, que deveriam Que ,'FgrandeV D'aqui a neces-

oh JaVmc José !

aproveitarem os arredores. En- tre estes, avulta, como melho/ o denominado So.b.reÍrr ' *'! - .0, ja pe-

la sua posição topographica en- tre a cidade e o local escolhi- do para a estação do caminho de ferro, já pela barateza do solo, improductivo para a agri- cultura, já pela abundancia de pedra no proprio recinto das construcções.

Que é necessário, entretan- to, para que aquelle bairro se torne completamente habitado

—Ah '. Isso, sim.

E para o dono da casa : —Com licença ! —Você vae sahir?

_—E' um instante. Faz favor de não fechar a porta.

—Não fechar a porta ! Deus nos livre d'isso, a porta quer-se sempre fechada.

—Vou alli buscar uma coisa, e volto já...

D'alli a nada voltou com uma pedra.

—Vá, disse-lhe o outro; lava-a, que a agua já está a ferver...

O soldado lavou a pedra, mui- to bem lavada, cm trez aguas, como se faz ao arroz, depois es- correu-a, limpou-a, e metteu-a na panclla

O somítico estava pasmado. E mais ficou quando os viu

deitarem sal na panella e prova- rem.

c se desenvolva o gosto pelas novas construcções, n'um lo- cal onde já existem algumas P

A facilidade decommunica- ção com todos os ponto da ci- dade, construindo, em boas condições, estradas pela Senho- ra da Piedade e pelo norte do quartel de cavallaria 8, as duas únicas vias publicas que actu- almente ligam deficientemente o Sobreiro com o coração da cidade.

4. Não nos referimos aqui á

necessidade da elaboração de um plano de ruas e largos a abrir no novo bairro, nem a necessida^,i;, de.pb ' A,nos' oc- as edificr-' nunca m ii< pude esque- se plan:e"'1 formosíssima noite de

• .era cn>«» i'uvenescera v ílul-

r ' xa?J}^ro ryvr»

lèspectivá, e, assim, limitamo- nos a chamar a attenção d'a- quelle corpo administrativo pa- ra a realisação de um melho- ramento importantíssimo, que lhe não pode ser indifferente.

Occorre-nos agora á imagi- nação uma serie de melhora- mentos, que muitos classifica- rão de utopias, mas que — a- creditamol-o — se hão de rea- lisar, ao menos em parte, n'um futuro não muito remoto.

r r- mm

—Que tal está ? perguntou um dos aboletados.

—Não está má. —Não deve estar, porque a pe-

dra parece boa. Ah! Isso é cila. De boa quali-

dade. —Precisa ferver. —E" o que precisa. E se tives-

se uma hortaliça qualquer, uma cabecinha de nabo, umas cenou- ras, estava obra !

—Homens; lá por isso não se- ja a duvida 1 ponderou o dono da casa. Tomem vocês lá duas cenou- ras, e duas cabeças de nabo, c mesmo também a rama se que- rem ...

—Pois venha lá isso.

Mettcram os vegetaes para den- tro da panella.

—D'ahi a bocado provaram.

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o albicastrense

O distincto e mallogrado en- genheiro Miguel Paes, .quan- do, em longos e bem pensados folhetins, advogava, no Diano de Noticias, de Lisboa, os me- lhoramentos d'aquella capital, toi, por muita gente boa, alcu- nhado de visionário. Todavia, poucos an nos vão decorridos, e muitos dos melhoramentos por elle propostos, ou estão em via de realisação. ou começam a preoccupara a ttenção dos po- deres públicos.

Não alimentamos a louca velleidade de compararmo-nos áquelle habilissimo engenhei- ro. O nosso intuito é attrahir a attenção das pessoas compe- tentes para melhoramentos,que apenas esboçamos, visto nos fallecer a competência para ir- mos mais longe, como, aliás, nos fora immensamente grato.

AO DE LEVE...

( CASOS E COISAS )

Jay me José embucha ! A huma- nidade, boquiaberta, ergue o olhar maguado para aquelle astro bri- lhante do progresso e interroga a si mesma:

■2.a cdiç.ão, está mangando com a tropa. Querem saber o que elle viu nos lestejos do nosso caminho de ferro? Viu, nada mais e nada menos, que os srs. Possas Leitão, Moreira da Motta c Mello Borges a correm, correrem ao lado da machina, em desatio com adita !...

Parece-lhes mentira? Ora, leiam: «Ao lado da machina vinham

os dois distir.ctos engenheiros srs. Possas Leitão, e Moreira da Motta e o sr. José de Mello Borges.»

11 ] E os foguetes a estalarem no

ar !.. -

As más línguas nada respeitam. As melhores intenções muitas ve- zes lhes servem de pasto !

Ora para que lhes havia de dar agora a veneta! Nem sequer dei- xam quietinha uma tabelia de si- gnaes de incêndio, que se ostenta na rua do Relogio, como vivo tes- temunho do grande horror que a camara municipal vota ao fogo. Isto é demais!

Mas, dirá o leitor, para que ser- ve ali aquella tabelia se a camara nem ao menos tem uma bomba t

Essa agora é bòa, pois não sa- be que diz o provérbio dois provei- tos não cabem n um sacco!... A ve- reação sabe que os provérbios constituem a sabedoria das na- ções, e sempre previdente, como é, respeita-os. Faz o seu dever. Honra lhe seja.

so distneto, e Martinho Augusto da Silva Ribeiro, rico negociante.

Chegou á Covilhã, sua terra na- tal, o sr. dr. Manoel Mousaco, in tegerrimo representante do minis- tério publico junto do tribunal administrativo de Évora. Está sof- frendo de uma pertinaz affecção pulmonar, e, a conselho da medi- cina, vae mudar de ares para a serra de Estrella, onde mandou editicar uma magnifica vivenda.

Partiu para a Certã, na quinta feira, afim de presidir ali aos exa- mes elementares, o sr. Augusto Francisco Corrêa de Sampaio, ins- pector d'esta circumscripção es- colar.

O sr. José Norberto das Neves, escrivão e tabellião na comarca do Fundão, obteve sessenta dias de licença.

Interroga, sim, mas quem lhe ha de responder! As estrellas, que scintillam no firmamento ? a lua ? o sol ? Deus ?

Nada, absolutamente nada, e a humanidade, boquiaberta, ergue o olhar maguado para aquelle astro brilhante do progresso e continua interrogando-sc a si mesma :

Será verdade ?. ■ ■

O District o de Castello'Branco,

Anniversario

Passou, no sabbado, 19, o an- niversario natalício da ex.1"* sr. D. Maria Penha da Fonseca Cou- tinho Ribeiro, mui interessante e prendada joven, filha do sr. Ma- noel da Silva Ribeiro, abastado proprietário, d'esta cidade, e so- brinha dos srs. conselheiro b ílip- pe da Silva Ribeiro, illustre go- vernador civil substituto do nos-

Jomal para todos

Com este titulo, encetou a pu- blicação no dia 6, em Coimbra, uma revista popular de sciencias, litteratura e artes, etc. Entre os redactores do novo periódico, fi- guram nomes já vantajosamente conhecidos do publico, que lê e estuda. O 1.° numero, que nos foi enviado, está excellentemente redigido e encerra materia deve- ras interessante e útil, acompa- ?Araàa irmogTúb.cers tampas-.

