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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O ALUNO E AS BARREIRAS NO CAMINHO
DO CRESCIMENTO EDUCACIONAL
DAVID BALARINI PEROVANO
ORIENTADOR: PROF. VILSON SERGIO DE CARVALHO
CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM, ES
NOVEMBRO/2008
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O ALUNO E AS BARREIRAS NO CAMINHO
DO CRESCIMENTO EDUCACIONAL
DAVID BALARINI PEROVANO
Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia)
apresentado à Universidade Cândido Mendes
como requisito para obtenção do título de
Especialista em Docência do Ensino Superior
(Pós-Graduação Latu Sensu).
CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM, ES
NOVEMBRO/2008
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, à minha família e aos meus amigos
pelo suporte em todos esses anos de caminhada.
Em especial, agradeço minha noiva Andreia pelo amor,
dedicação e equilíbrio transmitido a cada dia que passa.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia à evolução do sistema de ensino brasileiro,
que precisa de pessoas empenhadas na educação com foco
na melhoria coletiva da vida de alunos, professores, instituições de
ensino e sociedade em geral. Educação: base fundamenta
para a construção de um futuro melhor para todos.
5
RESUMO
O sistema educacional superior brasileiro enfrenta um complexo
paradoxo. Diante de uma realidade seletiva, um mercado de trabalho exigente
e uma dinâmica mundial globalizada, a postura dos alunos dos cursos
superiores, com ênfase no turno noturno, apresenta-se antagônica às
expectativas dirigidas a estes indivíduos. Desta forma, as faculdades
participam da formação de um aluno que não se prepara adequadamente às
demandas externas ao ambiente educacional, devido a motivos pessoais e
sociais, como também pelo fato das instituições de ensino não atentarem para
alguns fatores estruturais determinantes deste comportamento. Além de ser
necessária e urgente a revisão da forma de ensinar, compreendendo uma
adequação dos cursos e instituições, é fundamental a atribuição de
responsabilidades ao aluno e maior participação na elaboração da forma de
ensinar e aprender, empreendendo ao processo de aprendizagem as
características do educador aliadas ao educando, e não mais concorrentes.
6
METODOLOGIA
O trabalho monográfico foi desenvolvido com base em duas linhas:
pesquisa bibliográfica, abordando educadores como Paulo Freire e outros; e
pesquisa de campo, composta por aplicação de questionários a um grupo de
130 (cento e trinta) alunos do ensino superior noturno da cidade de Cachoeiro
de Itapemirim/ES e Castelo/ES, e entrevistas com profissionais de educação
superior, coordenadores, administradores de faculdades, psicanalistas e
pedagogos.
A utilização destas duas fontes de informações foi de extrema
importância para, primeiramente, estruturar a monografia em relação à
evolução da educação superior brasileira, como também produzir e apresentar
dados atualizados sobre a realidade do ensino superior na área geográfica de
atuação do autor. Através da união destas informações, este trabalho permite a
continuação do estudo além de poder ser utilizado como base para o
aprimoramento dos diversos pontos fortes e fracos dentro das instituições de
ensino avaliadas.
Os dados obtidos com as pesquisas de campo foram tabulados e
apresentados em tabelas comparativas e gráficos expositivos, permitindo a
visualização total das três realidades estudadas. Os formulários de entrevista
desenvolvidos e aplicados aos alunos foram baseados nas seguintes
informações: dados demográficos relativos aos alunos, informações sobre as
instituições de ensino superior (IES), aspectos físicos e recursos humanos das
IES; além de questionários subjetivos feitos aos professores e coordenadores
dos cursos. Estes aspectos foram apontados por serem contundentes em
relação ao tema desta monografia, ou seja, as barreiras encontradas pelos
alunos para a conclusão de uma graduação superior.
A amostra de alunos selecionada para responder às pesquisas de
campo foi composta de estudantes dos períodos iniciantes e concluintes.
Devido à dificuldade de aplicar o questionário fora do ambiente educacional, a
pesquisa foi realizada junto às turmas nas quais o autor ministra aulas. Estes
7
alunos fazem parte dos cursos de Administração de Empresas e Sistemas de
Informação (UNES / FACASTELO), como também dos cursos tecnólogos de
Gestão de Recursos Humanos e Tecnologia em Rochas Ornamentais (FACI).
Não houve exclusão ou direcionamento dos questionários para alunos, ou seja,
a pesquisa foi realizada em dias alternados entre julho e dezembro de 2007
junto aos alunos que estavam em sala de aula nos respectivos dias.
Os professores entrevistados foram selecionados a partir dos cursos nos
quais ministram aulas. A pesquisa com estes profissionais foi realizada, em sua
totalidade, através de questões abertas e subjetivas, nas quais os
respondentes tinham a possibilidade de exprimir suas opiniões sobre o tema
proposto. A aplicação das questões foi feita através de envio de e-mails e as
respostas recebidas pela mesma fonte ou através de depoimentos pessoais
nos intervalos de aulas. Os demais profissionais de educação, como
coordenadores de curso, foram solicitados através de contato telefônico, e a
síntese dos depoimentos está descrita também neste trabalho. O
posicionamento da psicanalista foi obtido através de depoimento pessoal e sua
síntese também foi incluída na monografia.
A análise sob o ponto de vista mercadológico foi realizada pelo autor da
monografia, uma vez que sua graduação em comunicação social com ênfase
em publicidade e propaganda, aliada ao conhecimento prático do mercado de
trabalho e a teoria ministrada em sala de aula, permitem tais comentários
acerca dos reflexos provocados pelas barreiras em relação ao rendimento do
estudante, levando em conta como estes alunos servirão como propagadores
de uma imagem, positiva ou negativa, das instituições de ensino, e como tais
barreiras atuam como atrativos ou repelentes de alunos para tais faculdades.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................09
CAPÍTULO I - Posicionamento sobre educação brasileira ontem e hoje..........13
1.1- A “Pedagogia do Oprimido” de Paulo Freire....................................13 1.2- Evolução histórica do ensino superior no Brasil..............................16 1.3- Psicologia da Educação: Desenvolvimento pessoal e educação....18 1.4- Produção do fracasso escolar: O professor que não ensina e o aluno que não aprende......................................................................................21 1.5- Os grandes problemas da educação básica e seus reflexos na educação superior.............................................................................................23 1.6- Novas competências para ensinar...................................................26
1.7- Estatísticas do MEC sobre a realidade do ensino superior no Brasil.......................................................................................................31 1.7.1- Número de faculdades no Brasil........................................31
1.7.2- Número de alunos matriculados em IESES no Brasil........31 1.7.3- Média de evasão escolar nas faculdades..........................31 CAPÍTULO II - Perfil do aluno de curso superior nas faculdades analisadas no sul do estado do ES...........................................................................................33
2.1- Perfil das faculdades analisadas no sul do estado do ES...............35 2.1.1- FACASTELO......................................................................35 2.1.2- UNES..................................................................................36 2.1.3- FACI...................................................................................36 2.2- Análise dos resultados sobre pontos positivos e negativos apresentados pelos alunos entrevistados nas faculdades avaliadas................37 2.2.1- Estrutura física da faculdade..............................................37 2.2.2- Corpo docente....................................................................41 2.2.3- Administração/Secretaria...................................................44 2.2.4- Imagem da Instituição........................................................46 2.2.5- Postura do aluno................................................................48 CAPÍTULO III - Opinião dos profissionais de educação....................................51
3.1- Análise de pedagogos e coordenadores de curso sobre a educação superior no período noturno nas faculdades particulares do sul do ES......................................................................................................................51 3.2- Análise de psicólogos/psicanalistas sobre a influência dos aspectos avaliados pelos alunos em suas faculdades......................................................51 3.3- Análise dos docentes atuantes em cada faculdade sobre os alunos do turno noturno e suas posturas em sala de aula............................................52
9
3.4- Análise das impressões apresentadas pelos alunos, professores e profissionais entrevistados sob o ponto de vista mercadológico.......................53 CONCLUSÃO....................................................................................................57 BIBLIOGRAFIA..................................................................................................59 ANEXOS............................................................................................................61
10
INTRODUÇÃO Ser aluno é um desafio na atualidade, ainda mais diante dos tão plurais
cenários cotidianos vivenciados pelo estudante. Os estímulos antagônicos à
educação, mesmo os menos ofensivos, são inúmeros e fortes o bastante para
desvirtuar a atenção e o interesse do estudante, em todos os níveis de
aprendizagem. Televisão, moda, contexto sócio-econômico, preguiça, vícios,
tudo desmotiva o aluno suficientemente, compondo um perfil midiático do aluno
do ensino superior no país.
Na realidade das instituições de ensino superior tais estímulos geram um
problema ainda mais complexo. Se no ensino fundamental e médio a figura do
professor e demais organismos coordenadores representam parte da disciplina
instituída ao sujeito em formação, no ensino superior todas as figuras antes
respeitadas são, na maioria dos casos, traspassadas mediante o livre arbítrio
do adulto que se apresenta como estudante. Somado a isso, novas
diversidades de estímulos e realidades acabam impelindo boa parte dos
educandos ao desinteresse pelo curso e conseqüente abandono.
Com base na prática em sala de aula, desde 2005, ministrando aulas
para os cursos de administração de empresas, sistemas de informação e
gestão de recursos humanos, percebi a necessidade de estudar os motivos da
falta de atenção e dificuldade de concentração do aluno do ensino superior
noturno, através de pesquisas na bibliografia da área de educação e
pedagogia, análises de questionários e entrevistas com discentes e docentes.
A motivação para a composição de um trabalho monográfico, com o foco
voltado para o comportamento do aluno em relação ao seu meio ambiente, é
baseada na necessidade de aprimoramento da didática e dinâmica das aulas
presenciais, uma vez que ao debater este assunto em reuniões pedagógicas
com professores, como também em intervalos de aulas com os alunos,
verifiquei um grande interesse das partes em dirimir tamanhas distorções
percebidas.
11
Este trabalho tem como finalidade auxiliar o desenvolvimento de
metodologias, saídas administrativas e mercadológicas, como também
propostas psicossociais para a aproximação da realidade do aluno, enquanto
indivíduo dotado de inúmeras variáveis sociais, econômicas e culturais, com os
conteúdos e propostas das disciplinas ministradas nos cursos superiores do
turno da noite.
Além disso, os resultados contidos neste trabalho poderão contribuir
para a elaboração de conteúdos programáticos, determinados para cada
disciplina dos cursos superiores noturnos, para uma exploração cada vez maior
do potencial individual, sem promover discriminações em sala de aula,
valorizando as propostas e soluções apontadas pelos alunos.
Paulo Freire manifestou em uma frase o pensamento que rege todo o
conteúdo deste trabalho: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade,
sem ela, tampouco, a sociedade muda”. Pensando na relação existente entre a
fundamentação da educação e a formação das sociedades é possível entender
porquê as escolas – em todos os níveis – estão esvaziadas de interesse e
pensamento crítico, da mesma forma que os indivíduos perdem,
paulatinamente, a capacidade de inventar suas realidades, tornando-se parte
de uma média preocupante: alienada, acomodada e aparentemente satisfeita.
No Capítulo I o autor apresenta uma síntese da evolução histórica da
educação brasileira, com ênfase no ensino superior. Também há referência aos
principais autores de pedagogia e educação, como Paulo Freire, Piaget e
Vigotsky, além da apresentação de problemas na educação superior no Brasil
e as novas competências de ensino propostas por Philippe Perrenoud. Neste
capítulo ainda são informadas as principais estatísticas do MEC sobre a
educação superior no Brasil, tomando por base o Censo da Educação Superior
de 2005.
O segundo capítulo expõe a realidade das instituições de ensino que
serviram como base de pesquisa para o autor. Através da apresentação e
comentário sobre dados demográficos e opiniões obtidas junto aos estudantes,
este capítulo expõe os diversos cenários existentes nas faculdades do sul do
estado do ES.
12
No Capítulo III o autor apresenta a opinião dos profissionais de
educação, além de uma análise psicanalítica e mercadológica, sobre os
resultados da pesquisa feita com os alunos, permitindo a coordenadores e
professores a oportunidade de exprimirem seus apontamentos em relação à
realidade vivenciada nas instituições e em sala de aula junto aos alunos.
13
CAPÍTUULO I
POSICIONAMENTO SOBRE EDUCAÇÃO BRASILEIRA
ONTEM E HOJE
1.1- A “Pedagogia do Oprimido” de Paulo Freire
“Paulo Freire é um pensador comprometido com a vida: não pensa
idéias, pensa a existência”. Com esta frase, o professor Ernani Maria Fiori inicia
seu prefácio para o livro “Pedagogia do Oprimido” de Paulo Freire. Mesmo
datado em 1967, o comentário a respeito do grande educador brasileiro ainda
se faz recente, uma vez que sua obra é referenciada no desenvolvimento de
trabalhos educacionais e na produção de novas teorias para a educação no
Brasil.
O paradoxo opressor-oprimido é tão contundente quanto recente. A
realidade atual impele à busca da análise entre causas e efeitos da opressão
no âmbito educacional do país. Baseado no livro de Paulo Freire é possível
construir uma analogia entre o cotidiano da vida e o cotidiano da educação,
complementares e distintos ao mesmo tempo.
