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1 ANGELINA CAMARGO ELIAS RIBEIRO DE ABREU JÚNIOR O BRUXISMO E SEU TRATAMENTO EM PACIENTES USUÁRIOS DE PRÓTESE CURITIBA 2012

O BRUXISMO E SEU TRATAMENTO EM PACIENTES USUÁRIOS DE PRÓTESE · pacientes que fazem uso de prótese dentária. O bruxismo é um hábito parafuncional caracterizado pelo apertar

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ANGELINA CAMARGO

ELIAS RIBEIRO DE ABREU JÚNIOR

O BRUXISMO E SEU TRATAMENTO EM PACIENTES USUÁRIOS DE

PRÓTESE

CURITIBA

2012

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ANGELINA CAMARGO

ELIAS RIBEIRO DE ABREU JÚNIOR

O BRUXISMO E SEU TRATAMENTO EM PACIENTES USUÁRIOS DE

PRÓTESE

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

Curso de Odontologia da Universidade Federal

do Paraná como requisito à obtenção do Título de

Cirurgião Dentista

Orientador: Prof.Dr. Vitório Bonacin Filho

CURITIBA

2012

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RESUMO

O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura de modo a guiar o profissional sobre o papel do cirurgião-dentista no tratamento do bruxismo, especialmente em pacientes que fazem uso de prótese dentária. O bruxismo é um hábito parafuncional caracterizado pelo apertar ou ranger de dentes. A etiologia sugerida é multifatorial, englobando fatores locais, sistêmicos, psicológicos, ocupacionais e hereditários. Tendo em vista a alta prevalência do bruxismo e as suas conseqüências, muitas vezes irreversíveis, ao sistema mastigatório, cabe ao cirurgião-dentista procurar realizar um diagnóstico precoce deste hábito parafuncional. PALAVRAS-CHAVE: bruxismo, Diagnóstico, Reabilitação Bucal, Prótese Dentária.

ABSTRACT

The goal of this work was going to do a current literature revision so as to guide the surgeon-dentist role restoring in bruxism treatment, especially in patients who have some type of dental prosthesis. The Bruxism is a parafunctional habit characterized as to press it or to creak of teeth. Your suggested etiology is multi factorial joining local factors, systemic, psychological, occupational and hereditary. Having in mind bruxism high prevalence and her many times irreversible consequences to the masticatory system, it fits to the surgeon-dentist try to accomplish a precious diagnosis of this habit parafunctional. KEY-WORDS: Bruxism, Diagnosis, Mouth Rehabilitation, Dental Prosthesis.

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INTRODUÇÃO

O bruxismo é uma atividade parafuncional do sistema mastigatório, que inclui apertar ou

ranger de dentes, em nível subconsciente, onde os mecanismos de proteção neuromuscular estão

ausentes, o que pode acarretar danos ao sistema mastigatório e desordens temporomandibulares

(OKESON,1992).

No campo cientifico, o primeiro relato no qual o termo “la bruxomanie” foi utilizado data de

1907, e os pioneiros na sua utilização foram Marie e Pietkiewicz (1907). Desde então, muitos

estudos foram realizados para tentar explicar a etiologia do bruxismo, porém até os dias atuais ela

ainda é desconhecida. No início, as teorias do desencadeamento oclusal (RAMFJORD, 1961)

propunham que as interferências oclusais estimulavam os mecanoceptores periodontais, o que

resultaria na ativação reflexa dos músculos elevadores da mandíbula. Kardachi e colaboradores

(1978) não confirmaram o conceito de que os contatos oclusais causariam os efeitos de bruxismo,

portanto a opção terapêutica do ajuste das interferências oclusais não possui embasamento científico

que a sustente (KOH, ROBINSON, 2007).

Alguns achados vêm relacionando vários fatores que podem estar ligados e atuando em

conjunto, oferecendo suporte a uma hipótese multifatorial para a gênese do bruxismo. Um fator que

parece influenciar a atividade de bruxismo é o estresse emocional (SCHIFFMAN, FRICTON, 1992;

SCHNEIDER et al. 2007). À medida que o indivíduo se depara com um evento estressante, a

atividade noturna do masseter aumenta, aumentando também a dor. Além disso, indivíduos com

quadros de depressão, estresse, ansiedade e aqueles incapazes de exprimir sentimentos, estão mais

propensos ao bruxismo (MANFREDINI, LOBBEZOO, 2009).

