O Capitão Fracasso 27

1 O Captião Fracasso | Capítulo 27

O Capitão Fracasso

Novela deEvana Ribeiro

Livremente baseada emLe Capitaine Fracasse, The Fortunes and Misfortunes of the Famous Moll Flanders

e Arlequim, il servitore di due patroni

Capítulo 27


CENA 01. SOLAR WHITFORD. SALA. INT. DIA

ISABELLE ESTÁ PARADA JUNTO À PORTA ABERTA, OLHANDO PARA A

ESTRADA. NÃO PARECE MUITO FELIZ. ARTHUR SE APROXIMA DELA,

CARINHOSO, E A ABRAÇA.

ARTHUR - O que tinha naquela carta?

ISABELLE - Mandou as condolências e só.

ARTHUR - Você não ficaria chateada só por uma mensagem de

condolências. [T] Ele está apaixonado por você, não é?

ISABELLE - Ele só quer se divertir. E mesmo que tivesse intenções

sérias, você já sabe que eu não me importo nem um pouco. Enfim, vamos

esquecer isso!

ELA SE SOLTA DO ABRAÇO DE ARTHUR E SE APROXIMA DE SIMONE, QUE

ESTÁ COM CARA DE BOBA, OLHANDO PARA O ANEL E ACARICIANDO SUA

MÃO.

ISABELLE - E você, mocinha? [T] Simone?

SIMONE - Sim?

ISABELLE - Seu namorado não vai gostar muito disso.

SIMONE - Disso o quê?

ISABELLE - Da sua carinha de boba apaixonada.

SIMONE - Boba apaixonada, eu?

ISABELLE - E não adianta disfarçar não!

SIMONE NÃO RESPONDE, CONTINUA OLHANDO PARA O ANEL, ENTERNECIDA.

SIMONE - Mas ele não é lindo?

ISABELLE - O anel é lindo mesmo.

SIMONE - [suspira] É! Nunca mais vou tirá-lo do meu dedo.


ISABELLE FICA OLHANDO PARA SIMONE MAIS UM TEMPO, ESTA NÃO TIRA OS

OLHOS DA JOIA. ISABELLE SE AFASTA, PENSATIVA. PASSA POR ARTHUR E O

PUXA DE LEVE PELA MANGA DA CAMISA. ELE VAI SEGUINDO.

ISABELLE - Anota isso. Esse namorico da Simone com Pascoal

vai acabar mais rápido do que eles mesmos pensam.

O CASAL SAI.

CENA 02. MILLSHIRE. EXT. DIA

TAKE DA ESTRADA. EM SEGUNDO PLANO, O SOLAR BRONKHART.

CENA 03. SOLAR BRONKHART. SALA. INT. DIA

LEVI ACABA DE ENTRAR, SORRIDENTE. LEOPOLDINA ESTÁ SENTADA À UMA

POLTRONA, LENDO. ERGUE OS OLHOS AO OUVIR OS PASSOS DO MARIDO.

LEOPOLDINA - Onde foi tão cedo?

LEVI - Fui ao solar Whitford, para saber se ainda precisavam

de ajuda.

LEOPOLDINA - Já chega de tanta solicitude, não?

LEVI - Agora eu quero descansar, as últimas horas foram

agitadas demais. Se alguém procurar por mim, só estarei disponível à tarde.

LEOPOLDINA - Está certo.

LEVI SOBE A ESCADA. LEOPOLDINA VOLTA À LEITURA, MAS LOGO FECHA O

LIVRO E FICA APENAS RECOSTADA À POLTRONA, OLHANDO PARA UM PONTO

INDEFINIDO. O CRIADO DA ÚLTIMA CENA DO CAPÍTULO ANTERIOR APARECE,

VINDO DA RUA.


LEOPOLDINA - Ei, mocinho!

O CRIADO OLHA NA DIREÇÃO DO CHAMADO. LEOPOLDINA FAZ SINAL PARA

QUE SE APROXIME.

LEOPOLDINA - Venha cá, quero fazer uma pergunta.

ELE OBEDECE.

LEOPOLDINA - Você esteve no solar Whitford esta manhã a mando de

Sérgio, não foi?

CRIADO - Foi, sim senhora.

LEOPOLDINA - E encontrou o meu marido lá?

CRIADO - Sim.

LEOPOLDINA - Diga-me o que ele estava fazendo.

CRIADO - Não sei se devo...

LEOPOLDINA - Claro que deve, é sua patroa quem está mandando!

CRIADO - Bem, ele estava colocando um colar no pescoço de

uma das atrizes. [T] Uma morena jambo, muito bonita/

LEOPOLDINA - [brava] Não precisa dar tantos detalhes!

CRIADO - Quer saber mais alguma coisa?

LEOPOLDINA - Por ora, não. Pode se retirar.

O CRIADO SAI. LEOPOLDINA LEVANTA DA POLTRONA E TAMBÉM VAI SAINDO.

