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EDUCAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL: Avaliação e Aprendizagem

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Imagens da capa: Junior Cunha

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José Dias Ademir Menin Junior Cunha

Valderice Rippel (Organizadores)

EDUCAÇÃO E GESTÃO EDUCACIONAL: Avaliação e Aprendizagem

Primeira Edição E-book

Toledo - PR 2018

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Copyright 2018 by Organizadores EDITORA:

Daniela Valentini CONSELHO EDITORIAL:

Dr. José Aparecido Pereira - PUCPR Dr. José Beluci Caporalini – UEM

Dr.ª Lorella Congiunti – PUU-Roma REVISÃO FINAL:

Prof. Luciana Bovo Andretto CAPA, DIAGRAMAÇÃO E DESIGN:

Junior Cunha Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Rosimarizy Linaris Montanhano Astolphi Bibliotecária CRB/9-1610

Todos os direitos reservados aos Organizadores.

Editora Vivens

Conhecer é Poder! Fone: (45) 3056-5596

Site: http://www.vivens.com.br E-mail: [email protected]

Educação e gestão educacional: avaliação

E24 e aprendizagem / organizadores José Dias

... [et al.]. – 1. ed. e-book – Toledo,PR:

Vivens, 2018.

96 p.

Modo de Acesso: World Wide Web:

<http://www.vivens.com.br>

ISBN: 978-85-92670-60-3

1. Práticas pedagógicas. 2. Crianças. 3.

Gestor educacional. 4. Psicopedagogia. 5.

Interatividade e cidadania. I. Título.

CDD 22. ed. 370

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................... 9

I A IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Aliane Aparecida Kovalski

José Dias ........................................................................................ 11

II AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM FRENTE AO

USO CRÍTICO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS

NA EDUCAÇÃO

Alline Favro Mendes

Valderice Rippel ............................................................................ 25

III HISTÓRIA EM QUADRINHOS

estudo e criação com auxílio tecnológico

Márcio de Oliveira Souza

José Dias ........................................................................................ 45

IV O PAPEL DO GESTOR EDUCACIONAL

FRENTE A AÇÃO DO PROFESSOR NA INCLUSÃO

SOCIAL DOS SURDOS

Rosangela de Fátima Caillot Cloque

José Dias ........................................................................................ 59

V O TRÂNSITO E AS ATIVIDADES DE CRIANÇAS

E ADOLESCENTES PARAGUAIAS NA PONTE DA

AMIZADE

fronteira Ciudad Del Este/Paraguay e Foz do Iguaçu/Brasil

Valdirene Reimann Decurgez

José Dias ........................................................................................ 75

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APRESENTAÇÃO

Com alegria apresentamos aos acadêmicos de Educação e Filosofia esta obra que recolhe trabalhos oriundos de pesquisa interdisciplinar formando um corpo harmonioso entorno do problema da Educação, Gestão e Conhecimento.

No primeiro capítulo, os professores Aliane Aparecida Kovalski e José Dias, trabalham a importância do psicopedagogo na educação infantil.

No primeiro capítulo, as professoras Alline Favro e Valderice Rippel trabalham a avaliação da aprendizagem frente ao uso crítico dos recursos tecnológicos na educação.

No terceiro capítulo, os professores Márcio de Oliveira Souza e José Dias trabalham a história em quadrinhos, estudo e criação com auxílio tecnológico.

No quarto capítulo, os professores Rosangela de Fátima Caillot Cloque e José Dias trabalham o papel do gestor educacional frente a ação do professor na inclusão social dos surdos.

No quinto capítulo, os professores Valdirene Reimann Decurgez e José Dias trabalham o trânsito e as atividades de crianças e adolescentes paraguaias na ponte da amizade fronteira ciudad del este/paraguay e foz do iguaçu/brasil.

Boa leitura!

Os Organizadores

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I

A IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Aliane Aparecida Kovalski*

José Dias** RESUMO Neste artigo buscou-se mostrar a importância do psicopedagogo na Educação Infantil, um pouco da história de cada um, além das avaliações e intervenções psicopedagógicas. De acordo com a pesquisa e fatos que ocorrem no dia a dia, percebe-se que a Educação Infantil é umas das fases mais importantes para a criança, pois é nesta fase que ela recebe boa parte da sua base escolar. Diante disso o quanto antes houver uma intercepção diante da dificuldade, melhor será o seu desempenho futuro dentro das suas capacidades. O objetivo proposto é identificar possíveis dificuldades de aprendizagem antes que se torne um problema da aprendizagem. E desta forma mostrar que um olhar mais atento sobre a criança e algumas mudanças de hábitos e rotinas pode fazer a diferença. A Educação Infantil tem por finalidade desenvolver a criança em todos os seus aspectos (físicos, psicológicos, intelectual e social). Sendo assim

* Pós-graduando em Psicopedagogia Institucional pelo centro universitário UNICESUMAR; graduada em pedagogia pelo centro universitário UNICESUMAR; e-mail: [email protected]. ** Professor permanente do programa de mestrado em filosofia na UNIOESTE; pesquisador do grupo de pesquisa em Ética e Filosofia Política da UNIOESTE; e-mail: [email protected].

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compreende-se a relevância em agir preventivamente na questão da aprendizagem. PALAVRAS-CHAVE: Psicopedagogia; Conhecimento; Educação. 1.1 INTRODUÇÃO

De acordo com trabalho elaborado o psicopedagogo institucional trabalha de forma preventiva, participando da elaboração dos conteúdos e também da forma que eles são apresentados, agindo de acordo com a realidade de cada grupo, participa de orientações para os professores ajudando na sua prática dentro da sala de aula e também na orientação dos pais diante das dificuldades e como lidar com situações problemas recorrentes.

Diante de situações e fatos que perpassam a história das escolas em relação às dificuldades de aprendizagem, deve se levar em consideração que o ambiente de Educação Infantil vai muito além do cuidado com as crianças, pois é nesta fase que elas constroem e adquire boa parte da sua base escolar, desta forma o quanto antes houver uma intercepção diante das dificuldades melhor será o seu desempenho futuro.

Sendo assim entende-se que o psicopedagogo pode trazer contribuições para a Educação Infantil que é um lugar lúdico e mágico para as crianças, onde a aprendizagem acontece de forma prazerosa e espontânea. Pois são através das brincadeiras vividas que a criança exterioriza seus sentimentos e expressões e é nesta etapa também que a criança vivencia uma das fases mais importantes da sua vida.

O Psicopedagogo consegue através de vínculos e métodos de ensino compatível envolver a equipe escolar e ajudar com um olhar minucioso sobre o aluno, superar os

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obstáculos que impedem seu domínio de habilidades necessárias para a leitura de mundo.

Percebe-se que o psicopedagogo além de trabalhar com todos os envolvidos no grupo escolar, contribui em especial para o desenvolvimento e capacidades das crianças pequenas com o objetivo de impulsioná-la em suas descobertas, desenvolvendo nelas desde cedo segurança, para que tenhamos futuramente melhor condição de vida para a humanidade.

Este trabalho foi elaborado com base em pesquisas cientificas através de livros e artigos da internet, pautado por autores como Jorge Visca, Alceu Collares, João Beuclair, Vygotsky entre outros. Com a intenção de promover a reflexão sobre a importância do psicopedagogo dentro das instituições de Educação Infantil. 1.2 SURGIMENTO DA PSICOPEDAGOGIA

Diante das pesquisas elaboradas a psicopedagogia surgiu no mundo para tratar e curar os problemas de aprendizagem, dos desvios de crianças com problemas de aprendizagem ou deficiências. Percebe-se assim que ao longo dos anos foram muitos avanços passando de um caráter meramente curativo para um caráter preventivo.

De acordo com Bossa (2007) a psicopedagogia nasceu em meio a um contexto histórico depois da Revolução Francesa no final da idade média no século XIX quando o pensamento racional e o pensamento moderno começaram se sobressair, saindo da idéia que todas as questões humanas poderiam ser explicadas de forma religiosa. Com a vinda da Revolução Industrial e a Revolução Francesa começaram a achar respostas para as questões do mundo com racionalidade na ciência.

Com isso, a Revolução trouxe questionamentos na sociedade do porquê das coisas, por que os nobres viviam e

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eram tratados de uma maneira e a sociedade de outra? O porquê que existiam classes desfavorecidas? Enfim, apesar deste importante passo para um pensamento revolucionário que a culpa das coisas não era divina, percebeu-se que a miséria e as diferenças sociais continuaram.

Com o surgimento do conhecimento científico e a vinda das escolas algumas pessoas tinham dificuldades em se enquadrar e não conseguiam alcançar o conhecimento, assim, surgiram os primeiros estudos que se preocuparam com a aprendizagem destas crianças que eram tratadas de deficientes. A partir deste momento a ciência começou a buscar respostas do porquê das desigualdades e os primeiros estudos foram feitos com crianças deficientes mentais.

Segundo Patto (1996, apud BOSSA, 2007) a psicopedagogia começou a buscar respostas nos estudos da neurologia, neurofisiológicos e neuropsiquiatrias para tratar das dificuldades de aprendizagem. A nomenclatura para a criança que não aprendia se dava de “anormal”, pois este fracasso se derivava de uma anomalia anatomofisiológica. Esta descoberta recebeu o nome de pedagogia curativa porque se procurava na doença a forma de curar e lidar com os problemas de adaptação e deficiência infantil.

No final do século XIX na França o médico psiquiatra Esquirol e o educador Seguin formaram a primeira equipe pedagógica e no século XX quando uma criança não conseguia aprender ela passava por consultas médicas e eram encaminhadas para uma classe especial, estas classes buscavam a padronização dos estudos (MERY, 1985, apud CÔRTES; RAUSH, 2009).

No século XX começaram se questionamentos por parte da psicanálise que era uma grande influência para os franceses se o fato das crianças não estarem aprendendo seria mesmo uma questão de doença. A psicanálise chamava atenção sobre as necessidades daquela pessoa se preocupando não com a doença, mas com a causa da

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dificuldade, procurando entender como a pessoa está em termos afetivos e emocionais, proporcionando condições para que a criança aprenda este método é usado até os dias de hoje dentro da psicopedagogia.

A partir daí percebe-se que se o sujeito tem problemas, ele precisa de ajuda para resolver e assim se começa a dar foco na relação professor/aluno (RUBINSTEIN, 1999).

Diante de tudo, percebe-se que entender as dificuldades de um sujeito leva tempo e que os erros fazem parte do processo que deve ser feito com cuidado e cautela no diagnóstico, para que a pessoa que precisa de ajuda não seja mal interpretada e vire vítima de uma sociedade discriminatória. 1.3 PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL

A psicopedagogia surgiu no Brasil por volta de 1970 influenciada por pensamentos argentinos. Segundo Bossa (2007) o corpo teórico da psicopedagogia é encontrado em trabalhos de autores argentinos como Sara Paín, Jorge Visca, Alícia Fernandes entre outros com vários artigos divulgados em revistas científicas brasileiras.

No Brasil assim como na Europa os problemas de aprendizagem foram entendidos por muito tempo como sendo originados por fatores orgânicos e mantido por vários anos como fator determinante para o fracasso escolar. A partir do final da década de 1970 e início da década de 1980 surge uma nova teoria sobre as dificuldades de aprendizagem uma visão sociopolítica com enfoque nos problemas de ensinagem.

Porém, Collares afirma que o processo social de produção do fracasso se realiza no cotidiano da escola [...]” é nas tramas do fazer e do viver o pedagógico quotidianamente nas escolas, que se pode perceber as reais

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razões do fracasso escolar das crianças advinda dos meios socioculturais mais pobres (COLLARES, 1989, p. 25). Diante disso Collares nos afirma que só é possível saber qual a real dificuldade do sujeito através do acompanhamento diário do que se acontece na escola.

No final da década de 1970 surgiram os primeiros cursos de psicopedagogia. Estes cursos discutiam sobre as crianças com dificuldades em uma sala comum, dificuldade escolar, problemas de aprendizagem escolar e pedagogia terapêutica. Eram oferecidos a psicólogos e profissionais da área a fins, com o propósito de oportunizar conhecimento para trabalhar junto com crianças que não respondiam as solicitações da escola:

Psicopedagogia, então, é uma área de atuação e pesquisa humana envolvida nos campos da Educação e da Saúde, que enfatiza os processos de cognição e aprendizagem, percebendo que estes se dão sob a égide e as influências de aspectos familiares, educacionais e sociais (BEAUCLAIR, 2009, p. 32).

A psicopedagogia começou a ganhar espaço com a vinda de educadores exilados da Argentina que trouxeram seus estudos e práticas divulgando por meio de palestras e cursos. Jorge Visca foi um dos primeiros psicopedagogos a propor uma nova teoria que foi chamada de epistemologia convergente resultado da assimilação recíproca de conhecimentos fundamentados no construtivismo, estruturalismo construtivista e no internacionalismo (VISCA, 1987). De acordo com a pesquisa proposta, Visca é considerado pai da psicopedagogia e um dos contribuintes mais importantes da literatura da área.

No entanto, a busca pela regulamentação do curso de psicopedagogia no Brasil não foi uma tarefa fácil, foram muitos anos de luta para os representantes da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) e o encaminhamento

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do projeto fosse aprovado podendo assim provar que o trabalho de transdisciplinariedade é capaz de trabalhar em prol da saúde e do bem-estar e ainda é capaz de olhar as dificuldades do outro com respeito e tratar com seriedade.

De acordo com o trabalho elaborado entendemos a importância dos autores e pesquisadores argentinos, pois eles trouxeram fontes de inspiração e inovação para o campo da educação, ajudando a entender o próximo diante de suas dificuldades e na maioria das vezes apenas com um olhar atento, um novo direcionamento na didática proposta. 1.4 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL

As primeiras escolas de Educação Infantil no Brasil nasceram com o intuito de amenizar os problemas socioeconômicos das famílias brasileiras ajudando na criação dos seus filhos. Neste momento a função da escola era meramente assistencialista.

Depois, com muita luta das chamadas populares e paulatinas em busca das melhorias e desenvolvimentos nas instituições nas décadas de 1970 a 1980, enfim alcançaram reconhecimento da importância das creches legitimada pela promulgação da Lei 9.394/96, que coloca as creches como um direito de todas as crianças do Brasil.

A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica e segundo a ALDB art. 29 tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 5 anos de idade, em aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social completando a responsabilidade das famílias e da comunidade (BRASIL, 1996).

É na escola que a criança se desenvolve de forma espontânea e o professor recebe a confiança como se fosse alguém da família. Para tanto é importante que se compreenda que o trabalho realizado transcende apenas o cuidar, pois o educador elabora formas pedagógicas para

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inserir jogos e brincadeiras para as crianças, fazendo com que o conhecimento aconteça de forma livre e prazerosa. Com isso a Educação Infantil é considerada um espaço lúdico e uma grande aliada para o desenvolvimento.

Segundo Picelli e Gomes (2009), o brinquedo é um objeto utilizado pela criança no momento da brincadeira e é por meio desta que ela participa da brincadeira de forma livre e espontânea. A concepção vygotskiana nos mostra que quando uma criança brinca exterioriza seus sentimentos e expressões, por exemplo, pelo riso, pelo prazer e pela alegria.

Através do jogo e das brincadeiras a criança transmite com maior liberdade a realidade e as fantasias vividas permitindo que ela saia do mundo real, diminuindo suas inquietações e se concentrando somente nas brincadeiras. Para Vygotsky (2007) conforme a criança experimenta as brincadeiras aumenta suas potencialidades e constrói um mundo interiormente, aprendendo a agir, a ter autoconfiança e curiosidade para compreender e resolver suas dificuldades do dia a dia.

