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COOPERAÇÃO E GESTÃO NA EDUCAÇÃO

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4 Cooperação e gestão na Educação

Imagens da capa: https://pixabay.com/pt/conecte-se-conex%C3%A3o-coopera%C3%A7%C3%A3o-m%C3%A3os-20333/

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Ademir Menin Ivan Vieira da Silva

José Francisco de Assis Dias (Organizadores)

COOPERAÇÃO E GESTÃO NA EDUCAÇÃO

Livro produzido com apoio do

Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICETI)

Primeira Edição E-book

Toledo - PR 2017

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6 Cooperação e gestão na Educação

Copyright 2017 by

Organizadores EDITORA:

Daniela Valentini CONSELHO EDITORIAL:

Prof. Daniel Eduardo dos Santos - UNICESUMAR Prof. José Beluci Caporalini - UEM

Prof. Lorella Congiunti – PUU - Roma REVISÃO ORTOGRÁFICA:

Ronaldo de Oliveira CAPA, DIAGRAMAÇÃO E DESIGN:

Editora Vivens Ltda. Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Rosimarizy Linaris Montanhano Astolphi Bibliotecária CRB/9-1610

Todos os direitos reservados aos Organizadores.

Editora Vivens, O conhecimento a serviço da Vida!

Rua Pedro Lodi, nº 566 – Jardim Coopagro Toledo – PR – CEP: 85903-510; Fone: (45) 3056-5596

http://www.vivens.com.br; e-mail: [email protected]

Cooperação e gestão na educação. / organizadores

C777 Ademir Menin, Ivan Vieira da Silva, José

Francisco de Assis Dias. – 1. ed. e-book –

Toledo, PR: Vivens, 2017.

104 p.

Modo de Acesso: World Wide Web:

<http://www.vivens.com.br>

ISBN: 978-85-92670-33-7

1. Ecoinovação. 2. Gestor escolar. 3.

Epigenética. 4. Gestão no conhecimento. 5.

Aprendizagem.

CDD 22. ed. 370

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................... 11 I - COOPERAÇÃO TECNOLÓGICA E ECOINOVAÇÃO EM UM PROJETO U-E: OBSTÁCULOS ENCONTRADOS E PROPOSIÇÕES PARA SOLUÇÃO .................................................................... 13 Eliana Cunico Claudia Brito Silva Cirani 1.1 INTRODUÇÃO ................................................................. 15 1.2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................... 19 1.2.1 Inovação E Cooperação: Uma Breve Síntese .............. 19 1.2.2 Ecoinovação e as Agroindústrias ................................... 22 1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................ 26 1.4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................... 31 1.4.1 Universidade (Pesquisadores) ......................................... 34 1.5.2 Empresa (Agroindústrias) ............................................... 36 1.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................... 39 REFERÊNCIAS ........................................................................ 42 II - GESTÃO ESCOLAR, DIDÁTICA E METODOLOGIA DE ENSINO SUPERIOR O PAPEL DO GESTOR FRENTE AOS CONFLITOS DE INTERESSES .................................................................... 49 Luiz Fernando Mori Jairton Mauro Rech Marcelo Batista Maia 2.1 INTRODUÇÃO ................................................................. 50 2.2 O PAPEL DO GESTOR FRENTE À COMUNIDADE ESCOLAR ................................................. 52 2.3 RELAÇÕES CONFLITUOSAS NO COTIDIANO ESCOLAR .................................................................................. 56

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2.4 A INFLUÊNCIA DA SOCIEDADE E DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO ............................................................................. 59 2.5 CONSIDERAÇOES FINAIS .......................................... 62 REFERÊNCIAS ........................................................................ 64 III - A COMPREENSÃO DA EPIGENÉTICA E DE SEUS MECANISMOS ............................................................. 67 Ronaldo de Oliveira 3.1 INTRODUÇÃO ................................................................. 68 3.2 JUSTIFICATIVA ................................................................ 68 3.3 OBJETIVOS ........................................................................ 69 3.4 METODOLOGIA ............................................................. 69 3.5 A GENÉTICA .................................................................... 69 3.6 A EPIGENÉTICA ............................................................. 71 3.7 MECANISMOS EPIGENÉTICOS ................................ 73 3.7.1 Metilação do DNA ........................................................... 73 3.7.2 Modificação nas Histonas ............................................... 75 3.8 A RELAÇÃO DA EPIGENÉTICA COM DOENÇAS.................................................................................77 3.9 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS ............................. 78 3.10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................ 79 REFERÊNCIAS ........................................................................ 81 IV - PRÁTICAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS COORDENAÇÕES PEDAGÓGICAS DAS ESCOLAS PÚBLICAS COM ESTUDOS DE CASOS ..... 83 Euda Márcia Dias Paiva Ivan Vieira da Silva Maracelis Gezualdo Simone Luiz de Souza Schelive 4.1 A NECESSIDADE DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NA EDUCAÇÃO............................... 84 4.2 A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NA ESCOLA ...................................... 85

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4.3 COMUNIDADES DE PRÁTICA .................................. 88 4.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................ 91 4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................... 91 REFERÊNCIAS ........................................................................ 93

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APRESENTAÇÃO Com alegria apresentamos aos acadêmicos de Gestão

do Conhecimento e Educação esta obra que recolhe trabalhos oriundos de pesquisa interdisciplinar formando um corpo harmonioso entorno do problema da cooperação e gestão na educação.

No primeiro capítulo, as professoras Eliana Cunico e Claudia Brito Silva Cirani trabalham a cooperação tecnológica e ecoinovação em um projeto U-E, abordando o problema da inovação e cooperação, a ecoinovação e as agroindústrias, apresentando importantes contribuições ao debate.

No segundo capítulo, os professores Luiz Fernando Mori, Jairton Mauro Rech e Marcelo Batista Maia trabalho a gestão escolar, a didática e a metodologia de ensino superior, considerando o papel do gestor frente aos conflitos de interesses, onde abordam as relações conflituosas no cotidiano escolar, bem como a influência da sociedade e de políticas públicas de ensino na educação.

No terceiro capítulo, o professor Ronaldo de Oliveira trabalha a compreensão da epigenética e de seus mecanismos, abordando a importância da epigenética na compreensão de enfermidades que comprometem o desenvolvimento físico e cognitivo dos indivíduos.

No quarto capítulo, os professores Euda Márcia Dias Paiva, Ivan Vieira da Silva, Maracelis Gezualdo e Simone Luiz de Souza Schelive trabalham as práticas de gestão do conhecimento nas coordenações pedagógicas das escolas públicas, abordando a necessidade da gestão do conhecimento na educação, a importância da gestão do conhecimento na escola, comunidades de prática.

Boa leitura! Os Organizadores

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I

COOPERAÇÃO TECNOLÓGICA E ECOINOVAÇÃO EM UM PROJETO U-E:

Obstáculos encontrados e proposições para solução

Eliana Cunico* Claudia Brito Silva Cirani**

RESUMO O modelo de gestão sustentável tem como base os âmbitos ambiental, social e econômico. Com foco na dimensão ambiental, a ecoinovação diz respeito à criação de novos produtos e processos com preços competitivos, que

* Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Administração da UEM - Universidade Estadual de Maringá. Mestre do Programa PPGA - Universidade Nove de Julho. Docente na área de Gestão dos cursos de Graduação e Pós-graduação do Centro Universitário FAG - Toledo (2012) e da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste - M.C. Rondon (2015). Possui Graduação em Administração pela UNIOESTE (2007), especialização em Administração Financeira, Contábil e Controladoria pela FASUL (2010). Coordena atualmente os Trabalhos de Conclusão de Curso em Administração Centro Universitário FAG - Toledo. Atua como Professora Orientadora no Programa Patronato de Toledo - Extensão Unioeste - SETI - SESP e Governo do Paraná. ** Possui doutorado em Economia Aplicada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz / Universidade de São Paulo - ESALQ / USP (2009), mestrado em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (2005) e graduação em Economia pela Universidade Estadual de Londrina (2003). Atualmente é pesquisadora docente do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Nove de Julho - PPGA / UNINOVE (Conceito CAPES 5). Tem experiência na área de Gestão da Inovação, atuando principalmente com políticas de inovação tecnológica, mecanismos públicos de incentivo à inovação empresarial, relação universidade-empresa, e inovação para sustentabilidade.

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proporcionam uma melhor qualidade de vida com o mínimo comprometimento de recursos na produção, evitando prejudicar o meio ambiente. A cooperação tecnológica entre agentes como universidade, empresa, fornecedores, institutos de pesquisa pode ampliar a capacidade de ecoinovações. O objetivo central deste trabalho foi, então, investigar o processo de cooperação para ecoinovação, levantando obstáculos nas interações produzidas pelos agentes do Sistema Nacional de Inovação - SNI, a partir de evidências de um projeto de cooperação entre Universidade e Empresa (U-E), no segmento de agroindústrias processadoras de mandioca, visando a proposição de soluções para minimizar ou evitar tais dificuldades. O método utilizado foi de natureza qualitativa, valendo-se de entrevistas e análise de conteúdo por meio da ferramenta Atlas.ti. Os principais resultados obtidos na pesquisa referem-se não apenas aos obstáculos levantados junto a agroindústrias analisadas e a universidade do projeto de cooperação em questão, tais como dificuldade de participação das empresas e de obtenção de dados concretos, falta de incentivo governamental, burocracia de acesso aos recursos públicos, dentre outros entraves, mas também a apresentação de proposições para solução de cada um desses obstáculos levantados, que contribuem com processos empíricos de cooperação.

PALAVRAS-CHAVE: Cooperação; SNI; Ecoinovação; Agroindústrias.

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1.1 INTRODUÇÃO

É amplamente reconhecido que o modelo de gestão

sustentável, baseado nos âmbitos ambiental, social e econômico (Elkington, 2001), e as exigências a ele associadas tais como menor consumo de energia e água, menor nível de impactos de emissões, terra, certificação e acidentes ambientais (Callado & Fensterseifer, 2010), têm sido acompanhas por um novo tipo de competição. Nesse novo padrão concorrencial, a capacidade de inovação e a cooperação tecnológica voltadas à busca de novos conhecimentos são ingredientes essenciais para a competividade dos diferentes agentes.

Com foco na dimensão ambiental, incide a busca por evitar ou amenizar impactos negativos, sem prejudicar o desenvolvimento econômico, pelo uso de novas tecnologias provenientes de ecoinovações. Assim, a ecoinovação diz respeito à criação de novos produtos, processos, sistemas e serviços, todos com preços competitivos e destinados a satisfazer as necessidades humanas proporcionando uma melhor qualidade de vida para todos com o mínimo comprometimento de recursos na produção, evitando liberar substâncias tóxicas (Reid & Miedzinski, 2008).

É possível conciliar avanços econômicos e tecnológicos com preservação ambiental, desde que isso seja motivado por legislação ambiental e por adequado processo de ecoinovação pelas empresas (Sarkis et al., 2011; Lai et al., 2012). Assim, um dos instrumentos para o desenvolvimento de ecoinovações é a cooperação tecnológica por meio de Sistemas Nacionais de Inovação – SNI, de forma que cada agente assume seu papel com um objetivo em comum: voltar-se ao desenvolvimento econômico, a partir de inovações (Baerz et al., 2011).

A cooperação tecnológica seja entre Universidade-Empresa (U-E), entre fornecedores e clientes, entre

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concorrentes, ou, entre parcerias com centros de pesquisa amplia as possibilidades de inovação (Benedetti & Torkomian, 2010). As universidades e centros de pesquisa são considerados os agentes mais relevantes pelo fato de possuírem projetos de pesquisa, infraestrutura, mão de obra qualificada e conhecimento acumulado, ou seja, maior capacidade de gerar inovação. Entretanto, essas instituições não conhecem as potenciais necessidades do mercado e dos clientes, necessitando assim de alianças com as empresas para alcançar tal ambição industrial (Feng et al., 2012).

Estudos constatam ser pequeno e pouco estruturado o fluxo de compartilhamento do conhecimento entre universidades, institutos de pesquisa sem fins lucrativos e empresas, normalmente dependendo de contratos ocasionais (Wit, Dankbaar & Vissers, 2007). Diversos elementos podem ser considerados entraves para o sucesso da cooperação. Comprovadamente, o elo entre U-E, por meio da estrutura de um SNI, enfrenta diferentes barreiras por interesses opostos, sejam eles regionais ou mesmo estruturais (Segatto & Mendes, 2006; Fritsch & Graf, 2011; Manzini, 2012). O fato é que sendo possível transpor algumas dificuldades, os resultados podem ser vantajosos para todos. A proximidade geográfica, por exemplo, foi considerada por Noveli e Segatto (2012) como sendo o facilitador mais importante na relação de cooperação em um parque tecnológico.

O objetivo deste trabalho foi investigar as relações que envolveram agentes de um projeto de cooperação entre U-E, voltado à geração de ecoinovação, a fim de conhecer obstáculos e propor soluções a fim de minimizá-las ou evita-las. Com base nas informações empíricas, identificadas na realização do projeto aplicado no segmento de agroindústrias processadoras de mandioca, que até o momento soma 4 anos de duração e conta com financiamento do governo federal, obteve-se a possibilidade de vivenciar e participar do fenômeno pesquisado.

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Outros aspectos desta pesquisa caracterizaram-se

como os objetivos secundários que complementaram o objetivo central acima proposto, tais como: (1) identificar os objetos de cooperação tecnológica (agentes) utilizados no segmento de agroindústrias processadoras de mandioca, como forma de promover ecoinovação; e (2) descrever a forma como ocorrem as interações entre esses agentes - empresa, universidade, institutos de pesquisa, fornecedores, dentre outros – em torno das atividades desenvolvidas em agroindústrias processadoras de mandioca.

No que diz respeito as razões de ordem teórica, este estudo pode contribuir ampliando o conhecimento referente a processos e formas de interação entre os agentes do SNI, utilizando-se da literatura de cooperação em SNI´s (Lundvall, 1988; Freeman, 1991; Nelson, 1993; Etzkowitz, 1998; Chesbrough, 2003; Fagerberg, Mowery & Verspagen, 2009; Feng et al., 2012) e de ecoinovação (Elkington, 2001; Machan, 2001 Angelidaki et al., 2009; Correa et al., 2010). Empiricamente as contribuições estão aliadas aos objetivos de uma agência pública federal, cujas ações destinam-se a estimular no país, a realização de projetos conjuntos de pesquisa com o intuito de desenvolver a produção científica e tecnológica, além da formação de recursos humanos qualificados em áreas relativas ao desenvolvimento e a temas estratégicos de interesse nacional (CAPES, 2014).

