O Bonsai Em Evolucao

8/14/2019 O Bonsai Em Evolucao

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O Bonsai em Evoluo

Eduardo Campolina

Evoluo: Desenvolvimento gradual; movimento progressivo; transformao.

Tudo no universo tem como base o desenvolvimento e evoluo, mas nada ocorre aos saltos. Aevoluo gradativa, cada melhoria proporciona condies a mais um passo no processo.

Indubitavelmente, o conceito mais intimamente relacionado Arte Bonsai, sobre todos osaspectos. a base conceitual, pr-requisito e objetivo, agente e resultante.

Em nenhuma outra arte existe tal interdependncia na evoluo da obra e do criador.

Obra em constante mutao, nunca terminada, obriga um grau de envolvimento e atenonico por parte do artista. O Bonsai precisa evoluir como ser vivo e como expresso artsticadurante toda a sua existncia, forando a evoluo do seu criador nas mesmas bases, comoindivduo e como artista. E quanto maior a evoluo do artista, maior a evoluo da obra, e

assim sucessivamente.Todas as formas de expresso artsticas orientais possuem como objetivo principal a evoluointelectual e espiritual do indivduo. Atravs da arte, buscam a elevao e o auto-conhecimento. Pela representao e compreenso dos elementos naturais e das forasenvolvidas no seu funcionamento, encontram elementos de aprendizado para o crescimentoindividual.

O Bonsai carrega uma enorme quantidade de simbolismos e ensinamentos. Enquanto rvorerepresenta vigor, perseverana, resistncia, fora e ao mesmo tempo serenidade, tolerncia,flexibilidade, adaptabilidade. Seu cultivo demanda concentrao, conhecimento, experincia,habilidade, pacincia, respeito e disciplina. Sua apreciao individualmente ou em conjuntocom outros elementos artsticos relacionados, proporciona beleza e tranqilidade,estimulando meditao.

Nos ltimos anos, observamos como fenmeno evolutivo da arte em todo o mundo, umapreponderncia dos elementos tcnicos no cultivo do bonsai. A busca pela naturalidaderepresentativa deu lugar criatividade artstica produzindo obras que, apesar da belezainconteste, demonstram claramente a interferncia humana. A aplicao de tcnicas cada vezmais elaboradas e o refinamento excessivo resultam muitas vezes numa rvore idealizada, norepresentando a real beleza dos exemplares naturais. Isto no quer dizer que para que pareanatural um bonsai deva crescer com um mnimo de interferncia como preconizam alguns sobo pretexto da naturalidade, mas toda interferncia realizada e indispensvel no cultivo de

exemplares de qualidade superior, deveria ter ao mximo uma aparncia natural.Felizmente, mais recentemente alguns artistas tm procurado retornar essncia original daarte. Os bonsai continuam estilizados, mas de forma mais natural especialmente norefinamento da copa. Novos artistas, principalmente de Taiwan e da Indonsia, mesclam aorientao filosfica e espiritual do Penjing, com o rebuscamento esttico moderno do Bonsai,produzindo obras de extrema beleza e naturalidade.

No Brasil, notamos uma clara melhoria tcnica nos exemplares trabalhados. Gradativamentetomamos conscincia de que o Bonsai representa rvores nicas de beleza mpar e noqualquer rvore comum de qualquer esquina. Entretanto nota-se ainda uma inquietante eprematura preocupao em se criar uma identidade no bonsai nacional. preciso dar tempo evoluo natural do artista nacional.


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APB:Quais os principais motivos que devem levar algum a fazer desfolha?

Carlos Tramujas:Realizamos a desfolhacom as seguintes finalidades:

- Reduzir o tamanho das folhas da rvore.

Um dos objetivos principais da desfolha a reduo do tamanho das folhas, com afinalidade de obtermos resultados maisharmnicos e proporcionais,

principalmente quando trabalhamos combonsai de pequeno e mdio porte. Comonormalmente a desfolha feita no veroonde o vigor da brotao inferior ao queocorre na primavera, as folhas sedesenvolvem naturalmente menores.Aps alguns anos consecutivos utilizandoo mtodo da desfolha possvelconseguirmos folhas com um tamanhoat vinte vezes inferior ao tamanho dasfolhas de plantas cultivadas no campo,

por exemplo.