Desta forma, durante a construção do desenvolvimento, a criança consegue construir e reconstruir suas habilidades e competências que possibilitaram a participação de forma consciente nas relações sociais, isto significa a construção das coisas que a cercam.

Picelli e Gomes (2009, p. 64) nos mostra algumas contribuições das brincadeiras e jogos no desenvolvimento da criança:

a. O jogo promove a capacidade verbal, ampliando consideravelmente o vocabulário da criança, nas habilidades manipulativas, na resolução de problemas e conflitos, nos processos mentais e na capacidade de processar informações;

b. A participação nos jogos com níveis de complexidade variados provoca mudanças nas operações mentais;

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c. O jogo ajuda a estruturar a linguagem, isto é, a criança brinca com verbalização e ao fazê-lo, generaliza e adquire novas formas linguísticas;

d. A cultura é transmitida por meio da brincadeira, uma vez que esquemas lúdicos e formas de jogo passam de geração em geração, de adulto para criança e de criança para criança;

e. As habilidades motoras são desenvolvidas por meio de situações pedagógicas que utilizam o jogo como meio educativo.

Conforme vimos a Educação Infantil transforma a criança por meio das brincadeiras e de forma divertida impulsionando-as a buscar respostas e sentido para sua vida. Por isso você educador incentive o seu aluno a brincar, explorar proporcione a ele momentos diferentes sem medo da bagunça ou da sujeira, pois é a partir destes desafios que a criança se posicionará na vida adulta.

1.5 A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

De acordo com nossas pesquisas entendemos sobre a importância de se ter um profissional capacitado, capaz de fazer uma intercepção diante da observação. Estas qualificações se dão ao profissional da psicopedagogia atuando dentro da escola. Pois é assim que ele age com um olhar atento e trabalhando de forma preventiva dentro das instituições. Como já vimos anteriormente a psicopedagogia tem como objeto de estudo a aprendizagem.

A Psicopedagogia traz contribuições para Educação Infantil com sua ação pedagógica, através de orientações para os professores sobre o desenvolvimento do grupo de alunos e também na organização das atividades propostas (Campos, 1997).

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20 Educação e gestão educacional

Diante de inúmeras dificuldades de aprendizagem que surgiram. O psicopedagogo entrou com a missão de atender e orientar as crianças com dificuldades trabalhando para a sua aprendizagem quer cognitivo ou relacionamento social (MANSINI, 2006), fazendo apontamentos nos planejamentos das atividades.

O que se pode entender do parágrafo acima é que o psicopedagogo trabalha na intervenção dos professores, observando como está o andamento da escola e como se pode melhorar, além de fazer a ponte entre a família e a escola, investigando seu meio social, como é seu convívio fora da escola com a família e sociedade e como isto poderá influenciá-lo no processo de desenvolvimento.

Um dos recursos mais utilizados pelos profissionais da área são os jogos e as brincadeiras que servem como um forte aliado, possibilitando exercitar as habilidades cognitivas e metacognitivas da criança e ao mesmo tempo reconhecer seus interesses e necessidades (BARBOSA, 2010).

Trabalhando os diferentes conceitos por meio dos jogos e brincadeiras, o professor poderá fazer a verificação do conteúdo promovendo uma aprendizagem significativa. As atividades lúdicas promovem o diálogo, a troca de opiniões, a capacidade de escolha a interpretação e a aprendizagem em diversas áreas de conhecimento.

Na Educação Infantil a brincadeira possibilita que a criança inicie a aprendizagem das primeiras letras, dos conceitos matemáticos, das ciências naturais de forma agradável, o que provavelmente não aconteceria de forma tradicional (CÓRIA–SABINI; LUCENA, 2004).

Como se pode ver, o psicopedagogo pode ajudar na interpretação do desenvolvimento da criança, por exemplo, a forma com que a criança está agindo seja com os colegas ou com os brinquedos, se existe alguma dificuldade no desenvolvimento das atividades propostas, na execução das brincadeiras. Enfim, este profissional pode ser de grande

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valia para uma instituição, pois ele trabalha para a formação e o desenvolvimento das crianças na escola. 1.6 AVALIAÇÃO E AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Lembramos que a avaliação na Educação Infantil é feita por meio de relatórios diários, diários de classes e depois para os pais ou responsáveis tem a entrega de pareceres, o tempo para entrega destes documentos depende de cada instituição, algumas são trimestrais e outras semestrais. No entanto, compreende-se que avaliar nos anos iniciais da educação básica é permitir que o professor tome decisões, que ele se avalie e permita um novo planejamento repensando sobre a sua prática a partir do que se teve de respostas sobre estes questionamentos.

Para que uma criança seja avaliada nesta etapa, as Diretrizes Curriculares da Educação Infantil anunciam que a educação infantil não tem caráter seletivo, de promoção ou classificação. Isso quer dizer que as atividades avaliativas devem promover a compreensão do processo de aprendizagem e de desenvolvimento, não tendo a intenção de reter o aluno em determinada turma.

Segundo DCNEI (BRASIL, 2012, p. 29) a avaliação deve garantir:

• A observação crítica e criatividade das atividades, das brincadeiras e interações das crianças no cotidiano;

• Utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças (relatórios, fotografias, desenhos, álbuns entre outros);

• A continuidade dos processos da aprendizagem por meio da criação de estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição vivida pela criança (transição casa para Educação Infantil, transição no interior da

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instituição, transição creche/ pré-escola, e transição de pré-escola para Ensino Fundamental);

• Documentação específica que permite as famílias conhecer o trabalho nas instituições junto as crianças e os processos de desenvolvimento de aprendizagem da criança da Educação Infantil.

• A não retenção da criança na Educação Infantil.

Diante disso, pontuamos a nossa proposta com uma visão de avaliação psicopedagógica com o objetivo de mostrar como avaliar o desenvolvimento emocional, por exemplo, sobre a importância de observar como a criança se relaciona durante os momentos livres com os colegas, como ela age diante de uma situação problema, e como age diante de novas experiências, de acordo com estas observações o psicopedagogo poderá detectar algumas situações no comportamento da criança e posteriormente trabalhar para que suas dificuldades sejam sanadas, buscando sempre o seu progresso nas atividades.

E a avaliação no aspecto físico se diz sobre a prevenção em detectar precocemente qualquer alteração no desenvolvimento infantil, principalmente em caso de deficiências sensoriais, pois diante da intervenção se garante o estímulo necessário em todos os aspectos fundamentais para o desenvolvimento global da criança (LIMA et al., 2004).

Como já vimos à avaliação psicopedagógica pode ser usada na instituição de Educação Infantil com o objetivo de amenizar e interceptar futuras situações de dificuldade de aprendizagem que normalmente evoluem e chegam ao Ensino Fundamental evitando assim que a aprendizagem da criança não aconteça de forma significativa.

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A importância do psicopedagogo... 23

1.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve por finalidade mostrar a importância do psicopedagogo dentro da instituição infantil. Pois a partir da sua ação e do diálogo entre professor e todas as pessoas envolvidas pela educação é possível compreender o sujeito na sua totalidade.

Pois cabe ao psicopedagogo a responsabilidade de interceptar eventuais situações de dificuldades no processo de ensino aprendizagem, participando de dinâmicas educativas da comunidade, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas conforme as necessidades de cada indivíduo ou grupo.

Diante de um caráter assistencial o psicopedagogo fica incumbido de participar de grupos responsáveis pela elaboração de planos e projetos das políticas educacionais, fazendo com que todos os profissionais da educação reflitam sobre a sua postura e repense sobre a sua docência e o seu papel na escola, este objetivo é alcançado quando o professor atinge a compreensão sobre o aluno com dificuldade e lhe proporcionam recursos para entender suas dificuldades. Percebe-se desta forma o importante aliado que o psicopedagogo se tornou para a educação.

Pois vale lembrar que o profissional da psicopedagogia busca sua base de conhecimento em várias áreas que estuda a aprendizagem e estas buscas não cessam nunca, pois sempre estamos sendo desafiados com outras dificuldades e necessidades. E é por isso que o psicopedagogo é tão importante.

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REFERÊNCIAS LIMBERGER, V. A Atuação do Psicopedagogo na Educação Infantil. Revista Ciclo do Conhecimento. Ribeirão Preto, SP. 2015. Disponível em: http://centraldeinteligenciaacademica.blogspot.com.br/2015/11/a-atuacao-do-psicopedagogo-na-educacao.html: Acesso em 10/02/2018.

CAVALCANTE, O, A. A importância da Educação Infantil para o desenvolvimento Global da criança. Portal da Educação. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/esporte/a-importancia-da-educacao-infantil-para-o-desenvolvimento-global-da-crianca/18889Referencias: acesso em 17/02/2018.

OLIVEIRA, P. N. As Contribuições do Psicopedagogo na Educação Infantil. Rio de Janeiro, RJ. 2009. Disponível em: http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/C203997.pdf acesso em 08/02/2018.

COSTA, S. W. Diretrizes da Psicopedagogia Institucional. Políticas Normas e Códigos de Ética do fazer Psicopedagógico. Maringá, PR. 2014.

SANTANNA, A.; MIRANDA, T. C. A.; SANTINI. H. R. Teoria e Prática na Educação Infantil. Maringá, PR. 2014.

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II

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM FRENTE AO USO CRÍTICO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS

NA EDUCAÇÃO

Alline Favro Mendes* Valderice Rippel**

RESUMO O objetivo deste artigo, a partir de uma revisão bibliográfica, é analisar a importância de realizar uma avaliação crítica dos recursos tecnológicos utilizados na educação, enfatizando a mediação pedagógica. Outro intento é discutir sobre a avaliação da aprendizagem como elemento que subsidia o desenvolvimento de um olhar crítico para efetivar uma avaliação das tecnologias de educação. Observou-se que a implementação dos recursos tecnológicos requer que haja uma reestruturação da formação e qualificação dos educadores de forma geral, com objetivo de promover maior aproveitamento no processo de aprendizagem com utilização de recursos tecnológicos. Sendo assim, considerando-se os recursos tecnológicos, deve-se incentivar a capacitação dos docentes para sua utilização, que deve ser aplicado desde o

* Pós-graduada no curso de especialização em Filosofia e Sociologia pela UNICAMPO – Faculdade União de Campo Mourão. E-mail: [email protected]. ** Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP - Professora da Faculdade ISEPE de Marechal Cândido Rondon – PR. Professora e Coordenadora de Pós-Graduação Lato Sensu da Faculdade de São Miguel do Iguaçu – FAESI, Membro do GEPEC - Grupo de Estudos e Pesquisas em Agronegócio e Desenvolvimento Regional, e-mail: [email protected].

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planejamento da aula até a avaliação da aprendizagem, onde se verifica se os resultados obtidos são os esperados e o que se deve fazer para alcançá-los, caso estes não tenham sido obtidos.

PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia. Práticas pedagógicas. Avaliação.

2.1 INTRODUÇÃO

Segundo Rippel (2008, p. 76) “a avaliação possui um

lado evidentemente político, que é revelado quando temos como concepção de mundo social aquele que é construído por indivíduos e por grupos em interação e confronto”.

A autora supracitada destaca que:

O avaliador detém certo grau de influência política, de poder, mesmo quando não quer, porque a sua não interferência, ou a sua suposta neutralidade, não neutraliza as relações de poder existentes, acabando por favorecer os grupos mais fortes e estabelecidos no seio social com maiores habilidades, em detrimento daqueles mais dispersos e detentores de menos habilidades (RIPPEL, 2008, p. 76).

Vale destacar que o docente ao avaliar o aluno realiza

um julgamento, aprovando ou reprovando o mesmo. Esse julgamento traz consequências positivas ou negativas para a vida do aluno. O professor, ao efetuar o juízo na avaliação classicatória deve refletir como sua decisão vai interferir na vida do aluno. Se o mesmo for aprovado sem ter o real domínio dos conteúdos, no momento que estes se fizerem necessários, o mesmo não os terá, e poderá incorrer em fracassos. De outro lado, se for reprovado estando na zona proximal de desenvolvimento, perderá um ano de sua vida escolar.

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A avaliação escolar pode ser usada como ferramenta de discriminação, pois contribui na seleção de classes, na sociedade capitalista. Tanto assim é, que a avaliação,

pode ainda acentuar a discriminação social vigente, por se tratar de um dos mecanismos de desigualdade que contribui, de certo modo, para que a situação permaneça não somente no tratamento entre as pessoas, mas também na esfera de um procedimento uniforme de ação pedagógica que passa, inclusive, pela avaliação uniforme, onde se desconsideram as diferenças bio-psico-sócio-culturais dos estudantes, o que resulta no privilegiar aqueles que se aproximam dos valores que o avaliador, segundo a sua posição ideológica, estabelece como padrão ideal de desempenho (CAPPELLETTI & ABRAMOWICZ apud RIPPEL, 2008, p. 76).

No que se refere à influência exercida pelas

tecnologias da informação de comunicação, pode-se dizer que ela é inevitável em nosso dia a dia na prática profissional e principalmente na educacional. As tecnologias evoluíram, transformando o processo de ensino em todos os níveis educacionais. Outrossim, revolucionaram o relacionamento interpessoal e no mundo do trabalho (COELHO & HAGUENAUER, 2004).

De acordo com Moran (1999) muitos professores no exercício da profissão perdem muito tempo, ficando a percepção de uma aprendizagem insatisfatória, o que leva a uma contínua desmotivação. Tanto docentes como discentes têm a sensação de que muitas aulas convencionais estão ultrapassadas.

A educação é impulsionada por mudanças; sendo a mesma o caminho para a transformação da sociedade. Uma das grandes apostas na educação é a inserção de tecnologias telemáticas de alta velocidade, para conectar discentes, docentes e o corpo administrativo. As tecnologias permitem

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ampliação do conceito de aula, espaço e tempo, de comunicação audiovisual, e o estabelecimento de conexões entre o presencial e o virtual (FAVRO, 2012).

Para que haja uma educação satisfatória, iremos passar por extensas mudanças, pois, existe entre os alunos processos desiguais de aprendizagem, evolução pessoal e social diferenciada entre eles. Existem poucas instituições que desenvolvem formas avançadas de compreensão e integração para servirem de referência. Com isso, encontra-se, então, a separação do teórico com a prática.

Em vista do exposto, o objetivo deste artigo, a partir de uma revisão bibliográfica, é analisar a importância de realizar uma avaliação crítica dos recursos tecnológicos na educação dando ênfase na mediação pedagógica.

2.2 DINÂMICA E TRANSFORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO

O primeiro passo, para que haja transformação na

educação, é formar educadores maduros intelectualmente e emocionalmente, curiosos, motivados, entusiasmados, que saibam motivar e dialogar com seus alunos. Esses educadores chamam a atenção dos alunos não apenas por suas ideias, mas pelo contato pessoal com os alunos, pela sua humildade, pelas relações que estabelecem com esses (MORAN, 1999).

Os setores administrativos, bem como diretores e coordenadores, devem proporcionar maior abertura aos processos pedagógicos, para apoiar professores inovadores, contribuindo para que haja um ambiente de maior inovação, intercâmbio e comunicação. É necessário equilibrar o planejamento institucional e o pessoal nas organizações educacionais, integrar um planejamento flexível com criatividade sinérgica, realizar um equilíbrio entre a flexibilidade e a organização (MORAN, 1999).

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Outro fator importante para fomentar uma mudança na educação é a participação dos alunos, onde eles, sendo curiosos em aprender, motivados, estimulados, facilitam o processo de aprendizagem. Esses alunos aprendem, avançam rapidamente, principalmente alunos estimulados afetivamente pelos familiares, desenvolvendo, assim, ambientes culturais ricos, formadores de futuras pessoas confiantes e produtivas.

