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O Conselho Europeu em 2014 FEVEREIRO DE 2015 Conselho Europeu

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O Conselho Europeu em 2014

FEVEREIRO DE 2015

Conselho Europeu

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O Conselho Europeu em 2014

FEVEREIRO DE 2015

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A presente publicação foi elaborada pelo Secretariado‑Geral do Conselho.www.consilium.europa.euLuxemburgo: Serviço das Publicações da União Europeia, 2015ISBN 978‑92‑824‑4852‑6ISSN 2363‑2984doi:10.2860/060627© União Europeia, 2015É autorizada a reutilização, mediante identificação da fontePrinted in BelgiumImpresso em papel ecológico

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Índice

O Conselho Europeu em 2014 na perspetiva dos presidentes do Conselho Europeu

Aceitar o desafioDonald Tusk, no cargo desde 1 de dezembro de 2014

A consciência do que é preciso fazer 5

Perspetivas para o futuro 7

A tónica nos resultadosHerman Van Rompuy, no cargo até 30 de novembro de 2014

Traçar um rumo comum 9

Reforçar as nossas economias 10

A União no mundo 13

Trabalhar em matéria de clima e energia 17

Novos líderes e uma agenda estratégica para tempos de mudança 20

Conclusões do Conselho Europeu e declarações dos chefes de Estado e de Governo 27

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Conselho Europeu, dezembro de 2014

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A consciência do que é preciso fazer

Em 1 de dezembro de 2014, cheguei a Bruxelas vindo de Varsóvia para assumir o cargo de presidente do Conselho Europeu. Para as instituições da União, foi o culminar de um período de renovação política que começou com as eleições europeias. Para mim, pessoalmente, é o início de uma vida nova, uma grande honra e um enorme desafio.

Tinha e mantenho a convicção de que, nestes tempos difíceis, a União Europeia tem de ser bem‑sucedida, agora mais do que nunca. Os presidentes e primeiros‑ministros, reunidos no Conselho Europeu, devem dar um contributo decisivo nesse sentido. A meu ver, o sucesso da União depende, hoje em dia, de quatro elementos. Em primeiro lugar, não pode haver dúvidas quanto aos nossos valores fundamentais: a solidariedade, a liberdade e a dignidade humana, incluindo o direito de viver sem medo. Isto também implica combater os inimigos destes valores — sejam quem forem e estejam onde estiverem.

Em segundo lugar, precisamos de uma vontade firme para pôr fim à crise económica e, em especial, reduzir o desemprego. É também da nossa responsabilidade criar uma verdadeira União Económica e Monetária — uma tarefa que levo muito a sério. Temos de continuar a trabalhar para tornar sólida a nossa moeda comum, o euro.

Em terceiro lugar, a União Europeia tem de ser forte a nível internacional. Apoiaremos aqueles que, na nossa vizinhança, compartilham os nossos valores. A União não fecha os olhos quando as fronteiras do nosso continente são modificadas por via da força. Nesta questão, estamos e continuaremos a estar unidos — e só assim poderemos esperar resultados.

Por fim, as relações entre a Europa e os Estados Unidos são a pedra angular da nossa prosperidade e liberdade. Acredito que um dos nossos maiores desafios é o avanço nas negociações sobre a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento. A Europa e a América devem reunir todos os esforços para concluir as negociações até ao final de 2015.

Cada um destes empreendimentos exige que todas as instituições europeias trabalhem em conjunto para o bem comum, respeitando, ao mesmo tempo, o papel que lhes compete desempenhar. Ou superamos com energia e otimismo os desafios que enfrentamos, ou não superamos. Sozinhos, nenhuma nação europeia e nenhum Estado, isoladamente, os poderão superar. Da minha parte, prometi aos meus colegas que farei tudo o que estiver ao meu alcance para garantir que o trabalho do Conselho Europeu continue orientado para os resultados e centrado no que realmente importa. Devemos, todos, manter esta consciência clara do que é preciso fazer.

A cimeira de dezembroNaturalmente, defender tudo é igual a não defender nada. Ter dez prioridades é o mesmo que não ter nenhuma. É por esta razão que, para a reunião do Conselho Europeu de 18 de dezembro, a primeira sob a minha presidência, convidei os chefes de Governo a centrarem‑se em apenas duas questões de crucial importância, que requerem a nossa atenção imediata. Refiro‑me à necessidade de investir na economia europeia e à situação nas nossas fronteiras de leste com a Ucrânia e a Rússia. Contrariando um pouco uma prática de longa data, decidi que a cimeira duraria apenas um dia. Também conseguimos que as conclusões do Conselho Europeu fossem mais curtas do que o habitual e muito sintetizadas. Para mim, a brevidade ajuda a assumir responsabilidade.

Debatemos e aprovámos o plano que cria um Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos, delineado pelo presidente da Comissão, Jean‑Claude Juncker, pouco tempo depois de tomar posse. Na nossa reunião, os líderes europeus manifestaram o seu apoio e definiram um calendário rigoroso. Entretanto, a Comissão apresentou todas as especificidades legislativas da sua proposta, cabendo agora ao Conselho e ao Parlamento Europeu assegurar que o fundo esteja pronto até junho. O objetivo passa por gerar uma nova onda de investimentos na economia europeia. A partir de janeiro de 2015, o Banco Europeu de Investimento já pode começar a aprovar

Aceitar o desafioDonald Tusk

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o financiamento dos primeiros projetos. Os líderes europeus têm obviamente consciência de que não há uma pedra filosofal da economia com as respostas para a nossa situação atual. O relançamento efetivo vai exigir trabalho contínuo, novas ideias e esforços em todas as frentes. Neste contexto, o plano de investimento complementa a estratégia económica da União Europeia assente em finanças públicas sólidas e em reformas estruturais.

Relativamente à situação na Ucrânia e na Rússia, os líderes europeus procederam a uma troca de opiniões estratégica e franca. Em matéria de sanções, concordámos que seria melhor, por enquanto, manter o rumo traçado.

Os próximos passos serão decididos em março. Entretanto, a Ucrânia e o seu governo têm o nosso apoio, incluindo financeiro. Os membros do Conselho Europeu estão, todos eles, convencidos de que ajudar a «nova Ucrânia» também é bom para o nosso próprio futuro. Foi por essa razão que debatemos o aumento da ajuda financeira concedida à Ucrânia. Logo após a cimeira, a Comissão propôs emprestar um valor adicional de 1,8 mil milhões de euros à Ucrânia. Os líderes europeus congratularam‑se ainda com a intenção de aumentar a ajuda humanitária. O povo ucraniano tem de saber e ver que pode contar com a Europa.

Donald Tusk dá início à reunião do Conselho Europeu de dezembro de 2014

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Perspetivas para o futuro

No próximo ano, a economia continuará a ser uma preocupação fundamental. Todos os países da UE e as instituições da União devem fazer tudo o que estiver ao seu alcance para acelerar o relançamento da economia. A crise na Ucrânia e na sua vizinhança não deixará de requerer a nossa máxima atenção, bem como os acontecimentos na proximidade da Europa, em especial no sul.

Na reunião de dezembro, aproveitei a oportunidade para definir uma agenda clara para 2015. Em fevereiro, os líderes europeus irão debater meios para melhorar a governação na União Económica e Monetária. Em março será debatida a união energética; iremos também debater a nossa abordagem em relação à Rússia e à Ucrânia e preparar a Cimeira da Parceria Oriental, a realizar em maio, em Riga. Em junho, iremos tomar decisões sobre o mercado único digital, rever o fundo de investimento e reapreciar a questão da elisão fiscal. Será ainda preparada uma série de reuniões e cimeiras internacionais.

Entretanto, a agenda política ficou marcada por dramáticos acontecimentos. Os horríveis atentados de Paris no início de 2015 chocaram a França e a nossa União no seu todo. Depois de consultar o presidente francês, decidi que os líderes europeus darão, na reunião de fevereiro, resposta ao desafio que estes atentados representam. Voltaremos também à situação na Ucrânia. Visto que a política é definida não só pelos planos, como também pela atualidade, a agenda anteriormente mencionada irá, sem dúvida, estar em constante evolução em 2015.

A parte principal da presente publicação faz uma retrospetiva do ano que terminou. Como políticos, não podemos estabelecer uma ponte com o futuro sem sabermos de onde vimos. Quando os acontecimentos políticos se sucedem a um ritmo alucinante — como agora no caso da Ucrânia ou anteriormente com o euro — é decerto essencial refrescarmos a memória e mantermos o sentido das proporções.

Presto homenagem ao meu antecessor, Herman Van Rompuy, por ter dirigido a União Europeia com mão segura durante uma tempestade sem precedentes, e por tudo o que aprendi acompanhando‑o do meu lugar do outro lado da mesa, quando era um dos membros do Conselho Europeu. Agradeço e passo então a palavra ao nosso presidente em exercício até 30 de novembro, que nos apresentará a sua retrospetiva das atividades da instituição em 2014 — e sobre a forma como essas atividades traçaram os desafios que hoje enfrentamos.

DONALD TUSK

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Passagem de poderes entre o presidente cessante, Herman Van Rompuy, e o novo presidente, Donald Tusk

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Traçar um rumo comum

Para a Europa, 2014 não foi apenas um ano de renovação política; foi também um teste à sua capacidade de resistência e determinação. Depois do regresso à estabilidade financeira no final de 2012, o caminho do relançamento da economia e da criação de emprego revelou‑se mais longo do que muitos esperavam ou previam. A forte turbulência na nossa vizinhança imediata e no Médio Oriente alargado obrigou‑nos a repensar a nossa segurança. Em tais circunstâncias, os cidadãos reclamam orientações claras. Entre as demais instituições da UE, o Conselho Europeu tem desempenhado plenamente a sua tarefa de traçar um novo rumo comum.

O Conselho Europeu em 2014 incide sobre as atividades da instituição no ano passado. Ao longo desse ano, continuámos a trabalhar no reforço das nossas economias, pondo a tónica nas reformas económicas, na solidez dos orçamentos e nos investimentos orientados para o futuro. A par de outros desenvolvimentos internacionais, estiveram no topo da agenda política os dramáticos acontecimentos da Ucrânia. Foi também possível garantirmos um acordo sobre clima e energia, definirmos as prioridades estratégicas da União Europeia para os próximos cinco anos e — após as eleições europeias de maio de 2014 — escolhermos uma nova equipa dirigente para a União.

O Conselho Europeu reúne os principais líderes da União Europeia à volta da mesa: os 28 chefes de Estado e de Governo, o presidente da Comissão e o presidente do Conselho Europeu. Fixamos prioridades políticas e assumimos as nossas responsabilidades em situações de crise. A Alta Representante da UE participa em todos os debates sobre negócios estrangeiros e o presidente do Banco Central Europeu intervém regulamente nos debates sobre assuntos económicos; em casos excecionais, temos outros convidados.

Em 2014, o Conselho Europeu realizou quatro reuniões formais (incluindo a de dezembro, presidida pelo meu sucessor, Donald Tusk), duas reuniões informais e duas reuniões extraordinárias, assim como a cimeira da área do euro, realizada na sequência da reunião de outubro. Durante esse ano, acolhemos colegas que chegaram (ou regressaram) e dissemos adeus a outros depois das mudanças nos governos da Bélgica, da Bulgária, da República Checa, da Estónia, da Finlândia, da Polónia, da Eslovénia e da Suécia; o quadro ficou completo com a mudança dos presidentes da Comissão Europeia e da nossa própria instituição.

O Conselho Europeu tem, de certa maneira, uma natureza efémera, pois os chefes de Governo ora vão, ora vêm. A nossa composição variável representa uma grande diferença em relação aos governos nacionais, cuja viagem é feita ao longo de quatro ou cinco anos com a mesma equipa. Durante os cinco anos da minha presidência, sentaram‑se à volta da mesa 69 presidentes e primeiros‑ministros diferentes. É por esta razão que a conquista da confiança é um processo contínuo; considero‑a, desde o primeiro dia, como minha atividade principal. A confiança é uma condição prévia para tomar decisões conjuntas.

Como já tinha dito aos líderes europeus no meu discurso de despedida na cimeira de outubro, procurei sempre agir em nome do interesse europeu. É mais do que a soma de vinte e oito interesses nacionais, mas é também essa soma. De cada vez, tivemos de chegar a acordo com vinte e oito. Nem sempre de uma só vez e por vezes com alguns atropelos. Mas juntos demonstrámos, durante estes últimos cinco anos, o que não parecia nada plausível: que uma União com vinte e oito países pode funcionar e que, efetivamente, funciona.

Os primeiros onze meses de 2014 estão repletos de exemplos de decisões firmes, da força escondida da Europa — tal como o estarão, sem dúvida, os próximos anos com Donald Tusk ao leme da nossa instituição.

A tónica nos resultadosHerman Van Rompuy

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Reforçar as nossas economias

No início de 2014, e na sequência das perturbações dos anos anteriores, houve sinais de relançamento económico mas — como tivemos o cuidado de o sublinhar em público — essa recuperação foi «fraca, frágil e desigual». Todos os membros do Conselho Europeu se mostraram interessados em utilizar as nossas reuniões para acelerar o relançamento e reforçar as nossas economias. Para esse efeito, juntámos os esforços nacionais de todos e os instrumentos da União ao longo de uma série de reuniões, a que tínhamos já dado início em 2013, consagradas à melhoria da nossa competitividade e ao estímulo à criação de emprego.

No Conselho Europeu de março, inscrevi a indústria na ordem do dia. Salientámos que, longe de estar ultrapassada, a indústria é uma área que se está a reinventar e em que temos de voltar a investir. A indústria representa 25% dos empregos do setor privado, gerando muitos mais em serviços e, como salientado por alguns colegas, um maior número de postos de trabalho no setor industrial pode e deve ser relocalizado na Europa. Nas nossas conclusões, fizemos nomeadamente pressão para estabelecer uma cooperação europeia mais forte, em particular em matéria de desenvolvimento de tecnologias facilitadoras essenciais, como baterias para veículos elétricos ou biomateriais inteligentes, e também para uma maior participação da indústria na educação e na formação, a fim de colmatar as lacunas visíveis em competências essenciais como a ciência, a matemática e a engenharia.

Em março, foi igualmente alcançado um avanço decisivo na luta contra a fraude e a evasão fiscais. Em termos técnicos, o Conselho Europeu acordou em adotar a diretiva revista relativa à tributação dos rendimentos da poupança, após nada menos do que seis anos de negociações entre os governos da UE. Em termos políticos, cumprimos a nossa promessa de maio de 2013 e demos provas de um empenhamento firme e unânime na luta a nível global contra a evasão fiscal. A luta contra a evasão fiscal não é apenas uma questão de finanças públicas, é também uma questão de equidade e de justiça social.

Em junho, foi acordado um programa estratégico para os próximos cinco anos (sobre o qual adiante se dão mais informações), programa esse que, em termos económicos, se centra sobretudo no emprego, no crescimento e na competitividade. Durante a mesma reunião, e como parte do ciclo anual em matéria de política económica, tivemos também uma troca de pontos de vista sobre um dilema bem conhecido: como estabelecer um equilíbrio entre a disciplina orçamental e a necessidade de apoiar o crescimento? Verificou‑se um amplo consenso em relação ao facto de que é simultaneamente necessário que os países continuem a levar por diante as reformas e a consolidação orçamental (de uma forma diferenciada e favorável ao crescimento) e realizem os investimentos necessários para o futuro. São ambos essenciais para uma economia saudável. O Conselho Europeu concluiu que estamos todos empenhados no cumprimento do Pacto de Estabilidade e Crescimento, e que a questão reside em fazer a melhor utilização possível da flexibilidade que integra as atuais regras orçamentais.

Blues de fim de verãoDurante o verão, novos dados económicos confirmaram que o relançamento continuava frágil, a inflação excecionalmente baixa e o desemprego inaceitavelmente elevado. Isso era e é particularmente verdade na área do euro. Numa reunião especial realizada em 30 de agosto sobre outras questões urgentes, o Conselho Europeu aproveitou a ocasião para exercer mais pressão sobre os trabalhos em curso a nível ministerial. Decidimos também realizar uma cimeira do euro em outubro e — por iniciativa do Governo italiano — juntarmo‑nos numa conferência sobre o desemprego dos jovens. Durante o outono, aumentou o consenso em torno da necessidade de mais investimento na Europa, um tema que coube ao meu sucessor abordar no Conselho Europeu de dezembro.

A cimeira sobre o emprego dos jovens realizou‑se em 8 de outubro, em Milão. É claro que a organização de uma conferência, por si só, não resolve um problema, mas

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Debates no Conselho Europeu

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contribui para manter a dinâmica para a sua resolução. A reunião de Milão constituiu uma boa ocasião para fazer um balanço e recentrar os esforços na luta contra o desemprego. Impressionou‑me a forma como os líderes europeus, independentemente da sua própria análise subjacente, convergiram em torno de três pontos que se destacaram como necessários para resolver o problema.

Em primeiro lugar, a redução da carga fiscal sobre o trabalho. É este, potencialmente, o mais importante fator para impulsionar o emprego. A pressão constante do Conselho Europeu e da Comissão em relação a esta questão está a começar a dar frutos. Em segundo lugar, tornar os nossos mercados de trabalho mais flexíveis. A flexibilidade não significa cortar pura e simplesmente os salários ou o emprego; significa oferecer às empresas e aos trabalhadores uma maior liberdade para decidirem a melhor forma de se adaptarem às condições do mercado, em sintonia com os nossos modelos sociais. Em terceiro lugar, superar a clivagem crescente no mercado de trabalho entre os «incluídos» e os «não‑incluídos»; por outras palavras, entre os que são protegidos e os que têm empregos temporários e não protegidos — sobretudo as mulheres, os jovens e os trabalhadores migrantes não qualificados. Vários membros do Conselho Europeu

procederam a reformas importantes nos respetivos países em relação a esta matéria.

Concluir a união monetáriaEm 2014, o Conselho Europeu acompanhou de perto a evolução da União Económica e Monetária, mas não teve de fazer qualquer intervenção decisiva. Depois do nosso combate ao incêndio de 2010‑2012 e do exercício prospetivo de 2012‑2013, os trabalhos sobre questões da área do euro foram menos intensos este ano. Em março, congratulámo‑nos com o acordo sobre os últimos pormenores por resolver do mecanismo único de resolução, um acordo a que os ministros das Finanças chegaram — como frequentemente acontece quando é necessário resolver questões difíceis — poucas horas antes de os líderes europeus se encontrarem em Bruxelas. Foi um importante passo para a realização da união bancária, que foi lançada oficialmente em 1 de novembro, com o início do mecanismo único de resolução. Em outubro, acordámos em que a melhoria da coordenação das políticas económicas — o outro elemento importante do trabalho inacabado — deverá prosseguir em 2015.

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A União no mundo

O ano de 2014 trouxe o desafio mais grave para a segurança nas fronteiras da Europa desde há muito tempo. A invasão da Crimeia pela Rússia e a sua subsequente anexação, seguida pelos dramáticos acontecimentos no leste da Ucrânia (ainda em curso no momento da redação do presente documento), vieram perturbar a ordem do Continente europeu em matéria de segurança, tal como a conhecemos desde o fim da guerra fria. Os líderes europeus tiveram de se ocupar deste assunto. Ao longo do ano, o Conselho Europeu dirigiu a ação da União, tanto no que respeita à Ucrânia como à Rússia. Mas debruçámo‑nos também sobre outros graves desafios em matéria de política externa, em particular a situação no Médio Oriente.

Depois da CrimeiaNo período de Ano Novo de 2014, ninguém esperava que os protestos populares na praça Maidan, em Kiev, pudessem resistir a semanas de frio e repressão. Mas resistiram. Quando o presidente da Comissão e eu próprio nos encontrámos com o presidente Putin no final de janeiro, em Bruxelas, para a habitual cimeira UE‑Rússia, é óbvio que houve tensões, mas essas tensões ainda não nos pareciam insuperáveis. Um mês depois, a Crimeia mudou tudo.

Após a invasão da península, convoquei uma reunião extraordinária dos chefes de Estado e de Governo da União Europeia, em 6 de março (esta foi apenas a segunda cimeira deste tipo, motivada por uma crise de política externa, durante o meu mandato, após a cimeira sobre a Líbia em 2011). No início da reunião, o primeiro‑ministro da Ucrânia, Arseniy Yatseniuk, fez‑nos um balanço incisivo e desanimador da situação no seu país. Enquanto estávamos reunidos, começaram a surgir as primeiras notícias sobre um próximo referendo na Crimeia, em clara violação da Constituição ucraniana. Essa notícia reforçou ainda mais a nossa determinação.

Na sua reunião de 6 de março, o Conselho Europeu condenou veementemente a violação não provocada

da soberania e da integridade territorial da Ucrânia e instou Moscovo a retirar imediatamente as suas forças armadas. Os líderes europeus estabeleceram os parâmetros da resposta europeia à Rússia, tendo adotado uma abordagem em três fases. A inversão da escalada de violência era a palavra de ordem. A primeira fase, acordada nessa mesma altura, consistia em medidas políticas: suspensão das conversações bilaterais com a Rússia sobre, por exemplo, o acesso aos vistos; apoio à decisão dos membros europeus no sentido de suspenderem a sua participação na cimeira do G8 (cuja realização estava prevista em Sochi, no mês de junho). A segunda fase, que seria ativada se a situação não melhorasse rapidamente, consistia em medidas suplementares, tais como proibições de viagem a pessoas singulares, congelamentos de bens e cancelamento da cimeira UE‑Rússia. A terceira e última fase consistiria em sanções económicas de fundo («consequências suplementares e de grande alcance para as relações num amplo leque de setores económicos»); este tipo de resposta mais pesada seria aplicado se a Rússia tomasse medidas para desestabilizar ainda mais a situação. Foram estes os parâmetros que determinaram a nossa reação ao longo de todo o ano.

Ainda no que se refere à Ucrânia, a reunião de 6 de março definiu o caminho para a resposta da Europa: demos o nosso apoio político ao país, tendo reiterado o nosso empenho na assinatura do acordo de associação antes das eleições ucranianas de 25 de maio. Comprometemo‑nos igualmente a dar apoio financeiro, ajudando a restabelecer a estabilidade macroeconómica e acordando em medidas comerciais especiais que iriam beneficiar unilateralmente a parte ucraniana — questões sobre as quais a Comissão Europeia trabalhou arduamente. Para promover uma mudança democrática, o apoio dado não foi incondicional: salientámos desde o início a necessidade de realização de eleições livres e justas, de uma reforma constitucional e de investigar atos de violência; sublinhámos ainda a necessidade de o Governo ser inclusivo para todas as regiões, pessoas e minorias, bem como de lutar contra a corrupção e lançar reformas económicas mais vastas.

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Debatemos a situação na Ucrânia em todas as reuniões subsequentes do Conselho Europeu. Na nossa reunião ordinária da primavera, na sequência do referendo ilegal na Crimeia, confirmámos a entrada numa segunda fase das sanções, tendo anulado as cimeiras bilaterais e acrescentado doze pessoas à lista de pessoas sujeitas à proibição de visto e ao congelamento de bens. Assinámos também as disposições políticas do acordo de associação com a Ucrânia. Na reunião de junho, após uma troca de opiniões com o novo presidente Petro Poroshenko, apoiámos o seu plano de paz para pôr termo às hostilidades militares no leste da Ucrânia. Numa cerimónia comovente, assinámos igualmente as restantes partes do acordo de associação com a Ucrânia, bem como com a Geórgia e a Moldávia — acordos bilaterais de grande alcance com um forte impacto económico e geopolítico. Em 17 de julho, numa reunião extraordinária do Conselho Europeu, convocada para debater outras questões, e numa altura em que a situação no leste da Ucrânia se estava a deteriorar, adotámos sanções mais severas, pondo termo, por exemplo, aos fluxos de dinheiros públicos da UE para a Rússia e restringindo ainda mais o investimento na Crimeia.

