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Ano XXV Nº 310 junho de 2015 Xavier Paulo Bomfim A s ondas do Báltico tra zem às praias paulistas a genialidade de uma fa- mília. Sementes da Lituânia brotam num quadro de Segall e frutificam na saga dos Lafers que aportam em São Paulo de Piratininga. E tudo principiou no Largo de São Francisco onde o pai transmite ao filho o amor à Justiça e à Liber- dade; o Largo se alarga ao Arouche quando as portas acadêmicas se abrem para saudar a chegada de Celso Lafer. Paralelamente querido confrade, quatro destinos predesti- nados entrecruzam-se em Araraquara em torno da Chácara de meu bisavô Carlos Baptista de Ma- galhães. Em épocas diversas, sua mãe, minha mãe, Gilda de Mello e Sousa e Ruth Cardoso fazem os trilhos da Araraquarense se encontrarem num universo de amor e idealismo. A Cadeira 23 faz parte de meu mobiliário sentimental. Seu fundador Monsenhor Manfredo Leite casou meus pais, batizou-me na Igreja da Consolação e foi meu eleitor em 1963. Maior amigo do avô Sebastião Lebeis, um santo agnóstico, acom- panhou a vida de minha família em momentos de alegria e de tristeza. Cavaleiro exímio, cavalgava todas as manhãs nas redondezas do educandário que dirigia em Vila Mas- cote. Grande orador sacro abençoou os jovens que partiam com seus sonhos para as trincheiras de 32. Diretor do Colégio do Carmo, seus restos mortais repousam na Ordem Terceira e sua lembrança acompanha os passos do poeta. Seu sucessor na Cadeira 23 foi o professor Fernando de Azevedo que tomou posse envergando o fardão da Academia Brasileira de Le- tras. Quando o ilustre sociólogo e educador candidatou-se a primeira vez a este sodalício, como era de praxe na ocasião, submeteu o dis- curso que faria ao presidente Aristeu Seixas. Ambos de gênio for- te se desentenderam a respeito de alguns tópicos de sua oração de posse. Fernando de Azevedo retira a candidatura e Aristeu Seixas indica meu nome. Assim, curiosamente, fui eleito para vaga de vivo. Na oca- sião, lancei Fernando de Azevedo para Intelectual do Ano “Troféu Juca Pato”. Futuramente tive a alegria de participar de sua eleição, onde ago- ra se repete o caso de um acadê- mico primeiro tomar posse na Aca- demia Brasileira e, posteriormente, em nossa Academia. Sucedendo a Fernando de Azevedo, é eleito o médico e histo- riador Lycurgo de Castro Santos Fi- lho, que presidiria esta casa e o Ins- tituto Histórico e Geográfico de São Paulo com raro brilho. Prosseguin- do o destino histórico desta cadei- ra elegemos então Antonio Ermírio de Moraes que tive a emoção de saudar. Manfredo Leite e ele unem- se nas mais belas lembranças de minha juventude. Saudando Antonio Ermírio saudei a vida e a obra de meu antigo colega. Amizade nascida nos anos 30 nos bancos do Liceu Nacional Rio Branco. Para substituir um homem insubstituível, só alguém da dimen- são de Celso Lafer, que recebo com o mesmo entusiasmo que recebi seu antecessor. Com Celso Lafer a filosofia ilu- mina nossas tradições. Humanista e industrial como Antonio Ermírio, é homem raro nestes dias massificantes em que máquinas se humanizam e os homens se meca- nizam. Quatro luzes marcam os pontos cardiais de sua Rosa dos Ventos: o pai, Jacob Lafer, o tio Horácio Lafer, o sábio Miguel Reale e Hannah Arendt a estrela guia. A chácara do General Arouche, primeiro diretor da nossa primeira fa- culdade, engalana-se para receber uma das glórias da São Francisco. Aquele que comandou de maneira notável o Ministério do Desenvolvi- mento, Indústria e Comércio e o Mi- nistério das Relações Exteriores. Discurso Recepção Celso Lafer - Academia Paulista de Letras O Livre Docente de Direito In- ternacional Público e professor ti- tular de Filosofia do Direito torna- se lenda na lembrança dos alunos fascinados pelo mestre. Na magia desta noite, gosta- ria de lembrar que os caminhos da- quele que dá nome a este logradouro e Celso Lafer se encon- tram na distância. Ambos profes- sores da São Francisco e ambos industriais. Arouche instala em 1828, no burgo paulistano, fábrica de tecidos empregando um mestre, seis ofi- ciais, um aprendiz e vinte mulhe- res tecelãs. Nesse local e na Casa Verde, faz surgir a primeira planta- ção de chá que celebraria rituais acadêmicos de cordialidade. Na cidade transfigurada em Cosmópolis, ouvindo ao longe o marulhar do Báltico, invocando Miguel Reale damos a Celso Lafer as boas vindas a esta casa que sempre foi sua. Paulo Bomfim é poeta, escritor, membro da Academia Paulista de Letras e Assessor da Presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo. Di Bonetti - APL Paulo Bomfim e Celso Lafer

o Celso Lafer - Academia Paulista de Letras · 2015-12-16 · educador candidatou-se a primeira vez a este sodalício, como era de praxe na ocasião, ... ra se repete o caso de um

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Ano XXV Nº 310 junho de 2015

Xavier

Paulo Bomfim

As ondas do Báltico trazem às praias paulistasa genialidade de uma fa-

mília. Sementes da Lituânia brotamnum quadro de Segall e frutificam nasaga dos Lafers que aportam emSão Paulo de Piratininga.

E tudo principiou no Largo deSão Francisco onde o pai transmiteao filho o amor à Justiça e à Liber-dade; o Largo se alarga ao Arouchequando as portas acadêmicas seabrem para saudar a chegada deCelso Lafer.

Paralelamente queridoconfrade, quatro destinos predesti-nados entrecruzam-se emAraraquara em torno da Chácara demeu bisavô Carlos Baptista de Ma-galhães.

Em épocas diversas, sua mãe,minha mãe, Gilda de Mello e Sousae Ruth Cardoso fazem os trilhos daAraraquarense se encontrarem numuniverso de amor e idealismo.

A Cadeira 23 faz parte de meumobiliário sentimental. Seu fundadorMonsenhor Manfredo Leite casoumeus pais, batizou-me na Igreja daConsolação e foi meu eleitor em1963.