Enquanto elementos complementares, cotidiano e educação exprimem a
utopia da integração perfeita entre teoria e prática. Pela teoria se conduz uma
prática eficiente, impregnada de conteúdo. Pela prática se formulam novas
perspectivas, novos paradigmas, e a sucessão é crescente.
Por outro lado, enquanto elementos distintos, cotidiano e educação
tornam-se ainda mais repelentes. Mesmo claramente interessante na proposta
anterior, a integração esbarra em inúmeros conflitos existenciais, alimentados
por séculos. Tanto os modelos de sociedade quanto os educacionais mudaram
pouco em relação à sua essência, uma vez que o homem esteve
continuamente, em sua história, subjugado ao próprio homem.
Segundo Paulo Freire (FREIRE, 1987) um dos aspectos que
surpreendemos é o “medo da liberdade”. O medo da liberdade esteve e ainda
14
está muito presente nas sociedades. A palavra liberdade, vista de forma ampla,
é amedrontadora para muitos, principalmente àqueles que carregam consigo
traumas condicionantes e realidades convenientes. A liberdade da qual Paulo
Freire se refere é um degrau alto demais para indivíduos que não constituíram-
se em camadas basais. A infra-estrutura dessas pessoas não comporta um
peso tão grande quanto o da liberdade. Uns confundem-se, tornando a
liberdade um sinônimo para a falta de limites, outros travestem sua liberdade
com o que há de pior: a doutrinação sem precedentes.
Não é a conscientização que pode levar o povo a fanatismos destrutivos.
Pelo contrário, a conscientização lhe possibilita inserir-se no processo histórico,
como sujeito, evita os fanatismos e o inscreve na busca de sua afirmação.
Essa conscientização é hoje maculada pelos inúmeros chamarizes
pasteurizadores, que infelizmente são muito atraentes às pessoas cujas
realidades não favorecem o exercício da crítica. Cultura de massa, consumo
exagerado de informações incompletas e resumidas, dogmas momentâneos,
entre outros modismos, levam à criação da sociedade descartável, que se
acostuma a cada dia com a posição gordurosa de espectador. Segundo Paulo
Freire, o medo da liberdade, de que necessariamente não tem consciência o
seu portador, o faz ver o que não existe. No fundo, o que teme a liberdade se
refugia na segurança vital, preferindo-a à liberdade arriscada.
A ordem social injusta é a fonte geradora, permanente, desta
generosidade, que se nutre da morte, do desalento e da miséria. Os oprimidos,
contudo, acomodados e adaptados, imersos na própria engrenagem da
estrutura dominadora, temem a liberdade enquanto não se sentem capazes de
correr o risco de assumi-la.
Sem exageros, pode-se fazer uma analogia à libertação como um parto,
sendo este parto visto sob a ótica da agressão natural à qual o feto é
submetido ao ter que abandonar sua redoma segura para enfrentar o mundo.
Como o bebê que chora, sendo este seu único possível manifesto, o homem
que nasce deste parto é um homem novo. A superação é o parto que traz ao
mundo este homem novo não mais opressor, não mais oprimido, mas homem
libertando-se, num processo gradual contudo ascendente.
15
Segundo Paulo Freire, o opressor só se solidariza com os oprimidos
quando o seu gesto deixa de ser um gesto piegas e sentimental, de caráter
individual, e passa a ser um ato de amor àqueles. A solidariedade verdadeira
surge daí, como uma antítese ao assistencialismo banal que não gera
sustentabilidade, apenas alimenta a rotina opressora.
Uma das maiores verdades descritas no livro de Paulo Freire está
descrita na seguinte frase: “Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta
sozinho: os homens se libertam em comunhão”. Mas, que comunhão é esta
que na verdade não se mostra tão comum? Na verdade, o que pretendem os
opressores é transformar a mentalidade dos oprimidos e não a situação que os
oprime, e isto para que, melhor adaptando-os a esta situação, melhor os
dominem. Então surge uma outra grande verdade descrita no texto de Paulo
Freire: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se
educam entre si, mediatizados pelo mundo”.
Um ambiente midiatizado, hoje, pode ser descrito pela atmosfera de
senso comum na qual os sujeitos estão inseridos. Uma verdadeira guerra de
estereótipos promovida pela televisão e aceita, sem ressalvas, por uma massa
ainda facilmente moldável. A resistência à ruptura da opressão midiática é
visível, dada a evolução de novos personagens produtores de informações
descartáveis. A humanidade submetida a esta cultura restritiva à crítica
desenvolve uma auto-suficiência perigosa, sendo esta incompatível com a
comunhão mencionada acima. O isolamento ocorre, uma vez que o ser
humano deixa de desenvolver suas opiniões e aceita as verdades
convenientes. Segundo Paulo Freire, os homens que não têm humildade ou a
perdem, não podem aproximar-se do povo. Mas pode-se dizer que pior que a
repulsa manifestada pelos arrogantes opressores é aquela manifestada pelos
oprimidos, gerando um preconceito sem precedentes.
O homem desiste, muitas vezes, da vontade de pensar pelo fato de não
desenvolver ao longo da vida seu próprio motivo de viver. Finalmente, não há
o diálogo verdadeiro se não há nos seus sujeitos um pensar verdadeiro. E esta
verdade baseia-se na crítica, na explosão de idéias. Sem agitação, sem
provocar a verdadeira mudança, a sociedade continuará aplaudindo a
16
recorrência de manifestações do que Muniz Sodré usou como título para um de
seu livros: a comunicação do grotesco.
1.2- Evolução histórica do ensino superior no Brasil
Segundo a evolução histórica traçada por Antônio Gaspar Ruas (apud
GARCIA, 1978), o início do ensino superior no Brasil é alvo de discussão. Para
alguns os primeiros cursos superiores só foram estabelecidos a partir de 1808,
pelo príncipe regente D. João. Para outros, entretanto, os jesuítas ofereceram
esse grau de ensino bem antes. As aulas de anatomia e cirurgia, criadas em
1808 na Bahia, segundo a opinião comum dos autores, constituem os primeiros
cursos superiores profissionais no Brasil. Dessas aulas iriam resultar as
faculdades de medicina da Bahia e do Rio de Janeiro. No mesmo ano é criada
a Academia dos Guardas-Marinhas, que viria a ser mais tarde a atual Escola
Naval.
No Rio de Janeiro foi fundada, em 1810, a Academia Real Militar,
transformada em 1858 na Escola Central, voltada à formação nas áreas de
matemática, ciências físicas e naturais, além de oficiais para o exército e
engenheiros civis. Em 1873 a Escola Central passa ao Ministério do Império,
sendo assim transformada na Escola Politécnica do Rio de Janeiro. O ensino
militar ministrado na Escola Central fundamentou a construção da Escola
Militar.
Os cursos jurídicos criados em 1827 em Olinda e São Paulo dão lugar
às Faculdades de Direito do Recife e de São Paulo, a partir de 1854. No final
do século XIX é constituída a Escola de Minas de Ouro Preto. No fim do
período imperial, o Brasil contava com pouco mais de uma dezena de
estabelecimentos de ensino superior.
Ao findar-se o Império havia pouco mais de uma dezena de
estabelecimentos de ensino superior.
Com a república aparece o chamado ensino superior livre, permitindo-se
a criação de “escolas livres e equiparadas” de direito, farmácia e engenharia.
17
No período republicano anterior a 1930, os assuntos de ensino superior
foram da alçada do Ministério da Instrução. Ampliou-se, nessa primeira fase da
república, a rede de instituições de ensino superior. Criou-se, em 1920, a
Universidade do Rio de Janeiro, reunindo-se a Faculdade de Medicina, a
escola politécnica e uma Faculdade Livre de Direito. Ao criar-se, em 1930, o
Ministério da Educação e Saúde Pública, atingia-se quase setenta o número
das instituições de ensino superior.
O decreto n° 19.851, de abril de 1931, determinava que o ensino
superior seria de preferência realizado em universidades, podendo ser
ministrado em estabelecimentos isolados, e estabelecia o que chamou de
“estatuto das universidades brasileiras”, abrindo lugar para os cursos
superiores de estudos gerais, isto é, as faculdades de filosofia, ciências e
letras, as quais viram multiplicar-se como escolas de formação de professores
do então chamado ensino secundário.
Criou-se a Universidade de São Paulo em 1934. A Universidade do
Distrito Federal, criada em 1935, foi depois extinta, incorporando-se os seus
cursos, em 1939, à Universidade do Brasil, nome com o qual se transformara,
em 1937, a Universidade do Rio de Janeiro. A partir de 1930, em 30 anos, mais
de 20 universidades se constituíram, funcionando, em 1960, cerca de 15
federais. Organizaram-se os novos tipos de cursos. Dilatou-se
consideravelmente o número de cursos superiores, chegando a 1.115 em
1960.
Em julho de 1968, em consonância com estudos especiais e
manifestações diversas de professores, autoridades universitárias, alunos,
imprensa e entidades diversas, um decreto do poder executivo dispõe sobre a
instituição de um grupo de trabalho para promover a Reforma Universitária.
O grupo apresentou um relatório no qual propôs uma série de
anteprojetos de lei e decretos para a implantação da Reforma. Das leis
referentes à Reforma Universitária não pode-se deixar de citar a lei 5.540, de
28 de novembro de 1968, que “fixa normas de organização e funcionamento do
ensino superior e sua articulação com a escola média”. Outros atos que devem
ser citados são a lei n° 5.537, de 21/11/1968, que cria o Fundo Nacional de
18
Desenvolvimento da Educação, o decreto n° 67.348, de 06/10/1970, que
“institui o Programa Intensivo de Pós-Graduação, nas áreas ligadas ao
desenvolvimento tecnológico do país”, e o decreto n° 67.350, da mesma data,
que “dispõe sobre a implantação de centros regionais de pós-graduação”.
1.3- Psicologia da Educação: Desenvolvimento pessoal e educação
De acordo com Mariana Miras Mestres e Javier Onrubia Goñi (apud
SALVADOR, 1999), desenvolvimento e educação estão determinados em duas
grandes posições: por um lado, a que defende que educação e
desenvolvimento são processos essencialmente separados e
fundamentalmente independentes, e que a educação não constitui um fator
especialmente relevante para o crescimento e desenvolvimento do indivíduo;
por outro lado, a que sustenta que educação e desenvolvimento são processos
estritamente inter-relacionados, e que a educação deve ser valorizada como
um elemento determinante no desenvolvimento pessoal – um verdadeiro motor
do desenvolvimento.
Isso conduz à distinção entre duas maneiras de conceituar o processo
do desenvolvimento humano: a noção de desenvolvimento como um processo
necessário, no qual os fatores do tipo biológico têm um peso importante, e a
noção de desenvolvimento como um processo mediado por outras pessoas e
pelas formas culturais que se acumulam e se transmitem de geração em
geração.
A segunda forma de interpretar a relação entre desenvolvimento e
educação parece fornecer conclusões melhor fundamentadas, uma vez que a
própria evolução da educação depende do desenvolvimento das sociedades.
Qual seria a função de um processo educacional em constante aprimoramento
sem nenhuma ligação com a atual situação do ser humano em seu cotidiano?
A própria didática é um excelente exemplo para justificar a necessidade de
incluir o processo evolutivo do homem no processo evolutivo da educação. Não
é simples imaginar um aluno do ensino superior, tendo em vista seu dia-a-dia
atribulado, trabalhando para custear os estudos, priorizando a educação em
19
detrimento de aspectos de realização pessoal, sendo submetido aos dogmas e
retóricas dos professores da educação superior de gerações anteriores. O
aluno quer ver-se nos exemplos de sala de aula, quer saber, na prática e de
forma objetiva, como utilizar as teorias dos livros para conquistar vantagens no
mundo empresarial.
Deve-se ainda destacar dois marcos teóricos clássicos no estudo do
desenvolvimento humano: a teoria genética, formulada originalmente por Jean
Piaget, e a teoria da origem social dos processos psicológicos superiores,
formulada por Lev Semenovich Vigotsky.
A teoria de Piaget sustenta a existência de uma relação escassa entre
educação e desenvolvimento. A teoria de Vigotsky, mais adequada à teoria
defendida no comentário acima, representa os pontos de vista da relação
íntima e profunda entre educação e desenvolvimento, concebendo o
desenvolvimento humano como um processo essencialmente mediatizado a
partir do ponto de vista social e cultural.
As principais idéias de Piaget estão estruturadas em três princípios
básicos:
1) A inteligência humana representa uma determinada forma de
adaptação biológica. Por meio da inteligência o organismo humano alcança um
equilíbrio nas suas relações com o meio.
2) O conhecimento manifesta-se como fruto de um autêntico processo
de construção. Frente às posições inatistas e performistas, Piaget sustenta que
as pessoas não nascem providas das noções e categorias de pensamento,
mas que estas são elaboradas no decorrer do desenvolvimento. Nesse sentido,
a herança traz ao processo de desenvolvimento intelectual os reflexos iniciais
do bebê e determinadas invariantes funcionais, que são responsáveis pela
direcionalidade e pela organização do processo. Tudo isso constituiria a base a
partir da qual a construção cognitiva inicia.