Uma segunda viragemO abate do avião malaio MH‑17 quando sobrevoava o leste da Ucrânia, em 17 de julho, constituiu — após a invasão da Crimeia — o segundo momento de viragem nesta crise. O lançamento da terceira fase das nossas sanções, caracterizada pela aplicação de sanções económicas de grande envergadura, tornou‑se então necessário. O debate da primavera sobre o calendário, a amplitude e a eficácia dessas medidas era agora coisa do passado: não havia qualquer dúvida de que era preciso reforçar a nossa resposta. Após intensos contactos, no final de julho todos os líderes deram instruções aos seus embaixadores na UE para que tomassem essa decisão. Mas a situação deteriorou‑se ainda mais, com o eclodir de intensos combates e o fluxo de combatentes e de armas provenientes da Rússia para o leste da Ucrânia. Na nossa

reunião de 30 de agosto, acordámos em que todos os esforços deveriam ser orientados para pôr termo ao derramamento de sangue. Foi assinado um plano de paz em Minsk, em 5 de setembro, mas até à data ainda não foi integralmente aplicado, apesar das repetidas admoestações à liderança da Rússia.

Quase um ano após o início da escalada, os ensinamentos são claros. Como referi na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro: «Quando se toca nas fronteiras, compromete‑se a paz».

CimeirasA situação de emergência a leste da UE também deu azo a muitas reuniões internacionais com os nossos parceiros em todo o mundo. Adquire um relevo da maior importância a reunião de 4 e 5 de junho, quando a União Europeia organizou, pela primeira vez, uma cimeira do G7 — como consequência do cancelamento da reunião do G8 em Sochi. Foi uma importante confirmação do novo estatuto diplomático da União, e uma reunião de facto muito especial. Passámos em revista todas as questões habituais (a economia global, o comércio, a energia e o clima, o desenvolvimento) e, como não podia deixar de ser, a Ucrânia. A reunião ilustrou de forma excelente o modo como os membros do G7 e a União Europeia se mantiveram unidos na sua resposta à crise, tanto na reação a atos de agressão russa, como na elaboração de um programa positivo de inversão da escalada de violência e de estabilização.

Houve outros momentos em que Bruxelas funcionou como uma plataforma diplomática mundial, nomeadamente durante a primavera. No final de março, reunimo‑nos com o presidente Obama para a cimeira periódica entre os Estados Unidos e a União Europeia. Uma semana mais tarde, acolhemos a cimeira UE‑África, uma reunião produtiva e um desafio logístico sem precedentes, com 70 chefes de Estado e de Governo presentes no edifício do Conselho. Durante o mesmo período, o presidente chinês visitou também as instituições

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Cimeiras e reuniões com países terceiros

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da UE e, pouco tempo depois, organizámos uma cimeira com o Japão. Em outubro, realizámos a cimeira bianual entre líderes europeus e asiáticos (ASEM) em Milão; à margem, decorreu uma reunião amplamente noticiada mas inconclusiva entre os europeus e o presidente da Rússia.

Durante o verão, a situação também piorou no Médio Oriente — na Líbia, em Gaza, mas em especial no Iraque e na Síria. Na reunião do Conselho Europeu de 30 de agosto, os líderes europeus declararam a sua consternação com os abusos cometidos pelo «Estado Islâmico» ou EIIL; foi solicitado aos ministros dos Negócios Estrangeiros que analisassem formas de privar o EIIL do apoio financeiro resultante das receitas ilegais do petróleo. Preocupados com o número de jovens de ambos os sexos dos nossos próprios países que viajam para a região, os líderes europeus declararam que a luta contra a radicalização a nível nacional era uma prioridade absoluta. Por conseguinte, acordámos em acelerar as medidas para travar o fluxo de combatentes estrangeiros — um tema inscrito na ordem do dia do Conselho de Segurança da ONU algumas semanas mais tarde, numa reunião memorável presidida pelo presidente Obama.

A epidemia de ébola que assolou a Libéria, a Serra Leoa e a Guiné foi outro desenvolvimento espetacular na nossa vizinhança que requereu atenção. Na reunião de outubro, comprometemo‑nos com mil milhões de euros para a luta contra esta praga moderna (sendo o montante do financiamento concedido pelos Estados‑Membros da UE e pelas instituições da União). Para além do financiamento, a Europa acordou em dar um melhor apoio aos países da África Ocidental que se encontram no centro da crise, contribuindo com conhecimentos médicos especializados e com pessoal de apoio. No início de 2015, parecia que a situação começava a estar sob controlo.

Visita de Herman Van Rompuy à praça Maidan, Kiev, Ucrânia

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Trabalhar em matéria de clima e energia

Durante o ano transato, a energia adquiriu um lugar da maior importância na ordem de trabalhos. Em parte, isso foi uma consequência da instabilidade na Ucrânia e, em parte, ficou a dever‑se ao facto de termos de fechar um acordo europeu em matéria de clima e de energia, tendo em vista as próximas negociações das Nações Unidas sobre o aquecimento global. Esse acordo foi, em meu entender, um dos êxitos cruciais da União em 2014, confirmando que estamos firmemente orientados na via para uma economia com baixo teor de carbono.

A questão da energia está sempre no centro das atenções dos presidentes e primeiros‑ministros. Os preços da energia são importantes para os consumidores e para as indústrias, a energia limpa é crucial para a luta contra as alterações climáticas e, obviamente, a energia tem também ramificações geopolíticas. Sem uma ação decisiva, dentro de vinte anos os nossos países dependerão de importações de petróleo e gás que poderão atingir 80%, com uma grande parte proveniente de um único fornecedor — algo que não contribui para a nossa segurança.

Nos últimos anos, o Conselho Europeu já tinha realizado diversas sessões especificamente consagradas à energia — por exemplo, em fevereiro de 2011 e em maio de 2013. No ano passado, a energia esteve sempre na ordem do dia das três reuniões, em março, junho e outubro, tendo muito do trabalho anteriormente realizado sido compensador.

Uma união da energiaEm março, o nosso debate centrou‑se em primeiro lugar na forma de reduzir a nossa elevada dependência energética (um tema que adquiriu ainda maior relevância no contexto da situação na Ucrânia) e na forma de manter sob controlo os preços da energia (uma questão que perdeu entretanto uma parte da sua importância graças à rápida queda dos preços do petróleo).

À volta da mesa, registou‑se um forte sentimento de que precisamos de uma nova abordagem para nos ocuparmos da energia, para trabalharmos mais como uma equipa quando negociamos as condições dos contratos, para trocarmos mais informações e para obtermos uma maior transparência quanto às condições dos contratos. Tudo isso aumentaria o nosso poder de negociação. Tal como afirmei na minha conferência de imprensa de encerramento dessa cimeira: «A Europa foi inicialmente construída como uma comunidade do carvão e do aço. Sessenta e quatro anos depois, e em novas circunstâncias, é evidente que precisamos de avançar para uma união da energia».

Com esta nova determinação em assegurar a segurança energética, acordámos no passado mês de junho em reforçar os nossos mecanismos de reação rápida — planos de emergência, infraestruturas transfronteiras e capacidade de armazenamento. Intensificámos também a cooperação com os nossos vizinhos nos Balcãs e a leste. Em outubro, o Conselho Europeu tomou decisões concretas para acelerar os trabalhos em matéria de interconexões e de partilha de informações — todas estas medidas visam o mesmo objetivo.

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Fechar um acordoMas ainda não era tudo. No ano passado, aprovámos também um quadro renovado em matéria de clima e energia para o período até 2030. Num primeiro debate realizado em março, o prazo que nos fixámos para fechar um acordo a nível da UE foi outubro de 2014, «o mais tardar». Para minha satisfação e surpresa de muitos observadores, cumprimos a promessa. O acordo permite que a Europa dê o tom na próxima ronda de negociações internacionais sobre o clima antes da cimeira das Nações Unidas a realizar em Paris, em finais de 2015. Não deve ser subestimada a sua importância: é a base em que assentará a transição energética a longo prazo, em benefício da resiliência e segurança energéticas da Europa.

Foram negociações cuidadosamente preparadas e, por vezes, altamente complexas. Em outubro, não obstante umas horas de grande expectativa na última noite de negociações, os dirigentes europeus chegaram a acordo quanto a quatro grandes objetivos. Todos eles vão no mesmo sentido — o de nos proporcionar uma energia mais ecológica, mais segura e economicamente mais acessível.

Primeiro objetivo — o clima: redução interna de pelo menos 40% das emissões de gases com efeito de estufa até 2030. Este valor, expresso por comparação com os números de 1999, é vinculativo. Cerca de metade do novo esforço será feito no âmbito do regime de comércio de licenças de emissão da UE — nos setores da energia e da indústria. Neste ponto, certificámo‑nos de que nem a nossa competitividade internacional nem o emprego na Europa serão prejudicados pelas nossas ambições ecológicas. A outra metade do esforço será feito nos outros setores por meio de mecanismos que tornam o nosso esforço coletivo tão eficaz quanto possível em termos de custos.

Logo após ter sido alcançado este acordo sobre as emissões de gases com efeito de estufa, o secretário‑geral da ONU, Ban Ki‑moon, saudou o facto de a União Europeia continuar a assumir a «liderança a nível mundial». O nosso objetivo para o clima foi apresentado como um exemplo a seguir por outros intervenientes importantes.

Primeiro semestre de 2014 — A Grécia na Presidência rotativa do Conselho de Ministros da UE

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Segundo semestre de 2014 — A Itália na Presidência rotativa do Conselho de Ministros da UE

Segundo objetivo: energia limpa. Assumimos o compromisso de atingir pelo menos 27% de energias renováveis em 2030. Este número expressa a quota‑parte do total da energia consumida (que se eleva quase para o dobro da atual quota‑parte das energias renováveis) e o objetivo é vinculativo a nível da UE.

Terceiro objetivo: poupanças de energia. Assumimos o compromisso de aumentar a eficiência energética pelo menos 27%. Este valor é indicativo — tal como no programa anterior — e está em relação com as projeções para 2030 baseadas no consumo atual e na tecnologia do presente. Este objetivo será revisto até 2020, na perspetiva de atingir os 30%.

Quarto e último objetivo: interligar as redes de energia. As interconexões contribuem para equilibrar a oferta e a procura entre diferentes países e representam uma segurança em caso de perturbações do aprovisionamento a nível local. O objetivo é realizar projetos concretos em toda a Europa, a fim de garantir o abastecimento de gás e dispor de interconexões de eletricidade que representem 15% do abastecimento total até 2030.

Tais projetos constituem a melhor maneira de construir uma verdadeira união da energia — projeto que, sei‑o bem, é também caro ao meu sucessor.

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Novos líderes e uma agenda estratégica para tempos de mudança

Numa série de cimeiras realizadas entre maio e agosto, os líderes europeus fizeram o balanço das eleições para o Parlamento Europeu e tomaram decisão sobre a nova equipa dirigente da UE. Foi também acordada uma agenda estratégica para os próximos cinco anos.

Depois das eleiçõesAs eleições europeias tiveram lugar de 22 a 25 de maio, após o que convoquei, para 27 de maio, uma reunião especial para uma primeira troca de opiniões sobre o caminho a seguir. Naturalmente, os resultados eleitorais são diferentes em cada país, com um misto de continuidade e de mudança, mas, no geral, os eleitores enviaram‑nos uma mensagem forte, que esteve no centro do nosso debate.

A primeira tarefa do Conselho Europeu era propor ao Parlamento Europeu um candidato ao cargo de presidente da Comissão, «tendo em conta as eleições (...) e depois de proceder às consultas adequadas» (como nos dita o Tratado). Na reunião de maio, os membros do Conselho Europeu mandataram o seu presidente para proceder a consultas com os líderes dos grupos políticos do Parlamento. Já muitos parlamentares haviam indicado durante a campanha eleitoral que só concebiam que lhes fosse apresentado um candidato do partido vencedor — o Partido Popular Europeu. Na nossa reunião ordinária de fim de junho, depois das amplas sondagens que entretanto realizei, o Conselho Europeu tomou a decisão de propor Jean‑Claude Juncker para o cargo de presidente da Comissão. A decisão foi formalmente adotada por maioria qualificada, tendo todos votado a favor, com exceção do Reino Unido e da Hungria. É importante assinalar

Inauguração do Banco da Paz pelos membros do Conselho Europeu na Porta de Menin, em Ypres

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que o programa eleitoral do candidato era próximo das prioridades políticas da União, que o Conselho Europeu havia definido na noite anterior (ver a seguir). Três semanas depois, o Parlamento manifestou a sua confiança a Jean‑Claude Juncker.

A 30 de agosto, tomámos decisão sobre as nomeações para os demais cargos mais importantes. Fizemo‑lo depois de um debate intermédio, a 17 de julho, e de eu próprio ter conversado várias vezes com cada um dos colegas do Conselho Europeu para ter a certeza de que iríamos tomar a decisão certa com o apoio de todos. Daí a minha grande satisfação quando pude anunciar à imprensa o nome do primeiro‑ministro da Polónia, Donald Tusk, para futuro presidente do Conselho Europeu, e da ministra dos Negócios Estrangeiros da Itália, Federica Mogherini, para nossa nova Alta Representante para os Negócios

Estrangeiros e a Política de Segurança. Entretanto, ambos assumiram as suas novas responsabilidades com grande distinção e vitalidade.

Reunidos na Porta de MeninEm junho, reunimo‑nos excecionalmente fora de Bruxelas, em Ypres, junto dos campos da Flandres, onde tantos milhares encontraram a morte na Primeira Guerra Mundial. Antes ainda desse encontro, reunimo‑nos a meu convite junto à Porta de Menin, numa comemoração que seria mais comovente do que eu próprio imaginara. A emoção e o sentido da História estiveram sempre presentes enquanto fomos definindo e chegando a acordo sobre as cinco prioridades que norteiam a agenda europeia para os próximos cinco anos.

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Em resumo, as cinco prioridades que acordámos na Câmara Municipal de Ypres são:

• economias mais fortes com mais emprego;

• tornar as sociedades aptas a capacitar e proteger todos os cidadãos;

• um futuro seguro em matéria de energia e de clima;

• um espaço de liberdades fundamentais em que se possa confiar;

• uma ação comum eficaz a nível mundial.

Em todos estes cinco pontos, apontámos as medidas concretas que devem ser tomadas. Todavia, o principal objetivo do Conselho Europeu não era entrar no pormenor, mas sim apontar a direção que a atividade legislativa devia seguir nos próximos cinco anos, para conseguir o que os cidadãos esperam da Europa. São estas cinco prioridades que devem nortear a ação e o planeamento das instituições da UE nos próximos anos, e é importante que todas as instituições organizem os seus trabalhos nessa conformidade.

Esta perspetivação do futuro ocorreu num momento muito especial: não só no início de um novo ciclo de cinco anos, mas também numa altura em que os nossos países estão a sair do que para muitos deles foi a pior crise económica no prazo de uma geração e em que se generalizou um certo desencanto com a política. Todos os líderes estavam plenamente conscientes desta dupla dimensão e desejosos de mostrar que juntos, enquanto União, somos capazes de alcançar os resultados que verdadeiramente importam para as pessoas.

A Europa: um espaço ou um lugar?Por vezes é importante distanciarmo‑nos da tomada imediata de decisões e verificarmos o que é verdadeiramente fundamental. É sem dúvida o que importa quando pensamos na apreciação que os cidadãos fazem do trabalho da União e do seu valor. Parece que os cidadãos hoje em dia sentem que a União Europeia lhes dá uma sensação de impotência e não lhes dá a possibilidade de se exprimirem, quando a União foi concebida precisamente para lhes dar mais força e lhes permitir retomar o controlo da sua própria história. Uma forma de entender melhor este desencanto dos cidadãos — tal como tentei fazer em maio no meu discurso na sessão de entrega do prémio Carlos Magno, em Aachen — é ver como a nossa União é acima de tudo vivida pelas pessoas como um espaço e quase nunca como um lugar.

Espaço e lugar não são de todo a mesma coisa. Um lugar traz proteção, estabilidade e um sentimento de pertença. É um retiro, um sítio onde as pessoas se sentem em casa. Por outro lado, um espaço oferece movimento e possibilidades. Implica direção, velocidade e tempo. Nós, seres humanos, precisamos de ambos. Um espaço onde possamos voar e um ninho que nos pertença. Os seres humanos são criaturas muito simples!

Herman Van Rompuy com Federica Mogherini, nova Alta Representante da UE, e Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu

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Na Europa, a prioridade tem sido sempre o espaço. Pensem bem. Desde o início, a orientação típica era a de remover fronteiras para as mercadorias, para os trabalhadores e para os investimentos, e permitir a circulação de pessoas e empresas, tomar iniciativas, aproveitar oportunidades. Mesmo hoje — em domínios tão díspares como a energia, as telecomunicações ou a economia digital — o objetivo continua a ser abrir as fronteiras e criar este amplo espaço comum. Mas nunca pensámos na Europa como uma casa, como um abrigo, e estamos a sofrer as consequências disso.

Isto funcionou bem durante décadas. A abertura das fronteiras trouxe oportunidades enormes de trabalhar, comerciar e estudar no estrangeiro. E o impacto de toda esta abertura foi grandemente amortecido — pelo crescimento económico e pelos Estados‑providência, que surgiram em paralelo. Fundamentalmente, na divisão do trabalho que vigorou durante todos estes anos, a Europa era a abertura e os governos nacionais a proteção. Ninguém esperava outra coisa. Mas as coisas mudaram. A mundialização pôs à prova os limites do Estado‑providência. A crise empurrou as instituições da União Europeia para um novo papel.

O resultado foi uma mutação rápida e espetacular: se durante décadas a Europa foi sinónimo de abertura, potencial realizado, libertação, emancipação, capacitação... Hoje, de repente, é vista como interferência, juízo de valor, ditame, corretivo ou mesmo sanção. A Europa, a grande «abridora» de oportunidades, é agora encarada por muitos como uma «intrusa» importuna, a amiga da liberdade e do espaço é considerada uma ameaça à proteção e ao lugar de vida.

Temos de encontrar o equilíbrio certo. É essencial que a União seja também uma instância protetora. É urgente que a União seja considerada benéfica não só para as empresas, mas também para os trabalhadores; não só para os que circulam, mas também para os que ficam; não só para os cidadãos qualificados e com competências linguísticas, mas para todos os outros cidadãos; e para as pessoas, não só na sua qualidade de consumidores, que preferem produtos baratos e uma escolha ampla, mas também na sua qualidade de trabalhadores, que podem encarar os outros como concorrentes aos seus postos de trabalho.

Como encontrar o justo equilíbrio? Em matéria de proteção, as pessoas esperam duas coisas da União Europeia. Em primeiro lugar, que a União intervenha quando há problemas a que os países claramente não podem fazer face sozinhos por não serem suficientemente grandes. No que diz respeito aos assuntos mundiais e transfronteiras, as pessoas querem realmente que a Europa defenda os seus interesses e afaste as ameaças. Em segundo lugar, quando as autoridades nacionais estão mais bem colocadas para tratar dos assuntos, as pessoas esperam que a União não se intrometa. Mas há outros casos em que, precisamente por causa da sua dimensão, a União tem de agir com subtileza. Não perturbando, mas respeitando os lugares familiares de proteção e pertença — desde a escolha dos sistemas nacionais de segurança social às tradições e identidades regionais, e por aí fora, até chegarmos aos queijos regionais.

Jean‑Claude Juncker, novo presidente da Comissão Europeia e Herman Van Rompuy, julho de 2014

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Desta perspetiva, a mensagem dos cidadãos à União é clara. O Conselho Europeu afirmou nas suas conclusões de junho: «A União deve ser mais forte lá fora e mais protetora cá dentro». Para mim, este é um dos principais desafios que temos de enfrentar para reconquistar a confiança dos cidadãos na nossa União. E confio plenamente em que a nova equipa dirigente assumirá essa responsabilidade com determinação em 2015 e nos próximos anos.

HERMAN VAN ROMPUY

Prémio Carlos Magno, Aachen

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Nos bastidores do Conselho Europeu

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Conclusões do Conselho Europeu e declarações dos chefes de Estado e de Governo

Reunião informal dos chefes de Estado e de Governo sobre a Ucrânia — 6 de março de 2014 29

Conselho Europeu — 20 e 21 de março de 2014 31

Jantar informal dos chefes de Estado e de Governo — 27 de maio de 2014 37

Conselho Europeu — 26 e 27 de junho de 2014 39

Reunião extraordinária do Conselho Europeu — 16 de julho de 2014 47

Reunião extraordinária do Conselho Europeu — 30 de agosto de 2014 49

Conselho europeu — 23 e 24 de outubro de 2014 52

Cimeira do Euro — 24 de outubro de 2014 58

Conselho Europeu — 18 de dezembro de 2014 59

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1. Reunimo‑nos hoje com o primeiro‑ministro da Ucrânia, Arseniy Yatseniuk, que nos informou acerca da situação no seu país. Aplaudimos a  coragem e  a resiliência demonstradas pelo povo ucraniano ao longo destes últimos meses e semanas.

2. Subscrevemos as conclusões adotadas pelo Conselho de 3 de março. Condenamos veementemente a violação da soberania e  da integridade territorial ucranianas pela Federação da Rússia, que não resultou de qualquer provocação, e exortamos a Federação da Rússia a retirar imediatamente as suas forças armadas e  a enviá‑las para as suas áreas de estacionamento permanente, em conformidade com os acordos pertinentes. Exortamos a Federação da Rússia a permitir o acesso imediato de observadores internacionais. A solução para a crise na Ucrânia deve basear‑se na integridade territorial, soberania e  independência da Ucrânia, bem como na estrita observância das normas internacionais. Consideramos que a  decisão do Conselho Superior da República Autónoma da Crimeia de realizar um referendo sobre o futuro estatuto do território é contrária à Constituição ucraniana, pelo que é ilegal.

3. A União Europeia tem importantes relações com a  Ucrânia e  com a  Federação da Rússia e  está pronta a encetar um diálogo franco e aberto com ambas. Cabe‑lhe uma responsabilidade especial pela paz, estabilidade e prosperidade na Europa. Prosseguiremos estes objetivos recorrendo a todas as vias disponíveis e solicitaremos aos representantes da UE que tomem todas as iniciativas necessárias. A União Europeia participará também no mecanismo multilateral (grupo de contacto/coordenação) que está a  ser preparado para desanuviar a  situação, e que terá como objetivos, nomeadamente, promover a confiança entre as partes, zelar pela integridade territorial e pela soberania do país, proteger todos os cidadãos contra as intimidações, assegurar os direitos das minorias, ajudar a preparar eleições livres e justas e acompanhar a implementação dos acordos e compromissos.