O estudo do contexto brasileiro se justifica pela liderança do país na América Latina e por fazer parte do bloco econômico entre Brasil, Russia, Índia e China (BRIC). Primeiramente, a escolha do problema empírico ocorreu pelo fato de que ao considerar a produção de alimentos, um dos aspectos observados está na reestruturação do sistema produtivo, especialmente em dinâmicas locais como mecanismos de desenvolvimento econômico (Saes, 2008). Além disso, o Brasil tem como uma das bases da sua economia o agronegócio, representado dentre outros sub-

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setores, por agroindústrias. Esse segmento foi o responsável por aproximadamente 21,5% do Produto Interno Bruto brasileiro em 2015 de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e, com expectativa de aumento de 2,5% em 2016 (Agência Brasil, 2016). Ressalta-se ainda que a riqueza gerada pela soma das atividades de diversas commodities, trouxe dentre as mais importantes a mandioca, o feijão e a laranja (Portal Brasil, 2013).

A mandioca, que também é chamada em outras regiões do Brasil como Macaxeira ou Aipim, tem relevância econômica registrada em dados disponíveis no website da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca - ABAM (2012), sendo associada a diversas modificações químicas que geraram variados tipos de amidos de grande utilidade para a indústria de transformação. A matéria prima após seu processamento, tem implicações para a produção de medicamentos, alimentos, cosméticos, celulose e, até mesmo, na produção têxtil, exportados em 2012, destacando-se por exemplo, para os Estados Unidos (35,3%), a Bolívia (21%) e a República Dominicana (17,6%) (CEPEA-ESALQ, 2013).

Esta pesquisa volta-se para o segmento das agroindústrias paranaenses processadoras de mandioca, denominadas fecularias, farinheiras e amidonarias principalmente por sua representatividade na economia local. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2016) a estimativa de produção em 2016 é de 22,7 milhões de toneladas, sendo liderada no Brasil pelo estado do Pará, seguido do Paraná. Sobretudo, além da liderança no plantio, o Paraná tem como destaque o volume de processamento de transformação da mandioca em amido em suas agroindústrias e, consequentemente, as torna responsáveis pelos resíduos de sua produção. Alguns stakeholders, detendo interesse em seu desenvolvimento, incentivam o aprimoramento de métodos de produção inovadores, redutores de emissões e, concomitantemente,

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capazes de diminuir custos (Jaffe & Palmer, 1997).

Além da presente introdução a seção 2 apresenta o referencial teórico que aborda assuntos como inovação, cooperação tecnológica e aspectos da ecoinovação e as agroindústrias. A seção 3 compreende o método utilizado para obtenção dos resultados, os quais serão apresentados e discutidos na seção 4. As principais conclusões, sugestões para pesquisa e limitações finalizam o trabalho na seção 5.

1.2 REFERENCIAL TEÓRICO 1.2.1 Inovação e cooperação: uma breve síntese

Até os anos 1960 os estudos sobre inovação eram

bibliográficos ou puramente técnicos (Freeman, 1997). Mesmo Joseph Schumpeter que colocou a inovação no centro de suas teorias de desenvolvimento econômico (Schumpeter, 1997), não estudou as características da inovação em profundidade.

A partir do final dos anos 1960, diversos estudos têm mostrado que a inovação não é mais vista como um processo de descoberta de novos princípios científicos ou tecnológicos, mas sim como um processo de múltiplas fontes, derivando de complexas interações entre os agentes. Esses estudos demonstraram pela primeira vez a importância da cooperação para inovação entre universidades, empresas e governo. Um dos subprodutos dessas pesquisas na América Latina foi o estudo de Sábato e Botana (1968) que resultou no modelo, denominado como Triângulo de Sábato, que serve até hoje como referência teórica para avaliar a interação entre universidade, empresa e governo, com o intuito de dar suporte ao desenvolvimento de países emergentes.

Na década de 1980 a inovação é cada vez mais entendida como um processo de busca, descoberta, experimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de

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novos produtos, processos e novas técnicas organizacionais (Dosi, 1988). Ou seja, ela é vista como um processo que resulta de complexas interações em nível local, nacional e mundial entre indivíduos, empresas, universidades e outras organizações voltadas à busca de novos conhecimentos. Esse foco em aprendizagem e interatividade deu sustentação à ideia de Sistemas Nacionais de Inovação - SNI, especialmente por: Bengt-Åke Lundvall (1988), Christopher Freeman (1991), e Richard Nelson (1993), reconhecidos como precursores do conceito.

Lundvall (1988) ressalta que, em ambientes de rápido progresso técnico, é possível desenvolver e difundir inovações por meio de um processo interativo, em um trânsito contínuo de informações entre os agentes de inovações, existindo assim uma relação de aprendizado conservando e gerando capacidade tecnológica. Portanto, o SNI abrange toda aprendizagem e capacidade de inovação entre organizações e instituições como universidades e institutos de pesquisa, governo e empresas de um país na busca e aplicação do conhecimento para o desenvolvimento tecnológico (Fagerberg, Mowery, & Verspagen, 2009).

Feng et al. (2012) atribuem ao surgimento e o desenvolvimento da economia do conhecimento, a necessidade de maior agilidade no lançamento de produtos e tecnologias, tendo as universidades e institutos de pesquisa um papel importante para auxiliar no desenvolvimento e competitividade do SNI, gerador de desenvolvimento econômico de um país. O papel do governo como coordenador do processo de interação universidade e empresa é decisivo (Baerz et al., 2011), pelo fato de que universidade e indústria geram atividades intensivas para o desenvolvimento sustentável do país, as quais devem ser geridas e organizadas de forma a produzir interação.

A partir de 1990, como um progresso do modelo de Sábato e vinculado ao conceito de SNI, foi criado o modelo

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Hélice Tripla por Henry Etzkowitz (1998). Os objetivos e a estrutura são basicamente os mesmos do Triângulo de Sábato, entretanto, os agentes – universidade, governo e indústria – apresentam interação em rede, têm entendimentos e posturas diversas e compartilham responsabilidades no desenvolvimento científico e tecnológico, sem relações de hierarquia (Etzkowitz, 1998). No modelo de Sábato a cooperação surge por meio de alguns fatores essenciais, capazes de transferir conhecimento e tecnologia. O modelo da Hélice Tripla defende as relações de parceria, e conduz universidade e empresa a buscar o mesmo objetivo.

Neste início de milênio, Henry Chesbrough (2003) propôs o modelo de inovação aberta – oppen innovation – um meio pelo qual as empresas se organizam para buscar fontes de inovação, a partir de parcerias com universidades e institutos de pesquisa. As instituições de ensino superior possuem a finalidade de avançar na fronteira do conhecimento por meio de pesquisas, aliadas a necessidades de pesquisa básica oriundas das empresas.

Diante dessa mudança de contexto, em que a empresa não olha apenas para seu ambiente interno, buscando potencialidades para inovar, Chesbrough (2003) classifica o modelo fechado de inovação como controle vertical. O modelo aberto, definido por ele, surgiu em decorrência de quatro fatores responsáveis por desestimular o modelo fechado: (1) a ampliação do número de acadêmicos e graduados capacitados, formando uma força de trabalho qualificada; (2) o crescente número de pessoas qualificadas com mobilidade de emprego; (3) a proliferação de empresas especializadas em desenvolver novos negócios, transferir tecnologia e comercializar pesquisas; e (4) a redução da vida útil das tecnologias e o acirramento da competição de empresas globalizadas.

Atualmente, a literatura especializada registra uma certa variedade de definições de cooperação, podendo ser

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complementadas por troca de informações técnicas e científicas, formação de profissionais qualificados em P&D, cursos de doutorado para funcionários das empresas, consultorias, uso de infraestrutura técnica e cooperação em pesquisas (Arvanitis, Sydow & Woerter, 2008). Wang (2009) complementa que deve incluir também valores sociais e culturais, espírito empreendedor, políticas públicas de educação, distribuição de renda, segurança social, política de emprego e política industrial. Mesmo não sendo objetivos diretos, eles exercem impacto sobre a cooperação para inovação, tendo o governo papel fundamental em aperfeiçoar políticas e regulamentos para prevenir colapsos no SNI. Srholec (2009), por exemplo, resume alguns dos principais trabalhos que disponibilizam evidências diretas sobre a cooperação na inovação por meio de pesquisas como a Community Innovation Survey - CIS (EUROSTAT, 2008), desenvolvidos por diferentes autores em pesquisas de inovação na União Europeia (Becker e Dietz, 2004; Srholec, 2009; Najib e Kiminami, 2011).

1.2.2 Ecoinovação e as agroindústrias

Sobre a relação entre cooperação tecnológica e a

ecoinovação, verifica-se na literatura uma incipiência de estudos. Entretanto, tais estudos preveem que no futuro, apenas as empresas que tiverem a sustentabilidade como objetivo terão vantagem competitiva e que há estágios para que as empresas possam se planejar e antecipar a desafios por meio da inovação com enfoque no desenvolvimento sustentável (Nidumolu, Prahalad e Rangaswami, 2009).

No ambiente de negócios o conceito Triple Bottom Line, desenvolvido por John Elkington, é utilizado para mostrar a importância em alcançar o desenvolvimento sustentável, o que implica que a indústria tenha que expandir o seu enfoque econômico tradicional para incluir as

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dimensões ambientais e sociais, de forma a criar um negócio mais sustentável (ELKINGTON, 2001).

Levando-se em conta a perspectiva da inovação ambiental e uso de tecnologias, este estudo considera a tecnologia de biodigestores no setor das agroindústrias processadoras de mandioca como uma alternativa para o tratamento de resíduos e promoção da inovação ambiental. Correa et al. (2010) pesquisaram os impactos no meio ambiente provocados por inovações implementadas por empresas brasileiras, utilizando como parâmetro para avaliar impactos ambientais negativos, como consumo de matéria prima, energia elétrica e água. Os principais resultados indicam haver uma relação positiva entre inovação e redução nos impactos ambientais, fato que sugere as inovações tecnológicas como potenciais ações para minimizar ou mesmo evitar esse conjunto de danos, por vezes irreversíveis.

Jaffe e Palmer (1997) afirmam que ambientalistas e demais simpatizantes do rigor das normas ambientais incentivam o desenvolvimento de métodos de produção inovadores, capazes de reduzir emissões e, consequentemente, baixar custos. Um desses defensores, Michael Porter (1999) entende que, aumentando o rigor das leis, um país pode transformar-se em um exportador de tecnologias ambientais, melhorando, assim, também seu desempenho econômico. Conhecida como Porter Hipótese, Porter (1999) afirma que a competitividade de um país depende da capacidade da sua indústria de inovar e melhorar. Uma dessas possibilidades pode ser a inovação ambiental, aqui tratada como ecoinovação.

O termo ecoinovação aparece na literatura brasileira de diferentes formas, como por exemplo, eco inovação, eco-inovação, inovação ambiental e ecoinovação. Nesta pesquisa optou-se por adotar como padrão a forma ecoinovação. A ecoinovação requer uma nova forma de pensar a inovação, contribuindo para a otimização de recursos naturais e o

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alcance do desenvolvimento sustentável. Kemp e Foxon (2007, p.39) definem a ecoinovação como “a produção, assimilação ou exploração de uma novidade em produtos, processos, serviços ou métodos de gestão, a qual visa ao longo do seu ciclo de vida, evitar ou diminuir consideravelmente o risco ambiental, a poluição e outros impactos negativos (...)”. As inovações, portanto, são capazes de modificar impactos negativos, em escala local e mundial, contribuindo para o bem-estar das futuras gerações.

Conforme já se mencionou, o conceito de ecoinovação diz respeito à criação de novos produtos, processos, sistemas e serviços, todos com preços competitivos e destinados a satisfazer as necessidades humanas proporcionando uma melhor qualidade de vida para todos com o mínimo comprometimento de recursos na produção, de forma a liberar a mínima quantidade de substâncias tóxicas (Reid & Miedzinski, 2008). Dessa forma, o tratamento de efluentes das agroindústrias, deve permear o objetivo da não emissão, seguida da redução e por último do tratamento de impactos. Uma das vantagens da geração de energia a partir de resíduos de agroindústria é o fato de ela ser constante, considerando que sempre que houver produção industrial os resíduos serão gerados, tendo, então, produção de biogás e, consequentemente, energia para a caldeira das agroindústrias (Machan, 2001).

O rigor adotado no descarte de águas residuais - água já utilizada em processos produtivos e que retornam ao ambiente - tem motivado a realização de pesquisas, cujo objetivo vem sendo o de reduzir o impacto ambiental de efluentes. Constatou-se que a água, recurso com escassez prevista, é afetada duplamente nas agroindústrias processadoras de mandioca. Em um primeiro momento, em sua utilização abundante na lavagem da raiz e, posteriormente, no despejo de efluentes sem o devido tratamento em rios ou no solo, provocando poluição e outros impactos decorrentes.

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As tecnologias de digestão anaeróbias estão sendo

aplicadas no mundo todo por seu caráter econômico e seus ganhos com benefícios ambientais. Portanto, surge a necessidade de estudos investigativos de como melhor absorver o potencial do biogás gerado a partir de resíduos orgânicos (Angelidaki et al., 2009). Assim como ocorre no Brasil, na Turquia, o sistema de biodigestores foi testado em propriedades rurais a partir de resíduos orgânicos, gerando biogás para a produção de energia necessária à propriedade (Kocar, 2008). Esse importante sistema de ecoinovação nas agroindústrias tem papel relevante na melhoria do saneamento residencial e no desenvolvimento econômico em áreas rurais em diversos países.

O projeto paralelo ao desenvolvimento deste trabalho tem como uma das atividades, a mensuração do nível de eficiência energética do biogás capturado pela tecnologia dos biodigestores, cuja contribuição prática é a geração de ecoinovação com benefícios ambientais. Portanto, não apenas atendo-se as contribuições técnicas com vistas ao pilar ambiental da sustentabilidade, buscou-se ampliar o escopo da coleta de dados, a fim de compreender as relações de cooperação com potencial de gerar resultados reconhecidos como ecoinovações.