Assigna se na Praça do Com- mercio, 11—Coimbra.

Prospera vida por dilatados an- nos, é o que desejamos ao colle- ge

Parte para Elvas, depois de amanhã, 26, o nosso estimável amigo, sr. José Maria da Concei- ção, digno sub-inspector escolar, que veiu aqui presidir ao jury dos exames elementares. O prestimo- so funccionario vae seguidamente desempenhar idêntica commissão de serviço official nos concelhos de Monforte, Fronteira, Souzel, Aviz e Campo Maior, comprehen- didos no circulo escolar a seu di- gno cargo.

— —«*- — Telegramaia

Cochincliina, 23. Grande sensação nos princioaes

centros politicos, scientificos, lit- terarios c artísticos, pela reappa- rição do Disirtcto de Castello Branco.

Foi arbitrada a remuneração annual de aqcróoo reis ao encar- regado da estação postal de ó.a

classe, de Alcains, concelho de Castello Branco.

Consta-nos que o sr. Antonio Rodrigues Cardoso, d'esta cida- dade, vae ser nomeado sub-ins- pector do circulo escolar de Beja.

E1 uma distineção merecida,pe- las boas qualidades e mais partes que concorrem na pessoa do fu- turo agraciado.

Ao sr. Frederico Augusto da Cunha e Silva, recentemente des- pachado juiz municipal dp. Pena- macor, foram concedidos sessen- ta dias de licença, para gosar de- pois de tomar posse d'aquelle lo-

—Que tal vae ? —Vae bem. Está mesmo boa.

Por mais uma nadinha, ficaria optima!

—Que nadinha é ? perguntou o avarento.

—Um bocadito de toucinho, ou banha de poreex... respondeu um dos soldados.

—Pois. tire lá ; mas hão de dar-me a provar, porque tenho curiosidade de ver o que sahe d'ahi.

—Salte uma sôpa só fina ! —Mas isso é sôpa de pedra ? —E' sim, senhor. Também se

faz de seixos. Mas esta é mais gorda.

—E' a primeira vez que tal ou-

Parece que o sr. dr. José Joa- quim da Ressurreição, digno pri- meiro official do governo civil d es te districto, procura obter a sua transferencia para Lisboa.

Segundo as melhores probabi- lidades, substituil-o-ha o nosso illustrado e circumspecto collega do District o de Castello 'Branco, sr. Joaquim José Grillo.

fror *

Tivemos o gosto de ser apre- sentados ao sr. dr. José \ iccnte Boavida, que, de passagem de Évora para Dominguizo, esteve entre nós, sabbado, 20, cm com- panhia de seu filho, sr. João Au- gusto Boavida, um rapaz muito estudioso e intelligente.

O sr. dr. Vicente Boavida é um espirito esclarecido e um ca- racter honesto no mais elevado grao.

co —Ha-de gostar. Foi se o soldado ao toucinho,

cortou lhe um naco, dcitou-o no caldo da hortaliça e deixou fer- ver. .

—Cheira, cheira isso ja ! — E bem! —Ora ! Pois é pitéo. E então

cm levando um annexim que lhe falta, é de uma pessoa lamber o prato...

—O que é que lhe falta ? —Um pedacinho de chouriço,

ou mesmo linauiça. Isso então fi- ca uma perfeição !

—Homem, disse o somítico, lá por causa de um appendice tão fácil de achar á mão, não dei- xe essa extraordinária comida de chegar a ser o que se diz per- feita.

Juntou-se-lhe o chouriço. Cozeu, cozeu... Deitava um cheiro...

—Ó senhores que cheiro ! disse o unhas de fome.

—Cheira muito bem, meu se- nhor, e melhor ha de saber, re- darguiu um dos aboletados.

E o outro aboletado : —Está prompta. Está na conta

propria. Agora, em querendo va- mos a cila. • • Isto com pao e me- lhor ainda, se é possível, mas mes- mo sem pão é boa.

O somítico foi buscar um pao. Vamos lá a isso... Estou

com vontade de saborear essa historia.. • _ ... Esta historia é mais bonita

que a da carochina e com isto se diz tudo! Ora muito bem... Uma vez partido o pão á mão... Sim! ponderou o outro sol-

dado. Isso é que é de preceito para este caso. Ha de ser por forca á mão...

—Sim, sim... Pois seja á mão. —Mas por força ! —Acredito ; basta vocês dize-

rem ! Agora despeja-se-lhe o caldo

em cima guardando de reserva o pão sufficiente para maxuear no toucinho acompanhado com as hervas.. • Que tal ! ? Boa ?

—Está optima ! exclamava o homem. Está excedente. Vocês são o diabo ! Não ha gente como são os soldados, para estas coisas . Como você.-> fizeram sôpa de um pedragulho, e fica uma delicia por esta maneira! Não se acredita ! Parece bruxaria ! • • •

—E' para vocemecê ver. —Cá me fica ! • • •

Juuo Cesar Machado.

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O ALBICASTRENSE

Na semana passada, esteve em Castello Branco, o sr. Joaquim Camillo Ribeiro, da Covilhã, au- ctor de diversos livros de estudo.

Foi ordenado que cada breve de dispensa matrimonial pague, alem dos impostos já estabeleci- dos, mais a quantia de 4.7Õ00 réis de sello, a qual será applica- da em beneficio dos hospitaes de alienados, que se vão crear.

U Monie Pio Cbrtaginense, es- tabelecido na importánte villa da Certa, festejou, ha poucos dias, o seu anniversario, com uma pro- cissão e bazar.

Foi encontrada, boiando á tona de agua, no rio Zezere—Foz da Certã—o cadat er de uma mulher, que havia desapparecido d'aquella villa.

Não ha indícios de crime, e, an- tes, se presume, com justos mo- tivos, ter a desgraçada se dado a morte voluntariamente.

Trindade. Francisco de Mattos, Antonio Vaz Bello* Antonio do Nascimento Chrisostomo, Anto- nio Mojra, Joaquim d'Oliveira Neto, Francisco da Silva Sibôrro e Antonio Lopes Cabrito.

Os alumnos do nosso amigo, sr. Joaquim Henriques Simoes Carrega, obtiveram todos a clas- sificação de bom. Este facto, que

! deve lisonjear o incansável e pres- O nosso amigo, si. Antonio Lo- tante professor, tem, n^ste mo-

O reverendo Antonio Domin- gos Christino, rarocho collado em S. Thiago da Ribeira de Fragoas. diocese do Perto, acaba de ser apresentado cm S. Vicente da Beira, diocese da Guarda; e o re- verendo João Alberto de Sousa Braz, na de S. Sebastião de Al- maceda, concelho dc S. Vicente da Beira, e mesma diocese.

bato de Faria, conductor das obras do caminho de ferro da Beira Bai- xa, ligou-se, ha poucos dias, pelos laços do hymeneo, com a cx."'a sr." D. Joanna Marques Louro, mui sympathies dama, d'esta cidade.

Aos noivos ambicionamos cor- dealmente uma perennc lua de mel.

Foi nomeado escrivão do juizo de paz em Capinha, comarca do Fundão, o sr João de Almeida Junior.

mento, uma significação valiosís- sima, tanto mais quanto é certo que alguns professores, apresen- tando a exame grande numero de alumnos, conseguem apenas vel-os passar pela tangente- ..

