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O COLORIR DE UMA TELA EM BRANCO: UMA ESTUDANTE ESTAGIÁRIA EM BUSCA DAS CORES DO SABER
Relatório de Estágio Profissional
Relatório de Estágio Profissional, apresentado com
vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos
conducente ao Grau de Mestre em Ensino da
Educação Física nos Ensinos Básico e
Secundário, da Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto, ao abrigo do Decreto-Lei nº
74/2006, de 24 de março, na redação dada pelo
Decreto-Lei nº 65/2018, de 16 de agosto e do
Decreto-Lei nº 43/2007, de 22 de fevereiro.
Orientadora: Professora Doutora Paula Maria Fazendeiro Batista
Ana Mafalda Coelho da Silva
Porto, julho de 2019
II
FICHA DE CATALOGAÇÃO
Silva, A. M. (2019) O colorir de uma tela em branco: Uma estudante estagiária
em busca das cores do saber. Relatório de Estágio Profissional. Porto: A. Silva.
Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino
de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade
de Desporto da Universidade do Porto.
PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL; EDUCAÇÃO FÍSICA;
PROFESSOR; APRENDIZAGEM; AVALIAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM.
III
AGRADECIMENTOS
Obrigada a todos os que partilharam este percurso comigo!
Ajudaram-me a construir o meu percurso profissional,
Permitiram-me crescer, enquanto ser humano,
Levaram-me a aprender a viver num mundo em crise,
Deram-me a possibilidade de ver mais longe,
Fizeram-me perceber que a perfeição é utópica, mas atingível,
Permitiram-me tornar e ser professora.
Obrigada!
As palavras escasseiam.
Tornam-se insuficientes face a todo o apoio recebido,
Mas a gratidão perdurará!
Agradeço a todos o apoio nos momentos de angústia e de incerteza, o carinho
e a dedicação, bem como o amparo e a preocupação.
Obrigada, a todos, do fundo do meu coração!
V
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ................................................................................... III
ÍNDICE GERAL ............................................................................................ V
ÍNDICE DE QUADROS ............................................................................... IX
ÍNDICE DE ANEXOS ................................................................................... XI
RESUMO ................................................................................................... XIII
ABSTRACT ................................................................................................ XV
ABREVIATURAS E SÍMBOLOS .............................................................. XVII
1. PREÂMBULO ..................................................................................... 1
2. INTRODUÇÃO .................................................................................... 5
3. AUTORRETRATO ............................................................................ 11
3.1. Recortes do Colorir uma Tela em Branco .................................. 13
3.2. Perspetivas de um Quadro Colorido: Um Mundo por Descobrir 18
4. O MUNDO DA ARTISTA .................................................................. 23
4.1. A Paleta de Cores do Estágio Profissional ................................ 25
4.2. Um Local Privilegiado ao Qual Chamamos Escola .................... 29
4.3. O Ateliê de Aprendizagem: A Escola Cooperante ..................... 34
4.4. O Arco-Íris da Escola: O Grupo de Educação Física ................. 37
4.5. A Partilha das Cores do Saber numa Comunidade de Prática: O
Núcleo de Estágio ....................................................................................... 40
4.6. Modelos Vivos de uma Pintora Aprendiz: Os Alunos ................. 44
4.6.1. Azul: A Tranquilidade e a Serenidade do 11º Ano .................. 44
4.6.2. Amarelo: A Energia e a Alegria do 2º Ano .............................. 46
4.6.3. Verde: A Vitalidade e a Liberdade do 6º Ano ......................... 50
5. PRIMEIRA EXPOSIÇÃO DE UMA PINTORA APRENDIZ .............. 53
5.1. Perspetiva Pictórica da Educação Física ................................... 55
5.2. O Currículo a Preto e Branco ..................................................... 58
5.3. Das Nuances do Planeamento à Realização do Ensino ............ 63
VI
5.3.1. Painel Macro Cromático: Plano Anual .................................... 64
5.3.2. A Trilogia Meso: Uma Pintura Unidade a Unidade ................. 68
5.3.3. Pintora Minuciosa: Do Plano de Aula à sua Aplicação ........... 81
5.4. O Degradé de Cores da Intervenção Pedagógica ..................... 89
5.4.1. Das Cores Sólidas a uma Paleta Multicolor: A Relação
Pedagógica .............................................................................................. 90
5.4.2. O Professor e a Aplicação do Sfumato: A Instrução ............... 93
5.4.3. O Primeiro Passo para Colorir e Evoluir: A Reflexão ............. 96
5.5. Retoques Finais da Obra de uma Pintora: A Avaliação ............. 99
5.6. Avaliar para Aprender numa Unidade Didática de Ginástica
Acrobática no Ensino Secundário: Um Estudo em Contexto de Estágio
Profissional ............................................................................................... 107
5.6.1. Resumo ................................................................................. 108
5.6.2. Abstract ................................................................................. 109
5.6.3. Introdução ............................................................................. 110
5.6.4. Metodologia .......................................................................... 116
5.6.5. Procedimentos de Análise .................................................... 122
5.6.6. Resultados ............................................................................ 122
5.6.7. Discussão ............................................................................. 131
5.6.8. Conclusões ........................................................................... 133
5.6.9. Limitações e Sugestões ........................................................ 134
5.6.10. Ilações Pedagógicas e para a Formação ............................. 134
5.6.11. Referências Bibliográficas .................................................... 135
6. A PRÁTICA DA ARTISTA .............................................................. 139
6.1. Um Arco-Íris Incompleto: O Corta-Mato ................................... 141
6.2. Um Núcleo Unido pelas Cores do Saber: O Fit Day ................ 143
6.3. Uma Aprendizagem Cristalina: O Desporto Escolar ................ 145
6.4. Uma Explosão de Cores: O Sarau Escolar .............................. 151
6.5. O Elemento Policromático: O Diretor de Turma ....................... 153
7. PERSPETIVAS PARA UM FUTURO INCERTO ............................ 157
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................. 163
VII
ANEXOS .................................................................................................. XXIII
IX
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 – Análise SWOT da EE ................................................................ 16
Quadro 2 – Distribuição das modalidades na turma residente .................... 65
Quadro 3 - Planeamento Anual da Aptidão Física ....................................... 67
Quadro 4 – Instrumentos Utilizados ........................................................... 117
Quadro 5 – Estrutura da Unidade Didática ................................................ 118
Quadro 6 – Avaliação do esquema gímnico .............................................. 123
Quadro 7 – Avaliação Sumativa de Ginástica Acrobática ......................... 123
Quadro 8 – Resultados da Autoavaliação ‘’em relação a mim’’ ................. 125
Quadro 9 – Resultados da Autoavaliação ‘’relação com o outro’’ ............. 126
Quadro 10 – Resultados da Autoavaliação ‘’relação com a matéria’’ ........ 126
Quadro 11 – Resultados da Ficha de Avaliação de Conhecimentos ......... 127
Quadro 12 – Potencialidades e Dificuldades identificadas pelos alunos ... 129
XI
ÍNDICE DE ANEXOS
Anexo 1 – Certificado de Participação ...................................................... XXV
Anexo 2 – Dossiê de Ginástica Acrobática .............................................. XXVI
Anexo 3 - Entrevistas ................................................................................ XLII
Anexo 4 – Ficha de Avaliação de Conhecimentos ................................... XLV
Anexo 5 – Autoavaliação Aula a Aula ..................................................... XLVII
Anexo 6 – Autoavaliação da Utilização dos Princípios do AfL ............... XLVIII
Anexo 7 – Gravações Áudio Aula a Aula ................................................. XLIX
Anexo 8 – Observação por pares .......................................................... LXVIII
Anexo 9 - Cartaz Fit Day .......................................................................... LXXI
XIII
RESUMO
O Estágio Profissional, no contexto da formação inicial, é a última etapa de um
percurso pleno de aquisições. Este é um processo que se reveste de múltiplas
cores, tons e nuances, em resultado das experiências e vivências, que são
únicas para o desenvolvimento dos Estudantes Estagiários. Trata-se de um
contexto único e autêntico, com professores e alunos reais, que possibilitam a
vivência da profissão, ao mais alto nível. O presente documento espelha o
percurso de redescoberta das cores do ensino e do saber de uma pintora
(estudante-estagiária, a autora), num agrupamento de escolas sediado em
Aveiro, junto ao grande Porto. Este relatório iniciou-se com a metáfora de uma
tela em branco, que se foi colorindo ao longo do ano letivo, em resultado de
múltiplas aprendizagens e acontecimentos marcantes. Destaque-se o ato de
planear, efetuado de forma cuidada e ponderada, seguindo o currículo pré-
definido, a preto e branco, bem como as condições da instituição e as
necessidades de cada aluno, buscando o arco-íris do ensino e do saber.
Acrescente-se o processo de reflexão, algo que acompanhou o percurso da
Estudante Estagiária e que se revelou crucial para a transformação das cores
sólidas que transportava até uma completa paleta de cores. Esta atitude
indagadora e reflexiva permitiu à Estudante Estagiária identificar os problemas
do processo de ensino e procurar estratégias para os resolver através da
aplicação de uma metodologia única e transformadora: a Avaliação para a
Aprendizagem. A sua utilização potenciou a aprendizagem, tanto ao nível da
performance, como também das dinâmicas dos distintos grupos e aquisição de
conhecimentos. Além disso, elevou os níveis de motivação e de envolvimento
dos alunos da turma, que era uma dificuldade identificada desde o primeiro
período. De facto, este ano de Estágio Profissional representou um tempo e um
espaço marcante na formação da Estudante Estagiária, resultando numa
verdadeira explosão de emoções, de sensações e de cores, culminando numa
obra única e inesquecível, materializado no presente documento.
PALAVRAS-CHAVE: Estágio Profissional; Educação Física; Professor;
Aprendizagem; Avaliação para a Aprendizagem.
XV
ABSTRACT
The practicum training, in the context of initial training, is the last step of a full
path of acquisitions. This is a process that has multiple colors, tones and
nuances, as a result of the experiences lived, which are unique to the
development of the pre-service teacher. It’s an exclusive and authentic context,
with real teachers and students, that make possible the experience of the
profession, at the highest level. This document reflects the course of
rediscovering the colors of the teaching and knowledge of a painter (pre-service
teacher, the author), in a group of schools from Aveiro, near the center of Porto.
This report began with the metaphor of a blank canvas, which has been colored
throughout the school year, as a result of multiple learning and remarkable
events. It’s important to point out the act of planning, carried out in a careful and
thoughtful way, following the black and white curriculum, as well as the school
conditions and the needs of each student, seeking the rainbow of teaching and
knowledge. Adding the process of reflection, something that went along with the
course of the pre-service teacher and that proved out to be crucial for the
transformation from the solid colors to the complete palette of colors. This
inquiring and reflective attitude allowed the pre-service teacher to identify the
problems of the teaching process and to seek strategies to solve them through
the application of a unique and transforming methodology: the Assessment for
Learning. Its use has boosted out the learning, in terms of performance, as well
as the dynamics of the different groups and knowledge acquisition. In addition, it
also raised the levels of motivation and involvement of the class, a difficulty that
was identify since the first period of the year. In fact, this year of practicum training
represented a significant time and space in the pre-service teacher education,
resulting in a true explosion of emotions, sensations and colors, culminating in a
unique and unforgettable work, materialized in this document. PALAVRAS-CHAVE: Practicum Training; Physical Education; Teacher;
Learning; Assessment for Learning.
XVII
ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
AD – Avaliação Diagnóstica
AF – Avaliação Formativa
AfL – Assessment for Learning / Avaliação para a Aprendizagem
AS – Avaliação Sumativa
DE – Desporto Escolar
DT – Diretor de Turma
EE – Estudante Estagiária
EF – Educação Física
EP – Estágio Profissional
FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
JDC – Jogos Desportivos Coletivos
MEEFEBS – Mestrado em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e
Secundário
MEC – Modelo de Estrutura do Conhecimento
NE – Núcleo de Estágio
PAA – Plano Anual de Atividades
PAT – Plano Anual de Turma
PC – Professor Cooperante
PO – Professor Orientador
PNEF - Programas Nacionais de Educação Física
RE – Relatório de Estágio Profissional
UD – Unidade Didática
1
1. PREÂMBULO
2
3
A elaboração deste documento visou espelhar o percurso de redescoberta
das cores do ensino e do saber de uma pintora (estudante-estagiária, a autora),
candidata a professora. O início da vida profissional da estudante estagiária,
assemelha-se a uma tela em branco que se vai colorindo em resultado das
experiências e vivências no ateliê (escola), rodeada pelos seus alunos e
orientada por duas mestres experientes.
O ponto de partida foi um currículo a preto e branco, definido pelo
Ministério da Educação, que se foi revestindo de cores ao longo das várias
modalidades e unidades. Também o processo de intervenção pedagógica, fulcral
para reavivar as cores do mundo do ensino, se transformou e ganhou cor,
passando das cores sólidas e a uma perspetiva multicolor. Avaliar as obras
produzidas foi outro desafio que permitiu efetuar os retoques finais, como se de
uma pintora (professora) se tratasse.
Parti em busca das cores do saber, que me perseguem desde tenra idade,
procurando fazer sempre mais e melhor, na expetativa de alcançar a
competência docente. Procura esta tão bem expressa nas palavras de Ricardo
Reis.
Há uma cor que me persegue e que eu odeio
‘’Há uma cor que me persegue e que eu odeio,
Há uma cor que se insinua no meu medo.
Porque é que as cores têm força
De persistir na nossa alma,
Como fantasmas?
Há uma cor que me persegue e hora a hora
A sua cor se torna a cor que é a minha alma.’’
(Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa, 1994)
4
5
2. INTRODUÇÃO
6
7
O presente documento, focado nas ocorrências do Estágio Profissional
(EP), parece saído do pote do duende, que se encontra no fim do arco-íris. É
marcado pelas cores do ensino, cativantes e inspiradoras. Neste quadro, este
Relatório de Estágio Profissional (RE), incluído no plano de estudos do 2º Ciclo
de Ensino em Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (EEFEBS), da
Faculdade de Desporto da Faculdade do Porto (FADEUP), respira e perspetiva
a magia brilhante do ensino e da aprendizagem. É um documento que procura
responder e sintetizar vários aspetos de caráter fulcral, misturando as
tonalidades do mundo do ensino, como os conhecimentos e as competências. O
seu caráter é individual e contextualizado, sendo uma narrativa das experiências
e vivências de uma Estudante-Estagiária (EE), marcada por múltiplos tons e
nuances, que potenciaram verdadeiras transformações e mudanças, ao longo
do ano letivo, marcando o princípio descolorido e, simultaneamente, o fim de um
percurso exuberante e inolvidável.
De acordo com Cunha et al. (2014), o estágio é a etapa final da formação
inicial, sendo fulcral o estabelecimento de uma ligação entre a teoria e a prática.
Este processo de transição necessita de ser apoiado, designadamente pela
Professora Cooperante (PC) e pela Professora Orientadora (PO), face aos
múltiplos aspetos essenciais que o EE vivenciará. A reflexão, através de um
olhar crítico, acerca das reais dificuldades enfrentadas estará presente no RE.
De facto, este será um documento que espelhará, em grande parte, as
ferramentas utilizadas para que a eficiência e a excelência possam ser
alcançadas, na procura de recolorir este mundo repleto de cor. No entanto, tal
como mencionam Onofre e Martins (2014), a construção da profissão deve ser
vista como um processo contínuo e que se prolonga no tempo, partindo de uma
tela em branco, inclusive antes da formação inicial, e estendendo-se até ao
próprio desenvolvimento profissional do professor.
Queirós (2014a) enfatiza que este momento (de estágio) de entrada na
profissão é uma fase crucial, ao nível do desenvolvimento do conhecimento e da
própria identidade dos docentes. A autora acrescenta que a prática, em contexto
real, permite a construção e a consolidação de uma panóplia de destrezas,
atitudes e, inclusive, saberes práticos indispensáveis ao bom desempenho na
docência. Ao longo deste percurso, enquanto EE, “sujeito da profissão”, fui
8
moldando as tonalidades da minha identidade profissional. Este primeiro impacto
com a prática nem sempre é fácil. Tal como destacam Lima et al. (2014), a
construção da identidade é efetuada numa perspetiva conteudista, acreditando
que a chave para a docência é o domínio do conteúdo, perspetiva que se altera
no contexto real, vivendo um verdadeiro choque com a realidade. Este processo
não foi, de todo, simples. Foram vários os momentos de avanços iluminados e
de recuos sombrios, mas o caminho faz-se caminhando num percurso colorido
e este foi apenas o primeiro passo para um futuro melhor enquanto docente.
É importante destacar que o acompanhamento do EE, durante o processo
de crescimento e desenvolvimento, é efetuado por duas docentes, que
desempenham papéis de extrema importância: a PC e a PO. Sem a sua
presença, tornar-se-ia impossível a descoberta do mundo colorido que é o saber.
A primeiro, residente na instituição, efetua um acompanhamento mais próximo e
diário. Por outro lado, a PO efetua uma supervisão mais afastada, com
intervenções periódicas. Resultante desta combinação de elementos, surge o
Núcleo de Estágio (NE), que se encontra em ligação constante com os restantes
intervenientes na estrutura, desde professores do grupo de Educação Física
(EF), funcionários, alunos (Costa et al., 2014).
A totalidade dos intervenientes permitiu, sem qualquer dúvida, clarificar o
trabalho a desempenhar e potenciar a qualidade do processo, que é visível no
RE. O mesmo é constituído e dividido cinco grandes capítulos. O primeiro –
‘’Autorretrato’’ – contempla uma dimensão pessoal, com todo o meu percurso.
Segue-se o ‘’Mundo da artista’’, que retrata a realidade escolar, desde o meu
ateliê de aprendizagem (a escola cooperante), até aos modelos vivos de uma
professora aprendiz (os alunos). O capítulo seguinte explana o percurso
vivenciado ao longo do ano letivo, partindo de um currículo a preto e branco,
definido pelo Ministério da Educação, passando pelo processo de planeamento
e de intervenção e culminando nos momentos de avaliação, efetuando os
retoques finais, como se de uma pintora (professora) se tratasse – ‘’Primeira
exposição de uma pintora aprendiz’’. Por fim, surge a ‘’Prática da artista’’,
marcada por variados momentos no contexto escolar: o Corta Mato, o Fit Day, o
Desporto Escolar e o Sarau. Acrescente-se o tópico do Diretor de Turma,
elemento fulcral em toda e qualquer instituição. O documento encerra com uma
9
perspetiva de como será o futuro, incerto, mas onde continuarei em busca das
cores do saber.
10
11
3. AUTORRETRATO
12
13
3.1. Recortes do Colorir uma Tela em Branco
‘’Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...’’
(Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa, in ‘’O Guardador de Rebanhos – Poema VII’’, 1914)
Não sou alguém pintada de tons iguais, nunca fui, nunca serei, mas acho
que a diferença é o que nos torna únicos, é o que nos carateriza. Como tal, sou
o que sou, fruto das minhas vivências e experiências, da minha “bagagem. Sou
o que sou não pelo ‘’tamanho da minha altura’’, mas pelas decisões que tomo e
pelas opões que faço.
Nascida a 31 de maio de 1996, o meu nome é Ana Mafalda Coelho da
Silva e vivo, desde que nasci, em Fiães, Santa Maria da Feira, Aveiro, a 12 km
do mar, junto de todos os meus entes queridos.
A minha caminhada ao nível escolar começou na Escola Básica do 1º
Ciclo de Gesteira, em São João de Ver. Seguiu-se um novo percurso na EB 2/3
Fernando Pessoa, em Santa Maria da Feira, onde frequentei o 3º Ciclo. De
seguida, frequentei a Escola Secundária de Santa Maria da Feira, onde realizei
o 3º Ciclo do Ensino Básico. Foi um percurso de constantes mudanças, repleto
de múltiplas cores, tendo frequentado e finalizado o ensino secundário no
Colégio Internato dos Carvalhos (CIC), instituição que me marcou,
designadamente por ter sido aqui que dei o primeiro passo no mundo do
Desporto e da Educação Física. Concluí o secundário com média de 19,7 e
candidatei-me à FADEUP com uma média de 19,4. Ao longo do secundário,
muitos me perguntavam porque não seguia medicina ou outro curso e a minha
resposta era sempre a mesma: “o que eu quero é Desporto e Educação Física’’.
O apoio da família por esta opção esteve sempre presente e nunca fui
pressionada no sentido de escolher outro curso.
Mais do que o meu percurso, é importante refletir sobre cada momento,
cada aprendizagem, pois tudo aquilo que vivi até agora contribuiu para me tornar
14
na pessoa que sou hoje. Tal como advoga Lima et al. (2014), a identidade do
professor começa a ser construída desde cedo. Posso dizer, com toda a certeza,
que uma das pessoas que mais me marcou, durante todo este processo, foi a
minha professora de 1º Ciclo, que me acompanhou a partir dos 6 anos de idade.
A sua simplicidade, ternura e calma transformou-me numa pessoa mais
ponderada e tranquila, que aprendeu a valorizar as pequenas coisas da vida.
Após esta primeira etapa, muitos foram os docentes, de várias áreas e com
múltiplas personalidades, que acompanharam e enriqueceram o meu percurso,
colocando cor numa tela branca que, gradualmente, começava a ser pintada. Tal
como veicula Queirós (2014b), sinto que foram estes mesmos professores que
me formaram, sobretudo enquanto pessoa, educando-me em conjunto com a
minha família. Porém, o ensino secundário e a licenciatura foram, a meu ver, os
momentos que mais se destacaram ao nível do meu desenvolvimento e do meu
crescimento para a vida profissional, sobretudo pela vivência com professores
de Educação Física e de Ciências do Desporto, funcionando como modelos de
referência, tal como indicam Gomes et al. (2014). Nunca esquecerei o Professor
Dani que, por querer tanto que a filha fosse como eu, lhe deu o meu nome -
Mafalda. Acrescente-se que muitos outros docentes, sobretudo no Colégio
Internato dos Carvalhos, desempenharam um papel de destaque na minha
formação, desenvolvendo em mim a autonomia, a perseverança e a
responsabilidade, competências que são indispensáveis no mundo da docência.
Barros et al. (2012) reportam que não existem dúvidas de que a
socialização antecipatória se afigura como fulcral para que o futuro profissional
de ensino, sendo importante para melhor compreender e intervir no decurso do
processo formativo. Não posso esconder que, desde pequenina, soube
exatamente o que queria e, deste modo, a minha única opção sempre foi a
docência. O caminho tem sido, naturalmente, sinuoso, mas sinto,
frequentemente, que o rumo a seguir é este, procurando a competência que me
permitirá tornar uma verdadeira profissional. De acordo com Barros et al. (2012),
este sentimento de autodeterminação é essencial para a escolha e definição da
profissão que queremos ser. A verdade é que sempre fui uma lutadora, uma
pessoa que não desiste à mínima adversidade e que não para de tentar. Penso
15
que esta minha faceta surgiu do desporto e dos valores que surgem imbuídos
da sua prática. Tal como mencionam Batista e Pereira (2014), nunca se devem
esquecer os professores que acompanharam o percurso dos alunos, incutindo e
desenvolvendo múltiplas competências nos mesmos, cumprindo a sua
responsabilidade enquanto docentes.
De entre a panóplia de vivências ao longo do percurso, a atividade
desportiva foi, em todos os momentos da minha vida, um pedaço de mim. Depois
de praticar natação de competição e hip hop, ‘’vivo’’, atualmente, no mundo do
Voleibol. Sempre fui uma daquelas raparigas que não vive sem correr, sem saltar
e sem uma bola por perto. Nunca vivi fechada dentro de quatro paredes. Sou,
sem pensar duas vezes, uma pessoa ativa e apaixonada por tudo o que se
relaciona com desporto. Deste modo, é fácil perceber que se torna impossível,
para mim, encontrar um ponto na minha história que tenha despoletado a minha
paixão pelo desporto, já que, desde que me lembro, que o entendo como parte
integrante da minha vida. Além disso e de acordo com Morgan e Hansen (2008),
a EF está presente nos doze anos da escolaridade obrigatória, fazendo, desde
o primeiro momento, parte do meu dia a dia, Lembro-me de, a par da
Matemática, considerar a EF a minha disciplina preferida. Aliás, eu era das
poucas crianças que gostava de realizar o Teste de Cooper, o que demonstra o
meu gosto pelo exercício físico, em todos os níveis.
Importa mencionar que os vários eventos da minha vida foram
propiciando uma continuidade ao nível do mundo do desporto, nomeadamente
no Voleibol. Comecei a jogar com 12 anos e aos 14 fui chamada à seleção,
sendo este um grande marco na minha carreira enquanto atleta. Com o passar
do tempo, foram vários os clubes por onde passei, destacando-se o Castêlo da
Maia Ginásio Clube (CMGC), por me ter proporcionado a minha primeira
experiência enquanto sénior na primeira divisão do campeonato nacional. Além
disso, a partir dos 16 anos, iniciei a minha prática enquanto treinadora. O convite
surgiu da parte de uma treinadora que me acompanhava e, desde então, o
processo tem sido pleno de aprendizagens e de evolução. Atualmente, sou
treinadora do escalão de Infantis Femininas do Sporting Clube de Espinho, tendo
sido campeã regional em Janeiro e atingido o sexto lugar no campeonato
16
nacional, no final da época desportiva. Confesso que este meu papel ligado ao
desporto, me permitiu desenvolver múltiplas competências enquanto treinadora,
função similar à desempenhada pelos docentes. Tal como mencionam Barros et
al. (2012), todas as experiências vividas enquanto treinador/a, atleta e/ou aluno/a
influenciam a atuação dos futuros profissionais, fazendo-os acreditar que com
esforço o sonho é atingível.
‘’Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.’’
(Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, 1933)
Não sou perfeita, mas todos sabem que a perfeição é utópica. Tenho
caraterísticas positivas que me definem e outras não tão boas que fazem parte
daquilo que sou. No que concerne a estas forças que devem ser incrementadas,
às fraquezas que devem ser diminuídas, às oportunidades que têm de ser
aproveitadas e às ameaças que devem ser eliminadas, passo a apresentá-las
num esquema pragmático – Quadro 1, como se de uma Análise SWOT
(Strengths & Opportunities e Weaknesses & Threats) se tratasse.
Quadro 1 – Análise SWOT da EE
FORÇAS / OPORTUNIDADES
Comunicativa e descontraída
Sentir prazer no que faço
Forte capacidade de trabalhar em grupo e de adaptação
Perseverante, trabalhadora e empenhada
FRAQUEZAS / AMEAÇAS
Negativa e pessimista
Duvidar das minhas capacidades
Medo de fracassar
Insegura e pouco confiante Recear a opinião dos outros
Estou consciente daquilo que sou e do que tenho de melhorar para
continuar um percurso de procura da excelência como docente. Porém, quando
17
iniciei este processo de estágio também tinha consciência que o percurso não
seria simples, isto tendo em conta o duplo papel que assumia, o de professora e
o de aluna da FADEUP. Não obstante esta dualidade, considerava que o mais
importante de tudo seria o percurso que realizaria, sendo fulcral ser capaz de
transportar e transformar os conhecimentos aprendidos na escola e na faculdade
para as exigências concretas do meu contexto de atuação, adequando-os aos
alunos e às necessidades.
O desporto acompanhou as várias etapas da minha vida e, neste
momento, o meu tão ambicionado caminho encontra-se, praticamente,
concluído, com uma panóplia de conhecimentos, sentimentos, memórias e,
claro, experiências. De acordo com Lima et al. (2014), o professor constrói a sua
identidade a partir de múltiplas referências, nomeadamente, a história familiar, a
trajetória escolar e académica, a inserção cultural na sociedade, as vivências
desportivas.... tal como tenho vindo a destacar.
Nos tempos em que vivemos, em que os professores caminham sob
areias movediças, a ligação aos princípios, aos valores, aos direitos e aos
deveres é fundamental e imprescindível. Segundo Patrício (1993), os valores são
intrínsecos à educação, sem os quais o problema educativo não é equacionável
ou resolúvel. Isto é, o compromisso educativo não é possível sem valores. A
educação é, indubitavelmente, uma poderosa arma de combate aos problemas
sociais atuais, possuindo os docentes um papel de destaque na formação
integral das gerações futuras.
‘’Ensinar não é transferir conhecimentos. É criar as possibilidades
para a sua produção, para a sua construção.’’
(Paulo Freire in Pedagogia da Autonomia, 1997)
18
3.2. Perspetivas de um Quadro Colorido: Um Mundo por Descobrir
‘’As cores na pintura são como chamarizes que seduzem os olhos,
como a beleza dos versos na poesia.’’
(Nicolas Poussin, quoted by Giovanni Pietro Bellori in Lives of the Modern Painters, Sculptors and Architects, 1672)
Iniciou-se, no dia 3 de setembro de 2018, uma nova etapa da minha
formação, com muitos e novos desafios, motivações, perspetivas e, como
sempre, com dúvidas e inseguranças. Esta fase denomina-se Estágio
Profissional, onde o EE procura colorir, através da descoberta, o seu mundo de
conhecimentos e saberes. Considero que se tratou, em grande parte, de um ano
em que me coloquei, constantemente, à prova, como se se tratasse de um teste
contínuo ao meu desempenho enquanto docente.
No que concerne a este estádio da minha vida, as expectativas iniciais
eram muitas e bastante elevadas. Sempre estive consciente de que seria um
percurso duro e um verdadeiro desafio, mas também senti, durante todos os
momentos, que estava preparada para o enfrentar. Conhecendo-me como
conheço, sabia que as crises existenciais não seriam poucas, mas também
reconhecia qual era o meu sonho desde pequenina e desistir não era, não foi,
nem nunca será opção. Acrescente-se que a minha vida é o Desporto e tudo
aquilo que ele representa. É a minha paixão, é aquilo que me move.
É fácil perceber que esta experiência de estágio foi, sem qualquer dúvida,
uma das partes mais importantes no meu processo de desenvolvimento e
formação profissional. Tratou-se de aprender, em contexto real, com a
imprevisibilidade e o meio envolvente a influenciarem toda e qualquer decisão.
A verdade é que a aprendizagem acontece, efetivamente, com o contacto com
a realidade, com outros professores e com os próprios alunos (Batista & Queirós,
2013). Ao princípio, tudo me parecia impossível de acompanhar. Contudo, com
o passar do tempo, tornou-se uma rotina, um dia a dia comum, um sonho tornado
realidade. Confesso que não sei, muito sinceramente, se algum dia terei a
possibilidade de descobrir este mundo e as suas cores, face à conjetura atual do
ensino e da EF, mas o caminho é a percorrer é este.
19
A minha vida foi, até ao momento, pautada de vivências com outros
professores, treinadores e também atletas. Considero que o facto de ter sido
atleta durante muitos anos, de ser treinadora de Voleibol desde os meus 16 anos
e ainda de ter uma professora em casa, com bastante experiência, diminuiu,
consideravelmente, o choque com a realidade, comummente adjetivado de
aterrorizador. Contrariamente a muitos dos meus colegas EE, lido diariamente
com jovens e com os problemas inerentes à organização do processo de ensino-
aprendizagem. Não quero com isto dizer que no princípio me encontrava apta e
qualificada para a função que me tinha sido designada, muito pelo contrário.
Sabia que ainda existia muito para aprender e variadas competências e
capacidades para desenvolver. Reconhecia que as aprendizagens efetuadas no
âmbito da disciplina de Educação Física poderiam tornar-se bastante úteis,
nomeadamente no treino desportivo.
De acordo com Tannehill e Goc-Karp (1992), uma das questões capaz de
influenciar o maior ou menor sucesso das experiências de ensino, em contexto
real, são os elementos intervenientes em todo o processo: o Professor
Orientador (PO), o Professor Cooperante (PO) e o EE, que se espera que venha
a tornar-se professor. Confesso que a inexistência de uma relação com a minha
colega de núcleo e com as professoras responsáveis me deixou, nos momentos
iniciais, bastante recetiva quanto ao desenrolar do ano letivo. Tenho consciência
de que tenho uma personalidade muito própria e que nem todas as pessoas são
capazes de compreender a minha forma de trabalhar e de pensar. Porém, agora,
no final de todo este processo, estou certa de que não poderia ter estado melhor
acompanhada. Em todos os meus momentos de desvaneios, tive sempre
alguém por perto, capaz de me orientar e confortar, capaz de me fazer ver que
não há que ter medo e que os momentos menos bons fazem parte do processo
de construção profissional. Neste contexto, é impossível não mencionar e
destacar a alegoria da célula, efetuada por Rolim (2013). O autor fala de uma
célula jovem, em constante crescimento, transformação e formação, que é,
naturalmente, constituída por um núcleo e por um citoplasma. Os intervenientes
no processo seriam os cromossomas e os organelos, assumindo múltiplas
funções e responsabilidades para que a célula pudesse funcionar sem
20
constrangimentos e de forma plena, sobrevivendo, em equilíbrio. A verdade é
que, quanto mais profícua for a cooperação, a partilha e a relação das estruturas
da célula, melhor se espera que seja o resultado final, formando profissionais
mais críticos, reflexivos, competentes, humildes, cultos, ponderados,
responsáveis, curiosos, criativos, íntegros, disponíveis, altruístas e, acima de
tudo, humanos. Neste quadro, é fácil compreender que o estágio deve ser um
momento de partilha e, simultaneamente, de descoberta, em que os EE vão
descobrindo e pintando o seu mundo, com as múltiplas cores existentes, como
uma célula que cresce, de forma autónoma e responsável. Pois, eu cresci,
juntamente com todos aqueles que me acompanharam e que tornaram este
processo possível e, sem qualquer dúvida, feliz.
Relativamente às minhas expectativas.... Esperava encontrar, nas minhas
turmas, alunos apaixonados pela EF, como eu sempre fui. Queria ser capaz de
alterar alguns dos hábitos de vida que possuíssem. Queria, tal como enuncia
Marinho (2013), ir para além da técnica e da tática e ensiná-los a estarem sempre
predispostos a um aperfeiçoamento e a um aprimoramento do espírito. e acordo
com a autora, educar supõe a formação de um ethos íntegro e integral, devendo
o professor cuidar da integridade do educando, tal como eu pretendia fazer,
desde o primeiro momento. Estava consciente de que liderar uma turma com 22
alunos, durante um ano letivo, não seria tarefa fácil, mas ansiava, igualmente,
fazer parte da formação dos jovens que, num futuro próximo, farão parte da
sociedade. Esta possibilidade fez recair uma responsabilidade acrescida sobre
os meus ombros. Além disso, considerava que a relação que eu estabelecesse
com eles iria influenciar todo o processo, já que, como advogam Almeida et al.
(2013), se a mesma for positiva, a probabilidade de existir aprendizagem
aumenta. A meu ver, o processo foi pleno de aprendizagens e de conquistas, de
formação e de transformação individual, não só da minha parte, mas também de
todos os meus pupilos. Foi, indiscutivelmente, um verdadeiro arco-íris, vivido de
forma incessante por uma pintora à procura deste mundo por descobrir.
Pretendia ainda integrar, de forma dinâmica, um grupo disciplinar de
Educação Física e esperava que o mesmo estivesse disponível para ajudar. O
papel que os mesmos desempenhariam seria, do meu ponto de vista, de
21
destaque na minha experiência, uma vez que, se esta fosse positiva,
influenciaria a minha atitude perante o ensino e a profissão. Tal como
mencionam Morgan e Hansen (2008), são vários os docentes com múltiplas
memórias negativas passadas, dizendo, inclusive, que nada lhe havia sido
ensinado. Contudo, a minha relação e ligação a este grupo foi excecional. Esta
situação pode ter surgido devido ao facto de possuir uma personalidade
extrovertida, permitindo-me brincar com todos aqueles que fizeram parte deste
percurso. Naturalmente, alguns professores marcaram-me pela sua boa
disposição, outros pela sua devoção à profissão, pelo gosto de ensinar, pela
constante vontade de ajudar. Todos diferentes, mas igualmente fulcrais para o
meu crescimento. Posso dizer, com toda a certeza, que cada um deles coloriu
um bocadinho do meu mundo.
Desejava, com todas as minhas forças, que a minha relação com a colega
de núcleo fosse boa, de verdadeira partilha, tal como supramencionado pela
alegoria da célula. Ambicionava que se criasse uma amizade pura, de partilha e
de ligação, o que nem sempre é fácil pela personalidade e gostos que cada ser
possui. No entanto, penso que os nossos ‘’feitios’’ se encaixaram na perfeição,
fomos aprendendo a lidar uma com a outra, nas várias situações, mantendo-nos
prontas para ajudar, sempre que possível e necessário.
Esperava que a ‘’minha’’ PC me apoiasse e ajudasse sempre que
possível, mas também me desafiasse, potenciando o meu desenvolvimento e
fazendo-me sair da “caixa do conforto”, que tantas vezes nos impossibilita ir mais
além. A verdade é que foi ela, juntamente com a minha colega de núcleo, quem
lidou comigo diariamente, presenciando todos os momentos e ajudando-me a
superar as mais diversas adversidades, tendo, como tal, uma influência
significativa na minha evolução. Confesso que me surpreendeu bastante, pois
foi capaz de me transportar para a outra margem, de forma gradual, fazendo-me
passar de uma participação periférica, para uma participação interna, ativa e
autónoma, tal como refere Batista (2014) que deve ser efetuado.
Além disso, acreditava que a PO fosse estar sempre presente, tornando-
se uma parte importante deste puzzle, com experiência, conhecimento e, como
tal, com capacidade para facilitar todo o processo de ensino-aprendizagem. Era
22
alguém que já conhecia, com quem já trabalhara e sabia que o seu
profissionalismo e competência seriam uma mais valia no meu crescimento. De
facto e tal como destaca Silva (2014), a sua constante exigência, elevou a
fasquia do meu esforço e dedicação, procurando concretizar as várias tarefas
cada vez melhor, permitindo a transmissão de conhecimentos académicos.
No que só a mim diz respeito, esperava transcender-me, ultrapassar todas
as barreiras e vencer as minhas maiores inseguranças. Estava consciente de
que seria um ano de conhecimentos e de sentimentos, isto é, de razão, mas
também de emoção, o que nem sempre é simples de conciliar. Porém, as duas
devem coabitar em perfeita harmonia e eu esperava ser capaz de alcançar este
ponto de equilíbrio, potenciando o gosto dos alunos pela EF e motivando-os para
a prática de atividade desportiva fora do contexto escolar.
Acima de tudo, desejava tornar-me uma profissional capaz de gerar não
só novos conhecimentos, mas também novas competências, nos alunos e em
mim mesma. E, estava certa de que, a minha formação passaria bastante pela
experimentação, pela inovação, pelo ensaio de novos modos de trabalho
pedagógico e por uma reflexão crítica sobre a sua utilização. De acordo com
Batista e Queirós (2013), o meu verdadeiro crescimento aconteceria e
aconteceu, sem qualquer dúvida, na prática, baseada na experiência refletida e
com significado, compreendendo todo este quadro colorido que é o ensino.
Foi um ano de aprendizagens e descobertas, o culminar do processo de
crescimento e desenvolvimento profissional, o término do meu percurso
académico. Confirmando o veiculado por Ferreira (2013), estes 9 meses
passaram como um comboio, cheio de pressa e sem paragens obrigatórias,
tendo em conta todo o trabalho desenvolvido e modo como o realizei. De uma
coisa estou certa: sonhei mais alto que as nuvens e dei o melhor de mim, em
todos os momentos, para atingir esses ideais. Vivi, de forma intensa, a
variabilidade de situações, juntamente com os meus discentes, com a minha
colega de núcleo, com as PC e PO, com todos partilharam este meu caminho.
23
4. O MUNDO DA ARTISTA
24
25
4.1. A Paleta de Cores do Estágio Profissional
O Estágio Profissional, para além de ser o ‘’último passo’’ nesta minha
fase de desenvolvimento, foi também, no meu entender, a fase mais importante
do programa de formação de professores, tal como indicam Santos et al. (2013).
Para além de me ter permitido dotar e capacitar de múltiplas ferramentas para
melhorar a minha prática enquanto docente, também me possibilitou a conquista
de uma competência profissional.
Este é um terreno de constante construção profissional, em que o EE se
pode desenvolver e, a pouco e pouco, integrar e fazer parte da comunidade
educativa, sendo, provavelmente, a única experiência de ensino acompanhada
antes do fim da formação inicial de todos os EE. Assim, é fácil perceber que
constitui uma ponte entre o mundo académico e o campo profissional, marcada
por uma (re)construção da identidade profissional, em função das múltiplas
interações estabelecidas, tendo-me permitido formar enquanto docente. Neste
ano letivo, criei as minhas próprias perspetivas, opiniões e crenças referentes a
diversificados aspetos do ensino, nomeadamente ao nível da avaliação, da
aptidão física, da importância da relação com os alunos... É um momento
privilegiado de socialização na profissão, devendo ser vivido e sentido de forma
intensa, com múltiplos dilemas e desafios, um verdadeiro ‘’choque com a
realidade’’, tal como nos dizem Almeida et al. (2013). Esta denominação surge
por se associar a um constante medo de falhar, da necessidade de bastante
tempo para resolver problemas que docentes experientes resolveriam num
ápice, de sentimentos de solidão. De acordo com o mesmo autor, o docente
sente que, de um momento para o outro, deixa de ser estudante e passa a
assumir todas as responsabilidades de um professor, com um turbilhão de
emoções que inquietam qualquer um, mesmo que muito bem preparado, tal
como eu me senti.
‘’Eu já esperava que estes primeiros dias fossem assim: de crise e de choque
com a realidade, tal como é habitual nesta fase inicial de carreira (Souza,
2009). No entanto, nunca pensei duvidar tanto de mim e das minhas
26
capacidades enquanto futura docente. Todavia, tal como Souza (2009) indica,
é um período de muito trabalho e descoberta, sendo frequente um professor
iniciante sentir-se nervoso, estressado, angustiado, dominado pelo pânico.’’
/ Porto, 3 de setembro de 2018
De facto, o contexto real dificulta a atuação de qualquer docente, sendo
necessário um equilíbrio perfeito entre o saber teórico e prático, entre a razão e
a emoção. Deste modo, e de acordo com Rolim (2013), é fácil perceber que o
estágio deve ser entendido como um processo prolongado e demorado, mas
igualmente consciente, que se constrói com o passar do tempo, com uns
momentos melhores e outros menos bons, com avanços e recuos. O mesmo
autor acrescenta ainda que é um momento de grande autonomia ao nível da
atuação do estagiário, que permite uma certa liberdade de ação e um sentimento
de completa realização. Contudo, a responsabilidade deve ser considerada em
todos os momentos, uma vez que eu, enquanto EE tive, sempre, o papel de
mediadora de todo o processo de aprendizagem, sendo responsável pela
formação de futuros cidadãos. Tal como advogam Paixão e Jorge (2014), todos
os professores se devem centrar na formação de cidadãos responsáveis, ativos
e implicados na construção de uma sociedade sustentável e democrática,
construindo-os de forma integral e eclética.
De acordo com Batista e Queirós (2013), independentemente de todos os
constrangimentos que existem ou possam ser criados, naturais neste processo,
a prática em contexto real é, inevitavelmente, um ponto de destaque e de
reconhecimento, que deve ser aproveitado e explorado, ao máximo. Enquanto
EE, não poderia ter desaproveitado esta oportunidade, rica em todos os campos
do que é ser professor, profissão que ambiciono alcançar desde que me lembro
de pensar. Silva et al. (2014) acrescentam que é na escola, num contexto
‘’verdadeiro’’, que o EE tem a oportunidade de mobilizar o que aprendeu até ao
momento, com o intuito de se tornar um verdadeiro docente. A realidade da
instituição e a complexidade das tarefas da profissão são elementos que só
podem se explorados num contexto autêntico, sem nunca esquecer a
importância de algo que norteie o caminho a seguir. De acordo com os mesmos
27
autores, existe um currículo estruturado capaz de fornecer aos intervenientes,
os objetivos e as metas a alcançar, funcionando como uma bússola, que norteia
o caminho a seguir, tanto do EE enquanto professor, como do estudante.
Acima de tudo, este processo é, ou deve ser, de caráter reflexivo, sendo
o EE o principal impulsionador e propulsor da sua própria evolução. É
imprescindível que o espírito crítico seja desenvolvido, indo muito para além do
que se vê e observa, aprendendo através dos próprios erros. De facto, a reflexão
é e foi, no meu entender, uma das palavras chave deste ano de EP, tendo-me
permitido avançar e progredir no meu processo de formação, cruzando os meus
próprios horizontes e potenciando o crescimento, dentro de mim, de uma
‘’personalidade docente’’, plena de cores e de sensações, de vivências e
experiências.
‘’O caminho tem de ser para a frente, refletindo e progredindo a cada dia que
passa pelas experiências vividas. Este é o professor que podemos e devemos
ser: um professor, simultaneamente, resiliente e reflexivo. ‘’
/ Espinho, 10 de setembro de 2018
Tal como enunciam Alves et al. (2014), é simples compreender a razão
desta etapa ser a final da formação inicial de professores sendo reconhecida
como um momento crítico, mas fulcral para o desenvolvimento profissional. Foi
um tempo e um espaço privilegiado para a minha formação docente, que foi
vivida de forma intensa e onde desenvolvi múltiplas competências. Foi
impossível, para mim, ‘’não aproveitar’’ todo o potencial que me rodeava oriundo
da minha colega de núcleo, da PC, da PO e também dos docentes que
constituíam o grupo de EF. Fizeram, todos, sem exceção, parte deste momento
da minha vida, tanto a nível profissional como pessoal, plena de momentos de
partilha e de interação. Esta foi a forma que me permitiu, de verdade, ter
consciência do papel do professor e da EF, em contexto escolar.
‘’Sempre soube o que era ser professor. Nunca tive dúvidas de que o queria
ser. Além disso, a minha ligação constante à docência permitiu-me perceber
28
vários processos e dinâmicas estabelecidas, estando a par do funcionamento
da mesma. Sabia da responsabilidade que carregaria sobre os meus ombros
para formar seres íntegros e ecléticos, de fazer com que o seu processo de
ensino-aprendizagem fosse recompensador. Ser professor é, inevitavelmente,
uma responsabilidade enorme, onde, por muito que todas as cores existam, é
necessário organizar as peças e encadeá-las da melhor forma, para que
ganhem sentido (Lopes et al., 2015). Para mim, ser professor é responsabilizar-
me por um futuro melhor, procurando as estratégias mais indicadas e
adequadas para cada situação, utilizando metodologias centradas nos alunos.
A verdade é que os discentes são uma ponte entre mim e o futuro, estando a
formar a futura sociedade e os seus respetivos cidadãos. Deste modo, a
responsabilidade é acrescida, tal como supramencionado (Ferreira, 2013).’’
/ Espinho, 14 de novembro de 2018
É do senso comum que os docentes são elementos fulcrais no
desenvolvimento dos jovens, tanto a nível social, como pessoal, cultivando o
gosto pela prática e transmitindo valores, que todo e qualquer ser humano deve
possuir. De acordo com Oliveira (2001), o professor possui um papel ativo,
devendo atuar como um verdadeiro agente, considerando os problemas da
comunidade educativa em que se insere e orientando o trabalho em função das
suas necessidades e aspirações, numa perspetiva de transformação positiva,
orientado por uma reflexão crítica da realidade social.
O EP é, inevitavelmente, a etapa derradeira de formação enquanto
docente, possibilitando a vivência da profissão num contexto único e autêntico,
com professores e alunos reais. De acordo com Webster (2011a), o papel de
qualquer docente é e será sempre fulcral para realizar mudanças na escola, com
novas práticas e metodologias, indo de encontro às necessidades dos discentes
em questão. Na verdade, a teoria é fulcral, mas a prática e a vivência na
realidade são igualmente imprescindíveis. É, do conjunto destas três vertentes,
que surge a criação de uma identidade profissional única e diferenciada.