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1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a realização deste estudo, utilizou-se da

abordagem qualitativa, a fim de compreender um fenômeno empírico, integrando diferentes perspectivas relatadas com base no olhar dos pesquisadores, que coletaram e analisaram informações para explicar a dinâmica do fato (Godoy, 1995). Do ponto de vista dos objetivos, este trabalho é exploratório descritivo, já que não há preocupação com generalizações, e sim com a ampliação da compreensão do fenômeno, tendo como finalidade caracterizar uma situação, grupo ou indivíduo, identificando a frequência em que ocorre o fenômeno (Selltiz, Wrightsman e Coook, 1987).

Assim, buscou compreender o fenômeno em sua forma empírica e as características das agroindústrias organizadas em arranjos cooperativos, com vistas a inovar quanto ao aspecto ambiental. O propósito básico foi a busca de informações sobre o comportamento de casos específicos da pesquisa, a partir da escolha de um método que fornecesse sinais de como a cooperação tecnológica entre U-E é capaz de envolver recursos da indústria, universidade e governo. O projeto foi conduzido por um grupo de pesquisadores, caracterizando-se como interdisciplinar, no qual foram observados e acompanhados empiricamente fatores relevantes ao tema cooperação U-E, capazes de promover a ecoinovação. Importante ressaltar que a abrangência dos objetivos do projeto em questão é mais ampla dos que os objetivos deste estudo.

Primeiramente, identificaram-se todas as agroindústrias processadoras de mandioca -amidoarias, farinheiras e fecularias - no Paraná, cujo estado é responsável por 70% da produção brasileira de fécula, de acordo com dados da Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO (Portal Brasil, 2013), abrangendo um total de 51 indústrias vinculadas à Associação Brasileira dos Produtores e

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Amido de Mandioca - ABAM e ao Sindicato das Indústrias Produtoras de Mandioca do Paraná – SIMP no período da realização desta pesquisa.

Uma vez feita essa identificação, utilizaram-se três critérios para seleção das agroindústrias processadoras de mandioca: (1) possuir biodigestor anaeróbio em funcionamento; (2) estar localizada no estado do Paraná, devido a sua representatividade no setor e na economia desse estado; e (3) concordar em participar do projeto como um parceiro no processo de cooperação tecnológica, concordando e disponibilizando suas instalações para a realização da pesquisa.

É importante ressaltar, que para ser possível desenvolver este estudo em profundidade junto as agroindústrias, foi fundamental a parceria firmada com uma empresa de Assessoria Agronômica e Planejamento Ambiental, responsável por assegurar o caráter científico do projeto, permitindo acesso de pesquisadores à instalações e processos estratégicos de cada indústria. A partir do contato pessoal, foram apresentados os benefícios que o projeto poderia gerar, a inexistência de nenhum custo adicional para as agroindústrias e, principalmente, a forma com que os dados obtidos de seu interior seriam divulgados e utilizados em futuras publicações.

Diante dos critérios mencionados acima, três agroindústrias processadoras de mandioca aceitaram participar, configurando-as como amostragem intencional e não probabilística, sob as quais não se tem a intenção de produzir inferência para outros estudos. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semi estruturadas, cuja técnica é amplamente reconhecida em pesquisas qualitativas na Administração (Mattos, 2005). O embasamento para o roteiro de entrevista, foram embasadas nos dados considerados pela Pesquisa de Inovação - PINTEC, realizada pelo IBGE, a cada triênio. Tal pesquisa possibilita a

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construção de indicadores com potencial de compatibilidade internacional, capazes de levar o entendimento do processo de inovação tecnológica nas empresas brasileiras, seguindo padrões conceituais e metodológicos do Manual de Oslo (OCDE, 2005).

As entrevistas foram realizadas com os gerentes das agroindústrias, na sede de cada empresa, com duração média de 30 minutos, seguida de uma visita técnica que variou de 2 a 3 horas, quando foram conhecidos os processos ambientais adotados por cada uma delas. As entrevistas foram gravadas e, posteriormente, transcritas na íntegra. Para a análise de conteúdo, utilizou-se a ferramenta de análise qualitativa Atlas.ti para codificar e associar fenômenos da cooperação tornando possível identificar relações semelhantes nas três agroindústrias analisadas. A seguir, apresenta-se um breve histórico com detalhes de cada uma das três unidades de análise, para o entendimento dos resultados obtidos na seção 4.

Unidade de análise 1 - Fecularia Pequeno Porte: A fecularia está localizada na região norte do Paraná, com porte de pequena empresa (até 99 funcionários) e de estrutura familiar, cujo principal produto é o amido derivado da mandioca. A empresa considerou como uma ecoinovação a implantação do biodigestor, gerando biogás para a caldeira da agroindústria, cuja tecnologia foi desenvolvida a partir de cooperação com um fornecedor do ramo de consultoria ambiental. Os benefícios ambientais e financeiros podem ser percebidos, de forma que o retorno sobre o investimento já foi obtido em menos de um ano a partir da instalação.

Unidade de análise 2 - Farinheira Pequeno Porte: A farinheira está localizada na região norte do Paraná, possui porte de pequena empresa (até 99 funcionários) e de estrutura familiar. Dentre os principais produtos estão a farinha de mandioca, o polvilho e a fécula não industrializada. Considerou como ecoinovação a implantação do biodigestor

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possibilitando que a água residual do processo produtivo, após a remoção dos gases pelo biodigestor, pudesse ser utilizada na irrigação da pastagem de criação de bovinos – uma segunda atividade da família – sendo tal tecnologia desenvolvida a partir da cooperação com um fornecedor do ramo de consultoria ambiental.

Unidade de análise 3 - Fecularia Médio Porte: A fecularia está localizada na região oeste do Paraná, porte de média empresa (100 a 499 funcionários), possui estrutura cooperativa, e como principais produtos possui o amido e a fécula de mandioca. Considerou como ecoinovação a implantação da planta produtiva, pioneira no setor a projetar o reaproveitamento de água, a partir do uso do biodigestor.

Diante das três unidades de análise selecionadas, foram criados no Atlas.ti os códigos a partir dos conceitos observados na revisão de literatura. Foram selecionados no total 8 códigos, apresentados na Figura 1, a seguir, designados para expressões e termos que representaram os aspectos citados como obstáculos em uma ou mais entrevistas. Posteriormente foram agrupados em 2 famílias: universidade e empresa. A partir das famílias, criaram-se também os relacionamentos com o intuito de encontrar ligações entre os principais obstáculos citados pelas três unidades de análise e, do ponto de vista da universidade, as categorias foram obtidas a partir da interpretação dos participantes envolvidos nas atividades in loco, todos vinculados a universidade responsável pelo projeto.

Dentre os aspectos mais relevantes na visão da universidade, um primeiro obstáculo ocorre, já no momento inicial dos processos de pesquisa, e refere-se a barreira por parte das empresas em aceitar participar do projeto e conceder dados à pesquisadores. O segundo ponto esbarra na dificuldade para a obtenção de dados concretos, haja vista que muitas informações foram disponibilizadas de forma imprecisa ou omitidas. O terceiro obstáculo foi percebido

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quando questionadas as três indústrias sobre seus parceiros, isto é, a quem recorriam quando da necessidade de empreender pesquisas. Constatou-se que em todos os casos a universidade não foi citada, sendo a última opção, dentre outras como fornecedores e até mesmo concorrentes. Por fim, o quarto e último obstáculo verificado foi a constatação de que a iniciativa deve partir da universidade, ou seja, ela que deve liderar ações de cooperação.

Figura 1 - Principais obstáculos em um projeto de cooperação. Fonte: Elaboração própria a partir do software Atlas.ti (2013).

Entr

aves

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roce

sso d

e

Cooper

ação

Tec

noló

gic

a

Universidade

Dificuldade de participação das empresas

Obtenção de dados concretos

Ser reconhecida como um parceiro

A iniciativa sempre partir da universidade

Empresas

Falta ou desconhecimento de incentivo governamental

Burocracia ao acesso de recursos governamentais

Dificuldade em onvencer os gestores

Baixa expressividade do setor na economia

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Em relação aos obstáculos citados pelas empresas

durante as entrevistas, inicialmente, aparece a falta ou desconhecimento de apoio governamental para o desenvolvimento de projetos dessa natureza. Em um segundo momento, foi citado que quando há conhecimento sobre benefícios em forma de fomento financeiro, eles afirmam ser extremamente burocráticos e demorados, promovendo desestímulo para tal. O terceiro entrave na visão das empresas foi o fato de que, quando se tem a intenção de participar ou buscar apoio da universidade, ainda é necessário convencer os gestores ou aqueles cargos superiores no que tange a tomada de decisão. Isso ocorre principalmente pelo fato de que ao “abrir as portas”, as empresas têm algumas de suas estratégias disponíveis à agentes externos. E, por fim, intrinsecamente ligado ao setor pesquisado, inferiu-se que, dentro da totalidade do montante do agronegócio nacional, o segmento de agroindústrias processadoras de mandioca seria menos expressivo e, portanto, atrairia menos interesse de universidades em realizar pesquisas.

1.4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao tratar do tema cooperação, percebe-se que a

dificuldade está basicamente em conciliar diferenças nos interesses das universidades e das empresas, observando a necessidade de alinhamento de algumas ações capazes de minimizar divergências. Segundo Etzkowitz e Leydesdorff (2000), um dos pontos mais críticos da Hélice Tripla é o consenso sobre o tempo, em que o autor considera que as universidades têm o tempo da ciência, as indústrias têm o tempo do mercado e o governo tem o tempo da busca pela aprovação da opinião pública. Portanto, identifica-se a necessidade da presença de um agente que regule os objetos de cooperação e alinhe as atividades entre os grupos. Tal agente assumiria a tarefa de conciliar interesses de pesquisa,

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bem como regular interesses para que universidade e empresa consigam chegar a um consenso sobre o tempo necessário para equalizar esforços contínuos.

Percebeu-se, analisando as formas de cooperação utilizadas nas três agroindústrias abordadas nesta pesquisa, que o segmento de fecularias no estado do Paraná investe de forma pouco expressiva em P&D. Entretanto, alguns resultados associados a melhorias que geram ecoinovação. A Figura 2 demonstra os objetos de cooperação citados nas três unidades de análise durante as entrevistas realizadas com seus gestores. Com auxílio do software Atlas.ti, todos os objetos de cooperação, como por exemplo fornecedores, clientes, parceiros estratégicos, universidades, institutos de pesquisa e empresas start-ups, citados por Minshall, Seldon e Probert (2007), foram codificados e agrupados.

Agentes: Classificação:

Forma como ocorrem as interações entre os agentes

Parque Tecnológico de Itaipu - PTI

Instituto de pesquisa

1 O PTI visita periodicamente a agroindústria, monitora a qualidade do biogás gerado na caldeira e fornece a partir de um termo de cooperação os resultados para a agroindústria 3

Instituto TECPAR

Instituto de pesquisa

1 O TECPAR desenvolve pesquisas por meio de seus alunos utilizando a planta industrial e laboratórios da agroindústria 1.

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Estágios com supervisão

Universidades

3 As 3 empresas recebem acadêmicos com interesse em estagiar em suas respectivas linhas de pesquisa.

ABAM Parceiros estratégicos

3 A ABAM é uma entidade de classe, com a qual está sendo desenvolvido um protótipo de uma colhedeira de mandioca mecanizada, que caso chegue ao mercado, poderá ser considerada como inovação ao setor, pois atualmente a colheita da mandioca é realizada de forma manual

Empresas de consultoria ambiental

Fornecedores

3 Como fornecedores foram citadas as empresas de consultoria ambiental que auxiliam a empresa em relação a padrões de resultado para efluentes tratados, sendo responsáveis por participar dos processos de certificação ambiental exigidos por órgãos fiscalizadores.

Figura 2 – Objetos de cooperação utilizados nas três unidades de análise Fonte: Elaboração própria com base nas fontes externas de Minshall, Seldon & Probert (2007).

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Dessa forma, percebe-se que há uma gama

interessante de parceiros que trabalham em conjunto pelo desenvolvimento do segmento produtor de mandioca no Paraná. Contudo, percebeu-se nas entrevistas que há uma inclinação maior de cooperação com fornecedores e parceiros estratégicos (6), que supera a cooperação com universidades e institutos de pesquisa (4). Tal resultado pode ser atribuído às dificuldades do processo de cooperação U-E, que vai ao encontro dos estudos de Wit, Dankbaar e Vissers (2007), Mendes-Segato (2006), Fritsch e Graf (2011) e Manzini (2012).

