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1 O BOLSA FAMÍLIA E A POBREZA NO BRASIL: AVANÇOS E LIMITES. RESUMO: O presente artigo tem como objetivo apresentar algumas considerações sobre os efeitos do Programa de transferência de renda Bolsa Família na resolução do problema da pobreza e da desigualdade social no Brasil. Para tanto, utilizo-me de uma pesquisa etnográfica desenvolvida desde 2007 com beneficiários do programa em duas cidades distintas – São Paulo e São Carlos (interior do Estado de SP), com o intuito de realizar um estudo comparativo entre moradores da região do M’Boi Mirim, composta pelos Distritos do Jd. Ângela e Jd. São Luís, situados na Zona Sul de São Paulo; e moradores da maior zona periférica da cidade de São Carlos – a Cidade Aracy. Busco, com isso, apreender as diferenças (e semelhanças) de impacto do Programa Bolsa Família na condição de vida e bem-estar dos beneficiários, focando a análise, no entanto, no alívio e combate da pobreza e/ou miséria entre populações consideradas pobres pelo Estado. PALAVRAS-CHAVE: Pobreza; Renda; Bolsa Família; Queda da Desigualdade Social.

O BOLSA FAMÍLIA E A POBREZA NO BRASIL: … · ... transformou-se na principal política social de combate ... o método etnográfico apregoado pela ... que o estudo comparativo permitirá

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O BOLSA FAMÍLIA E A POBREZA NO BRASIL:

AVANÇOS E LIMITES.

RESUMO: O presente artigo tem como objetivo apresentar algumas considerações sobre os

efeitos do Programa de transferência de renda Bolsa Família na resolução do problema da

pobreza e da desigualdade social no Brasil. Para tanto, utilizo-me de uma pesquisa etnográfica

desenvolvida desde 2007 com beneficiários do programa em duas cidades distintas – São

Paulo e São Carlos (interior do Estado de SP), com o intuito de realizar um estudo comparativo

entre moradores da região do M’Boi Mirim, composta pelos Distritos do Jd. Ângela e Jd. São

Luís, situados na Zona Sul de São Paulo; e moradores da maior zona periférica da cidade de

São Carlos – a Cidade Aracy. Busco, com isso, apreender as diferenças (e semelhanças) de

impacto do Programa Bolsa Família na condição de vida e bem-estar dos beneficiários, focando

a análise, no entanto, no alívio e combate da pobreza e/ou miséria entre populações

consideradas pobres pelo Estado.

PALAVRAS-CHAVE: Pobreza; Renda; Bolsa Família; Queda da Desigualdade Social.

2

INTRODUÇÃO

Desde sua criação, em 2003, o Programa Bolsa Família (PBF) tem suscitado uma série

de estudos por acadêmicos e técnicos do governo1 preocupados em avaliar essa política

pública que, em cinco anos de existência, transformou-se na principal política social de combate

à pobreza e desigualdade do Brasil. Destacam-se como objetos de estudo: o cumprimento de

seus objetivos e condicionalidades; apurações de irregularidades; a relação entre escolaridade

e benefícios; a existência de possíveis estímulos e/ou perversidades gerados pela transferência

de renda a famílias beneficiárias e, principalmente, sua eficácia na redução da pobreza.

De um modo geral, o programa tem se destacado positivamente2, principalmente no

tocante à renda e ao impacto no movimento de combate à pobreza e à desigualdade social:

dados coletados pelo IPEA apontam, entre os anos de 2001 e 2005, uma queda de 4,6% no

coeficiente de Gini, (BARROS; CARVALHO; FRANCO; MENDONÇA, 2007). Essa

desconcentração de renda levou a uma expressiva redução da pobreza e da extrema pobreza:

estudos feitos pela Fundação Getúlio Vargas apresentam uma queda de 19,18% no número de

miseráveis, entre os anos de 2003 e 2005 (Neri, 2006: 03). Dados preliminares da Pnad de

2007 divulgadas pelo Ipea mostram que 13,8 milhões de brasileiros mudaram de estrato social

entre 2001 e 2007.

