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O amor é paciente, o amor é prestável, não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita nem guarda ressentimento. Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará. (S. Paulo, 1 Cor 13, 4-8) Preparemos juntos O DIA DA DIOCESE Paróquias Movimentos Grupos Este guião contém duas catequeses elaboradas para encon- tros de casais ou pessoas adultas em geral: A primeira, «Família, uma experiência feliz?», aborda alguns problemas das famílias atuais e apresenta a Boa Nova da Fa- mília. A segunda, «Família, igreja doméstica, como rezas, como vi- ves?», pretende ligar a família e a comunidade cristã. 2

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O amor é paciente,

o amor é prestável,

não é invejoso,

não é arrogante nem orgulhoso,

nada faz de inconveniente,

não procura o seu próprio interesse,

não se irrita nem guarda ressentimento.

Não se alegra com a injustiça,

mas rejubila com a verdade.

Tudo desculpa, tudo crê,

tudo espera, tudo suporta.

O amor jamais passará.

(S. Paulo, 1 Cor 13, 4-8)

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Preparemos juntos

O DIA DA DIOCESE

Paróquias

Movimentos

Grupos

Este guião contém duas catequeses elaboradas para encon-tros de casais ou pessoas adultas em geral:

A primeira, «Família, uma experiência feliz?», aborda alguns problemas das famílias atuais e apresenta a Boa Nova da Fa-mília.

A segunda, «Família, igreja doméstica, como rezas, como vi-ves?», pretende ligar a família e a comunidade cristã.

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FAMÍLIAS,

APRENDEI E TESTEMUNHAI

O AMOR MISERICORDIOSO!

CATEQUESES PARA ENCONTROS DE ADULTOS

ALGUMAS INDICAÇÕES PRÁTICAS

Com estas duas catequeses de adultos pretende-se que as pessoas

possas exprimir-se livremente sobre a realidade atual da família e

à luz da Palavra de Deus e da doutrina da Igreja possam encontrar

novos caminhos para a vida. Para tal é necessário que o Animador

não faça um discurso, mas a partir dos tópicos que se seguem pro-

mova o diálogo num ambiente de serenidade e questionamento,

considerando que todas as contribuições são importantes mesmo

que pareçam pouco adequados.

Os tópicos que se seguem são indicativos de alguns aspetos que

consideramos importantes. Podem não ser todos seguidos e outros

poderão ser acrescentados dependendo da situação concreta das

pessoas presentes.

O primeiro encontro é mais genérico e aborda questões e proble-

mas atuais.

O segundo encontro pretende valorizar uma família cristã empe-

nhada na igreja.

É importante criar um clima de alegria, acolhimento e respeito

pela situação de todas as pessoas. Aconselhamos que em vez de

um só animador seja uma equipa a preparar as sessões e nelas se

executem alguns cânticos e orações. Bom trabalho.

A equipa coordenadora

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Oração conclusiva Animador: Vamos concluir esta catequese rezando ao Senhor a oração que se segue:

Senhor, é na família que encontramos o melhor lugar do mundo para sermos felizes. Tu próprio, Senhor, quando quiseste partilhar a nossa con-dição e te fizeste homem, escolheste uma família. É na família, Senhor, que se faz a aprendizagem dos valores humanos e espirituais, que fundam a nossa identidade co-mo pessoas. É na família que se experimenta e vive A relação de fé que nos coloca em comunhão contigo, Senhor. A família é um lugar de crescimento. Aí, cada um de nós encontra um clima de afetos, sustentados pelo pai e pela mãe, que são a expressão humana da Tua paternidade divi-na. Envolvidos por esse clima de amor, os próprios filhos con-tribuem para o crescimento da fé dos pais. A família é também o espaço de aprendizagem do dom. Os filhos são um dom concedido aos pais por Ti, ó Senhor. Bendito sejas, Senhor, pelo dom da família humana. Torna-nos permeáveis ao exemplo da Família de Nazaré.