29
4.2. Um Local Privilegiado ao Qual Chamamos Escola
De acordo com o dicionário português da Língua Portuguesa, a escola é
uma instituição com o encargo de educar, que segue as diretrizes dos
programas, com múltiplos alunos de distintas faixas etárias, sendo o edifício
onde ocorre o ensino. Matos (2014) destaca que se trata de uma construção
social, que ocorre dentro e fora das instituições escolares, plena de relações e
interações humanas, orientando-se para o futuro. De facto, tal como enuncia
Pedro et al. (2015), a escola é um meio privilegiado para o desenvolvimento da
criança, em que se confronta a mesma com regras, comportamentos e
exigências comuns, preparando-a para a vida e integrando-a num contexto real,
tal como acontecerá na sociedade. Deste modo, é simples compreender que o
professor possuí um papel de destaque, uma vez que a ação educativa só pode
ser desempenhada por quem acredite que a mesma pode contribuir para a
formação de seres humanos íntegros, não limitando as suas funções à
transmissão de conteúdos programáticos (Queirós, 2014b), tal como eu procurei
efetuar desde o primeiro momento.
‘’Quero que eles aprendam, quero ver evolução neles, quero que seja um ano
pleno de aprendizagens para a sua vida futura e não consigo ‘’deixar’’
simplesmente andar, tenho de exigir e ir mais além.’’
/ Espinho, 16 de novembro de 2018
O Homem, desde os primórdios, sempre procurou o conhecimento de
tudo aquilo que se apresentava perante ele, tendo surgido a necessidade de o
produzir e reproduzir, de o transformar e humanizar. Ao longo do tempo, o
conceito de escola foi evoluindo e alterando em função dos objetivos a atingir.
Inicialmente, eram os mais velhos que ensinavam os mais novos,
desempenhado o seu papel na transmissão de ofícios, conhecimentos e
socialização. Com o passar do tempo, passou a ser uma relação entre mestre e
aprendiz, em que só alguns tinham acesso, por ser através da Igreja Católica.
Seguiu-se um reconhecimento de que era necessário educar determinados
parâmetros em função das necessidades da própria sociedade, ou seja, em
30
função as suas necessidades, criando e formando pessoas com as caraterísticas
necessárias (Fino, 2001). Atualmente, vivemos numa instituição vista como a
nova forma de socialização, caraterizada por ser gratuita, obrigatória, laica,
universal e num local próprio, com especialização de tarefas e para o maior
número de alunos possível. As orientações legislativas atuais para a educação
– DL 55/2018 e DL 54/2018, de 6 de julho - apostam na direção de uma escola
inclusiva, onde todos e cada um encontrem as respostas adequadas à suas
potencialidades, expectativas e necessidades, potenciando uma diminuição
efetiva do insucesso educativo. O trabalho das escolas deve ainda ter em linha
de conta as aprendizagens essenciais das diferentes disciplinas e dos vários
níveis de ensino, indo de encontro ao perfil dos alunos à saída da escolaridade
obrigatória1. Este assume uma natureza abrangente e transversal, respeitando
a multiculturalidade presente nas múltiplas instituições e assegurando que a
formação de cada aluno é orientada por um conjunto de princípios como o saber,
a inclusão e a adaptabilidade e de valores como a excelência, a curiosidade, a
cidadania e a participação, com todas as áreas de competência a desenvolver
para a formação integral (Martins et al., 2017). Assim, percebe-se que a
educação tem de considerar, em todos os momentos, os diferentes setores da
sociedade, pela sua interdependência e necessidade de moldar à esfera escolar
e aos respetivos intervenientes.
É simples compreender que a escola é um meio complexo e cultural,
estabelecendo um entreposto cultural, ou seja, uma mediação de diferentes
racionalidades culturais. Cada ser possui a sua própria “bagagem” cultural e
académica, que transporta consigo para outros locais, havendo uma interação
entre os vários intervenientes, negociando e emergindo uma cultura que os
diferencia. Isto é, como advogam Alves et al. (2014), toda e qualquer escola
possui uma cultura que lhe é caraterística, desenvolvida pela interação entre os
seus atores, no seu contexto específico. Basicamente, estamos a falar de uma
relação dialética que existe entre a própria estrutura e a ação, em que uma
condiciona a outra. De facto, todo e qualquer pensamento não surge apenas das
1 In Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, Ministério da Educação (Martins
et al., 2017).
31
condições objetivas dos regulamentos, mas também das interações humanas,
dos comportamentos no campo. Assim, é fácil perceber que a escola não existe
de forma isolada, mas numa comunidade dinâmica, em que todos os seus
intervenientes interagem entre si. Falamos da cultura organizacional da escola,
algo único, particular e individual, que permite a cada escola distinguir-se das
restantes. De acordo com Carvalho (2006), esta diferenciação decorre da
interação humana não estruturada, desordenada, aleatória e fluída, em que a
totalidade dos elementos têm de ser equacionados não apenas na sua
interioridade, mas também nas inter-relações com a comunidade envolvente.
Deste modo, apesar de as organizações escolares estarem integradas num
contexto cultural mais amplo, produzem uma cultura interna que lhes é própria e
que exprime os valores e as crenças que os membros da organização partilham,
surgindo num determinado contexto e em função do mesmo.
A educação é, inevitavelmente, um processo de socialização, com
necessidades distintas, com interesses da sociedade dispares e com conteúdos
escolhidos de forma diferenciada, tal como nos indica Matos (2014). Contudo,
os jovens têm o direito e o dever do acesso à escola, sendo o principal meio de
socialização e de promoção do desenvolvimento individual. De acordo com
Pereira (2018), a educação é um direito efetivo de todos e não um privilégio de
alguns, pois garante as melhores aprendizagens. Como tal, é um local
privilegiado para desenvolver os valores necessários para formar uma sociedade
de qualidade. Segundo Martins et al. (2017), não existem dúvidas de que a
escola deve ser e é um local propício à aprendizagem e ao desenvolvimento de
competências, incentivando e cultivando a qualidade e a excelência. Como tal,
devem existir projetos interdisciplinares, com uma articulação clara entre as
disciplinas, trabalho colaborativo e a promoção dos valores de cidadania e
desenvolvimento. Além disso, com a implementação de modelos curriculares
flexíveis e com a monitorização sistemática da eficácia das intervenções,
pretende-se que os alunos adquiram uma base comum de competências,
valorizando as suas potencialidades e interesses. Contudo, a escola é um local
mutável, que se vai moldando e ajustando à sociedade em que se insere, para
responder às necessidades de todos e de cada um.
32
‘’A verdade é que somos todos diferentes, com várias caraterísticas pessoais
que nos distinguem, algumas delas mais simples e fáceis de alterar, enquanto
outras nem tanto. No entanto, estas não podem ser motivo de “não-ligação”.
No contexto escolar, e mesmo fora deste, há a necessidade de nos
relacionarmos, constantemente, com pessoas diferentes. Esta
imprescindibilidade trespassa para o mundo profissional. Assim, do meu ponto
de vista, a escola assume um papel de destaque neste sentido, devendo
promover a relação, contribuindo para a formação global dos alunos. ‘’
/ Espinho, 18 de janeiro de 2019
A sociedade em que vivemos é distinta das de outros países, requerendo
uma escola igualmente diferente, com professores diferenciados e, como tal, de
uma formação de docentes adequada a estas necessidades (Lopes, 2014).
Porém, e, de acordo com Pereira (2018), somos enriquecidos pela diferença. A
heterogeneidade é o que mais se aproxima da realidade em riqueza e
diversificação. Tomando como referência Albuquerque et al. (2014) e a
sociedade heterogénea em que vivemos, entende-se que a formação dos
docentes deve ser orientada para que os mesmos sejam capazes de intervir em
contornos distintos e imprevisíveis. De acordo com os mesmos autores, os
professores têm a exigência de participar na formação integral da criança, bem
como no desenvolvimento da sua personalidade e a respetiva inclusão na
sociedade, preparando para a vida. Além disso, devem orientar a sua prática
pedagógica com vista a atingir uma educação inclusiva, que se carateriza pelos
princípios da educação universal, da equidade, da inclusão, da personalização,
da flexibilidade, da autodeterminação, do envolvimento parental e da
interferência mínima.
Queirós (2014b) refere que as inúmeras transformações verificadas nos
últimos tempos na sociedade, transformaram a escola num local cuja exigência
de atuação profissional é elevada, sendo, simultaneamente, um palco de
incertezas. Esta ideia é facilmente entendida se pensarmos no reduzido tempo
que a generalidade dos pais possuem, nos dias de hoje, para os seus filhos,
ganhando importância o professor no seu papel de educador (Albuquerque et
33
al., 2014). Basicamente, a escola tem funcionado como um prolongamento da
educação recebida em casa, sendo uma criação do espírito humano,
configurando-se como uma atividade indissolúvel de teoria e prática, de
conhecimento e ação (Bento, 2014), sendo a forma escolar de educação.
Acima de tudo, importa que a escola do Século XXI se mantenha aberta
aos desafios que lhe são colocados, como é o caso da crescente globalização e
do aparecimento de novas tecnologias. Nogueira (2014) reporta que se estas
são realidades que se afirmam no dia a dia, a escola não pode ficar alheia a esta
transformação, nem se desresponsabilizar. Cabe à escola proporcionar
momentos únicos aos seus discentes para que estes a considerem importante e
sintam que vale a pena apostar, preparando-os para a vida futura, procurando
que, mais tarde, atuem de forma responsável e criativa, na sociedade.
Aos alunos, tal como destacam Martins et al. (2017), o mundo atual coloca
novos desafios ao nível da identidade e da segurança, da sustentabilidade, da
interculturalidade, da inovação e da criatividade. Urge, assim, formar uma
instituição que responda às novas perspetivas de ensino que emergem da
atualidade (Nogueira, 2014), sendo a escola uma organização idiossincrática,
com caraterísticas bem distintas das restantes, o produto de um conjunto de
processos históricos complexos e nunca neutros.
De acordo com Pereira (2018), a instituição deve garantir, à saída, que
todos alcançaram aquilo a que tinham direito, ou seja, um perfil humanista,
ancorado no desenvolvimento de valores e de competências, tornando os jovens
aptos ao exercício de uma cidadania ativa, proporcionadora de bem-estar. Deste
modo e, tal como destacam Batista e Queirós (2015), é simples compreender
que a instituição escolar, em função das mudanças sociais, legislativas e
também ideológicas, tem vindo a transformar-se. Isto implica uma aposta
decisiva na autonomia das escolas e dos seus profissionais, em termos da
gestão dos currículos, respeitando as orientações emanadas para a educação.
34
4.3. O Ateliê de Aprendizagem: A Escola Cooperante
A Escola Secundária onde realizei o EP faz parte de um conjunto de
estabelecimentos que se denomina Agrupamento, sendo a sede do mesmo. Esta
estrutura surgiu de um processo de reorganização da rede escolar, no ano de
2011/12, que resultou da fusão de cinco estabelecimentos de diversos níveis de
ensino. É uma instituição que se situa em Espinho, no distrito de Aveiro, a cerca
de 20km da sede do concelho do Porto. É uma zona que começou a ser
explorada para a pesca, mesmo que de forma sazonal, o que potenciou o
desenvolvimento económico do concelho. Com o passar do tempo, Espinho foi-
se tornando uma cidade cada vez mais moderna, vivendo da praia e da atividade
turística, bem como da comercial, recebendo milhares de turistas, todos os anos,
sobretudo na época balnear.
No que diz respeito à comunidade, a escola sede integra 1636 alunos,
perfazendo um total de 2781 com os discentes dos restantes estabelecimentos
do Agrupamento. Acrescente-se que, no total, são 253 o conjunto de educadores
e docentes deste núcleo que, juntamente com 108 assistentes – técnicos e
operacionais, procuram ir de encontro ao lema do Agrupamento ‘’A Educar para
o século XXI’’.
Relativamente ao espaço físico e material, a instituição foi alvo de
requalificação e modernização, no âmbito do Programa Parque Escolar. Este
projeto permitiu melhorar as condições para potenciar aprendizagens
significativas, a todos os alunos. O edifício principal foi aumentado para integrar
os serviços administrativos, as zonas de convívio, a biblioteca e ainda a sala de
professores e o espaço do Diretor e da sua equipa. Os restantes blocos,
compostos por salas de aula, foram mantidos, tendo apenas sofrido uma
pequena remodelação. Foram criados dois novos espaços. Um deles
direcionado para as disciplinas específicas de Educação Tecnológica, Artes
Visuais e Tecnologias de Informação e Comunicação. O outro integra o bar, o
refeitório e o auditório.
Ao nível da EF, apesar de o material disponível não ser abundante, é o
necessário para a lecionação de toda e qualquer modalidade, nas melhores
35
condições. Possui um pavilhão, um ginásio e dois espaços exteriores (futebol e
basquetebol). Existe ainda uma rede de voleibol exterior e uma ‘’mini’’ pista de
atletismo, com dois corredores e uma caixa de areia. De destacar que as
instalações são variadas e de grande qualidade, sendo apenas difícil a prática,
no exterior, em dias de chuva.
Quanto ao Desporto Escolar, são várias as opções disponíveis para os
discentes: Natação, Ginástica de Trampolins, Ginástica Acrobática, Surf,
Multiatividades, Rugby, Minitrampolim e Xadrez. É visível o envolvimento de
todos os docentes de EF nestes projetos de desporto, fora do contexto sala de
aula, fomentando uma maior interação entre todos.
Neste caso específico, a instituição foi, durante o ano letivo em curso, a
minha segunda casa, que me acolheu da melhor forma e que funciona como um
verdadeiro lar, capaz de cultivar o que de melhor existe em mim: esta paixão
pelos alunos, pelo ensino, pela aprendizagem e pela EF. Penso que, acima de
tudo, a escola não pode ser, em momento algum, um universo separado da
comunidade, caso contrário, não será capaz de responder às necessidades da
mesma. De acordo com Queirós (2014a), ‘’ser professor’’ é compreender os
sentidos e a essência da instituição escolar, integrar-se por completo na
comunidade e aprender com todos os seus intervenientes. É na escola e no
diálogo com outros docentes que se aprende a profissão, seja através da
reflexão ou da observação... São elementos e rotinas que nos permitem atingir
a perfeição, ainda que utópica.
Por fim, mas mais importante de tudo, é importante compreender o lema
da instituição em que me inseri: ‘’A educar para o século XXI’’, promovendo o
sucesso, as atitudes e os valores e ainda a interação com o contexto envolvente.
Nogueira (2014) menciona que a escola do século XXI deve manter-se aberta e
disponível a projetos educativos originais, atenta às novas tendências
pedagógicas, com criatividade para potenciar a concretização de projetos
inovadores e aliciantes para a comunidade escolar. O mesmo autor acrescenta
que a originalidade é a palavra de ordem no mundo em que vivemos, em que
tudo parece já ter sido inventado e descoberto. De facto, a escola é multifacetada
e não existem limites para a sua manifestação, sendo facilmente percetível a sua
36
importância, colaborando na construção da personalidade de todo e qualquer
jovem. A escola deve ainda elevar os níveis de curiosidade, criatividade e
reflexão dos discentes para que seja possível assegurar a formação e o
desenvolvimento das suas capacidades intelectuais e humanas, no futuro,
potenciando uma adaptação plena e sem adversidades, no mundo atual. Os
próprios professores da instituição reconhecem a sua importância, tal como é
possível observar nos excertos seguintes:
‘’A escola, para mim, é o pilar para o crescimento e educação das novas
gerações. Sem a escola não seriamos capazes de educar as novas gerações e
capacitar as mesmas para os desafios da vida futura.’’
/ Professor 1 – 3 de abril de 2019
‘’A escola de hoje é, do meu ponto de vista, o grande formador da sociedade
de amanhã.’’ / Professor 2 – 3 de abril de 2019
Tendo em conta a sociedade em que vivemos, vincada pelo aumento da
tecnologia e do mundo tecnológico, é preciso adaptar a nossa própria atuação,
enquanto docentes, para sermos capazes de dar resposta não só às
dificuldades, como também às potencialidades. Importa que não só a minha
escola, mas também eu seja capaz de reinventar e elevar o trabalho do
professor, trabalhando diariamente para chegar cada vez mais longe, através da
reflexão e da continua procura da competência.
‘’Não serve de nada fazer, porque nos disseram que tínhamos de fazer. É
preciso refletir, procurando avançar, progredir e melhorar. Até porque as
contrariedades estarão sempre presentes, ao nível dos recursos humanos ou
materiais, mas é algo que está inerente ao ser professor no Século XXI. Estou
certa de que este desafio só será bom para mim e para o meu desenvolvimento
individual, uma oportunidade para me transcender. O trabalho diário com as
mais distintas dificuldades será um obstáculo, mas temos de acreditar e
continuar a trabalhar.’’ / Espinho, 11 de setembro de 2018
37
4.4. O Arco-Íris da Escola: O Grupo de Educação Física
De acordo com Batista (2014), o grupo de EF é um local formativo de
relevo, no qual os professores são agentes mediadores significativos nos
processos de integração e de aprendizagem dos EE em ambiente escolar. De
facto, não poderia estar mais de acordo. Aos meus olhos, os docentes,
nomeadamente os de EF, sempre foram o exemplo a seguir, fruto da vasta
experiência que possuem, algo que só pode ser conquistado através das
vivências em contexto real. Matos (2014) menciona que o caráter distinto da
disciplina de EF requer que os responsáveis pela mesma sejam dinâmicos e
ativos, seres em constante atividade e movimento, orientando-se pela
experiência corporal e pela vida ao ar livre. A meu ver, esta dinâmica e este
perfeito entendimento entre todos é crucial para potenciar processos de ensino-
aprendizagem de qualidade, não só no grupo de EF, mas na instituição.
Neste caso específico, eram catorze os professores de EF do grupo, com
os quais lidei diariamente, durante este ano letivo. Senti, desde o primeiro dia na
escola, uma enorme acessibilidade, simpatia e disponibilidade da parte dos
docentes, como se de um verdadeiro grupo colorido se tratasse.
‘’Mais um dia de estágio e, hoje, em específico, a primeira reunião do Grupo
Disciplinar de EF. Até ao momento, nada tenho a apontar a este grupo de
professores. Sempre me trataram bem e procuraram ajudar, pecam única e
exclusivamente quando me tratam por ‘’escrava’’. Todavia, dizem
simultaneamente que estarão 200% disponíveis para nos ajudar. ‘’
/ Espinho, 12 de setembro de 2018
Na verdade, nem todos os professores me surpreenderam pela positiva.
Uns pelos atrasos constantes, outros pelas dificuldades que nos causaram...
desencantaram-me, em alguns momentos. No entanto, no meu entender, as
maiores lacunas surgem ao nível da falta de atualidade do seu conhecimento,
bem como da sua própria desmotivação para a docência. Tal como enuncia
Graça (2014b), os docentes entraram um ciclo negro e vicioso de marginalização
38
profissional do qual não pretendem sair, sobretudo quando as suas condições
de trabalho não fazem jus à dificuldade da profissão.
Morgan e Hansen (2008) referem que são muitos os professores que,
neste momento, evitam lecionar EF ou a ensinam com fraca qualidade,
baseados nas suas próprias perceções negativas e experiências vividas. De
facto, as dificuldades que os docentes enfrentam, atualmente, são um foco de
desmotivação para quase todos. Desta forma, apesar de se tratar de uma área
de alta necessidade, está a ser interpretada e compreendida de uma forma
pouco produtiva e positiva pela sociedade. Urge alterar este paradigma para que
a formação integral dos alunos não seja colocada em causa, colocando os
alunos no centro do processo. Tal como mencionam Batista e Queirós (2015),
recolocar a aprendizagem no centro da EF poderá ser o caminho a percorrer,
tornando-a necessária e imprescindível no currículo.
Destaque-se que a dinâmica vivida, nesta instituição e agrupamento, é,
sem qualquer dúvida, bastante boa, tal como é possível observar nos excertos
que se seguem. A verdade é que os docentes evidenciam uma excelente relação
entre todos, trazendo cor e alegria ao meu dia a dia. Porém, do meu ponto de
vista, os convívios entre grupo poderiam ser concretizados com maior
frequência, contribuindo para um ambiente único e potenciador do gosto pelo
ensino e pela escola.
‘’Bom ambiente de trabalho.’’ / Professor de EF 1 – 2 de abril de 2019
‘’É um excelente ambiente. No entanto, a atual conjetura de congelamento de
carreiras, cria algum desconforto entre os docentes, já que uns serão
favorecidos em detrimento de outros.’’
/ Professor de EF 3 – 2 de abril de 2019
Não posso deixar de mencionar que, em alguns momentos, me senti uma
verdadeira criança no meio de todos eles. Não falo apenas a nível de
experiência, mas sobretudo de idade. É um facto que o corpo docente está cada
vez mais envelhecido, sendo o professor de EF mais novo, um contratado com
39 anos. Esta diferença de idades possibilitaria que o mesmo quase pudesse
39
meu pai, criando algumas resistências sobretudo ao nível de formas de pensar,
estar e conviver, sendo um dos maiores constrangimentos das escolas, tal como
enuncia um dos professores de EF da instituição.
‘’Um dos maiores constrangimentos nas instituições escolares é, sem qualquer
dúvida, a média de idades de docente, não estando preparados para formar
para o mundo em que vivemos. Urge alterar este paradigma.’’
/ Professor de EF 3 – 2 de abril de 2019
Considero que a partilha de momentos comuns é determinante na
valorização das interações humanas. Davis et al. (1989) afirmam que estas são
sempre sociais, podendo assumir um valor formativo, uma vez que as atividades
partilhadas se constroem na própria interação social, possuindo diferentes
significados em função da interpretação efetuada sobre a mesma. De facto, ser
professor está indubitavelmente associado a um processo de crescimento
pessoal e profissional, fruto da aquisição de múltiplos e variados conhecimentos.
De acordo com Graça (2014a), a construção da identidade docente é complexa,
requerendo processos de formação e de socialização. De facto, cada docente
de EF é um ser humano marcado pela vertente social e vive em comunidade.
‘’Importa perceber que o ser humano é um ser social e, como tal, a vida do
mesmo não faz qualquer sentido sem socialização. Porém, para que o homem
se torne um ser social, urge interiorizar as práticas concretas da vida social
(Almeida et al., 2013). Posto isto, é fácil perceber que as relações sociais
fazem parte da vida de todo e qualquer humano, sendo inevitável o
envolvimento em situações de relação social, tal como na escola. No meu caso
específico, não poderia estar mais contente com as relações que se vão
estabelecendo. Sinto-me parte deste grupo de professores, sinto-me parte
desta instituição, sinto-me bem. Por muito que seja o trabalho e as dificuldades,
sei que não estarei sozinha. Aliás, o almoço de quarta feira foi a prova disso.
Os docentes, todos reunidos, conversavam sobre as suas vidas e, em todos os
momentos, me incluíram nas suas conversas. ‘’
/ Espinho, 27 de setembro de 2018
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4.5. A Partilha das Cores do Saber numa Comunidade de Prática: O Núcleo de Estágio
De acordo com Batista (2014), o NE é um elemento que interfere bastante
nos vários processos de aprendizagem e de desenvolvimento de todos os
elementos que o constituem, influenciando, inclusive, a desconstrução e a
reconstrução identitária de cada um. Importa destacar que este inclui, não só as
EE do mesmo, como também a PC e ainda a PO. Todos foram, sem qualquer
dúvida, elementos de extrema importância no meu processo de formação,
permitindo-me descobrir as cores do mundo do saber e do ensino e esta é, sem
qualquer dúvida, a função do núcleo de estágio. De acordo com Batista (2014),
é neste núcleo que, não só os EE como também os PC e os PO, contactam com
novos modos de intervir e de pensar o ensino. A mesma autora acrescenta que,
de facto, se trata de um local de interação, possibilitando a reconfiguração
identitária de todos os seus intervenientes.
Posso dizer, com toda a certeza, que este núcleo de EP transcendeu
todas as minhas expectativas. A princípio, os receios eram múltiplos. Não estava
certa de como seria trabalhar com pessoas tão diferentes de mim que, até ao
momento, desconhecia, mas, confesso, que se tornou um processo de
verdadeira aprendizagem, pleno de momentos coloridos.
‘’Contudo, sentia, simultaneamente, um enorme medo e receio do que estaria
para vir. Como seria a minha orientadora de estágio? Como seria trabalhar com
o núcleo de estágio?’’ / Espinho, 6 de setembro de 2018 – Balanço Final
Naturalmente, tal como destaca Ferreira (2013), o receio está e estará
sempre presente. Somos seres humanos, com caraterísticas, personalidades e
feitios que podem, simplesmente, não encaixar. Contudo, tal como menciona a
mesma autora, nesta situação em específico, procuramos todos o mesmo:
descobrirmo-nos, dar de nós e sermos melhores, dia após dia.
Considero indispensável destacar o papel da minha colega Catarina, que
me acompanhou durante todo este percurso, lidando comigo diariamente,
suportando todos os meus momentos de frustração e de crises existenciais. De
41
acordo com Ferreira (2013), tudo se torna mais simples se não estamos
sozinhos, mas a viver numa comunidade de prática, em que a partilha de
preocupações e de paixões são uma constante. Cardoso et al. (2014) referem
que esta comunidade de prática se trata de uma aprendizagem coletiva, repleta
de cores e pintores com as mais variadas opiniões, favorecendo o processo de
formação através de constantes processos de negociação. De facto, considero
que todas as reuniões foram verdadeiros momentos de partilha e de crescimento
pessoal e profissional. Aliás, não tenho qualquer dúvida de que aprendi muito
mais através da partilha vivida, ao longo deste ano letivo, tal como é possível
observar no excerto que se segue.
‘’Não posso deixar de mencionar a importância que estas mesmas sessões têm
tido para o meu desenvolvimento. Permitem-me tirar dúvidas, partilhar
experiências, ouvir estratégias... evoluir e melhorar o meu papel enquanto
docente.’’ / Espinho, 10 de outubro de 2019
Estes momentos de partilha permitiram-me ir mais além. Tal como advoga
Ferreira (2013), possibilitaram-me decisões mais assertivas, seguras e
conscientes, fazendo com que o meu caráter reflexivo e crítico se
desenvolvesse. De facto, a relação e interação, entre todas, permitiu a minha
evolução constante e a união foi fulcral para que este ano letivo de EP se
tornasse um verdadeiro sucesso. Como tal, importa destacar o papel crucial que
a PC e a PO desempenharam durante todo o processo, tornando-se peças
chave para que se tornasse num ano rico e repleto de aprendizagens. Sem a
sua presença, estou certa de que nada teria sido igual.
‘’A verdadeira aprendizagem aconteceu na prática, no contexto real, com os
alunos, com a Professora Cooperante e com a Professora Orientadora.’’
/ Espinho, 18 de janeiro de 2019 – Balanço Final
De acordo com Reina (2013), ser PC é possibilitar a passagem do EE
para a outra margem, possuindo uma atitude de inconformismo, de constante
atualização e de responsabilidade tremenda. A autora menciona ainda que para
desempenhar esta função é necessário o gosto pelo ensino e por ensinar, por
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ser professor, ser um verdadeiro entusiasta, aceitando a inovação, os mais
diversos desafios e também conforto. Tem de ser alguém capaz de transmitir
este mesmo gosto aos próprios alunos e estagiários. Confesso que não poderia
estar mais de acordo, tem de ser alguém que procure sempre mais e que
reconheça que o crescimento e o desenvolvimento daqueles jovens estão ao seu
encargo. Neste caso específico, é a minha própria evolução que se coloca em
causa, sendo a PC responsável por a acompanhar, diariamente.
‘’Seguiu-se um dos melhores momentos, até agora, no estágio profissional: a
primeira reunião individual com a PC. Não pretendo com isto dizer que as
outras reuniões não têm sido igualmente importantes, mas é diferente. Este é
um momento centrado em mim e na minha evolução enquanto docente, em
que posso tirar todas as minhas dúvidas. De destacar e valorizar o papel da
professora, como refere Santos et al. (2013), a PC tem sido uma verdadeira
agente de formação, neste primeiro ano de tanta insegurança e incerteza.’’
/ Espinho, 18 de outubro de 2018
De facto, sou o que sou hoje, enquanto docente, fruto, em grande parte,
de todas as reuniões com o NE, supervisionadas pela PC. Os seus constantes
feedbacks e estímulos diferenciados possibilitaram-me ir mais além, fazendo-me
crescer tanto a nível profissional, como pessoal. Destaque-se que a reflexão foi
um dos elementos chave no meu percurso. Segundo Cardoso et al. (2014),
tornar-se professor implica momentos de diálogo com a prática, de
experimentação e de reflexão. De facto, qualquer processo de construção e de
edificação enquanto docente ficaria incompleto sem este caráter reflexivo,
impossibilitando o docente de atingir as competências necessárias para um
ensino de qualidade, contemplando todas as cores do saber.
A PO, tal como enuncia Batista (2014), tem, naturalmente, um papel
menos ativo e mais distante. De acordo com a mesma, as suas funções centram-
se, sobretudo, na regulação do que está definido e regulamentado e daquilo que
é efetivamente concretizado em contexto de EP. Do meu ponto de vista, o seu
papel vai muito para além desta sua ação reguladora, tendo sido alguém
bastante presente e disponível para ajudar, em todos os momentos. É, sem
43
qualquer dúvida, uma docente com múltiplos e variados conhecimentos, com
capacidade para contribuir e potenciar a minha formação enquanto EE, tal como
sucedeu. Confesso que sempre estive consciente das capacidades que a
‘’minha’’ PO possuía, tendo sido um aspeto positivo durante todo o processo.
‘’O facto de conhecer a docente fez-me sentir mais confortável e, acima de
tudo, mais confiante porque reconheço as suas competências, capacidades e
conhecimentos. Sei que estará sempre pronta para ajudar e que acompanhará
todo o processo.‘’ / Espinho, 24 de setembro de 2018
Destaque-se ainda que a PO demonstrou uma capacidade de supervisão
única, sobretudo nos momentos de visita à instituição, tendo despoletado a
minha transformação. Contudo, tal como enuncia Batista (2014), o exercício da
tarefa de orientação requer competências específicas na área de supervisão,
cuja ausência pode dificultar o acompanhamento de qualidade dos EE e, deste
modo, colocar em causa a sua formação. Confesso que esta situação foi algo
que, do meu ponto de vista, não sucedeu, tendo-me sentido acompanhada
durante todo percurso, tanto pela PO como pela PC.
’’A ajuda fornecida por parte das PC e PO tem sido algo a destacar pela
positiva, bem como as dicas que têm vindo a sido múltiplas e variadas, sempre
conscientes de que os erros farão parte deste longo caminho a percorrer.’’ / Espinho, 8 de janeiro de 2019
Silva (2014) menciona que o sucesso do EP depende dos vários
intervenientes no processo, ou seja, do EE, do PC e do PO. Sem a presença de
um deles, a formação do professor ficará incompleta. A verdade é que, neste
processo formativo, de descoberta das cores do mundo do ensino, todos são
importantes. Estou consciente de que este acompanhamento foi fulcral para o
meu crescimento, ajudando-me a perseguir o meu sonho de ser professora. De
facto, lidar com os erros, com os momentos menos positivos e com todas as
adversidades da docência não é um processo fácil e que se tornaria,
praticamente, impossível, sem os conhecimentos e a experiência das
professoras que me acompanharam.
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4.6. Modelos Vivos de uma Pintora Aprendiz: Os Alunos
Do meu ponto de vista, as características e especificidades dos alunos
são o cerne de todo o processo de ensino-aprendizagem. Logo, a minha
intervenção, enquanto docente, terá de ser adequada às suas necessidades e
também motivações, potenciando um maior empenho de todos.
De acordo com Nogueira (2014), a motivação é a chave do sucesso, não
só para os discentes, como também para os docentes, que procuram fazer da
escola um eterno ponto de partida e não um mero ponto de chegada. A
instituição escolar deve manter-se aberta a conceitos originais e irreverentes,
potenciando a efervescência de ideias e a conceção de alternativas que
possibilitem contrariar o conformismo e a estagnação.
Garrett e Wrench (2018) destacam a importância do papel do docente
para a formação dos discentes, potenciando o seu perfil na totalidade. Importa
ainda perceber que os alunos são seres únicos e que devem ser tidos em conta
pela sua individualidade, colorindo-os e fazendo brilhar as cores da pessoa que
mora em cada um deles.
4.6.1. Azul: A Tranquilidade e a Serenidade do 11º Ano
A turma residente era um décimo primeiro ano de escolaridade do Curso
Científico-Humanístico de Ciências e Tecnologias, constituída por vinte e dois
alunos, integrando dozes raparigas e dez rapazes. A sua faixa etária situa-se
entre os dezasseis e os dezoito anos, com três alunos que repetiram um ano
letivo, por completo, por motivos variados. Cinco dos alunos apontaram a EF
como a sua disciplina preferida e nenhum dos restantes a identificou como uma
das que menos gosta. Além disso, cinco são atletas federados de múltiplas
modalidades, existindo ainda outros sete que praticam atividade física fora do
contexto escolar. Este foi, do meu ponto de vista, um aspeto a destacar pela
positiva, uma vez que potenciou o bom desenrolar do processo de ensino.
Importa mencionar que todos os alunos, com exceção de apenas uma
rapariga, tencionam continuar a praticar atividade desportiva no futuro, quando
se encontrarem no ensino superior e/ou no mundo do trabalho. Julgo que esta é
45
uma situação rara nos dias de hoje, pois quase todos pretendem manter o seu
nível de exercício físico e de condição física elevados. Porém e de acordo com
Murcia et al. (2007), o facto de os seres humanos vivenciarem sensações de
prazer quando realizam atividades físico-desportivas pode estar relacionado com
a continuidade da prática, sendo uma das minhas ambições enquanto EE.
Em função do conjunto de dados recolhidos, não só através da bateria de
testes Fit Escola, mas também de uma primeira Avaliação Diagnóstica (AD) ao
nível dos Jogos Desportivos Coletivos (JDC), foi possível constatar que os
alunos da turma possuíam um desempenho bastante elevado ao nível da aptidão
física e que, no geral, compreendiam os princípios base dos JDC. Naturalmente,
alguns alunos evidenciaram dificuldades na desmarcação e marcação individual,
bem como da relação com bola, dificuldades essas que foram trabalhadas de
forma continuada ao longo de todo o ano e, em parte, combatidas.
Destaque-se que, ao nível dos conceitos psicossociais, todos os alunos
da turma demonstraram uma enorme predisposição para as aulas de EF, mesmo
que o seu entusiasmo e envolvimento não fossem os desejados. Apesar de a
turma apresentar uma boa dinâmica, com bons métodos de trabalho, os alunos
possuíam um reduzido grau de exigência de si mesmos, o que, por vezes, os
impede de evoluir, de ir mais além, revelando uma palidez cromática que urge
modificar. De facto, este é o motivo de a cor azul os caracterizar, pela sua
tranquilidade e serenidade em todos os momentos, pela falta de chama e de
paixão. Após reconhecer que esta era uma das maiores dificuldades da classe,
procurei, tal como indicam Meneses et al. (2015), perceber os diferentes papéis
que cada aluno poderia exercer, com o intuito de rentabilizar as interações,
tornando-as fontes de aprendizagem e ajudando-os a brilhar. Davis et al. (1989)
destacam que, se o papel da escola é promover a construção de múltiplos
conhecimentos, é fulcral que a mesma propicie interações entre os alunos e que
os mesmos participem, de forma ativa, nas mais variadas tarefas.
Esta foi, sem qualquer dúvida, a minha maior luta durante todo o ano,
procurar que os alunos se envolvessem e se entusiasmassem com as
modalidades lecionadas, passando de um azul que lembra o mar para um
vermelho que simbolizasse a exaltação da prática desportiva. A verdade é que,
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de forma geral, a turma apresentou uma elevada evolução nas várias UD, mas
senti, sempre, que lhes faltava entusiasmo e alegria para as aulas pudessem ser
brilhantes, fantásticas, únicas e inesquecíveis.
‘’O que acontece é que as aulas, de forma geral, correm todas bastante bem,
mas falta-lhes algo único e bastante difícil de alcançar: o entusiasmo. É como
se, no final, faltasse sempre algo mais. ‘’ / Espinho, 13 de novembro de 2018
Em retrospetiva, considero que o envolvimento dos alunos na prática se
elevou a partir do momento em que o processo de ensino aprendizagem passou
a centrar-se neles, através da utilização de uma metodologia única: o
Assessment for Learning (AfL) – objeto de explanação num capítulo
subsequente. A verdade é que os tornou responsáveis acerca do seu próprio
crescimento e evolução, tendo despoletado níveis de motivação e de entusiasmo
únicos para a prática, propiciando momentos memoráveis, que ficarão para
sempre marcados nas suas memórias, como se o tom de azul tivesse sido
pintado de vermelho, matizando a sua cor original.
4.6.2. Amarelo: A Energia e a Alegria do 2º Ano
A turma do 2º ano foi uma das turmas partilhadas no decorrer deste ano
letivo de EP. Era constituída por vinte e seis alunos, quinze raparigas e onze
rapazes, com uma energia e um brilho contagiantes. Apelidei-os,
constantemente, de pequenos pintainhos, bem amarelinhos, pela sua energia e
entusiasmo em tudo o que lhes era proposto. De facto, a sua vivacidade e o seu
ânimo eram únicos perante cada aula, como se tudo fosse uma eterna novidade,
interessante e cativante, estimulante e atraente.
Relativamente ao seu desempenho motor e à cultura desportiva, os
alunos apresentavam, desde o primeiro momento, um nível de excelência.
Naturalmente, dois ou três alunos evidenciaram algumas dificuldades, sobretudo
ao nível das perícias e das manipulações e dos deslocamentos e equilíbrios.
Contudo, estes foram dois dos blocos lecionados com mais enfâse, durante o
ano letivo, de forma a dar resposta aos conteúdos programáticos definidos.
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Destaque-se que, ao nível dos conceitos psicossociais, os alunos evidenciavam
um reduzido nível de rotinas e de regras. Penso que esta situação surgiu fruto
de ser a primeira experiência da turma numa aula de Expressão e Educação
Físico-Motora. Ainda assim, não posso deixar de mencionar que a evolução de
todos foi única, tornando-se uma completa revelação, pelo menos para mim. Se,
no princípio, pensava que iria odiar (Excerto 27 de setembro), que não gostaria
de continuar, que era algo que não me cativava, por serem alunos demasiado
novos, esta perceção rapidamente mudou (Excerto 22 de novembro). Estes
pequenos pintainhos, repletos de tons vivos, tornaram-se uma ‘’professora
galinha’’ melhor.
‘’É, sem qualquer dúvida, a faixa etária que menos me cativa. Prefiro alunos
mais velhos, mais responsáveis e conscientes, daí ter como sonho ser
professora universitária. Considero que este será o meu maior desafio: lidar
com crianças de 6/7 anos, do 2º ano de escolaridade, talvez pela minha falta
de paciência.’’ / Espinho, 27 de setembro de 2018
‘’Confesso que, trabalhar com jovens desta faixa etária tem sido, sem qualquer
dúvida, das melhores experiências que o EP me proporcionou. Acompanhar a
evolução clara de cada um deles, com as suas pequenas conquistas, faz com
que me sinta alguém importante na formação de um outrem. Faz-me sentir
uma verdadeira docente, capaz de ‘’transformar’’ o que me rodeia.’’
/ Espinho, 22 de novembro de 2018
Em retrospetiva, confesso que dar aulas ao 1º Ciclo foi, desde o primeiro
momento, uma verdadeira montanha russa, repleta de aprendizagens e
experiências, de uma vivacidade única. Neves (2007) afirma que este nível de
ensino corresponde à escola inicial dos alunos, sendo também a primeira
instituição socializadora, capaz de proporcionar aprendizagens muito para além
das consideradas, socialmente, mais relevantes. De acordo com o mesmo autor,
esta é capaz de ultrapassar as visões centradas nos conteúdos programáticos e
eu não poderia estar mais de acordo. Mais do que ensinar a saltar à corda, a
efetuar um rolamento à frente, é fulcral que estas crianças aprendam as regras
básicas da disciplina que, em grande parte, se associam à vida e à forma como
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todos devem viver em sociedade e lhes seja dada a perceber a importância e o
valor do Desporto para o bem-estar e para a felicidade.
Neste campo, sinto que efetuei, com sucesso, tudo o que estava ao meu
alcance, com o intuito de transmitir os valores inerentes ao Desporto,
aprendendo a ser, a estar e a viver em sociedade. Confesso que nem sempre
foi fácil controlar e orientar este grupo de crianças tão pequenas e enérgicas,
tendo sido necessário ‘’pensar como eles’’ para ser capaz de os compreender e
envolver no processo. A verdade é que estes jovens não são adultos em
miniatura e requerem, como tal, uma atenção especial por parte dos docentes,
procurando que o seu desenvolvimento seja maximal. Como tal, o professor
desempenha um papel de destaque e que pode, sem qualquer dúvida,
influenciar e elevar a probabilidade de sucesso dos alunos. Na verdade, urge
combater o analfabetismo motor, algo que, no meu entender, deve estar
erradicado nos alunos, no final da escolaridade básica.
Atualmente, os alunos do 1º Ciclo frequentam esta primeira instituição e,
apenas quatro anos depois, iniciam o seu percurso numa nova escola, que
desconhecem. Tal como destacam Gomes et al. (2014), estas constantes
alterações aportam ao estabelecimento de um perfil de aluno bastante
heterogéneo, nomeadamente ao nível dos conhecimentos, competências e
também conceções, colocando novas e renovadas exigências às instituições de
formação. O meu intuito foi fazer com que estes aspetos fossem desenvolvidos
na sua íntegra para que, num futuro próximo, o ‘’choque de realidades’’ seja
menor. Além disso, importa que o seu desenvolvimento motor não seja colocado
em causa, encontrando-se numa fase de extrema importância para que tal
aconteça.
‘’A verdade é que os mesmos se encontram na zona de desenvolvimento
proximal, período onde todas as capacidades podem e devem ser
despoletadas, gerando enormes ganhos. Sempre que colocamos uma nova
tarefa, as dificuldades aumentam. Todavia, num curto espaço de tempo, são
capazes de aprender e assimilar a habilidade, bem como a sua realização da
forma mais adequada. ‘’ / Espinho, 15 de novembro de 2018
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Estas dificuldades podem, no meu entendimento, ser combatidas através
de um bom desempenho por parte dos professores das turmas, considerando
cada aluno como um ser único e distinto de todos os outros, indo de encontro às
suas necessidades. Todos possuem as capacidades essenciais para o seu
desenvolvimento, aguardando apenas serem despoletadas. Deste modo, é fácil
compreender a importância do papel do professor, sendo o principal responsável
pelas aprendizagens e pela formação dos seus alunos. De acordo com Batista
(2014), este processo de construção de identidade dos estudantes e também do
professor é dinâmico e contínuo, algo que acontece com o passar do tempo e
que requer sujeitos ativos e em permanente ação. A autora menciona ainda a
necessidade de criar um sentido e de reinterpretar os valores e as experiências
vividas. No meu entender, este constante processo de intervenção potencia, sem
qualquer dúvida, o crescimento e o desenvolvimento de qualquer docente. Não
sei o que me reserva o futuro, sobretudo a nível profissional, mas uma das
opções mais viáveis são as Atividades de Enriquecimento Escolar (AEC’s) e,
como tal, terei de ser capaz de liderar todo o processo de ensino-aprendizagem,
considerando as características únicas e distintas da faixa-etária em questão.
Posso dizer, com toda a certeza, que me sinto mais do que preparada
para qualquer adversidade e/ou contrariedade que possam surgir, neste nível de
ensino. Foi, inevitavelmente, um desafio enorme, desde o primeiro momento,
tendo despoletado um enorme crescimento no meu ‘’eu’’ docente, através da
própria prática. A verdade é que a energia e o entusiasmo contagiantes dos
alunos dificultaram, por um lado, o seu próprio desenvolvimento, mas, por outro,
tornaram-se uma mais valia para propiciar aprendizagens duradouras e
momentos inesquecíveis. De facto, o negro desencanto que pairava em mim
sobre as atividades com crianças deste nível de ensino transformou-se, por
completo. O mesmo passou, inclusive, a um colorido gosto e desejo de voltar a
repetir tal experiência, guardando apenas as lembranças doces e amarelinhas
que estes pequenos pintainhos me deixaram.
50
4.6.3. Verde: A Vitalidade e a Liberdade do 6º Ano
A turma do 6º ciclo foi, desde o primeiro dia, um verdadeiro desafio. Esta
foi uma das turmas partilhadas, sendo constituída por trinta alunos, doze alunos
do sexo feminino e dezoito do masculino. A heterogeneidade da turma nas várias
competências marcou-me pela sua diferença face restantes. A verdade é que os
alunos demonstraram níveis de aptidão física muito distintos, como se tratasse
de quadro pleno de cores diferenciadas que se completam. Porém, a elevada
predisposição para a prática destacou-se como um ponto positivo, tendo
contribuído para aprendizagens em todas as modalidades, sem exceção. Além
disso, considero que se tornou um ótimo momento de prática para o meu
crescimento, tendo aprendido através do planeamento, da lecionação e da
interação com os alunos. A verdade é que os níveis de ensino são distintos, bem
como as turmas, requerendo do professor a tarefa árdua de adequar os
conteúdos às necessidades e potencialidades de cada um. Neste caso, a turma
sempre foi, para mim, cheia de cor verde, plena de vitalidade e de liberdade, com
um enorme potencial e capacidade para aprender.
De acordo com Albuquerque et al. (2014), sempre que os EE iniciam a
sua formação inicial aportam consigo várias ideias pré-concebidas acerca da EF
e da forma como a mesma pode e deve ser lecionada. A verdade é que eu não
fui, nem sou exceção. Pensava que lecionar aos mais jovens, alunos deste nível
de ensino, era efetuar um conjunto de jogos lúdicos, aula após aula. No entanto,
após um reduzido número de sessões, rapidamente me apercebi que era
necessário ir muito além do típico jogo formal, era necessário percorrer as várias
etapas, ultrapassado os desafios que surgissem pelo caminho. De facto, esta
faixa etária corresponde ao momento em que se deve fomentar e desenvolver o
gosto pelo desporto e pelo exercício físico, mas não só. É fulcral, neste momento
de formação e de crescimento, criar rotinas e dinâmicas de turma, ensinando-os
a trabalhar em grupo e a saber ser, competências que vão de encontro ao perfil
do aluno à saída da escolaridade obrigatória.2
2 In Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, Ministério da Educação (Martins
et al., 2017).
51
Um dos aspetos que considero importante mencionar diz respeito à
conduta dos discentes. Apesar de cumpridores e de demonstrarem reduzidos
comportamentos desviantes, foram crescendo ao nível dos conceitos
psicossociais. De facto, esta foi uma das nossas preocupações (minha e da
minha colega de estágio), desde o primeiro momento. Apesar de o nível de
assiduidade e pontualidade terem sido positivos durante todo o ano letivo, a falta
de atenção e de concentração e as constantes conversas paralelas foram
situações em que atuamos de uma forma mais efetiva. Guimarães et al. (2001)
enfatizam que o currículo da EF pode e deve abordar aspetos ao nível das
atitudes e dos valores, fundamentais para o desenvolvimento integral de todo e
qualquer aluno. Destaque-se ainda que, tal como enuncia Novais (2007), todo e
qualquer docente deve conhecer os comportamentos que as crianças e os
jovens podem demonstrar, no decorrer das várias atividades, potenciando
intervenções adequadas, no momento certo e, acima de tudo, a utilização de
estratégias preventivas de possíveis incidências. De facto, o meu
desenvolvimento foi sobretudo neste campo, tendo aprendido a lidar com cada
individualidade da maneira que cada uma delas necessita, indo de encontro às
suas necessidades e utilizando as estratégias mais adequadas para tal. Além
disso, a própria duração das sessões foi um aspeto distinto do habitual e ao qual
me tive de adaptar.
