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O Conhecimento de Deus, Meios de Revelação, Lei, tradição histórica, Graça, Deus (absconditus e revelatus).
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PERIÓDICO
www.wolneygarcia.com | Missão Cristã Integral
MISSÃO CRISTÃ INTEGRAL
O conhecimento de Deus e sua relação pessoal
com o homem Uma abordagem bíblico-teológico sobre um Deus pessoal.
Por Wolney Garcia
Abril de 2011
Este artigo procura mostrar o estudo do pensamento teológico sobre a Revelação de Deus ao homem, bem como suas formas de manifestações no decorrer da história do Antigo Testamento. Com esse objetivo poderemos perceber a natureza da relação entre o homem e Deus após receber sua revelação.
O CONHECIMENTO DE DEUS E SUA RELAÇÃO PESSOAL COM O HOMEM
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PALAVRAS-CHAVE
O Conhecimento de Deus, Meios de
Revelação, Lei, tradição histórica, Graça,
Deus (absconditus e revelatus).
INTRODUÇÃO
O estudo e o entendimento sobre a
“Revelação” é de suma importância e
fundamental para a fé cristã. Nenhuma
sistematização bíblica pode ser feita sem
que haja a revelação. Para Calvino, a
revelação é o momento no qual Deus se
dá a conhecer ao ser humano por
intermédio de sua Palavra (Ver. CALVINO,
João. Institutas da Religião Cristã. Vol. 1.
São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 68).
Para ele, a revelação não tem um caráter
subjetivo e experiencial, pois a Palavra foi
dada aos patriarcas e redigida como
documento, tornando-se objetiva. Ele diz:
Pois bem, quando pareceu bem ao Senhor
edificar uma igreja mais segregada ainda,
ele publicou mais solenemente aquela
mesma Palavra, e foi da sua vontade que
ela fosse redigida como documento
escrito. Por isso, desde quando os
oráculos ou as revelações da Palavra de
Deus começaram a ser reduzidas à
escrita, ela tem sido mantida entre os fiéis
e tem sido transmitida entre eles, uns aos
outros.
A Revelação no Sinai
“Sinai” é a tradução para o português da
palavra hebraica ynyo, “rochedo,
espinhoso”, 1monte, também chamado de
Horebe (Êx 17.6), situado entre os golfos
de Suez e de Ácaba. Nesse monte foi
dada a Moisés a Lei (Êx 19.20-20.26). A
1 Cf. STRONG, James. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego
de Strong. Barueri, Sociedade Bíblica do Brasil, 2002.
montanha onde Moisés recebeu a lei de
Deus; localizada no extremo sul da
península do Sinai, entre as pontas do mar
Vermelho e cuja localização exata é
desconhecida. O evento descrito no Livro
de Êxodo 19.20, relata sobre esse singular
encontro ocorrido no Monte Sinai e diz: “E
desceu o Eterno sobre o monte Sinai” –
segundo a tradição judaica, 2este encontro
entre céu e terra realiza-se em função da
outorga da Torá (Gr. Pentateuco), o qual
simboliza sua missão histórica. Deus
desce aos homens e Moisés sobe até
Deus.
As sete semanas que transcorreram desde
o êxodo do Egito são um lapso de tempo
mínimo de preparação para este
gigantesco e singular evento da história,
não somente bíblica, como também um
fato histórico da humanidade, a saber, a
Revelação, ou como os judeus até nos
dias de hoje denominam: Maamad Har
Sinai (a Entrega da Torá). 3Podemos dizer
que toda a história espiritual da
humanidade nada mais é senão um
interlúdio entre a Revelação do Sinai e o
cumprimento Messiânico em Jesus Cristo,
quando toda língua confessará que Ele é o
Senhor (Is 45.23; Rm 14.11). Período esse
o qual trouxe “redenção” a todo aquele que
Nele crer, para a “restauração” no sentido
do retorno ao padrão original de
intimidade, diálogo, Revelação no sentido
de Deus em relação ao homem, e na
proximidade íntima na consciência de
filiação do homem para com Deus. Tudo
isso, devido aos méritos conquistados na
2 Cf. TORÁ – A Lei de Moisés – Editora Sêfer; Sidur
Matzliah (rab. Menahem Mendel Diesendruck)
3 Cf. STRASSFELD, Michael. The Jewish Holidays: A Guide
and Commentary. New York: Harper & Row, 1985
O CONHECIMENTO DE DEUS E SUA RELAÇÃO PESSOAL COM O HOMEM
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cruz por Cristo, o qual fomos resgatados e
feitos filhos de Deus segundo sua
presciência (1 Pe 1.2).