3 - Uso correto do desfolhador em Acer palmatum. O pecilo da folha devesempre ser cortado pela metade.

- Aumentar a ramificao dos galhos.

O aumento da ramificao dos galhos resultado do estimulo das gemas dormentes e que esto presentes nasaxilas das folhas. Quando retiramos as folhas, estimulamos diretamente o desenvolvimento destas gemas emuitas delas se transformam em novos e pequenos galhos. Para aumentar a probabilidade destas gemasdormentes se desenvolverem, devemos eliminar a extremidade do galho que foi desfolhado, pois desta formainibiremos o seu crescimento apical, estimulando o desenvolvimento dos brotos localizados na parte interior.Do contrrio, se no eliminamos a ponta do broto ou do galho, a fora de crescimento ir para suaextremidade fazendo com que cresa em extenso, desenvolvendo desta forma, folhas ainda maiores o queinibir a brotao na parte interna. Devemos lembrar que quanto maior a ramificao secundria e terciria darvore, maior ser a tendncia desta planta em produzir folhas menores.

- Estimular o crescimento de certas regies da planta, inibindo o desenvolvimento de outras.

Utilizamos tambm a desfolha para favorecer o crescimento em algumas zonas da planta, restringindo aomesmo tempo o crescimento em outras partes, para desta forma equilibrarmos o desenvolvimento da plantacomo um todo. Se por exemplo, queremos engrossar um galho de um Acer, quando realizamos a desfolha,eliminamos as folhas de toda a planta, menos do galho que queremos engrossar, desta forma, esta regio da

planta continuar crescendo continuamente, enquanto o resto da planta, ficar com o crescimento parado, atque se inicie a nova brotao. muito comum utilizarmos este tipo de desfolha quando queremos corrigir odimetro do pice, quando este demasiado fino em relao ao restante do tronco.


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4 - Acer palmatum parcialmente desfolhado.

- Troca das folhas em rvores de folhasperenes, eliminando as folhas velhas,danificadas, e com o aspecto feio.

A desfolha neste caso serve para melhorar aesttica da rvore, e utilizada no caso dervores com folhas perenes, ou seja, que no

perdem as folhas no outono. Os ficus emgeral so um bom exemplo, j que no

perdem as folhas e normalmente no final doinverno, estas, apresentam um aspecto feitoe amarelado. Nestes casos, muitoconveniente trocarmos as folhas todas darvore, para obtermos uma folhagem nova.

- Acentuar a colorao outonal em rvores de

folhas caducas.Um dos motivos pelo qual desfolhamos as rvores de folhas caducas para acentuar a colorao outonal,assim como para garantir uma permanncia maior das folhas na planta. Se mantivermos as folhas docrescimento primaveril, muitas vezes ao passar pelo vero as folhas ficam levemente queimadas e quandochegam no outono, elas secam parcialmente ao invs de assumirem a colorao outonal. Do contrario, sefazemos a desfolha no vero, as folhas chegam no outono, muito mais bonitas e vigorosas, tendo maiscondies de assimilarem os aucares necessrios para a mudana de cor.

- Realizar aramaes durante o vero com a finalidade de refinar a estrutura da rvore.

Quando desfolhamos as rvores no vero, podemos aramar sem problemas, primeiro porque a ausncia totalde folhas facilita muito a colocao do arame principalmente sem danificar brotos jovens e gemas e segundoporque o crescimento a partir da nova brotao que muitas vezes ocorrer no final do vero, j no tointensa, o que propiciar que o arame fique muitas vezes at o final do inverno.

APB:Sabemos que muitas espcies no aceitam a desfolha. Poderia nos exemplificar? E porque?

Carlos Tramujas:Existem duas situaes bsicas em que no realizamos a desfolha, a primeira delas quandoa espcie no necessita, ou seja, j apresentam folhas com um tamanho bastante reduzido, como o caso daSerissa, do Cotoneaster, ou da Lonicera. Nestes casos a aplicao desta tcnica invivel, primeiro pelotrabalho exaustivo e depois pelo pequeno resultado obtido. A segunda situao est relacionada com a

dificuldade que algumas espcies apresentam em brotarem aps a eliminao total das folhas. Comoexperincia pessoal posso comentar que, sem dvida, podemos aplicar esta tcnica na grande maioria dasrvores que so trabalhadas como bonsai, principalmente se aplicamos a tcnica de uma maneira correta erespeitando sempre a integridade da rvore.

