5
O O A proposta feita pelo Flamengo à Globo para a cessão dos direitos de transmissão do Campeonato Carioca é de R$ 81 milhões. O valor foi fei- to a partir de um levantamento da Máquina do Esporte com os valores divulgados pelo Flamengo em sua proposta orçamentária para 2020 e foi confir- mado por fontes que têm tido acesso à negociação dos dois lados. A proposta feita pela diretoria flamenguista assustou a emissora, que atualmente paga R$ 18 milhões a cada um dos outros clubes de maior torcida do estado do Rio e, até o ano passado, pagou isso ao Flamengo. A Globo não aceitou elevar o valor oferecido ao clube, que pediu uma contraproposta e não foi atendido. Desde o início do Campeonato Carioca que os jogos do time não são transmitidos. O BOLETIM DO MARKETING ESPORTIVO DO POR ERICH BETING 1 NÚMERO DO DIA EDIÇÃO 1423 - TERÇA-FEIRA, 28 / JANEIRO / 2020 de euros por ano receberia da mídia uma liga de futebol de Bélgica e Holanda, segundo estudo da consultoria Deloitte 400 mi Flamengo quer 81 mi da Globo por Estadual

O BOLETIM DO MARKETING ESPORTIVO€¦ · após os jogos), os borderôs dos confrontos da primeira rodada, disputados nos dias 21 e 22 de janeiro, não constam no site da federação

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: O BOLETIM DO MARKETING ESPORTIVO€¦ · após os jogos), os borderôs dos confrontos da primeira rodada, disputados nos dias 21 e 22 de janeiro, não constam no site da federação

O O

A proposta feita pelo Flamengo à Globo para a cessão dos direitos de transmissão do Campeonato Carioca é de R$ 81 milhões. O valor foi fei-to a partir de um levantamento da Máquina do Esporte com os valores

divulgados pelo Flamengo em sua proposta orçamentária para 2020 e foi confir-mado por fontes que têm tido acesso à negociação dos dois lados.

A proposta feita pela diretoria flamenguista assustou a emissora, que atualmente paga R$ 18 milhões a cada um dos outros clubes de maior torcida do estado do Rio e, até o ano passado, pagou isso ao Flamengo. A Globo não aceitou elevar o valor oferecido ao clube, que pediu uma contraproposta e não foi atendido. Desde o início do Campeonato Carioca que os jogos do time não são transmitidos.

O B O L E T I M D O M A R K E T I N G E S P O R T I V O

DO

POR ERICH BETING

1

N Ú M E R O D O D I A EDIÇÃO 1423 - TERÇA-FEIRA, 28 / JANEIRO / 2020

de euros por ano receberia da mídia uma liga de futebol de Bélgica e Holanda, segundo estudo da consultoria Deloitte400mi

Flamengo quer 81 mi da Globo por Estadual

Page 2: O BOLETIM DO MARKETING ESPORTIVO€¦ · após os jogos), os borderôs dos confrontos da primeira rodada, disputados nos dias 21 e 22 de janeiro, não constam no site da federação

O Campeonato Brasileiro foi usado pelo Flamengo como base para chegar ao valor de R$ 81 milhões pelo Carioca. No Nacional, o clube recebeu, da emissora, R$ 15,4 milhões por mês de mínimo garantido do pay-per-view. Além disso, fatu-rou de forma fixa R$ 11,6 milhões mensalmente da TV aberta e da TV paga. Isso dá uma média mensal de R$ 27 milhões fixos por mês pelo Basileirão.

Para o Estadual do Rio, o clube partiu do cálculo de R$ 108 milhões que equiva-leriam a quatro meses de disputa e aplicou um fator redutor pela queda do nível de importância do torneio, que torna menor também a audiência da televisão. As-sim, o clube aplicou uma redução de 25% de desconto naquele que seria o "valor cheio" do mínimo garantido que a Globo tem dado para o Brasileirão.

O valor de R$ 81 milhões é quase 70% de tudo o que a emissora paga atualmen-te pelo Estadual. A Globo queria manter os valores acordados em 2016 (R$ 120 milhões pelo torneio), quando assinou até 2024 com os clubes. O Flamengo foi o único que só aceitou por três anos o novo contrato, daí a renegociação com ele.

O principal argumento usado pelo Flamengo é a receita do PPV. O clube quer que a Globo repasse o que ganha com os pacotes por assinatura. Só de mínimo garantido pelo torneio, seriam R$ 60 milhões pelos quatro meses. A emissora, do seu lado, argumenta que não pode causar um desequilíbrio financeiro na distribui-ção de verbas da competição e, por isso, não quer pagar muito mais ao Flamengo.

Apesar de não chegarem a um acordo nos direitos do Carioca, Flamengo e Glo-bo seguem juntos no Brasileirão. O clube foi um dos primeiros a assinar com a emissora, ainda em 2016, pelo período que compreende os direitos de 2019-2024.