O USO DA LEI COMO FATOR
RELACIONAL
Para que entendamos bem o uso da Lei
precisamos entender antes, o que são o
pacto (aliança) das obras. Assim sendo, é
importante começarmos por esclarecer a
que se referem esses pactos “Lei e Graça”,
e qual é o conceito de lei que está
envolvida nessa questão.
Pacto das Obras e Pacto da Graça4 é a
terminologia usada pela Confissão de Fé
de Westminster5 para explicar a forma de
relacionamento adotada por Deus para
com os seres humanos desde Adão, onde
diz:
“O primeiro pacto feito com o homem era
um pacto de obras; nesse pacto foi à vida
prometida a Adão e nele à sua
posteridade, sob a condição de perfeita
obediência pessoal.”
“Deus deu a Adão uma lei como um pacto
de obras”. Por este pacto Deus o obrigou,
bem como toda sua posteridade, a uma
obediência pessoal, inteira, exata e
perpétua; prometeu-lhe a vida sob a
condição dele cumprir com a lei e o
ameaçou com a morte no caso dele violá-
4 Cf. CALVINO, João. Comentário à Sagrada Escritura:
Romanos (São Paulo: Parácletos, 1997), Calvino usa com
certa frequência a expressão pacto da graça.
5 A Confissão de Fé de Westminster é uma confissão de
fé reformada, de orientação calvinista. Adotada por
muitas igrejas presbiterianas e reformadas ao redor do
mundo, esta Confissão de Fé foi produzida pela
Assembleia de Westminster e aprovada pelo parlamento
inglês em 1643.
la; e dotou-o com o poder e capacidade de
guardá-la.
Gen. 1.26, e 2.17; Ef. 4.24; Rom. 2.14-15,
e 10.5, e 5.12, 19.
Essa lei, depois da queda do homem,
continuou a ser uma perfeita regra de
justiça. Como tal, foi por Deus entregue no
monte Sinai em dez mandamentos e
escrita em duas tábuas; os primeiros
quatro mandamentos ensinam os nossos
deveres para com Deus e os outros seis os
nossos deveres para com o homem.
Tiago 1.25 e 2.8, 10; Deut. 5.32, e 10.4;
Mat. 22.37-40.”
De forma bem reduzida, podemos dizer
que o pacto das obras é o pacto operante
antes da queda e do pecado. Adão e Eva
viveram originalmente depois desse pacto
e sua vida dependia da sua obediência à
lei dada por Deus de forma direta em Gn
2.17, não comer da árvore do
conhecimento do bem e do mal. Adão e
Eva descumpriram sua obrigação,
desobedeceram a lei o qual incorreu na
maldição do pacto das obras, a saber, a
morte e a desconexão no sentido
relacional com o Criador.
O pacto da graça é a manifestação da
graça e misericórdia de Deus, aplicando a
maldição do pacto das obras pelo
descumprimento de Adão, à pessoa de
Jesus Cristo, fazendo com que parte da
sua criação, primeiramente representada
no próprio Adão, o qual agora está
representado em Cristo. Porém, a lei antes
da queda não se restringe somente em
não comer da árvore do conhecimento do
bem e do mal. Não podemos analisar a lei
em um só aspecto. Existem outras leis as
quais se encontram implícitas e explicitas
no texto bíblico. Como por exemplo, a
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descrição das bênçãos em Gênesis 1.28, o
qual diz: “sede fecundos, multiplicai-vos,
enchei a terra e dominai”. São imperativos,
e contem ordens claras do Criador a Adão
e sua esposa, e, por conseguinte, eram
leis. 6O relacionamento de Adão com o
Criador estava inteiramente vinculado à
obediência.