Ao longo dos meus anos dedicados arte dobonsai, posso dizer que j desfolhei quasetodas as espcies que passaram pelas minhasmos, com resultados bastante satisfatrios.

No posso deixar de comentar sobre asespcies de conferas em geral, como o casodos Juniperus, Pinus e Chamaecyparis entretantas outras, que no aceitam a aplicao dadesfolha, com o risco de perdermos a planta.Por outro lado, a grande maioria dascaduciflias suporta bem esta tcnica, com


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desenvolver suas gemas dormentes, tenho aplicado a desfolha com muito sucesso.J as pitangas, jabuticabas, e outras mirtceas toleram perfeitamente a aplicao desta tcnica. A concluso aque chegamos com relao a esta tcnica que a medida em que adquirimos mais experincia dentro da arte edesejamos cultivar bonsai com mais intensidade, a desfolha se torna indispensvel.

APB:No caso das caduciflias, devemos fazer a desfolha se elas por si prprias no se desfolharem na pocapropcia?

Carlos Tramujas:Este j outro caso. Como comentei anteriormente, podemos ter como referncia de melhorpoca para realizarmos a desfolha, meados do vero, ou seja, Janeiro e Fevereiro, pois nesta poca as rvorestm reservas suficientes para brotarem, mas no com o mesmo vigor da primavera. Na realidade quandofazemos a desfolha no vero, induzimos a planta a pensar que est diante de uma nova primavera. No caso dasua pergunta em especfico, realizaremos a desfolha, s que na poca de perda normal das folhas, ou seja, naentrada ou entre o outono. Isto se faz necessrio quando cultivamos rvores caducas em regies onde o invernono rigoroso o suficiente para fazer as plantas entrarem em dormncia. Em alguns casos as rvores cultivadasnestas condies perdem apenas parte das folhas, e o restante deve ser eliminado manualmente. Este processo

ajuda um pouco na adaptao da rvore, mas sem as horas de frio suficientes, dificilmente esta planta sedesenvolver em sua plenitude, como, por exemplo, apresentando as bonitas coloraes outonais.

APB:E a desfolha parcial para incentivar a brotao. Poderia nos esclarecer?

Carlos Tramujas:A desfolha parcial j foi comentada anteriormente, e uma das maneiras de estabelecermosum equilbrio na harmonia entre todas as zonas da rvore. Podemos utiliz-la para engrossar um primeiro galho,

por exemplo, deixando-o crescer a medida em que desfolhamos o restante da planta, ou mesmo para engrossaro pice no caso de uma poda radical com a substituio do lder. O importante a entendermos no caso dadesfolha parcial, que o elemento da planta que continuar com folhas, seja o galho, o pice ou mesmo um

pequeno broto, ele ser privilegiado em crescimento, em relao ao restante dos elementos que formam a

estrutura da rvore e que foram desfolhados.

Quando falamos em desfolha parcial total da planta, nos referimos na eliminao de uma certa porcentagem damassa verde, para facilitarmos a ventilao e a entrada do sol, como no caso das Bougainvilleas (Primaveras)que brotam com muito vigor, formando massas de folhas demasiadamente densas e compactadas. importantenestes casos eliminarmos as folhas velhas e grandes e tentarmos fazer com que a copa da rvore respire melhor.Desta forma tambm prevenimos que os pequenos brotos situados no interior da rvore no sequem por faltade luz. Esta operao considerada mais uma limpeza do que propriamente uma desfolha.

APB:Mesmo considerando que nosso pas tem dimenses continentais, Carlos, d para formular uma regrinhasobre desfolha com relao s pocas?


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6 - Maneira correta de cortar as folhas de um Ficus.

Carlos Tramujas:Se entendermos oprocesso, podemos realizar a desfolha,mesmo sem olharmos para o calendrio. O

primeiro que devemos observar que asfolhas estejam realmente maduras, ou seja, no

mximo do seu tamanho natural edesenvolvimento. O segundo ponto est emobservarmos o crescimento geral da planta. Omomento da desfolha justamente entre umafase de crescimento e outra. Isto pode parecerconfuso, mas fcil de entendermos seobservamos, por exemplo, o crescimento deum Acer que comea a se desenvolver comvigor na primavera, onde os brotos podematingir mais de um metro se deixadoscrescerem livres.

