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PB Episódio #040 Nível II – Intermédio (B1-B2) Texto: Jorge Reis Voz: Marta Costa Didatização: Telma Rodrigues www.portcast.net O CAIPIRA O ano era 1918 e o Brasil estava assolado pela gripe espanhola. Juciara, a mãe de Gustavinho e cozinheira da Fazenda Piracicaba, estava doente. Tinha muita febre e já não falava mais coisa com coisa. Seu Antônio, o gordo e alcoólatra senhor da fazenda, não queria perder aquela excelente cozinheira e chamou o Dr. Clementino para curar Juciara: - Gustavinho, vai correndo chamar o doutor. Fala para ele que tua mãe está desfalecendo e eu não posso ficar sem uma cozinheira. O menino obedeceu, como de costume. Colocou o único sapato que tinha pois sabia que iria correr meio dia na estradinha de barro batido até chegar à casa do simpático Dr. Clementino. Levou uma sacola com pão seco e água para sobreviver à viagem, que era demasiadamente longa para as suas perninhas curtas. Juciara já não conseguia falar mais e o cheiro da morte já preenchia o quarto escuro quando Gustavinho e o Dr. Clementino apareceram no horizonte na carroça velha puxada por aquele burrinho cansado. O sol já estava se pondo quando entraram no casebre ao lado da luxuosa casa branca da fazenda de cana-de-açúcar. Gustavinho se sentou na poltrona rasgada daquele quarto fétido e observava tudo à sua volta. Também queria ser doutor. Não sabia ao certo o porquê, só sabia que ele gostava da maleta do médico. Viu quando o Dr. Clementino examinava sua mãe e observou quando uma garrafa com um líquido opaco foi tirada da maleta. O médico disse: - É gripe espanhola. Ou ela toma isso aqui ou vai morrer. Era a primeira vez que Gustavinho ouvia a palavra morte de tão perto. - Esse é um remédio feito à base de limão, alho, mel e cachaça. Ela tem que tomar três vezes ao dia.

O CAIPIRA - portcast.net fileposso ficar sem uma cozinheira. ... Por não gostar, Seu Antônio pediu para tirar o alho da receita. E assim, ... estava doente

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PB Episódio #040

Nível II – Intermédio (B1-B2)

Texto: Jorge Reis

Voz: Marta Costa

Didatização: Telma Rodrigues

www.portcast.net

O CAIPIRA

O ano era 1918 e o Brasil estava assolado pela gripe espanhola. Juciara, a mãe de Gustavinho e

cozinheira da Fazenda Piracicaba, estava doente. Tinha muita febre e já não falava mais coisa com

coisa. Seu Antônio, o gordo e alcoólatra senhor da fazenda, não queria perder

aquela excelente cozinheira e chamou o Dr. Clementino para curar Juciara:

- Gustavinho, vai correndo chamar o doutor. Fala para ele que tua mãe está desfalecendo e eu não

posso ficar sem uma cozinheira.

O menino obedeceu, como de costume. Colocou o único sapato que tinha pois sabia que iria correr

meio dia na estradinha de barro batido até chegar à casa do simpático Dr. Clementino. Levou uma

sacola com pão seco e água para sobreviver à viagem, que era demasiadamente longa para as suas

perninhas curtas.

Juciara já não conseguia falar mais e o cheiro da morte já preenchia o quarto escuro quando

Gustavinho e o Dr. Clementino apareceram no horizonte na carroça velha puxada por aquele

burrinho cansado. O sol já estava se pondo quando entraram no casebre ao lado da luxuosa casa

branca da fazenda de cana-de-açúcar. Gustavinho se sentou na poltrona rasgada daquele quarto

fétido e observava tudo à sua volta. Também queria ser doutor. Não sabia ao certo o porquê, só

sabia que ele gostava da maleta do médico. Viu quando o Dr. Clementino examinava sua mãe e

observou quando uma garrafa com um líquido opaco foi tirada da maleta. O médico disse:

- É gripe espanhola. Ou ela toma isso aqui ou vai morrer.

Era a primeira vez que Gustavinho ouvia a palavra morte de tão perto.

- Esse é um remédio feito à base de limão, alho, mel e cachaça. Ela tem que tomar três vezes ao dia.

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Falou, deu um tapinha amistoso no ombro de Gustavinho e saiu do quarto. Receberia o dinheiro

pelos seus serviços depois. Subiu na carroça velha e desapareceu na estradinha escura juntamente

com o coitado do burrinho.

