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O ARQUIVO DA CAPA ESTÁ EM COREL DRAW

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O ARQUIVO DA CAPAESTÁ EM COREL

DRAW

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Expediente

Chefe da Assessoria de ComunicaçãoVera Canfran

EditorGustavo Sousa Jr

MTB 4.079/DF

Projeto Gráfico,diagramação e arte

Cláudia Capella

FotografiaPedro Bonatto

RevisãoRobson Leão

Foto da CapaJefferson Rudy/Ascom-MMA

RepórteresAndrea Fontenele, Andréa Vilhena,Carlos Freitas, Gustavo Sousa Jr,

Helena Beltrão, Lúcia Pinheiro,Rachel Mortari, Renata Dias,

Robson Leão

ImpressãoGráfica Brasil

Uberlândia - MG

Tiragem5 mil exemplares

Ministro da Ciência e TecnologiaSergio Rezende

Secretário ExecutivoLuis Manuel Fernandes

Secretário de Ciência eTecnologia para Inclusão Social

Aniceto Weber

Secretário de Políticas e Programasde Pesquisa e Desenvolvimento

Luiz Antonio Barreto de Castro

Secretário de DesenvolvimentoTecnológico e Inovação

Luiz Antônio Rodrigues Elias

Secretário de Políticade InformáticaAugusto Gadelha

Ministério da Ciência e TecnologiaEsplanada dos Ministérios, Bloco E

Brasília - DF, CEP.: 70067-900Tel.: (61) 3317-7515

www.mct.gov.br

Publicação do MCTDistribuição gratuita

ase da maior biodiversidadeem todo o mundo, a RegiãoAmazônica é um dos desta-ques dentro dos objetivosestratégicos do Ministério

da Ciência e Tecnologia (MCT). Todaa riqueza compreendida nesseecossistema, que conta com estrutu-ra produtiva e dinâmicas próprias,despertou a necessidade de se criarpolíticas específicas de ocupação ede desenvolvimento sustentável.Esta visão está presente nos planosnacionais direcionados para a Ama-zônia e nos programas e projetos doMCT para aquela Região.

Exemplos concretos não fal-tam. Temos o Projeto de Grande Es-cala para a Pesquisa da Atmosfera eda Biosfera Amazônicas (LBA, siglaem inglês), responsável por impor-tantes investimentos na infra-estru-tura científica da Amazônia, com ainstalação de novos sítios de pesqui-sa, e pela formação de centenas dejovens cientistas.

Carta do Editor

No próximo número

B

Assessoria de Comunicação doMinistério da Ciência e Tecnologia

A Rede Geoma, por sua vez, de-senvolve atividades em torno da sis-tematização de procedimentos e nosubsídio à elaboração de políticaspúblicas voltadas ao ordenamentofundiário e territorial, no âmbito doPlano de Ação para Prevenção e Con-trole do Desmatamento na Amazônia.

Mas esses são apenas dois dosmuitos exemplos que procuramos reu-nir nesta edição da Revista CT&I.

Você verá também que a preo-cupação com ações voltadas à ciênciae tecnologia na Região não é recente.Na matéria sobre o Museu ParanaenseEmílio Goeldi, veremos que a institui-ção, hoje vinculada ao MCT, vem in-vestindo há 140 anos na pesquisa e napromoção da ciência e do desenvolvi-mento sustentável da Amazônia.

Boa Leitura!

O Brasil deu o primeiro

passo na consolidação do

novo Centro de

Lançamentos de Alcântara.

Foi criada oficialmente a

Alcantara Cyclone Space,

em parceria com a Ucrânia.

Na próxima edição, você

confere esta e outras

novidades na entrevista

com o presidente da

Agência Espacial Brasileira,

Sergio Gaudenzi.

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Desenvolvimento:o maior desafio

Cooperação

AGustavo Sousa Jr ngra dos Reis (RJ) recebeumais de 400 cientistas de50 países, de 2 a 6 de se-tembro deste ano. A cida-de, a 170km da capital

fluminense, foi palco da 10ª Assem-bléia Geral da Academia de Ciênciasdo Mundo em Desenvolvimento(TWAS, sigla em inglês), encontro queficou marcado pelo consenso sobrea necessidade de aumentar a coope-ração científica entre países em de-senvolvimento.

Como representante do gover-no brasileiro, o ministro da Ciência eTecnologia, Sergio Rezende, leu amensagem enviada pelo presidenteda República, aos participantes, naqual Lula enfatizou a necessidade deunião das nações tendo como meta odesenvolvimento. “Os países em de-senvolvimento devem se dar as mãose explorar suas potencialidades e asinergia que existe entre nossos po-vos e economias. A ciência e atecnologia têm um papel importantís-

O Prêmio Nobel David Gross falou sobre o futuro da Física na palestra de abertura

Brasil recebe cientistas

e autoridades políticas

de países em

desenvolvimento para

discutir ações conjuntas

de promoção científica

e tecnológica em

todo o hemisfério sul

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simo a desempenhar em áreas estra-tégicas para o hemisfério sul.”

Ainda em sua mensagem, opresidente afirmou que “a ciência seconstitui em importante ferramentapara forjar um mundo onde asbiodiversidades são mais respeitadase mais consciente em relação à suaunidade fundamental”.

Em seu próprio discurso, o mi-nistro disse estar seguro de que o fu-turo dessas nações depende da for-ma como são planejadas eimplementadas as políticas públicasem educação, ciência e tecnologia.Em relação à cooperação entre paí-ses, ele reafirmou a importância deque essa ocorra, sobretudo, no cam-po das ciências básicas, mas desta-cou a necessidade de focalizar mais atroca de conhecimento em áreasinterdisciplinares que tenham im-pacto no dia-a-dia das populações,como saúde, agricultura sustentável,fármacos, softwares e tecnologias dainformação, biocombustíveis e ou-tras energias renováveis, biotecno-logia, nanotecnologia e clima.

“Cada país participante tem algoa contribuir e alguma coisa a ganharem uma ou outra das suas múltiplasnecessidades em pesquisa”, assegurou

O indiano Chintamani Rao,que encerrou seu mandato de seisanos como presidente da TWAS naAssembléia, fez um veemente pro-nunciamento, revelando alguns dosbons resultados obtidos na soluçãode problemas dos países pobres,graças à cooperação científica entrecientistas do mundo em desenvol-vimento. Ele exortou as academiasde ciências e representantes de go-vernos a investirem mais na trocade informações, experiências e co-nhecimentos.

ELEIÇÃO

O encontro de Angra do Reis foimarcado pela eleição da nova direto-ria da TWAS. O brasileiro Jacob Palis,pesquisador titular do Instituto deMatemática Pura e Aplicada (Impa/MCT), foi eleito como novo presiden-te da instituição. Nos próximos seisanos, Palis – que já ocupava o cargo dediretor geral – estará à frente TWAS.

Esta é a segunda vez que umbrasileiro preside a Academia. O ci-entista e ex-ministro de Ciência eTecnologia, José Israel Vargas, ocu-pou o cargo de 1994 a 2000, sendosubstituído pelo indiano C. Rao.

“Nós estamos constatando o for-talecimento da nossa atuação atravésde resultados de nossos programas e aexcelência dos pesquisadores que aju-damos a formar. Vamos intensificar ascooperações entre países, entre enti-dades e pesquisadores e incentivar acooperação entre nações do sul e donorte”, afirmou Jacob Palis.

PREMIAÇÃO

O evento contou, ainda, com adistribuição de prêmios e medalhas acientistas que se destacam por seustrabalhos em diversas áreas da ciên-cia, entre eles os brasileiros MaurícioTerrones, engenheiro da Universida-de Federal do Rio de Janeiro, e o pró-prio Jacob Palis, do Instituto de Mate-mática Pura e Aplicada (Impa/MCT).