Lavigne e Manzini (2000) sugerem que há uma predisposição genética para o bruxismo. As

teorias que sustentam possível predisposição genética baseiam-se em questionários e análises de

gêmeos monozigóticos (HUBLIN et al., 1998). Outro fator que também parece estar envolvido é o

medicamentoso. Em pacientes em tratamento com medicamentos que atuam sobre o Sistema

Nervoso Central (SNC) o bruxismo é encontrado com mais frequência durante o sono REM

(LOBBEZOO et al., 1997).

A severidade dos danos causados aos portadores de hábitos parafuncionais têm motivado

estudos que visam desenvolver terapias mais eficazes para o tratamento e controle das mesmas.

Existe hoje, um número relativamente grande de terapias (OKESON, 2000).

O presente trabalho teve como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre o bruxismo e

seus diversos tipos de tratamento para pacientes que são usuários de prótese.

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DESENVOLVIMENTO

Incidência

O bruxismo é considerado um distúrbio de ocorrência comum, podendo ser observado em

todas as faixas etárias, com prevalência semelhante em ambos os sexos. A determinação da

prevalência do bruxismo na população geral é difícil, pois este hábito é realizado inconscientemente

por muitos indivíduos. A incidência de sinais e sintomas do bruxismo pode acontecer tanto em

adultos quanto em crianças, e somente 5 a 20% de bruxômanos tem conhecimento do ato. Sua

prevalência varia de 15 a 90% nos adultos e de 7 a 88% em crianças (OKESON, 1992; ZUANON et

al., 1999; INADA, RODRIGUES, WALTER, 2002; MONTE, SOARES, 2002).

Estudos (MANFREDINI et al., 2003; PINTO, 2011) tem demonstrado uma maior

prevalência do bruxismo em indivíduos com desordens temporomandibular (DTM), quando

comparados a pessoas sem DTM.

Diagnóstico

Durante a fase inicial dos eventos do bruxismo seu diagnóstico é mais crítico, devendo-se

então optar pelo uso de exames complementares tais como a Polissonografia e o BiteStrip®, pois

apenas o exame clínico e a anamnese apresentam sérias limitações para o diagnóstico do bruxismo

(LAVIGNE et al., 1996; SHOCHAT et al., 2007; DUTRA, 2009).

A polissonografia é um exame realizado em um laboratório do sono que avalia a atividade

eletromiográfica do masseter, além de eletroencefalografia e eletrocardiografia, bem como registros

audiovisuais para confirmação dos ruídos e movimentos bucais (WALTERS et al., 2007).

O BiteStrip® é um instrumento para análise e detecção de eletromiografia desenvolvido

recentemente como uma forma de triagem para bruxômanos. O aparelho consiste de dois eletrodos

que capturam os sinais eletromiográficos do músculo masseter, os quais são amplificados,

digitalizados e analisados pelo microprocessador presente no aparelho. O registro do número de

atividades do masseter é feito acima de um limiar pré-estabelecido (KOYANO et al., 2008).

McNiell (2000) classifica as atividades de bruxismo de acordo com o período do dia em que

ocorrem: diurno ou noturno.

Atividade diurna

É comum, durante o dia, o indivíduo manter os dentes em contato e aplicar uma grande

força. Este tipo de atividade diurna pode ser vista em pessoas que estão concentradas em alguma

tarefa ou desempenhando algum trabalho que exija muito esforço físico. Algumas estão

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intimamente relacionadas com a atividade profissional que o indivíduo desenvolve, como o

mergulhador que morde o suporte de borracha para respirar ou o músico que toca determinado

instrumento (TADDY, 1992).

O clinico deve atentar que esta atividade ocorre de maneira subconsciente. Portanto,

meramente questionar o paciente não é um modo confiável de determinar a presença destas

atividades. Em muitos casos, uma vez que o clínico conscientiza o paciente da possibilidade destas

atividades, ele passa a reconhecê-las e poderá, então, diminuí-las (MARBACH et al.,1990).

Atividade noturna

A Academia Americana de Medicina do Sono (AASM) classifica o bruxismo como um

distúrbio de movimento. Para entender melhor o bruxismo, é preciso conhecer o processo do sono.

O ciclo do sono é dividido em quatro estágios que são livres do movimento rápido do olho (não-

REM) seguido por um período de sono REM. Os estágios 1 e 2 representam o sono leve; e os

estágios 3 e 4 representam o sono profundo.Logo após o período do sono REM, a pessoa volta para

um estágio mais leve, e o ciclo se repete durante toda a noite (AASM, 2005).

