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o CONTROLE OFICIAL DA SOLVENCIA DE SEGURADORAS NO BRASIL:
Criticas e Proposta de Aperfei~oamento
Luiz Roberto Maia Gon~alves
Tese submetida ao corpo docente do Instituto de POs-gradua~ao e
Pesquisa em Administra~ao da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPEAD, como parte dos requisitos para a obten~ao do
grau de Mestre em Ciências (M.Sc.).
Aprovada por:
- Presidente da Banca Prof. Roberto Westenberger
Prof. ClAudio Contador
Prof. Viana Cle ntino
Rio de Janeiro
1992
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Gonçalves, Luiz Roberto Maia.
o Controle Oficial da solvência de Se-
guradoras no Brasil: Criticas e Proposta de
Aperfeiçoamento. Luiz Roberto Maia Gonçal-
ves. Rio de Janeiro: COPPEAD, 1992.
xiv, 112p.
Tese de Mestrado - Universidade Fede-
ral do Rio de Janeiro, COPPEAD.
1. Seguros 2. Solvência de Seguradoras
3. Tese (Mestr. COPPEAD/UFRJ). l. Titulo.
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ______________________________________________________1
ii
Este trabalho eu dedico aos meus pais
Luiz Fernando, SOnia e Marcelo
e ao meu avO, Sylvio Maia
iii
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Roberto Westenberger, pela orientaçao
inteligente, dedicaçao, incentivo e apoio nos momentos
dificeis. Sem ele, esta tese certamente nao seria possivel.
Aos amigos do Centro de Estudos e Pesquisa em Seguros, em
especial ao Paulo Ferreira, pelo apoio e interesse.
A SUSEP e ao IRB, em especial ao Franciso Pinho, Teresinha
e funcionarios da Biblioteca de Seguros, por toda a ajuda
prestada.
Aos professores, colegas e funcionarios da COPPEAD, com os
quais convivi durante dois anos muito enriquecedores.
A todas as pessoas
pessoalmente para que os
das seguradoras que se empenharam
dados de balanço chegassem em minhas
maos, em especial ao Sr Pisano.
Ao Joao César pela atençao dispensada.
A Mónica por toda a força.
A todos os amigos e familiares que, de uma forma ou outra,
também contribuiram neste esforço.
iv
Resumo da Tese apresentada a COPPEAD/UFRJ como parte dos
requisitos necessarios para a obtençao do grau de Mestre
em Ciências (M.Sc.)
o CONTROLE OFICIAL DA SOLVENCIA DE SEGURADORAS NO BRASIL:
Criticas e Proposta de Aperfeiçoamento
Luiz Roberto Maia Gonçalves
Setembro / 1992
Orientador: Prof. Roberto Westenberger
Programa : Administraçao
O presente trabalho tem por objetivo discutir o problema
da avaliaçao oficial da solvência de seguradoras no Brasil,
revendo a estrutura deste mercado, conceitos basicos sobre
solvência, alguns modelos para a sua avaliaçao e questionando
a validade do método atualmente em uso pela SUSEP.
O nivel de solvência das seguradoras brasileiras é
aparentemente alto, segundo determinado por pesquisa utilizando
o método modificado da SUSEP nos balanços de uma amostra de
seguradoras em 1989 e 1990. No entanto, a necessidade da
procura por um modelo mais eficaz é clara, sendo proposta uma
estrutura basica de um método para tal, com consideraveis
vantagens sobre aquele em uso.
v
Abstract of the Thesis presented to COPPEAD/UFRJ as partial
fulfillment for the degree of Master of Sciences (M.Sc.)
o CONTROLE OFICIAL DA SOLVENCIA DE SEGURADORAS NO BRASIL:
Criticas e Proposta de Aperfeiçoamento
Luiz Roberto Maia Gonçalves
Setembro / 1992
Chairman : Prof. Roberto Westenberger
Department: Administration
This work analyzes the problem of governmental control of
the solvency of an insurance company by studying the structure
of the insurance industry, basic concepts on solvency, some
important models of insurer solvency evaluation and questioning
the method now used in Brazil.
The leveI of solvency presented by brazillian companies
seems to be high, as determined by a survey on 1989 and 1990
balance sheets of many insurers. Nevertheless, the need for a
more eficient method is clear, and it is presented the basic
structure of a model which has many advantages over the one
that is now used.
vi
AL
BTNf
CAPM
CEE
CIS
CNSP
CODISEG
D.O.
E
ECU
ED
EL
ER
FENACOR
I
IBA
INPC
IPC
IRB
IRIS
j
ABREVIATURAS E SIMBOLOS UTILIZADOS
Ativo Liquido
Bônus do Tesouro Nacional (fiscal)
Capital Asset Pricing Method
Comunidade Econômica Européia
Companhia Internacional de Seguros
Conselho Nacional de Seguros Privados
Comitê de Divilgaç~o Institucional do Seguro
Diario Oficial da Uni~o
Despesas Operacionais Anuais
Unidade monetária da CEE
Excesso de Danos
Despesas Operacionais Liquidas Anuais
Excedente de Responsabilidade
Federaç~o Nacional dos Corretores de Seguros e de Capitalizaç~o
Incêndio
Taxa de retorno exigida pelos acionistas
Instituto Brasileiro de Atuária
Taxa correspondente ao efeito inflacionário sobre os prêmios
Indice Nacional de Preços ao Consumidor
Indice de Preços ao Consumidor
Instituto de Resseguros do Brasil
Insurance Regulation Information System
Taxa de retorno dos investimentos da Margem de Solvência
vii,
L
LAIR
LT
MS
NAIC
NGRR
NM
P
PL
Po
S
SUSEP
TO
TS
v
w
Parcela do fator de carregamento correspondente ao lucro de underwriting
Lucro Antes do Imposto de Renda
Limite Técnico
Margem de Solvência
National Association of Insurance Comissioners
Normas Gerais de Resseguro e Retrocessao
Necessidade de Margem
Prêmios anuais
Património Liquido
probabilidade de ruina em determinado ano
Sinistros anuais
Superintendência de Seguros Privados
Taxa de Operaçao
Taxa de Solvência
Vidro
Vendaval
viii
ix
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1 - Prêmios de resseguro em 87 e 88 109
Anexo 2 - Quadro-resumo das cinco forças competitivas 110
Anexo 3 - Taxas de solvência para diferentes tamanhos e
composiçOes de portfolios 111
Anexo 4 - A Reso1uçao CNSP n~. 008/92 112
Anexo 5 - Mapa da solvência das seguradoras 114
Anexo 6 - Mapa da taxa de solvência e sinistra1idade 115
Anexo 7 - Método proposto 116
Anexo 8 - Método proposto modificado 118
SUMARIO
I INTRODUÇAO 1
II RISCO E SEGURO: UMA ABORDAGEM INTRODUT~RIA 5
II.l Risco 6
II.2 Seguro 10
111 INTENSIDADE DA COMPETIÇAO NA INDTISTRIA BRASILEIRA DE SEGUROS 13
111.1 primeira Força Competitiva: Ameaça de Entrada de Novas Firmas 16
111.2 Segunda Força Competitiva: Intensidade da Rivalidade Entre Concorrentes 20
111.3 Terceira Força Competitiva: Ameaça de Produtos Substitutos 25
111.4 Quarta Força Competitiva: Poder de Barganha dos Compradores 28
111.5 Quinta Força Competitiva: Poder do IRB
111.6 Resumo
IV O QUE E A SOLVENCIA DE UMA SEGURADORA
IV.l Definiçao
IV.2 A Finalidade: Controle Estatal X Controle Gerencial
IV.3 Risco e Solvência
IV.4 Os Limites da Margem e o Prêmio
IV.5 Métodos de Avaliaçao de Solvência
IV.5.l padrao CEE para Seguros Nao-vida
IV.5.2 Padrao CEE para Seguros Vida
IV.5.3 Sistema de Alarme Antecipado NAIC
28
35
38
39
40
42
47
50
52
54
55
x
IV.5.4 Método Pentikainen 56
IV.5.5 Método Daykin 57
IV.5.6 Método Buoro 58
V REFLEXOES SOBRE O CRITERIO BRASILEIRO DE SOLVENCIA 60
V.l O Critério Brasileiro de Solvência 61
v.2 A Compara~ao com o padrao CEE para Seguros Nao-vida 62
V.3 Comentários a Respeito da Regra Brasileira 66
V.4 A Fiscaliza~ao 74
VI O METODO DE CONTROLE DE SOLVENCIA PROPOSTO 77
VI.l As Necessidades de Margem e o Nivel da Solvência das Seguradoras Brasileiras 78
VI.2 As Limita~Oes do Método da SUSEP: a Necessidade de Novos Caminhos 85
VI.3 O Método de Controle de Solvência Proposto 88
VII CONCLUSOES E SUGESTOES PARA PESQUISAS FUTURAS 97
VII.l ConclusOes 98
VII.2 SugestOes Para Pesquisas Futuras 101
BIBLIOGRAFIA 104
ANEXOS 108
1
CAPITULO I
INTRODUÇAO
Este trabalho tem como principal objetivo avaliar o modelo
de controle de solvência de seguradoras atualmente em uso pela
SUSEP, levantando questOes relevantes sobre o assunto e
propondo uma nova forma de realizar esta atividade.
Secundariamente, também
indústria de seguros no
é estudada a competitividade
Brasil e é mostrado um panorama
na
da
solvência de vArias de suas seguradoras.
o problema da solvência é de fundamental importancia para
o setor de seguros. O produto vendido pelas empresas se baseia
na confiança
segurado. A
no cumprimento de um contrato entre seguradora e
falta de um adequado controle oficial da solvência
destas companhias pode, a longo prazo, comprometer a saúde do
mercado segurador como um todo, afugentando clientes e agindo
no sentido de inviabilizar esta atividade econômica.
O presente trabalho nao tem a pretensao de apresentar uma
SOlUÇa0 definitiva para o problema do controle da solvência das
seguradoras brasileiras. O que se faz aqui é apresentar uma
nova perspectiva para este controle. A sua principal intençao é
a de levantar questOes sobre o método de controle atualmente em
uso, em especial o problema de como e quando deve ser soar o
alarme de solvência que indica problemas na empresa. Também se
pretende apontar um posslvel caminho para um método muito mais
eficiente de detectar problemas de solvência, para que,
posteriormente, através de outros estudos e testes que fogem ao
2
escopo desta tese, chegar a outras modificações que permitam
mais segurança ao mercado.