Pai nosso...

Animador: Vamos em paz e que o Senhor nos acompanhe. Todos: Amen

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"Como eleitos de Deus: Revesti-vos de entranhas de misericórdia, de humildade, de mansi-dão, de bondade; Suportai-vos uns aos outros (na família) Perdoai-vos uns aos outros. Como o Senhor vos perdoou, assim de-veis perdoar: Revesti-vos de caridade uns para com os outros; Resida em vossos corações e no vosso Iara paz de Cristo".

(Col. 3, 12-15)

Este é o programa de vida que Deus oferece, como caminho de feli-cidade, a quem aceita viver o matrimónio em sacramento. 3.3. A educação dos filhos Olhemos agora para a educação dos filhos. O Concílio diz: "A família é a mãe e a fonte da educação. Nela, os filhos, rodeados de amor, aprendem mais facilmente a reta ordem das coisas" (GS, 61) "Os pais que transmitiram a vida aos filhos têm a gravíssima obriga-ção de educar os filhos. Eles são os seus primeiros e principais edu-cadores. " (GS, 3) Exigências: Tudo isto exige, porém, entre outras coisas, o seguinte: Formação adequada antes do casamento. Um tempo de namoro vivido seriamente, para que os dois se conhe-çam e ensaiem uma vida a dois, vivida no verdadeiro amor. Não basta passar esse tempo a “fazer amor". Não tem sentido também unir-se pelo sacramento da Igreja quem não vive a vida de fé da mesma Igreja. Dialogar: Na nossa Comunidade paroquial é assim que as nossas famílias vivem? Qual será o melhor modo de viver para que haja paz nas famí-lias, fidelidade e amor entre os esposos, educação dos filhos? Que será preciso fazer para que os novos se responsabilizem a viver séria e cristãmente a vida familiar e possam fazer da famí-lia uma Igreja doméstica?

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I - A FAMÍLIA, UMA EXPERIÊNCIA FELIZ? 1. A REALIDADE DAS NOSSAS FAMÍLIAS A experiência que acumulamos ao longo dos anos é muito importante. A pessoa, desde as primeiras etapas da vida até à maturidade, enrique-ce-se no relacionamento com os outros que vivem em lugares e ambi-entes diferentes. 1.A experiência do lar A relação primordial da pessoa humana é, certamente, a relação fami-liar. E de uma maneira mais forte e gratificante (pelo menos no princí-pio) a relação com a mãe, uma vez que o amamentar ("leite e mel") cria, segundo os psicólogos, laços insubstituíveis. Também as creches podem enriquecer a criança na sua relação social: mais pessoas com quem convive; as crianças são diferentes e vêm de ambientes diferentes. Mas há que "voltar a casa", "voltar ao lar"! A casa, o lar é um lugar onde o carinho, o afeto e a convivência se dão por garantidos. A família é o refúgio para os afetos. E, talvez, o único reduto em que hoje as pessoas se sentem apreciadas, valorizadas, amadas. Diálogo:

O carinho, o afeto e a convivência dão-se por garantidos no lar.

Que significa para as crianças voltar a casa?

Que significa para os pais reencontrar-se com os seus filhos?

É verdade que, neste reduto da afetividade, nem tudo é sinceridade e al-

truísmo; também se detetam sintomas de egoísmo e comodismo.

Apontar experiências, dados, factos que atestem estas atitudes.

2. A família mudou. As relações afetivas também? A família, de fato, mudou. Já não é o que era antes. Claro que não!

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A família sofre todas as mudanças e consequências que a sociedade sofre.A sociedade tornou-se mais aberta, mais tolerante e até indife-rente para alguns valores que se consideravam essenciais no clima de família há alguns anos. A democracia, o respeito por todas as pessoas e por todas as ideias entrou também, pouco a pouco, na formação da família. O salto da família rural para a família que vive nos grandes centros urbanos foi tremendo. Por exemplo, nas aldeias a própria casa está carregada de afetos; nela se têm relações familiares muito agradá-veis com muitas pessoas. Por isso, é doloroso abandonar a casa da aldeia para viver num apartamento pequeno, onde se encontra uma certa solidão. Diálogo: A família mudou:

Como temos vivido nós mesmos essas mudanças?

