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Judith RODRIGUES DIAS O CÉU E A TERRA Meditações sobre a Vida Divina em Nós Humanitas Vivens Ltda Sarandi (PR) – 2008

O CÉU E A TERRA - Humanitas Vivens · Unidade Universal de Todos os Seres ... Anjos ou Angelicais? ... O que está faltando para que os adolescentes façam as

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Judith RODRIGUES DIAS

O CÉU E A TERRAMeditações sobre a Vida Divina em Nós

Humanitas Vivens Ltda

Sarandi (PR) – 2008

Judith RODRIGUES DIAS

O CÉU E A TERRAMeditações sobre a Vida Divina em nós

Humanitas Vivens Ltda

Sarandi (Pr) – 2008

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Página Catalográfica

EDITOR RESPONSÁVEL:Prof. Dr. Chico Dias (José Francisco de Assis Dias)

CONSELHO EDITORIAL:Prof. Leomar Antônio MONTAGNAProf. Luiz Antônio BELINIProf. Ivo Celestino BOSSAK

REVISÃO ORTOGRÁFICA E DE ESTILO:Prof. Ronaldo DE OLIVEIRA

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA:Prof. Dra. Ivani BAPTISTA

DIAGRAMAÇÃO:Aguinaldo ...

Assunto ISBN: Religião

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A AutoraJudith Rodrigues Dias, filha de Aristides Inácio Dias

e Zilda Rodrigues Dias, nasceu em 27 de dezembro de 1952, no município de Resplendor-MG.

Católica, fez sua primeira comunhão aos 8 anos, catequizada pelo próprio pai.

Saiu de sua cidade natal aos 10 anos, quando foi com seus pais para a cidade de Umuarama-PR.

Fez Bacharelado em Psicologia (onde????, de que ano a que ano????),

Fez curso de formação de psicólogos (onde????, de que ano a que ano????),

Fez Licenciatura em Psicologia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras “Tuiuti”, na cidade de Curitiba, Paraná.

Registrada na Ordem dos Pasicólogos sob número....Trabalhou (onde????, de que ano a que ano????), Atualmente trabalha (onde????, de que ano a que

ano????), Participou de congressos (onde????, de que ano a que

ano????),

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Agradecimentos

Agradeço a todos que me ajudaram de algum modo para que este livro se tornasse realidade, em especial, à Eliana Alves Greco.

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Índice

PARTE I:DIMENSAO HUMANA ......................................................

1. Origem do Homem ..............................................2. Liberdade e Responsabilidade ...........................3. O Amor e o Casamento .......................................4. O Sexo ..................................................................5. O Inconsciente .....................................................6. Unidade Universal de Todos os Seres ...............

PARTE II:DIMENSAO DIVINA ...........................................................

1. Somos de Origem Divina ..........................................2. Orações Positivas ou Negativas ...............................3. Céu e Inferno .............................................................4. Demônios ou Endemoniados? .................................5. Jesus de Nazaré é Deus ............................................6. A Misericórdia de Deus é Infinita e Eterna ...........7. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo ..........................8. Santíssima Trindade: Família Divina ....................9. O Bem vem de Deus e o Mal vem do Homem ........10. Anjos ou Angelicais? ................................................

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Introdução

Neste livro reporto minhas experiências espirituais. Não é “a intelectual”, nem a “Psicóloga” escrevendo. Tudo o que escrevi o fiz durante minhas orações e meus momentos diários de intimidade com Deus, Sabedoria Infinita que habita toda criatura.

Sou apenas uma voz que clama:Deus existe! Ele é único, Senhor e Criador de todas

as coisas. É infinitamente bom e misericordioso. Sempre criou e continua criando. Tudo o que criou e cria também é bom e eterno.

Ele Se coloca em cada criatura, por menor que seja. É amor, por isso nós também o somos, porque Ele “é” em nós. É simples e é “pai”. Esteve e sempre estará presente em tudo.

Nele não há contradição, erro ou incoerência. Tudo segue o seu curso – dirigido por Ele -, tudo concorre para o bem, para o prazer, para a alegria e a felicidade; por mais difícil que isso nos possa parecer.

Deus fala conosco hoje, assim como sempre falou e continuará a falar, porque Ele é o mesmo “Ontem, hoje e sempre”. Por isso, podemos, hoje, receber novas informações a respeito de coisas antigas, porque recebemos de acordo com a nossa evolução e com o momento em que estamos vivendo.

Somos filhos de Deus, não precisamos implorar, apenas pedir. Ele sempre dá tudo que pedimos, mas não é suficiente pedir da boca para fora. É necessário querer de verdade e pedir com o coração. Não estou dizendo que

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precisamos de uma grande fé, mas que simplesmente precisamos querer.

O que escrevo não é objeto de pesquisa, por isso não cito fontes nem bibliografia.

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PARTE IDIMENSÃO HUMANA

1. Origem do Homem.

Nós somos eternos. Enquanto espíritos, não tivemos início nem teremos fim. A “fonte” que nos deu origem é o próprio Deus, não importa qual o termo usado para identificá-lo. Por isso o nosso “ser” é perfeito porque é essência divina em nós. Somos de fato filhos legítimos de Deus, e Ele nos ama com amor ilimitado e eterno.

Somos eternamente livres, embora não tenhamos consciência disso. Escolhemos tudo o que somos e tudo o que nos diz respeito. Portanto somos os únicos responsáveis por tudo o que acontece conosco e também pelo que somos física, mental e emocionalmente. Quando reclamamos, de qualquer coisa, estamos tentando passar para os outros a nossa própria responsabilidade.

Quando “escolhemos nossos pais”, o nosso objetivo pode até ter sido ajudá-los, mas depois, muitas vezes, deixamo-nos contagiar pelos avós, pais, ancestrais e até mesmo por pessoas que convivem conosco e, então, fazemos escolhas inadequadas, chegando a prejudicar aos outros e a nós mesmos.

Na concepção, no momento da união do óvulo e do espermatozóide, o nosso “eu espiritual” vem fazer parte dessa união. Quando deixamos o nosso físico, voltamos para o mundo espiritual não como “um pedaço”, mas como pessoas inteiras, normais, com mais experiência. O que não significa melhores ou piores, apenas mais experientes.

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Com a morte, a nossa liberdade aumenta, porque o corpo físico limita-nos muito, fazendo com que, muitas vezes, até nos esqueçamos de que não somos apenas matéria e de que temos este corpo nesta fase da vida. Há, obviamente, diferença entre o “antes” e o “depois”, mas essa é muito menor do que costumamos supor.

Na concepção há o encontro do eu espiritual, óvulo e espermatozóide. O eu espiritual contém uma “marca indelével” – presença – de Deus, por isso tem todas as qualidades divinas. Por exemplo: liberdade, responsabilidade, inteligência, sabedoria, saúde, bondade, amor; todas ilimitadas e eternas. O óvulo traz em si, em seu núcleo, o inconsciente, que é único, mas, ao mesmo tempo, com marcas especiais. Contendo todas as heranças da mãe já selecionadas pelo espírito. O espermatozóide, assim como o óvulo, também traz consigo o inconsciente.

Na concepção tem início a formação do cérebro, do qual depende a mente consciente, que só existe graças ao funcionamento do mesmo. Durante os primeiros cinco meses de gestação, a criança só tem memória inconsciente. Mesmo assim tem poder de decisão; é livre para escolher, registrar, sentir, programar ou não o futuro. Ela sabe, desde a concepção, o que é certo e o que é errado. É livre para tomar partido numa briga dos pais, por exemplo, mas se isso ocorre até o quinto mês de gestação, fica somente no inconsciente, e ela jamais se lembrará disso conscientemente.

A mente consciente é adquirida gradativamente desde a concepção, mas só podemos dizer que ela existe de fato a partir do quinto mês de gestação. É somente a partir dessa idade que a criança pode perceber cognitivamente alguma coisa. Ela percebe tudo sempre, mas o que acontece até o quinto mês de gestação fica somente na memória

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inconsciente, e ela só tomará conhecimento se ativar essa memória.

O desenvolvimento do consciente tem início na concepção, existindo a partir do quinto mês de gestação, mas a criança só será capaz de lembrar-se de alguma coisa a partir do nascimento. Podendo lembrar-se do próprio nascimento durante o primeiro ano de vida. Ficando esse acontecimento, a partir daí, somente na memória inconsciente.

Aos cinco anos a criança pode ter a sua mente consciente totalmente desenvolvida, ficando, então, com a capacidade mental igual a dos adultos. A mente consciente funciona como uma espécie de protetor de influências externas, estando a criança, até o quinto mês de gestação, bem mais vulnerável às influências dos pais, tanto positiva quanto negativamente, tornando-se, gradativamente, menos sujeita até o quinto ano de vida.

Ela pode até os cinco anos, se quiser, entender o porquê de tudo que se passa consigo mesma e também com as pessoas com as quais convive. Porque, até essa idade, o inconsciente está bem mais aberto. Sendo o inconsciente comum, ela sabe, por exemplo, o porquê da agressividade do pai ou da submissão da mãe. E, sabendo a origem dos comportamentos dos pais, a criança pode entender e perdoar até mesmo quando é agredida.

2. Liberdade e Responsabilidade.

A criança, desde a concepção, pode fazer escolhas inadequadas, mas sempre “sabe” o que faz e pune-se por todos os seus erros, pois, além de livre, também é

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responsável. É ela quem, numa situação traumatizante, escolhe traumatizar-se ou não. Ou ainda se fica ressentida ou não com as pessoas responsáveis por tal situação. Por exemplo, numa situação de conflito, de briga entre os pais quando a mãe está grávida, quem decide o que sentir e o que fazer consigo mesmo é o bebê. Que nem estando no útero materno pode ser considerado vítima, uma vez que cabe a ele a decisão, não importando qual seja a situação entre os pais.

O inconsciente é sempre igual, não importa a idade da criança ou da pessoa. É como um banco de dados que são manipulados, no início, pelo espírito e, mais tarde, quando a criança já possui a mente consciente, ela manipula “conscientemente” o seu inconsciente.

Quem exerce o comando é o consciente, entretanto, como no inconsciente tudo é presente e está tão ativo como se estivesse acontecendo aqui e agora, podem haver reações referentes a “vivências” – experiências – anteriores. Por exemplo, uma pessoa que passou trinta anos sendo pessimista e/ou que já herdou esse pessimismo de seus ancestrais não consegue simplesmente, de uma hora para outra, deixar de ser pessimista. É necessário que ela reprograme o seu inconsciente, se não jamais será de fato uma pessoa otimista.

O funcionamento do nosso organismo é “fruto” do nosso inconsciente, mas este é programado por nosso consciente. Somos os únicos responsáveis por tudo o que acontece conosco, por mais absurdo que possa parecer, por isso não somos vítimas em situação alguma.

O adolescente está numa fase de grandes mudanças físicas que normalmente o deixam assustado. Esse é um período de transição entre o “ser” criança e o “ser” adulto. Em geral, ele não se sente criança, porém, sente, às vezes,

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vontade de brincar. Entretanto, acha que se brincar será um vexame, porque será um sinal de que ainda não cresceu. Pensa que, não sendo mais criança, tem que ser adulto, mas não está preparado.

Quer levar tão a sério o “ser” adulto que, muitas vezes, torna-se mais rigoroso que eles, passando até mesmo a dar conselhos para os pais.

Essa é uma época da vida em que a gente menos se conhece, pois começamos a sentir coisas que são da fase adulta e, ao mesmo tempo, continuamos tendo sentimentos característicos da infância.

O que está faltando para que os adolescentes façam as pazes consigo mesmos e com a vida é saberem que em nós o que ocorre, sempre, é uma soma. Ou seja, nunca deixamos de ser criança, esta sempre estará em nós.

O adolescente, assim como o adulto, tem presente e ativo dentro de si tudo o que aconteceu até essa idade. Tem condições de assumir novas responsabilidades, porém, deve lembrar que o normal para ele é o que está sentindo.

3. O Amor e o Casamento.

Deus não nos criou como coisas que se faz sem que possa escolher ou opinar como quer ser. Ele foi nos criando, nos construindo segundo a nossa vontade. Nós não fomos criados, estamos sendo. Não somos produtos acabados, estamos em constante progresso. Somos nós que escolhemos tudo, e é Deus quem nos dá. Entretanto, temos pouca consciência dessa liberdade de escolha enquanto vivemos, por isso, muitas vezes, responsabilizamos Deus e

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o destino pelo que somos, temos ou fazemos. Achamos que somos vítimas do acaso.

Acontece conosco somente o que nós permitimos ou desejamos que aconteça e nada, absolutamente nada que esteja fora de nosso controle, que não tenha sido escolhido por nós e que não seja de nossa inteira responsabilidade.

Deus deseja a nossa felicidade, entretanto nos fez livres, e é fazendo uso dessa liberdade que podemos escolher viver infelizes.

Somos livres não somente no início de nossa vida, mas continuamos durante toda a nossa existência. Assim sendo, somos nós que escolhemos amar uma pessoa e viver com ela por toda a vida ou amar e viver longe. Amar e viver felizes com quem amamos, amar uma pessoa e viver com outra ou amar alguém e viver só.

O amor verdadeiro é recíproco. Não existe amor genuíno, ou seja, aquele capaz de fazer com que duas pessoas se disponham a viver juntas por toda a vida, em uma pessoa só. Ou as duas se amam mutuamente ou o amor não existe.

O verdadeiro amor é um sentimento forte, é respeito mútuo, é compreensão, é doação, é querer o bem do outro, é querer estar juntos em todos os momentos, é dar a vida (se necessário), é enxergar e compreender as limitações, é perceber as virtudes e as fraquezas, é não confundir a pessoa do outro com os seus atos; é incondicional. Portanto, o verdadeiro amor é inconfundível.

É o amor que determina a existência ou não do casamento. A autoridade religiosa, como representante de Deus, abençoa o que é realizado pelo amor dos dois, o que é uma união de almas. Portanto, onde não existe o amor, não existe o casamento.

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O amor autêntico é eterno, logo, um casal que se amou, se ama e se amará para sempre, mesmo quando temos a impressão de que o amor acabou: o amor é “indissolúvel”.

Muitas vezes confundimos o ser com o fazer, por isso confundimos a pessoa amada com as suas ações e isso faz com que pensemos que o amor acabou só porque não aceitamos a forma de agir ou os atos da outra pessoa.

Existem pessoas que escolhem amar a todas as outras com a mesma intensidade, ou seja, não amar ninguém de modo especial. Podemos dizer que essas pessoas não servem para o casamento, pois, não fazendo distinção, torna-se impossível dedicarem-se a alguém em particular.

Amar alguém de modo especial não significa não amar aos outros, porque o amor é infinito tanto em duração quanto em quantidade de seus objetos.

O casamento é realizado na “alma” e não pode ser confundido com atração física ou interesse de qualquer outra espécie. É um somar forças, é tornar-se mais forte. É fazer parte de alguém, é sentir a dor, a alegria, a tristeza, a felicidade e o prazer com o outro, não importando se estão fisicamente juntos ou não. Quando um se sente mal, sem saber porque, deve, se possível, verificar o que está acontecendo com o outro, pois o mesmo pode estar precisando de ajuda.

A harmonia conjugal não depende só do amor, mas também do comportamento, porque uma coisa é amar e outra bem diferente é demonstrar, é viver esse amor. Um casal que se ama pode passar a vida brigando, vivendo num verdadeiro inferno, enquanto um que está junto por algum tipo de interesse pode viver em harmonia. Portanto, o amor não pode ser medido pelas ações, pelo relacionamento, mas somente pelos sentimentos que “brotam” do espírito, porque, na superfície, na consciência, pode ser misturado ou

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confundido com sensações momentâneas geradas por conflitos no relacionamento e que nada tem a ver com falta de amor.

Muitos casais, estando confusos por problemas no relacionamento, separam-se e passam a vida inteira separados, buscando, cada um para um lado, encontrar o seu parceiro ideal e não encontram, porque não sabem ou descobrem tarde demais que a questão está no relacionamento e não no amor.

4. O Sexo.

Sexo é um assunto que está preocupando muita gente, pois quando se fala muito sobre alguma coisa é porque a mesma está incomodando. E o sexo ou a malícia sexual está em quase tudo: nas novelas, nas piadas, na conversa entre os amigos e em muitas outras situações.

Considera-se que a pessoa que não tem relações sexuais sempre, ou pelo menos periodicamente, não é saudável, e se não estiver, ficará doente.

Ser homem ou ser mulher não significa ser sexualmente ativo, o que faz com que um indivíduo seja homem ou mulher não é o fato de ter ou não relações sexuais. Tudo em nós tem o seu devido lugar e quando isso não acontece gera conflito.

Deus criou o sexo sabendo a confusão que iríamos fazer com ele, pois quanto maior a tendência ao sofrimento, maior a rejeição ou a deturpação daquilo que pode colaborar com a felicidade. Por isso existe tanto conflito sexual. Sendo o sexo uma grande fonte de prazer e sentido-se, o ser humano, culpado por muitas coisas, assim necessitado de

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punição e não de prazer, nada melhor que transformá-lo em pecado, em algo ruim, exatamente o oposto do que foi criado por Deus.

Acredito que o sexo foi criado não somente para a procriação, mas também para o prazer. Se nós que somos humanos ficamos felizes com a felicidade de nossos filhos, por que Deus não ficaria?

Somos livres e temos “meios” para fazer de nossa vida um inferno ou um paraíso, só depende de nós. Assim como podemos usar as mãos para abençoar, também podemos usá-las para matar. Tudo está à nossa disposição e podemos usar para o bem ou para o mal. Até os alimentos, se ingeridos adequadamente nos proporcionam a vida, se não, podem matar-nos. O sexo não é o único presente de Deus que, muitas vezes, usamos para o mal, ele é apenas mais um.

Quando saudáveis, somos bons para conosco e para com os outros; somos amigos, responsáveis, alegres e procuramos fazer somente aquilo que gera felicidade. Amamos a tudo e a todos, sabemos e fazemos só o que é melhor para nós e para os outros.

Sentir atração física por uma pessoa que, por algum motivo, não pode ser nossa é o mesmo que ter vontade de roubar. Uma coisa é querer e outra bem diferente é fazer. O sentir vem dos impulsos e o fazer vem da razão. Posso sentir vontade de agredir fisicamente a alguém, quando este nada fez por merecer, porém, não posso e não devo fazer isso.

Se uma pessoa casada começar a distribuir aleatoriamente seus bens, com certeza a outra vai sentir-se roubada, e isso vai gerar conflito e infelicidade para ambas. O mesmo acontece em relação ao sexo. Para tudo existe um limite. A medida depende de cada um. A razão deve estar

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sempre aliada à vontade. Evitar conflitos não faz mal a ninguém.