De fato, desde 2001, com maior ênfase depois de 2003, a desigualdade de renda

familiar per capita caiu de forma contínua e substancial (IPEA, 2007), expressa no fato da renda

familiar dos estratos mais pobres ter crescido, em contraposição à estabilidade ou queda dos

rendimentos dos estratos médios e superiores. Esse aumento da renda dos mais pobres,

observado ao longo dos anos 2000, é um efeito reconhecido dos benefícios decorrentes de

programas de transferência de renda e se destaca como um dos determinantes imediatos3 do

movimento recente de queda da desigualdade brasileira, cujo ritmo de declínio é o maior dos

últimos 30 anos e “um dos mais acelerados do mundo” (BARROS; CARVALHO; FRANCO;

MENDONÇA, 2007: 8).

A recente queda da desigualdade de renda, apesar de parecer um fato irrefutável, tem

despertado inúmeras análises que, quase sempre, estão baseadas em dados referentes a

amostras domiciliares e questionários indiretos sobre a renda familiar, apreendidos, em grande

parte, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Pnad e pela Pesquisa de Orçamento

Familiar - POF, realizadas pelo IBGE. Apesar de amplamente reconhecida como um eficaz

método de investigação, a Pnad apresenta limitações no tocante às informações sobre as

rendas auferidas pelos programas de transferência de renda, uma vez que, somente de

3

maneira indireta, desagregando o quesito “outros rendimentos” do questionário, é possível

estimar a renda advinda desses programas. Além disso, como nos lembram Cláudio Dedecca,

Cassiano Trovão e Adriana Jungbluth (2008: 4), a Pnad somente apresenta dados relativos à

distribuição pessoal da renda (proveniente do trabalho e dos benefícios sociais) e não da renda

funcional4, fato que impossibilita o conhecimento das rendas auferidas através de propriedade

de ativos e dos estratos de renda mais elevados. Soma-se a isso o fato de a maioria das

pesquisas realizadas a respeito dos impactos dos programas de transferência de renda, com

destaque ao Programa Bolsa Família, são amostrais e estatísticas, dentre outros fatores,

porque a análise quantitativa é capaz de oferecer uma visão ampla e sistêmica de um

fenômeno (LIMA, 2004).

Na contramão dessa tendência, esse artigo se baseia em uma pesquisa qualitativa

desenvolvida desde 2007 com beneficiários do Programa Bolsa Família moradores de regiões

periféricas de duas cidades distintas tanto em tamanho, densidade populacional, como em

atividade econômica, acesso a bens públicos e quantidade de pobres. A pesquisa tem como

objetivo geral avaliar o Programa Bolsa Família, considerando os atores sociais envolvidos na

política, focalizando, no entanto, as concepções tecidas pelos beneficiários. Nesse sentido,

através de um estudo comparativo entre moradores da região do M’Boi Mirim, composta por

dois Distritos da Zona Sul de São Paulo – Jd. Ângela e Jd. São Luís – e moradores da maior

zona periférica de São Carlos – Cidade Aracy –, procuro apreender os impactos, os sentidos,

percepções, sentimentos e avaliações do Programa Bolsa Família entre as pessoas que estão

envolvidas de alguma forma com a política. Parte-se da análise do beneficiário no seu dia-a-dia,

na relação cotidiana com a política, isto é, privilegiando o ponto de vista “daquele que recebe”,

fato que permite, dentre outras coisas, apreender a subjetividade dos “mais pobres”. Para tanto,

a metodologia escolhida é a pesquisa de campo, o método etnográfico apregoado pela

Antropologia Urbana. Através de técnicas da observação participante e do contato com os

moradores/beneficiários, pretende-se analisar os dados experimentados no cotidiano da

pesquisa. É importante ressaltar que, apesar de apresentar limitações quanto à quantidade da

amostra (foram entrevistadas e aplicados questionários em cerca de 100 famílias), cuja forma

de seleção não é aleatória, posto que tem relação com uma pesquisa mais ampla sobre o

bairro, as dimensões socioeconômicas e culturais da região em que o beneficiário vive, a

pesquisa qualitativa dá ênfase ao processo de aplicação dos programas sociais e às

significações, aos efeitos que a política pública gera na vida e na subjetividade dos

beneficiários. Por trazer à tona a dimensão mais micro, apesar de pouco utilizada, a abordagem

4

antropológica pode contribuir de maneira ímpar para a avaliação de políticas públicas, conforme

nos mostra Minayo (1991).