4. O objetivo comum da União Europeia e da Federação da Rússia, a  saber, um relacionamento baseado no interesse mútuo e  no cumprimento das obrigações internacionais, tem de ser rapidamente restabelecido. Seria profundamente lamentável se a Federação da Rússia não fizesse esforços nesse sentido, muito especialmente se persistisse na sua recusa em participar num diálogo construtivo com o  Governo da Ucrânia. Decidimos hoje adotar medidas, inclusive as que tinham sido previstas pelo Conselho em 3 de março, nomeadamente suspender as conversações bilaterais com a Federação da Rússia em matéria de vistos, bem como sobre o novo acordo. Apoiamos a decisão dos membros europeus do G8 e das instituições da UE no sentido de suspender

a sua participação nos preparativos da Cimeira do G8 até indicação em contrário.

5. A solução para a crise deve passar por negociações entre os Governos da Ucrânia e da Federação da Rússia, inclusive por eventuais mecanismos multilaterais. Essas negociações deverão ter início nos próximos dias e produzir resultados a breve prazo. Na falta de tais resultados, a União Europeia decidirá sobre novas medidas, como sejam as proibições de viagem, os congelamentos de bens e o cancelamento da cimeira UE‑Rússia. Os trabalhos preparatórios destas medidas serão desenvolvidos pela Comissão e pelo SEAE.

Quaisquer novos passos da Federação da Rússia no sentido de desestabilizar a  situação na Ucrânia terão consequências suplementares e  de grande alcance para as relações entre a  União Europeia e  os seus Estados‑Membros, por um lado, e a Federação da Rússia, por outro, num amplo leque de setores económicos.

6. A União Europeia louva a  contenção de que o  novo Governo da Ucrânia tem até agora dado provas. Exortamos as autoridades ucranianas a prosseguirem, mediante um processo inclusivo, os seus esforços para garantir a  realização de eleições livres e  justas, fazer avançar a reforma constitucional e investigar todos os atos de violência. Deverão ser levados por diante os esforços destinados a associar todas as regiões e grupos populacionais da Ucrânia e a garantir a plena proteção dos direitos das pessoas que pertencem às minorias nacionais, com base nos conhecimentos especializados do Conselho da Europa e da OSCE.

7. Estamos ao lado da Ucrânia e  comprometemo‑nos a prestar‑lhe um forte apoio financeiro. Congratulamo‑nos com o facto de a Comissão ter apresentado um amplo pacote de assistência e incumbimos todas as instâncias competentes do Conselho de o tratarem com brevidade. O  apoio do FMI será essencial para desbloquear a assistência da União Europeia. A prioridade imediata é restaurar a estabilidade macroeconómica através de sólidas políticas orçamentais, monetárias e  cambiais. Simultaneamente, apelamos ao Governo para que lance urgentemente um conjunto ambicioso de reformas estruturais, nomeadamente para lutar contra a corrupção e  reforçar a  transparência. Saudamos a  decisão do Conselho de congelar e  recuperar ativos de pessoas identificadas como responsáveis pelo desvio de fundos públicos. Estamos também preparados para dar uma resposta imediata aos pedidos de assistência humanitária.

8. A União Europeia e  a Ucrânia já deram um passo importante para o aprofundamento das suas relações ao rubricarem o acordo de associação, que inclui uma zona de comércio livre abrangente e aprofundado. Reiteramos o compromisso da União Europeia de assinar esse acordo

REUNIÃO INFORMAL DOS CHEFES DE ESTADO E DE GOVERNO

SOBRE A UCRÂNIA — 6 DE MARÇO DE 2014

Declaração

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de associação, que inclui a  referida zona de comércio livre abrangente e  aprofundado. É  nossa prioridade assinar dentro em breve todos os capítulos políticos. A União Europeia tenciona tomar medidas unilaterais que permitam à Ucrânia beneficiar substancialmente das vantagens oferecidas pela zona de comércio livre abrangente e aprofundado. Tais medidas incluiriam uma oferta no sentido de aplicar as disposições relacionadas com a importação de mercadorias mediante a redução dos direitos aduaneiros e a abertura de contingentes pautais, através das chamadas medidas comerciais autónomas.

9. A União Europeia reafirma o seu empenho em reforçar os contactos pessoais entre os cidadãos da União Europeia e da Ucrânia, nomeadamente mediante o processo de liberalização de vistos, em consonância com as condições acordadas no quadro do plano de ação sobre liberalização de vistos.

10. A energia e  a segurança energética representam uma parte importante das relações externas da União. Prosseguiremos os nossos esforços para garantir a segurança do abastecimento. Apelamos a que o Terceiro Pacote da Energia seja aplicado de forma efetiva e coerente por todos os intervenientes no mercado europeu de energia. A  União Europeia manifesta igualmente disponibilidade para ajudar a  Ucrânia a  garantir o seu abastecimento energético através de uma maior diversificação, do reforço da eficiência energética e de interligações efetivas com a União Europeia.

11. A União Europeia exprime o seu objetivo de continuar a reforçar a associação política e a integração económica com a Geórgia e a República da Moldávia. Confirmamos o nosso objetivo de assinar, o mais tardar no final de agosto de 2014, os acordos de associação que rubricámos em Vílnius no passado mês de novembro, os quais incluem zonas de comércio livre abrangente e aprofundado.

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I. CRESCIMENTO, COMPETITIVIDADE E EMPREGO

A. O SEMESTRE EUROPEU1. O Conselho Europeu realizado em dezembro de 2013

homologou as cinco prioridades estratégicas para a UE e  os seus Estados‑Membros estabelecidas na Análise Anual do Crescimento (A AC) para 2014: prosseguir a  consolidação orçamental diferenciada e  favorável ao crescimento, restabelecer o  crédito à  economia, promover o crescimento e a competitividade, combater o  desemprego e  as consequências sociais da crise e modernizar a administração pública. Para orientar os debates do Conselho sobre o Semestre Europeu de 2014, o Conselho Europeu deu especial destaque às políticas que reforçam a competitividade, apoiam a criação de emprego e combatem o desemprego, sobretudo o desemprego dos jovens, bem como ao seguimento a dar às reformas que melhorem o funcionamento dos mercados de trabalho. Os programas nacionais de reformas e os programas de estabilidade e de convergência deverão incidir sobre as

questões identificadas nas recomendações específicas por país do ano passado e na recente análise efetuada pela Comissão no âmbito da supervisão integrada dos desequilíbrios macroeconómicos e orçamentais, incluindo as suas apreciações aprofundadas e o Pacto de Estabilidade e Crescimento, tendo plenamente em conta os debates realizados no Conselho no quadro do Semestre Europeu.

2. O Conselho Europeu avaliou a  implementação da estratégia «Europa 2020» com base na comunicação da Comissão. Continua a ser fundamental realizar o objetivo do crescimento inteligente, sustentável e inclusivo previsto na estratégia. A crise fez abrandar os progressos no que respeita à consecução dos grandes objetivos da estratégia e os desafios a longo prazo que afetam o crescimento na Europa não desapareceram. O Conselho Europeu apela a que se intensifiquem os esforços para atingir os objetivos da estratégia «Europa 2020» e aguarda com expectativa a análise desta estratégia prevista para 2015.

* * *

CONSELHO EUROPEU — 20 E 21 DE MARÇO DE 2014

Conclusões

O Conselho Europeu realizou um debate aprofundado sobre a situação na Ucrânia. Adotou uma mensagem forte de apoio à Ucrânia e chegou a acordo sobre uma série de medidas concretas a esse respeito. A UE e os seus Estados‑Membros assinaram as disposições políticas do acordo de associação com a Ucrânia. O Conselho Europeu condenou veementemente a anexação da Crimeia e de Sebastopol à Federação da Rússia e não a reconhecerá. Na ausência de quaisquer medidas no sentido de inverter a escalada da situação, o Conselho Europeu decidiu o alargamento da proibição de vistos e o congelamento de bens e cancelou a próxima cimeira UE‑Rússia. Continuando aberto ao diálogo, o Conselho Europeu não excluiu consequências suplementares e  de grande alcance nas relações com a  Rússia caso a  Federação da Rússia dê novos passos no sentido de desestabilizar a situação na Ucrânia e solicitou à Comissão e aos Estados‑Membros que preparassem possíveis medidas específicas. Decidiu ainda avançar com a assinatura dos acordos de associação com a Geórgia e a Moldávia.

A Europa está a emergir da crise económica e financeira. A economia europeia está a recuperar, após vários anos de crescimento limitado ou até mesmo negativo. Espera‑se que essa recuperação se consolide este ano. O Conselho Europeu procedeu a uma troca de opiniões sobre a situação económica e social e as perspetivas nesta área, tendo debatido em especial a resposta que se afigura mais adequada em termos de políticas a curto e médio prazo. Concluiu a primeira fase do Semestre Europeu e procedeu a um primeiro debate sobre a implementação da estratégia «Europa 2020» na perspetiva da avaliação intercalar do Conselho Europeu da Primavera de  2015. Concentrou‑se ainda no reforço da competitividade industrial europeia como motor do crescimento económico e do emprego. Realizou um primeiro debate de orientação sobre o quadro para o clima e a energia no período de 2020 a 2030 e chegou a acordo sobre a via a seguir. Sublinhou a importante relação que existe entre a estratégia «Europa 2020», a competitividade industrial e as políticas climática e energética.

O Conselho Europeu saudou o acordo alcançado sobre o Regulamento MUR que abrirá o caminho para a conclusão da união bancária. O MUR representa mais uma etapa fundamental na via de uma União Económica e Monetária mais forte e resiliente. Por último, preparou o terreno para a adoção da diretiva relativa à tributação dos rendimentos da poupança.

* * *

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3. O Conselho Europeu felicita os negociadores do Parlamento Europeu e  do Conselho pelo acordo alcançado sobre o Regulamento relativo ao Mecanismo Único de Resolução. Tal como foi salientado na troca de pontos de vista que hoje teve lugar entre o presidente do Parlamento Europeu e o Conselho Europeu, trata‑se de uma realização importante que abrirá caminho à  realização da união bancária. Importa agora adotar formalmente o  regulamento antes do final da atual legislatura. Juntamente com o  Acordo Internacional relativo à  Transferência e  à Mutualização das Contribuições para o Fundo Único de Resolução, isto representa outro passo fundamental no sentido de uma União Económica e Monetária mais forte e mais resiliente.

4. O Conselho Europeu saúda o relatório da Comissão sobre o andamento das negociações relativas à tributação da poupança com países terceiros europeus (Suíça, Listenstaine, Mónaco, Andorra e  São Marinho), e  insta esses países a  empenharem‑se plenamente na implementação da nova norma única global para a troca automática de informações, desenvolvida pela OCDE e aprovada pelo G20, e associarem‑se à iniciativa que prevê a rápida adoção dessa nova norma.

O Conselho Europeu insta a  Comissão a  levar rapidamente por diante as negociações com estes países na perspetiva da sua conclusão até ao final do ano, e convida‑a a apresentar um relatório sobre o ponto da situação na sua reunião de dezembro. Caso não sejam feitos progressos suficientes, o relatório da Comissão deverá explorar as eventuais opções para garantir o cumprimento da nova norma global.

Neste contexto, o Conselho irá adotar a diretiva relativa à tributação dos rendimentos da poupança na sua próxima reunião de março de 2014.

O Conselho Europeu convida o Conselho a assegurar que, com a adoção da Diretiva Cooperação Administrativa até ao final de 2014, a legislação da UE esteja totalmente alinhada pela nova norma global.

B. COMPETITIVIDADE E POLÍTICA INDUSTRIAIS

5. A Europa precisa de uma base industrial forte e competitiva, tanto em termos de produção como de investimento, enquanto motor essencial de crescimento económico e  de emprego. A  competitividade exige um ambiente estável, simples e  previsível, que inclua uma melhor regulamentação e em especial um ambicioso programa REFIT. O quadro geral a nível europeu e nacional deve ser mais orientado para o investimento e a inovação e a relocalização do emprego industrial. A comunicação da Comissão intitulada «Por um renascimento industrial europeu» dá um importante contributo neste contexto; convida‑se a  Comissão a  apresentar um roteiro para impulsionar os trabalhos nesta base.

6. As preocupações com a  competitividade industrial deverão ser sistematicamente integradas em todos os domínios de ação da UE e fazer parte das avaliações de impacto tendo em vista uma base industrial mais sólida para a nossa economia, o que deverá ser associado a testes

de competitividade. Convidam‑se os Estados‑Membros a alinharem‑se a nível nacional pelas medidas europeias destinadas a reforçar a competitividade da indústria.

7. Devem prosseguir os esforços para completar e explorar plenamente as potencialidades do mercado interno, tanto de bens como de serviços, incluindo na economia digital, e para fomentar o empreendedorismo. A adoção atempada do pacote «Continente Conectado» contribuirá para alcançar este objetivo. É  necessário desenvolver e atualizar as redes de infraestruturas, nomeadamente as redes digitais, com tecnologias inteligentes e inovadoras. Dever‑se‑á incentivar, em particular, a  criação e  o crescimento de PME, facilitando, nomeadamente, o acesso ao financiamento em toda a UE.

8. Através do seu orçamento, a União Europeia contribui para a competitividade industrial. Há que utilizar o melhor possível os instrumentos da UE como o Horizonte 2020, o Mecanismo Interligar a Europa, os Fundos Europeus Estruturais e de Investimento e o programa COSME, bem como instrumentos de mercado e outros instrumentos financeiros inovadores, para apoiar a competitividade e o acesso das PME ao financiamento.

Neste contexto, deverá ser promovida a especialização inteligente a todos os níveis, inclusive através da utilização eficaz do investimento público em investigação, o que facilitará os contactos entre empresas e agrupamentos de empresas, e melhorará o acesso a tecnologias inovadoras.

9. A competitividade da indústria europeia nos mercados internacionais não pode ser dada como adquirida. É necessário continuar a envidar esforços para melhorar o acesso aos mercados em todo o mundo, facilitando a  integração das empresas europeias nas cadeias de valor mundiais e promovendo trocas comerciais livres, justas e abertas, fazendo valer simultaneamente os seus interesses, num espírito de reciprocidade e de benefício mútuo. O Conselho Europeu apela ao Banco Europeu de Investimento para que continue a  contribuir para aumentar a  internacionalização e  a competitividade das empresas europeias. Impulsionar uma agenda comercial e  de investimento ambiciosa e  promover normas e regulamentação europeias e  internacionais, nomeadamente o combate à contrafação, são elementos importantes que contribuem para o  reforço da competitividade industrial da UE a nível mundial, o que deverá favorecer a abertura dos mercados, a defesa dos interesses da UE e a promoção ativa de condições de concorrência equitativas em mercados terceiros. Importa também continuar a  tomar medidas para assegurar o acesso a matérias‑primas essenciais.

O Conselho Europeu congratula‑se com os planos da Comissão de modernizar as regras relativas aos auxílios estatais que entrarão em vigor em junho de  2014. Congratula‑se, em particular, com a intenção da Comissão de facilitar a implementação de políticas e programas da UE mais vastos, nomeadamente os Fundos Estruturais e  de Investimento da UE, alargando o  âmbito do Regulamento geral de isenção por categoria, mantendo paralelamente condições equitativas de concorrência entre os Estados‑Membros.

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10. Para fomentar o  crescimento industrial da União é  necessário dispor das competências adequadas. O  Conselho Europeu insta a  Comissão e  os Estados‑Membros a  colmatarem prioritariamente as lacunas nas áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática, com uma maior participação da indústria. Deverão ser canalizados esforços adicionais dos setores público e privado para a promoção da mobilidade, do ensino e da formação profissional. Para o efeito, deverão ser utilizados todos os instrumentos, como os Fundos Europeus Estruturais e de Investimento (FEEI), a nova geração do Erasmus +, a Grande Coligação para a Criação de Empregos na Área Digital, a Aliança Europeia para a Aprendizagem, a Iniciativa para o Emprego dos Jovens e a Garantia para a Juventude. Há que envolver em maior medida a indústria na previsão das competências que serão necessárias no futuro.

11. A propriedade intelectual e  o registo de patentes são motores essenciais de crescimento e de inovação. Apesar do seu papel de liderança numa série de indústrias tecnológicas, a União Europeia está atrasada no registo de patentes. Por esse motivo, o Conselho Europeu apela a que esses setores de elevado crescimento sejam mais apoiados para preservar a liderança tecnológica da União Europeia. As partes interessadas deverão ratificar, de acordo com as suas disposições constitucionais, o Acordo relativo ao Tribunal Unificado de Patentes e efetuar as diligências legais e administrativas necessárias para que o regime da patente da UE possa entrar em vigor até ao final de 2014.

12. O Conselho Europeu recorda que as tecnologias facilitadoras essenciais (TFE) são decisivas para a competitividade industrial. As TFE de elevado interesse industrial, como sejam as baterias para a eletromobilidade, os materiais inteligentes, a produção de alto desempenho e  os bioprocessos industriais, deverão ser reforçadas através da identificação rápida de projetos de interesse europeu. O papel das tecnologias limpas merece especial atenção enquanto elemento transversal para o reforço da competitividade da indústria europeia. A Comissão é  convidada a  apresentar relatório sobre a  forma de promover as tecnologias limpas através de medidas concretas em todas as políticas pertinentes da UE.

13. Com base nas orientações que precedem, o Conselho Europeu convida o  Conselho, a  Comissão e  os Estados‑Membros a prosseguirem os trabalhos e voltará a debruçar‑se sobre estas questões no âmbito da análise da estratégia «Europa 2020», em março de 2015.

14. Uma base industrial europeia eficiente em termos de recursos, forte e competitiva deve ser vista em articulação com uma política climática e energética europeia coerente, nomeadamente com o objetivo de resolver a questão dos elevados custos da energia, em particular para as indústrias com utilização intensiva de energia.

C. CLIMA E ENERGIA15. Para ser coerente, a  política energética e  climática

europeia tem de garantir preços da energia acessíveis, a  competitividade industrial, a  segurança do aprovisionamento e a realização dos nossos objetivos

ambientais e  climáticos. Foram efetuados progressos consideráveis em prol da consecução dos objetivos da UE de redução das emissões de gases com efeito de estufa, e em matéria de energias renováveis e eficiência energética, que têm de ser integralmente atingidos até 2020.

16. Tendo em conta o calendário acordado em Varsóvia para a celebração de um acordo global sobre o clima na 21.ª Conferência das Partes em Paris, em 2015, o Conselho Europeu confirma que a União Europeia apresentará o seu contributo o mais tardar no primeiro trimestre de 2015, a  exemplo do que deverão fazer todas as principais economias. À luz da Cimeira da ONU sobre o Clima em setembro de 2014, o objetivo específico da UE de redução das emissões de gases com efeito de estufa para 2030 estará plenamente alinhado pelo ambicioso objetivo da UE acordado para 2050. A aprovação de um quadro de ação da UE para as emissões de gases com efeito de estufa, as energias renováveis e a eficiência energética, a  elaborar com base na comunicação da Comissão, proporcionará a necessária estabilidade e previsibilidade aos seus operadores económicos e virá confirmar o papel da UE a nível mundial.

17. Este novo quadro deverá assentar nos seguintes princípios:• aumentar a coerência entre a redução das emissões

de gases com efeito de estufa, a eficiência energética e o recurso às energias renováveis e concretizar os objetivos para 2030 de forma eficaz em termos de custos, cabendo, neste contexto, um papel central a um regime de comércio de emissões reformado;

• desenvolver um quadro da UE de apoio ao avanço das energias renováveis e que garanta a competitividade internacional;

• garantir a  segurança do aprovisionamento energético das famílias e empresas a preços acessíveis e competitivos;

• proporcionar f lexibilidade aos Estados‑Membros sobre o modo de concretizar os seus compromissos a fim de ref letir as circunstâncias nacionais e respeitar a  sua liberdade na determinação do seu cabaz energético.

18. Tendo em vista chegar rapidamente a  acordo sobre um novo quadro de ação para o  clima e  a energia no período de 2020 a 2030, o Conselho Europeu convida o Conselho e a Comissão a prosseguirem os trabalhos e a desenvolverem sem demora os seguintes elementos:• analisar as implicações, para cada um dos

Estados‑Membros, das propostas de objetivos à escala europeia para as reduções de emissões e as energias renováveis;

• criar mecanismos que irão resultar numa repartição globalmente equitativa dos esforços e  fomentar a modernização do setor energético;

• desenvolver medidas destinadas a evitar os riscos de fuga de carbono e  preconizar a  segurança do planeamento a  longo prazo para o  investimento industrial, a fim de garantir a competitividade das

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indústrias europeias com utilização intensiva de energia;

• rever atempadamente a Diretiva Eficiência Energética e desenvolver um quadro de eficiência energética.

O Conselho Europeu avaliará os progressos realizados sobre estas questões na sua reunião de junho, com base nomeadamente em consultas com os Estados‑Membros, tendo em vista tomar uma decisão sobre o novo quadro de ação o mais rapidamente possível, o mais tardar até outubro de 2014. O Conselho Europeu solicita ao seu presidente e à Comissão Europeia que tomem as medidas necessárias para preparar esta decisão.

19. Os objetivos da realização do mercado interno da energia até 2014 e do desenvolvimento de interligações a  fim de pôr termo até 2015 ao isolamento de certos Estados‑Membros das redes de gás e eletricidade europeias continuam a ser prioritários. O Conselho Europeu exorta a que se acelerem os esforços no que diz respeito:• à rápida implementação de todas as medidas para

atingir em todos os Estados‑Membros o objetivo de interligação de pelo menos 10% da capacidade instalada de produção de eletricidade. O Conselho Europeu convida a Comissão a propor até junho objetivos de interligação específicos a alcançar até 2030 com vista a tomar uma decisão o mais tardar até outubro de 2014. Deverá ser prestada especial atenção à melhoria das interligações com as partes mais remotas e/ou menos bem conectadas do mercado único, nomeadamente através da melhoria e  criação de f luxos inversos, e  à integração dos Estados‑Membros nas redes continentais europeias;

• à implementação efetiva e coerente do terceiro pacote energético por todos os intervenientes no mercado europeu da energia;

• à aplicação e execução efetivas das regras da UE em matéria de integração do mercado e de eficiência energética, e procura de condições de concorrência equitativas para as empresas que operam na UE.

20. Deverão ser intensificados os esforços para reduzir as elevadas taxas de dependência do gás na Europa, em especial nos Estados‑Membros mais dependentes. Moderar a  procura de energia através do reforço da eficiência energética deverá constituir o primeiro passo, que irá contribuir igualmente para outros objetivos energéticos e  climáticos. O  Conselho Europeu apela à Comissão para que leve a cabo um estudo aprofundado sobre a  segurança energética da UE e  apresente até junho de  2014 um plano abrangente para a  redução da dependência energética da UE. Esse plano deverá ref letir o facto de que a UE precisa de acelerar ainda mais a  diversificação do seu aprovisionamento energético, aumentar o seu poder negocial e eficiência energética, continuar a  desenvolver fontes de energia renováveis e  outras fontes de energia endógenas, bem como coordenar de uma forma sustentável o desenvolvimento das infraestruturas destinadas a apoiar essa diversificação, inclusive através do desenvolvimento de interligações.

Essas interligações deverão também incluir a península Ibérica e a zona do Mediterrâneo. Sempre que pertinente, deverão igualmente ser desenvolvidas interligações com países terceiros. Os Estados‑Membros darão provas de solidariedade no caso de súbitas perturbações no aprovisionamento de energia num ou em vários Estados‑Membros. Além disso, haverá que tomar novas medidas para apoiar o desenvolvimento do Corredor Meridional, incluindo novos ramais através da Europa Oriental, analisar as formas de facilitar as exportações de gás natural da América do Norte para a UE, ponderar o  modo como tal poderá ser melhor ref letido na Parceria Transatlântica de Comércio e  Investimento (TTIP) e  aumentar a  transparência dos acordos intergovernamentais no domínio da energia.