Em resumo, o prop6sito principal é criar uma base te6rica
para a discussao de questões ligadas à solvência e, a partir
dai, apresentar o projeto de uma possivel SOlUÇa0 para o
problema do seu controle por parte da SUSEP.
Para cumprir seus objetivos, o trabalho se divide em sete
capitulos:
No presente capitulo, o problema a ser estudado é definido
e delimitado.
No segundo sao definidos risco e seguro, ligando os dois
conceitos e apresentando uma breve evoluçao hist6rica da
atividade seguradora.
o terceiro capitulo tem como objetivo discutir a estrutura
do mercado segurador, através da análise do nivel de competiçao
entre as suas empresas e das forças que lá atuam. Estas
informações sao importantes na medida em que ajudam a situar as
empresas em um ambiente bem determinado.
o quarto capitulo discute o conceito de solvência e
apresenta formas de controlar este aspecto das seguradoras.
o quinto capitulo discute o método em uso na SUSEP,
apresentando suas origens e fraquezas.
3
o sexto capitulo se divide em três partes: na primeira é
avaliado o nivel de solvência das seguradoras brasileiras
através da aplicaçao do método em vigor. Na segunda sao
consolidadas as criticas ao método em uso, preparando a
apresentaçao do método proposto, o que é feito na terceira
parte.
o sétimo capitulo procura apresentar as conclusOes do
estudo e algumas sugestOes para pesquisas futuras.
4
5
CAPITULO II
RISCO E SEGURO: UMA ABORDAGEM INTRODUT~RIA
II.1 - Risco
o seguro como nós atualmente o conhecemos, nada mais é do
que um mecanismo de transferência de riscos, podendo ser
definido como um arranjo contratual onde uma das partes (o
segurador) concorda em compensar a outra parte (o segurado) por
perdas que eventualmente ocorram em condiçOes pré
estabelecidas. Risco, por sua vez, é um conceito de dificil
definiçao formal, dificuldade esta atestada pela multiplicidade
de enfoques apresentados a seguir.
WILLIAMS e HEINS [1989;p.8-11] definem risco como a
variaçao nos possiveis acontecimentos que podem ter lugar em um
dado periodo, em determinadas situaçoes, distinguindo este
conceito do de probabilidade ao postular que o risco é uma
caracteristica da distribuiçao de probabilidade como um todo. O
conceito estatistico de variancia se aproxima desta definiçao
de risco.
ADAM [1987,p.81-82], num enfoque extremamente atuarial,
prefere defini-lo como uma variAvel aleatória X que representa
o montante total das indenizaçOes a serem pagas pelo segurador
em virtude da ocorrência do evento desfavorAvel, também chamado
de sinistro.
LARRAMENDI et alI i [1985,p.9] apresentam o risco como a
possibilidade de ocorrência de um evento incerto, fortuito e de
conseqQências negativas, definiçao esta que serA adotada neste
6
trabalho em uma versS.o mais sintética: risco é uma
probabilidade de perda futura.
Podemos dividir
WILLIAMS e HEINS
o risco em objetivo e subjetivo. Segundo
[l989,p.lO], o risco objetivo é a
determinada situa~S.o e a
a ela ests.o sujeitos,
relaciona com a avalia~s.o
risco objetivo. GREENE e
probabilidade realmente existente em
qual todos os individuos expostos
enquanto que o risco subjetivo se
pessoal de cada um quanto ao
TRIESCHMANN [l98l,p.4-S] preferem definir o risco objetivo como
o desvio percentual das perdas reais em rela~S.o as prováveis
(estabelecidas a priori) e o risco subjetivo como um produto da
atitude mental do individuo frente a uma situa~s.o de risco,
sendo também chamado de incerteza.
De qualquer forma, o risco subjetivo, sendo inerente a
cada individuo e dependente de sua postura psicológica frente
aos fatos, pode ser diminuido basicamente através de educa~S.o e
da busca de informa~Oes, visando fornecer uma melhor visS.o dos
perigos reais que cercam a pessoa.
o risco objetivo, por sua vez, pode ser evitado ou
diminuido através de três maneiras principais:
1 - Combina~S.o - Método em que se baseiam (quase sempre)
as companhias de seguros, onde objetos de caracteristicas
semelhantes sS.o reunidos em um grande grupo, permitindo que o
valor esperado das perdas possa ser previsto com muito mais
7
eficácia. Desta forma a variabilidade deste valor é diminuída,
podendo chegar a ser praticamente eliminada quando a massa de
objetos segurados é muito grande e as perdas sao
conseqüentemente bem
da Lei dos Grandes
previsíveis. Esta é uma aplicaçao prática
Números da Estatística que diz que , a
medida em que o número de unidades expostas ao risco aumenta,
se torna mais provável que o total de perdas verificado fique
próximo de um valor fixo estimável.
2 - Transferência Neste caso o risco nao deixa de
existir, ele apenas é transferido de uma parte para outra. Um
exemplo seria o seguro de uma nave espacial. Existem poucos
objetos similares para que haja massa suficiente e o método da
combinaçao seja posto em prAtica. As seguradoras que aceitam
este tipo de risco utilizam somente a sua capacidade de recebê
lo sem que haja sua eliminaçao.
3 - Métodos de controle de perdas Aqui a idéia é
diminuir a chance de ocorrência ou controlar a extensao dos
danos.
Para que
atividades de
se entendam alguns dos problemas inerentes as
uma seguradora, devemos examinar os chamados
agravantes do risco, que sao condiçOes que podem aumentar a
freqüência e/ou tamanho das perdas. DORFMANN [1982,p.7] cita
três condiçOes: agravante físico, determinado por
características físicas do objeto em questao, como por exemplo
no caso de um automóvel que transporta um recipiente de
8
gasolina que o torna mais sujeito a incêndio em caso de
acidente. O agravante moral é oriundo do desejo do segurado no
sentido de que ocorra o sinistro e seja paga a indenizaçao,
devido ao fato da importancia segurada ser superior ao valor
real do
do código
bem. Deve-se lembrar que existem mecanismos como leis
civil e sistemas de controle das seguradoras que
previnem este
condiçao moral
perda, atitude
seguro.
tipo de fraude. O terceiro agravante é o de
e advém da atitude de indiferença em relaçao à
esta que pode vir a surgir com a compra do
GREENE e TRIESCHMANN [1981,pp.9-10] definem o agravante de
condiçao moral como uma atitude inconsciente de propensao ao
risco, nao necessariamente ligada à compra do seguro, como no
caso de um jovem que sempre dirige sua motocicleta em alta
velocidade. Eles também citam uma quarta condiçao que se
relaciona diretamente com a atividade de underwriting (seleçao
de riscos) de uma seguradora: a antiseleçao ou seleçao adversa.
Neste caso as pessoas mais propensas a perdas sao justamente
aquelas que procuram a proteçao do seguro, como no caso de
individuos com história de morte prematura na familia e que
compram seu seguro de vida, podendo resultar em um custo total
observado dos sinistros superior ao previsto.
9
II.2 - Seguro
HA muito tempo atrAs o ser humano jA conhecia alguns
mecanismos para lidar com o risco que podem ser considerados
precursores do seguro. GREENE e TRIESCHMANN [198l,p.ll] e
PFEFFER e CLOCK [1977,p.4] citam o exemplo dos mercadores
chineses que desciam o Rio Yangtze e, um pouco acima das
corredeiras, se reuniam e repartiam as cargas entre os vArios
barcos da expediç30, de tal forma que se um deles afundava,
nenhum comerciante sofria uma perda total. PFEFFER e CLOCK
[1977;p.S-14] mencionam também a existência de formas arcaicas
de seguro no código de Hammurabi (BabiIOnia), no Império Romano
e na Grécia Antiga.
o seguro, tal como é conhecido hoje, surgiu nas cidades de
mercadores da regi30 que atualmente é a ItAlia, por volta do
final do século XIII e inicio do século XIV. Muito ligado ao
comércio e navegaç30, ele foi se desenvolvendo e se espalhando
pela Europa, chegando à Inglaterra, pais de grande importancia
na histOria do seu desenvolvimento. Nestes primórdios, os
seguros eram feitos por individuos que se chamavam underwriters
devido ao fato de escreverem seus nomes sob os termos do
contrato, indicando assim a sua concordancia com este. Nos dias
de hoje, o termo underwriting adquiriu outra conotaç30,
referindo-se principalmente à atividade de seleç30 de riscos
realizada por um empregado da companhia de seguros.
10
Durante o século XVIII, a partir da organizaçao de
individuos que se reuniam no Edward Lloyd's Coffee House para
trocar informaçOes e fechar contratos de seguros, surgiu o
Lloyd's de Londres, até hoje a instituiçao mais importante no
ramo maritmo, sendo agora a dnica associaçao de underwriters de
vulto no cenario mundial. Atualmente sao as companhias de
seguros, e nao os investidores individuais, os organismos mais
importantes de subscriçao de riscos.
o ramo incêndio também foi um dos primeiros a se
desenvolver: apesar de ja terem surgido anteriormente propostas
para criaçao de companhias de seguros deste ramo, foi somente
depois do Grande Incêndio de 1666, que devastou a maior parte
de Londres, que surgiram as primeiras destas empresas.
Muitos outros ramos de seguros foram surgindo à medida em
que nossa sociedade se tornava mais complexa. O seguro
desempenha um papel fundamental no mundo de hoje e sua
importància pode ser avaliada confrontando seus custos e
beneficios sociais.
Os custos pagos pela sociedade sao principalmente aqueles
relativos aos recursos usados para a operaçao do negOcio e às
possiveis perdas decorrentes de fraudes, estas relacionadas ao
risco moral. Os beneficios consistem principalmente em:
11
* Estabilidade proporcionada aos negocios e a familia,
sendo um meio de prote~ao mais eficaz que a constitui~ao de
reservas individuais para fazer frente a futuras perdas.