Há controvérsias quanto ao estágio do sono no qual o bruxismo ocorre. Clarke, Townsend e

Carey (1983) sugerem que ele ocorre, principalmente, durante o estágio REM, enquanto Satoh e

Harada (1971) sugerem que nunca ocorre durante o sono REM. Okeson e colaboradores (1991)

relataram que os eventos de bruxismo ocorrem durante o estágio de ambos os sonos REM e não-

REM, porém a maior parte dos eventos aparentemente está associada aos estágios de sono mais leve

1 e 2 do sono não-REM.

Os eventos de bruxismo parecem estar associados à mudança do sono profundo para o sono

leve, como pode ser demonstrado dirigindo-se um foco de luz ao rosto da pessoa que está dormindo.

Tal estimulação tem demonstrado induzir o ranger de dentes (SATOH, HARADA, 1971). A mesma

reação foi observada seguindo estimulações sonoras e táteis. Portanto, este e outros estudos têm

indicado que o bruxismo pode estar associado às fases de despertar do sono (OKESON et al., 1991).

Sinais, Sintomas e Conseqüências

As manifestações clínicas mais comumente associadas ao bruxismo (BAHLIS,

RODRIGUES, FERRARI et al., 1999) são: os padrões não funcionais do desgaste dentário; as

fraturas dos dentes e restaurações; os sons oclusais audíveis de ranger não funcional; o tônus

aumentado e hipertrofia dos músculos mastigatórios; a dor de cabeça; os sintomas na ATM (dor e

desconforto na ATM; dificuldades mastigatórias; luxação; subluxação; crepitação; ruído articular

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uni e bilateral; limitação de abertura e desvio na trajetória de abertura bucal); a dor dentária; o tórus

maxilar e mandibular e as implicações periodontais e endodônticas (mobilidade, recessão gengival,

absorções ósseas.)

O esmalte dentário é a primeira estrutura que recebe a carga parafuncional do bruxismo,

sendo o desgaste anormal dos dentes o sinal mais frequente da presença deste distúrbio. O padrão

de desgaste dental do bruxismo prolongado é, frequentemente, não muito uniforme e comumente

mais severo nos dentes anteriores do que nos posteriores, na dentição natural. Em pacientes

portadores de prótese total monomaxilar pode ocorrer o inverso, pois a estabilidade da dentadura

permite pressões maiores nas regiões posteriores (BRESOLIN, 2004).

A perda de tecido dentário provocada pelo bruxismo está associada a vários problemas

dentários tais como sensibilidade dentária, redução excessiva de altura da coroa clínica, e mudanças

possíveis da relação oclusal (OKESON, 1992; ZUANON et al., 1999; YIP, CHOW, CHU, 2003). O

desgaste dental acentuado leva a diminuição da Dimensão Vertical de Oclusão (DVO).

Tratamento

As principais intervenções clínicas relacionadas ao bruxismo são dirigidas para a proteção

do dente, a redução do ranger, e o alívio da dor facial ou temporal, e a melhora da qualidade do

sono, considerando a avaliação individual de cada paciente. São empregados três tipos de

estratégias de gerenciamento: dental, farmacológico e comportamental. Tais estratégias visam

aliviar os sintomas, ou seja, constituem técnica paliativa de tratamento, uma vez que ainda não

existe uma cura para o bruxismo (BADER, LAVIGNE, 2000).

O mais importante, antes de lançar mão de ferramentas para um tratamento odontológico, é a

conscientização do paciente do próprio bruxismo. Essa conscientização da atividade parafuncional é

um pré-requisito indispensável ao início do tratamento e influencia amplamente o prognóstico. Para

isso, deve-se auxiliar o paciente a observar qual tipo de parafunção está presente (apertamento ou

ato de ranger os dentes), em qual momento (diurno ou noturno) e com qual periodicidade. Trata-se

de uma etapa muito importante que permite dar os primeiros conselhos a fim de limitar as tensões,

sobretudo se elas estiverem presentes durante a vigília. Utilizar computador, dirigir automóvel e ler

de forma atenta são alguns exemplos de situações cotidianas ao longo das quais o bruxismo se

manifesta de forma privilegiada sem que o paciente tenha consciência dele. Apenas com a

percepção desse comportamento adquirido é que se pode avançar nos caminhos terapêuticos mais

adequados para tratar o paciente. Para isso, é frequentemente necessária a colaboração de outros

especialistas da área da saúde (MCNIELL, 2000).

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Sobre o plano comportamental, apesar de nenhum estudo controlado avaliar sua eficácia,

algumas estratégias de comportamento e de gerência são sugeridas frequentemente aos pacientes:

- Higiene do sono: são instruções para corrigir hábitos pessoais e fatores ambientais que

interferem na qualidade do sono (MORIN et al.,1999).