Gustavinho ficou então responsável por dar o remédio a sua mãe. Deixou de brincar, deixou de

ajudar na fazenda com as devidas autorizações do Seu Antônio e só ficava naquele quarto que já não

cheirava mais a morte.

Depois de três dias a sua mãe melhorou. Já sorria. Durante esse tempo, ele fez mais cinco garrafas

daquela bebida doce que salvou a sua mãe querida.

Seu Antônio quis provar aquela bebida também. Queria se proteger da gripe espanhola. Gustavinho

então ficou responsável por fazer mais e mais daquela bebida. Na falta de mel, adicionou açúcar,

coisa abundante naquela fazenda. Por não gostar, Seu Antônio pediu para tirar o alho da receita. E

assim, todos os dias, Seu Antônio bebia e oferecia aquela doce bebida às ilustres visitas. Todos

gostavam e ficavam felizes como um mico solto.

Gustavinho cresceu e se tornou especialista naquela bebida. Acrescentou gelo para refrescar os dias

quentes. Por Gustavinho ser do interior do Brasil, um caipira, Seu Antônio batizou aquela bebida

doce e azeda como Caipirinha. E assim nasceu a bebida mais famosa do Brasil.

Assim contam lá no interior.

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GLOSSÁRIO

O significado destas palavras neste texto.

Assolado – destruído

Não falar coisa com coisa – falar coisa sem sentido

Alcoólatra – indivíduo com dependência alcoólica

Desfalecer – perder forças, ficar muito fraco

Barro, o – argila, terra

Carroça, a – carro para transportar carga

Casebre, o – casa pobre e pequena, em mau estado

Fétido – que liberta mau cheiro

Opaco – que não deixa passar luz

Cachaça, a – aguardente da cana-de-açúcar

Tapinha, o – pancada suave

Mico, o – pequeno macaco

Caipira – que é do campo

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EXERCÍCIOS

I. Ouça o texto e preencha os espaços em branco com as palavras/expressões que faltam neste

excerto.

O ano era 1918 e o Brasil estava a) _____________ pela gripe espanhola. Juciara, a mãe de

Gustavinho e cozinheira da Fazenda Piracicaba, estava doente. Tinha muita febre e já não falava mais

coisa com coisa. Seu Antônio, o gordo e b) ______________ senhor da fazenda, não queria perder

aquela excelente cozinheira e chamou o Dr. Clementino para curar Juciara:

- Gustavinho, vai correndo chamar o doutor. Fala para ele que tua mãe está c) ________________ e

eu não posso ficar sem uma cozinheira.

O menino obedeceu, como de costume. Colocou o único sapato que tinha pois sabia que iria correr

meio dia na d) ___________________ de barro batido até chegar à casa do simpático Dr.

Clementino. Levou uma sacola com pão seco e água para sobreviver à viagem, que era

demasiadamente longa para as suas perninhas curtas.

Juciara já não conseguia falar mais e o cheiro da morte já preenchia o quarto escuro quando

Gustavinho e o Dr. Clementino apareceram no horizonte na carroça velha puxada por aquele

burrinho cansado. O sol já estava se pondo quando entraram no e) ______________ ao lado da

luxuosa casa branca da fazenda de cana-de-açúcar. Gustavinho se sentou na poltrona rasgada

daquele quarto f) ________________ e observava tudo à sua volta. Também queria ser doutor. Não

sabia ao certo o porquê, só sabia que ele gostava da maleta do médico. Viu quando o Dr. Clementino

examinava sua mãe e observou quando uma garrafa com um g) ______________________ foi tirada

da maleta. O médico disse:

- É gripe espanhola. Ou ela toma isso aqui ou vai morrer.

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II. Escolha a resposta correta, de acordo com a informação do texto.

a. A criança foi chamar o doutor para:

1) ajudar Seu António com o problema alcoólico.

2) cuidar da população contaminada com a gripe espanhola.

3) curar a mãe de Gustavinho.

4) recomendar uma nova cozinheira.

b. Juciara, a mãe de Gustavinho, estava:

1) chateada.

2) adormecida.

3) cansada.

4) debilitada.

c. Para se alimentar durante a viagem, Gustavinho levou:

1) um batido.

2) pão e água.

3) pão seco e água.

4) o único sapato que tinha.

d. Gustavinho e o Dr. Clementino chegaram:

1) no horizonte.

2) numa antiga carroça.

3) num velho burrinho.

4) num luxuoso carro branco.

e. Gustavinho ficou responsável por:

1) curar a mãe.

2) cozinhar as refeições.