* Libera~ao de capital para investimento. As seguradoras
recolhem dinheiro dos clientes e O tornam disponivel para
investimentos vultosos.
* Custos de capital reduzidos. Como ha mais capital para
investimento, é natural que o seu pre~o seja mais baixo.
* Desenvolvimento de atividades de preven~ao e controle de
perdas. Ja que se refletem diretamente em seus resultados, as
companhias de seguros costumam patrocinar pesquisas e campanhas
de diminui~ao de perdas, contribuindo para o bem-estar da
sociedade como um todo.
* Facilidades para contratos de crédito. A partir do
momento em que pessoas e propriedades podem ser seguradas, o
credor reduz o seu nivel de incerteza, sabendo que as suas
garantias nao desaparecerao pela ocorrência de um acidente.
Isto barateia ou mesmo possibilita os contratos em questao.
DORFMANN [l982,p.12-13], MEHR e CAMMACK [1976,p.11-14] e
GREENE e TRIESCHMANN [1981,p.26-28], baseando-se em analises
similares a apresentada, concordam que os beneficios sociais do
seguro facilmente ultrapassam os seus custos.
12
13
CAPITULO III
INTENSIDADE DA COMPETIÇAO NA INDVSTRIA BRASILEIRA DE SEGUROS
Antes de se falar em solvência de seguradoras, é
conveniente que o ambiente no qual é realizado o trabalho seja
de alguma forma avaliado. Ao invés de simplesmente apresentar o
mercado segurador de forma convencional, conforme jA foi
recentemente feito em CODISEG [1989] e ALONSO [1990], procurou
se uma visao alternativa do seu funcionamento, ainda que nao de
uma forma completa, pelo menos sob um prisma diferente.
Esta seçao tem por objetivo, através da metodologia para
anAlise estrutural de inddstrias sugerida por PORTER [1980,cap
1], apresentar um panorama do mercado brasileiro de seguros ao
mesmo tempo em que determina o nivel de competiçao entre estas
empresas.
A base da anAlise consiste na visao da inddstria através
de cinco Forças Competitivas que nela atuam: ameaça de novos
entrantes, rivalidade entre as firmas existentes, ameaça de
produtos substitutos, poder de barganha dos compradores e poder
de barganha dos fornecedores.
No mercado segurador é dificil identificar a figura do
fornecedor: ele simplesmente parece nao existir, jA que esta
inddstria A primeira vista nao trabalha com insumos de
terceiros, aparentemente criando o produto (proteçao) a partir
de sua própria capacidade de absorver e combinar riscos.
o ressegurador, contudo, é uma entidade próxima do que se
poderia chamar de fornecedor, vendendo um serviço (resseguro)
14
as seguradoras, embora ele nao seja utilizado em muitos casos:
somente alguns tipos de risco tornam necessArio um contrato de
resseguro.
No entanto, a classificaçao do Instituto de Resseguros do
Brasil (IRB, orgao que detém o monopOlio das operações de
resseguro no pais) como fornecedor, poderia, num exame
rigoroso, levantar duvidas quanto a adequaçao do termo a
situaçao. Como forma de evitar o problema preservando a
estrutura da metodologia de anAlise proposta, a quinta Força
Competitiva serA descrita como Poder do IRB.
Este Orgao exerce uma
alguma forma no seu nivel
grande influência no mercado (e de
de competitividade, como serA
estudado) e sua atuaçao, semelhante em alguns aspectos a de um
fornecedor, permite que esta mudança seja feita sem prejuizo a
metodologia de anAlise original, apenas adequando-a a situaçao
especifica através da descriçao mais conveniente da Força
Competitiva em questao.
A industria seguradora pode ser considerada um oligopOlio
apesar do grande número de empresas do ramo. Com 97 empresas
atuando no mercado em 1987, os cinco maiores grupos (23
empresas) respondiam por 49% dos prêmios arrecadados (CODISEG
[1989,p.26]), enquanto que em 89 os seus balanços apontavam
para 52% dos prêmios brutos (dados compilados na Cia. Paulista
de Seguros). Esta classificaçao se justifica nao sO pela
concentraçao de negócios nas maos destes poucos grupos, mas
15
também pelas significativas barreiras à entrada de novas firmas
e ausência parcial de competiçao por preço conforme se verA
mais adiante.
Cabe destacar que a atividade de controle e regulamentaçao
governamental neste setor é muito intensa e qualquer anAlise
aprofundada deste mercado (o que certamente nao é o objetivo
principal desta tese) requer uma ampla pesquisa da legislaçao
em vigor, que se encontra dispersa em artigos da Constituiçao,
leis ordinArias, portarias ministeriais, circulares da SUSEP e
do IRB e resoluçOes do CNSP.
111.1 - primeira Força Competitiva: 'Ameaça de Entrada de
Novas Firmas
Para que se avalie a intensidade desta força, devem ser
estudadas as barreiras que o mercado apresenta à entrada de
novas firmas.
* Exigência
duas autorizaçOes
a primeira era
legal para operaçao - Antes eram necessArias
diferentes para que uma seguradora operasse:
a carta-patente da SUSEP e a outra, a
autorizaçao do Ministério da Economia, dada através do envio da
documentaçao referente à constituiçao da companhia para a SUSEP
que posteriormente a encaminha ao ministro. O artigo 192 da
Constituiçao Federal de 1988 (inciso 11 e parAgrafo primeiro)
extinguiu a exigência da carta-patente e apesar de depender de
lei ordinAria, aquele documento nao é mais exigido. Durante
16
mais de quatro anos, a autorizaçao
novas seguradoras ficou suspensa
ministeriais (portarias MF ndmeros
para o funcionamento de
por força de portarias
234 de 18/12/84 e 420 de
17/12/87). Em janeiro de 1989 a portaria ministerial MF/GM
ndmero 3 de 12/01/89 voltou a permitir novas empresas e o
ndmero de seguradoras que vinha se mantendo aproximadamente
constante (97 empresas no final de 1988) cresceu para 120 em
novembro de 1990.
* Custos de mudança - Este produto permite que surjam
custos deste tipo para o consumidor que procura uma outra
firma, trocando de fornecedor. Além do problema da carência que
é um tipico custo de mudança para o segurado e que ocorre em
muitos ramos, as companhias de seguros costumam manter
retrospectos dos sinistros de seus clientes, algumas vezes
existindo programas de bonificaçao quando da renovaçao do
contrato que incentivam o seu nao-uso. No caso de seguros de
longo prazo, como vida individual por exemplo, este custo pode
ser bem significativo: a reserva matemática em poder da
seguradora serve para cobrir a necessidade de um maior prêmio
no final da duraçao do contrato, quando o segurado representa
um risco maior e que nao é entao repassado ao valor do prêmio.
No caso de encerramento deste contrato e assinatura de um novo,
o valor da reserva matemAtica continua em poder da companhia
anterior, devendo o segurado pagar um valor mais alto no novo
plano. JA começaram a surgir no Brasil contratos com clAusula
17
de devoluçao de parte do valor já pago, que podem vir a
diminuir o custo de mudança neste ramo especificamente.
* Barreiras a entrada de firmas estrangeiras - De acordo
com a resoluçao CNSP 014/86 publicada no Diário Oficial da
Uniao (doravante simplesmente D.O.) de 15/07/1986, o capital
estrangeiro em empresas de seguros está limitado a 50 % do
capital total e um terço do capital votante. Existem empresas
que têm percentuais maiores que estes e atuam no mercado, mas
foram constituidas antes de ser aprovada a resoluçao.
* Desvantagem de custo e risco ligada a escala As
companhias de seguros trabalham apoiadas na Lei dos Grandes
Ndmeros que diz que quanto maior o ndmero de unidades expostas
ao risco, menor a chance do valor efetivamente observado dos
sinistros se afastar muito do valor previsto. Em outras
palavras, uma empresa com uma carteira muito grande de
automóveis por exemplo, tem uma estimativa em principio muito
melhor do ndmero e valor total dos sinistros a ocorrer do que
um concorrente com poucos automóveis em carteira. Desta forma,
o custo do produto de uma companhia que está
provavelmente muito maior, nao só pelo efeito
experiência mas também pela necessidade de
começando é
da curva de
um maior
carregamento para enfrentar o maior risco de oscilaçao dos
sinistros.
* Diferenciaçao de produto - Quando uma pessoa compra um
seguro ela quer garantir uma cobertura no futuro em caso de
18
necessidade, sendo
para que haja o
credibilidade frente
preciso que o cliente confie na seguradora
negócio. A dificuldade em se obter
ao cliente é, no entanto, uma fonte de
barreiras a entrada pouco importante para a companhia que
inicia seus negócios. Pela própria natureza do produto, pouco
diferenciAvel conforme se verA adiante, nSo é muito difícil
para o novo entrante superar as eventuais preferências dos
consumidores. Contribui também para tal a atual estrutura de
distribui~So através de corretores, onde o cliente final tem
pouco ou nenhum contato
difícil que se estabele~a
com a seguradora, sendo
a fidelidade do cliente
ainda mais
para com
esta. Este tipo de rela~So costuma ocorrer com o corretor que
muitas vezes passa a ser o responsAvel pelo negócio, pelo menos
aos olhos do cliente.
* Exigência de capital social mínimo - Para que o segurado
possa contar com mais uma prote~So, a SUSEP fixou esta
exigência em BTN para que a corre~so monetAria do valor se
desse automaticamente a cada mês. De acordo com a resolu~so
CNSP número 023/92, o capital social da sociedade seguradora
nSo poderA ser inferior ao valor correspondente a oito milhOes
e quatrocentas mil UFIR o que é uma quantia que representa uma
razoAvel barreira a entrada de novos competidores.