Sendo assim, esses alunos necessitam ser estimulados a buscar o conhecimento, a ter encanto em conhecer, a aprender a pensar, a organizar as informações para que possam ser aplicadas à realidade que estão vivendo. Para que haja a produção de conhecimento torna-se necessário ousar, criar e refletir sobre os conhecimentos obtidos para transformá-los em produção relevante e expressiva (MORAN; MASETTO & BEHREN, 2007).

Segundo Ferreiro e Teberosky (1986), a construção do conhecimento e da escrita é um processo de aprendizagem individual, embora seja influenciada pela interação social dentro ou fora da escola. Pode-se inferir que o conhecimento é construído através da compreensão da realidade. O conhecimento é, portanto, acrescido quando há uma interação entre docente e discente, onde são apresentadas e discutidas várias temáticas, que resultam em diversos pontos de vista.

A construção do conhecimento significativo e duradouro depende de como o indivíduo processa suas experiências quando criança, principalmente no campo emocional. Se a criança se sente segura e apoiada no contexto familiar, ela estará disposta a construir novas aprendizagens. Porém, se não tiver incentivo emocional e afetivo ela tende a se isolar, sentindo-se amedrontada para explorar novas situações. Essas interferências emocionais podem levar a mudanças e a alterações na percepção da realidade.

Considerando-se a importância da família no processo de socialização e educação.

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A escola e a família costumam ser definidas como os ambientes mais importantes de socialização. São também consideradas como ambientes educacionais, os quais devem ser entendidos enquanto contextos sociais, com suas dimensões culturais e históricas, construídos dinamicamente, a partir da atividade dos participantes, sendo também constituídos pelas pessoas que neles desempenham determinados papéis, cumprindo funções específicas (LACASA apud ARAÚJO FERREIRA & BARRERA, 2010, p. 464).

Nota-se que processamos as informações adquiridas

no cotidiano através da linguagem falada e escrita. A construção do conhecimento se dá de forma progressiva, onde as informações são influenciadas pelas tecnologias.

Para Valente (1999, p. 83):

[...] a sociedade do conhecimento requer indivíduos criativos e com a capacidade para criticar construtivamente, pensar, aprender sobre aprender, trabalhar em grupo e conhecer seus próprios potenciais. Isto requer um indivíduo que está atento às mudanças que acontecem em nossa sociedade e que tem a capacidade de constantemente melhorar e depurar suas idéias e ações.

Vale destacar que quanto mais abrangente for o

conhecimento do indivíduo a respeito da sociedade da informação, mais este exigirá respostas imediatas. Isso é particularmente frequente entre os jovens. Contudo, respostas rápidas muitas vezes levam a conclusões precipitadas e não verídicas. Logo, não se pode dizer que foi gerado um conhecimento verdadeiro, visto que este exige tempo, criatividade e sistematização.

Ao usar as novas tecnologias, o papel do professor adquire uma nova dimensão: atuar como facilitador e instigar o processo da construção da aprendizagem. A globalização

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levou a necessidade de uma educação que lance mão das tecnologias, com a introdução de um processo de aprendizagem flexível, com metodologias ativas, e uma rede de aprendizagem, exigindo assim, um aprimoramento dos processos educacionais (SOUZA et al, 2006).

Os processos pedagógicos que levem em consideração os oito diferentes tipos de inteligências possibilitarão ao indivíduo uma visão interdisciplinar, que favorece a formação do homem sensível, responsável, competente, crítico, criativo, transformador, solidário, que luta pelos processos de justiça, de paz, de honestidade, de igualdade, de amorosidade. Enfim, a convivência solidária na busca de uma melhor qualidade de vida e de equilíbrio ecológico, da preservação do planeta como moradia sadia dos sistemas vivos (MORAN; MASETTO & BEHREN, 2007, p. 95).

Para ocorrer a inserção da informática na educação, é

necessário que sejam realizadas mudanças na formação inicial e continuada dos professores. No entanto, não se deve atribuir a responsabilidade da implantação da informática na escola somente sob a responsabilidade do professor. A implantação da informática, segundo uma abordagem inovadora de aprendizagem baseada na edificação do conhecimento, implica em mudanças na escola que poderão ser realizadas se houver o envolvimento de toda a comunidade escolar (VALENTE, 1999).

O professor deve estimular e instrumentalizar os alunos, alertando para os possíveis meios que possam ajudá-los na realização de pesquisas. Os meios disponíveis dependem da realidade da instituição e do acervo de materiais pedagógicos onde o docente está inserido.

É imperativo ético que o professor ofereça endereços eletrônicos e se organize para disponibilizar os demais endereços que os alunos forem encontrando na rede que

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versem sobre a temática investigada. Dessa maneira, adjacentes o acesso torna-se disponível a todo grupo.

O aluno carece de ser informado para o fato de que, se for utilizar a internet como fonte de pesquisa, esse meio precisa ter criticidade e objetividade quanto ao tema pesquisado, para não correr o risco de perder muito tempo navegando sem encontrar as informações necessárias ao desenvolvimento da investigação. É imprescindível o esclarecimento que nem todo o conteúdo apresentado pela internet é verídico e com qualidade apurada. Contudo, a maioria das páginas possui informações relevantes e significativas:

[...] podemos afirmar que um ambiente virtual é um espaço e mundo de significação onde seres humanos e objetos técnicos interagem potencializando assim, a construção de conhecimentos, logo a aprendizagem. Então todo ambiente virtual é um ambiente de aprendizagem? Se entendermos aprendizagem como um processo sócio-técnico onde os sujeitos interagem na e pela cultura sendo esta um campo de luta, poder, diferença e significação, espaço para construção de saberes e conhecimento, então podemos afirmar que sim (SANTOS, 2003, p. 148).

Segundo Souza e Gomes (2008), a tecnologia da

informação abre possibilidades para atingir melhores resultados na área cognitiva. Porém, isto não configura uma garantia, visto que o que presenciamos é um grande fascínio por essa tecnologia, adquirindo um caráter onipotente, capaz de solucionar todo problema de aprendizagem ou, quiçá, revolucionar a educação de tal forma, que, de acordo com alguns entusiastas da nova tecnologia, teremos educadores eletrônicos, preterindo, dessa forma, a famosa e desabonada figura do professor.

Em consequência do desenvolvimento tecnológico e de sua grande versatilidade - como a quantidade de

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informações disponibilizadas em tempo real – tem-se realizado esforços para a incorporação dessas vantagens ofertadas pela tecnologia. A associação das tecnologias da informática às telecomunicações tem resultado em mudanças drásticas na sociedade devido ao processo de digitalização. Ou seja, a revolução digital origina uma nova revolução (COELHO & HAGUENAUER, 2004).

Ao planejar sua aula o professor deve selecionar adequadamente as técnicas das quais fará uso, em concordância com o que se espera que os alunos aprendam. Ponderando que o processo de aprendizagem compreende o desenvolvimento intelectual, afetivo e de atitudes. O docente não deve criar a falsa expectativa, de que ao fazer uso de apenas uma ou duas técnicas, repetidas à exaustão, resulte em um estimulo adequado para a aprendizagem objetivada (MASETTO, 2007).

É relevante o professor valorizar em suas aulas o conteúdo, e privilegiar a técnica de aula expositiva para transmitir os ensinamentos. Considerando a importância do processo de ensino aprendizagem, é fundamental que o docente ao planejar e ministrar a aula tenha em vista como realizará a avaliação, no intuito de verificar se os resultados obtidos são os esperados, e o que deve ser modificado para alcança-los se os mesmos não foram atingidos.

Luckesi (1996, p. 33) define avaliação como: "(...) um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão". Vale destacar que segundo Tyler, citado por Rosado e Silva (2014, s/p):

Começou a falar de avaliação aplicada à educação com Tyler (1949), considerado como o pai da avaliação educacional. Ele encara-a como comparação constante entre os resultados dos alunos, seu desempenho e objetivos, previamente definidos. A avaliação é, assim, o

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processo de determinação da extensão com que os objetivos educacionais se realizam.

Autores da área de avaliação, entre os quais Bloom,

Hastings e Madaus (apud ROSADO & SILVA, 2014, s/p):

[...] relacionam a avaliação com a verificação de objetivos educacionais. Em função da finalidade da avaliação, consideram três tipos de avaliação: uma preparação inicial para a aprendizagem, uma verificação da existência de dificuldades por parte do aluno durante a aprendizagem e o controle sobre o que os alunos atingiram dos objetivos fixados previamente. Os tipos de avaliação referidos representam, respectivamente, a avaliação diagnóstica, a avaliação formativa e a avaliação certificativa.

Corroborando que a avaliação é um instrumento

utilizado pelos docentes para verificar a progressão do aluno em relação aos objetivos de aprendizagem Cardinet (apud ROSADO & SILVA, 2014, s/p), ponderam que:

a avaliação como um sistema de comunicação entre professores e alunos através de um processo sistemático de recolha de informações. Comparar a avaliação a um sistema de comunicação é a perspectiva apresentada pelo autor, visto que considera a avaliação como um sistema de comunicação entre professores e alunos através de um processo sistemático de recolha de informações.

Pode-se inferir que a avaliação é um processo que

inicia no planejamento do docente, e na mediação pedagógica no decorrer da aula, sendo necessário o docente estabelecer um acordo didático, dando um feedback, deixando claro o papel a ser exercido no interregno da aula. Todavia, para uma aula ser prazerosa, os envolvidos devem ter esclarecimento dos objetivos de aprendizagem, pois, é

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diferente estudar sabendo por que se está estudando determinado conteúdo. É fundamental tornar o conteúdo significativo, para que isso ocorra todos os envolvidos carecem saber: para que, onde e como, esse conhecimento poderá ser empregado.

De acordo com Guba e Lincon (apud ROSADO & SILVA, 2014, s/p) a avaliação é composta de combinação entre uma descrição e um julgamento. Para eles,

Trata-se de recolher informação e de proceder a um juízo de valor, fazendo-o, muitas vezes, com o sentido de conduzir a uma tomada de decisão. A dimensão valorativa da avaliação é, assim, reforçada, sublinhando-se a não neutralidade do avaliador. Na realidade, trata-se de um trabalho de discriminar, catalogar e tomar decisões com base em critérios explícitos e implícitos não definidos e, muitas vezes, não conscientizados.

Entende-se, que a avaliação é uma atividade política,

subjetiva, não neutra, que envolve o juízo realizado pelo docente, que transcorre na atribuição de um conceito ou nota, de acordo com critérios normativos que abrangem a moral e a ética.

No que se refere ao exercício da docência ao realizar a avaliação e consequentemente o juízo sobre o desenvolvimento do educando, é necessário que o mesmo conheça a condição socioeconômica dos alunos, de vez que a mesma pode influenciar na aprendizagem, que culmina na nota, e incorre no destino acadêmico do estudante. Neste escopo, Perrenoud (apud ROSADO & SILVA, 2014, s/p) enfatizam que:

[...] a avaliação participa da gênese da desigualdade existente ao nível da aprendizagem e do êxito dos alunos. A avaliação escolar, na sua forma corrente, prática, afirma, uma avaliação de referência normativa. A função

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reprodutora de escola, para o autor, concretiza-se através de práticas avaliativas de referência normativa que reproduzem desigualdades sociais.

Sobre essa mesma ótica, destaca-se que: No âmbito da avaliação das aprendizagens é preciso avaliar aptidões cognitivas, sócio-afectivas e motoras, correspondendo estas aptidões ao domínio essencial da avaliação. É frequente, também, fazer-se a distinção entre diferentes formatos de avaliação no que se refere à sua frequência e regularidade no sistema avaliativo (ROSADO & SILVA, 2014, s/p).

No intuito de caracterizar a avaliação, no Quadro

01, apresentam-se oito fases que caracterizam a avaliação. Quadro 01: Caracterização da Avaliação

FASES CARACTERIZAÇÃO

1ª São definidos os objetivos da avaliação, respondendo às funções genéricas da avaliação, a saber: certificação, seleção, orientação e motivação.

2ª As tarefas de aprendizagem são atribuídas aos alunos e estes percebem o que se espera do seu desempenho.

3ª Definem-se os critérios para o desempenho dos alunos, sendo o rendimento, geralmente, aceite como critério comum a todos os sistemas de avaliação.

4ª São definidos os padrões para o desempenho dos alunos, com a indicação do respectivo nível a atingir. Os critérios podem referenciar-se à norma, ao critério ou ao nível de consecução do indivíduo em relação a si próprio.

5ª Recolhem-se informações parciais, referentes ao desempenho dos alunos nas tarefas e os resultados desses desempenhos.

6ª É apreciada a informação relativa ao desempenho dos alunos, de acordo com critérios pré-estabelecidos.

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7ª O resultado da avaliação é comunicado a todos os intervenientes, é o feed-back, que este autor considera como uma fase distinta na avaliação.

8ª Dá-se a monitorização dos resultados da avaliação, estabelecendo-se novamente objectivos e iniciando-se um novo ciclo com o retorno à fase inicial.

Fonte: Elaborado a partir de Natriello (apud ROSADO & SILVA, 2014, s/p).

Depreende-se pelo passo a passo da avaliação da

aprendizagem que esta segue um planejamento minucioso, pois inicia com a definição dos objetivos da avaliação, em seguida as tarefas de aprendizagem são atribuídas aos alunos. Dando sequência, são definidos os critérios para o desempenho dos alunos e recolhem-se informações parciais, referentes ao desempenho. É apreciada também a informação relativa ao desempenho dos alunos. Seguindo a lógica, o resultado da avaliação é comunicado a todos, momento imprescindível que incorre na realização da monitorização dos resultados da avaliação.

Segundo Bassedas, Huguet e Solé (2007), a avaliação inicial, também compreendida como o diagnóstico, geralmente é realizado no primeiro dia de aula, onde o professor faz uma sondagem para conhecer o nível de aprendizagem dos educandos. A avaliação somativa na maioria das vezes é realizada em um momento concreto, ou seja, no início ou no final do processo de ensino-aprendizagem e objetiva a abordagem de informações sobre o saber ou não saber dos alunos em um determinado momento.

Os autores supracitados ponderam que avaliação formativa não tem uma data prevista para ser realizada, ela ocorre cotidianamente, ao longo de diferentes atividades e situações intencionalmente propostas pelo docente no interregno da aula. Depreende-se assim, que para

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proporcionar um ambiente de construção do conhecimento, é indispensável o docente estabelecer um clima favorável, de confiança mutua, com a explicitação dos objetivos a serem alcançados durante a aula.

Segundo Bloom et al. (apud VALENTE, 2003, p. 81)

Entendemos por objetivos educacionais formulações explícitas das mudanças que, se espera, ocorram nos alunos mediante o processo educacional; isto é, dos modos como os alunos mediante o processo educacional; isto é, dos modos como os alunos modificam seus pensamentos, seus sentimentos e suas ações.

Via de regra, a avalição exige perceptibilidade do que

se espera com o conteúdo abordado, previamente planejado pelo docente, é um aspecto decisivo do sucesso da aula, de vez que pode determinar de certo modo, o tipo de informações que são consideradas pertinentes para analisar os critérios adotados como pontos de referência e os instrumentos utilizados no cotidiano da atividade avaliativa.

Segundo Perrenoud (apud KRAEMER, 2005, p. 2),

a avaliação da aprendizagem, no novo paradigma, é um processo mediador na construção do currículo e se encontra intimamente relacionada à gestão da aprendizagem dos alunos.

O docente ao realizar a avaliação deve ter

esclarecimento das metas e implicações de uma série de decisões relativas ao objeto avaliado. A avaliação pode subsidiar o processo de aprendizagem, como um artifício motivador da aprendizagem, como forma de direcionar o aluno caso ele demonstre dificuldade de entender os objetivos indicados, e não como uma forma de julgá-lo em duas ou três oportunidades para lhe sentenciar a aprovação ou a reprovação (MORAN; MASETTO & BEHREN, 2007).