- Tratamento comportamental da ansiedade: o estresse deve ser considerado um fator

permissivo associado ao bruxismo. Manejo do estresse e mudanças no estilo de vida tem sido

sugeridos se o portador de bruxismo apresenta sintomas de ansiedade (THOMPSON et al., 1994).

- Relaxamento: incluem manobras específicas para o relaxamento da musculatura

mandibular, como, relaxar suas mandíbulas, enquanto os lábios estão fechados e os dentes

separados, várias vezes ao dia ou em que o paciente cerra voluntariamente os dentes por cinco

segundos e então relaxa a mandíbula por cinco segundos, repetindo esse exercício em cinco séries,

seis vezes ao dia, por duas semanas. Deitar em decúbito lateral pode produzir resultados positivos

com a mandíbula e o pescoço em repouso (THOMPSON et al., 1994; KATO et al., 2000).

- Biofeedback: é uma técnica de relaxamento auxiliada pela monitorização de determinadas

variáveis fisiológicas, como a temperatura cutânea, a frequência cardíaca e a pressão arterial. O

paciente recebe um treinamento especializado como objetivo de aprender a relaxar a partir da

observação e controlando essas funções fisiológicas monitorizadas com o equipamento (KATO et

al., 2000).

- Hipnoterapia: é uma técnica de relaxamento. A pessoa relaxa os músculos da mandíbula e

associa o estado de relaxamento muscular com imagens. Em estudo realizado com oito indivíduos

portadores de bruxismo, a hipnoterapia produziu melhoras objetivas e subjetivas de até 36 meses de

seguimento (CLARKE, REYNOLDS, 1999).

Sobre o plano farmacológico, formas interessantes vêm sendo desenvolvidas para a

prescrição de alguns medicamentos que se apóiam sobre as hipóteses etiológicas recentes.

O sistema dopaminérgico está envolvido nos problemas motores durante o sono. Os efeitos

de um agonista da dopamina parecem ocasionar uma diminuição dos episódios de bruxismo durante

o sono (LOBBEZOO et al., 1997).

Os benzodiazepínicos podem também ser prescritos para curta duração, nas fases de

agudização do bruxismo, por possuírem importante efeito na melhora da qualidade do sono

(LAVIGNE, MANZINI, 2000).

Segundo Andrade (1999), no tratamento medicamentoso coadjuvante da dor mio facial, a

dipirona, associada ou não a miorrelaxantes, é a droga de escolha. As doses variam de 500 a 800mg

(dose teto), a cada 4 a 6 horas, durante dois dias, quando o paciente deve ser reavaliado. O

miorrelaxante seria tizanidina – 1 comprimido a cada 8 horas, por dois dias. Em casos severos,

pode-se indicar a dipirona injetável (800mg/2ml) – 1 ampola a cada 12 horas, via intramuscular.

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A perspectiva da prescrição medicamentosa é encorajadora, mas devemos ter em mente os

efeitos colaterais dessas substâncias. Para avaliar sua real eficácia à longo prazo, são necessários

estudos e, até o momento, não temos à nossa disposição “substâncias miraculosas”.

Muito tem se falado sobre a utilização da toxina botulínica para o tratamento do bruxismo.

Ela é uma neurotoxina que bloqueia a condução nervosa. Quando injetada por via intramuscular,

provoca diminuição do potencial de contração muscular, limitando a ação da acetilcolina. Se, para

alguns clínicos os resultados parecem encorajadores, há poucos estudos demonstrando sua eficácia

a longo prazo e sua inocuidade (GUARDA-NARDINI et al., 2008).

O Laser também é utilizado para fins terapêuticos em pacientes que apresentam bruxismo;

além de ser antiinflamatório, ele é analgésico, regenerativo e cicatrizante. Sua aplicação é realizada

por pontos, utilizando em média 4 pontos por área, a intensidade varia com o efeito desejado

(BRUGNERA, PINHEIRO, 1998).

A utilização da Neuroestimulação Elétrica Transcutânea (T.E.N.S.) tem sido empregada no

tratamento do bruxismo. Kamyszek et al. (2001), utilizando-se da eletromiografia para avaliar

pacientes com hiperatividade dos músculos da mastigação, chegaram a resultados que comprovaram

a eficiência do TENS na redução da atividade desses músculos.

Nunes (2006) em uma pesquisa buscou avaliar a eficácia da quiropraxia em pacientes

bruxômanos. Onze pacientes foram submetidos a medidas pré e pós tratamento com a técnica sacro-

occipital (SOT). A análise demonstrou que o tratamento quiroprático com a técnica SOT foi eficaz

na melhora dos sintomas relacionados com o bruxismo.