19
III.2 - Segunda Força Competitiva: Intensidade da
Rivalidade Entre Concorrentes
Pode-se afirmar que a rivalidade entre as empresas de
seguro nao é muito grande no momento, ao menos no que diz
respeito à formulaçao de diferentes estratégias de marketing:
as regras excessivas para o seu funcionamento impOem uma certa
rigidez estratégica para a sua atuaçao, sendo dificil falar em
posicionamento quando sao analisados os quatro P's do Marketing
Mix neste mercado: produto, preço, praça e promoçao
* Produto Praticamente indiferenciAvel (produto
homogêneo) de uma companhia para a outra devido à pr6pria
estrutura burocrAtica da fiscalizaçao e controle do governo e
facilidade de se copiar um novo produto uma vez feito o
lançamento. Este raciocinio corrobora com os resultados das
pesquisas empreendidas por ALONSO [l990,p.lOO] que revela que
poucas empresas tem um esforço continuo de pesquisa e
desenvolvimento, tendendo assim a um distanciamento em relaçao
ao cliente final.
* Preço - Em um oligopólio homogêneo (e este mercado estA
mais próximo desta classificaçao do que da de oligopólio
diferenciado) a competiçao por preço é um tanto incomum, sendo
a sua ausência teoricamente inerente a este tipo de estrutura
de inddstria. A competiçao deve se dar, por outro lado, na
busca de vantagens absolutas de custos (GUIMARAES [l987,p.4l])
que no caso deveria se traduzir principalmente em uma politica
20
de seleçao de riscos (underwriting) adequada. No entanto, o
mercado segurador, dadas as altas taxas de juros reais, vem
privilegiando o resultado de investimento em detrimento do
resultado operacional (ALONSO [1990,p.37). Desta forma, ao
invés de vantagens absolutas de custos, as empresas optam por
procurar um maior faturamento que permita ter mais recursos
para investir no mercado financeiro que por sua vez proporciona
um ganho elevado e com risco relativamente pequeno.
Quanto a flexibilidade, a maior parte dos preços
praticados no mercado segurador brasileiro era tabelada e
rigida nao sendo permitidos preços menores que os
estabelecidos. As circulares SUSEP 027/86 e 004/90 (0.0. de
16/12/86 e 25/01/1986, respectivamente) liberaram na pratica a
cobrança nos ramos Automóveis (este de forma um pouco restrita:
permanece a exigência de um prêmio minimo, abaixo do qual nao
se pode operar), Incêndio e Lucros Cessantes decorrentes de
incêndio. Este fato deveria contribuir para o aumento da
competiçao no setor. No entanto, nenhuma das maiores empresas
do mercado possui um departamento de atuaria com número
suficiente de profissionais de formaçao adequada para que
existam condiçOes de estabelecer preços em um mercado sem
regulamentaçOes de uma forma segura e eficaz. Devido ao longo
per iodo em que nao houve praticamente necessidade de calculo do
valor do prêmio, a importãncia desta atividade do atuA rio
encolheu, havendo seguradoras menores em que este profissional
na prAtica nao existe.
21
Segundo o IBA (Instituto Brasileiro de AtuAria), hA
somente 760 profissionais registrados como tal no Ministério do
Trabalho, sendo que deste total é provAvel que cerca de metade
nao esteja atuando na profissao. Podemos considerar que vArios
profissionais de outras Areas (principalmente matemAtica e
estatistica) podem estar trabalhando em funçOes atuariais, o
que infelizmente ainda nao nos permite imaginar um ndmero
razoAvel de profissionais nestas funçOes, até mesmo pelo
controle de preços vigente por muitos anos e a baixa
criatividade das empresas no lançamento de novos produtos.
* Praça (canais de distribuiçao) Segundo dados da
FENACOR (outubro de 1990), 20.723 corretores de seguros atuam
no Brasil, sendo 17.579 pessoas fisicas e 3.144 pessoas
juridicas. Estes ndmeros estao, no entanto, subestimados e um
recadastramento que permitirA conhecer melhor a realidade estA
sendo feito pela SUSEP. Dados preliminares indicam que em
dezembro de 1990 o ndmero de corretores pessoas fisicas chegava
a 21.963, nao estando disponiveis os dados de pessoas
juridicas. Os corretores têm a exclusividade da comercializaçao
dos contratos de seguros dos chamados ramos elementares,
havendo a necessidade de que qualquer destas vendas sejam
intermediadas por um deles.
O faturamento destes profissionais é alto conforme podemos
observar nos ndmeros relativos ao total de comissOes de
corretagem pagos pelas empresas de seguros em 86 e 87: algo em
22
torno de 17 a 18% do total de prêmios arrecadados em cada ano
(CODISEG [1989,p.131-32]).
* Promoçao - Este P do Marketing Mix nao apresenta maiores
peculiaridades em relaçao a outros setores de atividade, dando
se as campanhas publicitarias, promocionais, enfim, toda a
divulgaçao da empresa e seus produtos perante o consumidor, de
forma convencional.
Pode-se concluir que qualquer tipo de confronto entre as
companhias de seguros deve
P's: praça e promoçao.
preferencialmente se
Com o seu produto
dar em dois
praticamente
indiferenciavel e seu preço (em alguns ramos) parcialmente
liberado, mas faltando-lhe know-how para estabelecê-lo de uma
forma adequada, resta à seguradora a busca do cliente através
da divu1gaçao do produto e do controle dos canais que levam até
ele.
A obrigatoriedade da existência de intermediarios entre as
seguradoras e o cliente final certamente tira
flexibilidade das empresas, deixando-as à busca
um pouco da
do espaço na
distribuiçao dos produtos principalmente sob a forma de altas
comissOes a corretores conforme mostrado
pode-se, para o quadro ja exposto, classificar a
rivalidade entre os concorrentes como sendo de média
intensidade, se dando principalmente na promoçao e praça, nesta
dltima de forma limitada. Esta rivalidade tende talvez a um
23
aumento dada a súbita expansao do número de competidores nos
últimos dois anos (ver item exigência legal para operaçao em
III.I): a queda de algumas barreiras a entrada de novos
concorrentes pode influenciar negativamente a lucratividade
global da indústria (PORTER [1980,p.22]) que possui baixas
barreiras a saida, pois como em muitos mercados maduros (baixo
crescimento real ao longo dos anos, pelo menos até agora), a
possibilidade de haver o interesse de um grande grupo pela
compra da empresa é muito grande, buscando desta forma o ganho
de market-share de maneira mais rápida e fácil. Acrescente-se
ao que já foi dito o fato de que muitas empresas brasileiras
trabalham bastante capitalizadas, equivalendo a um setor de
atividades onde as indústrias participantes têm capacidade
ociosa, com possibilidade de subscrever mais contratos sem
maiores prejuizos a sua solvência, conforme será visto em VI.I.
Convém definir cinco classificaçOes básicas que ajudam a
entender algumas diferenças na atuaçao das empresas.
Quanto a ligaçao com bancos:
* Seguradora pertencente a banco - pertence a um grupo
em cujo banco ela se apOia firmemente para fazer seus
negOcios. Exemplos: Bradesco, Itaú, Real.
* Seguradora independente - em oposiçao a primeira,
esta nao é controlada por um banco, nao dependendo de um
24
para obter a maior parte de seus negócios. Exemplos: Sul
América e Brasil Seguros.
Quanto à origem do capital:
* Seguradora nacional - Aquela cujo principal acionista
é um grupo privado nacional. Exemplos: Porto Seguro e
Real.
* Seguradora estatal - Aquela cujo principal acionista
(direta ou indiretamente) é o Governo Federal ou Estadual.
Exemplos: Banerj e COSESP.
* Seguradora ligada a grupo estrangeiro Aquela cujo
principal acionista é um grupo estrangeiro, ou ainda,
mesmo que este seja minorit4rio, no caso em que ele
empreste de forma constante, sua competência e Know-how à
empresa. Exemplos: Uniao Continental (atual UAP) e
Interamericana.
111.3 - Terceira Força Competitiva: Ameaça de Produtos
Substitutos
Certos produtos podem ser considerados substitutos do
seguro, principalmente se ele for considerado como mais uma
forma de investimento. Neste caso, além de sistemas de
segurança em geral (contra incêndio, roubo, acidentes) e
campanhas educativas para diminuir a ocorrência de eventos que
levem a perdas, deveriam ser consideradas como grande rival as
25
vArias outras formas de investimento, tais como: a~Oes, fundos
de investimento, titulos do governo, letras de cambio, poupan~a
e muitas outras. A alternativa do seguro é, no entanto,
claramente diferente das demais: ao contrArio dos sistemas de
preven~ao, o seguro proporciona uma cobertura mais ampla, sendo
até incentivado o uso destes sistemas adicionalmente ao seguro,
como forma de diminuir as perdas e conseqQentemente o prêmio a
ser pago. Em rela~ao à forma~ao de fundos para fazer frente aos
sinistros que possam ocorrer (auto-seguro), além da
possibilidade da empresa seguradora conseguir investir o
dinheiro de forma mais adequada do que outros investidores
devido ao seu volume de aplica~Oes e competência para tal, hA
sempre a chance da ocorrência de um novo sinistro sem que haja
tempo para que o fundo seja reposto.
Podem ser assim observadas as caracteristicas especiais
desta forma de investimento, que, apesar de diferenciA-lo bem
das restantes, ainda permitem que esta for~a competitiva possa
ser considerada razoavelmente intensa devido a dois fatores
culturais: em primeiro lugar, o brasileiro é considerado uma
pessoa tipicamente imprevidente e, desta forma, os outros
investimentos, que representam a possibilidade de adquirir bens
e realizar desejos, podem exercer uma atra~ao muito maior sobre
o individuo que enxerga o seguro como uma despesa, sempre
associado com um acontecimento desfavorAvel.
26
Em segundo lugar a descrença dos brasileiros nas empresas
e instituiçOes em geral é um desestimulo à opÇao pelo seguro. A
sua menor tangibilidade é notAvel. Enquanto que nos outros
ativos o valor possuido pode ser facilmente conferido,
visualizado e até mesmo tocado e usado, o valor do contrato de
seguro estA na confiança que se tem no cumprimento do mesmo por
parte da instituiçao contratada em caso de ocorrência de
sinistros, cujos valores, aliAs, ninguêm sabe ao certo quais
serao.