Queremos partilhar alguma experiência que tenha a ver com es-

sas mudanças? 1.3. Os pais continuam a ser imagem de Deus agora como antes? Este é outro fator significativo! O pai deixou de ser o chefe indiscu-tível, até à morte, de todo o clã familiar. A vida dos seus filhos, so-bretudo dos filhos casados, já não depende dele, das suas decisões, do seu testamento. Os filhos cresceram, promoveram-se no âmbito profissional e também cultural e já não necessitam dos pais. O prestígio, a autoridade, o poder que antes o pai tinha, não transmi-tiria a imagem de um Deus autoritário e exigente? (Falamos de uma imagem antropomórfica, não de uma imagem moral ou testemu-nhal). No entanto, a imagem de Deus como Pai bom, carinhoso, acolhedor e generoso era o que se queria apresentar na pregação e na cateque-se cristãs. Mas estas, entre outras razões, estavam condicionadas pelo autoritarismo da figura paterna. Para transmitir essa imagem paterna de Deus não será mais adequa-da a imensa quantidade de pais jovens que manifestam com expres-sões espontâneas, ricas e variadas, em casa e na rua, a afetividade e o amor aos seus filhos e filhas?

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Dialogar Como é que nós rezamos, quer em particular, quer em família? Utilizamos a Palavra de Deus? Os Pais presidem como ministros da Igreja doméstica? Celebramos, em família, o tempo do Advento, o tempo pascal? Rezamos nos acontecimentos importantes da nossa família? Rezamos à mesa?

3. Família, como vives?

3.1. O Sacramento do Matrimónio O sacramento do matrimónio que os dois esposos receberam não cor-tou com o amor humano que existia neles antes do casamento. Esse amor continua. Mas, ao receberem esse sacramento os dois entraram, de modo sacra-mental, na esfera do amor de Deus. Deus é amor e todo o amor vem de Deus, diz a Bíblia. A partir do sacramento do matrimónio celebrado por eles, o amor que existia neles transcendeu-se, como que subiu de nível, e, por is-so, o que até ali era amor entre os dois, é agora amor entre eles e Deus. Diz o Concilio: "A família nascida do sacramento do matrimó-nio é imagem e participação da Aliança de amor entre Cristo e a Igre-ja” (GS, 48) Isto quer dizer que, pelo sacramento, Deus entrou na vida dos espo-sos para os responsabilizar de modo diferente e assumirem um com-promisso mais sério e serem pela vida fora: Fiéis um ao outro para sempre, na alegria do amor. Viverem unidos, em comunhão, à de Deus. Criarem os filhos, sentindo-se colaboradores de Deus na obra da cria-ção. Construírem a vida familiar segundo o Evangelho. 3.2. A vida familiar Vamos olhar, de modo particular, para a vida familiar: Diz a Bíblia, dirigindo-se à nova família que nasce no dia do casa-mento:

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2.2. Na sua casa em família O Concilio diz que a oração feita em comum torna a família o san-tuário doméstico da Igreja. (AA, 11) Toda a família cristã deve privilegiar o rezar em família, sentindo-se Igreja Doméstica e transformando a sua casa em templo vivo de oração ao Pai. Os pais, como ministros da Igreja, na sua Igreja Doméstica, presi-dem a todos os atos da oração familiar. A Família pode rezar: Com leituras da Bíblia seguidas de reflexão feita pelos pais. Com celebrações feitas em casa: à mesa, no tempo do Advento e da Páscoa, nos aniversários, quando algum familiar está doente, nos acontecimentos e datas importantes da vida de família. Com orações várias rezadas em grupo ou por cada um individual-mente na comunidade familiar. Os pais devem desenvolver o espírito criativo para apresentarem sempre novidade e predisporem e motivarem os filhos para a ora-ção. Podemos considerar dois modos de orar e, quer um quer outro po-dem ser rezados tanto individualmente como em família: Um desses modos é rezar dirigindo a Deus orações aprendidas de cor. Por exemplo, o Pai Nosso, a Ave-maria, a Salve Rainha, etc. O outro modo é rezar, falando com Deus, como um filho fala com o Pai, à maneira de Jesus, apresentando-Lhe a sua vida, os seus pro-blemas e dificuldades, pedindo-lhe auxílio, etc.. Jesus rezava deste modo: "Pai, Eu te dou graças por ..." Tenhamos presente que família que reza torna-se família que vive a fé, e que vive em paz, porque procura resolver, a bem, os seus pro-blemas torna-se família que serve os irmãos e família que permane-ce fiel no amor e na união. Os pais junto dos filhos devem ser mestres de oração para poderem ensinar aos filhos. É um dever e uma responsabilidade dos pais aprender para ensinar.

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Por outro lado, a afetividade e a convivência do casal podem sofrer, algumas vezes, situações de isolamento, de cada um se fechar em si mesmo, de pôr de lado uma convivência social mais rica e enriquece-dora (individualismo). Os recém-casados, em particular, e talvez também alguns casais de-pois de alguns anos de casamento, esquecem-se das atividades reli- giosas, apostólicas, políticas, sindicais… Diálogo: A família mudou em muitos aspetos...

Poderemos dizer que mudou nas relações afetivas dos seus membros?

Em que sentido?

Também houve uma mudança de relações afetivas com Deus? Como?

Os casais, ao casarem-se ou depois de anos de convivência, descuram a

sua ação social e religiosa… Será verdade?

Conheces alguns casos parecidos com os citados aqui?

Como os explicarias? 1.4. Em situações de separação e divórcio São cada vez mais frequentes os casos de separação e de divórcio, também entre pessoas muito próximas de nós Não é lamentável que além de sofrer terrivelmente a separação dos pais, sempre vivendo entre a nostalgia e a esperança de um definitivo reencontro, os filhos fiquem privados de apoio e carinho dos pais? Falamos de apoio e carinho de verdade; não de mimos e de chanta-gens afetivas cultivados no fim de semana ou no dia assinalado para a visita. Diálogo: Conheces, com certeza, algum caso de divórcio ou de separação do ca-

sal, mais ou menos próxima de ti ou dos teus,

Qual é, na tua opinião, o sofrimento mais forte nestes casos?

Nos conflitos de casal, os filhos sofrem» e até se diz que comem o

pão que o diabo amassou! Que pensas sobre isto? Separados...

mas pais?