21. A fim de prosseguir os objetivos atrás definidos, deve ser acelerada a execução de projetos relevantes de interesse comum e devem ser rapidamente mobilizados os recursos comunitários disponíveis, incluindo o MIE, e a capacidade de financiamento do BEI.

22. Atendendo aos principais fatores dos custos identificados na comunicação da Comissão, o  Conselho Europeu apela a que sejam desenvolvidos esforços sustentados para moderar os custos da energia suportados pelos consumidores finais, em especial através:• de uma evolução progressiva dos mecanismos de

apoio às energias renováveis para um sistema mais custo‑eficaz e mais baseado no mercado e de uma maior convergência dos regimes de apoio nacionais para além de 2020;

• do investimento sustentado em eficiência energética e gestão da procura ao longo de toda a cadeia de valor e na fase de I&D;

• da utilização mais exaustiva da capacidade de produção de eletricidade disponível no mercado interno em vez de recorrer apenas às capacidades nacionais, sem deixar de reconhecer o  papel dos Estados‑Membros na garantia da segurança do aprovisionamento;

• da promoção dos recursos nacionais e  da concorrência nos mercados de aprovisionamento de gás, bem como da resposta à questão do nexo contratual entre os preços do gás e do petróleo.

Tudo isto deverá ser feito em conformidade com as regras relativas aos auxílios estatais e  as regras do mercado interno.

Com base nas ações atrás referidas, os Estados‑Membros tomarão as medidas adequadas conducentes à redução de custos da forma mais adequada às suas circunstâncias específicas. Deve ser assegurada a coordenação entre os Estados‑Membros, bem como entre as políticas setoriais a fim de facilitar a consecução dos objetivos a nível da UE.

23. Além disso, o  Conselho Europeu apela aos Estados‑Membros para que prossigam a análise das suas diferentes práticas nacionais de tributação na política energética, das componentes fiscais dos preços e dos custos de rede, com o objetivo de minimizar as consequências

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negativas para os preços da energia. Partindo da experiência recente, os Estados‑Membros continuarão a trocar regularmente informações sobre as principais decisões a nível nacional em matéria de energia suscetíveis de ter repercussões noutros Estados‑Membros, no pleno respeito das escolhas nacionais quanto ao cabaz energético.

* * *

CHIPRE24. O Conselho Europeu congratula‑se com o reatamento

de negociações abrangentes que visam a reunificação de Chipre, baseadas na Declaração Conjunta de  11  de  fevereiro. O  Conselho Europeu apoia uma resolução global e viável do problema de Chipre no âmbito da ONU, de acordo com as resoluções pertinentes do Conselho de Segurança da ONU e em sintonia com os princípios em que assenta a União Europeia. O Conselho Europeu salienta que a  divisão de Chipre já dura há demasiado tempo e  realça a  importância de manter a dinâmica existente. O Conselho Europeu está pronto a desempenhar o seu papel no apoio às negociações.

A reunificação de Chipre reverterá em benefício de toda a população cipriota e a este respeito o Conselho Europeu apoia todas as medidas de criação de confiança que vierem a  ser acordadas pelas partes e  que possam contribuir decisivamente para instaurar um clima de confiança mútua e impulsionar o processo de negociação.

II. RELAÇÕES EXTERNAS

Ucrânia25. A União Europeia apoia o povo ucraniano e o seu direito

a escolher o seu próprio futuro. A União Europeia está ao lado do Governo ucraniano nos seus esforços para estabilizar a  Ucrânia e  empreender reformas. Neste contexto, a  União Europeia continuará a  desenvolver esforços em articulação com a comunidade internacional para prestar assistência à Ucrânia.

26. A União Europeia, os seus Estados‑Membros e  a Ucrânia vão assinar as disposições políticas do acordo de associação. A União Europeia e os seus Estados‑Membros estão empenhados em assinar a  parte remanescente do acordo de associação e a Zona de Comércio Livre Abrangente e  Aprofundado que, juntamente com as disposições políticas, constituem um instrumento único. O Conselho Europeu acorda em que a primeira reunião do diálogo político prevista ao abrigo do acordo deverá ter lugar em abril. O Conselho Europeu insta o Conselho e o Parlamento Europeu a adotar rapidamente a proposta de supressão temporária dos direitos aduaneiros (as chamadas medidas comerciais autónomas) sobre as exportações ucranianas para a União Europeia.

27. O restabelecimento da estabilidade macroeconómica na Ucrânia é  uma prioridade imediata. O  Governo ucraniano deve empreender rapidamente um ambicioso programa de reformas estruturais, nomeadamente para lutar contra a corrupção e aumentar a transparência de todas as operações orçamentais. O Conselho Europeu

insta o Conselho a chegar a acordo sobre uma assistência macrofinanceira e salienta que um acordo com o FMI é  indispensável para permitir esta assistência. Os Estados‑Membros da UE acordam em coordenar as suas posições no FMI acerca das condições para a assistência à Ucrânia. O Conselho Europeu saúda a criação de um ponto focal para a coordenação dos esforços, que deverá apoiar a transição estrutural na Ucrânia com a participação da comunidade internacional e das instituições financeiras internacionais.

28. A União Europeia enaltece a resposta ponderada dada pela Ucrânia até agora. O Conselho Europeu congratula‑se com o compromisso do Governo ucraniano de assegurar o  caráter representativo e  inclusivo das estruturas do Estado, ref letindo a diversidade regional, garantir a plena proteção dos direitos das pessoas pertencentes a minorias nacionais, empreender a  reforma da Constituição, investigar todas as violações dos direitos humanos e todos os atos de violência e combater o extremismo. Neste contexto, a União Europeia incentiva o Governo da Ucrânia a  velar por que as eleições presidenciais de 25 de maio sejam livres e justas.

29. A União Europeia continua empenhada em apoiar a  soberania e  a integridade territorial da Ucrânia. O Conselho Europeu não reconhece o referendo ilegal na Crimeia, realizado em clara violação da Constituição ucraniana. Condena veementemente a anexação ilegal da Crimeia e de Sebastopol à Federação da Rússia e não a reconhecerá. O Conselho Europeu solicita à Comissão que avalie as consequências jurídicas da anexação da Crimeia e  que proponha restrições económicas, comerciais e financeiras em relação à Crimeia com vista à sua rápida implementação.

30. Nestas circunstâncias, e  na ausência de quaisquer medidas no sentido de inverter a escalada da situação, o Conselho Europeu acorda em alargar a lista de pessoas sujeitas à proibição de visto e ao congelamento de bens. O Conselho Europeu decide cancelar a próxima cimeira UE‑Rússia e  regista que os Estados‑Membros não realizarão por ora quaisquer cimeiras bilaterais. Além disso, o Conselho Europeu e os Estados‑Membros apoiam a próxima reunião dos países do G7 que se realizará na Haia. Apoiam igualmente a suspensão das negociações sobre a adesão da Rússia à OCDE e à AIE.

31. O Conselho Europeu está firmemente convicto de que não é admissível o uso da força e da coerção para alterar fronteiras na Europa do século XXI. Os atos da Rússia constituem uma clara violação do processo de Helsínquia, que nos últimos 40 anos contribuiu para ultrapassar divisões na Europa e para construir um continente unido e  pacífico. O  Conselho Europeu deplora que a  Rússia ainda não tenha tomado medidas para atenuar a  crise e que não tenham sido ainda iniciadas negociações entre a Ucrânia e a Federação da Rússia. Insta a que se chegue rapidamente a  um acordo no sentido de enviar uma missão da OSCE à Ucrânia no mais breve prazo possível, a fim de ajudar a estabilizar a situação. Nesse contexto, o Conselho Europeu pede à Alta Representante que elabore urgentemente planos para um contributo da UE no sentido

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de facilitar o trabalho da missão da OSCE. Na ausência de um acordo nos próximos dias sobre uma missão credível da OSCE, a UE preparará uma missão da UE.

32. A União Europeia tem uma responsabilidade especial pela paz e pela estabilidade na Europa, e irá continuar na primeira linha dos esforços para mediar e estabelecer um verdadeiro diálogo que envolva a Ucrânia e a Rússia, inclusive através da criação de um mecanismo multilateral, com vista a encontrar uma solução política.

33. O Conselho Europeu recorda que quaisquer novos passos da Federação da Rússia no sentido de desestabilizar a situação na Ucrânia terão consequências suplementares e de grande alcance nas relações entre a União Europeia e os seus Estados‑Membros, por um lado, e a Federação da Rússia, por outro, num amplo leque de setores económicos. Neste contexto, o  Conselho Europeu solicita à Comissão e aos Estados‑Membros que preparem possíveis medidas específicas.

34. A União Europeia reconfirma o seu objetivo de continuar a fortalecer a associação política e a integração económica com a Geórgia e a República da Moldávia. Confirmamos a nossa intenção de assinar até junho de 2014, o mais tardar, os acordos de associação (incluindo as Zonas de Comércio Livre Abrangente e  Aprofundado) que rubricámos em Vílnius no passado mês de novembro.

Relações UE‑África35. Na perspetiva da 4.ª Cimeira UE‑África de 2 e 3 de abril

de  2014, a  União Europeia continua empenhada em construir uma parceria entre iguais com África e  em reforçar as relações em todos os domínios pertinentes em resposta à crescente interdependência entre a União Europeia e  África. O  Conselho Europeu manifesta a disponibilidade da UE para continuar a cooperar com os seus parceiros africanos na promoção do comércio e do desenvolvimento, da democracia e da boa governação, do Estado de direito e dos direitos humanos. Salienta igualmente a  importância de tratar a  questão das migrações e da mobilidade, incluindo a migração ilegal e a luta contra o contrabando de migrantes e o tráfico de seres humanos, num espírito de responsabilidade partilhada entre os países de trânsito, origem e destino.

36. O Conselho Europeu sublinha em particular que o apoio internacional contínuo aos parceiros africanos no domínio da segurança continua a ser crucial e incentiva outros doadores a participarem na repartição do ónus. Nessa conformidade, a  União Europeia continuará a prestar apoio operacional através das suas missões civis e operações militares no domínio da gestão de crises, a pedido dos países em causa e em estreita cooperação com outros atores regionais e  internacionais. Neste contexto, salienta a urgência de mobilizar apoio financeiro e  operacional para a  Missão Internacional de Apoio à  República Centro‑Africana sob liderança africana (MISCA) e reafirma o empenhamento da União em projetar a  sua operação EUFOR RCA nas próximas semanas.

37. A União Europeia analisará igualmente formas e meios de apoiar iniciativas africanas de desenvolvimento de capacidades, que irão reforçar a  Arquitetura Africana de Paz e Segurança e permitir aos parceiros africanos prevenir conf litos e dar resposta a crises de forma rápida e eficaz. O Conselho Europeu incentiva a prossecução dos trabalhos a  nível da UE para reforçar o  apoio ao desenvolvimento de capacidades africanas de forma abrangente e sistemática englobando o aconselhamento, o  enquadramento, a  formação e  o equipamento. O  Conselho Europeu convida a  Alta Representante a  formular novas propostas a  este respeito, inclusive sobre uma possível central para o  fornecimento de equipamentos de apoio à formação prestada pela UE.

Sri Lanca38. O Conselho Europeu continua empenhado na

responsabilização, na reconciliação e  nos direitos humanos universais no Sri Lanca. O Conselho Europeu apela à adoção de uma resolução sobre o Sri Lanca no Conselho dos Direitos do Homem que preveja uma investigação internacional aos alegados crimes de guerra praticados por ambas as partes durante a guerra, tal como recomendado pelo alto‑comissário da ONU para os Direitos do Homem.

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1. Hoje debatemos a situação na sequência das eleições presidenciais que tiveram lugar a 25 de maio na Ucrânia. Recordamos, e voltamos a confirmar, a nossa declaração de 6 de março e as nossas conclusões de 21 de março. Saudamos a realização das eleições como manifestação da vontade do povo ucraniano. As eleições presidenciais caracterizaram‑se por uma grande af luência às urnas e uma clara determinação das autoridades em realizar eleições genuínas, amplamente conformes com os compromissos internacionais e  respeitadoras das liberdades fundamentais, apesar das condições de segurança adversas em duas regiões do leste do país. Exortamos todas as partes a aceitarem o resultado das eleições e esperamos poder colaborar estreitamente com o novo presidente.

2. Continuamos a  ser firmes partidários da soberania e  integridade territorial da Ucrânia e  condenamos veementemente a  anexação ilegal da Crimeia e  de Sebastopol à Federação da Rússia, anexação essa que não reconheceremos. Reafirmamos a adesão da União Europeia à declaração conjunta de Genebra de 17 de abril, e saudamos o papel que a Missão Especial de Observação da OSCE teve ao contribuir para a sua implementação, bem como os esforços até agora empreendidos nesse sentido pelas autoridades da Ucrânia. À luz dos últimos acontecimentos, reiteramos o nosso apelo à Federação da Rússia para que tome medidas para implementar plenamente a declaração conjunta de Genebra. Apoiamos também por completo os esforços complementares da OSCE e do seu presidente em exercício, assegurando ao mesmo tempo a apropriação da Ucrânia. Os esforços desenvolvidos por todas as partes deverão ter por meta encontrar uma solução política para a crise, pondo fim à  violência e  às tensões no leste da Ucrânia, e  incluir o desarmamento de todos os grupos armados ilegais e a amnistia para todos os que entreguem voluntariamente as armas e não tenham cometido crimes graves. Registamos,

com preocupação, a deterioração da situação dos direitos humanos na Crimeia desde a sua anexação ilegal pela Federação da Rússia.

3. Esperamos que a  Federação da Rússia coopere com o recém‑eleito presidente legítimo, prossiga a retirada das forças armadas da fronteira ucraniana e use a sua inf luência sobre os separatistas armados no sentido de desanuviar a  situação no leste da Ucrânia. Como prioridade, a  Federação da Rússia deverá impedir a passagem de separatistas e de armas para a Ucrânia. Neste contexto e tendo em vista consolidar uma solução política, incentivamos a Federação da Rússia a encetar um diálogo franco e aberto.

4. Exortamos as autoridades da Ucrânia, com base na legitimidade do presidente recém‑eleito, a manterem uma atitude de abertura para com a população e a sociedade civil de todas as regiões da Ucrânia, inclusive no quadro de mesas redondas de diálogo nacional. Congratulamo‑nos com o  memorando de paz e  concórdia adotado pelo Parlamento da Ucrânia em 20 de maio. Neste processo, é essencial a condução de reformas rápidas e inclusivas de cariz constitucional e descentralizador, aproveitando as competências pertinentes do Conselho da Europa. É  preciso prosseguir os esforços de reforma no que respeita ao aparelho judicial, ao ministério público e ao sector da segurança, bem como no domínio da luta contra a corrupção. A União Europeia está pronta a apoiar esses esforços. Os direitos das pessoas pertencentes a minorias nacionais devem ser plenamente garantidos em conformidade com as normas pertinentes do Conselho da Europa.

5. Continuaremos a  prestar assistência à  Ucrânia para ajudar a estabilizar a situação macroeconómica e realizar reformas económicas estruturais. Para o efeito, a Comissão criou um grupo de apoio à Ucrânia específico, a fim de ajudar as autoridades ucranianas a concretizarem uma

JANTAR INFORMAL DOS CHEFES DE ESTADO E DE GOVERNO —

27 DE MAIO DE 2014

Declaração sobre a Ucrânia

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agenda europeia de reforma conjuntamente acordada, em coordenação com os Estados‑Membros, os doadores internacionais e a sociedade civil. Saudamos a criação da plataforma de doadores internacionais liderada pela União Europeia, bem como a intenção de realizar em Bruxelas, antes do verão, uma reunião de coordenação a alto nível. Já foram aplicadas várias medidas, nomeadamente o primeiro desembolso da assistência macrofinanceira, que totaliza agora 1,61 mil milhões de euros, e a assinatura de um contrato de apoio à construção do Estado entre a Comissão Europeia e o Governo da Ucrânia.

6. Reiteramos o nosso empenho em reforçar os contactos interpessoais entre os cidadãos da União Europeia e da Ucrânia, nomeadamente mediante o processo de liberalização de vistos, num ambiente seguro e bem gerido e desde que estejam reunidas todas as condições, em consonância com as condições acordadas no quadro do plano de ação para a liberalização de vistos. A Comissão apresentou um relatório em que recomenda passar à fase 2 do processo de liberalização de vistos, no sentido de

conceder a isenção de vistos aos cidadãos da Ucrânia logo que esteja devidamente terminado o processo de liberalização de vistos.

7. Importa que o Governo da Ucrânia melhore o equilíbrio macroeconómico e  o clima empresarial e  erradique a  corrupção. Os parceiros internacionais, incluindo a  Federação da Rússia, deverão contribuir para estes esforços de estabilização. Para a  estabilização da economia da Ucrânia, é  importante chegar a  acordo sobre as condições do fornecimento de gás da Federação da Rússia à  Ucrânia. Esperamos que as conversações em curso, facilitadas pela União Europeia, sejam concluídas dentro em breve. Reiteramos que têm de ser respeitados os contratos de fornecimento de gás da Rússia à União Europeia.

8. Registamos que estão em curso os trabalhos preparatórios da Comissão e  do SEAE sobre eventuais medidas direcionadas e acordamos em continuar os preparativos de possíveis novas medidas nesse sentido, caso os acontecimentos o exijam.

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I. LIBERDADE, SEGURANÇA E JUSTIÇA1. Um dos principais objetivos da União é a construção de

um espaço de liberdade, segurança e justiça sem fronteiras internas, no pleno respeito pelos direitos fundamentais. Para o efeito, há que tomar medidas políticas coerentes em matéria de asilo, imigração, fronteiras e cooperação policial e judiciária, de acordo com os tratados e os protocolos pertinentes.

2. Todas as dimensões de uma Europa que protege os seus cidadãos e confere direitos efetivos às pessoas dentro e fora da União estão interligadas. O êxito ou o fracasso numa determinada área depende do desempenho noutros domínios, bem como das sinergias com domínios de ação conexos. A resposta a muitos dos desafios que se colocam no espaço de liberdade, segurança e  justiça está nas relações com os países terceiros, o que exige uma melhoria da articulação entre as políticas interna e externa da UE. A cooperação entre as instituições e os organismos da UE terá de ref letir isso mesmo.

3. Com base nos programas anteriores, a  prioridade geral consiste agora em transpor com coerência e em implementar e consolidar com eficácia os instrumentos jurídicos e as medidas em vigor. Será essencial intensificar a cooperação operacional, aproveitando em simultâneo o potencial das inovações das tecnologias da informação e da comunicação, reforçar o papel das diferentes agências da UE e assegurar a utilização estratégica dos fundos da União.

4. Ao desenvolver o  espaço de liberdade, segurança e justiça durante os próximos anos, será crucial garantir a  proteção e  a promoção dos direitos fundamentais, nomeadamente no domínio da proteção de dados, atender simultaneamente às preocupações em matéria de segurança, também nas relações com os países terceiros, e  adotar até 2015 um sólido quadro geral da UE em matéria de proteção de dados.

5. Face a desafios como a instabilidade que se vive em muitas partes do mundo, bem como as tendências demográficas globais e europeias, a União precisa que a sua política de migração, de asilo e de fronteiras seja eficaz e bem gerida, orientada pelos princípios da solidariedade e da partilha equitativa de responsabilidades, em conformidade com o artigo 80.º do TFUE e a sua implementação efetiva. É  necessária uma abordagem global que otimize os benefícios da migração legal e  ofereça proteção aos que dela necessitam, lutando ao mesmo tempo com determinação contra a migração irregular e gerindo com eficiência as fronteiras externas da UE.

6. Para continuar a ser um destino atrativo para talentos e  capacidades, a  Europa tem de elaborar estratégias para maximizar as possibilidades de migração legal por meio de regras coerentes e eficientes, informadas por um diálogo com a comunidade empresarial e os parceiros sociais. A União deverá também apoiar os esforços dos Estados‑Membros para prosseguir políticas de integração ativas que promovam a  coesão social e  o dinamismo económico.

O Conselho Europeu chegou a acordo no sentido de propor Jean‑Claude Juncker ao Parlamento Europeu como candidato à Presidência da Comissão Europeia. Neste contexto, aprovou a agenda estratégica das principais prioridades para os próximos cinco anos. Convidou as instituições da UE e os Estados‑Membros a porem integralmente em prática estas prioridades nos seus trabalhos.

O Conselho Europeu definiu as orientações estratégicas da programação legislativa e operacional para os próximos anos no espaço de liberdade, segurança e  justiça (ver adiante no capítulo I), tendo também abordado algumas questões horizontais conexas. Concluiu o Semestre Europeu de 2014 e apelou a um esforço suplementar no sentido de aumentar a capacidade da Europa de gerar crescimento e criar mais postos de trabalho. O Conselho Europeu fez um balanço dos progressos no sentido de se tomar em outubro uma decisão definitiva sobre o quadro relativo ao clima e à energia para 2030 e apoiou a  imediata execução de uma série de medidas da maior urgência para aumentar a resiliência da Europa e a sua segurança energética. No âmbito da preparação da reunião do Conselho Europeu de outubro, solicitou‑se ao Conselho que estudasse outras medidas a médio e longo prazo para reforçar a segurança energética da UE.

O Conselho Europeu congratulou‑se com a  assinatura dos acordos de associação, incluindo as zonas de comércio livre abrangentes e aprofundadas, entre a União Europeia e a Geórgia e a República da Moldávia, bem como com a assinatura da parte remanescente do acordo de associação e a zona de comércio livre abrangente e aprofundada, entre a União Europeia e a Ucrânia.

* * *

CONSELHO EUROPEU — 26 E 27 DE JUNHO DE 2014

Conclusões

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7. O empenhamento da União na proteção internacional exige uma política de asilo sólida baseada nos princípios da solidariedade e da responsabilidade. A plena transposição e a implementação efetiva do Sistema Europeu Comum de Asilo (SECA) constituem uma prioridade absoluta. Este processo deverá resultar em normas comuns de nível elevado e numa maior cooperação, que criem condições equitativas de molde a dar aos requerentes de asilo as mesmas garantias processuais e a mesma proteção em toda a União. Deverá ser acompanhado por um reforço do papel do Gabinete Europeu de Apoio em matéria de Asilo (EASO), em particular através da promoção da aplicação uniforme do acervo. A convergência de práticas reforçará a confiança mútua e permitirá que se passe às etapas seguintes.

8. Agir sobre as causas profundas dos f luxos de migração irregular constitui uma parte essencial da política de migração da UE. Essa atuação, juntamente com a prevenção e o combate à migração irregular, contribuirá para evitar a perda de vidas dos migrantes que se lançam em viagens perigosas. Só poderá ser encontrada uma solução sustentável se for intensificada a  cooperação com os países de origem e de trânsito, inclusive mediante a prestação de assistência com vista a reforçar as suas capacidades de gestão da migração e  das fronteiras. As políticas de migração têm de assumir muito maior destaque como parte integrante da política externa e da política de desenvolvimento da União, aplicando o  princípio «mais por mais» e  tomando por base a Abordagem Global para a Migração e a Mobilidade. Deverá ser dada especial atenção aos seguintes elementos:• reforçar e alargar os programas regionais de proteção,

em particular na proximidade das regiões de origem, em estreita colaboração com o ACNUR, aumentar os contributos para os esforços de reinstalação a nível mundial, nomeadamente tendo em conta a  crise prolongada na Síria;

• combater com mais firmeza o contrabando e o tráfico de seres humanos, centrando‑se nos países e rotas prioritários;

• estabelecer uma política comum de regresso efetiva e cumprir as obrigações em matéria de readmissão contidas nos acordos com países terceiros;

• implementar integralmente as ações identificadas pelo grupo de missão para o Mediterrâneo.