Retomando a Figura 1, em que foram apresentados os principais obstáculos do processo de cooperação no projeto desenvolvido nas três unidades de análise, estes são, a seguir, analisados e discutidos à luz da literatura. 1.4.1 Universidade (Pesquisadores)

a) Dificuldade de participação das empresas

A universidade, ao desenvolver projetos, tem como

um dos primeiros desafios conseguir com que empresas participem e se comprometam às exigências da cooperação. Muitas vezes, tais projetos, com objetivos específicos definidos, não são aceitos. Inicialmente, por não ser possível provar que, ao final, podem gerar benefícios econômicos ou financeiros diretamente. Stal et al. (2006) entendem que um bom resultado de pesquisa não é suficiente para gerar um produto ou serviço pronto para a comercialização. Consequentemente, a universidade tem dificuldades de comprovar a viabilidade de mercado de ações de pesquisa. Como possível solução para esse entrave, entende-se que órgãos de fomento como o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, dentre outros, possam ser incumbidos de divulgar abertamente quais as

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alternativas de pesquisas básicas em andamento, ou mesmo, seus resultados quando finalizadas, encarregando-se também de divulgar a relação de universidades que dedicam esforços à pesquisas, por áreas de interesse. b) Obtenção de dados concretos

Em estudos que necessitam da aplicação de

questionários ou realização de entrevistas com dados específicos sobre produção, valores financeiros e informação que as empresas buscam ocultar de seus concorrentes, há também dificuldade para levantamento de dados por parte dos pesquisadores. Isso ocorre mesmo quando a análise de dados é realizada de forma generalizada e publicada apenas estatisticamente. Etzkowitz e Leydesdorff (2000) consideram que das alianças de cooperação surge conhecimento para melhorar os processos produtivos. Contudo, para geração de soluções em parceria é primordial o acesso de pesquisadores a dados estratégicos das empresas. Nesse caso, a sugestão de solução para Arvanitis, Sydow e Woerter (2008) é promover a qualificação de funcionários, especialmente com cursos de doutorado, envolvendo-os em pesquisas acadêmicas. c) Ser reconhecida como um parceiro

Nas unidades de análise utilizadas neste estudo,

percebeu-se que em nenhuma delas a universidade é vista como parceiro principal, e que as empresas preferem fornecedores ou mesmo concorrentes para realizar cooperação. Arvanitis, Sydow e Woerter (2008) definem a cooperação como troca de informações técnicas e científicas, formação de profissionais qualificados em P&D, cursos de doutorado para funcionários das empresas, consultorias, uso de infraestrutura técnica e cooperação em pesquisas. Assim sendo, a universidade deve ser apresentada às empresas como

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um parceiro que possui potencial para contribuir como fornecedores e empresas concorrentes aliadas em redes – especificamente no segmento do agronegócio por entidades de classe. Uma das soluções para buscar minimizar esse obstáculo seria a disponibilização de seus laboratórios, bibliotecas e infraestrutura em geral para que as empresas, pudessem firmar parcerias em projetos de cooperação e obter acesso à utilização desses espaços, que elas próprias ajudam a custear por meio de impostos. d) A iniciativa sempre partir da universidade

Em nenhuma das três unidades de análise declarou-se

ter havido iniciativa em buscar parceria com a universidade. Sempre que isso ocorreu, a iniciativa partiu dos acadêmicos, professores e pesquisadores. Wang (2009) considera que a economia da inovação tem origem na cultura da inovação, sendo necessário promover nos empresários a cultura de aproximação com universidades e institutos de pesquisa. Para isso propõe-se como solução um envolvimento maior do governo e suas autarquias, com o intuito de criar mecanismos de incentivo, canais de comunicação e isenções de impostos à empresas que optarem por projetos de cooperação, tendo as universidades e institutos de pesquisa como parceiros.

1.5.2 Empresa (Agroindústrias) a) Falta de incentivos governamentais

De forma unânime, as três unidades de análise citaram

a falta de incentivos governamentais, ou mesmo a falta de conhecimento sobre a disponibilidade dos mesmos para o desenvolvimento de pesquisas. Baerz et al. (2011) citam o papel do governo como coordenador do processo de interação universidade e empresa como decisivo, provendo

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assim, por meio da liberação de recursos e organização de órgãos de fomento incentivos para práticas de cooperação. Identifica-se que, mesmo com recursos disponíveis, as empresas não dispõem de pessoas ou cargos para buscar essas alternativas de fomento, ou mesmo, pessoas capacitadas para organizar documentação e prestação de contas necessárias, devido às exigências burocráticas e não clarividentes da forma com que é feita a gestão de recursos públicos no Brasil. Novamente, a cultura do empresariado brasileiro não se volta para as relações de cooperação, remetendo apenas às instituições bancárias como forma de obter recursos externos. Como solução, sugere-se disponibilizar uma estrutura governamental voltada para o empresário, visando despertar maior interesse e novos investimentos em P&D, para a geração de inovação. b) Burocracia ao acesso de recursos governamentais

Complementarmente à afirmação anterior, duas das

três unidades de análise em questão alegaram que, nas vezes em que o conhecimento sobre incentivos governamentais chegou até elas, a possibilidade de obtê-los foi extremamente burocrática, sendo que não possuíam conhecimento ou pessoal disponível para elaborar a documentação necessária. Como solução, repete-se a citada no ponto anterior, que consiste em disponibilizar uma estrutura governamental de forma menos burocrática da atual, com informações organizadas em portais específicos. A distribuição dessas informações poderia ocorrer por meio de órgãos de fomento local e entidades de classe, com os quais as empresas possuem relacionamento mais próximo. c) Convencer os gestores

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Em relação à busca de parcerias com universidades

visando inovação, na visão dos respondentes, ela é dificultada mediante árdua tarefa de convencer os gestores a conhecerem os reais benefícios. Contudo, bons resultados já obtidos em projetos pilotos, podem ser a forma de conseguir promover novos parceiros futuro. Para tanto, sugere-se que as Universidades busquem divulgar à comunidade, por meio de suas atividades de extensão, como projetos apoiados e desenvolvidos com o apoio delas, pode garantir viabilidade. Feng et al. (2012) reconhecem que universidades e institutos de pesquisa, não conhecem as potenciais necessidades do mercado e dos clientes, ou seja, que os problemas de pesquisa de dissertações e teses, devem surgir a partir das demandas da sociedade. Assim sendo, a solução para esse obstáculo deve iniciar-se na geração de uma cultura voltada à inovação em que os responsáveis pela gestão estratégica das empresas entendam e apoiem iniciativas de parcerias U-E e, por outro lado, que as Universidades busquem apoiar suas pesquisas nas necessidades da sociedade. d) Baixa expressividade do setor na economia

Uma das unidades de análise citou que a falta de

projetos de cooperação poderia ser justificada pelo fato de a participação dessa commoditie não ser tão relevante no montante do PIB em relação a outras (como a soja, o milho, o leito, o café, etc.) no agronegócio brasileiro. O agronegócio representa 22% do PIB nacional. E, embora a mandioca, o feijão e a laranja estarem entre as mais importantes, os líderes de mercado continuam sendo a carne, o complexo soja – grão, farelo e óleo, os produtos florestais, o café e o conjunto sucroalcooleiro (Portal Brasil, 2013). Dessa forma, percebe-se que os incentivos e também o interesse em pesquisas acadêmicas não estão distribuídos corretamente na atual estrutura do SNI brasileiro. Há por exemplo, a oportunidade

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de que a universidade incentive pesquisas para a cultura de mandioca, como, por exemplo, afirmou um dos entrevistados “(...) ainda não temos disponível no mercado uma colhedeira de mandioca, estamos unindo forças para desenvolver um protótipo próprio”. É importante destacar o papel do governo como o principal facilitador (Baerz et al., 2011), já que, dentre suas atribuições, a principal característica está em promover o elo entre os outros dois agentes do SNI, gerando condições para que (U-E) desenvolvam ações de parceria com vistas a inovação. Dessa forma, a solução proposta consiste no incentivo governamental à pesquisas básicas em áreas de maior carência ou com maior interesse voluntário por parte dos pesquisadores, como essa, que por meio da CAPES, deu origem a recursos que financiaram o presente projeto. 1.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O principal objetivo desta pesquisa foi identificar

obstáculos nas interações produzidas pelos agentes do SNI, a partir de evidências de um projeto de cooperação U-E no segmento das agroindústrias processadoras de mandioca do Paraná, tendo em vista a proposição de soluções para minimizar ou evitar situações que possam prejudicar o relacionamento entre os agentes. Para tanto, detalharam-se resultados de três unidades de análise, pesquisadas a partir de um projeto de cooperação U-E, com relatos das principais dificuldades, com base em entraves citados principalmente nos estudos de Wit, Dankbaar, e Vissers (2007), Mendes-Segato (2006), Fritsch e Graf (2011) e Manzini (2012).

De posse dessas dificuldades, possíveis soluções relatadas à luz da teoria, foram utilizadas para que cada um dos entraves citados a partir da visão da empresa e da universidade, pudessem receber proposições de solução. Certamente, a discussão de sugestões propostas na literatura, como também a continuidade de estudos com relatos de

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diferentes realidades dentro de um mesmo contexto - o SNI brasileiro - podem fortalecer e tornar mais atuante a estrutura de um sistema capaz de promover o desenvolvimento econômico.

De acordo com o arcabouço teórico, a respeito da inovação aberta de Chesbrough (2003), o compartilhamento de ideias com parceiros externos gera possibilidade de ampliação das atividades de inovação. Quanto a isso, durante a coleta de dados na unidade de análise 1, foi possível perceber como seria importante que a indústria considerasse a possibilidade de buscar apoio da universidade, por exemplo, para aprimoramento do protótipo da colhedeira de mandioca que foi iniciado em parceria com seus concorrentes e, interrompido, por falta de recursos financeiros e recursos humanos capacitados.

Uma vez que a maioria das empresas do segmento investigado é de pequeno porte, de estrutura familiar e, em sua maioria, ainda não exporta a produção, considera-se grande a oportunidade de expansão e modernização do segmento, que tanto pode evoluir nos próximos anos. Tal evolução pode ser fortemente impulsionada pelo volume de inovações, lançadas no segmento de mercado em questão, propulsor da mudança técnica e do desenvolvimento econômico. Conforme a caracterização de Dosi (1988), esse desenvolvimento econômico é obtido por meio do processo de busca, descoberta, experimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, processos e novas técnicas organizacionais. Quanto ao conceito de destruição criativa de Schumpeter (1997), pode-se supor que o segmento analisado, pode obter benefícios ao migrar do modelo predominantemente fechado, para o modelo aberto.

O grande desafio está na convergência de ações voltadas à busca de um resultado comum, mesmo havendo fluxos de processos distintos. A organização do SNI é determinante para o sucesso do processo de cooperação e

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compartilhamento do conhecimento. Percebe-se que a maior parte dos obstáculos são gerados a partir de diferenças entre objetivos. Convém também ressaltar que, ao longo do desenvolvimento da teoria, novos agentes vêm sendo incorporados ao SNI, além de governo, universidade e empresa. Os projetos de cooperação entre U-E podem ampliar a visão de outros agentes responsáveis por contribuir com pesquisa e geração de desenvolvimento econômico. A formalização e a estrutura da organização de um projeto contribuem para melhor definição de metas e responsabilidades.

Como principais limitações deste trabalho entende-se a falta de comparativos de caráter longitudinal sobre a evolução do SNI brasileiro, bem como diferentes aspectos externos que possam influenciar em sua organização, um deles alterações em leis e políticas públicas que tenham interferido em sua continuidade e avanço. Outro limitador refere-se ao número de unidades de análise abordadas em profundidade, tendo em vista o universo disponível no momento de constituir a amostra.

Assim, espera-se que novas pesquisas acrescentem contribuições de ordem prática que fortifiquem o SNI brasileiro, sugerindo ações para minimizar as divergências entre os agentes ampliando e multiplicando o conhecimento sobre o tema, produzindo ganhos acadêmicos e contribuições gerenciais. A publicação científica de outros trabalhos, gerados a partir de projetos de cooperação, pode fomentar o conhecimento empírico acumulado por outros pesquisadores. Sugere-se também estudos quantitativos capazes de demonstrar relações causais entre os objetos de cooperação e seus resultados efetivos demonstrando efeitos.

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II

GESTÃO ESCOLAR, DIDÁTICA E METODOLOGIA DE ENSINO SUPERIOR

O PAPEL DO GESTOR FRENTE AOS CONFLITOS DE INTERESSES

Luiz Fernando Mori*

Jairton Mauro Rech Marcelo Batista Maia

RESUMO O objetivo deste artigo, a partir de revisão bibliográfica, é analisar o papel do Gestor na execução do Projeto Político Pedagógico, bem como, sua função de mediador de conflitos no âmbito escolar. Busca-se explicitar o papel do Gestor frente a comunidade escolar; apresentando os limites e possibilidades conflituosos existentes no processo de construção e execução do projeto educativo. Outro intuito, é investigar como se dá a influência da sociedade e das políticas públicas na educação, apresentando um panorama dos diferentes interesses intrínsecos ao processo entre o proposto e executado no cotidiano escolar. Alerta-se que existe uma lacuna entre o proposto pelas políticas públicas, e a real possibilidade de implementação das mesmas, dado a racionalização neoliberal que norteia a economia em todas as instâncias sociais, entre as quais destacamos a educação.

* Possui graduação em CIÊNCIAS MATEMATICA pela Universidade Paranaense (2003). Atualmente é professor regente - Secretaria de Estado da Educação e professor regente da ASSOCIAÇÃO DE EDUCADORES LASSALISTAS - TOLEDO/PR.

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PALAVRAS-CHAVE: Gestão; Conflitos; Projeto Político Pedagógico. 2.1 INTRODUÇÃO

As formas de organização e gestão escolar hoje são

resultado de uma transição na qual houve mudança de funções. O modelo anterior de gerir a escola a colocava como uma empresa onde o gestor desempenhava papel fundamental em atividades administrativas e financeiras. Estudos e debates em torno da administração da educação no contexto das ciências sociais a partir dos anos 1980 adotaram o enfoque de ciência social ao estudo e prática da administração.

O processo de gestão democrática, frente à participação da comunidade escolar na organização e funcionamento da escola, desperta interesses a partir de observações e reflexões acerca da gestão escolar.

A gestão escolar passou a incorporar atividades de planejamento, coordenação, controle e avaliação, bem como valorização das relações humanas que se dão neste espaço numa perspectiva mais abrangente, mobilizando a dimensão pedagógica como atividade a fim da própria administração escolar, que passou a gerir o planejamento tendo em vista o pedagógico, para além do administrativo e do financeiro.

Além disso, um aspecto que foi inserido nesta perspectiva foi o de que a atividade gestora deveria ser realizada pelo coletivo da escola, incluindo não apenas professores, gestores e corpo técnico - pedagógico, mas os pais de alunos também. Há então uma mudança na concepção de organização da escola em que a comunidade escolar tem importante papel.

Historicamente o ser humano tem-se desenvolvido, motivado pela busca por soluções práticas, para problemas oriundos do cotidiano de um indivíduo ou grupo. Assim,

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aconteceu com o advento da descoberta do fogo e a invenção da roda. No entanto, em um panorama atual, é sabido que vivemos em uma sociedade capitalista e globalizada, que nos apresenta novas características, que exige de todos alta produtividade, com baixo custo e otimização de recursos disponíveis.

Conforme Machado (1999, p. 86), é porque o mundo passa por mudanças muito rápidas. Na verdade, a globalização coloca cada dia um novo dado, cada dia, uma coisa nova. Há necessidade de adaptação e de constante revisão do que está acontecendo. Então, isso gera a necessidade de que o poder decisório esteja exatamente onde a coisa acontece. Porque, até que ele chegue aonde é necessário, já houve a mudança, as coisas estão diferentes, e aí aquela decisão já não tem mais sentido.