Aps este perodo de brotao intensa, a planta para de crescer por um perodo, como se estivesse descansando,isto ocorre normalmente no final da primavera e continua at praticamente a metade do vero, onde reinicia seucrescimento, s que desta vez com menos vigor e intensidade.

O ponto correto para realizarmos a desfolha momentos antes da planta reiniciar esta segunda fase decrescimento. No caso do Acer e das caduciflias em geral mais fcil identificarmos esta situao, mas comum pouco de prtica passaremos tambm a identificar nas demais espcies. Estes melhores momentos quedefinem a quantidade de desfolhas que podem ser realizadas durante o ano, sem estressar demasiadamente as

plantas. As bougainvilleas, por exemplo, podem facilmente ser desfolhadas duas ou at trs vezes ao longo doano, principalmente em regies com climas favorveis e sem invernos definidos. Como regra bsica para quemesta comeando, a metade do vero sem dvida, o melhor momento. Outro conselho que comecem apenas

com uma desfolha por ano independente da planta, at conhecerem melhor as espcies com que estotrabalhando no momento.

APB:Planta debilitada ou doente, pode ser desfolhada?

Carlos Tramujas:Este um dos principais comentrios a ser feito nesta entrevista. No adianta de nadaconhecermos as tcnicas em profundidade, aplic-las corretamente, se nossas rvores no tem condies desuport-las. A desfolha jamais dever ser aplicada em plantas debilitadas, fracas ou mesmo doentes, com riscode perdermos galhos inteiros e at mesmo a planta toda. A recuperao da planta aps a eliminao total dasfolhas requer uma energia muito grande, portanto devemos antes de fazer a desfolha estarmos atentos para trs

pontos importantes:

O primeiro est relacionado com a adubao, pois se adubarmos a planta no momento da desfolha, existe aprobabilidade das folhas novas virem ainda maiores que as anteriores. Para evitarmos esta surpresa conveniente realizarmos a ultima adubao duas ou trs semanas antes de desfolharmos, sendo que voltaremosa adubar se for necessrio, somente depois do amadurecimento completo das folhas novas.

O segundo ponto diz respeito aplicao da desfolha na poca mais adequada, principalmente em regies comestaes definidas, com o caso do sul do Brasil. Se desfolharmos muito tarde nestas regies, a planta no tercapacidade de brotar antes de entrar no outono e enfraquecer bastante.

O terceiro ponto est diretamente relacionado com os cuidados bsicos aps a desfolha. No devemos esquecerque a absoro de gua pelas plantas com a ausncia total de folhas muito pequena ou quase nula, portanto conveniente tambm controlarmos a freqncia da rega, deixando que o substrato seque levemente entre uma


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rega e outra. Aps a brotao, voltaremos a regar de forma normal. O excesso de gua no momento da brotaotambm poder aumentar significativamente o tamanho das folhas. O sol um redutor natural do tamanho dasfolhas, portanto o melhor aps a desfolha colocarmos a planta a pleno sol, se por acaso for uma espcie maissensvel, deveremos proteg-la apenas nas horas mais quentes do dia. Plantas cultivadas em ambientessombreados tm naturalmente as folhas maiores do que aquelas cultivadas a pleno sol. Se por acaso temos uma

planta doente ou debilitada, deveremos sempre em primeiro lugar recuperar esta planta, antes de aplicarmosqualquer tipo de tcnica de poda ou de modelagem.

APB:Cronologicamente, desfolha,aramao, poda de razes e transplante

podem ser feitos num mesmo momento?

Carlos Tramujas:Podem em algumasespcies, desde que sejam previamente

preparadas para agentar isso tudo deuma s vez. Como a maioria dasdesfolhas so realizadas em pleno vero,este sem dvida no seria o melhormomento para transplantarmos, mas oque podemos fazer sem dvida passarum bom arame. As espcies de Ficus emgeral toleram a aplicao destasoperaes simultaneamente. Na Espanha,onde trabalhei, os Ficus eramdesfolhados, aramados e transplantadosde uma s vez e durante o pleno vero.