Sendo assim, dessa pesquisa mais ampla, nesse artigo, destacamos o fator renda e sua

relação com o alívio da situação de pobreza e/ou miséria enfrentada pelos beneficiários do

Programa Bolsa Família. Para tanto procuro apresentar um breve perfil das famílias

pesquisadas, bem como do local de moradia, tentando traçar um perfil de acesso ‘a rede de

bens e serviços públicos e a direitos sociais. Em seguida procuramos discutir o método de

mensuração, bem como o conceito de pobreza adotados pelo Estado, para, a partir disso,

discutir os efeitos do Programa Bolsa Família para o enfrentamento da pobreza e desigualdade

social no Brasil.

O UNIVERSO DA PESQUISA

Os dados aqui apresentados são resultados, conforme dito acima, de uma pesquisa

qualitativa desenvolvida nos Distritos do Jd. Ângela e Jd São Luís, na cidade de São Paulo e

entre os beneficiários moradores de São Carlos, interior de São Paulo. A opção por um

universo amplo de pesquisa5, focalizado em regiões periféricas com diferentes dimensões – em

umas das localidades com “muito alta” vulnerabilidade social de São Paulo6 e no “maior bolsão

de pobreza”7 da cidade de São Carlos –, justifica-se à medida que reconhecemos que a

periferia de uma cidade de menor porte e distante dos grandes centros, por várias razões,

possui uma lógica própria de significação e simbolização, muitas vezes construída em oposição

à periferia das cidades metropolitanas. Haveria assim, um amplo universo simbólico a explorar,

com diferenças (e semelhanças) nas formas de implementação e significação da política, que o

estudo comparativo permitirá elucidar.

Para além das diferenças simbólicas, é importante traçar uma espécie de perfil tanto dos

beneficiários quanto dos locais de moradia, a fim de caracterizarmos as condições de vida e

sociais de alguns beneficiários do PBF. Para fins objetivos, fiz um recorte de análise territorial,

trabalhando com os dados colhidos no Jd. Tancredo, situado no Distrito do Jd. Ângela e na

maior zona periférica de São Carlos, conhecida por “Cidade Aracy”.

No Distrito do Jardim Ângela, região com uma população total de 245.805 que, num

passado recente foi considerada pela ONU a região urbana mais violenta do mundo, cerca de

181.023 pessoas vivem em situação de alta vulnerabilidade social. Dentre essa população,

cerca de 62,1% vivem com renda de até três salários mínimos e dos 64.882 domicílios, 37,37%

não tem acesso ‘a rede de esgoto (CEM, 2004). Situado no “fundo do Ângela” (expressão de

5

Ana Paula, técnica do Programa Ação Família – viver em comunidade), o Jd, Tancredo é uma

região pouco conhecida pelo seu nome, sendo geralmente associada aos bairros vizinhos - o

Vera Cruz e o Horizonte Azul. Composto por três vielas e por vários becos, somente o nome da

avenida principal consta no mapa da cidade. A região é resultado de invasão de moradores há

cerca de 25 anos e está situado em uma região de manancial (há casas construídas em cima

do córrego que corre o bairro). Nesse sentido, os moradores do Jd. Tancredo, em especial, os

residentes nas vielas e becos, não têm acesso a alguns serviços públicos considerados

básicos, tais como rede de esgoto (utilizam fossas ao lado das casas), água potável8 e asfalto.

A população tem acesso ao serviço básico de saúde, através da UBS do bairro, mas têm pouco

acesso ‘a assistência social. O local é de difícil acesso e demorado, mas há acesso via

transporte público.

Grande parte das famílias entrevistadas é residentes

da Viela das Palmeiras (foto 1). Apesar da

heterogeneidade da composição familiar e das histórias

de vida, pode-se traçar uma espécie de perfil

socioeconômico das famílias observadas9, segundo o qual

há uma predominância de famílias formadas por dois

adultos e uma média de 05 crianças por domicilio. Há

muitos casos em que a renda advinda do Bolsa Família,

ou de outro programa de transferência de renda10, é a

única renda fixa da família. Os/as chefes da casa ou estão

desempregados, “fazendo bico” ou inseridos/as de forma

precária no mercado de trabalho (trabalho sem carteira

assinada e com baixos rendimentos). É expressiva a

baixa escolaridade observada entre os adultos que, na

maioria das casas, não chegaram a completar o ensino

fundamental.