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1.5. A televisão, a internet, os telemóveis…, a favor ou contra a família? A privacidade da família está hoje invadida por poderosos meios de comunicação e de entretenimento. São, como é natural, instrumentos que podem ser usados bem ou mal dentro duma família. Podem alargar conhecimentos, podem ser instrumentos de reunião à volta de um bom programa ou de um bom filme. A televisão e outros meios de comunicação podem ajudar a uma per-ceção mais clara dos efeitos e problemas das separações familiares e ajudar a compreender melhor essas situações. Esses meios são também uma forma de prestarmos atenção aos pro-blemas do nosso tempo, tornando-nos próximos d grandes dramas das pessoas nas suas diferentes crises. Podem, por outro lado, ser uma fonte de divisão e de isolamento quando as pessoas individual-mente se distanciam dos outros para em solidão seguirem o seu jogo ou programa favorito. 1.6. A afetividade e a segurança proporcionada pela família Apesar de tudo o que foi dito, há que recordar agora o contraste tão marcante que existe entre a convivência na sociedade, onde reina com frequência o egoísmo, a ganância do dinheiro, a aparência… e a convivência na família, onde o amor, o serviço e a ajuda mútua são gratuitos, normais e onde a relação não tem preço algum. O contexto familiar é, sem dúvida, o melhor caldo de cultura para o desenvolvimento de valores muito importantes e para o crescimento integral da pessoa (segurança, identidade, autoestima...). A boa convivência na família também se pode ir estendendo a outras áreas de convivência social. A relação com os vizinhos, as relações no trabalho, a convivência nos dias de lazer, saídas ao campo, excur-sões turísticas, almoços ou jantares comunitários... poderiam ser uma continuação dessa boa convivência familiar, desse "treino do lar" que transmitisse luz e o calor do ambiente privilegiado da famí-lia a esses outros lugares mais frios, permitindo o mútuo enriqueci-mento. Geralmente sentimo-nos muito satisfeitos por pertencer à nossa fa-mília. Simplesmente por isso: é a nossa família. Os psicólogos dizem que o sentir-se parte de uma família é das coi-sas mais gratificantes para o ser humano.

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Está aqui a grande missão dos pais. Preparar todo este alimento: da Palavra de Deus das celebrações em família, da oração em família, da educação dos filhos na fé, na vida social e na caridade, para que as suas Igrejas domésticas estejam cheias de vida e assim toda a Comu-nidade paroquial apareça também renovada e todos se sintam felizes nela, e dispostos a trabalhar, vendo na sua Paróquia a sua própria Igreja local. Dialogar Olhemos de novo para esta página que acabámos de ler, e dialo-guemos sobre alguns pontos que achamos mais importantes. É assim que os pais das nossas famílias entendem a sua missão ao receberem o sacramento do matrimónio e é assim que eles proce-dem?

2. Família, como rezas? A Família deve rezar: 2.1. Participando na oração da Igreja paroquial A família, como Igreja Doméstica é uma célula viva da Igreja paro-quial. Por isso, uma maneira de a família rezar é participar na oração da Comunidade paroquial. É que a família é parte integrante dum corpo que é a comunidade cristã da Paróquia. E se ela se separa desse corpo, desintegra-se e morre. Trata-se da morte na fé. Ora o centro da oração paroquial é a Eucaristia (Missa) celebrada em cada domingo na igreja da Paróquia. A partir daqui, concluímos que os pais, como ministros da sua Igreja Doméstica, devem participar cada domingo na celebração da Comu-nidade paroquial. Mais: não devem ir sozinhos: devem levar os filhos para que, como Igreja Doméstica, a sua família participe na celebração dominical da sua paróquia, onde se devem integrar todas as Famílias Domésticas que constituem a comunidade paroquial. Deste modo, a celebração de cada domingo será, na Igreja paroquial, o encontro celebrativo de todas as Famílias Domésticas paroquiais. E a Assembleia dominical será a Comunidade das comunidades famili-ares reunida na igreja da Paróquia.