# No proximo numero publicare-

mos o resultado dos exames do sexo feminino.

Proximo á povoação da Vella, subúrbios da Guarda, seguia um carro alemtejano carregado de lã em bruto, com destino á Covilhã e guiado por um conductor hes-! panhol, a quem faltava um braço. I

O carro tombou para um ater- | ro, fazendo-se em estilhaços, de- j pois de ter passado por cima do infeliz carroceiro, que ficou morto.

muito contusas.

Hontem, pela 1 hora da tarde, manifestou-se principio d'incendio

— -«»- —— I n'um armazém pertencente ao sr. O nosso distincto amigo sr. dr. j João dos Santos Ca o, situado na

José Domingos Ruivo Godinho, tua da Figueira, d'esta cidade, offereceu cm 21 do corrente, aos ■ N'aquelle armazém haviam ma- srs. engenheiros da construcção terás explosivas, mas a prompti- do caminho de ferro, um opipáro dão dos soccorros não deixou o jantar, na sua magnifica quinta, desastre tomar maiores propor- donominada Pipa, arredores d'es- ções. ta cidade. | A bomba para extincçúo de in-

cêndios, que a camara possue, es- tava destrahida do seu fim, em ser- viço do caminho de ferro.

Um patusco, de Vizeu, conhe- cido pelas suas chalaças, pediu a um laponio que lhe descalçasse as botas, porque umas malditas do- res de barriga o não deixavam do- bra r-se para o fazer.

O laponio satisfez o pedido, e o outro largou a rir ás bandeiras despregadas.

—De que se ri vossê, afinal?— disse o loba;— dc eu lhe ter des- calçado ás botas? Não é caso pa- ra tanto. Sou ferrador de officio e tenho passado a vida a calçar e descalçar animaes.

Tortozendo

O sr. dr. José Joaquim da Res- surreição, encarregado da <yndi cancia dos acontecimentos do Tor- tozendo, já regressou a esta cida- de. O illusírado funccionario hou- ve-se tão acertadamente no d-' em- penho da melindrosa con missão, que a imprensa local é unanime em teccr-lhe elogios.

Acaba de chegar á Covilhã o sr. Arthur Corrêa, encarregado da expropriação dos terrenos pa- «*1 rt lirvKo IniTno

Parece, entretanto, que as cx- propriações só começam 110 pro- ximo outono, porque é então que se projecta dar maior desenvol- vimento aos trabalhos dc constru- cção, aliás difficcis, nas immedia- ções da Covilhã.

Acha-se entre nós o sr. dr. Gonçalo Xavier d'Almeida Gar- rett, illustrado inspector de ins- truccão secundaria.

O nosso esclarecido collega do Covilhcnense. sr. J. Maximiiiano Ratto, baptisou, no dia i5, um seu filhinho, que recebeu o nome Jj Delfim. Foram padrinhos a ex.raa sr.* D. Constança Advena Perpetua de Abrunhosa c o sr. Francisco Gregorio Balihasar.

A colonia franceza, na Covilhã, ícstejou o dia 14 do corrente, an- niversaiio da tomada da Bastilha.

Exames

Publicamos seguidamente o no- me dos alumnos approvados nos exames elementares d'este conce- lho, com as classificações respe- ctivamente designadas:

Bom :—João Dias Mendes, Ma- noel Pereira da Cunha, Domingos Leitão Correa, Jqsé Lopes, Ale- xandre Campos Galvão, Antonio da Cruz Pinto, João dos Reis Car- los, João José Ribeiro, Joaquim Marçal Carrega, Joaquim Mendes Cardoso, Jose Vicente Braz.

Sufficiente:—Arthur José da Sil- va, José Caldeira, Antonio dos Santos Garrido, Elias da Purifi- cação Carrilho, José das Neves da Silva, Sebastião Fernandes, Filip- pe dos Reis Victoria, Raul Pereira de Lacerda, José Pires Serras- queiro Rossa, João Rodrigues d Almeida Bispo, D. Francisco Corrêa dc Sampaio Mello e Cas- tro, João Nunes Sequeira, Alber- to Barata d'Azevcdo, Antonio Ri- beiro, Domingos Marques, Ma- noel Mendes dos Santos, José Mo- rão Lopes dc Aguiar, Antonio da

tei ia* rb"fc^TftSfíolrleiTtfs j*.iegle- te, illustrado professor do semi- nário d'aquella diocese.

Na ourivesaria e relojoaria da eonccituada e bem conhecida fir- ma Viuva Almeida & Filhos, es- tabelecida na Praça Nova, n.° 5, Castello Branco, recebem-se assi- gnaturas e annuncios para o Al- bicastrense.

—Como ! não o conheci ? res- pondeu elia. Ah ! era meu namo- rado, e estava para casar comigo. Não havia para mim ventura que não fosse d'elle, esperança que elle não tivesse. . .e quando mor- reu, julguei que também morria!...

—No entanto vejo-a rir! volvi. —Oh! exclamou ella, é que eu

não me esqueço de certas cousas. Emquanto vivo, o único prazer que elle sentia era ver-me risonha e contente, c tenho a certeza de que se chorasse sob.re a sua se pultura havia dc magoal-o tanto...

Catulie éMend/s.

Typograjihia do Correio da Beira CASTEI.I.O BRANCO

ANNUNCIOS

SECCÃO LITTERARIA

,jl© VJtfiíÂ...

No cemitério que circumda a j egreja, fresco, bonito, tnatisado ! de rosas brancas, e dourado pelos raios do sol, vi um dia uma ra- pariga—muito nova, desasete an- 1 ? nem tanto—que na junto dVima campa.

Nada se poderia phantasiar mais delicioso que essa creança, for- mosa, pequenina, com os cabellos louros, um pouco curtos, encara- colados, com olhos ingénuos e bocca vermelha como uma romã.

O que porém me entristeceu foi vel-a rir; não é natural mos- trar contentamento junto das se- pulturas em que os mortos dor- mem o somno eterno ; approxi- mando-me não poude deixar de lhe dizer:

—Fica-lhe mal o riso, menina; decerto não conheceu o homem que jaz debaixo d'essa lapide!

]

Perante a camara municipal do concelho de Villa Velha de Rodam se acha aberto concurso, por es- paço de 3o dias, a contar da pu- blicação d'este annuncio, para o provimento das cadeiras d ensino elementar do sexo masculino das freguezias d'Alfrivida, (com séde em Peraes) Fratel e Sarnadas, e do sexo feminino do Fratel, com o ordenado annu-' ' .000 réis

.?nt^a,Tf -s> na Villa Velha de Rodam, 10 de

julho de 1881).

O presidente da camara, Jose Pinto Rombo. 4

O LUXO

Os leitores toem visto, certa- mente, muita coisa boa, como, por exemplo, os betlos BRINCOS de ouro, a que a viuva Almeida & Filhos poz o nome de DUAS FLORES SEM AROMA, c que foram muito procurados. Agora, porem, unia outra novidade, egual- mente catita, é O LUXO, mimo- sas PULSEIRAS também de ou- ro, em bellissimos estojos. Os pre- ços não podem ser mais resumi- dos.