LEOPOLDINA - Ora essa, se Levi pode sair por aí dando presentinhos,

também os darei. [sai]

CENA 04. ALBERGUE. ESCRITÓRIO. INT. DIA


ESMERALDA ESTÁ SOZINHA, RESPONDENDO A ALGUMAS CARTAS. AO

TERMINAR, COLOCA TODAS EM ENVELOPES E PÕE SELOS.

ESMERALDA - Agora vamos conferir as contas do restaurante.

[T] Hmm, não falta nada.

ELA LARGA OS PAPEIS E PEGA UM LIVRO. COMEÇA A FOLHEAR, COM CERTO

DESINTERESSE. CORTA PARA AS PÁGINAS DO LIVRO: SÃO MANUSCRITOS.

ESMERALDA COMEÇA A SE DETER MAIS EM UMA PÁGINA, LÊ COM MUITA

ATENÇÃO E SORRI.

ESMERALDA - Vamos ver em que pé anda a minha biografia.

ESMERALDA CONTINUA FOLHEANDO COM INTERESSE. HORÁCIO ENTRA E

NÃO GOSTA NADA DA CENA QUE VÊ.

HORÁCIO - Esmeralda!

ELA FECHA O LIVRO RAPIDAMENTE.

HORÁCIO - Espero que isso não seja o manuscrito do meu livro.

ESMERALDA - Acho que era ele sim.

HORÁCIO - Já disse que você só pode vê-lo quando ficar pronto.

ESMERALDA - Só queria saber se o senhor estava me retratando

corretamente.

HORÁCIO PEGA O LIVRO E O COLOCA NUM MÓVEL ALTO.

HORÁCIO - Chegou a ler o final?

ESMERALDA - Não saí das primeiras páginas.

HORÁCIO - Ótimo.


ESMERALDA - Por quê?

HORÁCIO - Porque sim! Agora vá trabalhar lá embaixo, por favor.

ESMERALDA - Antes me diga quando o livro vai ficar pronto.

HORÁCIO - Já estou escrevendo o último capítulo.

ESMERALDA SORRI PARA HORÁCIO E SAI.


TOMADA EXTERNA DO ALBERGUE. LEGENDA: “ALGUMAS HORAS DEPOIS...”

CENA 06. ALBERGUE. RESTAURANTE. INT. DIA

ESMERALDA E CLARICE OCUPAM UMA MESA NUM CANTO MEIO ESCONDIDO.

COMEM TORTA DE CHOCOLATE. CONVERSA INICIADA.

ESMERALDA - Ele não gostou nadinha de ter me visto lá, fuçando os

manuscritos. Mas não consegui evitar, a curiosidade foi maior que eu.

CLARICE - Ficou satisfeita, ao menos?

ESMERALDA - Mais ou menos. [T] No começo parece um daqueles

tratados científicos contando da experiência de pegar uma selvagem para

educar. Mas depois ele começa a falar de um romance e eu não entendi mais

nada. [T] Será que ele me ama de outro jeito e resolveu escrever o livro para

realizar esse amor?

CLARICE - Isso é meio doido.

ESMERALDA - Pois para mim faz todo o sentido. Desde que ele não

me deixou casar com Oséias eu ando com a pulga atrás da orelha.

CLARICE - Mas ele não está gostando da Alice?

ESMERALDA - Está, mas ela nem liga. Além disso, o livro é de bem

antes de ela aparecer.

CLARICE - E você está é delirando. Todo mundo sabe que seu


Horácio te adora, mas não é assim... Você é que está inventando essa

história pra você mesma.

ESMERALDA - Tenho motivos para pensar assim.

CLARICE - E diga; de que ia adiantar você saber isso tudo se seu

namorado é o Oséias e é com ele que você vai casar? Se um dia desses seu

Horácio vai morrer?

ESMERALDA - Tem que eu gosto muito dele e quero fazê-lo feliz.

Casando com ele, talvez...

CLARICE FICA OLHANDO PARA A AMIGA, INCRÉDULA.


TAKES DA ESTRADA QUE LEVA AO SOLAR WHITFORD. LEGENDA: “POUCOS

DIAS DEPOIS...”


O LOCAL ESTÁ REPLETO DE FLORES. ISABELLE ENTRA, OLHA EM VOLTA,

COM IRRITAÇÃO. PEGA UMA DAS FLORES DE UM BUQUÊ E ESMAGA. SIMONE

ENTRA.

SIMONE - Quanta antipatia com a coitada da flor!

ISABELLE - Quero jogar todas longe. Foi ele quem mandou.

SIMONE - Ele, o Sérgio?

ISABELLE - É. Parece que ele não entendeu que não quero

absolutamente nada dele.

SIMONE - Se ele só quer se divertir, uma hora acaba cansando.

ISABELLE - Assim espero!

LEONARDO VAI ENTRANDO, COM UM IMENSO BUQUÊ DE ROSAS VERMELHAS


COBRINDO SEU ROSTO.