Os motivos principais so, que abrotao da primavera como maisintensa resultava em brotaes muitovigorosas e, portanto com folhas muitograndes.

7 - Galho de Ficus desfolhado. A extremidade dos ramos dever sempre sereliminada para estimular a brotao nas zonas internas dos galhos.

Outra coisa que ajudava tambm a aliviar um pouco o excesso de tarefas com as demais espcies na entradada primavera. As tcnicas de desfolha e aramao quase sempre devem caminhar juntas, uma complementandoa outra.

APB:Carlos, muito se fala em desfolha manual ou cortando a folha com tesoura preservando o pecolo. Poderianos esclarecer esse assunto?

Carlos Tramujas:A desfolha com a pina desfolhadora ou mesmo com a tesoura muito trabalhosa,principalmente em rvores grandes e frondosas e muitas vezes durante o processo d vontade de arrancarmos asfolhas com as mos para terminarmos de uma vez.

Antes de comentarmos sobre plantas especficas, devemos entender o que nos leva a optar por um mtodo oupor outro. Sempre o mtodo manual, arrancando as folhas com os dedos ser o mais fcil e o mais rpido, maspara aplic-lo com segurana, antes devemos observar as gemas dormentes nas axilas das folhas (ponto deinsero do pecolo no galho) e fazermos um teste.

Arrancamos algumas folhas isoladamente e observamos o estado em que ficou a gema dormente. Em algumassituaes quando arrancamos uma folha, a gema se destaca do galho e acaba saindo junto com ela, presa aopecolo, em outros casos, apesar da gema permanecer no galho fica muito danificada. Um dos fatores de


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extrema importncia que ajuda a minimizar estas dificuldades que sempre devemos levar em conta o sentidoem que arrancamos as folhas e este dever ser sempre no sentido da extremidade do galho.OAcer palmatum uma espcie que devemos desfolhar sempre utilizando a tesoura, pois suas gemas so muito sensveis. Amaneira correta de fazermos cortarmos os pecolos das folhas pela metade, sendo que depois de alguns dias,estes cairo sozinhos.

NoAcer buergerianum, por exemplo, a desfolha pode ser manual, e o que fazemos fecharmos a mo na basedo galho com uma leve presso e puxamos em direo a sua extremidade, arrancando desta forma todas asfolhas. Se por acaso no sarem todas, no final do processo repassamos galho por galho eliminando as que

permaneceram, mas sempre prestando a ateno no sentido em que as arrancamos. Com os ficus em geralpodemos proceder da mesma forma, assim como com as jabuticabeiras, pitangueiras, ulmus e muitas outrasespcies.

8 - Acer palmatum. A desfolha ajuda a acentuar o colorao outonal.

APB:Bem, acho que tivemos uma verdadeiraaula sobre desfolha que, com certeza, estarajudando em muito a todos ns praticantesdessa nobre arte. Muito obrigado Carlos.

Carlos Tramujas: Gostaria de aproveitar aoportunidade para dar os parabns aoEduardo Campolina pela belssima iniciativade divulgar a arte do bonsai atravs destarevista digital. Espero em outros momentos

poder voltar a dar a minha contribuio.


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9 - Exemplar de Acer palmatum no final do vero aps a desfolha. 10 - Mesmo exemplar de Acer palmatum no final do outono.

Substrato do Bonsai - O Artigo Definitivo

Eduardo Campolina

Um assunto recorrente e sempre cercado de divergncias e mistrios, o substrato ideal representa o maisimportante elemento de todas as variveis relacionadas ao cultivo do bonsai. Em qualquer local onde se agrupem

duas pessoas para conversar sobre bonsai de forma geral ou comentar sobre um indivduo em especial,impreterivelmente o assunto vir tona: Que solo est usando?.

Matria cercada de mistrios e mistificaes, volta e meia vemos reclamaes e cobranas sobre um consenso,uma posio definitiva, um ponto final no que se refere ao substrato ideal para o cultivo do bonsai.

Por todo o mundo foram e so publicados verdadeiros tratados com as mais diversas abordagens sobre o tema enenhum deles teve, e muito menos este artigo ter a pretenso de ser a publicao definitiva, que revelar outpico substrato ideal que poder ser utilizado com sucesso no cultivo do bonsai em qualquer lugar do mundo.