A acupuntura também tem sido utilizada com sucesso no tratamento do bruxismo, pois é

capaz de reduzir a atividade dos músculos masséter e temporal anterior, até cinco dias após a

aplicação e auxiliar na redução da ansiedade (DALLANORA et al., 2004). Zotelli et al. (2010)

relatam um caso no qual a paciente com diagnóstico clínico de DTM e bruxismo foi submetida ao

tratamento por acupuntura, sendo observado a redução dos sintomas e melhora na qualidade do

sono.

É necessário ao cirurgião dentista, sobre o plano dental, atentar para que as abordagens não

invasivas e reversíveis sejam sempre privilegiadas e precedam em todos os casos as intervenções

dentárias irreversíveis.

O tratamento do bruxismo mais comum é a instalação de um dispositivo interoclusal tal

como uma placa. A utilização de placas interoclusais diminui a sintomatologia mesmo que não

tenha interrompido o bruxismo, pois podem atuar na ATM induzindo o côndilo a se posicionar

corretamente na fossa condilar. A simples distribuição das forças mastigatórias é responsável pelo

alívio dos sintomas (MCNIELL, 2000).

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A placa miorrelaxante total é uma técnica conservadora não invasiva e reversível. Este

dispositivo oclusal deve ser rígido e plano, ajustado em relação cêntrica, apresentando as

características de uma oclusão mecanicamente normal. Os ajustes finais e refinamento oclusal

deverão ser realizados após a prova do dispositivo em boca. O tempo de uso varia de acordo com a

complexidade do caso, recomenda-se uso noturno por 45 dias com manutenções semanais. Após

este período indica-se uso descontinuado, com revisões semestrais, para avaliação dos sinais e

sintomas (BAHLIS, RODRIGUES, FERRARI, 1999; ZUANON et al., 1999).

Os cuidados a serem observados na confecção das placas são (MONTENEGRO et al., 1984):

1. Devem ser finas para não alterar a Dimensão Vertical de Repouso e o Espaço Livre Funcional;

2. Devem ser montadas em Relação Cêntrica (idealmente);

3. Devem ser lisas (para permitir deslizamento dos dentes oponentes e conforto ao paciente).

4. Devem ser removidos os contatos prematuros mais grosseiros antes de instalá-las.

Para o bruxismo com atividade diurna realizam-se técnicas que visam autocontrole e

monitoramento do hábito por parte do paciente, assim como a utilização da placa. Em casos graves

pode-se indicar a placa por 24 horas. Reabilitar um paciente com bruxismo associado à perda de

tecido dentário, para um padrão aceitável de saúde oral é clinicamente exigente, requer diagnóstico

cuidadoso e um bom planejamento. O uso contínuo da placa é necessário para proteção das

restaurações e manutenção da saúde oral. O primeiro passo, em casos de desgaste acentuado na

região anterior, consiste na determinação ou restabelecimento da dimensão vertical oclusal (DVO)

(BAHLIS, RODRIGUES, FERRARI, 1999; YIP, CHOW, CHU, 2003).

Para Moraes et al. (2004), independente da etiologia do bruxismo, a terapia oclusal pode

sempre ser indicada, pois promove conforto funcional, que previne maiores danos aos componentes

do sistema mastigatório, evidenciando-se efeitos terapêuticos múltiplos sobre diversos componentes

do aparelho mastigador. A oclusão mutuamente protegida (contatos bilaterais efetivos somente nos

dentes posteriores; direcionamento axial da carga oclusal; guia incisal capaz de promover

desoclusão posterior; guia canino satisfatório) é um referencial básico a ser seguido.

A partir do diagnóstico, é importante restaurar as facetas de desgaste e proteger o sistema

com uma placa de mordida. A escolha do material restaurador indicado depende das características

do trabalho. Em cavidades pequenas podem-se utilizar materiais restauradores convencionais, mas

em uma reabilitação por prótese, a superfície oclusal em cerâmica pode não ser o material de

eleição, pois é dura, friável, além de ser mais resistente que o esmalte dentário, o que acarretaria

desgaste excessivo quando em oclusão com dentes naturais. O material de escolha nesses casos

deve ser o ouro, por sua maleabilidade e capacidade de absorver forças (SILVA, 2002).

A redução de estresse psicológico, assim como a terapia oclusal tem sido sugerida como

forma de tratamento. O ajuste oclusal para eliminação das interferências oclusais tem sido indicado

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para amenizar os possíveis danos irreversíveis (fratura) gerados pelo apertar ou ranger dos dentes, e

não para o tratamento propriamente dito (BAHLIS, RODRIGUES, FERRARI, 1999).