ISABELLE - Ai, não, outro...

LEONARDO - [baixinho] Sou eu.

LEONARDO DESCOBRE O ROSTO, MEIO ENVERGONHADO.

LEONARDO - As flores são suas, mas não fui eu quem comprei.

ISABELLE - Eu sei.

ISABELLE PEGA O BUQUÊ E O JOGA LONGE.

SIMONE - Por onde você andou? E Sarah?

LEONARDO - Dela não sei. E Alice, como está?

SIMONE - Horrível! Não quer sair da cama para nada, mas pelo

menos se aquietou.

LEONARDO DEMONSTRA IMENSO PESAR; SE DEIXA CAIR EM UM SOFÁ E

LÁGRIMAS ROLAM POR SEU ROSTO.

ISABELLE - Por que você não esteve no enterro?

LEONARDO - [voz embargada] Meninas, por favor, sentem junto de

mim.

ELAS OBEDECEM. ELE SEGURA A MÃO DE ISABELLE E COMEÇA A CHORAR.

LEONARDO - Eu te amo, mas passei dos limites! Não te mereço...

Acho que nunca mereci. [T] Tudo isso que está acontecendo é culpa minha

e da Sarah.

ISABELLE - Quê?

LEONARDO - Eu matei! Eu envenenei Matamouros, mas eu juro que


não queria fazer isso! Eu só queria que você e Arthur ficassem separados de

uma vez e eu pudesse ter você só pra mim.

ISABELLE - E Sarah?

LEONARDO - Não sei! Deve estar errando por aí, achando que vai

conseguir o que quer.

ISABELLE - [chorando] O que você fez é grave demais, Leonardo.

Demais!

LEONARDO - Eu sei. Por isso vou embora.

SIMONE - Você vai se entregar?

LEONARDO - Não sei. Só sei que eu não quero mais ficar aqui, não

tenho coragem.

ARTHUR CHEGA E FICA SURPRESO AO VER LEONARDO ALI, COM O ROSTO

LAVADO DE LÁGRIMAS E LADEADO PELAS MOÇAS.

CENA 09. ALBERGUE. SAGUÃO. INT. DIA

CLARICE E ESMERALDA VÃO SAINDO DO RESTAURANTE. ENCONTRAM

SARAH ENCOSTADA AO BALCÃO DA RECEPÇÃO, COM AR IMPACIENTE.

ESMERALDA - Pois não?

SARAH - Onde está o serviço dessa espelunca?

ESMERALDA - Espelunca nas suas anáguas. O que deseja?

SARAH - O que acha? Um quarto.

ESMERALDA - Bem, você já tem registro, não é? Vou chamar o

carregador para levar sua bagagem.

SARAH - Não precisa, não tenho bagagem.

ESMERALDA - Tudo bem!

ESMERALDA PEGA UMA CHAVE E DÁ A SARAH, QUE VAI SUBINDO AS

ESCADAS, COM PRESSA.


CLARICE - Ela não apareceu no sepultamento. Estranho, não?

ESMERALDA - Menos mal! Com aquela cara, ia estragar o funeral.

AS AMIGAS CONTINUAM CONVERSANDO.


CONTINUAÇÃO DA CENA 08.

ARTHUR - Então foi isso.

LEONARDO - Foi. Eu sei que meu arrependimento não vai resolver

nada, mas eu realmente nunca pensei que as coisas fossem acabar como

acabaram. [T] A ideia foi toda da Sarah.

SIMONE - Mas foi você quem colocou o ópio nos copos!

LEONARDO - O que pode acontecer comigo?

ARTHUR - Só saberemos quando você se entregar às autoridades.

ISABELLE - Sarah também precisa ser pega e condenada. Não só

por isso, mas pela história das cartas falsas também.

CENA 11. ALBERGUE. QUARTO DE SARAH. INT. DIA

SARAH TIRA OS SAPATOS, CAMINHA ATÉ A JANELA E A ABRE. UMA BRISA

LEVINHA BATE EM SEU ROSTO E ELA SORRI; MAS O SORRISO LOGO SAI DE

SEU ROSTO.

SARAH - E nessa historinha ainda fiquei sem minhas roupas.

PV DE SARAH: DR LOMBARDI VAI CHEGANDO, ACOMPANHADO POR SÍLVIO E

OUTRO HOMEM, DE APROXIMADAMENTE 60 ANOS.


SARAH - Acho que já sei como resolver.

ELA FECHA A JANELA.


ESMERALDA ACABA DE SAIR DE CENA, SUBINDO A ESCADA. OS TRÊS

HOMENS DA CENA ANTERIOR ENTRAM. SÍLVIO VAI DIRETO AO ENCONTRO DE

CLARICE; SE DÃO UM ABRAÇO CARINHOSO.

CLARICE - Como se sente, meu amor?