Neste contexto, destacamos os desafios encontrados

pelo gestor escolar, que no exercício de suas funções deve gerir recursos, pessoas e também o pedagógico.

Ressalta-se a importância do gestor escolar frente as Políticas Públicas Educacionais, na sua aplicação, entendimento de sua importância e suas verdadeiras intenções. Destaca-se, também, a postura a ser adotada pelo gestor escolar frente as concepções de descentralização e democratização da gestão escolar.

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52 Cooperação e gestão na Educação

2.2 O PAPEL DO GESTOR FRENTE À COMUNIDADE ESCOLAR

Segundo Libâneo (2004) dirigentes escolares foram alvos de críticas por práticas centralizadoras, autoritárias, conservadoras e burocráticas. Embora ainda existam profissionais com este perfil, hoje se notam práticas de gestão participativa, atitudes mais flexíveis e compromisso com as necessárias mudanças na educação.

De acordo com Lopes e Mendes (2006) observa-se que desde os anos 80, o contexto histórico e social das mais variadas formas de gestão, bem como, sua autonomia, vem ganhando destaque nos debates políticos e pedagógicos sobre a escola pública. Isso vem acontecendo graças à luta pela construção de uma sociedade democrática, que desencadeou uma das maiores vitórias das escolas públicas, que foi a conquista da liberdade de ação e de decisão, em relação aos órgãos superiores da administração e a maior participação da comunidade escolar nos espaços de poder da escola, por meio de instâncias como os conselhos de escola. Foi ainda neste mesmo período, que se disseminou o processo de democratização política da sociedade brasileira, isso fez com que o gestor escolar assumisse uma postura de educador.

Nesse cenário, principalmente, quando se trata de gestão escolar, é de suma importância a ação do gestor da escola, para garantir conquistas legais, democratização das relações e do ensino.

O gestor escolar não deve ser mero executor de funções previamente estabelecidas, pelo contrário, deve ser alguém que pensa a sociedade em que vive, ter opinião própria e ser capaz de ser mediador na formação do corpo discente e docente, da instituição onde trabalha.

Para Martins (1999) a administração é o processo racional de organização, comando e controle, enquanto que a

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gestão se caracteriza pela participação das pessoas nas decisões sobre a execução do seu trabalho.

Um gestor é mais do que um administrador que se preocupa com calendários, materiais, vagas, quem dirige uma escola precisa ser antes de tudo um educador, pois ele vai cuidar de toda dinâmica que envolve o ambiente escolar, e isto significa estar ligado ao cotidiano da escola.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (1996), determina a incumbência das instituições educativas de elaborarem suas propostas pedagógicas, através do Projeto Político Pedagógico –PPP, e o gestor tem o papel fundamental de fazer cumprir o mesmo.

Cabe ao gestor, supervisionar atividades administrativas e pedagógicas, promover a integração entre escola e comunidade. No exercício dessas atribuições é importante estar em constante formação, aprimoramento, para que se tenha uma bagagem de experiências enriquecida e que compartilhada com os pares favorecem o desenvolvimento profissional.

Desta forma, o gestor com o auxílio da comunidade escolar, poderá em conjunto, realizar as ações determinadas para a melhoria da qualidade de ensino. Além disso, ao realizar suas funções, deve manter em evidência a valorização da escola, de toda a equipe escolar e principalmente, dos alunos, para que estes se sintam valorizados e incentivados para adquirir novos conhecimentos.

A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº 9394, 20 de dezembro de 2006, estabelece em seu artigo 14 que:

Os sistemas definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto político pedagógico da escola. II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

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É pelo processo da interação da comunidade escolar, professores, funcionários e alunos, que o gestor educacional exercita uma gestão democrática, onde todos possam sentir-se seguros em sugerir e opinar, sentindo-se seguros de qualquer perseguição, tanto formal como informal.

Luck (2005) diz que a gestão ocorre na medida em que as práticas escolares sejam orientadas por filosofia, valores, princípios e ideias conscientes, presentes na mente e no coração das pessoas, determinando o seu modo de ser e de fazer. Nesse sentido, a nova maneira de organizar e pensar a gestão democrática, conta com um instrumento fundamental ao incremento da participação, que é o projeto político pedagógico.

Planejar, elaborar, implementar e avaliar uma proposta pedagógica, é tarefa de toda a instituição e não só do gestor. O gestor como líder cooperativo, consegue aglutinar as aspirações, os desejos, as expectativas da comunidade escolar, e articula a adesão e a participação de todos os segmentos da escola, na gestão de um projeto comum.

Diante dos novos desafios do sistema educacional, é missão do gestor inteirar-se e integrar-se dos discursos e leis que regem a educação, para que possa mobilizar todos os sujeitos da escola, nas tomadas de decisões que nortearão o trabalho escolar de forma democrática. Pois, para que isso aconteça, é imprescindível que os integrantes da escola tenham uma nova concepção e uma forma diferenciada de se trabalhar, ou seja, uma constante renovação na sua postura, para transmitir um conhecimento de nível elevado estimulando o aluno à criatividade e ao pensar.

Vasconcellos (1995) ressalta a importância da participação coletiva, quando diz que mais importante do que ter um texto bem elaborado, é construir o envolvimento e o crescimento das pessoas, principalmente dos educadores, no processo de construção do projeto, através de uma participação efetiva naquilo que é essencial na instituição. Que

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o planejamento seja do grupo e não para o grupo. Como sabemos o problema maior não está tanto em se fazer uma mudança, mas em sustentá-la. Daí a essencialidade da participação.

O gestor escolar tem de se conscientizar de que ele, sozinho, não pode administrar todos os problemas da escola. O caminho é a descentralização, isto é, o compartilhamento de responsabilidades com alunos, pais, professores e funcionários. O que se chama de gestão democrática, na qual, todos os atores envolvidos no processo participam das decisões.

Ao contrário de uma educação centrada na figura de poder, dos dirigentes e coordenadores, a gestão participativa deve ser construída num trabalho conjunto, daqueles que lidam com os educandos, participando de um processo contínuo de formação-ação. Esse processo, fundamentado numa educação democrática, solidária, criativa e emancipatória, reconhece as diferenças, cria a possibilidade de resgatar no múltiplo, na diversidade, o que é universal, ou seja, aqueles interesses e ideais que são comuns a todos os envolvidos na educação.

Para que o gestor escolar possa gerir de forma democrática, é necessário que ele exercite sua autonomia, ou seja, a capacidade de refletir e agir diante de suas próprias opiniões, e faça com que as pessoas se conscientizem de que uma instituição educacional não deve ser um espaço para o exercício de poder, mas sim, um lugar onde as pessoas se unem em torno de objetivos comuns.

A democracia escolar não se faz de um dia para o outro, mas nas ações corriqueiras e persistentes, a partir do modo como as pessoas se relacionam e se organizam. O trabalho coletivo na escola requer uma ação compartilhada pela equipe escolar. É nesse compartilhar de ideias e perspectivas educacionais, que o projeto pedagógico vai tomando corpo e se estruturando como identidade da escola.

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2.3 RELAÇÕES CONFLITUOSAS NO COTIDIANO ESCOLAR

Está claro na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (1996), que a principal atribuição de um gestor escolar é o de acompanhar e garantir a execução do Projeto Político Pedagógico. Para que isto ocorra, é de suma importância que se conheça a realidade social, na qual, o estabelecimento de ensino está inserido. Deve-se traçar o perfil socioeconômico e cultural do educando, destacando dificuldades e potencialidades, vivenciadas em seu meio social. Esse arcabouço é fundamental para subsidiar a elaboração do Projeto Político Pedagógico, de forma, que explicite carências e potencialidades, que permitam ao gestor, traçar objetivos claros para a superação de possíveis problemas, possibilitando uma consequente mudança de realidade escolar e social.

Outro fator de relevância é ter um Regimento Escolar, que juntamente com o Projeto Político Pedagógico, tenha sido construído de forma democrática, com a participação de representantes de todos os setores da comunidade escolar, onde devem ser estabelecidos normas e critérios, que objetivem uma boa prática docente e com metodologias adequadas, que permitam alcançar os objetivos traçados no Projeto Político Pedagógico.

Para Luck (2005, p. 17)

(...) o conceito de gestão está associado à mobilização de talentos e esforços coletivamente organizados, à ação construtiva conjunta de seus componentes, pelo trabalho associado, mediante reciprocidade que cria um “todo” orientado por uma vontade coletiva.

Após a construção do Projeto Político Pedagógico e

do Regimento Escolar, cabe ao gestor, a execução e o

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acompanhamento do processo pedagógico, nesse sentido, destacamos a importância de órgãos como o Conselho Escolar, Associação de Pais Mestres e Funcionários e Grêmio Estudantil, que quando ativos e estruturados, desempenham papel fundamental no acompanhamento e execução da prática pedagógica.

No entanto, sabemos que a gestão escolar está estruturada na teoria geral da administração, que é capitalista. Nesse sentido, há um conflito entre estes conceitos e os conceitos pedagógicos, pois, em uma instituição de ensino, não deve haver nada mais importante que o processo pedagógico. Neste panorama, evidencia-se que o gestor escolar encontrará barreiras macro (estado e sistema burocrático) e barreiras micro (na própria instituição).

Vale destacar, que em um ambiente escolar, há vários grupos que buscam defender seus interesses, muitas vezes colocando-os acima do pedagógico. Por um lado, temos o governo com suas Políticas Públicas Educacionais e a busca por índices, e frente a essa realidade, temos muitas secretarias estaduais e municipais, que agem como olhos e braços do poder público. Nesta sequência, temos a direção escolar que faz o elo entre secretarias de educação e o estabelecimento de ensino, e na ponta desta corda, estão os professores, funcionários e corpo discente, todos em busca de algo. Estas lutas internas geram muitos conflitos de interesses.

Ter objetivos, lutar por seus direitos, não configura crime algum, pois um dos princípios da educação é formar um cidadão crítico e capaz de mudar o meio em que vive. Todavia quando estes são colocados acima dos objetivos comuns, faz-se necessário uma retomada de princípios, não podemos esquecer que não há nada mais importante em uma escola que o pedagógico. No entanto, o que muitas vezes presenciamos no exercício da docência é a escola tornando-se campo de batalha entre esses bastidores, deixando de lado o principal e essencial que é o pedagógico, sobretudo o ensino.

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Conhecendo esta realidade, cabe ao Gestor escolar

atuar de forma democrática e justa na mediação destes conflitos, utilizando o Projeto Político Pedagógico como instrumento norteador das ações coletivas, redirecionando todos os órgãos ao fim maior que é a formação social e científica do cidadão.

Luck (2005, p. 84) argumenta que o gestor escolar necessita ter uma:

Visão de conjunto e futuro sobre o trabalho educacional e o papel da escola na comunidade; Conhecimento de política e da legislação educacional; Habilidade de planejamento e compreensão do seu papel na orientação do trabalho conjunto; Habilidade de manejo e controle do orçamento; habilidade de organização do trabalho educacional; habilidade de acompanhamento e monitoramento de programas, projetos, argumentos e ações; habilidade de avaliação diagnóstica, formativa e somativa; habilidade de tomar decisões eficazmente; habilidade de resolver problemas criativamente e de emprego de grande variedade de técnicas.

Para tanto, faz-se necessário a capacitação dos

gestores escolares, para que os mesmos, estejam cientes dos desafios e dificuldades com os quais irão se deparar no exercício de suas funções. Que saibam mediar, contornar e direcionar estes conflitos para um fim único que é a melhora da prática docente.

Outro fator a se considerar dentre os conflitos no cotidiano escolar é entre professores e alunos, onde o professor fica muitas vezes sem saber como agir para resolvê-los. Para Gonçalves (2005), o professor apresenta dificuldades na gestão de conflitos, e dificuldades em proporcionar uma educação de qualidade e ética.

Nesse sentido, a escola é o espaço por excelência onde o indivíduo tem possibilidades de aprender formas

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construtivas de interação, adquirindo um saber que propicie as condições para o exercício da cidadania.

2.4 A INFLUÊNCIA DA SOCIEDADE E DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO

Para Szymanski (2004), a família e a escola têm o papel

de desenvolver nos estudantes competência e habilidades que lhe dará subsídios para viver em sociedade.

A família desempenha um papel decisivo na educação formal e informal dos filhos, além disso, no seu interior são absorvidos os valores éticos e humanitários, e onde se aprofundam os laços de solidariedade e afetividade. É também em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais e criados os valores morais, pois é na família que, através do diálogo podem-se construir conhecimentos voltados para a atuação na sociedade, onde o respeito a si e ao outro, os princípios éticos e de conduta no ambiente social são assimilados.

A educação e a formação da criança estão diretamente vinculadas à participação dos pais nesse processo, uma vez que para interpretar o mundo, toda criança precisa do apoio deles. A relação família-criança é um dos elementos que determinam um bom rendimento escolar, pois é na família que as crianças encontram os exemplos a serem seguidos e, principalmente, é na família que a criança recebe educação para a vida: com limites, atenção, bons ou maus exemplos.

Para que a relação família-escola seja produtiva, não basta que a família se disponha a fornecer o apoio necessário ao desenvolvimento escolar de seu filho, a escola deve contemplar em seu projeto político-pedagógico a participação da família através de reuniões, projetos comunitários, voluntariado.

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Para Di Santo (2005), é papel da escola instruir os pais

acerca do comportamento adequado na orientação das atividades escolares e mesmo nas atividades cotidianas que auxiliem no desenvolvimento da aprendizagem.

Dúvidas e esclarecimentos também cabem à escola que, por ter uma equipe especializada, deveria ter condições de promover debates, ensinar, orientar, trocar informações sobre os mais diversos assuntos de interesse da comunidade escolar. A escola cabe planejar os objetivos, transformando a realidade num processo contínuo e dinâmico, com uma proposta pedagógica coerente com a sua clientela, reconhecendo que a aprendizagem é constituída na interação do conhecimento, na realidade e vivência no âmbito familiar.

Cabe a gestão escolar a mediação, acompanhamento e desenvolvimento da relação escola comunidade quando inicia a construção/execução de um Projeto Político Pedagógico que é baseado na sociedade que ela está inserida, onde a mesma tem o seu papel social.