3) O conhecimento é elaborado e nasce nos intercâmbios entre sujeito e
objeto. Piaget distancia-se das posições empiristas e das teses idealistas
quanto à origem do conhecimento. A partir desse ponto de vista, o
conhecimento nunca é uma simples cópia da realidade por parte do sujeito,
20
nem tampouco algo que se possa originar completamente à margem das
características dos objetos, mas surge por força da interação entre sujeito e
objeto. Conhecer implica sempre em atuar sobre a realidade de maneira ativa e
transformadora, física ou mentalmente. (PIAGET apud SALVADOR, 1999)
A teoria de Piaget apresenta pontos fracos por tratar de forma
basicamente fisiológica a questão da inteligência. Por mais que o teórico
defenda o processo contínuo de construção do conhecimento, ele peca ao
dizer que o ser humano atua de forma transformadora na sociedade, uma vez
que o homem sujeita-se à manifestações culturais pasteurizadas e prontas
para o consumo, adaptando-se às mesmas e não promovendo uma leitura
crítica e modificadora.
Já a obra de Vigotsky (apud SALVADOR, 1999) representa um projeto
global ambicioso de estruturação de uma psicologia capaz de empreender o
estudo da consciência humana de maneira objetiva e científica. O problema
apresentado por ele é a construção de uma aproximação conceitual e
metodológica estritamente científica, o estudo das funções psicológicas
específicas ao homem, isto é, o estudo da consciência.
O ponto de partida da problemática vigotskiana é contrário ao que adota
Piaget: segundo Piaget, a questão é a relação e a continuidade entre as
propriedades da vida orgânica e as propriedades da cognição humana.
Segundo Vigotsky, a questão é a explicação daquilo que é específico dos
humanos, isto é, do que não é redutível a processos de caráter inferior ou mais
elementar.
Vigotsky compreende o desenvolvimento como um processo unitário e
global, no qual confluem e se inter-relacionam os processos associativos às
duas linhas de desenvolvimento e no qual os fatores biológicos e os sociais e
culturais se encontram articulados em uma relação complexa de autêntica
interação mútua.
O que torna tão mais plausível o pensamento de Vigotsky é sua abertura
à percepção de que o homem não evolui, muito menos a educação, somente
pelos seus esforços hereditários e fisiológicos, ou seja, limitados ao próprio
indivíduo. A verdadeira transformação surge do conflito, positivo ou negativo,
21
de experiências, promovendo a fusão que complementa, continuadamente, o
conhecimento.
1.4- Produção do fracasso escolar: o professor que não ensina e o
aluno que não aprende
A atribuição da culpa relativa ao fracasso escolar provoca uma eterna
redundância improdutiva. De um lado, acusando o sistema educacional, o
aluno e suas verdades, direitos e retóricas. Do outro, esquivando-se do
verdadeiro problema, educadores procurando uma saída estratégica quando,
na verdade, deveriam conhecer o problema a fundo para elaborar uma solução
sustentável. Ambos grupos estão errados em suas certezas, até porque o
resultado dessa disputa é o desenvolvimento moroso de um sistema
educacional desacreditado.
Guido de Almeida (1986) desenvolveu um panorama da educação
brasileira a partir da análise de centenas de redações, gerando a determinação
dos perfis do educador e do educando no país. Segundo ele, o educador
é colocado numa perspectiva romântica, como um indivíduo admirável,
importante, notável, muitas vezes comparado a elementos de elevada carga
positiva, como herói, líder, modelo, entre outros. Mesmo quando é comparado
a estruturas negativas, elas se dão por oposição a fatores positivos.
São muito freqüentes os relacionamentos da figura do educador com
luminosidade, como também é interessante observar um vínculo do mesmo
com profissões artísticas, determinando o educador como um artista, um
escultor, um modelador. Há também as figuras do semeador, guia e salvador.
Na opinião antiga e ultrapassada, professor era o que sabia e ensinava
ao aluno, que não sabia e aprendia. Na linguagem atualizada, observada
durante a análise das redações, o professor é luz, baluarte, alicerce, enquanto
o aluno é cego, folha em branco, espelho.
Esse modelo heróico e inabalável do professor é sustentado por alguns
educadores, como também, espantosamente, por grupos de alunos que,
vinculados a dogmas educacionais antigos, veneram o professor pela sua
22
simples existência, deixando de lado o questionamento e aceitando
prontamente suas verdades.
Se o professor, anteriormente, caracterizava-se por um conhecimento
mais sólido de sua disciplina e por uma exigência muito grande no tocante à
avaliação do aluno quanto à aquisição do conhecimento, atualmente o
professor quer caracterizar-se por sua capacidade de manter um bom
relacionamento com os alunos. A própria aproximação ocorrida entre alunos e
professores justifica essa evolução no pensamento. Espontânea ou
forçadamente, a criação de um ambiente de integração favorece a ruptura com
alguns paradigmas, principalmente aqueles que subjugam o pensamento do
aluno em relação aos conceitos prontos dos professores.
Guido de Almeida (1986) expressa que diante de ambas situações é
possível visualizar a formatação de estereótipos, gerando conceitos lingüísticos
limitados, gerando um círculo vicioso. À força de tanto repetir determinadas
palavras e afirmações, não é possível mais viver sem aquilo que expressam.
Não ousa-se nega-las, e se alguém o faz não tem coragem de admitir. Através
da linguagem acaba-se por interiorizar valores tanto verdadeiros quanto falsos.
O estereótipo tem seu lado positivo na medida em que seria impossível
viver sem ele. A própria língua, considerada um código comum entre seus
usuários, nada mais é que um grande estereótipo, o primeiro, maior e mais útil
de todos eles. Sendo assim, a estereotipia é a base da estruturação social, da
convivência.
O que há de mais negativo no estereótipo é o fato de interceptar a
informação em seu trajeto rumo à consciência, bloqueando o pensamento e a
reflexão, já que é um produto acabado. Empregar um estereótipo é furtar-se ao
ato de pensar, refletir, criar ou recriar. A adoção irrestrita do estereótipo
significa passividade, conformação, aceitação plena da verdade nele contida e
generalização dessa verdade para toda e qualquer situação.
No cotidiano da sala de aula é possível visualizar os dois grupos bem
definidos: de um lado os que desejam extrapolar a consciência atual disponível
sobre um determinado assunto, e do outro lado um grupo que pretende
acomodar ao máximo os conceitos em seus cadernos e livros, tendo uma
23
máxima preocupação com a avaliação. Antes de traçar qualquer diagnóstico no
sistema educacional superior é preciso voltar o olhar para a base, procurando
analisar a origem de alguns problemas como a dispersão em classe, a
acomodação e a fuga da crítica.
1.5 – Os grandes problemas da educação básica e seus reflexos na
educação superior
Segundo Maria José Garcia Werebe (GARCIA, 1995), é preciso chamar
atenção para alguns dos mais importantes problemas educacionais que, de
certa forma, são comuns à maioria das nações.
O caráter elitista do ensino constitui um destes problemas e é
encontrado tanto nos países subdesenvolvidos quanto nos mais avançados.
Apesar da democratização em muitos países subdesenvolvidos, o
prosseguimento dos estudos até a universidade continua sendo, em grande
medida, privilégio das classes sociais favorecidas economicamente.
A seleção dos alunos se processa, progressivamente, ao longo do
sistema escolar. Num país como o Brasil, a seleção se processa de forma
drástica, começando por deixar de fora da rede de ensino um número enorme
de crianças (cerca de 40% da população em idade escolar atualmente). E, no
decorrer das primeiras séries, os efetivos escolares se reduzem, de maneira
assustadora, sobretudo após o primeiro ano de estudos. O mais grave, no caso
brasileiro, é que as deficiências do ensino parecem perpetuar-se, não obstante
os progressos registrados nas últimas décadas. Segundo o censo de 1970, das
29.557.224 pessoas da população ativa, 36% não tinham recebido qualquer
instrução e 28% não tinham concluído os quatro anos primários (apenas 21% o
fizeram). Assim, a massa de analfabetos e semi-analfabetos, já bastante
volumosa, cresce anualmente. (GARCIA, 1995)
Maria José Garcia Werebe diz que a hipótese mais comumente evocada
para explicar o mau rendimento e a não-adaptação escolar das crianças de
meios desfavorecidos é o handicap (vantagem) sócio-cultural de que seriam
portadoras. Ao ingressarem na escola, estas crianças se encontram em
24
condições de desigualdade, em relação aos seus colegas oriundos de outros
meios. Em virtude de suas deficiências, são condenadas ao malogro. Isto
porque vivem num meio culturalmente diferente, não praticam a linguagem
usada oficialmente na escola, não contam, em geral, com a ajuda e às vezes
nem com os estímulos da família para vencerem obstáculos escolares.
Pode-se estabelecer também um vínculo com os tipos de manifestações
culturais criadas nas diversas comunidades tipicamente menos favorecidas,
como conjuntos habitacionais de periferia e favelas. A cultura produzida nesse
ambiente foge dos padrões aceitos pela sociedade urbana média. A linguagem
reproduzida nos produtos dessa cultura, como também a multiplicação de sua
leitura por parte do indivíduo, ampliam o afastamento existente entre a cultura
tradicional, ensinada nas escolas, e a cultura nascente nas comunidades,
absolutamente mais adequada à realidade da criança e adolescente, tornando-
se então facilmente absorvível.
A inferioridade que se atribui a crianças de classes populares se revela
em situações determinadas que não levam em consideração as experiências,
os conhecimentos que tais crianças possuem e que, em muitos casos, as
colocaria em situação de superioridade em relação às outras de meios
privilegiados. Nega-se a essas crianças a possibilidade de integrarem sua
realidade, por mais sofrida que seja, às diversas realidades que existam em
outros grupos sociais. Com isso um processo praticamente irreversível de
alienação se constitui.
Não se pode negar que as crianças das classes populares mostram
possuir um conhecimento efetivo, real, adquirido numa situação concreta de
vida, enquanto as outras revelam dominar um “pseudo-conhecimento”,
desvinculado da realidade, suportado pelo vínculo paternal que impede, muitas
vezes, a ocorrência de experiências sofríveis às crianças. Porém, dentro da
escola, são estas privilegiadas que correspondem às expectativas e logram
êxito nos estudos, uma vez que a teoria costuma levar em conta uma realidade
ideal, em detrimento à verdadeira realidade. Cabe o comentário que Luigi
Comencini ilustrou em seu filme Lo scopone scientifico, de 1972: “o pobre não
25
pode ganhar do rico num jogo em que as regras são feitas por este e para
este”.
No domínio propriamente cultural tem-se observado a destruição ou
transformação dos padrões culturais considerados inferiores para se adotar,
muitas vezes, modelos cujo valor é discutível, ou cópias caricaturais do que
existe nos países dominadores. No campo da produção artística e intelectual é
bem evidente, nos países subdesenvolvidos, a submissão aos padrões e
critérios vigentes nas nações mais avançadas.
Na evolução da literatura brasileira, por exemplo, pode-se constatar a
influência dos movimentos europeus, aos quais se manteve durante longo
período prisioneira. Já no século XX pode-se ressaltar a massificação da
cultura norte-americana através da inclusão de hábitos como o fast-food,
entretenimento e até aceitação da língua inglesa como padrão universal de
comunicação.
Quanto à pedagogia adotada na maioria das escolas observa-se, tanto
nos países desenvolvidos quanto nos subdesenvolvidos, um tradicionalismo
ferrenho. As tarefas escolares não levam em conta os interesses dos alunos, e
estes não conseguem compreender a finalidade da maioria delas. O dilema
concreto-abstrato parece constituir o problema fundamental do processo de
aprendizagem, o que explica em grande parte o verbalismo do ensino e a
superficialidade dos conhecimentos escolares. Mais uma vez encontra-se uma
situação de divisão, onde de um lado estão os teóricos educacionais
implementando verdades que não fazem sentido ao jovem por não ter nenhum
vínculo imediato com suas realidades, e o outro lado a massa de indivíduos em
formação, construindo seu pensamento com base em manifestações
pasteurizadas, consumindo uma verdade que não lhe convence, apenas lhe
convém.
Segundo Maria José Garcia Werebe (1995), numa ação pedagógica dita
tradicional, o processo de comunicação estabelecido pelo professor é
unilateral. Na melhor das hipóteses, os mestres permitem comunicações no
sentido inverso, quando propõem questões que devem ser respondidas pelos
alunos. Neste caso, observa-se que são sempre uns poucos privilegiados que
26
têm uma pequena participação na aula. A verdade que se mostra é que a
oportunidade de resposta se constitui no cumprimento de um dever, regido e
limitado pela chave de correção.