O governo brasileiro concedeusua mais alta condecoração em ciên-cia e tecnologia, a de Comendador daRepública Classe Grã-Cruz, a PhillipA. Griffiths, diretor emérito do Insti-tuto para Estudos Avançados, dos Es-tados Unidos.

o ministro, para quem uma efetiva co-operação – capaz de promover o avan-ço do conhecimento e, ao mesmo tem-po, contribuir para o crescimento dospaíses – deve ser organizada em dife-rentes níveis: bilateral, sub-regional,regional e inter-regional.

O ministro enumerou algumasiniciativas de sucesso no Brasil na áreade cooperação científica internacionale informou que o Brasil vem aumen-tando a sua contribuição financeirapara a TWAS, que somou nos últimostrês anos US$ 1,5 milhão.

Moacir Krieger, presidente daAcademia Brasileira de Ciências –instituição que promoveu o encon-tro juntamente com o Ministério daCiência e Tecnologia (MCT) –, des-tacou os avanços da aproximaçãomaior entre cientistas do mundo emdesenvolvimento. “Mais e mais ci-entistas vêm se tornando conscien-tes de que o seu papel não é apenaspromover o desenvolvimento da ci-ência – que naturalmente é a suaprincipal meta –, mas também, e aomesmo tempo, buscar soluçõespara os problemas sociais, econô-micos e ambientais, problemas queafetam a humanidade e se chamamsaúde, água, comida, energia ebiodiversidade”, afirmou.

O matemático Jacob Palis, do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, é o segundobrasileiro a ocupar a presidência da TWAS. O primeiro foi o ex-ministro Israel Vargas

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Grupo dos 77 (G77), maiorrede dos países-membros dasOrganização das Nações Uni-das (ONU) voltados às ques-

tões do mundo em desenvolvimento,e a TWNSO, uma associação internaci-onal que reúne instituições científi-cas focadas no desenvolvimentosustentável, anunciaram a criaçãodo Consórcio de Ciência, Tecnologiae Inovação para o Sul (COSTIS, siglaem inglês). A notícia foi dada duran-te o Encontro de Ministros de Ciên-cia e Tecnologia do G77, evento queaconteceu simultaneamente à Con-ferência da TWAS.

“O G77 reconhece a importân-cia crítica da ciência e tecnologia nosesforços para aliviar a pobreza e pro-mover o desenvolvimento econômi-co”, afirmou o presidente do G77 erepresentante da África do Sul naONU, Dumisani Kumalo. “A criaçãodo COSTIS representa o coroamentode um processo iniciado há seis anos,em Cuba, durante a 1ª Conferênciados Países do Sul. Estamos felizes emver a criação da COSTIS, que irá ge-rar todo o instrumental necessáriopara fazer da ciência, tecnologia einovação parte integral da nossa or-ganização”, concluiu.

O Consórcio tem como objeti-vo promover a capacitação científi-ca por meio do intercâmbio de co-nhecimento. Ele irá, ainda, incenti-var o compatilhamento de experiên-cias inovadoras no uso da ciência etecnologia e, mais genericamente,buscar formas de integração entre ascomunidades políticas e científicastanto entre os países do hemisfériosul, quanto no diálogo com aquelesdo hemisfério norte.

Para o presidente da TWAS eda TWNSO, C. Rao, essa união de for-ças é uma situação onde todos – G77e TWNSO – tendem a ganhar. “O Con-

O

G77

Países criam consórcio naárea de Ciência e Tecnologia

O Encontro do G77, maior coalizão de países em desenvolvimento dentro da ONU

sórcio irá permitir que o G77 tenhaacesso direto a uma rede de institui-ções que é responsável por algumasdas melhores pesquisas científicas nomundo desenvolvido. Ao mesmotempo, irá permitir que a TWNSO tra-balhe diretamente as questões cien-tíficas com os mais altos níveis go-vernamentais na solução de proble-mas sociais e econômicos críticos nospaíses do hemisfério sul.”

Rao disse, ainda, acreditarque “a sinergia criada por essa par-ceria pode ter impacto significati-vo na eliminação da pobreza e nodesenvolvimento econômico” dospaíses da região.

A B E R T U R A

Na abertura da reunião, o mi-nistro de Ciência e Tecnologia da Áfri-ca do Sul, Mosibudi Mangena, agrade-ceu ao governo brasileiro, à TWAS e à

Academia Brasileira de Ciências porapoiarem o encontro e ressaltou a im-portância do G77 para os países queintegram o grupo. “Acredito que háuma riqueza de conhecimento e infor-mação na cooperação internacional deciência e tecnologia que compartilha-mos. Precisamos traduzir nossas ex-periências visando fortalecer nossassociedades”, afirmou.

“É fundamental que trabalhe-mos juntos. Estou confiante de queobteremos bons resultados destenosso encontro”, reforçou o minis-tro brasileiro, Sergio Rezende.

O G77 é a maior coalizão depaíses em desenvolvimento dentroda Organização das Nações Unidas.Criado em 1964, fornece os meiospara articulação e promoção dos in-teresses econômicos comuns dessasnações, bem como para a coopera-ção técnica.

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s novos rumos das pesqui-sas tecnológicas e as expe-riências que já estão sendorealizadas na Amazônia con-solidam, de maneira categó-

rica, a discussão sobre o uso susten-tável e o aproveitamento da imensabiodiversidade da região.

A produção de novos cosméti-cos e fármacos é prova das oportuni-dades que podem ser criadas com osrecursos da biotecnologia, nanotec-nologia e a utilização consciente daterra e de seus recursos naturais.

Novos investimentos por partede empresas nacionais e internacio-nais surgem como alternativa ao cres-cimento da indústria da soja e da pe-cuária, que desmata enormes áreas deterra, sem preocupar-se com a preser-vação das características locais. Essesrecursos garantem, ainda, a manuten-ção de projetos que utilizam inovaçãoe tecnologia para o crescimento.

Neste contexto, o modelo dedesenvolvimento sustentável se en-caixa perfeitamente, pois consegueunir a preservação com a atividadeeconômica, na busca por novas alter-nativas para a produção.

Na opinião da diretora do Mu-seu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCT), Ima Vieira, a saída está na con-solidação da infra-estrutura e no am-plo suporte tecnológico das áreas jáalteradas – aproximadamente 17% –,

Tecnologiaconservação

Tecnologia

Carlos Eduardo Freitas

O

Projetos promovem o

desenvolvimento

sustentável

da Amazônia com

o apoio de

recursos inovadores

a serviço da

além do uso sustentável dos 83% res-tantes de floresta amazônica.

Por ser um região muito hete-rôgenea, não existem modelos fixospara a formulação de projetos. Outrosfatores que dificultam o crescimentosão a falta de mão-de-obra especializa-da e as dificuldades logísticas de trans-porte e venda direta.

“Para se produzirem novas es-tratégias de ciência e tecnologia naregião amazônica, deve ser conside-rada a criação de programas que in-duzam a produção do conhecimen-to, com o planejamento de ações in-tegradas entre os diferentes ministé-rios e a conexão entre C&T e políticaspúblicas”, afirma a diretora.

É importante verificar que atransferência de conhecimento tam-bém é um fator de diferenciação, assimcomo a garantia da propriedade inte-lectual envolvida em todo o processo.

T R E I N A M E N T O

Para promover as mudançasnecessárias ao crescimento da Ama-zônia, a formação de pesquisadores éum dos fatores primordiais e maisrelevantes.

Com um número reduzido decientistas, a formação de jovens quetenham visão integrada do processoe saibam vencer os desafios de ges-tão territorial é fundamental para o

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Tecnologiaconservação

n Reserva Mamirauá: 128 roçados de 81famílias, que cultivam 107 variedades dediferentes culturas anuais e perenes. Área:17,5 hectares,

n Reserva Amanã: 70 roças de 60 famílias,que correspondem a uma área de 70,62hectares na região.

n Atualmente, 62 comunidades na Reser-va Mamirauá e 25 comunidades na Re-serva Amanã participam de programas doInstituto Mamirauá, beneficiando aproxima-damente 10 mil pessoas.

sucesso de iniciativas a médio e lon-go prazos na região.