Um terceiro fator ainda poderia ser citado: os altos
preços do produto podem levar o auto-seguro a se tornar, em
alguns casos, uma opÇao muito atraente. O design das tarifas de
seguros muitas vezes nao permite uma adequada avaliaçao do
risco ao qual um ativo estA submetido, levando assim a preços
por vezes desvantajosos. Deve ser citado o exemplo clAssico das
tarifas do seguro de roubo e incêndio de automóveis que hA
algum tempo atrAs nao refletiam de forma adequada as
desproporcionalidades dos riscos por regiao, conforme mostrado
por WESTENBERGER [1988]. A liberaçao de descontos nestes
prêmios permite que a própria empresa corrija este efeito,
embora problemas similares possam ocorrer em outros ramos onde
o preço final ainda é rigido.
27
III.4 - Quarta Força Competitiva: Poder de Barganha dos
Compradores
Esta força é pouco intensa jA que apenas corporações
maiores com grande massa de ativos a serem segurados seriam
capazes de pleitear preços ou diferenciaçao de produtos, embora
as limitações de preço e produto impostas pela regulamentaçao
sejam grandes, inclusive por problemas relativos A questao do
preço de resseguro, conforme serA visto em III.5.
As estatais geralmente nao tém chance de conseguir
qualquer desconto, jA que a escolha de suas seguradoras é feita
por sorteio, por mais estranho que isto possa parecer, ficando
estas empresas presas a um preço cheio, sem qualquer tipo de
desconto.
III.5 - Quinta Força Competitiva: Poder do IRB
A anAlise da atuaçao do IRB e de sua influéncia na
competitividade do mercado é imprescindivel: seu serviço é
fornecido As seguradoras que por sua vez elaboram o seu produto
(também um serviço) para o consumidor final.
o Instituto de Resseguros do Brasil detém o monopólio de
resseguros no pais e é responsAvel pelo controle da retrocessao
As empresas. O seu controle acionArio estA dividido da seguinte
forma: 50% para o governo (através do lAPAS) e 50% para as
28
empresas do mercado segurador, embora na pratica seja o governo
quem controla o IRB, inclusive indicando o seu presidente.
~ curioso notar este órg30 possui poderes
regulamentadores das atividades de resseguro e retrocess30: se
ele é o dnico fornecedor deste serviço ao mercado, é no minimo
estranho o fato dele mesmo legislar sobre o assunto,
estabelecendo quais devem ser os limites, preços e tipos de
operaç30 de resseguro em cada ramo, inclusive estabelecendo
obrigatoriedade para o seu uso em varias situaçoes.
o IRB tem como finalidade distribuir da melhor forma
possivel os riscos dentro do mercado segurador brasileiro
através do resseguro e da retrocess30, procurando aproveitar ao
maximo a capacidade de retenç30 do mercado brasileiro e
evitando a desnecessaria evas30 de divisas para o exterior,
objetivo que ele certamente atinge: o percentual de prêmios
recebidos no Brasil e que foram retrocedidos ao exterior
através do IRB foi de apenas 2.75% em 1987 e 3.95% em 1988, o
que indica um bom aproveitamento (provavelmente maximo) da
capacidade do mercado brasileiro.
Torna-se oportuno que se conheçam as regras estabelecidas
pelo IRB que orientam os contratos de resseguro. S30 elas as
Normas Gerais de Resseguro e Retrocess30 (NGRR) e as varias
normas especificas de acordo com o ramo.
29
As NGRR (circular do IRB PRESI 033/83 de 26/10/1983, com
algumas pequenas
09/88, 033/88 e
modificaçOes pelas circulares PRESI 045/86,
042/89) estabelecem condiçOes gerais para
resseguro e retrocessao, abordando os seguintes, entre outros
tópicos:
* Obrigatoriedade das seguradoras cederem ao IRB as
responsabilidades que excederem os seus LT.
* Tipos de riscos cobertos.
* A responsabilidade do IRB é para com as seguradoras.
* pagamento As seguradoras de comissOes sobre os prêmios
de resseguro de Excedente de Responsabilidade e Quota.
* Regras gerais para resseguro autom~tico e procedimentos
relativos A Proposta de Resseguro.
* Normas quanto A regulaçao e liquidaçao de sinistros. A
regulaçao de sinistros consiste em avaliar extensao e valor dos
danos provocados. Até um certo limite ela pode ser feita pela
própria seguradora.
* Normas
resseguro.
quanto ao adiantamento de recuperaçao de
Também fica estabelecido que os prêmios de resseguro serao
cobrados com base nos valores originais dos prêmios, o que
equivale a dizer que eventuais descontos praticados pelas
30
seguradoras nao diminuem o valor a ser recolhido a titulo de
resseguro, desincentivando a prática de preços com descontos
nos contratos onde a cessa0 de resseguro é necessária.
As normas especificas estabelecem os procedimentos para
cada ramo como por exemplo os tipos de resseguros disponiveis.
O IRB trabalha com basicamente três modalidades: Excesso de
Danos (ED), Excedente de Responsabilidade (ER) e Quota. Vejamos
como funcionam:
No resseguro de ED o segurador tem fixado um limite máximo
de perda em cada sinistro (em geral o seu LT) a partir do qual
o ressegurador se compromete a cobrir, pagando-se pela
cobertura uma percentagem dos prêmios relativos a esta
carteira.
Na modalidade de ER fica estabelecido um limite,
denominado retençao da seguradora, a partir do qual o
ressegurador se compromete a intervir em auxilio da seguradora.
A diferença para o ED é que aqui a taxa é paga pelo segurador
de acordo com cada contrato: na medida em que as importAncias
seguradas vao ultrapassando o limite de retençao, uma parcela
proporcional do prêmio é cedida ao ressegurador.
o resseguro por quota é o de sistemática mais simples: é
cedida ao ressegurador uma percentagem fixa de todos os prêmios
arrecadados no ramo, sendo ele entao responsável por igual
proporçao dos sinistros que venham a ocorrer.
31
E importante que se perceba a importancia de cada ramo no
resseguro, jA que aqueles com altos valores de prêmios de
seguros diretos podem nao ter tanto peso no mercado
ressegurador e vice-versa. As tabelas 1 e 2 do Anexo 1 mostram
como sao distribuídos os prêmios de seguros diretos e de
resseguros por alguns ramos em 87 e 88. Do total ressegurado,
mostra-se a parte que coube ao IRB, a que foi repassada por
retrocessao ao mercado nacional e a que foi retrocedida para o
exterior.
Cabe notar que o percentual dos prêmios diretos
equivalentes ao total ressegurado no ramo aeronAutico em 1988
(tabela 2) é um pouco superior a 100%, o que pode causar
espanto. No entanto, prAticas contAbeis podem ter concorrido
para tal, como aplicaçao do regime de competência dos
exercícios em apenas um dos dois números, reeseguros ou seguros
diretos. A fonte utilizada é confiAvel: trata-se da Estatística
do Mercado Segurador realizada pelo CATES/IRB nos anos de 1987
e 1988.
Os números exibem a grande importancia dos ramos
transporte internacional, cascos e aeronáutico para o mercado
de resseguros, apesar da sua relativa pouca expressividade no
tocante aos prêmios de seguros diretos. Estes dois dltimos têm,
inclusive, uma parte expressiva de seus prêmios retrocedida ao
exterior. O ramo automóveis, por outro lado, apesar de sua
importAncia nos seguros diretos, nao têm quase nenhuma
32
participaçao nos resseguros totais, até mesmo por que as
importAncias seguradas sao, em geral, relativamente pequenas. O
ramo incêndio é o de maior total ressegurado, inclusive tendo
uma percentagem grande de retrocessao ao exterior.
Tendo em vista estes números, serao analisadas, com base
nas Normas Especificas de Resseguro e Retrocessao formuladas
pelo IRB, as principais caracteristicas do resseguro nos
seguintes ramos: Incêndio, Aeronáutico, Cascos, Lucros
Cessantes e Transportes (Nacionais e Internacionais). Os cinco
sao juntos responsáveis por 70% dos prêmios de resseguro em
1988. Os ramos Autom6veis e Responsabilidade Civil Facultativa
de Veiculos, apesar de s6 movimentarem 3% do total de prêmios
de resseguro em 1988, serao incluidos na lista por estarem
entre os ramos de maior arrecadaçao de prêmios de seguros
diretos.
* Incêndio - E dividido em dois tipos: comum e vultoso,
caso a importAncia segurada se situe acima ou abaixo de US$ 24
milhões ou US$ 16,5 milhões, dependendo da classe de ocupaçao
da atividade principal exercida na planta segurada.
Para incêndio comum o resseguro é automático, sendo usada
uma combinaçao das três formas de cobertura: a partir de uma
importAncia segurada de 20 LT's há um plano de ER. Até este
valor o plano é uma combinaçao de ED e Quota. A taxa do
contrato de Quota ê de 25% e a taxa de ED varia para cada
33
seguradora entre 5 e 18% dependendo do seu retrospecto de
sinistros com recuperaçao de resseguros de Quota e ED.
Em incêndio vultoso nao ha resseguro automatico e a
cobertura de Excedente de Responsabilidade é a dnica utilizada,
com a retençao da seguradora correspondendo ao seu LT para cada
risco isolado. Para estes casos ha a possibilidade da
seguradora solicitar a cobertura de catastrofe pagando ao IRB
um percentual (mínimo de 4% reajustavel semestralmente) dos
prêmios diretos retidos nesta carteira, ficando entao a sua
perda causada por uma dnica ocorrência (mesmo que esta atinja
varios riscos isolados) limitada a um LT.
* Aeronautico - Sua sistematica é bem mais simples, sendo
aplicada somente a cobertura de ER para riscos isolados maiores
que o LT da empresa para este ramo. O resseguro automatico nao
se aplica no caso de linhas regulares de navegaçao aérea, sendo
o seu limite, nos demais casos, de US$ 800.000.
* Cascos A sistematica é a mesma do anterior,
acontecendo o resseguro automatico para importancias seguradas
inferiores a quatro vezes o LT da seguradora ou US$ 328.000, o
que for menor.
* Lucros Cessantes - As regras sao as mesmas dos dois
ramos anteriores, sendo adotado o resseguro automatico para
importancias seguradas abaixo de US$ 9 milhOes.
34
* Transportes - Este ramo se divide em dois outros com
normas especificas ligeiramente diferentes. Em transportes
nacionais o limite para resseguro automAtico é de US$ 5
milhOes e o plano é um combinado de ER e ED. Em transportes
internacionais repete-se a situa~ao anterior, com excessao do
sub-ramo Responsabilidade Civil do Transportador RodoviArio -
VI, onde o plano combina Quota (30% de cessOes ao IRB) e ED.