‘’Foi a minha primeira experiência numa aula de 45’. Senti que não há tempo
para instruções prolongadas, devendo ser sucinta e clara na descrição dos
exercícios e nos objetivos para cada um deles. Caso contrário, tornar-se-á
difícil lecionar os conteúdos planeados. ‘’ / Espinho, 9 de janeiro de 2019
Naturalmente, existem sempre dias melhores e dias piores, sobretudo no
que concerne ao comportamento da turma. Considero, inclusive, que o próprio
estado do tempo influencia a postura e a forma de estar dos alunos. Isto é,
quando estava sol, os alunos tendiam a estar extremamente ativos, frenéticos e
motivados, com bastante energia e sem querer parar de correr. No entanto, em
dias de chuva e/ou mais sombrios, sentia, quase sempre, os alunos mais
desconcentrados, criando dificuldades ao processo de ensino. Oliveira (2001)
52
destaca a importância de fornecer experiências de qualidade e de prazer aos
alunos para que os mesmos possuam iniciativa e responsabilidade pelas suas
aprendizagens, o que requererá um bom comportamento da sua parte.
‘’Bento (2013) refere que ser professor possui uma regra fulcral: a de ensinar
bem, ou, pelo menos, o melhor possível. O mesmo acrescenta ainda a regra do
estudante: a de aprender, ou, pelo menos, ter vontade de o fazer. Como tal,
quando ambas as regras se cumprem, o processo de ensino-aprendizagem é
facilitado e propicia momentos de aprendizagem únicos e verdadeiros, como se
sucedeu hoje, com a turma do 6º4.’’ / Espinho, 5 de março de 2019
A verdade é que os alunos apresentavam, num primeiro momento,
múltiplas dificuldades, em vários os aspetos do jogo, tanto a nível da defesa
como do ataque. A própria relação com bola parecia não existir, demonstrando
que o caminho seria árduo e longo, como se sem fim, com muito trabalho pela
frente. Foi através de estratégias de responsabilização e de crescente autonomia
dos alunos, com a definição de capitães de equipa, que o processo se tornou
distinto e agradável para todos. Foi, indubitavelmente, um percurso pleno de
aprendizagens, tanto para os alunos, como para mim. É uma faixa-etária difícil
de controlar e de transportar para a outra margem, sendo difícil fazê-los
compreender a importância da EF. Porém, penso ter sido capaz de o efetuar,
cumprindo os objetivos definidos e cultivando o gosto pelo Desporto. A formação
é isto mesmo: virar e reinventar as mais variadas metáforas de inovação e
renovação do ensino da aprendizagem, do professor e da própria escola (Graça,
2014a). Senti-me, durante o processo, a transformar e a formar, como pessoa e
profissional, e não há nada melhor do que esta sensação.
Segundo Batista et al. (2014), são várias as etapas dos docentes para
‘’aprender a ensinar’’, com exigências pessoais e profissionais, diferentes e
específicas. Trata-se de uma profissão que requer uma constante procura e
readaptação de conhecimentos, estratégias e métodos. Naturalmente, é um
processo complexo e exigente para quem o efetua, sobretudo no mundo de
constante mudança em que vivemos.
53
5. PRIMEIRA EXPOSIÇÃO DE UMA PINTORA APRENDIZ
54
55
5.1. Perspetiva Pictórica da Educação Física
A Educação Física é, no meu entender, uma disciplina distinta das
restantes presentes no currículo definido pelo Ministério da Educação, sendo
uma peça estruturante do mesmo. Para além da formação moral, é capaz de
elevar os valores não só corporais, mas também de integração, equidade e
multiculturalidade. Matos (2014) afirma que a integração da EF no contexto
escolar é imprescindível uma vez que sem a formação corporal, não existe um
homem corporal. Deste modo, é facilmente compreensível que esta disciplina é
fulcral para o desenvolvimento de todos e não pode, em momento algum, ser
única e exclusivamente associada às questões da saúde. Infelizmente, como
destaca Graça (2015), nos tempos em que vivemos, a urgência da saúde, do
combate ao sedentarismo e da obesidade tem pontuado fortemente os discursos
da EF. O autor menciona ainda que a própria política pública face à disciplina
mantém a orientação eclética, mas confere um espaço acrescido ao discurso
médico e da saúde, que não pode continuar a verificar-se. As vantagens da
realização de EF vão muito além destes aspetos. Não tenho dúvidas de que, se
um docente proporcionar um maior dispêndio energético e fomentar hábitos de
vida saudáveis, existe uma forte possibilidade de as questões da saúde
melhorarem. Porém e de acordo com Graça (2014b), esta pode e deve ser
pensada de uma forma pedagógica mais abrangente, contribuindo para a
formação moral, pessoal e social, de todos os envolvidos. A verdade é que é
muito mais do que o somatório das atividades físicas, mas também os valores,
tendo um valor intrínseco insubstituível por qualquer outra perspetiva, o da
formação da corporalidade. Isto é, a disciplina também possui como objetivo
melhorar a forma como os alunos percecionam o seu próprio corpo, como se
sentem nele, a forma como os outros os veem. Basicamente, visa melhorar a
autoestima e a autoconfiança dos nossos jovens, pelo corpo.
Graça (2014b) menciona que, mesmo sendo uma disciplina que se
encontra inscrita no currículo dos mais variados sistemas educativos do mundo,
tornando-se uma área curricular praticamente incontornável, ainda não é capaz
de acompanhar as áreas consideradas nobres, como a matemática ou a língua
56
materna. Moreira et al. (2013) destacam que os alunos passam, no mínimo, doze
anos da sua vida no sistema educativo, tornando-se um período que deve, sem
qualquer dúvida, favorecer a criação de hábitos e de práticas adequadas a todos
os níveis. Contudo, tal como menciona Graça (2015), a própria sociedade e
ecologia da escola não facilitam que o professor e os alunos considerem a EF
de verdade, dando asas ao currículo multiatividades, com Unidades Didáticas
(UD) demasiado reduzidas e superficiais, sem sequência e/ou consistência,
tendendo a tornar-se monótonas e repetitivas, não levando em linha de
consideração os fatores motivacionais dos envolvidos.
Importa destacar que a desvalorização da EF não é indiferente ao tipo de
atividades a que os alunos são sujeitos. De acordo com Batista e Queirós (2015),
inicialmente a EF centrava-se nas atividades gímnicas e de relaxamento,
visando a recreação ou a manutenção da forma física e hoje em dia, incorpora,
principalmente, os desportos, os jogos e a dança, fazendo com que, em muitos
países, o termo EF seja substituído por Desporto. Esta denominação torna-se
simples de compreender se pensarmos nos momentos de atividade física
significativa, com aprendizagem dos vários valores que surgem imbuídos no
conceito de Desporto. Contudo, Moreira et al. (2013) destacam que o papel dos
professores de EF não pode ser descurado, assumindo-se como veículos para
que exista um desenvolvimento integral e eclético dos alunos, tal como
supramencionado. Esta opinião está patente no discurso de um professor de EF
da escola cooperante:
‘’Deve procurar-se uma formação dos alunos, a todos os níveis, que seja cada
vez mais prática e abrangente, com maior componente prática, em todas as
disciplinas.’’ / Professor de EF 1 – 2 de abril de 2019
De acordo com Graça (2014b), a EF é uma disciplina que se encontra
num terreno partilhado e disputado por várias comunidades de prática. Como tal,
atravessa, ciclicamente, momentos de renovação de discursos e de práticas
para que seja capaz de dar resposta às necessidades dos jovens atuais e aos
conteúdos preconizados pelo Ministério. No entanto, Graça (2014b) afirma que
o currículo da EF se tem tornado cada vez menos intenso, até mesmo ‘’sem
57
suor’’. O autor destaca ainda que o ambiente se tem tornado calmo, sem
preocupações e de extrema passividade dos envolvidos. A questão que se
coloca é, deverá ser esta a imagem que a EF deve apresentar?
Urge renovar o ensino e os seus modelos, sobretudo nesta disciplina, com
o intuito de que a aprendizagem não seja colocada em causa. Não investir na
EF é não investir no desenvolvimento individual dos alunos e da sociedade,
podendo, pela sua grandeza, levar a consequências impossíveis de calcular.
Acresce assim a necessidade de uma reconstrução e inovação das práticas de
EF, em contexto escolar, sendo importante, de acordo com Batista e Queirós
(2015), reafirmar o seu papel e valor educativo, já que a perspetiva dos docentes
e funcionários desta escola que tive o privilégio de habitar ao longo deste ano
letivo, é a de que a EF possuí inúmeros contributos para a formação integral dos
alunos. Os excertos que se seguem espelham este entendimento:
‘’Contributo para a formação integral e eclética’’
/ Professor 3 – 3 de abril de 2019
‘’Excelente contributo para a formação integral.’’ / Professor de EF 2 – 2 de abril de 2019
‘’A Educação Física é ótima para o desenvolvimento do espírito de equipa, de
pertença, do compromisso, para a formação como um todo...’’ / Funcionário 2 – 28 de março de 2019
De facto, estas são algumas das particularidades que a EF pode e deve
oferecer à educação dos jovens. Graça e Lacerda (2012) mencionam que sendo
o Desporto o objeto central de ensino, a EF é uma disciplina de destaque para o
desenvolvimento de múltiplas capacidades e competências motoras que podem,
naturalmente, ter um impacto significativo na saúde e na cultura desportiva.
Porém, importa nunca esquecer que as suas vantagens vão muito além do
mundo físico, aspetos esses que não devem ser ignorados.
Não nos podemos esquecer, em momento algum, que os tempos foram
mudando e com isso as mentalidades também. Se noutras épocas, a única
preocupação por parte dos professores era a de transmitir conhecimentos
58
teóricos, atualmente, a educação é muito mais do que isso, sendo crucial que
forme indivíduos críticos, conscientes e autónomos.
5.2. O Currículo a Preto e Branco
O currículo, como usualmente é entendido, é algo formal, definido e, de
certa forma, imutável. É algo que está estabelecido pelo Ministério da Educação
e que não se pode ou deve alterar. É algo a preto e branco, que se deve colorir
para adequar ao contexto e para dar resposta às necessidades dos alunos, que
cada vez são mais distintos.
A existência de uma instituição multicultural é uma realidade em constante
crescimento e desenvolvimento, devendo ser algo a considerar por todos os
envolvidos na ação educativa, tendo como objetivo utilizá-la em prol do processo
de ensino-aprendizagem, como uma mais valia para o mesmo (Fernandes et al.,
2015). Tal como enuncia Gomes (2014), profissões que trabalham em ambientes
sociais heterogéneos, como a do professor, têm sofrido com o paradoxo das
consequências. Isto é, um mesmo conteúdo com uma intervenção semelhante,
pode ter resultados completamente distintos em contextos diferentes, daí que
seja crucial considerar os alunos a que se destina. De facto, as particularidades
individuais, de cada um dos alunos, devem ser consideradas. No entanto, de
acordo com Machado (2010), a escola portuguesa tem vindo a organizar-se
segundo os princípios da uniformidade e da impessoalidade, mesmo que
proclame o desenvolvimento integral da pessoa humana. O mesmo autor
destaca ainda que para conciliar o ensino de todos e os ritmos de aprendizagens
de cada um dos alunos, implementando a flexibilidade curricular e a
diferenciação pedagógica, não se pode permanecer num sistema com matérias
estipuladas, com horários pouco flexíveis e em salas fixas. De facto, é necessário
reestruturar o sistema e as instituições, ajustando o currículo à sociedade e à
comunidade escolar em que se insere. As instituições escolares, tal como
enunciam Batista e Queirós (2015), podem e devem estar em constantes
transformações, face às múltiplas mudanças sociais, legislativas e ideológicas.
Como tal, para que o sucesso da missão educativa possa ser alcançado, torna-
59
se fulcral analisar e conhecer os Programas Nacionais de Educação Física
(PNEF) dos vários ciclos de ensino. Estes foram criados e estruturados com o
intuito de orientar e guiar o docente no processo de ensino-aprendizagem,
definindo quais os conteúdos a abordar e as orientações metodológicas a seguir.
Porém, cabe ao professor adequá-los às suas próprias turmas, para que as
potencialidades e dificuldades de todos possam ser respeitadas e os ritmos de
aprendizagem adequados, tal como supramencionado. Isto é, todo e qualquer
docente, pode e deve adaptar e colorir o inicialmente definido pelo Ministério.
De acordo com Graça (2014b), o currículo operacionalizado no contexto
português, é um currículo de Multiatividades, centra-se em várias atividades
distintas, sem aprofundar cada uma delas. Questiono-me se o mesmo será
positivo para os alunos e até mesmo para os professores, se será potenciador
de processos de ensino-aprendizagem verdadeiros. Ennis (2000) menciona que
nos encontramos perante UDs demasiado pequenas e superficiais, tornando-as
sem consistência e sequência, monótonas e repetitivas. O autor destaca ainda
que esta situação facilita a desvinculação, a desconsideração e a marginalização
da EF, situação esta que deve, no meu entender, modificar-se. Urge alterar o
paradigma que se tem vindo a incutir na sociedade atual de que a EF não deve
ser valorizada ou tida em conta. Todos, sem exceção, devem reconhecer o
devido valor aos conteúdos ensinados na EF, que vão muito para além da
componente motora. É uma área que não pode ser depreciada ou destituída,
mas privilegiada e valorizada, já que o seu valor pedagógico não pode ser
promovido por qualquer outra disciplina inscrita no currículo escolar. Tal como
destaca Matos (2014), a EF desempenha um papel único e insubstituível na
formação do aluno, sendo a única que representa os interesses corporais na
escola. Deste modo, torna-se simples compreender que a mesma deve estar
integrada no currículo dos atuais doze anos de escolaridade obrigatória (Favinha
et al., 2012).
Um dos aspetos que considero importante destacar é que os PNEF estão
definidos com complexidade crescente em função dos vários ciclos de ensino.
No entanto, em algumas modalidades, o desempenho dos alunos está
desfasado dos objetivos propostos. Como tal, as planificações desempenham
60
um papel central na adaptação aos alunos e ao contexto, que considero que
sucedeu nos Modelos de Estrutura do Conhecimento (MEC) de cada
modalidade. As alterações efetuadas estão plasmadas nos excertos seguintes.
‘’No que aos conteúdos programáticos diz respeito, estes serão cumpridos
praticamente na sua totalidade, com exceção dos bloqueios e do aclaramento,
conteúdos táticos bastante evoluídos e que, neste momento, não se
vislumbram como aplicáveis. ’’ / MEC – Basquetebol
‘’Todos os conteúdos programáticos serão possíveis de concretizar e de
desenvolver, acrescentado ainda o encosto, que, apesar de não constar no
PNEF, deve ser integrado. O jogo de pares não será abordado, ficando esta
opção em aberto para o ano que se segue. ’’ / MEC – Badminton
‘’No que Programa de Educação Física diz respeito, apesar do espectável ser o
nível avançado, os alunos encontram-se ainda entre o nível elementar e o
avançado. As suas dificuldades técnicas e táticas não possibilitarão a
aprendizagem do jogo 6x6, cuja complexidade é elevada.’’ / MEC – Voleibol
‘’No que PNEF diz respeito, apesar de o nível avançado indicar que devem ser
realizadas figuras de pares e de trios, os alunos realizarão, nesta UD, um
esquema completo, tal como indicado no Módulo V, indo além do espectável.
Esta decisão procura atender à motivação dos alunos para a modalidade e à
necessidade de superação e de construção da sua própria aprendizagem,
tornando-a mais rica e significativa. Este trabalho incute também valores
relacionados com a curiosidade, a reflexão e a inovação, presentes no Perfil
dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, respondendo ainda à área de
competências de raciocínio e de resolução de problemas, já que os alunos
avaliarão, aula a aula, as suas potencialidades e dificuldades. ‘’
/ MEC – Ginástica Acrobática
‘’No que aos conteúdos programáticos diz respeito, estes serão cumpridos
praticamente na sua totalidade, com exceção da prova dos 100m estilos, pelas
dificuldades claras que a turma ainda possui. Importa destacar que nem todos
61
os discentes lecionarão a técnica de mariposa, desenvolvendo, primeiramente,
a técnica de crol, costas e só depois bruços. ‘’ / MEC – Natação
‘’Importa destacar que em relação ao PNEF, os estudantes se encontram no
nível avançado, cooperando, incentivando e apoiando a participação de todos
os elementos nas diferentes atividades. É fulcral que os alunos sejam capazes
de analisar a sua ação e a dos colegas, procurando melhorar as suas
qualidades, superar desafios e alcançar objetivos no que concerne às
caraterísticas do movimento e criatividade.’’ / MEC – Dança
‘’Importa destacar que em relação ao PNEF, os estudantes se deveriam situar
entre os níveis elementar e avançado, efetuando percursos fora da escola a
pares. No entanto, tal não se verifica tendo em conta o contacto reduzido que
os alunos tiveram com a modalidade.‘’ / MEC – Orientação
Os excertos apresentados permitem compreender as múltiplas
adaptações que foram efetuadas ao currículo formal para que o processo de
ensino-aprendizagem fosse o mais adequado possível aos alunos do 11º ano. A
verdade é que apenas na Dança não aconteceu qualquer ajuste. Ao nível do
Basquetebol não se tornou possível lecionar os bloqueios e os aclaramentos, no
Voleibol optamos por não abordar o jogo 6x6, na Natação seria utópico exercitar
e avaliar a prova de 100m estilos e na Orientação preferimos concretizar
percursos dentro da própria instituição. Quanto ao Badminton, consideramos
importante introduzir o encosto, bem como na Acrobática, onde preferimos
elevar o nível pretendido no PNEF, com a construção de um esquema. Desta
forma, algumas alterações surgiram do ponto de vista motivacional para os
discentes, outras foram decorrentes das dificuldades evidenciadas... O crucial é
atender às individualidades diante de nós.
Tal como enuncia Graça (2014b), o ensino da EF não é uma atividade que
exista por si só, devendo considerar as múltiplas relações que nela acontecem,
bem como as particularidades dos contextos, das circunstâncias, das situações
e dos próprios aprendizes. Esta disciplina não pode ser vista de forma isolada
e/ou estática. É um processo mutável e em constante alteração, de todos os que
nela se envolvem, ajustando-se às necessidades e solicitações de cada
62
momento. Como tal, os professores devem centrar-se nos seus alunos, nas suas
dificuldades e potencialidades, nas suas caraterísticas e necessidades,
refletindo sobre a própria prática para que o desenvolvimento eclético dos seus
pupilos se possa proporcionar. Urge promover, tal como destacam Penney et al.
(2009), um currículo articulado com todas as áreas, ou seja, transdisciplinar, bem
como com todos os níveis de ensino. Esta conexão possibilitaria um ambiente
mais harmonioso e enriquecedor em cada instituição, mantendo os alunos
interligados com o seu processo de construção e evolução. Além disso, uma
ótima estratégia para conquistar os alunos para a prática de EF é incluí-los na
construção do currículo, nomeadamente na escolha de modalidades (Penney et
al., 2009), tal como aconteceu com os meus discentes da turma residente.
‘’O regime de opções permite, de certo modo, que exista uma maior ligação de
entreajuda entre professor-aluno. Isto é, o facto de haver um compromisso por
parte do docnete em respeitar e atender às preferências dos seus discentes,
faz com que o processo inverso também aconteça. Como os estudantes
assumem quais as modalidades que preferem, empenham-se ao máximo nas
mesmas, já que foram as suas escolhas.’’ / Espinho, 25 de Setembro de 2019
Guilherme (2015) destaca a importância de valorizar e de reposicionar a
aprendizagem de EF como um dos pontos charneira para o desenvolvimento dos
jovens, refletindo a sua importância no currículo escolar. Contudo, não tem sido
fácil para os professores lidarem com a enorme extensão e variedade do
currículo. De acordo com Morgan e Hansen (2008), são múltiplos aqueles que
sentem dificuldades em encontrar tempo para ensinar todo o currículo, sendo
algo que influencia a preparação da sessão e a qualidade da mesma. Aspetos
como estes não podem ser esquecidos, devendo ser considerados, sob pena de
o processo de edificação do ser humano e de aprendizagem serem colocados
em causa. A ação educativa não pode, nem deve ser restringida, devendo o
currículo ser ajustado e, quem sabe, ‘’reduzido’’.
Mencione-se que os PNEF, para além de considerarem as habilidades
motoras, também consideram a aptidão física, a cultura desportiva e os
conceitos psicossociais, permitindo uma verdadeira orientação do percurso
63
escolar dos alunos. De facto, tal como refere Miranda et al. (2014), sendo a EF
a única disciplina que trata as questões da corporalidade, a mesma deve
debruçar-se sobre os aspetos da aptidão física dos seus praticantes. Um outro
aspeto a destacar positivamente, no meu entender, é o foco atribuído aos Jogos
Desportivos Coletivos. A vivência e a partilha de momentos com os colegas de
equipa, o prazer do lúdico, a experiência do desafio... são indispensáveis para a
formação de todo e qualquer jovem. Graça e Mesquita (2015) corroboram a ideia
inicialmente transmitida, indicando que os jogos desportivos possuem um lugar
privilegiado no currículo da EF e o mesmo deve ser mantido face ao seu valor
indiscritível, ao seu potencial edificante do ser humano e à sua capacidade para
enriquecer de prazer e de significado a vida de todos aqueles que se envolvem
com a prática. Porém, são múltiplas as modalidades que podem ser abordadas,
igualmente fulcrais para o seu desenvolvimento, como a Dança e a Orientação.
A verdade é que nos últimos anos temos assistido à implementação de
um currículo marcado por uma visão utilitarista e demasiado redutora da
escolaridade, centrando-se única e exclusivamente nos resultados dos exames
nacionais, restringindo a ação educativa (Batista & Queirós, 2015). Todavia, urge
alterar este paradigma vigente. Penney et al. (2009) destacam a colocação do
aluno no centro de todo o processo, como um dos responsáveis pelo processo
de ensino-aprendizagem, motivando-o e responsabilizando-o para a sua própria
evolução. Tal como enfatizam Garrett e Wrench (2018), importa revitalizar
pedagogias centradas num novo currículo, atribuindo um papel fulcral aos alunos
na consecução de aprendizagens ricas e duradouras.
5.3. Das Nuances do Planeamento à Realização do Ensino
Planear é, sem qualquer dúvida, um processo complexo e de extrema
dificuldade, que deve ser efetuado de forma cuidada e ponderada, não só pelos
docentes, mas também pelos responsáveis pela construção dos PNEF e pelos
membros da direção da instituição. Penney et al. (2009) enfatiza que sem um
bom planeamento, todo o processo pode ser colocado em causa. É crucial olhar
64
e refletir acerca do passado para poder avançar e evoluir, colorindo o mundo de
aprendizagens dos alunos, buscando o arco-íris do ensino e do saber.
Importa mencionar que esta planificação deve ser concretizada em três
níveis distintos: macro, meso e micro, interligando-se os patamares para um
processo de ensino-aprendizagem que oscilará entre várias gradações de cores.
Chng e Lund (2018) referem que um percurso bem planeado é capaz de informar
acerca das estratégias mais efetivas, significativas e recompensadoras para
melhorar o ensino e, consequentemente, a aprendizagem dos alunos. Porém, é
essencial que todos os conteúdos inicialmente delineados sejam adequados ao
contexto real, à própria prática. De facto, o planeamento deve respeitar as
conceções e as ambições do docente, para que o mesmo se sinta integrado no
mesmo, indo de encontro às necessidades dos seus alunos. No entanto, importa
perceber que os mesmos não são estanques e podem ser ajustados, estando
sujeitos a erros e a projeções menos bem conseguidas, sendo a realização a
verdadeira prova ao inicialmente planeado.
Através da procura de uma perfeita harmonia de cores entre o planear e
o realizar, distinguida em três níveis: anual, unidade didática e plano de aula,
culminou um ano de EP verdadeiramente enriquecedor e único, pleno de
aprendizagens a todos os níveis, objeto de especificação nos pontos
subsequentes.
5.3.1. Painel Macro Cromático: Plano Anual
O planeamento anual é o primeiro a ser efetuado, partindo do currículo
inicialmente definido e ajustando-o. Este define todo o processo, concentrando
os objetivos principais para os alunos, organizando-os período a período,
Unidade Didática a Unidade Didática, de forma coesa e coerente. Este deve ser
específico de cada turma - Plano Anual de Turma (PAT), adequando-se aos
discentes da classe e ao contexto em que se insere. Julgo que a elaboração
deste documento é fulcral para estruturar o processo de ensino aprendizagem
como um todo, mas pode e deve considerar-se mutável, estando sujeito aos
constrangimentos da prática. De facto, é importante definir atempadamente o
65
que será abordado em função dos espaços disponíveis, prevenindo potenciais
problemas que possam surgir e facilitando a preparação do docente.
‘’Os alunos têm gostos distintos, eles próprios são diferentes uns dos outros,
com uma imprevisibilidade acrescida pelo contexto, sendo fulcral a preparação
prévia. Um bom planeamento e a procura de conhecimento específico na área
em questão são aspetos que permitem, de certa forma, diminuir a
imprevisibilidade.’’ / Espinho, 13 de setembro de 2018 – Balanço Final
Todavia, tal como supramencionado, os alunos possuem gostos e paixões
distintas, opiniões que devem ser consideradas, com o intuito de elevar os seus
níveis de motivação para as sessões. Nogueira (2014) destaca que o ensino
deve ir ao encontro das motivações intrínsecas de cada aluno, sendo estruturado
com base nos seus próprios interesses. Esta foi uma preocupação com a turma
residente, face ao ano de escolaridade (11º), que prevê a lecionação de dois
Jogos Desportivos Coletivos (voleibol, futebol, andebol ou basquetebol), uma
matéria da ginástica ou do atletismo e duas das restantes (raquetas - badminton,
patinagem, orientação, jogos tradicionais e populares, judo e natação). A estas
cinco modalidades foi acrescentada a dança, modalidade obrigatória em todos
os níveis de escolaridade. Depois de definidas as atividades a lecionar, foi
necessário efetuar um conjunto de pequenos ajustes, sobretudo ao nível dos
espaços, para que as condições favoráveis à prática se encontrassem
estabelecidas, organizando os espaços para que uma UD possuísse o número
de sessões necessárias ao seu bom funcionamento. Neste sentido, no Quadro 2 que se segue, é possível observar o número de aulas e a distribuição das
modalidades, por período letivo.
Quadro 2 – Distribuição das modalidades na turma residente PERÍODO MODALIDADES AULAS DE 45’
1º Badminton 22
Basquetebol 20
2º Natação 20
Voleibol 12
66
Ginástica Acrobática 10
3º Dança 14
Orientação 12
Importa ainda mencionar que é necessário adaptar os níveis propostos
pelos PNEF, planeando as atividades de forma a que os alunos adiram e se
sintam desafiados para cumprir os objetivos definidos (Sousa et al., 2014). Tal
como enunciado anteriormente, cabe ao professor ajustar, constantemente, os
vários conteúdos aos alunos, pela realização da prática propriamente dita, tendo
em conta as suas individualidades. A verdade é que, mesmo com todo o
processo definido de forma rigorosa e meticulosa, a imprevisibilidade e a
contingência que marcam a docência levam a que sejam necessárias múltiplas
alterações e adaptações no decorrer do percurso, desempenhando o docente
um papel de destaque na sua consecução.
‘’O docente deve repensar e questionar todas as suas decisões, com o intuito
de fomentar os comportamentos e as aprendizagens mais adequadas dos seus
alunos.’’ / Espinho, 20 de setembro de 2018
Destaque-se que o planeamento anual não se centrou única e
exclusivamente no nível das habilidades motoras, tendo considerado também a
aptidão física, os conceitos psicossociais e a cultura desportiva, permitindo uma
continuidade do trabalho desenvolvido e potenciando melhorias significativas,
em todas as áreas. A definição dos conceitos psicossociais a trabalhar e a
desenvolver, ao longo de todo o ano letivo, foi uma tarefa simples, mas de
extrema importância, indo ao encontro das necessidades que a turma
apresentou desde o primeiro momento, nas várias tarefas propostas (autonomia,
responsabilidade, cooperação, respeito e participação / empenho). Ao nível da
cultura desportiva, ficou definido que a mesma seria trabalhada UD a UD,
direcionando a atuação dos jovens para os Jogos Olímpicos, conteúdo que tem
vindo a ser destacado nos PNEF. Por fim, no que concerne à aptidão física, a
construção de um planeamento anual sobre a mesma tornou-se um verdadeiro
67
desafio, suscitando múltiplas e variadas dúvidas e inquietações, tal como se
pode observar no excerto que se segue.
‘’Assim que a docente nos questionou acerca do planeamento da Aptidão
Física, sabia que mais trabalho estaria a caminho. Apesar de termos realizado
e aplicado a bateria de testes Fit Escola, no início do ano letivo, como é que
ainda não existia um planeamento desta área? Reconheço que a minha turma
precisa de um trabalho extra ao nível das Extensões de Braços e da
Flexibilidade de MI, mas como o irei efetuar? Qual é o nível que os estudantes
devem atingir no final do ano? Quando irão ser repetidos os testes para
observar a evolução?’’ / Espinho, 14 de novembro de 2018
Confesso que este foi, para mim, um dos momentos mais angustiantes ao
nível do EP. Senti que, por momentos, não estava no sítio indicado para mim,
que estava perdida, que nada fazia sentido. Todavia, rapidamente me apercebi
que estes dilemas faziam parte da minha formação enquanto docente,
requerendo investigação e reflexão e a passagem por uma série de etapas, cujo
nível de exigência seria crescente (Queirós, 2014a). Como seria de esperar,
abracei o desafio proposto juntamente com a minha colega e NE e o resultado
obtido não poderia ter sido melhor. Optamos por dividir as distintas modalidades
e trabalhá-las com métodos diferenciados, procurando elevar tanto as
capacidades condicionais como as coordenativas, que não podem ser vistas, em
momento algum, de forma isolada, devendo ser integradas para a realização das
várias habilidades motoras, da melhor maneira possível. Segue-se um pequeno
Quadro (3), esquematizando o planeamento da aptidão física.
Quadro 3 - Planeamento Anual da Aptidão Física
MODALIDADES CAPACIDADES METODOLOGIAS
2º P
ERÍO
DO
Natação
Condicionais: resistência, força, velocidade.
Coordenativas: destreza geral,
coordenação, ritmo, equilíbrio.
6 Aulas de resistência e 6 aulas de
velocidade, em função do volume
total de aula (metros/aula)
Voleibol
Condicionais: força, velocidade de reação.
Coordenativas: destreza geral, orientação espacial, coordenação óculo-manual.
Treino funcional: 30’’/10’’ – Exercícios de uma bateria criada.
68
Ginástica
Acrobática
Condicionais: força, flexibilidade.
Coordenativas: destreza geral, orientação
espacial, coordenação, ritmo, equilíbrio.
Aquecimento aeróbio e exercícios
de força e de flexibilidade
alternados em circuito (45’’/15’’).
3º P
ERÍO
DO
Dança
Condicionais: resistência, flexibilidade.
Coordenativas: destreza geral, orientação
espacial, coordenação, ritmo, equilíbrio.
Aquecimento ao ritmo da música,
com exercícios aeróbios (45’’/15’’).
Orientação
Condicionais: resistência.
Coordenativas: destreza geral, orientação
espacial.
Aquecimento com corrida –
contínua, intermitente, por
estafetas...
O investimento foi imenso, mas valeu a pena! Sinto que percorri e cumpri,
com sucesso, as várias etapas, transformando-me numa docente que reconhece
as cores do ensino, pintando o mundo dos seus pupilos com cores nas várias
áreas do saber. 5.3.2. A Trilogia Meso: Uma Pintura Unidade a Unidade
Ao longo de todo este ano letivo, foram lecionadas sete modalidades
distintas, que recorreram a metodologias e métodos diferenciados. Cada uma
delas necessitou de um planeamento efetuado de forma consciente e
ponderada, nas quatro categorias transdisciplinares enunciadas por Vickers
(1990), consideradas, em todos os momentos, as condições de prática e as
necessidades dos alunos, com o intuito de estruturar um processo de ensino-
aprendizagem adequado, na procura de alcançar um verdadeiro colorido do seu
mundo do saber.
Para ser capaz de compreender que conteúdos abordar e qual a melhor
metodologia foi necessário efetuar uma AD no início de cada UD, sob pena de
todo o percurso traçado se encontrar desajustado à realidade da turma. No
entanto, é simples perceber que nem sempre é fácil proceder à sua
concretização, tanto para o professor como para o aluno quando envolvido no
processo. O professor deve observar, de forma criteriosa, as dificuldades e as
potencialidades dos seus alunos, requerendo, sobretudo, competências ao nível
da observação.
69
‘’O facto de se tratar de uma aula de Avaliação Diagnóstica requer, ao docente,
caraterísticas mais direcionadas para a observação e para a análise, possuindo
um papel de um mero facilitador.’’ / Espinho, 8 de janeiro de 2019
Já o aluno tem que ser capaz de autoavaliar o seu desempenho, sendo
também uma conquista difícil de alcançar, sobretudo se os critérios não se forem
bem definidos e partilhados de forma clara com os alunos. Mencione-se a título
de exemplo o que ocorreu na sessão de Ginástica Acrobática, em que os alunos
efetuaram a sua própria AD.
‘’A verdade é que este momento de análise inicial funcionou na perfeição, os
alunos concretizaram todas as tarefas propostas e foram capazes de identificar
as dificuldades sentidas. Naturalmente, nem todos sentiram a mesma facilidade
na sua realização, mas a presença de critérios, neste momento de
autoavaliação, tornou-se uma mais valia. Estes foram, a meu entender, fulcrais
para que todos fossem capazes de compreender o ponto em que se encontram
no processo, permitindo-lhes perceber o que devem e necessitam de trabalhar
para alcançar patamares superiores e construir, com sucesso, o esquema
gímnico com o seu grupo.’’ / Espinho, 22 de fevereiro de 2019
Além disso, é indispensável que as atividades propostas vão de encontro
com o que se pretende, efetivamente, analisar, sob pena de as informações
recolhidas não serem as pretendidas. Tal como advoga Araújo (2017), a
utilização desta avaliação, de caráter informativo, como base para as decisões
no processo de ensino e de aprendizagem, é fulcral no mundo da docência. Só
assim será possível concretizar um MEC que se enquadre com as necessidades
da classe e com as conjeturas do contexto, permitindo definir o ponto inicial e o
os objetivos a atingir (excerto dia 12 de setembro). Sem nunca esquecer que as
turmas são constituídas por elementos de caraterísticas distintas, requerendo
que cada individualidade com personalidade própria seja considerada (Mesquita,
2005), como se de várias telas distintas se tratasse. Deste modo, é crucial que
todo e qualquer docente conheça a sua turma, tanto como grupo, como enquanto
70
seres humanos únicos e distintos de todos os outros (excerto dia 25 de
setembro).
‘’Considero que esta é fundamental para eu perceber o ponto de partida dos
meus discentes, para compreender o que ainda tenho de efetuar com os
mesmos, até porque cada turma é uma turma e cada aluno um ser distinto.’’
/ Espinho, 12 de setembro de 2018
‘’Quando conhecemos não só coletivamente, como também individualmente
os nossos discentes, somos capazes de adequar as diversas tarefas às
capacidades de cada um, havendo uma maior entreajuda e interação entre as
partes.’’ / Espinho, 25 de setembro de 2018
De acordo com Araújo (2017), este planeamento, efetuado de forma
consciente e adequado à turma em questão, é uma condição fulcral para a
implementação dos vários procedimentos de ensino com qualidade. Todavia, de
acordo com o mesmo autor, é igualmente importante salvaguardar a dinâmica e
a flexibilidade do ato de planear, podendo ser necessário efetuar retoques
artísticos aos planeamentos efetuados, em função do desenrolar da prática
propriamente dita. Tal como enunciado anteriormente, o ponto de partida será
sempre a AD, capaz de definir o percurso a percorrer, marcando o ponto de
partida. A partir deste momento, é efetuada a extensão dos conteúdos a lecionar
nas várias aulas, definindo os objetivos a atingir e os critérios de avaliação, isto
é, o ponto expectável de chegada dos alunos. A sequência metodológica deve
ser pensada e assegurada nas mais variadas situações, estabelecendo, tal como
indica Mesquita (2005), um elo de ligação entre os conteúdos a lecionar e o nível
de profundidade e de ênfase a atribuir, sob pena de perda de intencionalidade
pedagógica do processo.
Devo confessar que nem sempre foi fácil construir e ordenar da melhor
forma as várias UD, uma vez que cada modalidade tem as suas especificidades,
exigindo capacidades distintas por parte dos alunos. Mesmo assim, posso dizer,
com toda a certeza, que foi notória a minha evolução neste campo do
planeamento e também da aplicação do mesmo. A princípio, definir objetivos
71
para cada unidade era uma verdadeira dor de cabeça, bem como estipular em
que aula lecionaria cada conteúdo, já para não falar dos aspetos da condição
física e da cultura desportiva. Aparentemente todas as cores estavam
misturadas na paleta e foi preciso repensar a organização mais adequada, para
a correta realização do Módulo VIII, presente nos vários MEC’s. Esta tarefa foi,
de facto, um verdadeiro quebra cabeças, mas nunca foi esquecida a sua
utilidade para a concretização de um bom processo de ensino, pleno de
aprendizagens verdadeiras para os envolvidos.
‘’Desde o primeiro dia que me recordo de ouvir a professora Teresa enfatizar a
importância do Módulo VIII. Até ao momento, considerava que era apenas uma
réplica do IV. Finalmente, passadas onze semanas, percebi que vai muito para
além disso, permitindo-me analisar para decidir como trabalhar cada um dos
conteúdos a abordar. A sua utilidade é incontestável, funcionando como uma
ferramenta única, não só para este processo de Estágio Profissional, mas para
a vida enquanto docente.’’ / Espinho, 16 de novembro de 2018
No entanto, a prova de que as dificuldades foram ultrapassadas está
patente nos dois Módulos VIII elaborados no terceiro período do ano letivo. A
sua construção foi ao encontro de todos os requisitos colocados e lançados por
parte da PO, demonstrando um esforço contínuo tanto da minha parte, como da
minha colega de NE, para alcançar o perfil de excelência e a tão desejada
competência. Dada a qualidade das telas produzidas, poder-se-ia organizar uma
exposição dos trabalhos, reveladora da evolução. Passamos de uns esboços
com traços incipientes e grosseiros a linhas bem definidas, com volume, textura
e cor.
As UD construídas podem ser distribuídas em três grandes grupos,
seguindo a ideia de uma trilogia artística, como se de uma exposição de três
quadros distintos se tratasse: os JDC - Basquetebol e Voleibol, as Modalidades
Individuais - Badminton e Natação e, por fim, aquelas que utilizaram a
metodologia do AfL - Ginástica Acrobática, Dança e Orientação, atividades que
se revelaram únicas para o desenvolvimento de todos os alunos, sem exceção.
72
Antes de distinguir cada um dos grupos definidos, importa referir que não
existe um modelo identificado como o mais adequado para que seja possível
potenciar as aprendizagens desejadas, nos alunos. A eficácia e a eficiência do
processo de ensino provêm da utilização de múltiplos métodos com uma
intervenção ajustada do professor, fornecendo uma estrutura global e coerente
aos conteúdos a lecionar. De facto, tal como advoga Graça (2014b), devem-se
desenvolver modelos curriculares e também de instrução que sejam capazes de
revivificar o ensino da EF, centrando a atenção dos docentes nas aprendizagens
efetivas dos seus alunos. Aparentemente, vistos de perto pareciam múltiplos
pontos coloridos, de diferentes tamanhos, desorganizados e desordenados.
Mas, depois de decidida a estratégia e os modelos a utilizar, a tela, observada a
alguma distância, passou a ter uma forma mais coerente e um sentido claro,
componente indispensável ao processo.
Os Jogos Desportivos Coletivos
A lecionação dos JDC centrou-se, fundamentalmente, na utilização do
Modelo de Educação Desportiva (MED), tendo recorrido também ao Modelo de
Abordagem Progressiva ao Jogo (MAPJ) e ao de Instrução Direita (MID). A
verdade é que a escolha do MED não foi aleatória, pois tinha como objetivo
proporcionar experiências desportivas ricas e autênticas, em cinco domínios
distintos: desenvolvimento de habilidades específicas, consciência e
compreensão do jogo, aptidão física, crescimento pessoal e elevação dos
valores que o Desporto incute (Mesquita, 2014). Deste modo, foi necessário
organizar os alunos de uma forma distinta do habitual, tendo funcionado em
equipas heterogéneas, durante toda a UD, nas várias modalidades. Cada um
dos pequenos grupos possuía o seu capitão/treinador, com competências na
modalidade que o possibilitavam ajudar e tomar as melhores decisões em prol
dos objetivos propostos. Os capitães foram definidos e escolhidos por mim e
tinham múltiplas funções e responsabilidades, desde a formação da sua equipa,
até à organização e estruturação de todas as situações realizadas em aula. Julgo
que as escolhas foram as mais adequadas, destacando-se um dos alunos por
ter tido a capacidade de transportar toda a sua equipa para um patamar superior
73
de performance (excerto dia 8 de fevereiro). Tal como advoga Mesquita (2014),
esta função deve ser desempenhada por quem é reconhecido pelos seus pares
como capaz para desempenhar o papel em questão, sob pena de serem geradas
situações disfuncionais dentro da própria equipa.
‘’A verdade é que nunca pensei que ver este estudante a trabalhar com os
seus colegas e a comunicar com os mesmos com o intuito de os ajudar, como
se de um treinador se tratasse.’’ / Espinho, 8 de fevereiro de 2019
Na minha turma residente, a falta de vontade e de predisposição dos
alunos para a prática foi algo notório desde o primeiro momento, como se de
uma barreira invisível se tratasse para alcançar patamares superiores. Como tal,
desce cedo reconheci e compreendi que o trabalho teria de ser efetuado no
sentido de promover uma afiliação dentro das próprias equipas, elevando
capacidades para além da componente da performance motora, desenvolvendo
a cooperação, a coesão e o espírito de grupo. Em cada pequeno núcleo foi
necessário que a cor de cada um recebesse e partilhasse, matizando e
enriquecendo, colorindo as telas dos colegas.
‘’Considero importante salientar que a coesão numa equipa, mesmo sendo em
contexto escolar, é fulcral para que o sucesso possa ser atingido. (...) Somos
todos diferentes, com caraterísticas pessoais que nos distinguem, algumas
delas mais simples e fáceis de alterar, enquanto outras nem tanto. No entanto,
estas não podem ser motivo de “não-ligação”. No contexto escolar, e mesmo
fora deste, há a necessidade de nos relacionarmos, constantemente, com
pessoas diferentes. Esta imprescindibilidade trespassa para o mundo
profissional. Assim, do meu ponto de vista, a escola assume um papel de
destaque neste sentido, devendo promover a relação, contribuindo para a
formação global dos alunos. ‘’ / Espinho, 18 de janeiro de 2019
Considero que a estrutura utilizada na organização dos JDC conferiu, sem
qualquer dúvida, uma maior riqueza pedagógica e educativa ao processo de
ensino, tendo contribuído para uma maior e melhor relação e interação entre os
74
próprios alunos. Todavia, importa destacar que o ponto forte da utilização do
MED foi o evento culminante na modalidade de Basquetebol, tendo sido um dos
momentos mais marcantes do primeiro período e deste EP. Segundo Mesquita
(2014), esta caraterística do MED faz com que todos reúnam esforços para criar
um ambiente fiel ao institucionalizado, sendo um verdadeiro evento culminante,
tal como se sucedeu.
‘’Importa mencionar o excelente impacto que os prémios causaram em toda a
turma. A atribuição de uma pequena medalha de chocolate a cada equipa e
uma bola ‘’mapa’’ mundo à equipa vencedora, fez com que todos se sentissem
importantes. Como tal, o momento de entrega dos prémios foi uma verdadeira
festa, para todos, sem exceção. A meu ver, este caráter festivo, caraterístico do
MED, proporcionou um ambiente desportivo de tal forma especial, que
propiciou um final de período único.’’ / Espinho, 14 de dezembro de 2019
Acrescente-se que, por considerar que o jogo é o objetivo principal na
lecionação dos JDC, todos os planos de aula foram orientados nesse sentido.
Tal como advogam Tavares e Casanova (2015), o ideal é praticar e aprender as
múltiplas competências da modalidade em questão, através da prática do jogo,
tomando decisões e reagindo às ações dos adversários.
‘’O meu objetivo passa por ensinar o voleibol através do próprio jogo, tornando
mais simples a compreensão do que está verdadeiramente a acontecer, o que
requererá que a técnica e a tática se relacionem e coexistam para que o
sucesso possa ser alcançado. São vários os propósitos a atingir: redução das
barreiras de envolvimento desportivo, otimização da aquisição de
competências de jogo e promoção da fidelização à prática desportiva.’’
/ Espinho, 4 de janeiro de 2019
Deste modo, os momentos de competição, no final de todas as sessões,
assumiram um papel de destaque para possibilitar, nestes jovens desportistas,
vivências distintas daquelas a que estão acostumados. Tal como enuncia
Mesquita (2014), o MED valoriza a dimensão humana e cultural do desporto,
75
reconhecendo-lhe a devida importância, bem como à competição. Mesquita
(2005) acrescenta que este caráter competitivo é imprescindível no processo de
formação do aluno, elevando a alegria e a motivação para toda e qualquer tarefa.
‘’Senti que nem a própria situação de jogo 4x4, em forma de torneio, foi capaz
de motivar os discentes para se organizarem e procurarem fazer o melhor
possível, na busca de alcançar a vitória.’’ / Espinho, 11 de janeiro de 2019
Rolim e Mesquita (2014) acrescentam que este modelo é uma forma única
de ensinar o Desporto nas aulas de EF, acreditando que os valores e princípios
do mesmo devem ser transmitidos nas escolas para todos os alunos. Neste
sentido, seria possível anular o preto e branco inicialmente definido pelo currículo
e colorir as várias telas de cada um dos alunos.
Os Desportos Individuais
As modalidades de caráter individual foram organizadas de forma distinta,
recorrendo a estratégias ponderadas e motivadoras, capazes de colocar o
praticante no centro do processo de ensino-aprendizagem. Os objetivos iniciais
centravam-se na redução das barreiras do envolvimento desportivo, procurando
promover oportunidades de sucesso e elevando, igualmente, os níveis
motivacionais dos alunos (Mesquita, 2014). Como tal, ao nível do Badminton, foi
realizado, durante a segunda metade da UD, um torneio, que culminou em
momentos verdadeiramente enriquecedor para todos, sobretudo na última
sessão, tal como é possível observar no excerto seguinte.