Praça Nova i

«li! ao conimereio, artes c industrias

BOLETIM ANNUNCIADOR Semanário litternrio,

c illusírado, de grande formato

Pubiica-se em todos os domin- gos, sendo distribuído gratuita- mente no Pot'to e arredores é ven- dido em Lisboa e nas principles, localidades do reino. Envia-se um numero a todos os negociantes,* artistas c industriaes que o peçam á redacção, rua do Loureiro-— Porto.

Acceitam-se agentes cm todas as localidades.

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O ALBICASTRENSE

DE

TUG

LEMOS & C.*. Editores — Praça d'Alegria, 104

POTATO

:raxsxa:BXA. DA

(Parte Continental e Insular)

a população por districts, concelhos c freguezias. a superfície

por districts e concelhos

designando todas as cidades, villas c outras povoações, ainda as mais insignificantes,

a divisão judicial, administrativa, ecclesiastica e militar, as distancias das freguezias ás sedes dos concelhos,

e comprehendehdo a indicação das estações do caminho de ferro do serviço postal, tclegraphico, telcphonico,

da emissão de vales do correio, de cncommendas postaes; repartições com que as dilTerentes estações permutam malas, etc., etc.

IKJft

F. A, DE MATTOS

Empregado no Ministério da Fazenda e socio da Sociedade de Geographia de Lisboa

O Diccionario Chorographico de Portugal, que annuncia- mos, para se tornar accessivel a todas as bolsas, será dividido em fascículos de 3z paginas, cm 8.° francez, bom papel c impressão ní- tida, que serão distribuídos semanalmente, pelo modico preço de 60 RÉIS CADA UM, pagos no acto da entrega.

REVOLUÇÃO FRANCE/,\

POR

XjXJIZ BLANC

TRADUCÇÁO DE

MAXIMIANO LEMOS JUNIOR

llaustarda com perto de 600 magnificas gravuras

Este livro, que criticos auctorisados consideram como o único á altura da epocha de que sc occupa, será publicado em 4 volumes de 400 paginas cada um.

A parte material da edição c magnifica. A empreza Lemos N C.tt contractou com a casa editora franceza a cedencia de todas as gravuras, retratos, etc., que são em tal quantidade que se pôde cal- cular que cada fascículo conterá cinco ou seis gravuras, algumas das quaes de pagina inteira.

Cada fascículo comprehende iG paginas, em quarto, impressas em typo elzevir, completamente novo, de corpo 10, o que nos per- mitte dar uma grande quantidade de materia n'um pequeno espaço. Typo, papel, formato, gravuras e disposição da nossa edição podem ser apreciadas pelos prospectos, pelos fascículos em distribuição e pe- los álbuns specimens em poder dos correspondentes da empreza e das livrarias.

PREÇO DE CADA FASCÍCULO — 100 RÉIS

Nas províncias c ilhas a distribuição dos fascículos far-se-ha ás ( ,<• « ,UX" " "■ - - -| nftílQâ trc TiVdmUUV.ua CSW. V 1 VII I- I

remessas de quatro, pagos adiantadamente.

O DICCIONARIO CHOROGRAPHICO DE PORTUGAL, formará um sô volume, cujo preço não excederá a 1$400 réis.

Acceitam-sc agentes em todas as terras do paiz. As pessoas que obtiverem dez assignaturas, rcsponsababilt-

sando-se pelo pagamento e distribuição dos respectivos fascículos, receberão um exemplar gratis.

Toda a correspondência será dirigida a F. A. de Mattos, 1. de S. Domingos, 3ç), 2.0-—Lisboa.

OURIVESARIA

E

csumvp»:*. -rr - — —— < -

EDIÇÃO MONUMENTAL

(#)-

HIST01UA

DA

DA

VIUVA ALMEIDA & FILHOS

PRNlÇA f\.OTM

CASTELLO BRANCO

N'cste estabelecimento está sempre exposta uma grande

variedade de objectos de ouro e prata, confeccionados nas

mais acreditadas manufacturas do paiz. Também se fazem to-

dos os concertos respeitantes a um estabelecimento d esta na- tureza, e encarregam-se de encommendas, tudo com breu a-

de, perfeição e barateza. .

REVOLUÇÃO 1'llltTI IR K'/.\

X3E 1820

Dlustrada com os retratos dos patriotas mais illustres d'aquella epocha

\ Valiosos brindes a cada éssignaut.

Tem aide distribua! com a maxima regularidade 32 fascículo d"c obra c o • ' BRINDE, trabalho d'alto valor artístico que me- receu os maiores elogios dos competentes.

Já está concluido o primeiro volume. As capas para a encadernação são feitas expressamente para esta

edição. A capa em separado custa 5oo reis.

Para os assignantes que preferirem receber a obra aos fascículos, continua aberta a assignatura. .

Preço de cada fascículo 240 réis sem mais despeza alguma. Agente cm Lisboa, Sergio da Silva Magalhaes, Calçada do Com-

br°Editores, no Porto, Lopes & C.», rua do Almada. 110a 123. Ha agentes em todas as principaes terras do paiz. Em Castello Branco recebe assignaturas

0 correspondent da empreza

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1.° ANNO Castello Branco. 31 de julho de 1839 N.° 4 ■'-' ■ 1

DIRECTOR:

C.CORRÊA UE SAMPAIO -«$>-

ASSIGNATUR A S 12 números, 3úo réis; para

fóra de Castello Branco, ac- crésce o preço das estampi- ih as. Numero avulso, 3o t eis.

—O— KKDACÇÃO F. ADMINISTRAÇÃO

Rua de St.' Maria, 34.

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ÍÍJ

PUBLICA-SE ÁS QUARTAS-FE1RAS

ADMINISTRADOR

I. PI1AT0 D ALSEIM —o— _

i>UU.!CAÇOES No corpo do jornal, cada

linha 40 réis. Annuncios, ca- da linha 3o réis; repetições, •20. réis; repetidos mais de 4 vezes, preço convencional.

Os srs. assiitnantestecm o jóatimentc <ie iJ porcento.

EXPEDIENTE

Prevenimos os nossos mui- to estimáveis assignantes de que está em cobrança a as- signatura, com que honraram o «Albicastrense

O ACCORDO

•lementos para offerecer uma J obrigações da junta de paro- lucta eleitoral,cm que o govern- chia.

Felizmente, o nosso preza- do collega do Correio da Pa- ra. orgão do partido progres- sista cm Castello Branco, affir- ma ser destituído de funda- mento o boato, aliás insisten- tç. que se propalou, ha alguns 1 • -.'ibr -ácerca de um accordo - usc p n/fio/V* v * i vi<t-. Incn' v ■ Z.-jv.ps n;,trV4f | t

te districto. Folgamos por haver provo-

cado as declarações auctorisa- das do esclarecido collega. Sa- bemos. pelos periódicos gover- namentaes da capital, que o ministério se propõe comba- ter. em toda a linha, as candi- daturas opposionistas nas pró- ximas eleições; mas conveniên- cias locaes poderiam, acaso, determinar uma excepção pa- ra o nosso districto, onde, for- çoso c confessar, os amigos do sr. Manoel Vaz Preto Giral- des dispõem de mui valiosos

no a despeito das seducções do pc er, não pode, evidentemen- te, contar, de ante-mão, com a victoria. Todavia.nãose reconheceram

taes conveniências, sendo cer- to que o accordo não existe.