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Na avaliação da aprendizagem, o professor não deve considerar somente os resultados das provas pontuais, de caráter clasificatório, como único instrumento avaliativo. O proceso de avaliação da aprendizagem deve ser contínuo e formativo.

É oportuno frisar, que o uso das novas tecnologías demanda uma noção do conhecimento prévio dos alunos para manusear os recursos. É incumbencia do docente planejar pormenorizadamente a aula. Portanto, demanda reflexão e decisão sobre o tipo de prova, quais critérios são considerados, quais recursos são mais adequados para verificar se o uso dos recursos tecnológicos desenvolveu a aprendizagem. Preambulo que requer seleção dos materiais, dos conteúdos, das habilidades e competências prévias de ambos, professor e aluno.

Conforme Corrêa (apud FAVRO, 2012, p. 02):

Devemos construir uma nova articulação entre tecnologia e educação, aquilo que chamaríamos de uma visão crítica, apesar do desgaste da palavra "crítica". Ou seja, compreender a tecnologia para além do mero artefato, recuperando sua dimensão humana e social. Lembrando que as tecnologias que favorecem o acesso à informação e aos canais de comunicação não são, por si mesmas, educativas, pois, para isso, dependem de uma proposta educativa que as utilize enquanto mediação para uma determinada prática educativa.

Nota-se que o professor, além de conhecer os

materiais que pretende usar e a experiência dos alunos com esses recursos, deve planejar uma avaliação que seja compatível com essa nova realidade tecnológica.

Salienta-se que a implantação dos recursos tecnológicos exige a reformulação do plano político-pedagógico da escola, em favor de uma formação docente e discente - inicial e permanente - que proporcione o uso

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adequado e efetivo desses recursos, de forma a extrair todos os benefícios que podem ser proporcionados por esses.

2.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste artigo foi analisar a importância de

realizar uma avaliação crítica dos recursos tecnológicos utilizados na educação, enfatizando a mediação pedagógica. Outro intento foi discutir sobre a avaliação da aprendizagem como elemento que subsidia o desenvolvimento de um olhar crítico para efetivar uma avaliação das tecnologias de educação.

Notou-se que as tecnologias de informação se fixaram no mundo contemporâneo de forma irreversível, sendo cada vez mais acessíveis tanto para os docentes como para os discentes. Sendo assim, é necessário que o professor seja apto a fazer uso das mesmas em suas aulas, ensinando aos alunos como utilizar essas novas tecnologias em favor do desenvolvimento da aprendizagem.

A educação no uso das tecnologias tem a incumbência de lançar mão de suas potencialidades, tanto para estimular a aprendizagem como para inserir socialmente os estudantes no mundo globalizado.

Como visto, o avanço tecnológico pode ser benéfico para a educação se bem utilizado, podendo influenciar positivamente tanto os alunos como os professores, parte fundamental e imprescindível no processo educacional. Como em todos os meios de ensino, é necessário que durante seu uso, seja desenvolvido um olhar crítico pelo docente, avaliando como estas tecnologias interferem no processo de aprendizagem dos educandos.

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VALENTE, S. M. P. A avaliação da Aprendizagem no Contexto da Reforma Educacional Brasileira. Estudos em Avaliação Educacional, n. 28, jul-dez/2003. Disponível em: http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/eae/article/view/2170/2127. Acesso em: 26 Jun. 2018.

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III

HISTÓRIA EM QUADRINHOS: estudo e criação com auxílio tecnológico

Márcio de Oliveira Souza*

José Dias** RESUMO Esse artigo tem como objetivo refletir sobre a modernização das linguagens de arte, especificadamente as histórias em quadrinhos e sua importância na sociedade atual como arte, influência e evolução do ser humano. E a utilização do quadrinho sendo aplicado como conhecimento dentro da escola nas aulas de arte, utilizando tecnologias de software e hardware para a produção de uma história em quadrinhos com os discentes, empregando uma prática educativa moderna, que se faz necessária para a produção desse trabalho. O presente artigo foi constituído por pesquisa bibliográfica que trata do assunto apresentado. Conclui-se que a história em quadrinhos é muito significante como arte e a sua produção é necessária dentro das escolas; e que a prática fica valorizada com o uso da tecnologia, promovendo a ciência como cidadão, estimulando a formação de diversos saberes, democratizando o acesso à informação artística da sua origem e criadores, enriquecendo a autonomia do aluno

* Márcio de Oliveira Souza é pós-graduando em Metodologia no Ensino de Artes, licenciado e bacharelado em Artes Visuais pelo Centro Universitário de Maringá – Unicesumar. ** Professor permanente do programa de mestrado em filosofia na UNIOESTE; pesquisador do grupo de pesquisa em Ética e Filosofia Política da UNIOESTE; e-mail: [email protected]

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como criador dessa linguagem e propiciando o surgimento de novos artistas e apreciadores na sociedade. PALAVRAS-CHAVE: Arte contemporânea; nona arte; educação; digitalização; interatividade e cidadania. 3.1 INTRODUÇÃO

É perceptível constatar que na contemporaneidade a evolução do homem é realizada em todos os campos do conhecimento, e o ser humano em si tem muito interesse por novidades. E isso não é diferente com os alunos do ensino básico e fundamental. A curiosidade é muito mais aguçada quando se trata de assuntos vigentes.

Hoje os professores são muito cobrados pelos rendimentos dos alunos e infelizmente as escolas ainda ensinam aos velhos moldes de quadro e caderno, quando muito um livro didático; é muito difícil conseguir chamar a atenção dos alunos para as aulas; e a evasão escolar parece aumentar. A ideia desse artigo é conciliar a linguagem das histórias em quadrinhos em sala de aula com o auxílio da tecnologia que a escola dispõe, onde o autor do projeto leciona, no caso computador, softwares de desenho, de escrita e de diagramação, internet e rede sociais e o hardware cedido pelo autor, uma mesa digitalizadora.

O artigo espera contribuir mostrando que o quadrinho é uma língua de arte necessária ao aluno, onde o mesmo tem o direito de conhecer seus dados históricos, os artistas mais importantes, a atuação dessa arte na sociedade e como é o seu fazer artístico, demonstrando que deveriam ter o mesmo espaço no currículo, que atualmente abrange consideravelmente pintura, arte cênica e música; e tendo artes como escultura, arquitetura, cinema, fotografia, jogos e arte digital, deixadas em segundo plano; e os quadrinhos praticamente aparecendo somente no currículo de português

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sendo usados muitas vezes apenas para atividades interpretativas.

O artigo foi escrito na experiência realizada no tempo livre do autor, elaborado com alunos de diversas faixas etárias da Escola Estadual Ivone Castanharo em Campo Mourão, o trabalho se desenvolveu em algumas etapas, sendo a primeira a contextualização do que é essa linguagem de arte, como ela se divide historicamente, quais são os artistas e obras mais influentes, gerando a confecção de algumas releituras pelos alunos, procedendo através da rede social preferida dos alunos da apreciação e fruição dessas obras, onde puderam ler e entender o porquê da importância dessas obras e, na parte final do projeto, criaram histórias originais, levando em conta a sua própria cultura, histórias, costumes locais, regionais ou mesmo nacionais. Produziu-se uma revista com trabalhos que poderiam interagir com os membros da comunidade escolar, solucionando ou alertando para problemas do próprio bairro.

O objetivo do estudo é demonstrar a possibilidade de uma criação de uma revista que contemple todas as produções dos alunos, que seja distribuída na cidade, de forma digital e impressa. Assim valorizando a arte dos jovens que participaram do projeto e que todo o conhecimento abordado de quadrinhos nas aulas também esteja presente nessa revista, podendo gerar sequências na própria escola com novas edições, com mais alunos interessados participando da montagem e confecção do periódico e sempre aprofundando mais o saber nessa linguagem. 3.2 QUADRINHOS EM QUESTÃO

Os quadrinhos estão aí, prontos para serem descobertos e utilizados. Basta saber olhar, e querer (VERGUEIRO, 2009, p. 41). O conhecimento de história em quadrinhos, chamada também de “nona arte”, faz-se necessário no aprendizado humano, assim como todas as

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outras artes ela tem que ser inserida em sala de aula, segundo o próprio livro das diretrizes curriculares o sujeito é fruto de seu tempo histórico, das relações sociais em que está inserido, mas é, também, um ser singular que atua no mundo a partir do modo como o compreende e como dele lhe é possível participar (PARANÁ, 2008, p. 14) e esse sujeito atual vive em um mundo onde a arte dos quadrinhos está se tornando de grande importância, inclusive essa arte influência ou sofre releituras constantes em outras linguagens, por exemplo, no cinema com Tintim, Asterix, V de Vingança, Juiz Dredd, 300 e séries televisivas, The Walking Dead, Riverdale, Legion, Preacher, iZombie, sem contar os de super heróis. Na literatura temos diversas adaptações, existem músicas sobre quadrinhos, além de esculturas em espaços públicos se utilizando desses personagens, e nem da pintura os quadrinhos fogem, extremamente presentes nas obras de arte pop de Roy Lichtenstein e em diversos trabalhos de grafite espalhados pela cidade.

Sendo uma arte tão presente no nosso cotidiano é básico ter a ciência das principais obras e artistas e desta perspectiva, acordando com as diretrizes curriculares que propõem que tais conhecimentos contribuam para a crítica às contradições sociais, políticas e econômicas presentes nas estruturas da sociedade contemporânea e propiciem compreender a produção científica, a reflexão filosófica, a criação artística, nos contextos em que elas se constituem (Paraná, 2008, p. 14), nada melhor do que trabalhar com essa linguagem, pois a mesma é rica em todas essas abordagens.

Muitos livros de história da arte, nos quais se embasam o currículo escolar, não falam sobre quadrinhos e os livros didáticos o utilizam como recurso de atividade, o estudioso de história da arte Gombrich já relatava que os grandes artistas eram sempre rejeitados e ridicularizados no seu tempo, principalmente com o surgimento do impressionismo e das vanguardas (GOMBRICH, 2012 p.

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612), e com os quadrinhos foi a mesma coisa, no Japão fica bem evidente, pois ele recebeu o nome de mangá, que traduzido do japonês significa irresponsável, ou seja, era uma arte boba, apenas para crianças. No Brasil chamado de gibi, que significa menino, nomenclaturas observáveis pela finalidade que estavam dando a esta arte, como uma atividade de criança, um brinquedo e não uma linguagem inovadora, uma mistura da linguagem da pintura com a da literatura:

Houve um tempo, não tão distante assim, em que levar revistas em quadrinhos para a sala de aula era motivo de repreensão por parte dos professores. Tais publicações eram interpretadas como leitura de lazer e, por isso, superficiais e com conteúdo aquém do esperado para a realidade do aluno. Dois dos argumentos muito usados é que geravam "preguiça mental" nos estudantes e afastavam os alunos da chamada "boa leitura". Na realidade, tratava-se de discursos ocos, sem embasamento científico, reproduzidos de forma acrítica para contornar um desconhecimento sobre a área (VERGUEIRO, 2009, p. 9).

Originalmente os quadrinhos são uma das linguagens

mais recentes, surgiram a menos de 125 anos, em 1894, nos EUA, com o jornalista Richard Felton Outcault, no periódico New York World, onde trabalhava, a ideia nasceu na confecção de uma tira chamada O Beco de Hogan, onde desponta o primeiro personagem em quadrinhos, o Garoto Amarelo; nesse beco apareciam diversos personagens típicos de bairros pobres de Nova York, exatamente as pessoas que consumiam o jornal, as grandes massas e imigrantes vindo para o novo mundo (GOIDA, 2011, p. 362). Assim sendo, em seu trabalho o quadrinista Outcault mostrava a realidade atual da cidade e a interação desses moradores, fazendo

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críticas divertidas sobre como interagiam e os seus problemas sociais, fazendo sucesso instantâneo.

Existiram incontáveis artistas e quadrinhos famosos, como a Luluzinha em 1935, da artista Marjorie Buell que tinha uma alçada feminista; Recruta Zero de Mort Walker em 1950, com críticas ao exército americano; Minduim e Snoopy de 1950 de Charles Schulz, onde tratava da melancolia de sua infância; ou o Garfield do ano de 1978 de Jim Davis, onde observa-se a vida solitária do personagem Jon que é sempre ignorado por seu gato.

Nos últimos anos, os quadrinhos ganharam o respeito devido com os quadrinistas Alan Moore e Dave Gibbons, onde realizaram uma das melhores histórias em 1986, chamada Watchmen, de 380 páginas com ilustrações magníficas onde fizeram uma obra com metalinguagem, críticas aos quadrinhos da época da inocência maniqueísta, uma história dentro da história, filosofia comportamental, futurismo apocalíptico, onde acabou se tornando um dos quadrinhos mais consumidos e comentados da história (GOIDA, 2011, p. 328).

A influência dos quadrinhos é constante na sociedade, onde pode-se citar o artigo de Juddery, em 2009, que expõe diversos casos onde os quadrinhos mudaram a realidade, no final dos anos 1940. Superman em uma luta sistemática contra preconceitos raciais ajudou a derrubar a Ku Klux Klan, sendo o herói usado como símbolo dessa luta. O bracelete de monitoramento de prisioneiros, que é usado hoje em dia, apareceu pela primeira vez em um quadrinho do Homem-Aranha em 1977. No quadrinho do Tio Patinhas, em 1949, com bolas de pingue-pongue resgatam um navio naufragado, sendo usado depois esse método no mundo real. Ainda o cantor Elvis Presley que era fã dos quadrinhos do Capitão Marvel, copiou o visual do personagem Marvel Jr. para montar o seu notório estilo de se pentear e se vestir.

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Os quadrinhos do Marinheiro Popeye criado por E.C. Segal, em 1919, foram um dos mais importantes, além de trazer a primeira figura de um super-herói, uma abordagem diferente do mito do herói usado como inspiração para que as pessoas praticassem o bem. O clássico Popeye também traz influências desde o animal de estimação, o ser Eugênio, o Jeep Mágico, uma criatura que não tinha limites e apesar de sua fragilidade física passava por qualquer obstáculo, quando o exército americano construiu um veículo para terrenos difíceis, logo foi batizado com o nome do personagem e o espinafre comido pelo protagonista fez com que muitas crianças começassem a ter o hábito da boa alimentação (GOIDA, 2011, p. 429). Com essas pequenas amostras observa-se o impacto dos quadrinhos no mundo real. 3.3 COMTEMPORANEIDADE

No campo educacional, o quadro de giz que era unânime há trinta anos atrás, hoje em dia é quase todo substituído pelo quadro branco com pincel marcador e projetor; e em algumas escolas já se observa a inserção do uso de quadros eletrônicos; e na arte não é diferente, com surgimento de novas artes nos últimos anos, fotografia, cinema, quadrinhos, vídeo jogos e arte digital, onde posteriormente se observou que são linguagens expressivas únicas, comunicativas, despertadoras de sentimentos e culturalmente expansivas. E mesmo o modo de fazer todas essas artes se transformou, principalmente com o advento do computador. Os rascunhos feitos na antiguidade na areia, ou os esboços na idade média em papel, hoje, são substituídos pelos softwares de desenho e muitas artes só podem ser observadas pela internet, como por exemplo em algumas exposições de arte digital, galerias virtuais de fotos ou quadrinhos escritos para serem apreciados em leitores eletrônicos.