‘’O torneio, desta aula, estava destinado aos quartos de final, às meias finais e
ainda às finais, de cada uma das três séries. (...) Foi, sem qualquer dúvida,
mais um momento de enorme satisfação. (...) No final da sessão, quando
destaquei e dei os parabéns aos três vencedores do torneio, a reação dos
colegas foi indiscritível. Todos começaram a bater palmas, demonstrando
saber ser e estar e fazendo-me sentir ‘’de coração cheio’’, por poder fazer parte
do seu processo de crescimento.’’ / Espinho, 2 de novembro de 2018
76
De facto, o desporto carateriza-se pela superação e pela busca constante
dos limites e das capacidades que se expressam na competição, onde não é
suficiente saber, mas é necessário mostrar que se sabe e se faz bem, com
entusiasmo e com brilho. Contudo, importa considerar que nem todos os alunos
lidam da mesma forma com a competição. Para alguns, tal como enuncia
Mesquita (2005), pode elevar os níveis motivacionais e de entusiasmo para a
sessão, no entanto, para outros, pode ser uma verdadeira tormenta e gerar
ansiedade no mesmo. Por estes motivos, foram criados três grupos distintos na
modalidade de Badminton (excerto dia 30 de outubro) e quatro na Natação
(excerto dia 8 de janeiro), de acordo com os seus níveis de desempenho, para
que todos pudessem exercitar de acordo com as suas necessidades. Deste
modo, a competição tornou-se mais equilibrada, elevando a dinâmica das
sessões e motivando os alunos para a sua realização.
‘’De salientar que serão efetuadas 3 séries distintas, em função do nível dos
discentes, para elevar o nível competitivo da competição e incrementar o
envolvimento da turma.’’ / Espinho, 30 de outubro de 2018
‘’Posso dizer, com todas as certezas, que os três níveis definidos e a respetiva
distribuição dos alunos foi a mais adequada, mas, para que se torne ideal,
penso que quatro níveis será o melhor.’’ / Espinho, 8 de janeiro de 2018
Destaque-se que, tal como enuncia Guilherme (2015), para um aluno ser
capaz de jogar, deve possuir as capacidades técnicas e táticas para tal, podendo
os défices nestas competências condicionarem a fluência do seu jogo. Por este
mesmo motivo, no Badminton, optei por introduzir os vários elementos técnicos
em situações de cooperação, como as sequências, e só depois a tão desejada
competição. Importa ainda referir que a organização do torneio se encontrava,
quase por completo, à responsabilidade dos alunos. Alguns tinham de arbitrar,
outros eram os estatísticos e havia ainda um grupo a efetuar trabalho físico, com
treino funcional. De acordo com Betii e Zuliani (2009), não basta aprender os
fundamentos técnicos e táticos, é fulcral desenvolver a organização necessária
para o praticar, compreendendo as regras do jogo e respeitando o adversário.
77
Os autores acrescentam ainda que é tarefa da EF preparar o aluno para ser um
praticante lúcido e ativo, que incorpore o Desporto e os seus valores, no seu dia
a dia e na sua vida, ideia com a qual concordo totalmente.
Relativamente à natação, o elevado sentido de responsabilidade e de
compromisso que se desenvolveu em toda a turma é algo a destacar pela
positiva. A verdade é que a estratégia de utilização das fichas de tarefas
funcionou na perfeição, tendo sido um passo imprescindível neste sentido, bem
como a distribuição por níveis. Os discentes mantinham-se concentrados nas
várias atividades e a trabalhar de forma autónoma e individual, de acordo com
as suas necessidades. Tal como advoga Mesquita (2005), a formação de grupos
de trabalho e de aprendizagem de acordo com as suas capacidades aumenta o
tempo potencial de aprendizagem e, deste modo, a melhoria técnica nos vários
estilos, algo que sucedeu.
‘‘A colocação de objetivos distintos, por níveis, tornou-se uma mais valia no
bom desenrolar da sessão, bem como na minha própria perceção sobre o que
observar e corrigir em cada pista.’’ / Espinho, 15 de janeiro de 2019
A organização destas UD’s funcionou na perfeição, tendo potenciado
aprendizagens únicas e duradouras nos alunos. De facto, o sucesso vivenciado
resultou de um trabalho contínuo, com um clima de aula positivo e propício ao
bom desenrolar do processo. O meu papel, enquanto docente, foi fulcral
sobretudo ao nível do planeamento, sendo necessário definir os objetivos a
atingir em cada sessão, bem como no final da UD. Tal como indicam Guimarães
et al. (2001), planear é, indiscutivelmente, uma tarefa diária no trabalho de todo
e qualquer professor, sendo da sua responsabilidade a criação de momentos
repletos de aprendizagem, com intencionalidade pedagógica e indo de encontro
às suas necessidades e motivações, compromissos que considero ter cumprido,
de forma bastante positiva.
As ‘’Super’’ Modalidades
É de extrema importância relatar as modalidades que permitiram uma
verdadeira ligação e interação entre os alunos, às quais intitulei de ‘’Super’’: a
78
Ginástica Acrobática, a Orientação e a Dança. Estas matérias são semelhantes
a muitas outras, mas permitiram verdadeiras aprendizagens aos alunos, fruto da
utilização de uma metodologia que centra o processo de ensino aprendizagem
nos mesmo: o AfL. O novo colorido que o AfL veio dar ao processo de
planeamento resultou do estudo de investigação-ação realizado na unidade de
Ginástica acrobática, que se repercutiu nas matérias subsequentes de Dança e
de Orientação, utilizando a mesma metodologia. Assim, apesar de o conjunto
das três matérias seguirem moldes distintos, todas se orientaram e centraram
nos quatro princípios enunciados por Leirhaug e Annerstedt (2015): i) na partilha
de objetivos de aprendizagem com os alunos, ii) na partilha dos critérios para o
sucesso dos discentes, iii) no envolvimento dos alunos para avaliarem a sua
própria aprendizagem e dos seus colegas e iii) na promoção de feedback que
permita aos alunos melhorar e evoluir.
De acordo com Black e Wiliam (1998), o AfL é o coração para as
aprendizagens significativas, devendo ser impulsionada pelos professores para
que os alunos façam parte de todo o processo de aprendizagem. Broadfoot et
al. (1999) acrescentam que esta é uma das maiores e melhores ferramentas
educacionais para promover o ensino de qualidade e efetivo, desde que utilizada
da forma correta e partindo de um planeamento exemplar. A verdade é que não
poderia estar mais de acordo com as ideias anteriormente referidas. A utilização
desta metodologia propiciou uma transformação única nos alunos enquanto
seres humanos. Os seus níveis de motivação, de predisposição e de entusiasmo
para a prática aumentaram exponencialmente, sobretudo pelo ênfase colocada
no processo e não no resultado final, bem como pela elevação da autonomia e
das tomadas de decisão por parte dos próprios alunos, tal como Broadfoot et al.
(2002) documentam.
‘’Penso que não há nada de errado em destacar o excelente funcionamento da
sessão, com um verdadeiro comprometimento de todos, sentindo-se
responsáveis pelo processo e reconhecendo que a realização das várias
tarefas só depende de si mesmos, do seu empenho e da sua dedicação.’’
/ Espinho, 22 de fevereiro de 2019
79
A verdade é que, tal como advoga Larrivee (2008), a utilização do trabalho
colaborativo parece ter sido uma excelente metodologia para facilitar a evolução
e o desenvolvimento dos alunos, com momentos de auto e heteroavaliação,
permitindo a criação de um ambiente em que os erros são admitidos e onde não
há receio de pedir ajuda. De facto, a utilização da autoavaliação revelou-se um
ponto fundamental para o desenvolvimento da autonomia e responsabilidade
dos alunos, embora não tenha sido fácil para todos conseguiu-se cumprir os
objetivos previstos e potenciar uma verdadeira compreensão do processo de
ensino-aprendizagem.
‘’A verdade é que este momento de análise inicial funcionou na perfeição, os
alunos concretizaram todas as tarefas propostas e foram capazes de identificar
as dificuldades sentidas. Naturalmente, nem todos sentiram a mesma facilidade
na sua realização, mas a presença de critérios, neste momento de
autoavaliação, tornou-se uma mais valia. Estes foram, a meu entender, fulcrais
para que todos fossem capazes de compreender o ponto em que se encontram
no processo, permitindo-lhes perceber o que devem e necessitam de trabalhar
para alcançar patamares superiores e construir, com sucesso, o esquema
gímnico com o seu grupo.’’ / Espinho, 22 de fevereiro de 2019
Destaque-se também a evolução dos alunos ao nível da heteroavaliação.
Num primeiro momento, foram poucos aqueles que se sentiram capazes de
avaliar a performance dos colegas (excerto dia 8 de março), sendo algo a
trabalhar para o cumprimento do perfil dos alunos à saída da escolaridade
obrigatória. Contudo, com o passar do tempo, esta capacidade foi sendo
desenvolvida (excerto dia 7 de maio), tendo as placas numeradas de 1 a 5 sido
uma excelente ajuda para que todos se sentissem mais confortáveis no
momento de se expressar e intervir.
‘’Infelizmente, nem todos os discentes se encontram capazes de ‘’criticar’’ a
prestação dos colegas, não demonstrando a presença de um sentido crítico
desenvolvido.’’ / Espinho, dia 8 de março de 2019
80
‘’Todos demonstraram uma maior capacidade crítica, tanto ao nível das
dinâmicas de grupo como das formações, fornecendo informação útil para os
colegas utilizarem e atuarem na sua própria aprendizagem (Chng & Lund,
2018).’’ / Espinho, dia 7 de maio de 2019
Confesso que o planeamento não foi, de todo, tarefa fácil, sendo esta uma
das maiores dificuldades apontadas à metodologia do AfL (Chng & Lund, 2018).
Contudo, neste momento final, posso dizer, com toda a certeza, que tudo valeu
a pena, não só para mim, mas sobretudo para os alunos, que foram capazes de
sair da sua zona de conforto e envolver-se, realmente, na aprendizagem dos
conteúdos específicos da EF. A aprendizagem foi potenciada com a utilização
do AfL na modalidade de Ginástica Acrobática, cujos princípios e estratégias
foram transportados e utilizados na Dança e na Orientação. A Dança seguiu uma
dinâmica semelhante à Ginástica, tendo como propósito final a construção de
uma coreografia criativa, respeitando as componentes enunciadas nos critérios
de avaliação. Relativamente à Orientação, a sua organização ficou à
responsabilidade dos vários grupos (4 no total), que tiveram que criar um
percurso com pontos de referência, no interior da escola, e leciona-lo aos
colegas numa sessão. Esta estratégia potenciou aprendizagens muito além da
componente motora, conforme patente no excerto a seguir apresentado:
‘’A meu ver, penso que se trata de uma oportunidade única a de colocar os
alunos no papel do professor, fazendo-os compreender que nem sempre é
simples o ‘’outro lado do ensino’’. É preciso planear, organizar e, acima de
tudo, possuir todas as competências necessárias para comandar a sessão de
forma tranquila e consciente.’’ / Espinho, 10 de maio de 2019
No meu entender, é necessário trabalhar para que os alunos sejam, eles
próprios, os construtores da sua aprendizagem, reconhecendo os objetivos, os
critérios e a importância do processo. Só através de metodologias mais
centradas nos alunos seremos capazes de ir além das outras disciplinas e áreas,
potenciando aprendizagens únicas e duradouras. De referir que esta temática
irá ser desenvolvida no estudo de Investigação-ação.
81
5.3.3. Pintora Minuciosa: Do Plano de Aula à sua Aplicação
O plano de aula é, sem sombra de dúvidas, o elemento mais próximo do
processo de ensino, sendo influenciado, em grande parte, pela capacidade de
observar e de intervir de cada docente. Isto é, o plano não passa de um conjunto
de exercícios sequenciados e estruturados, que requerem uma intervenção
adequada por parte dos professores, para que se possa verificar uma evolução
nos alunos. Objetivos, conteúdos, tarefas de aprendizagem, tudo é importante
para aprendizagens de qualidade, mas não suficiente. O docente tem sempre
um cunho pessoal, uma cor, forma ou textura que pode inserir e que pode
potenciar, ou não, o desenvolvimento dos seus pupilos. A verdade é que nada é
definitivo, numa aula, fruto da contingência que carateriza o ato de ensino, o
plano não passa disso mesmo, de um projeto que se transforma em função do
momento concreto. Um simples acontecimento pode alterar o planeado, pelo que
o plano de aula não deve ser mais do que um guião para o docente.
No início, sentia que o plano era o mais importante e que devia ser
seguido com o máximo de rigor, sem qualquer alteração e com o maior nível de
exigência possível, era como se não conseguisse desligar do mundo da
perfeição que na minha cabeça existia (Excerto dia 24 de setembro). Atualmente,
sinto-me uma pessoa diferente, que reconhece os verdadeiros dilemas da
profissão e que não se cinge a um simples papel, a um mero plano, mas que
veste a camisola do que é ser professor e que procura transportar os alunos para
um outro local, responsabilizando-os pelo processo (Excerto dia 21 de maio).
‘’Sinto que a minha insegurança não me permite relaxar por um único
momento.’’ / Espinho, 24 de setembro de 2018
‘’Todos são capazes de aprender, desde que o professor seja capaz de os
transportar para o seu lado, colocando-os no centro do processo. O mundo do
ensino e do saber só depende daqueles que o praticam: os docentes.’’
/ Espinho, 21 de maio de 2019
82
Um dos aspetos que considero importante mencionar foi a diferença
sentida ao nível da lecionação e do planeamento nos vários ciclos de ensino.
Cada turma requer um método distinto para ser capaz de se organizar melhor,
tendo-se destacado o 2º ano das restantes turmas que lecionei, pela sua elevada
energia e euforia em todas as sessões.
‘’Este dia ficou marcado pela música, pela dança e pela energia contagiante
dos alunos do 1º Ciclo. Estes pequenos pintainhos, como eu lhes costumo
chamar, transbordam felicidade e alegria, do princípio ao final da aula.’’
/ Espinho, 28 de fevereiro de 2019
Procuramos, enquanto NE, manter a mesma estrutura em todas as
sessões, por estações, para facilitar os momentos de instrução e de gestão de
tempo de aula. De facto, as rotinas, inclusive de planeamento, neste nível de
ensino, tornaram-se um ponto marcante e potenciador de aprendizagens, sem
as quais o processo ficaria condicionado.
‘’Os alunos já adquiriram todas as rotinas da sessão, facilitando, em grande
parte, o meu papel. Permite-me estar mais concentrada nos discentes e nas
suas dificuldades, concentrando-me que me centre na tarefa principal da aula:
a aprendizagem dos alunos.’’ / Espinho, 14 de novembro de 2019
Além disso, face ao espaço disponível, o planeamento de cada aula teve
de ser bastante ponderado, na procura de antecipar modos de evitar tempos de
espera e exercícios que permitissem trocas rápidas, para que os alunos tivessem
um tempo de empenhamento motor elevado. Tal como enunciam Jr e Filgueiras
(2009), os espaços escolares podem ser meios de aprendizagem e, como tal,
devem ser projetados e adaptados para que tal possa suceder. Esta situação
não se deve verificar apenas no 2º ano, mas também nos restantes níveis de
ensino. Todo e qualquer docente deve reconhecer o espaço onde a sua aula
decorrerá, planeando-a de forma a não colocar em causa a integridade física
dos alunos, com exercícios adaptados ao espaço disponível, de modo a
potenciar as possibilidades de aprendizagem dos alunos. Deste modo, importa
83
que o plano de aula antecipe possíveis situações indesejadas e preveja
alternativas que possibilitem o bom desenrolar da sessão.
‘’É necessário escolher de forma cuidada os exercícios, ajustar o número de
alunos envolvido e ainda o grau de dificuldade. Tudo aquilo que realizamos
terá influência na vida destes jovens, a forma como fazemos as equipas, se
homogéneas ou heterogéneas, se os deixamos escolher ou não... Assim, é
fácil perceber que o planeamento terá um papel fulcral para evitarmos, ao
máximo, situações inesperadas.’’ / Espinho, 10 de setembro de 2018
Não tenho qualquer dúvida de que a gestão é um elemento fulcral para o
bom desenrolar das sessões, sobretudo ao nível do controlo da indisciplina e
dos comportamentos inapropriados. O melhor exemplo desta situação foi com a
turma do 6º4, que suscitou elevadas dificuldades no controlo dos seus 30 alunos,
em espaços reduzidos, com todas as conversas paralelas e faltas de atenção,
caraterísticas dos discentes em questão. Procurei utilizar várias metodologias
distintas para combater e ultrapassar esta adversidade, mas nada parecia
resultar. A melhor opção foi, sem qualquer dúvida, a divisão da turma em dois
grupos distintos, estando cada um deles com uma das EE.
‘’A verdade é que uma das dificuldades sentidas durante toda a sessão foi
neste campo de gestão e de organização do espaço, em função do elevado
número de estudantes presentes, mas que será combatida na próxima
semana, através da divisão em dois grupos de trabalho. Enquanto uns efetuam
treino funcional, os restantes estarão a realizar várias situações de competição
1x1, colocando os resultados obtidos numa cartolina, por nós efetuada. Esta
estratégia possibilitará mais espaço de jogo, facilitando e propiciando uma
melhor prestação de todos. O essencial não pode, em momento algum, ser
esquecido: a aprendizagem. Não existem dúvidas que, turmas reduzidas
permitem maior tempo efetivo de aprendizagem, maior e melhor participação,
um ensino mais individualizado, maior inclusão, incremento da autoestima,
desenvolvimento cognitivo... Como tal, é fulcral encontrar estratégias que
84
permitam lidar com todos os alunos, neste contexto tão único, não descurando
o processo de ensino e indo de encontro às suas necessidades.’’
/ Espinho, 13 de março de 2019
Contudo, esta opção só foi possível aplicar pela presença de duas
estudantes no NE, trabalhando de forma colaborativa na lecionação das aulas
da respetiva turma. De acordo com Vale e Mouraz (2014), esta estratégia é
denominada de monodocência coadjuvada, já que um docente lidera o processo
de ensino-aprendizagem e o outro se limita a ‘’ajudar’’, em todos os aspetos que
forem necessários. Tendo em conta o atual número mínimo e máximo de alunos
por turma, que varia entre 26 e 30 alunos, considero que esta é uma ótima
solução para melhorar, indiscutivelmente, as aprendizagens dos envolvidos. No
meu entender, permite uma abordagem com maior proximidade entre professor-
aluno e um número de feedbacks superior. Acrescente-se que os dois
professores, presentes na sala de aula, poderiam estar a abordar os mesmos
conteúdos ou outros, completamente distintos, em espaços contíguos, algo que
se verificou junto da turma das várias turmas à responsabilidade do NE.
Importa perceber que todos estes benefícios caem por terra se os
professores não tiverem boas práticas docentes. As vantagens são inúmeras,
mas a qualidade do ensino é essencial para as atingir. Os docentes devem ter
formação adequada, ser qualificados e procurar, em todos os momentos,
estratégias e práticas pertinentes para todos e cada um dos seus alunos,
considerando as suas necessidades e capacidades, bem como o contexto em
que estão inseridos. Vale e Mouraz (2014) indicam que a qualidade desta
coadjuvação depende sempre da maior ou menor adesão dos professores ao
trabalho colaborativo, algo que funcionou na perfeição neste núcleo de estágio,
que partilhou, continuamente, as cores do saber para evoluir.
A verdade é que desde cedo me apercebi que, neste ano de EP, seria
fulcral o trabalho de equipa, dentro do núcleo NE (excerto dia 13 de setembro),
tendo culminado em momentos de prática coadjuvada até ao final do ano letivo
(excerto dia 29 de março), algo único e de valorizar para todos os envolvidos.
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‘’Acima de tudo, neste ano de mudança e de aprendizagem, o trabalho
colaborativo será algo fulcral para o desenvolvimento de todos, em múltiplos
aspetos.’’ / Espinho, dia 13 de setembro de 2019
‘’Uma das situações que tem vindo a ser mais recorrente é o trabalho
colaborativo com a minha colega de núcleo, a Catarina, funcionando de forma
integrada na lecionação das várias sessões do 1º e 2º Ciclo do Ensino Básico.’’
/ Espinho, dia 29 de março de 2019
Voltando ao planeamento de cada aula propriamente dito, considero
deveras importante mencionar ainda que as sessões nunca chegam a ter a sua
totalidade de tempo útil, face à utilização dos minutos iniciais para equipar e dos
finais em prol da promoção de hábitos de vida saudáveis, como a troca de roupa
ou o banho. Como tal, as alterações efetuadas em cada um dos níveis são
naturais, procurando maximizar o tempo disponível para a prática. É essencial,
tal como supracitado, que o professor ajuste os exercícios para que o tempo de
empenhamento motor seja elevado (excerto dia 26 de setembro). Contudo, tal
como advoga Mesquita (2014), nem sempre mais tempo de aprendizagem
significa uma melhor aprendizagem, é o docente que deve desempenhar esse
papel (excerto dia 9 de outubro).
‘’Acrescente-se que os exercícios devem potenciar o maior tempo de
empenhamento motor possível, possibilitando o tempo potencial de
aprendizagem e um ensino de qualidade. Se tivermos, em metade de um
campo de basquetebol, um jogo de 6x6, nem todos jogarão, tal como sucedeu.
Além disso, as tarefas devem ser adaptadas em caso de necessidade,
incluindo um joker ou apoios e, em momento algum, deixar alunos de fora da
prática. ‘’ / Espinho, 26 de setembro de 2018
‘’Cabe-me a mim, docente, possibilitar a melhor aprendizagem possível, dando
o melhor do mim, transcendendo-me.’’ / Espinho, 9 de outubro de 2019 Os professores devem manter a sua atenção no essencial: os alunos e as
suas aprendizagens. Nada mais importa. Um exemplo prático desta situação
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foram as melhorias notórias sempre que foi utilizado o AfL, colocando os alunos
no centro do processo, responsáveis pela sua evolução, de acordo com os
objetivos e com os critérios definidos. Esta foi uma das estratégias utilizadas com
a turma do 11º ano e que, no meu entender, deveria ser utilizada em todos os
níveis de ensino, mas sobretudo no secundário. O planeamento destas sessões
baseou-se na definição dos objetivos para cada uma delas, dando asas,
orientadas, para os alunos tomarem as suas próprias decisões quanto ao tempo
a utilizar para cada tarefa. O bom desenrolar do processo dependia, em grande
parte, do empenho e da dedicação dos alunos, que, tal como é possível observar
no excerto que se segue, permitiram que o mesmo decorresse na perfeição.
‘’A prova desta sua verdadeira entrega ao processo é simples de exemplificar
através do tempo utilizado face ao previsto para cada tarefa. Estava planeado
começarem apenas às 11h05 a construção dos vários esquemas, mas
acabaram por os iniciar às 10h58, demonstrando a sua vontade de ir mais
além. Enquanto docente, nem sequer tive necessidade de gerir a troca entre
tarefas, os discentes sabiam quais eram os objetivos para a sessão e
efetuaram, autonomamente, a transição das tarefas de pares, para trios e,
consequentemente, para a elaboração do mini esquema gímnico.’’
/ Espinho, 1 de março de 2019
Contudo, considero importante destacar que, na aplicação prática do
plano de aula e na lecionação da respetiva sessão, são muitos os docentes que
priorizam a socialização com o intuito de manter a confiança dos alunos, já que
a disciplina não requer rendimento. Isto é, tal como advoga Graça (2014b), a
preocupação de determinados professores é mais direcionada para a gestão do
que para a instrução, deixando os alunos contentes e diminuindo o número de
problemas existentes no contexto de sala de aula. Todavia, quais serão as
aprendizagens obtidas em função desta perspetiva do que é o ensino, a
educação e a EF? Será este o caminho para a construção de um aluno que
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cumpre o perfil à saída da escolaridade3? Será esta a postura adequada para
um professor que lida, diariamente, com os futuros cidadãos da sociedade atual?
Deverá ser o planeamento efetuado neste sentido? Deverei eu, enquanto
elemento formador da sociedade em que me insiro, enveredar por esta postura?
Não me identifico, de todo, com esta atitude no mundo do ensino. Eu vim para
ficar neste mundo vivo e constituído por pessoas, devendo contribuir para que o
mesmo seja o melhor possível, planeando e lecionando com consciência e com
rigor.
De acordo com Jr e Filgueiras (2009), a maior complexidade e riqueza ao
nível da gestão da aula de EF é a capacidade de observação, reflexão e
flexibilidade que o docente deve possuir, testando múltiplas estratégias durante
os primeiros anos na profissão. Neste sentido, depois de tantas tentativas
falhadas durantes este EP, posso dizer que o plano de aula e as preocupações
que me assaltaram ao longo do estágio foram, gradualmente, sendo
ultrapassadas. Confesso que não foi fácil, mas a evolução foi constante
evolução, tanto de período para período, como de unidade para unidade.
‘’... é necessário escolher de forma cuidada os exercícios, ajustar o número de
alunos envolvido e o grau de dificuldade. Tudo o que realizamos terá influência
na vida destes jovens, a forma como fazemos as equipas, se homogéneas ou
heterogéneas, se os deixamos escolher ou não... Assim, é fácil perceber que o
planeamento terá um papel fulcral para evitarmos situações inesperadas. Tudo
importa quando pretendemos atingir um determinado objetivo. Temos de
conciliar a parte motora, a parte cognitiva, os materiais, os espaços, o perfil dos
alunos. Nada pode ficar ao acaso.’’ / Espinho, 10 de setembro de 2018
De facto, o planeamento da sessão é imprescindível, permitindo um
processo de ensino articulado e organizado, de acordo com as necessidades da
turma. No entanto, mais do que efetuar um plano de aula com rigor e com os
respetivos ‘’Planos B e C’’ para que a sua aplicação seja potenciadora de
3 In Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, Ministério da Educação (Martins
et al., 2017).
88
aprendizagens, é essencial que o docente se mantenha flexível e atento às mais
variadas situações inesperadas que possam surgir, no decorrer da sessão, pois
como é sabido o ensino é contingencial e imprevisível.
As adaptações constantes fazem parte do que é ser professor, sobretudo
na disciplina de Educação Física, devendo ser o docente capaz de se ajustar e
de contornar as distintas adversidades com que se depara (excerto dia 3 de
maio). Tal como menciona Bento (2014), o ensino é um palco de constantes
tomadas de decisões imediatas, muitas delas nem sequer chegam a ser
anteriormente pensadas. Este foi um verdadeiro desafio que tive de ser capaz
de, continuamente, superar para elevar o meu desenvolvimento profissional e
aprendizagem. No início do ano letivo não me sentia preparada para as mais
variadas adversidades que surgiram (excerto dia 19 de março). Todavia, neste
momento final de EP, sinto que o sucesso foi alcançado e que me possibilita,
num futuro próximo, continuar a colorir as cores dos estudantes, lidando com
todos os imprevistos e imprevisibilidades da docência (excerto dia 14 de maio).
‘’Ser professor é mesmo isto. É adaptar. É ajustar. É ir de encontro às
necessidades dos estudantes em todo e qualquer momento. Sem esta
mudança e adaptação, a aula teria ‘’apenas corrido’’, colocando em causa as
aprendizagens destes jovens aprendizes.’’ / Espinho, 3 de maio de 2019
‘’No início do ano letivo, alterar um plano de aula e/ou um momento de
avaliação era, para mim, algo aterrorizador.’’ / Espinho, 19 de março de 2019
‘’Penso que esta competência, não só durante este ano letivo como também
pela prática enquanto treinadora, se tem vindo a desenvolver e sinto-me,
atualmente, capaz de ultrapassar as contrariedades que possam surgir antes
ou durante o processo de ensino-aprendizagem.’’
/ Espinho, 14 de maio de 2019
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5.4. O Degradé de Cores da Intervenção Pedagógica
A intervenção pedagógica é, inevitavelmente, um processo que deve ser
considerado e destacado, sob pena de descurar as aprendizagens dos alunos.
O docente deve ser um elemento ativo nas várias sessões, instruindo,
fornecendo feedbacks, gerindo e organizando a aula, relacionando-se com os
alunos e motivando-os, observando e prestando atenção aos mais ínfimos
pormenores. De facto, o ensino e a docência vão muito além do planeamento,
devendo atender às caraterísticas contextuais e individuais.
De acordo com Gomes et al. (2014), ser professor implica um gosto por
ensinar bem, por aceder a mais conhecimentos, por ir além do palpável e do
visível. Deste modo, sem um processo de formação e de reflexão adequado, o
mundo colorido do ensino torna-se incolor, sombrio, já que a aprendizagem dos
alunos é colocada em causa. É simples compreender que o docente deve ser
alguém capaz de intervir e de transformar o aluno, bem como as suas
experiências prévias, que, de alguma forma, podem ser um entrave a novas
aprendizagens (Barros et al., 2012). Contudo, tal como enunciam Inácio et al.
(2014), a multiculturalidade é uma realidade na escola atual, encontrando-se a
mesma repleta de diversidade cultural, social e linguística. Deste modo, a tarefa
do docente torna-se ainda mais complexa, em todos os aspetos, sobretudo na
intervenção pedagógica que efetua, uma vez que nem sempre é fácil
compreender a individualidade que mora dentro de cada um dos alunos.
Acrescente-se ainda que, desde a conceção do currículo a preto e branco
até às práticas coloridas propriamente ditas, o conhecimento da variabilidade
interindividual é fulcral para se estabelecerem objetivos atingíveis para todos,
direcionando o ensino para as necessidades de cada um. Mais uma vez, a
multiculturalidade volta a ser um desafio, bem como a integração e equidade
(Matos, 2014). Acima de tudo, importa que os alunos vivam a EF e gostem de a
praticar, cultivando a prática desportiva fora do contexto escolar.
‘’O receio é ainda gigante, porque sei da importância que a minha intervenção
tem na vida dos alunos. Posso levá-los a gostarem de praticar exercício como
90
uma mera atividade, mas também posso influenciar de tal forma o aluno, ao
ponto de ele não querer mais calçar umas sapatilhas.’’
/ Espinho, 5 de setembro de 2018
5.4.1. Das Cores Sólidas a uma Paleta Multicolor: A Relação Pedagógica
Durante todo o processo de planeamento, instrução e intervenção, uma
das minhas maiores dificuldades foi distinguir o contexto escolar em que me
encontrava, bastante distinto do treino, ao qual me encontrava acostumada. A
princípio, centrava a minha atuação no rigor e na exigência, pintando de cores
escuras e sólidas a formação dos meus alunos, seguindo os princípios de um
contexto competitivo. Todavia, na escola, o paradigma é, ligeiramente, distinto.
A verdade é que nem todos os estudantes querem ter EF, sendo necessário
conquistá-los e fazê-los ver as múltiplas vantagens da associação de uma vida
ao desporto, pintando o seu mundo com um leque variado de cores.
Segundo Mesquita (2005), é importante definir objetivos exequíveis,
meios de controlo para as tarefas definidas e, claro, manter os alunos motivados
e empenhados nas várias tarefas, incutindo-lhes a responsabilidade de realizar
os exercícios da forma correta. Do meu ponto de vista, este último aspeto é,
indiscutivelmente, o mais importante, estabelecendo relações puras e marcantes
para os envolvidos. A verdade é que os professores são elementos fulcrais no
contexto escolar, possuindo um contacto único com os jovens, tanto dentro como
fora do contexto sala de aula (Webster, 2011b). Correia et al. (2013) mencionam
ainda que o docente deve valorizar este relacionamento interpessoal,
estruturando a sua ação tendo em conta os interesses dos alunos, incentivando
inclusive a própria família para as práticas desportivas escolares, fator que pode
influenciar a motivação dos discentes.
No caso específico do docente de EF, este é visto, tal como indica Barros
et al. (2012), como alguém capaz de motivar os seus alunos, estabelecendo uma
relação próxima, que possibilita o afeto e a atenção. Os autores destacam ainda
o facto de ser um exemplo a seguir, fruto do seu estilo de vida saudável, dentro
e fora do espaço de aula. Como tal, é notória a importância que o mesmo possui
91
no contexto escolar, devendo assumir as suas responsabilidades e cumprir as
suas funções da melhor forma possível, sob pena de a formação plena dos
alunos ficar comprometida. De facto, no mundo da docência, os códigos
deontológicos e éticos não podem ser esquecidos. Deve-se procurar formar
integralmente todos os envolvidos, utilizando o desporto e os seus valores como
base. A educação deve procurar formar cidadãos abertos à diversidade,
responsáveis, autónomos e respeitadores de todos os direitos cívicos (Carvalho,
2014). Confesso que, durante este ano de EP, esta preocupação esteve
presente desde o primeiro momento (excerto dia 25 de setembro) até ao final
(excerto dia 3 de maio).
‘’O mundo atual requer que eu forme alunos autónomos e responsáveis,
criativos e inovadores... O que vai muito para além da parte técnica e tática,
frequentemente associadas, de forma redutora, à nossa disciplina. Vou sempre
dar o melhor de mim e, da parte dos alunos, só posso esperar o mesmo. Vou
ser exigente, sem deixar de ser amiga e vou participar ativa e
interventivamente na formação integral dos “meus” alunos.’’
/ Espinho, 25 de setembro de 2018
‘’O desenvolvimento da personalidade deve ser favorecido, proporcionando
valores, razões, motivos e saberes que permitirão nortear as suas vidas. Este
tem sido o meu objetivo desde o primeiro momento, tornando-os seres
autónomos, capazes de tomar as suas próprias decisões e de viver uma vida
plena, em sociedade.’’ / Espinho, 3 de maio de 2019
Não tenho qualquer dúvida de que a ação educativa só pode ser
desempenhada por quem acredite que a mesma pode contribuir para a formação
de seres humanos íntegros, não limitando as suas funções à transmissão de
conteúdos programáticos (Queirós, 2014b). E a verdade é a relação que se
estabelece pode, em grande parte, potenciar este desenvolvimento. Confesso
que este foi um dos aspetos em que mais cresci, neste ano de formação. Iniciei
o EP com uma postura mais rígida e exigente, mas, com o passar do tempo,
desenvolvi a minha segurança e confiança, destacando-me como docente da
92
turma e tudo se alterou. A utilização do AfL foi crucial para que tal sucedesse,
potenciando uma melhor relação e interação entre todos os envolvidos, tanto
aluno-aluno, como aluno-professora. Tal como enunciam Chng e Lund (2018),
esta é uma das vantagens da utilização deste modelo, bem como os elevados
efeitos positivos na aprendizagem.
De acordo com Lopes (2014), a docência possui caraterísticas únicas e
particulares fruto, em parte, pelas relações que se estabelecem no meio. Como
tal, é fulcral que todo e qualquer docente seja capaz de desempenhar múltiplos
papéis: o de orientador, de amigo, de líder, de crítico, de facilitador, de
formador... acima de tudo, importa que seja capaz de compreender qual deles
interpretar, em cada momento (Barros et al., 2012), tarefa esta que nem sempre
é facilitada. Neste caso em concreto, posso dizer que ser treinadora se tornou
uma mais valia para mim, tendo potenciando múltiplos transferes do mundo do
treino para o do ensino, tanto ao nível de qual a atitude a tomar (excerto dia 25
de setembro), como também da adaptação a realizar (excerto dia 14 de maio).
‘’Talvez o facto de ser treinadora há já alguns anos tenha sido uma mais valia,
porque sabia, pela experiência, que esta seriam as melhores atitudes a tomar
em cada momento.’’ / Espinho, 25 de setembro de 2018
‘’A capacidade de adaptação é uma caraterística que todos os docentes devem
possuir, sendo capazes de se ajustar e de contornar as distintas adversidades
com que se deparam. Penso que esta competência, não só durante este ano
como também pela prática enquanto treinadora, se tem vindo a desenvolver e
sinto-me, atualmente, capaz de ultrapassar as contrariedades que possam
surgir antes ou durante o processo de ensino-aprendizagem.’’
/ Espinho, 14 de maio de 2019
Não existem dúvidas de que um docente tem de ser alguém capaz de se
adaptar, com rapidez, às dificuldades com que se depara. Porém, acima de tudo
isso, está a importância de um professor não desistir dos seus alunos, das suas
aprendizagens e vivências. A verdade é que nem sempre será um caminho de
fácil realização, sendo fulcral incluir a reflexão no nosso percurso, sob pena de
93
a nossa própria aprendizagem ficar condicionada. Neste sentido, posso dizer,
com toda a certeza, que através do meu caráter reflexivo me transcendi e
possibilitei uma verdadeira abertura da paleta de pintor, deixando as cores
sólidas e colorindo não só o meu mundo enquanto docente, mas também o de
todos os meus discentes e o ambiente da própria escola.
A minha exigência constante, comigo e com os outros, o aproximar da
utopia, da perfeição decorrem da minha vontade de querer sempre mais. É
preciso ir além dos horizontes previamente traçados. É preciso brilhar, iluminar-
se, iluminar e recolorir a vida dos alunos com as cores do saber.
‘’Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.’’
(Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa, 1933)
5.4.2. O Professor e a Aplicação do Sfumato: A Instrução
A instrução é, sem qualquer dúvida, um aspeto central na docência e que
deve ser, continuamente, trabalhado. Consiste em estabelecer uma via de
comunicação entre o professor e o aluno, sendo uma ferramenta imprescindível
para promover aprendizagens de qualidade (Oliveira et al., 2013). De facto, este
processo de instrução assume uma importância tremenda no contexto de ensino,
podendo influenciar, fortemente, as aprendizagens dos envolvidos. Cada
contexto e cada turma exigem uma atuação diferenciada, que requer técnicas e
estratégias adequadas.
‘’Uma das situações que mais se destacou foi a utilização da demonstração,
aliada à instrução clara, com a utilização de palavras chave. A verdade é que,
na faixa etária em questão, o excesso de informação não permite a correta
94
compreensão, por parte dos discentes. De acrescentar que, a utilização de
estratégias instrucionais combinadas, como foi o caso, são bastante benéficas
(Januário et al., 2006).’’ / Espinho, 31 de outubro de 2018
Através da instrução de qualidade, o professor procura a mais pura e bela
manifestação da sua ideia e/ou pensamento. No início do EP, apesar de estar
consciente de tal situação, não sabia como atuar em cada um dos níveis de
ensino e como ajustar a minha intervenção a alunos tão distintos na ação e no
modo se ser. Foi um processo de tentativa e erro, que potenciou verdadeiras
aprendizagens não só aos estudantes, como também a mim, tendo contribuído,
de forma notória, para o meu crescimento e desenvolvimento enquanto pessoa
e docente. Através da técnica do sfumato, o docente é capaz e gerar suaves
graduações entre as tonalidades, tendo sido eu uma facilitadora e uma
aceleradora do processo de formação dos alunos, criando o ambiente e as
condições adequadas para a sua evolução, com um processo pleno de
intencionalidade.
‘’Quanto aos restantes, existem algumas dificuldades, mas que podem ser,
facilmente, combatidas. Aliás, em todos os grupos, decidi realizar um pequeno
momento de instrução e os alunos acabaram por melhorar, de imediato, a sua
ação motora. Este é o meu papel.’’ / Espinho, 9 de novembro de 2018
De acordo com Penney et al. (2009), a pedagogia e a instrução devem ir
de encontro às necessidades dos discentes, procurando alcançar aprendizagens
de qualidade, aprendendo o importante, com um envolvimento de qualidade,
direcionando o foco para a aprendizagem, e de significância, tornando-se algo
significativo para os alunos. De facto, não existem dúvidas de que a instrução
condiciona bastante a evolução dos alunos. Contudo, importa mencionar que
uma coisa é saber fazer e identificar o que é necessário transmitir, outra coisa é
conseguir fazê-lo. Destaque-se que a confiança é um elemento fulcral, devendo
o professor definir todo o processo de forma clara e pragmática, sentindo-se
seguro das suas opções e dos conteúdos a lecionar. A verdade é que os alunos
95
já possuem inúmeras dificuldades, devendo o docente tornar-se um facilitador,
elevando os níveis de sucesso dos envolvidos.
No meu entender, um bom processo de instrução deve ser assertivo, com
domínio de conteúdo. A comunicação verbal deve ser clara e audível, mas
também curta e específica. Esta depende, em grande parte, do conhecimento
que o docente possuí relativamente ao nível do conteúdo a lecionar, devendo o
mesmo possuir um domínio do mesmo. Tal como advoga Bento (2014), o
professor culto não é o que possui conhecimento de todos os conteúdos, mas
aquele que domina, de forma sólida, os associados à sua área. De facto,
considero que me encontro no perfil de excelência neste campo, fruto da
excelente formação base que possuo, não só pela FADEUP, como também no
CIC, tendo potenciando um melhor processo de ensino-aprendizagem (excerto
dia 21 de maio). Todavia, este processo de formação deve continuar, ano após
ano, visando manter-me atualizada e propiciar aprendizagens significativas aos
meus pupilos. A verdade é que, se cada um de nós se limitasse às competências
e conhecimentos da formação inicial, estaríamos parados no tempo e à mercê
de um grande desajuste profissional (Neves, 2007). Há que avançar, evoluir e
progredir. Há que continuar a trabalhar (excerto dia 6 de setembro).
‘’O conhecimento ao nível dos vários conteúdos está presente desde o
primeiro momento, fruto de uma formação inicial de elevada qualidade, na
FADEUP.’’ / Espinho, 21 de maio de 2019
‘’Tenho plena consciência de que a minha formação foi bastante boa, partindo
de uma formação inicial mais teórica e que agora, na prática, só tenho de me
adaptar e ir desenvolvendo enquanto futura docente. Mas também sei de que
este não é um processo rápido, é algo que requer tempo, paciência e
resiliência.’’ / Espinho, 6 de setembro de 2018 – Balanço Final
Confesso que, neste campo da instrução, um dos métodos que considero
mais efetivos é o questionamento, permitindo a construção autónoma de ideias
e de princípios, tal como advogam Graça e Lacerda (2012). Além disso, julgo
igualmente importante o reforço positivo, sobretudo no final das sessões,
96
mantendo o estudante focado nas várias tarefas e direcionado para alcançar os
objetivos inicialmente propostos. Segundo Albuquerque (2010), esta é uma das
condutas que melhora o rendimento dos alunos, propiciando uma interação entre
docente e discente e um bom clima de aula.
Por fim, não poderia estar mais de acordo com Garcia e Portugal (2013),
quando referem que qualquer palavra pronunciada tem sentido, sendo captada
por outro e ficando a interpretação sujeita aos valores de quem a escuta. Como
tal, deve ser algo a considerar e a atender, em todo e qualquer momento.
As palavras
‘’São como cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
(Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontainhas, 1956)
5.4.3. O Primeiro Passo para Colorir e Evoluir: A Reflexão
Ainda ao nível do degradé da intervenção pedagógica, importa destacar a
reflexão, que foi um elemento crucial para a minha evolução e para o meu
crescimento e desenvolvimento enquanto docente, tal como supracitado.
97
‘’Saber? Que sei eu?
Pensar é descrer.
— Leve e azul é o céu —
Tudo é tão difícil
De compreender!...’’
(Fernando Pessoa in Saber? Que sei eu?, 1914)
A verdade é que ser professor reflexivo é uma caraterística fulcral para o
perfeito desenvolvimento profissional, sendo o primeiro passo para se alcançar
a competência, para colorir o mundo do ensino com todas as suas cores
caraterísticas. Segundo Larrivee (2008), seres que refletem são capazes de
desafiar as suas expectativas e assunções com o intuito de não limitar o seu
potencial, aspeto crucial para prosperar nas salas de aula atuais.
Não existem dúvidas de que a reflexão assume um papel de destaque em
todo o processo de formação profissional. Foi, inclusive, através da mesma que
fui capaz de melhorar o meu conhecimento e também a minha ação (Silva,
2014), levando a uma completa transformação desde as cores sólidas até a uma
completa paleta de cores. Todavia, para me tornar esse ser reflexivo, tive de me
expor a processos de exigiam pensar, responder a atuar (Larrivee, 2008). Estava
consciente da sua importância e dificuldade desde o primeiro momento (excerto
dia 10 de setembro), tendo dado o melhor de mim para retirar o maior proveito
da mesma (excerto dia 19 de março), algo que penso ter conseguido.
‘’Este caráter reflexivo faz-me ir mais além e cruzar os meus próprios
horizontes, começando a crescer dentro de mim uma ‘’personalidade docente’’.
A construção desta identidade profissional depende do contexto de ação, que
exige adaptações constantes numa perspetiva prática. É este um dos objetivos
deste ano tão importante, em que realizo EP: formar-me individualmente,
tornando-me competente e preparada para as mais variadas situações, com
uma identidade própria e que vá muito para além da transmissão de
conhecimentos.’’ / Espinho, 10 de setembro de 2019
98
‘’Sinto que a prática, neste contexto real, de EP, me permitiu crescer e
desenvolver enquanto pessoa e ser humano, indo para além da docência. A
verdade é que o colocar em ação me permitiu realizar, exercer, fazer, exercitar
e concretizar tudo o que alguma vez tinha pensado, errando, refletindo e
voltando a tentar, sem medos e sem receios, entendendo cada momento como
uma aprendizagem para a vida (Bento, 2014).’’
/ Espinho, 19 de março de 2019
De acordo com Marinho (2013), é preciso olhar de frente os vários
problemas que se vivem, refletindo sobre os mesmos e direcionando a sua
solução para a educação, plena de sensibilidade estética e ética, capaz de
fomentar uma alvorada social e pessoal, desenhando seres humanos únicos que
se pintem com cores apaixonantes, vivas e iluminadas por um desejo de coesão
e hospitalidade. Não tenho dúvidas de que, tal como advoga Rolim (2013), a
reflexão é um veículo essencial para a transformação do docente, elevando a
sua qualidade enquanto profissional da área. E, confesso, não poderia estar
mais satisfeita com o meu desempenho nesta área. Considero que a mesma se
desenvolveu e se impregnou em mim de tal forma que, no terceiro período, se
tornou impossível deixar de refletir. Sinto que se tornou um processo para a
minha própria melhoria e evolução, algo que está dentro de mim e que devo
continuar a alimentar e a fazer crescer.
‘’Ao nível da capacidade de reflexão, sabemos que é essencial enquanto
docentes, mas não só. É igualmente uma estratégia fulcral enquanto seres
humanos, para a nossa formação como um todo, sem nunca esquecer que o
nosso propósito, bem como o da escola, é promover a aprendizagem e a
formação dos alunos.’’ / Espinho, 1 de fevereiro de 2018 – Balanço Final
A verdade é que se compararmos o estado atual com o de há duas
décadas atrás, é possível observar um arco-íris que se vai formando, sobretudo
pelas publicações que têm vindo a ser efetuadas neste sentido, contribuindo
para o desenvolvimento da docência (Bento, 2013). A reflexão tem sido um
aspeto fulcral para a evolução e dizer não à reflexão é, em parte, dizer não à
99
evolução. Um docente com uma postura crítica, investigativa e reflexiva pode
superar todos os desafios e contrariedades do seu percurso, pode pintar com
todas as cores a tela dos seus alunos.
‘’O processo é ainda longo e são múltiplos os aspetos a trabalhar, mas a minha
postura deve continuar a ser a mesma, de preparação, de construção através
do erro, de aprendizagem e, acima de tudo, de reflexão. Esta última é
fundamental, porque, apesar da pluralidade de ferramentas instrucionais ser
bastante útil para o ensino, é necessário conhecimento e sensibilidade por
parte do professor, permitindo encontrar e utilizar as estratégias e as
metodologias mais apropriadas para aplicar nas aulas seguintes e em cada
momento (Mesquita, 2014).’’ / Espinho, 2 de outubro de 2018
Larrivee (2008) enfatiza que a razão mais importante para os docentes se
formarem e desenvolverem como seres reflexivos é para serem capazes de lidar,
continuamente e de forma mais consciente, com os dilemas diários do dia a dia
da docência e dos jovens.
5.5. Retoques Finais da Obra de uma Pintora: A Avaliação
Segundo Penney et al. (2009), a avaliação na EF é um elemento crucial
para elevar a qualidade do processo de ensino-aprendizagem, devendo existir
uma ligação entre todo o processo. O mesmo iniciou-se com um currículo a preto
e branco, ficando marcado pelas múltiplas nuances ao nível do planeamento e
da intervenção pedagógica. No final, foram efetuados pequenos retoques finais
fruto da avaliação efetuada, culminando numa verdadeira obra de arte.