Consolidando o distanciamento entre as realidades sócio-culturais,
geralmente a discriminação entre alunos não é feita dentro da sala de aula,
mas ao nível das instituições escolares. Pode-se dizer que há
estabelecimentos reservados aos filhos de famílias abastadas, outros
freqüentados principalmente por crianças das classes médias e outras enfim
destinadas aos alunos de origem mais modesta. Até mesmo quando a inclusão
é provocada, diga-se até forçada, através de bolsas de estudo justificadas pela
inclusão social, o resultado obtido é muito aquém da verdadeira proposta. O
sistema educacional privado, como também algumas investidas
governamentais, baseiam-se no assistencialismo e numa postura duvidosa de
responsabilidade social para dizer que estão fazendo a sua parte. Mais uma
vez é possível notar as lacunas deixadas em cada etapa do processo de
construção do indivíduo, facilmente percebidas em suas limitações ao chegar
no nível superior de educação.
1.6- Novas competências para ensinar
Os conflitos existentes no caminho do sucesso educacional exigem a
sistematização das ações, ou seja, a coordenação de uma linha de
pensamento atualizada, uma nova conduta para o relacionamento educador-
aluno.
Philippe Perrenoud (2000) manifesta um grupo de competências para
caracterizar a profissão do educador. Informa que não há nenhum referencial
que possa garantir uma representação consensual, porém determina dez
famílias de competências para o novo modelo de professor, que serão
mencionadas em sua íntegra para e em seguida analisadas:
I) Organizar e dirigir situações de aprendizagem: Conhecer, para
determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e sua tradução em
objetivos de aprendizagem; trabalhar a partir das representações dos alunos;
27
trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem; construir e
planejar dispositivos e seqüências didáticas; envolver os alunos em atividades
de pesquisa, em projetos de conhecimento.
É possível visualizar uma tentativa do autor em aproveitar os diversos
níveis de entendimento existentes num mesmo ambiente. O que há tempos é
exigido dos alunos, de forma generalizada, é que os melhores aguardem os
piores, atrasando portanto sua evolução educacional e crítica, como também
que os piores atropelem suas limitações para chegar próximo dos melhores,
tendo como condicionante a média final. Perrenoud propõe a construção do
conhecimento de acordo com a evolução dos alunos, superando barreiras para
atingir um sucesso consciente, evitando a comparação vexatória que ainda se
faz dentro das salas, ao condicionar o aluno por uma classificação matemática.
II) Administrar a progressão das aprendizagens: Conceber e administrar
situações-problema ajustadas ao nível e às possibilidades dos alunos; adquirir
uma visão longitudinal dos objetivos do ensino; estabelecer laços com as
teorias subjacentes às atividades de aprendizagem; observar e avaliar os
alunos em situações de aprendizagem, de acordo com uma abordagem
formativa; fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de
progressão.
O processo de avaliação do aprendizado é construído por etapas, não
se baseando no cumprimento do ementário ou no respeito aos prazos
formalmente constituídos. Verifica-se que no modelo ultrapassado ainda há um
culto ao acúmulo de informações, deixando de lado a essência fundamental
presente na educação que é fazer-se compreender. Limitando o sujeito ao
cumprimento de um programa de disciplinas, formatado uniformemente para
todos, a escola impede o crescimento do indivíduo, uma vez que inúmeras
barreiras tornar-se-ão intransponíveis, levando à evasão.
III) Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação: Administrar
a heterogeneidade no âmbito de uma turma; abrir, ampliar a gestão de classe
para um espaço mais vasto; fornecer apoio integrado, trabalhar com alunos
portadores de grandes dificuldades; desenvolver a cooperação entre os alunos
e certas formas simples de ensino mútuo.
28
É percebida a evolução no pensamento de alguns educadores e
instituições de ensino no tocante a respeitar as diferenças para permitir a
inclusão. A entrada de alunos com necessidades especiais, como restrições
motoras e sensoriais, em escolas normais já é um avanço notável no processo
de integração. Contudo, a escola e os educadores precisam estar conscientes
que a necessidade de inclusão não se faz apenas funcional, e que a grande
barreira é reduzir a repulsa natural dentro dos grupos sociais nas salas de aula.
Da mesma forma que, há algumas décadas, brancos e negros eram obrigados
a freqüentar ambientes distintos, e sua integração ainda é um desafio
percebido, a sociedade, que por anos excluiu as pessoas com alguma
necessidade especial, vê-se ainda presa a alguns paradigmas que induzem ao
seguinte pensamento: o diferente é pior pelo simples fato de não ser igual à
média.
IV) Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho:
Suscitar o desejo de aprender, explicar a relação com o saber, o sentido do
trabalho escolar e desenvolver na criança a capacidade de auto-avaliação;
instituir e fazer funcionar um conselho de alunos e negociar com eles diversos
tipos de regras; oferecer atividades opcionais de formação; favorecer a
definição de um projeto pessoal do aluno.
Pode-se perceber mais uma iniciativa para incluir o aluno no processo
decisório. A inclusão atribui novas responsabilidades, traz o aluno à realidade
de seu aprendizado. Seja na educação de crianças e jovens, como no ensino
superior de adultos, a interferência do educando mostra a ele qual o verdadeiro
porquê de compreender as teorias e práticas associadas às disciplinas e ao
seu curso.
V) Trabalhar em equipe: Elaborar um projeto de equipe, representações
comuns; dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões; formar e renovar uma
equipe pedagógica; enfrentar e analisar em conjunto situações complexas,
práticas e problemas profissionais; administrar crises ou conflitos interpessoais.
Outro ponto divergente no sistema educacional é a dificuldade de
integrar os alunos em grupos. A dificuldade de atuar em conjunto deve-se,
muitas vezes, ao individualismo pregado durante toda a escalada estudantil e
29
da própria vida. O mercado de trabalho também ajuda nesse condicionamento,
pois, mesmo que algumas empresas preguem a eficiência e a necessidade do
empenho coletivo, o receio da perda de um emprego ou o conhecimento da
incompetência profissional do outro restringem a eficiência do empenho grupal.
O desafio do trabalho em equipe deve ser superado através da exposição das
conquistas do grupo, atribuindo a todos as responsabilidades cabidas como
também as vitórias conquistadas.
VI) Participar da administração da escola: Elaborar, negociar um projeto
da instituição; administrar os recursos da escola; coordenar, dirigir uma escola
com todos os seus parceiros; organizar e fazer evoluir a participação dos
alunos.
Esta etapa mostra-se uma das mais difíceis, uma vez que interferir nas
decisões da instituição pode parecer, num primeiro momento, uma intromissão
no processo de gestão escolar. Contudo, analisando a instituição educacional
como uma empresa, é com base na crítica e na interferência dos clientes que
os produtos e serviços evoluem, adaptando-se da melhor forma às exigências
do mercado. A boa utilização de recursos materiais e pessoais pode ser
auxiliada pela participação dos maiores interessados: os estudantes.
VII) Informar e envolver os pais: Dirigir reuniões de informação e debate;
fazer entrevistas; envolver os pais na construção dos saberes.
Principalmente na educação de crianças e jovens, a participação da
família no processo educacional ajuda na adaptação da melhor estratégia para
cada caso. Com essa interação é possível detectar falhas e excessos no
processo de criação, tornando a escola um local onde o estudante sinta-se
acolhido, num complemento ou suprimento da educação oferecida em casa.
VIII) Utilizar novas tecnologias: Explorar as potencialidades didáticas dos
programas em relação aos objetivos de ensino; comunicar-se à distância;
utilizar ferramentas multimídias no ensino.
Uma das grandes dificuldades percebidas no processo de aprendizagem
é o distanciamento entre os recursos disponíveis na instituição de ensino e
aqueles existentes na realidade cotidiana do estudante. O professor que exige
a utilização de bibliotecas tradicionais em detrimento do uso das ferramentas
30
de busca da Internet está na contramão da evolução do indivíduo, criando mais
uma barreira na aceitação das informações transmitidas. A tecnologia deve ser
aliada no processo educacional. Conhecer a tecnologia e os motivos do
estudante utiliza-la auxilia na integração da informação e a linguagem praticada
no dia-a-dia do aluno.
IX) Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão: Prevenir a
violência na escola e fora dela; lutar contra os preconceitos e discriminações
sexuais, étnicas e sociais; participar da criação de regras de vida comum
referentes à disciplina na escola, às sanções e à apreciação de conduta;
analisar a relação pedagógica, a autoridade, a comunicação em aula;
desenvolver o senso de responsabilidade, solidariedade e sentimento de
justiça.
A prática da ética deve ser encarada como a prática do bom senso.
Desenvolver um ambiente que aproxime os indivíduos, reduzir a discriminação
que não possui precedentes, incentivar a solidariedade e o companheirismo
são passos importantes para criar um ambiente pacificado. O acolhimento
produz o ingrediente fundamental para a integração: a reciprocidade.
X) Administrar sua própria formação contínua: Saber explicar as próprias
práticas; estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa
pessoal de formação contínua; negociar um projeto de formação comum com
os colegas (equipe, escola); envolver-se em tarefas em escala de uma ordem
de ensino ou do sistema educativo; acolher a formação dos colegas e participar
dela.
O aluno deve ser responsável pelo que aprende, como também deve ter
a consciência dos objetivos de estar aprendendo. Sem este foco definido, sem
uma meta organizada, o aluno perde o estímulo à busca contínua. Mais uma
vez a integração se faz fundamental para que, durante as comparações e os
debates que venham a acontecer, o sujeito se localize da melhor forma nos
conteúdos apresentados, verificando se existe ou não similaridade entre o que
é ensinado e suas verdadeiras pretensões.
31
1.7 – Estatísticas do MEC sobre a realidade do ensino superior no
Brasil
1.7.1 – Número de faculdades no Brasil
Conforme dados publicados pelo MEC no Censo da Educação Superior
de 2005, existem no Brasil os seguintes totais de instituições de ensino
superior, divididas em públicas e privadas:
Ano 2003 Ano 2004 Ano 2005 IESES Públicas 207 224 231 IESES Privadas 1.652 1.789 1.934
TOTAL 1.859 2.013 2.165
1.7.2 – Número de alunos matriculados em IESES no Brasil
Ainda de acordo com os dados informados no Censo do Ensino Superior
de 2005, o número de alunos matriculados para o iniciar um curso superior no
Brasil é exposto abaixo:
Ano 2003 Ano 2004 Ano 2005 IESES Públicas 267.031 287.242 288.681 IESES Privadas 995.873 1.015.868 1.108.600
TOTAL 1.262.904 1.303.110 1.397.281
São informados também pelo MEC na pesquisa realizada o número de
alunos que concluíram um curso superior no Brasil, conforme a tabela:
Ano 2003 Ano 2004 Ano 2005 IESES Públicas 169.038 197.262 195.554 IESES Privadas 359.064 429.355 522.304
TOTAL 528.102 626.617 717.858
Com base nos dados informados, é possível observar uma queda média
de 47% entre o número de alunos que entram nas instituições de ensino
superior e que saem formados das faculdades, a cada ano pesquisado.
1.7.3 – Média da evasão escolar nas faculdades
32
Pesquisa realizada pelo Instituto Lobo (Revista Ensino Superior, Janeiro
2007) com base nos dados do Censo 2005, revela que quase metade dos
universitários não conclui o curso no período médio de quatro anos. Os motivos
são muitos, mas o principal é a decepção com o tão sonhado acesso ao ensino
superior.
Comparação entre as evasões totais nas IES do Brasil, por categoria administrativa
Categoria 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Média Públicas 13% 14% 9% 10% 15% 12% 12% Federais 9% 14% 11% 9% 14% 10% 11% Estaduais 11% 12% 9% 10% 15% 11% 12% Municipais 40% 18% -2% 6% 19% 20% 17% Privadas 22% 26% 27% 28% 28% 25% 26%
Particulares 9% 24% 27% 27% 29% 27% 24% BRASIL 19% 22% 21% 22% 24% 22% 22%
Fonte: Instituto Lobo (Revista Ensino Superior – Janeiro/2007)
São vários os caminhos que levam à evasão. Mas, ao contrário do que
se pode supor à primeira leitura, a questão financeira não é o principal motivo
para alimentar os maiores índices de desistência nas instituições particulares.
A primeira causa é o despreparo dos alunos, que chegam ao ensino superior
com deficiências do ensino fundamental. Conseqüentemente, vem o desânimo
de continuar a estudar. Também é alto o número de alunos que, por fazer uma
escolha precoce, tem dúvidas quanto ao curso escolhido. Em terceiro lugar
está a questão econômica.
Fonte: Instituto Lobo (Revista Ensino Superior – Janeiro/2007)
33
CAPÍTULO II
PERFIL DO ALUNO DE CURSO SUPERIOR NAS FACULDADES
ANALISADAS NO SUL DO
ESTADO DO ES
Abaixo são informados os dados referentes à pesquisa demográfica
realizada junto a uma amostra de 100 (cem) alunos matriculados nas
faculdades UNES, FACASTELO e FACI, no período de julho a dezembro de
2007:
1) Idade Até 18 anos 0%
Entre 19 e 25 anos 66% Entre 26 e 35 anos 23,4% Acima de 36 anos 10,6%
2) Sexo
Masculino 55,3% Feminino 44,7%
3) Estado Civil
Solteiro 72,3% União Estável 2,1%
Casado 19,1% Separado/Divorciado 6,4%
Viúvo 0% 4) Filhos
Sim 21,3% Não 78,7%
5) Religião
Católico 76,6% Evangélico 21,3%
Espírita 0% Agnóstico 0%
Umbandista 0% Sem religião 2,1%
Outra 0% 6) Etnia
Branco 48,9% Negro 6,4% Pardo 40,4% Índio 2,1% Outra 2,1%
34
7) Renda Familiar (em salários mínimos = R$ 380,00) Até 01 salário 4,3%
Entre 01 e 05 salários 63,8% Entre 05 e 10 salários 27,7% Acima de 10 salários 4,3%
8) Você está empregado?