Para o presidente da SociedadeBrasileira para o Progresso da Ciência(SBPC), Ennio Candotti, as universida-des locais devem encontrar novos ins-trumentos para o fomento da pesqui-sa e formação de recursos humanos,com significativa ampliação do núme-ro de bolsas de pesquisas.

Analisando a questão de ma-neira mais ampla, Candotti afirma queas iniciativas obterão sucesso se fo-rem observados aspectos como omodo de fixação dos profissionais, asmetas de pesquisa e a infra-estruturatecnológica para a região.

“A questão não é apenas o de-senvolvimento sustentável voltadopara a floresta. Para as ações seremconcretizadas, é necessário realizarinvestimentos em transportes, tele-comunicações e logística”, disse.

Na opinião da especialista BertaBecker, a saída para a região está naorganização da base produtiva de tra-balho. “Acredito que é muito impor-tante se realizarem estudos locais ese produzirem perspectivas do mer-cado real. Devemos estar integradosa esse processo, delimitando quais asmelhores ações em cada localidade.”

M A M I R A U Á

Diversos especialistas ouvidospela revista CT&I afirmaram que aparceria entre governo, iniciativa pri-vada e agentes locais é uma das melho-res formas para se conseguir obter su-cesso em iniciativas e projetos no setor.

Um exemplo desse tipo de pro-jeto está sendo conduzido no Institu-to de Desenvolvimento SustentávelMamirauá, instituição vinculada aoMinistério da Ciência e Tecnologia.Resultado da parceria com o Progra-ma Petrobras Ambiental, a institui-ção realiza junto às comunidades ri-beirinhas a análise e o acompanha-mento de toda a produção agrícola.

O monitoramento visa quan-tificar o percentual de áreas de matasvirgens para uso agrícola e promo-ver, entre as famílias produtoras, areflexão sobre a sustentabilidade dosprocessos que estão realizando.

Visitascomunitárias

“A agricultura ribeirinha for-talece os laços com a terra, gerandoemprego e cidadania. Hoje, é nítidoo esforço no sentido de que as asso-ciações comunitárias passem a in-fluenciar as políticas públicas noPaís e garantam um rumo diferenci-ado para a agricultura na Amazô-nia”, disse a coordenadora do Pro-grama, Bianca Lima.

Para realizar o serviço, os agrô-nomos Márcio Alexandre da Silva eJanaina de Aguiar, que também inte-gram o projeto, coletaram dados pes-soais, socioeconômicos e ambientaisem dez comunidades, entre outubrode 2005 e junho de 2006.

“Nossa proposta é manter aspopulações ribeirinhas dentro dasunidades de conservação, trabalharcom elas a educação ambiental eestimulá-las a fazer o manejo susten-tável dos recursos. Então avaliare-mos se os impactos dessa atividadeestão afetando a reprodução e a ma-nutenção das espécies na região”,explicou Janaina.

Com a expansão da fronteiraagrícola e o desflorestamento naAmazônia, a emergência de práticasagroecológicas tornou-se condiçãonecessária para evitar o desmata-mento e conservar a região.

As ações nessa área são feitasnormalmente pelas famílias, por isso,a agricultura familiar é importantefator de transformação dos ecossis-temas florestais na Amazônia.

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HISTÓRICO

Impulsionada pela riqueza dociclo áureo da borracha, a cidade deBelém do Pará viveu na segunda meta-de do século XIX um período deefervescência econômica e cultural.Nesse contexto, apoiado pelas autori-dades locais, o naturalista mineiro Do-mingos Soares Ferreira Penna criou,em 1866, a Associação Philomática(aqueles que amam a ciência), com oobjetivo de estudar o homem indígenaamazônico e, por extensão, a geologia,geografia e outros temas correlatos.“Não existiam universidades por aqui,então a instituição exerceu esse papelprecursor e aglutinador de uma amplaagenda científica na Região”, esclarecea atual diretora do MPEG, Ima Vieira,cujo pai também trabalhou no Goeldi,na década de 1950.

Em 1870, a Associação mudouseu nome para Museu Paraense deEthnografia e História Natural, mas de-pois de um começo promissor, a insti-tuição passou por dificuldades, chegan-do a ser desativada. Só após a Procla-mação da República é que ganhou novo

Memória

A

Goeldi:

Robson Leão

o completar 140 anos (co-memorados em 9 de outu-bro), o Museu Goeldi man-tém-se fiel às diretrizes queo nortearam desde as ori-

gens, como museu e como instituiçãode pesquisa: divulgar a ciência para umpúblico o mais amplo e variável possí-vel, e produzir conhecimentos qualifi-cados sobre uma região valiosa e de im-portância estratégica para o País.

Primeira instituição científicada Amazônia, abrigando os mais an-tigos parque zoobotânico e aquáriopúblico do Brasil, a entidade é pre-cursora na pesquisa da realidadeamazônica – a terra e o homem –, daítambém seu pioneirismo no estudoda Antropologia no País. Esses dados,por si, dão uma dimensão da impor-tância do Museu Paraense EmílioGoeldi (MPEG) - entidade hoje vincu-lada ao Ministério da Ciência eTecnologia - para o patrimônio cien-tífico nacional.

Produzindo e disseminando o saber científico sobre a Amazônia, o Goeldi é um órgão estratégico para o desenvolvimento da região

conhecimento centenáriosobre a realidade amazônica

impulso, com a retomada do interes-se, pelo novo regime, em desenvolvero estudo científico na região.

Corria o ano de 1894 quandoassumiu como diretor do museu o na-turalista suíço Emílio Goeldi. Ele logoimplantou um zoológico e um hortobotânico, em que já se destacavam es-pécies genuinamente nacionais. Pre-cisando de um espaço maior para abri-gar o jardim botânico, Goeldi solici-tou ao então governador Lauro Sodréuma nova área, no que foi atendidocom a aquisição do sítio da Rocinha,no ano seguinte. Com a compra de ter-renos adjacentes à Rocinha, a áreachega aos 5,4 ha atuais, e começa en-tão a implantação do Parque Zoo-botânico. A parte da flora ficou sob aresponsabilidade do botânico – e tam-bém suiço – Jacques Huber, que ad-quiriu inúmeras espécies para a cole-ção do Parque, plantas que até os diasde hoje encantam o público.

A adesão do público à institui-ção sempre foi notória, e já no iníciodo século XX, um grande número depessoas, de todas as classes sociais,

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faziam fila à frente do Museu Paraensepara admirar a flora e fauna do Par-que. Outros espaços foram sendoinaugurados, como o Aquário, o Lagoda Vitória Régia e o Viveiro das AvesBrejeiras, aumentando as atrações eo interesse dos belenenses. Em 1900,chegou-se à impressionante marcaregistrada de 90 mil visitantes, o queequivalia a toda a população da cida-de na época. Ainda hoje, o público vi-sitante à instituição está acima dospadrões vigentes, chegando a rece-ber 300 mil pessoas por ano.

O Museu Paraense veio a ser amais produtiva instituição científicanacional de seu tempo, obtendo re-conhecimento da comunidade cien-tífica internacional e prêmios na In-glaterra, Itália e Estados Unidos. Osucesso de Emílio Goeldi deveu-se, so-bretudo, à articulação de uma com-petente equipe de pesquisadores, aoapoio das autoridades estaduais, àadesão da elite e ao apreço popularpelas atrações diversificadas do Par-que Zoobotânico.

Foi ainda na gestão de Goeldique ficaram definidas as quatro áreasde pesquisa do Museu, perma-necentes até hoje: Botânica, Zoologia,Ciências Humanas e Ciências da Ter-ra e Ecologia. Por seu trabalho cien-tífico - que auxiliou, inclusive, o Bra-sil na disputa com a França pelo ter-ritório do atual estado do Amapá -, ainstituição passou a chamar-se Mu-seu Goeldi, mas só em 1931 chegou-se à atual denominação.