A expressão “o que os olhos não vêem o coração não sente” é usada, muitas vezes, para justificar traições conjugais. Mas é um grande engano, porque o que os olhos não vêem às vezes machuca mais, pois sabemos que está acontecendo alguma coisa, porém não sabemos exatamente o quê. Isso gera um conflito muito grande, porque a pessoa traída além de tudo se sente enganada, pois se fosse diante dela facilitaria a defesa.

Quando uma pessoa faz algo errado, que machuca a alguém, é a primeira a punir-se, a entregar-se para diminuir o seu sentimento de culpa. Faz isso inconscientemente, entretanto deixa bem claro para a outra que alguma coisa está acontecendo. Além de demonstrar, de alguma forma, que é culpada, permitindo assim que a outra perceba, existe o inconsciente que é comum a todos, portanto tudo que se passa com uma a outra sente.

Normalmente as pessoas não tomam consciência de tudo que se passa com as outras, entretanto, há uma comunicação especial entre os amantes facilitando assim “saber” o que se passa com o outro. Dificultando e muito para a pessoa que quer esconder alguma coisa, porque ela tem o inconsciente comum e normalmente quer esconder da pessoa que sabe mais que as outras (pessoa amada) e ainda se comporta de forma que a denuncia. Por isso, por mais que tente enganar, mais cedo ou mais tarde vai perceber que perdeu o tempo. Porque a outra não só percebeu o que se passava como também ficou muito magoada, e o relacionamento conjugal que se queria preservar está totalmente arruinado. No final, a pessoa que pensava estar enganando ou “poupando” a outra, percebe que só conseguiu enganar a si mesma e a mais ninguém.

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Ninguém é capaz de esconder nada de ninguém, se alguém pensa que está conseguindo está somente enganando a si próprio. Quando nos comportamos de forma que prejudica alguém, os mais prejudicados somos sempre nós mesmos.

Tudo que nos dá prazer de fato, que não seja um mero “prazer” físico, mas que envolva a alma e que não gere sofrimento para ninguém, é um presente de Deus, é uma bênção do Pai, que deve ser usufruída sem culpa e sem medo.

5. O Inconsciente.

O inconsciente é um código genético que está localizado no interior de cada célula. Nele está gravado o passado, o presente e o futuro em matéria de experiência de vida, que pode ter sido ou vir a ser vivida, por toda a criação e de todos os tempos. Em outras palavras, o inconsciente é único e comum a toda à criação, não somente à humanidade.

É fazendo uso de nossa eterna liberdade de escolha que escolhemos o bem ou mal, pois tudo está à nossa disposição.

Analisando que no inconsciente está gravado o passado completo e o futuro também completo, chegamos à conclusão de que tudo é um eterno presente, uma vez que podemos fazer uso de qualquer informação, não importando se pertence a um passado ou a um futuro igualmente distante.

Podemos escolher coisas boas ou ruins, assim como alguém que vai a um supermercado com dinheiro suficiente

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para comprar tudo o que desejar, isso, imaginando um supermercado que tenha tudo.

Somos livres para escolher o que quisermos, não importando quais foram as escolhas de nossos pais ou antepassados, mas, na maioria das vezes, tentamos imitá-los.

Para ativarmos a memória inconsciente basta relaxarmos e então entramos em contato não somente com o nosso inconsciente, mas também de qualquer pessoa e até mesmo de qualquer criatura e de qualquer tempo, pois o inconsciente é único. Por isso quando cometemos um erro ou praticamos uma ação boa ou má, interferimos na ordem de todo o universo, mas em especial de nosso próprio ser.

Somos a integração do eu espiritual com todas as nossas experiências. Não existe o passado, tudo está em nós como um eterno presente.

É a nossa mente consciente que exerce o comando, mas somos constantemente influenciados por experiências passadas registradas em nosso inconsciente.

Tudo está gravado ou registrado tanto as experiências positivas quanto as negativas. A nossa felicidade ou infelicidade só depende de nós, de nossas escolhas.

Podemos exercer, mentalmente, muita influência sobre os outros. Entretanto, essa influência é exercida principalmente pelo nosso consciente, pelo nosso pensamento. Portanto, podemos colaborar positivamente com todo o universo, mas principalmente com as pessoas que conhecemos, pois somos, de certa forma, responsáveis por todas.

Ainda sobre o inconsciente podemos dizer o seguinte: imaginemos um grande livro, com muitas páginas. Neste estão impressas palavras ou frases que podemos ler ou ver, mas para isso precisamos de um pequeno esforço, como

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fazemos com as marcas que chamamos de marca d’água. Durante a nossa existência vivemos aquilo que vamos escolhendo e, assim como vamos escolhendo, destacamos as marcas, tornando-as mais legíveis. Assim fazemos com que a nossa página seja diferente da dos outros. Se quisermos, podemos imitar os outros, pois temos acesso a todo o livro.

Somos livres, mas, às vezes, deixamo-nos levar por coisas que nossos pais, avós ou ancestrais (não importa a distância, o livro é o mesmo) fizeram, ou seja, viveram. Assim agindo, damos seqüência a comportamentos que escolhemos livremente e que acusamos aos outros como responsáveis: alegando tratar-se de herança genética, portanto de uma fatalidade. Tirando-nos da condição de livres e responsáveis por tudo o que acontece conosco, colocamo-nos na condição de vítimas do destino.

Podemos ser únicos, porque infinitas são as possibilidades à nossa disposição. Deus nos fez únicos, porém deu-nos plena liberdade de escolha e é, fazendo uso dessa liberdade, que escolhemos imitar os outros.

Comparando o inconsciente com um computador, dizemos que a energia que permite o seu funcionamento é a energia vital. Mas, além da energia, é necessário que se tenha um instrutor e assistência técnica. O que estou tentando dizer é que não podemos fazer absolutamente nada sem Deus, e Ele não nos daria um “computador” tão eficiente se isso fizesse com que não precisássemos mais d’Ele, porque nos ama e nos quer bem juntinhos de Si Mesmo.

Somos sábios à medida que tivermos consciência do quanto dependemos de Deus – não importa qual o nome dado a Ele. Por mais que tentemos, jamais vamos conseguir nos desligarmos ou tornarmo-nos independentes, porque Ele é a nossa essência. Acreditar que podemos viver sem Deus é

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o mesmo que afirmar que um ser vivo pode viver sem a vida.

6. Unidade Universal de Todos os Seres.

Nós somos um com Deus e todo o universo. O universo é um ser individual assim como uma ameba, que é unicelular. Como diz o ditado:

“Tamanho não é documento!”.O universo, constituído por uma infinidade de

galáxias contendo, cada uma, muitos mundos e, cada um destes, uma infinidade de seres de toda espécie, é vivo. Tudo tem vida, mesmo que, aos nossos olhos, não cresça, não se desenvolva ou se movimente. Além do que vemos ou sabemos que existe, há muitas outras realidades vivas no universo. Por exemplo: água, ar ou terra; não só contêm seres vivos nesses elementos, como eles próprios têm uma espécie de vida, porque Deus habita em tudo, e Ele é a própria vida. Existe uma enorme quantidade de seres que fogem totalmente à nossa compreensão.

O nosso consciente, que nos permite tomar conhecimento científico das coisas, não nos dá possibilidade jamais de abarcar o Todo, porque, conscientemente, somos muito limitados. Muitas vezes até pensamos que só existe aquilo que conhecemos. O que foge de nossa compreensão achamos que pode tratar-se de fantasia, produto de nossa imaginação.

Dizer que no fogo não há vida por causa do calor é o mesmo que pensar que no gelo não há devido ao frio. Afirmar que só existe aquilo que, de algum modo, pode ser

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visto ou experimentado por nós é tão verdade quanto um cego dizer que não existe o que ele não pode ver.

Em nosso mundo há muita incoerência, muita falta de raciocínio. Porque, se, pacatos seres humanos, vivendo numa comunidade isolada, acreditarem ser os únicos do planeta, do universo, achamos isso bastante cômico e os consideramos “ignorantes”. No entanto, não nos damos conta de que fazemos exatamente a mesma coisa quando não acreditamos naquilo que não vemos.

Há muito tempo a lua era venerada como um deus e ainda o é por alguns povos. Se nessa época alguém afirmasse que um dia o homem pisaria nela, o que aconteceria?

Pensando no quanto a humanidade evoluiu não dá para entender porque tantas pessoas ainda duvidam que existe vida fora da Terra. Aqui, na Terra, acredito que há regiões habitadas por pessoas que são totalmente ignoradas por nós. E que também elas ignoram a nossa existência, no entanto nós existimos, e elas também. Assim, nos comportamos em relação aos outros mundos ou às outras dimensões exatamente como esses poucos da Terra que pensam ser os únicos.

Muitas mulheres dizem para os maridos ou sobre os maridos que eles podem “aprontar” à vontade contanto que elas não saibam. Fala-se que marido traído é o último a saber. É assim que muitos de nós se comportam em relação aos extraterrestres. Negamos o óbvio. Afirmamos que não vimos o que todos sabemos que sim. Assim expomos ao ridículo aqueles que têm coragem de afirmar que viram. Todos sabemos, porém, negamos. E quem fala a verdade passa por louco, por desequilibrado. Até quando? Até quando sustentar essa situação de “marido traído”?

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Por que tanto medo de admitir o óbvio? Por que continuar insistindo que somos os únicos do universo? O que perde um professor que um dia descobre alguém que sabe mais, portanto capaz de lhe ensinar alguma coisa? O que acontece com alguém que pensa ser o mais atrasado e descobre outro que sabe menos, que tem muito a aprender com ele?

Assim como em nosso corpo existem células mais velhas e mais novas: umas nascendo, outras morrendo, o mesmo acontece no universo. Há mundos mais velhos e mais novos. Uns nascendo outros morrendo.

Já imaginou se as células ou os órgãos do nosso corpo, de repente, passassem a fazer de conta que os outros órgãos ou células não existissem? Seria, com certeza, uma grande confusão! Imagine o coração fingindo que os pulmões não existem ou estes fazendo o mesmo com o coração: e, depois de tudo, ainda achar que fez vantagem, que estava sendo inteligente, realista ou precavido?

Costumamos dizer que:“é mais fácil dar a vista a cem cegos que mostrar a luz

a um que não quer ver.” Isso é, com certeza, uma grande verdade, pois aquele

que quer tudo pode. Mas, por aquele que não quer, nada se pode fazer.

Enquanto não resolvermos abrir os olhos para a realidade, esta que insistimos em rotular de fantasia de desocupados, o nosso relacionamento com os não-terrestres vai ficar cada vez mais conflitante. Assim como as crianças fazem, muitas vezes, coisas reprováveis para chamar a atenção, o mesmo está acontecendo com os extraterrestres: enquanto fingimos ignorá-los.

Quanto mais depressa pararmos de fingir de mortos, mais rápido teremos a chance de vivermos em paz. E de

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lucrarmos muito com isso, porque temos muito a aprender e a ensinar num relacionamento harmonioso com eles.

Deus é como um pai de família que ama a todos os seus filhos e os compreende, mesmo quando há rixas entre eles. Ele está, ao mesmo tempo, em todo o universo, é como se tudo estivesse acontecendo numa mesma casa. Portanto, nosso relacionamento com os extraterrestres é o mesmo que irmãos, filhos do mesmo pai e mesma mãe, morando juntos, não se entendessem ou, até, fingissem não saber da existência uns dos outros.

Numa escola, normalmente, existe um único diretor, e os alunos passam por diversos níveis. É raro um aluno entrar na escola para estudar somente uma série. Os mesmos professores, muitas vezes, ensinam nas diversas classes, e um aluno pode ter o mesmo professor várias séries seguidas.

O bom andamento de uma escola como um todo depende da união, do amor e disciplina de todos. Ou seja, diretor, professores, alunos e demais funcionários. Uma escola jamais será considerada modelo se não houver, dentro dela, pessoas dispostas a cooperarem umas com as outras, tendo como objetivo comum a formação dos alunos. Isso só será possível se cada um der o melhor de si visando sempre o melhor para todos.

Além da necessidade de todos os membros da escola estarem unidos entre si, ainda é necessário que haja intercâmbio de informações e de interesses entre as diversas escolas. Se a comunicação dentro de uma mesma escola é de importância vital para todos e é também importante a comunicação entre as escolas de todo o país e do mundo: com certeza, não seria de se desprezar a troca de informações entre escolas interplanetárias.

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Em um intercâmbio de informações, quanto maiores as diferenças entre as partes, maior o crescimento de todos. Contanto que queiram somar conhecimentos.

Assim como os alunos têm formação melhor quanto maior a comunicação interna e externa da escola, serão melhores cidadãos os indivíduos que forem mais unidos dentro e fora de seu país, ou seja, que também troquem informações com os demais países. O mesmo acontece com as pessoas de um mundo que não só procuram ser unidas entre si, como ainda com as de outros mundos, não importando se possuem aspectos físicos semelhantes ou não.

Forma física não deve ser levada em consideração, pois temos em nosso próprio meio pessoas muito diferentes uma das outras. E ainda convivemos com os animais, que nos permitem conhecer formas muito variadas. Se pararmos para pensar, chegaremos à conclusão de que somos tão diferentes que ser diferente é a regra e não a exceção. E para isso não precisamos ir longe, nem mesmo a outros países. Portanto, não há por que nos assustarmos com a forma física de nossos irmãos de outros planetas.

As nossas maiores diferenças são apenas no aspecto físico. Nós mesmos, durante a nossa vida, passamos por tantas mudanças que até nos estranhamos. Não só passamos pelas diferenças normais devido às diversas fases de desenvolvimento físico, como também podemos ficar gordos ou magros, em extremo, a ponto de não sermos reconhecidos até por nossos familiares. Há também as nossas reações internas que nos fazem mudar de cara a todo momento.

Costumamos rotular os seres de acordo com as suas formas físicas, esquecendo que o que realmente os identifica é o seu “caráter espiritual”. O aspecto físico é superficial e

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passageiro, portanto não pode servir de identidade para ninguém. Isso tanto é verdade que existem criminosos procurados pela polícia que vivem no meio do povo e, muitas vezes, junto a seus próprios perseguidores. Estes não os reconhecem, porque o físico é realmente sujeito a muitas transformações. Os criminosos, ou qualquer um que queira passar despercebido, não se escondem ainda mais por causas espirituais, pois, muitas vezes, demonstram um “comportamento estranho” que os denuncia.

O físico é como a roupa que, no inverno, pode nos fazer parecer maiores que no verão devido a sua espessura. Espiritualmente somos todos iguais, todos irmãos, porque descendemos do mesmo Pai. Não há diferença entre as plantas e os seres mais evoluídos que costumamos chamar de anjos ou de santos. A diferença entre os vegetais e os anjos é somente uma questão de tempo. Assim como é a diferença entre as crianças do maternal e os doutores, um embrião humano e uma pessoa adulta.

Deus habita em toda a criação. Todas as coisas e todos os seres superiores ou inferiores descendem do mesmo e único Ser, que é Deus. Não importa que nome damos a Ele.

Tudo que nasce, cresce, envelhece e morre tem vida, tem espírito, tem personalidade própria, mesmo que pouco evoluída. Vida e espírito é a mesma coisa. A morte não existe, pois o espírito não morre, portanto, tudo que vive é eterno.

Quando olhamos com os olhos físicos, vemos somente o físico. Se este se modifica, não o reconhecemos. Por exemplo, se procuro um aluno de um determinado Colégio, aluno esse que não conheço; procuro entre os que estão uniformizados e só o encontro se ele realmente estiver

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com o uniforme. Entretanto, se o conheço o encontrarei mesmo estando sem uniforme.

Olhamos tudo com “olhos físicos”, por isso vemos tantas diferenças. Atribuímos valores pensando como seres físicos que vêem somente a matéria. Todavia, se lembrarmos que somos espíritos e olharmos com os “olhos do espírito”, enxergaremos a homogeneidade de todos os seres. Veremos que somos, de fato, irmãos. Não importando se vegetais, animais ou humanos.

A harmonia universal não depende apenas do bom relacionamento entre os humanos, mas também entre estes e os demais seres do universo. Comparando a família – pequena célula familiar – com o mundo e a Humanidade inteira com o Universo, observamos que, assim como não podemos afirmar que uma família é saudável ou feliz sem levarmos em conta todos os familiares, não podemos falar do Universo e sobre a união dos povos sem considerarmos a relação entre os planetas e seus habitantes.

Comparando o nosso corpo com o universo e cada célula com um mundo, diremos que assim como só há saúde se houver um perfeito equilíbrio entre as células, o mesmo acontece no universo que se torna mais saudável à medida que aumenta a união e a harmonia entre os “mundos”.

Pensar que somos os únicos do universo é o mesmo que nos considerarmos auto-suficientes. Isso é tão pouco saudável quanto o seria se as células de nosso corpo agissem como livres e independentes.

Entretanto, assim como as células, sabendo ou não, trabalham em equipe e com o mesmo objetivo, todos nós, de todos os planetas, tendo consciência ou não, trabalhamos para o mesmo fim: a perfeição de cada um e de todos. Ou seja, a perfeição de todo o Universo.

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Tudo vive, cresce e progride. A perfeição, que é objetivo de todos, pode ser retardada ou acelerada, dependendo de cada um. Todos, sem exceção, a atingirão. Mas não no mesmo espaço de tempo. O percurso é o mesmo, porém a duração da viagem depende do viajante. Quando decido fazer uma viagem, escolho a data, o caminho, o meio de transporte. Ainda escolho que roupas vestir durante a viagem. Estando frio, posso escolher roupas para calor ou vice-versa. Quando escolhemos tudo de forma adequada, com certeza, nos sentiremos mais felizes do que se agirmos de modo diferente.

Realmente são muitos os caminhos para se chegar a um mesmo lugar. São muitas as formas de ir até lá. A escolha é do caminhante. Durante a caminhada não devemos ter medo de ajudar os que nos pedem, pois, às vezes, nos enganamos em relação ao nosso veículo, que pode quebrar, e então seremos nós a necessitarmos de ajuda.

Ajudar os que necessitam aumenta o nosso círculo de amizade que gera aumento de recursos e probabilidades de uma viagem mais segura, confortável e feliz. Caminhando em caravana, todos se sentem mais à vontade e protegidos, porque unindo as forças todos ficam mais fortes. Seguem em frente sem medo das intempéries, das dificuldades que possam surgir.

Isso tanto é válido para a nossa viagem em busca da perfeição, quanto para a nossa vida atual, ou ainda, para qualquer coisa que nos propusermos a fazer.

Somos mais felizes à medida que entramos em harmonia conosco mesmos, e isso só é possível se, de alguma forma, fizermos as pazes com a nossa família, a nossa comunidade, o nosso país, mundo, demais planetas, dimensões, Universo e Deus.