Já em São Carlos, cidade média, situada no interior do estado, conhecida como “cidade

da tecnologia” devido ‘a expansão de seu pólo tecnológico e ‘a expressiva produção acadêmica

das universidades públicas (UFSCar e USP), com cerca de 207.829 (IBGE, 2004), concentra o

maior número de moradores com doutorado - uma média de um doutor para cada 609

habitantes (IBGE, 2004). Mas, apesar da fama de cidade da tecnologia, na maior zona

Foto 1: Entrada da Viela das Palmeiras, Jd. Tancredo Distrito Jd. Ângela,

São Paulo-SP

6

periférica de São Carlos, há o predomínio de atividades precárias, de baixos rendimentos, e

sazonais, com destaque para o trabalho rural nas colheitas de cana de açúcar, de café e de

laranja (ÁVILA, 2006). A “Cidade Aracy” como é conhecida, abriga mais de 15.962 habitantes11

é formada por quatro bairros, distintos entre si no quesito de infra-estrutura. Os bairros Cidade

Aracy I e II são mais antigos (formados ao longo da década de 80) e mais equipados. Já o

bairro Antenor Garcia e o Presidente Collor se desenvolveram ao longo da década de 90 e são

considerados os bairros mais pobres da região. Ao contrário do observado no Jd. Tancredo, as

casa na Cidade Aracy são, na sua grande

maioria, ou regularizadas, ou estão em

processo de regularização. A região é toda

coberta por asfalto e redes de saneamento

básico. Apesar de estar em área de

manancial, não há casos de construções à

beira do córrego da “água quente”.

As famílias são, em grande parte,

migrantes das regiões nordeste e do

Paraná, tendo, antes de migrar, trabalhado

na roça.

Há também uma baixa taxa de escolaridade entre os adultos e os lares apresentam uma

média de 04 crianças por domicílio. Apesar disso, diferente do observado em São Paulo, há

poucos casos de famílias que têm como renda fixa somente os benefícios sociais. Uma parcela

expressiva (77%) dos entrevistados está inserida, ainda que de forma precária, em alguma

atividade produtiva capaz de garantir renda. Outro ponto divergente do observado em São

Paulo é que os moradores identificam o Centro Comunitário (transformado em 2005 em CRAS

– Centro de Referência de Assistência Social) como um local para obter informações sobre o

PBF e ter acesso ‘a assistência social.

Mediante os dados expostos, é possível chegar a alguma conclusão a respeito do

impacto do Programa de transferência de renda Bolsa Família na vida de beneficiários que

vivenciam diferentes condições de vida e de bem-estar? .

O BOLSA FAMÍLIA E A POBREZA

No tocante ‘a cobertura do Programa Bolsa Família, é notório o fato de que, se

comparado como outros estados, o estado de São Paulo apresenta uma taxa de cobertura

Cidade Aracy, São Carlos -SP

7

baixa (89%), com o atendimento de 1 milhão de famílias e repasse mensal de 79,3 milhões

(MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE ‘A FOME, 2008). A cidade de

São Paulo, com uma população de cerca de 11.280.511 pessoas, apresenta uma estimativa de

257.378 famílias cadastradas como perfil do Bolsa Família, sendo que o número de famílias

recebendo o beneficio é de 205.153 famílias (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL

E COMBATE ‘A FOME, 2008). Em São Carlos o número de famílias cadastradas com o perfil do

Bolsa Família é de 6.170, sendo que atualmente, 4.393 famílias recebem o benefício (Idem)

Pelos números apresentados, podemos perceber a diferença entre o tamanho da

pobreza em cada cidade. Essa diferença pode parecer óbvia, afinal São Paulo é o centro de

economia do país, cidade expressivamente maior e mais densa demograficamente que São

Carlos, mas, ao considerarmos as diferenças de acesso a certos bens e serviços considerados

básicos, nota-se que há diferença expressa também na forma de apropriação dos recursos

públicos, no acesso aos direitos sociais e na propriedade de capitais social e humano, num

olhar mais multidimensional, considerando, para além da renda, outras dimensões da pobreza e

da desigualdade.