O MUSEU HOJE

Atualmente, o Museu Goeldidispõe de três bases físicas: o Par-que Zoobotânico, onde ficam o zo-ológico e o horto botânico, além desetores administrativos, e oCampus de Pesquisa, sede das Co-ordenações de Pesquisa e das cole-ções científicas, ambos em Belém.Já a Estação Científica FerreiraPenna, fundada em 1993, está lo-calizada no município de Melgaço,a 400km da capital, e serve comobase de apoio para pesquisadoresna Floresta Nacional de Caxiuanã.

Sempre atento ao ideal dedisseminar o saber científico sobrea Amazônia, o MPEG vem realizan-do diversas atividades culturais eeducativas, o que acaba contribu-indo para estreitar o elo entre a Ins-tituição, a sociedade e o seu meioambiente.

O Clube do Pesquisador Mirim,por exemplo, busca despertar nascrianças e jovens estudantes o inte-resse pela pesquisa científica, pormeio de oficinas teóricas e práticassobre o meio ambiente – flora, fauna,recursos naturais –, história e pré-história amazônica. O Projeto Alfa-Ciência, em parceria com as univer-sidades Federal (UFPA) e Estadual(UEPA), Instituto Evandro Chagas,Secretaria Estadual de Meio Ambien-te e outras entidades do estado, ca-pacita professores da rede pública vi-sando inovar o processo de ensino eaprendizagem, tendo como base a li-nha teórico-metodológica da alfabe-tização científica.

Já o Prêmio José MárcioAyres contempla jovens das escolaspúblicas e privadas do Pará, premi-ando as melhores pesquisas realiza-das pelos estudantes sobre a fauna ea flora amazônicas.

Com aproximadamente 4 militens, como animais empalhados eartefatos indígenas, a Coleção Didá-tica Emília Snethlage é utilizada porestudantes – do ensino fundamentala universitários – e por instituiçõescomo o Corpo de Bombeiros e a Polí-cia Ambiental. Outra fonte de dadosé a Biblioteca Clara Galvão, que con-ta com cerca de 2 mil livros, além dejogos e kits educativos na área de

Comemoração

omo parte das celebraçõespelos seus 140 anos, o Mu-seu Paraense Emílio Goeldimontou no prédio da

Rocinha, localizado no ParqueZoobotânico, a exposição Reencon-tros: Emílio Goeldi e o MuseuParaense, onde o público poderáconhecer, entre outras coisas, a tra-jetória do consolidador da Institui-ção, Emílio Goeldi, bem como a con-tribuição de outras personalidadesque o auxiliaram, como JacquesHuber e a ornitóloga alemã EmíliaSnethlage. Além disso, poderá con-ferir, também, os primeiros espéci-mes das coleções botânica e zooló-gica, alguns coletados pelo próprioGoeldi. Há previsão de que a expo-sição fique aberta ao publico por,pelo menos, dois anos.

Conheça mais o MPEG na páginahttp://www.museu-goeldi.br

C

educação ambiental. E com o apoiodo Conselho Nacional de Desenvol-vimento Científico e Tecnológico(CNPq/MCT), a Escola Virtual de As-suntos Amazônicos (EVA) disponi-biliza acervos e instrumentoseducativos diversos via internet.

Seja como museu, onde garan-te a conservação e exposição de va-liosos acervos, ou como instituiçãocientífica, realizando pesquisas deponta e formando recursos humanosem nível de graduação, mestrado edoutorado, o Goeldi vem se mos-trando, ao longo de sua trajetória,ser um órgão estratégico para o de-senvolvimento da região Norte. “Epor meio da interdisciplinaridade,queremos garantir a formação dequadros qualificados que irão res-guardar a continuidade das pesqui-sas e estudos futuros”, atesta a dire-tora Ima Vieira, de forma a manter,segundo ela, “o MPEG como umreferencial em pesquisa, divulgaçãocientífica, educação em ciência eambiental, em informação e docu-mentação científica sobre a Amazô-nia e sua gente”.

Biblioteca Clara Galvão, voltada paraalunos dos ensinos médio e fundamental

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Desenvolvimento

Institutos ligados

à área de ciência e

tecnologia reúnem-se

em projetos para criar

modelos voltados

ao desenvolvimento

sustentável de toda a

Região Amazônica

Amazônia:

ormada por sete estados bra-sileiros e oito países, a Flo-resta Amazônica conta comfauna e flora exuberantes.Em sua área de 5,5 milhões

de km2 - 60% da qual em territórionacional - abriga também uma gran-de sociodiversidade, representadapor mais de 200 povos indígenas ecomunidades locais.

Esse cenário, no entanto, es-conde um mosaico de problemaspautados na velha dicotomia do de-senvolvimento versus destruição.Uma problemática que incluigrilagem de terra, trabalho escra-vo, narcotráfico, desmatamento equeimadas. O impacto desse confli-to, a médio e longo prazos, é umadas preocupações das pesquisas re-alizadas pela Rede Temática de Pes-quisa em Modelagem da Amazônia(Rede Geoma), formada por seteinstitutos vinculados ao Ministérioda Ciência e Tecnologia (MCT).

"A projeção de cenários com oobjetivo de nortear políticas públicasé um dos trabalhos mais interessan-tes realizados pelo Geoma. Essa pro-jeção permite a elaboração de políti-cas com perspectiva de futuro, levan-do-se em consideração a dinâmicados sistemas ecológicos esocioeconômicos, em diferentes esca-las geográficas", esclarece o diretor doInstituto Nacional de Pesquisas Espa-ciais (Inpe/MCT), Gilberto Câmara.

Uma das primeiras avaliaçõesdo Geoma foi em parceria com oInpe, na identificação das áreas po-tenciais para o desmatamento. OGeoma iniciou suas atividades em2003 e fez um levantamento dodesflorestamento da área em funçãoda ocupação agrícola no municípiode São Félix do Xingu (PA), cujo ín-dice de desmantamento continuasendo o mais alto do País, numa re-gião que há poucos anos tinha áreade floresta relativamente intacta.

A Terra do Meio, onde foi rea-lizada as pesquisas, estende-se por

Rachel Mortari

F

uma prioridadepara a naçãouma prioridadepara a nação

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cerca de 8 milhões de hectares, en-tre os rios Xingu e Tapajós, no Pará.Faz fronteira com as terras indígenasArara, Kararaô e Cachoeira, Serra doIriri ao norte, com a estrada Cuiabá/Santarém a oeste, com o Xingu a les-te, com as terras indígenas Kaiapó aosul, e abrange os municípios de SãoFélix do Xingu e Altamira.

Estudar o desenvolvimentodesse processo, que substitui a flo-resta pela pecuária - e suas conse-qüências envolveu geólogos, antro-pólogos, ecólogos, matemáticos,analistas de sistemas e biológos.Esse debate multidisciplinar visaajudar o estado a realizar o ordena-mento territorial e considerar açõesque atenuem o quadro em áreasonde foram eliminadas as reservaslegais e as áreas de preservação per-manente, além da repressão as ati-vidades irregulares.

"Hoje tem mais gado do quegente na Amazônia. O Pará é 3º mai-or produtor de gado do Brasil e jáexistem grandes frigoríficos na re-gião. A floresta já foi desmatada edevemos evitar que isso ocorra emoutras áreas. Uma alternativa paragarantir que os pecuaristas não vãocontinuar o processo de desmata-mento seria criar uma certificaçãode produtos, além de zonear o ter-ritório. Os estudos do Geoma po-dem contribuir para isso", explica adiretora do Museu Emílio Goeldi,Ima Vieira.

Segundo ela, os pesquisadoresdo Geoma foram os primeiros aalertar para problemas como escra-vidão, grilagem e narcotráficos, ques-tões diretamente ligadas à ocupaçãoda terra. "Não foi o Geoma que criouas unidades de conservação, masnosso estudo orientou o Ministériodo Meio Ambiente e atua em parce-ria com a fiscalização do Ibama."