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PARTE IIDIMENSÃO DIVINA

1. Somos de Origem Divina.

Nosso espírito “contém” a presença de Deus. Somos Seus filhos legítimos. Ele nos ama com infinito amor. Somos “eternos” e fomos criados à Sua imagem e semelhança.

Somos livres para escolhermos tudo em nossa vida, até mesmo os “nossos pais” e o “nosso sexo”. Se somos livres, como conceber o Pecado Original? Será que somos livres para tudo menos em relação a isso? Nesse caso onde estaria a liberdade? Se isso fosse verdade, não seríamos livres e, se não o fôssemos, não seríamos responsáveis. Só é responsável quem é livre, quem tem outra opção e mesmo assim escolhe o que é errado. Quem não é livre não pode ser responsabilizado, porque não é culpado, é vítima.

Existem heranças negativas que são escolhidas por muitos, durante muitos anos. Escolhemos coisas, até mesmo, do início da humanidade. Como já disse, são escolhidas e não necessariamente herdadas. Podem ser escolhidas ou não, depende de cada um.

Temos muitos problemas: conflitos, registros negativos ou pecados. Alguns desses foram herdados por nós, outros tiveram a sua origem em nós. Durante a nossa vida podemos nos libertar de muitos empecilhos, mas também podemos mantê-los e adquirir muitos outros, só depende de nós.

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São os nossos descendentes que nos escolhem como seus ancestrais e, além disso, eles podem escolher ou não ter os mesmos problemas que nós.

O fato de sermos de origem divina não significa que não precisemos estar em comunhão com Deus através da oração. Ele nos fez a partir de Si mesmo para que fosse impossível nos separarmos d’Ele. Mas quer que estejamos juntos não só por sermos “partes” d’Ele, mas porque queremos estar com Ele.

Assim como a autoridade religiosa não faz o casamento, mas sim o abençoa, também não faz com que o batizando se torne filho de Deus, porque ele já o é. Acredito que, assim como Deus quer que o casal receba as bênçãos através da Igreja, também quer que nós, Seus legítimos filhos, sejamos batizados. Não para nos transformarmos em filhos, mas sim para assumirmos publicamente que aceitamos ser.

As graças divinas são inerentes a nós, porque “Deus é em nós”. Entretanto, conseguimos bloqueá-las com as nossas escolhas negativas.

Não vamos à escola adquirir inteligência, pois esta já nos pertence. O que precisamos e o que buscamos é adquirir conhecimentos e, assim, desenvolvemos e tomamos consciência de nossa inteligência.

A maioria das pessoas não sabe e não se preocupa em aprender os nomes, como funciona, ou para que servem os seus próprios órgãos. Isso não faz com que os mesmos, ressentidos, parem de funcionar e/ou ao menos se perturbem. O mesmo acontece com as pessoas que não sabem que têm Deus “dentro de si”, que foram criadas por Ele. Não sabem ou não acreditam sequer que Ele existe, nem por isso deixam de ter Deus dentro de si e de receber tudo de que necessitam para viver e serem felizes.

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Assim como, para que os nossos órgãos funcionem em perfeita ordem, não precisamos, necessariamente, conhecê-los, o mesmo acontece conosco em relação a Deus, que nos ama de forma incondicional e que não priva ninguém de Suas graças, porque conhece íntima e integralmente a todos os Seus filhos.

Nós, que somos humanos, sabemos amar a todos os nossos filhos, não importando se se comportam ou não como gostaríamos que se comportassem, imagine Deus com Sua infinita bondade e misericórdia!

Seria ótimo se tivéssemos com os nossos filhos um excelente relacionamento e se eles nos conhecessem profundamente, porque assim teríamos uma comunicação autêntica, verdadeira e especial com eles. Mas não deixamos de amá-los ou de protegê-los se isso não acontece. E muito menos os punimos se não correspondem aos nossos anseios. Como podemos acreditar que Deus seja capaz de punir-nos quando estamos fora do ideal? E quem sabe qual é o ideal?

Por sermos filhos de Deus e termos em nós Sua presença, somos bons e não somos capazes de praticar qualquer ato de maldade, a menos que estejamos “doentes”. Se nós compreendemos que ninguém, em “sã” consciência, é capaz de praticar o mal, porque prejudica mais a si mesmo que aos outros, pois se pune por todo mal praticado e ou desejado contra quem quer que seja, por que pensamos que Deus seria capaz de punir ou condenar Seus filhos, quando Ele sabe tudo e os ama tanto?

Amamos os nossos filhos mesmo quando não são exatamente aquilo que gostaríamos que fossem. Podemos procurar instruí-los, mas eles podem aceitar ou não a instrução. Não devemos obrigá-los a se comportar de acordo com as nossas expectativas. Assim é Deus em relação a nós.

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Ele nos ama e quer o melhor para nós, porém nunca nos obriga a coisa alguma, porque sabe que o que importa de fato é o que vem do espírito e não o que vem de fora.

Os filhos têm muito dos pais e são filhos quer queiram quer não. Uma vez filhos, sempre filhos. Por mais que se revoltem, briguem ou esperneiem jamais deixarão de sê-lo. As características dos pais que estão nos filhos desde a concepção são inerentes a eles eternamente. O que pode acontecer durante a vida é a manifestação ou não de determinadas características, o que não significa, em caso negativo, que não as possua.

Assim como são os filhos em relação aos pais, somos nós em relação a Deus. As características divinas estão em nós quer queiramos ou não; quer demonstremos isso durante a nossa vida ou não.

Os dons divinos que costumamos chamar de dons do Espírito Santo são inerentes a nós, são heranças divinas para nós, assim como são as características dos pais nos filhos. Se são manifestados ou não, durante a nossa vida, depende de nós, de nossa aceitação e “disponibilidade”; não manifestá-los não significa, em hipótese alguma, não possuí-los.

O comportamento dos filhos em relação aos pais determina o relacionamento entre ambos, que pode variar de péssimo a excelente, porém jamais vai determinar se são ou não filhos. Isso não depende da maneira de agir e nem do querer, é algo imutável.

Assim como as ações dos filhos em relação aos pais não interferem no fato de serem filhos, também os nossos comportamentos não determinam se somos ou não filhos de Deus.

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Acreditar que só os batizados são filhos de Deus é pensar que os que têm religião são melhores que aqueles que não têm.

Se não fôssemos filhos de Deus, Ele seria para nós um estranho, tão estranho que não teria nada a ver conosco, e isso faria com que não o desejássemos como Pai. Portanto, ninguém se batizaria, pois não teria por quê.

Somos filhos legítimos de Deus quer sejamos batizados ou não. Ele nos ama com amor eterno e infinito mesmo quando sequer sabemos que Ele existe. Deus nos ama de forma incondicional, ou seja, não depende de nosso comportamento, não depende do fato de sermos batizados ou não.

Assim como existem pessoas que vivem saudáveis, que agem de maneira correta sem nunca terem aprendido, mas o fazem de forma instintiva, outras têm consciência e procuram fazer somente o que aprenderam como certo. Ainda existem aquelas que sabem o que é certo, entretanto escolhem viver de modo diferente prejudicando não somente si mesmas, mas também outras. Assim é em relação à vida de modo geral e também em relação à religião.

O que nós batizados deveríamos fazer é procurar instruir aqueles que desconhecem o que acreditamos ser a “Verdade” e tentar criar o desejo de mudança em quem sabe que está errado, mas não quer ou não tem forças para mudar. Porém, devemos sempre lembrar que não somos melhores que os outros e que os não batizados são tão filhos de Deus quanto os batizados.

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2. Orações Positivas ou Negativas.

Qualquer pedido é uma oração, consciente ou inconsciente. Para avaliarmos as nossas orações basta observarmos o que acontece conosco no nosso dia a dia, a nossa vida. Tudo é fruto de nossas orações, que podem ser positivas ou negativas.

Todo desejo é uma oração. Toda ação em prol de alguma coisa é uma oração. Tomar um medicamento com o objetivo de aliviar uma dor é um pedido de cura, é uma oração. Entretanto, se o objetivo for negativo também é uma oração.

O trabalho é um pedido a Deus de coisas necessárias, importantes para a vida. A alegria é um agradecimento. Querer que uma dor passe é um pedido de cura. Desejar não ver ou não ter visto alguém ou alguma coisa é um pedido de cegueira. Assim como desejar ver o é para enxergar.

Se uma mulher grávida toma um copo de água com o objetivo de provocar um aborto, o bebê poderá de fato morrer. Neste caso o que faz com que o feto morra é a intenção, é o desejo de destruí-lo, desejo este aceito por ele. Entretanto, se a mãe, levada por algum motivo que não seja o desejo real de matar, ingerir um veneno, este poderá não provocar dano algum. Em outras palavras, um copo de água, que, pela sua composição química, é inofensivo, pode matar, enquanto um veneno pode não deixar rastro como se não tivesse sido ingerido.

O pior dos venenos é o desejo de destruir ou destruir-se. Desejar morrer é um pedido de doenças ou de meios para atingir o objetivo. A doença, assim como um acidente de qualquer tipo, não passa de um instrumento utilizado para suicidar-se.

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Desejar viver é um pedido de saúde, paz e alegria, é uma grande e poderosa oração de cura e de tudo mais de que se necessita para a realização do objetivo.

Quanto maior o número de pessoas otimistas, alegres e saudáveis, maior será a bênção sobre todos, porque recebem conforme o que desejam. Porém as pessoas que, mesmo estando no meio das outras, estiverem desejando o mal, não farão uso das graças que são para todos, mas que as quiserem.

Muitos se revoltam por terem a impressão de que Deus não os escuta e assim argumentam:

“Eu rezo tanto e nunca recebo o que peço e conheço pessoas que nunca rezam e são muito mais felizes!”.

O que acontece é que pedem uma coisa com a boca, enquanto o coração deseja outra. Sempre que isso acontece, quem vence é o coração. Deus ouve e atende sempre, até mesmo contra a Sua vontade, porque respeita a nossa liberdade. Por que contra a Sua vontade? Por que Ele deseja somente a nossa felicidade, mas, quando não a desejamos, Ele não tem outra opção senão nos deixar ser infelizes.

Deus quer que rezemos por nós e também pelos outros – vivos e mortos -, mas quer que a nossa oração seja uma união da mente, do coração e da boca. Quer que saibamos que estamos rezando, que desejemos que a nossa oração seja atendida e que mostremos isso com o nosso comportamento.

Quando rezamos pelos outros, quem mais se beneficia somos nós mesmos, porque quem deseja coisas boas para os outros também deseja para si, enquanto que a pessoa para a qual intercedemos só receberá a graça se ela a quiser.

Podemos pedir tudo o que quisermos, para nós e para os outros. Não há necessidade de sentir vergonha por pedir coisas “pequenas”, “banais”, achando que vai incomodar

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Deus com coisas sem importância. Tudo o que nos faz falta, por mais insignificante que pareça ser, é de um valor imenso para Deus. Ele dá mais atenção do que nós às coisas que desejamos. Se tudo é dado por Ele por que não nos conscientizamos disso e pedimos sem receios tudo de que precisamos?

Além de ter claro o que pedir, é necessário também saber o porquê e para quê. Não devemos fazer as nossas orações ou pedidos só por hábito, por estarmos acostumados, uma vez que esse comportamento gera um pedir sempre e um receber nunca. Torna-se um pedir só por pedir, mas sem o menor desejo de receber.

Para que um pedido seja sincero e verdadeiro é imprescindível que saibamos o que realmente queremos e, se o que queremos é, de fato, o melhor para nós naquele momento, ou seja, deve ser um ato consciente e inteligente.

Tudo o que queremos ou desejamos, não importa se se trata de coisas boas ou ruins, é uma oração. Quer saibamos disso ou não. Nada, em absoluto, acontece fora de Deus. Existimos porque Ele nos fez. Vivemos porque Ele quer que vivamos. Ele está em tudo. Ele é tudo. É impossível fugir dessa realidade.

Há pessoas que pensam que rezar é sinal de fraqueza, “é coisa de mulher”. Isso é ignorância, porque somos, se comparados a Deus, infinitamente pequenos. Muitas vezes acontece o contrário, achamos que somos pequenos demais e sem importância para que Ele Se preocupe conosco. É verdade que somos pequenos e que Deus é infinitamente grande, mas também é que Ele é bom, justo e misericordioso e, ainda, é nosso Pai e Amigo.

Não precisamos nos preocupar com a Importância de Deus, porque não somos nós que “subimos” até Ele, mas Ele que “desce” até nós. É Ele quem fala a nossa língua.

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A nossa comunicação com Deus melhora à medida que passamos a conhecer melhor a nós mesmos e aos outros. Quando não somos capazes de olharmos para dentro de nós e de ouvirmos as nossas próprias queixas, também não nos é possível ter um bom relacionamento com os outros e com Deus. Não ficamos de bem com Deus sem primeiro ficar de bem com a vida e com os outros.

Não devemos deixar que as nossas orações fiquem por conta dos desejos inconscientes, porque muitos são os registros negativos em nosso inconsciente e que funcionam como verdades incontestáveis para nós.

Quando não recebemos o que pedimos, podemos perguntar por quê. Pode ser que temos registros inconscientes contrários ao que estamos pedindo ou trata-se de impaciência nossa ou, ainda, pode não ser o ideal para nós. A resposta virá de acordo com a capacidade intuitiva de cada um. Uns podem ver mentalmente alguém respondendo; outros podem receber a resposta em forma de pensamento que parece invenção da própria mente. Não importa a forma, a nossa pergunta será sempre respondida.

Aprendemos que faz parte de uma boa educação agradecer às pessoas que nos dão alguma coisa ou que nos fazem algum favor. Encaramos isso com naturalidade e achamos estranho quando alguém se comporta de forma diferente. Será que temos o mesmo costume em relação a Deus? Ou será que aprendemos a agradecer a uns e a outros não? Ou, ainda, depende do que recebemos ou devemos agradecer por tudo? Se somos capazes de agradecer o que nos dão que, muitas vezes, nem se trata de uma doação desinteressada, por que não agradecer a Deus por tudo que somos, temos ou fazemos, sabendo que tudo é dado por Ele?

Somos naturalmente gratos. Quando negamos isso, criamos dentro de nós um conflito que bloqueia a recepção

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das bênçãos, porque passamos a nos sentir culpados, fazendo com que desejemos para nós coisas ruins para nos punirmos e assim aliviarmos a nossa culpa.

Há pessoas que aparentemente não sabem rezar. Se consultadas sobre isso, confirmam que não rezam, entretanto, vivem uma vida de oração natural. Ou seja, só desejam o bem para si e para os outros e, assim, vivem segundo a vontade de Deus, embora não tenham consciência do que fazem.

Também existem pessoas que pensam estar fazendo a vontade de Deus, porque seguem o que está escrito. Esquecem-se que Deus, além de olhos, deu-nos inteligência e raciocínio, ou seja, dotou-nos de razão para que pudéssemos acreditar n’Ele, não porque nos disseram que Ele existe, mas porque o descobrimos por nós mesmos, através de nossa própria experiência.

Testemunhamos Deus à medida que respeitamos as diferenças individuais, principalmente no que diz respeito aos dons de cada um. Não entender que o outro é diferente de nós é ver Deus como incompetente. É não respeitar o Criador, que, além de ter criado, está na criatura.

Deus ama a todos igualmente com amor eterno e infinito. Fala com cada um de acordo com a sua capacidade de compreensão. Respeita a nossa liberdade de escolha, a nossa maneira de ser e a nossa individual forma de nos comunicar com Ele. Quer que saibamos rezar, mas principalmente que saibamos amar.

Rezar é pedir, é agradecer, é elogiar Deus. Agradecer e louvar – elogiar – provoca em nós uma grande alegria, uma sensação de plenitude, de beleza interior que gera uma poderosa energia capaz de nos tornar ilimitados, porque isso aumenta o poder de Deus em nós e então somos capazes de fazer, ver ou sentir coisas inacreditáveis, que são vistas por

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quem nunca passou por tais experiências como loucura ou coisa demoníaca.

Somos divinos, por isso ilimitados e capazes de tudo o que nos é próprio. Não devemos nos assustar quando acontecem “coisas estranhas”, aparentemente impossíveis. Isso deveria ser o normal e não a exceção. A maneira com a qual estamos acostumados, vivendo como se fôssemos apenas matéria, ou seja, limitados, isso sim é a exceção: somos divinos e capazes de experiências e obras divinas.

3. Céu e Inferno.

Quando morremos, não vamos para um lugar chamado céu ou um lugar chamado inferno, porque tanto um quanto o outro é somente um estado de espírito ou estado interior e não um lugar onde habitam os espíritos.

Depois de mortos não precisamos de um local fixo, predeterminado, para vivermos. O espírito, assim como a pessoa viva, pode escolher onde morar, pois continua livre.

A morte é uma espécie de viagem que não é necessariamente uma viagem, porque o espírito pode, se quiser, permanecer ou visitar os vivos sempre que desejar ou se fizer necessário. Há normalmente um grande laço de união entre todos os familiares.

Quando alguém morre, dificilmente se afasta totalmente de seus familiares. Os espíritos têm para com os seus entes queridos vivos, normalmente, obrigações e tarefas a cumprir, assim como são responsáveis uns para com os outros enquanto vivos. As nossas responsabilidades para com os nossos familiares, de modo especial, e também

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para com todos aqueles que estejam ao nosso alcance não diminuem quando morremos.

Os mortos têm obrigações para conosco assim como as temos para com eles. Não há separação, estamos mais unidos do que somos capazes de imaginar.

Os cegos não nos vêem. Será que pensam que estão sozinhos, que só eles existem e que o resto é pura imaginação? Assim como eles não podem negar que os outros, embora eles não os vejam, existem. Também nós não podemos afirmar que não existe aquilo que não vemos, pois somos tão cegos para o mundo espiritual, para as outras dimensões, quanto eles.

Como é fácil criticar os outros, taxá-los de ignorantes ou de deficientes, enquanto nós pensamos ser espertos, sábios. Somos mais sábios à medida que descobrimos não saber coisa alguma.

Se pensamos saber tudo, corremos o risco de nos fecharmos para mais aprendizado. Portanto, faz-se necessário sabermos o quanto é insignificante o nosso saber. Devemos estar sempre atentos para aprender. Quem pensa que sabe o suficiente e nada tem a aprender é o maior dos ignorantes, pois, quanto mais aprendemos, mais descobrimos o quanto é efêmero o nosso conhecimento.