SÍLVIO - Vendo você agora, bem melhor. Pena que o assunto

que me trouxe aqui não é nada feliz...

CLARICE - Qual é o assunto?

DR. LOMBARDI - O envenenamento, querida. Este aqui é o investigador

Anthony Hamilton, marcamos encontro com Levi aqui.

O INVESTIGADOR CUMPRIMENTA CLARICE.

SÍLVIO - [baixinho, para Clarice] Aproveito e pergunto das

nossas alianças.

CLARICE SORRI; SÍLVIO BEIJA A MÃO DIREITA DELA. SIMULTANEAMENTE,

SARAH DESCE O ÚLTIMO LANCE DE ESCADA E PASSA INSINUANTE PELO

GRUPO. APENAS DR LOMBARDI ACOMPANHA A TRAJETÓRIA DELA RUMO À

PORTA DO ALBERGUE. ELA SORRI, SEDUTORA, E O MÉDICO ACABA A

SEGUINDO SEM QUE OS OUTROS VEJAM. SÍLVIO OLHA EM VOLTA E NÃO VÊ O

PAI.

SÍLVIO - Ué, para onde ele foi?

ANTHONY - Não o vi sair.


SÍLVIO DÁ MAIS UMA OLHADA NA DIREÇÃO DA RUA E NÃO VÊ O PAI.

SÍLVIO - Bem, vamos para o restaurante, depois ele nos

encontra lá.

ELES SE DESPEDEM DE CLARICE E SEGUEM PARA O RESTAURANTE.

CENA 13. RUA. EXT. DIA

SARAH VAI SEGUINDO PELA CALÇADA, OLHANDO DE QUANDO EM QUANDO

PARA TRÁS. DR LOMBARDI SEMPRE A SEGUINDO. ELA PÁRA EM UMA

ESQUINA E ELE SE APROXIMA.

SARAH - O que o senhor deseja?

DR LOMBARDI - Acho que eu é quem devia perguntar. A senhorita

praticamente me chamou com esses olhinhos tão bonitos.

ELA BAIXA OS OLHOS, FINGINDO TIMIDEZ.

SARAH - É verdade... Estou precisando muito de ajuda, e não

posso recorrer aos meus amigos. Aliás, acho que não tenho mais amigos.

DR LOMBARDI - Ora, o que é isso? Uma moça bonita como você nunca

deixa de ter amigos.

SARAH - O senhor gostaria de ser meu amigo?

DR LOMBARDI - Com certeza!

SARAH - Ah, muito obrigada!

SARAH SE LANÇA SOBRE O MÉDICO E O ABRAÇA FORTEMENTE.

DR LOMBARDI - O que eu puder fazer para colocar um sorriso nesse


rostinho tão belo, farei.

SARAH - [com ternura] Não sei como não reparei no senhor

antes... É o maior gentleman que eu já vi em toda a minha vida.

DR LOMBARDI - Não foi nada.

SARAH - Estou tão feliz que poderia até...

ELA CORTA A PRÓPRIA FALA DANDO UM TÓRRIDO BEIJO EM DR LOMBARDI.

ENQUANTO O BEIJA, SARAH ABRE OS OLHOS, DEMONSTRANDO UM MISTO DE

IMPACIÊNCIA E NOJO, E TORNA A FECHAR INSTANTES DEPOIS.

CENA 14. CASA DO DR. LOMBARDI. EXT. DIA

TOMADA DE LOCALIZAÇÃO.

CENA 15. CASA DO DR. LOMBARDI. QUARTO DELE. INT. DIA

APROXIMADAMENTE UMA HORA DEPOIS. SARAH E DR LOMBARDI ESTÃO NA

CAMA DELE. ELE PARECE ESTAR AUSENTE, IMÓVEL E COM OS OLHOS FIXOS

EM UM PONTO INDEFINIDO DO APOSENTO. ELA SE APROXIMA UM POUCO

PREOCUPADA.

SARAH - [baixinho] Ih... Será que matei o velho?

DR LOMBARDI - Você é uma mulher maravilhosa, sabia?

ELA DÁ UM SALTO PARA O LADO, UM POUCO ASSUSTADA; MAS LOGO SE

RECOMPÕE.

SARAH - É... Acho que eu não devia ter feito isso. O que o

senhor vai achar de mim?

DR LOMBARDI - Vou achar que ganhei o dia. Aliás, já estou achando.

Acho até que você merece um presentinho!


ELE SE LEVANTA, DE CEROULAS.

SARAH - Onde o senhor vai?

DR LOMBARDI - Não se mexa, eu volto logo!

E ELE SAI, MEIO APRESSADO. SARAH SE LEVANTA, APANHA O VESTIDO E

COMEÇA A SE VESTIR. SORRI.

SARAH - Ai, ai... Se eu soubesse que o pai era mais fácil que o

filho, tinha feito isso antes!