9. O espaço Schengen, que permite que as pessoas viajem sem controlos nas fronteiras internas, e o número cada vez maior de pessoas que se deslocam para a UE exigem uma gestão eficaz das fronteiras externas comuns da União Europeia, a fim de garantir uma forte proteção. A União tem de mobilizar todos os instrumentos à sua disposição para apoiar os Estados‑Membros nessa tarefa. Para o efeito:• a gestão integrada das fronteiras externas deve ser

modernizada de forma eficiente em termos de custos, a fim de garantir uma gestão inteligente das fronteiras com um sistema de entrada/saída e um programa de viajantes registados, com o apoio da nova Agência

Europeia para a Gestão Operacional de Sistemas Informáticos de Grande Escala (eu‑LISA);

• a Frontex, enquanto instrumento da solidariedade europeia no domínio da gestão das fronteiras, deve reforçar a sua assistência operacional, em particular para apoiar os Estados‑Membros que sofrem mais pressões nas fronteiras externas, e melhorar a sua capacidade de reação face a uma evolução rápida dos f luxos migratórios, tirando pleno partido do novo Sistema Europeu de Vigilância das Fronteiras (Eurosur);

• no contexto do desenvolvimento da Frontex a longo prazo, deve ser considerada a possibilidade de criar um sistema europeu de guardas de fronteira para reforçar as capacidades de controlo e vigilância nas nossas fronteiras externas.

Paralelamente, há que modernizar a política comum de vistos facilitando as deslocações legítimas e reforçando a cooperação consular Schengen a nível local, mantendo embora um elevado nível de segurança e aplicando o novo sistema de governação Schengen.

10. É essencial garantir um verdadeiro espaço de segurança para os cidadãos europeus, através da cooperação policial operacional e da prevenção e luta contra a criminalidade grave e  organizada, incluindo o  tráfico de seres humanos e  o contrabando, bem como a  corrupção. Simultaneamente, é necessário que a UE siga uma política eficaz de combate ao terrorismo — em que todos os intervenientes relevantes cooperem estreitamente — que integre os aspetos internos e externos da luta contra o  terrorismo. Neste contexto, o  Conselho Europeu reafirma o papel do coordenador da luta antiterrorista da UE. Na sua luta contra a criminalidade e o terrorismo, a União deve apoiar as autoridades nacionais mobilizando todos os instrumentos de cooperação judiciária e policial, devendo a  Europol e  a Eurojust assumir um papel reforçado de coordenação, nomeadamente através:• da revisão e atualização da estratégia de segurança

interna até meados de 2015;• da melhoria do intercâmbio transfronteiras de

informações, nomeadamente sobre registos criminais;• do desenvolvimento contínuo de uma abordagem

abrangente da cibersegurança e da cibercriminalidade;• da prevenção da radicalização e  do extremismo

e de medidas contra o fenómeno dos combatentes estrangeiros, nomeadamente através da utilização efetiva dos instrumentos existentes de emissão de indicações à escala da UE e do desenvolvimento de instrumentos como o  sistema de registo de identificação dos passageiros da UE.

11. O bom funcionamento de um verdadeiro espaço de justiça europeu, no respeito dos diferentes sistemas e tradições jurídicos dos Estados‑Membros, é  vital para a  UE. Neste contexto, há que continuar a reforçar a confiança mútua nos respetivos sistemas de justiça. Uma política europeia sólida em matéria de justiça contribuirá para o crescimento económico, ajudando as empresas e os

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consumidores a beneficiar de um clima empresarial fiável no mercado interno. São necessárias novas medidas para:• promover a coerência e a clareza da legislação da UE

para os cidadãos e as empresas;• simplificar o acesso à justiça; promover vias de recurso

efetivas e  a utilização de inovações tecnológicas, nomeadamente o recurso à justiça eletrónica;

• continuar a envidar esforços para reforçar os direitos dos suspeitos e arguidos em processo penal;

• analisar o  reforço dos direitos das pessoas, nomeadamente das crianças, nos processos judiciais a fim de facilitar a execução de decisões em direito da família e  em matéria civil e  comercial com implicações transfronteiras;

• reforçar a proteção das vítimas;• reforçar o  reconhecimento mútuo das decisões

e sentenças em matéria civil e penal;• reforçar o  intercâmbio de informações entre as

autoridades dos Estados‑Membros;• lutar contra os comportamentos fraudulentos e lesivos

para o orçamento da UE, nomeadamente fazendo avançar as negociações sobre a Procuradoria europeia;

• facilitar as atividades transfronteiras e a cooperação operacional;

• reforçar a formação dos profissionais da justiça;• mobilizar as competências especializadas das

agências pertinentes da UE, como a  Eurojust e  a Agência dos Direitos Fundamentais (FR A).

12. Sendo uma das liberdades fundamentais da União Europeia, o  direito dos cidadãos da UE de circular livremente, residir e trabalhar noutros Estados‑Membros tem de ser protegido, nomeadamente de eventuais utilizações abusivas ou pedidos fraudulentos.

13. O Conselho Europeu convida as instituições da UE e os Estados‑Membros a assegurarem um seguimento legislativo e  operacional adequado das presentes orientações e procederá a uma revisão intercalar em 2017.

II. CRESCIMENTO, COMPETITIVIDADE E EMPREGO

A. O SEMESTRE EUROPEU14. Os recentes sinais de recuperação económica são

encorajadores e demonstram que os esforços conjuntos envidados pelos Estados‑Membros e pelas instituições da UE começam a  surtir efeito. Há uma retoma do crescimento e regista‑se um ligeiro aumento do emprego, embora em muitas regiões da Europa o desemprego — em especial o desemprego dos jovens — se mantenha a níveis inéditos e inaceitáveis. A pobreza e a exclusão social continuam a ser grandes preocupações.

15. Graças aos esforços dos Estados‑Membros, verificaram‑se progressos em matéria de correção dos desequilíbrios macroeconómicos e  as finanças públicas continuam a registar melhorias. O Conselho Europeu congratula‑se

com a revogação do procedimento por défice excessivo de vários Estados‑Membros. Deverão ser exploradas as possibilidades oferecidas pelo atual quadro orçamental da UE para estabelecer um equilíbrio entre a disciplina orçamental e  a necessidade de apoiar o  crescimento. Tendo em conta os níveis persistentemente elevados da dívida pública e do desemprego, e o baixo crescimento nominal do PIB, bem como os desafios do envelhecimento da sociedade e do apoio à criação de postos de trabalho, particularmente para os jovens, é necessário prosseguir uma consolidação orçamental diferenciada e favorável ao crescimento. Deverá ser dada especial atenção às reformas estruturais que reforcem o  crescimento e  aumentem a sustentabilidade orçamental, nomeadamente através de uma avaliação adequada das medidas orçamentais e das reformas estruturais, fazendo a melhor utilização da f lexibilidade que integra as atuais regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento. Neste contexto, a Comissão apresentará ao Parlamento Europeu e ao Conselho, até 14 de dezembro de 2014, um relatório sobre a aplicação do quadro de governação da UE, tal como previsto no direito da União — pacote de seis e pacote de duas medidas legislativas («6‑Pack» e «2‑Pack»).

16. A recuperação permanece frágil e desigual, o que exige que o esforço para implementar as reformas estruturais favoráveis ao crescimento seja prosseguido e intensificado, a fim de aumentar a capacidade da Europa para gerar crescimento e criar mais e melhores postos de trabalho. São necessárias novas medidas para reduzir a carga fiscal sobre o trabalho, para proceder à reforma dos mercados de bens e serviços e das administrações públicas, para melhorar o  ambiente da atividade empresarial e  em matéria de investigação, desenvolvimento e  inovação (IDI), para facilitar o acesso ao financiamento, e para melhorar o  funcionamento das indústrias de rede e reformar os sistemas educativos.

17. Neste contexto, o  Conselho Europeu aprovou na generalidade as recomendações específicas por país, tendo assim concluído o  Semestre Europeu de  2014. A implementação dessas recomendações é determinante para acelerar o crescimento. Com base nos princípios da apropriação nacional e  do diálogo social, os Estados‑Membros deverão respeitar as recomendações ao tomarem as suas próximas decisões em matéria orçamental, de reformas estruturais e de política social e de emprego. O Conselho e a Comissão continuarão a  acompanhar a  implementação das recomendações específicas por país e  tomarão as medidas que se afigurarem necessárias.

Adequação da regulamentação18. Com base na comunicação da Comissão, o Conselho

Europeu analisou os progressos no domínio da adequação e  eficácia da regulamentação. Registou‑se um grande avanço na execução do programa REFIT por parte da Comissão, das outras instituições da UE e dos Estados‑Membros, o que permitiu reduzir efetivamente a carga regulamentar. O Conselho Europeu considera que a adequação da regulamentação deve continuar a ser uma

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prioridade nos trabalhos das instituições. Tal requer um compromisso firme em matéria de simplificação e redução da carga regulamentar nos trabalhos legislativos e uma melhor utilização da avaliação de impacto e da avaliação ex‑post ao longo de todo o ciclo legislativo, a nível nacional e da UE.

19. As medidas de adequação da regulamentação a nível europeu deverão ser complementadas por iniciativas nesse domínio por parte dos Estados‑Membros. A este respeito, os Estados‑Membros deverão utilizar plenamente a f lexibilidade regulamentar a favor das pequenas e médias empresas na execução da legislação da UE.

20. O Conselho Europeu apela ao Conselho para que proceda a  uma análise pormenorizada da comunicação da Comissão. Convidam‑se a Comissão, as outras instituições da UE e  os Estados‑Membros a prosseguirem a implementação do programa REFIT de uma forma ambiciosa, tomando em conta a proteção dos consumidores e dos trabalhadores, bem como as preocupações em matéria de saúde e de ambiente.

B. CLIMA E ENERGIA21. O Conselho Europeu fez um balanço dos progressos no

sentido de se tomar em outubro uma decisão definitiva sobre o quadro relativo ao clima e à energia para 2030, em conformidade com as suas conclusões  de  março de 2014. Nesse contexto, o Conselho Europeu sublinhou a importância de desenvolver rapidamente os principais elementos do quadro e aguarda com particular interesse a revisão da Diretiva Eficiência Energética, que a Comissão deverá apresentar até ao mês de julho, e a sua análise do modo como a  eficiência energética pode contribuir para o quadro relativo ao clima e à energia para 2030. O Conselho Europeu reafirma a importância de que se reveste a Cimeira da ONU sobre o clima, que se realizará em setembro de 2014, e confirma que a meta específica da UE para 2030 em termos de redução das emissões de gases com efeito de estufa estará em plena conformidade com o ambicioso objetivo da UE acordado para 2050.

22. O Conselho Europeu congratulou‑se com a estratégia europeia de segurança energética (EESE) apresentada pela Comissão e procedeu a um primeiro debate sobre a mesma. A EESE está estreitamente associada ao quadro relativo ao clima e  à energia para  2030. O  Conselho Europeu exorta a que seja feito um maior esforço para reduzir a  elevada dependência energética da Europa e apoia a imediata execução de uma série de medidas da maior urgência para aumentar a resiliência da Europa e a sua segurança energética a curto prazo, antes ainda do inverno de 2014/2015. Em particular, o Conselho Europeu acorda no seguinte:• em função das análises do risco das roturas do

abastecimento a  curto prazo, serão reforçados os mecanismos de emergência e  solidariedade, nomeadamente o  armazenamento de gás, a infraestrutura de emergência e os f luxos em sentido inverso, a fim de reduzir esse risco, sobretudo nos Estados‑Membros mais vulneráveis;

• tendo em vista o reforço da segurança energética da UE, devem ser prosseguidos os investimentos pertinentes em infraestruturas energéticas, incluindo os que envolvem países terceiros, no pleno respeito de todas as regras da UE no domínio do mercado interno e da concorrência, que devem ser aplicadas de forma coerente;

• a UE irá colaborar com os seus parceiros internacionais para reduzir o  risco de roturas no aprovisionamento de energia;

• a Comunidade da Energia, que visa tornar extensivo aos países do alargamento e  aos países vizinhos o acervo da UE em matéria de energia, deverá ser reforçada, de modo a garantir a aplicação do acervo nos referidos países.

Tendo em vista a reunião do Conselho Europeu a realizar em outubro, o Conselho Europeu solicitou ao Conselho que, com base na EESE apresentada pela Comissão, estude outras medidas a médio e longo prazo para reforçar a  segurança energética da UE. O  Conselho Europeu sublinhou a  importância da eficiência energética, de um maior desenvolvimento da produção interna, de prosseguir a implementação e a integração do mercado europeu da energia com base numa abordagem regional, do aumento da transparência no mercado do gás, e do incentivo à criação das infraestruturas em falta para pôr termo a  qualquer isolamento dos Estados‑Membros em relação às redes europeias de gás e eletricidade até 2015. De acordo com o objetivo de completar o mercado europeu da energia até finais de 2014 deve ser aumentada a  interconectividade, nomeadamente através de uma análise mais aprofundada da nova meta em matéria de interconexão proposta pela Comissão.

23. O Conselho Europeu tomará, o mais tardar em outubro de  2014, uma decisão definitiva quanto ao novo quadro estratégico para o  clima e  a energia, inclusive sobre eventuais novas medidas destinadas a aumentar a segurança energética da Europa e os objetivos específicos de interconexão para 2030. Serão envidados todos os esforços para respeitar este prazo acordado.

24. O Conselho Europeu apoia também a iniciativa tomada pelo G7 de Roma em matéria de energia, por meio da qual deverão ser postas em prática políticas destinadas a criar um sistema energético mais competitivo, diversificado e resiliente e com menores emissões de gases com efeito de estufa, promovendo a utilização de tecnologias seguras e sustentáveis.

III. PRÓXIMO CICLO INSTITUCIONAL25. O Conselho Europeu adotou a  decisão que propõe

ao Parlamento Europeu Jean‑Claude Juncker como candidato à  Presidência da Comissão Europeia. O presidente do Conselho Europeu realizará consultas tendo em vista outras nomeações a efetuar.

26. O Conselho Europeu chegou a acordo sobre a agenda estratégica em anexo. Convida as instituições da UE e os Estados‑Membros a  porem integralmente em prática

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estas prioridades nos seus trabalhos. A agenda orientará igualmente as instituições no que respeita à programação anual e plurianual, bem como à programação legislativa; as instituições deverão organizar os seus trabalhos em conformidade. O Conselho Europeu assegurará o regular acompanhamento da implementação destas prioridades estratégicas.

27. O Reino Unido manifestou algumas preocupações quanto ao desenvolvimento futuro da UE. Será necessário dar resposta a essas preocupações.

Neste contexto o  Conselho Europeu registou que o conceito de uma União cada vez mais estreita permite diferentes vias de integração para diferentes países, possibilitando o  avanço daqueles que pretendem aprofundar a integração, e respeitando simultaneamente o desejo daqueles que não pretendem ir mais longe no aprofundamento.

Assim que a nova Comissão Europeia estiver efetivamente constituída o Conselho Europeu debruçar‑se‑á sobre o  processo de nomeação do presidente da Comissão Europeia no futuro, no respeito dos tratados europeus.

IV. DIVERSOS28. O Conselho Europeu saudou a Lituânia pelo grau de

convergência atingido, com base em políticas económicas, orçamentais e  financeiras sólidas, bem como pelo cumprimento de todos os critérios de convergência estabelecidos no Tratado. Aprovou ainda a proposta da Comissão de que a Lituânia adote o euro em 1 de janeiro de 2015.

Ucrânia29. Recordando as declarações dos chefes de Estado e de

Governo de 6 de março e de 27 de maio, as conclusões do Conselho Europeu de 21 de março e as conclusões do Conselho dos Negócios Estrangeiros sobre a Ucrânia de 23 de junho, o Conselho Europeu manifesta o seu apoio ao plano de paz anunciado pelo presidente Porochenko na semana passada. Toma nota da declaração em que o presidente da Rússia manifesta o seu apoio de princípio ao plano de paz, e da decisão do Conselho da Federação de revogar a autorização para usar forças russas para intervir militarmente na Ucrânia.

30. O Conselho Europeu lamenta que o cessar‑fogo — que está a  ser respeitado pelas autoridades ucranianas — não tenha conduzido à cessação total das hostilidades militares. Por conseguinte, exorta todas as partes a empenharem‑se genuinamente na aplicação do plano de paz e a consolidarem a cessação das atividades militares. O Conselho Europeu insta a Federação da Rússia a usar ativamente a sua inf luência sobre os grupos armados ilegais e a pôr termo ao f luxo de armas e militantes que atravessa a  fronteira, para que possam ser alcançados resultados rápidos e tangíveis na inversão da escalada de violência. O Conselho Europeu apoia o acompanhamento pela OSCE da aplicação do plano de paz, bem como o papel que esta desempenha no apoio ao cessar‑fogo e ao estabelecimento de controlos eficazes nas fronteiras.

31. O Conselho Europeu volta a  confirmar o  seu empenhamento no apoio ao processo de estabilização económica da Ucrânia e  saúda os dois recentes desembolsos significativos da Comissão, num total de 750 milhões de euros, no âmbito do contrato de apoio à consolidação do Estado e da assistência macrofinanceira. Neste contexto, o  Conselho aguarda com expetativa a  reunião de alto nível de coordenação de doadores, dedicada à  Ucrânia, que se realizará em Bruxelas a 8 de julho.

32. Na sequência das suas conclusões de março e da decisão de não reconhecer a  anexação ilegal da Crimeia e  de Sebastopol, o  Conselho Europeu saúda o  trabalho empreendido pela Comissão para a  execução desta política e a decisão de proibir a importação de mercadorias originárias da Crimeia e  de Sebastopol que não disponham de um certificado ucraniano.

33. O Conselho Europeu recorda que a Comissão Europeia, o  SEAE e  os Estados‑Membros têm estado a  efetuar trabalhos preparatórios sobre medidas específicas, tal como solicitado pelo Conselho Europeu em março, de modo a que possam ser tomadas novas medidas com a maior brevidade. Neste contexto, o Conselho Europeu espera que, até segunda‑feira, 30 de junho, tenham sido feitas as seguintes diligências:• acordo sobre um mecanismo de verificação,

acompanhado pela OSCE, para o cessar‑fogo e o controlo efetivo das fronteiras;

• restituição dos três postos de controlo de fronteira (Izvarino, Dolzhanskiy, Krasnopartizansk) às autoridades ucranianas;

• libertação dos reféns, inclusive de todos os observadores da OSCE;

• abertura de negociações de fundo sobre a implementação do plano de paz do presidente Poroshenko.

O Conselho avaliará a situação e, caso as circunstâncias o exijam, tomará as decisões necessárias.

O Conselho Europeu sublinha o seu empenhamento em voltar a reunir‑se a qualquer momento para tomar novas medidas restritivas de relevo.

34. O Conselho Europeu subscreveu as conclusões do Conselho de 24 de junho de 2014 sobre a Albânia.

ANEXO I

AGENDA ESTRATÉGICA DA UNIÃO EUROPEIA EM TEMPOS DE MUDANÇAAs eleições europeias de maio de 2014 deram início a um novo ciclo legislativo. Esta renovação política chega precisamente numa altura em que os nossos países estão a emergir de vários anos de crise económica e  em que aumentou o  desencanto da população em relação à política. É o momento certo para definirmos as prioridades da União e a forma como pretendemos que ela funcione.

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O Conselho Europeu chegou hoje a acordo em relação a cinco grandes prioridades que orientarão os trabalhos da União Europeia ao longo dos próximos cinco anos: economias mais fortes com mais emprego; sociedades aptas a capacitar e proteger os cidadãos; um futuro seguro em matéria de energia e de clima; um espaço de liberdades fundamentais em que se pode confiar; uma ação comum eficaz a nível mundial.É essencial uma atuação nestes domínios, atendendo aos importantes desafios com que as nossas sociedades se irão confrontar. Embora a recuperação na Europa esteja a ganhar terreno, o  desemprego continua a  ser a  nossa principal preocupação — especialmente o desemprego dos jovens — e as desigualdades estão a aumentar. Entretanto, a economia global está a mudar rapidamente. Na era digital, a corrida à inovação, às competências e aos mercados obriga a que, para prosperarem, todos os nossos países tenham de estar preparados e  de se adaptar. A escassez de recursos naturais, os preços da energia e o impacto das alterações climáticas constituem desafios da maior importância; a atual dependência energética da Europa é uma vulnerabilidade. Em todo o mundo, a radicalização e o extremismo constituem motivos de preocupação. A estabilidade geopolítica nas nossas próprias fronteiras não pode ser considerada um dado adquirido. As tendências demográficas são problemáticas, com o envelhecimento das populações a exercer uma pressão adicional sobre os nossos sistemas de proteção social e os f luxos de migração irregular a exigirem respostas comuns e uma ação concertada.Neste contexto, a primeira finalidade do trabalho da União durante os próximos anos tem de ser equipar as nossas sociedades para enfrentar o futuro e fomentar a confiança.Os países da Europa estão numa situação única para forjar a mudança — quer individual, quer coletivamente, enquanto União. A nossa diversidade é um trunfo, a nossa unidade faz a  força. Na nossa União, há diferentes graus de cooperação e  integração. A  nossa política de alargamento continua a promover a democracia e a prosperidade.Em consonância com os princípios de subsidiariedade e  da proporcionalidade, a  União deve concentrar a  sua ação em domínios em que faça verdadeiramente a diferença. A União deverá abster‑se de tomar medidas quando os Estados‑Membros puderem atingir melhor os mesmos objetivos. A credibilidade da União depende da sua capacidade de garantir um seguimento adequado das decisões tomadas e dos compromissos assumidos. Este processo requer instituições fortes e  credíveis, mas beneficiará também de uma participação mais estreita dos parlamentos nacionais. Acima de tudo, há que centrar as atenções nos resultados concretos nos cinco domínios a seguir indicados.