Ninguém vai à escola quando pensa saber tudo. Todos temos coisas a ensinar, mas muito mais a aprender. A nossa vida deve ser um aprendizado constante. Quando isso não ocorre, não há progresso. Não precisamos sentir vergonha, quando nada sabemos sobre algum assunto que acreditamos que os outros sabem muito. Às vezes, aquele que pensa não saber nada tem mais conhecimento do que o que afirma saber tudo. Podemos e devemos sentir vergonha, sim, quando, mesmo não sabendo, fingimos saber, privando-nos de aprender.

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Aquele que tem consciência de haver muito a aprender é humilde, aceita ajuda. Se está sofrendo, os outros se aproximam para ajudar e, em breve, pode estar livre de seus infortúnios. Entretanto, se se trata de alguém que finge saber tudo, não há quem possa ajudar, não há abertura, ninguém se aproxima. Isso é “inferno”.

Quem aceita também oferece ajuda, o que faz com que todos cresçam, progridam. Isso é estar no céu, é fazer a vontade do Pai.

Nós precisamos uns dos outros tanto quanto as células de nosso corpo dependem umas das outras. Nenhum órgão permaneceria saudável se passasse a se comportar como se não precisasse mais dos outros, como se fosse único e independente.

Não há em lugar algum do universo um único ser que não dependa dos outros para viver. Somos mais saudáveis à medida que reconhecemos isso e entramos em maior harmonia com os outros, ou seja, com todo o universo e com Deus.

O fluxo de energia vital percorre e alaga o universo assim como o sangue em nosso corpo. Aqueles que querem negar essa interdependência universal bloqueiam, de certo modo, essa energia. Não apenas impedem que ela circule livremente, mas se fecham para ela.

Assim como nenhum órgão ou célula de nosso corpo consegue viver bem, saudável sem uma excelente circulação sangüínea, o mesmo acontece com as pessoas que se fecham para a energia divina.

Todos nós, sem exceção, dependemos uns dos outros para viver e sermos felizes. Ninguém é feliz com ódio por quem quer que seja. Sentir ódio por outrem é o mesmo que odiar a si mesmo. O outro é uma extensão nossa, é um

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“outro eu”. É como se fosse uma parte de nós. Por isso, o “outro” mexe tanto conosco.

Isso não significa que somos vítimas. Se cada um de nós fizer somente a sua própria parte, o universo vai se transformar, e todos seremos muito mais felizes. São as nossas ações que têm mais influência sobre nós, por esse motivo vale à pena continuarmos lutando por nós e também pelos outros.

Estar no céu significa estar de bem com a vida, estar em harmonia consigo mesmo, com o universo e com Deus.

Deus está em tudo, portanto está com todos. Mas somente está com Ele, aquele que procura estar com a verdade. Quem faz tudo que estiver ao seu alcance, por si e pelos outros. Às vezes estamos com pessoas que “não estão” conosco, pois, mesmo estando junto a nós, não nos percebem. De forma semelhante acontece com Deus, que, mesmo estando com todos, muitos não estão com Ele.

Uns são felizes trabalhando sob um sol ardente, enquanto outros se sentem desgraçados estando no máximo conforto possível a um ser humano. Sob idênticas condições uns são mais felizes, outros menos; outros, totalmente infelizes. A nossa felicidade ou infelicidade depende realmente de cada um de nós. Não depende dos outros, de Deus nem de mais ninguém.

Se dependesse de quem quer que seja seria injusto, porque não temos poder sobre ninguém fora nós. Nós nos fazemos mais ou menos felizes, diante do que acontece conosco. Nunca o contrário, pois, diante de uma mesma situação, cada um reage de modo diferente do outro. A morte de um pai, por exemplo, pode ser vista por um filho como uma desgraça; enquanto o irmão vê a mesma situação como um presente para todos. Portanto, dentro de uma

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mesma família, sob idênticas condições, um pode estar no inferno e outro no céu.

Estar no céu ou no inferno depende de como encaramos os fatos, aquilo que acontece conosco e de nada mais. Se dependesse dos acontecimentos, todos aqueles que passassem por idênticas circunstâncias seriam igualmente felizes ou infelizes.

O céu, assim como o inferno, é um estado interior de felicidade ou de infelicidade que depende única e exclusivamente de nós. E que pode ser mudado, também por nós, quando quisermos.

Só Deus faz acontecer. Só Ele é capaz de tudo. Porém, como Ele não faz nada contra a nossa vontade, sem que queiramos, é como se fôssemos nós que o fizéssemos. Sem nós, sem nossa “permissão”, Ele nada faz por nós. Sofremos ou gozamos porque queremos ou porque precisamos.

O sofrimento é uma espécie de remédio amargo usado por nós para a nossa cura. A dosagem depende de cada um, de acordo com a nossa educação. Se acreditarmos que algumas gotas são suficientes, assim o será. Se, ao contrário, acharmos necessário alguns frascos, é assim que o será. A medida é nossa e de mais ninguém. Deus nos dá somente aquilo de que “precisamos”, segundo a nossa vontade: “seja feito segundo tua Fé...”.

Acontece conosco somente o que queremos ou permitimos que aconteça. E, aconteça o que acontecer, é sempre o melhor para nós, naquele momento.

O inferno é uma espécie de “hospital” onde as pessoas ou espíritos que estão “doentes” são tratados. Não para sofrerem eternamente, mas, pelo contrário, para que se recuperem o mais breve possível.

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Se temos uma verruguinha, precisamos de uma pequena cirurgia. Para isso não precisamos nem de internamento. Porém, se o nosso mal é um tumor no cérebro, o sofrimento é bem maior, e os cuidados necessários também o serão. Portanto, o nosso sofrimento e a permanência no “hospital” – “inferno” - depende do que precisamos nos livrar.

Assim como alguns pacientes se recuperam mais rápido que outros, o mesmo acontece com os espíritos “doentes”. Uns libertam-se de seus males bem mais rápido que outros. Há alguns obedientes, outros rebeldes que não seguem os conselhos “médicos” de forma adequada. Normalmente, aqueles que os seguem recuperam-se muito mais rápido do que aqueles que, pensando saber mais que os outros, agem de forma inadequada, complicando o seu estado de saúde e atrasando a sua recuperação.

Deus, na Sua infinita bondade e misericórdia, ama a todos igualmente. Mesmo aos mais rebeldes de Seus filhos. Para Ele não há diferença de cor, raça ou credo. Ama até mesmo àqueles que não crêem n’Ele; àqueles que nem ao menos sabem ou acreditam que não são apenas matéria, que acham que “quem pode mais chora menos”.

Deus é Pai amantíssimo, é bom, é misericordioso, é amigo e irmão de toda a humanidade. Todos os seres do universo são Seus filhos. Não há entre nós legitimados ou adotados, ou, ainda outros, que não sejam nada disso. Somos todos iguais perante Deus. Somos todos Seus filhos, pois fomos gerados por Ele. Não há privilegiados entre nós.

Somos todos irmãos, parte do mesmo “Todo”. Temos a mesma essência. Somos da mesma essência. Não há melhores ou piores, bons ou maus, escolhidos ou rejeitados, pobres ou ricos, para Ele.

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O que existem são momentos, fases ou estágios diferentes. Cada um vive o seu. Dá de acordo com que tem. Carrega um fardo conforme as suas forças. Isso podemos observar numa trilha de formigas: há maiores e menores. Algumas transportam pedaços de folhas ou objetos maiores e outras, menores. Existem aquelas que, no tamanho, são iguais, mas que, por algum motivo, não carregam a mesma quantidade ou não andam com a mesma velocidade. Há ainda algumas que apenas caminham junto, porém, transportam si mesmas. Portanto, cada formiga tem o seu jeito de ser e de agir. Pode ser que o fardo da que, aparentemente, não leva coisa alguma seja maior que o daquela que leva o maior pedaço ou uma folha inteira.

O mesmo acontece conosco, por isso não nos cabe julgar ou condenar a ninguém, nem a nós mesmos. Só Deus sabe o porquê de todas as coisas. Só Ele conhece as nossas diferenças e as nossas razões. Só Ele sabe por que agimos assim ou assado. Há um tempo para cada coisa. Uma razão de ser de cada comportamento nosso. Uma explicação que só a Deus importa. Para nós deve importar somente o amor, a compreensão, a aceitação de nós mesmos e dos outros. Uma busca constante da verdade e da perfeição.

Aceitação não significa passividade. Cada momento é único e a cada degrau corresponde um anterior e um posterior. Todas as nossas ações, atitudes ou gestos podem ser melhorados. Ninguém, a não ser Deus, é perfeito.

A nós não cabe julgar e, muito menos, condenar a nós mesmos e a ninguém.

Só a Deus cabe julgar, mas condenar não é de Seu feitio, porque julga com conhecimento de causa. Sabe que, mais cedo ou mais tarde, todos encontram o caminho que é a busca constante de perfeição. Perfeição esta que nada mais é que a prática constante do Amor.

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Não existe um “lugar” chamado céu conforme aprendemos em nossa catequese, quando éramos crianças. Deus, realmente, nos fez à Sua imagem e semelhança. E, assim como Ele não Se aposenta, nós também não. O nosso maior prazer, a nossa verdadeira felicidade está justamente no servir a Deus e aos irmãos.

Como podemos acreditar que após um pequeno período de vida que, devido ao nosso egoísmo, não temos tempo para lembrar de mais nada, a não ser de nós mesmos, iremos para o Paraíso? Se a nossa missão, que nos realiza como filhos de Deus, mal terá começado!

Somos filhos “legítimos” de Deus, por isso existimos e somos felizes à medida que fizermos a vontade do Pai, que é servir sempre. Não nos realizamos como pessoas se quisermos negar a nossa natureza divina que só se sacia no servir.

A nossa missão, assim como nós, é “eterna”, logo, não teve início nem terá fim. Seremos felizes se fizermos somente aquilo que nos faz felizes. Isso só acontece quando entendemos que tudo que fazemos para os outros é a nós que fazemos. Quando fazemos coisas ruins, nos sentimos mal e, quando fazemos coisas boas, nos sentimos bem.

Somos um com Deus e com todo o Universo. Qualquer coisa que acontece com um interfere no todo. Se apenas um estiver doente, não podemos dizer que estamos saudáveis. A melhora de um significa a melhora de todos. Isso, com todos de fato, pois não há diferença entre vivos e mortos, porque a morte não existe. É apenas a passagem de um estado mais limitado para um de mais liberdade.

Estar no paraíso é sinônimo de estar bem, de estar conforme a vontade de Deus, de estar junto de Deus. Não há separação física entre quem está no paraíso e quem está no

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inferno, porque assim como estar no céu é um estado de espírito, estar no inferno também o é.

A misericórdia divina é infinita, não há crime que não tenha perdão. A bondade de Deus é tão grande que a maldade humana desaparece diante dela.

Deus quer que lutemos pela vida que nos deu, entretanto, não devemos esquecer que o nosso verdadeiro eu não morre e que o sofrimento ou a felicidade não termina com a morte.

O Amor de Deus por nós é muito maior do que podemos imaginar. Pensar que Ele nos ama conforme o nosso comportamento é reduzir esse amor a um valor menor que a nossa própria capacidade de amar. Até nós somos capazes de ver diferença entre a pessoa que amamos e as suas ações.

Deus nos fez por amor e com amor e, se fosse possível Ele ou nós mesmos, nos condenar eternamente, não nos teria feito.

Deus nos ama com Amor Eterno e, como filhos, imagem e semelhança do Pai, também amamos. Bastando, para isso, que estejamos saudáveis, porque estar doente é sinal de falta de amor para consigo mesmo, e quem não está se amando também não é capaz de demonstrar amor para com os outros. Quem está saudável está feliz e quer para os outros todo o bem que está dentro de si. Isso é verdade tanto em relação aos mortos quanto aos vivos.

Quem pratica o mal está doente, precisa de cura e não de condenação. Se estivesse saudável, saberia que o mal prejudica mais quem o pratica do que aquele que deveria sofrer a ação.

A capacidade de Deus de perdoar é infinita, mas o perdão tem a medida de nosso desejo de sermos perdoados,

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ou seja, a medida é nossa. Ele respeita a nossa liberdade de escolha e nos dá somente aquilo que podemos receber.

.Não devemos ter pressa de morrer; não é esta a

vontade de Deus. Não podemos dizer que vivemos quando apenas passamos, atropeladamente, pela vida, como se estivéssemos fazendo, de má vontade, um favor para alguém. Se colocarmos um bolo para assar e não deixarmos que ele fique, sossegadamente, no forno, durante o tempo suficiente e na temperatura ideal, com certeza vamos estragá-lo. Assim é a nossa vida, devemos viver intensamente cada momento, aproveitando todos os instantes, pois nada se repete. Cada experiência é única. O que perdermos estará perdido para sempre.

Também não devemos deixar para o amanhã aquilo que realmente podemos fazer hoje. Tudo tem o seu tempo, cada coisa tem a sua hora, temos o momento certo para nascer e para morrer. Querer morrer antes da hora é o mesmo que comer o “bolo” cru, não presta. A morte não é solução para problema algum. Uma vez que todos os nossos sentimentos continuam intactos, porque fazem parte da alma e não do corpo.

Para que possamos, de fato, “ir” para o “paraíso”, é necessário que cheguemos “lá” na hora certa, porque, como já disse acima, tudo tem o momento certo para acontecer.

Assim como o bolo precisa de um tempo para assar, o bebê para gestar, o ovo para chocar, a semente para germinar; precisamos desta vida para nos preparar e então, na hora certa, entrarmos no “paraíso”.

“Inferno” é um estado de espírito, é um intenso sofrimento que não precisamos estar mortos para experienciá-lo. Mas, após a morte, ele é intensificado, porque, enquanto viva, a pessoa pensa que a morte é a

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solução para todos os seus problemas e, depois, percebe que perdeu o tempo, porque eles continuam presentes. Frustrada, entra em desespero, achando que jamais conseguirá mudar, que tudo está perdido, porque não conhece a sua própria potencialidade, não sabe viver diferentemente.

Devemos lembrar, em relação aos “mortos”, que eles estão tão vivos quanto nós. Eles nos amam e precisam não somente de nossas orações, mas também de nosso amor. Não precisariam sentir tanto a nossa falta, porque estão próximos, porém nós, não sabendo ou não acreditando, os desprezamos, pensando neles como “mortos” e muito distantes.

Esse comportamento faz com que aumente muito o sofrimento de todos. Os vivos, muitas vezes, culpam a Deus por ter “levado” os seus entes queridos e, inconscientemente, sentem-se desprezados pelos mortos. Enquanto estes são quase que totalmente abandonados pelos vivos.

Nós nos comportamos de forma egoísta, pensamos muito mais em nós mesmos, achando que fomos desprezados, quando na realidade, nós quem os desprezamos.

Existem pessoas que negam não só a comunicação entre os vivos e os mortos, como entre Deus e os homens. Mesmo assim, pensam ser religiosas e acreditarem em Deus. Dizer que Jesus ressuscitou e ao mesmo tempo afirmar que não podemos ouvi-lo porque Ele não fala com ninguém é incoerência, é negar a ressurreição. Se fosse para ficar mudo e distante de nada adiantaria ressuscitar.

É estranho como muitas pessoas acreditam que Deus, numa época distante, falou com o Seu povo, instruiu-o e inspirou a muitos, mas negam ou duvidam que Ele faça isso

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hoje. Chegam ao cúmulo de afirmar em público: “Quem diz que ouve Deus está louco e precisa ser internado”.

Acreditar que Deus, numa época distante, falou e instruiu o Seu povo e não acreditar que Ele continua fazendo isso hoje e que continuará amanhã é duvidar do poder e da presença de Deus, que é infinito em tudo. Ou será que a questão é o Seu povo? Existe, por acaso, algum povo que não seja de Deus? Ou alguma criatura por menor que seja? Terá Deus Se aposentado? Ou aquele povo precisava disso e nós não? Não precisamos por ser importantes demais ou de menos? É claro que deve ser por alguma diferença. Será que Deus nos abandonou porque ficamos “adultos” e por isso Ele confia mais em nós, ou será que é porque somos um caso perdido?

Se Deus é o mesmo ontem, hoje e sempre, e nós somos Seus filhos tanto quanto “o Seu povo”, ora, então é óbvio que pode acontecer hoje as mesmas coisas que aconteciam antigamente. Entretanto, hoje, assim como antigamente, Deus fala ou mostra-Se apenas para determinadas pessoas, porque, para que se possa falar, é necessário que alguém esteja disposto a ouvir.

Levando em consideração a maneira como as pessoas de hoje se comportam em relação umas às outras, no que diz respeito à comunicação entre Deus e os homens, podemos imaginar como se comportavam no tempo em que aquelas pessoas, inspiradas, escreveram as verdades nas quais muitos acreditam hoje. Ou seja, assim como hoje muitas pessoas não acreditam, também era antigamente.

Nós costumamos acreditar somente naquilo que de alguma maneira temos experiência – vemos com os nossos olhos – e tudo que foge disso tendemos a desacreditar e até mesmo a rechaçar. Isso é medíocre, é duvidar de Deus, é não querer ver que a beleza do “todo” está, justamente, na

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diferença de cada “parte”. Assim como são as peças de um quebra-cabeça, cada uma tem o seu lugar e só fica bem naquele, somos nós com as nossas diferenças individuais que nos permitem formar um todo harmônico e belo, onde cada um ocupa o seu lugar.

É assim que seria se aceitássemos que ser diferente é a regra e não a exceção. Cada criatura é única, especial e irrepetível. Ninguém está sobrando ou não faz falta. Todos temos uma missão que uma vez não cumprida deixará um vazio. Porque cada um, por mais que se esforce, faz somente a sua própria parte e nunca a do outro.

Aceitar que uns são diferentes dos outros não significa pensar que uns são pequenos e limitados, enquanto outros são mais capazes. Ser diferente é fazer a mesma coisa ou passar pela mesma experiência de outra forma. Se uma pessoa afirma ter visto ou ouvido Deus, não devemos achar que ela está louca, ou pensar que ela não é igual a nós. Deus dá a cada um de acordo com a sua capacidade de receber e conforme, não somente, com a maneira de ser, mas também com o momento em que está vivendo.

Achar que Deus só Se mostra e só fala com os mortos e que Ele falou com os vivos, mas hoje não fala mais, é acreditar num Deus injusto e preconceituoso que trata de forma diferente a Seus filhos. É não entender a grandiosidade de Seu amor, é não saber que somos de origem divina, por isso ilimitados; que somos eternos, filhos legítimos de Deus, bons, e que Ele está em tudo e em todos.

Acreditar que só vemos ou ouvimos Deus depois da morte, quando estivermos no céu, é incentivar a vontade de morrer. É provocar medo de Deus, porque costumamos ter medo de tudo que é desconhecido, mesmo quando nos dizem que esse desconhecido é muito bom.