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1.3. A missão dos pais na Família, Igreja doméstica, é semelhante à missão do Pároco na Igreja paroquial. O Pároco, segundo o seu ministério, preside, na sua Comunidade, à celebração dos Sacramentos, à oração, à vida paroquial. Os Pais, segundo o seu ministério, presidem, na Família, à leitura da Palavra de Deus, à oração, às celebrações de família, à formação dos filhos, à caridade da família para com os irmãos etc. 1.4. O que é que tem de particular estarem os pais, como ministros, à frente da Igreja Doméstica, em sua casa? Tem muito. É que os pais, sendo cristãos, pertencem, na fé, ao Povo de Deus. Foram, portanto, chamados por Deus para constituírem família. Mais: ao receberem o sacramento do Matrimónio, o Espírito Santo concedeu-lhes um dom próprio, chamado carisma, que os tornou Ministros da Igreja, na Família, e lhes concedeu tudo aquilo de que eles necessitam para presidirem e governarem a Família, fazendo dela uma Igreja Doméstica. Os esposos que têm verdadeira fé, aceitam este serviço com respon-sabilidade e comprometem-se a cumprir a sua missão a fim de que a sua Família seja verdadeiramente aquela Igreja doméstica que Deus quer. Não há dúvida de que a reforma das famílias deve começar por aqui. 1.5.Igreja doméstica e Igreja paroquial Vamos fazer uma comparação: O nosso corpo compõe-se de células. As células, para terem vida, precisam de se renovar. O alimento que tomamos tem por finalida-de, renovar as células. Quando todas as células estão renovadas todo o corpo está também renovado. Na Paróquia, as células são as suas Famílias ou Igrejas domésticas. Elas precisam também de alimento para estarem sempre renovadas e cheias de vida. E quando elas assim vivem, toda a comunidade paroquial está viva na fé e na caridade e todos os seus membros an-dam felizes e têm forças para trabalhar na Igreja.

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Na família temos segurança, respeitam-nos tal como somos, sabemos que há pessoas dispostas a ajudar-nos gratuitamente, podemos tam-bém nós servir os outros de uma maneira calorosa e próxima, reco-nhece-se a nossa identidade pessoal, somos alguém. Por isso, não é de estranhar que em estudos recentes a família apare-ça como a instituição mais apreciada pela juventude. Também não é de estranhar que as crianças dos 8 aos 13 anos prefi-ram, acima de tudo, brincar com os pais, mais ainda do que ver tele-visão. Diálogo: Afetividade e segurança são, sem dúvida, sentimentos e necessidades

que se complementam e encontram a sua expressão vital na família:

No ambiente de calor e carinho, a convivência enriquecedora da

família, pode transmitir-se a outros lugares de relação social dos

seus membros (no bairro, lazer/trabalho, grupos ou sociedades)?

Partilha a tua experiência pessoal.

2. UMA BOA NOTÍCIA

2.1. Testemunho Cristão

São crentes e querem celebrar o seu matrimónio conscientes do que significa “casar-se pela Igreja". Para o final da celebração, compuse-ram esta "profissão de fé", que resume a sua maneira de pensar e o seu desejo de viver o seu matrimónio.

O feliz Sacramento do matrimónio

Acreditamos no Pai, Filho e no Espírito, comunidade e lar de amor caloroso, que colocaram nos nossos corações o amor e nos convi-dam a celebrá-lo convosco no feliz sacramento do matrimónio. Acreditamos na vida e queremos prolongá-la responsavelmente, aco-lhê-la na nossa casa com carinho, alimentá-la no pobre e no famin-to, defendê-la no marginalizado e rejeitado e cuidá-la na criança e no ancião.

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Acreditamos na comunidade e apostamos, sem reservas, na partilha do pão, da alegria, do coração, da casa, da fé, da vida, da oração, da liberdade, da luta e as mãos abertas, para fazer uma corrente de ami-zade. Acreditamos na família, pequena comunidade de fé, esperança e fra-ternidade... Por isso, sonhamo-la aberta e queremo-la capaz de dar guarida e acolher as outras pessoas, e construída sobre a partilha porque o açambarcamento e o gozo solitários não são cristãos. Acreditamos na ternura, no amor, no beijo e na caricia. Acreditamos nos olhos que olham limpidamente. Acreditamos no diálogo que sugere c escuta e na fidelidade que cons-titui o nós em cada dia. Acreditamos na Páscoa, Celebração nupcial de Cristo connosco, sua Igreja, que nos enche de luz neste instante e se prolonga, luminosa, nas nossas vidas.