Maior amigo do avô SebastiãoLebeis, um santo agnóstico, acom-panhou a vida de minha família emmomentos de alegria e de tristeza.Cavaleiro exímio, cavalgava todasas manhãs nas redondezas doeducandário que dirigia em Vila Mas-cote. Grande orador sacro abençoouos jovens que partiam com seussonhos para as trincheiras de 32.

Diretor do Colégio do Carmo,seus restos mortais repousam naOrdem Terceira e sua lembrançaacompanha os passos do poeta.

Seu sucessor na Cadeira 23 foio professor Fernando de Azevedoque tomou posse envergando ofardão da Academia Brasileira de Le-tras. Quando o ilustre sociólogo eeducador candidatou-se a primeira

vez a este sodalício, como era depraxe na ocasião, submeteu o dis-curso que faria ao presidenteAristeu Seixas. Ambos de gênio for-te se desentenderam a respeito dealguns tópicos de sua oração deposse.

Fernando de Azevedo retira acandidatura e Aristeu Seixas indicameu nome. Assim, curiosamente,fui eleito para vaga de vivo. Na oca-sião, lancei Fernando de Azevedopara Intelectual do Ano “Troféu JucaPato”.

Futuramente tive a alegria departicipar de sua eleição, onde ago-ra se repete o caso de um acadê-mico primeiro tomar posse na Aca-demia Brasileira e, posteriormente,em nossa Academia.

Sucedendo a Fernando deAzevedo, é eleito o médico e histo-riador Lycurgo de Castro Santos Fi-lho, que presidiria esta casa e o Ins-tituto Histórico e Geográfico de SãoPaulo com raro brilho. Prosseguin-do o destino histórico desta cadei-ra elegemos então Antonio Ermíriode Moraes que tive a emoção desaudar. Manfredo Leite e ele unem-se nas mais belas lembranças de

minha juventude. Saudando AntonioErmírio saudei a vida e a obra de meuantigo colega.

Amizade nascida nos anos 30nos bancos do Liceu Nacional RioBranco.

Para substituir um homeminsubstituível, só alguém da dimen-são de Celso Lafer, que recebo como mesmo entusiasmo que recebi seuantecessor.

Com Celso Lafer a filosofia ilu-mina nossas tradições. Humanista eindustrial como Antonio Ermírio, éhomem raro nestes diasmassificantes em que máquinas sehumanizam e os homens se meca-nizam.

Quatro luzes marcam os pontoscardiais de sua Rosa dos Ventos: opai, Jacob Lafer, o tio Horácio Lafer,o sábio Miguel Reale e HannahArendt a estrela guia.

A chácara do General Arouche,primeiro diretor da nossa primeira fa-culdade, engalana-se para receberuma das glórias da São Francisco.Aquele que comandou de maneiranotável o Ministério do Desenvolvi-mento, Indústria e Comércio e o Mi-nistério das Relações Exteriores.

Discurso Recepção Celso Lafer - Academia Paulista de Letras

O Livre Docente de Direito In-ternacional Público e professor ti-tular de Filosofia do Direito torna-se lenda na lembrança dos alunosfascinados pelo mestre.

Na magia desta noite, gosta-ria de lembrar que os caminhos da-quele que dá nome a estelogradouro e Celso Lafer se encon-tram na distância. Ambos profes-sores da São Francisco e ambosindustriais.

Arouche instala em 1828, noburgo paulistano, fábrica de tecidosempregando um mestre, seis ofi-ciais, um aprendiz e vinte mulhe-res tecelãs. Nesse local e na CasaVerde, faz surgir a primeira planta-ção de chá que celebraria rituaisacadêmicos de cordialidade. Nacidade transfigurada emCosmópolis, ouvindo ao longe omarulhar do Báltico, invocandoMiguel Reale damos a Celso Laferas boas vindas a esta casa quesempre foi sua.

Paulo Bomfim é poeta, escritor,membro da Academia Paulista

de Letras e Assessor daPresidência do Tribunal de

Justiça de São Paulo.

Di Bonetti - APL

Paulo Bomfim e Celso Lafer

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Página 2 - junho de 2015

Periodicidade: mensal - www.linguagemviva.com.brEditores: Adriano Nogueira (1928 - 2004) e Rosani Abou Adal

Rua Herval, 902 - São Paulo - SP - 03062-000Tels.: (11) 2693-0392 - 97358-6255

Distribuição: Encarte em A Tribuna Piracicabana, distribuído aassinantes, bibliotecas, livrarias, entidades, escritores e faculdades.

Impresso em A Tribuna Piracicabana -Rua Tiradentes, 647 - Piracicaba - SP - 13400-760

Selos e logo de Xavier - www.xavierdelima1.wix.com/xaviArtigos e poemas assinados são de responsabilidade dos autoresO conteúdo dos anúncios é de responsabilidade das empresas.

Xavier é parceiro do jornaldesde a fundação. Criou ologotipo, camiseta e selos.

Na edição número um foipublicada sua ilustração para opoema Andorinha de Rosani AbouAdal.

Sebastião Xavier de Lima,caricaturista, artista plástico,chargista, ilustrador e designer,nasceu em 1 de maio de 1959, emRubiácea (SP).

Estudou na EscolaPanamericana de Arte, EscolaSuperior de Propaganda eMarketing e Faculdade de BelasArtes de São Paulo nos cursos de design e fotografia. Estagiou no jornalFolha de S.Paulo. Trabalhou com desenhos e fotografia para audiovisuaisna área de treinamento da Price Waterhouse e na editoria de arte daRevista Istoé.

Produziu histórias em quadrinhos, cartilhas didáticas e de comunicação,projetos gráficos, caricaturas, ilustrações para publicações internas ecartazes para o Citibank, Credicard, Dow Química, Rhodia, Klabin, Vulcam,Alcan, IBM, Philips, Toga, Festo, Tigre Conexões, Sesi, Metal Leve, Spal,Panamco-Spal, Iochp-Maxion, Kavallet Comunicação, Di Simoni Publicidade,Julio Lobos, Instituto da Qualidade, ABRE – Associação Brasileira deEmbalagem, Reinaldo Polito, Educator Editora, Revista Vencer, RevistaFlash, Yázigi, IQ - Instituto da Qualidade, HGM Consultores, entre outrasconceituadas empresas e veículos.

Participou de exposições no Museo do Humor de Fene na Espanha,OAB de Avaré, Salão Bunkyo, Arte Contemporânea da Fundação Bienalde São Paulo, Amazonas em Foco do SENAC, Salão de Humor de Caratingaorganizado em 2011, 6º. Salão Internacional de Humor da Amazônia, entreoutros espaços.