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Deus nos criou por Amor, e só quem ama é capaz de entender que, quando se ama se quer estar junto da pessoa amada, sempre. Ele permanece junto de nós, quer acreditemos ou não.

Nós, em nosso corpo físico, estando saudáveis, conseguimos experienciar o Amor de uma forma muito especial que faz nos sentirmos bons. Provoca em nós o desejo de estar perto, de proteger e de conversar com quem amamos. Procuramos, na medida do possível, fazer isso. Se, ao morrermos, acaba a nossa limitação física e todo o amor que sentíamos permanece ou é intensificado, por que não acreditar que os falecidos estão próximos dos vivos, amando-os e protegendo-os muito mais do que antes?

Da mesma forma como nos comportamos em relação aos vivos também nos comportamos em relação aos mortos e a Deus. Só conversamos com quem queremos ou precisamos e para isso é necessário que estejamos disponíveis. Ninguém faz, se o faz não sabe, não toma consciência daquilo que não conhece. Não se ouve, ou pensa-se que não se ouve, aquilo que se imagina que não tenha sido falado. Não se percebe ou não se vê aquilo que se pensa ou se acredita que não existe ou não se sabe que existe.

Para que possamos nos comunicar eficientemente com alguém, é preciso que acreditemos que esse alguém possa se comunicar conosco. É necessário que queiramos nos comunicar. Os “falecidos” só se comunicam com quem, de certa forma, está preparado para se comunicar com eles. E Deus só fala com quem estiver disposto a ouvir. Nenhum ser, estando saudável, conversa sozinho pensando estar falando com alguém, nem fala quando sabe ou pensa que ninguém está ouvindo. E não seria Deus que iria fazer isso.

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Se quisermos ouvir Deus, Ele fala conosco, entretanto, se não o quisermos e também não entendermos que Ele quer falar e que somos nós que não queremos ouvir, devemos, no mínimo, respeitar quem “quer” e “ouve” Deus.

4. Demônios ou Endemoniados?

Existe um único Deus que é Senhor e Criador de todas as coisas. Infinitamente Bom e Poderoso. Tudo criou e cria para a Sua glória, prazer e auto–realização.

Um ser que é infinitamente bom só cria coisas boas, seres bons. Se Deus, sendo bom, só cria coisas boas e, sendo Deus, é o único Criador, quem teria criado o “demônio”? Se Deus está presente em tudo o que cria, como explicar a existência de um ser “mau” - chamado demônio - criado por Ele?

Não existe maior “absurdo” do que acreditar na existência de demônios personalizados, como entidades espirituais. Mais grave ainda é acreditar que eles tenham sido criados por Deus e, ao mesmo tempo, afirmar que esse Deus é infinitamente Bom.

Existem pessoas capazes de praticar muitas maldades, mas mesmo assim não podemos dizer que são más, pois Deus habita em tudo, em toda a Sua criação.

Temos muita dificuldade de assumir as nossas próprias fraquezas, as nossas maldades. É muito cômodo transferir a nossa responsabilidade para o “demônio”, que nada mais é que uma “personificação” mental e literária da maldade do homem, para que fosse o responsável por tudo que somos capazes de fazer, porém, não de assumir.

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É impressionante como existem pessoas que vêem a presença e a interferência de demônios em quase tudo, até mesmo onde a presença de Deus é óbvia. Quanto mais forte a presença de Deus, mais ela é vista como “demoníaca”, pois mais estranha ela se torna. Principalmente porque as pessoas se sentem indignas de uma maior intimidade com Deus.

Os que dizem cultuar o “demônio” tornam-se realmente nocivos, tanto para si mesmos quanto para os outros, porque na realidade cultuam o mal e, como não assumem o que fazem, fica bem mais fácil praticar atos tão bárbaros. As pessoas saudáveis que tomam conhecimento de tão grandes barbaridades, não conseguindo aceitar que seres humanos sejam capazes de praticar tais atos, atribuem isso ao “demônio”.

É fácil matar, estuprar, trair o cônjuge, roubar e praticar muitos outros atos de violência quando a culpa é do “demônio”. Sendo do demônio o maior responsável é o próprio Deus, pois, afinal, é Ele o criador. Imagine como devem se sentir injustiçados os que cumprem pena por crimes “cometidos pelo demônio”, e quanta culpa carrega o responsável pela prisão do “inocente”!

Nenhuma pessoa, estando saudável, comete qualquer tipo de crime contra si mesma ou contra as outras. Estando saudável, é boa, mas, mesmo estando “doente”, continua sendo uma “criatura” livre e, como livre, pode e deve ser responsabilizada por tudo o que faz. Porém, mesmo sendo responsável, deve ser tratada como alguém que está doente e que por isso necessita de cura.

Ajudar ou tratar quem necessita não é só um gesto de bondade e de justiça, é sinal de inteligência, pois o doente não só pode fazer muito mal para si mesmo, para a sua família e para toda a comunidade, como interfere

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negativamente no mesmo universo do qual todos nós fazemos parte, e, quanto mais saudáveis todos estiverem, melhor será para todos.

Deus cuida pessoalmente de cada um de nós. Ama tanto a Seus filhos que faz questão de cuidar pessoalmente de todos. Está sempre presente em tudo e em todos. Tudo pode, por isso não precisa de ajuda para guardar ou proteger Seus filhos. Ele nos criou em condição de igualdade e quer que uns intercedam pelos outros, não importando se estão vivos ou mortos. Assim como nós rezamos pelos falecidos, estes também intercedem por nós, fazendo até mesmo o papel de “anjos” da guarda.

É Deus que, diante de um pedido de socorro, faz com que o necessitado seja atendido. Quem socorre o faz por orientação divina e não por ser anjo da guarda, mas, podemos dizer que é anjo da guarda, porque socorre.

Não conseguindo entender a grandiosidade do poder, da bondade e da misericórdia divina, o ser humano, sentindo-se pequeno e indigno, inventou um ser com uma única função: guardar ou proteger uma única pessoa. Isso facilita, pois, se tenho um anjo da guarda só para mim, significa que eu não estou tomando ou ocupando o protetor de ninguém. Se não mereço que se ocupem comigo, realmente, necessito de alguém que nada mais tenha para fazer a não ser cuidar de mim. Eu posso até achar que estou fazendo um favor quando dou trabalho.

Assim como acreditar em entidades chamadas “demônios” é um absurdo de fé, acreditar em outras chamadas “anjos da guarda” também o é. É criar ídolos, é idolatria, é roubar a cena de Deus.

Quem acredita em demônios está duvidando da bondade e da misericórdia de Deus. Quem acredita em anjos

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da guarda está duvidando do poder e da capacidade d’Ele de dar conta de Sua criação.

5. Jesus de Nazaré é Deus.

Jesus é Deus, mas também foi homem tão humano quanto nós. Como Deus escolheu morrer na cruz, porque era a pior e mais injusta forma de morte da época. Fez isso para dar exemplo de coragem, força e humildade.

Vendo que os homens não mais olhavam para dentro de si mesmos, dificultando assim a comunicação com Deus ou com a sabedoria interior – que significam a mesma coisa –, Deus decidiu tornar-Se humano. Porque sendo homem, visível a todos, podia ensiná-los sobre Si Mesmo: falando como se fosse sobre outra pessoa, sobre o Pai. Se Jesus falasse sobre Ele Mesmo, nós teríamos ainda mais dificuldade de compreender e de acreditar n’Ele.

Ele pregou e ensinou sobre o amor e a bondade do Pai para com todos os Seus filhos. Falou que o Seu Amor é incondicional e Eterno. Também ensinou que Deus habita no interior de todas as Suas criaturas, quando disse: “Todas as vezes que fizestes isto a um destes pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes.” (Mt. 25,40). Mas poucos entenderam.

Deus habita em cada um de nós. No interior de cada criatura, colocou um pouco de Si. Por isso, tudo que tem vida deve ser tratado com muito respeito.

Nós somos um com Deus e com todo o universo. Além de habitar em tudo, nos fez com um único inconsciente. Devido a isso, tudo que pensamos fazer aos outros é a nós mesmos que o fazemos. Ninguém sofre mais

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a ação do que aquele que a pratica. Se a ação for boa, sente-se gratificado e, se for má, pune-se até se sentir justificado. Nós nos punimos todas as vezes que cometemos ou desejamos cometer qualquer ato que esteja fora do bem absoluto.

Sendo de origem divina, “imagem e semelhança de Deus”, jamais descansaremos. Enquanto uma só alma estiver em sofrimento é uma parte de nós que sofre. Somos cada vez mais impulsionados a ajudar à medida que estivermos de bem com a vida e com nós mesmos.

Deus não é propriedade de nenhuma religião. É Pai, é Criador e Senhor de toda a criação. Sem diminuir-Se Ele Se doa, Se divide, torna-Se presente e instala-Se no interior de cada criatura. Ele existe quer acreditemos ou não. Está presente em tudo, mesmo quando não O vemos em nada. É, ao mesmo tempo, masculino, feminino, humano e divino.

É Bom, por isso nos dá liberdade de escolher. Entretanto, quando escolhemos o mal, nos punimos e, quando o bem, nos gratificamos. Ou seja, quando usamos a nossa liberdade para fazermos o bem, somos felizes e, quando a usamos para fazer o mal, somos infelizes. Se conscientemente desejamos praticar o mal, ou o bem, é como se já o tivéssemos praticado.

É eternamente misericordioso, bom e justo. Está à nossa disposição vinte e quatro horas por dia e eternamente para ajudar-nos a melhorar, porém, tem pressa, porque nos ama e nos quer felizes.

É Senhor Absoluto de toda a Criação. Infinitamente grande e poderoso, não tem concorrentes. Nada Lhe passa despercebido, é indiferente ou acontece sem que Ele permita. Não aprova o mal, mas respeita a liberdade de quem o pratica. É Amor Total, é o Bem Absoluto.

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Ele está em tudo, em toda a Criação, por isso o Bem é forte e permanente, enquanto o mal é fraco e passageiro. Quando dizemos que alguém é mau, estamos mentindo, porque somos todos bons. Quem “está” mau está doente e necessita de ajuda para voltar à condição original e verdadeira, que é ser bom.

Deus fala conosco e orienta-nos para o bem, sem cessar. Os que não acreditam chamam isso de “insight”, intuição, coincidência, acaso, pressentimento, aviso do além ou outros termos.

Jesus é Deus, que viveu neste mundo sob forma humana, como um homem comum, pobre, trabalhador e encrenqueiro. Viveu numa época muito difícil para qualquer um que quisesse falar sobre Deus. A menos que fosse sobre os deuses da maioria. Principalmente a dominante. Qualquer um que quisesse falar sobre um Deus diferente era considerado louco, herege, revoltado e rebelde. E, em especial, ameaçava o poder dos governantes.

Eles não entendiam quase nada além de dinheiro e poder. Viviam como rivais, inimigos. Na frente fingiam amizade e por trás mostravam-se como realmente eram. Estavam sempre armando uns para com os outros. Não se podia confiar em quase ninguém, pois cada um pensava apenas em si mesmo, querendo sempre dominar, desejando ser o maior e pensando ser o melhor. Normalmente, quando se uniam, era para tramar contra a vida de alguém ou destruir qualquer coisa que os ameaçasse de perder a posição. Qualquer um que lhes jogasse na cara os seus crimes seria considerado culpado, por isso julgado e, é óbvio, condenado. Julgamento era mera formalidade. Já sabiam de antemão que o réu seria condenado.

O julgamento era para eles uma espécie de festim, que dava a muitos a oportunidade de vingar-se, jogando

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sobre o suposto criminoso toda a raiva que alimentavam uns para com os outros e que nada tinha a ver com o réu em questão. Foi nesse meio que Deus escolheu nascer e viver. Nada foi por acaso. Isso não significa que os criminosos não erraram ou que tenham sido obrigados a agir daquela forma. Eles estavam acostumados a fazer o que fizeram com Jesus, e Deus sabia disso.

Jesus viveu como um ser humano comum. Mas, em nenhum momento, mentiu para Se defender ou acusou aos outros para livrar-Se. Não tentou comprar ninguém e não negou o que pregava. Nasceu pobre para mostrar que, mesmo sendo pobre, pode-se viver dignamente. Mesmo nascendo como nasceu, é possível sobreviver sem roubar, sem mentir e sem desejar o mal para os outros.

Ensinou àqueles que não sabiam “tudo”, ou seja, que tinham consciência de que eram pobres de saber. Só há mestre onde há aluno. Só se fala para quem tem ouvidos.

Filho de mãe solteira, situação irregular, dificuldades, preconceitos, pobreza, perseguição, insegurança, medos, perigos. Tudo isso enfrentou para mostrar ao mundo que é possível viver mesmo em situações tão difíceis, complicadas e arriscadas.

Não nasceu pobre para ensinar que devemos ser pobres. Não foi perseguido para que também o fôssemos. Não morreu na cruz para mostrar que é assim que se deve morrer. Nasceu pobre, porque, como Ele mesmo disse: “São os doentes que precisam de médico”. São os que “não sabem” que precisam de professor, são os “fracos” que precisam de força. Não foi perseguido porque era Deus, mas porque era assim que eles tratavam a todos aqueles que se comportassem como Ele Se comportou. Morreu na cruz porque, segundo a opinião da época, era o que Ele merecia, não pelo que era, mas pelo que fazia, que pregava.

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Tanto não era preciso ser Deus para morrer na cruz que, com Ele foram crucificados mais dois homens. Ele escolheu morrer assim, não porque precisasse, mas porque, como Deus, Ele o queria. Ele veio para viver entre os pobres, não apenas de dinheiro, mas também de felicidade, liberdade e conhecimento. Morreu entre dois ladrões, marginais, para mostrar que os excluídos são Seus filhos tanto quanto os que vivem segundo à Sua vontade.

Somos todos irmãos, amados e queridos. Independente do nosso comportamento. Assim como os pais se preocupam mais com os filhos “tortos”, Ele Se preocupa conosco. Nos dá segundo as nossas necessidades e jamais despreza alguém por qualquer que seja o tamanho, a gravidade ou a quantidade de seus erros.

Ele não veio para cobrar ou para exigir coisa alguma de nós. Veio por Amor e para ensinar-nos o que é amar. A humanidade em geral, e em especial daquela região e época, estava muito confusa. As pessoas não sabiam mais o que era certo e o que era errado. Estavam muito desorientadas, perdidas como crianças sem pais. Não que Deus as tivesse desprezado, mas porque era assim que se sentiam. Não sabiam que Deus, acima de tudo, é Pai amoroso e eterno que tudo pode e tudo faz pelos Seus filhos; que os ama e perdoa, a todos, incondicionalmente.

Quando na cruz, Ele disse “Pai, perdoe-os porque eles não sabem o que fazem”, não foi por Ele ou porque, se não o dissesse naquele momento, eles não seriam mais perdoados. Disse porque a culpa que os dominava era muito grande. Seria muito difícil, para eles, acreditar que pudessem ser perdoados. Dava-nos o exemplo de perdoar, mesmo aos que nos tiram a vida. Se eles soubessem o que faziam, não o fariam.

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Naquela época era costume oferecer a Deus, ou aos deuses, sacrifícios. As graças eram consideradas proporcionais à importância da vítima. Esse costume era muito antigo e perduraria ainda por milhares de anos se algo de muito sério não acontecesse, se uma vítima muito especial não fosse oferecida em sacrifício por todos. Este foi só mais um dos motivos pelos quais Jesus Se ofereceu como vítima para a “salvação” da humanidade. Deus podia salvar-nos de outras formas, por outros meios, mas esta era a maneira como eles estavam acostumados. Não parariam de matar, de sacrificar inocentes, tanto humanos quanto animais, pois esta era a única forma que conheciam para obter perdão e graças de que necessitassem.

Com a Sua morte, também nos deu o direito de sermos felizes, curados, perdoados. A humanidade carregava muito sentimento de culpa por erros do passado. Não apenas no aspecto individual, mas também no coletivo. Era necessário que encontrássemos uma explicação na qual pudéssemos acreditar que as portas do Céu seriam novamente abertas para nós, porque com tanto sentimento de culpa jamais nos perdoaríamos. A menos que encontrássemos uma vítima capaz de levar sobre si todos os pecados.

Como entender que Deus é tão bom a ponto de perdoar tantas barbaridades cometidas por nós, se o próprio Deus não dissesse e mostrasse isso de forma concreta, real e convincente? Entregar-Se à morte era a melhor maneira de convencer os que foram convencidos de que Ele é Bom, é Amor, é perdão e misericórdia.

No entanto é necessário lembrar que o nosso Cristo não veio para a salvação de todos, mas somente dos que Nele acreditaram. Isso não significa que os outros não tenham salvação, porque a bondade de Deus é infinita e

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eterna. Não faltam motivos para os outros que não acreditaram viver segundo à Sua vontade.

Muitos que acreditam em Jesus pensam que os que não acreditam estão condenados ao inferno. Isso é pequeno, mesquinho, pois Deus é Bom e também inteligente. Não poderia jamais deixar de salvar aqueles que, por algum motivo, não conseguem acreditar que Jesus é Deus.

Afinal, Ele veio para salvar ou para condenar? É óbvio que veio para salvar. E, se a Sua vinda fosse causa de condenação para alguém, Ele não teria vindo. Ou será que Deus não sabia o que estava fazendo? Os que não acreditam não merecem o Amor do Pai, tanto quanto os outros?

Deus poderia, se o quisesse, nascer muitas vezes e em muitos lugares. Porém, mesmo assim, haveria quem não desse importância ou não tomasse conhecimento de nenhum desses “nascimentos”. Mas, apesar disso, teriam direito às graças divinas tanto quanto os outros.

Deus não quer somente a salvação de muitos, mas de todos. Portanto aqueles que não acreditam têm o mesmo direito por serem Seus filhos. Por mais que tentemos negar, o Deus dos não crentes é o mesmo dos outros. Se quem não acreditasse não alcançasse a salvação, Ele não teria nascido para salvar a humanidade, mas sim para condená-la, pois poucos sabem quem Ele é. Muitos pensam que O conhecem, e alguns têm consciência de que quase nada sabem sobre Ele.

Jesus é o próprio Deus encarnado ou, em termos físicos, é o filho de Deus. É a própria Divindade que Se nos apresentou sob forma humana para que pudessem vê-lo e assim acreditar em Sua existência. Sem físico igual a nós, não poderia ser considerado pessoa como nós, portanto, capaz de falar a nossa língua e de nos compreender. Mesmo

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assim, depois de tantos anos, ainda não conseguimos “provar” quem Ele de fato era.