Do ponto de vista da renda, as famílias de São Carlos e as famílias pesquisadas em

São Paulo são semelhantes, pois cumpriram os critérios de inclusão na política e se tornaram

beneficiárias do PBF. Apresentam, portanto, rendas per capita similares, sendo consideradas

ou pobres, ou extremamente pobres pelo Estado. Mas ao deslocarmos o olhar para as

condições de vida, para o grau de bem-estar e situação de vulnerabilidade social, as famílias

residentes na região periférica de São Carlos, apresentam um padrão/ qualidade de vida mais

satisfatório do que muitos moradores do Jd. Tancredo. Isso se justifica ao observarmos que,

além de contarem com habitações mais precárias, não regularizadas e sem acesso a serviços

públicos básicos, como saneamento básico e atendimento assistencial, os moradores do Jd.

Tancredo apresentam baixa inserção no mercado de trabalho (mesmo informal) e mais

dificuldades na aquisição de renda, para além dos benefícios sociais. Considerando que a

pobreza

Essa constatação sugere que o critério de seleção para a inclusão no Programa Bolsa

Família e demais programas sociais, baseado estritamente na renda, viabilizado pelo

estabelecimento da linha da pobreza (renda familiar per capita de até R$ 120,00) e linha da

indigência (renda familiar per capita de até R$ 60,00) reflete apenas uma dimensão da pobreza.

Apesar de altamente valorizado nos estudos sobre pobreza, o método de mensuração da

pobreza centrado na renda e operacionalizado através do estabelecimento de um valor capaz

8

de cobrir o consumo de uma cesta básica de alimentos e de outros serviços (linha da pobreza)

e de uma cesta básica de produtos alimentícios (linha da indigência) apresenta, assim como

todos os métodos, limitações quanto ‘a caracterização das condições de vida dos beneficiários,

influenciando, de maneira ímpar, na avaliação do impacto das transferências de renda advinda

do Programa Bolsa Família quanto ao alívio e erradicação da pobreza

Há um certo consenso nos países latino-americanos em considerar a pobreza como

carência e insatisfação de necessidades (materiais e imateriais), numa perspectiva mais

economicista, cujos focos centrais dos estudos são a renda e os recursos existentes..A

literatura é vasta e repleta de discordâncias. Mas apesar dessa dificuldade conceitual, quando

se pretende “operacionalizar” problema da pobrezai e torná-lo objeto de políticas sociais,

indicadores de mensuração e formas de interpretação são adotados, com destaque para o

predomínio do olhar economicista, focado na renda. É exatamente nesse ponto que se

concentram as maiores dificuldades de enfoques que compreendem a pobreza de uma forma

mais abrangente, considerando outras dimensões do processo12.

Mas afinal, o que caracteriza a pobreza? A pobreza é um fenômeno social complexo,

multidimensional e relativo e que, por isso mesmo, permite diferentes formas de

conceitualização e interpretação. Defini-la acarreta sempre a escolha de certos elementos a

serem privilegiados, em detrimento a outros. Dentre as suas dimensões é comum focar no

elemento renda para definir quem é ou não pobre. Sendo assim, a forma mais comum de

mensuração da pobreza é através do estabelecimento das linhas da pobreza/ indigência. Mas,

para além do quesito econômico, vale destacar que a pobreza tem dimensões políticas e

culturais.A dimensão política da pobreza se torna mais clara à medida que admitimos que ser

pobre não é não ter/ possuir ou ser carente de algo (renda, acesso a bens públicos e a capital

social/ cultural), mas ser coibido de ter (DEMO, 2001: 13). A pobreza seria, em sua essência,

repressão, o resultado da discriminação sobre o terreno das vantagens, a saber, a não posse

de dois bens escassos: o dinheiro e o poder.

A pobreza também está intimamente com outros processos sociais ligada à organização

da estrutura social, ao grau de desigualdade existente em determinada sociedade, isto é, à

forma em que está distribuída a riqueza (renda, propriedade de ativos, acesso a bens públicos,

ao mercado de trabalho e a direitos sociais e políticos, bem como às diferentes formas de

acesso aos capitais culturais e sociais). Nesse sentido, compreender a pobreza em

determinado país, requer a análise da forma como esse fenômeno está relacionado com os

demais processos de empobrecimento (exclusão e vulnerabilidade social) e com a maneira que

a sociedade como um todo julga esse problema. Aqui o aspecto cultural é muito importante: há

9

países em que a pobreza é considerada como injustiça social, fundada no social; há outros,

porém, em que a pobreza e a desigualdade tendem a aparecer como fenômenos “naturais”,

como no Brasil (SOUZA, 2006). Assim, há maior ou menos tolerância com relação à existência

da pobreza e desigualdade, bem como diferentes explicações/ modos de resolução.