A Rede Geoma é coordenadapelo pesquisador do Instituto Na-cional de Pesquisas Espaciais(Inpe), Peter Toledo, e é integrada,também, pelas unidades vinculadasao MCT. São elas: Instituto Nacio-nal de Pesquisas da Amazônia(Inpa), Laboratório Nacional deComputação Científica (LNCC), Ins-tituto de Matemática Pura e Apli-cada (Impa), Centro Brasileiro de

Pesquisas Físicas (CBPF), MuseuParaense Emílio Goeldi (MPEG) e oInstituto de Desenvolvimento Sus-tentável Mamirauá.

F I S C A L I Z A Ç Ã O

O levantamento da áreadesmatada da floresta é realizadodesde 1977, com o auxílio de ima-gens de satélite, pelo Projeto de Es-timativa de Desflorestamento daAmazônia (Prodes), do Inpe. A esti-mativa da taxa do desmatamento éanual. Inicialmente, as imagenseram feitas em preto em branco.Após um período sem funcionar,retornou em 1988, já com novatecnologia e imagens coloridas.

A partir de 2003, as informa-ções, que eram restritas apenas à pes-quisa, passam a ser disponibilizadasna internet. "Os resultados carto-gráficos e os mapas do desmatamentoestão disponíveis na rede, o que per-

MM

A/Ib

ama

Os estudos envolvem análises sobre os impactos do desenvolvimento na biodiversidade

mite, além da definição de políticaspúblicas, o efetivo acompanhamentoda sociedade sobre as áreasdesmatadas", comenta o coordenadorde sensoriamento remoto do Inpe,Dalton Valeriano.

O fato do Prodes só apresentarseus resultados do ano em março doano seguinte - tendo como base 1º deagosto de cada ano - levou a equipedo Inpe a desenvolver o Projeto deDetecção de Áreas Desflorestadas emTempo Real (DETER), em funciona-mento desde 2004. O projeto está in-serido no contexto do monito-ramento da floresta Amazônica bra-sileira por satélite e é parte das ativi-dades do Plano de Ação para a Pre-venção e Controle do Desmatamentona Amazônia Brasileira, do governofederal. É um projeto do Inpe com oapoio do Ministério do Meio Ambien-te e do Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos NaturaisRenováveis (Ibama/MMA).

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O sistema permite fazer omonitoramento de forma mais efici-ente. "Com a implantação do Deter ti-vemos capacidade de planejar asoperações de fiscalização de manei-ra mais realista. Tem sido uma ferra-menta eficaz para planejar eredirecionar as nossas ações", escla-rece o diretor de Proteção Ambientaldo Ibama, Flávio Montiel.

As informações são passadaspara o Centro de Monitoramento doIbama e distribuído para as basesoperacionais na Amazônia.

INSTITUIÇÕES

A consolidação dos institutos depesquisa amazônicos é uma das prio-ridades do Ministério da Ciência eTecnologia (MCT). Esse foi um dos pon-tos ressaltados na primeira fase doSubprograma de Ciência e Tecnologiado Programa Piloto para Proteção dasFlorestas Tropicais do Brasil (SPC&T/PPG7), criado para fortalecer emaximizar os benefícios ambientaisdas florestas tropicais brasileiras, demaneira compatível com o desenvol-vimento do País.

Fruto da cooperação entre ogoverno brasileiro, a sociedade civile a comunidade internacional, cou-be ao MCT o Subprograma de Ciênciae Tecnologia, que teve como objeti-vo principal promover e disseminar

conhecimentos científicos e tecno-lógicos relevantes à conservação e aodesenvolvimento sustentável da Re-gião Amazônica.

A primeira fase do Subpro-grama de C&T foi estruturada emdois componentes: o Projeto de Pes-quisa Dirigida (PPD), que apoiou 53projetos de pesquisa orientadospara os ecossistemas amazônicos,tecnologias para o desenvolvimen-to sustentável da Amazônia emelhoria da qualidade de vida naRegião Amazônica. O outro compo-nente são os Centros de Ciência (CC),que consolidaram o fortalecimentode duas tradicionais instituições depesquisa da região, o Museu Pa-raense Emílio Goeldi e o InstitutoNacional de Pesquisas da Amazônia.

Os CC contribuíram para oaprimoramento da capacidade depesquisa, difusão e educação em ci-ências dessas instituições. Elas pas-saram a atuar como centros de exce-lência no desenvolvimento de pes-quisas científicas e tecnológicas. Asatividades foram focadas no fortale-cimento e desenvolvimento institu-cional; na recuperação e melhoria dainfra-estrutura e de equipamentos; nacapacitação da base de recursos hu-manos e, ainda, na disseminação deinformação científica. Essa experiên-cia levou o MCT a determinar que40% dos recursos do Fundo Setorial

Queimadas irregulares eliminam reservas legais e áreas de preservação permanente

O peixe-boi é uma das espécies ameaçadaspela má utilização dos recursos naturais

Mar

cello

Cas

al Jr

/ABr de Infra-Estrutura fossem aplicados

nas regiões Norte, Nordeste e Cen-tro-Oeste.

A segunda fase prevê a forma-ção de redes temáticas de pesquisas,com o objetivo de responder adequa-damente às grandes questões que afe-tam a Região Amazônica. Essa fasecorresponde ao período de 2005 a2008 e receberá US$ 6,5 milhões,sendo US$ 5,1 milhões da AgênciaNorte-americana para o Desenvolvi-mento Internacional (USAID), US$700 mil do Banco Mundial e US$ 753mil do governo brasileiro.

Outra instituição de pesquisaapoiada pelo MCT na região é o Ins-tituto de Desenvolvimento Susten-tável Mamirauá, que tem a respon-sabilidade sobre a gestão de duasreservas estaduais de desenvolvi-mento sustentável: a Mamirauá e aAmanã. Ambas são vizinhas e, jun-to com o Parque Nacional do Jaú,formam a maior área de floresta tro-pical protegida no mundo. Estanova categoria de área protegidaatua em conjunto com a populaçãolocal, que participa nas atividadesde manejo dos recursos naturais ena vigilância da reserva. Para oMamiruá, a estratégia de conserva-ção da biodiversidade consideraque as populações tradicionais de-vem ser as principais beneficiáriasdos recursos naturais, com o poderde decisão pelo manejo.

"É a sociedade, baseada emsuas raízes estruturais e históricas,que deve assumir o traçado de seuprojeto de desenvolvimento", ob-serva o presidente da SociedadeBrasileira para o Progresso da Ci-ência, Ennio Candotti.

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Ciência

SBPC

que poderia unir os quaseseis milhões de habitantesde Boston, na Costa Lestedos Estados Unidos, e osnove mil catarinenses da

pequena cidade de Turvo? Em ju-lho, durante a 58ª Reunião Anualda Sociedade Brasileira para o Pro-gresso da Ciência (SBPC), as duas ci-dades puderam acompanhar o mai-or congresso científico da AméricaLatina. Essa foi a primeira ediçãodo evento com transmissão emtempo real.

"Uma aluna que estava emBoston me avisou que tinha visto apalestra da filósofa Marilena Chauí.No dia seguinte, ela juntou um gru-po de 20 amigos para assistir ao jor-nalista Paulo Henrique Amorim",contou o presidente da SBPC, EnnioCandotti. Experiência semelhanteaconteceu no interior de SantaCatarina, onde um grupo de mulhe-res reuniu-se para ouvir a secretá-ria Especial de Política para as Mu-

Tecnologia amplia

participação no maior

encontro científico

latino-americano

Cláudia Soares

O

n Inscrições SBPC Sênior: 8 miln Inscrições SBPC Jovem: 2.070n Enapet (reunião anual dos gru-

pos do Programa de EducaçãoTutorial): 1.200

58ª SBPC em números

lheres, Nilcéa Freire. Foram 22,5mil acessos nos cinco canais dispo-níveis de transmissão, incluindoArgentina, Canadá, China, EstadosUnidos, França, Japão, Malta, Por-tugal e Reino Unido.