1. Uma União de emprego, crescimento e competitividade

Os nossos países estão a sair da mais profunda crise económica desde há uma geração. Vemos que os esforços e as reformas produzem resultados. Todavia este não vai ser um regresso às promessas de tempos passados. Subsistem desafios importantes: crescimento lento, desemprego elevado, investimento público e privado insuficiente, desequilíbrios macroeconómicos, dívida pública e  falta de competitividade. Respeitamos o  Pacto de Estabilidade e Crescimento. Todas as nossas economias têm de continuar a realizar reformas estruturais. A nossa força comum

depende muito claramente do sucesso de cada país. Essa é a razão pela qual a União tem de adotar medidas enérgicas para promover o crescimento, aumentar os investimentos, criar mais e melhores empregos e incentivar as reformas em prol da competitividade. Para tanto, é também necessário fazer a melhor utilização da f lexibilidade que integra as atuais regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento.A próxima revisão da estratégia «Europa 2020» será uma boa ocasião para a tornar inteiramente conforme com a presente agenda estratégica.Por conseguinte, as prioridades que estabelecemos para a União nos próximos cinco anos são as seguintes:• explorar plenamente as potencialidades do mercado

único em todas as suas dimensões: realizando plenamente o  mercado interno dos bens e  serviços; concretizando o mercado único digital até 2015;

• promover um clima favorável ao empreendedorismo e  à criação de emprego, nomeadamente para as PME: facilitando o  acesso ao financiamento e  ao investimento; garantindo uma regulamentação financeira mais resiliente; melhorando o funcionamento dos mercados de trabalho e  reduzindo a  carga fiscal sobre o trabalho; reduzindo de forma direcionada os encargos administrativos desnecessários e os custos de conformidade, respeitando a proteção dos consumidores e  dos trabalhadores, bem como as preocupações em matéria de saúde e de ambiente;

• investir e  preparar as nossas economias para o  futuro: dando resposta às necessidades de investimento que de há muito se fazem sentir em matéria de infraestruturas de transporte, de energia e de telecomunicações, bem como em matéria de eficiência energética, inovação e  investigação, competências, educação e  inovação; fazendo pleno uso dos fundos estruturais da  UE; mobilizando a  combinação certa de financiamento público e  privado e  facilitando os investimentos a longo prazo; através da utilização e do desenvolvimento de instrumentos financeiros como os do Banco Europeu de Investimento, em particular para projetos a longo prazo; prevendo o quadro regulamentar correto para os investimentos a longo prazo;

• reforçar a atratividade global da União enquanto lugar de produção e investimento com uma base industrial forte e competitiva e uma agricultura próspera, e concluir as negociações sobre acordos de comércio internacionais, num espírito de benefício mútuo e  recíproco e  de transparência, incluindo a  Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento, até 2015;

• tornar a  União Económica e  Monetária um fator mais sólido e  resiliente de estabilidade e crescimento: com uma governação da área do euro mais forte e  uma maior coordenação, convergência e solidariedade das políticas económicas, respeitando a  integridade do mercado interno e  preservando a  transparência e  a abertura aos países da UE não pertencentes à área do euro.

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2. Uma União que capacita e protege todos os cidadãosOs europeus beneficiaram das oportunidades oferecidas pelas economias integradas com fronteiras abertas, mas as vantagens nem sempre são imediatamente tangíveis para todos. Muitos receiam ou estão já em situação de pobreza e de exclusão social. A  União deve continuar a  fazer aquilo que sabe fazer bem e continuar a desbloquear oportunidades, mas tem também de ser vista e entendida como uma fonte de proteção. As pessoas esperam que a Europa defenda os seus interesses e afaste os perigos, mas também que respeite as suas identidades e o seu sentido de pertença. A União deve ser mais forte lá fora e mais protetora cá dentro.Por conseguinte, sem deixar de respeitar as competências dos Estados‑Membros, que são os responsáveis pelos seus sistemas de segurança social, as prioridades que estabelecemos para a União neste domínio nos próximos cinco anos são as seguintes:• ajudar a desenvolver competências, libertar talentos

e abrir perspetivas de vida para todos: intensificando a luta contra o desemprego dos jovens, em particular os jovens que abandonaram precocemente o  ensino, o emprego ou a formação; promovendo as competências certas para a economia moderna e a aprendizagem ao longo da vida; facilitando a mobilidade dos trabalhadores, em particular em domínios onde persistem vagas por preencher ou onde há uma inadequação de competências; protegendo uma das quatro liberdades fundamentais da União, a  saber, o  direito de todos os cidadãos da UE circularem livremente e  residirem e  trabalharem noutros Estados‑Membros, inclusivamente de eventuais utilizações abusivas ou pedidos fraudulentos;

• garantir a equidade: combatendo a evasão e a fraude fiscais, por forma a  que todos contribuam com a  sua quota‑parte;

• ajudar a garantir que todas as nossas sociedades disponham da sua própria rede de segurança para acompanhar a mudança e suprimir as desigualdades, com sistemas de proteção social que sejam eficientes, justos e  aptos a  enfrentar o  futuro; com efeito, o investimento em capital humano e no tecido social é também essencial para as perspetivas de prosperidade a longo prazo da economia europeia.

3. Rumo a uma União da Energia com uma política climática virada para o futuro

Os acontecimentos geopolíticos, a  concorrência mundial no domínio da energia e o impacto das alterações climáticas estão a desencadear uma reformulação da nossa estratégia para a energia e o clima. Temos de evitar que a Europa esteja tão dependente das importações de combustíveis, incluindo o gás. Para assegurar o pleno controlo do nosso futuro energético, desejamos construir uma união da energia que vise conseguir uma energia economicamente acessível, segura e sustentável. A eficiência energética é essencial, já que a energia mais barata e mais limpa é aquela que não é consumida.À luz deste desafio, as nossas políticas em matéria de energia e de clima para os próximos cinco anos devem ter como prioridades:• uma energia economicamente acessível para as

empresas e os cidadãos: moderando a procura de energia

graças a  uma maior eficiência energética; realizando o  nosso mercado da energia integrado; encontrando formas de aumentar o poder de negociação da União; aumentando a  transparência no mercado do gás; estimulando a investigação, o desenvolvimento e a base industrial europeia no domínio energético;

• uma energia segura para todos os nossos países: acelerando a diversificação do aprovisionamento e das rotas de energia, nomeadamente recorrendo a  fontes de energia renováveis, seguras e sustentáveis e outras fontes endógenas como meio de reduzir a dependência energética, nomeadamente de uma única fonte ou de um único fornecedor; desenvolvendo as infraestruturas necessárias, como as interconexões; fornecendo aos atores privados e públicos um quadro de planeamento adequado, que os assista na tomada de decisões de investimento a médio e longo prazos;

• uma energia verde: continuando a  liderar a  luta contra o aquecimento global na perspetiva da reunião da COP 2015 das Nações Unidas e  além dessa data, nomeadamente através da definição de objetivos ambiciosos para 2030 que estejam plenamente em conformidade com o objetivo acordado na UE para 2050.

4. Uma União de liberdade, segurança e justiçaOs cidadãos esperam que os seus governos lhes garantam justiça, proteção e equidade, no pleno respeito pelos direitos fundamentais e pelo Estado de direito. Tal requer igualmente uma ação europeia conjunta assente nos nossos valores fundamentais. Dada a sua dimensão transfronteiras, fenómenos como o terrorismo e a criminalidade organizada requerem uma cooperação mais forte ao nível da UE. O mesmo se aplica aos assuntos relacionados com a justiça, dado que cada vez mais os cidadãos circulam na UE para estudar, trabalhar, fazer negócios, casar e ter filhos. Outro desafio nos próximos anos consistirá em gerir os f luxos migratórios, que estão a aumentar devido às situações de instabilidade e pobreza registadas em vastas zonas do mundo e às tendências demográficas — uma questão que exige solidariedade e uma partilha equitativa de responsabilidades.Por conseguinte, as prioridades que estabelecemos para a União nos próximos cinco anos são as seguintes:• melhorar a  gestão da migração em todos os

seus aspetos: resolvendo o problema da escassez de competências específicas e atraindo talentos; enfrentando a  migração irregular de modo mais firme, inclusive através de uma melhor cooperação com países terceiros, incluindo em matéria de readmissão; protegendo as pessoas necessitadas através de uma forte política de asilo; reforçando e modernizando a gestão das fronteiras externas da União;

• prevenir e combater a criminalidade e o terrorismo: reprimindo a criminalidade organizada, como o tráfico de seres humanos, o contrabando e a cibercriminalidade; combatendo a corrupção; lutando contra o terrorismo e a radicalização — e garantindo ao mesmo tempo os direitos e valores fundamentais, incluindo a proteção dos dados pessoais;

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• melhorar a cooperação judiciária entre os nossos países: construindo pontes entre os diferentes sistemas e  tradições judiciários; reforçando os instrumentos comuns, incluindo a  Eurojust; assegurando o reconhecimento mútuo das decisões judiciais para que os cidadãos e as empresas possam exercer os seus direitos mais facilmente em toda a União.

5. A União como forte ator mundialOs acontecimentos recentes ilustram a  grande rapidez com que o  ambiente estratégico e  geopolítico se está a  alterar, designadamente nas fronteiras orientais e meridionais da União. A  instabilidade na nossa vizinhança alargada atingiu níveis sem precedentes. Simultaneamente, nunca foi tão importante envolver os nossos parceiros em temas de interesse mútuo ou mundial. A fim de defender os nossos interesses e valores e de proteger os cidadãos, é crucial que a União Europeia assuma uma participação mais forte nos assuntos internacionais.Assim, as prioridades‑chave da política externa nos próximos anos são as seguintes:• maximizar a  nossa inf luência: assegurando a

coerência entre os objetivos de política externa dos Estados‑Membros e da UE e melhorando a coordenação e a coerência entre os principais domínios de ação externa da UE, como o comércio, a energia, a justiça e os assuntos internos, a  política de desenvolvimento e  a política económica;

• tornar a UE um parceiro forte na nossa vizinhança: promovendo a estabilidade, a prosperidade e a democracia nos países mais próximos da nossa União, no continente europeu, no Mediterrâneo, na África e no Médio Oriente;

• envolver os nossos parceiros mundiais estratégicos, em especial os nossos parceiros transatlânticos, numa série de questões — desde o comércio e a cibersegurança aos direitos humanos e à prevenção de conf litos, passando pela não proliferação e pela gestão de crises — a nível bilateral e nas instâncias multilaterais;

• desenvolver a  cooperação nos domínios da segurança e da defesa para que logremos cumprir os nossos compromissos e responsabilidades no mundo: reforçando a Política Comum de Segurança e Defesa, em plena complementaridade com a OTAN; assegurando que os Estados‑Membros mantêm e  reforçam as capacidades civis e militares necessárias, inclusive através da mutualização e partilha; reforçando a indústria de defesa europeia.

ANEXO II

DOCUMENTOS APROVADOS PELO CONSELHO EUROPEU• Relatório do Conselho, de 24 de junho de 2014, sobre as

recomendações específicas por país para 2014• Conclusões do Conselho, de 24 de junho de 2014, sobre

a Albânia• Estratégia de Segurança Marítima da União Europeia• Conclusões do Conselho de  19  de  maio de  2014

a respeito do relatório anual sobre a Ajuda Pública ao Desenvolvimento concedida pela UE

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REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DO CONSELHO EUROPEU —

16 DE JULHO DE 2014

Conclusões

I. PRÓXIMO CICLO INSTITUCIONAL1. Na sequência da eleição do presidente da Comissão

Europeia pelo Parlamento Europeu, o Conselho Europeu teve uma troca de pontos de vista com o presidente eleito, Jean‑Claude Juncker, que incidiu nomeadamente nas prioridades da Agenda Estratégica da União em Tempos de Mudança, aprovada em 27 de junho de 2014. Essa agenda determina que todas as instituições concentrem as suas atividades nos domínios em que a União pode ter real impacto. O Conselho Europeu reafirmou o seu compromisso de assegurar o regular acompanhamento destas prioridades estratégicas.

2. O presidente do Conselho Europeu deu informações sobre as consultas que conduziu, nos termos dos tratados, sobre outras nomeações para o próximo ciclo institucional. O  Conselho Europeu realizou um primeiro debate a esse respeito e decidiu voltar a esta questão, para uma decisão final, numa reunião extraordinária a realizar em 30 de agosto.

3. A nova Comissão será nomeada pelo Conselho Europeu na sequência do voto de aprovação do Parlamento Europeu sobre o  presidente, o  Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e  a Política de Segurança e os demais membros da Comissão, enquanto órgão colegial.

II. RELAÇÕES EXTERNAS

Ucrânia4. Recordando as declarações dos chefes de Estado e de

Governo sobre a Ucrânia de 6 de março e 27 de maio e  as suas conclusões de  21  de  março e  27  de  junho, o Conselho Europeu salienta uma vez mais o seu apoio à resolução pacífica da crise na Ucrânia, designadamente a  necessidade urgente de acordar num verdadeiro e sustentável cessar‑fogo entre todas as partes a fim de criar as condições necessárias para a execução do plano de paz do presidente Porochenko.

O Conselho Europeu apoia os esforços diplomáticos envidados pela Ucrânia, a Federação da Rússia, a França e  a Alemanha, bem como a  Declaração Conjunta de Berlim, de 2 de julho.

5. O Conselho Europeu condena a  continuação das atividades ilegais dos militantes armados no leste da Ucrânia, incluindo a  ocupação de edifícios públicos, a tomada de reféns e os ataques armados contra polícias e guardas de fronteira ucranianos. O Conselho Europeu insta a  Federação da Rússia a  usar ativamente a  sua inf luência sobre os grupos armados ilegais e a pôr termo ao f luxo de armas e militantes que atravessa a fronteira, para

que se possa inverter rapidamente a escalada de violência. Neste contexto, o Conselho Europeu recorda a decisão que tomou em 11 de julho de alargar a mais 11 pessoas a proibição de viagem e o congelamento de bens na UE, por ações prejudiciais à integridade territorial, soberania e  independência da Ucrânia. Os Estados‑Membros decidiram também suspender a  aplicação do acordo de 20 de fevereiro de 2014 sobre licenças de exportação.

6. O Conselho Europeu lamenta que as diligências que solicitou nas suas conclusões de 27 de junho não tenham sido devidamente efetuadas. Por conseguinte, o Conselho Europeu decide alargar as medidas restritivas a fim de abranger entidades, inclusive da Federação da Rússia, que dão apoio material ou financeiro às ações que comprometem ou ameaçam a soberania, a integridade territorial e  a independência da Ucrânia. Encarrega o  Conselho de adotar os necessários instrumentos jurídicos e de definir até ao final de julho uma primeira lista de entidades e  pessoas, inclusive da Federação da Rússia, a  incluir na lista em função dos critérios reforçados. Solicita também que considere a possibilidade de abranger pessoas ou entidades que prestem um apoio ativo, material ou financeiro, aos decisores russos responsáveis pela anexação da Crimeia ou pela desestabilização do leste da Ucrânia. O Conselho Europeu solicita ao BEI que suspenda a  assinatura de novas operações de financiamento na Federação da Rússia. Os Estados‑Membros da União Europeia coordenarão as suas posições no âmbito do Conselho de Administração do BERD, a fim de suspender igualmente o financiamento de novas operações. Por último, o Conselho Europeu convida a  Comissão a  reavaliar os programas de cooperação UE‑Rússia com vista a decidir, caso a caso, da suspensão da implementação dos programas de cooperação bilateral e regional da UE. Serão mantidos, porém, os projetos que digam exclusivamente respeito à cooperação transfronteiras e à sociedade civil.

O Conselho Europeu recorda que a Comissão, o SEAE e os Estados‑Membros têm vindo a efetuar trabalhos preparatórios sobre medidas específicas, tal como solicitado em março, de modo a que possam ser tomadas novas medidas com a  maior brevidade. O  Conselho Europeu mantém o compromisso de se reunir a qualquer momento caso os acontecimentos o exijam.

Em consonância com a política de não reconhecimento da anexação ilegal da Crimeia e de Sebastopol, o Conselho Europeu solicita à Comissão e ao SEAE que apresentem propostas de novas medidas, em especial relativas à restrição dos investimentos na Crimeia e em Sebastopol. Do mesmo modo, o Conselho Europeu espera que as instituições financeiras internacionais se abstenham de

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financiar quaisquer projetos que reconheçam explícita ou implicitamente a  anexação ilegal da Crimeia e  de Sebastopol.

7. O Conselho Europeu saúda os esforços envidados pela OSCE e a sua Presidência em exercício, nomeadamente para facilitar as reuniões do Grupo de Contacto na Ucrânia, bem como a sua disponibilidade para criar uma missão de vigilância da fronteira, para a qual a União Europeia e os seus Estados‑Membros estão prontos a dar um contributo substancial.

8. O Conselho Europeu salienta o  compromisso da União de prosseguir as conversações trilaterais sobre as condições de abastecimento de gás da Federação da Rússia à Ucrânia, e saúda os esforços da Comissão nesse sentido. Importa alcançar rapidamente um acordo a fim de garantir a segurança do abastecimento e o trânsito de gás natural através da Ucrânia para os Estados‑Membros da UE e estabilizar a economia da Ucrânia.

9. O Conselho Europeu salienta a importância da ratificação do acordo de associação pela Ucrânia com vista à sua rápida aplicação provisória, e  saúda a  realização de consultas trilaterais a nível ministerial entre a Ucrânia, a Federação da Rússia e a União Europeia, em 11 de julho, sobre a execução do acordo de associação. Neste contexto, saúda ainda a  criação de um mecanismo de consulta destinado a fazer face a potenciais dificuldades resultantes dos efeitos da implementação da zona de comércio livre abrangente e aprofundada sobre a execução do Acordo de Comércio Livre com a  Comunidade de Estados Independentes.

Gaza10. O Conselho Europeu está a  seguir com grande

preocupação a persistente violência em Israel e em Gaza. O Conselho Europeu condena o lançamento de foguetes sobre Israel a partir de Gaza e a forma indiscriminada

como são visados alvos civis. Israel tem o  direito de proteger a sua população deste tipo de ataques. Ao fazê‑lo, tem de atuar de forma proporcionada e  garantir em permanência a proteção dos civis. O Conselho Europeu lamenta profundamente a perda de vidas inocentes e o grande número de feridos civis na faixa de Gaza em consequência das operações militares israelitas, e está extremamente preocupado com a  rápida e  dramática deterioração da situação humanitária. O  Conselho Europeu faz um apelo a  ambas as partes para que desanuviem a  situação, ponham termo à  violência, ao sofrimento das populações civis, designadamente permitindo o  acesso da assistência humanitária, e restabeleçam a calma. O Conselho Europeu saúda os esforços que estão a ser desenvolvidos pelos parceiros regionais para estabelecer um cessar‑fogo, e em especial a  iniciativa lançada pelo Egito, e  exorta o  Hamas a concordar com esse cessar‑fogo. A União Europeia está pronta a proporcionar o apoio necessário para esse efeito. A União Europeia continua a apelar à plena execução da Resolução 1860 (2009) do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

11. Os trágicos acontecimentos dos últimos dias sublinham a  necessidade urgente de todas as partes envidarem esforços para reatar o processo diplomático e procurarem chegar a uma solução para o conf lito israelo‑palestiniano, baseada na coexistência de dois Estados. A União Europeia reitera a sua oferta a ambas as partes de um pacote de apoio político e económico europeu e de uma parceria privilegiada especial com a União Europeia em caso de acordo de paz definitivo.

12. Israelitas e palestinianos precisam de enveredar pela via estratégica da paz para que as gerações futuras tenham uma vida liberta dos conf litos passados e desfrutem da estabilidade, segurança e prosperidade que lhes têm vindo a ser negadas.

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REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DO CONSELHO EUROPEU —

30 DE AGOSTO DE 2014

Conclusões

I. PRÓXIMO CICLO INSTITUCIONAL1. À luz das consultas conduzidas pelo seu presidente,

o Conselho Europeu adotou hoje, em conformidade com os Tratados, as seguintes decisões:

2. O Conselho Europeu elegeu Donald Tusk como seu presidente para o  período compreendido entre 1 de dezembro de 2014 e 31 de maio de 2017 (1) e solicitou ao secretário‑geral do Conselho que prestasse assistência ao presidente eleito do Conselho Europeu no período de transição.

3. O Conselho Europeu, com o acordo do presidente eleito da Comissão, nomeou Federica Mogherini como Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, para o período compreendido entre o termo do atual mandato da Comissão e 31 de outubro de 2019 (2).

4. O Conselho Europeu convidou o Conselho a adotar sem demora, com o acordo do presidente eleito da Comissão, a  lista das demais personalidades que proporá para nomeação como membros da Comissão.

5. A nova Comissão será nomeada pelo Conselho Europeu na sequência do voto de aprovação do Parlamento Europeu sobre o  presidente, o  Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e  a Política de Segurança e os demais membros da Comissão, enquanto órgão colegial.

6. O Conselho Europeu congratulou‑se com a decisão dos chefes de Estado e de Governo das Partes Contratantes no Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governação na União Económica e Monetária cuja moeda é o euro, que nomeia Donald Tusk como presidente da Cimeira do Euro para o período compreendido entre 1 de dezembro de 2014 e 31 de maio de 2017 (3).

II. QUESTÕES ECONÓMICAS7. Apesar de significativas melhorias nas condições dos

mercados financeiros e dos esforços estruturais feitos pelos Estados‑Membros, a situação da economia e do emprego na Europa é fonte de grandes preocupações.

1 Decisão do Conselho Europeu relativa à eleição do presidente do Conselho Europeu (EUCO 144/14).

2 Decisão do Conselho Europeu que nomeia o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança (EUCO 146/14).

3 Decisão dos chefes de Estado e de Governo das Partes Contratantes no Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governação na União Económica e Monetária cuja moeda é o euro, que nomeia o presidente da Cimeira do Euro (doc. 11949/14).

Nas últimas semanas, os dados económicos confirmaram que a recuperação, em especial na área do euro, é fraca, a  inf lação é  excecionalmente baixa e  o desemprego inaceitavelmente elevado. Neste contexto, o Conselho Europeu recorda as suas conclusões de  27  de  junho de  2014 sobre o  Semestre Europeu, bem como o  seu acordo sobre uma agenda estratégica com uma forte tónica no emprego, no crescimento e na competitividade. O  Conselho Europeu apela à  realização de rápidos progressos na implementação destas orientações. Para tal, solicita ao Conselho que avalie a situação socioeconómica e  se debruce sem demora sobre estas questões. Além disso, o Conselho Europeu congratula‑se com a intenção do Governo italiano de realizar em outubro, a  nível de chefes de Estado e  de Governo, uma conferência sobre o emprego, em especial o emprego dos jovens, na sequência das conferências que tiveram lugar em Berlim e  Paris. No outono, o  Conselho Europeu abordará igualmente a situação económica e será convocada uma Cimeira do Euro especificamente consagrada a  esta questão.

III. RELAÇÕES EXTERNAS

UCR ÂNIA8. Recordando as declarações dos chefes de Estado

e de Governo sobre a Ucrânia, de 6 de março e 27 de maio, bem como as suas conclusões de  21  de  março, 27 de junho e 16 de julho, o Conselho Europeu continua extremamente preocupado com a  intensificação dos combates em curso no Leste da Ucrânia e  continua a condenar veementemente a anexação ilegal da Crimeia.

O Conselho Europeu condena o crescente inf luxo de combatentes e armas no Leste da Ucrânia a partir do território da Federação da Rússia, assim como a agressão levada a cabo por forças armadas russas em solo ucraniano. O Conselho Europeu apela à Federação da Rússia para que retire imediatamente da Ucrânia todos os seus meios e forças militares. A União Europeia reitera a necessidade urgente de encontrar uma solução política sustentável baseada no respeito pela soberania, integridade territorial, unidade e independência da Ucrânia.

9. O Conselho Europeu sublinha a importância de executar sem demora o plano de paz do presidente Poroshenko. O  primeiro passo deverá consistir num cessar‑fogo acordado mutuamente e  viável, no restabelecimento do controlo ucraniano nas suas fronteiras e na cessação imediata do f luxo de armas, material e pessoal militar a  partir da Federação da Rússia para a  Ucrânia, bem como na libertação urgente de todos os reféns detidos pelos grupos armados ilegais e dos prisioneiros detidos

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na Federação da Rússia. Além disso, o Conselho Europeu reitera o seu apelo para que seja garantido imediatamente o acesso seguro e ilimitado ao local onde se encontram os destroços do MH17 no âmbito de um cessar‑fogo. O Conselho Europeu exprime uma vez mais o seu apoio aos valiosos esforços da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa.