É ou era? É interessante como muita gente prega que Jesus

ressuscitou, mas quando a Ele se refere é sempre no passado, como se a Sua ressurreição jamais tivesse acontecido. Quanta incoerência, afinal, ressuscitou ou não? Ele não ressuscitou porque é Deus, para provar que somente Deus é capaz de fazer isso, mas sim para mostrar e provar que a morte não existe, que é apenas e tão somente uma passagem, uma transformação. Assim como Ele, nós também somos eternos, pois somos Seus filhos.

Raramente afirmava que além de humano era Deus, porque não tinha consciência disso. Se tivesse, não seria humano igual a nós. Não é Deus por ter ressuscitado, ressuscitou porque é Deus. Fez afirmações aparentemente absurdas: “Aquele que crê fará as coisas que eu faço e as fará ainda maiores”, mostrando-nos, com isso, que somos capazes; o que Ele fazia não era coisa específica de um Deus, mas acessível também a nós. Estava apenas ensinando-nos, mostrando-nos como fazê-lo.

Quando o chamavam “Bom”, e Ele dizia: “Por que me chamam bom? Só existe um Bom, isto é, Deus”, não estava dizendo que não era Deus, mas ensinando que bom, de fato, só Deus. Eles não sabiam quem Ele era, logo não podiam considerá-lo Bom.

Não precisava provar quem era, porque isso descobririam mais tarde. O que ensinou foi que Deus é Bom, é Pai, é Misericordioso, que somos todos Seus filhos, e Ele habita em nós; que assim como Ele, somos capazes de fazer coisas extraordinárias, porque o que fazia não é apenas possível para Deus, mas também para todos os Seus filhos. O único comportamento não extensivo a nós é a Sua

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ressurreição, porque não nos é necessária. Nesse fato Ele estava apenas sendo professor. Estava nos ensinando o quanto a morte é insignificante e que, embora a vida seja muito importante, a morte jamais deve ser vista como fim.

Os milagres que fazia não deixam de ter valor por também nós podermos fazer. Se significa algo tão extraordinário a ponto de duvidarmos de sua existência, nos dias atuais, melhor seria mudarmos a definição.

Deus habita no interior de cada criatura. Não apenas hoje, mas sempre. Porém, hoje, parece habitar mais que antigamente, porque há um contínuo progresso em tudo. As características divinas existentes em nós se fazem notar de forma mais clara, evidente, quase concreta. Assim como os utensílios utilizados pelos seres humanos eram mais pesados e mais foscos e, hoje, são tão diferentes, o mesmo acontece conosco, que também éramos mais grosseiros, mais “foscos”. Por isso não deixávamos transparecer a divindade em nós.

Caminhamos para a perfeição, portanto, para uma maior espiritualização, para uma maior transparência. E, assim como muitos utensílios que eram foscos hoje mostram com nitidez o que vai em seu interior, o mesmo acontece conosco. Caminhamos a passos largos para essa transparência, para mostrar de que somos feitos, o que há em nosso interior.

O progresso de forma geral tão visível presente em nosso mundo é uma prova da evolução do ser humano. O que fazemos nada mais é que projeção de nós mesmos, um reflexo de nosso interior. Mostramos ao mundo o que somos por dentro.

Ele não inventou nem criou o que fazia. Apenas ensinou, afirmou, demonstrou uma realidade até então ignorada por muitos. Muitas coisas até já tinham sido

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ensinadas, porém o aprendizado não era suficiente. Conforme as Escrituras, Ele “demonstrava Autoridade”, e esta gerava confiança e respeito, provocando maior abertura, receptividade e, conseqüentemente, maior aprendizado.

Não fundou religião alguma. Ensinou, a todos que queriam aprender, muitas coisas essenciais para a vida. Por exemplo, que não somos órfãos, não somos maus, que a nossa origem não é ruim, não nascemos para o sofrimento e nem tampouco para fazer os outros sofrerem. Ensinou que temos um pai, bom, misericordioso e que nos fez à Sua imagem e semelhança. Ensinou ainda que o amor gera a união e a falta gera a separação, as divisões. Quem ama acolhe, ajunta, une. Quem divide, separa, não ama, não faz a vontade do Pai. Pregou e viveu somente o Amor. Só pertence à Sua Religião quem procura fazer o que Ele ensinou.

Jesus não nasceu para nos salvar, mas para nos contar que os nossos pecados não ofendem a Deus, somente a nós mesmos; que apesar de todos os nossos pecados, Ele continua nos amando; que as portas da Casa do Pai estão e continuarão abertas para todos.

6. A Misericórdia de Deus é Infinita e Eterna.

A humanidade está sofrendo, porque está se sentindo só e abandonada. Sente-se incapaz e, ao mesmo tempo, acha que tem que se virar sozinha. O ser humano, de modo geral, pensa ser adulto o bastante para cuidar de si mesmo. Mas, assim como os filhos quando adultos não deixam de ser filhos e muito se beneficiam do relacionamento com os seus

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pais, o mesmo acontece conosco em relação a Deus. Ninguém é adulto o suficiente para não precisar dEle.

Muitos pais rezam para os filhos e até os protegem sem que estes saibam. Deus, mais que os pais, cuida de todos, não importando se sabemos ou se queremos a Sua proteção.

Ele ama infinita e eternamente a todos os Seus filhos, a toda a Sua criação. É pura bondade, é infinita sabedoria e misericórdia. Como acreditar que Ele seja tão vingativo a ponto de negar a Seus filhos o Seu perdão?

Nós somos bons, porque temos a Sua presença em nós. Se é Bom o Inteiro é bom também a parte.

Examinando uma gota d’água, podemos ter idéia de como é um oceano. Analisando uma faísca, imaginamos como é uma fogueira. Tendo em mãos um pequeno cubo de gelo, arriscamos dizer como é uma geleira.

Se a gota d’água dá-nos idéia de como é o oceano, a faísca, da fogueira e o gelo, da geleira, por que a bondade humana não nos daria da Divina?

A misericórdia de Deus é infinita e eterna. Que isso seja verdade, muitos até concordam, só que não param para pensar o que isso significa. Às vezes, até param, mas não para descobrir o que Deus fala a respeito e, sim, para tentar explicar aquilo que aprenderam como certo.

Para tudo existem muitas explicações. Quando alguém está chorando, por exemplo, e não quer que saibam, pode dar, entre outras, esta: “cortei cebola”. O fato de podermos explicar de modo convincente não significa que a verdade não possa ser outra.

Se infinito foge à nossa compreensão e eterno é algo que não teve início nem terá fim, como podemos limitar a misericórdia divina, dizendo que se não nos arrependermos até a morte, seremos condenados eternamente?

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Quando os homens, pensando fazer justiça, levam alguém à morte, muitos percebem nesse gesto um sinal de ignorância e não de justiça. Entretanto, quando isso ocorre, ou seja, quando o homem mata, ele mata somente o corpo. Condenar ao “Inferno” é matar também a alma. Diante disso, perguntamos quem seria pior: o homem que matou o corpo ou Deus que aniquilou a alma? Quanta confusão!

Tudo tem seu preço. Pagamos de acordo com as nossas dívidas. A punição, que não passa de autopunição, tem exatamente o tamanho da falta cometida. A menos que se queira pagar mais.

A nossa capacidade de errar chega a ser mesquinha perto da Divina de perdoar. Esta vida é infinitamente pequena se comparada com a espiritual. Se os nossos erros são tão insignificantes, o pagamento também deve ser.

Quando uma criança entra na escola, pode ter muita dificuldade e, muitas vezes, até pensa que é “burra”. Só depois de cometer muitos erros, consegue acertar alguma coisa. O professor deve ser muito paciente para acompanhar o ritmo da criança. Se não o for, o processo de aprendizagem fica prejudicado, e ela pode, até mesmo, não conseguir aprender.

Os nossos erros, assim como os da criança, não passam de ensaios para acertar. Uns aprendem mais rápido que outros. A facilidade ou a dificuldade, muitas vezes, foge à nossa compreensão. Do mesmo modo acontece na vida.

Um professor impaciente a ponto de expulsar uma criança com dificuldades de aprender, poderíamos dizer que é bom? Deus seria Bom se condenasse Seus filhos ao Suplício Eterno? Não estaria privando-os de aprender?

Quando um professor expulsa um aluno, este não é seu filho, e existem outras escolas. Portanto, ele não perdeu sua única chance de aprender. Mas, o mesmo não acontece

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em relação a Deus, porque Ele é único e, uma vez expulsos, será para sempre.

Deus é perfeição absoluta, é o nosso modelo maior. Aliás, pai ser modelo não é novidade. Será que existe algum pai que tem como norma perdoar somente alguns tipos de erros ou só até determinada hora? E, se esse pai existisse, seria certo considerá-lo perfeito? Poderíamos dizer que seja um bom exemplo para seus filhos?

Perdoar somente alguns tipos de erros é algo interessante, pois, se perdoa os mais graves, poderia, muito bem, perdoar os mais leves. E, se somente os mais leves, não há nisso vantagem alguma, porque quem suporta os mais graves, pode também com os mais leves.

Achamos estranho quando um pai se comporta assim, como podemos atribuir a Deus um comportamento desse?

Costumamos medir a saúde psíquica e/ou emocional de uma pessoa, de acordo com a maneira como ela reage diante de situações conflitantes. Quanto mais se mantém “inteira”, mais é considerada saudável. Se, diante de um determinado acontecimento, fica extremamente nervosa e muda radicalmente de opinião, isso não será visto como comportamento normal.

Como podemos ser tão incoerentes: se em uma pessoa humana demonstra desequilíbrio, como podemos atribuir a Deus tal atitude?

Dizer que Ele criou o homem para a imortalidade, para gozar as delícias do paraíso, mas é necessário que não erre ou peça perdão até a hora da morte, não seria considerá-lo louco, desequilibrado?

Afirmar que Deus é Bom, é Justo e, ao mesmo tempo, acreditar que Ele não perdoa todos os pecados ou não perdoa sempre pode gerar em nós muitos desequilíbrios e até mesmo muita maldade. Se Ele, que é Bom, comporta-se

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assim, quem somos nós para praticar o bem ou sermos justos? Que incentivo temos para ser bons? Que garantia para tentar?

É muito difícil fazer cópia perfeita quando o original não é. Deus é realmente Bom e perdoa não somente algumas faltas, mas todas. Acreditar que existem pecados que Ele não perdoa é chamá-lo de fraco, de incapaz, é diminuí-lo. Se existissem pecados que Ele não perdoasse, não importa o motivo, não poderia ser chamado de grande nem de bom. E se tivesse limite de tempo para perdoar, não poderíamos dizer que a Sua bondade e misericórdia são eternas.

Deus é Justo. Costumamos afirmar isso, mas será que é mesmo? Dizemos que Ele é justo, no entanto atribuímos a Ele comportamentos, que, se praticados pelos homens, nossa opinião muda completamente.

Se pais expulsam de casa uma filha, por estar grávida solteira, não falta quem os acuse e defenda a filha. Há, até, alguém para acolhê-la. Que ótimo, conseguimos perceber o que é certo, justo, e o que é errado. Mas que pena, não raciocinamos da mesma forma em relação a Deus!

Para conosco somos mais racionais e justos do que com Deus. Acreditamos que as pessoas estão próximas de nós, são nossos semelhantes. Assim nos colocamos no lugar delas. Entretanto, achamos que Deus está distante, não se parece nem um pouco conosco, por isso não se pode saber como Ele é. E, o que conhecemos Dele, através de outras pessoas, já é o bastante para percebermos que, quanto menos mexermos com Ele, melhor, pois é muito complicado e temperamental.

É verdade que os outros são nossos semelhantes, nosso igual, um outro eu. Porém, ninguém está mais

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próximo de nós do que Deus. Ninguém é mais coerente, mais lógico e entende mais de nós do que Ele.

Quando cometemos um erro, é normal termos uma explicação para justificá-lo, tanto para nós quanto para os outros. Mas, muitas vezes, pensando ser espertos, achamos que merecemos castigo eterno. Este é um grande engano. Realmente, cometemos muitos erros e admitir sinceramente é necessário. Entretanto, Deus, que não sabe apenas mais do que nós, sabe tudo, sabe também a nossa origem, não tem dúvidas de que somos capazes de progredir, de melhorar em todos os sentidos.

Costumamos dizer que tudo tem seu preço. Mas, uma mesma mercadoria, por exemplo, às vezes, tem muitos preços diferentes. Varia de loja para outra, isso dentro da mesma cidade: um pouco mais de um estado para outro e ainda mais de um país para outro. Também existem coisas muito semelhantes e que, por isso, é muito difícil perceber a diferença e poder justificar a variedade de preços.

Mais sutil que a diferença das coisas e mais variável que os preços, somos nós. Podemos cometer um grande erro e sermos condescendentes para conosco ou cometer uma pequena falha e nos aplicarmos um grande castigo. Isso varia de uma pessoa para outra, mas também de um momento para outro.

Muitos afirmam que a doença é conseqüência do pecado e, de certa forma, têm razão, porque pecar é “sair da linha”, sair do caminho, é desarmonizar-se. E não haveria doenças se não houvesse desarmonia. Esta gera culpa e a conseqüente autopunição. Entretanto, o pecador precisa de alguém que o ajude a voltar para o caminho, para o seu estado harmônico e não de um empurrão que o jogue ainda mais longe.

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Em nossa realidade física, também, quem sai da trilha pode se machucar e muito. Não são poucos os acidentes que acontecem quando saímos do caminho. Existem prontos-socorros que, invariavelmente, atendem dia e noite, porque não se tem hora para machucar-se.

Quando um pronto-socorro deixa de atender alguém, por qualquer que seja o motivo, e este vem a falecer ou mesmo ter o seu estado de saúde agravado, muitos são os questionamentos a respeito e, em geral, conclui-se que os “socorristas” falharam.

A vida é de fato emergência máxima, não importa o tamanho do crime, pecado ou erro praticado. Mas, se essa vida é de tão grande importância, mesmo sendo menor que um piscar de olhos na eternidade, não seria de se supor que a espiritual fosse mais? Se os funcionários do pronto-socorro estão errados, cometem crime quando, por algum motivo, não cumprem o seu papel, poderíamos nós, pessoas sensatas, aceitarmos que Deus possa condenar alguém ao inferno, fogo ou suplício eternos?

Há por parte de autoridades religiosas muitos comentários sobre a questão “dois pesos e duas medidas”. Quando condenamos os homens por não lutarem ou por não salvar vidas, até mesmo de animais, e, ao mesmo tempo, atribuímos a Deus um comportamento infinitamente mais criminoso, que é matar almas, não estamos usando de “dois pesos e duas medidas”?

Para tudo nesta vida existem muitas explicações. Muitos modos de entendermos a mesma realidade. Uma palavra pode ter vários significados. Cada um pode interpretá-la de forma diferente. Justiça é uma dessas. Uns roubam, outros matam, em seu nome. Aliás, as maiores barbaridades são sempre cometidas com a intenção de se fazer justiça.

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Se conversarmos com um ladrão e este for sincero, vai dizer que a vida, o mundo, Deus, são todos muito injustos com ele. O que ele fez ou faz é, nada mais nada menos, justiça. Assim também procedem os que matam. Há ainda aqueles que fazem as leis ou as executam, mas que, às vezes, até roubam ou matam, pensando fazer justiça.

Justiça, muitas vezes, é confundida com vingança. Mas, afinal, o que é justiça? Será sinônimo de vingança? Fazer justiça deveria significar fazer o bem a alguém que o merecia, mas não o recebeu.

Estamos tão acostumados a confundir o mal, a punição, a vingança com justiça que até Deus tem falado, através de muitos profetas atuais, nesses termos, porque só assim somos capazes de compreender.

É muito difícil acreditar que somos responsáveis por tudo o que acontece conosco. Estamos tão acostumados a acusar e a responsabilizar os outros, a nos sentirmos vítimas da vida, de Deus, do destino: parece impossível mudar isso.

Mudar de atitude, de vida, transformar-se ou converter-se, exige de nós coragem e força de vontade. É muito mais fácil acomodar-se, mesmo no sofrimento, do que tomar uma atitude. Se podemos acusar os outros e passar por “coitadinhos”, por que mudar? Saber e acreditar que somos os únicos responsáveis por tudo o que acontece conosco é algo muito sério.

Condenar dá-nos idéia de paralisar; perdoar dá de libertar: significa viva, vá à luta, coragem! Como estamos acostumados a pôr a culpa nos outros. Fica bem mais fácil dizer que Deus não nos perdoa do que assumir que erramos. Porém não lutar é errar duplamente, porque a única forma de corrigir um erro é agindo. Só erra quem faz alguma coisa, mas também é a única forma de acertar. Quando numa prova fazemos todas as questões, corremos o risco de errar

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algumas, mas, se ao contrário, por medo de errar, deixamos a prova em branco, só nos resta uma certeza, a nota é zero.

Nós consideramos a morte “um ponto final”, o término de tudo. A realidade pode não ser bem essa. Trocar de roupa nos modifica bastante, porém continuamos os mesmos. Às vezes, estando cheios de problemas, fazemos uma viagem para esquecê-los. Frustramo-nos, porque, ao chegar lá, percebemos que os levamos todos.

Tem muita gente vivendo em função da morte na intenção de livrar-se de todos os seus problemas e encontrar-se com Deus. Quando esperamos ansiosamente por alguma coisa, normalmente, o resultado é frustrante. A melhor maneira de esperar é vivendo cada momento como se fosse o único. Quem não vive o hoje em função de um amanhã jamais será feliz. Quem não procura encontrar Deus, hoje, dificilmente encontrará amanhã.

Temos a presença de Deus, não somos “deuses”, mas Seus filhos. Por isso é impossível nos afastarmos Dele, porque Ele é parte de nós. Quanto à questão “Se Ele perdoa ou não”, dizemos o seguinte: se não fôssemos livres nem os únicos responsáveis por tudo o que acontece conosco, mesmo assim poderíamos contar, com certeza absoluta, com o Seu perdão, porque, estando presente em nós, não nos perdoar ou nos condenar seria o mesmo que Se separar de Si mesmo.

7. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.

Muitas pessoas argumentam que a Santíssima Trindade é “composta” por Deus Pai, Filho e Espírito Santo, não porque vêem nisso algum fundamento, mas porque foi

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assim que aprenderam. Mudar, realmente, não é fácil. É muito mais fácil acreditar, cegamente, naquilo que está escrito, porque isso nos livra de responsabilidade, uma vez que não fomos nós que o escrevemos. Como costumamos dizer:

“Vendo como comprei, não me comprometa!”.Temos muita dificuldade em aceitar o diferente, o

novo. Este assusta, mobiliza, choca, desestabiliza, dá medo. Medo de errar, medo de que falem de nós, medo de nos expor, medo do ridículo e de ser diferente.

Deus é segundo às nossas necessidades. Se precisamos de Pai, Ele é Pai. Se precisamos de mãe, é Mãe. Se precisamos de amor, é Amor.