O assunto ser objeto de diversos artigosfuturos que discorrero de forma objetiva edesmistificada sobre as principaiscaractersticas desejadas em um substratoadequado ao cultivo do bonsai, baseado eminformaes obtidas de diversas publicaes,algumas de carter cientifico, outrasespecializadas, como tambm na troca deexperincias adquiridas em alguns anos deerros e acertos na busca no de um substrato

ideal, mas de elementos para a formao desubstratos adequados, com timas respostasnas diversas fases do cultivo e de fcilobteno.

Amoreira em substrato 100% caqueira (telha e tijolos triturados).

Um dos primeiros pontos a ser observado num artigo como este que num pas com as dimenses do nosso,seria no mnimo ingenuidade considerar qualquer relao de solos e substratos baseado unicamente nas

caractersticas individuais das espcies vegetais. Qualquer formulao baseada neste conceito se tornar umproblema bastando apenas uma relativa diferena de altitude ou ocorrncia de variaes microclimticas entre

regies surpreendentemente prximas. Maior ser a incoerncia se considerarmos as diferenas climticas

existentes entre cada uma das regies do pas.

Todo entusiasta que pretenda ingressar nocultivo do bonsai, independente do nmero deexemplares escolhidos, deve buscar desde o

princpio de sua instruo adquirirconhecimentos que o habilitem a produzir deforma satisfatria o substrato adequado suacondio climtica e principalmente suadisponibilidade no cuidado dirio de suas

plantas.

Logicamente no o mais indicado aoprincipiante, sob pena de cometer erros fatais


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pela falta de experincia, produzir seuprimeiro substrato sem nenhuma orientaoou conhecimento prtico prvio. Mas apoiado

principalmente na experincia de bonsastasmais experientes da mesma regio, dever o

quanto antes procurar compreender pelomenos o comportamento fsico dos elementosconstituintes dos substratos disponveis.

Celtis cultivada em composto predominatemente de caqueira, com poucopedrisco e um mnimo de matria orgnica.

Os solos de origem japonesa so tidos como os solos ideais para o cultivo do bonsai em todo o mundo pois sotradicionalmente utilizados naquele pas para este fim. No entanto so apenas os solos de melhorescaractersticas disponveis no Japo e de forma alguma devem ser considerados os melhores solos para ocultivo do bonsai em qualquer outro lugar do mundo em que sejam utilizados. Mesmo no Japo algunscultivadores no os utilizam, preferindo utilizar exclusivamente areia granulada como substrato. Com isso

pretendemos demonstrar que o substrato adequado pode e dever ser extremamente varivel, sendo compostode elementos nicos ou diversos que cumpriro as funes adequadas para a sua regio e forma de cultivo, pelacombinao das caractersticas fsicas e qumicas necessrias.

Composto formado por pedrisco de granito e cermica triturados

As funes

O substrato precisa cumprir diversas funes no vasode bonsai. Fornecer sustentao s razes,

proporcionar a reteno de gua e nutrientes,promover aerao e drenagem adequadas e,dependendo do objetivo, acelerar ou retardar o

crescimento das razes. Algumas destas funes queso aparentemente contraditrias como a reteno degua e aerao, podero ser cumpridas pelaassociao de diversas propriedades fsicas nummesmo elemento.

Assim, um elemento que possui boa capacidade de reteno de gua em sua estrutura fornecer a adequadareteno de gua e nutrientes para a utilizao pelas razes ao longo do dia. Se este mesmo elemento forutilizado em uma granulometria especfica, o espao formado entre os gros eliminar a gua rapidamente,sendo preenchido por ar, fornecendo oxignio para estas mesmas razes.

As caractersticas

Dentre todas as caractersticas fsicas equmicas necessrias a um bom substrato, ascaractersticas fsicas so as que teremos maiordificuldade em alterar rapidamente, sem anecessidade de grandes intervenes. Naverdade isto s ser possvel pela troca parcialou total do substrato. Assim cuidaremos

primeiro das propriedades fsicas.

A primeira caracterstica a ser observada numcomponente do substrato para bonsai a


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dureza ou resistncia degradao fsica. Osubstrato do bonsai mantido no vaso por um

perodo relativamente longo, freqentementepor no mnimo um ano.