A verdade é que avaliar não é, e nunca será, um processo de simples
realização. Trata-se, sem qualquer dúvida, de algo cuja dificuldade é elevada,
não só para os professores, mas também para os alunos. No entanto, urge
desmistificar este paradigma ao nível da avaliação, uma vez que a mesma não
pode, nem deve, ser vista como potenciadora de stress e de ansiedade (Stiggins
& Chappuis, 2012), mas sim como uma tarefa de elevado valor formativo e
100
propiciadora de evolução. Tal como enunciam Rosa et al. (2012), a Avaliação
Formativa (AF) compreende o ato de avaliar como parte e não fim do processo
de ensino e de aprendizagem. De facto, a avaliação não pode ser única e
exclusivamente considerada em função do momento de Avaliação Sumativa
(AS), devendo considerar todo o processo e empenho dos estudantes, tornando-
se um elemento capaz de aferir o ponto em que cada um se encontra.
De acordo com Araújo (2017), atualmente é consensual a necessidade
dos resultados da avaliação para nortear e regular o percurso de aprendizagem,
efetuando os ajustes necessários para que o mesmo seja de qualidade, como
se se tratasse de uma obra de um pintor. Deste modo, torna-se clara a
importância não só da AD, como também da AF e ainda da AS para um processo
com intencionalidade pedagógica, efetuado de forma consciente e ponderada.
Relativamente à primeira, esta articula-se com as restantes, representando
um ponto de partida para as opções e para as decisões metodológicas (excerto
dia 12 de setembro). Esta é, no meu entender, fulcral no processo de ensino-
aprendizagem, permitindo articular todo o processo com as necessidades dos
alunos, colorindo a tela de cada um deles, com cores capazes de a tornar única.
‘’Eu só posso falar por mim, mas considero que esta é fundamental para eu
perceber o ponto de partida dos meus discentes, para compreender o que
ainda tenho de efetuar com os mesmos, até porque cada uma é uma turma e
cada aluno um ser distinto.’’ / Espinho, 12 de setembro de 2018
No que diz respeito à AF, a mesma deve ser igualmente centrada nos
discentes, nas suas dificuldades e potencialidades, tendo como objetivo cumprir
e alcançar o propósito final. De facto, a AF incorpora esta vertente do aluno, que
verifica a sua evolução e que lhes permite gerir a sua aprendizagem, em função
dos objetivos finais a atingir (Araújo, 2017). No entanto, o mesmo autor destaca
que a AF apresenta também uma vertente para o docente, permitindo-lhe
orientar e regular o ensino, ajustando os planos ao processo dos envolvidos,
efetuando pequenos retoques, como se de um pintor se tratasse na ultimação
de uma obra. Tal como advoga Pacheco (1998), este tipo de avaliação
ultrapassa uma perspetiva centrada na classificação obtida, atingindo a
101
descrição e a compreensão, funcionando como uma prática de diagnóstico, de
correção e de orientação. Como tal, durante o ano, a mesma realizou-se,
continuamente, no meu diário de bordo, sendo um momento de reflexão e de
constante avaliação do processo, tal como se observa no excerto que se segue.
‘’Por fim, mas talvez o mais importante, avaliar com uma reflexão, que deve ser
efetuada com o máximo rigor para potenciar a nossa própria evolução.’’
/ Espinho, 24 de setembro de 2018
Ao nível do Ensino Básico e Secundário, Pacheco (2012) menciona que
a avaliação das aprendizagens dos alunos balança entre as componentes
formativa e sumativa, como se não existisse qualquer ligação entre as duas. No
entanto, no meu entender, as mesmas devem estar em constante interação e
ligação, tornando o processo mais positivo, tanto para os discentes, como para
os professores, criando um verdadeiro clima de aprendizagem (excerto dia 9 de
outubro). A verdade é que a avaliação não deve centrar-se única e
exclusivamente numa sessão, devendo ser considerado todo o processo e
evolução efetuados até ao momento (excerto dia 30 de outubro).
‘’A minha ambição, enquanto docente, em fase inicial, é realizar a avaliação ao
longo de toda a ED e, num momento formal final, esclarecer apenas dúvidas
que possa ter. Isto traduz-se na melhoria da relação entre o professor e os
respetivos alunos, na promoção do entusiasmo e também no aumento da
vontade em aprender por parte dos dois, não se centrando num único
momento avaliativo.’’ / Espinho, 9 de outubro de 2018
‘’A verdade é que, por experiências várias da minha parte, nem todos os dias
são bons para a prática de uma determinada modalidade, seja ela coletiva ou
individual. Podem até ser pessoas que cedem facilmente à pressão e que se
sentem, extremamente, nervosas, só pelo simples facto de saberem que é um
momento avaliativo. Por outro lado, podemos ter discentes que só se
empenham nestes momentos, porque pensarem que é o que irá ditar a sua
nota. A meu ver, a avaliação sumativa deve ser apenas um momento para
‘’tirar certas dúvidas’’ quanto à nota de cada um, onde a participação e o
102
empenho devem ser, sem qualquer dúvida, valorizados. O ideal centra-se
numa avaliação contínua que englobe o desempenho em todas as aulas, a
evolução nas diferentes habilidades e os próprios conhecimentos específicos
desenvolvidos, tal como pretendo realizar.’’ / Espinho, 30 de outubro de 2018
De acordo com Graça (2015), o docente deve apresentar tarefas, dar
explicações, comunicar as exigências sobre o que deve ser feito, apoiar os
discentes nas várias tarefas, estimular, orientar, supervisionar, regular e avaliar
o rendimento dos alunos. Sem uma correta avaliação do desenvolvimento das
competências motoras básicas, a intervenção no processo de ensino não será a
adequada e colocará em causa a sua formação (Quintero et al., 2017). Todavia,
tal como refere Bento (2003), a avaliação deve ir muito além da parte
psicomotora, pressupondo uma parte cognitiva e afetiva. É simples compreender
a sua complexidade, que tem vindo a gerar inúmera controvérsia e discussão,
deixando-me com múltiplos receios e inseguranças na sua realização.
‘’No que à avaliação diz respeito, são ainda muitas as dúvidas existentes (ou
inseguranças?). Através da avaliação diagnóstica, formativa e sumativa, terei
de ser capaz de classificar os meus discentes com um mero número. Estou
certa de que não será um processo simples, mas cada coisa a seu tempo.’’
/ Espinho, 4 de outubro de 2018
‘’Confesso que, para mim, este processo avaliativo me faz pensar bastante,
sobretudo por estar receosa quanto à sua realização. Não me importo de dar
todas as aulas do mundo, mas avaliar... Não quero atribuir uma nota, um valor,
a um aluno. Acho que o seu processo é bem mais importante, bem como a sua
evolução enquanto ser.’’ / Espinho, 24 de outubro de 2018
De acrescentar que, de acordo com Bratifische (2008), estes momentos
de avaliação são, sempre, dependentes da sensibilidade dos professores e da
sua capacidade de observar os alunos enquanto se encontram envolvidos nas
diversas atividades, não sendo, de todo, uma tarefa de fácil realização. Deste
modo, a filmagem tornou-se uma estratégia crucial para analisar, com rigor, as
exibições dos estudantes, nas várias avaliações das distintas modalidades.
103
‘’Optei por gravar a situação de jogo 3x3, para que, mais tarde, pudesse
efetuar a avaliação de forma correta. Na prática, teria sido impossível observar
todas as componentes, sobretudo para mim, uma docente ainda em fase de
formação.’’ / Espinho, 12 de outubro de 2018
‘’Julgo importante destacar a utilização da filmagem, para, mais tarde, efetuar a
avaliação ‘’propriamente dita’’. Caso contrário, tornar-se-ia impossível analisar
todas as componentes de cada uma das técnicas, tendo em conta que são 22
os alunos da turma.’’ / Espinho, 12 de fevereiro de 2019
A verdade é que, tal como refere Mendes et al. (2012), a avaliação deve
considerar todo o processo de ensino-aprendizagem e requer algum rigor e
consistência por parte de quem avalia. Mais do que simplesmente olhar, é
necessário captar os diferentes significados dessa visualização porque irá variar
de sujeito para sujeito. Isto é, diferentes observadores percecionam e entendem
as mesmas coisas de forma distinta, não só pela experiência, como também pela
sua própria atenção seletiva ou ainda fruto do objetivo da atividade e do ambiente
em que se encontram. Além disso, antes do momento avaliativo, o professor
deve saber o que vai avaliar e possuir um conhecimento profundo acerca do que
pretende, efetivamente, observar, bem como depois, utilizar, sempre, uma grelha
bem definida e estruturada (Mendes et al., 2012). Contudo, segundo Stiggins e
Chappuis (2012), as questões a que um professor se deve colocar são como
seremos, verdadeiramente, capazes de ajudar os alunos a aprender e a acreditar
nas suas capacidades, tendo sido esta uma das minhas dificuldades, neste EP.
Através da utilização do AfL, considero que evolui e me transcendi ao
nível da avaliação, incluindo-a como algo ‘’mais banal’’ mas, igualmente,
essencial no dia a dia de um professor e da sua turma. De acordo com MacPhail
e Halbert (2010), a avaliação deve ser uma parte integrante do processo de
ensino e de aprendizagem, afirmação com a qual não poderia estar mais de
acordo. Através da utilização desta metodologia, os alunos reconheceram os
objetivos e também os critérios de avaliação, efetuando análises contínuas ao
seu progresso, bem como aos dos seus colegas. Esta transparência de todo o
processo é essencial, tal como enuncia Pacheco (1998). Stiggins e Chappuis
104
(2012) acrescentam que este conhecimento sobre o processo se tornou uma
ajuda crucial para os discentes elevarem a sua confiança e motivação,
envolvendo-se no processo e propiciando aprendizagens de sucesso.
Não posso deixar de mencionar que a AS se torna, em parte, um elo de
ligação entre a escola e o Encarregado de Educação. Segundo Pacheco (1998),
a classificação final obtida é a expressão última da notação e dos procedimentos
avaliativos, correspondendo a uma formalização do resultado escolar. Araújo
(2017) corrobora a ideia destacada, acrescentando que a AS permite um balanço
final das aprendizagens, sendo o culminar de um percurso de aprendizagem. No
entanto, do meu ponto de vista e de acordo com Betii e Zuliani (2009), a
avaliação não deve ser baseada num só momento, mas contínua,
compreendendo as várias fases da mesma, desde a diagnóstica até à sumativa.
Além disso, o ato de avaliar deve ser considerado como formativo, com uma
verdadeira ligação e interação entre professor-aluno, estando todos conscientes
do que será observado e de como deve ser realizado, culminando num processo
único e inesquecível, como uma verdadeira obra prima.
Por fim, considero importante destacar um dos momentos vivenciados
com os alunos da turma residente, no primeiro período, na modalidade de
Badminton. No dia da AS, optei por indicar um árbitro e um avaliador. Cada um
deles teria de avaliar outro colega, segundo os critérios enunciados no início da
sessão. Segue-se o excerto de dia 4 de dezembro, onde tal experiência
aconteceu, com as respetivas ilações retiradas.
‘’No final da sessão, ao conversar com os discentes sobre a avaliação,
decidi questionar se tinha sido fácil avaliar os seus colegas. Todos responderam,
prontamente, que não. Eu acabei por dizer ‘’E vocês só avaliaram um aluno,
durante 20 minutos...’’. Foi bastante engraçado ver a resposta de uma das
alunas dizendo, de imediato, que eu sou professora e que sou experiente. A
verdade é que eu posso ter os conhecimentos necessários para efetuar uma
avaliação de forma mais rápida e simples, mas a experiência é inexistente. Aliás,
é neste ano de EP, que me tenho vindo a construir profissionalmente,
conhecendo os contornos da profissão e tornando-me, a pouco e pouco, um
membro desta comunidade educativa (Queirós, 2014a). De seguida, ao analisar
105
as folhas, por eles preenchidas, foram várias as impressões com que fiquei. Se,
por um lado, alguns dos alunos têm uma elevada facilidade em atribuir a
classificação máxima aos colegas, outros nem tanto. Acabam, inclusive, por
classificá-los com notas bastante inferiores às que eu própria atribui, tal como
demonstrado no exemplo abaixo. Penso que esta foi uma excelente estratégia
para os colocar a refletir, de forma consciente e ponderada, e que me ajudou a
perceber a sua própria perceção das classificações finais.
AVALIAÇÃO EFETUADA POR UM ALUNO
TÉCNICA (1 - 5) TÁTICA (1 – 5)
SERVIÇO ENCOSTO LOB CLEAR AMORTI REMATE Desloca-se para o volante
Procura o espaço vazio
Adequa o batimento
4 4 4 4 4 4 4 5 4
AVALIAÇÃO EFETUADA PELA DOCENTE
TÉCNICA (1 - 5) TÁTICA (1 – 5)
SERVIÇO ENCOSTO LOB CLEAR AMORTI REMATE Desloca-se para o volante
Procura o espaço vazio
Adequa o batimento
5 4, 5 4 4 4 4 5 5 4
Concluindo, esta análise do processo de ensino-aprendizagem é, sem
qualquer dúvida, fundamental para potenciar a mudança e/ou a melhoria. A
avaliação pode ser feita tanto relativamente ao meu desempenho como ao dos
discentes, levando a uma melhor apreciação quanto à eficiência e eficácia da
atuação de ambos.’’ / Espinho, 4 de dezembro de 2018
A avaliação permite aferir o trabalho e a evolução dos discentes, mas
também potencia uma autoavaliação ao próprio docente. Os resultados daqueles
dependem muito do investimento que foi efetuado. A vontade de fazer mais e
melhor, por parte dos alunos, está estreitamente relacionada com o desempenho
do orientador das várias tarefas propostas, aula após aula.
Assumo que o meu esforço foi contínuo, tanto ao nível do conhecimento
das múltiplas modalidades lecionadas, como do ato de avaliar, da utilização de
grelhas de avaliação objetivas e ponderadas e da própria valorização da
observação das mesmas para desenvolver competências neste campo,
diminuindo a angústia de avaliar de forma injusta os meus jovens aprendizes.
106
Estou certa de que o bom professor é um facilitador das aprendizagens,
um motivador que eleva o nível de empenho, de trabalho e de desempenho dos
alunos. Muitas vezes ouvi dizer que os bons alunos aprendem
independentemente dos professores que têm, mas considerando que a escola é
inclusiva todos têm o direto de aprenderem, a ritmos diferentes. Por isso, o bom
docente é aquele que, com os conhecimentos necessários, se dedica aos seus
alunos, se preocupa com eles, enquanto alunos em processo formação.
107
5.6. Avaliar para Aprender numa Unidade Didática de Ginástica Acrobática no Ensino Secundário: Um Estudo em Contexto de
Estágio Profissional4
4 Uma parte do estudo foi apresentado no II Seminário Internacional – Currículo, Avaliação, Formação e Tecnologias Educativas (Anexo 1). O estudo, numa versão reduzida, está em
processo de submissão ao Journal of Sport Pedagogy & Research (JSPR).
108
5.6.1. Resumo
A avaliação é um elemento regulador e fundamental do processo de ensino-
aprendizagem (Dutra et al., 2018), que na perspetiva do Assessment for
Learning (AfL), nomeadamente nas aulas de Educação Física, permite potenciar
a aprendizagem dos envolvidos e desenvolver múltiplas capacidades para a vida
futura (Broadfoot et al., 1999). Face a este entendimento, este estudo visou
explorar as potencialidades e dificuldades da implementação dos processos do
AfL numa unidade de Ginástica Acrobática. Adicionalmente, pretendeu-se ainda:
1) analisar o envolvimento e a motivação dos alunos nos processos do AfL e 2)
o impacto na aprendizagem ao nível da performance dos alunos e dos
conhecimentos dos mesmos, bem como nas dinâmicas de grupo. Os
participantes foram 21 alunos de uma turma do 11º ano do Curso Científico-
Humanístico de Ciências e Tecnologia, com uma idade compreendida entre os
17 e os 18 anos, sendo a média de idades de 17,23. Os instrumentos utilizados
foram a observação por pares em dois momentos, entrevistas em focus grupos,
uma ficha de avaliação de conhecimento, gravações de áudio dos feedbacks da
docente, vários momentos de auto e heteroavaliação e o diário de bordo da
professora. Os procedimentos de análise envolveram estatística descritiva
básica (médias e modas) e análise de conteúdo (Bardin, 2008). Os dados
evidenciaram que os alunos elevaram o nível de envolvimento e de motivação
para as sessões, sobretudo na construção do esquema gímnico. Além disso, a
aplicação desta metodologia potenciou a aprendizagem, tanto ao nível da
performance, como também das dinâmicas dos distintos grupos e ainda na
aquisição de conhecimento. De facto, o trabalho de equipa foi uma das áreas de
maior destaque, juntamente com a evolução verificada ao nível das aquisições
relativas à matéria de ensino propriamente dita.
PALAVRAS CHAVE: Estágio Profissional; Educação Física; Avaliação para a
Aprendizagem; Aprendizagem.
109
5.6.2. Abstract
Assessment is a regulatory and fundamental element of the teaching-learning
process (Dutra et al., 2018), which in the perspective of the Assessment for
Learning (AfL), in particular in Physical Education classes, allows to foster the
learning of those involved and to develop multiple capacities for the future life
(Broadfoot et al., 1999). Based on this understanding, this study aimed to explore
the potentialities and difficulties of implementing the AfL process in an Acrobatic
Gymnastics unit. Additionally, it was also intended: 1) to analyze students’
involvement and motivation in the AfL processes and 2) the impact on learning in
student performance and knowledge, as well as on group dynamics. The
participants were 21 students of a class of the 11th level of the Scientific-
Humanistic Course of Science and Technology, with ages between 17 and 18
years, with an average age of 17,23. The instruments used were two-way peer
observation, focus group interviews, a knowledge assessment sheet, audio
recordings of teacher feedbacks, several self and peer assessment moments and
the teacher’s diary. The analysis procedures involved basic descriptive statistics
(means and modes) and content analysis (Bardin, 2008). The data showed that
students raised their level of involvement and motivation for the sessions,
especially in the construction of the gymnastic scheme. In addition, the
application of this methodology has enhanced learning in performance as well as
in the dynamics of the different groups and in the acquisition of knowledge. In
fact, teamwork was one of the most prominent areas, along with the evolution
verified on the teaching subject itself.
KEY WORDS: School Placement; Physical Education; Assessment for Learning;
Learning.
110
5.6.3. Introdução
O ato de avaliar é e sempre será uma atividade comum à vida de todo o
ser humano, efetuada de forma espontânea, desenvolvida de forma inata e
cultivada pelo convívio (Rosa et al., 2012). No contexto escolar, a avaliação
reveste-se de formas distintas daquela que a sociedade efetua, sendo uma das
funções mais problemáticas que os docentes enfrentam na sua prática
pedagógica (López-Pastor et al., 2013). De facto, Betii e Zuliani (2009) destacam
que o ato de avaliar deve ser efetuado de forma consciente e organizado,
problematizando a ação pedagógica, reorientando o processo de ensino e
facilitando a própria autoavaliação do docente.
A avaliação é, inevitavelmente, um elemento regulador do processo de
ensino-aprendizagem, sendo um ponto fundamental do mesmo (Dutra et al.,
2018). E, tal como enuncia Wiliam (2011), a ideia de que a avaliação pode
suportar a aprendizagem não é algo novo. Todavia, o modo como a avaliação é
entendida nem sempre foi o mesmo, tendo-se ocorrido transformações ao longo
do tempo e coexistido entendimentos distintos. Vários autores (López-Pastor et
al., 2013; Wiliam, 2011) referem que na avaliação, numa primeira etapa, as
necessidades dos aprendentes não eram consideradas, assumindo-se que as
falhas no processo de ensino-aprendizagem se centravam nas suas
incapacidades e dificuldades e na dificuldade em realizarem o que os
professores prescreviam. Pelos anos 60, a ideia de que as dificuldades de
aprendizagem surgiam do próprio processo de instrução, que não considerava
as diferenças entre os alunos (Wiliam, 2011), ganhou lastro. Após esta fase,
seguiu-se um período temporal em que os investigadores procuravam testar
tudo. Contudo, estas aferições, por não considerarem o processo e se centrarem
nos resultados, falharam na produção de informação acerca do que os jovens
tinham aprendido (López-Pastor et al., 2013). Atualmente, correntes ligadas à
avaliação como um meio de melhorar e potenciar a aprendizagem dos alunos,
têm crescido exponencialmente, como se de um feedback para a própria prática
se tratasse.
Broadfoot et al. (1999) destacam que o Assessment for Learning (AfL) é
uma metodologia única, com múltiplos benefícios para os alunos envolvidos, não
111
só ao nível das aprendizagens como também do desenvolvimento de
capacidades para a vida futura. Chng e Lund (2018) referem que o AfL consiste
em qualquer avaliação que tem como objetivo promover e elevar a
aprendizagem dos alunos, fazendo com os mesmos utilizem a informação
recolhida, tomem as suas próprias decisões e sejam capazes de atuar no
processo, melhorando a aprendizagem de todos.
Esta metodologia, tal como indicam Leirhaug e Annerstedt (2015),
assenta em quatro princípios: i) na partilha de objetivos de aprendizagem com
os alunos, ii) na partilha dos critérios para o sucesso dos discentes, iii) no
envolvimento dos alunos para avaliarem a sua aprendizagem e dos seus colegas
e iii) na promoção de feedback que permita aos alunos melhorar.
Chng e Lund (2018) reportam que as vantagens da aplicação dos
princípios do AfL na melhoria do processo de ensino-aprendizagem são
múltiplas, designadamente melhorar o processo instrucional e as aprendizagens
dos alunos, direcionar a atenção para o processo de planeamento, lecionação e
aprendizagem e impactar positivamente na motivação e envolvimento dos
alunos, fazendo com que compreendam o valor e o significado da avaliação,
analisando os problemas existentes e lidando com eles, ao seu próprio ritmo.
Acrescente-se que, de acordo com Tolgfors (2018), pode inclusive elevar os
níveis de autonomia e de responsabilidade, bem como de participação na
comunidade. Assim, uma implementação adequada do AfL pode representar
um sucesso inqualificável para a evolução dos alunos como um todo,
repercutindo-se nas várias disciplinas (Leirhaug & Annerstedt, 2015). Porém, a
sua concretização é deveras complexa e requer um planeamento rigoroso,
garantindo que o foco se centra, única e exclusivamente, no progresso dos
alunos, em função os objetivos traçados, na verdadeira aprendizagem (Chng &
Lund, 2018). Como tal, os docentes desempenham um papel de destaque na
sua implementação, devendo criar condições para que a aprendizagem
aconteça (Chappuis, 2005). Aliás, como destacam MacPhail e Halbert (2010),
de um bom planeamento pode resultar uma melhor organização das sessões,
devendo os critérios e os objetivos estar bem definidos, clarificando-os perante
os alunos e implicando-os de forma responsável, ao longo de todo o processo.
112
Face a este quadro de reconhecimento do valor formativo do AfL, no
aumento exponencial dos níveis de envolvimento e de participação, bem como
de motivação dos alunos e sendo este um dos maiores desafios que a Educação
Física enfrenta, este emerge como um caminho que importa percorrer (Stiggins
& Chappuis, 2012). Acresce que é imprescindível valorizar a Educação Física,
por se tratar da única disciplina, tal como enunciam Batista e Queirós (2015),
que lida diretamente com as questões da corporalidade, gerando relações e
interações entre seres humanos e possibilitando a formação integral,
desenvolvendo valores como a cooperação, o trabalho em equipa, a superação,
a perseverança. De acordo com as mesmas autoras, é uma disciplina que ensina
o que é ser um ser humano, estando muito para além do desenvolvimento da
aptidão física e do divertimento e que, muitas vezes, é desvalorizada.
Neste quadro de preocupações, este estudo visa explorar as
potencialidades e dificuldades da implementação dos processos do AfL numa
unidade de Ginástica Acrobática. Adicionalmente, pretendeu-se ainda: 1)
analisar o envolvimento e a motivação dos alunos nos processos do AfL e 2) o
impacto na aprendizagem ao nível da performance dos alunos e dos
conhecimentos dos mesmos, bem como nas dinâmicas de grupo.
Avaliação para a aprendizagem
Toda e qualquer tarefa deve ser direcionada para a aprendizagem, sendo
rica se for autêntica para o aluno e relevante para o processo de evolução
(MacPhail & Halbert, 2010). De acordo com Chng e Lund (2018), o AfL é capaz
de informar acerca das estratégias mais efetivas, significativas e
recompensadoras para melhorar o ensino e, consequentemente, a
aprendizagem dos alunos, desde que bem planeada e efetuada de forma
consciente. De facto, o planeamento, a gestão e a organização do caminho a
seguir em prol da aprendizagem dos alunos possuem um papel de destaque,
sendo o docente o ator principal na sua concretização.
Importa destacar que o AfL ‘’is the process of seeking and interpreting
evidence for use by learners and their teachers to decide where the learners are
in their learning, where they need to go and how best to get there’’ (Broadfoot et
113
al., 2002, p. 2). De facto, assumindo que o AfL é um processo de avaliação ao
serviço da aprendizagem, facilmente se compreende que pode ser assumido
tanto pelo professor, como por um colega ou mesmo pelo próprio aluno (Chng &
Lund, 2018). Relativamente ao primeiro, de acordo com Chng e Lund (2018), o
seu papel deve ser o de facilitador, colocando o aluno no centro do processo,
isto é, atuando e tomando decisões acerca da sua própria aprendizagem,
sabendo, desde o princípio, o objetivo final a alcançar e conhecendo o caminho
a percorrer para o poder alcançar. Relativamente à avaliação pelo colega,
enquanto um dos alunos realiza a própria ação, o outro observa, procurando
retirar a informação necessária para fornecer um feedback adequado. O que
acontece é que um aprende fazendo e o outro observando e analisando,
devendo o tutor ser treinado para ser capaz de desempenhar tais
responsabilidades, sob pena de o processo ser descurado. Por fim, mas não
menos importante, a avaliação como meio de aprender também pode ser
efetuada pelo próprio aluno. Para isso, o aluno tem que compreender as
intenções educativas e perceber o percurso a percorrer para as alcançar
(MacPhail & Halbert, 2010).
O objetivo final do AfL, de acordo com Chappuis (2005), é manter os
alunos conscientes daquilo que conseguem ou não fazer, das suas
potencialidades e dificuldades, com o intuito de diminuir o espaço entre o ponto
de partida e de chegada, avaliando-se, continuamente. Para que tal seja
possível, os alunos devem conhecer os objetivos a atingir e os critérios a
considerar na avaliação, possuindo uma imagem clara de todo o processo de
ensino-aprendizagem, o que, certamente, elevará os seus níveis de
envolvimento e de motivação. Segundo Chappuis (2005), uma das maiores
fontes de motivação é a oportunidade de olhar para o processo e ver melhoria.
Deste modo, não existem dúvidas de que as práticas efetuadas, em contexto
escolar, podem possuir um elevado impacto no sucesso do aluno, sendo um
elemento fundamental para o desenvolvimento de aprendizagens, desde que as
metodologias utilizadas sejam adequadas às suas necessidades e desejos.
114
Avaliação para a Aprendizagem e Motivação
De acordo com Vaz et al. (2015), nas aulas de Educação Física, a
motivação para uma determinada tarefa é fulcral e depende, e muito, das
aspirações que os alunos apresentam para a sua realização. Chappuis (2005)
destaca que uma das maiores fontes de motivação é, sem qualquer dúvida, a
oportunidade de olhar para o processo e observar melhoria, ingrediente que está
presente nos processos do AfL. Contudo, tal como enfatizam Guimarães e
Boruchovitch (2004), para que a motivação intrínseca esteja presente, é
necessário que os alunos se sintam competentes, autónomos e capazes de
estabelecer relações com os outros, sendo estas as necessidades básicas da
Teoria da Autodeterminação (Murcia et al., 2007). Os autores referem ainda que
que cada uma das necessidades (competência, autonomia e relação)
desempenha um papel crucial no desenvolvimento de todo e qualquer ser
humano, contribuindo, de certa forma, para o bem-estar de cada um de nós. Para
Pires (2010), a competência associa-se à capacidade de eficácia, à autonomia,
à capacidade de regularmos as nossas próprias ações, às relações interpessoais
e à necessidade de interação com aqueles que nos rodeiam. Deste modo, o
desenvolvimento da competência, da autonomia e das interações com os outros
é essencial tanto no treino, como no contexto escolar. Resende e Gomes (2015)
advogam que o desporto apresenta inúmeras potencialidades não só educativas,
como também formativas para as crianças e para os jovens, não podendo ou
devendo a sociedade colocá-lo de parte e desperdiçar o seu potencial.
Pires (2010) menciona que a Teoria da Autodeterminação é uma
abordagem psicológica sobre a motivação, capaz de fornecer informações
importantes sobre o processo motivacional dos alunos para as aulas de
Educação Física. A Teoria da Autodeterminação apresenta um continuum
motivacional, que varia desde a amotivação – ausência de autodeterminação,
até à motivação intrínseca – motivação autodeterminada e autorregulada.
Segundo Guimarães e Boruchovitch (2004), a motivação intrínseca constitui-se
como uma tendência natural que a pessoa tem para fazer determinada ação,
visando a novidade, o desafio e a exercitação. Estes mesmos autores referem
ainda que quem está intrinsecamente motivado envolve-se numa atividade por
115
vontade própria, por ser interessante ou até mesmo geradora de satisfação e
prazer, sendo desejável que os discentes se encontrem neste estado. De facto,
a motivação, em contexto escolar, tem sido apontada como uma determinante
essencial do desempenho e da qualidade do processo de ensino,
depreendendo-se que um aluno motivado se encontra mais envolvido e
empenhado, em todas as tarefas (Guimarães & Boruchovitch, 2004).
Segundo Chng e Lund (2018), uma das vantagens da utilização do AfL é
o aumento da motivação e do envolvimento dos alunos. O foco do docente, na
utilização do AfL, é direcionado para o processo, para a aprendizagem e para os
discentes. De facto, no AFL os principais construtores do processo são os
alunos, elevando o seu envolvimento e a sua própria perceção de melhoria e de
evolução (MacPhail & Halbert, 2010). Ao nível das aulas de Educação Física, a
procura deve ser a formação integral das crianças, cultivando o respeito mútuo,
a cooperação e a afetividade, características base para se ser capaz de viver em
sociedade (Guimarães et al., 2001). Segundo os mesmos autores, é preciso
conhecer os alunos e nas aulas lecionadas, transmitir-lhes valores e atitudes
cruciais para o seu desenvolvimento.
A produção e a reprodução humana estão dependentes de uma dupla
interação e de um relacionamento, sejam estes entre homem-homem ou
homem-natureza (Davis et al., 1989). Assim, as interações humanas são sempre
sociais, que mantêm e recriam, a todo e qualquer momento, a estrutura à qual
denominamos de sociedade. De facto, esta trata-se de uma rede complexa de
relações e de interações, tal como a escola. A verdade é que as instituições são
ambientes de extrema importância neste campo, sendo essencial que as
mesmas permitam e possibilitem o estabelecimento de relações equilibradas e
de partilha entre todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.
116
5.6.4. Metodologia
De acordo com Matos (2013), as questões metodológicas são fulcrais
para um processo de investigação científica de qualidade, devendo ser
equacionadas de acordo com o contexto em questão, seguindo um conjunto de
normas orientadoras. Deste modo, a metodologia trata-se de um conjunto de
relações entre o reportório de métodos e de princípios teóricos subjacentes à
investigação, sendo crucial estar definida desde o princípio, permitindo saber
como e onde começar para alcançar os objetivos (Matos, 2013; Pereira, 2013).
Este estudo estrutura-se em torno da metodologia de Investigação-ação,
que, segundo MecNiff e Whitehead (2011), se carateriza por uma aventura de
reflexão e autorreflexão crítica, permitindo ao investigador melhorar a sua própria
prática. Para ser capaz de intervir e de transformar a sua atuação, será
necessário aplicar, constantemente, o ciclo de investigação-ação. O primeiro
passo é o diagnóstico, detetando e identificando a problemática a solucionar,
sendo, neste caso, o nível de envolvimento e de motivação dos alunos para a
prática de Educação Física. Segue-se o planeamento, com a procura de
estratégias capazes de permitir a melhoria, que neste caso foi a elaboração de
um Dossiê de Ginástica Acrobática para os alunos, tendo por base os princípios
do AFL. Assim que o processo se encontrar planeado, é aplicado e avaliado
repetidamente, efetuando constantes reflexões para perceber se é necessário
aplicar um novo ciclo, partindo de um novo problema.
Pereira (2013) menciona que não existe uma metodologia universal para
a investigação, sendo o principal objetivo que o investigador melhore a sua
prática para seu benefício, como também para os seus alunos. É simples
perceber que, se a sua performance melhorar, é provável que a situação em que
se encontra também progrida. Destaque-se que, através da presença dos
alunos, todo o processo se tornará mais rico e autêntico, estabelecendo-se uma
relação única e recíproca, pessoal e social. De facto, para uma investigação ser
de caráter investigação-ação tem de integrar prática, interação e relação,
combinando a ação e a reflexão, tal como enunciam Castro et al. (2013).
117
O Contexto do Estudo O presente estudo realizou-se em contexto de Estágio Profissional, do 2º
Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da
Faculdade de Desporto na Universidade do Porto, no ano letivo 2018/2019. A
turma alvo foi um 11º ano do Curso Científico-Humanístico de Ciências e
Tecnologias, de um agrupamento sediado em Aveiro, junto ao grande Porto.
A Unidade Didática de Ginástica Acrobática teve lugar no Ginásio da
instituição, equipada com todo o material necessário para a consecução de um
processo de qualidade e pleno de aprendizagens.
Importa destacar que o núcleo de estágio, constituído por duas
estudantes, trabalhou de forma conjunta na construção do Dossiê do aluno, bem
como nas sessões, tendo sido uma ajuda preponderante no processo de reflexão
e preparação da intervenção, para alcançar todos os alunos e fornecer
feedbacks que lhes permitisse ir além do ponto inicial em que se encontravam.
Participantes Participaram no estudo 21 alunos (11 do sexo feminino e 10 do
masculino), com uma idade compreendida entre os 17 e os 18 anos, sendo a
média de idades de 17,23. Apesar de a turma ser constituída por 22 alunos, uma
das alunas não foi avaliada em nenhumas das componentes, por se encontrar
internada no hospital, não tendo estado presente durante a unidade.
Destaque-se que dos 21 alunos, 5 são atletas federados e outros 7
praticam atividade desportiva regula fora do contexto escolar.
Instrumentos Os instrumentos utilizados foram vários, uns da responsabilidade do
professor e outros dos alunos, tal como é possível observar no Quadro 4.
Quadro 4 – Instrumentos Utilizados
ALUNOS PROFESSOR
• Dossiê
• Unidade Didática
• Ficha de Avaliação de Conhecimentos
• Autoavaliação
• Heteroavaliação
• Diário de bordo
• Gravação Áudio
• Observação por pares
118
• Entrevistas - Focus Grupos
a) Dossiê O processo ensino-aprendizagem foi guiado por um Dossiê, construído
pelas duas estudantes estagiárias do núcleo de estágio. Em temos de estrutura
o mesmo engloba um conjunto de módulos: Calendarização, Avaliação
Diagnóstica, Regras de Segurança, Habilidades Motoras (pegas e figuras),
Cultura Desportiva (história, curiosidades e regulamento), Descobre o teu tema,
Orientações para a Construção do Esquema (objetivos a cumprir e propósito
final), Aptidão Física, O Esquema, Heteroavaliação e Avaliação (critérios), tal
como é possível observar no Anexo 2.
b) Unidade Didática A Unidade Didática foi elaborada tendo como base o modelo de estrutura
de conhecimento de Vickers (1990) e os quatro princípios do AfL, com a duração
de cinco aulas de 90’ cada (Quadro 5). Foi definido que todas as sessões teriam
um momento de autoavaliação, permitindo aos alunos identificar as suas
dificuldades e potencialidades, refletindo acerca do ponto em que se encontram
e o que necessitam de trabalhar para alcançar os objetivos (Chng & Lund, 2018).
Quadro 5 – Estrutura da Unidade Didática
AULA CONTEÚDOS OBJETIVOS PRINCÍPIOS /
ESTRATÉGIAS DO AfL
1
(22/2)
• Elementos gímnicos
de ligação
• Figuras de 2, 3, 4 e
5 / 6 elementos
• Avaliação Diagnóstica
• Realizar um conjunto de elementos
gímnicos de ligação (rolamento à frente,
rolamento à retaguarda, apoio facial
invertido, ponte e pirueta), seguidos de
várias figuras (de pares, trios, quadras e de 5 / 6 elementos) avaliadas de forma
diagnóstica.
• Partilha dos objetivos
de aprendizagem.
• Autoavaliação e avaliação de pares.
• Identifica
potencialidades e
dificuldades. 2
(1/3)
• Figuras de pares e de trios, bem como
as respetivas
pegas, montes /
desmontes e regras
de segurança
• Em grupo, explorar e definir o tema a
trabalhar no esquema, bem como as
figuras de pares e de trios a integrar no
mesmo.
• Em grupo, construir e apresentar um pequeno esquema à docente, constituído
119
• Exploração do tema
• Esquema gímnico
com as duas figuras de pares e de trios a
utilizar no esquema.
3
(8/3)
• Figuras de quatro, e
de 5 / 6 elementos
• Elementos de
ligação
• Esquema gímnico
• Em grupo, explora e definir as figuras de quatro e de 5 / 6 elementos a utilizar no
esquema.
• Em grupo, explorar os vários elementos
de ligação a integrar no esquema final.
• Em grupo, construir e apresentar um pequeno esquema à turma, constituído
com as duas figuras de pares e de trios a
utilizar no esquema.
• Partilha dos objetivos
de aprendizagem.
• Partilha dos critérios
de avaliação.
• Auto e
heteroavaliação.
• Avaliação de pares.
• Identifica potencialidades e
dificuldades.
4
(15/3) • Esquema gímnico
final
• Em grupo, finalizar a construção do
esquema, apresentando-o à turma com,
pelo menos, duas figuras de pares, duas de trios e uma quadra.
5
(29/3)
• Revisão e
apresentação do
esquema gímnico
final
• Em grupo, rever e apresentar o esquema
gímnico final à turma, sendo avaliados
através dos critérios estipulados na grelha
previamente definida.
APTIDÃO FÍSICA
Os alunos realizaram, no início de todas as aulas, um aquecimento constituído por 5’ de
corrida contínua, seguidos de 8 exercícios: 4 de força e 4 de flexibilidade. Os mesmos foram efetuados de forma alternada, em circuito funcional (45’’/15’’). Destaque-se que
cada aluno, em função das suas dificuldades, escolhia quais os exercícios a realizar.
CULTURA
DESPORTIVA
A informação foi fornecida aos alunos através do Dossiê (Anexo 2) e utilizada nas várias
sessões e na Ficha de Avaliação de Conhecimentos (Anexo 4).
CONCEITOS
PSICOSSOCIAIS
Autonomia, Responsabilidade, Cooperação, Respeito e Participação / Empenho.
Os conceitos psicossociais foram trabalhados em todas as aulas, através da realização
de exercícios conjuntos, implicando a cooperação, o empenho e o respeito, seja ao nível
responsabilidade pela assiduidade, pontualidade ou arrumação do material, seja na
tomada de decisões em autonomia.
c) Entrevistas
Queirós e Lacerda (2013) referem que a entrevista é o instrumento mais
adequado para delimitar os valores dos indivíduos participantes, mas a palavra
pode não ser suficiente, já que aquilo que diz pode não ser, efetivamente,
verdade. Deste modo, o papel do entrevistador é crucial para assegurar a
validade das respostas obtidas, que podem ser observadas no Anexo 3. Como
120
tal, na condução das quatro entrevistas com os quatro focus grupos, seguindo
as indicações de Castro et al. (2013), o investigador seguiu o guião para
promover a discussão e a troca de opiniões entre os participantes. Este mesmo
guião foi elaborado tendo por base os objetivos do estudo.
Guião do Focus Grupo 1. O que aprenderam durante estas aulas?
2. Como avaliam a dinâmica de grupo?
3. Em que medida o dossier vos ajudou no processo?
4. Esta metodologia trouxe-vos motivação para as aulas de Educação Física?
5. Como se sentiam no final das aulas?
6. O que é que mais gostaram? O que é que menos gostaram?
7. O que fariam de diferente para melhorar o vosso desempenho?
d) Ficha de Avaliação de Conhecimentos A ficha de avaliação de conhecimentos (Anexo 4) foi efetuada tendo por
base os conteúdos transmitidos e utilizados nas sessões práticas, ou seja, os
considerados essenciais para a construção de um esquema de qualidade. A
escala classificativa utilizada foi uma escala de 0 - 20 valores.
e) Auto e Heteroavaliação Segundo Chng e Lund (2018), a realização da auto e heteroavaliação
deve acontecer em função do objetivo final e dos critérios a cumprir, permitindo
que os alunos sejam capazes de aferir o ponto do processo em que se
encontram face às expectativas do docente. Deste modo, foi usada uma ficha de
Autoavaliação, aula a aula, onde os alunos registavam as suas dificuldades e
potencialidades, efetuando ainda uma avaliação quantitativa, de 1 a 5,
relativamente aos conceitos psicossociais (autonomia, responsabilidade,
cooperação, respeito e participação / empenho - Anexo 5). Acrescente-se que,
nas sessões número 3 (8 / Março) e 4 (15 / Março), foi ainda efetuada uma
autoavaliação quanto à utilização dos princípios da AfL5 (Anexo 6).
5 Fonte: adaptado de Chappuis, J. (2005). Helping Students Understand Assessment. Educational
Leadership, 63(3), 39-43. e de Wiliam, Dylan. 2011. Embedded formative assessment. Bloomington: Solution Tree Press.
121
Relativamente aos momentos de heteroavaliação, estes foram efetuados
no final das aulas número 3 (8 / Março) e 5 (29 / Março), procurando desenvolver
a capacidade de apreciação de cada um dos alunos, bem como ajudar os alunos
observados. Esta foi efetuada através de uma avaliação das coreografias
construídas pelos distintos grupos de trabalho ao nível técnico (elementos de
ligação, pegas, montes-desmontes e figuras), artístico (criatividade, coreografia,
postura e expressão) e identificação das dificuldades e potencialidades. Nestes
momentos, foram utilizadas placas numeradas de 1 a 5, para que os alunos
atribuíssem uma classificação e a justificassem, de acordo com os critérios
fornecidos. O objetivo consistia em identificar problemas que os alunos
enfrentavam no processo, fornecendo um feedback que permitisse melhorar
para alcançar o objetivo final. De destacar ainda que, no final da Unidade
Didática, foi atribuída uma pontuação a cada grupo, que tiveram que distribuir
pelos vários elementos constituintes de cada grupo em função da autoavaliação
e heteroavaliação que faziam do trabalho desenvolvido por cada um deles.
f) Diário de Bordo O diário de bordo foi um instrumento elaborado pela EE, ao longo de todo
o processo, sobre a sua própria prática, bem como dos seus alunos. A reflexão
desempenhou um papel de destaque, tendo sido efetuada no final de todas as
aulas com o intuito de introduzir alterações para melhorar a sessão seguinte.
g) Gravação Áudio Em todas as sessões, a informação transmitida pela professora (a
estagiária) foi gravada em áudio, com recurso a um gravador áudio. Os excertos
podem ser observados no Anexo 7.
h) Observação por Pares A ficha de observação foi construída para analisar o planeamento, a
gestão e a organização, a integração dos alunos na aprendizagem, o clima da
aula e ainda a utilização dos quatro princípios do AfL 6 (Anexo 8). Este momento
6 Fontes: instrumento elaborado com base nas indicações de Borghouts, L. B., Slingerland, M., &
Haerens, L. (2016). Assessment quality and practices in secondary PE in the Netherlands. Physical Education and Sport Pedagogy, 1-17. doi:10.1080/17408989.2016.1241226; Chappuis, J. (2015). Seven
122
de análise foi efetuado na aula número três da unidade por parte da colega de
núcleo, procurando observar a aplicação e a utilização do AfL, bem como
possíveis estratégias de melhoria para o bom desenrolar de futuras sessões.
5.6.5. Procedimentos de Análise
A informação recolhida foi analisada tendo como base os objetivos
específicos, inicialmente definidos. Para analisar a performance recorreu-se às
classificações (quantitativas) das avaliações parciais e final, tendo por base os
critérios de avaliação presentes no Dossiê. No que concerne às dinâmicas de
grupo e ao conhecimento, os dados das fichas de autoavaliação foram
analisados recorrendo a medidas descritivas básicas (média e moda) e o teor
das respostas abertas, bem como das entrevistas aos alunos e do diário de
bordo da professora foram sujeitas aos princípios da análise de conteúdo
(Bardin, 2008).
5.6.6. Resultados
APRENDIZAGEM
a) Performance
A avaliação da performance foi efetuada no final da Unidade Didática,
tendo por base a apresentação do esquema gímnico. Os critérios a avaliar foram
a componente técnica (50% - duas figuras de pares, duas de trios, uma quadra,
uma de 5/6 elementos e os elementos de ligação), a componente artística (30%
- 30% postura e expressão, 50% criatividade e 20% encadeamento lógico) e o
processo de construção e evolução do esquema (20% - 30% cumprimento de
prazos e preenchimento de fichas, 40% capacidade crítica e construtiva e 30%
progresso / superação), tal como é possível observar no Anexo 2. As
classificações obtidas podem ser consultas quadro que se segue (Quadro 6).
Strategies of Assessment for Learning, 2nd Edition. Pearson Assessment Training Institute; Leirhaug, P. E.,
& Annerstedt, C. (2016). Assessing with new eyes? Assessment for learning in Norwegian physical education. Physical Education and Sport Pedagogy, 21(6), 616-631. doi:10.1080/17408989.2015.1095871
123
Quadro 6 – Avaliação do esquema gímnico
GRUPO COMPONENTE
TÉCNICA
COMPONENTE
ARTÍSTICA
PROCESSO DE
CONSTRUÇÃO E EVOLUÇÃO
DO ESQUEMA
CLASSIFICAÇÃO
ESQUEMA
1 17,45 16 18,6 17,2
2 17,75 19 19,2 18,4
3 18 17 18,3 17,8
4 16,35 17,6 18,6 17,2
MÉDIA 17,39 17,4 18,68 17,65
O desempenho nos esquemas no término da unidade foi elevado em
todos os grupos, variando entre 17,2 e 18,4 valores (média de 17,65). No que
concerne aos vários critérios, a prestação da turma destaca-se, de forma geral,
no processo de construção e evolução do esquema (18,68 valores).
Segue-se o Quadro 7, onde é possível observar a avaliação sumativa de
cada um dos alunos na modalidade de Ginástica Acrobática, considerando os
70% das habilidades motoras, os 20% do conhecimento demonstrado na ficha
de avaliação e os 10% referentes aos conceitos psicossociais.
Quadro 7 – Avaliação Sumativa de Ginástica Acrobática
ALUNO HABILIDADES MOTORAS CONHECIMENTO PSICOSSOCIAIS FINAL
1 17,8 16,6 17,6 17,6
2 17,8 12,9 17,6 17,2
3 17,2 13,0 20,0 17,4
4 16,9 17,0 16,8 16,9
5 17,2 17,5 20,0 17,8
6 17,8 9,0 17,6 16,9
7 18,4 13,3 18,0 17,8
8 17,8 17,2 16,8 17,5
9 18,4 17,0 18,0 18,2
10 18,4 14,0 19,6 18,2
11 17,2 18,5 19,2 17,8
12 16,9 15,4 16,0 16,5
13 17,2 17,0 20,0 17,8
14 17,8 15,8 16,6 17,3
15 17,8 19,8 16,8 17,8
16 17,6 18,6 16,0 17,4
124
17 17,0 15,9 17,0 16,9
18 Aluna não participou na Unidade Didática por se encontrar hospitalizada
19 17,6 17,0 18,0 17,6
20 18,4 16,1 17,5 18,0
21 17,2 18,6 20,0 17,9
22 18,4 8,2 19,6 17,6
MÉDIA 17,7 15,64 18,0 17,5
Para além dos níveis de desempenho elevados, os alunos mencionaram
ter tido uma evolução notória nos conteúdos específicos da modalidade e no
trabalho em equipa, desenvolvendo a comunicação e a confiança.