* Responsabilidade Civil Facultativo de Veiculos
Cobertura de ER para as responsabilidades que excedam o LT da
seguradora.
* Automóveis - Obrigatoriedade de cobertura de ER para
riscos cujos valores ultrapassem o LT e cobertura de catAstrofe
para todas as empresas. Nesta dltima as seguradoras pagam 0,3%
da receita liquida total de prêmios diretos ao IRB que fica
assim responsAvel pelas perdas acima de um LT que sejam
decorrentes de um mesmo sinistro, seja ele de qualquer
natureza, inclusive os decorrentes de fenOmenos meteorológicos.
111.6 - Resumo:
Amea~a de entrada de novas firmas - For~a média a intensa.
As barreiras à entrada de novas firmas se mantiveram elevadas
por muito tempo e agora come~am a baixar. Embora ainda existam
barreiras a firmas estrangeiras, desvantagens ligadas a escala
e significativa exigência de capital social minimo, o principal
empecilho à forma~ao de novas empresas, que era a proibi~ao
35
ministerial de sua abertura, deixou de existir, fazendo com que
o seu número aumentasse muito em um curto espaço de tempo,
inclusive com a importante entrada da Golden Cross, que jA
nasce como um gigante do setor.
Intensidade da rivalidade entre concorrentes - Média a
alta intensidade. As baixas barreiras à salda aliadas ao
controle de preços e pequena possibilidade de lançamento de
novos produtos somente permitem que os movimentos competitivos
se dêem na luta por mais canais de distribuição e nas campanhas
promocionais, o que no entanto acontece de forma forte. A
tendência atual é a de que esta força fique cada vez mais
intensa.
Ameaça de produtos substitutos - Média a alta intensidade.
Apesar de suas caracter!sticas dnicas, o seguro sofre no Brasil
uma forte pressão de substitutos como o investimento comum para
fazer face às perdas provAveis (auto-seguro). Isto ocorre
devido a fatores culturais e derivados da concepção dos
produtos.
Poder de barganha dos compradores - Força muito pouco
intensa.
Poder do IRB - Embora o poder do IRB sobre o mercado seja
grande, a atuação efetivamente exercida sobre a competitividade
deste deve ser considerada de baixa intensidade, jA que aquele
órgão age padronizando seus serviços, não levando (ou levando
36
muito pouco) em consideraç30 as diferenças individuais entre as
companhias. Seus critérios de operaç30 tendem a inibir a
competiç30 no mercado.
o Anexo 2 mostra um quadro-resumo com as cinco forças
competitivas.
37
38
CAPITULO IV
O QUE E A SOLVENCIA DE UMA SEGURADORA
IV.l - Definiçao
A solvência pode ser definida de forma simplificada como a
capacidade de uma dada firma fazer frente a todas as suas
obrigaçOes futuras.
No caso das seguradoras, o problema da solvência adquire
uma importancia e complexidade peculiares, jA que o produto que
se vende agora ainda vai ser fabricado, por assim dizer: a
empresa, baseada em estimativas e alocando uma margem para
lucro e possiveis erros e variaçOes nestas estimativas,
estabelece a priori o preço (também chamado de prêmio) a ser
cobrado pelo contrato de seguro, que terA vigência em um
periodo posterior ao pagamento efetuado.
Desta forma, o risco inerente a esta atividade deve
receber um tratamento diferente daquele dispensado a setores
como o comércio ou indústria tradicionais, onde qualquer
aumento nos custos de fabricaçao, comercializaçao ou matéria
prima pode ser, na maioria dos casos, imediatamente repassado
ao cliente. Como muitos dos contratos de seguro têm validade de
um ano, sendo o prêmio em geral pago antecipadamente, pode-se
perceber que o problema da solvência de seguradoras é mais
complexo que o de empresas comuns: além desta maior rigidez nos
preços cobrados pelas "mercadorias" (resposta mais lenta a
mudanças dos custos), as suas obrigaçOes estao sujeitas a
variaçOes aleatórias que merecem algum tipo de tratamento
estatistico.
39
IV.2 - A Finalidade : Controle Estatal e Controle
Gerencial
o controle da solvência das empresas de seguro pode
atender a duas finalidades basicas: a fiscalizaçao por parte do
Estado e o auxilio a gerência da própria seguradora.
A regulamentaçao estatal visa principalmente proteger
aqueles que têm algum tipo de crédito com seguradoras,
especialmente os segurados. O controle também cumpre uma outra
funçao, que é a de preservar a imagem deste mercado: no
contrato de seguro o cliente compra resultados previsiveis,
confiando no fato de que uma empresa vira em seu socorro no
caso de ocorrer o sinistro, pagando antecipadamente por esta
proteçao. Ora, a confiança é um ponto fundamental no negócio e
o Estado deve se encarregar de fiscalizar a solvência, zelando
para que permaneça em niveis aceitaveis e que os contratos
possam ser honrados, viabilizando assim a indústria securitaria
como um todo.
A analise de solvência com fins gerenciais pode ser também
chamada de avaliaçao da saúde financeira da empresa e seu
objetivo é mais amplo que o da supervisao governamental: ela
visa fornecer uma idéia da real posiçao financeira da empresa e
da sua capacidade de sobreviver frente aos riscos existentes.
Uma diferença pratica basica entre estas duas abordagens
esta no horizonte de tempo a ser considerado: enquanto no caso
40
da fiscaliza~ao um horizonte de tempo mais restrito (um a dois
anos) seria suficiente para que medidas fiscais fossem tomadas
no sentido de proteger os segurados, para fins gerenciais é
conveniente que exista uma perspectiva de longo prazo (até dez
anos, por exemplo) na ~valia~ao das chances da empresa se
manter solvente. Outra diferen~a importante (BRENDER
[1988,p.4]) diz respeito a conveniência ou até mesmo
necessidade de simplicidade e objetividade na aplica~ao das
regras de controle estatal para que possam ser aceitas para uso
em regulamentos especificos.
Uma implica~ao imediata desta dicotomia é a utiliza~ao dos
conceitos estAtico e dinamico de solvência. A solvência
estAtica consiste na existência de ativos suficientes para
fazer frente as obriga~Oes, com o pressuposto bAsico de que a
empresa nao realiza novos negócios (run-off). A solvência
dinamica consiste na existência de reservas suficientes para
que a companhia continue a realizar seus negócios e permane~a
com uma alta probabilidade de honrar seus compromissos futuros.
Desta forma, a preocupa~ao natural da gerência deve ser com a
solvência dinamica, jA que o conceito estAtico adota uma
hipótese (o run-off) de limitado interesse em termos gerenciais
e que leva a uma margem de solvência maior, conforme sugerem
PENTlKAINEN et alli [1989,p.212].
41
Iv.3 - Risco e Solvência
A solvência das seguradoras depende muito de variaveis
peculiares a
adequada dos
formadas para
este tipo de servi~o, como por exemplo composi~ao
prêmios e calculo de reservas. Estas dltimas sao
fazer frente aos seus desembolsos futuros,
podendo ser divididas em dois grupos basicos: técnicas e
livres.
As reservas técnicas estao, por natureza, comprometidas
com as obriga~Oes assumidas frente aos segurados. Elas podem se
dividir em dois subgrupos: comprometidas e nao-comprometidas,
uma nomenclatura que pode causar confusao, pois, conforme ja
foi dito, todas as reservas técnicas estao por natureza
comprometidas com os clientes. Analisando-se as defini~Oes
destes dois grupos, pode-se entender o porquê dos nomes.
As reservas técnicas comprometidas sao relativas a fatos
geradores ja ocorridos. Como exemplos destas podem ser citadas
a reserva de sinistros a liquidar (ramo nao-vida) e seguros
vencidos (ramo vida).
As reservas técnicas nao comprometidas sao relativas a
necessidades que ainda vao surgir. Como exemplo destas, podem
ser citadas a reserva de riscos nao expirados, matematica, o
fundo de garantia de retrocessao e outras.
As reservas técnicas
garantir a companhia contra
nao sao capazes
eventualidades
de, sozinhas,
(conforme sera
42
visto) que podem levA-la à insolvência. Para este intuito,
devem existir as reservas livres, mais comumente conhecidas
como Margem de Solvência que serA explicada mais adiante.
A forma~ao adequada do prêmio é de suma importancia na
atividade das seguradoras. No cAlculo do prêmio hA, além do
prêmio puro,
visam tornar
o fator de carregamento
a atividade viAvel e
e outros acréscimos que
lucrativa e permitem a
forma~ao das reservas técnicas.
Uma forma muito usual, principalmente para fins de
fiscaliza~ao, de avaliar a solvência de uma seguradora é
através da anAlise de suas reservas livres, que também podem
ser chamadas de Margem de Solvência. Esta pode ser definida
como o excesso dos ativos sobre as obriga~Oes, configurando
assim um reservatório que garante o pagamento dos débitos mesmo
frente a eventuais discrepancias entre os valores efetivamente
observados e os esperados na entrada (prêmios pagos e retorno
sobre investimentos, por exemplo) e/ou saida (valor total dos
sinistros e das despesas operacionais, por exemplo) de
recursos.
A denomina~ao de margem deve-se, possivelmente, ao fato
desta consistir em um adicional às reservas técnicas da empresa
que, caso nao houvesse varia~ao em rela~ao às probabilidades de
perdas esperadas, seriam sozinhas capazes de fazer frente aos
compromissos assumidos.
43
BENJAMIN [1977,p.279] sugere que a Margem de Solvência tem
cinco finalidades básicas:
" Equalizar flutuaçOes randOmicas nos
sinistros em adiçao a alguma provisao feita nas
reservas técnicas.
Agir como um colchao contra flutuaçOes ou
tendências adversas nas probabilidades básicas
dos sinistros, tais como o efeito das condiçOes
climáticas nos sinistros de incêndio e mudanças
legislativas nos sinistros de responsabilidade
civil.
Agir como um colchao contra perdas em
investimentos.