3) tratar da fazenda.

4) proteger a população da gripe espanhola.

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f. Quando o menino cresceu:

1) ele curou todo mundo.

2) ele se tornou médico.

3) ele se especializou na bebida mais famosa do Brasil.

4) ele se formou em enologia.

III. Utilize os verbos no Pretérito Imperfeito do Subjuntivo, para descrever algo que parece

corresponder à realidade, mas na verdade não corresponde.

Exemplo

Se tu fosses (ir), podias provar a verdadeira Caipirinha.

a) Se Gustavinho _________________ (saber) a receita do remédio milagroso, não tinha

precisado do Dr Clementino.

b) Seu Antônio queria tomar aquela bebida, pois se _________________ (ficar) doente já

estaria protegido.

c) Se a mãe de Gustavinho não _________________ (adoecer), provavelmente hoje não

existiria a Caipirinha.

d) Todos ficaram surpreendidos, como se não _________________ (esperar) aquilo!

e) Naquele tempo, se os médicos não _________________ (ir) a casa dos pacientes, eles

podiam falecer.

f) Se aquela bebida não _________________ (tornar-se) famosa, hoje ninguém a conhecia.

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IV. Encontre o intruso, tal como no exemplo.

Exemplo

Intruso: Eles comerão picanha lá.

a) Intruso: ________________

___________________________

b) Intruso: ___________________________

____________________________________

Ontem fomos ao festival.

Eu bebi caipirinha.

Eles viajaram para o Rio.

Eles comerão picanha lá.

Se eu fosse ao Brasil, iria no Carnaval.

Eles se chamam Luís e Miguel, são irmãos.

Seria tão bom se nós viajássemos mais.

Se eu mandasse, o país

estaria melhor.

Nos meus sonhos, eu imaginava

minha mãe com saúde.

A família sofreu muito.

Eles viveram tempos muito difíceis.

Ela adoeceu durante a noite.

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c) Intruso: ___________________

____________________________

d) Intruso: ___________________________________

e) Intruso: ___________________

_________________________________

Quando eu puder, vou visitar você.

Quando eu crescer, vou ser médico!

Quanto mais viajares, melhor!

Quando visitarmos o Brasil,

também vamos à Argentina!

Eu estudarei português no próximo ano.

Também vou fazer dieta!

Leremos mais livros!

No final do ano, todos

viajarão para as Filipinas!

Não vá para a praia nas

horas de maior calor.

Não ande sozinho.

Não viajem sozinhos.

Não quer mais caipirinha?

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f) Intruso: _________________________________

V. Encontre os erros nas seguintes alínea e reescreva de forma correta, de acordo com o exemplo.

Exemplo

A mãe do joven estavam muito doentes. (3)

A mãe do jovem estava muito doente.

a. Eles vivia em um velha casarão. (2)

_____________________________________________________________________________

b. De certo modu, a caipirinhas é uma bebida expecial. (3)

_____________________________________________________________________________

c. Viagar é o melhor forma de coñecer novos paízes. (4)

_____________________________________________________________________________

A professora queria que

eu estudasse mais.

Eu quero que sejas

feliz!

Os meus filhos querem

que eu faça uma piza.

Desejo que viajem muito!

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d. No Portugal, também se fala portugês. (2)

_____________________________________________________________________________

e. O Brazil está para as caipirinhas como a Alemanha para as cerveijas. (2)

_____________________________________________________________________________

f. Se eu podesse, também estudava fransês. (2)

_____________________________________________________________________________

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SOLUÇÕES

I.

a. assolado

b. alcoólatra

c. desfalecendo

d. estradinha

e. casebre

f. fétido

g. líquido opaco

II.

a. 3

b. 4

c. 3

d. 2

e. 1

f. 3

III.

a. Soubesse

b. Ficasse

c. Adoecesse

d. Esperassem

e. Fossem

f. Se tornasse

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IV.

a. Eles se chamam Luís e Miguel, são irmãos.

b. Nos meus sonhos, eu imaginava minha mãe com saúde.

c. Quanto mais viajares, melhor!

d. Também vou fazer dieta!

e. Não quer mais caipirinha?

f. A professora queria que eu estudasse mais.

V.

a. Eles viviam em um velho casarão.

b. De certo modo, a caipirinha é uma bebida especial.

c. Viajar é a melhor forma de conhecer novos países.

d. Em Portugal, também se fala português.

e. O Brasil está para as caipirinhas como a Alemanha para as cervejas.

f. Se eu pudesse, também estudava francês.