O uso da lei como fator relacional,
implicaria num caráter ou estado de
obediência. Uma condição sine-qua-non,
condição esta, o qual não somente dava a
inteira liberdade em desfrutar do Jardim,
como também da presença e da Glória
propriamente dita de Deus [Shakan] do
qual se deriva a palavra [Shekhinah], por
que Deus fazia-se presente no Jardim do
Éden (Gn 3.8b).
O CONHECIMENTO DE DEUS
Um tema de suma importância sobre o na
história da teologia do Antigo Testamento,
é o do “conhecimento de Deus”. A teologia
reformada apresenta-nos de forma clara
que o pecado torna a revelação natural
totalmente insuficiente para o correto
conhecimento de Deus. 7Para Calvino o 8verdadeiro conhecimento de Deus é um
6 Cf. MEISTER, Mauro Fernando – FIDES REFORMATA –
Lei e Graça: Uma Visão Reformada (Mackenzie – CPAJ).
7 João Calvino foi um importante professor e teólogo
cristão de nacionalidade francesa. Nasceu na cidade de
Noyon em 10 de julho de 1509 e faleceu na cidade de
Genebra (Suíça) em 27 de maio de 1564. Calvino teve
um papel histórico fundamental no processo da
Reforma Protestante. Foi o iniciador do movimento
religioso protestante conhecido por Calvinismo.
8 CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã: edição
especial com notas par estudo e pesquisa. Tradução
Odayr Olivetti. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.
conhecimento sobre Deus que é aplicado
na piedade ou devoção, isto é, em
reverência, fé, amor, adoração, obediência
e serviço a Deus. A teologia – o estudo de
Deus, a busca de conhecimento acerca de
Deus – deve evocar uma resposta de
piedade em nós se queremos
verdadeiramente conhecer a Deus.
No Sinai, Deus não somente entrega suas
leis a Moisés, como também mostra que
através da lei Deus se revelaria com a sua
misericórdia e provisão por meio da
obediência de Israel. Não somente por
meio desse fato histórico do Sinai, que nos
mostra um pressuposto de que Deus pode
ser conhecido, como também toda a
história do Antigo Testamento atesta essa
verdade de que Deus se revela ao homem,
e também afirma claramente que Ele se
faz conhecer9:
“Manifestou os seus caminhos a Moisés e
os seus feitos aos filhos de Israel.” (Sl
103.7)
“Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como
Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu
nome, O SENHOR, não lhes fui
conhecido.” (Êx 6.3).
“Então, disse: Ouvi, agora, as minhas
palavras; se entre vós há profeta, eu, o
SENHOR, em visão a ele, me faço
conhecer ou falo com ele em sonhos. Não
é assim com o meu servo Moisés, que é
fiel em toda a minha casa. Boca a boca
falo com ele, claramente e não por
enigmas; pois ele vê a forma do SENHOR;
como, pois, não temestes falar contra o
meu servo, contra Moisés?” (Nm 12.6-8).
9 SMITH, Ralph L. – Teologia do Antigo Testamento –
História, método e mensagem – Editora: Vida Nova.
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“No dia em que escolhi a Israel, levantando
a mão, jurei à descendência da casa de
Jacó e me dei a conhecer a eles na terra
do Egito; levantei-lhes a mão e jurei: Eu
sou o SENHOR, vosso Deus.” (Ez 20.5).
A Revelação de Deus ao homem é uma
oportunidade de proximidade e relação
entre o homem e Deus.
Dentro ainda do vocabulário da
“revelação”, 10essas passagens usam a
forma passiva ou reflexiva do verbo har
ra’ah “conhecer, aparecer”, bem como por
exemplo em Êx 3.2 “Apareceu-lhe”, e
outros verbos ligados, assim como: na
forma (Qal) ver, examinar, inspecionar,
perceber, considerar, dar atenção a,
discernir, distinguir, na forma (Nifal)
aparecer, apresentar-se, na forma (pual)
ser visto, estar visível, fazer olhar
intencionalmente para, contemplar, fazer
observar, e na forma (Hitpael) olhar um
para o outro, estar de fronte. Todos esses
verbos são palavras cognitivas no sentido
de percepção e conhecimento daquela
revelação pessoal de Deus. O hebraico
não possui um substantivo que signifique
“revelação”; possui o verbo “revelar” ocorre
cerca de 180 vezes no Antigo Testamento.