Registamos gostosamente as palavras do Correio da Beira.

INSTRUCflO POPULAR

Desde 1886, está fechada a escola do sexo masculino da fresuezia de Escallos de Bai-

Nao sabemos se a vereação municipal satisfez ás referidas disposições legaes. Podemos, entretanto, informar que a es- cola, de que se trata, continua fechada!

Apezar de tudo, os contribu- intes não deixam de pagar!

Em materia de instrucção popular, a camara municipal de Castello Branco, tem a abo- nar a sua dedicação a rigoro- sa pontualidade com que pa- ga ao professorado os macros, vencimentos/quc.a lei lhe con- cede, e, sob este ponto de vis- ta, confessámos

Escola polvlffhnica e eseí» do oxcrcilo

«?«*

FOLHETIM

OS MARIDOS

-íí:í

oiV .^ncelho^^s^^l .^içabem^merec falta de casa.

Ha alguns mezes, a junta de parochia respectiva, para dei- tar poeira aos olhos da cama- ra municipal, lembrou-se de solicitar a competente vistoria a uma casa, que não satisfaria aos fins q que a destinavam, e, assim, foi reprovada. Lavra- do o auto da vistoria, foi este remettido áquella camara, afim de que ella, observando as cla- ríssimas disposições da porta- ria de 4 de dezembro de 1886, promovesse, perante o gover- nador civil, o cumprimento das

gost<?^™/mte, rec Wci 1 IH *_

Em cinco distinctissimos gru- pos se podem classiticar os mari- dos contemporâneos. Descreve- rei rapidamente os cinco typos que não se confundem ás vistas ainda as menos observadoras c cujas feições peculiares assigna- lam os diflerentes indivíduos de cada grupo.

Ha o marido-pérola, omarido- ear raça, o marido-borboleta, o marido-epicurísta, e o mart dose- rero.

O marido-pérola é uma mara- vilha que o mund^ poucas vezes

admira, mesmo porque se cí 1- de á curiosidade dos indiíferentes e não faz da felicidade uma os- tentação banal. Modelo de virtu- des conjugaes, não sabe o que é levantar os olhos para outra mu- lher que não seja a sua, nem o que ç passar o serão fóra dc ninho de- licioso. Para cllc a casa c um san- ctuario e os laços conjugaes uma religião.

I rabalha alegre, porque sabe que alguém o espera com impa- ciência. Se o convidam para jan- tar, responde:

—Não posso, tenho em casa a minha relha que não pôde jan- tar só. A vida corre-lhe serena como um

formoso dia de primavera Os dois faliam baixinho sempre, como os namorados. Confundem-se as von- tades d'ambos. Quem poderá di-

lójqr mios áquella corporação. Mas isto, que d muito, não d tudo. Cumpre-lhe egualmente dif- lundir e desenvolver, quanto possível, as luzes do ensino, creando escolas em todas as parochias e obrigando as res- pectivas juntas a concorrerem com a parte que lhes toca em um serviço, que occupa indu- bitavelmente o primeiro logar na escala d'aquelles que po- dem assignalar a gerência mu- nicipal. As condições sociaes de um povo afferem-se pelo grao da sua instrucção.

zer qual d'elles d o que obedece? h as vezes d tão poderoso o fio que os une, que a morte não pô- de ferir um, poupando o outro.

A exageração do marido-pérola dá o mando-carraça, especie de pápa fina conjugai, que atormen- ta a mulher com a impertinência d'uma ternura chronica, que se curva submisso á dictadura per- manente da esposa, c que tendo direito a ser considerado como metade, não chega a ter impor- tância dc um decimo.

O mando-carraça aspira a ser amado, e consegue apenas ser es- carnecido. Não sahe um instante de casa e a mulher diz-lhe:

—Que secante creatura! Todos os homens tem as suas voltas que dar, os seus amigos, os seus ca- fds, só este maVicas está aqui sempre pespegado, que nem a

Ninguém ignora, já hoje, rivalidade, que existe, entre a- lumnos da escola polytechnica e alumnos da escola do exer- cito. Todos os dias se dão con- flictos, com os quaes periga a disciplina militar e muitas ve- zes se põe env risca a*carreira de rapazes inteligentes -c*|ion- dónofcíKjo^que mal podem to- lerar o arreganho de peralvi- lhos ifnpêrtlgàdos* á^utfhi, is* caciando outros merecimentos, uns trapos, conquistados na

' '^^s.vGde de da 4o ta>

cam não raro nas condições de poderem exhibir uma supre- macia hierarchica, que degra- da e avexa os alumnos, que fa- zem o curso de uma arma scien- tilica, e que,a breve trecho, se- rão seus superiores. Uma vez alcançada esta superioridade hierarchica, veem as represá- lias, os desforços, e, assim, se alimenta, sem vantagem algu- ma, essa inimisade, esses odios inveterados, que, manifestos ou latentes, constituem uma amea- ça permanente contra o bom nome do militar portuguez.

gente se pódc mexer á vontade- O mando-carraça assiste á ela-

boração dos vestidos, copia debu- xos á vidraça, assopra o papo do perú pelo Natal, e faz as filhozes pelo entrudo. Ama e copia mu- zica, chora e faz meia. Acompa. nhar a esposa a passeio ou fazer visitas, é uma ventura que se não descreve; se um dia o encontra- rem só na rua, é que enviuvou ou vac comprar uma meada de lã.

Como contraste admirável ahi temos o marido-borboleta, que desconhece os attractivos do lar e o valor do dinheiro, porque nem pára em casa um momento, nem attende aos preceitos de economia, que é uma das condições da go- vernação publica c particular. O marido-borboleta nem sempre des- preza a mulher; o que elle não tem c pachorra e tempo para â ro-

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O ALBICASTRENSE /

E todavia, para se combater o mal, bastaria uma simplici- ma providencia, tantas - vezes

infructuosamcntc reclamada, sem que pretexto algum possa justificar a resistência do go- x erno em acceder a um pedi- do tão manifestamente justo.

pelo demorno. . . Olhe que não inventei o tal accordo entre ami- gos do sr. Tavares Proença e di- tos do sr. Vaz Preto: fui apenas echo da voz publica e reproduzi a noticia, dada ha alguns mezes, por um nosso visinho do pé da porta...

De resto, acceite o Correio da

Referimo-nos a fardas cara- ?! V Palavras como um

cteristicas m-iv I . a testemunho do muito que o pre- ctensticas, mas independentes j zamos. Quanto ao estvlo, um ae graduações, para os milita- tanto galhofei ro,é para retribuir... res que frequentem qualquer escola, com destino ás armas scienti ficas.

O assumpto suggere-nos mui- tas outras considerações; mas, por hoje. nada mais dizemos, chamando, todavia, a attenção dos nossos colleges da capital para esta questão, que se nos afigura deveras importante.

AO DE LEVE...

( CASOS E COISAS )

O nosso grande coliega O Cor- reio da Ben a, tão grande que já serviu de toalha de meza aos va- liosos amigos, quando se festejou a rcapparição do Disti icto, quer mangar com os pequenos... ,

('" «\'«»r,i de cocoras, cabisW"1" remessas de «natro, pagos ad.tantad amante

Onde dig o digo, digo não digo... Aposto como o leitor já mur-

murou : cá temos o «Districto de Castello Branco» em scena.