Foi agraciado com o Mapa Cultural Paulista 2014 em São Paulo, Salãode Cerquilho 2014, Salão de Volta Redonda 2011, 6º. Salão Internacionalde Humor da Amazônia, com Menção Honrosa no 34º Salão Internacionalde Humor de Piracicaba 2007, entre outros importantes prêmios.

Foi selecionado com as caricaturas de Tomie Othake, Alceu Valençae Aldemir Martins - no 41º. Salão Internacional de Piracicaba de 2014.

Produziu o logo e cartaz do Salão de Humor de Avaré. Foi jurado do7º Salão de Humor Internacional de Paraguaçu Paulista em 2014.

Vasta é sua produção artística que poderá ser visitada no endereçohttp://xavierdelima1.wix.com/xavi.

A única ilustração da edição número um foi de Xavier. O clichê usadoé relíquia e preciosidade do nosso acervo.

Fica o eterno agradecimento ao parceiro Xavier, o bom camarada.

Xavier, o bom Camarada

divulgação

Xavier

As palavras estão carregadasde dinamite. Ninguém pro-

vou tanto esse poder quanto Cícero,o filósofo, orador, político e advoga-do da antiguidade romana. Em mi-nhas duas formações acadêmicas,Direito e Letras, deparei-me com ele,com sua figura de toga branca e ca-beça coroada de louros, com seusensinamentos. Posso imaginá-lo natribuna com sua mente versátil, seupoder de convencimento, sua retóri-ca de mestre.

O tratado que Cícero escreveusobre a amizade é uma das mais be-las páginas que li. Lições que me têmacompanhado como estímulo e con-forto em várias situações. Não é lin-do ponderar que as coisas humanassão frágeis e perecíveis, que deve-mos procurar amigos a quem ame-mos e pelos quais sejamos amados?Que sem amizade e sem bondade avida não tem prazer algum? Que de-vemos suportar todos os sofrimentosporque eles são breves, mesmoquando são difíceis? Que sem virtu-de a amizade não pode existir? Queconsolo é cultivar amizades. Fiz sem-pre de meus alunos grandes amigos.Busquei também a amizade dos meuspares, os escritores, vivos ou mortos,como fonte de eterna afeição. Dese-jei ardentemente atingir a meta emcompanhia daqueles que seguiram acarreira das armas, que são as le-tras.

Impressiona a forma comoCícero lutou pelo ideal das leis e doestado de Direito. Durante a segun-da metade caótica do século I a. C,marcada pelas guerras, pela ditadu-ra de Júlio César, pelo tumulto políti-co, pela confusão civil, pelainfraestrutura minada de corrupçãoque sabotava a liberdade, Cícero ten-tou salvar com todas as forças essevalor fundamental da República.Perseguiu de forma implacável ostraidores, os inimigos da democracia,procurando derrubar as conspira-ções com seus discursos inflamados.Um desses inimigos foi Catilina. Ascélebres “catilinárias” são até hojeexemplos estupendos de como se fazum libelo, ou seja, uma peça de acu-sação capaz de deixar o opositor en-curralado. Cícero enumera os exces-sos de Catilina e seus seguidores,denuncia seus simpatizantes comopatifes e ladrões. E quando pairavaalguma dúvida, na sua autoridadecomo cônsul do Senado, utilizava deum recurso infalível: perguntas. Umatorrente de perguntas já contendo emseu bojo as evidências e as respos-

Raquel Naveira

CÍCERO E A PALAVRAtas. Vejo-o bradar: “Até quando,Catilina, abusará de nossa paciên-cia? Quanto zombará de nós aindaesse teu atrevimento? Onde vai dartua desenfreada insolência? Não vêsa todos inteirados da tua já reprimi-da conjuração? Julgas que algum denós ignora o que obraste na noitepassada, onde estiveste, a quem con-vocaste, que resolução tomaste?”Cícero parece capaz de penetrar nosacontecimentos, com aguda lucidez.

Catilina foge, conspiradores sãoestrangulados, mas Cícero ainda en-frenta o cônsul Marco Antônio, aquem julgava fraco e desprezível.Depois teve que encarar o terceirocônsul, Otávio, que já se preparavapara se tornar o imperador Augustoe dar fim total à República. Cícero,que tinha o apoio e a admiração damultidão, foi exilado, apanhado numaliteira quando tentava embarcar numnavio para a Macedônia. Cortaram-lhe a cabeça e as mãos, que forampregadas no Fórum Romano. A es-posa de Marco Antônio arrancou-lhea língua e a trespassou com seu gan-cho de cabelo numa vingança contrao seu dom de falar. Mais tarde, o fi-lho de Cícero anunciou a derrotanaval de Marco Antônio ao sair doEgito e o imperador Augusto reco-nheceu que Cícero tinha sido um ci-dadão sábio que amara sua pátria.

Conheço tão bem essa história.Dei aulas de Literatura Latina porvários anos. Coloquei em meus filhosos nomes de Augusto e Otávio. Amenina não se chama Cleópatra, éLetícia, minha alegria.

São inúmeras as passagensbíblicas que falam sobre a língua e opoder das palavras para bênção emaldição. Que os homens serão ab-solvidos ou condenados pelas pala-vras que tiverem dito. Que se alguémnão tropeça no falar é perfeito, ca-paz de dominar todo seu corpo. Quea língua é um pequeno órgão, maspode atear fogo num bosque comuma simples fagulha. Que pode con-taminar a pessoa por inteiro e incen-diar o curso de sua vida.

Que tempo o nosso. Por todaparte línguas que açoitam, afrontam,tramam destruição, navalhas afiadas,cheias de engano e mentira, espa-das, flechas envenenadas, armadi-lhas mortais, peçonha de víboras,lábios de falsidade. Palavras carre-gadas de dinamite. Perturbação nosares. Mesmo amordaçada, a chamaque alimentou Cícero vibra em meucoração de humanista.

Raquel Naveira é membro daAcademia Sul-Mato-Grossense deLetras e do Pen-Clube do Brasil.

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Página 3 - junho de 2015

Execuções Cível Família Trabalhista

Rua Major Basílio, 441 - Cjs. 10 e 11 - Mooca - São PauloTel.: (11) 2601-2200 - [email protected]

OAB - SP 47239

Roberto ScaranoAdvogado

JULIETA DE GODOY LADEIRA - NOTÁVEL ESCRITORA

Caio Porfírio Carneiro éescritor, contista, romancista emembro do Instituto Histórico e

Geográfico de São Paulo.