Vriezen disse que o conhecimento de
Deus é mais que um mero conhecimento
intelectual; diz respeito à vida humana
como um todo11.
É essencialmente uma comunhão com
Deus e é também fé; é um conhecimento
do coração que exige o amor do homem
(Dt 4); sua exigência vital é que o homem
10
Cf. HANS – Jürgen Zobel, galah em TDOT, 478.
11
Cf. VRIEZEN, Th. C. “Die Erwahlung Israels.” Zurich:
Zwingli Verlag, 1953.
aja de acordo com a vontade de Deus e
ande humildemente nos caminhos do
Senhor (Mq 6.8). É o reconhecimento de
Deus como Deus, a rendição total a Deus
como Senhor12.
O “conhecimento de Deus” ou a “relação
entre Deus e o homem” significa13
compromisso, confiança e obediência à
vontade divina.
O não “conhecimento de Deus”, bem como
o “não relacionamento” do homem com o
seu Criador no Antigo Testamento de um
modo geral, não significa necessariamente
ignorância acerca de Deus; às vezes
significa uma falta de disposição em
obedecê-lo. O fato ocorrido no Sinai exigiu
de Moisés esses pré-requisitos básicos ao
ir encontrar-se com Deus, onde a ação de
subir ao monte requereu acima de tudo
obediência ao chamado do Próprio Deus.
No Sinai foi então, legislado e decretado a
lei como condição irrevogável,
inquestionável e sem propostas. Assim
sendo, “conhecer a Deus” sempre
resultava numa condição ética.
O DEUS ABSCONDITUS (O Deus que se
oculta)
O profeta do exílio disse:
“Verdadeiramente, tu és o Deus que te
ocultas, o Deus de Israel, o Salvador.” (Is
45.15, ARC)
12
Cf. VRIEZEN, Th. C. “Outline of Old Testament
Theology”, 154.
13
GERHARD, Von Rad – A Teologia do Antigo
Testamento – Editora ASTE.
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Existem várias citações sobre um “Deus
que está oculto” 14, ou que se oculta, mas
a verdade é que no Antigo Testamento,
Deus jamais é totalmente visível ou
totalmente conhecido.
Se Deus fosse completamente conhecido,
seria limitado pela capacidade humana de
compreensão e não seria, de modo algum,
Deus. Só um punhado de ancestrais,
profetas e poetas que de fato perceberam
a proximidade de Deus; e, então, mediou-
se o desvendar de Deus15.
B.W. Anderson disse: a pressuposição da
Revelação é que Deus está oculto à vista
do Homem. A Revelação, portanto, é Deus
desvendando ou descobrindo a si mesmo
e a seus propósitos 16.
O antigo Testamento fala com frequência
sobre um Deus “oculto”. Afirma-se 26
vezes que Deus esconde o rosto aos
homens, o qual se segue: (Dt 31.17, 18;
32.20; Jó 13.24; 34.29; Sl 10.11; 13.1;
22.24; 27.9; 30.7; 44.24; 51.19; 69.17;
88.14; 102.2; 104.29; 143.7; Is 8.17; 54.8;
59.2; 64.5; Jr 33.5; Ez 39.23, 24, 29; Mq
3.4). Encontramos também os versículos
que diz que: Deus esconde os olhos (Is
14
O DEUS OCULTO (Deus Absconditus), corrente
teológica definida por Lutero que fala sobre um Deus
oculto, ou seja, que se esconde, e que mesmo através
da sua relação espiritual, não podemos conhecê-lo
plenamente. Para Calvino, Deus, nas profundezas do seu
ser é insondável, diz ele: “é incompreensível”; desse
modo, sua divindade escapa totalmente aos sentidos
humanos.
15
Cf. SMITH, Ralph L. – Teologia do Antigo Testamento –
História, método e mensagem, 99 - Editora: Vida Nova.
16
The Old Testament View of God, 419.
1.15) e os ouvidos (Lm 3.56). Deus se
oculta (Sl 10.1; 55.1; 89. 46; Is 45.15)17.