Em casos nos quais os pacientes fazem uso de próteses totais mucosuportadas foi

preconizado placas conjugadas (TAMAKI et al., 1990). Mazzeto et al. (1990) indicaram a aplicação

de resina acrílica sobre os dentes das dentaduras antigas, como métodos para a redução da

sintomatologia dolorosa e o aumento da dimensão vertical. A substituição das próteses deve ser

feita posteriormente ao restabelecimento da dimensão vertical de oclusão gradual pela aplicação de

resina nos dentes inferiores ou com as placas interoclusais e recondicionamento dos tecidos de

apoio para estabilização das próteses (PAVÃO, 2003).

Tipos de aparelhos oclusais

Existem vários tipos de aparelhos oclusais tais como: o aparelho pivotante, o plano de

mordida posterior, o plano de mordida anterior, o aparelho de acrílico resiliente; porém os dois mais

comumente utilizados são: o aparelho de relação central e o reposicionador anterior. Quando

utilizado para diminuir a hiperatividade muscular, o aparelho de relação central também é chamado

de placa mio relaxante plana. O aparelho reposicionador anterior é algumas vezes chamado de

aparelho ortopédico de reposicionamento uma vez que seu objetivo é modificar a posição da

mandíbula (STOHLER, 2000).

Aparelho de relaxamento muscular

O aparelho de relaxamento oclusal é geralmente fabricado para o maxilar superior e propicia

um relacionamento oclusal considerado ótimo. Quando o aparelho está em posição na boca, os

côndilos estarão na sua posição músculo-esqueletal estável ao mesmo tempo em que os dentes estão

em contatos bilaterais uniformes e simultâneos. Uma desoclusão pelo canino dos dentes posteriores

durante os movimentos excêntricos também estará presente na placa (MCNIELL, 2000).

Ainda, segundo MCNIELL (2000), o objetivo do tratamento com um aparelho de

relaxamento muscular é eliminar a maloclusão que contribui para a desordem no paciente. Em

muitos casos a redução do fator oclusal irá reduzir o efeito geral da maloclusão e do estresse

emocional para abaixo da tolerância fisiológica do paciente, e assim reduzindo a atividade

parafuncional e os sintomas.

Indicações

O aparelho de relaxamento muscular (RC) é usado geralmente para tratar hiperatividade

muscular. Alguns estudos têm demonstrado que o uso do aparelho diminui a atividade

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parafuncional que frequentemente acompanha períodos de estresse. Assim, quando o paciente relata

uma desordem temporo-mandibular com um fator etiológico relacionado com hiperatividade

muscular, o aparelho de relaxamento muscular ou placa mio-relaxante plana deve ser considerado.

Além disso, se a pessoa for um “apertador”, os sintomas sugeridos de uma injúria num lado da face

ou associado com uma desordem inflamatória na articulação pode frequentemente ter seus sintomas

reduzidos pelo uso da placa (MCNIELL, 2000).

A terapia por aparelhos oclusais aponta uma redução de 70% a 90% dos sintomas em muitas

desordens temporo-mandibulares, porém o mecanismo exato pelo qual elas atuam não estão

totalmente elucidados. A maioria das conclusões são de que elas diminuem a atividade muscular

(particularmente atividade parafuncional) e então, quando a atividade muscular é diminuída, as

dores miogênicas diminuem (OKESON, 2000).

Antes que qualquer terapia definitiva seja iniciada, o profissional precisa estar consciente de que

há algumas características comuns a todos os aparelhos que podem ser responsáveis pela

diminuição da atividade muscular e dos sintomas (MCNIELL, 2000):

1. Alteração da condição oclusal. Uma mudança temporária na condição oclusal existente,

especialmente quando direcionada para uma condição mais estável, geralmente diminui a

atividade muscular e elimina os sintomas.

2. Alteração da posição condilar. A maioria dos aparelhos alteram a posição condilar para uma

posição músculo-esqueletal mais estável.

3. Aumento na DVO. Todos os aparelhos interoclusais aumentam a dimensão vertical de

oclusão do paciente. Tem sido demonstrado que o aumento na dimensão vertical pode

diminuir a atividade muscular e sintomas.

4. Efeito placebo. Estudos sugerem que aproximadamente 40% dos pacientes que apresentam

algum tipo de desordem temporo-madibular respondem favoravelmente a tal tratamento.

Um efeito placebo positivo depende da maneira competente e firme que o profissional

aborda o paciente e inicia a terapia.