Sim, com carteira assinada 53,2% Sim, sem carteira assinada 36,2%
Sou proprietário de um negócio 10,6% Não 0%
9) Caso esteja empregado, você atua na área de estudos do seu curso?
Sim 83% Não 17%
10) Você reside:
Na cidade onde está a faculdade 91,5% A menos de 40 km da faculdade 6,4%
Mais de 40 km da faculdade 2,1% 11) A cidade onde reside é caracterizada como área:
Urbana 95,7% Rural 4,3%
Não sabe informar 0% 12) O bairro/distrito onde reside é caracterizado como:
Centro da cidade 46,8% Subúrbio da cidade 40,4% Não sabe informar 12,8%
Os dados apresentados pela pesquisa demográfica mostram que a
maioria dos estudantes das faculdades analisadas são jovens, solteiros, sem
filhos, católicos, brancos ou pardos, com renda média de até cinco salários
mínimos, empregado e residente na área urbana. Tomando o perfil médio para
desenvolver um comentário, é possível afirmar que a maioria dos alunos
convive diariamente com a realidade que circunda o ambiente universitário. A
permanência no meio urbano e a classificação sócio-econômica quanto classe
média permite ao estudante o acesso a diversas fontes de informação, o que
poderia ser visto como um empecilho no processo de desenvolvimento
educacional.
As influências determinadas na vida dos alunos dentro deste cenário
podem ser resumidas comparando suas realidades ao cotidiano de uma cidade
de interior na qual existe um processo crescente de modernização e
35
crescimento impulsionado pelas novas tecnologias, ou seja, o aluno convive
com um ambiente em transformação, uma vez que sua realidade está em
constante adequação às tendências nacionais, impulsionadas pelas grandes
cidades e absorvidas como cultura moderna pelas cidades de interior.
Vale ressaltar que a existência de alunos residentes em áreas rurais, ou
distritos próximos às cidades onde estão situadas as faculdades, promove um
fato que merece observação. Mesmo em minoria, os alunos oriundos destas
áreas demonstram uma tendência natural dos jovens em sair de suas cidades
natais em busca do aprimoramento educacional e profissional. Observando o
ambiente de sala de aula, não verifica-se um choque muito grande entre as
culturas rural e urbana, uma vez que ambos grupos de indivíduos têm acesso a
informação pelos meios de comunicação de massa ou ainda Internet, o que
permite questionar as motivações que fazem o estudante deslocar-se de sua
cidade para estudar em um centro urbanizado.
2.1 – Perfil das faculdades analisadas no sul do estado do ES
2.1.1 – FACASTELO
- Razão Social: IESES – Instituição de Ensino Superior do ES (Mantenedora)
- Fundação: Agosto/1999
- Estrutura Física: A FACASTELO é dotada de uma edificação de 2 andares
com amplo estacionamento, localizada na região central da cidade de
Castelo/ES. São 25 salas, biblioteca, auditório, laboratório de informática,
banheiros masculinos e femininos, estrutura administrativa dotada de secretaria
acadêmica, coordenações dos cursos, departamento de pessoal, lanchonete,
copiadora, tesouraria, sala dos professores. Além disso a faculdade dispõe da
estrutura de um hospital veterinário, localizado no parque de exposições da
cidade de Castelo/ES.
- Cursos oferecidos:
Curso Início Situação no MEC Vagas por período
Adm. Empresas Janeiro/2001 Reconhecido 50 (noite) Direito Setembro/2003 Reconhecido 50 (noite)
36
Medicina Veterinária Agosto/1999 Reconhecido 50 (manhã/tarde)
2.1.2 – UNES
- Razão Social: IESES – Instituição de Ensino Superior do ES (Mantenedora)
- Fundação: Agosto/2002
- Estrutura Física: A UNES é dotada de duas edificações térreas com amplo
estacionamento e área verde, localizada no bairro Vilage da Luz, às margens
da Rodovia Cachoeiro X Vargem Alta, região periférica da cidade de Cachoeiro
de Itapemirim/ES. São 30 salas, biblioteca, auditório, laboratórios de
informática, laboratório de anatomia, banheiros masculinos e femininos,
estrutura administrativa dotada de secretaria acadêmica, coordenações dos
cursos, departamento de pessoal, lanchonete, copiadora, tesouraria, sala dos
professores.
- Cursos oferecidos:
Curso Início Situação no MEC Vagas por período Adm. Empresas Agosto/2002 Reconhecido 50 (noite) Ciênc. Computação Agosto/2002 Reconhecido Não disponível
Direito Janeiro/2007 Autorizado 50 (noite) Eng. de Petróleo e Gás Janeiro/2006 Autorizado 50 (noite) Psicologia Janeiro/2006 Autorizado 50 (noite)
2.1.3 – FACI
- Razão Social: FACI – Faculdade de Cachoeiro de Itapemirim
- Fundação:
- Estrutura Física: A FACI é dotada de uma edificação de 2 andares com
estacionamento localizado a aproximadamente 100 metros do prédio, situada
no bairro Arariguaba, região periférica da cidade de Cachoeiro de
Itapemirim/ES. São 10 salas – compartilhadas com a escola Darwin que
funciona nos turnos matutino e vespertino, biblioteca, auditório, laboratório de
informática, laboratório de análise de rochas, banheiros masculinos e
femininos, estrutura administrativa dotada de secretaria acadêmica,
37
coordenações dos cursos, departamento de pessoal, tesouraria, lanchonete,
sala dos professores.
- Cursos Oferecidos (Tecnólogos):
Curso Início Situação no MEC Vagas por período Recursos Humanos Janeiro/2005 Reconhecido 50 (noite) Rochas Ornamentais Janeiro/2005 Autorizado 50 (noite)
2.2 – Análise dos resultados sobre os pontos positivos e negativos
apresentados pelos alunos entrevistados nas faculdades avaliadas
Abaixo são informados os dados referentes à pesquisa de opinião
realizada junto a uma amostra de 30 (trinta) alunos matriculados nas
faculdades UNES, FACASTELO e FACI, sendo 10 (dez) alunos por instituição
de ensino, no período de janeiro a julho de 2008.
2.2.1 - Estrutura física da faculdade
Acesso - Como é a localização da faculdade? FACASTELO UNES FACI
Excelente 10% 20% 10% Boa 20% 20% 30%
Regular 70% 60% 60% - Como é, para alguém que não conheça a faculdade, chegar até ela? FACASTELO UNES FACI
Fácil 90% 60% 20% Difícil 10% 40% 80%
- Como é, para alguém que conheça a faculdade, chegar até ela? FACASTELO UNES FACI
Fácil 30% 20% 20% Difícil 70% 80% 80%
- Assinale as principais dificuldades referentes ao acesso até a faculdade: FACASTELO UNES FACI
Falta de sinalização para faculdade na cidade
100% 100% 100%
Falta de sinalização na chegada da faculdade
70% 20% 30%
Chegada da faculdade mal iluminada
80% 50% 30%
Transporte coletivo deficiente 100% 100% 100% Pavimentação ruim ou inexistente 40% 20% 0%
Falta de segurança no horário de 100% 100% 80%
38
entrada Falta de segurança no horário de
saída 100% 100% 100%
Outro 0% 0% 0% Instalações gerais - Como você classifica as dependências da faculdade no âmbito geral? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 10% 10% Boa 30% 30% 20%
Regular 50% 50% 60% Ruim 20% 10% 10%
- Como você classifica o estacionamento da faculdade? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 10% 0% Bom 80% 70% 0%
Regular 20% 20% 0% Ruim 0% 0% 100%
- Como você classifica a área de convivência da faculdade (lanchonete, pátio)? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Boa 30% 0% 30%
Regular 50% 80% 70% Ruim 20% 20% 0%
- Como você classifica a biblioteca da faculdade? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Boa 0% 10% 30%
Regular 80% 70% 70% Ruim 20% 20% 0%
- Como você classifica os banheiros da faculdade (em relação à conservação e localização) FACASTELO UNES FACI
Excelentes 0% 0% 0% Bons 10% 30% 20%
Regulares 70% 70% 70% Ruins 20% 0% 10%
- Como você classifica a segurança dentro da faculdade? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Boa 70% 50% 50%
Regular 30% 30% 50% Ruim 0% 20% 0%
- Como você classifica a segurança nos arredores da faculdade? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Boa 0% 0% 0%
Regular 60% 10% 0% Ruim 40% 90% 100%
39
Sala de aula - Como você classifica a sua sala de aula num âmbito geral? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Boa 20% 40% 30%
Regular 60% 40% 60% Ruim 20% 20% 10%
- Como você classifica a iluminação da sala de aula? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Boa 0% 10% 50%
Regular 80% 80% 50% Ruim 20% 10% 0%
- Como você classifica o quadro negro/branco da sala de aula? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Bom 10% 20% 30%
Regular 80% 80% 70% Ruim 10% 0% 0%
- Como você classifica o mobiliário da sala de aula (cadeiras, mesas) FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Bom 0% 0% 0%
Regular 0% 20% 80% Ruim 100% 80% 20%
- Como você classifica a pintura da sala de aula? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Boa 0% 0% 0%
Regular 0% 30% 90% Ruim 100% 70% 10%
- Como você classifica a temperatura da sala de aula? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Boa 20% 10% 20%
Regular 60% 70% 70% Ruim 20% 20% 10%
- Como você classifica a acústica (propagação do som) da sala de aula? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Boa 0% 0% 0%
Regular 0% 0% 60% Ruim 100% 100% 40%
- Como você classifica o número de alunos existentes na sala de aula? FACASTELO UNES FACI
Ideal 20% 40% 10% Insuficiente 40% 30% 70% Excessivo 60% 30% 20%
40
- Como você classifica a interferência de ruídos externos na sala de aula (durante o horário das aulas)? FACASTELO UNES FACI
Insignificante 0% 0% 30% Tolerável 30% 50% 60%
Insuportável 70% 50% 10% Recursos tecnológicos - Como você classifica os recursos tecnológicos existentes para aulas e atividades (data show, computadores, retro projetor, televisor, DVD) num âmbito geral? FACASTELO UNES FACI
Excelentes 0% 0% 10% Bons 10% 20% 40%
Regulares 70% 60% 30% Ruins 20% 20% 20%
- Como você classifica a disponibilidade desses recursos (para uso dos professores)? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Boa 0% 0% 30%
Regular 10% 20% 60% Ruim 90% 80% 10%
- Como você classifica a disponibilidade desses recursos (para uso dos alunos)? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Boa 0% 0% 0%
Regular 0% 0% 20% Ruim 100% 100% 80%
- Como você classifica a atualização desses recursos para as necessidades do aluno? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Boa 0% 0% 0%
Regular 0% 10% 20% Ruim 100% 90% 80%
Observando os primeiros pontos analisados na pesquisa é possível
notar claramente uma insatisfação por parte dos alunos na maioria dos itens
relativos à estrutura física. Atualmente, com as diversas facilidades e
conveniências promovidas por empresas privadas aos seus consumidores, os
alunos de instituições particulares comparam a estrutura fornecida pela
faculdade a qualquer outro tipo de comércio, utilizando o resultado desta
comparação para buscar, em muitos casos, razões para não freqüentar as
aulas ou ainda justificar o mau desempenho nas disciplinas.
41
O acesso à faculdade, visto como problemático por boa parte dos
alunos, atua como fator de seleção para o ingresso de muitos estudantes, que
optam por instituições melhor localizadas ou aparentemente mais seguras.
A oferta de uma estrutura física de qualidade motivaria grande parte dos
alunos a permanecer em sala de aula, ou ainda usufruir com mais intensidade
dos recursos disponibilizados pela instituição. A escassez de elementos que
levem o aluno a perceber uma proximidade entre o que existe em sua casa ou
no trabalho e o que há disponível para utilização na faculdade promove um
hiato que serve, mais uma vez, como repelente de alunos.
Ao entrar nas salas de aula das faculdades analisadas, percebe-se
claramente um despreparo do ambiente interno para receber alunos e
professores. Questões como salas pequenas para turmas muito grandes,
sistemas de refrigeração barulhentos, má iluminação e disposição dos
elementos presentes na classe desmotivam a permanência do estudante ou
ainda desviam sua atenção para outros assuntos.