Teólogos como Vriezen, bem como outros
concordava que o propósito de Deus nem
sempre pode ser visto, até mesmo na
história da Salvação. Diz que se
compararmos essa história a uma linha, só
certos pontos dela estariam visíveis. E,
mais, diz ele que ninguém consegue copiar
a linha em si, no sentido de perceber os
planos e propósitos de Deus, pois isso é
um segredo de Deus. E por isso ele se
mantém oculto.
Os profetas jamais supuseram saber com
precisão o que Deus estava para fazer.
Vejamos alguns textos que nos expressam
bem essa realidade.
“Porque os meus pensamentos não são os
vossos pensamentos, nem os vossos
caminhos, os meus caminhos, diz o
SENHOR, porque, assim como os céus
são mais altos do que a terra, assim são
os meus caminhos mais altos do que os
vossos caminhos, e os meus
pensamentos, mais altos do que os vossos
pensamentos.” (Is 55.8,9)
“Aborrecei o mal, e amai o bem, e
estabelecei na porta o juízo; talvez o
SENHOR, o Deus dos Exércitos, se
compadeça do restante de José.” (Amós
5.15).
“Buscai o SENHOR, vós todos os mansos
da terra, que cumpris o seu juízo; buscai a
justiça, buscai a mansidão; porventura,
17
BALLENTINE, Samuel E. – “A Description of the Semantic Field of Hebrew Words for ‘Hide’,” VT 30 (1980) 137-153 – Estes dados foram retirados e adaptados, em sua maioria, do documento original que pode ser acessado através do endereço: http://www.jstor.org/discover/10.2307/1517520?uid=3737664&uid=2129&uid=2134&uid=2&uid=70&uid=4&sid=21101518889823
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lograreis esconder-vos no dia da ira do
SENHOR.” (Sf 2.3).
Nessa visão percebemos que não somente
a Substância de Deus é oculta no Antigo
Testamento, como também, seus
propósitos e caminhos somente podem ser
conhecidos de modo parcial.
“Eis que isto são apenas as orlas dos seus
caminhos! Que leve sussurro temos ouvido
dele! Mas o trovão do seu poder, quem o
entenderá?” (Jó 26. 14)
“Somente as orlas dos seus caminhos!” –
No Antigo Testamento o conhecimento de
Deus É o reconhecimento respeitoso e
obediente do poder de Deus, da graça de
Deus, das exigências de Deus. Conhecer a
Deus é honrá-lo e fazer o que é justo e
íntegro.
“Mas o trovão do seu poder, quem o
entenderá?”
A TEOLOGIA DA REVELAÇÃO COMO
PRESSUPOSTO RELACIONAL DO
HOMEM PARA COM DEUS
“Disse Deus ainda a Moisés: ‘Assim dirás
aos filhos de Israel: ‘O Senhor, o Deus de
vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de
Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós
outros’; este é o meu nome eternamente, e
assim serei lembrado de geração em
geração” (Êx 3.15).
DEUS REVELATUS (O Deus que se
Revela)
A Revelação de Deus18 no Antigo
Testamento, bem como o pressuposto
18
O DEUS QUE SE REVELA (Deus Revelatus) – Corrente
teológica defendida por Kuyper que nos fala sobre o
conhecimento de Deus e diz que: “Deus transmite
conhecimento de si próprio ao homem. Noutra, o
relacional do homem para com Deus
somente era possível por meio das
manifestações de Deus19 no decorrer da
História bíblica. A teologia descreve essas
manifestações como sendo “teofanias” e
ou “epifanias”. Como por exemplo, as
Escrituras dizem que Adão e Eva ouviram
o som de Deus andando no jardim do
Éden no frescor do dia (Gn 3.8). O Senhor
apareceu aos patriarcas Abraão, Isaque e
Jacó (Gn 15.1-21; 17.1-21; 18.33; 26.2-5,
24; 28.12-16; 32.24-32).
Alguns estudiosos dizem que todas as
aparições de Deus no Antigo Testamento
como teofanias. Outros fazem uma
distinção entre “teofanias e epifanias”, a
diferença está em que a “visitação
epifânica” em geral não são
homem só pode conhecer a Deus na medida em que Ele
se faz conhecido”.