5. Aumento dos impulsos periféricos ao SNC. A hiperatividade muscular noturna parece ter

sua origem a nível do sistema nervoso central. Qualquer mudança a nível de impulso

periférico parece ter um efeito inibitório na atividade do SNC. Quando um aparelho oclusal

é colocado entre os dentes, ele promove uma mudança nos impulsos e assim diminui o

bruxismo induzido pelo SNC.

O aparelho de relaxamento muscular de acrílico de cobertura total pode ser usado em

qualquer arco, mas o maxilar oferece algumas vantagens. A placa no maxilar superior é usualmente

mais estável e cobre mais tecidos, o que a torna mais retentiva e menos sujeita a quebrar. A

indicação da placa mandibular geralmente está associada ao fator estético (STOHLER, 2000).

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Lavigne et al. (1994) falam de tratamentos paliativos, o que deixa transparecer os limites. O

cirurgião-dentista utiliza essencialmente a placa oclusal para o tratamento do bruxismo, mesmo

sabendo que a sua ação pode conter apenas as suas consequências. Deve-se estar ciente de que em

função de alguns episódios emocionais, sociais, comportamentais ou outros, mesmo para o

bruxismo que parece regredir, podem acontecer episódios de recorrência. Dessa forma, será

necessário na maioria das vezes associarmos à utilização da placa o tratamento

psicocomportamental, especializado ou não, para potencializar os efeitos do tratamento.

Bruxismo e Implante

Alguns autores (TOSUN et al., 2003; MISCH, 2002) consideram o bruxismo um fator de

risco e não uma contra-indicação para implantes, ressaltando, no entanto, que sua presença deve

alterar dramaticamente o plano de tratamento. Contraditoriamente, outros autores consideram-no

uma contra-indicação, principalmente se a causa da perda do dente onde será colocado os implantes

fora devido à parafunção (GITTELSON, 2005; MCCOY, 2002).

A perda óssea progressiva ao redor de implantes osseointegrados é um dos fatores mais

discutidos com relação às falhas de tratamento reabilitador. Uma das hipóteses debatidas para esta

perda é aquela provocada por aumento de tensões funcionais e/ou parafuncionais sobre as próteses

sobre implantes. O hábito parafuncional mais relacionado às falhas em tratamento com implantes

osseointegrados é o bruxismo (TOSUN et al., 2003).

Rangert e colaboradores (1995) analisaram 39 pacientes com fraturas de implantes dentais

com relação à sua provável etiologia. 77% das próteses fraturadas eram suportadas por 1 ou 2

implantes dentários, que haviam sido expostos a uma combinação de cantilever e hábito

parafuncional. Os autores relatam que o bruxismo pode contribuir para a reabsorção óssea ao redor

dos implantes uma vez que a magnitude das forças oclusais é intensificada com o hábito

parafuncional, pois altos níveis de sobrecarga oclusal gerada no local no implante levam à

reabsorção óssea à nível da crista.

O padrão de concentração de tensões nos sistemas de implantes dentários sob função é

classicamente na forma de V ou U na porção do terço apical do corpo do implante. Esta previsão

teórica do padrão de concentração de tensões harmoniza-se exatamente com a craterização

estereotípica da crista, observada clinicamente; de maneira mais clara, o padrão de concentração de

tensões não pode desenvolver-se até que o implante esteja recebendo cargas mecânicas. Esta tensão

pode ser diminuída pela redução da magnitude da força sobre o implante com uma prótese de

recobrimento, ao invés de uma prótese fixa. Deste modo a prótese pode ser removida a noite para

reduzir a força e os efeitos de uma parafunção habitual. Além disto, podem ser utilizados conectores

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para o alivio da tensão, bem como suporte adicional através da extensão da peça protética para os

tecidos (BIDEZ, MISCH, 1993).

Implantes unitários

A mobilidade de um dente natural pode ser aumentada pelo traumatismo oclusal, porém,

após a eliminação do traumatismo oclusal, o dente pode retornar a sua condição original com

relação ao movimento; entretanto, o mesmo não acontece com um implante, que após sofrer um

traumatismo oclusal e apresentar um grau de mobilidade, raramente retornará a sua condição de

rigidez original. Estas diferenças na mobilidade ditam que o implante seja “protegido” das forças de

grande magnitude (MCNIELL, 2000).