Nesse sentido, para o Estado brasileiro pobreza é a carência de renda para adquirir uma

cesta básica de alimentos e outros serviços e indigência é a carência de renda para garantir o

consumo de alimentos. A renda, no entanto, expressa uma das dimensões da pobreza e não a

única. Por estar focado nas rendas auferidas, a linha da pobreza enquanto método de

investigação não considera que os recursos podem ser distribuídos de formas diferentes, de

acordo com gênero, idade, papeis sociais, por exemplo. Também não permite tomar

conhecimentos das várias estratégias de vida encontradas pelas famílias para sobreviver ‘a

pobreza (GUTIÉRREZ,2007). Enfim, não permite conhecer todas as extensões da pobreza,

nem apreender os múltiplos aspectos que irão interferir no bem-estar da família13.

RESULTADOS PRELIMINARES

Conforme visto, tanto as famílias de São Carlos quanto às de São Paulo atendem aos

critérios de inclusão no Programa Bolsa Família, mas não têm, a mesma condição de vida, o

mesmo acesso a bens públicos, habitação, saneamento básico, inserção no mercado de

trabalho, entre outros. Essas diferenças de acesso combinadas serão importantes definidores

na trajetória de cada membros dessas famílias.Hoje há um certo consenso quanto à definição

de pobreza e a inclusão de novos elementos de análise, tais como capital social, capital

humano, capacidade de resposta, inclusão em redes de proteção social.

Considerando essas questões, podemos afirmar que a renda advinda do Programa de

transferência de renda Bolsa Família gera diferentes impactos no alívio e no combate ‘a

pobreza e ‘a desigualdade. Isso se torna mais claro ‘a medida que realizamos pesquisas com

enfoques mais voltados para a apreensão de aspectos materiais e imateriais da pobreza, tais

como as estratégias de vida e a subjetividade dos pobres.

Podemos afirmar que o PBF ataca uma dimensão do problema - a renda - e nisso a

política pública de combate ‘a pobreza está sendo eficiente, pois além de bem focalizada,

também está conseguindo aumentar a renda e o consumo dos estratos mais pobres da

sociedade brasileira. Outro dado observado é que a maioria das mães utiliza o beneficio em

“prol dos filhos”. Há uma idéia generalizada de que o dinheiro tem que ser gasto em favor dos

filhos, pois ”é deles”, cuja prioridade é a compra de alimentos. Para as famílias que não

10

apresentam renda fixa, além do beneficio do BF, o dinheiro serve para garantir o sustento,

impedir que a família “passe fome”. Para as famílias em que o beneficio do PBF é uma renda

complementar, o dinheiro se reverte na compra mais diversificada de alimentos e, vez ou outra,

um par de sapatos de uma roupa para o filho/a, compra de matérias escolares.

“O dinheiro é pros meninos mesmo. Eu não compro nada pra mim. Compro comida pros meus filhos, ajudo aqui em casa, compro uma roupinha, chinelo quando eles estão sem. Não dá pra comprar tudo. Vou falar a verdade, compro um pouco. Esse dinheiro ai já ajuda. Tem gente aí que não sabe agradecer (sobre as pessoas que falam mal da política). Reclamam que é pouco, mas foi Deus mesmo que me mandou.” Sandra (30 anos, beneficiária do PBF, desempregada,solteira e mãe de 3 crianças)

Em suma, podemos afirmar que a renda está sendo bem alocada, servindo para aliviar a

situação de pobreza e de miséria. Mas, apesar dessa constatação, muitos críticos, inclusive

muitos beneficiários, chamam a atenção para o baixo valor dos benefícios do Bolsa Família,

segundo os quais, não seriam suficientes para retirar alguém da pobreza (SILVA, 2006)

Outro ponto interessante observado tanto em São Paulo quanto em São Carlos é que

embora seja objetivo do programa, o Bolsa Família não está retirando crianças do mercado de

trabalho, porque entre as famílias pesquisadas não há recorrência ao trabalho infantil ”rentável”.