10. O Conselho Europeu congratula‑se com as conversações trilaterais encetadas entre a União Europeia, a Ucrânia e a Federação da Rússia sobre questões práticas relacionadas com a implementação do acordo de associação/ZCLA A, assim como com as conversações sobre energia. O Conselho Europeu apela a todas as partes para que mantenham a dinâmica criada a fim de se alcançarem resultados concretos dentro dos prazos acordados. O Conselho Europeu apela igualmente a todas as partes para que apoiem e facilitem o transporte estável e seguro das fontes de energia, em especial do gás.

11. O Conselho Europeu insta todas as partes a apoiarem e facilitarem sem demora o trabalho das organizações humanitárias internacionais, de acordo com o direito internacional humanitário e os princípios humanitários. O impacto humanitário do conf lito na população civil não deverá ser explorado para fins políticos ou militares. O  Conselho Europeu insta todos os contribuidores, incluindo a Federação da Rússia, a apoiarem estes esforços internacionais de ajuda de emergência conduzidos pelas Nações Unidas, no pleno reconhecimento do papel do Governo ucraniano enquanto primeiro interveniente.

12. O Conselho Europeu continua a monitorizar e avaliar ativamente as medidas restritivas adotadas pela União Europeia e está pronto a dar novos passos significativos à  luz da evolução da situação no terreno. Além disso, solicita à  Comissão que dê início com urgência, juntamente com o SEAE, aos trabalhos preparatórios nesse sentido e que apresente propostas para análise no prazo de uma semana. Solicita ainda à Comissão que inclua na sua proposta uma disposição segundo a qual todas as pessoas e instituições que tenham contactos com grupos separatistas no Donbass serão inscritas na lista.

13. O Conselho Europeu saúda as medidas excecionais tomadas pela Comissão para estabilizar os mercados agrícolas e alimentares da UE, a fim de atenuar os efeitos das restrições às importações na Rússia de determinados produtos agrícolas da UE, e  convida a  Comissão a acompanhar a situação e a ponderar a adoção de novas medidas, se for caso disso.

IR AQUE/SÍRIA14. O Conselho Europeu está extremamente preocupado com

o agravamento da situação de segurança e humanitária no Iraque e na Síria na sequência da ocupação de partes dos seus territórios pelo «Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL)». O Conselho Europeu manifesta a sua consternação e condena firmemente os assassínios indiscriminados e  as violações dos direitos humanos perpetrados por esta e por outras organizações terroristas, em especial contra os cristãos e outras minorias religiosas e étnicas que deveriam fazer parte de um Iraque novo

e democrático e contra os grupos mais vulneráveis. Os responsáveis por estes crimes devem responder pelos seus atos. O Conselho Europeu sublinha a importância de uma ação concertada por parte dos países da região para fazer face a estas ameaças. O Conselho Europeu insta todos os dirigentes iraquianos a formarem um governo verdadeiramente inclusivo como primeira resposta política à atual crise e está pronto a apoiar o Governo do Iraque na realização das reformas necessárias.

15. A instabilidade na Síria, causada pela guerra brutal do regime de Bashar al‑Assad contra o seu próprio povo, permitiu a expansão do EIIL. Para que haja uma solução duradoura, é urgente uma transição política na Síria.

16. O Conselho Europeu apela a  todas as partes no conf lito na Síria para que respeitem o  mandato da Força das Nações Unidas de Observação da Separação e assegurem a segurança e a liberdade de movimento das tropas da ONU, nomeadamente das enviadas pelos Estados‑Membros da UE, e condena os recentes ataques a esta força, bem como a detenção de alguns dos seus membros.

17. O Conselho Europeu considera que a criação de um califado islâmico no Iraque e  na Síria e  a exportação do terrorismo islamista extremista em que se baseia constituem uma ameaça direta para a segurança dos países europeus. A União Europeia está decidida a contribuir para enfrentar a ameaça que representam o EIIL e outros grupos terroristas no Iraque e na Síria, tal como solicitado pela Resolução 2170 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Neste contexto, o Conselho Europeu congratula‑se com os esforços envidados pelos EUA e por outros parceiros, bem como com a iniciativa de realizar uma conferência internacional sobre a  segurança no Iraque. O Conselho Europeu apoia a decisão de alguns Estados‑Membros de fornecer material militar ao Iraque, inclusive às autoridades regionais curdas. Solicita ao Conselho que analise formas de utilizar mais eficazmente as atuais medidas restritivas, em especial para impedir que o EIIL beneficie da venda ilegal de petróleo ou da venda de outros recursos nos mercados internacionais. O Conselho Europeu continua igualmente empenhado em prestar assistência humanitária às populações afetadas.

* * *18. O Conselho Europeu está firmemente convicto de que

é necessária uma ação determinada para conter o f luxo de combatentes estrangeiros, e apela à implementação acelerada do pacote de medidas da UE de apoio aos esforços dos Estados‑Membros, conforme acordado pelo Conselho desde junho de 2013, em particular para prevenir a radicalização e o extremismo, partilhar mais eficazmente as informações, inclusive com os países terceiros pertinentes, dissuadir, detetar e impedir viagens suspeitas bem como proceder à investigação e ação penal contra os combatentes estrangeiros. Neste contexto, o Conselho Europeu exorta o Conselho e o Parlamento Europeu a concluírem antes do final do ano os trabalhos sobre a proposta relativa ao registo de identificação dos passageiros da UE.

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O Conselho Europeu sublinha também a necessidade de uma cooperação estreita com os países terceiros para desenvolver uma abordagem coerente, incluindo o reforço da segurança das fronteiras e da aviação, bem como das capacidades de luta antiterrorista na região.

O Conselho Europeu solicita ao Conselho que analise a  eficácia das medidas e  proponha, na medida do necessário, iniciativas adicionais. O Conselho Europeu voltará a analisar esta questão na sua reunião de dezembro.

GAZA19. O Conselho Europeu saúda o  acordo de cessar‑fogo

alcançado sob os auspícios das autoridades egípcias. Insta ambas as partes a respeitarem integralmente o cessar‑fogo e  a prosseguirem negociações que conduzam a  uma melhoria substancial das condições de vida do povo palestiniano na faixa de Gaza, através do levantamento do regime de bloqueio de Gaza, e ao termo da ameaça que o  Hamas e  outros grupos militantes em Gaza representam para Israel. Tal deverá ser apoiado por uma monitorização e verificação a nível internacional a fim de assegurar a  implementação integral de um acordo abrangente. É imperativo o desarmamento de todos os grupos terroristas presentes em Gaza.

É pois urgente que o Governo de consenso palestiniano exerça plenamente as suas responsabilidades, tanto na Cisjordânia como na faixa de Gaza, nomeadamente nos domínios da segurança e da administração civil.

O Conselho Europeu continua extremamente preocupado com a situação humanitária desastrosa na faixa de Gaza, e apela a que seja facultado acesso humanitário imediato e  sem entraves ao território, em conformidade com o direito internacional.

20. O Conselho Europeu reitera a disponibilidade da União Europeia para contribuir para uma solução abrangente e sustentável que reforce a segurança, o bem‑estar e a prosperidade tanto dos palestinianos como dos israelitas.

21. Só um acordo definitivo assente na solução da coexistência de dois Estados trará paz e  estabilidade de forma duradoura. O Conselho Europeu incita por isso ambas as partes a reatarem negociações com este objetivo. A faixa de Gaza fará parte de um futuro Estado da Palestina.

LÍBIA22. O Conselho Europeu condena energicamente a escalada

dos combates na Líbia, em especial os ataques contra

zonas residenciais, instituições públicas, instalações e infraestruturas críticas.

23. Apela a todas as partes na Líbia para que aceitem um cessar‑fogo imediato, ponham termo ao sofrimento da população e participem construtivamente num diálogo político inclusivo. Neste contexto, apoia plenamente os esforços desenvolvidos pela missão da ONU na Líbia.

24. O Conselho Europeu exorta igualmente os países vizinhos e os países da região a apoiarem a cessação imediata das hostilidades e a absterem‑se de tomar medidas suscetíveis de exacerbar as atuais dissensões e  minar a  transição democrática na Líbia.

25. O Conselho Europeu apela ao Governo Provisório e à Câmara de Representantes da Líbia para que constituam urgentemente um governo verdadeiramente inclusivo capaz de responder às necessidades do povo líbio. Exorta a Assembleia Constituinte a prosseguir com urgência o seu trabalho sobre um texto constitucional que consagre e proteja os direitos de todos os líbios.

ÉBOLA26. O Conselho Europeu exprime a  preocupação que

lhe inspira a  crise causada pelo vírus ébola na África, salientando a importância de a comunidade internacional no seu todo prestar um apoio substancial e coordenado aos países da região, às ONG e à Organização Mundial da Saúde (OMS) para os ajudar a enfrentar a doença o mais rápida e eficientemente possível. Neste contexto, o  Conselho Europeu saúda a  mobilização de verbas adicionais por parte da União Europeia e  dos seus Estados‑Membros, bem como os esforços que estão a desenvolver para disponibilizar mais recursos financeiros e humanos, a fim de fazer face em especial ao aumento da procura de peritos no terreno. O Conselho Europeu presta homenagem ao pessoal humanitário e sanitário pelos esforços envidados na linha da frente.

O Conselho Europeu insta todos os países a seguirem as diretrizes da OMS e  a permitir ligações aéreas permanentes, desde que controladas, com os países afetados a fim de permitir que os esforços de assistência sejam eficazes e  as respetivas economias continuem a funcionar. O Conselho Europeu apela a uma maior coordenação, a nível da UE, da assistência prestada pelos Estados‑Membros e convida o Conselho a adotar um quadro abrangente para a resposta da UE a esta crise.

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I. QUADRO DE AÇÃO RELATIVO AO CLIMA E À ENERGIA PARA 2030

1. Registou‑se um considerável avanço no sentido do cumprimento das metas da UE para a  redução das emissões dos gases com efeito de estufa, as energias renováveis e  a eficiência energética, as quais terão de ser inteiramente alcançadas até  2020. Com base nos princípios identificados nas conclusões do Conselho Europeu  de  março de  2014, o  Conselho Europeu chegou hoje a acordo sobre o quadro de ação da União Europeia relativo ao clima e  à energia para 2030. Por conseguinte, a  UE apresentará o  seu contributo o mais tardar no primeiro trimestre de 2015, segundo o  calendário acordado pela CQNUAC em Varsóvia para a celebração de um acordo global sobre o clima. O Conselho Europeu apela a todos os países para que apresentem metas e políticas ambiciosas com bastante antecedência em relação à 21.ª Conferência das Partes em Paris. Voltará a analisar esta questão após a Conferência de Paris. O  Conselho Europeu manterá em análise todos os elementos deste quadro de ação e continuará a fornecer orientações estratégicas quando necessário, nomeadamente no que respeita ao consenso sobre o Regime de Comércio de Licenças de Emissão (RCLE), aos setores não abrangidos pelo RCLE, às interconexões e à eficiência energética. A Comissão manterá um diálogo regular com as partes interessadas.

Meta de redução das emissões de gases com efeito de estufa2. O Conselho Europeu aprovou uma meta europeia

vinculativa de, pelo menos, 40% de redução interna de emissões de gases com efeito de estufa até 2030 em comparação com os valores de 1990. Para o efeito:2.1. Esta meta será atingida coletivamente pela UE da

forma mais eficaz em termos de custos, devendo até 2030 a redução nos setores abrangidos pelo RCLE e não abrangidos por este regime ser de 43% e 30%, respetivamente, em comparação com 2005.

2.2. Todos os Estados‑Membros participarão neste esforço, assegurando o  equilíbrio entre as considerações de equidade e de solidariedade.

Regime de Comércio de Licenças de Emissão da UE2.3. O principal instrumento europeu para atingir esta

meta será um Regime de Comércio de Licenças de Emissão (RCLE) operacional e reformado, dotado de um instrumento de estabilização do mercado, de acordo com a proposta apresentada pela Comissão. A partir de 2021, o fator anual de redução do limite máximo autorizado de emissões passará de 1,74% para 2,2%.

2.4. A atribuição de licenças gratuitas não terminará; as medidas em vigor continuarão após  2020 para evitar o  risco de fuga de carbono devido à política climática seguida, enquanto não forem envidados esforços comparáveis nas outras principais economias, com o  objetivo de prever níveis apropriados de apoio para os setores em risco de perder competitividade internacional. Os marcos de referência para a atribuição de licenças gratuitas serão revistos periodicamente à  luz do progresso tecnológico nos setores industriais respetivos. Tanto os custos diretos como indiretos do carbono serão tidos em conta de acordo com as regras da UE em matéria de auxílios estatais, a fim de assegurar condições de concorrência equitativas. Para manter a competitividade internacional, as instalações mais eficientes nestes setores não devem ser confrontadas com custos indevidos do carbono que conduzam à  fuga de carbono. As futuras atribuições garantirão uma melhor adaptação à evolução dos níveis de produção nos diferentes setores. Simultaneamente, serão integralmente mantidos os incentivos à  inovação na indústria e não aumentará a complexidade administrativa. Será tida em conta a preocupação de garantir preços da energia abordáveis e evitar os lucros inesperados.

2.5. Neste contexto, os Estados‑Membros com um PIB per capita abaixo dos 60% da média da UE podem optar por continuar a atribuir licenças gratuitas ao setor da energia até 2030. O número máximo de licenças a atribuir gratuitamente após 2020 não deverá ser superior a 40% das licenças de emissão atribuídas ao abrigo do ponto  2.9, para serem leiloadas, aos Estados‑Membros que optarem por esta modalidade. As atuais modalidades, incluindo a transparência, deverão ser aperfeiçoadas, a fim de garantir que os fundos são usados para promover investimentos concretos na modernização do setor da energia, evitando ao mesmo tempo distorções no mercado interno da energia.

2.6. O atual programa NER300 será renovado, inclusive no que diz respeito à captura e armazenamento de carbono e às energias renováveis, sendo o seu âmbito alargado à  inovação hipocarbónica nos setores industriais e a sua dotação inicial aumentada para 400 milhões de licenças (NER400). Serão elegíveis projetos de investimento em todos os Estados‑Membros, inclusive projetos de pequena escala.

2.7. Será constituída uma nova reserva de  2% das licenças RCLE‑UE para responder a necessidades adicionais de investimento especialmente elevadas nos Estados‑Membros com menor rendimento [PIB

CONSELHO EUROPEU — 23 E 24 DE OUTUBRO DE 2014

Conclusões

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per capita (4) inferior a 60% da média da UE]. As características desta reserva serão as seguintes:

— as receitas da reserva serão utilizadas para melhorar a eficiência energética e modernizar os sistemas de energia dos Estados‑Membros em causa, fornecendo deste modo aos seus cidadãos uma energia mais limpa, segura e a preços abordáveis;

— a utilização dos fundos será completamente transparente;

— as licenças da reserva serão leiloadas de acordo com os mesmos princípios e modalidades que as outras licenças;

— a reserva servirá para criar um fundo que será gerido pelos Estados‑Membros beneficiários, com a  participação do BEI na seleção de projetos. Serão asseguradas disposições simplificadas para os projetos de pequena escala. Até 31 de dezembro de 2030, a  distribuição dos fundos será baseada na combinação de uma quota‑parte de 50% de emissões verificadas e uma quota‑parte de 50% dos critérios do PIB, mas a base para a seleção dos projetos será revista até final de 2024.

2.8. Por motivos de solidariedade, crescimento e interconexão, 10% das licenças RCLE‑UE a leiloar pelos Estados‑Membros serão distribuídas pelos países cujo PIB per capita não tenha excedido 90% da média da UE (em 2013).

2.9. As licenças remanescentes serão distribuídas por todos os Estados‑Membros com base nas emissões verificadas, sem reduzir a quota‑parte das licenças a leiloar.

Setores não abrangidos pelo RCLE2.10. A metodologia usada para estabelecer as metas

nacionais de redução para os setores não abrangidos pelo RCLE, com todos os elementos tal como aplicados na decisão de partilha de esforços para 2020, será mantida até 2030, sendo os esforços repartidos com base no PIB per capita relativo. Todos os Estados‑Membros contribuirão para a redução global a nível da UE em 2030, com metas escalonadas entre 0% e ‑40% em comparação com 2005.

2.11. As metas para os Estados‑Membros com um PIB per capita acima da média da UE serão ajustadas em termos relativos de modo a  ref letir a  relação custo‑eficácia de uma forma equitativa e equilibrada.

2.12. A disponibilidade e  a utilização dos atuais instrumentos de f lexibilidade nos setores não abrangidos pelo RCLE serão significativamente reforçadas para garantir a eficácia em termos de

4 Todas as referências ao PIB de 2013 vão expressas em euros a preços de mercado.

custos do esforço coletivo da UE, bem como a convergência das emissões per capita até 2030. Será criada uma nova f lexibilidade no cumprimento das metas — para os Estados‑Membros cujas metas nacionais de redução se situem consideravelmente acima da média da UE e do respetivo potencial de redução eficaz em termos de custos, bem como para os Estados‑Membros que em 2013 não tenham beneficiado da atribuição de licenças gratuitas para as instalações industriais — através de uma redução limitada e  única das licenças RCLE, a  decidir antes de  2020, e  preservando simultaneamente a previsibilidade e a integridade ambiental.

2.13. É importante reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e os riscos relacionados com a dependência dos combustíveis fósseis no setor dos transportes. Por conseguinte, o  Conselho Europeu solicita à Comissão que continue a estudar instrumentos e medidas com vista a uma abordagem abrangente e  tecnologicamente neutra para a  promoção da redução de emissões e  da eficiência energética nos transportes, os transportes elétricos e  as fontes de energia renováveis nos transportes, também após 2020. O Conselho Europeu apela a uma rápida adoção da diretiva que determina os métodos de cálculo e os requisitos de comunicação de informações nos termos da Diretiva 98/70/CE do Parlamento Europeu e  do Conselho relativa à  qualidade da gasolina e  do combustível para motores diesel. Recorda ainda que, ao abrigo da legislação em vigor, os Estados‑Membros podem optar por incluir o setor dos transportes no quadro do RCLE.

2.14. Devem ser reconhecidos os múltiplos objetivos do setor da agricultura e uso do solo, que encerram um potencial inferior de atenuação, assim como a  necessidade de garantir a  coerência entre os objetivos da UE nos domínios da segurança alimentar e das alterações climáticas. O Conselho Europeu convida a Comissão a estudar as melhores formas de incentivar a intensificação sustentável da produção de alimentos, ao mesmo tempo que se otimiza o contributo do setor para a atenuação e  o sequestro dos gases com efeito de estufa, nomeadamente por meio da f lorestação. Logo que as condições técnicas o permitam, mas, em todo o caso, antes de 2020, será definida a política sobre o modo de incluir o setor do uso do solo, alteração do uso do solo e f lorestas no quadro de atenuação dos gases com efeito de estufa para 2030.

Energias renováveis e eficiência energética3. É estabelecida uma meta UE de pelo menos 27% para

a quota‑parte das energias renováveis consumidas na UE em 2030. Esta meta será vinculativa a nível da UE. Será cumprida com base nos contributos dos Estados‑Membros em função da necessidade de a realizar coletivamente sem impedir os Estados‑Membros de fixarem as suas próprias metas nacionais mais ambiciosas e de as apoiarem, em

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sintonia com as orientações relativas aos auxílios estatais, e tendo também em conta o respetivo grau de integração no mercado interno da energia. A integração de níveis crescentes de energias renováveis intermitentes exige um mercado interno da energia mais interconectado e um sistema de salvaguarda adequado, que deverá ser coordenado conforme for necessário a nível regional.

É estabelecida uma meta indicativa de pelo menos 27% a nível da UE para o aumento da eficiência energética em 2030 em relação às projeções do consumo futuro de energia com base nos critérios atuais. A referida meta será atingida de uma forma eficaz em termos de custos e respeitará plenamente a eficácia do RCLE no que diz respeito ao seu contributo para os objetivos gerais relativos ao clima. Esta situação será reapreciada em 2020, tendo presente um nível UE de  30%. A  Comissão proporá setores prioritários em que podem ser obtidos ganhos significativos em eficiência energética e formas de agir nesses setores a nível da UE, sendo neles centrados os esforços regulamentares e  financeiros da UE e  dos Estados‑Membros.

Estas metas serão atingidas respeitando plenamente a  liberdade de os Estados‑Membros determinarem o seu cabaz energético e não serão convertidas em metas vinculativas nacionais. Os Estados‑Membros são livres de fixar metas nacionais mais elevadas.

Realização de um mercado interno da energia totalmente operacional e interconectado4. O Conselho Europeu salientou a  importância

fundamental de um mercado interno da energia totalmente operacional e interconectado. Recordando as conclusões  de  março de  2014 sobre a  realização do mercado interno da energia, o  Conselho Europeu salientou que todos os esforços devem ser mobilizados para atingir este objetivo com caráter de urgência. Evitar interconexões inadequadas de Estados‑Membros às redes europeias de gás e eletricidade e garantir a sincronia dos Estados‑Membros no âmbito das redes continentais europeias, tal como previsto na estratégia europeia de segurança energética, continuará a ser uma prioridade após 2020. Neste contexto, o Conselho Europeu decidiu que:

— a Comissão Europeia, apoiada pelos Estados‑Membros, tomará medidas urgentes a  fim de garantir o  cumprimento de uma meta mínima de  10% das interconexões elétricas existentes, com caráter de urgência, e o mais tardar até 2020, pelo menos para os Estados‑Membros que ainda não atingiram um nível mínimo de integração no mercado interno da energia, a saber os Estados bálticos, Portugal e a Espanha, e para os Estados‑Membros que constituem o seu principal ponto de acesso ao mercado interno da energia. A Comissão acompanhará os progressos realizados e  apresentará relatório ao Conselho Europeu sobre todas as possíveis fontes de financiamento, incluindo sobre as possibilidades de financiamento da UE, a fim de garantir o cumprimento da meta

de  10%. Nesta perspetiva, o  Conselho Europeu convida a  Comissão a  apresentar propostas, incluindo sobre o financiamento, dentro dos limites dos instrumentos pertinentes do QFP, se tal for adequado. Recordando as conclusões do Conselho Europeu  de  março e  junho, que salientaram a necessidade de assegurar a plena participação de todos os Estados‑Membros no mercado interno da energia, a  Comissão apresentará também regularmente relatório ao Conselho Europeu com o objetivo de alcançar uma meta de 15% até 2030, tal como proposto pela Comissão. Ambas as metas serão atingidas através da implementação dos PIC;

— os Estados‑Membros e  a Comissão facilitarão a  execução dos projetos de interesse comum, incluindo os identificados na estratégia europeia de segurança energética para ligar em especial os Estados bálticos, Espanha e Portugal ao resto do mercado interno da energia, assegurarão que esses projetos tenham a máxima prioridade e que fiquem concluídos até 2020. Será prestada especial atenção às zonas mais remotas e/ou menos bem conectadas do mercado interno, como Malta, Chipre e  a Grécia. Neste contexto, o  Conselho Europeu saúda, como primeiro passo, a  recente estratégia comum dos operadores das redes de transporte para o desenvolvimento de interconexões para a Península Ibérica com o mercado interno da eletricidade, incluindo projetos concretos destinados a aumentar a capacidade. O Conselho Europeu apela à implementação desta estratégia e incentiva os operadores das redes de transporte e as autoridades reguladoras a incluírem os projetos pertinentes nos próximos planos decenais de desenvolvimento da rede;

— nos casos em que a  execução destes projetos não seja suficiente para alcançar a meta de 10%, serão identificados novos projetos que serão aditados prioritariamente à  lista dos projetos de interesse comum na revisão prevista para um futuro próximo e  rapidamente implementados. Deverá ser disponibilizado para estes projetos um cofinanciamento adequado da UE. Convida‑se a  Comissão a  apresentar, antes do Conselho Europeu  de  março de  2015, uma comunicação sobre as melhores formas de atuação para atingir eficazmente a meta acima mencionada.