‘’Fazer o avião de forma correta. Montes, desmontes e pegas, mas acho que o
mais importante foi mesmo a maneira de como aprendemos a levantamo-nos
com o peso em cima. A postura, o equilíbrio e a força.’’ / Entrevista Grupo 1 – Anexo 3
‘’Para fazermos as figuras tínhamos de comunicar uns com os outros. Confiar
nos outros.’’ / Entrevista Grupo 2 – Anexo 3
Os alunos destacaram ainda vários aspetos que fariam de forma distinta,
caso tivessem a possibilidade de repetir e de introduzir alterações no processo
de ensino aprendizagem para melhorar a sua prestação, enquanto grupo.
‘’Não tínhamos perdido tanto tempo, no início, a fazer todas as figuras.’’
/ Entrevista Grupo 1 – Anexo 3
‘’Treinávamos mais cedo os elementos de ligação.’’
/ Entrevista Grupo 3 – Anexo 3
‘’Começávamos a trabalhar bem desde a primeira aula.’’
/ Entrevista Grupo 4 – Anexo 3 b) Dinâmicas De Grupo
As dinâmicas e o trabalho de grupo foram avaliados em dois momentos
de autoavaliação e pelas entrevistas efetuadas no final da unidade.
Relativamente ao à relação consigo próprio, os resultados apresentados no
Quadro 8 demonstram que os alunos se encontram capazes de autoavaliar as
suas potencialidades e dificuldades e de comunicar e de participar nas várias
125
atividades propostas, apresentando uma moda de 4. Destaque-se que da
primeira para a segunda observação, praticamente todos os valores médios
aumentaram, com a exceção do ‘’Estou predisposto para aprender’’, que
diminuiu de 3.81 para 3,71 (-0,1).
Quadro 8 – Resultados da Autoavaliação ‘’em relação a mim’’
EM RELAÇÃO A MIM
1ª OBSERVAÇÃO 2ª OBSERVAÇÃO
OBS MODA MÉDIA MODA MÉDIA
Sou capaz de autoavaliar as minhas potencialidades
4 3, 48 4 3, 57 +0,09
Sou capaz de autoavaliar as minhas
dificuldades 3 3, 33 3 3, 48 +0,15
Estou predisposto para aprender 4 3, 81 4 3, 71 -0,1
Comunico, ativamente, com os meus
colegas 4 3, 67 4 3, 81 +0,14
Participo e envolvo-me em todas as
atividades propostas 4 3, 62 4 3, 71 +0,09
TOTAL 4 3, 58 4 3, 66 +0,08
Relativamente à relação com o outro, os resultados são semelhantes, tal
como se observa no Quadro 9. A moda de 4 evidencia que os alunos trabalham
conjuntamente com o seu grupo, avaliando e corrigindo os seus colegas. Além
disso, os valores médios de todas as categorias aumentaram, com exceção do
‘’Trabalho conjuntamente com os meus colegas’’, tendo mantido o mesmo valor
tanto na primeira como na segunda observação (3,76). Os alunos mencionaram,
nas entrevistas efetuadas, que as dinâmicas dos vários grupos eram bastante
boas, comunicando entre si e evoluindo com o tempo. Todos destacam que
trabalhar em grupo foi dos pontos mais fortes do processo de ensino-
aprendizagem, tendo aprendido a trabalhar conjuntamente em prol de um
objetivo comum.
‘’Trabalhar em grupo foi das coisas que mais gostei.’’
/ Entrevista Grupo 1 – Anexo 3
Apenas um grupo mencionou que o facto de o grupo se dar demasiado
bem prejudicou o sucesso na construção do seu esquema, tendo sentido
dificuldades em distinguir os momentos de lazer daqueles de trabalho.
126
‘’Dávamo-nos demasiado bem e não conseguimos direcionar o nosso trabalho
para o objetivo.’’ / Entrevista Grupo 4 – Anexo 3
Quadro 9 – Resultados da Autoavaliação ‘’relação com o outro’’
RELAÇÃO COM O OUTRO
1ª OBSERVAÇÃO 2ª OBSERVAÇÃO
OBS MODA MÉDIA MODA MÉDIA
Ajudo / Corrijo os meus colegas 3 3, 33 4 3, 38 +0,05
Trabalho conjuntamente com os meus
colegas 4 3, 76 4 3, 76 0
Avalio, conscientemente, o
desempenho dos meus colegas 4 3, 38 4 3, 48 +0,1
TOTAL 4 3, 49 4 3, 54 +0,05
c) Conhecimento
O conhecimento dos alunos foi analisado através de dois momentos de
autoavaliação, bem como pelas classificações obtidas na ficha de avaliação.
No que diz respeito à relação dos alunos com a matéria (Quadro 10), é
possível observar um incremento da média dos alunos participantes nas várias
categorias do primeiro para o segundo momento de autoavaliação, sedo o valor
mais baixo aquele que se prende com questões eminentemente técnicas como
a pega, o monte e o desmonte a utilizar nas várias figuras. De destacar a
evolução, indicando que, ao longo do processo, os alunos melhoraram no
conhecimento da matéria de ensino.
Quadro 10 – Resultados da Autoavaliação ‘’relação com a matéria’’
RELAÇÃO COM A MATÉRIA
1ª OBSERVAÇÃO 2ª OBSERVAÇÃO
OBS MODA MÉDIA MODA MÉDIA
Sou capaz de descrever o objetivo da aula 4 3, 52 4 3, 62 +0,1
Percebo o conteúdo que foi lecionado 4 3, 71 4 3, 86 +0,15
Identifico o nível em que me encontro 4 3, 62 4 3, 71 +0,09
Identifico a pega, o monte e o desmonte a
utilizar nas figuras 3 3, 14 3 3, 33 +0,19
TOTAL 4 3, 5 4 3, 63 +0,13
Contudo, como se pode observar no Quadro 11, as classificações da
ficha de avaliação de conhecimentos variaram dentro de um intervalo bastante
127
alargado, desde os 8,2 até os 19,8 valores, sendo o intervalo entre os 16 e os
18 valores o mais recorrente, com uma média de 15,64 valores.
Quadro 11 – Resultados da Ficha de Avaliação de Conhecimentos
8 – 10 valores 8,2; 9;
10 – 12 valores -
12 – 14 valores 12,9; 13; 13,3;
14 – 16 valores 14; 15,4; 15,8; 15,9;
16 – 18 valores 16,1; 16,6; 17; 17; 17; 17; 17,2; 17,5;
18 – 20 valores 18,5; 18,6; 18,6; 19,8;
MÉDIA 15,64
Nas entrevistas, os alunos destacaram que tinham aprendido múltiplos
aspetos específicos da modalidade. Os excertos que se seguem evidenciam
essas mesmas aprendizagens.
‘’Aprendi a fazer o avião de forma correta, bem como os montes, os desmontes
e as pegas.’’ / Entrevista Grupo 1 – Anexo 3
‘’Aprendi as várias pegas, montes, desmontes e figuras.’’ / Entrevista Grupo 2 – Anexo 3
ENVOLVIMENTO E MOTIVAÇÃO
A evolução dos alunos ao nível do envolvimento e da motivação foi clara.
Pela utilização e aplicação dos princípios do AfL, os alunos reconheciam os
objetivos e identificavam as suas dificuldades e potencialidades, o que lhes
permitia compreender o ponto em que se encontravam e o que seria necessário
realizar para alcançar os objetivos definidos.
‘’Entendíamos o que estávamos a fazer de errado e o que precisávamos de
melhorar na próxima sessão. Esta situação facilitou e potenciou todo o
processo, porque acabámos por não repetir sempre as mesmas coisas.’’
/ Entrevista Grupo 1 – Anexo 3
Os discentes acrescentaram ainda que sentiram uma satisfação tremenda
no final da construção do esquema, por ter sido efetuado graças ao seu esforço
e dedicação. Olhar para as figuras construídas e observar melhorias em todos
128
os aspetos permitiu elevar os seus níveis de motivação e cativá-los para sessões
futuras e para outras modalidades que seguissem a mesma metodologia.
‘’Quando conseguíamos fazer bem as figuras, sentíamo-nos orgulhosos.
Quando acabamos de construir o esquema, foi bastante bom.’’
/ Entrevista Grupo 2 – Anexo 3
‘’Que valeu a pena o trabalho desenvolvido. O desempenho final ficou bom.’’
/ Entrevista Grupo 3 – Anexo 3
‘’Satisfeitos. Que as aulas passavam muito depressa, sentíamo-nos bem.’’
/ Entrevista Grupo 4 - Anexo 3
A verdade é que o comportamento de excelência demonstrando pela
turma durante toda a Unidade facilitou o bom desenrolar da mesma.
‘’Os alunos demonstraram um comportamento de excelência, estando
impregnados no próprio processo e tarefas, compreendendo todas as
informações fornecidas e direcionando a sua atenção para a aprendizagem,
aumentando o seu envolvimento (MacPhail & Halbert, 2010).’’
/ Espinho, 22 de fevereiro de 2019 – Diário de Bordo
‘’No decorrer da sessão, senti que, mesmo se eu não estivesse no ginásio,
tudo teria corrido, praticamente, da mesma forma. Os alunos estiveram, desde
o primeiro momento, concentrados e empenhados na realização das várias
tarefas propostas, demonstrando estar impregnados e interligados ao próprio
processo de avaliação, que, de acordo com Chappuis (2005) é algo habitual,
tendo em conta a metodologia utilizada: o AfL.‘’
/ Espinho, 1 de março de 2019 – Diário de Bordo
‘’ ... tudo funcionou bastante bem, com os alunos empenhados e envolvidos
nas várias tarefas propostas, sendo esta uma das vantagens da
implementação do AfL.’’ / Espinho, 8 de março de 2019 – Diário de Bordo
Importa ainda mencionar que os alunos adoraram trabalhar em grupo,
sentirem-se responsáveis e terem autonomia na gestão do seu trabalho.
Destacam, pela negativa, os momentos de aquecimento, com a corrida inicial e
129
com o treino funcional, bem como as greves dos funcionários públicos, que
dificultaram e condicionaram o seu processo de ensino-aprendizagem.
POTENCIALIDADES E DIFICULDADES
Os alunos identificaram, aula a aula, as suas principais potencialidades e
dificuldades. Os aspetos destacados pelos alunos podem ser observados no quadro
que se segue (Quadro 12).
Quadro 12 – Potencialidades e Dificuldades identificadas pelos alunos
POTENCIALIDADES DIFICULDADES
• Progresso nas figuras
• Elementos de ligação mais simples (rolamentos, saltos)
• Ser base (forte estabilidade e capacidade
para aguentar os 3’’)
• Postura
• Criatividade
• Trabalho de equipa
• Equilíbrio
• Força (geral, de braços e abdominal)
• Monte e desmonte
• Expressividade
• Confiança
• Construir e articular o esquema
• Fluência e memorização do esquema
• Organização e gestão do tempo
• Elementos de ligação mais complexos
• Flexibilidade
Relativamente às potencialidades, os alunos destacaram o trabalho de
equipa como um dos seus pontos fortes e um dos aspetos que mais gostaram.
Esta situação é comprovada em três das quatro entrevistas, cujos alunos do
grupo 1, 2 e 4 destacam ter sido uma mais valia para o processo.
No que diz respeito às dificuldades, as mais notórias foram a falta de força
(excerto dia 1 e 8 de março) e a de autonomia ao nível da construção e
articulação do esquema (excerto dia 8 de março).
‘’As dificuldades sentidas foram, sobretudo, ao nível da dificuldade em manter
o equilíbrio das figuras, bem como a realização da postura correta das
mesmas. Estes conceitos relacionam-se com a falta de força dos discentes,
tanto ao nível dos membros superiores, como inferiores e ainda abdominal.’’ / Espinho, 1 de março de 2019 – Diário de Bordo
130
‘’Os estudantes indicam, constantemente, a falta de força como uma das
suas dificuldades para a estabilidade e construção das figuras, sendo algo que
tem vindo a ser trabalhado com mais enfase da sua parte.’’
/ Espinho, 8 de março de 2019 – Diário de Bordo
‘’As dificuldades surgem, sobretudo, ao nível do encadeamento, estando a
construção das figuras a ser efetuada com os montes, as pegas e os
desmontes adequados, demonstrando uma elevada preocupação e
conhecimento de todos.’’ / Espinho, 8 de março de 2019 – Diário de Bordo
Contudo, importa referir que as dificuldades se foram alterando ao longo
do tempo, havendo evolução e progressão no sentido de uma maior
aproximação aos objetivos inicialmente previstos.
‘’... o excelente funcionamento da sessão, com um verdadeiro
comprometimento de todos, sentindo-se responsáveis pelo processo e
reconhecendo que a realização das várias tarefas só depende de si mesmos,
do seu empenho e da sua dedicação. Todas as atividades efetuadas
forneceram informações para modificar o seu desempenho (Chng & Lund,
2018), contribuindo para a sua própria perceção das suas dificuldades e
potencialidades, não só nos vários elementos gímnicos, como também nas
figuras de pares, trios, quadras e de 5/6 elementos.’’
/ Espinho, 22 de fevereiro de 2019 – Diário de Bordo
Por fim, importa destacar que os alunos reportaram que esta estratégia
se revelou fulcral para a sua evolução.
‘’Entendíamos o que estávamos a fazer de errado e o que precisávamos de
melhorar na próxima sessão. Esta situação facilitou e potenciou todo o
processo, porque acabámos por não repetir sempre as mesmas coisas.’’
/ Entrevista Grupo 1 – Anexo 3
‘’As dificuldades ajudaram. No início, não sabia fazer e no fim consegui.’’
/ Entrevista Grupo 4 – Anexo 3
131
5.6.7. Discussão
Ao nível da performance (esquemas), os alunos obtiveram excelentes
classificações finais (entre 17,2 e 18,4 valores), com uma média de 17,65
valores. Este é um resultado bastante positivo, distinguindo-se a componente do
processo de construção e de evolução do esquema, onde os alunos obtiveram
melhores resultados, entre os 18,3 e os 19,2 valores, encontrando-se
qualitativamente no patamar ‘’Muito Bom’’. Os elevados resultados neste campo
evidenciam o excelente envolvimento e motivação dos alunos para a modalidade
e para unidade de ensino, encontrando-se interligados com o seu processo de
ensino-aprendizagem. Esta sua postura e atitude parece encontrar explicação
na metodologia utilizada, que a literatura aponta como tendo um efeito positivo,
não só na aprendizagem, como também no envolvimento e na motivação dos
alunos (Broadfoot et al., 2002; Chng & Lund, 2018; Stiggins & Chappuis, 2012).
Este empenho está claramente evidenciado também nos conceitos
psicossociais, que variaram entre os 16 aos 20 valores.
Ao nível das classificações finais, as mesmas não apresentam variações
acentuadas, encontrando-se entre o ‘’Bom’’ e o ‘’Muito Bom’’. A única exceção
surge nas fichas de avaliação de conhecimentos, onde os resultados variaram
entre os 8,2 e os 19,8 valores. No entanto, cerca de 91% da turma apresenta
classificações acima dos 12,5 valores e apenas dois alunos obtiveram negativa.
Estes dois resultados menos positivos, podem explicar-se pelo parco estudo dos
respetivos alunos, que evidenciaram não ter lido o Dossiê fornecido. Torna-se
claro que, através da utilização dos princípios do AfL, com a partilha dos
objetivos de aprendizagem e dos critérios de avaliação, os alunos elevaram o
seu conhecimento específico da modalidade. De facto, e de acordo com
Chappuis (2005), os alunos precisam de saber os objetivos a atingir para serem
capazes de tomar as suas próprias decisões e decidirem o próximo passo a
seguir.
A evolução dos alunos ao nível da performance e dos conhecimentos
foram claras fruto, em parte, do trabalho que decorreu em pequenos grupos.
Esta estratégia foi a mais destacada pelos alunos, referindo-o os Grupos 1, 2 e
3 como o aspeto que mais gostaram no desenrolar da unidade didática. Os
valores modais nos quatro valores, ao nível das dinâmicas de grupo, evidenciam
132
o efeito positivo da mesma, demonstrando que os alunos são capazes de
comunicar e que participam e se envolvem nas atividades propostas. Destaque-
se que na questão ‘’Estou predisposto para aprender’’ se verificou uma
diminuição de 0,1 valores. A mesma não é relevante, tendo em conta que, ainda
assim, na primeira e na segunda observação, os resultados apresentam uma
média bastante elevada, de 3,81 e de 3,71, respetivamente. Esta situação pode
surgir fruto do momento de avaliações em que os alunos se encontravam, algo
que pode potenciar ou prejudicar os seus níveis de concentração, motivação e
predisposição para a sessão (Stiggins & Chappuis, 2012). De acordo com
Mesquita (2014), o funcionamento dos grupos como uma verdadeira equipa
potencia o desenvolvimento do sentimento de pertença, elevando a motivação e
o envolvimento dos alunos.
Ao nível do relacionamento com os colegas, de acordo com as respostas
obtidas nos momentos de observação, os mesmos apresentam também valores
modais de 4 valores, sendo os alunos capazes de ajudar, corrigir, avaliar e
trabalhar conjuntamente com os seus colegas. O relacionamento interpessoal, a
comunicação e a autonomia são áreas de competência fulcrais a desenvolver,
permitindo um desenvolvimento pleno da personalidade de cada um (Betii &
Zuliani, 2009) e vão de encontro ao cumprimento do perfil do aluno à saída da
escolaridade obrigatória. Um dos aspetos que pode ter potenciado e
desenvolvido este sentimento nos alunos foi a definição, aula após aula, das
potencialidades e das dificuldades de cada um. De acordo com Black e Wiliam
(1998), esta tarefa possibilita ao docente adequar as tarefas e os objetivos às
suas necessidades, fazendo-os trabalhar de acordo com as suas capacidades.
Chappuis (2005) acrescenta que os alunos devem reconhecer as suas forças e
fraquezas, tornando-se um verdadeiro potenciador das suas aprendizagens,
bem como dos seus colegas, permitindo-lhes trabalhar, conjuntamente, em prol
de um propósito comum.
As potencialidades mais destacadas pelos alunos foram ao nível da
matéria de ensino, da criatividade e do trabalho de equipa. Relativamente ao
primeiro ponto, tal como supracitado, a evolução foi clara e um aspeto forte de
todo o processo. Ao nível da criatividade, o desenvolvimento dos alunos, neste
campo, foi fulcral, com vista ao atingimento do perfil dos alunos à saída da
escolaridade obrigatória, sendo uma das áreas de competência que importa
133
desenvolver. No que concerne ao trabalho de grupo, os discentes destacaram-
no como um algo marcante do seu percurso, sendo igualmente importante para
o seu desenvolvimento pessoal e interpessoal, para a vida.
Relativamente às dificuldades, os alunos referiram a falta de várias
capacidades físicas cruciais para o bom desempenho na ginástica acrobática,
como a falta de força e de flexibilidade. Além disso, um outro aspeto mencionado
centrou-se nas suas competências pessoais, como a falta de confiança em si e
nos colegas e a dificuldade em organizar e gerir o tempo útil de aula. De acordo
com Martins et al. (2017), estes são valores fundamentais a desenvolver em
busca do perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória.
A postura interventiva da professora (a autora), foi um dos aspetos que
potenciou o crescimento e o desenvolvimento dos alunos, procurando combater
as dificuldades destacadas pelos mesmos. O facto de não lhes permitir ‘’pensar
sentados’’ facilitou que todos se envolvessem nas diversas tarefas e fossem
capazes de combater as lacunas identificadas, tornando-as potencialidades. Tal
como advogam MacPhail e Halbert (2010), é importante definir o caminho a
seguir no processo de ensino, algo que potencia a qualidade da aprendizagem
na Educação Física. Black e Wiliam (1998) reforçam esta ideia, veiculando que
a aprendizagem é impulsionada pelo que os professores e os alunos fazem no
contexto sala de aula, devendo ter em consideração os níveis de motivação dos
envolvidos. A utilização da AfL, de acordo com Broadfoot et al. (2002), eleva os
níveis motivacionais dos alunos por se centrar no processo e na sua
concretização. Deste modo, é simples compreender que as práticas
pedagógicas sob a égide do AfL possuem um potencial impacto no envolvimento
dos alunos, tendo-se revelado, neste estudo, uma excelente estratégia para a
aprendizagem, envolvimento e motivação dos alunos para a prática.
5.6.8. Conclusões
Através da utilização do AfL nas aulas de Educação Física, os alunos
elevaram o nível de envolvimento e de motivação para as sessões, sobretudo
na construção do esquema gímnico. Além disso, a aplicação desta metodologia
potenciou a aprendizagem, tanto ao nível da performance, como também das
dinâmicas dos distintos grupos e ainda na aquisição de conhecimento. De facto,
134
o trabalho de equipa foi uma das áreas de maior destaque, juntamente com a
evolução verificada ao nível da matéria de ensino propriamente dita.
No que diz respeito às potencialidades e às dificuldades, identificadas
pelos alunos, da implementação dos processos do AfL na unidade de Ginástica
Acrobática, as mesmas revelaram-se uma mais valia para o processo de
evolução de todos os envolvidos. Por um lado, permitiu ao docente adequar as
tarefas de aula às necessidades dos alunos, bem como os objetivos. Por outro
lado, possibilitou aos alunos compreender o ponto em que se encontravam e o
que era necessário efetuar para alcançar o propósito final. De facto, tal como
advoga Wiliam (2011), a avaliação surge como algo central no processo de
ensino-aprendizagem, desde que planeada da forma ajustada e adequada às
necessidades e potencialidades da turma, sendo crucial o papel do docente.
Importa destacar a maior implicação cognitiva e afetiva dos discentes ao
longo de todo o processo de ensino, sobretudo por o mesmo se ter centrado
neles próprios. A utilização desta metodologia revelou-se uma mais valia para
todos, possibilitando aprendizagens significativas e melhorando a qualidade do
processo de ensino.
5.6.9. Limitações e Sugestões
Em estudos futuros, seria importante avaliar os mesmos objetivos com
Unidades Didáticas com uma duração superior. Além disso, os momentos de
observação poderiam e deveriam ter sido efetuados com um intervalo de tempo
também superior na procura de obter dados mais consistentes acerca dos efeitos
da utilização dos e princípios do AfL.
5.6.10. Ilações Pedagógicas e para a Formação
A missão de todo e qualquer professor é envolver os seus alunos na sua
aprendizagem, devendo o mesmo encontrar estratégias para que tal se suceda.
Nesta turma em concreto, a utilização do AfL revelou-se uma metodologia de
valor acrescido para a qualidade do seu processo de ensino-aprendizagem e,
consequentemente, para a aprendizagem dos alunos. Face a estas evidências,
nas unidades de ensino subsequentes recorri a esta metodologia que coloca o
aluno no centro do processo pela utilização da avaliação como um instrumento
ao serviço da aprendizagem.
135
5.6.11. Referências Bibliográficas
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138
139
6. A PRÁTICA DA ARTISTA
140
141
Richards et al. (2013) enunciam que o papel de todo e qualquer docente
é complexo e multifacetado, requerendo um sentido de responsabilidade único
para dar resposta às suas funções. De facto, durante este EP, foram diversas as
aprendizagens, tanto pessoais como profissionais neste âmbito, fruto das várias
tarefas impostas ou de iniciativa pessoal que fui concretizando, colocando em
prática diversas vertentes do que é ser professor, educador e, claro, artista.
Do meu ponto de vista, a construção e a existência de um Plano Anual de
Atividades (PAA) é crucial. Este é um documento que integra as mais variadas
atividades que irão decorrer ao longo do ano letivo, organizadas por parte da
instituição, algumas delas do próprio grupo de EF. Julgo que estes pequenos
momentos me foram marcando de uma maneira diferenciada, moldando e
construindo a minha identidade profissional, questão complexa e de difícil
construção (Barros et al., 2012). Alguns deles distinguiram-se pelo desafio,
outros pela novidade, mas todos igualmente importantes para a minha edificação
e formação enquanto docente. Importa reter esta multiplicidade de tarefas do
docente, que vão muito além da simples lecionação de sessões.
6.1. Um Arco-Íris Incompleto: O Corta-Mato
O corta-mato escolar foi a primeira atividade da qual fiz parte, enquanto
artista, no meu longo EP. A mesma destinava-se a todos os alunos que
demonstrassem vontade de a efetuar, para as mais variadas faixas etárias. Com
o grupo de EF a funcionar como um todo, repetindo a organização de anos
anteriores, o meu papel era reduzido no que concerne ao dia da prova. Estava
responsável pela prova de Velocidade (40m - Mega Sprint) e pela anotação de
todos os alunos que finalizavam a prova de resistência, na respetiva ordem. Esta
última tarefa foi, no meu entender, de extrema importância, mas simples de
efetuar. Porém, qualquer falha poderia conduzir a resultados errados e a
classificações por atribuir. De facto, esta responsabilidade que possuía fez-me
sentir um elemento importante no processo, tendo sido um momento de múltiplas
dúvidas e tensões, mas também de fortes e duradouras aprendizagens, que só
o contexto real me possibilitaria alcançar, construindo conhecimentos
142
profissionais pela vivência de cada situação, tal como mencionam Almeida et al.
(2013). A verdade é que já me encontrava, ligeiramente, preparada para a
irresponsabilidade dos professores e para a energia frenética dos alunos.
‘’No dia anterior, ao conversar com a minha mãe sobre a sua realização, ela
disse-me ‘’Prepara-te. Vai ser um dia de sobrecarga!’’. Na minha inocência,
pensei que os professores mais velhos, com mais experiência, teriam um papel
de destaque e organizariam tudo.... Pois bem, não podia estar mais enganada.
É difícil acreditar, mas são raros os docentes que ‘’querem fazer algo’’. O pior
de tudo é o facto de alguns dos professores nem sequer terem procedido à
inscrição dos respetivos alunos.’’ / Espinho, 28 de novembro de 2018
Neste momento de trabalho conjunto do Departamento de EF, ficou claro
quem trabalhava e quem se limita a ‘’ver a carruagem passar’’, como se o seu
papel fosse nulo ou transparente. Alguns esquecem-se de que deveriam ser os
verdadeiros promotores de aprendizagem, propiciadores do arco-íris, na escola.
Se eu, docente, não me empenho e não sou responsável pelas minhas tarefas,
como posso exigir aos meus alunos que interiorizem estas ideias? Sou, ou pelo
menos tento ser, um exemplo, um modelo, um ponto de referência para os
alunos. Pretendo iluminar os que estão à minha volta, transportando uma luz,
ajudando-os a quererem mais, a aproximarem-se do utópico horizonte.
Considero que esta é uma atividade única e uma iniciativa a conservar
nas escolas para manter viva a chama brilhante do Desporto e dos seus valores.
Marinho (2013) refere que urge preparar o ser humano para enfrentar e superar
as múltiplas etapas da vida, educando-o para não cortar caminho à menor
adversidade, por atalhos que diminuiriam o valor do ensino. As provas foram
duras, requerendo perseverança, esforço e resiliência, capacidades que importa
fomentar nestes jovens em processo de formação. Contudo, nem todos os
professores reconhecem esta importância às atividades extracurriculares da
escola e ao Desporto, o que, a meu ver, prejudica o desenvolvimento dos alunos
da instituição. Alguns mantêm-se impávidos e serenos como se não fizessem
parte do todo. Parecem desempenhar o papel de observadores.
143
‘’Julgo que estas atividades deveriam ser para todos. Um dia de diversão e de
partilha, levando os alunos a um envolvimento máximo. Todavia, existem
professores que marcam avaliações para esta data, apesar de planeada no
PAA e no PCT.’’ / Espinho, 20 de novembro de 2018
A verdade é que foram quase inexistentes os docentes que dispensaram
os seus alunos para a visualização destas provas. Aliás, alguns deles marcaram
momentos de avaliações para a data em questão. Isto faz-me pensar se é esta
a formação que queremos dar? É este o tipo de cidadãos que pretendemos
formar? Desligados da sociedade que os envolve? Há que ser mais, há que ser
melhor e há que ir para além de tudo o que tem sido feito até ao momento. Há
que recolorir este mundo do ensino e do saber, com cores apelativas e
brilhantes. Não peço que a totalidade dos alunos participe no corta-mato, porque
nem todos possuem competências para o realizar, mas muitos mais podiam ter
desempenhado um papel ativo como atletas, organizadores, público, ...
Há que envolver todos os intervenientes no processo educativo,
culminando em momentos de aprendizagens para a vida. Segundo Graça
(2015), a nossa tarefa, enquanto docentes, é carregar a pedra montanha acima
e recomeçar quando ela rola montanha abaixo, funcionando como elementos
fulcrais para a construção de uma sociedade melhor. Ainda que seja preciso
refazer essa tarefa cada dia, o objetivo não deve ser descurado e o brilho de um
objetivo concluído deve ser estonteante e duradouro.
6.2. Um Núcleo Unido pelas Cores do Saber: O Fit Day
A atividade do Fit Day foi algo que me marcou enquanto EE, fazendo parte
do meu processo de crescimento, contribuindo para o colorir da minha tela em
branco. A verdade é que a minha instituição de formação (FADEUP), não nos
prepara para a elaboração de eventos deste caráter, implicando um esforço extra
para a sua concretização. Como tal, as dúvidas iniciais foram múltiplas, tendo
diminuído com o passar do tempo. O confronto com a realidade, reconhecendo
que teríamos de ser nós mesmas, EE do NE, a organizar os vários pormenores,
fez com que fizéssemos tudo para que nada falhasse naquele dia repleto de cor.
144
‘’São múltiplas as questões existentes quanto à sua gestão e organização. Não
é algo para o qual a faculdade nos prepare, sendo fulcral desenvolver estas
competências na prática propriamente dita, através do EP. Deste modo,
importa refletir acerca das seguintes questões: O que pretendo para esta
atividade? O que tenho de fazer para alcançar o meu objetivo? Quantas
pessoas espero alcançar? Estas são dúvidas com as quais nos estamos a
deparar neste preciso momento, identificando problemas e procurando as
soluções e/ou estratégias mais adequadas para dar resposta às respetivas
necessidades da atividade. Organizar é isto mesmo, é ir ao ínfimo pormenor
para que nada falhe. É procurar uma resposta positiva nos envolvidos,
motivando-os para um estilo de vida mais saudável, tanto na alimentação,
como na prática de exercício físico.’’ / Espinho, 19 de fevereiro de 2019
De facto, o EP foi, durante todo o processo, um espaço de construção,
um eixo integrador do curso de formação de professores, fornecendo os
conhecimentos e os saberes necessários para a formação e para a prática
pedagógica dos EE (Sérgio, 2014). Todavia, tal como destaca Rolim (2013), por
mais que me questionasse e ponderasse querer desistir, o pensamento centrou-
se sempre no facto de eu própria ser uma fonte de esperança e de inspiração,
com um potencial para me tornar tudo o que quisesse, assumindo, na totalidade,
a minha identidade, tão caraterística e distinta de todas as outras. A verdade é
que esta minha forma de ser e estar dificultaram ou, quem sabe, beneficiaram,
a organização desta atividade. Sou uma eterna insatisfeita e perfecionista. Quero
fazer sempre tudo da melhor forma possível e não fico contente quando algo
‘’corre, sem qualquer problema’’. Quero sempre que seja fantástico, único e que
os envolvidos não esqueçam. O melhor exemplo desta mesma situação foi o
tempo para a conclusão do cartaz (Anexo 9 – Cartaz Fit Day). Pretendia fazer
algo diferente, que chamasse à atenção e que despoletasse vontade de
participar nos alunos, como se de um feedback se tratasse. O que pretendia era
ser capaz de fazer o que refere Mesquita (2005), isto é, uma mensagem curta
sobre a informação que prendia fornecer, mas que permitisse ao aluno retê-la,
quase de forma instantânea.
145
A verdade é que o evento foi um verdadeiro sucesso, cumprindo os
objetivos inicialmente propostos. O principal centrava-se, no meu entender, ao
nível da sensibilização dos discentes do Ensino Secundário para a construção
de hábitos de vida saudáveis, tanto na alimentação, como na atividade física,
tendo sido algo atingido com elevada qualidade. Destaque-se ainda que o
número de inscrições proposto foi alcançado e que os alunos se envolveram, por
completo, nas várias tarefas concretizadas. Barros et al. (2012) afirmam que o
elevado número de participantes refere a importância das vivências desportivas
e físicas não só no momento atual, como também para a vida.
Confesso que, no princípio da semana do Fit Day, não conseguia parar
de pensar que faltava preparar alguma coisa, que não correria como eu
esperava. Aliás, passei a semana a dizer isso para mim mesma e para a minha
colega de NE. Sonhei, inclusive, com o dia do evento, em que tinha adormecido
e que tudo tinha corrido da pior forma, desiludindo todos os inscritos. Não sei se
estas sensações se deveram à falta de confiança em mim mesma ou na minha
competência enquanto organizadora de eventos. Foi a primeira atividade por
mim organizada, quase na totalidade e, sobretudo neste contexto de EP, queria
fazer o melhor possível. Queria deixar uma marca nos alunos, nos professores
de EF que têm vivido, incessantemente, este ano letivo ao meu lado e na escola,
instituição que me tem acolhido tão bem.
No dia, parecia um sonho tornado realidade. Senti-me a ‘’Educar para o
século XXI’’, a dar resposta às necessidades dos discentes e da sociedade, a
colmatar as suas dificuldades e a dar asas às suas potencialidades. Senti-me
bem, senti-me feliz e senti-me grata. Senti-me uma tela colorida. Senti-me a
transformar esta instituição escolar num verdadeiro mundo pleno de cores.
6.3. Uma Aprendizagem Cristalina: O Desporto Escolar
Uma das funções a desempenhar, por uma EE como eu, neste ano de
EP, foi o acompanhamento do Desporto Escolar (DE). Julgo que esta é uma
atividade fulcral para a formação integral de todo e qualquer aluno, podendo,
inclusive, funcionar como uma prática pedagógica complementar e adicional à
146
EF, com intencionalidade pedagógica, procurando elevar o número de jovens
ligados à prática desportiva fora do contexto escolar, fomentando e promovendo
hábitos de vida saudável, contribuindo para a exploração das cores vivas que o
desporto pode propiciar. Acredito que o DE é um momento de formação único e
capaz de despoletar práticas desportivas duradouras, funcionando como um
veículo para o sucesso dos envolvidos. Destaque-se ainda que pode facilitar o
combate ao insucesso escolar e formar uma sociedade desportivamente culta,
demonstrando a importância do docente no ensino (Resende & Gomes, 2015).
De acordo com Novais (2007), o DE permite que seja estabelecida uma
ligação entre os alunos, a escola e a própria sociedade em que se inserem.
Aliás, o próprio desporto carrega, em si, um potencial de inclusão social
indiscutível, tendo um elevado impacto na comunidade envolvente, sendo
crucial selecionar, de forma criteriosa, os professores responsáveis por cada
grupo-equipa e/ou modalidade. De facto, nem todos se sentirão e serão capazes
de desempenhar o papel de treinador e/ou orientador de uma determinada
atividade, sendo necessário um planeamento coerente e consciente, com
responsabilidade e com conhecimentos sólidos nos conteúdos a lecionar. Como
tal, as formações podem e devem fazer parte do ano letivo de todo e qualquer
docente, procurando aprofundar as suas competências e conhecimentos,
propiciando uma atuação mais informada e adequada às necessidades dos seus
pupilos. Todavia, apesar dos esforços por parte da Direção Geral da Educação,
não tem sido fácil dar resposta aos objetivos e às estratégias estabelecidas.
No caso do agrupamento que integrei, posso dizer que o DE funcionava
bastante bem, com uma oferta vasta e de qualidade, sobretudo pela utilização
da quarta feira à tarde, momento em que nenhuma turma possuí aulas. Ainda
assim, alguns discentes participavam em mais do que uma modalidade, não
permitindo a sua presença a 100%. Um ótimo exemplo desta situação era a
melhor atleta do grupo de Natação, que também frequentava o Surf. Por se
encontrar ligada às duas, nem sempre participava nos treinos, o que dificultava
não só a sua integração, como também o meu processo enquanto treinadora.
Importa mencionar a seleção adequada das modalidades, tendo em
consideração as caraterísticas da escola cooperante, do meio envolvente e das
147
suas condições espaciais. Neste caso, fez todo o sentido a inclusão da natação,
pela elevada tradição na cidade e do surf, pela praia. Infelizmente, a falta de
financiamento por parte do Ministério da Educação, não tem possibilitado uma
participação equitativa de todas as escolas. Como tal, penso que é deveras
importante refletir acerca do DE e da realidade nas escolas, sendo fácil pensar
as várias estratégias a implementar, mas difícil concretizá-las. De acordo com
Veigas et al. (2009), para a prática de desporto com segurança é necessário o
investimento em infraestruturas adequadas, bem como na formação e educação
de todos os intervenientes. Urge apostar nas boas práticas pedagógicas e nas
condições envolventes para elevar a adesão ao DE, ao invés das desistências.
Esta foi e continuará a ser uma das situações que dificulta a tarefa daqueles que
trabalham, continuamente, nos vários Clubes de DE, com o intuito de formar
para as competições, que, mais tarde, não serão capazes de participar. Os
discentes precisam desta parte competitiva, de ser colocados à prova, de ser
desafiados, de colorir as suas próprias telas através destas experiências únicas.
Relativamente à modalidade definida para este NE - a Natação - posso
dizer que não poderia ter sido uma escolha mais acertada. Além de um passado
pessoal ligado à mesma, os conhecimentos das professoras do clube fizeram-
me sentir em constante processo de aprendizagem. De facto, ao nível da minha
atuação, posso afirmar que me envolvi, por completo, em todo o processo,
funcionando como professora e aluna, ao mesmo tempo. Observei, analisei,
planeei, incentivei, avaliei... Penso que nada faltou, mesmo com alguma
inexperiência no que concerne à organização e gestão do DE. Sinto que dei o
melhor de mim e que o trabalho foi desempenhado de forma adequada, tendo
contribuindo para o colorir das suas cores e da sua identidade. As evidências de
tal empenho são claras, sobretudo pela evolução dos alunos envolvidos. No
entanto, os alunos não foram os únicos a melhorar ao longo deste processo de
ensino-aprendizagem. Apesar de nem sempre ter sido fácil encontrar motivação
para sair da secretária a uma quarta-feira, à tarde, enquanto o trabalho se
acumulava, sinto que cumpri com as minhas responsabilidades da melhor forma
possível. No final deste caminho, sinto-me capaz de lecionar qualquer um dos
estilos, indo de encontro às necessidades dos alunos. Mais do que ensinar os
148
conteúdos técnicos basilares, procurei formar cidadãos cultos e conscientes do
que é o trabalho em equipa e o respeito, a responsabilidade e o compromisso.
‘’Depois de todo o trabalho desenvolvido de manhã, foi momento de lecionar o
DE. Não vou negar, não tinha qualquer vontade ou disposição para o fazer.
Queria ir para casa, não para descansar, mas para trabalhar. Com todas as
tarefas da semana em atraso, senti que precisava desse tempo para o fazer.’’
/ Espinho, 28 de novembro de 2018
Fazer parte de um projeto como este foi, sem qualquer dúvida, uma das
mais valias do meu processo de formação enquanto docente. Naturalmente, nem
sempre a força e a vontade estão no seu auge, dependendo, também, dos
discentes, elevar o estado motivacional do professor. Murcia et al. (2007)
destaca a importância da motivação, como um conjunto de fatores pessoais e
sociais que favorecem o esforço e a persistência, evitando o abandono. Porém,
para que tal suceda, deve existir uma boa relação entre as partes, funcionando
como um só, partilhando e vivenciando os vários momentos, para que as
aprendizagens possam ser significativas e ricas para todos os envolvidos.
‘’O culminar deste dia não podia ter sido melhor com o DE. A natação é uma
das minhas modalidades preferidas e os alunos parecem empenhados e
decididos a aprender.’’ / Espinho, 10 de outubro de 2018
No meu entender, para que uma boa relação professor-aluno possa ser
estabelecida, é necessário que as linhas de comunicação se mantenham
abertas, ouvindo com atenção e evitando interrupções. Isto é, eu devo ouvir, mas
igualmente ser ouvida, permitindo que exista uma verdadeira interação. Penso
que esta é uma relação que se estabelece, ao nível do DE, sobretudo com os
alunos mais velhos e com mais competência (Nível 2+ e 3), permitindo que os
alunos evoluam de forma consciente e reconhecendo o processo como uma
mais valia para o seu próprio futuro. Importa destacar que, através da adoção e
utilização de comportamentos mais valorizados pelos alunos como, por exemplo,
a utilização das fichas de treino e a finalização com partidas, a relação próspera
e de confiança entre professor-aluno pode ser promovida e melhorada (Meireles
149
et al., 2013). Tal como advoga Graça (2015), o ensino é, sem sombra de dúvidas,
um processo de constante negociação, como algo em aberto e que não possui
um desfecho conhecido, sendo necessário conhecer os intervenientes e procurar
compreendê-los, evoluindo com os mesmos.
Relativamente às competições, posso dizer que foram das melhores
experiências que o EP me propiciou. Num primeiro momento, o nervosismo era
gigante. Não sabia se o meu trabalho tinha sido desenvolvido da forma mais
adequada e tinha receio do que pudesse acontecer. No entanto, assim que lá
cheguei e vivi, por completo, o que é ser treinadora do DE, senti que me havia
superado e propiciado aprendizagens únicas aos meus ‘’pequenos grandes
atletas’’. Seria espectável ter alunos capazes de chegar às provas a efetuar
percursos de 50m? Alunos a efetuar a viragem ventral de forma, praticamente,
perfeita? Não há forma de explicar tais sensações, que foram de imensa
satisfação, tendo despoletado cores vivas e fortes na minha tela.
Destaque-se que o facto de as competições serem adaptadas às idades,
ao nível, às motivações, às necessidades e às próprias experiências dos
discentes propiciou que tudo funcionasse ainda melhor. Segundo Mesquita
(2014), esta modelação permite que as situações de aprendizagem sejam
adequadas ao nível de desempenho individual de cada um, proporcionado
condições favoráveis ao menos dotados, sem nunca prejudicar os mais dotados.
Este trabalho foi também efetuado ao nível do treino e do seu planeamento,
tendo sido realizado nos três níveis: 1 – Adaptação ao Meio Aquático; 2- - Alunos
com muitas dificuldades na técnica de crol e costas; 2+ - Alunos com elevada
capacidade nas técnicas alternadas, tendo sido iniciado o bruços; 3 – Três
alunas, com um desenvolvimento acima da média na natação, capazes de nadar
qualquer uma das técnicas. Esta metodologia funcionou na perfeição, para que
todos pudessem exercitar ao seu ritmo de aprendizagem.
‘’Eu acompanhei o Nível II/III, a PC uma discente com dificuldades e a
Professora Catarina ficou responsável pelo Nível I. Julgo que esta divisão de
tarefas é fulcral para o bom funcionamento do treino, já que o número de
alunos presente é bastante elevado.’’ / Espinho, 20 de fevereiro de 2019
150
Quanto à minha primeira experiência competitiva, enquanto ‘’treinadora’’,
esperava que não fosse a única, muito menos a melhor, uma vez que perspetiva
voltar a competir, no mesmo ano letivo, com um grupo-equipa maior e, quem
sabe, melhor. A verdade é que voltar à piscina em questão, não como aluna,
mas como professora, foi um momento único. Foi naquele local que realizei as
minhas primeiras provas enquanto atleta de natação de competição e saber que
o meu conhecimento está a passar de geração em geração, fez com que me
sentisse grata pelo vivenciado nos últimos tempos. É sempre bom voltar a um
lugar que já nos fez feliz, ver caras conhecidas, observar a própria transformação
do espaço e, no final, sentir que tudo permanece bom e puro. Naturalmente,
existem sempre pontos positivos e outros que não funcionam como previsto,
sendo os erros algo caraterístico neste momento profissional, desde que
sejamos capazes de compreender que estamos em processo de construção e
que os devemos procurar colmatar (Davis et al., 1989).
O segundo momento de competição foi um pouco distinto, sobretudo nas
provas a concretizar, já que se tratava dos alunos do Nível I. Os objetivos da
prova, por nós organizada, centravam-se, nomeadamente, na sensibilização e
no desenvolvimento do gosto pela prática da natação e no convívio entre
professores e alunos das escolas participantes. Os mesmos foram cumpridos e,
a meu ver, excedidos. A sensação sentida de dever cumprido foi ótima, tendo
sido capaz de colocar os jovens atletas em constante atividade. Senti que me
havia desdobrado, multiplicado, como uma verdadeira docente. Destaque-se a
minha atitude enquanto agente motivador dos envolvidos, cativando-os para a
prática e proporcionando-lhes momentos enriquecedores. Para muitos foi o
primeiro momento competitivo, marcante no seu processo.
No que concerne ao terceiro momento competitivo, as sensações foram
variadas. Ao princípio, sentia-me, ligeiramente, triste, fruto do reduzido número
de alunos que decidiu marcar presença. Uns tinham testes, outros visitas de
estudo... Tudo serviu de desculpa para não estarem presentes num momento
tão bom para o seu crescimento e formação. A verdade é que, segundo Graça e
Mesquita (2015), a organização do DE é ainda frágil, procurando o seu rumo ao
sabor das mudanças da conjetura governamental, sendo necessário ajustar os
151
horários e reconhecer a devida importância. Porém, assim que a prova se iniciou,
senti que as três alunas presentes eram aquelas que mais mereciam esta tão
desejada oportunidade, tendo-o comprovado pelos seus resultados, melhorando
os seus tempos em relação à primeira competição. Não há nada melhor do que
observar, de forma tão clara, a evolução destas alunas.
Não existem dúvidas acerca da importância do DE, em toda e qualquer
modalidade, pelo menos para mim. É uma atividade que, em certa parte, ‘’luta’’
e ‘’combate’’ os longos tempos de sedentarismo e de obesidade que vivemos.
O DE pode e deve marcar a diferença, cultivando o gosto pelo desporto, mas o
tempo despendido para estas atividades não é suficiente. Valores como o
esforço, o empenho, a superação, a cooperação, o trabalho de equipa e a
aceitação são, ou deveriam ser, transversais a todas as pessoas e profissões.
Estes valores preparam para a vida e não podem ser colocados à margem do
DE ou da EF. É, nesta atividade ou disciplina, distinta das restantes onde a
questão das regras se torna evidente, onde se preparam os jovens para uma
participação humana, autónoma e emancipada, na vida social e cultural.
Sarmento et al. (2014) advogam que o desporto deixou de ser apenas
competição, para se tornar formação, educação, recreação, saúde... Isto é, deve
ser visto nesta visão plural e complexa, sendo encarado como uma criação
social e que possui uma importância indiscutível na sociedade atual, não só para
aqueles que o vivenciam enquanto atletas / alunos, como também para os que
os ensinam, acompanham e orientam. A qualidade da prestação de cada um
pode fazer a diferença, considerando o que se pretende atingir.
6.4. Uma Explosão de Cores: O Sarau Escolar
O Sarau de EF foi, indiscutivelmente, uma noite marcada pela festa, pela
interação e pela boa relação entre todos os envolvidos no processo educativo.