Cristina e Enrique Castel

2.2. A Palavra de Deus Deu é Pai (e Mãe). Ternura sua e confiança nossa

Essa afetividade, amor em definitivo, que se vive e se cultiva na famí-lia como lugar privilegiado para a convivência, tem para os seguido-res de Jesus uma referência chave: Deus é nosso Pai. Assim quis apre-sentar-se, revelar-se, sobretudo a partir da Palavra Encarnada, Jesus Cristo. Seria incontável o número de vezes que Jesus se refere a Deus cha-mando-o de Pai. Em parábolas, discursos, na sua despedida, em alu-sões mais curtas, a preocupação quase obsessiva de Jesus é dizer-nos, e fazer-nos compreender que Deus, o nosso Deus, é e nos ama como Pai. Deus é nosso Pai e Pai de todos os homens. Assim temos de nos dirigir a Ele quando rezamos. Assim confiaremos n'Ele. Alguns textos bíblicos confirmam esta visão de Deus:

Jo 20, 17: "Jesus disse a Maria (Madalena): 'vai e diz a meus irmãos que vou para o meu Pai que é vosso Pai; meu Deus que é vosso Deus' ".

Mt 6, 5-14: "Vós, quando orardes, dizei: Pai-Nosso que es-tais no Céu".

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II. FAMÍLIA, IGREJA DOMÉSTICA, COMO REZAS E COMO VIVES?

1.Família Igreja doméstica Ao refletirmos sobre a família, vamos começar por olhar para ela vendo-a como parte da Igreja 1.1.Podemos considerar a Igreja a quatro níveis: A Igreja universal. É a Igreja em todo o mundo. Em qualquer parte, ela vive a mesma fé, os mesmos sacramentos. À frente dela está o Papa. A Igreja Diocesana. É a Igreja na Diocese. À frente dela está o Bis-po. Igreja paroquial. É a Igreja na Paróquia. À frente dela está o Pároco. A Igreja doméstica. É a Igreja em casa ou na família. À frente dela estão os pais. Reparemos que, ao falarmos de Igreja doméstica, já estamos na Fa-mília. O Concilio chamou à Família, Igreja doméstica, isto é, uma Igreja em casa. Dialogar: Quando falamos de Igreja doméstica ou de Igreja em casa, o que é que nos vem ao pensamento? 1.2. Na Igreja, há Serviços os quais se chamam também Ministérios. O padre, ao ser constituído pároco, recebeu o Ministério de presidir à Comunidade paroquial. O ministro da Comunhão ao ser investido nesse serviço, recebeu o Ministério de distribuir a Comunhão. Os pais, ao se unirem pelo sacramento do Matrimónio para formarem Família, receberam de Deus o ministério de presidir à sua Igreja Do-méstica. Tornaram-se ministros da Igreja na sua própria família.

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Sagrada Família de Nazaré,

que nunca mais haja nas famílias

episódios de violência, de fechamento e divisão;

e quem tiver sido ferido ou escandalizado

seja rapidamente consolado e curado.

Sagrada Família de Nazaré,

fazei que todos nos tornemos conscientes

do carácter sagrado e inviolável da família,

da sua beleza no projecto de Deus.

Jesus, Maria e José,

ouvi-nos e acolhei a nossa súplica.

Ámen.

Francisco

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Mt 7, 7-12: "Tende confiança em Deus, vosso Pai". Lc 12, 22-34: "Deus, vosso Pai, cuida de vós". Lc 15, 11-32: Parábola do Filho Pródigo. Jo 16, 25-33: A grande revelação: "O Pai vos ama".