A idéia de um Deus Pai, com certeza, nos foi passada devido a uma sociedade paternalista e machista e uma total desvalorização da mulher e da figura feminina de modo geral.

A idéia do Espírito Santo foi introduzida como a única forma de explicar que Deus, embora sendo Pessoa, está também em nós, porque é muito difícil entender que Deus está em tudo e ao mesmo tempo. Principalmente, que Ele possa estar também dentro de nós.

Não devemos achar que o que está escrito é a única verdade, porque esta não é estática. Não é igual nem para toda a humanidade, dentro do mesmo tempo; muito menos para todos os tempos. Ela muda conforme a capacidade de compreensão dos povos, da humanidade de forma geral.

Não nos deve importar se Deus é Uno ou Trino. O que realmente importa é que somos todos bons, porque fomos feitos por um Ser que é pura bondade e misericórdia. Enquanto nos preocupamos com as pessoas Divinas ou com a Sua forma, nos esquecemos da Sua essência. E a Sua

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relação conosco, que é o que de fato importa, fica muito prejudicada.

Costumamos discutir sobre a Santíssima Trindade, enquanto nos esquecemos de que Deus está em nós, que está nos ouvindo e, muitas vezes, tentando falar. Não temos tempo para ouvi-lo. Encontramo-nos muito ocupados a discutir algo, de forma intelectual, que não tem nada a ver conosco e nem tampouco com o próprio Deus.

Muitos alegam que a terceira pessoa da Santíssima Trindade é de fato o Espírito Santo, porque Jesus muitas vezes fez referências a Ele. Entretanto, se esquecem de pensar um pouco mais sobre isso.

Se Jesus tivesse dito que Ele próprio viria consolar e santificar, ninguém compreenderia. Iriam querer vê-lo da forma como estavam acostumados. E se dissesse que o Pai era o consolador, também não entenderiam, porque não podiam acreditar que Deus Pai pudesse ser assim tão disponível a ponto de, pessoalmente, consolar a Seus filhos. Também, não dava para entender que esse Pai pudesse estar dentro de Seus filhos. O que Jesus falou era a única verdade que alguns estavam preparados para ouvir. Não podia ser de outra forma, uma vez que eles não eram capazes de compreender.

Nós não temos com uma criança a mesma conversa que temos com um adulto. Se um adulto que recebeu uma determinada informação quando criança, a quiser fazer valer para a sua vida adulta, achamos isso muito estranho e vamos chamá-lo de imaturo ou coisa semelhante. É exatamente isso que estamos fazendo, quando tomamos como verdade somente aquilo que foi falado por Jesus enquanto estava presente, fisicamente, entre os homens.

Quando os nossos pais, velhinhos, demonstram dificuldade de atualizarem-se, nós os achamos retrógrados,

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ultrapassados, no entanto é assim que estamos nos comportando, quando não aceitamos que Deus nos dê novas informações sobre Si Mesmo ou sobre qualquer outro assunto que até então ignoramos. Não devemos duvidar de que o que está escrito foi inspirado por Deus. Mas precisamos lembrar que Ele inspirou uma verdade escrita por pessoas condicionadas a um tempo e cultura determinados, ou seja, pessoas humanas como nós.

O que escreveram foi de fato inspirado por Deus e são verdades eternas, porém mais cedo ou mais tarde, têm que ser decodificadas ou atualizadas de acordo com cada época em que a humanidade estiver vivendo.

Houve época em que era considerado totalmente impossível ao homem ir à lua; em que se dissessem ser possível um dia termos um computador capaz de fazer o que faz hoje; ou um meio de transporte tão eficiente quanto o que temos. Seria chamado de louco e, talvez, até fosse queimado vivo quem afirmasse tais absurdos. No entanto, isso é realidade.

É interessante observar que a humanidade aceita, até bem, a modernização, o progresso em muitos setores da vida. Em relação a Deus acha, que não se pode mudar nada. Se quem está vivo progride, cresce, muda, pensar assim não seria o mesmo que considerá-lo morto ou inanimado? Se Ele não pode falar hoje, será que realmente falou ontem?

A humanidade está passando por um período de mudanças e de grandes revelações, embora, às vezes, aparentemente contraditórias. Deus está, de fato, agindo de forma muito evidente, muito clara. Isso significa que a humanidade está, de certa forma, preparada para o que está acontecendo. De certa forma? Porque somente alguns apresentam, no momento, capacidade para compreender o

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que está acontecendo. No entanto, Deus, sabendo que jamais todos estarão preparados, age dessa forma, agora.

Em uma escola, não se deixa de ensinar adequadamente para o “último ano” porque ainda tem gente no primeiro. Se fossem esperar que todos chegassem ao último, isso jamais aconteceria, uma vez que muitos não conseguem acompanhar o ritmo dos outros. Cada um tem o seu próprio ritmo. Seria ignorância querer que todos fossem iguais.

Está acontecendo um fato bastante curioso em relação à abertura para novos conhecimentos, para novas revelações de Deus. Aqueles que são mais religiosos não estão se abrindo para o novo. Os outros que, muitas vezes, são os malvistos pelos religiosos estão mais abertos e são os que mais aceitam as instruções divinas da atualidade.

Isso pode estar acontecendo pelo seguinte: aqueles que não aceitam as religiões devido às coisas ou detalhes que não concordam, saem à procura da verdade e, quando a encontram, aceitam-na. E aqueles que, mesmo não concordando, fingem concordar e não aceitam sequer questionamento argumentam que o que está escrito é a única verdade.

Acreditar, cegamente, em tudo o que está escrito, só porque está escrito, sem questionar se é verdade ou não, seria o mesmo que comer tudo que nos oferecem, porque “se nos oferecem é bom e saboroso”. Uma coisa é ser verdade, e outra bem diferente é “ser verdade” hoje.

A Santíssima Trindade jamais foi apregoada ou ensinada por Jesus. Ele apenas referia-Se ao Pai para nos ensinar que temos um Pai Celestial e não para dizer que esse Pai era a primeira pessoa da Santíssima Trindade. Disse que Ele e o Pai são um e o mesmo, portanto afirmou que é Deus.

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Mas em momento algum, Ele falou que era a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Referiu-Se ao Espírito Santo como o Paráclito, o Consolador. Entretanto, jamais afirmou que Este era a terceira pessoa da Santíssima Trindade.

A Santíssima Trindade foi uma conclusão dos homens que acreditaram que Jesus é Filho de Deus e não o próprio Deus. Não aceitam que Ele tenha usado um gênero catequético, fazendo-Se nosso irmão para nos ensinar que Deus é nosso Pai.

Não nos deve importar se Deus é Uno ou é Trino. Isso não faz diferença para nós, pois também somos um com Ele e todo o Universo. O que importa se são três pessoas em um só Deus, quando Ele está em tudo? Enquanto muitos teólogos passam a vida inteira tentando provar que Ele é Uno, embora Trino, há uma infinidade de pessoas infelizes, não por não saberem isso, mas por não terem, sequer, ouvido falar que Ele existe. Não sabem que têm um Pai Bom e Misericordioso, por isso se sentem perdidas, desprotegidas e desamparadas.

8. Santíssima Trindade: Família Divina.

Deus é modelo completo, perfeito em tudo. É essência pura, matriz excelente absoluta. É o Tudo de Tudo. É a perfeição máxima, o poder absoluto, a essência maior. Máximo dos máximos.

A nossa vida, aqui na Terra, é um ensaio para a outra. Quando os artistas se propõem a fazer um trabalho, apresentar uma peça teatral, por exemplo, têm em mente um modelo a ser seguido, um objetivo a alcançar. Ao contrário, não haveria progresso, pois não saberiam qual direção

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seguir. Todos os ensaios visam ao objetivo, que é a perfeição cada vez maior.

Assim é na vida. Vivemos um ensaio e temos um modelo a seguir, a imitar. No teatro há uma luta constante por aperfeiçoamento, por agradar sempre mais. Na vida caminhamos para a perfeição, e agradar a Deus é o nosso objetivo, quer acreditemos ou não. Isso, para muitos, é visto como falta de liberdade, mas não o é. Esta é a nossa realidade. O que nos tira a liberdade é acreditar que não somos livres.

Se temos um propósito, o único objetivo é realizá-lo. Existe uma infinidade de meios e de formas para alcançarmos esse objetivo. Somos nós que escolhemos como fazer. Há meios mais práticos, mais rápidos, mais eficientes e outros menos. Depende de nós, de nossa escolha. Podemos chegar “lá” dentro de algumas horas, dias, semanas, meses ou anos. A escolha é nossa.

A nossa vida tem origem numa família mais, ou menos, perfeita. Mas sempre uma família. Nenhum humano existe, vivendo aqui, sem ter tido um pai e uma mãe.

Observamos durante a nossa vida que as pessoas são mais, ou menos, saudáveis, equilibradas, dependendo de sua origem. Até mesmo de sua vida familiar atual. Concluímos com isso que a família é mais importante do que se pensa.

Se a família é tão importante, ela é imprescindível para nossa existência. Nesse caso, como fica a idéia de que Deus é modelo em tudo para nós? Quando não temos modelo, não temos referencial, não temos como seguir em frente. Quanto mais claro o objetivo, mais firme, mais rápido caminha-se em sua direção.

Quanto mais saudável a família, mais saudáveis os seus membros. Isso significa que todos nós, de alguma forma, precisamos de uma família. Sendo a nossa vida um

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ensaio em busca da perfeição, deve existir, no plano espiritual divino, uma família que possa ser o modelo ideal.

Há, em nosso meio, uma busca constante de valorizar a figura feminina, que, apesar de tudo, ainda se encontra um tanto desvalorizada, embora, hoje, esteja bem melhor do que antigamente. Porém, há “muito chão pela frente” para que ela atinja o seu devido valor.

Será que está faltando um modelo adequado? Ou já existe e ainda não tomamos conhecimento? Costumamos afirmar que uma casa sem mulher não

tem graça, que um toque feminino é sempre bem-vindo, que a mulher é o “pé direito” da casa, etc. Apesar de tudo, ela continua sendo tratada como objeto descartável. Quanto mais feminina, mais corre o risco de ser considerada objeto. Se mais séria, pode ser chamada ou ser vista como masculina, “sapatão”. Não há respeito. Quando pensa buscar os seus direitos, se perde, pois toma como seus os direitos dos homens. Passa a lutar por coisas que não lhe dizem respeito, mas, sim, aos homens.

Uma mulher que sabe o que são roupas femininas e está precisando de roupas, luta por elas, ou seja, por roupas femininas. Porém, se não sabe, pode, por falta de conhecimento, lutar por roupas masculinas.

Direitos iguais não significa que as mulheres devam “vestir a mesma roupa” que os homens, mas que devem “vestir-se” tão bem quanto os homens. A luta, a busca, deve ser para suprir as suas necessidades e não para equiparar-se aos homens. É mais ou menos como se um filho adulto e outro criança, por terem os mesmos direitos, pedissem aos pais roupas exatamente iguais. É assim que muitas mulheres se comportam quando pensam estar defendendo os seus direitos, exigindo igualdade com os homens.

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Nós, seres humanos, em geral, somos muito apressados. Quase nunca estamos contentes conosco. Quando começamos a fazer alguma coisa, logo em seguida passamos para outra. De forma desordenada, misturando tudo, normalmente, o que conseguimos é uma grande bagunça e nada mais.

Assim, fazem muitas pessoas que escolhem e depois ficam na dúvida se fizeram ou não a escolha certa; se permanecem ou não com a escolha feita. Assim passam a vida inteira sem saber, exatamente, o que são ou o que querem.

Se temos consciência de nossa liberdade de escolha e de nossa eternidade, fica bem mais fácil assumir o que somos. Somos o que escolhemos ser. Se assim escolhemos, não o fizemos por acaso. Por isso, devemos fazer o possível para ser, de fato, aquilo que escolhemos.

É raro darmos conta de duas coisas ao mesmo tempo. Em geral, quando queremos fazer tudo de uma vez, principalmente se tratar de coisas antagônicas, acabamos por não fazer bem coisa alguma. Se assim é na vida de modo geral, com certeza o é também em relação ao sexo.

Uma pessoa que se forma em medicina, por exemplo, não se realiza profissionalmente se, depois de formada, passar a exercer a profissão de engenheiro.

O organismo da mulher está preparado apenas para ser mulher e o do homem, para ser homem. Isso é lei divina e natural. Não se trata de querer condenar ninguém, mas apenas de informar, de esclarecer e recordar que cada coisa a seu tempo; há um tempo para cada coisa.

Uma família completa, saudável, é composta por um homem que exerce consciente e inconscientemente o papel de homem/pai, uma mulher que exerce o de mulher/mãe e filhos que exerçam somente o papel de filhos.

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Há maior harmonia familiar à medida que cada um de seus membros mais se aproxime do ideal, de seu próprio papel. Essa harmonia é verdadeira, é real, não só entre os membros da família, mas também dentro de cada indivíduo. Como se cada um fosse uma família. Isto ocorre ainda com a sociedade, que é uma espécie de família. Cada nação, cada planeta, é uma família, e o Universo é a Família Maior.

À medida que convivemos melhor com os nossos familiares, convivemos melhor com nós mesmos, com os demais familiares, com a sociedade, com o Universo e com Deus. Cada pessoa tem dentro de si uma família, pois, para ser saudável, ela precisa estar bem ou estar de bem com o pai, a mãe e o filho dentro de si mesma.

Se a pessoa humana é assim tão completa e complexa, poderia Deus, que é completo em tudo, ser apenas masculino?

Deus é tudo. É infinitamente grande, porém, infinitamente pequeno. É maior que o universo e menor que um átomo. Muitos teólogos passam a vida discutindo. Uns querendo provar que Ele é um ser pessoal ou uma pessoa. Outros tentando provar que Ele é pura energia, porque entendem que, para que esteja ao mesmo tempo em todo o universo, é necessário que seja pura energia. Eles ainda não se deram conta de que estão perdendo tempo, uma vez que discutem a mesma coisa. Todos estão com a verdade. As suas premissas são verdadeiras. O único grande erro de todos é pensar e afirmar que só eles conhecem a verdade e mais ninguém.

Tudo que afirmam a respeito de Deus é verdadeiro, porque Ele é Tudo, ou seja, além de pessoa, também é energia.

A nossa vida na Terra é de fato uma réplica do Céu. Na terra habita o homem, senhor absoluto de tudo. A mulher

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quase não é notada. A ela se refere como “a mulher do fulano”, “a mãe do sicrano”, a amante, a filha e assim por diante. Tenta-se mudar, mas o progresso ainda é muito pequeno. Isso acontece porque está nos faltando um modelo no céu. Por isso, está assim: no céu, manda Deus, o grande ser masculino, e, na terra manda, o homem, um pequeno ser, mas, masculino.

Se Deus, sendo masculino, reina sobre todo o Universo, por que não haveria o homem de reinar sobre tudo na terra? Diante disso, perguntamos por que tanto medo de concorrência? Afinal, qual é o perigo? Quem estabeleceu o masculino como Senhor no céu e na terra?

Deus é tudo, mas se O classificarmos como “espírito”, não é masculino nem feminino. Logo, afirmar que é masculino é falso. Se podemos dizer que é masculino, podemos perfeitamente e com toda a certeza dizer que é feminino.

A mulher só será respeitada quando souber o valor que tem. Para reconhecer o seu próprio valor, não precisa e não deve se comparar ao homem. O seu valor existe independente do homem.

Quem sabe o valor que tem não tenta ser igual ou maior que ninguém.

Um casal formado por pessoas que reconhecem o seu próprio valor, ou seja, que sabem o quanto são importantes, é um casal de pessoas “inteiras” que estão juntas por amor e porque querem constituir uma família. Não em busca de algo que lhes falte, porque quem procura, no outro, apenas aumentar o seu próprio valor ou se sentir mais importante vai atrair para si alguém que esteja nas mesmas condições. Assim, serão somente concorrentes que estão juntos por interesse e não por amor, que é a base de toda união.

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Valorizar a mulher não significa, em hipótese alguma, diminuir ou desvalorizar o homem, apenas reconhecer que ela também tem valor. O homem não perde com isso, ao contrário, ganha e muito.

Devido a preconceitos, idéias ou sentimentos de que a mulher não tem tanto valor quanto o homem, está acontecendo uma tentativa, por parte de muitas mulheres, de “dar o troco”. Isso, mesmo estando em nível inconsciente, gera muitos conflitos. Podendo, até mesmo, estar provocando aumento na confusão sexual existente em nosso meio.

Deus ou a Divindade, sendo nosso Modelo, não deve continuar passando apenas por masculino, porque dá margem à humanidade, jamais reconhecer que a mulher é tão importante quanto o homem.

Jesus afirmava que quem O via, via também o Pai. Quem O conhecia, conhecia também o pai, porque os dois eram uma só pessoa. Quanto à mãe, quase nada falou, entretanto, todos sabemos o quanto a mulher era malvista. Ele fez alguns ensaios na tentativa de valorizá-la, porém, em relação à Sua mãe, segundo o que está escrito, Ele não era lá muito gentil. Isso deixa uma pergunta: Jesus, realmente, Se comportava assim em relação à Sua mãe? Talvez até Se comportasse, porque o que Ele fez já foi o bastante para que O matassem.

Deus é completo, inteiro, perfeito. Para Ele ou por Ele, não faz diferença o que pensamos d’Ele. Não precisa de esposa ou de filho; não precisa de uma família. Somos nós que precisamos de pai, mãe e irmãos, por isso seria muito importante se tivéssemos no “céu”, como modelo, uma Família Divina.

O que é o Espírito Santo senão a ação de Deus em nós? Se Deus Pai é espírito e é santo, portanto pode ser

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chamado de Espírito Santo. O Filho é, também, espírito e santo, logo, pode, ainda, ser chamado de Espírito Santo. Por que precisaríamos de uma terceira pessoa com a mesma denominação? Se o Pai “contém” o Filho, e o Filho “contém” o Pai, e os dois são Espíritos e são Santos, podemos afirmar que ambos nos envolvem ou nos invadem com o Seu Sopro. Por que chamar também a Este de Espírito Santo e afirmar que se trata de uma Terceira Pessoa?

A ação de Deus em nós nos é muito importante. Se é uma pessoa ou não pouco nos importa. O nosso modelo de menor sociedade, essencial e necessária para a nossa sobrevivência e saúde é a família. Não podemos afirmar que uma família está completa quando tem apenas o pai e um filho. Portanto, na Trindade, o ideal para nós, hoje, seria Deus Pai, Mãe e Filho, sendo assim um modelo ideal de família e de sociedade para todos.