Confesso que me senti uma docente como os restantes, integrada num grupo
de EF que tudo fez para que eu me sentisse bem e feliz, que me proporcionou
uma verdadeira explosão de cores, de sentimentos e de sensações, não só no
152
dia em questão, mas também durante o ano letivo. Foram eles que, em parte,
coloriram a minha tela em branco, sendo o verdadeiro arco-íris da instituição.
Ajudei na organização, orientei os alunos do 6º4 na sua brilhante atuação
e ainda participei na arrumação, no final do espetáculo. De facto, a minha
intervenção foi bastante positiva, como se fosse algo que tivesse feito toda a
minha vida, algo habitual e comum, mas marcante e cativante. Silva (2014) refere
que o EP é mesmo isto, um momento de aplicação de todas as competências
profissionais em processo de construção, com o intuito de transpor para a prática
os vários conhecimentos, mesmo que ainda com poucas vivências. A autora
destaca ainda que este contexto, de prática real, se traduz numa mais valia para
os futuros professores, permitindo-lhes emergir no seio de uma cultura escolar,
com todas as suas normas, valores, hábitos, costumes, práticas, capazes de o
colocar a sentir, a pensar e a agir. Segundo Rodrigues (2013), os objetivos visam
um crescimento do EE muito além das estruturas biológicas, psicológicas ou
sociais. Pretende-se a evolução e a transformação, colorindo a sua identidade,
transformando-o e tornando-o num ser distinto, melhor, mais completo.
Foi um momento pleno de alegrias e de partilha, um verdadeiro culminar
de ano letivo, deixando-me em êxtase para os anos que se avizinham, com boas
memórias e momentos marcantes. Mas, simultaneamente, uma enorme tristeza
sombria pairou por saber que vou deixar este agrupamento e este grupo, que
me acolheu tão bem. A verdade é que tenho dificuldade em encontrar palavras
para descrever o turbilhão de sensações experienciadas neste dia, sobretudo
por ter sido o dia do meu aniversário. Ao princípio, pensava que seria uma tortura
passar a noite na escola e não com os meus amigos e/ou família, mas tudo se
revelou exatamente o oposto e apercebi-me, ainda que tarde, que esta havia
sido a minha família durante este ano, a minha segunda casa. Não havia outro
lugar melhor para passar este momento de celebração das 23 primaveras.
Sinto que esta instituição me ajudou num processo de reinvenção, me
coloriu e me moldou enquanto docente. Mas também permitiu que partilhasse
com os outros as minhas convicções, a minha forma de estar, as minhas cores.
Tal como advoga Marinho (2013), a escola é o espaço de todos, um local que
irradia esperança e crença no futuro, que nos une e que nos permite ir além do
153
conhecimento inicial através da partilha. De facto, somos mais e melhores
partilhando. E juntos chegaremos sempre mais longe.
6.5. O Elemento Policromático: O Diretor de Turma
De acordo com Favinha et al. (2012), a escola atual é frequentada por
alunos de diversos contextos sociais e económicos, com uma diversidade
cultural inquestionável, revelando-se uma população heterogénea. Deste modo,
é crucial a existência de uma educação de qualidade, respeitadora das
necessidades de cada um e que facilite a transição para a vida adulta, com vista
à integração na sociedade. A instituição deve modernizar-se a nível pedagógico
para dar resposta aos desafios que lhe são colocados, sendo o Diretor de Turma
(DT) um mediador necessário ao nível das relações interpessoais e curriculares.
É simples compreender que este docente possui um papel de destaque
na educação e na formação dos discentes. É alguém fulcral, no contexto escolar,
um pilar para o bom funcionamento da instituição, sendo uma figura de gestão
intermédia na mesma. Nem todos os professores possuem um perfil adequado
para o desempenho de tais funções (Boavista & Sousa, 2013), devendo ser
alguém preparado para as mais variadas adversidades quotidianas, capaz de
fomentar a colaboração e a integração dos envolvidos. Cruz (2006) acrescenta
que esta tarefa que requer qualidades como pessoa, como técnico de educação
e como orientador familiar. Segundo Boavista e Sousa (2013), esta escolha deve
ser efetuada em função das competências que o docente possui, indo muito
além de qualquer horário que seja necessário completar. É preciso estabelecer
uma relação humana e pessoal, com interação genuína, dando respostas
sinceras e autênticas, possibilitando uma verdadeira relação com os jovens.
Ainda assim, tal como indica Martins et al. (2017), mais importante que tudo é a
relação que se estabelece com a família, fomentando uma cidadania ativa e a
formação de seres autónomos. O DT deve estabelecer um relacionamento de
confiança e de colaboração, potenciando o bem-estar dos alunos no contexto
escolar e as aprendizagens significativas ao nível do saber ser e estar.
Neste caso específico, eram duas as docentes responsáveis, com tarefas
repartidas, numa espécie de coadjuvação. Uma delas, professora de Físico
154
Química, estava encarregue das tarefas mais burocráticas, como, por exemplo,
proceder ao controlo da assiduidade dos alunos, receber e inserir no programa
informático as justificações de faltas... O seu trabalho necessitou, naturalmente,
de tempo e dedicação para o concretizar da maneira adequada. Todavia, o
programa que a AEMGA utiliza, o GIAE, facilita a sua atuação pela simplicidade
do mesmo. A outra, professora de Inglês, estabelecia a ligação entre os vários
intervenientes: professores da turma, alunos, pais e Encarregados de Educação.
Tornou-se claro que as funções que desempenhava necessitavam de uma maior
capacidade de comunicação e de compreensão, sendo responsável por resolver
os possíveis problemas que pudessem surgir. A mesma destacou algumas
dificuldades na sua prática como o número de horas destinadas ao atendimento,
dizendo ser reduzido e impossibilitando a receção de todos. Uma outra situação
que dificulta o desempenho das suas funções é a dificuldade de gestão e de
coordenação de um conjunto de docentes (Clemente & Mendes, 2013).
Confesso que senti que existiu um fio condutor entre mim e a escola, uma
ponte entre a minha figura e os Encarregados de Educação. Assim, tal como
evidencia Favinha et al. (2012), considero que o papel de ambas foi
desempenhado da melhor forma, já que me foram colocando a par de todas as
situações necessárias, comunicando entre a escola e a família.
‘’Julgo que esta convivência e ligação com os restantes docentes da turma, a
verificação das notas, a apreciação global da turma e dos alunos, são tarefas
fulcrais para um envolvimento e integração de qualidade na escola e para o
meu processo de desenvolvimento enquanto docente. Estas são funções e
responsabilidades de todo e qualquer professor, sendo ‘’comandado’’ pelo DT,
que recebe os Encarregados de Educação e que efetua o PCT. As suas tarefas
são múltiplas e variadas, tendo um papel de destaque no processo de
maturação de todos os discentes.’’ / Espinho, Reflexão Final 1º Período
Acrescente-se ainda que julgo fulcral que o DT se mantenha, ano após
ano, acompanhando a turma, com o intuito de conhecer e compreender de forma
mais clara e rápida os seus alunos. Esta situação permitiria um ponto de partida
mais evoluído, no ano seguinte, guiando e acompanhado os alunos em busca
155
das cores do saber, no caminho do sucesso. Reconheço a importância e a
exigência deste cargo, exigindo competências muito além do conhecimento,
passando sobretudo pela qualidade de relacionamento, de comunicação e de
gestão, sem as quais o processo de ensino poderia ser colocado em risco
156
157
7. PERSPETIVAS PARA UM FUTURO INCERTO
158
159
‘’Tempo de solidão e de incerteza
Tempo de medo e tempo de traição
Tempo de injustiça e de vileza
Tempo de negação.’’
(Sophia de Mello Breyner Andresen, in Livro Sexto, 1962)
De acordo com Alves et al. (2014), a ausência de perspetivas de futuro na
profissão docente contribui para a construção identitária dos estagiários. Apesar
de ter escolhido abraçar a área da docência, sempre estive consciente das
dificuldades que a mesma enfrenta, sobretudo ao nível do excessivo número de
professores não colocados. No entanto, todos possuem um gosto e uma paixão
que os move e que não pode ser desconsiderada. O meu sempre foi este: colorir
o mundo dos estudantes, pintando-o com as cores mais vivas que conseguir. E
nada me fará desistir deste sonho, ainda que o caminho seja atribulado. O facto
de ser uma mulher que procura sempre mais e melhor, nunca me permitirá
desistir. Esta constante insatisfação e desejo de melhoria certamente me
permitirão combater e ultrapassar todas as adversidades, procurando a
excelência, em termos da competência profissional.
Este EP foi uma explosão única de emoções, de sensações, de cores.
Mas, posso dizer, com toda a certeza, que o finalizo certa de que o trabalho foi
desenvolvido da forma correta, com empenho e dedicação. Os momentos
vividos no EP foram únicos e ficarão marcados, para sempre, na minha memória
e no meu coração. Esquecê-los seria hipotecar o presente e renunciar a um
futuro melhor (Bento, 2013), que tanto busco.
Durante este ano letivo, foram várias as alterações e transformações em
mim, tanto a nível do modo de pensar e operacionalizar os processos de
planeamento, como da própria intervenção... Mas sobretudo face ao
entendimento do que é o ensino e a formação dos alunos. Inicialmente,
considerava que os estudantes não aprendiam porque não queriam, mas
atualmente vejo o processo da forma inversa. Cabe ao docente transportar o
aluno para a outra margem, elevando a sua presença e a importância no
processo, fazendo-o ver a escola como um elemento fulcral ao seu
160
desenvolvimento. De facto, esta mudança deve, no meu entender, ser valorizada
e destacada, pois aprendi a olhar o mundo e as cores do ensino de uma outra
forma. A verdade é que o passado não pode ser esquecido, fazê-lo seria um erro
tão grande como omitir o futuro (Garcia & Portugal, 2013), permitindo-nos
progredir e reconhecer o ponto de onde partimos e aquele em que nos
encontramos em cada momento.
No entanto, existe uma questão que lateja na minha cabeça, de forma
repetida, intensa, mas sem resposta, sem uma resposta completa.... O que é
ser professor de EF? No princípio, respondia que era planear todo o processo,
bem como as várias sessões, mantendo os alunos controlados e concentrados
nas tarefas. Atualmente, pelo menos para mim, o importante são os alunos e as
suas aprendizagens. O plano é um mero guião, um elemento a utilizar sujeito a
adaptações várias e nada mais do que isso. Confesso que esta mudança de
paradigma me permitiu elevar a qualidade do processo de ensino.
De facto, o conhecimento ao nível dos vários conteúdos esteve presente
desde o primeiro momento, fruto de uma formação inicial de elevada qualidade.
Como tal, confesso que a minha evolução aconteceu sobretudo quanto à
capacidade de gerir a exigência e o rigor, adequando-a à turma e aos alunos
concretos com quem estabeleci uma relação pedagógica de confiança. Apesar
de não possuir qualquer dúvida de que o processo de ensino-aprendizagem
deve ser efetuado tendo por base uma negociação mútua, sustentada numa
relação pedagógica de confiança, nem sempre foi fácil gerir todas as interações,
sobretudo no início do EP. Mesmo considerando que um relacionamento positivo
entre todos, com tarefas e objetivos adequados a cada um propicia que o
docente seja capaz de transportar o estudante para a outra margem (Simão et
al., 2005), não era capaz de me aproximar dos alunos, mantendo-os distantes e
controlados. Através da utilização do AfL, tudo mudou para mim e para as turmas
que lecionava, sobretudo a residente. Foi notório o crescimento e o
desenvolvimento dos alunos do 11º ano relativamente ao seu envolvimento e
entusiasmo para as várias sessões. A avaliação para a aprendizagem potenciou,
sem qualquer dúvida, um efeito deveras positivo na aprendizagem, motivação e
envolvimento dos estudantes, tal como Chng e Lund (2018) advogam. Este bom
161
clima gerado fez com que me sentisse mais confiante e confortável nos
momentos de instrução, vestindo a camisola de professora e indo além da minha
própria zona de conforto, estabelecendo relações únicas e verdadeiramente
autênticas com os alunos.
Importa ainda mencionar os múltiplos papéis que tive de desempenhar
enquanto docente, efetuando cada um deles com extrema responsabilidade e
seriedade. De facto, ser professor não é, de todo, uma profissão de fácil
concretização. É necessário observar constantemente, refletindo acerca da sua
própria ação com um olhar crítico para que seja capaz de elevar o seu
desempenho e tornar-se competente. Tal como um pintor observa criticamente
a sua obra, a minha visão exigente também pretendeu descobrir imperfeições,
proceder a melhorias, retocar, dar brilho. Considero que esta panóplia de
competências se foram desenvolvendo em mim, fruto do meu contínuo e
incessante empenho e dedicação. Espero continuar a minha formação na
instituição que sempre me acompanhou, a FADEUP, indo além dos meus
próprios horizontes e saindo da minha zona de conforto, sendo uma estudante
de doutoramento. Tal como advoga Lopes (2014), a formação de professores
em Portugal tem evoluído bastante, pautando-se por um nível cada vez mais
elevado. Eu só quero poder potenciar este crescimento e desenvolvimento de
todos os meus colegas, já que a EF é, indiscutivelmente, uma componente fulcral
no currículo dos alunos, sendo imprescindível para a formação integral e para o
bem-estar dos mesmos (Penney et al., 2009).
De acordo com Garcia e Portugal (2013), o que vivemos no presente é o
que comanda a vida, ancorado no passado, mas sem certeza do futuro. De facto,
estou certa de que será um futuro incerto, mas estará igualmente nas minhas
mãos mudá-lo e transformá-lo naquilo que me faz feliz. Há que olhar o passado
com gratidão, recordá-lo com nostalgia, mas o presente deve ser vivido
alegremente, apreciado intensamente e o futuro, que eu prevejo para mim, não
poderá ser outra coisa senão um tempo de novos desafios.
162
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XXIII
ANEXOS
XXIV
XXV
Anexo 1 – Certificado de Participação
Certifica-se que foi apresentada no II Seminário Internacional Currículo, Avaliação, Formação e
Tecnologias educativas, que se realizou nos dias 13 e 14 de junho de 2019, na Faculdade de
Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal, a comunicação com o
título
"Potenciar a aprendizagem através da avaliação de pares numa unidade de
Ginástica Acrobática: Estudo no contexto de estágio em Educação Física", da
autoria de André Moura, Ana Mafalda Silva, Catarina Martins, Amândio Graça
e Paula Batista
Pela Comissão Organizadora
__________________________
XXVI
GRUPO:
_________________________________
CONSTITUÍDO POR:
_________________________ _________________________
_________________________ _________________________
_________________________ _________________________
2018 / 2019
DOSSIER DE GINÁSTICA
ACROBÁTICA
Anexo 2 – Dossiê de Ginástica Acrobática
XXVII
1. CALENDARIZAÇÃO
Dia Monitorização / Tarefas a realizar
22 / Fevereiro
• Avaliação Diagnóstica – Identificar as suas próprias dificuldades
• Explorar o tema a desenvolver: os Jogos Olímpicos
• Compreender as várias regras de segurança e a organização / arrumação do material
• Compreender e executar o aquecimento, através do trabalho funcional
1 / Março
• Definir o tema para o esquema
• Escolher e explorar as figuras de pares e trios, bem como as respetivas pegas, os
montes/desmontes e ainda as regras de segurança
• Efetuar a autoavaliação, procurando perceber o ponto em que se encontram
8 / Março
• Escolher e explorar as figuras de quatro e cinco/seis elementos(grupos), bem como
as respetivas pegas e os montes/desmontes
• Escolher e explorar os elementos de ligação, de forma integrada na ligação as figuras
• Explorar e definir as figuras de pares e trios, construindo e registando o esquema
• Apresentar à turma o preparado, no mínimo, 2 figuras de pares e 2 de trios
• Efetuar a autoavaliação, procurando perceber o ponto em que se encontram
15 / Março
• Finalizar a construção e registo do esquema
• Identificar as dificuldades e potencialidades do seu desempenho na realização do
esquema e da sua elaboração
• Apresentar à turma o preparado, no mínimo, 2 figuras de pares, 2 de trios e a quadra
• Efetuar a autoavaliação e heteroavaliação, procurando perceber o ponto em que se
encontram e ajudando os seus colegas a compreender as suas lacunas e facilidades
29 / Março
• Ensaio geral e apresentação do esquema final
• Efetuar a autoavaliação e heteroavaliação, procurando perceber a sua evolução tanto
individual como do grupo
2. AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Para que este processo possa ser iniciado, é fulcral uma avaliação diagnóstica, com
o intuito de perceber o vosso nível de desempenho. Para tal, devem preencher a grelha
de avaliação diagnóstica identificando as dificuldades, através de uma breve síntese descritiva, em função dos critérios indicados. Se sentirem necessidade podem
escrever, entre parênteses, um nível de 1 a 3. Nesse mesmo documento, consta a
XXVIII
autoavaliação, realizada aula após aula, tendo em conta a melhoria no desempenho,
bem como as dificuldades sentidas. - As fichas de AD e de Autoavaliação são individuais e intransmissíveis –
3. REGRAS DE SEGURANÇA
ü É obrigatório respeitar as diferenças entre base e volante, bem como utilizar
as pegas, os montes e os desmontes indicados para cada elemento.
ü Sempre que necessário, um aluno deve auxiliar na realização das figuras.
ü Todos devem efetuar a sessão com o material adequado e sem sapatilhas.
ü Todas as figuras são realizadas em cima dos colchões, no meio dos mesmos.
ü A concentração é fulcral, prevenindo possíveis lesões.
4. HABILIDADES MOTORAS
I. Funções:
ü Base: aluno que suporta ou projeta o volante; robusto e de estatura alta.
• Posição de quatro apoios: o base deve formar um ângulo de 90º graus
entre o tronco e as coxas e entre as coxas e as pernas.
• De pé: afastar ligeiramente os MI, mantendo postura firme e contraída.
• Deitado: corpo em extensão completa, em decúbito dorsal ou ventral.
ü Base médio: elemento que auxilia o base e o volante, podendo executar
algumas figuras ou ficar entre o base e o volante.
ü Volante: aluno que executa a figura, e que deve ter caraterísticas técnicas mais
versáteis. Por norma, é um elemento leve e de baixa estatura.
II. Pegas: formas de contacto e preensão entre os alunos, permitindo o equilíbrio
e/ou a impulsão, de forma a realizar em segurança as diferentes figuras.
IMAGEM TIPO DE PEGA & OBJETIVOS FIGURAS
PEGA SIMPLES Apoiar as palmas das mãos uma na outra,
envolvendo a mão com os dedos Figuras de grupo e de quadras Fig. 9 Fig. 15
PEGA DE PULSOS Contactar, com a palma da mão, o pulso do colega, envolvendo-o com os dedos. O dedo
polegar rodeia um lado, enquanto os restantes dedos envolvem o outro lado
XXIX
PEGA DE BRAÇOS O base agarra o braço do volante pelo lado de
fora, enquanto o volante agarra o braço do base pelo lado de fora
Poderão ser utilizadas para elevar
os volantes nas figuras de grupo e de
quadras
PEGA ENTRELAÇADA Ambas as mãos envolvem os pulsos, formando
um quadrado ou “cadeirinha”
III. Montes e desmontes: elementos técnicos através do quais se constroem as
figuras, onde ambos os alunos, base e volante, devem estar concentrados,
mantendo a posição.
MONTE/DESMONTE INDICAÇÕES FIG.
O base apoia um joelho no chão, e o volante sobe apoiando-se na coxa e no ombro do base.
Ambos utilizam a pega simples para auxiliar a subida do volante.
Ambos mantêm as costas direitas, e não largam as mãos até que o volante se sinta estável.
O base segura o volante ligeiramente abaixo do joelho. A alteração da pega do base é feita com uma mão de cada vez, de modo a que o volante
nunca fique sem apoio. O desmonte é feito através de uma ligeira impulsão do volante, para a frente
utilizando a pega simples como apoio.
Fig. 12 Fig. 27 Fig. 36 Fig.44
De frente um para o outro, utilizando a pega simples ou de pulsos, o volante sobe para as coxas
do base. Utilizando o contrapeso, ambos encontram um ponto estável.
O base segura o volante ligeiramente acima do joelho. A alteração da pega do base é feita com uma mão de cada vez, de modo a que o volante
nunca fique sem apoio. O desmonte é feito através da pega simples, e o
volante desce um pé de cada vez nunca largando o base.
Fig. 9 Fig. 15 Fig. 27
O volante encontra-se de costas para o base, que lhe segura pelas ancas. Através de um ligeiro
agachamento do base e de uma ligeira inclinação à frente do volante, utilizando o contrapeso o volante
sobe para as coxas do base. O base segura o volante ligeiramente acima do joelho. A alteração
da pega do base é feita com uma mão de cada vez, de modo a que o volante nunca fique sem apoio. O desmonte é feito com uma ligeira impulsão à
frente, por parte do volante.
Fig. 24
XXX
IV. Figuras
a. Figuras de pares
NÍVEL 1
Figura 1 Figura 2 Figura 3
Figura 4 Figura 5 Figura 6
NÍVEL 2 Figura 7
Figura 8 Figura 9
Figura 10 Figura 11
Figura 12
XXXI
NÍVEL 3 Figura 13 Figura 14 Figura 15
Figura 16 Figura 17 Figura 18
b. Figuras de trios
NÍVEL 1 Figura 19 Figura 20
Figura 21
Figura 22
XXXII
NÍVEL 2
Figura 23 Figura 24
Figura 25
Figura 26
NÍVEL 3 Figura 27 Figura 28
Figura 29
Figura 30
XXXIII
c. Figuras de quadras
NÍVEL 1 Figura 31 Figura 32 Figura 33
NÍVEIS 2 / 3 Figura 34 Figura 35 Figura 36
FIGURAS DE 5 ELEMENTOS Figura 37 Figura 38
Figura 39
Figura 40
XXXIV
FIGURAS DE 6 ELEMENTOS Figura 41 Figura 42
Figura 43 Figura 44
V. Elementos de ligação: todos os elementos gímnicos da ginástica de solo, como,
por exemplo, o rolamento à frente ou à retaguarda, o salto de gato, a pirueta...
5. CULTURA DESPORTIVA
1. História:
ü 1881 - Fundação da Federação Internacional de Ginástica (FIG)
ü 1950 - Fundação da Federação de Ginástica de Portugal (FPG)
2. Curiosidades:
ü Existem pinturas que remontam ao nascimento da ginástica em 2300 a.C.
ü Grécia e China dedicavam-se à ginástica acrobática com fim lúdico e de treino
militar.
ü O “pai da ginástica” foi, inclusive, preso por considerarem o desporto
demasiado perigoso.
3. Regulamento: os esquemas oficiais têm uma duração de 2’ 30’’, com
acompanhamento musical e com uma composição de todos os tipos de exercicios.
Existem 5 categorias:
XXXV
i. Pares femininos e masculinos - 1 base e 1 volante, do mesmo género.
ii. Pares mistos - 1 base masculino e 1 volante feminino
iii. Grupos femininos (trios)
iv. Grupos masculinos (quadras).
4. Avaliação e sistema de pontuação
Juízes Nº de juízes Pontuação máxima
Chefe de painel de juízes 1
Juízes de dificuldade 2 Ilimitada
Juízes de execução 4 10 pontos
Juízes de artística 4 5 pontos
6. DESCOBRE O TEU TEMA ... INSPIRA-TE!
Este esboço tem por objetivo ajudar-vos e encaminhar-vos na busca de
inspiração para construírem o esquema final. Devem ter em conta os elementos a
incluir no momento de avaliação, dando, simultaneamente, asas à vossa imaginação.
TEMA: _____________________________________________________
OS JOGOS OLÍMPICOS
Preocupações
Pessoas e instituições
Atletas
Interesses
Música
XXXVI
7. ORIENTAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DO ESQUEMA
a) Duração: entre 1’30 e 2’, com música.
b) Figuras obrigatórias: 2 de pares, 2 de trios, 1 quadra, 1 de cinco / seis
elementos (grupo) e 3 elementos de ligação. Cada aluno tem de realizar, no
mínimo, 4 figuras e 3 elementos de ligação.
c) Avaliação: 50% - componente técnica, 30% - componente artística e 20% -
processo de construção e evolução do esquema.
d) Propósito final: apresentar à turma e no sarau.
8. APTIDÃO FISICA
Na Ginástica Acrobática, a flexibilidade, a força e destreza geral são fulcrais.
Deste modo, na parte inicial das aulas, irão trabalhá-las num aquecimento específico.
FLEXIBILIDADE FORÇA
Flexão do tronco sobre os MI estendidos: os MI devem estar
estendidos e o tronco o mais reto possível, procurando tocar com as mãos nas pontas dos pés ou com a cabeça nos
joelhos
Abdominais em Barquinho: mantendo o corpo em extensão, o objetivo é realizar 10 oscilações
consecutivas
Crucifixo no chão com ambas as pernas: alcançar a mão com o pé
contrário, sem levantar a perna ou o ombro contrário
Glute Bridge: em posição dorsal, com os MI e
os ombros apoiados no solo, o objetivo é realizar 20 elevações da bacia até ao seu ponto
mais alto
XXXVII
Ponte: com os MI em extensão e os pés juntos, o objetivo é ser capaz de manter a
posição durante 5 segundos.
Lombares com MS estendidos à frente: o
objetivo é efetuar 20 elevações do tronco e dos MI do solo, mantendo o corpo em completa
extensão
Up and down: com os MI e os MS
estendidos, o objetivo é reduzir a distância entre os pés e as mãos, sempre com os
calcanhares no chão
Lunge Unilateral Alternado: o objetivo é
realizar 12 lunges, com cada perna, efetuando um ângulo de 90% em ambos os joelhos
Espargata (perna direita): o objetivo é
reduzir a distância entre o chão e as pernas
Extensões de braços: o objetivo é realizar 12, consecutivas, formando um ângulo de 90º ente
braço e antebraço.
Espargata (perna esquerda): o objetivo é
reduzir a distância entre o chão e as pernas
Prancha de cotovelos: o objetivo é aguentar 30 segundos, consecutivos, mantendo o corpo
reto e formando um ângulo de 90º entre o braço e o antebraço, bem como com o tronco.
XXXVIII
9. O ESQUEMA
Neste campo, devem descrever o vosso esquema, identificando as figuras, o
nível e ainda os elementos que participam em cada uma delas.
Figuras Nº Nível Participantes
Pare
s
Trio
s
Qua
dras
Gru
po
Elem
ento
s lig
ação
Descrevam, sucintamente, o esquema construído:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
XXXIX
10. HETERO AVALIAÇÃO
Este separador diz respeito à avaliação descritiva e construtiva dos esquemas
dos restantes grupos. Lembrem-se: a qualidade é valorizada, ao invés da quantidade.
HÉTERO AVALIAÇÃO
CRITÉRIOS / GRUPO
ELEMENTOS DE
LIGAÇÃO
PEGAS - MONTES –
FIGURAS -
DESMONTES
DIFICULDADES
POTENCIALIDADES
CRIATIVIDADE
POSTURA/EXPRESSÃO
XL
11. AVALIAÇÃO
A avaliação tem em conta, não só o esquema final, mas também todo o trabalho
realizado ao longo das aulas para atingir o resultado final. Deste modo, esta será
efetuada de acordo com os critérios abaixo indicados.
Importa mencionar que a cada grupo será atribuída uma pontuação final, que
deve ser distribuída pelos 5 ou 6 elementos do grupo. Esta deve ser feita de forma
consciente e ponderada.
• Componente técnica (50%): Neste domínio, serão valorizadas as figuras de acordo com o nível estabelecido
para cada uma. Isto é, conforme o nível das figuras que escolherem, a vossa avaliação
concorre uma dada pontuação. Na tabela abaixo, está indicada a pontuação que cada
figura pode ter, de acordo com a vossa escolha de dificuldade (1 – 2 – 3). Naturalmente,
podem efetuar figuras de qualquer um dos níveis.
Nível das figuras/
pontuação Pares
1 Pares
2 Trio 1 Trio 2 Quadra 5 / 6 Elementos
Elementos de ligação
Nível 3 3 3 3 3 3 2,5 2,5
Nível 2 2,5 2,5 2,5 2,5 3 2,5 2,5
Nível 1 2 2 2 2 2 2,5 2,5
• Componente artística (30%): A componente artística está relacionada com a estética do vosso esquema,
tendo em conta os seguintes critérios:
i. Postura: realizar as figuras e os elementos de ligação com uma postura
firme e adequada, cumprindo as regras de segurança.
ii. Expressão: ser capaz de comunicar corporalmente, transmitindo
sensações e energias acerca do tema escolhido com uma atitude
coerente com o tema e esquema.
iii. Criatividade: ser original e demonstrar a capacidade de inovar.
iv. Encadeamento lógico: interligar os elementos gímnicos com a utilização
de diferentes sentidos e direções, bem como relacionar as diferentes
figuras de forma lógica e coerente.
XLI
Critério Postura e expressão Criatividade Encadeamento lógico
Ponderação 30% 50% 20%
Classificado de 0 a 20
• Processo de construção e evolução do esquema (20%): Este é o domínio da avaliação que valoriza o processo e a superação até produto
final. Será analisado o vosso dossier e ainda as fichas de autoavaliação.
Critério Cumprimento de prazos e preenchimento das fichas
Capacidade crítica e construtiva
Progresso / Superação
Ponderação 30% 40% 30%
Classificado de 0 a 20
TOTAL GRUPO: ______ pontos (valor a distribuir por todos os elementos em
função do trabalho desenvolvido)
DISTRIBUIÇÃO DAS CLASSIFICAÇÕES
ALUNO
NOTA
XLII
Anexo 3 - Entrevistas
1. O que aprenderam durante estas aulas?
Grupo Transcrição Pontos chave
1
‘’Aprendemos a fazer o avião de forma correta, bem
como os montes, os desmontes e as pegas, mas
acho que o mais importante foi mesmo a maneira
de como aprendemos a levantamo-nos com o peso
em cima. A postura, o equilíbrio e a força.’’
• Elementos específicos
da Ginástica Acrobática
• Postura, equilíbrio e
força
2
‘’Para fazermos as figuras tínhamos de comunicar
uns com os outros. Confiar nos outros.
Concentração. Aprendemos a fazer o
encadeamento das figuras. Aprendemos as várias
pegas, montes, desmontes, figuras.
• Comunicação
• Confiança
• Elementos específicos
de Ginástica Acrobática
3 ‘’Que a organização é o mais importante. Os
montes e os desmontes, as pegas. Trabalhar em
equipa. Elementos de ligação.’’
• Elementos específicos
de Ginástica Acrobática
• Trabalho em equipa
4
‘’Aprendi a fazer figuras que não sabia que existiam.
Confiança nos colegas. Coordenar melhor os
músculos do nosso corpo. Trabalhar em equipa.
Importância do aquecimento para efetuar as
figuras.’’
• Confiança
• Elementos específicos
de Ginástica Acrobática
• Trabalho em equipa
2. Como avaliam a dinâmica do grupo?
Grupo Transcrição Pontos chave
1 ‘’Muito boa. Quando soubemos que não tínhamos
muito tempo, colocamos mãos ao trabalho.
Trabalhar em grupo foi das coisas que mais gostei.’’
• Ótima!
2
‘’Foi boa. Comunicámos e estivemos sempre em
sintonia. Não era nada de discussão.
Compreendemos aquilo que estávamos a fazer e
ajudou na aprendizagem.’’
• Ótima! Com
comunicação e
sem discussão
3 ‘’Trabalhamos bem. No início, eramos um pouco
lentos, mas evoluímos.’’
• Evoluiu com o
tempo, mas boa!
XLIII
4 ‘’Dávamo-nos demasiado bem e não conseguimos
direcionar o nosso trabalho para o objetivo.’’ • Grupo demasiado
amigo
3. Em que medida o dossier vos ajudou no processo?
Grupo Transcrição Pontos chave
1
‘’Eu vou ser sincero, ninguém gosta de preencher
papelada. Isso é óbvio, mas algumas coisas
ajudaram muito. A informação era boa, mas
escrever não. Nunca tínhamos tido um dossier com
tudo escrito e isso foi muito positivo, foi diferente.’’
• 1ª vez com
dossier
• A informação
ajudou muito,
escrever é que não
2
‘’O dossier ajudou a relembrar as pegas, a
organizar o nosso trabalho aula a aula, a ver as
nossas dificuldades e a perceber as distintas
figuras. Gostamos de saber os critérios de
avaliação.’’ • A informação
ajudou muito, em
todo o processo 3
‘’As figuras, os critérios e a calendarização foram
importantes.’’
4 ‘’Ajuda a ter consciência do que estamos a fazer e
também funcionou nesta modalidade.’’
4. Esta metodologia trouxe-vos motivação para as aulas de EF?
Grupo Transcrição Pontos chave
1
‘’Entendíamos o que estávamos a fazer de errado e
o que precisávamos de melhorar na próxima
sessão. Esta situação facilitou e potenciou todo o
processo, porque acabámos por não repetir sempre
as mesmas coisas.’’ Sim, por ser em
equipa e o facto de
saberem o que
precisam de
melhorar.
2 ‘’Acho que sim, sobretudo pelas alterações que a
professora foi efetuando e por nos permitir trabalhar
aquilo que identificávamos como dificuldades.’’
3 ‘’Sem dúvida. As dificuldades ajudaram. No início,
não sabia fazer e no fim consegui.’’
4 ‘’Sim, sobretudo por ser em equipa.’’
XLIV
5. Como se sentiam no final das aulas?
Grupo Transcrição Pontos chave
1 ‘’Aliviados que acabou. Foi tudo muito bonito, mas
ninguém fica triste quando a aula acaba.’’
2 ‘’Quando conseguíamos fazer bem as figuras,
sentíamo-nos orgulhosos. Quando acabamos de
construir o esquema, foi bastante bom.’’ Satisfação no final
da construção do
esquema. 3
‘’Que valeu a pena o trabalho desenvolvido. O
desempenho final ficou bom.’’
4 ‘’Satisfeitos. Que as aulas passavam muito
depressa, sentíamo-nos bem.’’
6. O que é que mais gostaram? E o que é que menos gostaram?
Grupo Pontos chave – Mais gostaram Pontos chave – Menos gostaram
1 • Trabalhar em grupo • Foi tudo muito bom
2 • Trabalhar em grupo • Os 5’ de aquecimento em corrida
3 • O facto de cada grupo ter um
tema, foi desafiador
• Os exercícios funcionais iniciais,
mas eram necessários para o
esquema
4 • Gostei da última versão da
coreografia (esquema final)
• Aprender a trabalhar em grupo
• As greves
7. O que fariam de diferente para melhorar o vosso desempenho?
Grupo Transcrição 1 ‘’Não tínhamos perdido tanto tempo, no início, a fazer todas as figuras.’’
2
‘’O facto de termos de apresentar parte do esquema no final da aula de
certa forma ajudava e de outra não. Na primeira pediam 2 de pares e 2 de
trios, sendo o início e tínhamos de apresentar mesmo essas. Na aula a
seguir acrescentava uma quadra. Mas foi o processo e ajudou bastante.’’
3 ‘’Treinávamos mais cedo os elementos de ligação.’’
4 ‘’Começávamos a trabalhar bem desde a primeira aula.’’
XLV
GRUPO II – GINÁSTICA ACROBÁTICA
1. Classifica as seguintes afirmações como Verdadeiras (V) ou Falsas (F). (25 pontos)
____ Em 1881 foi fundada a Federação de Ginástica de Portugal (FPG)
____ O ‘’pai da ginástica’’ foi, fortemente, aplaudido pela dificuldade da modalidade.
____ Nas competições da modalidade existem cinco categorias, nomeadamente pares
femininos, pares masculinos, pares mistos, trios femininos e quadras masculinas.
____ Os esquemas oficiais têm uma duração de 2’ 30’’, com música.
____ A ginástica acrobática, na altura em que surgiu como desporto, foi bem
percecionada por todos, tendo sindo facilmente integrada na sociedade.
____ O base é o aluno que suporta ou projeta o volante, devendo ser robusto.
____ O volante deve ser alto, para que a figura obtenha maiores níveis de elegância.
____ Na pega entrelaçada, ambos os elementos envolvem os pulsos do colega,
formando um quadrado.
____ Na pega de simples, os apoios das palmas devem ser uma na outra.
____ Os montes e desmontes são elementos técnicos, onde todos os intervenientes
devem manter uma posição estável e segura, para que a figura seja construída
corretamente.
2. Assinala com X apenas a resposta que consideras mais correta. (20 pontos) a. Para uma figura ser estável: ___ é essencial que o base mantenha uma postura firme e contraída.
___ deve ter uma duração de três segundos.
___ ambas as respostas estão corretas.
b. Na construção de uma figura: ___ o volante deve ser de estatura alta.
___ devemos ter apenas em atenção a pega mais adequada.
___ o base pode estar na posição de quatro apoios, de pé ou deitado.
Lê, atentamente, todas as perguntas antes de responderes. Responde de forma clara.
Nome: _________________________________________ Nº: ____ Turma: _____
Professora: ___________________ Classificação: ____________________
Anexo 4 – Ficha de Avaliação de Conhecimentos
XLVI
c. As pegas... ___ são formas de contacto, que permitem o equilíbrio e a impulsão dos volantes.
___ servem para estabelecer ligação entre os diferentes elementos de um grupo.
___ são uma das regras de segurança.
d. Durante a construção de um esquema... ___ é importante incluir o máximo número de figuras, para completar o esquema.
___ é essencial perceber e respeitar as diferenças entre base e volante.
___ é permitido utilizar as zonas exteriores ao praticável, em competições oficiais.
3. Indica quais os diferentes tipos de pega. (20 pontos)
________________________ ______________________
_________________________ _______________________
4. Enumera os juízes presentes em provas oficiais de Acrobática (10 pontos). _____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5. Refere dois exercícios de aptidão física, descrevendo sucintamente os seus objetivos, realizados durante as aulas (10 pontos).
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
6. Indica quais as três componentes de avaliação, tidas em conta para a avaliação final de Ginástica Acrobática. (15 pontos)
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
XLVII
Anexo 5 – Autoavaliação Aula a Aula
AULAS DIFICULDADES POTENCIALIDADES CONCEITOS
PSICOSSOCIAIS (1 – 5)
22 / Fevereiro -----------------------
1 / Março (tema, pares e
trios)
8 / Março (4, 5 e 6
elementos)
15 / Março (esquema)
29 / Março (esquema)
XLVIII
Anexo 6 – Autoavaliação da Utilização dos Princípios do AfL
Nome: __________________________________________ Nº ______
__º Período Observação Data: ___/___/_____
No preenchimento desta grelha, deverás aplicar uma escala de Likert de 4
pontos: 1 (não consigo), 2 (consigo, mas tenho dificuldade), 3 (consigo com alguma
facilidade) e 4 (consigo facilmente).
Indicadores Descritores 1 2 3 4
Relação com a matéria
Sou capaz de descrever o objetivo da aula Percebo o conteúdo que foi lecionado Identifico o nível em que me encontro Identifico a pega, o monte e o desmonte a utilizar nas figuras
Observações:
Indicadores Descritores 1 2 3 4
Em relação a mim
Sou capaz de autoavaliar as minhas potencialidades Sou capaz de autoavaliar as minhas dificuldades Estou predisposto para aprender Comunico, ativamente, com os meus colegas Participo e envolvo-me em todas as atividades propostas
Observações:
Indicadores Descritores 1 2 3 4
Relação com o outro
Ajudo / Corrijo os meus colegas Trabalho conjuntamente com os meus colegas Avalio, conscientemente, o desempenho dos meus colegas
Observações:
Fonte: adaptado de Chappuis, J. (2005). Helping Students Understand Assessment. Educational Leadership, 63(3), 39-43. Wiliam, Dylan. 2011. Embedded formative assessment. Bloomington: Solution Tree Press.
Qual foi a coisa mais importante que aprendeste hoje? __________________________________________________________________
AUTOAVALIAÇÃO – Indica, na estrela, duas coisas que gostaste de fazer ou que fizeste
bem e, na varinha mágica, um desejo em termos de melhoria da tua prestação.
________________________________ & ________________________________
______________________________________________
XLIX
Anexo 7 – Gravações Áudio Aula a Aula
AULA 1 / MARÇO: • ‘’É para correr, se não vão lá para fora antes’’
• ‘’Faltam 3 minutos’’ / ‘’Faltam dois minutos’’ / ‘’Falta 1’15’’
• ‘’Bruno, é para correr’’
• ‘’Quem ainda tiver energia, acelera um bocadinho.’’
• ‘’Abre mais a passada Gabi, para ser mais fácil correres’’
• ‘’Acelerem um bocadinho! Vão a passear as três’’
• ‘’Por equipas, montem os vossos colchões’’
• ‘’Os colchões não se arrastam. A escola tem pouco material, cuidem bem dele’’
• ‘’Quatro colchões por equipa: dois pequenos e dois grandes’’
• ‘’Prepara para fazer o funcional’’
• ‘’Sapatilhas à entrada’’
• ‘’Cada um faz o que precisa mais’’
• ‘’Gabi baixa mais o rabo.... Isso!’’
• ‘’Luís, tens de afastar as pernas’’
• ‘’Só acaba no ‘, se não deixo de fazer contagem’’
• ‘’Vai até ao limite. Aguenta! E passados 5 segundos, tentas ir mais um bocadinho’’
• ‘’Estica as pernas.. Na ponte, estica as pernas’’
• ‘’Vai até ao limite.... Fica! Isso’’
• ‘’Têm que imaginar que é um barquinho’’
• ‘’Olha para as mãos... Quem está a fazer prancha’’
• ‘’Gonçalo, sobe o rabo’’
• ‘’André, afasta os pés à largura dos ombros’’
• ‘’Bora, não para. Vamos lá!’’
• ‘’Descansa....’’
• ‘’Este é o exercício que vocês precisam?’’
• ‘’Vocês têm de escolher em função das vossas dificuldades’’
• ‘’Cada um faz em função das suas dificuldades. Não é porque o Ivo faz, o Bruno
e o André também vão fazer’’
• ‘’Bora! Bora! Bora! Estica as pernas!’’
• ‘’Vamos lá! Está quase a acabar!’’
• ‘’Booooa! Descansa...’’
• ‘’Vocês não precisam desse exercício’’
L
• ‘’Se vocês fizerem isto a brincar, não vão sentir resultados nenhuns’’
• ‘’Corpo todo esticado, Mariana’’
• ‘’Agora vão definir, em grupo, qual vai ser o vosso tema... Por isso, têm de ir para
a página 11 e escrever qual o nome do vosso tema, da vossa personagem, do
que vocês quiserem, aquilo que vão representar’’
• ‘’Vocês não pensaram em casa, agora não vão chegar a conclusão nenhuma’’
• ‘’Vocês têm de pensar é como é que vão apresentar isso’’
• ‘’Podem. Só têm de ter em conta o nível de dificuldade’’
• ‘’Não sei se vai ser fácil representarem isso sem raquetes e sem volantes’’
• ‘’Lê! Cada aluno tem de realizar no mínimo 4 figuras e 3 elementos de ligação. Tu
tens de realizar X, a Marta Y... No total, têm de fazer 2 de pares, 2 de trios...
Podem ser mais. O que precisarem para todos fazerem 4 figuras e 3 elementos
de ligação.’’
• ‘’Boa Marta! A Marta já percebeu!’’
• ‘’Se já fizeram, figuras de pares... Vamos lá. Começar. Não se esqueçam que no
final da aula vão ter de apresentar.’’
• ‘’Vocês já deviam ter pensado nisso em casa’’
• ‘’Experimentem! Tentem fazer todas as figuras! As que acharem que conseguem
e não conseguem.’’
• ‘’Ivo, o problema está na tua base, no abdominal. Tu abanas, a Marta abana.’’
• ‘’Cláudia, em vez de colocares o pé assim, coloca o pé assim. É mais estável.
Não? Não achas? Como preferires’’
• ‘’Posso dar uma sugestão? Se conseguem fazer esta... Apesar de estares a fazer
pino de braços e não de cabeça como está aqui, também conseguem fazer esta.’’
• ‘’Façam. Experimentem.’’
• ‘’Têm dúvidas? Experimentem.’’
• ‘’Façam várias vezes as figuras’’
• ‘’É para treinar as figuras que vocês vão utilizar o esquema.’’
• ‘’Experimenta ao contrário. Faz tu o o pino, Kika’’
• ‘’A figura tem monte, 3 segundos, demonstrem.’’
• ‘’Não quero ninguém sentado. Levantem-se. Comecem a fazer. Comecem a
experimentar.’’
• ‘’No fim, têm duas folhas livres para escreverem o que quiserem’’
• ‘’Já tem de ficar decidido’’
LI
• ‘’Vocês nem tentaram fazer as de nível 3’’
• ‘’Boa! Muito bem! Agora sai... Tem é de ser um melhor monte e desmonte, mas
boa figura’’
• ‘’Cláudia, sobre a barriga... Boa! Isso!’’
• ‘’Pino, quando fazes o pino de cabeça tens de ter uma base em triângulo’’
• ‘’Vocês têm de arranjar a melhor solução para o grupo’’
• ‘’Esse monte não está correto! A figura está boa, mas o monte e desmonte não
estão corretos’’
• ‘’Pensem que são atletas profissionais’’
• ‘’Só uma coisa. Olhem para cá. Mais do que vocês fazerem a figura, têm de a
fazer bem feita. Monte, com a pega adequada, aguentar três segundos, de forma
perfeitinha, e o desmonte. Isso é que vai ser avaliado.’’
• ‘’Não adianta fazer uma vez e não repetir, porque posso fazer bem uma vez e mal
outra’’
• ‘’Têm de treinar muitas vezes’’
• ‘’Kika, tens de esticar as pernas. Isso! Boa!’’
• ‘’Falem menos, façam mais. Quanto mais vezes fizerem, melhor’’
• ‘’Tu estavas a fazer com as mãos assim. Eu acho que com as mãos assim deve
ser mais fácil. Se repetirem, experimenta’’
• ‘’Vocês não precisam de estar sérios. Podem-se rir’’
• ‘’Kika, aperta o rabo! A figura assim não está bem. Estica.’’
• ‘’Boa figura, mau monte e mau desmonte. Trabalhem agora. Arranjem uma
solução! Horrível esse desmonte’’
• ‘’Agora descansem. Façam outra e a seguir repetem.’’
• ‘’Comecem com as mãos esticadas, vai ser mais fácil’’
• ‘’Tentem fazer outra’’
• ‘’E a pega, como é que a estavam a fazer?’’
• ‘’Enquanto eles fazem esta, treinem outra’’
• ‘’Está quase. Está mesmo quase a chegar’’
• ‘’Experimenta ao contrário, com o André da parte de trás.’’
• ‘’Qual é a tua perna de balanço? Qual é que vais mandar para cima primeiro?’’
• ‘’Só para esclarecer uma coisa... Para os grupos que estão a começar a fazer o
esquema... A parte da apresentação não faz parte do esquema, ou seja, vocês
apresentam-se e depois montam uma figura, o que vocês quiserem, para
LII
começar. A música só começa com uma figura qualquer que vocês queiram, não
é fazer isto já ao ritmo da música, ok? Perceberam? Então vai!’’
• ‘’Comecem a fazer um desenho de um esquema, porque vocês já têm ideia que
vão fazer uma figura de quatro e uma de cinco’’
• ‘’Vocês podem tudo!’’
AULA 8 / MARÇO: • ‘’Bom dia. Podem abrir o dossier. O que vamos fazer hoje? Diogo, podes ler.