Pudéra! se as lições não lhe aproveitavam !. ..

Sempre impagáveis os valiosos amigos. Provocando o nosso res- peitável coliega do Correio da Bei- ra para uma polemica sobre o en- thusiasmo com que o nosso povo assistiu á chegada da primeira lo- comotiva do caminho de ferro da Beira Baixa, dizem os pontos que só viram maior enthusiasmo cm tempo de eleições, c que quasi sempre sae a tantos réis por ca- beça. Lá vão as palavras textuaes :

Se não houve esses vivas estron- dosos, qtu se ouvem por occa- sióes de eleições, e que quasi sem- pre saem a tantos reis

xo e respeitoso, eu, o auctor dos projectos de um partido novo, que por cmquanto só tem chefe; cu. o coliega sinceramente prez-a do;—cá estou, sim, recebendo o pó, que levanta a vassoura com que o Correio da Beira varre a sua testada... Devemos concor- dar que a varre bem, porque .. está limpa, acredito-o, para não desfazer na palavra honrada do meu coliega tão grande, como me- recedor das minhas contumelias...

(Imagine agora o coliega que me tem diante de si, chapeo na mão, cabeça pendida sobre o pei- to, olhar beatifico...)

A boa fé, o raio da boa fé sem- pre nos leva a cada uma, que só

dear dkittenções e carinhos. Es- voaça em roda de quanta» flores o acaso lhe depara no caminho da tida, janta no Gibraltar e recolhe- se de madrugada. Quasi nunca tem dinheiro, quando a mulher lh'o pede, porém muitíssimas ve- zes se lembra d'ella ao passar pe- los logistas e lhe leva o mimo d'um broche, d'um anncl, ou d'uma me- za de costura. Uma d'essas mar- tyres, victima da leviandade do marido, já eu conheci, que chegou a juntar quatro pianos d'Erard, e ás vezes não sabia á rua por não ter chapéu.

O marido-epicui ista é o que mu- dou de estado por commodidade. Saltou-lhe uma vez o botão do collarinho c disse:

—Não ha remédio, preciso de quem me trate da roupa branca.

Constipou-se uma noute, dc-

mordida por um cão hydrophobo, safando-se, á socapa, para Paris ; outros, talvez mais ajuizadamente, dizem que, compenetrando-se da sua infeliz sorte c triste figura, se suicidou com massa phosphori- ca!... Entretanto, o que não otíercce duvida é que a Chronica bohemia desapgarcccu. .. E1 pena e, o que mais importa, ha de ser uma... desgraça para a família em sabendo !

GA.3B.XJX.

Vizeu. -21. Sr. Redactor

Ponhamos de parte a cabeça dos vivas, e vamos ver se eífecti- vamente os sujeitinhos ja ouviram, mesmo em occasião de eleição, vivas mais estrondosos. Teem a palavra .

...Pessoa alguma se lembra que em Castello Branco houvesse mais (enthusiasmo;, Todos se ale- graram. E' muito. Nunca por cà se viu tanto.

Então em que ficamos :— já houve maior enthusiasmo, ou não ?

E a cabeca dos vivas!.. • Ah ! Ah! Ah!

■* * *

Meia cidade a procural-a e... nada 1 Uns affirmant que ella foi

Foi com verdadeiro jubilo que li no cAlbicastrense, de 17 do cor- rente, a noticia da chegada a Cas- tello Branco da primeira locomo- tiva para o. caminho de ferro da Beira Baixa. Tão fausto aconteci- mento não podia deixar de en- contrar um echo de intima satis- fação cm quem se preza de filho d'essa terra.

Oxalá que os meus patrícios se não quedem inertos na comtem- plação platónica d'esse monstro de ferro, que lhes vae sulcar os campos ubérrimos, e que esta da- ta seja a do rejuvenescimento ma- terial de todo o districto, e da li-

-oarirnln er(pyjpsjpjal

velhos piocessos rotineiros, que lhes não deixam tomar logar con- digno, ao lado dos demais distri- ctos.

Um caminho de ferro é muito, mas não é tudo. Cumpre que a viação ordinária venha trazer-lhe o farto tributo das regiões mais distantes. Os grandes rios alimen- tam-se dos pequenos regatos.

E' indispensável que se abram boas estradas, que ponham a li- nha ferrea em fácil communica- ção com as mais apartadas regiões da província, onde ha freguezias, que distam da mais próxima es- trada moderna, trinta ou mais ki- lometros. Só assim se verão af- fluir d'ahi productos, que hoje não

teem valor algum, por falta de procura, c cuia producção, poden- do alias ser abundante, se acha einbryonaria, á mingua dc esti- mulo e consumo.

E1 esta uma das maiores neces- sidades do districto; e, apezar d'is- so, e de ser este um dos mais a- trazados em viação, ainda não obteve uma empreitada geral dc estradas, quando é certo que al- guns districtos já contam três.

Para que o caminho de ferro dé os resultados práticos, que se esperam, é também preciso que se desenvolvam todas as culturas, auxiliadas pela mais fácil sahida dos productos, e pela mais bara- ta aquisição dos instrumentos agrí- colas, e dos adubos indispensá- veis.

Torna-se necessário ainda crear industrias novas, desenvolver e a- perfeiçoar as existentes. Exportar os productos do solo é bom, mas não é o melhor—manufactural-os, aperfeiçoal-os, trabalhal-os, de for- ma a tirar d'elles o máximo pro- venta, eis o que é excellente.

Z.

Incêndios

<.T s-__.

iUi 11IV

ram lhe um xarope na temperatu- ra da carapinhada e exclamou :

—Não ha duvida, não se pôde viver solteiro.

Procurou uma governante, c para a fazer mais zelosa e mais económica deu-lhe interesse na casa, elevou-a a sócia, deu-lhe a mão de esposo. E d'ahi por dian- te os botões não saltam aos colla- rinhos, e o marido ditoso, quando se constipa,já conta comum xarope que lhe leva a pelle dos beiços.

Resta o marido-severo, por ven- tura o mais comico dos cinco ty- pos pela seriedade inalterável da sua physionomia em todos os lan- ces da vida conjugal. Casou, por- que todo o homem de bem deve fundar uma família no seio da so- ciedade, e legar uma descendên- cia á patria que o viu nascer. Não amou, cumpriu um dever.

Pela 1 hora da noite de ,(eira,rpm .sabhad-tv, -v,, ' tou-se incêndio em dois prédios

d'esta cidade, ao mesmo tempo, ficando ambos totalmente destruí- dos.

Proporcionou-se por esta for- ma mais uma occasião para la- mentarmos sinceramente a quasi absoluta falta de soccorros em si- nistros d'esta natureza.

O material, que a camara mu- nicipal possue, para extineção de incêndios, é tudo quanto ha de mais caricato e ridículo.

Duas bombas, próprias para jardim, e de mais a mais velhas ; as mangueiras de lona (!), medin- do, quando muito, quatro ou cin- co metros de comprimento e... mais nada !!!