A reunião, realizada na Univer-sidade Federal de Santa Catarina(UFSC), teve 65 atividades transmiti-das em tempo real pela internet. “Ésimplesmente fantástico saber quepúblicos em lugares tão diferentes ti-veram acesso aos debates ocorridosna SBPC", revela o reitor da UFSC,Lúcio Botelho.

N O V I D A D E S

A inclusão da Tecnologia comotema nos debates e a criação de gru-pos de trabalhos com encontros nopróprio evento foram outras inova-ções. "Foi a primeira vez que tive-mos jovens empresários participan-do das discussões. Abrimos espaçopara um novo público, que será in-corporado às reuniões da SBPC", ex-plica Candotti.

A próxima reunião, em 2007,acontecerá em Belém (PA) com o temaAmazônia: desafio nacional.

em

A reunião anual promovida pela SBPC contribui para despertar novas vocações paraa ciência, atraindo estudantes de diversos níveis e idades em todo o Brasil

temporeal

n Imprensa: 230 credenciadosde 54 veículos

n Acessos pela internet: 22,5 milnos cinco canais de transmis-são on-line

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rande parte da área de 1.100 m² destinados àExpoT&C - estande do MCT na SBPC - apresentouexperimentos, objetos e dados sobre a vida deSantos-Dumont. Neste ano comemora-se o Cen-tenário do Vôo do 14-bis. No estande Missão

Centenário, a exposição Alberto Santos-Dumont e omais pesado que o ar descreveu a construção do 14-bisem 20 painéis, com imagens inéditas. Os visitantes pu-deram ver réplicas do primeiro avião, do Demoiselle, doAeroplano 15 e do Hidroplanador, além de assistir adocumentários que narram a trajetória do cientista.

Participaram da mostra várias instituições vincu-ladas ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), comoo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), o Museude Astronomia e Ciências Afins (Mast), o Instituto Nacio-nal de Tecnologia (INT), o Instituto Nacional de Pesqui-sas Espaciais (Inpe) e a Agência Espacial Brasileira (AEB).

Motivadas por um concurso de desenho e redação,crianças de escolas locais e visitantes de outros estados

Santos-Dumont atrai criançase adultos para ExpoT&C

G

O Demoiselle foi oprecursor do ultraleve

I N C E N T I V O

Duas ações importantes de in-centivo à pesquisa foram efetivadasdurante a 58ª edição da SBPC, emFlorianópolis. Uma delas diz respei-to à confirmação do reajuste em10% nos valores das bolsas de pes-quisa concedidas pelo Conselho Na-cional de Desenvolvimento Cientí-fico e Tecnológico (CNPq/MCT), in-clusive, de mestrado e doutorado.Os novos valores começaram a va-ler desde de julho.

A confirmação do reajuste foifeita pelo ministro da Ciência eTecnologia, Sergio Rezende, na

buscaram informações sobre o cientista. “Adorei apren-der mais sobre Santos-Dumont. É uma forma de homena-gear esse gênio brasileiro”, disse a estudante do ColégioTradição, de Florianópolis, Vitória Subtil Eula, 12 anos,vencedora do concurso de redação.

Os adultos participaram de bate-papo com especi-alistas convidados, como o pesquisador Henrique Lins deBarros (CBPF), um dos grandes estudiosos da vida de San-tos-Dumont, que falou sobre o centenário do 14-bis. Paraencerrar as atividades da exposição, foi distribuída umaedição especial da revista Caros Amigos, exclusiva sobreo inventor brasileiro.

O Centenário foi, ainda, o tema central da SemanaNacional de Ciência e Tecnologia, que aconteceu de 16 a23 de outubro, em todo o Brasil. “Queremos envolver todaa sociedade”, comenta o diretor do Departamento dePopularização e Difusão de C&T do MCT e organizador daSemana, Ildeu Castro.

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abertura do encontro. SegundoRezende, no caso das bolsas de pós-graduação, o reajuste total chega a30% no atual governo. "Sabemosque esse é o resultado de um esfor-ço conjunto, envolvendo, princi-palmente, a comunidade científicae tecnológica, que colaborou paraque garantíssemos a ampliação doorçamento do Fundo Nacional deDesenvolvimento Científico eTecnológico em R$ 1,26 bilhão",ressaltou o ministro.

PRÊMIO

Como tradição da reunião daSBPC, o CNPq lançou, durante o en-

contro, a 22ª edição do Prêmio Jo-vem Cientista, a mais importantepremiação científica da AméricaLatina voltada para graduados eestudantes dos ensinos superior emédio.

O tema deste ano foi GestãoSustentável da Biodiversidade – De-safio do Milênio. Iniciativa conjun-ta do CNPq, Grupo Gerdau,Eletrobrás e Fundação Roberto Ma-rinho, o Prêmio receberá inscriçõesaté 30 de novembro, em cinco ca-tegorias: Graduado, Estudante doEnsino Superior, Estudante do En-sino Médio, Mérito Institucional eMenção Honrosa.

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que há em comum entre umprocesso de fabricação demassa com farinha de trigoe corante, produtos em-borrachados, métodos de

colheita e plantação, e dicas paraabrir sua própria confecção de rou-pas? Todos esses assuntos podem serencontrados em um mesmo lugar.Trata-se do Serviço Brasileiro de Res-postas Técnicas (SBRT), que, commuita seriedade e bastante varieda-de, traz respostas para qualquer tipode negócio.

O Serviço foi instituído pelo Mi-nistério da Ciência e Tecnologia (MCT),no âmbito do Programa de TecnologiaIndustrial Básica e ServiçosTecnológicos para a Inovação eCompetitividade (Programa TIB), comrecursos do Fundo Verde-Amarelo. Odesenvolvimento de um serviço espe-cializado em informação tecnológicaindustrial começou a ser estruturadono período de 1985 a 1996, quando fo-ram colocados em operação 20 Núcle-os de Informação Tecnológica, de ca-ráter setorial e regional.

Serviço oferecido

no Brasil ajuda

empreendedores

a solucionarem

problemas técnicos

com simplicidade

e criatividade

Renata Dias

O

Serviços

ao alcance de todosInovação

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Ficou comprovado, então, quea atividade de informação tecnológicacontribui, significativamente, para oaumento da competitividade das em-presas brasileiras. Assim, o governofederal começou a desenvolver umtrabalho em rede, que oferecia infor-mações de fácil acesso aos pequenose médios empresários, contemplan-do a geração de metodologias, ferra-mentas para acesso e oferta das infor-mações, construção de bases de da-dos e capacitação de pessoal para aoperacionalização do projeto. Assim,em novembro de 2004, o Serviço Bra-sileiro de Respostas Técnicas come-çou a prestar atendimento.

“O serviço traz uma contribui-ção muito importante à competi-tividade dos pequenos e médios em-preendimentos no Brasil. Estamostrabalhando para a sustentação eampliação desta ferramenta”, decla-rou o secretário de Desenvolvimen-to Tecnológico e Inovação do MCT,Luiz Antônio Elias.

O SBRT proporciona uma so-lução customizada a uma demandaespecífica: o empresário identificadeterminada situação no seu proces-so produtivo que pode ser melhora-da - e ele não sabe como fazer essamelhoria - e busca, então, uma solu-ção procurando o Serviço.

Por meio de carta, telefone, faxou pela internet (http://sbrt.ibict.br), de forma gratuita, o empre-sário manda a sua demanda e o SBRTa direciona a alguma das instituiçõesprovedoras de informação da rede,que fornece a resposta em uma lin-guagem simples e acessível ao em-preendedor.