Caio Porfírio Carneiro

divulgação

Julieta de Godoy Ladeira e Osman Lins

Conheci Julieta deGodoy Ladeira quandoela, eu e o João Antô-

nio vencemos um concurso de con-tos de Natal, no final dos anos cin-qüenta, promovido pelo escritorRicardo Ramos, que dirigia, na épo-ca, o suplemento literário do JornalÚltima Hora, de São Paulo. Os con-tos foram publicados no suplemen-to, houve coquetel e eu, ela e JoãoAntônio fizemos boa amizade. Deentão até sua morte, em 1997, ti-vemos encontros constantes, àsvezes esparsos, porque a vida emSão Paulo afasta os amigos pormeses seguidos. Mas sempreacompanhamos de perto o nosso“andamento” literário.

Enquanto esteve casada como escritor Osman Lins, eu partici-pei das recepções periódicas noapartamento em que moravam.Compareci a muitas delas. Foramnoites muito agradáveis, de conver-sas descontraídas, pouca literatu-ra, boas anedotas, boa bebida e ex-celentes salgadinhos.

Julieta, paulistana de nasci-mento, além de escritora, andousempre metida com publicidade,aulas na faculdade de propaganda,cursos e conferências, chegou afundar uma editora – LR Editores –onde publicou bons livros, inclusi-ve um romance-memória – PontoFinal: Katimandu – de um amigomeu, Lúcio Martins Rodrigues,muito viajado, culto e metido comobras de arte, e que esteve tantasvezes no Nepal que o consideravao seu segundo lar. Fiz as orelhasdo livro. Participei de antologia or-ganizada por ela e vice-versa.

Foi sempre uma amizade ca-marada. Via-nos mais nos lança-mentos literários, aos quais ela nãoia muito, ou nos cursos literáriosque dávamos na Casa Mário deAndrade, no tempo em que a es-critora Anna Maria Martins fora di-retora. Tirávamos alguns minutospara um dedo de prosa, e ela tra-zia sempre à baila o nome doOsman Lins, que nunca esqueceue por cuja divulgação da sua obrasempre batalhou.

Julieta era uma escritora notá-vel, desde sua estréia, em 1962,com o livro de contos Passe as féri-as em Nassau, com o qual ganhouo prêmio Jabuti do ano. Tenho todosos seus livros autografados e guar-do preferência pelo romance EntreLobo e Cão, de 1971.

Com o tempo passando, a ida-de avançando, talvez a solidão coma morte de Osman Lins, notei que aJulieta ia se tornando uma criaturaamargurada. Na sua conversa man-sa, quase carinhosa, deixava esca-par certa rispidez e renitências quenão eram dela quando mais jovem.Teve uma discussão comigo, mos-trou-se áspera, quase agressiva,por um motivo bobo, uma nonada,quando dávamos aula na Casa Má-rio de Andrade, que me espantou:

- O que é isto, Julieta? Do queé que você está falando?

Passei a ter mais cautela quan-do a ela me dirigia. Ela, porém, con-tinuou a me tratar como se nada ti-vesse acontecido. Fiquei com o péatrás, porque me diziam que ela fe-ria as pessoas por nada.

Poucos anos antes do seu fa-lecimento, tivemos juntos momen-tos muito agradáveis, porque fomosescolhidos, quatro anos seguidos, sónós dois, para membros do Concur-so de Contos promovido pela Se-cretaria Estadual de Cultura. Umconcurso em que concorriam con-tistas do Estado inteiro. Pastas emais pastas de textos curtos dasmais diversas regiões, que faziamuma pré-seleção nas delegacias dasdoze regionais da Secretaria.

Trabalho árduo. Tão estafanteque às vezes eu parava, dava umtempo, porque já nem sabia se es-tava selecionando bem ou não.

Desde o primeiro julgamento,combinamos: eu leria tudo sozinho,ela também, e não trocaríamos pa-lavra nem por telefone. Escolhería-mos um número determinado definalistas. Só então nos reuníamospara a confrontação. Da primeiravez, dentre centenas de concorren-tes, batemos, acertamos na moscaem aproximadamente oitenta porcento dos escolhidos. Rimos a va-ler. Foi fácil a classificação dos me-lhores. No ano seguinte, repetiu-sea dose. No outro, a mesma coisa.Na última vez, um ano antes da sua

morte, foi um estouro: os contosque ela selecionou foram exatamen-te os que selecionei, sem uma dis-crepância. Brinquei:

- Julieta, como nóis julga bem...- Incrível, Caio.Verdade. Nossas opiniões so-

bre o valor de um trabalho de fic-ção curta eram incrivelmente coin-cidentes, muito embora nossas li-nhas literárias fossem tão divergen-tes.

- Como julgamos bem, hem,Caio?

- Ou pessimamente iguais.Foi a última vez que nos encon-

tramos e que a vi. Cometi um pe-cado mortal: soube que ela se sub-

metera a uma operação séria, emconseqüência da qual veio a fale-cer. Caminhava para a casa dossessenta. Não lhe dei um único te-lefonema. Pode, seu Caio, fazerisso com uma amiga das letras, quecomeçou juntamente com você eJoão Antônio, através de um con-curso literário, quatro décadasatrás? Sabe, seu Caio, vá para... vápara ...

Não digo nada, porque mere-ço ir mesmo.

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Página 4 - junho de 2015

Geraldo Pereira

Geraldo Pereira é escritor,jornalista e conselheiroda Associação Brasileira

de Imprensa.

Marques Rebelo foi ogrande retratista davida carioca, trilhando,

sem dúvida alguma, o mesmo cami-nho daqueles a quem ele sucedeu:Manoel Antônio de Almeida, Macha-do de Assis e Lima Barreto. Dele meaproximei no final da década de 40,uma paixão nos unia – o América – oconheci na sede do Clube, no bairroda Tijuca, na rua Campos Sales,118, título do livro em que ele retra-ta a história do nosso Clube.