2.2.2 - Corpo docente
Formação Acadêmica - A formação acadêmica do corpo docente é adequada às disciplinas ministradas? FACASTELO UNES FACI
Totalmente adequada 0% 0% 10% Parcialmente adequada 70% 80% 80%
Inadequada 30% 20% 10% - A formação do corpo docente é adequada às suas expectativas? FACASTELO UNES FACI
Totalmente adequada 0% 0% 10% Parcialmente adequada 80% 80% 90%
Inadequada 20% 20% 0% - Há uma política visível de reciclagem de professores (por parte da faculdade e por parte do próprios professores)? FACASTELO UNES FACI
Constantemente 0% 0% 0% Esporadicamente/raramente 10% 20% 100%
Inexistente 90% 80% 0% - Há uma busca por parte dos professores em reciclar seus planos de aula? FACASTELO UNES FACI
Constantemente 0% 0% 10%
42
Esporadicamente/raramente 100% 100% 90% Inexistente 0% 0% 0%
Didática em sala - Quantos professores têm uma preocupação com a didática em sala de aula, num âmbito geral? FACASTELO UNES FACI
Todos 0% 0% 0% A maioria 20% 40% 50% A minoria 80% 60% 50% Nenhum 0% 0% 0%
- Quantos professores apresentam disponibilidade para ensinar e tirar dúvidas em sala de aula? FACASTELO UNES FACI
Todos 0% 0% 20% A maioria 50% 60% 60% A minoria 40% 40% 20% Nenhum 10% 0% 0%
- Quantos professores possuem um ritmo de aula adequado às suas expectativas? FACASTELO UNES FACI
Todos 0% 0% 20% A maioria 50% 60% 60% A minoria 40% 40% 20% Nenhum 10% 0% 0%
- Quantos professores utilizam o tempo disponível para suas aulas? FACASTELO UNES FACI
Todos 0% 0% 0% A maioria 30% 40% 50% A minoria 70% 60% 50% Nenhum 0% 0% 0%
Atividades realizadas - As atividades em classe correspondem ao conteúdo ministrado? FACASTELO UNES FACI
Todas 0% 0% 0% A maioria 80% 80% 90% A minoria 20% 20% 10% Nenhuma 0% 0% 0%
- As provas correspondem ao conteúdo ministrado pelo professor? FACASTELO UNES FACI
Todas 0% 0% 0% A maioria 80% 80% 90% A minoria 20% 20% 10% Nenhuma 0% 0% 0%
- As atividades e provas são formuladas de forma a prezar o conteúdo ou a interpretação do conteúdo? FACASTELO UNES FACI
Sempre 0% 0% 0% A maioria das vezes 80% 80% 90%
43
A minoria das vezes 20% 20% 10% Nunca 0% 0% 0%
- As atividades enfocam a teoria, a prática ou a relação entre teoria e prática? FACASTELO UNES FACI
Teoria 20% 10% 10% Prática 10% 0% 10%
Teoria associada à prática 70% 90% 80% Relacionamento extra-classe - Como é o relacionamento extra-classe com professores? FACASTELO UNES FACI
Constante 80% 70% 100% Regular 0% 0% 0%
Inexistente 0% 0% 0% - Como é o relacionamento extra-classe com os alunos da sua turma? FACASTELO UNES FACI
Constante 20% 30% 20% Regular 70% 60% 80%
Inexistente 10% 10% 0% - Como é o relacionamento extra-classe com alunos de outras turmas? FACASTELO UNES FACI
Constante 10% 10% 0% Regular 50% 70% 60%
Inexistente 40% 20% 40%
A fim de justificar uma deficiência em seu processo de aprendizagem, o
aluno busca diversos recursos como atribuir a culpa ao corpo docente da
instituição, abordando questões relativas à formação do professor para
ministrar aulas e adequação da disciplina ao perfil profissional. Uma vez que
um dos propósitos deste trabalho é apresentar um grupo de barreiras no
processo educacional, a análise do corpo docente é fundamental para
conhecer o número e a dimensão dos empecilhos existentes no caminho do
aprendizado.
Muitas vezes o aluno traz consigo uma repulsa automática em relação
ao professor, seja motivada pela sua personalidade ainda em formação, seja
motivada pelo acúmulo de experiências negativas em sala de aula durante sua
escalada educacional. Muitos são os professores que, ao invés de buscar
soluções pontuais para cada situação, generalizam o tratamento relativo à
turma e acabam por agravar o problema. Desta forma, cria-se mais um hiato no
relacionamento aluno-faculdade, e diversas instituições ainda não atentaram
44
para a solução deste problema, considerando alunos e professores peças
prontamente substituíveis e descartáveis.
2.2.3 - Administração/Secretaria
Inscrição/matrícula/rematrícula - Como foi o processo de inscrição para o vestibular? FACASTELO UNES FACI
Fácil / Rápido 10% 0% 10% Difícil / Lento 90% 100% 90%
- Como foi o processo de obtenção do resultado do vestibular? FACASTELO UNES FACI
Fácil / Rápido 30% 40% 70% Difícil / Lento 70% 60% 30%
- Como foi o processo de matrícula? FACASTELO UNES FACI
Fácil / Rápido 20% 0% 20% Difícil / Lento 80% 100% 80%
- Como é o processo de pagamento das mensalidades? FACASTELO UNES FACI
Fácil / Rápido 60% 70% 30% Difícil / Lento 40% 30% 70%
- Como é o processo de rematrícula a cada período? FACASTELO UNES FACI
Fácil / Rápido 10% 0% 20% Difícil / Lento 90% 100% 80%
- Como é a disponibilidade de horários para composição da grade horária? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Boa 0% 0% 0%
Regular 60% 40% 40% Ruim 40% 60% 60%
Burocracia - Como é o processo para obtenção de documentos da faculdade (declarações, histórico escolar, diploma)? FACASTELO UNES FACI
Fácil / Rápido 0% 0% 10% Difícil / Lento 100% 100% 90%
Controle de notas/presença - Como você classifica a disponibilidade de informações sobre notas? FACASTELO UNES FACI
Fácil / Rápido 0% 0% 0% Difícil / Lento 100% 100% 100%
45
- Como você classifica os meios disponíveis para obtenção das notas? FACASTELO UNES FACI
Totalmente adequados 0% 0% 0% Parcialmente adequados 30% 40% 40%
Inadequados 70% 60% 60% - Como você classifica os meios para controle da presença? FACASTELO UNES FACI
Totalmente adequados 0% 0% 0% Parcialmente adequados 30% 20% 20%
Inadequados 70% 80% 80% - Como você classifica os meios para informação aos alunos sobre a presença? FACASTELO UNES FACI
Fácil / Rápido 0% 0% 0% Difícil / Lento 100% 100% 100%
- Como você classifica a média definida para a aprovação do aluno? FACASTELO UNES FACI
Ideal 80% 90% 70% Elevada 20% 10% 30% Baixa 0% 0% 0%
- Como você classifica o limite de faltas definido para a aprovação do aluno? FACASTELO UNES FACI
Ideal 30% 20% 20% Elevado 0% 0% 0% Baixo 70% 80% 80%
Relacionamento com a direção e coordenação do curso - Como você define o acesso para manifestação de críticas junto à direção geral? FACASTELO UNES FACI
Fácil / Rápido 0% 0% 0% Difícil / Lento 100% 100% 100%
- Como você define o acesso para manifestação de sugestões junto à direção geral? FACASTELO UNES FACI
Fácil / Rápido 0% 0% 0% Difícil / Lento 100% 100% 100%
- Como você define o processo para regularização da situação financeira do aluno junto à direção geral? FACASTELO UNES FACI
Fácil / Rápido 0% 0% 0% Difícil / Lento 100% 100% 100%
- Como você define o acesso para manifestação de críticas junto à coordenação de curso? FACASTELO UNES FACI
Fácil / Rápido 0% 0% 0% Difícil / Lento 100% 100% 100%
- Como você define o acesso para manifestação de sugestões junto à coordenação de curso? FACASTELO UNES FACI
Fácil / Rápido 0% 0% 10%
46
Difícil / Lento 100% 100% 90% - Como você classifica a ação da coordenação de curso junto à direção geral? FACASTELO UNES FACI
Totalmente adequada 0% 0% 0% Parcialmente adequada 10% 0% 10%
Inadequada 90% 100% 90%
Como qualquer instituição organizada e setorizada, a faculdade também
possui um grande número de formulários e burocracia a serem seguidos,
justificados pela necessidade de organizar a informação e dispô-la no menor
tempo possível aos interessados. Entretanto, no caso particular das faculdades
analisadas, a estrutura de coordenação e secretaria mostra-se deficiente em
número de pessoal e organização do processo.
Por exemplo, é fácil encontrar as secretárias, responsáveis pela
manipulação de notas, diários, registros de alunos, entre outras funções do
cargo, atendendo o telefone da instituição para direcionar ligações aos
departamentos ou ainda fornecer tais informações à distância. A criação de um
departamento virtualizado para atender tais solicitações seria um passo para
melhor organizar o fluxo das informações e evitar picos de demanda,
extremamente previsíveis em épocas de rematrícula, vestibular e fechamento
de semestre.
A ineficiência das coordenações de curso, como demonstrada na
pesquisa feita junto aos alunos, apresenta outra fragilidade no sistema
organizacional da instituição. Muitas vezes os alunos trazem aos
coordenadores problemas a serem resolvidos com professores ou com a
secretaria, porém por não encontrarem as respostas em tempo hábil acabam
por apelar às esferas superiores disponíveis no momento. Isto provoca uma
confusão de responsabilidades, além de direcionar um tempo gerencial
produtivo para atender e dirimir problemas operacionais e administrativos.
2.2.4 - Imagem da instituição
Posicionamento da instituição - Como você classifica o posicionamento da instituição (como ela se manifesta) diante do mercado?
47
FACASTELO UNES FACI Totalmente adequado 0% 0% 0%
Parcialmente adequado 0% 0% 0% Inadequado 100% 100% 100%
- Como você classifica as ações externas de propaganda para divulgação da instituição? FACASTELO UNES FACI
Totalmente adequada 0% 0% 0% Parcialmente adequada 0% 10% 0%
Inadequada 100% 90% 100% - Como você classifica as ações internas de propaganda (dentro da faculdade) para divulgação da instituição? FACASTELO UNES FACI
Totalmente adequada 0% 0% 0% Parcialmente adequada 0% 0% 10%
Inadequada 100% 100% 90% Imagem junto aos alunos - Qual a sua impressão da instituição num âmbito geral? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Boa 10% 10% 20%
Regular 50% 50% 60% Ruim 40% 50% 20%
- Qual a imagem que você transmite sobre sua instituição para as pessoas com quem você se relaciona? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Boa 30% 20% 20%
Regular 40% 40% 30% Ruim 30% 40% 50%
Imagem junto aos alunos de outras IES e públicos externos - Como a instituição é vista pelos alunos de outras IES, de acordo com sua percepção? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Boa 0% 0% 0%
Regular 10% 20% 10% Ruim 90% 80% 90%
- Como a instituição é vista pelas pessoas com quem você se relaciona quotidianamente? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Boa 10% 10% 0%
Regular 30% 30% 40% Ruim 60 50% 60%
- Pela sua opinião, como a instituição é vista pelas empresas contratantes de formandos? FACASTELO UNES FACI
Excelente 0% 0% 0% Boa 0% 0% 0%
Regular 0% 10% 10%
48
Ruim 100% 90% 90%
Como nos mais diversos segmentos de mercado, a imagem de uma
faculdade também deve ser levada em conta numa análise como esta. Hoje os
alunos-clientes não estão selecionando a faculdade onde pretendem estudar
apenas pelo conceito educacional que apresentam, mas também pelo que a
opinião pública pensa a respeito da marca vinculada à instituição.
Muitos alunos falam da preocupação que têm em relação a graduar-se
numa instituição pouco reconhecida pelo mercado de trabalho. Com base
nisso, vale a pena analisar quais são os esforços das faculdades, num modo
geral, para promover sua imagem e valorizar o título que o aluno portará após
sua graduação. Boa parte das faculdades particulares concentram seus
esforços na captação de alunos, através de campanhas publicitárias na época
dos vestibulares. Entretanto esquecem que os alunos decidem por ingressar
em uma faculdade através da análise de um somatório de fatores, na qual
estão incluídos aspectos como opinião de pessoas próximas, dados
estatísticos do MEC quanto ao desempenho da instituição e aceitação do
mercado de trabalho em relação aos alunos formados pela faculdade.
2.2.5 - Postura do aluno
Base anterior à faculdade - Tempo entre a conclusão do ensino médio até o ingresso na faculdade FACASTELO UNES FACI
Imediato 50% 50% 30% Após 1 ano 10% 0% 20%
Após 2 a 4 anos 30% 20% 30% Após 4 a 6 anos 0% 10% 20%
Após 6 anos ou mais 10% 10% 0% - Sua formação estudantil foi feita: FACASTELO UNES FACI
Toda em escola pública 10% 10% 0% Toda em escola particular 50% 50% 30%
Maior parte em escola pública 0% 10% 30% Maior parte em escola particular 40% 30% 40%
- Você já iniciou outra faculdade? FACASTELO UNES FACI
Sim 0% 0% 10%
49
Não 100% 100% 100% - Você já concluiu outra faculdade? FACASTELO UNES FACI
Sim 0% 0% 10% Não 100% 100% 90%
- Principais dificuldades no cotidiano vida x faculdade (permitido marcar mais de uma opção) FACASTELO UNES FACI
Pagamento das mensalidades 70% 80% 80% Frequência (presença) em sala de
aula 100% 100% 100%
Disposição física para presença em sala de aula
90% 100% 100%
Disposição psicológica para presença em sala
40% 30% 40%
Problemas em família 20% 30% 20% Dificuldade de acesso à
faculdade 90% 100% 100%
Dependência de drogas e uso de medicamentos
0% 10% 0%
A breve análise dos pontos acima demonstra a fragilidade estrutural
encontrada em muitos alunos das faculdades analisadas. Destacando a última
tabela, deve-se atentar para três problemas avaliados como empecilhos para a
associação entre o cotidiano do indivíduo e sua vida acadêmica.