A gestão escolar está ligada diretamente com fatores intra e extraescolares, assim está terá sucesso quando se envolver a sociedade civil, buscando um comprometimento primeiramente dos profissionais da educação pais e educandos também dos órgãos públicos instituídos. De acordo com Oliveira (2000, p. 331), “(...) introjetar na esfera pública as noções de eficiência, produtividade e racionalidade inerentes à lógica capitalista”. Dourado, Oliveira e Santos (2007, p. 9),

(...) a qualidade da educação é um fenômeno complexo, abrangente, e que envolve múltiplas dimensões, não podendo ser apreendido apenas por um reconhecimento de variedade e das quantidades mínimas de insumos considerados indispensáveis ao desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem e muito menos sem tais insumos (...). Desse modo, a qualidade da educação é definida envolvendo a relação entre os recursos materiais e

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humanos, bem como a partir da relação que ocorre na escola e na sala de aula (...).

No intuito de melhorar a qualidade da educação

brasileira temos que assegurar o acesso e permanência dos educandos no processo educacional, promovendo uma gestão democrática onde se compromete participam das políticas educacionais evitando assim os conflitos de interesses, pois todos fazem parte do processo.

Azevedo (2003) construiu um conceito didático das políticas públicas para a sua compreensão: tudo aquilo que um governo faz ou deixa de fazer, bem como os impactos de sua ação ou omissão. Assim, se um governo não faz nada em relação a alguma coisa emergente isso também é uma política pública, pois envolveu uma decisão.

O que distingue política pública da política, de um modo geral, é que esta também é praticada pela sociedade civil, e não apenas pelo governo. Isso quer dizer que política pública é condição exclusiva do governo, no que se refere a toda a sua extensão (formulação, deliberação, implementação e monitoramento).

Entende-se por políticas públicas educacionais aquelas que regulam e orientam os sistemas de ensino, instituindo a educação escolar. Essa educação orientada (escolar) moderna, massificada, remonta à segunda metade do século XIX. Ela se desenvolveu acompanhando o desenvolvimento do próprio capitalismo, e chegou na era da globalização resguardando um caráter mais reprodutivo, haja vista a redução de recursos investidos nesse sistema que tendencialmente acontece nos países que implantam os ajustes neoliberais.

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2.5 CONSIDERAÇOES FINAIS

Constata-se que o objetivo deste artigo, a partir de revisão bibliográfica foi o de analisar o papel do gestor na execução do projeto político pedagógico, bem como sua função de mediador de conflitos. Transformar o processo e a atuação da gestão, na direção assinalada, exige a transformação do sentido de autoridade e da distribuição do poder no seu interior.

As decisões precisam ser compartilhadas e nascidas nos interesses dos diversos segmentos envolvidos na vida da escola. Nesse cenário, torna-se essencial a compreensão de que a formação deve estar centrada na escola e voltar-se para o contexto de trabalho, contemplar a diversidade e identificar as demandas, assegurando, assim, a pertinência dos processos.

É preciso entender o Projeto Político Pedagógico da escola como uma reflexão de seu cotidiano. Para tanto ela precisa de um tempo razoável de reflexão e ação, para se ter um mínimo necessário à consolidação de sua proposta. A construção do Projeto Político Pedagógico requer continuidade das ações, descentralização, democratização do processo de tomada de decisões e instalação de um processo coletivo de avaliação de cunho emancipatório.

Há que se pensar que o movimento de luta e resistência dos educadores é indispensável para ampliar as possibilidades e apressar as mudanças que se fazem necessárias dentro e fora dos muros da escola.

O gestor escolar deve se posicionar diante das perspectivas que se apresentam, instaurando na escola, uma cultura de análise de suas práticas, a partir da problematização das mesmas e da realidade de projetos coletivos de investigação; deixar de silenciar os questionamentos dos sujeitos, deixar de usar estratégias de convencimento e elogios entre os membros da comunidade escolar.

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Assim como toda a sociedade, família e escola

sofreram, ao longo dos anos, profundas mudanças em sua estrutura. Essas mudanças fizeram alterar ao longo dos anos os papéis da escola e da família na educação infantil. A escola deixou de ser apenas responsável pela alfabetização e o repasse de conhecimentos para se tornar educadora, desempenhando ao lado dos pais a função de fornecer à criança uma boa formação global.

As escolas devem se adaptar a essa nova função de educadora solicitando e possibilitando uma participação ampla da família no contexto escolar, uma vez que a função primordial de educar é da família e que a escola deve ser coadjuvante nesse processo.

Nota-se que o exposto neste artigo serve principalmente para percebermos, que um verdadeiro Gestor é aquele que busca o bem comum, isto é, as ações voltadas para o pedagógico, para que os educandos possam apropriar-se do conteúdo científico. É nesse propósito que as políticas educacionais deveriam se basear, para que num futuro próximo, possamos obter uma educação de qualidade.

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III

A COMPREENSÃO DA EPIGENÉTICA E DE SEUS MECANISMOS

Ronaldo de Oliveira*

RESUMO Com os avanços nas pesquisas genéticas descobriu-se que os organismos vivos sofrem alterações fenotípicas sem mudanças no genótipo. Esse fenômeno ficou conhecido como marcas ou mudanças epigenéticas. Os principais mecanismos epigenéticos são a metilação do DNA e as modificações de histonas. A metilação do DNA é um processo químico físico que tem função reguladora do gene que promove o silenciamento de certos genes e ativa outros. A modificação nas histonas está associada à cromatina. A condensação do DNA forma os nucleossomos. Essa alteração interfere diretamente no processo de transcrição e de tradução das proteínas a partir das informações contidas no DNA. As marcas epigenéticas possuem importância essencial na programação correta da expressão genética. Pequenas falhas ou alterações aberrantes nas marcas epigenéticas podem causar patologias reversíveis ou crônicas. A hipometilação ou

* Mestrando em Filosofia na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE (2017-2018); licenciado em Filosofia pela PUC-PR (2009) e em Pedagogia pela Faculdade Associada Brasil – FAB – São Paulo (2016), especializado em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro (2013). Desde 2010 é docente de Filosofia na Rede Pública Estadual do Paraná. Link para o Lattes: http://lattes.cnpq.br/5523358511896263

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a hipermetilação podem alterar as marcas epigenéticas causando anomalia na função celular. Palavras-chave: Epigenética; Metilação do DNA; Modificações nas histonas. 3.1 INTRODUÇÃO

A grande área do conhecimento que estuda temática

da transmissão da hereditariedade é a genética. A partir dos estudos sobre a genética surgiu uma nova área de investigação científica: a epigenética.

A epigenética e seus mecanismos serão o objeto de estudo desse trabalho. Tem-se o intuito compreender o conceito de epigenética. Os principais mecanismos epigenéticos serão abordados com a finalidade de conceituá-los. 3.2 JUSTIFICATIVA

O tema epigenética vem ganhando destaque no meio

acadêmico e científico a cada dia. Isso revela que quanto mais o ser humano compreender os mecanismos que regulam o modo de a vida se manifestar mais terá condições de intervir em busca do viver melhor.

A epigenética aponta que fatores exógenos interferem diretamente na expressão dos genes, ora favorecendo o ser vivo ora prejudicando-o, promovendo o aparecimento de patologias crônicas ou reversíveis. Por essa razão a investigação dos mecanismos epigenéticos é de fundamental importância para obter a clareza sobre o funcionamento dos mesmos e buscar uma melhoria no tratamento dado aos distúrbios oriundos de mudanças de manifestações dos genes nos seres vivos.

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Tomar consciência das influências de fatores

exógenos na manifestação da vida pode possibilitar que os adolescentes e jovens do século XXI possam estruturar hábitos que melhorem a sua qualidade de vida e, consequentemente, proporcionar uma vida mais saudável e feliz.

3.3 OBJETIVOS

Compreender a epigenética e seus mecanismos. Objetivos Específicos Os objetivos específicos do trabalho são: Conceituar o termo epigenética; Descrever os principais mecanismos epigenéticos;

3.4 METODOLOGIA

A Pós-Graduação em Genética na modalidade a

distância traz consigo a necessidade de pesquisa literária. A metodologia utilizada nesse trabalho de conclusão do Curso de Genética foi a Revisão de Literatura. A ferramenta para a pesquisa de literatura foi a internet através de fontes de busca de artigos como Pubmed e Scielo, filtrando pelas línguas portuguesa e espanhol. A internet favoreceu a pesquisa, contudo a colaboração e orientação da tutora foram muito importantes. 3.5 A GENÉTICA

A genética surgiu como uma área de conhecimento a

partir das observações e experimentos realizados com ervilhas de jardim (Pisum sativum) pelo monge Johann Gregor Mendel (1822-1884) (LEITE, FERRARI, DELIZOICOV, 2001). Ao usar uma linguagem matemática, como estatística e probabilidade, elaborou elementos que serviram de base

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científicas para formular as leis que ficaram conhecidas como Leis de Mendel.

Como a ciência é um processo que se constrói historicamente, ora por meio de continuidade ora por meio de rupturas. As leis de Mendel não foram suficientes para explicar todas as facetas do fenômeno hereditariedade. Contudo, foi o conceito de fatores que possibilitou, em experiências futuras, a descoberta do gene.

Com a descoberta do cromossomo e suas estruturas chegou-se ao conceito de DNA ou molécula da vida. O conceito de célula1 (PRESTES, 1997) foi uma inovação na compreensão do fenômeno vida. Schwann (1839) fez reflexões e pesquisas sobre a importância e funcionamento das células nos organismos apontando para a existência de uma força vital que está ligada à matéria (apud PPRESTES, 1997). Com as contribuições científicas de Schwann e de Scheiden foi formulada a Teoria Celular que apresenta os princípios fundamentais:

- as células são as unidades fundamentais de um ser vivo, sendo unicelular ou pluricelular;

- a célula é a base de todas as funções vitais; - uma célula é oriunda de outra célula preexistente. As informações genéticas estão no DNA nos seres

eucariotos e procariotos e RNA em seres vivos que não possuem todas as estruturas celulares iguais às dos eucariotos e procariotos.

Descobrir o genoma dos seres vivos e mapeá-lo trouxe novas indagações sobre a manifestação das características nos seres vivos. Se cada ser vivo possui inúmeras células e no interior de cada uma delas há uma mesma informação gênica, como as células exercem funções diversas conforme o órgão, tecido, sistemas? Como as células

1 O termo célula foi usado primeiramente por Robert Hooke (1635-1703).

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exercem funções distintas sendo que a informação genética continua a mesma?

Na regulação da expressão gênica, com diversos níveis de controle devido a compartimentalização celular de eucariotos, assim também como nos seres procariotos, as distintas funções já podiam ser explicadas.

Apesar de se conhecer a maneira na qual ocorre a transmissão das informações genéticas nas células, as evidências de regulação relacionadas à compactação do DNA e das moléculas envolvidas nesse processo, e de como as mesmas atuavam na transformação cancerosa das células, indicou que a epigenética poderia estar interferindo em muitos processos biológicos do organismo. 3.6 A EPIGENÉTICA

A epigenética é uma maneira de abordar as mudanças

que podem ocorrer na expressão gênica, sem que haja alterações na sequência do DNA. Contudo, nas escolas públicas que ofertam o Ensino Médio, ainda é pouco conhecida ou estudada.

A epigenética procura compreender por que as células mudam de funções ao longo da vida do indivíduo passando a funcionar ou comportar de maneira distinta do que era inicialmente mesmo o DNA permanecendo inalterado (EGGER, G; LIANG, G. APARICIO, A. apud MULLER e PRADO, 2008,).

Tang e Ho (2007) afirmam que “a epigenética é definida como as mudanças herdáveis na expressão do gene que não alteram a sequência do DNA, mas que são herdáveis pela mitose e ao longo das gerações” (apud MULLER e PRADO, 2008).

As mudanças epigenéticas fazem com que as células exerçam funções distintas de acordo com a especialidade de

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cada órgão, tecido, sistema. De acordo com Portela e Esteller (2010)

nos organismos multicelulares, a capacidade de marcas epigenéticas persistirem durante o desenvolvimento e, potencialmente, serem transmitidas para a descendência pode ser necessária para gerar a grande variedade de diferentes fenótipos que surgem do mesmo genótipo.

Diante dessa compreensão sobre epigenética pode-se

entender que a informação genética permanece no processo epigenético, porém a maneira como será acessada essa informação pela maquinaria de transcrição celular sofrerá interferência do mecanismo epigenético, através de modificações bioquímicas que ocorrem na compactação do DNA. Conforme ocorre essa compactação haverá maior ou menor disponibilização do DNA para a transcrição ocorrer. Fatores exógenos, como a dieta alimentar podem interferir na síntese de biomoléculas que atuam nessa compactação. Segundo Pray “os padrões epigenéticos são sensíveis às modificações ambientais que podem causar mudanças fenotípicas que serão transmitidas aos descendentes” (apud MULLER e PRADO, 2008).

A epigenética é um novo campo de investigação da genética. Por essa razão apresenta características distintas da genética quanto aos mecanismos tradicionais como “a reversibilidade, os efeitos de posicionamento, a habilidade de agir em distâncias não esperadas maiores que um único gene” (FEINBERG apud MULLER e PRADO, 2008).

A manifestação do fenômeno epigenético é estimulada por meio de reações químicas moleculares. A formação de ligações químicas entre os elementos define a expressão epigênica de uma célula.

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3.7 MECANISMOS EPIGENÉTICOS

Diante dessa realidade são apontados dois

mecanismos principais no processo epigenético: a metilação do DNA e a modificação de histonas (OLIVEIRA, 2012). Esses mecanismos regulam as funções cruciais das células “como a estabilidade do genoma, a inativação do cromossomo X, o imprinting gênico” entre outras funções (TANG; HO apud MULLER e PRADO, 2008). 3.7.1 Metilação do DNA

A metilação do DNA é um processo químico-físico

de fundamental importância para o bom funcionamento celular. Segundo Bird, “a metilação do DNA é indispensável para as funções do genoma nos vertebrados e está relacionada com processos de regulação gênica, estabilidade cromossômica e imprinting parental” (apud MULLER e PRADO, 2008).