Ainda que às vezes se nos torne difícil aceitar certas situações ou al-guns acontecimentos que salpicam de sofrimento a nossa vida e a vida de muitos irmãos nossos, é um consolo e um descanso para nós saber-mos e acreditarmos que, apesar de tudo, Deus não deixou de ser nosso Pai, que nos ama. Deus é amor E não poderia ser de outra maneira, porque "Deus é amor" como diz S. João: • Jo 3, 1-2: "Somos chamados filhos de Deus Porque o somos de ver-dade' . • Jo 4, 7-21: "Deus é Amor. Ele nos amou primeiro; amemos os ir-mãos. E esse amor, que é Deus, foi-nos revelado por Jesus Cristo e manifes-tado na plenitude. De alguma maneira, essa relação de Jesus com o seu Pai e do Pai com Jesus, o Filho, reflete-se nessa relação de amor que é a família. Por-que, em circunstâncias normais, o amor gratuito vive-se na família de um modo radical. E, nas situações mais complexas, de famílias desa-vindas e até em guerra, a experiência dessa falta de amor e de convi-vência vive-se com a nostalgia do amor perdido e com o desejo de o recuperar. Diálogo: Atendendo ao que Ficou dito:

Parece-te que os cristãos, ao viverem a partir do modo como vivem o

seu amor familiar transmitem aos outros esse Deus amor ou o Amor

de Deus? Porquê?

Como teríamos de viver para o transmitir?

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Testemunho dos bispos de Portugal A comunhão conjugal, nascida do amor que o homem e a mulher

decidem partilhar um com o outro e que assumem através de um

compromisso estável constitui o fundamento sobre o qual se conti-

nua a edificar a mais ampla comunhão da família: dos pais e dos

filhos, dos irmãos e das irmãs entre si, dos Parentes e de outros fa-

miliares. Assim, "a família torna-se um laboratório de humanização

e de verdadeira solidariedade".

Tal comunhão radica-se nos laços naturais da carne e do sangue, e

desenvolve-se encontrando o seu aperfeiçoamento propriamente

humano na instauração e maturação dos laços ainda mais profun-

dos e ricos do espírito: o amor, que anima as relações interpesso-

ais dos diversos membros da família, constitui a força interior plas-

ma e vivifica a comunhão e a comunidade familiar.

A família cristã é, portanto, chamada a fazer a experiência de uma

comunhão nova e original, que confirma e aperfeiçoa a comunhão

natural e humana.

"Todos os membros da família, cada um segundo o dom que lhe é

peculiar, possuem a graça e a responsabilidade de construir, dia

após dia, a comunhão de Pessoas, fazendo da família urna «escola

de humanismo mais completo mais rico»: é o que vemos surgir com

o cuidado e o amor para com os mais Pequenos, os doentes e os an-

ciãos; com o serviço recíproco de todos os dias; com a compartici-

pação nos bens, nas alegrias e nos sofrimentos.

A Família, esperança da Igreja e do mundo: Carta Pastoral da Con-ferência Episcopal Portuguesa, 31 de Maio de 2004

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CHAMADOS Á CONVERSÃO A leitura deste tema, e a reflexão que provocou em nós, trouxe-nos à consciência a nossa própria experiência. Pode ser uma experiência dupla: a referência à família de onde procedemos e a referência à fa-mília que um dia formámos. Em ambos os casos, as recordações e as vivências serão, em parte, muito gratificantes e, em parte, menos sa-tisfatórias.

Quais te parecem ser os valores mais importantes que a fé no Deus de Jesus te convida e nos convida a viver nas nos-sas famílias?

Reconheces que Deus te chama a ti e a todas as pessoas a

formar uma família humana, onde O reconheçamos a Ele como Pai e às outras pessoas como irmãs?

Aceitas que uma maior confiança dos esposos em Deus con-

tribuiria para que os próprios filhos e as outras famílias pu-dessem descobrir o verdadeiro rosto de Deus, como Pai?

ORAÇÃO À SAGRADA FAMÍLIA

Jesus, Maria e José,

em Vós contemplamos

o esplendor do verdadeiro amor,

confiantes, a Vós nos consagramos.

Sagrada Família de Nazaré,

tornai também as nossas famílias

lugares de comunhão e cenáculos de oração,

autênticas escolas do Evangelho