ELA SUSPIRA, MEIO CANSADA. DR LOMBARDI VOLTA COM UM PEQUENO

VASO DE PORCELANA PINTADA COM LEVES TRAÇOS EM VERDE, VERMELHO

E PRETO, COMO QUE FORMANDO FLORES ABSTRATAS.

DR LOMBARDI - Isto aqui é para você. Gosta de vasos chineses?

SARAH - Ah, não precisava...

DR LOMBARDI – Claro que precisava. Você está desamparada, não é?

SARAH - Sim.

DR LOMBARDI - Pois. Aceite como presente de um amigo.

SARAH - Depois de hoje... O senhor é muito mais que um

amigo para mim.

SARAH SE APROXIMA DELE, EM DÚVIDA SOBRE ONDE BEIJÁ-LO. ACABA

DANDO UM RÁPIDO BEIJO NA BOCA.

DR LOMBARDI - Quando a verei novamente?

SARAH - Muito em breve.

DR LOMBARDI SORRI, ENTERNECIDO. INSTANTES. ELE OLHA NO RELÓGIO E


PERCEBE QUE SE PASSOU MUITO TEMPO.

DR LOMBARDI - Meu Deus! Sílvio e o investigador estão esperando.

[T] Preciso correr; por favor, querida, vá na frente.

SARAH TERMINA DE FECHAR O VESTIDO, PEGA O VASO E VAI SAINDO. VOLTA

E ABRAÇA O MÉDICO.

SARAH - Obrigada...

DR LOMBARDI - [a beija] Até breve.

ELA SAI. ELE COMEÇA A SE VESTIR, COM PRESSA.

CENA 16. ALBERGUE. EXT. DIA

TOMADA DE LOCALIZAÇÃO.

CENA 17. ALBERGUE. RESTAURANTE. INT. DIA

QUINZE MINUTOS DEPOIS. ANTHONY E SÍLVIO ESTÃO TOMANDO CHÁ. OS

HOMENS PARECEM UM POUCO IMPACIENTES.

SÍLVIO - Acho que já seria hora de ir atrás dele; essa demora

não é normal.

CLARICE, VINDA DO SAGUÃO, SE APROXIMA DA MESA DELES.

CLARICE - Posso ficar aqui um pouquinho?

SÍLVIO - Claro, meu bem.

ELA TOMA ASSENTO, FICANDO ENTRE O NOIVO E O INVESTIGADOR.


SÍLVIO - E Esmeralda?

CLARICE - Seu Horácio deixou os negócios na mão dela por

esses dias, a coitada não pára quieta.

LEVI CHEGA.

LEVI - Bom dia.

OS OUTROS RESPONDEM O CUMPRIMENTO.

LEVI - Achei que estivesse atrasado!

ANTHONY - A reunião não começou ainda. Doutor Lombardi está

desaparecido há uma hora e... Dezesseis minutos.

NISSO, DR LOMBARDI CHEGA, RISONHO.

DR LOMBARDI - Perdoem-me o atraso, senhores!

SÍLVIO - Onde o senhor esteve, pai? E esse sorriso abestalhado

na cara?

DR LOMBARDI - Estive em nossa casa.

SÍLVIO - Esqueceu alguma coisa?

DR LOMBARDI - Não, mas... Bem, não vem ao caso agora.

ELE SENTA RÁPIDO À MESA E FICA SÉRIO. SÍLVIO OLHA PARA O PAI,

DESCONFIADO.

LEVI - Clarice vai participar da reunião?

CLARICE - Acho que vocês querem ficar à vontade, não é? Vou

embora.


ELA LEVANTA, MAS SÍLVIO SEGURA A MÃO DELA E A FAZ VOLTAR PARA A

CADEIRA.

SÍLVIO - Acho melhor você ficar.

ANTHONY - Bem, eu já fui informado de alguns detalhes sobre o

ocorrido no solar Bronkhart e...

O INVESTIGADOR CONTINUA FALANDO, FORA DE ÁUDIO.

CENA 18. RUAS. EXT. DIA

SARAH CAMINHA DEVAGAR, PARANDO EM UMA VITRINE, DEPOIS EM OUTRA.

OLHA PARA AS ROUPAS EXPOSTAS E SORRI COM ENCANTAMENTO. DEPOIS DE

PARAR NA TERCEIRA VITRINE, SEGUE COM PASSOS FIRMES E DOBRA A

ESQUINA.


ESMERALDA TERMINA DE PREENCHER UMA FICHA DE REGISTRO DE

HÓSPEDE, PEGA UMA CHAVE E ENTREGA AO HOMEM QUE ESTÁ A SUA

FRENTE.

ESMERALDA - Aproveite bem a estadia!

O HOMEM SORRI E FAZ UMA MESURA EM AGRADECIMENTO. UM

CARREGADOR PEGA A BAGAGEM E SOBE COM ELE. HORÁCIO DESCE E VAI

ATÉ ELA, SORRINDO. A ABRAÇA E A BEIJA NA CABEÇA.