A metilação do DNA silencia a expressão de um determinado gene. Quando certa sequência nucleotídica encontra-se hipermetilada, isto é, com muitos grupos metil presos nas citosinas no carbono 5, ocorre o silenciamento dessa sequência de genes; mas quando há hipometilação, haverá expressão desse gene. Oliveira (2012), ao tratar dessa temática, afirma que “a metilação do DNA é a modificação epigenética melhor caracterizada e reconhecida como um mecanismo de silenciamento gênico”.

A metilação do DNA ocorre nas ligações covalentes da base nitrogenada citosina. Essa ligação química ocorre com a “adição de um radical de metil (CH3) no carbono 5 da Citosina, geralmente seguida por uma Guanina (dinocleotídeo CpG), catalizada por enzimas DNA Metiltransferases” (PAULSEN; FERGUNSON-SMITH apud OLIVEIRA, 2008).

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O processo epigenético é envolvido por enzimas

denominadas de DNA metiltransferases, identificadas nos mamíferos, que o catalisam. Para Garinis, Patrinos e Spanakis

o processo de metilação é mediado, ao menos, por três DNA metiltransferase (DNMT1, DNMT3a, DNMT3b), que catalisam e transferem o grupamento metil da S-adnosyl-L-metionina (doador de metil) para as bases de citosina ou adenina na molécula de DNA” (apud Muller e Prado 2008, p.64)

Cada DNMT apresenta uma função. A DNMT1 atua

“durante a divisão celular mitótica, copiando o padrão de metilação da fita original” (PRADHAN et al., TAKEBAYASHI et al. apud OLIVEIRA, 2012). Já a DNMT3 apresenta a subdivisão A e B.” (PRADHAN et al., TAKEBAYASHI et al. apud OLIVEIRA, 2012). Embora o DNMT2 tenha uma estrutura de DNA metiltransferase, sua atuação parece estar “relacionada com a ação metiltransferase de RNA transportador” (PRADHAN et al., TAKEBAYASHI et al. apud OLIVEIRA, 2012).

A metilação ocorre em local específico na cromatina. Não é ao acaso. Tem de haver uma pré-disposição química para que possa ocorrê-la. A pré-disposição química para a metilação do DNA ocorre nos dinucleotídeos CpG. Nessa ótica, afirma Feinberg (apud MULLER e PRADO, 2008) que “os padrões de metilação são estabelecidos e mantidos nos dinucleotídeos CpG (pares de Citosina-fosfato-Guanina)”. Após a replicação do DNA, as DNMTs fazem o reconhecimento dos dinucleotídeos CpG hemimetilados e inicia a metilação do DNA.

A metilação do DNA muda a expressão gênica. Contudo esse processo é complexo, porque as condições ambientais exercem influências sobre a metilação do DNA. A

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nutrição, o estilo de vida e o estresse podem intervir nos mecanismos de modificação da expressão gênica.

A metilação do DNA, sendo um fenômeno complexo, pode interferir na expressão gênica de maneira direta e indireta. Isso está relacionado à forma e ao como ocorre a metilação. A maneira direta ocorre quando há a concentração de metilação de CpG, formando uma ilha, que impede a ativação do gene no momento da transcrição. Essa ilha de CpG forma uma barreira física nas regiões que promovem os genes que não sendo transcritos não serão traduzidos resultando no silenciamento ou na inativação deles (MULLER e PRADO, 2008).

A atuação indireta da metilação do DNA na expressão gênica “ocorre em uma região que apresenta domínios de ligação para a metilação (MBD), que se localiza ao redor de um sítio de regulação da transcrição e atrai de forma indireta as proteínas de domínio de ligação de metilação [...]”(NAN; CROSS; BIRD apud MULLER e PRADO, 2008).

3.7.2 Modificação nas Histonas

O DNA está associado, no núcleo celular dos

eucariotos, às proteínas de histona. Quando ocorre o fenômeno epigenético nas histonas altera-se o processo de transcrição e, consequentemente, compromete a tradução de proteínas.

O nucleossomo é uma estrutura básica de condensação formada pela associação do DNA com as histonas (figura 1). As histonas presentes no nucleossomo são as H2A, H2B, H3 e H4. As histonas, em octamer, são “envolvidas por 147 pares de nucleotídeo de DNA” (KOUZARIDES apud OLIVEIRA, 2012).

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Figura 1 – Nucleossomo - Fonte: Fernanda Molognoni. In: http://www.ime.usp.br/posbioinfo/cv2012/epigenetica_FernandaMolognoni.pdf (acessado dia 10/07/2015)

Quando o material genético está mais denso, e isso ocorre porque está associado à histona e a várias outras proteínas, chama-se heterocromatina (figura 2). Nesse ponto há dificuldade para a informação gênica ser transcrita. Quando o material genético está menos denso, fica mais “relaxado” dá se o nome de eucromatina (Figura 2). Nesse estágio a fita é mais facilmente acessível e transcrita.

Figura 2 – Nucleossomo - Fonte: Fernanda Molognoni. In: http://www.ime.usp.br/posbioinfo/cv2012/epigenetica_FernandaMolognoni.pdf (acessado dia 10/07/2015)

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A compreensão da epigenética... 77

As modificações nas histonas é um fator importante

para o funcionamento da maquinaria celular porque elas regulam as funções da cromatina para tornar acessível a transcrição do DNA (MULLER e PRADO, 2008). Há o “código das histonas” que prevê que sob certas modificações químicas nas histonas, como acetilação, ubiquitinização, metilação, haverá um favorecimento para a transcrição ou para o silenciamento gênico.

As modificações nas histonas são controladas por várias enzimas. Há uma engenharia celular que garante a manutenção das alterações sem comprometer o bom funcionamento da célula. Caso haja algum erro, existem enzimas que corrigem a ausência da alteração na cromatina para garantir o funcionamento adequado da célula. Segundo Kouzarides, Sharma, Kelly e Jones (apud OLIVEIRA, 2012) as enzimas “interagem entre si e com outros mecanismos para a perfeita manutenção da conformação da cromatina e controle da transcrição”.

As marcas epigenéticas, tanto da metilação do DNA quanto das modificações de histonas, são mecanismos fundamentais para o processo de transcrição gênica. A remoção de tais marcas pode causar problemas para a célula e até mesmo para o indivíduo. 3.8 A RELAÇÃO DA EPIGENÉTICA COM DOENÇAS

A cromatina com marcas epigenéticas mantidas,

exerce as funções transcricionais normais garantindo a estabilidade funcional da célula, dos tecidos, órgãos, sistemas, e, por fim, da vida do organismo. Mas “pequenas falhas no estabelecimento ou manutenção” dos processos epigenéticos “podem alterar a fisiologia normal da célula” e, consequentemente, desenvolver patologias reversíveis ou crônicas (OLIVEIRA, 2012).

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Rothhammer e Bosserohff (apud PRADO e

MULLER 2008) reconhecem que as marcas epigenéticas são essenciais “para estabelecer a programação correta da expressão dos genes”. Contudo, se houver “erros nestes processos podem levar a uma expressão aberrante de genes e a uma perda de check-points anticâncer”.

Diante da relevância da epigenética e do reconhecimento de seus mecanismos, que causa a boa saúde ou provoca doenças, essa área de pesquisa vem despertando interesse em muitos pesquisadores (PORTELA; ESTELLER, 2010).

3.9 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS

Os estudos sobre as marcas epigenéticas estão

ganhando importância a cada dia. À medida que as investigações em laboratórios científicos vão ganhando relevância nas explicações dos fenômenos envolvendo a maquinaria celular, também se aumentam os investimentos econômicos para que mais pesquisas sejam realizadas.

Para desenvolver tecnologias em prol da vida é fundamental a descrição e compreensão dos fenômenos com precisão.

Oliveira (2012) afirma que existem muitas pesquisas sendo realizadas a partir da compreensão dos fenômenos epigenéticos. Contudo, de acordo com Egger G, Liang G, Aparicio A. (apud MULLER; PRADO, 2008, p. 68) “poucas são as terapias em vigência que se utilizam da epigenética”. Por outro lado, Portella e Esteller afirmam “que avanços tecnológicos estão permitindo análise epigenômica em larga escala” (2010).

Diante do conhecimento elaborado e inventariado na perspectiva da epigenética em colaboração com outras áreas científicas é possível ter um otimismo frente aos limites patológicos humanos e de outros seres vivos. Conforme as

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pesquisas são desenvolvidas novas tecnologias farmacológicas ficarão disponíveis suscitando a criação de terapias que poderão solucionar os problemas causados por processos epigenéticos.

3.10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O conhecimento científico moderno despertou na

humanidade uma crença de que a ciência seria capaz de solucionar todos os problemas humanos. Essa crença é conhecida na filosofia como o “mito do cientificismo”2.

A epigenética tem um potencial de lançar luzes sobre inúmeros problemas relacionados à saúde humana ou animal. Com a compreensão das marcas epigenéticas, a cada dia, será possível desenvolver ferramentas que podem auxiliar na identificação de falhas no epigenoma e, consequentemente, possibilitar um tratamento adequado em conformidade com a especificidade patológica do ser vivo.

Com essa perspectiva de benefício latente para os seres humanos oriundo do seio da epigenética surgem alguns problemas éticos, políticos e econômicos.

A questão ética que pode chamar atenção de pesquisadores críticos perpassará pela indagação: com que finalidade as tecnologias elaboradas a partir da epigenética serão usadas? É possível usá-las para beneficiar os seres humanos de maneira sustentável, equilibrada?

O viés político é amplo. As políticas públicas poderão recorrer às tecnologias e aos conhecimentos epigenéticos para garantir saúde de qualidade para a sociedade, mas também podem usá-los para restringir grupos minoritários indesejados na perspectiva de eliminá-los.

2 Conferir verbete cientificismo: “Atitude de quem atribui importância preponderante à ciência em comparação com as outras atividades humanas” (ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 165).

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O acesso aos bens produzidos pela ciência é uma

questão que envolve a ética, a política e economia. As terapias, produtos e serviços inovadores e eficazes tendem ser de alto custo quando são novidades. Decerto, muitas pessoas poderão não ter acesso aos bens, serviços e conhecimentos produzidos pela epigenética.

A formação da consciência ética dos pesquisadores em epigenética poderá definir como usar os conhecimentos e o que deles derivarem. As políticas públicas poderão ser acompanhadas pela expansão do conhecimento científico a todas as classes sociais para que, dessa forma, possam debatê-las e formar o bom senso sobre o que é razoável para a sociedade. O acesso aos conhecimentos, serviços e tecnologia poderá ser garantido por meio de políticas públicas de qualidade que tenham a finalidade de eliminar a desigualdade social da sociedade.

Em suma, a ciência e tudo o que é produzido por ela deve estar a serviço da vida, seja humana ou não. A vida deve ser baliza que sinalizará o caminho a trilhar. Deve-se esperar bons resultados da ciência, mas deve evitar a crença de que a ciência é infalível. A ciência é para servir a vida e a vida é a motivação para a ciência.

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A compreensão da epigenética... 81

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IV

PRÁTICAS DE GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS COORDENAÇÕES PEDAGÓGICAS DAS

ESCOLAS PÚBLICAS COM ESTUDOS DE CASOS

Euda Márcia Dias Paiva* Ivan Vieira da Silva** Maracelis Gezualdo***

Simone Luiz de Souza Schelive****

* Possui graduação em Pedagogia - UDF Centro Universitário (1999). Bacharelado em Direito pela UNIEURO (2008); Advogada com registro na OAB/DF sob o n. de 29229. Pós-graduação em Psicopedagogia pela Universidade Candido Mendes (2003) Habilitação em Português pela FGF (2013), com programa especial de formação pedagógica. Atualmente é professora - Secretaria de Educação do Distrito Federal. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Tecnologia Educacional e, também na área Jurídica no ramo de direito familiar, cível, trabalho e previdenciário. ** Mestrando do Programa de Pós-graduação em Gestão do Conhecimento nas Organizações – Centro Universitário Cesumar (Unicesumar) - Maringá – PR – Brazil. Email: [email protected]. *** Graduada em Pedagogia, com especializações em Educação Infantil e Fundamental do 1º ao 9º ano, Psicopedagogia Institucional, Educação Especial, Panlexia e Neuropedagogia. Atua há 9 anos como diretora pedagógica do Centro Educacional Tuiuti, trabalhando com orientação e atendimento especializado. Cursa atualmente o mestrado em Gestão do Conhecimento nas Organizações pela Unicesumar. **** Mestrando do Programa de Pós-graduação em Gestão do Conhecimento nas Organizações – Centro Universitário Cesumar (Unicesumar). Possui graduação em Pedagogia pela Faculdade do Noroeste Paranaense (2012). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação.

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RESUMO Este artigo busca analisar os baixos índices nos resultados de aprendizagem das escolas públicas, nesta pesquisa serão analisados alguns pontos das coordenações pedagógicas. o objetivo desse artigo é indicar práticas de GC nas coordenações pedagógicas, enquanto ferramentas que incentivam e propiciam a melhoria dos resultados das escolas públicas. Este estudo analisa as necessidades educacionais diante do desenvolvimento tecnológico, metodologias e ferramentas que incentivam e propiciam melhores resultados. PALAVRAS-CHAVES: Práticas de Gestão; Gestão do Conhecimento; Coordenações Pedagógicas; Escolas Públicas. 4.1 A NECESSIDADE DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NA EDUCAÇÃO

A sociedade atual passa por grandes mudanças e transformações: desenvolvimentos tecnológicos e científicos. Com essas constantes mudanças às escolas devem buscar novas ferramentas para o sujeito atual

As escolas buscam desenvolver aprendizagens significativas, mas muitas vezes se deparam com dificuldade na Gestão do Conhecimento (GC), um dos problemas das instituições educacionais públicas é a perda e controle do conhecimento organizacional. Para propor soluções para essa questão e garantir que os conhecimentos construídos pelas instituições sejam guardados e disseminados para a utilização de parâmetros dos conceitos da gestão do conhecimento nas coordenações pedagógicas das escolas.

As mudanças promovidas pelas tecnológico obrigam as instituições educacionais públicas a se adequarem a esse ambiente, haja vista que é nele que atua toda a comunidade acadêmica.

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Contudo, devido às grandes dificuldades financeira e

sistêmica, o desafio principal dessas instituições é criar um ambiente capacitam-te e desenvolver e promover conhecimento contínuo no ambiente de reunião pedagógica dos docentes.