As instituições participantesdo SBRT são o Centro de Tecnologiada Universidade de Brasília (CDT/UnB), Disque Tecnologia do DistritoFederal, Coordenadoria Executiva deCooperação Universitária e de Ativi-dades Especiais da Universidade deSão Paulo (Cecae/USP), o Centro deTecnologia de Minas Gerais (Cetec),a Rede de Tecnologia do InstitutoEuvaldo Lodi da Bahia, a Rede deTecnologia do Rio de Janeiro, e o Ins-tituto de Tecnologia do Paraná(Tecpar). Somam-se a estas o Insti-tuto Brasileiro de Informação em Ci-ência e Tecnologia (Ibict/MCT) e o

PORTOFLEXSob medida para os clientes

A empresa Portoflex, funda-da há 9 anos, atua no desenvolvi-mento de artefatos de borracha,policloroprene e termoplásticos.Tratam-se de produtos de grandeutilidade nos segmentos da indús-tria alimentícia, extrativa, frigo-rífica, que atendem também mer-cados como construção civil,eletroeletrônica, mecânica, pe-troquímica, rodoviária, siderúrgi-ca, entre outros. A empresa tra-balha com demandas específicas,fornecendo a pequenos clientesque estão atrás de uma determi-nada peça, e empresas de grandeporte que trazem demandas paraconfecções.

A empresa conheceu o Ser-viço Brasileiro de Respostas Téc-nicas (SBRT) por indicação doSenai. Andreas Knorr, consultorda Portoflex, revela que acredi-tou no programa por estar ligadoao MCT e instituições nacionaisde reconhecida competência.

O consultor aponta comoresultado não apenas as respos-tas em si, mas uma maior facili-dade em desenvolver novos pro-dutos com maior segurança, oque acaba se refletindo na ima-gem da empresa.

“O SBRT auxilia na mini-mização dos riscos da empresa. Aqualidade do serviço é muito boa,e o retorno, excelente. O bom doprograma é que combate a cultu-ra do improviso na empresa, alémde ser ágil e gratuito”, avaliouAndreas.

A Portoflex já realizou vá-rias consultas ao sistema, que vãode técnicas para coifa auto-motiva, vulcanizador em borra-cha, migração em peças de bor-racha para evitar o esbran-quecimento, até normas paracapa ou manga de borracha.

ANJINHOEnfrentando a concorrência

Carlos Barbosa possui umtrailer no Centro de Tecnologia daUniversidade Federal do Rio de Ja-neiro (UFRJ), há 16 anos. O AnjinhoLanches oferece sanduíches, sucos,saladas e outros lanches. Há cincoanos, Carlos começou a oferecersorvetes soft, semelhantes àquelascasquinhas de grandes redes de lan-chonetes, pelo preço de R$1,30.Até que seu concorrente, localiza-do a apenas 40 metros de distância,começou a vender o sorvete domesmo tipo por R$ 1. Em uma bus-ca na internet por receitas diferen-tes para esse tipo de sorvete, Carlosconheceu o SBRT.

O sorvete soft tem como baseuma mistura específica que precisade um liquidificador industrial paraser preparada. Carlos queria uma re-ceita diferente para esta mistura, quenão levasse gordura hidrogenada.Com a receita gerada pela inovaçãosugerida pelo Serviço, Carlos conse-guiu triplicar sua produção e abaixouo preço da casquinha para R$ 1. “Con-seguimos um produto mais barato ecom a mesma qualidade de antes, osclientes ficaram surpresos e satisfei-tos”, avaliou Carlos Barbosa.

Depois dessas mudanças, oconcorrente está vendendo a máqui-na de fazer esse sorvete. O AnjinhoLanches continua com a sua cliente-la garantida e com planos para in-vestir em outros produtos, comoatum light e hambúrguer de picanha.

Casos de Sucesso

Lanchonete contou com auxílio doSBRT para reduzir custo do sorvete

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Serviço de Apoio às Micro e Peque-nas Empresas (Sebrae-Nacional).

O Serviço contempla cerca de27 temas que variam desde agricul-tura e pecuária, meio ambiente, ali-mentos e bebidas, até mineração,produtos químicos, combustível,couro, vestuário e acessórios, pas-sando por equipamentos hospitala-res e instrumentos musicais.

A resposta técnica é apresen-tada primeiro pelo assunto, depoispor palavra-chave e um resumo coma identificação da demanda solicita-da. Em seguida começa o desenvol-vimento da resposta, com a soluçãoapresentada sobre o produto ou pro-cesso trazendo recomendações econclusões. As respostas trazem ain-da referências, sites e legislações quesubsidiaram ou podem contribuir

O SBRT iniciou o atendimento em novembro de 2004. Desde entãoefetuou 7.500 atendimentos e registrou cerca de 2.900 respostas técnicasdiferentes em seu banco de conhecimento, e conta com 20 dossiês técni-cos prontos.

n 33% das demandas geram novas Respostas Técnicas. Em 25% delas indi-ca-se respostas técnicas já existentes e 42% têm atendimento não publica-do (fornecedores de equipamentos e matérias-primas 31%, alta complexi-dade 15%, abertura de negócios/legislação 3%, trabalho acadêmico 18%,plano de negócios/pesquisa de mercado – SEBRAE 8%, outros 12%).

n 24% das demandas é na área de agricultura e pecuária, 21% é por alimen-tos e bebidas, 14% por serviços industriais e 10% para produtos químicos.

n Por região: Sudeste 50%, Nordeste 13%, Centro-Oeste 10% e Sul 23%.

com informações complementaresao assunto. Todas as respostas tra-zem o nome do técnico responsável,da instituição respondente, sempredisponibilizando algum contato,como e-mail ou telefone.

Além de ficarem disponíveis nobanco de conhecimento do site doSBRT, o serviço ainda disponibiliza asrespostas na coluna “Tecnologia e SeuNegócio”, publicada semanalmenteem mais de 40 jornais no Brasil.

Livros

Vozesindígenaspreservadas

arte das histórias e da cultura dopovo indígena Sakurabiat, quehabita a reserva Rio Mequéns,em Rondônia, está preservada na

obra Narrativas TradicionaisSakurabiat Mayãp Ebõ. Lançada emlivro e CD-ROM pelo Museu ParaenseEmílio Goeldi (MPEG/MCT), Narrati-vas traz 25 histórias baseadas em len-das mitológicas desse grupo.

A obra foi cuidadosamente or-ganizada pela pesquisadora AnaVilacy, do Museu Goeldi, que traba-lha há 12 anos no estudo e preserva-ção da linguagem Sakurabiat, quepertence à família lingüística Tupari,do Tronco Tupi.

De acordo com Vilacy, o inte-resse pela documentação das narrati-vas tradicionais partiu dos própriosSakurabiat. O trabalho motivou toda a

PComo adquirir:

Narrativas Tradicionais Sakurabiat Mayãp EbõOrganização: Ana Vilacy - 276 páginas

+ CD-ROM - Museu Goeldi/MCT

A obra custa R$ 40. Os recursos oriundos dacomercialização do kit serão revertidos para

os Sakurabiat. Para adquirir esta e outraspublicações do Museu Goeldi, entre em

contato com o Departamento deDocumentação e Informação:

http://www.museu-goeldi.br/publicacao.htmFone: 91 274.1811

E-mail: [email protected]

Pedro Bonatto

comunidade para a valorização da cul-tura e língua do grupo, que estavamameaçadas de desaparecer. Até as cri-anças colaboraram, criando as belasilustrações presentes na obra.

O livro traz histórias sobre ascrenças e concepção de mundo dosSakurabiat, além de dados lingüís-ticos e etnográficos sobre o grupo. OCD-ROM traz a narração oral e escri-ta das histórias do livro, tanto emportuguês quanto em sakurabiat.

Narrativas TradicionaisSakurabiat Mayãp Ebõ é uma obrafascinante e acessível, tanto parapesquisadores quanto para o públi-co em geral interessado em conhe-cer um pouco mais sobre a rica tra-dição cultural indígena do País.

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Fundos Setoriais

NLúcia Pinheiro do Planeta, a região amazônica. São

pessoas que habitam os ecossis-temas da floresta e que podem pro-mover seu desenvolvimento sus-tentado, a partir dos recursos natu-rais e de sua conservação.