Segurança energética5. Recordando as suas conclusões  de  junho de  2014,

o Conselho Europeu aprovou novas ações destinadas a  reduzir a  dependência e  a aumentar a  segurança energética da UE tanto no setor da eletricidade como no do gás. A moderação da procura de energia graças ao reforço da eficiência energética contribuirá igualmente para este objetivo. O Conselho Europeu tomou nota do

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relatório da Presidência sobre a segurança energética (5). Congratulou‑se com o relatório da Comissão sobre as medidas imediatas destinadas a aumentar a resiliência da UE a uma eventual rotura grave do aprovisionamento no próximo inverno. Esse relatório apresenta uma panorâmica completa da solidez do sistema energético europeu (exercício de testes de resistência). Neste contexto, o Conselho Europeu congratulou‑se com os contributos de todos os Estados‑Membros, dos principais atores no domínio energético, bem como dos países vizinhos e parceiros. O Conselho Europeu reconheceu também que é possível aumentar a segurança energética da UE explorando os recursos endógenos, bem como as tecnologias hipocarbónicas seguras e sustentáveis.

O Conselho Europeu chegou a acordo sobre os pontos a seguir indicados:

— executar projetos críticos de interesse comum no setor do gás, como o  corredor Norte‑Sul, o  corredor meridional de gás e  a promoção de uma nova plataforma de gás no sul da Europa, bem como os principais projetos de infraestruturas que aumentam a  segurança energética da Finlândia e dos Estados bálticos, para garantir a diversificação de rotas e de fornecedores de energia e assegurar o funcionamento do mercado;

— aperfeiçoar as disposições previstas para melhorar a utilização das capacidades de regaseificação e de armazenamento na rede de gás, a fim de resolver mais eficazmente situações de emergência;

— convidar a Comissão a intensificar o seu apoio, a fim de garantir uma melhor coordenação dos esforços para a conclusão dos projetos críticos de interesse comum, e a desenvolver ações específicas, como o aconselhamento técnico ou a criação de grupos de missão multilaterais sobre interconectores específicos com os Estados‑Membros interessados, a fim de resolver rapidamente os problemas que surjam na execução dos projetos;

— simplificar os processos administrativos nacionais de acordo com a  orientação da Comissão, e continuar a desenvolver uma política que vise a proteção das infraestruturas críticas de energia, inclusive contra os riscos ligados às TIC;

— a fim de aumentar o  peso negocial da UE nas negociações sobre a  energia, tirar pleno partido da decisão relativa à  criação de um mecanismo de intercâmbio de informações sobre acordos intergovernamentais entre Estados‑Membros e países terceiros no domínio da energia, em especial no que diz respeito às disposições normalizadas e à assistência da Comissão nas negociações;

— incentivar os Estados‑Membros e  as empresas participantes a fornecer informações pertinentes à Comissão e a procurar o seu apoio durante as negociações, inclusive sobre a avaliação prévia da

5 Doc. 13788/14.

compatibilidade dos acordos intergovernamentais com a legislação da UE e com as suas prioridades em matéria de segurança energética;

— continuar a reforçar a Comunidade da Energia que visa tornar extensivo aos países do alargamento e aos países da vizinhança o acervo da UE em matéria de energia, à  luz das preocupações da UE com a segurança do aprovisionamento;

— utilizar os instrumentos de política externa ao dispor da UE e  dos Estados‑Membros para transmitir mensagens coerentes no domínio da segurança energética, nomeadamente aos parceiros estratégicos e aos principais fornecedores de energia.

O Conselho Europeu voltará a  debruçar‑se em 2015 sobre a questão da segurança energética para avaliar os progressos realizados.

Governação6. O Conselho Europeu decidiu que será desenvolvido

um sistema de governação fiável e  transparente, sem quaisquer encargos administrativos desnecessários, que contribua para a UE atingir os seus objetivos de política energética, deixando aos Estados‑Membros a necessária f lexibilidade e respeitando plenamente a liberdade de estes determinarem o seu cabaz energético. O referido sistema de governação:6.1. assentará nos elementos constitutivos existentes,

como os programas nacionais relativos ao clima, os planos nacionais para as energias renováveis e  a eficiência energética. As vertentes relativas ao planeamento e  à apresentação de relatórios, atualmente separadas, serão simplificadas e reunidas;

6.2. reforçará o papel e os direitos dos consumidores em termos de preço, a transparência e a previsibilidade para os investidores, graças nomeadamente à monitorização sistemática dos indicadores‑chave, tendo em vista um sistema energético abordável, fiável, competitivo, seguro e sustentável;

6.3. facilitará a coordenação das políticas energéticas nacionais e fomentará a cooperação regional entre os Estados‑Membros.

O Conselho Europeu recorda o seu objetivo de construir uma união da energia que vise disponibilizar uma energia a preços abordáveis, segura e sustentável, como se declara na Agenda Estratégica, e avaliará regularmente a execução deste objetivo.

II. QUESTÕES ECONÓMICAS7. A situação da economia e  do emprego continua

a  ser a  nossa principal prioridade. A  recente evolução macroeconómica é  dececionante, com um baixo crescimento do PIB e  a persistência de níveis de desemprego muito elevados em grande parte da Europa, bem como uma inf lação excecionalmente baixa. Tal evidencia a urgência de implementar rapidamente medidas destinadas a impulsionar o emprego, o crescimento e a competitividade e  as que têm por objetivo capacitar

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e proteger os seus cidadãos, tal como enunciado na agenda estratégica da União Europeia em tempos de mudança. Reformas estruturais e  finanças públicas sólidas são condições essenciais para o investimento. Para o efeito, o Conselho Europeu convidou a Comissão, o Conselho e os Estados‑Membros a traduzirem sem demora essas orientações em ações estratégicas concretas.

8. Para abrir caminho a uma recuperação económica forte e  sustentável, a  Europa tem de investir no seu futuro. O  baixo investimento de hoje reduz o  potencial de crescimento de amanhã. O  Conselho Europeu apoia a intenção expressa pela próxima Comissão de lançar uma iniciativa que mobiliza 300 mil milhões de euros em investimento adicional proveniente de fontes públicas e privadas no período de 2015 a 2017. Temos de incentivar a plena utilização de todos os recursos da UE existentes e atribuídos. O Conselho Europeu saudou a criação de um grupo de missão, liderado pela Comissão e pelo Banco Europeu de Investimento, destinado a identificar ações concretas para impulsionar o investimento, incluindo uma carteira de projetos potencialmente viáveis e relevantes para a Europa que possam ser realizados a curto e médio prazo. O Conselho Europeu convidou a Comissão e o Conselho, em estreita cooperação em particular com o BEI, a levarem rapidamente por diante esta iniciativa de investimento e a apresentarem relatório ao Conselho Europeu de dezembro.

9. O avanço no sentido da criação da união bancária contribuiu para uma melhoria significativa das condições nos mercados financeiros. Um sistema bancário europeu resiliente, bem supervisionado e  regulamentado contribuirá para apoiar a  recuperação económica. Neste contexto, o  Conselho Europeu congratulou‑se com o lançamento do mecanismo único de supervisão a 4 de novembro de 2014.

III. DIVERSOS

Ébola10. O Conselho Europeu está extremamente preocupado

com a  continuada propagação do vírus do ébola na África Ocidental e com o crescente número de pessoas que são infetadas pelo vírus e morrem da doença. Elogiou o trabalho realizado pelos governos dos países afetados e pelas ONG para dar resposta a um desafio sanitário sem precedentes. O  Conselho Europeu manifestou igualmente o seu enorme apreço pela abnegada dedicação dos profissionais da saúde nesta crise e pela sua coragem e profissionalismo.

11. Congregando esforços com as Nações Unidas, as organizações regionais e  outros parceiros essenciais, a  União Europeia e  os seus Estados‑Membros têm estado na vanguarda dos esforços internacionais para dar uma resposta de emergência, disponibilizando recursos indispensáveis, como pessoal especializado, laboratórios móveis para o  rastreio do vírus, centros de tratamento e meios de transporte aéreo e marítimo, no âmbito do quadro geral de resposta da UE. O financiamento concedido pela União Europeia e pelos

seus Estados‑Membros já atingiu mais de 600 milhões de euros. Nas suas recentes reuniões, o Conselho dos Negócios Estrangeiros e os ministros da UE responsáveis pela saúde definiram novas medidas da UE, e  o Conselho Europeu exorta a que as suas conclusões sejam rapidamente implementadas.

12. É indispensável que a  resposta seja prolongada, coordenada e mais vigorosa para inverter as tendências atuais. É  necessária uma assistência adicional para intensificar a  resposta no terreno, nomeadamente no que respeita aos cuidados e  equipamentos médicos, bem como a um rastreio reforçado à saída. O Conselho Europeu congratulou‑se com os compromissos dos Estados‑Membros no sentido de aumentar a assistência financeira, o  que fará com que o  financiamento total ascenda a  mil milhões de euros. Além disso, os Estados‑Membros comprometeram‑se a  aumentar o destacamento de pessoal médico e de apoio para a região. Os Estados‑Membros e a Comissão acordaram também em assegurar aos profissionais internacionais da saúde os cuidados adequados, dentro dos recursos disponíveis, para que recebam o  tratamento de que necessitam, nomeadamente recorrendo à evacuação médica. Além disso, é prioritária a utilização do Centro de Coordenação de Resposta de Emergência como mecanismo de intercâmbio de informações para o  destacamento de peritos sanitários, numa base voluntária.

13. A escala da epidemia constitui uma ameaça não só para a  economia e  a estabilidade dos países afetados, mas também para a  região no seu conjunto. O  Conselho Europeu exorta a  Alta Representante e  a Comissão a desenvolverem um pacote de medidas para dar resposta às implicações mais amplas — a nível político, económico e de segurança — da crise do ébola na África Ocidental.

14. Ajudar a África Ocidental a lidar com esta crise é a maneira mais eficaz de prevenir um surto grave da doença noutros lugares. Ao mesmo tempo, com os primeiros casos confirmados de contágio pelo ébola na Europa, o nível de preparação na União Europeia e o desenvolvimento de novos esforços para proteger os países da União Europeia e  os seus cidadãos são de extrema importância, em especial medidas de precaução para reduzir os riscos de contágio, nomeadamente ações preventivas coordenadas no interior da UE, como a partilha de informação e de melhores práticas, a formação de profissionais da saúde e, se for caso disso, o rastreio à entrada.

15. Com vista a  um maior reforço da capacidade de resposta da UE face ao ébola, a UE nomeou o futuro comissário Christos Stylianides como coordenador da UE para o ébola, o qual, com a assistência do Centro de Coordenação de Resposta de Emergência, trabalhará com as instituições da UE, os Estados‑Membros, a ONU e outras organizações internacionais e partes interessadas.

16. O Conselho Europeu convida o presidente da Comissão e  a Alta Representante a  apresentarem, na próxima reunião, informações sobre as medidas tomadas para dar resposta à crise do ébola.

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Ucrânia17. Recordando as suas conclusões de  30  de  agosto,

o Conselho Europeu congratulou‑se com o Protocolo de Minsk de 5 de setembro e com o Memorando de Minsk de 19 de setembro, enquanto passos no sentido de uma solução política sustentável da crise, que tem de assentar no respeito pela independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia. O Conselho Europeu espera que as partes se empenhem plenamente e deem rapidamente cumprimento a  todos os restantes compromissos ao abrigo dos documentos de Minsk, em particular no que diz respeito à plena implementação do acordo de cessar‑fogo, à  criação de mecanismos abrangentes de controlo de fronteiras e à realização de eleições locais antecipadas nas regiões de Donetsk e  Lugansk, em conformidade com a legislação ucraniana. O Conselho Europeu considera que a  realização de eleições «presidenciais» e «parlamentares», reclamadas pelas autoproclamadas autoridades, seria contrária à  letra e ao espírito do Protocolo de Minsk; essas eleições não serão reconhecidas. O Conselho Europeu reitera o apelo para que seja concedido acesso imediato, seguro e sem restrições ao local do acidente do voo MH17.

18. A União Europeia espera que a  Federação da Rússia respeite a soberania nacional e a integridade territorial da Ucrânia e contribua para a sua estabilização política e recuperação económica. O Conselho Europeu afirma uma vez mais que não reconhecerá a anexação ilegal da Crimeia. Neste contexto, a Federação da Rússia deverá assumir as suas responsabilidades pela plena aplicação dos acordos de Minsk. Nomeadamente, as autoridades russas deverão impedir a circulação de militares, armas ou combatentes do seu território para a Ucrânia. Deverão exercer a sua inf luência para garantir que os separatistas apliquem de boa‑fé as obrigações assumidas em Minsk. A Federação da Rússia deverá também apoiar os esforços de controlo da OSCE.

19. A União Europeia e os seus Estados‑Membros continuam plenamente empenhados em apoiar uma solução política para a crise ucraniana, inclusive através de contributos para reforçar a  capacidade de observação da OSCE, incrementando a  ajuda humanitária e  encorajando e prestando assistência à Ucrânia no processo de reformas, nomeadamente no que respeita à descentralização e à proteção dos direitos das pessoas pertencentes a minorias nacionais. O  Conselho Europeu congratulou‑se com a futura aplicação provisória do acordo de associação, tendo sublinhado a importância de a Federação da Rússia, a Ucrânia e a União Europeia respeitarem rigorosamente os compromissos assumidos na declaração ministerial conjunta de 12 de setembro.

20. Na perspetiva das eleições parlamentares de 26 de outubro, o Conselho Europeu reitera a sua disponibilidade para apoiar a  Ucrânia na realização das reformas políticas

e  económicas, inclusivamente no setor da energia, de acordo com os compromissos assumidos por ambas as partes através do acordo de associação.

21. O Conselho Europeu acolheu com agrado os progressos alcançados na resolução da crise energética na Ucrânia e aguarda com expectativa a conclusão das negociações trilaterais em curso entre a Federação da Rússia, a Ucrânia e a União Europeia.

22. O Conselho Europeu recordou as anteriores decisões da UE sobre medidas restritivas. Continuará a acompanhar de perto a  situação na Ucrânia de modo a  dar mais orientações, caso seja necessário.

República da Moldávia23. O Conselho Europeu aguarda com expectativa

a  realização de eleições legislativas na República da Moldávia em 30  de  novembro enquanto mais um marco importante na agenda europeia deste país, na sequência da recente aplicação provisória do acordo de associação. Espera que as futuras eleições legislativas sejam livres e equitativas, e recomenda que as autoridades moldavas colaborem estreitamente com os observadores eleitorais internacionais. Neste contexto, todas as forças políticas deverão realizar uma campanha eleitoral aberta e equitativa.

Chipre24. O Conselho Europeu manifestou profunda preocupação

com as novas tensões no Mediterrâneo Oriental e instou a  Turquia a  dar provas de contenção e  a respeitar a soberania de Chipre sobre o seu mar territorial e os direitos soberanos de Chipre na sua zona económica exclusiva. O Conselho Europeu recordou a declaração da Comunidade Europeia e dos seus Estados‑Membros, de  21  de  setembro de  2005, em que se afirma, nomeadamente, que o  reconhecimento de todos os Estados‑Membros é um elemento necessário do processo de adesão. Nas circunstâncias atuais, o Conselho Europeu considerou que é mais importante do que nunca assegurar um clima positivo de modo a que as negociações com vista a uma solução global para a questão de Chipre possam ser reatadas.

Estratégia da União Europeia para a  Região Adriática e Jónica25. O Conselho Europeu aprovou a  Estratégia da União

Europeia para a  Região Adriática e  Jónica (Eusair) e apelou a todos os intervenientes relevantes para que a apliquem sem demora, conforme consta das conclusões do Conselho de 29 de setembro de 2014.

Assuntos institucionais26. O Conselho Europeu adotou a  decisão que nomeia

a Comissão Europeia.

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CIMEIRA DO EURO — 24 DE OUTUBRO DE 2014

Na sequência dos debates do Conselho Europeu sobre questões económicas e das conclusões adotadas a esse respeito (pontos 7 a  9 das conclusões do Conselho Europeu), a  Cimeira do Euro analisou mais especificamente a situação da economia e  do emprego na área do euro. Acordou em que é  essencial uma coordenação mais estreita das políticas económicas para assegurar o bom funcionamento da União Económica e Monetária.

Neste contexto, a  Cimeira do Euro apelou a  que fossem prosseguidos os trabalhos, em estreita cooperação com a Comissão, a fim de desenvolver mecanismos concretos para uma maior coordenação, convergência e  solidariedade das políticas económicas. Convidou o  presidente da Comissão a preparar, em estreita cooperação com o presidente da Cimeira do Euro, o presidente do Eurogrupo e o presidente do Banco Central Europeu, as próximas medidas para uma melhor governação económica na área do euro.

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I. FOMENTAR O INVESTIMENTO NA EUROPA

1. Fomentar o investimento e fazer face à falha do mercado na Europa é  um desafio político essencial. A  nova tónica no investimento, conjugada com o compromisso assumido pelos Estados‑Membros de intensificar as reformas estruturais e  de prosseguir a  consolidação orçamental favorável ao crescimento, constituirá a base do crescimento e do emprego na Europa. O Conselho Europeu:a) solicita a  criação de um Fundo Europeu para

Investimentos Estratégicos (FEIE) no Grupo BEI, com o objetivo de mobilizar 315 mil milhões de euros de novos investimentos entre 2015 e 2017. A  Comissão irá apresentar em janeiro de  2015 uma proposta, que os legisladores da União são convidados a aprovar até junho, para que os novos investimentos possam ser ativados já em meados de  2015. O  Grupo BEI é  convidado a  iniciar as atividades utilizando os seus fundos próprios a partir de janeiro de 2015. O FEIE estará aberto a contribuições dos Estados‑Membros, diretamente ou através de bancos de fomento nacionais. O  Conselho Europeu toma nota da posição favorável que a  Comissão indicou em relação a estas contribuições de capitais no contexto da avaliação das finanças públicas ao abrigo do Pacto de Estabilidade e Crescimento, necessariamente em consonância com a f lexibilidade que integra as suas atuais regras;

b) apoia a intenção da Comissão e do BEI de reforçar a  assistência técnica a  projetos a  nível europeu e de criar uma plataforma de aconselhamento ao investimento que deverá estar operacional em meados de 2015;

c) sublinha que o  FEIE se juntará e  servirá de complemento aos programas em curso da UE e às atividades tradicionais do BEI. Neste contexto, é  necessário incentivar a  plena utilização dos recursos da UE existentes e afetados. A Comissão trabalhará em estreita colaboração com os Estados‑Membros envolvidos para encontrar soluções tendo em vista maximizar a  utilização das autorizações ao abrigo do Quadro Financeiro Plurianual 2007‑2013, e reconhece que é desejável a  concretização de projetos a  longo prazo nos próximos anos utilizando a f lexibilidade das regras existentes;

d) convida a  Comissão e  os legisladores da União a  intensificar o  trabalho sobre medidas essenciais para aumentar a atratividade da União para a  produção, o  investimento e  a inovação, e  para melhorar o  quadro regulamentar para

os investimentos, incluindo as ações com vista a  uma melhor integração dos mercados de capitais, prosseguindo ao mesmo tempo energicamente a agenda Legislar Melhor a fim de tornar a regulamentação transparente e simples, concretizada com custos mínimos, em consonância com as conclusões do Conselho de 4 de dezembro de 2014;

e) apela a  que se acelere a  adoção, transposição e aplicação da legislação da União no domínio do mercado único e a que se aumentem os esforços para remover os obstáculos e realizar plenamente o mercado interno de produtos e serviços;

f) exorta a  Comissão a  apresentar uma proposta abrangente sobre a União da Energia bem antes do Conselho Europeu de março de 2015;

g) apela aos legisladores da União para que imprimam uma nova dinâmica aos trabalhos sobre as propostas pendentes no que diz respeito ao mercado único digital e  à Comissão para que apresente uma comunicação ambiciosa sobre a matéria bem antes do Conselho Europeu de junho de 2015;

h) apela à continuação do reforço do sistema comercial multilateral e à celebração de acordos comerciais bilaterais com os principais parceiros. A UE e os EUA deverão envidar todos os esforços para concluir, até ao final de 2015, as negociações de uma Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) ambiciosa, abrangente e  benéfica para ambas as partes.

2. O Conselho Europeu procederá regularmente a  um balanço da aplicação das orientações acima referidas.

3. É urgentemente necessário progredir na luta contra a  elisão fiscal e  o planeamento fiscal agressivo, tanto a nível mundial como da UE. Salientando a importância da transparência, o  Conselho Europeu aguarda com expectativa a  proposta da Comissão sobre a  troca automática de informações relativas a  acordos fiscais na UE. O  Conselho debaterá as formas de avançar relativamente a  todas estas questões e  informará o Conselho Europeu de junho de 2015.

4. É essencial uma coordenação mais estreita das políticas económicas para assegurar o bom funcionamento da União Económica e  Monetária. Na sequência de um debate sobre esta questão, efetuado com base numa nota analítica na reunião informal dos chefes de Estado e de Governo que se realizará em fevereiro, o presidente da Comissão, em estreita cooperação com o presidente da Cimeira do Euro, o  presidente do Eurogrupo e  o presidente do Banco Central Europeu, apresentará um relatório o mais tardar ao Conselho Europeu de junho de  2015. Os Estados‑Membros serão estreitamente associados aos trabalhos preparatórios.

CONSELHO EUROPEU — 18 DE DEZEMBRO DE 2014

Conclusões

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II. UCRÂNIA5. O Conselho Europeu felicita a Ucrânia pelo seu novo

governo e  congratula‑se com a  sua determinação em realizar reformas políticas e  económicas. Após o  segundo desembolso de  500 milhões de euros de assistência macrofinanceira efetuado pela Comissão em dezembro, a UE e os seus Estados‑Membros estão prontos para continuar a facilitar e apoiar o processo de reforma da Ucrânia, juntamente com outros doadores e em conformidade com a condicionalidade do FMI. O Conselho Europeu congratula‑se com a disponibilidade da Comissão para aumentar a  ajuda humanitária à população da Ucrânia que está a sofrer.

6. A situação no leste da Ucrânia continua a ser motivo de grande preocupação. A  política da União de não reconhecer a anexação ilegal da Crimeia e de Sebastopol foi hoje novamente reforçada. A UE manter‑se‑á firme; o Conselho Europeu está disposto a tomar novas medidas se for necessário. Todas as partes, incluindo a Rússia, devem desempenhar ativamente o seu papel e aplicar na íntegra os acordos de Minsk. O Conselho Europeu apela a um acesso sem restrições ao local onde se despenhou o voo MH17, no interesse das investigações em curso.

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