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O “papel” desse artigo surgiu com o intuito de unir as novas tendências artísticas que estão em evidência, na linguagem dos quadrinhos, que pode muito bem ser empregada na sua linguagem como também abordando outras artes, onde os quadrinhos podem ser usados em sala de aula não apenas para explicar elementos das artes plásticas, mas também como um exercício prático, uma oportunidade para discutir e praticar o processo criativo (BARBOSA ,2005, p. 143), pois nos quadrinhos podemos encontrar estilos pré-históricos, da antiguidade, renascentistas, vanguardistas entre outros, onde traçados os paralelos e didáticas coerentes podemos abordar qualquer outra linguagem e as novas metodologias de ensino, hoje em dia muito focadas nas tecnologias, sem esquecer do papel do docente no meio do aprendizado:

Não é a tecnologia que vai resolver ou solucionar o problema educacional do Brasil. Poderá colaborar, no entanto, se for usada adequadamente, para o desenvolvimento educacional de nossos estudantes (MORAN, 2000, p. 139).

Segundo o pensamento de Moran, fica claro que o

papel do professor é de extrema importância na instrução metodológica e que o professor tem que começar a inserir o que há de mais novo em tecnologia em sala de aula, como forma de técnicas para o melhor desenvolvimento e motivação com os alunos.

Reconsiderando a realidade do aluno, percebe-se que ele é muito apegado à informática, celular, rede social e às novas artes, pensando nisso este projeto foi primeiramente ponderado na compreensão do quadrinho, como evidenciado pela autora (BUORO, 2003, p. 10), em que a tarefa do educador é sensibilizar a criança para que ela seja receptora da arte e fazendo, quem sabe, torná-la um produtor. A princípio

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o aluno tem que entender a particularidade do que é uma história em quadrinhos, qual a diferença dessa arte para a literatura e a pintura e do que esses artistas estão falando em suas obras, sendo montado um grupo em uma rede social, onde o docente disponibiliza diversos trabalhos de artistas consagrados na linguagem para fruição dos alunos entendendo que com a cibercultura, surge uma nova forma de ensinar e aprender (MOTTER, 2011, p. 79).

Como lembrado por Lévy (2003), apesar de ser um significativo instrumento, a Internet, por si só não resolverá os problemas da educação, mas com essa fuga da sala de aula para um espaço virtual em que os alunos estão inseridos e acomodados, o grupo funciona como um lugar de mediação do professor, com exposição de tiras e quadrinhos, de diálogo entre os alunos e explanações entre eles e o docente, finalizando sempre com entendimento daquela arte e sua importância histórica e influências. Acontecendo exatamente o que comenta Moran, em que as aulas se tornam mais interessantes e divertidas e até ajudam o aluno a avançar à sua própria velocidade no seu aprendizado:

A presença das tecnologias digitais permite que os usuários interajam entre si e compartilhem seus conhecimentos com agilidade para o aprendizado de outras pessoas. [...] “as atividades didáticas que contemplam a tecnologia da informação permitem ao aluno ir além da tarefa proposta, em seu ritmo próprio e estilo de aprendizagem” (MORAN, 2000, p. 103).

A aprendizagem significativa acontece de acordo com

Martins (1998) quando os alunos conhecem a arte em si e diversos artistas tendo a experiência de refletir sobre a arte como objeto de conhecimento, onde importam os dados sobre a cultura em que o trabalho artístico foi realizado, a história da arte e os elementos e princípios formais que

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constituem a produção artística (p. 128), para só depois partirem para a produção, com os alunos interpretando o meio em que vivem, criando histórias sobre a realidade onde estão inseridos, desenhando manualmente os esboços e depois os digitalizando para serem feitas as artes finais de forma também relacionada à tecnologia, com auxílio de uma mesa digitalizadora, onde os estudantes poderiam contornar os esboços no programa de computador Photoshop, depois digitando sua história no programa Word onde poderiam melhorar a sua escrita de diálogos e finalizando inserindo os textos em balões nas páginas desenhadas dentro de outro programa chamado Coreldraw, onde se obteve a página desenhada e diagramada, pronta para uma impressão profissional.

Dessa forma, os alunos puderam fruir, refletir e experimentar o fazer de quadrinhos, assim como eles têm normalmente com as outras linguagens. Utilizando uma metodologia totalmente voltada e relacionada com as novas tecnologias, o trabalho por ser inovador é difícil, mas recompensador como presente no texto:

O educador, podemos pensar, é aquele que prepara uma refeição, que propõe a vida em grupo, que compartilha o alimento, que celebra o saber. É do entusiasmo do educador que nasce o brilho dos olhos dos aprendizes. Brilho que reflete também o olhar do mestre (MARTINS, 1998, p. 129).

Na análise feita, o professor contemporâneo tem ao

seu alcance muitas ferramentas novas e tem que saber usá-las e valorizar essas novidades e sempre investir em aprendizados e cursos para usá-las melhor, pois as mesmas vão fazer uma grande diferença na sociedade. E a arte contemporânea deve ser inserida em sala de aula o quanto antes, em forma histórica e de análise, não somente no seu fazer, pois o diferencial está

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no entendimento que o aluno faz daquilo para a sua própria produção e seu proveito pessoal da arte. 3.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com essa pesquisa se observou a importância do ensino de quadrinhos na sala de aula, não só na sua concepção de arte pelo aluno, mas sim na parte onde é desvendada a história desde o primeiro quadrinho feito pelo autor Richard Felton Outcault, até a geração atual de quadrinistas e qual foi a relação e influência que essa arte tem na vida humana.

Esse projeto foi concebido em métodos de ensino baseados no uso da informática, celulares e rede sociais, os quais se mostraram muito úteis para uma aprendizagem expressiva e dinâmica e acaba manifestando uma preocupação urgente, pois muitas escolas não têm uma tecnologia suficientemente boa para a produção de algo como foi realizado e que muitos docentes poderiam ter cursos e mais iniciativas públicas, para possuírem uma formação capacitada, voltada para as novas tecnologias.

O desafio final surge com a manutenção do projeto descrito no artigo com a produção de uma revista anual no colégio, no qual foi desenvolvida essa primeira história em quadrinhos, a revista foi chamada Tropicalista, que valoriza os alunos, a comunidade e a linguagem das histórias em quadrinhos, onde cada aluno desenvolve sua história e seu estilo de arte em algumas páginas, mostrando, evidenciando e questionando diversos temas e produzem artigos exaltando o que foi estudado sobre a linguagem e sua importância para a arte, para a história e para a sociedade.

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LÉVY, P. Cibercultura: 4. reimpressão: São Paulo: Editora 34, 2003.

MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha Telles. Didática do Ensino de Arte: A Língua do Mundo – Poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.

MORAN, José M.; MASETTO, Marcos T.; BEHRENS, Ilda A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 10ª Edição. Campinas - SP: Papirus, 2000.

MOTTER, R. M. B. et al. Conhecimento e Ciberespaço: tessituras de sentido. Cascavel, 2011.

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PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica para o Ensino de Arte. Curitiba: SEED, 2008

VERGUEIRO, Waldomiro; RAMOS, Paulo. Quadrinhos na Educação. São Paulo: Contexto, 2009.

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IV O PAPEL DO GESTOR EDUCACIONAL FRENTE A AÇÃO DO PROFESSOR NA INCLUSÃO SOCIAL

DOS SURDOS

Rosangela de Fátima Caillot Cloque* José Dias**

RESUMO Este trabalho de pesquisa tem como tema os desafios e o despertar da Gestão Educacional para a inclusão social dos surdos na contemporaneidade. O objetivo é explicitar o papel do Gestor Educacional frente à ação do professor na inclusão social dos surdos. Quanto aos objetivos procurou-se levantar um breve histórico da surdez, ilustrar a importância do diálogo como ferramenta essencial na Gestão Educacional com vistas à inclusão social dos surdos e refletir sobre a colaboração do Gestor Educacional frente á ação do professor na inclusão social dos surdos. Justifica-se a presente pesquisa pelas contribuições na formação do Gestor Educacional instigando um olhar mais humanizado dos sujeitos sociais para a inclusão social. A proposta inclusiva faz parte do contexto social e precisa ser desmistificada. É notório pensar nos desafios, dificuldades cotidianas enfrentadas por Gestores, professores, equipe escolar, comunidade em relação ao tema e a relevância de formar

* Pós-graduanda em Gestão Educacional, Graduada em Licenciatura em Pedagogia pela UEM - Universidade Estadual de Maringá-PR. ** Professor permanente do programa de mestrado em filosofia na UNIOESTE; pesquisador do grupo de pesquisa em Ética e Filosofia Política da UNIOESTE; e-mail: [email protected]

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empatia com a significativa demanda que estando em conformidade com as leis que os protegem merecem um trabalho educativo de qualidade. Ressalta-se que esta pesquisa foi realizada a partir da contribuição de renomados autores, uma pesquisa bibliográfica pertinente ao tema proposto. Observa-se que para que se efetive realmente a inclusão social dos surdos é necessário comprometimento e compromisso do Gestor Educacional, bem como de toda sua equipe realizando um trabalho de parceria, instigando a implementação da gestão democrática. É preciso apropriar-se do diálogo como instrumento pedagógico para construção do conhecimento junto ao aluno diferente desvelando sua potencialidade e tudo aquilo que ele pode realizar. PALAVRAS-CHAVE: Gestor educacional. Ação do professor. Inclusão social. Surdos. 4.1 INTRODUÇÃO

A elaboração desta pesquisa, intitulada “O Papel do Gestor Educacional frente a ação do professor na inclusão social dos Surdos”, emergiu de ideias que se manifestaram e vieram à tona durante a disciplina “O gestor e a educação inclusiva”. O objetivo empreendido na pesquisa é explicitar o papel do gestor diante dos desafios cotidianos relacionados á inclusão social dos surdos.

Sabe-se que a surdez é uma questão social e necessita de visibilidade. Deste modo, a necessidade da elaboração desse estudo e o tema escolhido prende-se a significativa

demanda de sujeitos surdos, a proposta inclusiva, assim como, ao compromisso e comprometimento de todos os cidadãos com a realidade social contemporânea.

A nossa intenção não é esgotar o tema, mas

compreende-se que é necessário conhecer, interpretar, ter embasamento teórico prático para que o Gestor Educacional

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possa desenvolver um trabalho consciente, satisfatório e de qualidade.

Justifica-se este trabalho de pesquisa pelo fato de que ser Gestor Educacional, docente é abraçar uma profissão que realmente deve primar para além dos aspectos conceituais e procedimentais. A proposta inclusiva faz parte da realidade social brasileira e deve ser desvelada. A função da escola é com o ensino aprendizagem, então é preciso instigar a reflexão dos sujeitos sociais, professores e alunos, da sociedade como um todo para a questão da inclusão social dos alunos surdos e seus pormenores. Deste modo, é imprescindível conhecer e estar preparado para trabalhar com a demanda de alunos surdos, pois estão inseridos no ambiente escolar em conformidade com as leis e documentos que lhes dão esse direito. Outrossim, nota-se as dificuldades de comunicação entre professores e alunos. Sabe-se que é através das ações, de práticas atitudinais, de condições reais de ensino aprendizagem para formação do outro e relevantes saberes que se contribui a emancipação, humanização, autonomia do homem.

Por isso, evidencia-se em um primeiro momento, de modo sucinto, no item 2 Levantar breve histórico da surdez, no item 3 Ilustrar a importância do diálogo como ferramenta essencial na Gestão Educacional com vistas a inclusão social dos Surdos, item 4 Refletir sobre a colaboração do Gestor Educacional frente á ação do professor na inclusão dos surdos. Na sequência se elenca os procedimentos metodológicos onde serão apresentados os principais autores escolhidos para fundamentar o trabalho de pesquisa como: Fernandes (2012), Ignatius, Nogueira e Carneiro (2016), Leonel (2016), Martinez (2014), Mateus e Tortoreli (2014), Oliveira (2014), Raymundo e Souza (2012), bem como Tortoreli e Paixão (2014), tendo como delineamento de estudo a pesquisa bibliográfica e finalizando ressalta-se algumas considerações finais.

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4.2 BREVE HISTÓRICO DA SURDEZ

Sabe-se que a história fornece subsídios para a compreensão da realidade social, pretende-se realizar um breve histórico da surdez o qual propicia conhecer alguns dados relevantes da educação dos surdos. A história traz que desde a antiguidade a surdez era vista pelo viés negativo, como patologia, o sujeito com deficiência era visto somente em suas limitações. Sendo tratadas como incapazes e não tinham direito de expressão. É importante mencionar que, “Sempre existiram Surdos. O que acontece, porém, nos diferentes momentos históricos, é que nem sempre eles foram respeitados em suas diferenças ou mesmo reconhecidos como seres humanos” (FERNANDES, 2012, p. 19).

Vislumbrando o objetivo principal desta pesquisa, e fazendo um comparativo, nota-se que o papel do Gestor Educacional está atrelado a um olhar significativo para além desta visão anteriormente elencada. Sendo a finalidade conhecer, proporcionar acessibilidade ao aluno ampliando seus conhecimentos e habilidades para que conquiste autonomia e emancipação. Isto tudo considerando suas limitações e singularidade, pois cada aluno é único. Nota-se que os surdos não tinham visibilidade e não eram tratados como cidadãos de direitos. São recentes as suas conquistas, e no mundo contemporâneo o surdo pode opinar como prefere ser educado, sendo que em muitos casos faz opção pela língua de sinais. Devido a essas conquistas observa-se que o Gestor Educacional deve formar empatia com o outro e buscar sensibilizar toda equipe escolar, realizar um trabalho conjunto despertando para a inclusão social dos alunos surdos, foco desta pesquisa.

Na verdade,

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Por muito tempo, os Surdos foram vítimas de uma concepção equivocada que vinculava a surdez á falta de Inteligência, levando-os a serem marginalizados, com base na crença hegemônica de que, como não poderiam falar, não desenvolveriam linguagem, não poderiam pensar e, portanto, não haveria possibilidades de aprendizagem formal (FERNANDES, 2012, p. 20).

Neste contexto a surdez era marcada pela exclusão social desses sujeitos e a não valorização de suas potencialidades, que devem ser buscadas além da audição. Atualmente, é necessário realizar um atendimento de forma complementar e suplementar dando condições do aluno avançar dentro daquilo que ele pode fazer, pois os seus avanços são significativos.

Amparada nas reflexões de Martinez (2014, p. 19), pois,

Lembram ainda que a educação da época se constituía, de modo geral, na leitura, gramática, matemática, belas artes liberais. A criança surda em meio a esse conteúdo tinha a substituição da fala pela desmutização (que é aprender a ler lábios e a pronunciar sons mesmo não os ouvindo) ou por meio da comunicação por gestos.

Nesse período verifica-se a institucionalização, com cunho assistencial, mas já havia a preocupação indagativa quanto á origem das deficiências. Percebe-se que a visão contemporânea está envolta para a oferta de uma educação de qualidade abrangendo todos os cidadãos sem distinção alguma. Em Martinez (2014) na Espanha por volta do final do século XVIII e início do século XX, o monge Pedro Ponce de Léon (1520-1584), precursor da Educação Especial ensinava crianças nobres espanholas que eram surdas, usava sinais, treino da voz e a leitura labial. Notam-se ações voltadas para a Educação Especial e a criação de Instituições para as crianças cegas e surdas.

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Segundo Martinez (2014, p. 18), “verifica-se que a perspectiva deste serviço era assistencialista e não com preocupações voltadas para o educacional". O assistencial sobrepunha-se ao educacional e as pessoas eram segregadas. As crianças deficientes não podiam frequentar o mesmo espaço físico que as crianças tidas normais, sobressaiam-se as suas limitações. O papel do Gestor Educacional na atualidade com vistas à inclusão social dos surdos é motivar a equipe escolar, apoiar, orientar a vencer barreiras atitudinais, estimular o aluno da inclusão. Isto é, inserir a equipe escolar, professores, funcionários, pais, os sujeitos sociais simpatizantes da educação de qualidade, na proposta pedagógica da Educação Inclusiva. É imprescindível banir sentimentos de preconceito e acrescentar oportunidades significativas ao outro. Isto é possível a partir do momento que se procura formar empatia com o outro com quem se divide espaço e atenta-se para sua particularidade.