Pinus em cascalho de minrio de ferro

Pela ao principalmente da rega, as partculas do solo so gradativamente fragmentadas, reduzindo assim sua

granulometria inicial. A reduo da granulometria reduz o espao formado entre as partculas aumentando areteno de gua, e como conseqncia diminuindo o oxignio disponvel para as razes. Utilizando umsubstrato resistente degradao, minimizamos ou eliminamos a ocorrncia deste problema no decorrer dosanos e aumentamos o tempo de permanncia do substrato sem a necessidade de transplante.

Composto formado em 100% por pedrisco triturado

O elemento de maior resistncia mais utilizadoem nossos compostos a areia granulada.Virtualmente indestrutvel pela ao normaldos elementos atuantes em nossos vasos, podeser utilizada pura, fornecendo at mesmo uma

reteno ideal de gua, de acordo com agranulometria utilizada. Na outra ponta o solocomum deve ser utilizado com cautela poisdependendo de sua constituio, fragmentam-se rapidamente, compactando o solo. Estacompactao, alm de reduzir a aerao econseqentemente o oxignio disponvel,impede a adequada penetrao de gua nosolo, provocando a morte das razes econseqente perda de galhos.

Substrato compactado

Um outro elemento perigoso especialmente aoiniciante e que indiscriminadamentedisseminado pelo Brasil a utilizao da terrade cupim. A sua resistncia extremamentevarivel, e apesar de funcional em algunscasos, depende da composio do solo em quefoi construdo, idade do cupinzeiro e dotratamento dado antes da utilizao.

Aqui ainda devemos chamar a ateno para um

outro elemento bastante utilizado e que podeser extremamente danoso no vaso de bonsai.

primeira vista a argila expandida, natural oufragmentada, pode parecer o elemento ideal. Aexperincia demonstra e foi comprovadocientificamente que a argila expandida

prejudicial ao desenvolvimento das razes, fatoque ser explicado com detalhes

posteriormente.

O composto formado pela fragmentao de tijolos e telhas cermicas, comumente chamada caqueira ou tijolito,

vem sendo considerado um dos melhores elementos para utilizao como substrato de bonsai. No compostopraticamente no sofre degradao, mantendo sua granulometria estvel por muitos anos.


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A cacidade de reteno de lquidos outra caracterstica buscada nos nossos compostos.Apesar da possibilidade desta propriedade ser contornada

pela adequao da granulometria das partculas mesmoem compostos sem nenhuma capacidade dearmazenamento de lquidos, como no caso da areia e

pedriscos, em alguns casos desejado um composto de

partculas maiores favorecendo o desenvolvimento dasrazes e acelerando o desenvolvimento do bonsai. Nestecaso um composto formado por pedriscos grossostenderia a secar rapidamente, podendo representar um

problema adicional. Idealmente a partcula deveriapossuir de forma equilibrada a afinidade por lquidos,absorvendo e saturando-se rapidamente quando o meioestiver com lquidos disponveis, e liberando comfacilidade para o interstcio (espaos entre as partculas) amedida que o mesmo perde umidade. Os compostosorgnicos como a compostagem, esterco e turfa possuema maior capacidade de absoro e reteno de lquidosmas falham na habilidade em liberar o mesmo, retendo aumidade por longos perodos. A terra argilosa possui deforma razoavelmente equilibrada as duas propriedades dearmazenamento e liberao de lquidos mas a medida quevai se degradando, tende a reter mais lquido pelareduo do espao intersticial, favorecendo o efeito decapilaridade.

Pinus plantado na areia para a recuperao das razes

Alm disso as finas partculas formadas pela degradao agregam-se novamente em partculas maiores ecompactas que dificultam a penetrao da gua. Mais uma vez a caqueira cermica apresenta a maior facilidade

tanto na reteno quanto na liberao de lquidos de acordo com a variao da umidade do meio.