Isso não equivale dizer que não há pratica de trabalho de crianças: tanto em São Carlos como

em São Paulo, muitas meninas são responsáveis ou pela casa ou de cuidar dos irmãos mais

novos, assim como aos meninos cabe ajudar o pai em atividades laborais.

Assim, conclui-se que apesar da queda expressiva da desigualdade de distribuição de

renda, entendida como aumento da renda dos mais pobres, verificada no Brasil nos últimos

anos, essa queda não se converte, necessariamente, em melhoria nas outras dimensões da

pobreza, tais como acesso a bens públicos (assistência, saúde, creche, mercado de trabalho,

geração de renda, acesso aos direitos sociais, à proteção social), capital social e humano,

autonomia e participação. É necessário um investimento em políticas públicas diferenciadas

que considerem os demais condicionantes de vida, caso contrário será difícil enfrentar de

maneira mais estrutural a extrema desigualdade de distribuição de renda e de acessos.

Um último comentário sobre a queda recente da desigualdade social no Brasil e o papel

das transferências de renda. É importante não cairmos em euforismos e, com isso,

desconsideramos os limites desse processo. Dentre eles, o fato de que estamos vivenciando

um processo de queda da desigualdade sem desenvolvimento, sem aumento da produtividade

média da economia brasileira. Isso equivale a dizer que estamos vivenciando uma queda da

desigualdade, sem que haja, contudo, elevação do padrão médio de bem-estar da população.

11

(DEDECCA, 2007: 325). Outra questão destacada pelo autor é que o PBF tende a ter impacto

pontual em uma perspectiva temporal, uma vez que

“coberta toda a população-alvo do programa, seu efeito sobre a distribuição de renda tende a ser nulo, pois é provável que o valor do benefício passe a acompanhar as variações dos preços, ou seja, que ele tenha valor nominal atualizado anualmente como o objetivo de preservar seu poder de compra.” (Idem: 318).

Por fim é importante lembrar que a pobreza é um fenômeno complexo e histórico em

nossa sociedade. A forma de defini-la irá determinar a forma de combatê-la. Dentre os

diferentes enfoques, procuramos destacar o olhar qualitativo, suas potencialidades e limites de

aplicação em comparação com o método indireto da linha da pobreza/indigência, acreditando

que uma visão possa completar a outra.

NOTAS

1 O Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS, órgão responsável pela gestão do

Bolsa Família, conta com uma secretaria exclusivamente dedicada à avaliação de todos as políticas sociais implantadas pelo Ministério. A Secretaria de Avaliação e Gestão e Informação - SAGI gera informações para gestores de políticas públicas e para o público em geral. O IPEA é outro exemplo de órgão governamental que tem produzido análises sobre o Programa Bolsa Família. 2 Para contato com diferentes avaliações sobre o Programa Bolsa Família, consultar JACCOUND, 2006; BARROS & CARVALHO & FRANCO & MENDONÇA, 2007; BARROS & FOGUEL & ULYSSEA, 2007; IPEA 2007, CEDEPLAR, 2007; DRAIBE, 2006; NERI, 2006, IBASE, 2008. 3 Não considero, no entanto, que o aumento da renda familiar dos mais pobres via programas de transferência de renda seja o único determinante da queda da desigualdade no Brasil nos últimos anos. Dentre outros fatores, podemos destacar a política de reajuste do salário mínimo e a importância dos rendimentos da aposentadoria e pensão. Ademais, é importante ressaltar que vivenciamos um momento de recuperação econômica com recomposição do nível do emprego, queda do desemprego e baixa inflação, fatores macroeconômicos que influencia na queda da desigualdade(DEDECCA;JUNGBLUTH; TROVÃO, 2008:2). 4 Há tradicionalmente duas formas de analisar a distribuição de renda: através da perspectiva funcional e pessoal. A distribuição funcional é construída a partir de uma das óticas de mensuração do produto interno bruto (produção, consumo e renda), devendo captar todas as formas de apropriação da renda, seja pelas pessoas, empresas ou famílias. A forma mais apropriada de análise é através da metodologia das Contas Nacionais. Já a distribuição pessoal da renda volta-se para como as pessoas se apropriam da renda disponível, sendo a Pnad o método de investigação mais utilizado. Mais informações, consultar DEDECCA;JUNGBLUTH; TROVÃO, 2008. 5 Apesar de estar utilizando a mesma metodologia, a dinâmica do trabalho de campo impôs diferentes