9. O Bem vem de Deus e o Mal vem do Homem.

O bem é forte e o mal é fraco, porque Deus é o bem. Por isso o bem é eterno e o mal é passageiro.

Nada há fora de Deus. Ele é em tudo. Estamos todos como que mergulhados, submersos n’Ele. Somos todos irmãos, porque somos todos filhos de Deus. Saímos, ou melhor, estamos no mesmo útero. O nosso desespero não passa de falta de informação, falta de fé. Se estamos mergulhados, ensopados por Ele por dentro e por fora, por que ficarmos medrosos, apreensivos e ou desesperados?

Por que praticarmos atos que só nos fazem mal, nos fazem sofrer, se quem pratica o mal é o que mais recebe? O

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mal praticado contra alguém ou alguma coisa reverte infalivelmente contra quem o praticou. Não se trata de acontecimento que pode vir ou não a acontecer, é algo imediato, mas que normalmente não fazemos ligação com o que fizemos. Isso nos dá impressão de que não somos livres, entretanto, é exatamente aqui que se mostra a nossa liberdade, pois, como filhos de Deus, não seríamos de fato livres se não pagássemos por todos os nossos erros.

Nós podemos usar a nossa liberdade para fazer o mal, mas como conseqüência o mesmo mal, talvez com “outra cara”, nos atinge.

Conscientemente, as pessoas em geral não sabem que o mal feito a outros é revertido a si mesmo como autopunição. Em nível inconsciente, porém, todos sabem disso. Praticar qualquer ato maldoso para com os outros é o mesmo que procurar sofrimento para si próprio.

Quem pratica o mal se pune, sofrendo mais do que fez sofrer, porque sofre não só pelo que de fato fez, mas pelo que pretendia fazer. O mesmo acontece com quem faz o bem, não só recebe pelo que fez, mas também pelo que intencionava fazer.

O mal, de fato, não existe, é questão de interpretação, de ponto de vista. A Justiça Divina está presente em tudo. Aquilo que muitas vezes chamamos de castigo ou de desgraça é sempre o melhor para nós, naquele momento. A nossa maneira de ver o mundo, a nossa capacidade de julgar as coisas, a nossa compreensão dos fatos é muito pequena diante da realidade. Isso não significa que se deve cruzar os braços e esperar que tudo aconteça à revelia. Devemos lutar por aquilo que acreditamos ser o certo, a verdade, o bem. Mas o que acontece conosco é sempre o melhor possível naquele momento, o que não significa que deve continuar acontecendo.

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Deus nos ama, cuida de nós, protege-nos, envolve-nos. Não cochila, não descuida, não dorme, não Se impacienta, não Se afasta e não Se irrita com ninguém.

O bem vem de Deus, e o mal vem do homem. O bem é como a força, a energia, o caminho ou o caminhante. O mal é apenas os espinhos da caminhada.

Deus é o bem e quer para nós a felicidade. Ele sabe que o bem sempre vence e que o mal é tão passageiro quanto as travessuras de uma criança, que pode, pondo o dedo na tomada, levar um choque, mas aprende que não se deve fazer isso.

Quem rouba é, de alguma forma, roubado. Roubar e matar é, no fundo, a mesma coisa, porque quem mata tira a vida e quem tira o que é dos outros está roubando. Assim se comportando, atrai para si algo semelhante para aliviar sua culpa.

O certo, assim como o errado, é coisa muito relativa. Depende da educação e também da evolução de cada um. Por exemplo, se aprendemos que matar passarinhos é crime à natureza, contra a vida e, mesmo assim, fazemos isso, esse ato vai pesar em nossa consciência e pode trazer-nos como conseqüência algum sofrimento como autopunição. Entretanto, se aprendemos que passarinhos existem para serem mortos por nós, não vamos nos sentir culpados. Cortar uma árvore pode ser um crime para um e para outro não passar de um procedimento normal, comum, corriqueiro, que não gera culpa alguma.

Houve época em que os homens matavam uns aos outros e até comiam suas carnes, e isto não era errado para eles, porque não tinham aprendido que não deviam agir assim. Porém, hoje, muitos sabem, têm consciência de que matar um animal ou destruir uma árvore,

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desnecessariamente, é pecado, é crime, é mal e gera autopunição.

Ninguém pode dar aquilo que não tem. Quanto mais aprendemos, mais nos é cobrado, porque mais temos para dar. Um professor não pode aplicar uma prova ou exigir de seus alunos um aprendizado que eles ainda não tiveram.

Assim como, numa mesma turma, uns alunos demonstram saber mais que outros, o mesmo acontece na vida, em nosso mundo, onde a noção ou consciência do certo e do errado varia muito de um para o outro. Um comportamento totalmente condenado por uns é tranqüilamente aceito por outros como coisa normal. Essa diferença de valores gera muitos conflitos. Faz com que uns condenem outros por erros, vistos como gravíssimos pelos primeiros e praticados, até mesmo de forma ingênua, pelos segundos.

Seria muito importante se houvesse uma maior comunicação entre todos os povos, nações, para que essa discrepância fosse amenizada. A falta de comunicação faz com que a situação se agrave, porque dificilmente nos lembramos de que os valores “do outro” podem ser diferentes dos nossos. O que é certo para nós nem sempre o é para os outros. E o que é pecado ou errado para uns, muitas vezes, não o é para outros. Por isso facilitaria, e muito, sabermos “como é o outro”, quais são os seus valores, ou seja, o que é certo e o que é errado sob o seu ponto de vista ou de acordo com a sua educação e suas origens. É obvio que temos que ter normas gerais que sirvam para todos, porém, ao mesmo tempo, é necessário termos em mente essa questão antes de condenarmos alguém por ações que julgamos erradas, mas que para o outro é normal e boa.

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Se os componentes de um corpo de jurado tivessem dentro de si, de forma clara e bem definida, a diferença de valores, com certeza, muitas pessoas que, hoje, enchem as cadeias, estariam felizes e saudáveis junto de seus familiares. A população nada teria a perder com isso, porque a gravidade do erro é equivalente a nossa maneira de vê-lo. Em outras palavras, o que é considerado um crime pelos jurados pode não ser sequer duvidoso para o réu.

Na família muitas desavenças poderiam ser evitadas se levássemos em conta as diferenças de cada um. O que está errado, o que magoa a esposa, no comportamento do marido, pode ser visto por ele de forma completamente diferente. O mesmo acontece com o marido em relação à esposa. Em relação aos filhos, os pais se surpreendem se pensam que os valores deles são iguais aos seus.

Cada um é único em tudo, por isso, se querem conhecer-se, é necessário muito diálogo, respeito e compreensão entre todos.

A família é de fato uma pequena sociedade, onde cada um é diferente do outro. São exatamente essas diferenças que fazem com que todos cresçam e aprendam a conviver uns com os outros e, assim, estejam preparados para viver no mundo.

Os governadores e demais chefes de estado deveriam ser escolhidos dentre os que mais entendessem e respeitassem as diferenças individuais. Ninguém dá aquilo que não possui. Não adianta querer que um indivíduo, só por ter sido escolhido pelo povo, seja um excelente governador. Se, ao escolhê-lo, ninguém pensou que não era suficiente conhecê-lo, mas que o principal era saber se ele conhecia os “outros”. Não basta conhecê-lo, é necessário, em primeiro lugar, que ele conheça e saiba respeitar a maneira de ser das outras pessoas. Para isso não precisamos

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ir longe, basta observarmos como o candidato trata os seus próprios familiares, principalmente seus filhos.

A maldade é, nada mais nada menos, que comportamentos ou atitudes que ferem, que machucam alguém. Comportamentos que são vistos como inadequados por muitos e, em especial, pelos que sofrem as suas conseqüências, mas que não passam de ações más e nada mais. Ações que vêm sempre de indivíduos que pensam, por algum motivo, que estão certos.

O objetivo do malfeitor não é fazer o mal, mas, sim, vingar-se por males que os outros lhe fizeram. Logo, quem pratica o mal tem em mente fazer o bem para si mesmo. Como atos são apenas atos e não podem nem devem ser confundidos com as pessoas que os praticam, não podemos afirmar que o “Mal”, de fato, exista, porque só o faz quem está doente, uma vez que ninguém é mau, pois todos são filhos de Deus, e Ele é Bom.

Assim sendo, todos são bons e não podem ser vistos como maus, sem recuperação, porque todos têm cura. O “Mal”, enquanto essencialmente “Mal”, não existe. O Bem é permanente, é eterno. Ser bom é a regra, o normal, o saudável.

Não somente os chefes políticos deveriam ser escolhidos entre os que mais entendem de pessoas e de suas diferenças individuais, mas também os professores, padres, pastores, rabinos, etc. Enfim, todas as pessoas que de alguma forma sejam responsáveis por um maior número de pessoas.

Deus é nosso tudo, portanto é o nosso modelo. Ele respeita a maneira de ser e de agir de cada um de nós. É paciente, sabe esperar. Sabe que, uns mais cedo outros mais tarde, uns por um caminho outros por outro, todos chegarão à perfeição. Jamais igualada à Dele, mas mesmo assim é um

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estado de grande perfeição. Se o nosso modelo age dessa forma, não cobrando nada que não somos capazes de dar, não exigindo mudanças rápidas, não estabelecendo limite de tempo, respeitando-nos em tudo e amando-nos sempre, será que estamos tentando imitá-lo?

10. Anjos ou Angelicais?

Anjos são pessoas boas, não importando se estão vivas ou mortas. Ou melhor, se fisicamente presentes neste mundo ou não.

O nosso espírito não está totalmente preso à matéria. Assim como em pensamento somos capazes de estar em outro lugar, também podemos, espiritualmente, estar em mais de um lugar ao mesmo tempo.

O nosso espírito pode, mesmo estando vivos e acordados, cumprir tarefas que só dizem respeito ao espírito. Porém o que acontece com este, normalmente, fica somente no inconsciente, ou seja, não tomamos consciência.

Para nós é estranho que o nosso espírito ande pelo universo a executar tarefas desconhecidas para nossa mente consciente. Entretanto, sob a ótica do espírito, isso é uma coisa normal, natural, assim como é para nós caminharmos da sala para a cozinha em nossa casa.

Os espíritos não são melhores ou piores por se encontrarem nesse estado. A bondade assim como a maldade é característica do espírito e não do físico. Ninguém melhora ou piora quando morre.

Há uma grande interdependência entre físico e espírito, mas isso não impede que o espírito cumpra a sua missão como espírito e como um ser humano comum. Mesmo estando acordados, o nosso espírito consegue executar tarefas que só a ele dizem respeito, porém age de

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forma muito mais livre enquanto dormimos. Nesse estado, não há preocupações com o físico, enquanto que, acordados e em atividade, o físico pode estar correndo riscos. Uma pessoa enquanto dirige, por exemplo, precisa estar atenta para não se acidentar.

O nosso “espírito”, quando executa tarefas inconscientes, para nós, não sai, propriamente dito, do corpo. Mesmo estando “aqui”, está também “lá”. Trata-se de estar, ao mesmo tempo, em mais de um lugar e de fazer mais do que uma coisa por vez.

Conscientemente somos mais limitados, porém, mesmo assim, conseguimos executar várias tarefas ao mesmo tempo. Também somos mais ligados à matéria, somos mais matéria. Assim como o físico, também o consciente é limitado. E, assim como o espírito, o inconsciente é livre e ilimitado. Se nos apegarmos à matéria, ao físico, ao palpável, ao provável cientificamente, nos tornamos, de fato, muito pequenos e limitados. Se ao contrário, nos permitirmos ver além do que os nossos olhos são capazes, a nossa capacidade aumenta infinitamente, tornando-nos ilimitados.

Espiritualmente não há diferença entre vivos e mortos. As diferenças só existem para os vivos. Normalmente não vemos os espíritos, mas eles vêem tanto os espíritos quanto os vivos.

Enquanto vivos, temos a impressão de que os mortos estão mais juntos de Deus do que nós, o que não passa de um grande engano. Eles estão tão juntos Dele quanto nós. Se não somos capazes de ver Deus nesta vida, o simples fato de deixarmos este corpo não vai fazer com que O encontremos.

Deus ama a todos igualmente, não importando se vivos ou “mortos”. Ele não faz distinção entre um e outro

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estado. Se para os espíritos já não há diferença, para Ele muito menos.

Assim como anjos não passam de pessoas boas, demônios não passam de pessoas “ruins”. Anjos ou demônios são espíritos que podem estar ou não somente no estado espiritual. Da mesma forma que espíritos saudáveis saem para executar tarefas saudáveis, os espíritos doentes saem para fazer o que sentem vontade, o que lhes atrai e que lhes é semelhante: maldades.

Pedir ao anjo da guarda é o mesmo que contratar uma pessoa como protetora. É claro que o anjo pode proteger melhor que a pessoa encarnada devido a sua condição.

Podemos pedir proteção aos anjos. Não podemos, porém, confundir esse pedido com oração a Deus. Simplesmente porque anjos são pessoas iguais a nós, confundi-los com Deus é idolatria.

Deus não tem privilegiados que estejam junto Dele para executar tarefas especiais. Ele está junto e, ao mesmo tempo, acima de todos os seres do Universo. Não há seres perfeitos, mas a caminho da perfeição. Em busca da perfeição, mas, perfeito, só Deus. Nada nem ninguém se iguala a Ele.

Somos todos iguais. Todos passamos pelos mesmos estágios de evolução. Assim como passamos da gestação à meninice, à adolescência e à vida adulta, o mesmo acontece com o nosso espírito. Não nascemos infantis, no espírito, e morremos adultos. Nascemos crianças e morremos adultos somente no físico.

O ritmo de desenvolvimento do espírito não é o mesmo do corpo. O espírito é eterno, portanto, tem toda a eternidade para desenvolver-se, crescer, tornar-se adulto.

“Estar ruim”, que costumamos confundir com “ser ruim”, nada tem a ver com a evolução do espírito, mas

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apenas com o estado de saúde. Assim como, fisicamente, não se tem idade para ficar doente – tanto se pode ficar doente quando criança, adolescente ou adulto –, o mesmo acontece com o espírito. Um espírito doente, que muitos chamam de demônio, não é, necessariamente, mais atrasado do que um que chamamos de anjo. Saúde não é sinal de maturidade, assim como estar doente não o é de pouca evolução.

Não há diferença entre anjos e santos. Tanto os anjos quanto os santos são pessoas que viveram ou vivem exatamente como nós. Com defeitos, qualidades e virtudes, mas que procuram acertar. São, muitas vezes, os que mais se sentem pecadores. São, de fato, tão pecadores quanto os outros. Entretanto, são pessoas que têm vontade de melhorar, de fazer o bem, de acertar. Não se contentam em repetir hoje os mesmos erros de ontem e amanhã os mesmos de hoje.

Aprendemos que os anjos são criaturas especiais que estão junto de Deus, com a função de representá-lo tanto como guardiões quanto como mensageiros. Foram criados especial e exclusivamente para isso. Os santos, para muitas pessoas, não passam de pessoas boas, bastante raras, que sofreram muito e com muita paciência. Por isso, merecem ser chamadas de santos. Merecem, ainda, uma certa aposentadoria, pois estão junto de Deus, em contemplação constante, e nada nem ninguém tem o poder de tirá-los de tão merecido descanso. Assim, achamos que os anjos são súditos fiéis que trabalham constantemente, sem descanso ou férias por toda a eternidade. E que os santos, ao contrário, estão aposentados para sempre.

Santos, anjos, demônios e nós somos todos irmãos, filhos amados do mesmo Pai, temos todos o mesmo Irmão, Jesus. Vivos ou “mortos”, mais ou menos evoluídos, somos

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todos irmãos e todos iguais. Temos a mesma origem, somos da mesma essência: teremos o mesmo fim.

Somos todos bons, pois todos viemos de Deus. Nascemos para ser feliz, mas isso só acontece quando cumprimos a missão que, antes de nascer, escolhemos. Deus não nos impõe coisa alguma. Somos livres e decidimos sobre o nosso destino. Quando escolhemos coisas, para as quais não estamos aptos, isso não significa derrota eterna. Os nossos erros e acertos não passam de ensaios em busca do objetivo que é a perfeição. Anjos ou demônios, vivos ou “mortos”, caminhamos para o mesmo “porto”, que é Deus.

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Conclusão

Somos eternos, enquanto espíritos. Não tivemos início nem teremos fim. Deus é a fonte que nos deu origem. Por isso o nosso “ser” é perfeito.

Somos eternamente livres, mesmo não tendo consciência disso. Desde a concepção, podemos fazer escolhas inadequadas, mas sempre sabemos o que fazemos.

Deus não nos criou, Ele está nos criando. Não nos cria como coisas que não podem opinar como quer ser, mas segundo à nossa escolha, à nossa vontade.

Tudo que nos acontece é dado por Ele e pedido por nós, consciente ou inconscientemente. Por isso, para avaliarmos as nossas orações, basta observarmos o que está acontecendo conosco.

Todo desejo é uma oração. Toda ação em prol de alguma coisa é uma oração. Se o objetivo for positivo ou negativo é sempre uma oração, porque só Deus faz acontecer.

Quando morremos, não vamos para um lugar chamado céu ou inferno, pois tanto um quanto outro é somente um estado interior, um estado de espírito.

Existe um único Deus que é Senhor e Criador de todas as coisas. Que é infinitamente bom e poderoso. Tudo criou e cria para a Sua glória, Seu prazer e de toda a Criação.

Jesus é Deus e humano. Como homem, foi tão humano quanto nós. Como Deus, escolheu morrer na cruz para dar exemplo de coragem, força e humildade. Decidiu tornar-Se homem para facilitar a comunicação conosco. Assim ensinou sobre Si Mesmo como se tratasse de outra

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pessoa – falando sobre o Pai. Se Jesus falasse claramente teríamos ainda mais dificuldade de compreender.

O ser humano, de modo geral, acha que é adulto o bastante para cuidar de si mesmo, mas não é bem assim, pois, também os filhos adultos não deixam de ser filhos e muito se beneficiam do relacionamento com os seus pais. Do mesmo modo, ninguém é adulto o suficiente para não precisar de Deus.

Nada há fora de Deus. Ele é tudo. Estamos como que submersos nEle. Somos todos irmãos, embora uns se encontrem em estado de maior evolução e outros menos. Assim como são colegas todos os alunos de uma grande escola, não importando se estão no maternal ou curso superior.

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“O Céu e a Terra” é um livro inspirado que tem como objetivo transmitir informações a todos que estejam em atitude de receptividade de novos conhecimentos e com sede de crescimento de forma geral, mas principalmente em relação a Deus e Seu relacionamento com os homens ou com a Sua Criação.

Dra. Judith Rodrigues DiasContatos pelo email:pelo fone: 44 3263-8930 (das 13h00 às 18h00)

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