D I R E T O R D E M A R K E T I N G VA I

D E I X A R F L A M E N G O

E S P N T E R Á S E M A N A E M H O M E N A G E M A B RYA N T

Um dos principais articuladores do novo posicionamento do Flamengo em relação à verba dos Estaduais, o diretor de marketing do Flamengo, Mauricio Portela, pediu para sair do clube.

Fundador do Esporte Interativo, Portela foi no ano passado para o Fla-mengo após deixar o comando do ca-nal com a reformulação promovida pela Turner, que tirou o EI da TV.

O executivo ainda não revelou o novo destino de seu trabalho, mas afir-mou que começará um novo projeto.

"Realizei meu sonho rubro-negro em 2019. Saio para um novo desafio que em breve vou anunciar", disse Por-tela ao blog do Rodrigo Mattos.

A ESPN reformulou sua programação no Brasil para prestar homenagem a Kobe Bryant, morto em acidente de helicóptero no domingo. A emissora anunciou que exibirá ao longo da semana uma série de especiais e par-tidas de Kobe Bryant em sua programação.

Até a próxima sexta-feira (31), a emissora resgatará documentários e jogos que retratam a importância do ex-jogador não somente para o Los Angeles Lakers mas para o basquete de maneira geral.

Page 3: O BOLETIM DO MARKETING ESPORTIVO€¦ · após os jogos), os borderôs dos confrontos da primeira rodada, disputados nos dias 21 e 22 de janeiro, não constam no site da federação

O P I N I Ã O

Fla detonou pino que faltava no Estadual

Assim como há dez anos foi um dos atores principais da morte do Clube dos 13, o Flamengo caminha para detonar o pino da granada que deve implodir os Estaduais Brasil adentro. Só que, diferentemente de uma

década atrás, quando a política venceu o argumento técnico, agora é exatamente o debate técnico que deve fazer com que se alterem as relações entre clubes e mídia.

A proposta do Flamengo pelo Cariocão parece um acinte quando vista no ce-nário atual do futebol. O clube, em posição merecidamente confortável, quer muito mais da TV do que ganha qualquer outro participante do torneio. A Globo, para conseguir manter a alta lucratividade no negócio dos Estaduais, não pretende pagar tanto ao clube e iniciar um efeito cascata. Para isso, usa o bom argumento de causar maior desequilíbrio financeiro entre os clubes ao aprofundar as diferenças e ceder aos

pedidos do Flamengo na negociação.Caberia à Ferj se posicionar contra a

posição flamenguista e exigir que todos ganhassem mais pela competição. Mas, para isso, seria preciso que existissem duas condições. A primeira, o mínimo de co-nhecimento técnico da Ferj para expor seus argumentos. A segunda, uma situa-ção de negociação que a permitisse fazer isso, mas essa condição acabou quando a entidade assinou por oito anos com a Glo-bo e permitiu que a emissora negociasse

sozinha com os grandes do Estado, acabando com qualquer status que ela pudesse ter.O duelo entre Flamengo e Globo, dessa vez, escancara tudo o que está errado

no futebol do Brasil. As entidades organizadoras do campeonato não atuam como tal. Os clubes são totalmente despreparados para assumirem esse controle e negociar de forma coletiva seus interesses comuns. Isso tudo faz a mídia ter um poder muito maior do que deveria. Isso gera a cultura do "cada um por si", que desequilibra todo o sistema. O Flamengo, com méritos, se organizou e encara a Globo. Hoje, porém, está sozinho na disputa. E não vai conseguir ganhar porque simplesmente nenhum de seus "sócios" no Estadual do Rio estão em condições de se unir a ele nesse debate.

Do jeito que está, a Globo faz o papel de "portadora de bom senso" num fute-bol que se acostumou a ser extremamente individualista dentro e fora de campo. A briga de hoje do Flamengo abre os olhos dos outros grandes para o quanto de receita a mídia ganha num torneio por completa incompetência dos times. Mas, de novo, a briga solitária não vai acrescentar nada, a não ser poucos milhões. Para um só time.

Exigência técnica por mais dinheiro

dos Estaduais expõe vícios do futebol

brasileiro na questão de direitos de TV

POR ERICH BETING

diretor executivo da Máquina do Esporte

Page 4: O BOLETIM DO MARKETING ESPORTIVO€¦ · após os jogos), os borderôs dos confrontos da primeira rodada, disputados nos dias 21 e 22 de janeiro, não constam no site da federação

Melhores do Ano entra em últimos dias para votação

O Flamengo anunciou que uma joint-venture vai assumir o coman-do do time de e-Sports do clube.

A empresa é a união da brasileira Team oNe eSports e da americana Simplicity eSports, que tem entre seus sócios Jed Kaplan, dono do Memphis Grizzlies, da NBA.

A joint-venture vai gerir o time de League of Legends e, também, atuar na expansão a outros games.