formas de abordagem. Em São Carlos, costumo freqüentar as reuniões dos Programas de Transferência de Renda (Bolsa Família e Cartão Alimentação) realizadas pelos CRASs, como forma de me integrar aos grupos de beneficiários e realizar entrevistas. Em São Paulo, a “entrada” no campo só foi (é) possível porque conto com uma ampla rede de relações com os/as Agentes Comunitários de Saúde, os/as “ACSs”, de algumas Unidades Básicas de Saúde - UBS do M’Boi Mirim. Também conheço muitos APSs (Agentes Comunitários de Proteção Social), ligados aos CRAFs. Através da convivência dos/as ACSs e APSs, tenho acesso privilegiado a informações sobre o bairro, levantamento socioeconômico das

12

famílias, quantidade de pessoas por domicílio, dificuldades, condições gerais de infra –estrutura da região, além de conhecer os becos e vielas que não constam nos mapas e encontrar os beneficiários dos diferentes programas de transferência de renda. 6 Essa terminologia corresponde ao levantamento feito pelo CEM (Centro de Estudos da Metrópole) que

culminou na publicação do Mapa da Vulnerabilidade Social da População da Cidade de São Paulo, um trabalho muito rico em informações socioeconômicas e demográficas. Criou-se o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social – IPVS, formado por indicadores que captam dados referentes a diversos aspectos presentes na condição vulnerável, através de indicadores que não somente privilegiam os aspectos socioeconômicos, mas também a situação de risco a que se está exposto, considerando o acesso a serviços públicos básicos, o grau de escolaridade. Para maiores informações, consultar CEM, Mapa da Vulnerabilidade Social da População da Cidade de São Paulo, 2004. 7 Essa classificação refere-se ao “Mapa dos bolsões de pobreza da cidade de São Carlos”,realizado pelo

Núcleo de Pesquisa e Documentação “Professor José Albertino Rodrigues”, da Universidade Federal de São Carlos. Nesse trabalho, é possível observar a distribuição territorial da pobreza em São Carlos. 8 Somente no ano de 2008 estão sendo mobilizados recursos para a regularização da área,

construção de uma rede de esgoto e de tratamento da água, além da fixação do asfalto. Isso implica a necessidade de remoção de algumas casas construídas ‘a beira do córrego, fato que tem gerado bastante tensão entre as famílias que não querem deixar suas casas, apesar da proposta de indenização de R$ 5.000,00 oferecida pelo poder público local. 9 Só foi possível conhecer de uma maneira mais detalhada as condições de vida dos moradores da Viela das Palmeiras porque contei com dados levantando pela ACS Judith Ana Pereira Silva. 10 É importante destacar que além do Programa Bolsa Família, existem outros programas de transferência de renda em São Paulo, tais como, o Renda Mínima, iniciativa de municipal; o Renda Cidadã, iniciativa estadual; o Beneficio de Prestação Continuada – BPC, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI , o Programa Agente Jovem e o Programa Ação Jovem, iniciativas do governo federal. No bairro, é possível encontrar famílias que recebem benefícios de mais de um programa de transferência de renda. 11 Esses dados são do Censo do IBGE do ano 2000. Dada a defasagem dos anos e o constante movimento de chegada de novos moradores,estima-se que a região tenha atualmente uma porcentagem bem mais elevada de moradores (ÁVILA, 2006) 12 Dentre os enfoques que apresentam essa dificuldade, destacamos o enfoque das Necessidades Básicas Insatisfeitas (NBI), o enfoque da pobreza vista como privação de capacidades desenvolvido por Amartya Sen, e o enfoque multidimensional, com destaque para a questão da subjetividade. Para maiores informações, consultar Codes (2008); Feres; Mancero (2001). 13

Como nos lembra Irma Arriagada (2007: 103):

“Se han identificado seis fuentes de bienestar de las personas y hogares: i) el ingreso; ii) los derechos de accesoa servicios o bienes gubernamentales gratuitos o subsidiados; iii) la propiedad o derechos sobre activos para uso o consumo básico (patrimonio básico acumulado); iv) los niveles educativos, con las habilidades y destrezas como expresiones de la capacidad de hacer y entender; v) el tiempo disponible para la educación, el ocio y la recreación, y vi) las dimensiones que en conjunto fortalecen la autonomía de las personas.”

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