De quando em quando, almo-çava com o autor de ‘Marafa’- seuprimeiro grande livro - surgido em1935, recebendo logo dois prêmiose sendo saudado pela crítica. Con-versávamos sobre todos os assun-tos, inclusive literários, naturalmen-te. Num desses ‘papos’ perguntei-lhe: Por que a Academia Brasileirade Letras, da qual ele era membro,não abria as suas portas para doisgrandes intelectuais de prestigio,como Gilberto Freyre e Vinícius deMoraes? Respondeu-me rapidamen-te, com uma só palavra: “Nunca!”.Fiquei perplexo com a resposta, nãome deixando prosseguir com essaperplexidade, ele continuou incisivo,após o ‘nunca’, “Geraldo, você ja-mais verá na Academia um GilbertoFreyre. Quem é que quer convivercom um homem, com o qual tem quese medir as palavras para falar-lhe?Vinícius, com aquele copo de whisky,não casa com a Academia.

Já vai para mais de meio sécu-lo, Gilberto e Vinícius estão do outrolado do mundo, e não entraram na‘Casa de Machado de Assis’.

Alexandre José Barbosa LimaSobrinho, de saudosa memória, eraum intelectual na acepção da pala-vra, engajado na defesa das boascausas, intelectual participante, pre-sidente da Academia Brasileira deLetras, e da ABI - Associação Brasi-leira de Imprensa, também, foi deca-no de ambas. Era um homem sim-ples. Ex-governador dePernambuco, deputado em diversaslegislaturas, era um homem educa-do, finíssimo, dava expediente diari-amente na ‘ABI’, eu tinha pelo ex-governador da minha terra, uma pro-funda admiração, eu não, o Brasilinteiro, admiração que ele não pe-

Memórias literáriasdiu, conquistou-a, através de umavida cheia de dignidade e coragem.Barbosa Lima Sobrinho, voz semprealtiva, voz que não se calou, diantedo arbítrio militar de 64.

Época houve em que a caronano seu automóvel, quase todos osfins de tarde, me fez mais próximode mestre Barbosa Lima, no seu ga-binete da ‘ABI’, para as tertúlias lite-rárias, que sempre estavam na or-dem do dia e no final delas.

Assim como Luís Carlos Pres-tes e Heráclito Fontoura Sobral Pin-to, mestre Barbosa Lima, possuíauma memória privilegiadíssima. Nastertúlias literárias, o ponto alto eraquando ele retirava do seu ‘baú’fatos e episódios inesquecíveis, daHistória do Brasil, muitos vividos porele próprio. Chamava-me a atenção,o seu bom humor, tinha umas ‘tira-das’ que me faziam rir, eu ria e nota-va que ele ficava satisfeito e pros-seguia: “Geraldo, você conhece opoeta Jorge de Lima”, respondi-lhede imediato: “É claro!” ‘Essa NegaFulô’, o imortalizou, ele é médico temescritório aqui na Cinelândia.”

Mestre Barbosa me conta umepisódio sobre Jorge de Lima. Ele foivereador e presidente da Câmara devereadores. Numa sessão tumultua-da, com os vereadores exaltados,trocando ‘sopapos’ ele na Presidên-cia, sentado e escrevia de cabeçabaixa. Como as coisas continuavamcom ameaças, agora de revólver, umvereador apontando a arma para ooutro, um dos presentes foi corren-do até a presidência da mesa e dis-se-lhe: “Presidente, o senhor nãoestá vendo, pode sair tiros e mor-tes?” E o Jorge: “Aonde?”

O poeta, presidente, estavacom as vistas voltadas para o poe-ma que estava sendo feito naqueleinstante, não podia perder a inspi-ração.

Quando do funeral do grandesaudoso Alceu Amoroso Lima, ocor-rido em agosto de 1983, o escritor enotável memorialista Pedro Nava, empleno Cemitério de São João Batis-ta, ergueu sua voz e disse: “Quemdeve substituir Alceu, na Academiaé Sobral Pinto, que não deve ser elei-to e sim aclamado!”

A Academia estava totalmenteacovardada, escritores e jornalistas,sendo presos, surrados e torturados,e a Academia surda e muda. Não

dava uma palavra, parecia que nãoestava acontecendo nada.

Procurei Sobral Pinto e disse-lhe:“Dr. Sobral, o Brasil precisa do senhorna Academia, o senhor vai fazer aAcademia acordar, desse sono covar-de, vai denunciar esses atos de ar-bítrio, pelo qual o senhor tambémpassou.”

Toda tarde o presidente da Aca-demia Brasileira de Letras,Austregésilo de Athayde, aguardavao seu motorista, sentado num banco,no jardim da ‘Casa de Machado deAssis’. De quando em quando eupassava por lá e batia um ‘papinho’gostoso com ele. Digo isso ao Dr.Sobral e peço a sua autorização, parafalar sobre o seu ingresso na Acade-mia, com o presidente AustregésiloDr. Sobral me respondeu que não eraescritor, não tinha obras literárias,mas ressaltou que Academia France-sa tinha a figura do ‘Expoente’ de suaClasse. “Mas, eu não sou expoentede minha classe, não sou expoentede coisa nenhuma.”

Despedi-me e disse: “Tá, depoisfalaremos!”. Dali vinte minutos (a ban-ca de advocacia do Dr. Sobral ficavaalguns quarteirões da Academia),estou diante do presidenteAustregésilo, que como sempre, es-tava no mesmo lugar aguardando oseu motorista. Orgulhoso e contenteleio a matéria da Folha, sobre os fu-nerais do Dr. Alceu, dou ênfase, àsdeclarações do Pedro Nava, “Quemdeve substituir Alceu, na Academia,é Sobral Pinto, que não deve ser eleitoe sim aclamado.”

Falo-lhe da honra da Academiater em seu seio, um homem comoSobral Pinto, com a sua cultura e asua coragem. Ele ouviu, sem me pres-

tar, mas prestando muita atenção,disse-me: “Você diz ao Dr. Sobral,se ele quiser entrar para Academia,terá que visitar os acadêmicos epedir votos, como todos fazem.”

Retruquei: “PresidenteAustregésilo, o senhor sabe, o Dr.Sobral, não é homem de pedir nadaa ninguém, é um homem de altíssimarespeitabilidade, sua entrada paraAcademia, dignifica a ‘Casa de Ma-chado de Assis’”.