Cobrir riscos diversos, como:
* Catástrofes naturais, ciclones,
terremotos etc.
* Falha de resseguro.
* Fraudes ou outros desfalques.
( ... )
Fornecer
surgidas de
inabilidade
um colchao
falhas na
para
para perdas potenciais
administraçao, como
despesas, formar cortar
44
reservas adequadamente ou controlar a expansao
de forma apropriada."
Os principais tipos de riscos associados à necessidade da
margem e que devem ser examinados por modelos de solvência, sao
aqueles relativos ao ativo, passivo e outros nao classificaveis
nestas duas categorias.
Os riscos relativos ao ativo sao semelhantes àqueles
tradicionalmente estudados em modelos de finanças como o CAPM,
por exemplo (neste caso, riscos financeiros sistematicos ou nao
sistematicos), estando diretamente ligados à flutuaçao nos
retornos sobre os investimentos e valores dos diversos ativos.
Estes riscos sao especialmente significativos no caso de
seguros de vida, que dependem muito do nivel de retorno sobre
investimentos para que as obrigações sejam posteriormente
cobertas. BARNIV e HERSCHBARGER [1987,p.14] afirmam inclusive
que "( ... ) as empresas de seguro de vida funcionam mais como
intermediarias e menos como tomadoras de risco ( ... )", apoiando
este ponto de vista.
Os riscos relativos ao passivo sao peculiares à atividade
securitaria sendo especialmente importantes nos seguros nao
vida. Eles incluem principalmente riscos de flutuaçao na
sinistralidade ou nas despesas operacionais, riscos relativos
ao resseguro (insolvência do ressegurador) e riscos de
catastrofes. Os riscos relativos ao resseguro sao pouco
45
importantes no Brasil, onde o monopólio desta atividade é
exercido por uma empresa gerida pelo Estado e com poucas
chances de se tornar insolvente (ver seçao V.2).
Outros riscos podem ser incluidos sem que se classifiquem
em algum dos lados do balanço, como é o caso dos riscos de
gerência (mã-fé dos empregados ou
deficiências nos sistemas de controle e
da administraçao,
informaçao etc) e
riscos mercadológicos (concorrência agressiva, produto
deficiente ou ultrapassado etc).
Apesar das diferenças fundamentais dos produtos do ramo
vida em relaçao ao nao-vida, as seguradoras brasileiras podem
operar com todos os ramos, ao contrãrio do que ocorre, segundo
CAEIRO [1983,p.7], na CEE (Comunidade Econômica Européia) e na
maior parte do mercado mundial, onde hã a especializaçao no
ramo vida. HEY [1974,p.2-3] cita como particularidades do ramo
nao-vida quando comparado ao vida:
Ui) Mais de um sinistro pode ocorrer em uma
apólice em um determinado periodo de cobertura.
ii) A quantia a pagar pode ser muito grande
em relaçao ao prêmio e pode em alguns casos nao
ter limite mãximo.
iii) O valor do sinistro é
desconhecido até muito tempo
ocorrência.
freqtlentemente
após a sua
46
iv) Os juros sao de pequena importancia
relativa considerando-se as apólices
individuais, embora eles sejam levados em conta
ao serem fixados níveis genéricos de prêmios e
possam ter uma influéncia significativa em
alguns ramos de seguro.
v) A natureza dos contratos e tipos de
risco sao extremamente diversos.( ... )"
Duas observações podem ser feitas aqui: no item
afirmaçao de que o valor do sinistro pode nao ter
ii), a
limite
mAximo, nao procede no Brasil, onde os contratos podem sempre
prever um limite. Na Gra-Bretanha este limite nao é permitido
em alguns casos.
No item iv), os altos níveis das taxas de juros no nosso
país tornam perigoso este tipo de observaçao, por terem grande
importancia em qualquer tipo de atividade empresarial.
IV.4 - Os Limites da Margem e o Prêmio
JA se sabe que a solvência estA associada a uma
probabilidade (relativa a um determinado período de tempo) que
a seguradora tem de honrar seus compromissos. Sendo assim, para
efeito de controle governamental deve ser calculada a Margem de
Solvência mínima associada a este nível de probabilidade
escolhido. Este ~ltimo deve ser estabelecido por alguma forma
47
de consenso jA que é dificil apontar um ndmero como sendo mais
ou menos adequado do que outro.
Por outro lado, um limite superior da margem estabelecida
por lei se deve apenas ao preço que os consumidores de seguro
pagarao para que as empresas conservem-na alta. PENTlKAINEN et
alli [1989,p.216-219) propOem uma fOrmula que auxilia no
entendimento deste limite: todo capital de risco (no caso, a
Margem de Solvência) estA sujeito a uma expectativa de retorno
por parte dos acionistas.
Estas variAveis devem ser financiadas pelo retorno
financeiro e operacional da empresa. Estes sao respectivamente
o retorno sobre os investimentos da margem e o lucro de
underwriting embutido no
prêmio. Desta forma, temos
dado exercicio:
carregamento que incide sobre o
a seguinte equaçao, vAlida para um
Onde:
iA * MS = L * P + j * MS
iA é a taxa de retorno exigida pelos acionistas
MS é a Margem de Solvência
P é o total de prêmios retidos
j é a taxa de retorno dos investimentos da margem
L é a parcela do fator de carregamento
correspondente ao lucro de underwriting, incluindo o lucro
advindo do investimento das reservas técnicas
48
Assim:
L = (iA - j) * MS/P
Pode-se ver que nesta fórmula final sugerida pelos autores
supracitados, a parcela do fator de carregamento (e
conseqQentemente o prêmio comercial) é diretamente proporcional
a Taxa de Solvência (definida como Margem de Solvência dividida
pelo total de prêmios retidos no ano, ou seja, MS/P) e sua
constante de proporcionalidade é dada pela expressa0 entre
parênteses. Se esta constante for positiva, que é a situaçao
teoricamente mais comum, o preço a ser cobrado pelo seguro sera
tanto mais alto quanto mais alta for a MS mantida pela empresa.
Esta formulaçao, apesar de auxiliar na compreensao do
mecanismo que rege o comportamento do preço do seguro em
relaçao a varias variaveis, traz problemas praticos óbvios,
como por exemplo a mediçao de iA e j para cada seguradora,
determinando assim o valor da constante (ou ao menos se o seu
sinal é positivo ou negativo) e conseqQentemente o
comportamento do preço do seguro em relaçao ao nivel da margem.
NIELSON e GRACE [1988,p.ll] observam que: "A l'inica
circunstancia sob a qual a base de capital superdimensionada
nao leva a preços crescentes é quando a maior parte do retorno
total da companhia nao provém de operaçOes de seguro." Partindo
desta hipótese pode-se sugerir que a simples confrontaçao dos
nl'imeros relativos ao retorno operacional e financeiro das
49
empresas permitiria avaliar o comportamento dos preços de
seguros em relaçao a Taxa de Solvência mantida pelas empresas.
IV.5 - Métodos de Avaliaçao de Solvência
de KASTELIJN e REMMERSWAAL Conforme classificaçao
[1986,p.19], os métodos para avaliaçao de solvência podem ser
baseados em taxas, teoria do risco ou ainda compreensivos.
Os métodos que se baseiam em taxas geralmente levam a uma
margem expressa como uma percentagem de uma dada quantidade ou
ainda a uma avaliaçao comparativa da solvência das empresas com
base em índices financeiros (para um exemplo clAssico da
utilizaçao destes índices na previsao de falências de empresas
em geral, ver ALTMAN [1968]). sao utilizados nos padrões de
controle de solvência da maioria dos países, como é o caso do
Brasil, CanadA, países membros da Comunidade EconOmica Européia
e Estados Unidos, para citar apenas alguns. A sua fAcil e
prAtica utilizaçao permite entender a causa de tamanha
aceitaçao.
Os métodos baseados na teoria do risco estudam a variaçao
nos valores agregados dos sinistros para cada companhia,
testando se ao final de um dado período ela estA solvente, ou
ainda se a probabilidade de ruína dentro de determinado período
é menor que um dado valor. BEARD, PENTlKAINEN e PESONEN
[1984,p.l] definem a teoria do risco como o ramo da atuAria que
estuda as flutuações nos sinistros de uma determinada carteira
50
de riscos, considerando o seu número e valor (e algumas vezes
outras variáveis também) como variáveis aleatórias.
Os métodos compreensivos (ver por exemplo DAYKIN et alli
[1987], DAYKIN e HEY [1990] ou PENTlKAINEN et alli [1989]),
além de verificarem os riscos do ativo e passivo em conjunto,
consideram outras formas de risco como por exemplo os já
citados riscos de gerência e mercadológicos.
Um bom método com finalidades gerenciais deveria ser
compreensivo, utilizando todas as ferramentas que permitem ao
administrador de uma companhia de seguros avaliar a sua saúde
financeira. Cabe ressaltar que as companhias de seguro do
Brasil nao possuem este tipo de método de avaliaçao de
solvência, a nao ser que o segredo esteja sendo cuidadosamente
guardado pelos executivos desta empresa, hipótese considerada
remota, já que estes métodos exigem em geral estudos extensos e
caros.
Agora serao vistos alguns dos principais métodos de
avaliaçao de solvência com a finalidade de supervisao estatal.
O primeiro foi escolhido
CEE (Comunidade Econômica
por, além de ser utilizado em toda a
Européia), ser a base da norma
brasileira. O segundo método é a versao vida do anterior. O
terceiro método é utilizado nos EUA e se baseia puramente em
indices. Os métodos quatro e cinco sao compreensivos (englobam
riscos de ativo, passivo e outros), de aplicaçao complexa e de
eficácia possivelmente alta, fazendo parte desta pequena
51
amostra por serem a ~ltima palavra em termos de avalia~ao de
solvência, procurando modelar as empresas e o ambiente externo
de forma a aproximA-los ao mAximo da realidade. O sexto método
é a base da nova proposta de solvência a ser apresentada neste
trabalho.