HORÁCIO - Muito bem, mocinha! Acho que já posso me

aposentar.

ESMERALDA - Pode nada, o senhor ainda tem muita lenha


para queimar, o Hotel das Esmeraldas para terminar...

SARAH CHEGA, MUITO FELIZ. ENCOSTA-SE AO BALCÃO.

SARAH - Com licença; um de vocês pode me ajudar?

ESMERALDA - Depende. Qual é o problema?

SARAH - Problema nenhum. Só quero saber quanto vale

isto aqui.

ELA PÕE O PEQUENO EMBRULHO SOBRE A MESA.

ESMERALDA - Penhores não são comigo. [para Horácio] Está

com o senhor agora.

HORÁCIO - Pode ir, preciosa. Ah, antes preciso que me

faça um favor.

ESMERALDA - Faço dois!

HORÁCIO VAI COM ESMERALDA PARA UM CANTO MAIS DISTANTE. SARAH

ESPERA.

HORÁCIO - [baixinho] Vá à floricultura, compre o buquê

mais bonito que tiver e mande para dona Alice.

ESMERALDA FAZ CARA DE QUEM NÃO GOSTOU, MAS DISFARÇA COM UM

SORRISINHO.

ESMERALDA - Sim, senhor.

HORÁCIO SORRI; ELA SORRI DE VOLTA E VAI SAINDO. ELE VOLTA PARA

FALAR COM SARAH.


HORÁCIO - [desembrulhando o pacote] Agora vamos ver o que

temos aqui.

ELE DESCOBRE O VASINHO, PÕE OS ÓCULOS, OLHA MAIS DE PERTO E COM

MUITO CUIDADO.

HORÁCIO - Tenho um exatamente igual a esse.

SARAH - Quanto vale?

HORÁCIO - Hoje o meu deve valer umas cinquenta mil libras, por

aí.

SARAH - [quase impaciente] Sim, mas e este?

HORÁCIO - Nem um centavo.

SARAH - Hein?

HORÁCIO - Este vaso é pirata.

SARAH IRRITADÍSSIMA, COM OS OLHOS MAREJADOS. SEGURA O CHORO.

SARAH - Não pode ser. Me disseram que era chinês.

HORÁCIO - Um instante só.

HORÁCIO SAI. INSTANTES DEPOIS, VOLTA COM SEU VASO NA MÃO. MOSTRA A

SARAH.

HORÁCIO - Neste aqui há uma inscrição em chinês que quer dizer

'original'.

SARAH - E o outro?

HORÁCIO COLOCA SEU VASO SOBRE OUTRO MÓVEL, APANHA A PEÇA FALSA E

A OLHA COM MAIS ATENÇÃO.

HORÁCIO - Aqui está escrito 'cachorro'.


SARAH - Cachorro! Cachorro!

ELA RESPIRA FUNDO, COM MUITO ÓDIO.

HORÁCIO - Tudo bem?

SARAH - [pega o vaso] Vou tomar um ar fresco lá fora, com

licença.

ELA SAI, PISANDO DURO. HORÁCIO PEGA O JORNAL E COMEÇA A LER.

CENA 20. RUA. EXT. DIA

SARAH SE ENCOSTA A UM POSTE E DÁ UM GRITO DE RAIVA. CHAMA A

ATENÇÃO DE ALGUNS PASSANTES.

SARAH - O que foi? Nunca viram uma mulher com raiva, não?

OS PASSANTES SEGUEM SEUS CAMINHOS, ALGUNS COMENTAM FORA DE

ÁUDIO.

SARAH - Ele é que vai ver. Aquele doutorzinho mequetrefe...

CENA 21. FLORICULTURA. INT. DIA

ESMERALDA ESTÁ OLHANDO AS FLORES. PARECE UM POUCO INSATISFEITA.

PASCOAL SE APROXIMA DELA, COM UM BUQUÊ DE MARGARIDAS.

PASCOAL - Olá, mocinha.

ESMERALDA - Oi, Pascoal!

PASCOAL - Acho que Oséias não ia gostar muito de rosas

vermelhas, não.


ESMERALDA - Não vim comprar flores para ele; seu Horácio me

mandou aqui pra comprar flores pra... Dona Alice.

PASCOAL - É impressão minha ou você anda com raivinha?

ESMERALDA - Raiva, eu? Não, só estou um pouco cansada. Esse

negócio de trabalhar o dia inteiro em hotel é muito cansativo!

PASCOAL - Ah, sim. Eu vou ao solar também, passar um tempo

com Simone. Mal falei com a pobrezinha desde que aconteceu toda a

tragédia. [T] Não sou um mau namorado só por isso, não é?

ESMERALDA - Isso é ela quem tem que responder!

PASCOAL - Me acompanha?

ESMERALDA - Um minuto só.

ELA PEGA UM BUQUÊ QUALQUER E VAI FAZER O PAGAMENTO. SAI JUNTO

COM PASCOAL.