Numa dessas tardes, de tertú-lia com o mestre Barbosa Lima So-brinho, lembro esse episódio, ele dácontinuidade ao assunto e me dizque Gilberto Freyre queria entrarpara Academia, mas fazia questãode ser aclamado. Seria uma grandeaquisição à Casa. O que não erapossível, e passou a me explicarporquê: “Monteiro Lobato, era o es-critor de maior prestígio no Brasil ea Academia o convidou para ser seumembro, ele foi eleito por aclama-ção. A imprensa deu destaque e aposse dele foi marcada. Seria umgrande acontecimento”, me diz o Dr.Barbosa. “Um dia antes da posse,ele passou um telegrama renunci-ando. Conta-se que o seu amigo ojornalista Júlio Mesquita Filho, teriaaconselhado a renunciar, dizendo-lhe: ‘Você vai encontrar GetúlioVargas, na Academia, o homem quete prendeu?’ Tanto Monteiro Lobato,como Júlio Mesquita Filho, forampresos na ditadura de Getúlio, o jor-nalista foi, inclusive, exilado. Poresse motivo a Academia não maispermitiu a eleição por aclamação.”

Barbosa Lima Sobrinho, Arrais, Ariano Suassuna e Geraldo Pereira

divulgação

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Poemas: II Antologia - 2008 - CANTO DO POETA

Trovas: II Antologia - 2008 - ESPIRAL DE TROVAS

Haicais: II Antologia - 2008 - HAICAIS AO SOL

Débora Novaes de Castro

Opções de compra: Livraria virtual TodaCultura: www.todacultura.com.brvia telefax: (11)5031-5463 - E-mail:[email protected] - Correio:

Rua Ática, 119 - ap. 122 - São Paulo - SP - Cep 04634-040.

Poemas: GOTAS DE SOL - SONHO AZUL - MOMENTOS- CATAVENTO - SINFONIA DO INFINITO –

COLETÂNEA PRIMAVERA - AMARELINHA - MARES AFORA...

Antologias:

Haicais: SOPRAR DAS AREIAS - ALJÒFARES - SEMENTES -CHÃO DE PITANGAS -100 HAICAIS BRASILEIROS

Poemas Devocionais: UM VASO NOVO...Trovas: DAS ÁGUAS DO MEU TELHADO

Tomaram corpo as palavras

rumo ao desconhecido

campo do espanto

Mais que o canto das letras

o afeto refloriu

nos intervalos

Florescem perguntas

no fecundo solo

dos auspícios

Suspenso nas altas esferas

do entendimento

o coro harmonioso

Rangem as roldanas do arquivo

trancam memórias

lavras de emoções

beleza

DrummondianaEmanuel Medeiros Vieira

Sobrecarta(a letter came to me)

Para Maria Lúcia Simões

Fábio Lucas

Fábio Lucas é escritor, crítico literário, professor,membro da Academia Paulista de Letras

e da Academia Mineira de Letras.

Chacinas, propinas, rimas (ruins, é certo).

Não é uma solução – não é Drummond?

Havia sim uma pedra no meio do caminho.

Outra e mais outra.

Um anjo torto pousou em mim, na minha ilha, no meu país?

E recebi a bênção de um milagre cotidiano: uma criança, o coqueiro, o mar.

(Este “instante eterno” legitima a jornada.)

Uma enfermidade – a consciência da “brevidade infinita” desta vida.

“Compreender que a gramática é um instrumento, e não uma lei”.

(Fernando Pessoa, “Livro do Desassossego”)

Clamo por Deus – estou Buscando-O em todo caminho – sempre.

E Ele Desaparece/Reaparece.

E um anjo bom sorri.

(Salvador, junho de 2015)

Para Vili Andersen

(...) “Caminho todas as tardes por estes quarteirões desertos, é certo/Mas nunca tenho certeza se estou percorrendo o quarteirão deserto/

Ou algum deserto em mim” (Manoel de Barros, “Miudezas”)

Emanuel Medeiros Vieira é escritor, poeta, jornalista, advogado, críticode cinema e membro da Associação Nacional de Escritores.

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Página 6 - junho de 2015

ConcursosO Prêmio Jabuti, promovido pela

Câmara Brasileira do Livro, está com ins-crições abertas até 31 de julho para 27categorias.

Os interessados poderão inscreverobras editadas no Brasil, inscritas noISBN, com ficha catalográfica, publicadasem língua portuguesa, em primeira edi-ção, entre 1º de janeiro e 31 de dezem-bro de 2014.

Premiação: Os vencedores em pri-meiro lugar, de cada categoria, recebe-rão a importância de R$ 3.500,00 e otroféu Jabuti.

Os laureados com os Prêmios Li-vro do Ano Ficção e Livro do Ano Não Ficção, receberão, cada um, oTroféu Jabuti dourado e o valor bruto de R$ 35.000,00, sendo deduzidosos encargos legais.

Taxa de inscrição: R$ 245,00 (sócios CBL) e R$ 405,00 (não sóci-os).

Informações e regulamento: www.premiojabuti.com.br

1º Concurso Nacional de Crônicas, promovido pelo Sindicato dosAuditores Fiscais da Receita do Estado do Rio de Janeiro, está cominscrições abertas até o dia 15 de julho com o tema “Para onde vai omeu imposto?”.

Os interessados poderão inscrever trabalhos digitados em TimesNew Roman ou Arial, corpo 12, espaçamento 1,5, com um máximo de 3mil caracteres. Não há limite de textos para inscrever, desde que sejamcom títulos diferentes.

Premiação: Publicação no Informativo Plantão Fiscal, no site e mídiassociais da entidade; e 1º lugar, R$ 3.000,00; 2º, R$ 2.000,00; e 3º, R$1.000,00.

As crônicas deverão ser enviadas, em documento de Word anexa-do, para [email protected].

Informações: (21) 2509-2706 (opção 6) ou pelo e-mail:[email protected] .

Regulamento: www.sinfrerj.com.br/

Assinatura anual: R$ 70,00semestral: R$ 35,00

Tels.: (11) 2693-0392 - 97358-6255

[email protected] Herval, 902 - São Paulo - SP - 03062-000

Caminhando pela rua sossegada eu ouviao monótono martelar dos meus própriospassos nas calçadas por onde passaramtantos amigos agora ausentes.Em cada esquina, em cada casa, em cadavaranda uma lembrança, uma saudade...Cadê os bares, restaurantes, cafés ea sorveteria de antigamente? As charretesque faziam a ponte aérea entrea Avenida e a Vila Tropical, onde a boemiaacolhia os sócios e sócias da mesma dor?O que fizeram dos violões, do violino edo bandolim? E os cantores e cantoras?Estaria eu rodeado de queridos fantasmasfestejando minha volta à cidade no silênciode uma noite morna?