Pois, segundo Oliveira (2014, p. 13), “a subjetividade humana permite ao sujeito se reconhecer como alguém no mundo e refletir sobre seu papel como um sujeito ativo no contexto em que vive”. O homem existe a partir de uma relação homem-mundo, descobrindo a si mesmo e o mundo que o cerca. É um sujeito de decisão e precisa desmistificar, possibilitar ações e atitudes para a percepção da surdez. O implemento e fortalecimento da humanização enseja a visibilidade da inclusão social que pode dar-se através do diálogo, ferramenta essencial do Gestor Educacional com vistas a inclusão social dos Surdos, item do próximo tópico.

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4.3 DIÁLOGO FERRAMENTA ESSENCIAL PARA A GESTÃO EDUCACIONAL COM VISTAS A INCLUSÃO SOCIAL DOS SURDOS

É pertinente mencionar que o comportamento dos indivíduos em relação ás questões sociais, diz respeito a um momento histórico e está amalgamado ao tempo e lugar, tem os seus significados, faz parte de uma cultura. A história, os marcos legais, registros pertinentes à Educação Especial e inclusão, propagam a igualdade, qualidade de ensino, acessibilidade e permanência na escola. Deste modo, entende-se que,

A efetividade do processo de ensino e de aprendizagem implica em garantir o acesso dos educandos à escola e, sobretudo, sua permanência e sucesso no processo educativo, propiciando condições favoráveis para o fortalecimento de sua identidade como sujeito do conhecimento (MATEUS; TORTORELI, 2014, p. 26).

Para ser sujeito do conhecimento requer de o aluno apropriar-se de significantes saberes, o que leva refletir a flexibilidade do currículo, o qual deve intencionar que o aluno perceba a aplicabilidade dos conhecimentos na prática social cotidiana. O aluno é um ser político, suas ações movem o mundo contemporâneo, colaboram para as transformações sociais. Por isso,

Nesse sentido, o trabalho educativo é uma atividade mediadora entre o indivíduo e a cultura humana. Deve ser realizado de forma intencional e regido pela finalidade de garantir a universalidade das máximas possibilidades geradas pelo processo histórico de desenvolvimento do gênero humano a todos os indivíduos, indistintamente, de modo a contribuir de forma afirmativa para a prática social dos educandos (RAYMUNDO; SOUZA, 2012, p. 77).

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É preciso conhecer o aluno em sua totalidade, o Gestor Educacional e equipe escolar devem estabelecer conexões com o aluno surdo, formar elos de afetividade com a família, responsáveis buscando o que é peculiar ao aluno. É notório realizar um trabalho conjunto onde experiências relevantes sejam trocadas construindo novos conhecimentos abarcando o direito do aluno, ser surdo. Pois do contrário, apontam Ignatius, Nogueira e Carneiro (2016, p. 33) que:

Entender o surdo como deficiente auditivo, é considerar que ele tem uma patologia e necessita de especialista para aprender a falar e ficar o mais parecido possível com o ouvinte. Assim, o que se faz é não reconhecer o direito do surdo de ser diferente, é não aceitar a Língua de Sinais, a Cultura e a identidade surdas.

Observa-se que é necessário construir o processo inclusivo diariamente, criar laços de afetividade, estabelecendo o diálogo como ferramenta essencial na construção do conhecimento necessário para desvelar a demanda inclusiva. Pode-se, através do diálogo adentrar o mundo dos surdos, conceber oportunidades atentando para as particularidades do aluno diferente. Leonel (2016) alega que a inclusão escolar é um direito reconhecido, sendo fundamental conhecer a demanda da inclusão social a fim de proporcionar uma prática transformadora. Logo, é primordial pensar e estar disponível, aproximar-se, ter interesse em absorver a LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais, os conhecimentos até então desconhecidos fazendo fluir no diálogo o que é indispensável para comunicação, língua essa imbuída de características viso-motora. Para Ignatius, Nogueira e Carneiro (2016, p. 33), “[...] a surdez não torna a criança um ser que tem possibilidades a menos, ou seja, ela tem possibilidades diferentes, e não menores”. Nesse momento, identifica-se o importante papel do Gestor Educacional frente á ação do professor e a inclusão social do

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aluno surdo, sendo de extrema importância gerir, orientar, coordenar ações em conjunto, dividir tarefas em prol da formação do sujeito, sua autonomia e responsabilização. Esse processo requer uma mudança de paradigma na percepção do sujeito que é diferente e a compreensão de fato do que é educação. O diálogo vem colaborar com essas questões, permear as ações do Gestor Educacional e a equipe docente.

Martinez (2014, p. 88) considera que,

Quanto à proposta de um diálogo aberto e reflexivo junto à comunidade escolar, e também de um relacionamento e comunicação interpessoal bem desenvolvido, conduzido com intencionalidade externando seus objetivos de modo claro, buscando efetivar práticas inclusivas e desestimular quaisquer que sejam as práticas excludentes em contexto escolar, são práticas que podem ser efetivas para a prática da inclusão de alunos da Educação Especial.

Obviamente, é necessário engajar-se, fazer com que a equipe desperte para o sentimento de pertencer e que seja valorizada nas suas ações para emancipar-se. O diálogo é essencial para a concretude e eficiência das ações do corpo docente desde os anos iniciais até o ensino superior. Conforme Tortoreli e Paixão (2014, p. 42), “nesse sentido, o diálogo e o compromisso partilhado são de extrema importância para a melhoria da escola como um todo”. O Gestor é um referencial para os professores, deve primar pelo trabalho coletivo, permitir a troca de saberes, pois a função social da escola é o ensino aprendizagem. A contemporaneidade exige uma gestão participativa e nota-se no diálogo um caminho de compreensão que pode propiciar uma situação e olhar que transcende o aluno com surdez revelando sua essência. Em seguida, pretende-se refletir sobre a colaboração do Gestor Educacional frente à ação do professor e a inclusão social dos surdos.

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4.4 REFLETIR SOBRE A COLABORAÇÃO DO GESTOR EDUCACIONAL FRENTE Á AÇÃO DO PROFESSOR NA INCLUSÃO SOCIAL DOS SURDOS

A LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais é uma língua viso-motora, que utiliza o movimento do corpo, a expressão corporal para a comunicação. Isto é, o corpo fala, transcende para que a comunicação aconteça. É importante frisar as dificuldades encontradas por diversas pessoas, gestores, professores, equipe escolar em apreender a LIBRAS. Ignatius, Nogueira e Carneiro (2016, p. 37) destacam que, “por isso, a inclusão escolar dos surdos precisa ser bem discutida, pois a relação da surdez com as sociedades culturalmente ouvintes é constituída pelas barreiras de comunicação e participação”. É primordial declinar de preconceitos, não ter vergonha de usar o corpo para falar. É preciso dar sentido aos sinais no momento da comunicação, a expressão facial dá vida a cada gesto, cada sinal em LIBRAS para que a mensagem seja decodificada, compreendida.

Em razão disso,

Dentre os alunos com necessidades especiais que encontram maiores dificuldade nesse processo de inclusão estão os surdos, pois os processos de ensinar e de aprender ainda se sustentam quase que exclusivamente na comunicação oral (IGNATIUS; NOGUEIRA; CARNEIRO, 2016, p. 47).

Por isso, é relevante o trabalho de mediação, a colaboração do Gestor Educacional frente à ação do professor na inclusão social dos surdos propiciando momentos de interação e reflexões quanto á linguagem em Libras para se conseguir avançar em relação aos desafios cotidianos. É crucial considerar o preparo do Gestor facilitador para com a demanda da Educação Especial. A liderança está concentrada na pessoa do Gestor, ele é um líder,

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porém as responsabilidades devem ser conjuntas, em parceria com a equipe pedagógica para a otimização dos resultados referentes á aprendizagem dos alunos surdos e isso inclui o aprendizado da LIBRAS. Tortoreli e Paixão (2014, p. 42), elencam que “o desafio está baseado em novos paradigmas que ultrapassa o de um líder autoritário para uma gestão compartilhada e dialógica”. O Gestor precisa criar um clima favorável à troca de conhecimentos, ideias onde todos possam crescer obtendo autonomia. A compreensão desse processo, das relações interpessoais abarca a organização da escola, a divisão de tarefas e de um olhar significativo para aquele que é “diferente”, mas que apresenta potencialidades, habilidades que devem ser desveladas, afloradas. Isto tudo passa pelo entendimento de que a escola é uma Instituição viva e o trabalho de equipe deve nortear as ações de seus integrantes.

Diante disso,

Essa equipe precisa ter uma grande consciência da realidade social e das necessidades da comunidade escolar. Para a formação desse grupo de trabalho, é necessário abandonar o enfoque da administração e adotar a consciência da gestão (MATEUS; TORTORELI, 2014, p. 20).

Nesta perspectiva, o Gestor é um mediador e a consciência de Gestão esta entrelaçada á ideia de coesão e responsabilidade compartilhada. Para ter consciência da realidade social que envolve a inclusão social dos surdos, é certo permitir a si mesmo “conhecer” a identidade surda, sua singularidade e motivar a equipe escolar para uma atitude mais comprometida com o outro, inovadora, humanizada. A pesquisa mostra que por vezes obtêm-se informações incorretas sobre os surdos, como por exemplo, de que todo surdo realiza leitura labial, porém isso faz parte de um mito.

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De acordo com Ignatius, Nogueira e Carneiro (2016, p. 37),

[...] o campo da surdez pode ser comparado a uma situação de pobreza, havendo falta de acesso a uma educação de qualidade, a condições dignas de vida, informações adequadas e ao respeito por sua língua, cultura e identidade.

É fundamental respeitar, compreender o surdo como sujeito de direitos, atentar para as suas origens, costumes para que as propostas pedagógicas, o currículo seja condizente com a sua realidade. Dada ás colocações dos autores supracitados observa-se que essas informações são relevantes, pois, propiciam ao Gestor Educacional, a equipe pedagógica definir propostas contextualizando essa realidade e a partir disso construir o Projeto Político Pedagógico de acordo com o contexto escolar atentando para a diversidade da sala de aula. Sabe-se que, “a importância do projeto político-pedagógico está no fato de que ele passa a ser uma direção, um rumo para as ações da escola” (RAYMUNDO; SOUZA, 2012, p. 174). O Projeto Político Pedagógico é um instrumento pedagógico da escola que deve ser construído coletivamente, a metodologia, projetos desenvolvidos visam á emancipação dos alunos.

O enunciado vem de encontro aos inúmeros motivos pelo qual é necessário aprender LIBRAS e para que a comunicação entre Gestor, professores, comunidade escolar, possa fluir no exercício das profissões e do direito de o aluno surdo conquistar seu espaço no mundo. Afinal, “os surdos sofrem muitos preconceitos pela falta de compreensão que a sociedade tem sobre a surdez” (LEONEL, 2016, p. 122). É papel do Gestor Educacional, educador favorecer o desenvolvimento da linguagem, a evolução das habilidades para que a comunicação ocorra, possa se revelar. Essas questões e responsabilidades não cabem somente ao Gestor, mas toda equipe escolar a fim de proporcionar uma educação

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que atente as especificidades do público com necessidades educacionais especiais, e neste estudo elenca-se o aluno surdo. Para isso, é fundamental melhorar a educação, Mateus e Tortoreli (2014, p. 52) elencam que, “para dar conta dessa tarefa, muitos estudiosos viram na Gestão Democrática uma oportunidade de transformar a educação e as relações sociais a partir da redistribuição de responsabilidades”. Na Gestão Democrática o termo participação é essencial, e por isso o Gestor Educacional deve primar pelo envolvimento da comunidade, equipe escolar e para a implementação de uma cultura participativa na escola.

Enfim, a colaboração do Gestor Educacional apoia-se numa postura aberta ao diálogo que constrói a relação de afetividade vislumbrando a diversidade no ambiente escolar refletindo o compromisso e comprometimento com o aluno surdo, implicando em mudanças atitudinais. Finalizando, elencam-se as considerações finais. 4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Buscou-se, no decorre dessa pesquisa mostrar o papel do Gestor Educacional frente á ação do professor na inclusão social dos surdos. Vale lembrar alguns aspectos primordiais que servem de base para a compreensão de relevantes situações envolta aos surdos. No capítulo 2, fez-se um breve resgate histórico da surdez onde se pode notar que a inclusão social foi historicamente construída, os sujeitos surdos eram segregados e atualmente são amparados por aparatos legais e tidos como sujeitos de direitos adquirindo certa visibilidade. Dizemos isso, pois é preciso empenhar-se e trilhar um caminho de luta constante para a percepção do surdo como sujeito pleno de direitos. É um trabalho árduo, exige mudança de paradigmas e transpor barreiras atitudinais, o Gestor Educacional é um líder, assim é fundamental que realize um trabalho conjunto, incitando parcerias, envolvendo a equipe

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escolar, a comunidade, promovendo a Gestão Democrática e a implementação de uma cultura participativa.

No Capítulo 3, o instrumental diálogo mostrou-se uma ferramenta primordial e oportunidade de formar empatia, conhecer e interagir com os sujeitos, criando e ampliando espaços almejados para a comunicação com os surdos. Ficou claro que a interação deve acontecer por meio da LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais iluminada pela linguagem corporal, expressão facial para que a mensagem seja decodificada e entendida, pois o corpo “fala”, transcende. Assim, para adentrar o mundo significativo dos surdos, compreendê-los em sua essência e desmistificar a surdez, o diálogo é um relevante instrumento pedagógico para a concretude e eficiência das ações junto ao corpo docente desde os anos iniciais até o ensino superior. Observou-se que as dificuldades encontradas pelos professores e outros sujeitos sociais emergem também devido ao desconhecimento da cultura surda, em como se processa a comunicação e o uso da LIBRAS. A proposta inclusiva faz parte da realidade social brasileira, é imprescindível conhecê-la, todos os atores sociais precisam despertar para a questão da inclusão social dos surdos, assumindo compromisso e comprometimento diante de importantes conquistas historicamente construídas e que necessitam de visibilidade, de espaço digno para se concretizar verdadeiramente. Contudo é preciso estar disponível e ir ao encontro do outro, para que as transformações sociais possam ocorrer de fato. A inclusão social dos sujeitos surdos se constrói no cotidiano a partir do momento que se reconhece o ser diferente e investe-se nas suas potencialidades, habilidades. No mundo contemporâneo, Gestor Educacional, equipe pedagógica, pais ou responsáveis pelo aluno surdo devem ter um olhar para além da patologia, da deficiência. Esse público alvo tem direito a acessibilidade, um potencial que deve ser explorado, mediado para que possa angariar conhecimentos, emancipação. Tais questões são consideradas

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desafios para o Gestor Educacional, é preciso gerir, fomentar e coordenar ações, isto é realizar um atendimento de forma complementar e suplementar dando condições do aluno avançar, intensificar o que o aluno sabe fazer visando sua inclusão de fato. Ao término deste trabalho de pesquisa almeja-se ter contribuído de alguma forma com significativas reflexões, motivar diálogos fecundos geradores de novas produções cientificas relacionadas ao tema, especificando a certeza da incompletude desta pesquisa devida á significância do tema abordado.

REFERÊNCIAS FERNANDES, Sueli. Educação de surdos. Curitiba: Intersaberes, 2012.

IGNATIUS, Clélia Maria; NOGUEIRA, Beatriz Ignatius; CARNEIRO, Marília Ignatius Nogueira. LIBRAS - Processo inclusivo na educação básica. Maringá: Cesumar, 2016.

LEONEL, Waléria Henrique dos Santos. Políticas e o Processo Ensino-Aprendizagem na Educação Inclusiva. Maringá: Cesumar, 2016.