19
BARKHOF, Louis em Teologia Sistemática publicada
pela Ed Cultura Cristã. P.20, diz sobre a Cognoscibilidade
de Deus e diz que Ele é Incompreensível, mas também,
por outro lado, que Ele pode ser conhecido e que
conhecê-lo é um requisito absoluto para a salvação. Ela
reconhece a força da questão levantada por Zofar,
“Porventura desvendarás os arcanos de Deus ou
penetrarás até a perfeição do Todo-Poderoso?” Jó 11.7.
E ela percebe que não tem resposta para a indagação de
Isaías. “Com quem comparareis a Deus? Ou que cousa
semelhante confrontareis com ele?” Isaías 40.18. Mas,
ao mesmo tempo, ela também está atenta à afirmação
de Jesus: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o
único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem
enviaste” João 17.3. Ela regozija no fato de que “o Filho
de Deus é vindo, e nos tem dado entendimento para
reconhecermos o verdadeiro, e estamos no verdadeiro,
em seu Filho Jesus Cristo” 1 João 5.20.
Na ótica Reformada é sustentado que hoje uma pessoa
só pode adquirir verdadeiro conhecimento de Deus por
meio da revelação especial, sob a influência iluminadora
do espírito Santo.
O CONHECIMENTO DE DEUS E SUA RELAÇÃO PESSOAL COM O HOMEM
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acompanhadas de manifestações da
natureza bem como, terremoto, fogo,
vento, trovão ou fumaça, como por
exemplo, as aparições aos patriarcas.
As chamadas “visitações teofânicas”, entre
elas as mais notáveis são a sarça ardente
descrita em (Êx 3), o estremecimento do
Sinai (Êx 19. 24), os chamados de Isaías
(Is 6), o chamado de Ezequiel (Ez 1), e o
redemoinho relatado em (Jó 38).20
CONCLUSÃO
Apesar das inúmeras teorias a respeito da
Revelação de Deus, o fato é que desde o
princípio da humanidade, vemos por meio
das Escrituras, um Deus que
reiteradamente procura não somente
revelar-se ao homem, como também
relacionar-se com ele, seja por teofania ou
epifania. A Cognoscibilidade de Deus é um
fato bíblico na história do Antigo
Testamento, porque Ele se fez conhecer,
porém “Ele é Incompreensível” para o
homem. Mas também, por outro lado, Ele
pode ser conhecido e que conhecê-lo é um
requisito absoluto para a salvação.
“Porque os meus pensamentos não são os
vossos pensamentos, nem os vossos
caminhos, os meus caminhos, diz o
SENHOR, porque, assim como os céus
são mais altos do que a terra, assim são
os meus caminhos mais altos do que os
vossos caminhos, e os meus
pensamentos, mais altos do que os vossos
pensamentos.” (Is 55.8,9).
SOBRE O AUTOR
20
______________TERRIEN, Samuel – The Elusive
Presence: Toward a New Biblical Theology, San
Francisco: Harper, 1978.
[*] Pr. Wolney Garcia
Missão Cristã Integral
Wolney Garcia (1979*), escritor e pregador
do Evangelho da Graça de Jesus.
Nasceu em Anápolis. Acredita que Deus
pode transformar o maior dos pecadores,
inclusive e principalmente ele. Também crê
que “Deus estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo, não imputando aos
homens as suas transgressões, e nos
confiou a palavra da reconciliação” (2 Co
5.19).
Estudou teologia no IBA – Instituto Bíblico
de Anápolis, em Anápolis, no ano de 1999.
Em 2004 cursou Psicoterapia com ênfase
em Psicodrama e psicanálise pelo Recanto
Terapêutico em Goiás (RTG). Em 2008 foi
pastor local da (Assembleia de Deus de
Anápolis) em Aparecida de Goiânia. Em
(2011) foi para Florianópolis, Santa
Catarina, onde deu início no ministério de
ensino Missão Cristã Integral, a
(MCIMinistérios) que tem como objetivo o
estudo dos fundamentos bíblicos da
missão da igreja e nas contribuições das
ciências sociais para o desenvolvimento de
teologias locais e contextualizadas, e na
comunicação intercultural.
Atualmente estuda Psicanálise Clínica,
pela Academia Goiana de Psicanálise
(2014).
É casado com a Nataly Garcia e tem uma
filha: Thalyta Garcia.
PERIÓDICO
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