A voltaRaymundo Farias de Oliveira

Raymundo Farias de Oliveira é escritor, poetae Procurador do Estado aposentado.

Um dia rirei insolente ao marÀ nau que não içou as velasAo leme de asas partidas.Quem és tu, alma fingida?Como te atreves ir ao mar do amor suicida?Uma dose morna de amorO sal do oceano nos olhosE teu olhar sombrio e distanteSempre em partida.Somos corpos plantados às marésCom cheiro de terra nua...Aves mestiças de um verão morto.

PartidaCynthia Cisneiros

Cynthia Cisneiros é escritora, poeta pernambucanae Bacharel em Ciências Econômicas.

Troféu Jabutidivulgação

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Livros

A Academia Piracicabana de Letras empossou a nova diretoria, nodia 30 de maio, na Escola de Música de Piracicaba Maestro Ernest Nahle.

A entidade será presidida por Gustavo Jacques Alvim, cargo ocupadopela acadêmica Maria Helena Corazza.

Vice-Presidente – Cassio Camilo Almeida de Negri; Primeiro Secre-tário - Carmen Maria da Silva Fernandes Pilotto; Segundo Secretário -Evaldo Vicente; Primeiro Tesoureiro - Antônio Carlos Fusatto; SegundoTesoureiro - Waldemar Romano; Bibliotecária - Aracy Duarte Ferrari.

Conselho Fiscal: Walter Naime, Elias Salum e Cezário de CamposFerrari. Editor e Jornalista Responsável: João Umberto Nassif.

Conselho editorial: Antonio Carlos Neder, Ivana Maria França de Negri,Rosaly Curiacos de Almeida Leme e Myria Machado Botelho.

O Recanto dos Livros, acervo de livros de literatura, técnicos, religi-osos, jurídicos, juvenis, infantis, enciclopédias, além de CDs e revistasseminovos do Lar dos Velhinhos, foi inaugurado no dia 13 de junho emnovas instalações, Av Torquato da Silva Leitão, 615, em Piracicaba. Abertopara venda e doações de livros, aos sábados, das 8 às13 horas. A rendaobtida na venda é revertida ao Lar dos Velhinhos.

João Umberto Nassif, membro do Instituto Histórico e Geográfico dePiracicaba e da Academia Piracicabana de Letras, e sua esposa Vera es-tão à frente do projeto com a ajuda de voluntários.

Leda Coletti, membro da Academia Piracicabana de Letras, doouuma biblioteca, com mais de 5 mil títulos, para o Recanto dos Livros.

Cecílio Elias Netto foi homenageado pelo Sarau LiterárioPiracicabano, que é coordenado por Ana Marly de Oliveira Jacobino,  nodia 16 de Junho, no Museu Prudente de Moraes. O tema foi Arco, tarco ouverva. Cecílio Elias Netto, jornalista, advogado e escritor, nasceu em 24de junho de 1940, em Piracicaba. Autor de Arco, tarco ou verva e dePiracicaba que amamos tanto, obra que será lançada em três volumesem homenagem aos 250 anos de Piracicaba que será comemorado em 1de agosto de 2017. O primeiro volume foi lançado em março.

Marlene Georgete Cury Abbas Cassab, poetisa e escritora, fale-ceu aos 75 anos, no dia 10 de junho, em Piracicaba. Membro do CentroLiterário de Piracicaba desde sua fundação e membro titular fundador doClube dos Escritores de Piracicaba.

Notícias de Piracicaba

Evaldo Vicente, Valdemar Romano, Aracy Duarte Ferrari, Antonio Carlos Fusatto,Gustavo Alvim, Cassio Negri, Carmen Pilotto, Walter Naime e Elias Salum.

divulgação

Antologia UBE, organizada por Joaquim MariaBotelho, Editora Global, 288 páginas, São Paulo. ISBN978-85-260-2128-0.

A obra reúne textos de 75 autores brasileiros. São25 poemas, 25 contos e 25 crônicas, acompanhadosde textos e biografia resumida dos participantes.

Os trabalhos foram selecionados através deconcurso literário da União Brasileira de Escritores emparceria com a Global Editora.

Foram publicados textos de colaboradores doJornal Linguagem Viva como a crônica A Palavra e oSonho, de Rodolfo Konder, página 280, comreferência à publicação no jornal, edição nº 260, ano XXI, abril de 2011.

O livro foi enviado por Aricy Curvello que participa com o poemaAcampamento, página 17.

Global Editora: http://www.globaleditora.com.br/

Diário da Escrita, de Nelson Hoffmann, Furi,Florianópolis, SC, 104 páginas. ISBN: 978-85-7223-321-7.

O autor é escritor, romancista, novelista, cronista,ensaísta, advogado, contabilista e professor.Temtrabalhos publicados na França, Itália, Espanha, EUA,Portugal e Uruguai.

A obra reúne correspondências com escritoresem 2000. Foram publicadas várias cartas trocadascom o escritor e o poeta Aricy Curvello.Nelson Hoffmann: [email protected]

O Ciclo da Vida, de Djanira Pio, ScortecciEditora, 72 páginas, São Paulo.

ISBN 978-85-366-4144-7.A autora é escritora, poeta, romancista, contista e

professora aposentada. Nasceu em Santa Rita doPassa Quatro e reside em São Paulo. Tem trabalhospublicados na Itália, Portugal e França.

A obra reúne contos que têm como foco a questãofeminina e o difícil convívio de vida neste planeta.

Uma senhora muito idosa pega o telefone e lembraque não há mais ninguém para quem ligar. Desiste evolta ao seu mundo imaginário. Viver é só viver.

Djanira Pio: [email protected]

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Notícias

Indicador Profissional

Carlos Nejar lançou o roman-ce O Feroz Círculo do Homem, pelaLetraSelvagem, no dia 12 de junho,na Casa das Rosas, em São Pau-lo. As orelhas são de Miguel Jorgee o posfácio de Diego MendesSousa.

O Prêmio Machado de Assisde 2015, promovido pela AcademiaBrasileira de Letras, laureou JoséRubem Fonseca, pelo conjunto desua obra.

Mário de Sá-Carneiro: anto-logia, obra reunida de Mário de Sá-Carneiro (1890 - 1916), organizadapor Cleonice Berardinelli, foi lançadapela Edições de Janeiro.