Então, figuras de quatro, cinco e seis elementos e os elementos de ligação. No
final, terão de apresentar à turma um esquema com as figuras de pares e trios.’’ • ‘’Agora 5 minutos de corrida e depois fazemos o funcional.’’ • ‘’Bom ritmo. Faltam 3minutos. Continua!’’ • ‘’Acelera!!’’
• ‘’Gabi e Joana, se ainda têm energia, acelerem. 30 segundos!’’ • ‘’Muito bem. Entrar, tirar as sapatilhas e começar a trabalhar.’’ • ‘‘Começa na força – flexibilidade – força. Atenção que o grupo não tem de fazer
todo o mesmo. Cada um em função das suas necessidades.’’
• ‘’Chega os braços mais para afrente. O André não tem espaço no colchão’’
• ‘’Quem está a fazer prancha, tem de olhar para as mãos’’
• ‘’Boa Edgar!’’
• ‘’Está quase. Não para. 5 segundos.’’
• ‘’Troca. Flexibilidade!’’
• ‘’Expira.. 1,2,3... Aguenta.. Tenta ir ao máximo’’
• ‘’Ivo, consegues fazer mais do que isso’’
• ‘’Força.. Já sabem o que vão fazer? Sim senhora.’’
• ‘’Diogo, Kika e Mariana, pés à largura dos ombros’’
• ‘’Já está quase Maria’’
• ‘’Estica as pernas. Junta os pés’’
• ‘’Gabi, faz mais um bocadinho de força’’
• ‘’Tem de ser com mais intensidade! Não para!’’
• ‘’Os dois ombros no chão e o pé tem de chegar à mão’’
• ‘’Força um bocadinho Kika. Estás quase!’’
• ‘’Achei que as meninas iam querer trabalhar o abdominal e estão a trabalhar a
perna’’
LIII
• ‘’Boa Maria. Muito bom!’’
• ‘’Os joelhos não vão cair. Podes largar!’’
• ‘’Começa. É o último!’’
• ‘’Cada vez que expiras, tenta ir mais longe’’
• ‘’Vocês treinarem espargata é uma missão impossível, mas continuem a tentar!’’
• ‘’Primeiro objetivo da aula: elementos de ligação. Quais é que o vosso grupo vai
fazer. Que elementos é que vão fazer qual. Treinar os elementos de ligação.
Vamos lá. Já podem começar.’’
• ‘’Salto de gato, cambalhota, pino de braços, avião...’’
• ‘’Não quero ninguém sentado. Pensas melhor em pé.’’
• ‘’Perna de baixo em extensão’’
• ‘’Igual força nos dois. Vamos lá. Tem de sair.’’
• ‘’Joana, tens de manter uma bolinha do princípio ao fim.’’
• ‘’Boa, Dulce!’’
• ‘’É mais fácil partires daqui e depois fazes logo o rolamento. Quanto mais lanço
deres, mais fácil vai ser para te levantares.’’
• ‘’Edgar tens de imaginar uma linha. Com um apoio em cada linha.’’
• ‘’Tens de escolher qual é o melhor pé’’
• ‘’Boa, Kika!’’
• ‘’Só uma coisa que estão todos a fazer de forma incorreta. A pirueta não é isto.
Têm de envolver os braços para subir e descer.’’
• ‘’Bruno, para fazeres a receção ao solo, flete um bocadinho as pernas. É mais
estável.’’
• ‘’Figuras de quatro elementos. Comecem pelas de nível 1.’’
• ‘’Experimentem as figuras todas. Se não, não sabem se conseguem ou não.’’
• ‘’As raparigas é que ficam em baixo. Os rapazes é que, normalmente, são os
bases. Experimentem!’’
• ‘’Se calhar não é boa ideia ser o Luís a fazer o pino’’
• ‘’Boa! Rabo para fora. Estica os braços.’’
• ‘’Abre. 1,2,3. Desmonte. O monte e o desmonte podem ser melhorados. Bases
têm de estar mais estáveis.’’
• ‘’Esse desmonte não conta. Pegaste no Diogo ao colo’’
• ‘’Levanta. Tentem fazer’’
• ‘’Experimenta. Deixa-me ver. Quanto mais vezes fizerem, melhor!’’
LIV
• ‘’Bom monte. Tem de ser é mais estável. Agora, pode ir o Edgar ajudar ou pode ir
a Kika. É um bom desmonte!’’
• ‘’Luís, de pé. Façam!’’
• ‘’A Matilde não pode sair assim. Quem está de fora, devia ver estas coisas.’’
• ‘’Não podes ficar com as pernas muito afastadas, porque depois têm tendência a
continuar a afastar-se.’’
• ‘’Pensa. Há muitas formas de sair dali. Pensa. Experimenta.’’
• ‘’Eu não sei qual é o vosso tema. É o Bolt. Pensa que ele está a escalar até chegar
ao primeiro lugar. Dêm asas à vossa imaginação.’’
• ‘’Experimentem todas as opções, mas assim ficava giro.’’
• ‘’Matilde, tentem! Sempre que olho para vocês, estão sentados.’’
• ‘’Meninas, valem todas o mesmo’’
• ‘’Achas que estás com uma base sólida para alguém se aguentar nos teus joelho?
Porque não colocas as mãos para ali? Tu não podes abanar, se não ela não
consegue fazer o exercício em cima de ti.’’
• ‘’Porquê que estão a fazer esta de quatro se já tinham conseguido a outra? É só
uma de 4.’’
• ‘’Maria, a seguir passam para as de 5.’’
• ‘’Página 11. Vão todos lá. Isto já deviam saber. Figuras obrigatórias: 2 de pares,
2 de trios, 1 de quadra e 1 de cinco / seis elementos, mais três de ligação. Isto é
para o grupo. Este grupo todo junto tem de fazer isto. Depois o Bruno tem de fazer,
no mínimo, 4 figuras, sejam elas quais forem, e três elementos de ligação. Não
são precisas duas figuras de quatro elementos. Definam uma que consigam e
tentem as de 5 elementos.’’
• ‘’Base estável. Empina o rabo.’’
• ‘’O quê que vocês já têm? Só que não conseguem quatro para todos. Até podem
fazer mais uma de 5 elementos.’’
• ‘’Se eles estiverem a fazer uma figura, vocês não podem ficar a olhar.’’
• ‘’Comecem a construir o esquema. Já fizeram.’’
• ‘’Boa. Desmonte.. Tem de ser ao mesmo tempo, mas bom.’’
• ‘’Que figura é que vos falta? Comecem a construir o esquema. Não se esqueçam
que ela tem de ter 4 figuras, tu 4 figuras...’’
• ‘’Quero que comecem a construir o esquema. Se já conseguirem incluir a figura
de quatro e de cinco / seis elementos, ótimo.’’
LV
• ‘’Tens de pensar que estás nos JO a fazer um esquema de ginástica. Não podes
sair como saíste.’’
• ‘’Boa. É um elemento do badminton, mas não é um elemento de ligação.’’
• ‘’Vocês não vão fazer a apresentação uns atrás dos outros, pois não? Estão a ver
como melhorou...’’
• ‘’Comecem a fazer. Isso é a última coisa. Daqui a 2’ já vão apresentar o esquema
e estão a escrever em vez de fazer.’’
• ‘’Isso tem de ser coordenado. Têm 2’ para coordenar.’’
• ‘’Aguenta. Aguenta. Só desmonta quando as duas desmontarem.’’
• ‘’Fica bem. Bom desmonte.’’
• ‘’Não quero uns atrás dos outros.’’
• ‘’1,2,3... Boa! Boa! Kika, aperta o rabo.’’
• ‘’Isso não é uma boa pirueta’’
• ‘’Só falta coordenar. Continua! Boa!’’
• ‘’Podem fazer só os pares e os trios, mas se conseguirem incluir o resto..’’
• ‘’Eu disse que tinham de apresentar à turma. André e Bruno juntem esses dois
conjuntos de colchões.’’
• ‘’Grupo que vai começar: é a primeira vez que vamos fazer isto, mas agora vai
ser em todas as aulas. Estão muito stressados. Calma. São só as figuras de pares
e trios. Na próxima semana incluem as de 4, 5 e 6 que já escolheram.’’
• ‘’Vocês sabem o quê que vai ser avaliado no esquema? Execução técnica: monte,
desmonte e pega, componente artística: postura, expressão, criatividade e o
encadeamento lógico e o processo de evolução e construção do esquema. Então
eles vão apresentar e, no final, vocês vão dar a vossa opinião, construtiva, sobre
estes aspetos.’’
• ‘’Qual é o vosso tema? Voleibol.’’
• ‘’Aviso já que isto vai sair à tarde! Estão a ver como vocês já fazem silêncio.’’
• ‘’Continua, não faz mal’’
• ‘’Digam para eles, não para mim’’
• ‘’Como é que podem melhorar nas pegas, montes e desmontes?’’
• ‘’O monte da figura de trios, em que a Marta está a subir... Ou tu já começas com
os braços estendidos ou, quando esticas, têm de ser os dois braços ao mesmo
tempo’’
• ‘’Cromos, estão a falar’’
LVI
• ‘’Vocês eram a criatividade e o encadeamento lógico. Podem começar!’’
• ‘’Então o encadeamento pode ser melhorado, é isso?’’
• ‘’Têm de trabalhar um bocadinho mais na construção do esquema.’’
• ‘’Já decidiram as figuras de quatro e cinco elementos? Na próxima semana já
sabem, começam a construir o esquema todo.’’
• ‘’Venham para aqui e vocês vão para lá.’’
• ‘’Vamos trocar agora. Vocês avaliam o monte, o desmonte e a estabilidade da
figura, vocês a criatividade e o encadeamento lógico e vocês vão avaliar a postura
e a expressão. Está bem?’’
• ‘’Vamos lá. Começam vocês agora’’
• ‘’Ouçam! Sempre a tagarelar’’
• ‘’Mais nenhuma opinião? Vocês...’’
• ‘’Agora não pode falar a Maria... Pois, já sabia que iria ser ela. Pois, já sabia que
ia ser ela. Alguém tem de falar.’’
• ‘’Vocês quase todos apontam a postura e a instabilidade? Sabem de onde vem?
Da zona abdominal. Se não têm, há que trabalhar no treino funcional no início.’’
• ‘’O que é que eu achei... As figuras estão bem, são de dificuldade levada quase
todas, mas porquê que tu vais ajudar o Tiago se ele consegue subir sozinho?
Porquê que é que tu ficas de cu virado para nós? Imagina que em vez de estarmos
aqui 30, estamos 1000 pessoas a ver. Vocês têm de pensar nisso, de imaginar
que é um esquema para os Jogos Olímpicos. Com o tempo, com as próximas
aulas, vocês vão conseguir melhorar. acho que é mais o encadeamento do
esquema que falta, mas com o tempo vai lá. Muito bem.’’
• ‘’Próximo... São vocês. Tem é de ser mais rápido, se não nunca mais saímos
daqui.’’
• ‘’Fala um bocadinho mais alto’’
• ‘’Acho que ao nível das pegas, dos montes e dos desmontes estava bem. Ok?’’
• ‘’Vocês avaliam a criatividade e o encadeamento. Vocês avaliam a postura e a
expressão’’
• ‘’Ainda está verde. É como os outros dois grupos. Estão a começar agora construir
o esquema.’’
• ‘’Mas não foi só a Maria que fez o esquema.... Foram 5. No final, quando vocês
fazem a figura de trios, os dois cromos estão atrás da figura. Assim só olhamos
para as meninas na frente.’’
• ‘’Não é para mim. É para eles.’’
LVII
• ‘’Isto também faz parte da aula’’
• ‘’A postura está correta. A expressão pode ser melhorada. Vocês têm de imaginar
que são atletas dos JO de ginástica. Vocês sabem fazer. não há dúvidas. Pelo
menos as figuras que vocês escolheram, vocês dominam. Essas figuras vocês
vão fazer bem.’’
• ‘’Logo na parte inicial, porquê que vocês fazem as figuras em linha? Ficaria melhor
se fossem todos na diagonal.’’
• ‘’Finalizada a apresentação. Agora têm de preencher os psicossociais e a outra
folha, apenas da parte da frente.’’
• ‘’A outra ficha também é para preencher. Só a parte da frente. Igual à de trás.’’
• ‘’Foram vocês que pediram todos a mesma nota? Ok. Têm de preencher esta e a
parte da frente da outra. É simples, são só cruzinhas.’’
• ‘’Não. O máximo é 4 desta escala. Já viste, para ti é tudo 4.’’
• ‘’Individual. É autoavaliação. A hétero já foi!’’
• ‘’Para hoje. Já passa da hora de saída. Demoraram muito tempo’’
• ‘’Já fizeste? E em baixo? Vê o que tem. Vocês não leem tudo até ao fim.’’
• ‘’Qual foi a coisa mais importante que aprendeste hoje? Escreves o que quiseres.’’
• ‘’Depois indica na estrela duas coisas que gostaste e na varinha mágica uma
desejo.’’
• ‘’Tu de certeza que apendeste alguma coisa que consideras importante, que é
diferente da Marta. Se não aprendeste nada, não aprendeste nada’’
• ‘’Se já acabaram. Mete dentro do dossier e entrega.’’
• ‘’Boa Dulce. Preencheste tudo!’’
• ‘’Primeiro os mais largos e mais pesados. Primeiro é este. Sem arrastar.’’
• ‘’Vamos lá! Já passa muito da vossa hora. 5 minutos!’’
• ‘’E no meio de tudo o que não gostas da ginástica? Não gostaste de trabalhar em
grupo? De avaliar os teus colegas? De certeza gostaste de alguma coisa.’’
AULA 15 / MARÇO: • ‘’Bom dia. Temos um pequeno problema para resolver... Na próxima semana pode
ser greve e a Marta não vem na seguinte. Como pretendem fazer? Fazem a
avaliação hoje ou querem fazer num outro dia a combinar? Está bom, vamos
vendo o desenrolar da aula.’’
LVIII
• ‘’Hoje temos, obrigatoriamente, de finalizar o esquema. A próxima aula já será de
avaliação, caso exista greve, e não há tempo a perder. Combinado?’’
• ‘’Já sabem, vamos começar pela corrida lá fora. 5 minutos bem intensos.’’
• ‘’Vamos. Já está a contar!’’
• ‘’Boa Diogo. 2 Voltas!’’
• ‘’Inspira pelo nariz, expira pela boca’’
• ‘’Rapazes, têm de passar á frente das meninas’’
• ‘’Gabi, abre mais a passada, vais ver que completas mais rapidamente uma volta’’
• ‘’Força. Não parem!’’
• ‘’Vamos lá. Já só falta metade’’
• ‘’Último minuto! Se ainda tiverem forças, acelera!’’
• ‘’Boa! Muito bem. Agora vamos fazer o funcional.’’
• ‘’Decidam os exercícios. Começa pela força e alterna com flexibilidade.’’
• ‘’Pensem nas figuras que têm de fazer e o que precisam para as fazer melhor.’’
• ‘’Luís, está bem melhor. Nem chegavas.’’
• ‘’Muito trabalho de abdominal! Vocês precisam!’’
• ‘’Oh Gonçalo, não precisas de estar a olhar para mim. Se tu não fizeres, tanto me
dá. Tu é que precisas de ter abdominal para depois aguentar com as tuas colegas,
não sou eu. Eu virei costas e paraste.’’
• ‘’Começa! Flexibilidade!’’
• ‘’Vocês esquecem-se que eu fui aluna até há bem pouco tempo.’’
• ‘’Preguiçosos!!’’
• ‘’Tens de juntar as pernas. Junta os pés.’’
• ‘’Parece que engoliram um garfo. Nem chegam aos pés.’’
• ‘’Vamos! Estão bem melhores, mas agora dá o máximo!’’
• ‘’É quase a última vez que fazem isto.. Quase.’’
• ‘’O que vocês escolheram.. Dança e orientação. Dança é obrigatório.’’
• ‘’Flexibilidade!! Bruno e Ivo, eu acho que vocês não precisam disso. Acho. Tenho
a certeza.’’
• ‘’Bora, André! Agarra as pontas dos pés e tenta esticar, progressivamente.’’
• ‘’Projeto Verão 2022!’’
• ‘’Muito bem, Edgar!’’
• ‘’Mais ritmo. Afunda. Sobe. Afunda. Sobe. Mais ritmo.’’
• ‘’Flexibilidade, vamos lá. O que vocês precisam!’’
LIX
• ‘’Tens de esticar a perna de trás.’’
• ‘’Força. Fizeram 4 – 4? Têm a certeza?’’
• ‘’Ok. O que vamos fazer hoje? Rever as figuras todas que já decidiram e começar
a construir o esquema. Vocês é que decidem quando é que mudam. Se as figuras
de pares já estiverem bem, passam logo para as de trios e assim sucessivamente.
No final, o esquema tem de estar pronto. Vamos lá. Concentrados. Tem de ficar
feito, hoje. Com a música, não se esqueçam.’’
• ‘’Têm de fazer muitas vezes até ficar bem.’’
• GRUPO 1: ‘’Comecem a fazer o esquema. Façam. De início. É mais fácil.
Começam todos aí, apresentam-se. Fazem a roda. Via. Roda. Ok. A partir daqui,
o que fazem? Ok. Fica bem, se vocês fizerem ao mesmo tempo. O que vão fazer
a seguir? Se vão fazer isso, têm de fazer bem. Não pode ser de braços abertos
ou dobrados. Façam como se fosse mesmo uma manchete. Perfeita. Isso. Vocês
têm de fazer ao contrário. Quero ver a figura, ele a fazer, não tu a segurares. Bora,
do início outra vez. Saí. Rolamento. 1,2,3. Sai. Isso. Prepara para manchete. Faz
a figura. Melhor. Melhor. Ou fazem pim-pam-pum e ou fazem os três ao mesmo
tempo. Pode ser tu acabas e ela começa e depois começa o André. Faz outra vez.
A partir destas posições. 1,2,3. E agora? Desfaz. Esta parte dos aviões fica bem,
se tu ficares para além do esquema, com o esquema no centro. Tem é de ser
coordenado. Quando vocês estão no avião, vocês têm de estar na figura. Isso.
Estão nestas posições, quem é que estava em cima? Tu estavas em baixo. O que
fazem? Não te esqueças que já é a segunda vez que fazem um rolamento à frente.
Podes fazer um elemento diferente para contar. Se fizeres duas vezes o rolamento
à frente, é duas vezes o mesmo. Sabes fazer atrás? Com as pernas afastadas? E
vocês? Como é a figura? Montem a figura primeiro. Espera aí. Se tu vens para
aqui e tu vais para ali. Na figura anterior, têm de ficar já assim. A fazer passe, em
vez de andarem para o lado, cruzam e assim já estão prontos. Fazemos a partir
daqui. Estão nestes sítios. Agora, tu só tens de ir para trás, a Marta para lá e vocês
para a frente. Se tu fizeres isso, todos têm de fazer. Sabes fazer a roda? A uma
mão? Fazes afundo, afundo, afundo, afundo.. Fazes a roda e entras ali no meio.
Assim já tens mais um elemento de ligação. Pronto. O que vais fazer enquanto
eles estão a fazer a figura? Eles fazem os quatro, podes fazer também.
Consegues? Se não, podes fazer a vela. Também é um elemento de ligação.
1,2,3. Desmonta. Só falta a de 5, certo? Façam. Montem a figura. Continuem a
fazer da forma que estávamos a fazer. Já venho aqui.’’
LX
• GRUPO 3: ‘’Começa do início. Fazemos passo e passo e vocês vão ver que é
mais fácil. Façam a apresentação. Vão fazer para que lado? Por mim, é igual. Eu
vou para esse. Apresentação não pode ser assim. Arranjem-se lá. Ok. Isto não
conta para o esquema. Montem lá como vão começar. Vai ser assim? Rolamento,
não é? Quando fazem isto, mostrem mesmo que é Badminton, se não, não se
percebe. E agora? Descansa. O quê que eu vos disse, a semana passada, em
relação a isto? Apresentação e agora vêm todos para aqui e começam desta
posição. Vira para mim. Vocês os três rodam e cambalhota. Não podem vir assim.
Imaginem que são patinhos e que vêm um atrás do outro, por ordem. Tipo, duh.
Vamos. Isso. Cláudia, atrás. Pronto. Agora montam como querem começar. Os
três fazem cambalhota. Tu tens de fazer uma cambalhota mais pequenina e ficas
aqui. Tu tens de fazer uma normal e ficas no meio. Tu fazes uma maior e ficas
mais para a frente. Agora, fazem o que têm a fazer. Não podes vir para aqui. O
objetivo é ficar uma, outra no meio e uma mais à frente. Exatamente. Se quiseres,
consegues fazer duas cambalhotas seguidas? Tenta. Uma. Duas. Já sais mais á
frente. Se for preciso, o Lourenço faz um, dois. Isso. Estão a ver? 1,2,3. Roda.
Cláudia, estás na mesma linha da Matilde. Então, Matilde, tens de dar uma
cambalhota ainda maior. Vai. Figura. Não faz mal. Descansa. O que fazem a
seguir? Mas não é o que tu fazes, o grupo tem de fazer a mesma coisa ou de
forma coordenada. Vocês acham que isso foi organizado? Já fizeste uma
cambalhota, não vais fazer outra vez o mesmo elemento. Ok, vocês os três vão
fazer uma figura e vocês os três? Luís, volta para onde estavas. Voltam para as
posições. A rede tem de ficar assim. Eu é que sou o público, a rede tem de ficar
assim. Isso. Luís, passa para a frente. Vocês os três já estão. Vocês os três têm
de sair daí. Sabes fazer a roda? Salto de gato? Salto de tesoura? Tem de ser ao
mesmo tempo, mas com música é mais fácil. Então vocês agora têm de sair todos
da mesma forma. Sabem fazer cambalhota atrás? É que já fizeram à frente. O
afundo não é elemento de ligação. Têm de fazer 3. Roda, pino, vela... Com as
duas pernas esticadas e sem as mãos. O corpo tem de estar uma linha reta. Se
tu fazes, convém que o Lourenço também faça e a Matilde também. Para ficar
mais bonito para quem está de fora. Enquanto eles fazem a figura, o que vão fazer
vocês? Podes fazer a ponte aí. Tu tens de vir para fora para fazer o avião. Virados
para mim, os dois. É melhor fazer 1 – 1 – 1. Faz a Dulce, faz a Matilde, faz o
Lourenço. Junta os pés. Estica as pernas. Tens de fazer sem meias. Vocês agora
têm de fazer o desenho. É o Luís saber que tem de fazer uma cambalhota, uma
LXI
roda, um avião.. É ela saber que tem de fazer uma ponte, uma espargata, um
pino... São estas coisas que vos faltam, não são as figuras. Experimentem fazer
assim. Alguém que tenha mais jeito para desenhar do que eu. Aí o que fazem?
Coloca as figuras. 13. 14. O que fazem para sair daqui? O que fazes para ir para
o meio? Salto de gato. Falta-vos a ligação entre as figuras, é isso que têm de
trabalhar agora.’’
• GRUPO 2: ’’O que precisam? Vamos. Comecem. A melhor forma para finalizar é
ir fazendo, passo a passo, o esquema de forma devagar. Se calhar é mais fácil.
Faz o Edgar e assim não há erros. De início. Não ouvi. 1,2,3. Têm de trabalhar a
roda, os três. O início de todos os esquemas começa com uma figura e vocês não
começam com figura nenhuma, começam assim. É que logo aí já estão a dizer o
meu esquema é este. Ok, as duas raparigas vão ficar mais atrás. Agora, pim-pam-
pum. E agora? Deixa-te estar onde estavas. Estás virado para mim. Falta alguém
a segurar, não é? Têm de coordenar. O ideal é fazer movimentos parecidos. Por
exemplo, tu vais fazer isto, convém que a Mariana também faça. O que fazes para
ir para trás? O problema é que elas fazem isto, tu fazes pirueta, tu fazes rolamento
atrás e tu fazes... É mais fácil se for a mesma coisa todos. Sabes fazer o rolamento
à retaguarda? Pois, já percebi, por isso é que é ele que faz. Pronto, deixa ficar
assim. Fica onde estão. E agora? O que vão fazer? Boa! E a Mariana fica ali. Eu
vou-vos matar. Que raio de pega é essa? Isso não existe, tem de ser assim. Isso
é bom para partir o dedo a alguém. Estavam lá no teste as pegas. Acertou quase
toda a gente. Diogo, depois quando acabarmos de ver isto, vê como é que faz a
figura ali. Ficam como estão. E agora? Hoje a apresentação é só para mim, não é
para os vossos colegas. Por isso se não fizerem o esquema não há problema, têm
é de já o finalizar. Imaginem que a ela está aí. Eu não quero que apresentem.
Quero que acabem o esquema. É imaginar que a Mariana está ali. Voltem onde
estavam. E agora? O que fazem? Então é isso que vocês têm de treinar. Acabou.
Cai. Sim, tu não vais assim para lado nenhum. Quero que façam as ligações.
Estava bem. Continuar. Espera aí. Kika, o público está aqui... Coloca-te de lado.
Saí da posição e monta de lado. Eu quero ver a ponte, não quero ver as tuas
pernas. Continua. Não sei o que fazem a seguir a essa figura de pares. A Mariana
onde está? Kika, saí daí. O teu grupo precisa de ti. Mas então tens de entrar na
figura de 4... Faz agora. Neste momento, quando eles finalizam a figura, tu fazes
a ponte. Desmonta. Para. Para onde têm de ir agora? São estas coisas que vocês
têm de fazer. Vão fazer duas vezes a mesma figura? Ah... Que susto. Estão a ver
LXII
como fica bem. Não sei se agora vai dar certo. Está bom. Desfaz. Boa receção.
Não olhem para mim. O que vão fazer? A Mariana também faz isso? Sempre que
eu colocar a música ‘’We are the champions’’ vão fazer com a música. Vocês já
fizeram o esquema. Têm todos 3 elementos de ligação? Quais são os teus? Isto
não é elemento de ligação. Quantas figuras fazem no dia da avaliação? Quantas
são? 3 ou 4?’’
• GRUPO 4: ‘’É para ajudar, vocês hoje têm de finalizar. Comecem de início. Se for
do início, vou corrigindo figura a figura. Vai, ainda temos tempo. Apresentação.
Vou vos bater, que quero ver toda a gente. Márcia vem para o meio. Apresentam-
se e depois é que montam a figura que querem. Como é que vão começar? Qual
é o vosso tema? Vocês têm de começar com alguma figura e vocês não o estão
a fazer. Por exemplo, eles começam todos assim. Não conta para nada. Até
podem estar todos no chão a fazer um G de Grécia. Eles começam todos a fazer
uma roda, que é a bola e uma equipa de Voleibol. Têm de fazer alguma coisa do
vosso tema. Os Jogos Olímpicos não são 5 arcos? Há figuras que ilustram os JO.
Deixa ver o que aparece. Vocês podem usar os arcos. Se quiserem, eu vou buscar
e vocês montam os arcos. Querem? Assim mostram o que são os JO. Preparem
já a seguir. Vou buscar. Deixa ver a figura. Quem está na ponta? Azul. A seguir,
amarelo. No meio é o preto. A seguir a verde e depois vermelho. O verde é em
baixo. Troquem de sítio. Ok, vai. Apresentação. Pousem o arco à vossa frente.
Agora pegam no arco e montam a figura. Vocês sabem como é a figura dos JO?
Não!!!! Podiam-me dar para pior. Em cima, têm espaço. Vamos fazer como os
putos. Estátua! Estátua! Estátua! Estátua! Não se podem esquecer disto. E agora?
Pousam os arcos. O que tu fizeres, o André vai fazer. Não vão atirar. Pousa e
volta. A seguir? Não vão caminhar para o sítio da figura. Afunda. Se vocês
quiserem: salto de gato, salto de tesoura. Vais fazer cambalhota de frente. Tentem
coordenar. Se fizerem os três ao mesmo tempo, fica melhor. Ao mesmo tempo ou
pim-pam-pum. Quem vai fazer primeiro? A Márcia. Ficas aí. Maria. Mas ela faz
pirueta cambalhota. Pirueta cambalhota. Espera. Agora é que começam a fazer
as figuras. Tu também tens de te mexer. Volta, outra vez. 1, 2, 3, 4. Ok. Figuras.
Descansa. Não é preciso fazerem outra vez. Onde estão, para onde têm de ir? O
que fazem? Vocês são mesmo cromos. Vais para aqui, para depois ir para ali?
Ele monta a figura ao contrário. Espera aí. Só o André. Não é preciso. Cambalhota.
Sobe. Pirueta. Baixa. Figura. Tem de ser assim, é até ficar bem. Tenta fazer uma
cambalhota mais larga, para chegar mais longe. Não sejas Antónia. Saí daí. Se
LXIII
estás aqui e não queres montar a figura daquele lado. Vens antes para aqui. Mão-
mão-pé-pé. Simplifiquem. Desfaz. E agora? O que fazem? Já fizeste cambalhota?
Não te esqueças que no dia vais ter mais espaço. Não quero que fiquem as duas
de pés para ali. Vira, com os pés para lá. Vira, como ela. Onde terminam as mãos
delas é onde colocas as tuas mãos. Boa, melhor. Descansa. Para onde têm de ir
agora? Tem de ser. Tem de ser. Volta para onde estavas. Vocês vão ser os
primeiros a sair. Façam os dois a mesma coisa, ao mesmo tempo. Nem sei o que
vocês fizeram. Vocês têm de coordenar, mas depois. Vocês as duas têm de fazer
isto. Façam as duas a mesma coisa. Faz mais uma. Espera que ela vai fazer outra.
E agora? Boa. Tens de ficar para além da figura. A figura deveria ficar no meio e
um de cada lado. Não está muito bem. Com o tempo vão lá. Para onde têm de ir
agora? Roda. Roda. É mais fácil tu ires primeiro. Monta a figura de 4. Já está! Esta
é a última figura? Desmonta. Já experimentaram fazer antes com a Márcia
sentada e tu em cima? Ela tem mais equilíbrio.’’
• ‘’Tudo, esquema completo já.’’
• ‘’Para quem quer treinar o esquema, vou pôr a música de início.’’
• ‘’Não façam as coisas a correr. Têm tempo.’’
• ‘’Se vocês querem a música, digam. Estão aí a olhar.’’
• ‘’Já está na hora de vocês irem embora. Não têm teste a seguir, pois não?’’
• ‘’Já está na hora de vocês irem embora. O que vamos fazer? Eu vou pôr a música
uma última vez. Fazem o que tiverem, como tiverem, à vontade. Vocês já querem
avaliar hoje? Vamos fazer assim: eles vão fazer, enquanto fazem a autoavaliação,
vocês fazem a avaliação. Podem treinar mais uma vez, se quiserem.’’
• ‘’Sobe. Aproveitem a música.’’
• ‘’Está bom. Peguem no dossier. Preciso que preencham três coisas para irem
embora. Na página 14 têm de preencher exatamente as figuras que vão usar e
quem vai participar. Têm de colocar o número das figuras, o nível e os
participantes que a realizam. Nas fichas de autoavaliação, vão preencher as duas.
Depois acaba e podem ir embora.’’
• ‘’Sim, as duas fichas de autoavaliação.’’
• ‘’Preencham tudo com máxima responsabilidade, seriedade, essas coisas todas
que vocês já sabem.’’
• ‘’Não precisam de mais nenhum colchão? Vocês é que sabem. Eu não sei o vosso
esquema.’’
LXIV
• ‘’Vamos ver outro dia. Eu acho que era importante para vocês. Ninguém vai sair
penalizado. Por exemplo, não conseguiste fazer a figura, mas eu sei que
consegues fazê-la. É só para dar uma nova oportunidade.’’
• ‘’Daí eu vos estar a dizer que é uma nova oportunidade. Estou a tentar que vocês
façam melhor.’’
• ‘’Para a semana, vocês estão cá terça, quarta, quinta e sexta... Algum desses dias
podem na hora de almoço? Que não tenham testes, nem estejam preocupados
com essas coisas?’’
• ‘’Terça era o dia melhor, não?’’
• ‘’A aula à tarde a que horas é? Se combinássemos aqui, sei lá, às 14h30, podiam?
Praticam. Eu ajudo-vos e depois fazem a avaliação e vão embora.’’
• ‘’Sim. Fica combinado? Arrumem os vossos colchões. Escrever direitinho o vosso
esquema e a autoavaliação.’’
• ‘’Meninos, estão muito atrasados, mesmo! Já passa da vossa hora.’’
• ‘’Preencheram as duas? Tudo? Com responsabilidade e seriedade? Arrumem os
colchões.’’
• ‘’Primeiro os mais pesados.’’
• ‘’Preencheram tudo? As duas folhas?’’
• ‘’Fiquei parva com a tua autoavaliação a semana passada. Não comunico com os
meus colegas, não ajudo os meus colegas... Hoje já tiveste uma postura melhor.’’
• ‘’Não aprendeste nada? Não conseguiste finalizar um esquema?’’
• ‘’O que achas que podes melhorar a partir daí? Tem a varinha, que é o sonho, e
o que aprendeste. É para preencher tudo.’’
• ‘’Ela aprendeu. Vocês não sabem é pensar.’’
• ‘’Os vossos professores não desenvolvem em vocês o vosso espírito crítico.’’
• ‘’Aposto que os testes é chapar a matéria. Como ele disse, chapar a matéria, mas
isso não é nada.’’
• ‘’Embora meninas. Bom fim de semana.’’
• ‘’Espírito crítico! Todos aprendemos coisas diferentes.’’
• ‘’Façam isso de forma ponderada. Por acaso, até acho que o vosso grupo hoje
funcionou muito bem... Por acaso.’’
• ‘’Não tens desejos? Não tens o desejo de no dia da avaliação o esquema correr
bem?’’
• ‘’Irresponsáveis. Tinham de ser vocês os dois.’’
LXV
• ‘’Pronto. Agora, embora. Já estão atrasados.’’
AULA 29 / MARÇO: • ‘’Então meninos, como foi a semana? Hoje temos muitas coisas para tratar.
Primeiro, no dia 5 vocês têm obrigatoriamente de vir ter comigo, às 10h para
fazerem tomarem conhecimento das notas e fazerem a autoavaliação,
combinado? Segundo, vão participar no Fit Day ou não? Já só existem duas
vagas, ideais para a vossa turma. Como querem fazer? Não vão participar,
porquê? A professora de Matemática já devia saber que isto está no plano de
atividades. Depois não se queixem na vossa avaliação. Terceiro ponto, hoje vai
ser a avaliação de acrobática, mas primeiro vocês têm de finalizar o
preenchimento do dossier, que ainda não o fizeram e conta para a vossa
avaliação. Vão preencher a página 14 agora, a 15 no fim e a 17 aqueles que
estiverem cá na terça feira. Alguma dúvida? Têm 5 minutos’’
• ‘’Também têm de preencher a parte que diz – descreve sumariamente o esquema’’
• ‘’Todos têm de ajudar, ouviste Bruno?’’
• ‘’Se já finalizaram, vamos começar o aquecimento, que já vamos com atraso.’’
• ‘’São 3 voltas em corrida e 5 minutos de aquecimento livre’’
• ‘’Está feito? 3 voltas em corrida e 5 minutos de aquecimento livre’’
• ‘’Se não consegues correr, caminha. Não há problema.’’
• ‘’Pode ser uma volta. Sem problema.’’
• ‘’Boa. Mantém o ritmo.’’
• ‘’Já terminaste?’’
• ‘’Já podes ir para dentro. 5’ de aquecimento livre’’
• ‘’5 minutos de aquecimento livre. Fazes o que precisares e sentires necessidade.’’
• ‘’Boa. Agora para dentro. São 5 de aquecimento livre.’’
• ‘’Podem e devem aquecer o que precisam para o esquema: MI, MS, pulsões,
pescoço ...’’
• ‘’Quando sentirem que já estão quentes, podem começar a rever figuras e o
próprio esquema’’
• ‘’Meninos, vocês os três vão ficar cada um num grupo, responsáveis pelo mesmo.
Vão ser os professores. Devem ajudar a construir, dar a vossa opinião.’’
• ‘’Gabi, tu vais ficar aqui. Pode ser?’’
• ‘’Corrige no dossiê. Podes mudar sem problema.’’
LXVI
• ‘’Sim, vais ajudar. Imagina que és o professor deles.’’
• ‘’Bruno, é para ajudar. Não é para ficar a ver. Exatamente.’’
• ‘’A greve fez-vos mal. Já não se lembram da coreografia.’’
• ‘’Não se preocupem com o tempo. Tem é de ser coordenado. Pois, a coordenação
agora não aconteceu.’’
• ‘’Vocês depois no fim têm de preencher aqui a autoavaliação.’’
• ‘’Cláudia, empina o carro. Tem de ser uma prancha.’’
• ‘’Ninguém vai fazer uma pega assim. A figura leva logo 0.’’
• ‘’Estica a perna de trás. Mãos ao lado do corpo. Tens de esticar. Ok. Agora, pensa:
o avião tem as asas para trás ou para o lado? Isso, agora treina.’’
• ‘’Malta, 10 minutos para começarmos.’’
• ‘’Precisam da música? Posso colocar’’
• ‘’Vão ver à descrição do esquema. Tem de ser a vossa melhor exibição!’’
• ‘’Tens de ir com mais lanço. Assim, acabas de pé.’’
• ‘’1, 2, 3. Bom. Isso.’’
• ‘’Sobe o rabo. Mais. ‘’
• ‘’Estica as pernas. Mais. Mantém agora. Boa. Isso é que é uma ponte.’’
• ‘’Estica as pernas na ponte.’’
• ‘’Estica as pernas, Edgar. Estica as pernas, Diogo. Boa, Tiago!’’
• ‘’Luís, está bem melhor. Boa!’’
• ‘’Boa. Agora, aguenta.’’
• ‘’Malta, vou colocar a música uma última vez. Último ensaio.’’
• ‘’3,2,1. Último ensaio.’’
• ‘’Ok. Adjuntos, Ivo, Bruno, Gabi e Maria. Vão passar os colchões todos aqui para
o meio para fazer um palco e sentar-se nos banquinhos. Ajudem a montar os
colchões.’’
• ‘’Metes figura X que eu sei.’’
• ‘’Vamos fazer um palco gigante.’’
• ‘’Não faltam colchões e espaço para fazer o esquema.’’
• ‘’Então, pode começar o grupo 2. O 2 vai apresentar.’’
• ‘’O vosso grupo tem de abrir o dossier para preencher o que está no dossier.’’
• ‘’Pois, a tua equipa tem de estar junta. Está ali 1, 2...’’
• ‘’Já posso falar agora? Quando eu puder, avisem.’’
LXVII
• ‘’Já posso? Como combinado no início da aula, (não sei o quê que vocês os três
estão a fazer, mas estão a dormir), têm de pegar no dossier para preencher a
página 15, que é a heteroavaliação. Buscar o dossier e uma caneta para fazer.’’
• ‘’Na heteroavaliação tem critérios e o grupo. Indicam qual é o grupo que vai fazer.
Neste caso, é o grupo 2. Vão avaliar os elementos de ligação, as pegas, as
dificuldades, as potencialidades, a criatividade e a postura. As dificuldades e as
potencialidades (Kika, a seguir não vais fazer perguntas, pois não?), vão escrever
por escrito. Às 11h20 acaba. Quem não tiver apresentado, paciência. Eu quero
falar e vocês não se calam.’’
• ‘’As potencialidades e as dificuldades vocês vão escrever por escrito. As restantes
vão dar um valor de 1 a 5. Só podem dar 1, 2, 3, 4 ou 5. Se acharem que vale
mais do que 5, que foi realmente muito bom, ao nível de tudo, dão a estrela. É o
máximo. O 1 é o mínimo. Perceberam?’’
• ‘’Tem de ser como grupo. Não é a Gabi que vai dar as notas, nem a Matilde. É o
grupo que decide. Dúvidas?’’
• ‘’Grupo 2, podem começar!’’
• ‘’Boa. Parabéns. Vamos agora às pontuações: 5 – 5 – 5. Muito bem, parabéns.
Agora é momento de todos efetuarem a heteroavaliação.’’
• ‘’Grupo 3, prepara a apresentação. Boa sorte.’’
• ‘’Bom trabalho. Vamos às pontuações: cinco – estrela – quatro. Uau. Excelente
prestação. Agora têm de fazer a heteroavaliação e todos os aspetos.’’
• ‘’Vamos ao último grupo! Espero que corra bem.’’
• ‘’Boa! Vamos ver o que os vossos colegas têm para vos dizer: 4 – 4 – 5.’’
• ‘’Finalizem por favor as heteroavaliações, realizem a autoavaliação dos
psicossociais e arrumem os colchões. Depois podem ir! Bom trabalho!’
LXVIII
Anexo 8 – Observação por pares
Observador: Catarina Martins Data: 8/3/19 Espaço: Ginásio ESMGA
Observado: Mafalda Silva Modalidade: Ginástica Acrobática Alunos: 21
Objetivo do observador e do observado: Observar a aplicação do AFL, assim como
possíveis estratégias de melhoria para o bom desenrolar de futuras sessões.
No preenchimento desta grelha, aplica-se uma escala de Likert de 5 pontos de 1
(completamente desajustado) a 4 (totalmente ajustado) e ainda não observável (NO).
Indicadores Descritores 1 - 4 Obs
Planeamento Planeamento ajustado ao(s) objetivo(s) de aprendizagem 4
Plano de aula adaptado ao contexto / recursos existentes 4
Os alunos atingem os objetivos propostos 3 (a)
Organização e Gestão
Comunica de forma clara e eficaz com os alunos 4
Promove situações de autoavaliação 4
Promove situações de heteroavaliação 4 (b)
Promove situações de demonstração das habilidades motoras NO
Gere do tempo em função do ritmo de aprendizagem dos alunos 4
Os alunos contribuem na gestão e organização da aula 4
Integração dos alunos na Aprendizagem
Os alunos são capazes de descrever os objetivos de aprendizagem NO
Os alunos são capazes de partilhar feedbacks entre si 3
Os alunos são capazes de se autoavaliar 4
Dá feedback diferenciado, aplicando o ciclo de feedback 4
Utiliza diferentes técnicas (questionamento, linguagem verbal, não-
verbal, gestual) para comunicar com os alunos 4
Clima de aula
O ambiente é positivo e adequado ao contexto 4 (c)
Reforço positivo / elogio 3 (d)
Os alunos evidenciam uma atitude positiva, envolvendo-se
ativamente nas atividades propostas 4
Promove sentimentos de competência 3 (d)
Utilização dos Princípios do AfL Presente Ausente
Partilha os critérios de avaliação com os alunos X
Partilha os objetivos de aprendizagem X
Utiliza ferramentas de autoavaliação e de avaliação de pares X
Identifica potencialidades e fragilidades do aluno, em relação
ao objetivo específico X
Apreciação qualitativa
LXIX
Partilha os critérios de avaliação com os alunos: A partilha dos critérios de avaliação foi
realizada através do dossier, para além disso a
docente relembrou os alunos durante a sessão,
sob forma de feedbacks corretivos. Na fase final
da aula, aquando da apresentação das figuras,
a Mafalda promoveu a consciencialização dos
critérios, distribuindo por cada um dos grupos a
tarefa de observar um critério de avaliação.
Partilha os objetivos de aprendizagem: Esta partilha foi efetuada no início da
sessão, através da leitura dos objetivos
presentes na calendarização das sessões.
Utiliza ferramentas de autoavaliação e avaliação dos pares: Sempre que foram
treinadas as figuras nas quais não participam
todos os elementos, estes observam os colegas
corrigindo e fornecendo feedbacks tendo em
conta, principalmente, o produto final não
atribuindo importância ao monte.
Dá feedback efetivo (identifica potencialidades e fragilidades do
aluno, em relação ao objetivo específico): A docente fornece feedbacks
corretivos com bastante frequência, e
reforça questões comuns a todos os
grupos tais como a realização da pirueta. Sugestões de melhoria
Partilhar os critérios de avaliação: no início das sessões, no momento da leitura da
calendarização, a Mafalda poderá enfatizar algumas questões relativamente às preocupações
a ter em conta em cada um dos critérios. Assim, os alunos terão mais consciência dos erros
que cometem em cada um deles. Situações de heteroavaliação: apesar da preocupação demonstrada em promover estas
situações, os alunos revelam um sentido critico muito reduzido, revelando muita insegurança
e embaraço no momento de expor a sua opinião. No sentido de tornar estes momentos mais
produtivos, poderão ser criadas placas com pontuações que os grupos deverão atribuir
conforme o seu critério. Através desta atribuição os alunos teriam de justificar essa pontuação,
com os critérios relativos ao domínio avaliado. Observações
a) Os alunos revelam algumas dificuldades ao nível da expressividade, principalmente
durante a realização dos elementos de ligação, e da estabilidade das figuras. A sensibilização
dos alunos por parte da docente foi e será fundamental futuramente.
b) Na apresentação dos esquemas e posterior apreciação por parte dos restantes grupos,
a professora altera o porta-voz de cada grupo dando a palavra a todos os alunos. Apesar de
existirem muitas dificuldades por parte dos alunos, estas poderão ser ultrapassadas com a
criação das placas e melhor esclarecimento dos critérios nos diferentes domínios.
LXX
c) A utilização da música de fundo durante toda a aula foi uma excelente estratégia para
promover um ambiente de aula positivo.
d) Uma vez que a turma tem alguns alunos tímidos e com problemas de autoestima, a
Mafalda poderia investir um pouco mais no reforço positivo, fechando assim o ciclo de
feedback. Certamente que assim, os sentimentos de competência iriam elevar-se nestes
alunos, e consequentemente a sua motivação e predisposição para a aula.
Segundo William (2011) o AFL utiliza os dados retirados da aprendizagem dos
alunos para uma melhoria instrucional, centrando assim todo o processo de ensino-
aprendizagem nos alunos, tendo em conta as suas necessidades e preferências. Deste
modo, o autor refuta o conceito de avaliação como descritor da eficácia de determinada
sequência de atividades instrucionais, quando a mesma já está terminada. As
preocupações da Mafalda neste domínio são claras, manifestando-se principalmente na
fase final da aula, em que é criado um momento de observação/apreciação dos colegas.
Em linha com Chng e Lund (2018) existem três tipos de AFL, nomeadamente a
observação do professor, a avaliação individual e a avaliação por pares. Durante esta
sessão foi possível observar dois, designadamente a observação da professora,
efetuada na fase de apresentação das figuras de pares e de trios e a avaliação por
pares, presente durante toda a aula, nos diversos momentos em que os elementos dos
grupo observavam a construção das figuras dos colegas.
Black e Wiliam (2009) apontam algumas estratégias para um bom processo de
aplicação deste modelo de ensino, entre as quais destaco a motivação dos alunos para
assumirem um papel ativo na aprendizagem dos colegas, ao ponto de desenvolver
discussões eficazes induzindo a compreensão e envolvimento dos alunos. Considero
que a utilização de placas com pontos, à semelhança do que acontece com provas
oficiais poderá promover este ambiente ao mesmo tempo que elevará as capacidades
de comunicação dos alunos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Black, P., & Wiliam, D. (2009). Developing the theory of formative assessment.
Educational Assessment, Evaluation and Accountability, 21, 5-31.
Chng, L. S., & Lund, J. (2018). Assessment for Learning in Physical Education: The
What, Why and How. Journal of Physical Education, Recreation & Dance, 89, 29-34.
William, D. (2011). What is assessment for learning? Studies in Educational Evaluation,
37(1), 3-14.
LXXI
Anexo 9 - Cartaz Fit Day
SESSÃO DE NUTRIÇÃO
+ AULA DE ZUMBA
+ FUNCIONAL EM EQUIPA
VEM INSCREVER-TE NO GABINETE
DE EDUCAÇÃO FÍSICA!
INSCRIÇÕES ATÉ DIA 3 DE ABRIL
10H | DIA
5 DE ABRIL
FIT DAY