O marido-severo é essencial- mente disciplinador. A mulher e os filhos não são para elle mais do que recrutas que precisam en- sino e rigor. Uma das suas máxi- mas, que recordam a todo o mo- mento a casaca de briche dos an- tepassados, é esta:

—O marido que der confiança á sua mulher, está perdido.

As filhas d'este pae exemplar e tradiccional, até aos i5 annos só usavam os vestidos compridos quando a moda ainda os não ti- nha feito curtos para aquellas edaj dcs. Os rapazes andam no Virgi- lio sem se emanciparem do jalc- quinho e da vigilância do agua- deiro.

O marido-severo é um typo in- completo, se não possue um na- riz imponente. A severidade do nariz é a cupula da severidade das

suas maximas. Basta que seja com- prido de nascença, a pitada cons- tante o alargará depois.

Os visinhos conhecem, quando este marido entra cm casa. Tudo é silencio. Os pequenos não sal- tam ; a creada não canta na cosi- nha : as meninas fecharam a ja- nella e só uma voz se ouve, gros- sa, profunda, solcmne: é a voz d'aquelle que paga os roes.

Trinta annos se passam ás vezes, sem que os vínculos da in- timidade estreitem este homem á sua família. O marido-severo conserva a alma entalada nos col- larinhos da disciplina, e na hora extrema responde com um pro- vérbio de lagrimas do ultimo adeus, e de testa franzida entra nos humbraes da eternidade.

Manoel Roursado

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O ALBICASTRENSE

O sr. José Guilherme Morão, proprietário de uma fabrica de fiação, situada na rua do Pina, em frente de um dos prédios in- cendiados, poz, com generosa phi- lantropia, ao serviço do incêndio muitos dos seus operários, bem como toda a agua precisa, tirada a vapor de um poço, que tem ifa- quella fabrica.

As bombas, porem, não são construídas de maneira a beber directamente de qualquer poço, por meio de mangueiras, nem tão pouco a cantara possue baldes a- propriados para se estabelecer um cordão de gente, afim de que a agua fosse levada de mão em mão ao local do sinistro em taes bal- des!

Uma miséria para uma aldeia, mas um crime para uma cidade capital de districto!...

Particular e individualmente, to- dos os vereadores nos merecem muita consideração e respeito. Co- mo administradores do município e collectivamente, confessamos, com toda a imparcialidade, que nos caracterisa, os seus serviços deixam muito a desejar...

As nossas palavras traduzem fielmente a opinião publica, acrc- ditem-nos.

O nosso prezado amigo, sr. Jose^Mw—cy«4i Çonceição, digno sub-insp^-..w>ij^coi^r Elva<J tendo antecipado a sua partida iTesta cidade, encarrega-nos de, cm seu nome, agradecer os com- primentos com que foi honrado, durante o pouco tempo que per- maneceu etr. Castello Branco.

Foram nomeados arbitradores para a comarca de Castello Bran- co os sr. João Alexandrino No- gueira de Brito e José Rodrigues Leitão.

Vieram de Villa Viçosa quatro potros para o regimento de caval- taria 8, aqui aquartelado.

Os cães vagabundos, que infes- tavam esta cidade, teem desappa- recido quasi totalmente, ^devido as acertadas providencias, que adoptou o nosso respeitável ami- go, sr. Manoel Duarte de Carva- lho e Souza, digno commissano de policia civil. Cerca de 400 cães teem sido mortos, com uns bollos, preparados com carne na acreditada pharmacia do sr. Xa- vier Rodrigão, os quaes produzem morte quasi instantânea.

Pela nossa parte, só lamenta- mos que não seja de execução permanente o serviço da extineção J'aqueiles animaes.

^ O nosso distincto amigo, sr. dr- Francisco d'Albuquerque Mesqui- ta e Castro, muito illustrado go- vernador civil d'este districto, ob- teve 3o dias de licença, ficando substituído pelo sr. conselheiro Filippo da Silva Ribeiro.

O digno magistrado partiu no domingo, para a capital.

Está de luto o sr. Ernesto Pin- to Camillo, digno escrivão do juizo de direito d'esta comarca, pelo fallccimento de sua mui vir- tuosa esposa, ex.""1 sr.4 D. Este- phania Pinto Camello.

Os nossos sentidos pezames.

Vindo da capital, chegou a Cas- tello Branco, ha poucos dias, o sr. Adriano de Vasconcellos, ultima- mente provido no logar de phar- maceutico da Santa Casa da Mi- sericórdia, d'esta ctdade. E1 um Cavalheiro apreciável e um musi- co distincto.

Faz annos depois de amanhã, 1, o nosso respeitável amigo, sr. dr. Hermano José das Neves Cas tro e Silva, mui distincto faculta- tivo municipal d'este concelho. Para festejar no seio de sua famí- lia tão feliz anníversario, o nosso amigo partiu para o Fundão, sua terra natal.

Celcbrou-sc, no domingo ulti- mo, o consorcio do sr. Alfonso Augusto Gomes de Barros, intelli- gente pharmaceutic©, filho do sr. João Gomes de Barros, digno ins- pector de fazenda d1cste districto, com a ex."14 sr.4 D. Sophia Ro- drigues Pinheiro, virtuosa joven, filha do sr. Fernando Pinheiro.

Aos sympathicos noivos |amos muitas^venturas.

A requisição da Santa Casa da Misericórdia de Castello Branco, chegou a esta cidade uma enfer- meira do Hospital de S. José, de Lisboa, afim ae prestar serviço n'a- quclle pio estabelecimento, sem duvida o primeiro da Beira Baixa tVeste genero.

No domingo, regressou de Lis- boa á sua casa na Louza o sr. Vaz Preto, digno par do reino, e chefe do partido unionista, n'estc districto.

Depois da investigação adminis- trativa, procedeu-se judicialmente, no dia 23, ao exame directo dos acontecimentos do Tortozcndo.

Manifestou-se o phyloxera nas vinhas de uma propriedade, que o sr. Candido José da Cunha, d'esta cidade, possue nas cercanias da Covilhã.

Está contratado o casamento da ex.'"4 sr.4 D. Eugenia Caldeira, mui interessante c virtuosa filha do sr. conde da Borralha, com o sr. José Ottolini, filho do sr. vis- conde de Oitolini.

No dia 23, pelas 7 horas da manha, descarrilhou, proximo do kilometro 7.0, a locomotiva, que faz o serviço de balastragcm, en- tre esta cidade c a ponte da Sil- veirinha, havendo a lamentar ape- nas a inutilisação de 90 metros de via. No mesmo dia, á tarde, es- tava amachina devidamente mon- tada nos rails e restaurada a via.

As avarias occorridas na loco- motiva foram insignificantes.

sahida do sr, Sampnior lhe foge grande parte dos lucros que ^até aqui auferia

SECtlO LlimtHlt

Passa hoje n'esta cidade, em di- recção á Figueira da Foz, afim de fazer usos de banhos do mar, o sr. visconde de Tinalhas.

No regimento de cavai 8, itqui aquartelado,-!!;.--! dois capitães, um dos quaes occu- pa actualmente o logar de tenen- te coronel e o outro o de major.

São elles os srs. Francisco Al- berto da Silva Pelejão e Manoel Domingues.

Desempenhando as funeções de coronel está o sr. major José de Sousa Barradas.