A largura da maioria dos dentes naturais é maior do que a largura do implante utilizado para

substituir o dente. Quanto maior a largura de uma estrutura transóssea, menor a magnitude das

tensões transmitidas ao osso circundante (BIDEZ, MISCH, 1992). O módulo de elasticidade ou a

rigidez de um dente é mais semelhante à do osso do que qualquer um dos biomateriais atualmente

disponíveis para implantes dentários. Quanto maior a diferença de flexibilidade entre dois materiais,

maior o movimento relativo gerado entre as duas superfícies na região transóssea. Portanto, se uma

carga inicial de magnitude e direções iguais for aplicada sobre um implante e um dente natural, o

implante receberá a maior proporção da carga. Novamente, o implante deve ser protegido.

Uma restauração implantossuportada circundada por dentes que têm um movimento relativo

maior deve receber equilíbrio oclusal diferente do que os dentes naturais circundantes (MISCH,

1993). O contato oclusal em oclusão cêntrica sobre as próteses do implante, quando os dentes

naturais são adjacentes, requer mecânica inicial reduzida sobre os implantes. As coroas sobre os

implantes são aliviadas, colocando-se as cargas maiores sobre os dentes naturais adjacentes. Os

movimentos excursivos são avaliados após a oclusão cêntrica ter sido corrigida.

A comparação entre a região anterior e a posterior, nas mensurações das forças oclusais e

nos estudos eletromiográficos, promove evidências de que o sistema estomatognático suscita menos

forças quando os segmentos posteriores não estão hígidos. Como resultado disso, todas as excursões

da oclusão para a proteção de implantes, em oposição às próteses fixas ou a dentes naturais, deve

desocluir os componentes posteriores. As forças laterais resultantes são assim distribuídas somente

para os segmentos anteriores dos maxilares, com redução resultante na magnitude total da força

oclusal devido à redução no estimulo e recrutamento dos músculos (MISCH, BIDEZ, 1994).

Um equilíbrio oclusal semelhante é utilizado quando implantes e dentes anteriores

desocluem os dentes posteriores durante as excursões mandibulares. Os dentes anteriores possuem

movimentos apicais e laterais maiores em comparação aos implantes e as diferenças dos

movimentos laterais são maiores, fazendo com que o ajuste oclusal nesta direção seja mais

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fundamental para a sobrevida dos implantes. Deve-se assegurar que não ocorram quaisquer contatos

da coroa do implante durante os movimentos de lateralidade iniciais dos dentes. Uma força maior

durante as excursões é equilibrada para promover contatos oclusais semelhantes, tanto nos

implantes quanto nos dentes anteriores naturais (MISCH, 1993; MISCH, BIDEZ, 1994).

Sobredentaduras (Overdentures)

A parafunção é um dos principais fatores que deve ser levado em conta durante o

planejamento de uma dentadura completa implantossuportada; para pacientes portadores de

bruxismo deve-se recomendar a utilização de implantes com encaixes, que proporcionem a remoção

da prótese durante a noite, para evitar possíveis danos à mesma (FERNANDES et al., 1999).

A utilização de encaixes neste tipo de prótese oferece orientação, retenção, estabilidade e

comodidade para o paciente. Podem-se fazer overdentures retidas sobre sistemas bola (o’ring) ou

barra (barraclipe). O sistema bola é do tipo presilha, possui duas pontas que se encaixam uma na

outra. Funciona como uma espécie de amortecedor. No de barra, há a união de dois, três ou mais

implantes. Um “clip” – que pode ser de metal ou de plástico – é encaixado na prótese,

possibilitando movimentos verticais e de rotação (SANCHEZ, MORELLY, 2003).

O ideal para a overdenture são dois implantes, de preferência na região de caninos ou

primeiros pré-molares; dessa forma a distribuição de forças será mais uniforme (TURANO, 2000).

Carvalho e Carvalho (1996) comparando as overdentures com sistema de encaixe com as

próteses fixas afirmam que suas vantagens são: o planejamento menos complexo, a higiene menos

dificultosa, menor trauma cirúrgico em decorrência do menor número de implantes e

economicamente ser menos dispendiosa.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora ainda desconhecido o tratamento para eliminar permanentemente o bruxismo, o

cirurgião-dentista deve realizar um correto diagnóstico e optar então por uma terapia de controle

conservadora, reversível e não invasiva, controlando e revisando o paciente periodicamente.

São necessários novos estudos, com amostras maiores e com métodos específicos, para que

se comprove a real eficácia de alguns tratamentos. Em geral, os tratamentos disponíveis para o

bruxismo em pacientes portadores de prótese são muito semelhante aqueles em pessoas sem

próteses.

Em casos de parafunção severa, faz-se necessária a intervenção de profissionais

especializados, a fim de se instituir a terapia mais adequada para cada situação, visando sempre o

restabelecimento funcional e estético do sistema estomatognático do paciente.

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