A Academia Paraibana deLetras Jurídicas, em parceria coma Federação das Academias deLetras Jurídicas do Brasil, promo-verá o II Encontro na Semana Cul-tural, de 11 a 14 de agosto, em JoãoPessoa (PB), durante as comemo-rações dos 38 anos da AcademiaParaibana de Letras Jurídicas.Epitácio Pessoa, Patrono da Cadei-ra 22 da APLJ, que é ocupada peloacadêmico Berilo Ramos Borba,será o autor homenageado.

Academia Paraibana de Le-tras e o Instituto Federal da Paraíbapromoveram solenidades comemo-rativas ao Centenário de Nascimen-to de Aluízio Affonso Campos, JoséLopes de Andrade e Epitácio Soa-res. A academia é presidida porDamião Ramos.

A Academia de Letras deCampina Grande elegeu nova Di-retoria que será presidida por AiltonElisiário. A Academia completou 34anos de fundação no dia 8 de abril.

A Feira do Livro Infantil deShangai está com inscrições aber-tas até 30 de junho para o progra-ma de bolsas voltado para editoresde livros infantis. O projeto, apelida-do de The Shangai VisitingInternational Publishers, será reali-zado durante a Feira, de 10 a 14de novembro.

Celso Lafer, presidente daFAPESP, tomou posse na Acade-mia Paulista de Letras no dia 21 demaio, para a cadeira número 23,ocupada por Antônio Ermírio deMoraes (1928-2014), cujo patrono émonsenhor Manuel VicenteMontepoliciano da Silva (1851-1909). Lafer foi saudado por PauloBomfim. A cerimônia foi conduzidapelo presidente da Academia e se-cretário municipal de Educação deSão Paulo Gabriel Chalita. O colaracadêmico foi entregue pela filha doempossado Inês Lafer. A entrega dodiploma foi feita pelo secretário-ge-ral da Academia Brasileira de LetrasDomício Proença Filho. O eventocontou com a presença do secre-tário estadual da Cultura MarceloMattos Araújo que representou o go-vernador Geraldo Alckmin, do pre-sidente do Tribunal de Justiça deSão Paulo José Renato Nalini, en-tre outras autoridades. Estiverampresentes os acadêmicos AdaPellegrini Grinover, Anna MariaMartins, Antonio Penteado Mendon-ça, Bolívar Lamounier, DomFernando Figueiredo, ErwinTheodor, Fábio Lucas, Jorge Caldei-ra, José Fernando Mafra Carbonieri,José Gregori, José Goldemberg,José Pastore, José Renato Nalini,Júlio Medaglia, Lygia FagundesTelles, Maurício de Sousa, MiguelReale Junior, Paulo Nathanael Pe-reira de Souza, Paulo NogueiraNeto, Raul Cutait, Renata Pallottinie Tercio Sampaio Ferraz.

Luiz Ernesto Kawall foi home-nageado no Prêmio de 2014 da As-sociação Brasileira dos Críticos deArte, dia 19 de maio, no Teatro doSesc Vila Mariana, em São Paulo. AABCA destaca anualmente críticos,artistas, pesquisadores, curadorese personalidades que apoiam as ar-tes, exposições, publicações e ins-tituições atuantes no cenário nacio-nal.

Visões da Obra de HelioJaguaribe, livro organizado pelodiplomata Sergio Eduardo MoreiraLima, foi lançado na Academia Bra-sileira de Letras, com apoio da Fun-dação Alexandre Gusmão do Minis-tério das Relações Exteriores e doInstituto Histórico e Geográfico Bra-sileiro.

Ely Vieitez Lisboa ministrouduas Oficinas de Criatividade nosdias 16 e 18 de junho, na 15ª Feirado Livro de Ribeirão Preto, realizadade 14 a 21 de junho.

Ely Vieitez Lisboa elaborou oCD de Poetas de Ribeirão Preto,que será doado às Instituições deDeficientes Visuais do País.

Maria de Lourdes Alba foiagraciada, com o poema QuebraGelo, no concurso Internacional“Antonio Filoteo Omodei - Pensieriin Versi”, na categoria poesia em lín-gua portuguesa. O trabalho foi pre-miado em terceiro lugar. A entregada láurea foi realizada no dia 14 dejunho, em Catânia na Itália.

O Projeto de Lei das Biogra-fias, do deputado Newton Lima (PT-SP), destinado à divulgação e pu-blicação de biografias não autoriza-das, foi aprovado por unanimidadepelo Supremo Tribunal Federal, nodia 10 de junho. O projeto já haviasido aprovado pela Comissão deConstituição e Justiça da Câmarados Deputados, no dia 2 de abril, emcaráter conclusivo.

A ExpoCatólica, feira de livrose artigos religiosos católicos naAmérica Latina, será realizada de 2a 5 de julho, no Pavilhão Amarelo doExpo Center Norte, Av. OttoBaumgart, 1000, em São Paulo.

Maria Campos da Silva Velho(Cidoca), escritora, poeta e cronis-ta, faleceu no dia 7 de maio. Mem-bro da União Brasileira de Escrito-res, Ordem Nacional de Escritores,Academia de Letras de Campos doJordão, Clube dos Escritores dePiracicaba e da Academia Femini-na de Letras e Artes de Jundiaí.

Editora Perspectiva – 50Anos, evento em homenagem aos50 anos de fundação da editora, re-alizado no dia 20 de junho, na CasaGuilherme de Almeida, Rua Cardo-so de Almeida, 1943, em São Pau-lo. O evento contou com a presen-ça do editor e tradutor JacóGuinsburg, do poeta Augusto deCampos, de Gita Guinsburg, entreoutros convidados. A Editora Pers-pectiva, dirigida por Jacó Guinsburg,é referência na publicação de obrasde artes, literatura, filosofia,linguística psicanálise, crítica, lite-ratura, semiótica, arquitetura e ci-ências humanas.

Café, romance inédito  de Má-rio de Andrade, Editora Nova Fron-teira, foi lançado na Flip. A obra, co-ordenada por Telê Ancona Lopez,conta com a participação de profes-sores e pesquisadores do Institutode Estudos Brasileiros da Universi-dade de São Paulo.

A Universidade Jiujiang, daprovíncia chinesa de Jiangxi, reali-zou a primeira aula dada por umaprofessora robô que fez uma apre-sentação de PowerPoint e ensinoua lição. A robô foi projetada por umaequipe de pesquisa de EngenhariaInformática e Robótica Inteligente daUniversidade Jiujiang.

divulgação

divulgação

Jacó Guinsburg

Carlos Nejar

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