Para tanto, avalia o doutor emFarmácia pela Universidade de SãoPaulo, Emerson Silva Lima, esse co-nhecimento popular precisa aliar-seao conhecimento científico, para queos medicamentos de origem naturaldesenvolvam-se dentro de tecnolo-gias aceitáveis e competitivas no mer-cado. Ele coordena um projeto deidentificacação de espécies botânicasda Amazônia com potenciais fitote-rápicos, integrando estudos etnobo-tânicos, fitoquímicos, farmacológicose toxicológicos, na Universidade Fe-deral do Amazonas (Ufam).

O pesquisador explica que a in-trodução de um novo produtofitoterápico, baseado no uso tradici-onal de uma planta, pode ser abrevi-ada a partir da sua validação científi-ca, o que lhe confere a autenticidaderequerida para o suporte ético do me-dicamento planejado.

Plantascuram

A biodiversidade amazônica é

contada sempre em termos

superlativos quanto ao número

de plantas, peixes, aves,

mamíferos, insetos e

microorganismos. Essa

megabiodiversidade tem muito

a oferecer do ponto de vista

químico e farmacológico

a zona rural de Ipixuna doPará, município localizadoa cerca de 300 km de Belém,a agricultora Núbia Borgesplanta ervas medicinais e

produz remédios naturais há mais de12 anos. Ela atende a mais de cempessoas por semana, entre crianças eadultos, que buscam soluções paradiversos tipos de males. De xarope emxarope, de pomada em pomada, afama de Bia – como é conhecida – foicrescendo e ultrapassou as fronteirasdaquele município.

Hoje, com o apoio da prefei-tura local, ela enfrenta horas de bar-co e estrada para atender pessoasde outras cidades da região. Os re-médios são fornecidos gratuitamen-te. Além dos medicamentos e dasconsultas, ela também dá cursos nascomunidades sobre como cultivarhortas medicinais.

Histórias assim são comunsna maior reserva de biodiversidade

que

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O projeto é fundamental para aformação de recursos humanos numaárea imprescindível para o desenvol-vimento regional, avalia Emerson. Eleacredita que, com os esclarecimen-tos adicionais, as comunidades par-ceiras podem vir a se beneficiar coma comercialização de materiais bio-lógicos de alto valor agregado.

M E R C A D O

Medicamentos à base de plantasmedicinais têm sido cada vez mais uti-lizados. Dados do setor mostram queos fitoterápicos já representam 7% dosegmento farmacêutico no Brasil, mo-vimentando cerca de US$ 400 milhõespor ano. A crescente expansão é atri-buída ao potencial que esses produtostêm de prevenir e tratar doenças, deforma mais acessível e com menos efei-tos colaterais que os remédios conven-cionais. Os produtos oriundos da Ama-zônia, em especial os fitoterápicos,apresentam um potencial de abasteci-mento do mercado de exportação, bemcomo de originar um segmento de mer-cado gerador de emprego e renda paraa população local.

“Este processo é realizado apartir da comprovação da atividadefarmacológica da espécie, associadaao controle de sua composição botâ-nica e química, e de seu caráter detoxicidade estipulado dentro dos pa-tamares aceitáveis”, ressalta.

Ele e sua equipe trabalham nacoleta de plantas em duas comunida-des ribeirinhas nas proximidades deManaus – a do Castanho, localizada nomunicípio de Careiro Castanho; e a deCanoas, no município de PresidenteFigueiredo. As amostras coletadas sãoclassificadas com o auxílio dos her-bários do Instituto Nacional de Pes-quisas da Amazônia (Inpa/MCT) e daUfam. Além da coleta e identificaçãodas plantas selecionadas, os pesquisa-dores obtêm os extratos, realizam en-saios in vitro e in vivo para identifica-ção de diversas atividades farmaco-lógicas, entre outros processos.

Na comunidade de Careiro Cas-tanho, a horta botânica conta com cer-ca de 175 variedades de plantas medi-cinais da Amazônia, e outras estão sen-do catalogadas com a ajuda da equipe

do projeto. “Agentes de saúde”, comosão chamados os habitantes locais que“medicam” a população ribeirinhacom os remédios da horta, percorremde barco 114 comunidades em locaisquase inacessíveis na imensidão ama-zônica. O acesso é garantido por 150canoas doadas pela igreja católica lo-cal. A informação é de Antonio Carlosdos Santos Cordeiro, coordenador daAssociação dos Agentes de Saúde deCareiro Ribeirinho. “A gente faz tudo.Trabalhamos como médico, enfermei-ro, tratamos de malária, mordida decobra, enfim, tudo com nossos remé-dios. E agora o projeto está nos ajudan-do a retomar nossa cultura com as plan-tas. É para evitar que esse conhecimen-to fique perdido”, declara.

Um dos diferenciais nesse tipode pesquisa está nas ações integradasentre os diversos subgrupos partici-pantes – botânica, fitoquímica, far-macologia, toxicologia e controle dequalidade –, que resultam em infor-mações adicionais sobre as espéciesbotânicas da região, principalmente,em relação ao uso indiscriminado deplantas medicinais.

Andiroba: Carapaguianensis Aublet(Meliaceae). NomesPopulares: andiroba-aruba, andiroba-saru-

ba, carapá (Guiana Francesa),Crabwood (Inglaterra). Habitat:Amazônia. Indicações: antiinfla-matório, vermífugo, febrífugo,cicatrizante, repelente, analgésico,anti-séptico e balsâmico.

Açaí: Euterpe preca-toria Martius (Areca-ceae). Nomes Popula-res: asaí (Bolívia),assai, açaí, palmiteiro,

Jussara (Brasil), naidi (Colômbia),bambil, palmiche (Equador),cogollo comestible (Peru). Habitat:Amazônial – várzeas e margens dosrios. Indicações: frutos novos: uti-lizados no combate aos distúrbiosintestinais; raízes: empregadascomo vermífugo, para o controle defebre da malária, dores musculares,hemorragias; palmito: na forma depasta é anti-hemorrágico.

Copaíba: Copaiferamultijuga Hayne(Fabaceae). Nomes Po-pulares: jabotá-mirim,copiúba, cabimo, co-pal, bálsamo-dos-jesu-ítas. Habitat: Amazô-

nia. Indicações: antiinflamatória,contra disenterias, bronquite, sinu-site, inflamações da garganta, rins ebexiga (cistite) e para todas asdermatoses. Poderoso anti-sépticodas vias respiratórias.

Japecanga: Smilax japecanga(Lilaceae). Nomes Populares:japecanga-verdadeira. Habitat: àsmargens dos rios e nos lugares úmi-dos. Indicações: depurativo, usadona sífilis, gota, reumatismo e molés-tias da pele.

Jucá: Caesalpinia férreaMart. (Cesalpinaceae).Nomes Populares: jucá,jucaína, pau-ferro-ver-dadeiro, muirá-obi,ibirá-itá, ibirá-obi,

muiré-itá. Habitat: Norte e Nordestebrasileiro. Indicações: antimicótico,antianêmico, anti-hemorrágico,cicatrizante, antidiarréico. Indicadotambém para bronquites, asma, tu-berculose e problemas hepáticos.

Saratudo: Byrsonima intermedia L.(Malpighiaceae). Nome Popular:murici. Habitat: Amazônia, regiõesserranas do Sudeste, nos cerrados doMato Grosso e Goiás e no litoral doNorte e do Nordeste do Brasil. Indi-cações: adstringente, diurético,colite, atonia, resfriado comum, di-arréia, febre, fungos, gastrite,piorréia, picada de cobra, feridas eintestino.

Unha de gato: Big-nonia unguis-cati(Bignoniaceae) .Nomes Populares:cipó-de-gato, cipó-

de-morcego, hera-de-são-domin-gos. Habitat: Mato Grosso e Amazo-nas). Indicações: diurética, anti-reu-mática, anti-sifilítica.

Algumas plantas estudadas no projeto

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