O primeiro aspecto diz respeito ao pagamento das mensalidades. Como
toda empresa privada, dependente de recursos dos consumidores, a faculdade
precisa desenvolver mecanismos que permitam ao aluno dirimir suas dívidas,
evitando assim seu desligamento – temporário ou permanente – por conta de
um fato resolvível através da oferta de crédito, por exemplo.
Outro aspecto que demanda atenção é referente às disposições física e
psicológica para permanecer em sala de aula. Mais uma vez o aluno encontra
em suas limitações ou fatos limitadores uma razão para fugir do propósito
central de estar em uma sala de aula.
O fato que chama mais atenção, não tanto pela sua relevância mas pelo
número absoluto de respostas assinaladas, é quanto à freqüência em sala de
aula. Deve-se atentar para a preocupação do aluno quanto a presença, pois o
mesmo não está, muitas vezes, concernindo a respeito da perda de conteúdo e
aprendizado quando está ausente, mas na possibilidade de reprovação caso
não responda a chamada feita pelo professor. Outro resquício do processo
50
educacional repressor no qual o aluno estava incluído, e que para muitos ainda
é uma realidade, por mais que sejam latentes os esforços de educadores e
pedagogos para corrigi-lo.
51
CAPÍTULO III
OPINIÃO DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO
3.1- Análise de pedagogos e coordenadores de curso sobre a
educação superior no turno noturno nas faculdades particulares do
sul do ES
De acordo com a análise feita pelo professor Domingos Corrêa,
coordenador acadêmico da FACASTELO, as desigualdades encontradas no
ensino superior são reflexos do desempenho dos alunos no ensino
fundamental e médio, além da precocidade do ingresso dos discentes no
mercado de trabalho. “Estes alunos procuram um curso que permita aliar a
atividade remunerada e que ofereça condições de estudar. Mas trabalhar oito
ou mais horas por dia reduz o tempo de dedicação aos estudos”.
O coordenador acadêmico ainda ressalta os principais problemas de
muitos alunos do curso superior noturno: “Estudantes sem maturidade social,
que fazem da faculdade uma continuação do ensino médio, preocupados mais
com as notas do que com as habilidades e o conteúdo das disciplinas;
estudantes idosos, sem interesses científicos ou profissionalmente relevantes,
estudando para satisfazer um sonho; e estudantes desajustados nos cursos
que escolheram, mas que não os deixam para não perder o tempo já
investido”.
3.2- Análise de psicólogos/psicanalistas sobre a influência dos
aspectos avaliados pelos alunos em suas faculdades
Segundo a psicanalista e assistente social Andreia Masioli, tendo como
base o resultado das pesquisas realizadas com alunos das três instituições de
ensino, a interferência dos inúmeros fatores analisados é um ponto de partida
52
para o aprimoramento da metodologia de trabalho no ensino superior noturno.
Ela afirma que, de acordo com a impossibilidade de desvincular o aluno de sua
realidade cotidiana, faz-se prioritário tornar o ambiente acadêmico mais
acolhedor, através da correção das imperfeições apontadas na estrutura física
e pessoal da faculdade. “Se estes aspectos negativos estão gerando
insegurança ao indivíduo, é necessário somar a este problema o fato do aluno
já trazer consigo um conjunto de questões mal resolvidas. Daí se desenha o
perfil do estudante do ensino noturno: alguém em busca de respostas rápidas
que se vê frustrado ao deparar-se com uma realidade acadêmica hostil às suas
demandas”.
Ainda de acordo com a profissional, em alguns casos o aluno vê-se
acuado por não estar pronto para enfrentar uma faculdade, mesmo que o
mercado de trabalho e inúmeras pressões sociais estejam condicionando suas
atitudes. “É impossível a alguns alunos administrar tais questões que envolvem
decisões de curto a longo prazo. É como pegar uma criança e acelerar seu
crescimento. Pode-se obter um resultado satisfatório, mas sabendo-se do
grande número de distúrbios e sequelas que serão provocadas. O ideal é
permitir o amadurecimento das escolhas do indivíduo, auxilia-lo nas suas
decisões quanto carreira, prepara-lo desde a base para o questionamento em
sala de aula. Trata-se de um processo lento, que dificilmente pode ser
consertado no meio de uma faculdade”.
3.3- Análise dos docentes atuantes em cada faculdade sobre os
alunos do turno noturno e sua postura em sala de aula
A professora Joelma Aparecida Zobole, docente da FACASTELO e
UNES, apresenta um cenário alarmante de seu cotidiano em sala de aula.
Segundo ela, dos alunos presentes em cada sala apenas um grupo de quatro
pessoas participam, ficando os outros passivos. “O interesse maior é ter o
diploma, não acumular conhecimento”. Em relação à transmissão de
conhecimento, Joelma aborda a problemática da falta de conhecimento
pedagógico de alguns docentes, somado à falta de recursos audiovisuais em
53
número adequado e biblioteca desatualizada. “É preciso motivar os
professores, pois são fatores que influenciam negativamente no saber
transmitido”.
O professor Douglas Francisco Alves, docente da FACASTELO no curso
de administração de empresas, aponta como prioridade a ser resolvida a
problemática da falta de integração teoria-prática. Segundo o docente, há uma
carência muito grande de atividades extra-curriculares vinculadas aos
ensinamentos dentro de sala de aula. “O aluno tem vontade de manifestar seu
potencial, contudo não consegue coordenar de forma eficaz o seu desejo e sua
capacidade. Com isso, temos uma grande quantidade de trabalhos acadêmicos
com apelo extremamente superficial quanto ao conteúdo e adequação à
realidade”. Douglas ainda salienta a preocupação excessiva dos alunos quanto
ao quantitativo de faltas e notas, sendo estas prioritárias em relação à
apreensão de conhecimento. “É preciso reconhecer a verdadeira motivação do
aluno em estar frequentando uma sala de aula de faculdade. Formar alunos
para simplesmente ostentarem um título é absolutamente inadequado, pois
estes irão refletir negativamente o nome da faculdade onde estudaram, como
também a profissão para a qual julgam estar preparados”.
3.4- Análise das impressões apresentadas pelos alunos,
professores e profissionais entrevistados sob o ponto de vista
mercadológico
O cenário descrito por alunos e profissionais atuantes nas IESES
analisadas demonstra uma enorme fragilidade bilateral no tocante a discentes
e o ambiente educacional. Apesar de algumas considerações positivas quanto
as faculdades e sua estrutura operacional, há claramente um ambiente de
insatisfação sendo deixado de lado ou minimamente trabalhado com ideal de
mudança.
Analisando a pesquisa apresentada nos capítulos 3 e 4 deste trabalho,
pode-se concluir, num ponto de vista médio, que o aluno do curso superior
54
noturno nas faculdades pesquisadas é jovem, sem vínculos no âmbito familiar
– solteiro e sem filhos, pertencente a uma classe média baixa ou mediana –
tomando como base a realidade socio-econômica da região do sul do ES,
empregado com carteira assinada, residente na área urbana e que ingressou
na faculdade logo após a conclusão do ensino médio.
Uma leitura mais profunda das características mencionadas na pesquisa
permite algumas conclusões:
a) a pouca idade, associada à falta de maturidade em relação às
escolhas para o futuro, condiciona o aluno a manter uma postura passiva
diante das provocações feitas pelos professores e pelo próprio conteúdo. Tal
passividade, associada a estímulos internos característicos de sua situação
socio-econômica e cultural, mantém o aluno apartado de momentos
importantes para a ruptura dos paradigmas existentes em seu pensamento.
Desta forma, a realidade pessoal, associada à realidade coletiva de uma
maioria visível nas salas de aula, desestimula a busca pelo conhecimento e
promove a acomodação;
b) o descompromisso e a sensação de independência motiva o aluno a
manifestar-se de forma agressiva, ao invés de utilizar as oportunidades para a
construção do processo de aprendizagem. Aliada à estabilidade, promovida
pela figura clássica do emprego vinculado à carteira assinada, a resistência ao
pensamento cria raízes profundas com o passar do tempo, levando à formatura
forçada de pessoas com mínima capacidade de produzir a mudança;
c) a participação na classe média baixa, associada à vivência no
ambiente urbano, desperta o consumo de idéias massificadas pela mídia. Tais
idéias transmitem valores de rápida absorção, que encontram espaço e terreno
fértil na mente de indivíduos jovens em construção.
Aliado a este cenário de grande resistência, é necessário mencionar as
principais dificuldades enfrentadas pelo aluno para entrar e concluir seus
estudos: pagamento de mensalidades, frequência em sala de aula, disposição
física para o aprendizado e dificuldade de acesso à faculdade.
O primeiro ponto diz respeito à definição de prioridades na vida do aluno.
O pagamento da mensalidade não se torna prioridade, tendo em vista outras
55
necessidades emergentes no âmbito familiar ou social do indivíduo. O aluno
não consegue despertar para a motivação inicial a frequentar um curso
superior – ascensão profissional, crescimento pessoal, competitividade no
mercado de trabalho – esquivando-se do problema e amenizando apenas
aqueles que julga convenientes. Não é difícil perceber esta situação como um
elemento desmotivador à assiduidade no curso.
A frequência em sala de aula, controlada por mecanismos ultrapassados
como a “chamada” ou condicionada pela imposição de ferramentas autoritárias
como provas e testes-surpresa, adquire uma característica opressora por conta
da conjuntura estabelecida na vida do aluno. Mesmo sendo um elemento
exigido para o provimento do grau ao estudante, a frequência torna-se o
principal motivo do aluno permanecer em sala de aula.
Por ser um curso caracterizado pela presença de indivíduos atuantes no
mercado de trabalho, é notória a existência de alunos indispostos ou
impossibilitados à troca de conhecimento pelo cansaço físico e mental
provocado pela atividade profissional. Soma-se a isto os fatores externos
anteriormente mencionados nas pesquisas realizadas e percebe-se a
construção de um ambiente hostil para o aprendizado.
Além das questões individuais, a própria infra-estrutura da cidade é um
empecilho ao desenvolvimento educacional do aluno. A ausência de uma rede
de transportes coletivos eficiente e adequada aos horários dos estudantes é
mais um elemento desmotivacional e determinante para o fracasso dentro de
sala de aula.
As instituições de ensino analisadas são co-responsáveis pelo fracasso
do estudante, uma vez que diversos aspectos mencionados nas pesquisas e
também observados no cotidiano das IESES são de responsabilidade das
instituições, como pode-se resumir a seguir:
a) a euforia provocada pela busca de novos alunos a cada período
permite a evasão indiscriminada de estudantes matriculados. A preocupação
excessiva com a entrada de alunos consome recursos financeiros e pessoais
da instituição, recursos que deveriam ser parcialmente voltados para a atenção
ao aluno conquistado;
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b) a falta de uma cultura de apresentação da instituição de ensino como
produtora de conhecimento, ao invés de demonstra-la como empresa
declaradamente interessada no aluno-cliente, consolida uma imagem fraca da
faculdade perante o mercado. Por mais que o aluno esteja interessado no
curso oferecido por uma instituição, a falta de uma impressão positiva atrapalha
a tomada de decisões.
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CONCLUSÃO
Com base nos apontamentos aferidos neste trabalho é possível iniciar
uma discussão sobre a reestruturação do ambiente acadêmico das instituições
superiores do turno noturno. Além da discussão é preciso desenvolver um
plano de ação para promover a correção dos pontos apresentados por
docentes, discentes e profissionais de educação, pois a solução depende de
um conjunto de atitudes isoladas que comporão a verdadeira e significativa
mudança.
A principal mudança deve partir das instituições de ensino superior,
detentoras de um fantástico poder de atração de pessoas, contudo carentes na
retenção e fidelização destes indivíduos. É necessário tirar o foco do mercado
e coloca-lo na sala de aula, destinar recursos investidos em vestibulares e
processos de entrada de estudantes para ampliar a sensação de acolhimento e
satisfação dos estudantes.
A segunda mudança depende do envolvimento pessoal. Docentes e
discentes precisam unir-se em prol do verdadeiro compromisso de ambos:
ensinar e aprender. Basta de colocar os problemas e desventuras pessoais à
frente do verdadeiro objetivo de uma faculdade, que está diretamente ligado à
transformação do indivíduo. “O aluno que não aprende e o professor que não
ensina” é um modelo que deve ser abolido, através do acompanhamento cada
vez mais proximal das coordenações de curso ao ambiente de sala de aula.