MATEUS. Ionah Beatriz Beraldo; TORTORELI, Adélia Cristina. Gestão Democrática e sua implicação pedagógica. Maringá: Cesumar, 2014.

MARTINEZ, Edilene Cunha. O Gestor e a Educação Inclusiva. Maringá: Cesumar, 2014.

OLIVEIRA, Leonardo Pestillo de. Psicologia da aprendizagem e do desenvolvimento. Maringá: Cesumar, 2014.

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RAYMUNDO. Gislene Miotto Catolino; SOUZA, Vânia de Fátima Matias. Prática de Ensino da Educação Básica. Maringá: Cesumar, 2012.

TORTORELI, Adelia Cristina; PAIXÃO, Priscilla Campiolo Manesco. O Gestor e a avaliação da aprendizagem e avaliação institucional. Maringá: Cesumar, 2014.

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V O TRÂNSITO E AS ATIVIDADES DE CRIANÇAS E

ADOLESCENTES PARAGUAIAS NA PONTE DA AMIZADE:

fronteira Ciudad Del Este/Paraguay e Foz do Iguaçu/Brasil

Valdirene Reimann Decurgez * José Dias**

RESUMO Pela fronteira Foz do Iguaçu/Brasil e Ciudad Del Este/Paraguay circula um grande contingente de mercadorias e pessoas, entre elas crianças e jovens paraguaias que se dirigem ao país vizinho com o intuito de comercializar diferentes produtos no bairro mais próximo – a Vila Portes, em Foz do Iguaçu. Compreender essa prática e os significados que são atribuídos a essas atividades, as quais começam na mais tenra idade entre as crianças paraguaias, analisando a mediação que o Estado brasileiro e paraguaio realiza é o objetivo desta pesquisa. O trabalho infantil no Brasil é proibido pela legislação, porém no Paraguai, é uma prática tradicional entre as famílias socialmente desfavorecidas, as quais se utilizam da renda dos filhos para a subsistência e como estratégia para a entrada precoce no mundo do trabalho. Cabe refletir sobre as diferentes interpretações com

* Mestre em Sociedade, Cultura e Fronteiras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Foz do Iguaçu, PR (2013). Professora de História na Rede de Ensino Estadual do Paraná. ** Professor permanente do programa de mestrado em filosofia na UNIOESTE; pesquisador do grupo de pesquisa em Ética e Filosofia Política da UNIOESTE; e-mail: [email protected]

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relação ao trabalho infanto-juvenil na fronteira – visto como forma de extrema de exploração dentro das dinâmicas do comércio fronteiriço e outra, analisada como estratégia de sobrevivência, como aprendizagem para os adolescentes de famílias pobres que não veem a escola como elemento de ascensão social. PALAVRAS-CHAVE: Trabalho; crianças; fronteira. 5.1 INTRODUÇÃO

Este artigo pretende analisar a circulação de crianças e adolescentes paraguaias (provenientes de Ciudad del Este/Paraguai) na Ponte da Amizade em direção a Foz do Iguaçu - Brasil, buscando compreender quais as representações elaboradas em relação às atividades comerciais que desempenham em um espaço transfronteiriço e quais fatores impulsionam esses jovens ao trabalho precoce. Foz do Iguaçu é uma fronteira multicultural, onde o Estado pretende fazer-se presente através de seus agentes aduaneiros e da Polícia Federal, mas, sujeito à impossibilidade do controle total de circulação de bens e pessoas, torna-se uma instituição oficial e para a população local, na maioria dos casos, um elemento meramente formal.

Para efetivar esta pesquisa, recorreu-se à pesquisa bibliográfica, especialmente dados coletados e analisados na dissertação de Mestrado intitulada “Crianças da Ponte: o trabalho infantil de crianças e adolescentes no comércio fronteiriço de Foz do Iguaçu – Paraná” (REIMANN, 2013). Após a descrição dos autores consultados para contribuir ao entendimento do fenômeno em questão e sua análise em relação à discussão do trabalho infantil na contemporaneidade e em espaços de fronteira, apresenta-se uma rápida descrição das cidades de Foz do Iguaçu, Brasil e Ciudad Del Este, no Paraguai e a dinamização comercial

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ocorrida a partir da década de 1990, impulsionada pelo contexto de globalização econômica. O segundo subtítulo refere-se à análise das atividades realizadas pelas crianças e adolescentes paraguaios no comércio de fronteira, próximo à Ponte Internacional da Amizade, suas concepções com relação ao seu trabalho e quais estratégias utilizam para driblar a fiscalização dos agentes estatais que controlam a migração nos limites dos dois Estados Nacionais. Por último relata-se a complexa aplicação de políticas e programas de proteção a crianças e adolescentes no município de Foz do Iguaçu, agravada na situação de indivíduos estrangeiros encontrados na Ponte da Amizade desacompanhados de seus pais. O baixo nível de integração entre governos municipais do Brasil e Paraguai motivam conflitos entre instituições protetoras desses jovens, o que se agrava com as lacunas na fiscalização migratória fronteiriça, facilitando a circulação de crianças e adolescentes desacompanhados. 5.2 OS SUBMUNDOS DO TRABALHO NA TRÍPLICE FRONTEIRA

A tríplice fronteira Foz do Iguaçu – Brasil/Puerto Iguazu – Argentina/ Ciudad Del Este – Paraguay se configura como um espaço singular, diferente das demais tríplices fronteiras em nosso território. Essa peculiaridade deve-se à presença das Cataratas do Iguaçu, reconhecidas como Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO, garantindo um intenso fluxo de turistas. Além disso, em Foz do Iguaçu está instalada a Usina Hidrelétrica de Itaipu e o Parque Nacional do Iguaçu, os quais movimentam o parque hoteleiro da cidade, atraindo milhares de visitantes anualmente. Somado a estes atrativos, a região fronteiriça conta com a zona franca de Ciudad Del Este – Paraguay, oferecendo o comércio de diferentes mercadorias e principalmente de eletroeletrônicos. Cardin (2010) observa

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que esta economia oficial, publicizada pelos meios de comunicação e pelos órgãos governamentais, divide espaço com uma economia paralela, que pode chegar a superar a quantia de capital movimentado pelos setores de serviço e produtivo. Contudo, esse universo de economia subterrânea está composto por conflitos, práticas e relações sociais fundamentadas em relações dialéticas entre o legal/ilegal, o moral/imoral.

Eric Cardin (2010), em sua tese de doutorado, analisa as relações sociais construídas pelos trabalhadores desta economia paralela, especialmente pelos sacoleiros, retratando o cotidiano dos sujeitos que estão vinculados ao comércio fronteiriço mediado pela expansão do capital. Esses trabalhadores exercem suas atividades comerciais e convivem com a crescente criminalização de seu trabalho, efetivada pelos órgãos governamentais que disciplinam as relações na fronteira, com o fim último de propiciar a expansão do grande capital. Em meio a essa conjuntura estão diferentes classes de trabalhadores: sacoleiros, laranjas, olheiros, grupos definidos por Cardin (2010) conforme a hierarquia estabelecida e suas funções dentro do circuito do comércio fronteiriço:

Assim, o trânsito de pessoas nas diferentes fronteiras é constante. Para a população que reside na própria região, aproveitar das facilidades existentes nos países vizinhos é algo comum, como também é a utilização destas vantagens para fins não exclusivamente pessoais ou privados, mas comerciais, visando à revenda, como, por exemplo, no caso dos laranjas, cigarreiros, sacoleiros brasileiros e os paseros (CARDIN, 2010, p. 36).

Além desses grupos de trabalhadores, igualmente estão outros, como crianças e adolescentes paraguaios que cruzam a Ponte da Amizade e beneficiam-se do comércio fronteiriço para vender suas mercadorias. Há que destacar a fragilidade deste último grupo de trabalhadores, de pouca

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idade, provenientes de famílias muito pobres que necessitam desta remuneração para subsistir economicamente.

Tais estratégias de sobrevivência em espaço de fronteiras transnacionais utilizam-se de interstícios que remetem a relações entre legalidades de territórios distintos, tal como afirmam Albuquerque e Paiva (2015), gerando possibilidades para subverter a lei que teoricamente, deveria estabelecer o que é permitido ou não nos distintos países. Em artigo no qual pesquisam sobre a tríplice fronteira Brasil-Peru-Colômbia, os autores contribuem para a reflexão em relação à circulação de pessoas, bens e mercadorias em espaço de fronteiras e como esses sujeitos transitam entre normalizações e leis distintas em prol de seus interesses e/ou necessidades. A pesquisa de Albuquerque e Paiva traz importantes reflexões sobre tríplices fronteiras, contribuindo para o entendimento com relação à circulação de jovens pela Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu, os quais se utilizam da deficiência do sistema de controle da Aduana Brasileira e do restrito contingente de policiais da Polícia Federal, passando por esse local em vans e se dirigem à Vila Portes, na cidade de Foz do Iguaçu, onde permanecem vendendo suas mercadorias e escapando à fiscalização de agentes da assistência social do município.

No entanto, faz-se necessário compreender que as atividades vinculadas ao trabalho informal exercidas por jovens no comércio fronteiriço estão inseridas em um contexto mais amplo, de flexibilização de relações trabalhistas, de total mudança nas formas de trabalho contemporâneo e as relações sociais elaboradas a partir dele, tema discutido por Ricardo Antunes, em sua obra Adeus ao trabalho? (2003). O autor enfoca as metamorfoses ocorridas no mundo do trabalho após a revolução tecnológica em meados da década de 1980, a qual gerou excedentes de força de trabalho, com graves consequências para a classe-que-vive-do-trabalho, termo que utiliza para definir os trabalhadores

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contemporâneos. Paralelamente, descreve o incremento do trabalho precário devido ao desemprego estrutural que se estabelece tanto em países de capitalismo avançado como periférico. Antunes destaca ainda, outra tendência no mundo do trabalho, a subproletarização, presente nas formas de trabalho parcial, temporário, terceirizado, que estão vinculadas à economia informal, possuindo uma forte conexão com as atividades comerciais desenvolvidas na fronteira Foz do Iguaçu – Brasil e Ciudad Del Este- Paraguai. 5.3 A FRONTEIRA FOZ DO IGUAÇU – BRASIL E CIUDAD DEL ESTE – PARAGUAI

Primeiramente cabe situar o espaço transfronteiriço de Foz do Iguaçu – Brasil e Ciudad Del Este – Paraguay, a partir do qual será discutido o trabalho infanto-juvenil. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE1, Foz do Iguaçu, está localizada no extremo oeste do estado do Paraná, Brasil. Possui uma área de 618.353 Km2, com população residente, estimada em 2016, de 263.915 habitantes. Os principais rios que circundam a cidade são o rio Iguaçu e o rio Paraná.

Ciudad Del Este é segunda maior aglomeração urbana do Paraguai. Possui uma área de 1017 Km2, com população de 558 696 habitantes, conforme o censo de 2008. A cidade é considerada o terceiro maior centro comercial do mundo, localizada a 327 km de Assunção, capital do Paraguai, é também a capital do departamento do Alto Paraná, subdivisão administrativa do Paraguai2. As duas cidades estão separadas

1 Dados obtidos pelo site do IBGE: http://cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?codmun=410830. Acesso em 5/07/2017. 2 Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Metropolitana_de_Ciudad_del_Este

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geograficamente pelo rio Paraná, sobre o qual foi construída a Ponte da Amizade na década de 1960, gerando grande expectativa econômica para esta conexão entre as fronteiras.

As diferenças econômicas e no valor das moedas dos diferentes países (Brasil e Paraguai) é o fator estimulante para a lucratividade de diversos setores do comércio fronteiriço. Conforme sinaliza Cardin:

Diferente do que muitos pensam o que garante as relações sociais, culturais, políticas e econômicas entre os países limítrofes não é a igualdade ou a suposta aproximação derivada de uma irmandade latino-americana, mas as diferenças, os conflitos, a possibilidade de explorar os recursos e as possibilidades oferecidas pelo outro país ao seu favor e interesse (CARDIN, 2010, p. 42).

Desta forma, o comércio de produtos eletroeletrônicos e diferentes bens de consumo em Ciudad Del Este é um forte atrativo para o turismo de compras, envolvendo uma gama de trabalhadores informais do circuito sacoleiro, envolvidos em atividades comerciais legais e ilegais. O contingente de mercadorias e trabalhadores que esse comércio subterrâneo move na Ponte da Amizade impossibilita o total controle por parte dos agentes alfandegários, dando margem ao surgimento do contrabando e do descaminho3.

Tais atividades ilegais relegam à região da Tríplice Fronteira Brasil-Paraguai-Argentina uma imagem estigmatizada, de marginalidade e de banditismo, elaborada

3 Segundo o Código Penal Brasileiro – Decreto-Lei 2848/1940 – Título XI – Capítulo II Dos crimes praticados por particular contra a administração em geral – Art. 334 A : Contrabando: Importar ou exportar mercadoria proibida ;Art. 334 - Descaminho: Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em 6/7/2017.

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pelas mídias oficiais, negligenciando a presença de uma numerosa população que constrói sua identidade neste local e convive com a realidade da fronteira.

Neste mesmo ambiente estigmatizado, além de trabalhadores do circuito sacoleiro, compristas, turistas e agentes aduaneiros, circulam inúmeros jovens provenientes do Paraguai.

Segundo Cardin (2009), o trabalho infanto-juvenil na Ponte da Amizade torna-se mais aviltante devido à relação entre “mercado de trabalho”, faixa etária e qualidade das ocupações e das atividades desempenhadas pelos pequenos trabalhadores. A perda de valores morais, culturais e sociais destes indivíduos tem consequências nefastas para seu desenvolvimento físico e mental. 5.4 AS CRIANÇAS DA PONTE DA AMIZADE

Próxima à Ponte da Amizade, na fronteira Brasil-Paraguai, encontra-se a Vila Portes, bairro caracterizado pelo frenético comércio e movimentação de turistas e compristas. Pelas ruas e vielas do bairro transitam constantemente vendedores ambulantes, em sua maioria de nacionalidade paraguaia, oferecendo diferentes produtos, como chás, amendoim, meias, roupas, cigarros, alho, frutas e doces. Esses vendedores perambulam por todo o bairro e, em alguns momentos sentam-se em pequenos grupos, conversam em idioma guarani e tomam o tererê, uma infusão de ervas com água gelada, bebida típica do Paraguai.

Os pequenos vendedores infanto-juvenis aprendem com os adultos a oferecer suas mercadorias pelo bairro e utilizam-se das técnicas e estratégias que aprendem com seus pais e acompanhantes. Esses jovens são majoritariamente de nacionalidade paraguaia, cruzam a Ponte da Amizade em vans, acompanhados ou não por seus pais, burlando a fiscalização aduaneira.

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Para analisar a passagem de infanto-juvenis nesta fronteira buscou-se a contribuição de Renoldi (2015), quando estuda a tríplice fronteira Brasil-Paraguay-Argentina sob a perspectiva do binômio legal/ilegal e as dinâmicas cotidianas estabelecidas pelos sujeitos que vivenciam esta fronteira e nela subsistem, observando que por trás de cada iniciativa existe uma formulação prática das denominações ideais que definem o Estado. Ao descrever as atribuições da Aduana e da Receita Federal e Polícia Federal, do lado brasileiro, a autora observa que, ainda que a tais agências estatais caiba o controle fronteiriço, não se observam rigorosas intervenções no fluxo populacional: praticamente nenhum no ingresso de brasileiros a Paraguai e, variável no sentido Paraguai ao Brasil. Neste caso, o controle recai sobre as mercadorias e não tanto sobre documentação pessoal. A análise de Renoldi (2015, p. 9) explica a facilidade com que crianças e adolescentes paraguaios ingressam ao território brasileiro sem maiores intervenções.