Nesse sentido, o objetivo desse artigo é analisar práticas de GC nas coordenações pedagógicas, enquanto ferramentas que incentivam e propiciam a melhoria dos resultados das escolas públicas. 4.2 A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NA ESCOLA

Sabe-se que a GC organiza e administra conhecimentos diversos, objetivando alcançar melhores resultados nas organizações. Assim, a GC pode ser vista com um conjunto de práticas sustentadas pela iniciativa humana. Aguilar (1967), afirmam que a GC é um fato decisivo para que a organização se adapte as condições do ambiente.

Segundo Simão (2007), para uma efetiva aplicação dos conceitos da Gestão do Conhecimento na escola, compete à coordenação pedagógica:

Para melhorar o crescimento do conhecimento as instituições de ensino necessitam transformar conhecimento tácito em explicito e promover entre seu corpo docente práticas pedagógicas que auxiliem melhores pratica em sala de aula. Gerenciar este conhecimento do capital intelectual das instituições de ensino, pode proporcionar melhores resultado e desempenho dos alunos.

Nesta perspectiva, segundo Stedile e Croce (2009) a escola deve ser um ambiente organizacional e comportamental. Compreender esse espaço e organizá-lo de forma que seja produtivo é necessário: competência do diretor, dos professores e demais profissionais, além do

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respaldo legal das Políticas Educacionais. E estes devem conhecer e corresponder às necessidades do processo escolar.

As escolas brasileiras demonstram uma organização, composta por uma gestão administrativa e pedagógica, com diretrizes definidas e uma estrutura organizada. Segundo Libâneo (2004) a escola é um conjunto de normas, diretrizes, formado por uma estrutura organizacional e procedimentos.

Para que a gestão no âmbito educacional aconteça na visão de Ferreira (2008),

gestão da educação, como tomada de decisão, organização, direção, e participação, acontece e desenvolve-se em todos os âmbitos da escola, mas fundamentalmente, na sala de aula, onde concretamente se objetiva o projeto político-pedagógico não só como desenvolvimento do planejado, mas como fonte privilegiada de novos subsídios para novas tomadas de decisões para o estabelecimento de novas políticas. (2008, p. 08)

Com as mudanças que se originaram através das

relações capitalistas, o papel da educação se redefiniu, interferindo principalmente na organização do trabalho escolar, ou seja, nas funções dos profissionais da educação. Assim a educação recebe nova nomenclatura para os orientadores e supervisores. Surge então a figura do Coordenador Pedagógico, apontada como instrumento necessário para mudança nas escolas, apresentando novas características principalmente a partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

De acordo com a LDBEN- n. 9394/96, artigo 64 para atuar como Coordenador Pedagógico é preciso ter formação inicial em nível superior em Pedagogia ou Pós-Graduação. Portanto, a pedagogia tem um papel fundamental na educação. Segundo Libâneo (2002), a pedagogia é um campo de investigação e as práticas educativas e suas teorias providas pelas demais ciências da educação e cuja tarefa é o

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entendimento global e intencionalmente dirigido dos problemas educativos.

De acordo com Augusto (2006) o coordenador pedagógico

muito antes de ganhar esse status, já povoava o imaginário da escola sob as mais estranhas caricaturas. Às vezes, atuava como fiscal alguém que checava o que ocorria em sala de aula e normatizava o que podia ou não ser feito. Pouco sabia de ensino e não conhecia os reais problemas da sala de aula e da instituição. Obviamente, não era bem aceito na sala dos professores como alguém confiável para compartilhar experiências. Outra imagem recorrente desse velho coordenador é a de atendente. Sem um campo específico de atuação, responde às emergências, apaga focos de incêndios e apazigua os ânimos de professores, alunos e pais. Engolido pelo cotidiano, não consegue construir uma experiência no campo pedagógico. Em ocasiões esporádicas, ele explica as causas da agressividade de uma criança ou as dificuldades de aprendizagem de uma turma. (AUGUSTO, 2006, p. 1)

Libâneo (2008) apresenta um novo olhar para a

função da coordenação pedagógica frente a novo modelo de gestão democrática, onde coordenação pedagógica passa a ser uma estrutura da organização educacional que atua para que a compreensão e os estudos das realidades educacionais sejam favorecidos por meio de reflexão, da criação de novas experiências e da análise, não focando apenas cumprimento da parte burocrática da escola. Para tanto, a atuação do coordenador pedagógico é ampla, no sentido de que seu trabalho envolve diversas questões como “currículo, construção do conhecimento, aprendizagem, relação interpessoal, ética, disciplina, avaliação da aprendizagem, relacionamento com a comunidade, recursos didáticos” (VASCONCELLOS, 2006, p. 84).

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As novas funções destes profissionais surgem em

meio a inovações no campo educacional voltadas para projetos diferenciados, porém a má qualificação comprometeu o bom desempenho de sua função (FALCÃO, 2014). Assim, de acordo com a autora, se originalmente o Coordenador Pedagógico era visto como “fiscal”, atualmente este deve atuar como contribuinte para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem, com vistas a obter uma educação de qualidade.

Assim, o Coordenador Pedagógico tem grande valor na escola, visto que seu papel principal é desenvolver, junto aos professores e alunos, o processo de ensino e aprendizagem, proporcionando contribuições teóricas e metodológicas para inovar e promover o ensino. Este profissional precisa ser dinâmico para desenvolver ações coletivas e construtivas, buscando solucionar as dificuldades encontradas no dia a dia escolar. 4.3 COMUNIDADES DE PRÁTICA

Na reunião dos docentes e gestores, feita semanalmente, chamada de coordenação, objeto de estudo deste artigo; identificamos um “Ba”, i.e., ferramenta da Gestão do Conhecimento que, segundo Nonaka, Toyama e Konno

(2002), sao os espac os compartilhados chamados de contextos, que podem ser fisico, virtual e mental ou a

combinacoes destes. Servem de base para a criac ao do

conhecimento e interacao entre os conhecimentos tacitos e explicitos, seja este individual ou coletivo.

O “Ba” fornece uma plataforma para o avanco do conhecimento individual e coletivo possibilitando que sejam elaborados processos sociais capazes de criar novos conhecimentos por meio de conversao do conhecimento

e combinacao entre o tacito em explicito, que sao

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Práticas de gestão do conhecimento... 89

abordados pelos modos de conversao do conhecimento

denominado processo SECI, ou seja, socializacao,

externalizacao, combinacao e internalizacao. (NONAKA; TAKEUCHI, 2008, p. 168-169)

Diante da dinamicidade contida nas coordenações

pedagógicas podemos indicar também a implementação de

comunidades práticas como ferramenta de GC.

Segundo Wenger (1998), as Comunidades de Prática

são compostas pelas seguintes características: domínio,

comunidade e prática. O domínio é necessário a garantir a

interação e integração com envolvidos, já a comunidade

desenvolve a ligação da construção do conhecimento; a

prática são as contribuições e trocas de experiências com

finalidade de garantir a aprendizagem de uma pessoa com a

outra.

Para Lave e Wenger (1991):

Uma comunidade de prática é uma intrínseca condição

para a existência de conhecimento, não apenas porque ela

providencia um suporte interpretativo necessário para dar

sentido à sua herança. A participação na prática cultural na

qual qualquer conhecimento ocorre é um princípio

epistemológico de aprendizagem. A estrutura social de sua

prática, suas relações de poder, e suas condições para

legitimação definem possibilidades para a aprendizagem.

(WENGER, 1991, p. 98)

Assim, pode-se afirmar, de acordo com Takimoto

(2012), que as CdP (Comunidades de Práticas) são constituídas por pessoas envolvidas em um processo de aprendizado, que constituem uma comunidade compartilhada por determinada comunidade: um grupo de atletas que procura novas formas de melhorar seu desempenho, de

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cozinheiros que compartilham conhecimento para pratos mais sofisticados, professores que discutem formas de transmitir de forma mais eficiente o conhecimento e outros tantos grupos possíveis de se imaginar. A eficácia do aprendizado obtido pelas CdP é tão surpreendente que chama a atenção não somente do mundo acadêmico, mas do mundo empresarial, pois apresenta uma nova forma de compartilhar o conhecimento de desenvolvimento de novas ideias.

Para Wenger e Snyder (2001), há três componentes fundamentais, que caracterizam as CdP:

• Domínio: em uma CdP o domínio é o elemento essencial. Ele pode ser definido como o tema, o interesse ou a área de conhecimento da atividade do grupo;

• Comunidade: a comunidade é o conjunto dos indivíduos que participam das interações, seus relacionamentos e suas construções comuns;

• Prática: é o momento em que ocorre o compartilhamento do conhecimento pelos indivíduos do grupo (inclui um conjunto de estruturas, ferramentas, informações, estilos, linguagem, histórias, documentos e compreensão compartilhados pelos membros).

É importante salientar que as CdP não são equipes de trabalho, pois sua finalidade não é realizar um trabalho, mas sim desenvolver conhecimento por um interesse comum. Entretanto, os resultados para a organização são excelentes, pois nelas há uma enorme capacidade de, segundo Takimoto (2012) codificação do conhecimento e capacidade de combinar aspectos tácitos e explícitos do mesmo. Eles produzem soluções que satisfazem às suas demandas, mas ao mesmo tempo geram conhecimento útil para toda a comunidade, de forma que quanto mais agregar valor a cada um dos indivíduos nela inseridos, maior será o seu sucesso. Seu foco são os próprios indivíduos que constituem a

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comunidade advinda dessa relação não somente conhecimento, mas fortalecimento de laços comunitários e com isso as condições para o um fluxo ainda maior de compartilhamento entre as pessoas.

4.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A abordagem deste trabalho foi desenvolvida se dará pela recomendação de práticas de GC nas coordenações pedagógicas com o objetivo de melhoria dos resultados esperados.

A pesquisa teve natureza exploratória e qualitativa sobre a gestão do conhecimento no que tange às práticas da coordenação pedagógica nas escolas públicas de um modo geral, onde a metodologia utilizada para coleta de dados foram pesquisas bibliográficas e descritivas já realizadas relacionadas ao tema do presente artigo.

Durante a pesquisa levantou-se legislação pertinente ao tema, atuação do gestor e do coordenador junto ao corpo docente, bem como a descrição das práticas de GC identificadas nos procedimentos das coordenações pedagógicas das escolas públicas.

4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a implantação e implementação da GC nas escolas, em específico nas coordenações pedagógicas, buscou-se analisar e descrever as dificuldades e possibilidades para a melhora da qualidade de processos educacionais e administrativos das escola públicas, para que o conhecimento nestas instituições seja conduzido de forma mais inteligível e eficaz, recomenda-se a implantação de ciclos do conhecimento onde os conhecimentos sejam produzidos e armazenamentos a fim de proporcionar crescimento a todos os envolvidos no processo educacional da escola.

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Nesse sentido, o Coordenador Pedagógico deve

desenvolver ações coletivas e construtivas, buscando solucionar as dificuldades encontradas, junto ao corpo docente e discente, para melhor desenvolver o processo de ensino e aprendizagem, proporcionando contribuições teóricas e metodológicas para inovar e promover o ensino.

É notório e amplamente reconhecido que dentro da estrutura educacional o compartilhamento do conhecimento se faz necessário, pois se sabe que as coordenações pedagógicas buscam desenvolver ideias, práticas educacionais, organização de estruturas, administrar o conhecimento coletivo, disseminar práticas, resolver de problemas e compartilhar ideias e conhecimentos. Portanto, utilizar-se dos conhecimentos da ferramenta de comunidades práticas nas coordenações pedagógicas será sempre efetivamente produtivo.

No decorrer da pesquisa observou-se que as estruturas escolares estão estruturadas em Políticas Educacionais e Diretrizes curriculares, mas apresentam muitas dificuldades no processo educacional durante os momentos reservados para troca e compartilhamento de experiências e conhecimentos. Por tudo dito, frisamos que processos de gestão do conhecimento nas instituições de ensino é uma ação necessária, pois a educação precisa alavancar a evolução gerencial.

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OS ORGANIZADORES ADEMIR MENIN é Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma-PUG (2013). Especialista em Letras (Estudos Linguísticos e Literários) pela Universidade Estadual do Norte do Paraná-UENP (2010). Graduado em Filosofia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná-UNIOESTE (1995). Graduado em Teologia pela Pontifícia Universidade Urbaniana de Roma-PUU (1999). Atualmente é professor de Filosofia Moderna e Contemporânea na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.

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JOSÉ FRANCISCO DE ASSIS DIAS é Professor Adjunto da UNIOESTE, Toledo-PR; professor do Mestrado em Gestão do Conhecimento nas Organizações, na UNICESUMAR; pesquisador do Grupo de Pesquisa “Educação e Gestão” e do Grupo de Pesquisa “Ética e Política”, da UNIOESTE, CCHS, Toledo-PR. Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Urbaniana, Cidade do Vaticano, Roma, Itália; Doutor em Filosofia também pela mesma Pontifícia Universidade; Mestre em Direito Canônico também pela mesma Pontifícia Universidade Urbaniana; Mestre em Filosofia pela mesma Pontifícia Universidade; Especialista em Docência no Ensino Superior pela UNICESUMAR; Licenciado em Filosofia pela Universidade de Passo Fundo – RS; Bacharel em Teologia pela UNICESUMAR. Pesquisador do Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICETI). E-mail: [email protected]

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IVAN VIEIRA DA SILVA é graduado em Matemática pela Universidade Paranaense – UNIPAR (2006); é especialista em Matemática Financeira e Estatística pela Universidade Paranaense – UNIPAR (2008); é especialista em Gestão Escolar pela FAESI - DINÂMICA (2016); é especialista em Transtornos Globais de Desenvolvimento pela FAESI - DINÂMICA (2016) e Mestrando em Gestão do Conhecimento nas Organizações pelo Centro Universitário Cesumar – UNICESUMAR (2017-2018). Atualmente é professor no Centro Universitário Fundação Assis Gurgacz – FAG . Publicou: No livro “Conhecimento, Gestão e Educação” (2017, ISBN: 978-85-92670-24-5) os capítulos: - “Aprendizagem de Asperger: conceituação e intervenções na aprendizagem”; - “O papel da gestão no processo de ensino aprendizagem de alunos com distúrbio do processamento auditivo central”.

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