TAKES DA CIDADE.

CENA 23. ESTRADA. EXT. DIA

OS CARROS DA COMITIVA DE ALEXANDER ESTÃO PARADOS À BEIRA DA

ESTRADA. TODOS OS INTEGRANTES DO GRUPO ESTÃO SENTADOS SOB A

COPA DE ÁRVORES, COMENDO, MENOS ALEXANDER, QUE BEBE ÁGUA DE

UMA GARRAFA ENCOSTADO A UM CARRO. DANIELA LEVANTA DO CHÃO E VAI

ATÉ ELE.

DANIELA - Vamos ficar por aqui mesmo?

ALEXANDER - Nosso carro vai seguir viagem agora, para encontrar o

acampamento de Agustin. Depois voltamos para guiar os outros.

DANIELA - Sim... E por que nós?


ALEXANDER - Porque eu sou o líder, oras. Vá entrando no carro que

vou chamar mais dois.

ELA OBEDECE. ALEXANDER FALA [FORA DE ÁUDIO] COM DOIS RAPAZES, QUE

O SEGUEM PARA DENTRO DO CARRO.

CENA 24. SOLAR WHITFORD. 1º ANDAR. CORREDOR. INT. DIA

LEONARDO ESTÁ ENCOSTADO À PAREDE, OLHANDO PARA A PORTA DO

QUARTO ONDE ALICE ESTÁ. SIMONE ACABA DE SUBIR O ÚLTIMO LANCE DE

ESCADA E SE APROXIMA DELE.

SIMONE - Não quer entrar e falar com ela?

LEONARDO - Não tenho coragem.

SIMONE - Ela está sentindo sua falta.

LEONARDO - E quando souber o que eu fiz, vai querer que eu morra

umas mil vezes. E ainda vai ser pouco.

SIMONE - Olha, eu não sei se adianta muito, mas eu te perdoo.

Eu acredito que você não matou ele de caso pensado.

LEONARDO APERTA A MÃO DE SIMONE E SORRI, MEIO TRISTE.

LEONARDO - Será que Isabelle acredita?

SIMONE - Acho que sim.

LEONARDO - Se for assim mesmo, acho que pago a minha pena

mais tranquilo.

SIMONE - Tenta não pensar nisso agora e vai ver Alice. Ela

precisa muito de todos nós, apesar de tudo.

ELA ABRE A PORTA DO QUARTO E FAZ SINAL PARA QUE ELE ENTRE.

LEONARDO FICA MEIO INDECISO POR UM INSTANTE, MAS LOGO ENTRA.


SIMONE ENTRA DEPOIS E FECHA A PORTA.

CENA 25. SOLAR WHITFORD. QUARTO DE HÓSPEDES. INT. DIA

ALICE CONTINUA DEITADA, ENCOLHIDA NA CAMA. ESTÁ DE OLHOS ABERTOS

E CHORA EM SILÊNCIO. SIMONE SE APROXIMA DA CAMA, TRAZENDO

LEONARDO JUNTO. NÃO PERCEBEM QUE ELA ESTÁ ACORDADA.

LEONARDO - [baixinho] Alice?

ELA SE MOVE DEVAGAR, OLHA PARA ELES. LEONARDO TAMBÉM COMEÇA A

CHORAR.

LEONARDO - Me perdoa...

ALICE - [voz fraca] Por que você não esteve lá?

LEONARDO - É... Por isso também. Por tudo.

SIMONE - Isso não vem ao caso agora, Leonardo. O importante

é que você está aqui.

ALICE - Onde estão os outros?

SIMONE - Na sala.

ALICE - Eu quero ir ao cemitério.

SIMONE - Mas agora? Você está muito/

ALICE - Quero ir, agora mesmo.

LEONARDO E SIMONE SE ENTREOLHAM, UM POUCO PREOCUPADOS. VOLTAM

A OLHAR PARA ALICE, QUE ESTÁ BEM DECIDIDA.

CENA 26. ALBERGUE. EXT. DIA

SARAH AINDA NA FRENTE DO ALBERGUE, ESPERANDO. CLARICE, SÍLVIO,

ANTHONY, DR LOMBARDI E LEVI VÃO SAINDO. O MÉDICO NÃO PERCEBE QUE


ELA ESTÁ LÁ E PASSA DIRETO.

SARAH - Doutor!

DR LOMBARDI OLHA PARA SARAH E SORRI. APROXIMA-SE DELA.

DR LOMBARDI - Bom revê-la.

SARAH - É que eu esqueci de dizer uma coisinha.

ELA PEGA O VASO E QUEBRA NA CABEÇA DELE. O MÉDICO LEVA UMA DAS

MÃOS À CABEÇA QUE COMEÇA A SANGRAR.

DR LOMBARDI - Ficou louca?

SARAH - [batendo] Louco é o senhor! Onde já se viu me dar

um vaso falsificado?