N u.n tiíbuMi

Que prodigioso e dcslumbran- to espcciaculo e esse, que nos otlercce a natureza, no silencio das noites, quando a lua, desta- cando-se luminosa no fundo azu- lado da tela infinita, acorda cm o nosso pensamento as rcrniniscen- cias suavemente melancólicas de tudo o que nos é saudoso ?

Ao apparecimento da rainha dos astros nas regiões ethereas,dis- séreis que se cobre de luto tudo o que ha de magestoso e bello na natureza : as montanhas, recorta- das de sombrios traços, avultam ameaçadoras e sinistras ; as arvo- res, emmurchecidas, asscmelham- se a um terrível aspecto ; as flores, pendidas na haste, recusam o seu grato odor ;'o murmurio das aguas recorda as melodiosas notas de uma marcha fúnebre ; as avesi- nhas, recolhida, sofiocam as suas canções, e o homem, em langui- do enleio, medita e chora !.. •

C. Correia de Sampaio.

ia li» (

Na ourivesaria e relojoaria da conceituada e bem conhecida fir- ma Viuva Almeida & Filhos, es-j tabelecida na Praça Nova, n.° 5, Castello Branco, recebem se assi- . gnaturas e annuncios para o 2il- I bicastrense.

Já partiu para Paris, afim de sujeitar-se ao tratamento do cele- bre especialista Pasteur, a creadr de servir ha dias mordida, n'esta cidade, por um cão hydrophobo.

Os srs. José Duarte Sequeira c Francisco Antonio Lucas toma- ram a iniciativa de uma subscri- pção para tão humanitário fim.

Acções d'estas registam-se ape- nas.

CASTEU.O BRANCO

Partiu para a Borralha o sr. Domingos José Roballo, illustre pharmaccutico d'esta cidade.

E' esperado entre nós o sr. D. Antonio de Noronha, que vem passar alguns dias com o sr. Vis- conde de Castello Novo, em Es- callos de Cima.

Foram transferidos de cavalla- ria 8 para lanceiros i o sr. tenen- te coronel Antonio Eugénio de Mendonça, e para cavallaria do imperador de Allemanha o sr. ca- pitão Francisco Nunes Serra e Aloura, actualmente em diligencia no quartel general da i.4 divisão militar.

Consta nos que o nosso amigo ! Sampaio, ajudante da pharmacia

da Misericórdia, se ausenta d'es ta cidade.

Como é sabido de toda a gen- te o sr. Sampaio era um intelli- gente e habilissimo preparador, cuja substituição será difficil; po- dendo-se mesmo avançar sem re- ceio de errar, que a sua sahida da pharmacia alludida, deixa uma lacuna immensa, que a população da cidade c os interesses da Ali- sericordia sentirão deveras. A con- fiança illimitada que clle inspirava ao publico, fazia-o nffluir alli na sua maior parte, e de certo essa affiucncia diminuirá consideravel- mente com a sua sahida.

Sentimos, pois, que a Miseri- córdia fuja á insignificante despe- za, que faria, augmentando-lhe o" ordenado, e não veja que com a

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CURATIVOS CHUTOS

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Pílulas vegetaes, curam em poucos dias todas as sazões e fe- bres intermetentes, ainda as mais rebeldes, com o uso de uma só caixa !

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A1 venda na ~Pha, macia Xavier Rodrigão—Castello Branco

J D

Perante a camara municipal do concelho de Villa Velha de Rodam se acha aberto concurso, por es- paço de 3o dias, a contar da pu- blicação d'este annuncio, para o pro\ imento das cadeiras d ensino elementar do sexo masculino das freguezias d'Alfrivida, (com sédc em Perues) Fratel e Sarnadas, c do sexo feminino do Fratel, com o ordenado annual de 100:000 réis e gratificações determinadas na lei.

Villa Velha de Rodam, 19 de julho de 1889.

O presidente da camara,

Jose Pinto Rombo.

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O ALBICASTRENSE

DE

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(Parte Continental e Insulai)

a população por dislriclos, concelhos e fregiiezias, a superfície por dislriclos e concelhos

designando todas as cidades, villas e outras povoações, ainda as mais insignificantes,

a divisão judicial, administrativa, ccclesiastica c militar, as distancias das freguezias ás sedes' dos concelhos,

c comprchcndendo a indicação das estações do caminho de ferro do serviço postal, telegraphico, tclephonico,

da emissão de vates do correio, de cncommendaspostaes; repartições com que as ditferentcs estações permutam malas, etc., etc.

POR

F. A, DE MATTOS

F.inprcgado no Ministério da Fazenda e socio da Sociedade de Geographia de I.isboa

LEtiOS A C.\ Editores — Praça d Alegria. W4

PO%TO

j£^cxsíraDR,x^

revolução" FKáKCKZA

POR

LUIZ IB IL QUISTO

TRADUCÇÁO DF.

MAXIMIANO LEMOS JUNIOR

Uaustarda com perto de 600 magnificas gravuras

O Diccionario Chorographico de Portugal, que annuncia- mos, para se tornar accessivel a todas as bolsas, será dividido em fascículos de '5-i paginas, em 8.° francez, bom papel e impressão ni-

modico PrCÇ° dS 60

Nas províncias e ilhas a distribuição dos fascículos far-se-ha ás remessas de quatro, pagos adiantadamente.

O DICCIONARIO CHOROGRAPHICO DE PORTUGAL, formará um sô volume, cujo preço não excederá a 1^400 réis.

Acceitam-se agentes cm todas as terras do paiz. As pessoas que obtiverem dez assignaturas, responsababili-

sando-se pelo pagamento e distribuição dos respectivos fascículos, receberão um exemplar gratis.

Toda a correspondência será dirigida a F. A. de Mattos, '1. de S. Domingos, 3p, 2.°—Lisboa.

OURIVESARIA

E

Este livro, que criticos auctorisados consideram como o único á altura da epocha de que se occupa, será publicado em 4 volumes de joo paginas cada um.

A parte material da edição é magnifica. A empreza Lemos os. C.a contractou com a casa editora franceza a cedencia de todas as gravuras, retratos, etc., que são em tal quantidade que se pôde cal- cular que cada fascículo conterá cinco ou seis gravuras, algumas das quaes de pagina inteira.

Cada fascículo comprehcndc ió paginas, em quarto, impressas em type elzevir, completamente novo, de corpo 10, o que nos per- mittedar uma grande quantidade de materia ii'um pequeno espaço-* Typo, papel, formato, gravuras c disposição da nossa edição podej^ ser apreciadas pelos prospectos, pelos fascículos em distribuição

Jus álbuns specimens em poder dos correspondentes da e A. vJQS ll\ 1 a» uto. PREÇO DE CADA FASCÍCULO — 100 RÉIS

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edição. A capa em separado custa doo réis.

Para os assignantes que preferirem receber a obra aos fascículos, continua aberta a assignatura.

Preço de cada fascículo 240 réis sem maisjdespeza alguma Agente cm I.isboa, Sergio da Silva Magalhães, Calçada do (.om-

bro n.° 20. Editores, no Porto. Lopes & CP, rua do Almada, 119 a i 2D. Ha agentes em todas as principaes terras do paiz. Em Castello Branco recebe assignaturas

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