As pessoas que usam e transitam esta fronteira não somente levam coisas, mas também são levadas por coisas e afetos. As ações racionais não dão conta da infinidade de aspectos, materialidades e circunstâncias que permitem ou impedem uma travessia, tal como escreve Renoldi (2015). A partir da perspectiva do Estado, tais ações, comuns em fronteiras internacionais, são julgadas primeiramente como imorais, definindo-as como ilegais; em seguida, com a intenção de transgredir as leis por ele elaboradas. Ocorre, contudo uma incongruência entre o que o Estado representa, a forma como realmente atua e como deveria atuar na tentativa de delimitar e controlar mercadorias e pessoas em seus limites territoriais, demonstrando as diversas dimensões dos Estados possíveis na fronteira.

A grande maioria dos pequenos vendedores expressou sua satisfação em trabalhar nas proximidades da Ponte da Amizade, não se enxergam como sujeitos

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explorados pelas dinâmicas capitalistas de fronteira. Justificam sua atividade afirmando que estão auxiliando na renda familiar, além de tornarem-se financeiramente independentes. Trabalho conjugado à escola determina a rotina desses jovens e está presente nas representações de suas vivências, sendo que trabalho abrange uma gama de significados, como ajuda à renda dos pais, parte da divisão de tarefas dentro da sociabilidade familiar ou revela um aspecto da ética desse grupo: trabalhar dignifica e ensina.

Para os jovens maiores de 14 anos, este trabalho representa uma escolha, na busca pelo desejo de autonomia financeira e como acesso a bens de mercado. Há que se considerar ainda a escolha por trabalhar como vendedores ambulantes para fugir de casa, onde em muitos casos são maltratados. “É uma espécie de prazer acompanhado ou motivado no sofrimento: a violência, o abuso” (REIMANN, 2013, p. 87).

Para subsistirem à rotina de trabalho, escola, pressões nas relações familiares e fiscalizações fronteiriças esses sujeitos desenvolvem táticas e estratégias a fim de garantir sua subsistência e, sem perceber, resistem à opressão exercida pelo capitalismo e pelos poderes dele provenientes e presentes em todas as relações sociais. Movimentam-se rapidamente e estão sempre atentos à circulação das pessoas, procurando um cliente para oferecer suas mercadorias ou observando a presença de fiscais da Polícia Migratória ou Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente de Foz do Iguaçu. Utilizam-se de dois idiomas: o guarani, falado entre os vendedores paraguaios e o “portunhol”, mesclando o idioma português e o espanhol para dirigir-se a pessoas brasileiras e insistentemente oferecer suas mercadorias. Certeau (1994) define tais práticas como operações de usuários, que aparentemente estariam entregues à passividade e à disciplina. O autor propõe que se desloque a atenção do consumo de produtos, que supostamente estaria passivo, para uma criação

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anônima, nascida da prática do desvio no uso desses produtos. Certeau analisa a cultura no plural, ou seja, os caminhos sinuosos que se percebem nas astúcias das táticas e práticas ordinárias.

A análise de Certeau (1994) remete ao cotidiano dos jovens da Ponte da Amizade, pois mesmo oprimidos pela realidade maciça de poderes e instituições, procuram movimentar-se a partir de micro-resistências, fundando micro-liberdades, mobilizando recursos insuspeitos, deslocando fronteiras verdadeiras da dominação dos poderes sobre a multidão anônima. 5.5 O ESTADO E SUA ATUAÇÃO NO CONTROLE DA PASSAGEM DE CRIANÇAS NA PONTE DA AMIZADE

Não restam dúvidas quanto à necessidade de programas de geração de renda para estas famílias, questão que deveria estar na agenda das atribuições do Estado. Contudo, é cabível introduzir aqui novamente a reflexão de Renoldi (2015), quando trata dos estados possíveis que coexistem na fronteira: um Estado oficial, democrático de direito, aparato administrativo e político que estabelece as normativas e leis e outro estado, formado por pessoas de carne e osso que vivenciam na prática as dinâmicas da fronteira, diluindo o dualismo Estado/sociedade. Nesta fronteira circula uma enorme variedade de produtos, moedas e pessoas, seja por água ou por terra, legalmente e ilegalmente, de acordo com a conveniência comparativa em cada um dos países. Este movimento, afirma Renoldi, está pautado por contextos que não deixam de pôr em xeque a validade e legitimidade dos procedimentos de controle dos Estados Nacionais, tão evidentes quanto vulneráveis (p. 6).

O mesmo Estado que normatiza e controla a circulação de pessoas, bens, mercadorias, estabelecendo

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procedimentos que teoricamente garantiriam a segurança na fronteira Brasil-Paraguai, mostra-se impossibilitado de controlar a circulação de todas as crianças paraguaias desacompanhadas em direção a Foz do Iguaçu – Brasil.

Porém, a fiscalização de atividades de crianças estrangeiras na cidade de Foz do Iguaçu é bem mais complexa. Instituições públicas como o Ministério Público do Trabalho, sediado em Foz do Iguaçu4 denunciam a conflituosa relação entre entidades responsáveis pela proteção de crianças e adolescentes e o Governo Municipal, fato que se soma ao deficitário controle migratório realizado pela Polícia Federal na Ponte Internacional da Amizade, a fim de coibir o trânsito de crianças e adolescentes desacompanhados e sem documentos. Quando esses jovens são surpreendidos vendendo suas mercadorias, são atendidos pelo CREAS, em parceria com o Conselho Tutelar de Foz do Iguaçu, os quais os encaminham para o Consulado Paraguaio, órgão que realiza um rápido atendimento, para em seguida enviá-los ao Setor de Migração da Ponte da Amizade, onde deverão retornar ao seu país de origem (REIMANN, 2013). Caso a criança estrangeira apresente alguma lesão corporal ou foi vítima de abuso ou violência, é encaminhada ao Conselho Tutelar, o qual relatará o caso à Vara da Infância e da Juventude do Município e, se determinado por esse órgão, o CREAS realizará o acolhimento do jovem até a localização da família (p. 108).

Observa-se que o atendimento a crianças paraguaias que estão ligadas ao comércio informal na Ponte da Amizade não pode ser efetivado nem por programas, nem por medidas protetivas de órgãos brasileiros. Tampouco suas famílias podem ser mapeadas pelo CREAS, já que não residem em Foz do Iguaçu e sim, em cidades do Paraguai. Ocorre uma discrepância entre as políticas públicas de assistência aos

4 Procuradoria Regional do Trabalho – Ministério Público do Trabalho – 9ª Região/Ofício de Foz do Iguaçu. Termo de Audiência.

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infanto-juvenis do Brasil e do Paraguai, estimuladas por questões culturais e ausência de integração e diálogo entre as secretarias responsáveis dos países limítrofes.

O resultado dessa deficiência no serviço de assistência social e a ineficácia do controle estatal é a continuidade da circulação de crianças paraguaias, que cruzam a Ponte da Amizade com certa facilidade, permanecendo longas jornadas pelas ruas de Foz do Iguaçu, a fim de vender suas mercadorias.

A constante passagem das crianças e adolescentes paraguaias pela Ponte da Amizade remete à ideia da indeterminação da fronteira. Segundo Martins (2009), a fronteira não pode ser reduzida à delimitação geográfica. Mas sim, ela é fronteira de muitas coisas: da civilização, fronteira espacial, de culturas e visões de mundo, de etnias, fronteira da história e da historicidade do homem e, sobretudo, fronteira do humano. Por isso, prossegue Martins, a fronteira tem um caráter litúrgico e sacrificial, pois nela o outro é degradado para viabilizar a existência de quem domina, subjuga e explora (p. 11).

Por mais tentativas que as instituições estatais façam para circunscrever os indivíduos em espaços determinados, em territórios, na fronteira esse intento escapa ao seu controle.

5.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Tríplice fronteira Foz do Iguaçu /Brasil- Puerto Iguaçu/Argentina/Ciudad Del Este – Paraguai é um local de constante circulação de pessoas, mercadorias, bens e moedas. Conforme as flutuações de câmbio dessas moedas, os indivíduos realizam os fluxos comerciais entre um país ou outro. E meio à intensidade da circulação de pessoas pela Ponte da Amizade, em direção ao Brasil, encontram-se crianças e adolescentes que realizam a travessia da fronteira a

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fim de realizar uma atividade comercial à qual foram habituados desde muitos pequenos. Apesar de todas as tentativas de coibir o trabalho infantil, realizadas pelas instituições de assistência social do município de Foz do Iguaçu, os próprios sujeitos dessa atividade elaboram representações positivas em relação ao seu trabalho. Assim, esses jovens vivem uma rotina que conjuga trabalho e escola.

No Paraguai observa-se o trabalho infantil como uma tradição entre as famílias em risco social. Contudo, estudos comprovam o quanto esta atividade precoce prejudica o desenvolvimento físico, mental e social dos jovens, pois além de exercer atividades em um ambiente estigmatizado pela violência, pelo contrabando e pelo tráfico, estão expostos a situações de exploração sexual, comercial e até mesmo ao trabalho escravo. Soma-se a esse fato, o prejuízo à aprendizagem escolar, pois, devido às longas jornadas de trabalho e ao cansaço, a criança que trabalha não obterá o mesmo desempenho que as demais, sendo que em muitos casos, irá somar-se ao número de evadidos dos bancos escolares. O abandono da escola reproduz a situação de exclusão social e pobreza relegada por suas famílias.

O Estado Brasileiro se faz presente na tríplice fronteira representado pela Aduana e pela Receita Federal que controlam a entrada de mercadorias e bens. À Polícia Federal cabe o controle migratório, na tentativa de enquadrar os indivíduos em seus devidos espaços. Porém, estas agências estatais não estão capacitadas para exercer o total controle da passagem de pessoas na Ponte da Amizade, uma vez que as crianças que trabalham em Foz do Iguaçu, se deslocam desde Ciudad Del Este – Paraguai; fazem a travessia da fronteira em vans, em sua grande maioria estão desacompanhadas dos pais, e não sofrem qualquer inspeção de documentos.

Observam-se os limites das ações do Estado no sentido de coibir a imigração e as atividades de crianças e

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adolescentes paraguaios que atravessam a Ponte da Amizade desacompanhados de seus responsáveis.

Conhecer mais a fundo o cotidiano dos jovens paraguaios que realizam a travessia a fim de defender sua subsistência e de sua família é uma pesquisa futura que se vislumbra como necessária nesta região de Tríplice Fronteira REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, José Lindomar; PAIVA, Luiz Fábio S. Entre nações e legislações: algumas práticas de “legalidade” e “ilegalidade” na Tríplice Fronteira Amazônica (Brasil, Colômbia, Peru). Revista Ambivalências, ISSN 2318-3888, V.3 , N.5 , jan-jun./2015, p. 115 – 148.

ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. São Paulo, Cortez; Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 2003.

ANTUNES, Ricardo (org.). A dialética do trabalho – escritos de Marx e Engels. São Paulo, Expressão Popular, 2004.

CARDIN, Eric Gustavo. O novo mundo do trabalho e o perfil dos “trabalhadores informais” de Foz do Iguaçu (2002-2007). In: DEBALD, Blasius; CARDIN, Eric (org.) Revista Região e Desenvolvimento: estudos temáticos sobre o extremo oeste do Paraná. Foz do Iguaçu: UNIAMÉRICA, 2009, pp. 7-26.

CARDIN, Eric Gustavo. A expansão do capital e as dinâmicas de fronteira. Araraquara, Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, 2010.

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CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis, Vozes, 1994.

MARTINS, José de Souza. Fronteira: A degradação do Outro nos confins do humano. São Paulo, Contexto, 2009.

REIMANN, Valdirene. As crianças da Ponte: O trabalho infantil de crianças e adolescentes no comércio fronteiriço de Foz do Iguaçu – Paraná. Foz do Iguaçu, 2013.

RENOLDI, Brígida. Estados posibles: travesías, ilegalismos y controles en la Triple frontera. Etnográfica, vol. 19, CRIA, 2015.

Sites http://cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?codmun=410830. Acesso em 5/07/2017.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Metropolitana_de_Ciudad_del_Este.

http://blog.comprasparaguai.com.br/a-historia-de-ciudad-del-este-o-paraiso-de-compras-dos-brasileiros. Acesso em: 5/7/2017.

http: www.planalto.gov.br . Acesso em 6/7/2017.

Documentos MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO – Procuradoria Regional do Trabalho – 9ª Região – Ofício de Foz do Iguaçu – Termo de audiência – 12/11/2008.

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OS ORGANIZADORES JOSÉ DIAS é Professor Adjunto da UNIOESTE, Toledo-PR; pesquisador do Grupo de Pesquisa “Ética e Política”, da UNIOESTE, CCHS, Toledo-PR. Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Urbaniana, Cidade do Vaticano, Roma, Itália; Doutor em Filosofia também pela mesma Pontifícia Universidade; Mestre em Direito Canônico também pela mesma Pontifícia Universidade Urbaniana; Mestre em Filosofia pela mesma Pontifícia Universidade; Especialista em Docência no Ensino Superior pela UNICESUMAR; Licenciado em Filosofia pela Universidade de Passo Fundo – RS; Bacharel em Teologia pela UNICESUMAR. Professor permanente do PPGFIL, UNIOESTE.

E-mail: [email protected] Lattes: http://lattes.cnpq.br/9950007997056231

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ADEMIR MENIN é Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma-PUG (2013). Especialista em Letras (Estudos Linguísticos e Literários) pela Universidade Estadual do Norte do Paraná-UENP (2010). Graduado em Filosofia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná-UNIOESTE (1995). Graduado em Teologia pela Pontifícia Universidade Urbaniana de Roma-PUU (1999). Atualmente é professor de Filosofia Moderna e Contemporânea na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. E-mail: [email protected]

Lattes: http://lattes.cnpq.br/1532052919863437

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JUNIOR CUNHA é graduando do curso de Licenciatura

em Filosofia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná,

Toledo-PR. É estagiário da Biblioteca Universitária da

UNIOESTE-Campus Toledo. Bolsista – no período de 01 de

junho de 2016 a 31 de março de 2017 – do Programa

Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID),

vinculado a CAPES/MEC. Bolsista – no período de 1 de abril

de 2017 até 31 de março de 2018 – do Projeto de Extensão

Teatro em Ação, vinculado ao Programa Universidade Sem

Fronteiras-USF, financiado com recursos do Fundo Paraná.

Atualmente desenvolve pesquisa nas áreas de Teatro e

Filosofia com enfoque em William Shakespeare e Friedrich

Nietzsche.

E-mail: [email protected]

Lattes: http://lattes.cnpq.br/7824455868007103

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VALDERICE RIPPEL é doutora em Educação pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas (2007), Mestre em Educação pela PUC-CAMPINAS Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2002), Especialista em Gestão Escolar e Docência no Ensino Superior pela Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco, Graduação em Ciências Econômicas pela UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná (1996) e em Pedagogia pela ULBRA - Universidade Luterana do Brasil (2010). É professora do ISEPE - Marechal C. Rondon - PR, Coordenadora Executiva de Cursos de Especialização e professora da FAESI de São Miguel do Iguaçu - PR e atua em pós-graduação na UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná e na UNICAMPO - Faculdade União de Campo Mourão. Tem experiência na área de Economia e Educação. Atuando principalmente nos seguintes temas: Introdução a Economia; Formação Econômica do Brasil, Economia Internacional, Metodologia de Pesquisa Científica, Avaliação da aprendizagem. Políticas Públicas de Educação, Didática, Formação de Professores, Fundamentos da Educação Especial, Gestão Escolar. Planejamento educacional. Currículo. Estágio Supervisionado e Práticas Pedagógicas.

E-mail: [email protected] Lattes: http://lattes.cnpq.br/9583850450833250

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