Prunus em substrato de cermica triturada grossa

Outra caracterstica fsica importante masrelacionada ao composto como um todo e noapenas aos elementos individuais utilizados emsua composio a granulometria das

partculas. Em termos gerais so utilizadaspartculas de granulometria entre 1 e 5 mm dedimetro. Esta grande variao apresentaobjetivos diversos tanto na reteno delquidos do composto quanto na taxa decrescimento das razes. Um composto de grosmais finos entre 1 e 2 mm, apresenta menoresespaos intersticiais, favorecendo a reteno delquidos no interstcio pelo maior efeito capilarentre as partculas e vice versa. Em relao aocrescimento das razes, um substrato composto

por partculas mais grossas possuiconseqentemente maior espao entre as

partculas para um crescimento mais livre

das razes, resultando num desenvolvimento mais rpido da rvore como um todo. Assim partculas grossas so

utilizadas em rvores jovens ou nas que necessitamos de um desenvolvimento mais acelerado. De forma opostaum substrato de partculas finas fornece uma barreira mecnica ao desenvolvimento das razes, retardando o seucrescimento.


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Estratificao do Substrato.

Estratificao do substrato consiste na formao de camadas de diferentes granulometrias de substrato no vasode bonsai. Esta estratificao segue um padro em que o substrato mais grosso fique no fundo do vaso, ointermedirio no meio e o fino prximo superfcie. Nunca demais lembrar que partculas menores que 1mm

(p) no so utilizadas. Este padro utilizado por muitos anos nos mais antigos bonsai do mundo, com timosresultados. Recentemente este padro vem sido questionado. Uma das alegaes que justificariam estequestionamento seria de que o substrato grosso do fundo do vaso secaria rapidamente, provocando adesidratao das razes nesta regio. Outra alegao seria de que o efeito capilar formado pela estratificaoteria efeito contrrio ao favorecimento da drenagem desejada no vaso do bonsai, mantendo o substrato maismido que o desejado. Utilizando duas propriedades presentes no substrato estratificado, apontam causasdiferentes e contraditrias para justificar a sua no utilizao.Vamos ento analisar estas propriedades levandoem considerao algumas peculiaridades do cultivo do bonsai.

Formato tradicional do vaso de bonsai

O vaso do bonsai tem um formato caracterstico que interferefortemente no comportamento dos lquidos no substrato quecontm. A altura do vaso em relao s suas demaisdimenses reduz a influenciada da gravidade nofavorecimento da drenagem, especialmente quando optamos

por um substrato de granulometria menor, proporcionandouma maior homogeneidade na distribuio vertical doslquidos. Em contrapartida, a maior rea de exposio nasuperfcie do vaso, faz com que a regio superficial percalquidos de forma acelerada, secando primeiro que as camadasinferiores.

Podemos concluir desta forma que ao utilizarmos um substrato homognio de granulometria mdia em um vasode bonsai, as camadas superficiais do substrato, aps o escoamento do excesso de gua aps a rega, secaromais rapidamente sob o efeito da evaporao. As partes mais profundas menos expostas ao ar exterior e sem osefeitos da exposio solar ficaro midas por um perodo maior.

Formao de razes em solo estratificado

Como nos baseamos no aspecto visual dosubstrato na superfcie para determinar oimportante momento da rega, as camadas

profundas sero mantidas constantementeencharcadas num substrato como este.

A granulometria utilizada para favorecer adrenagem e consequente aerao do substrato,no permite a formao de um efeito capilareficiente a ponto de contrapor a aogravitacional e criar um fluxo de lquidos dascamadas mais profundas em direo scamadas mais superficiais, fluxo esse que

poderia manter a homogeneidade da umidadenas diferentes camadas.

A estratificao objetiva aumentar a perda de lquidos nas camadas mais profundas, onde sua reteno estprivilegiada, e reduzir a desidratao das camadas superficiais, contrapondo os efeitos da desidratao. Socorrer desidratao das razes nas camadas profundas quando ocorrer a compactao das camadas


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superficiais que impediriam a correta penetrao dos lquidos no solo durante a rega, ou pela rega realizada deforma inadequada. Este ltimo assunto ser abordado posteriormente de forma mais profunda.

Existem tambm os aspectos relacionados ao formato das partculas. Teoricamente, partculas de formatoirregular teriam um melhor efeito na obteno de ramificao mais fina e sinuosa, pois forariam por obstruofsica uma mudana mais acentuada na direo de crescimento das razes e at mesmo sua ramificao que

refletiriam no desenvolvimento dos galhos.

Aguardem os artigos subseqentes complementares em edies futuras.

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