A terceira mudança deve partir dos órgãos reguladores do ensino
superior. Que não sejam cometidas velhas e novas falhas na abertura e
regulação de cursos superiores no Brasil. A política de ensino não deve
priorizar a reprovação, ou ainda depositar nas avaliações de conteúdo
tradicionais a responsabilidade de “passar” ou não um aluno. Entretanto, deve-
se repensar o modelo extremamente livre, que não acompanha o aluno como
indivíduo, mas como parte de uma estatística.
Desta soma de elementos modificadores espera-se obter resultados
básicos – como o aprimoramento pessoal, o desenvolvimento profissional e a
58
propensão à transformação da realidade coletiva – que já deveriam estar
contemplados no sistema educacional atual, contudo estão cabulados no meio
de tantas esquivas.
O teórico soviético Lev Semenovich Vigotskii apresenta no texto
“Aprendizagem e Desenvolvimento Intelectual na Idade Escolar” (VIGOTSKII,
2006) um conceito amplamente aplicável à realidade do estudante do ensino
superior. Segundo ele, o curso da aprendizagem escolar da criança não é
continuação direta do desenvolvimento pré-escolar em todos os campos: o
curso da aprendizagem pré-escolar pode ser desviado, de determinada
maneira, e a aprendizagem escolar pode também tomar uma direção contrária.
“Mas tanto se a escola continua a pré-escola como se impugna, não podemos
negar que a aprendizagem escolar nunca começa no vácuo, mas é precedida
sempre de uma etapa perfeitamente definida de desenvolvimento, alcançado
pela criança antes de entrar para a escola”.
É deste tipo de educação que os alunos dos cursos superiores noturnos
precisam. Um modelo que permita a continuação de um processo prazeroso de
aquisição de conhecimento, que transmita novos valores a cada instante,
despertando o desejo destes seres humanos em continuarem seu processo
evolutivo, produzindo o futuro de sua realidade.
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VIGOTSKII, Lev Semenovich e outros. Linguagem, desenvolvimento e
aprendizagem. 10 ed. São Paulo. Ícone, 2006.
Revista Ensino Superior. Janeiro/2007. Ed. Segmento. São Paulo, SP.
Pág. 28 a 32.
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ANEXOS
Anexo 01: Questionário Demográfico aplicado aos alunos
Questionário de Pesquisa – Prof. David Perovano ( ) FACASTELO ( ) UNES ( ) FACI
- Idade ( ) até 18 anos ( ) entre 19 e 25 ( ) entre 26 e 35 ( ) acima de 36 anos - Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino - Estado civil ( ) Solteiro ( ) União Estável ( ) Casado ( ) Separado/Divorciado ( ) Viúvo - Filhos ( ) Sim ( ) Não - Religião ( ) Católico ( ) Evangélico ( ) Espírita ( ) Agnóstico ( ) Umbandista ( ) Sem religião ( ) Outra - Etnia ( ) Branco ( ) Negro ( ) Pardo ( ) Índio ( ) Outra - Renda familiar (em salários mínimos = R$ 380,00) ( ) até 01 salário ( ) entre 01 e 05 salários ( ) entre 05 e 10 salários ( ) acima de 10 salários - Você está empregado? ( ) Sim, com carteira assinada ( ) Sim, sem carteira assinada ( ) Sou proprietário de um negócio ( ) Não - Caso esteja empregado, você atua na área de estudos do seu curso? ( ) Sim ( ) Não - Você reside: ( ) Na cidade onde está a faculdade ( ) A menos de 40 km da faculdade ( ) Mais de 40 km da faculdade - A cidade onde reside é caracterizada como área: ( ) Urbana ( ) Rural ( ) Não sabe informar - O bairro/distrito onde reside é caracterizado como: ( ) Centro da cidade ( ) Subúrbio da cidade ( ) Não sabe informar
Anexo 02: Questionário sobre a Estrutura Física da Faculdade
QUESTIONÁRIO SOBRE ASPECTOS RELACIONADOS À SUA FACULDADE – Prof. David Perovano ( ) FACASTELO ( ) UNES ( ) FACI
1) Estrutura física da faculdade Acesso - Como é a localização da faculdade? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim - Como é, para alguém que não conheça a faculdade, chegar até ela? ( ) Fácil ( ) Difícil
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- Como é, para alguém que conheça a faculdade, chegar até ela? ( ) Fácil ( ) Difícil - Assinale as principais dificuldades referentes ao acesso até a faculdade: ( ) Falta de sinalização para a faculdade na cidade ( ) Falta de sinalização na chegada da faculdade ( ) Chegada da faculdade mal iluminada ( ) Transporte coletivo deficiente (horários e rotas) ( ) Pavimentação ruim / inexistente ( ) Falta de segurança no horário de entrada ( ) Falta de segurança no horário da saída ( ) Outro: ______________________________________________ Instalações gerais - Como você classifica as dependências da faculdade no âmbito geral? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim - Como você classifica o estacionamento da faculdade? ( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim - Como você classifica a área de convivência da faculdade (lanchonete, pátio)? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim - Como você classifica a biblioteca da faculdade? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim - Como você classifica os banheiros da faculdade (em relação à conservação e localização) ( ) Excelentes ( ) Bons ( ) Regulares ( ) Ruins - Como você classifica a segurança dentro da faculdade? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim - Como você classifica a segurança nos arredores da faculdade? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim Sala de aula - Como você classifica a sua sala de aula num âmbito geral? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim - Como você classifica a iluminação da sala de aula? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim - Como você classifica o quadro negro/branco da sala de aula? ( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim - Como você classifica o mobiliário da sala de aula (cadeiras, mesas) ( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim - Como você classifica a pintura da sala de aula? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim - Como você classifica a temperatura da sala de aula? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim - Como você classifica a acústica (propagação do som) da sala de aula? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim - Como você classifica o número de alunos existentes na sala de aula? ( ) Ideal ( ) Insuficiente ( ) Excessivo - Como você classifica a interferência de ruídos externos na sala de aula (durante o horário das aulas)? ( ) Insignificante ( ) Tolerável ( ) Insuportável Recursos tecnológicos - Como você classifica os recursos tecnológicos existentes para aulas e atividades (data show, computadores, retro projetor, televisor, DVD) num âmbito geral? ( ) Excelentes ( ) Bons ( ) Regulares ( ) Ruins - Como você classifica a disponibilidade desses recursos (para uso dos professores)? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim - Como você classifica a disponibilidade desses recursos (para uso dos alunos)? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim - Como você classifica a atualização desses recursos para as necessidades do aluno? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim
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2) Corpo docente Formação Acadêmica - A formação acadêmica do corpo docente é adequada às disciplinas ministradas? ( ) Totalmente adequada ( ) Parcialmente adequada ( ) Inadequada - A formação do corpo docente é adequada às suas expectativas? ( ) Totalmente adequada ( ) Parcialmente adequada ( ) Inadequada - Há uma política visível de reciclagem de professores (por parte da faculdade e por parte do próprios professores)? ( ) Constantemente ( ) Esporadicamente/Raramente ( ) Inexistente - Há uma busca por parte dos professores em reciclar seus planos de aula? ( ) Constantemente ( ) Esporadicamente/Raramente ( ) Inexistente Didática em sala - Quanos professores têm uma preocupação com a didática em sala de aula, num âmbito geral? ( ) Todos ( ) A maioria ( ) A minoria ( ) Nenhum - Quantos professores apresentam disponibilidade para ensinar e tirar dúvidas em sala de aula? ( ) Todos ( ) A maioria ( ) A minoria ( ) Nenhum - Quantos professores possuem um ritmo de aula adequado às suas expectativas? ( ) Todos ( ) A maioria ( ) A minoria ( ) Nenhum - Quantos professores utilizam o tempo disponível para suas aulas? ( ) Todos ( ) A maioria ( ) A minoria ( ) Nenhum Atividades realizadas - As atividades em classe correspondem ao conteúdo ministrado? ( ) Todos ( ) A maioria ( ) A minoria ( ) Nenhum - As provas correspondem ao conteúdo ministrado pelo professor? ( ) Todos ( ) A maioria ( ) A minoria ( ) Nenhum - As atividades e provas são formuladas de forma a prezar o conteúdo ou a interpretação do conteúdo? ( ) Sempre ( ) A maioria das vezes ( ) A minoria das vezes ( ) Nunca - As atividades enfocam a teoria, a prática ou a relação entre teoria e prática? ( ) Teoria ( ) Prática ( ) Teoria associada à prática Relacionamento extra-classe - Como é o relacionamento extra-classe com professores? ( ) Constante ( ) Regular ( ) Inexistente - Como é o relacionamento extra-classe com os alunos da sua turma? ( ) Constante ( ) Regular ( ) Inexistente - Como é o relacionamento extra-classe com alunos de outras turmas? ( ) Constante ( ) Regular ( ) Inexistente 3) Administração/Secretaria Inscrição/matrícula/rematrícula - Como foi o processo de inscrição para o vestibular? ( ) Fácil / rápido ( ) Difícil / lento - Como foi o processo de obtenção do resultado do vestibular? ( ) Fácil / rápido ( ) Difícil / lento - Como foi o processo de matrícula? ( ) Fácil / rápido ( ) Difícil / lento - Como é o processo de pagamento das mensalidades? ( ) Fácil / rápido ( ) Difícil / lento - Como é o processo de rematrícula a cada período? ( ) Fácil / rápido ( ) Difícil / lento - Como é a disponibilidade de horários para composição da grade horária? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim Burocracia - Como é o processo para obtenção de documentos da faculdade (declarações, histórico escolar, diploma)?
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( ) Fácil / rápido ( ) Difícil / lento Controle de notas/presença - Como você classifica a disponibilidade de informações sobre notas? ( ) Fácil / rápido ( ) Difícil / lento - Como você classifica os meios disponíveis para obtenção das notas? ( ) Totalmente adequados ( ) Parcialmente adequados ( ) Inadequados - Como você classifica os meios para controle da presença? ( ) Totalmente adequados ( ) Parcialmente adequados ( ) Inadequados - Como você classifica os meios para informação aos alunos sobre a presença? ( ) Fácil / rápido ( ) Difícil / lento - Como você classifica a média definida para a aprovação do aluno? ( ) Ideal ( ) Elevada ( ) Baixa - Como você classifica o limite de faltas definido para a aprovação do aluno? ( ) Ideal ( ) Elevado ( ) Baixo Relacionamento com a direção e coordenação do curso - Como você define o acesso para manifestação de críticas junto à direção geral? ( ) Fácil e rápido ( ) Difícil / lento - Como você define o acesso para manifestação de sugestões junto à direção geral? ( ) Fácil / rápido ( ) Difícil / lento - Como você define o processo para regularização da situação financeira do aluno junto à direção geral? ( ) Rápido ( ) Lento - Como você define o acesso para manifestação de críticas junto à coordenação de curso? ( ) Fácil / rápido ( ) Difícil / lento - Como você define o acesso para manifestação de sugestões junto à coordenação de curso? ( ) Fácil / rápido ( ) Difícil / lento - Como você classifica a ação da coordenação de curso junto à direção geral? ( ) Totalmente adequada ( ) Parcialmente adequada ( ) Inadequada 4) Imagem da instituição Posicionamento da instituição - Como você classifica o posicionamento da instituição (como ela se manifesta) diante do mercado? ( ) Totalmente adequado ( ) Parcialmente adequado ( ) Inadequado - Como você classifica as ações externas de propaganda para divulgação da instituição? ( ) Totalmente adequada ( ) Parcialmente adequada ( ) Inadequada - Como você classifica as ações internas de propaganda (dentro da faculdade) para divulgação da instituição? ( ) Totalmente adequada ( ) Parcialmente adequada ( ) Inadequada Imagem junto aos alunos - Qual a sua impressão da instituição num âmbito geral? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim - Qual a imagem que você transmite sobre sua instituição para as pessoas com quem você se relaciona? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim Imagem junto aos alunos de outras IES e públicos externos - Como a instituição é vista pelos alunos de outras IES, de acordo com sua percepção? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim - Como a instituição é vista pelas pessoas com quem você se relaciona comumente? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim - Pela sua opinião, como a instituição é vista pelas empresas contratantes de formandos? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim 5) Postura do aluno Base anterior à faculdade - Tempo entre a conclusão do ensino médio até o ingresso na faculdade ( ) Imediato ( ) Após 1 ano ( ) Após 2 a 4 anos ( ) Após 4 a 6 anos ( ) Após 6 ou mais anos
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- Sua formação estudantil foi feita: ( ) Toda em escola pública ( ) Toda em escola particular ( ) Maior parte em escola pública ( ) Maior parte em escola particular - Você já iniciou outra faculdade? ( ) Sim ( ) Não - Você já concluiu outra faculdade? ( ) Sim ( ) Não - Principais dificuldades no cotidiano vida x faculdade (permitido marcar mais de uma opção) ( ) Pagamento das mensalidades ( ) Freqüência (presença) em sala de aula ( ) Disposição física para presença em sala de aula ( ) Disposição psicológica para presença em sala de aula ( ) Problemas em família ( ) Dificuldade de acesso à faculdade (horários, transporte coletivo, etc.) ( ) Dependência de drogas e uso de medicamentos