OS OUTROS VÃO ACUDIR.

SÍLVIO - O que é isso? [vai arrastando o pai para longe]

SARAH - [tenta continuar batendo] Eu quero os meus direitos!

Exijo dinheiro vivo na minha mão já!

SÍLVIO VAI LEVANDO O PAI EMBORA, ENQUANTO SARAH NÃO PÁRA DE

BERRAR. OS OUTROS FICAM OLHANDO, MEIO ASSUSTADOS.


SIMONE E LEONARDO DESCEM, TRAZENDO ALICE. ESTA APARENTA ESTAR

MUITO FRACA, ABATIDA.

ISABELLE - Quer comer alguma coisa?


ALICE - Não, eu quero sair.

ISABELLE - Mas você está muito fraca!

ALICE - Não como nada antes de ir ao cemitério.

NISSO CHEGAM ESMERALDA E PASCOAL, TRAZENDO SEUS BUQUÊS DE

FLORES. ESMERALDA VAI ATÉ ALICE.

ESMERALDA - Mais uma vez, minhas condolências.

ALICE - Obrigada...

ESMERALDA - Seu Horácio mandou essas flores.

ESMERALDA PASSA O BUQUÊ DE ROSAS PARA ALICE, QUE NÃO FALA NADA,

FICA APENAS OLHANDO PARA AS FLORES. PASCOAL DÁ O BUQUÊ DE

MARGARIDAS PARA SIMONE.

PASCOAL - E eu trouxe isso para você.

SIMONE - Obrigada, eu adoro margaridas.

PASCOAL REPARA NO ANEL NA MÃO DIREITA DE SIMONE E DEMONSTRA NÃO

TER GOSTADO.

PASCOAL - E esse anel?

SIMONE - Ganhei.

PASCOAL - De quem?

SIMONE - De Levi...

ELE PARECE TER FICADO AINDA MAIS CHATEADO COM A RESPOSTA.

PASCOAL - O joalheiro. E por que ele te deu isso?

SIMONE - Ah, eu não sei! Porque quis...


ARTHUR SE APROXIMA DO CASAL, INTERROMPENDO A CONVERSA.

ARTHUR - Simone, é melhor nós irmos logo, senão Alice não vai

comer de jeito nenhum.

SIMONE - Vamos. [vai saindo]

PASCOAL - Vocês vão demorar?

SIMONE - Não.

PASCOAL - Então vou ficar esperando. Precisamos conversar.

SIMONE SAI COM O GRUPO, SEM DIZER MAIS NADA. FICAM APENAS PASCOAL

E ESMERALDA.

ESMERALDA - Vamos?

PASCOAL - Não, quero falar com Simone sobre essa história de

ganhar presentes do joalheiro.

ESMERALDA - Ficou bravo por isso? Não viu a pulseira que Isabelle

ganhou?

PASCOAL - Simone ganhou um anel e um colar, sinta a diferença.

[T] E não é só isso. Já andei reparando que às vezes ela dá uns olhares

muito derretidos para esse homem.

ESMERALDA - Sei...

PASCOAL - Você sabe o quê? Que ela está apaixonada pelo

joalheiro?

ESMERALDA - Eu?

PASCOAL - É, você! Sabe ou não?

ESMERALDA - Não sei de nada. Se está desconfiado, pergunte para

sua namorada e pronto.

ESMERALDA SENTA-SE EM UMA POLTRONA. PASCOAL FAZ O MESMO.

CENA 28. ESTRADA. EXT. DIA


TOMADA DA ESTRADA QUE LEVA AO SOLAR WHITFORD.

CENA 29. CEMITÉRIO. EXT. DIA

ALICE SE APROXIMA DO TÚMULO DE MATAMOUROS, LEVANDO ALGUMAS

FLORES BRANCAS. ARTHUR, LEONARDO, ISABELLE E SIMONE A SEGUEM. ELA

SE AJOELHA E COLOCA AS FLORES SOBRE O TÚMULO. TODOS FICAM EM

SILÊNCIO POR UM INSTANTE.

ALICE - Eu queria muito vir aqui porque acho que este é o

melhor lugar para dizer o que estive pensando. Quero que Matamouros

também ouça.

ISABELLE - E... O que você quer dizer pra gente?

ALICE - Agora que Matamouros deixou essa vida e seu corpo

vai ficar enterrado para sempre nas terras de Millshire, não vejo motivos

para continuarmos viajando. Com Matamouros, morreu um pedaço da

minha vida e a razão de existir dessa companhia.

ARTHUR - Espera aí, com isso você quer dizer que/

ALICE - Isso mesmo. [T] A Companhia Vencidos da Vida de

Teatro acabou de acabar aqui. Está morta e enterrada junto com

Matamouros.

NA DECEPÇÃO DO GRUPO E NA SURPRESA DE ARTHUR,

[Fim do capitulo]

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O Capitão Fracasso 27