O executivo Fred Tannure, que estava no Flamengo, foi contratado para liderar o projeto. Até o ano passado, a Go4It gerenciava o Fla e-Sports, mas teve de desistir após a Riot Games proibir uma mesma empresa de ter dois times no LoL. A agência é também dona do G2.

F L A M E N G O T E R Á J O I N T- V E N T U R E A M E R I C A N A PA R A E - S P O R T S

A Lenovo voltou a apoiar uma equipe de e-Sports. Por meio da mar-

ca Legion, voltada para o segmento, a empresa é a nova patrocinadora do

time Furia para o Brasileiro de League Of Legends 2020 (CBLoL).

O patrocínio foi intermediado pela agência Somoz, que tem atuação no

universo do automobilismo e, agora, faz sua primeira incursão no e-Sports. Os atletas participarão de eventos da

marca e também farão anúncios de produtos para o universo gamer.

LENOVO VOLTA A APOIAR T IME

NO E -SPORTS COM FÚRIA NO

CBLOL 2020

POR REDAÇÃO

Com cerca de 3 mil votos, a premiação dos Melhores do Ano de 2019 da Máquina do Esporte chega aos últimos dias. Os três primeiros colocados de cada categoria passam para a final. Veja a seguir as parciais em cada uma delas.

Case Internacional: Mundial Feminino (51%), Copa Liber-tadores (37%), Retomada da F-1 (7%), Plataforma Rakuten Sports (3%) e Patrocínio da ALL ao PSG (2%).

Atleta do Ano: Marta (48%), Gabriel Medina (19%), Arthur Nory (16%), Hugo Calderano (11%) e Tati Weston-Webb (6%).

Ativação de Patrocínio: "Obrigado, Senna", da Heineken (40%), "Bota Pra Correr", Olympikus (23%), Bud no basquete (18%), GOL na Copa América (11%), Puma e Palmeiras (8%).

Ação Publicitária: Avon com o batom de Marta (31%), Guaraná e seleção feminina (25%), NBA no Brasileirão (18%), Ifood na Globo (17%) e Bradesco e Gabriel Medina (9%).

Digital: Flamengo no Exterior (27%), Camisa 3 do Santos (25%), Associa Vasco (21%), NBB (16%) e Superliga (11%).

Ação Mais Ousada: Camisa manchada do Bahia (24%), Uber no futebol feminino (23%), Compra do Bragantino pela Red Bull (22%), "Obrigado, Senna" (20%), DAZN (11%).

Ação Social: Gandulas cadeirantes (28%), Santos e Racis-mo (27%), Bahia e Pessoas Trans (17%), Fortaleza e Suicídio (15%) e MasterCard e Hospital do Câncer (13%).

Executivo: Mauricio Portela (28%), Rodrigo Vicentini (27%), Márcia Casz (17%), Álvaro Cotta (15%) e Ivan Martinho (12%).

Evento: Copa América (40%), NBA House (24%), Grand Slam de Judô (16%), GP Brasil de F-1 (11%) e Rio Open (9%).

Agência: Octagon (31%), X3M (26%), FC Diez Media (19%), Go4It (13%) e IMM (11%).

Page 5: O BOLETIM DO MARKETING ESPORTIVO€¦ · após os jogos), os borderôs dos confrontos da primeira rodada, disputados nos dias 21 e 22 de janeiro, não constam no site da federação

AFederação Mineira de Futebol (FMF) tem descumprido o Estatuto do Torcedor e, até agora, com duas rodadas do Campeonato Mineiro já realizadas, simplesmente não publicou ainda informações financeiras das

partidas realizadas na competição. Com isso, a entidade fere o inciso quarto do artigo quinto do Estatuto do Torcedor (Lei 10.671).

Normalmente publicados até 24 horas após as partidas (ou no primeiro dia útil após os jogos), os borderôs dos confrontos da primeira rodada, disputados nos dias 21 e 22 de janeiro, não constam no site da federação.

A publicação do borderô dos jogos é uma forma de dar maior transparência às finanças das competições e dos clubes. Desde que foi implementado, em 2003, o Estatuto do Torcedor ajudou a reduzir a evasão de receitas de bilheteria, prática que foi bastante vigente nos anos 80 e 90 no futebol.

Foi a partir do momento que essas informações foram se tornando públicas que os clubes começaram a ver os borderôs de outros times, questionar o pagamento de taxas e exigir melhores relações com donos de estádios para mandar suas par-tidas. Os torcedores também passaram a exigir mais dos gestores dos times.

Indagada sobre os motivos para o Estatuto ainda não ter sido respeitado, a as-sessoria de imprensa da Federação Mineira alegou que o departamento financeiro da entidade não repassou os documentos para sua publicação no site, como man-da a lei. A assessoria reiterou à reportagem da Máquina do Esporte que ainda não há prazo para a solução do problema e que não tem como dar nenhum tipo de previsão para o cumprimento do Estatuto do Torcedor.

Mineiro fere Estatuto e não publica borderôs

5

POR BERNARDO BESOUCHET, DO RIO DE JANEIRO