IV.5.1 - padrao CEE para Seguros Nao-vida
Este padrao visa estabelecer a Margem de Solvência mlnima
exigida para cada empresa e determinar se ela estA solvente ou
nao, comparando este valor mlnimo com a margem realmente
apresentada pela companhia
o artigo 16 da Diretiva 73/239/C.E.E. de 24/07/1973 da CEE
(ver MINISTERE [1991,p.23-26]) estabelece que a Margem de
Solvência mlnima exigida para seguradoras nao-vida é o maior
valor resultante de dois cAlculos:
a) 18% dos prêmios brutos recebidos no ~ltimo ano fiscal
até 10 milhOes de ECU (unidade monetAria da CEE).
+ 16% dos prêmios brutos recebidos no ~ltimo ano
fiscal a partir deste valor.
b) 26% dos sinistros brutos médios nos ~ltimos três anos
fiscais até 7 milhOes de ECU.
+ 23% dos sinistros brutos
anos fiscais a partir deste valor.
médios nos ~ltimos três
52
Deve-se acrescentar que os prêmios sao liquidas de
cancelamentos e incluem resseguros aceitos. Um fator de ajuste
para levar em conta os resseguros cedidos é permitido para
aplicaçao sobre a margem minima obtida. Isto é feito
multiplicando o valor
percentual equivalente
encontrado
aos sinistros
para
pagos
esta margem pelo
pela seguradora
sobre os sinistros totais. O fator é permitido até um valor
minimo de 50%.
Nesta resoluçao, a Margem de Solvência de uma seguradora
corresponde ao seu patrimOnio livre de quaisquer obrigaçOes.
Seus componentes principais sao o capital social, reservas nao
correspondentes a obrigaçOes com os clientes, reservas de
lucros que possam ser usadas por lei para cobrir perdas e,
sujeitas a certas restriçOes, as chamadas reservas ocultas,
resultantes de ativos subestimados e passivos superestimados.
O calculo com base nos sinistros permite um ajuste para os
casos onde o prêmio se mostra inadequado com a sinistralidade
(sinistros anuais / prêmios anuais) excedendo 70%. Este nnrnero
é obtido através da comparaçao dos coeficientes de a) e b):
tomando o volume de prêmios anuais iguais a P, para uma
sinistralidade S de 70% ou mais a regra b) passa a ser
preponderante, pois:
0,26 S > 0,18 P , para S/p > 0,7 aproximadamente.
53
Segundo CAEIRO [1983,p.13-14] e KASTELIJN e REMMERSWAAL
[1986,p.32-40], a comissao que desenvolveu este padrao se
baseou nos estudos de Campagne com dados de 10 companhias da
Dinamarca, França, Alemanha, Inglaterra, It~lia, Holanda e
Suécia entre os anos de 1952 e 1957 que obtiveram ndmeros para
a Taxa de Solvência que variavam de pais para pais entre 3% e
35%, com uma média sugerida de 25%. Posteriormente, ainda
segundo os autores supracitados, De Mori confirmou estes
resultados pesquisando dados da França, Alemanha, Bélgica e
It~lia separados em três grandes grupos de ramos, obtendo uma
taxa de 24%. Os valores foram, no entanto, considerados
excessivos, j~ que muitas empresas nao conseguiriam se adaptar,
sendo adotados por consenso os valores atualmente vigentes.
IV.5.2 - padrao CEE para Seguros Vida
Os artigos 18, 19
05/03/1979 da CEE (ver
e 20 da Diretiva 79/267/C.E.E. de
MINISTERE [1991,p.67-70]) estabelecem
que a Margem de Solvência minima exigida para seguradoras vida
é a soma dos dois c~lculos seguintes:
a) 4% das reservas matem~ticas.
b) 0,3% dos capitais em risco (capital total segurado pela
empresa) , sendo admitida uma reduçao para contratos
tempor~rios: 0,1% para contratos até três anos e 0,15% para
contratos de três a cinco anos.
54
As cessões de resseguro podem ser levadas em conta até um
limite de 15% no cAlculo a) e 50% no cAlculo b). A margem é
constituida basicamente dos mesmos elementos da regra anterior,
podendo ainda incluir, mediante solicitaçao da companhia neste
sentido, correções devidas a Zillmeragem (uma forma de ajuste)
de reservas.
Segundo KASTELIJN E REMMERSWAAL [1986,p.3l], os valores
usados foram estabelecidos por meio de negociaçao, sendo apenas
baseados em dois trabalhos, sendo um deles o mesmo estudo de
Campagne que originou a regra IV.5.l.
IV.5.3 - Sistema de Alarme Antecipado da NAIC
Nos Estados Unidos a NAIC (National Association of
Insurance Comissioners)
Regulation Information
desenvolveu o sistema IRIS (Insurance
System) que se baseia na anAlise de
indices das empresas e se propõe a identificar seguradoras que
podem estar (ou vir a estar em pouco tempo) em dificuldades
financeiras, devendo receber uma atençao especial do Orgao
regulador (ver KASTELIJN e REMMERSWAAL [1986,p.42-45] e MIRON
[1983,p.432-436]). O controle é feito por excessao, ou seja, se
uma determinada seguradora nao passa em quatro ou mais dos
testes a que é submetida, ou ainda se faz parte do grupo de
empresas que mereceram atençao especial no ano anterior, ela
passa a compor a lista daquelas que devem receber supervisao
imediata da autoridade reguladora da atividade de seguros.
55
Os indices testados, apresentados
REMMERSWAAL [1986,p.119], sao diferentes
em KASTELIJN
para seguro vida
e
e
nao-vida sendo interessante notar que o indice prêmio / surplus
(esta palavra pode ser traduzida como excedente e tem aqui o
mesmo significado da Margem de Solvência) segue a chamada Regra
Kenney que sugere uma relaçao 3/1, ou seja, a margem minima
apresentada deve equivaler a pelo menos 33% dos prêmios anuais.
Este ndmero estA substancialmente acima da exigência da CEE
(entre 16 e 18%) e da SUSEP (20% como veremos em V.1) no
Brasil.
IV.5.4 - Método Pentikainen
Este é um método compreensivo elaborado em PENTlKAINEN et
alli [1989] para seguradoras nao-vida e que usa um conceito
dinâmico de solvência. Sua ênfase é no controle gerencial,
embora também possa ser usado, segundo seus autores, para
supervisao pdblica.
A companhia e seu ambiente externo sao modelados, sendo
considerados os riscos relativos aos sinistros, prêmios,
ativos, despesas, ciclos de negócios (representando a variaçao
no nivel de atividade no setor) e riscos diversos, como
inflaçao, deficiências organizacionais, fraude etc. Para o
cAlculo da margem necessAria podem ser usados, dependendo do
horizonte de tempo considerado, métodos analiticos ou
simulaçOes.
56
o modelo apresenta alguns inconvenientes para o uso em
supervisão pdblica, como por exemplo a dificuldade de acesso a
tantos dados diferentes da companhia e do mercado e a razoAvel
complexidade e extensão do modelo, o que se torna mais grave
quando considera-se que ele deve ser aplicado a vArias
empresas.
IV.5.5 - Método Daykin
Método compreensivo
operaçOes de uma empresa,
que parte de um conceito dinamico das
podendo, segundo seus autores, ser
utilizado tanto para finalidades gerenciais quanto para
supervisão, embora ele pareça excessivamente complexo para este
dltimo fim. E apresentado no estudo de DAYKIN et alli
[1987,p.227-325].
Opondo-se à utilização de valores de balanço, sua base é a
adequada avaliação do ativo e do passivo da empresa, de modo
que seja possivel analisar a sua real capacidade de fazer
frente às obrigaçOes à medida em que estas forem surgindo
(custos emergentes ou emerging costs). Para tanto são feitas
vArias simulaçOes do fluxo de caixa de cada empresa, sendo o
ndmero de insolvências resultantes uma estimativa da
probabilidade de ruina desta empresa no periodo considerado.
Um prolongamento desta linha de pesquisa surgiu com DAYKIN
e HEY [1990], desta vez na forma especifica de um modelo
gerencial de controle de solvência de seguradoras não-vida.
57
IV.5.6 - Método Buoro
Neste trabalho, BUORO, PAVESI e ZUCCHIATTI [1981], em
anAlises similares as utilizadas por Campagne e de Mori
conforme descrito em IV.5.l, repetem a experiência de calcular
a Margem de Solvência mlnima para cinco companhias da ItAlia,
França, Alemanha e Gra-Bretanha. Desta vez foram utilizados
dados das empresas entre os anos de 1973 e 1977, obtendo
números significativamente menores, sugerindo, conforme os
próprios autores, que os estudos deveriam ser constantemente
refeitos, sob o risco de tornarem a regra desatualizada.
Após identificar alguns problemas da regra descrita em
IV.5.l (constando entre aqueles de V.3), foi sugerido um método
alternativo de avaliaçao de
que se baseia na anAlise da
(doravante abreviada por TO)
segue:
solvência de seguradoras nao-vida
flutuaçao da Taxa de Operaçao
das empresas, definida como se
TO = [Sinistros + Despesas Administrativas] / Prêmios
O seu funcionamento simplificado
distribuiçao da TO ao longo do tempo é
é o seguinte: A
considerada Normal,
sendo calculados os seus dois
variancia). A probabilidade de
primeiros momentos (média
rulna para o próximo ano
e
é
determinada de forma que a TO média mais uma margem de variação
nao seja superior a Taxa de Solvência da seguradora, conforme
definida em IV.4. A margem de variaçao é determinada com base
58
no desvio padrao obtido acima. O funcionamento detalhado pode
ser visto ao se analisar a regra proposta neste trabalho em
VI.3, baseado inteiramente no método aqui descrito.
Os autores afirmam que as margens assim obtidas podem ser
reduzidas caso se leve em conta o retorno dos investimentos, o
que nao é feito devido à dificuldade em determinA-lo
corretamente para muitas empresas. E importante observar que
esta omissao leva a uma margem exigida maior que a obtida no
caso de se levar em conta o dito retorno (obviamente
considerando que este é positivo).
59
60
CAPITULO V
REFLEXOES SOBRE O CRI TERIa BRASILEIRO DE SOLVENCIA
V.l - O Critério Brasileiro de Solvência
De acordo com a resolu~ao CNSP número 008/89 de
21/07/1989, todas as sociedades seguradoras que operam no pais
devem apresentar, por ocasiao do encerramento das demonstra~Oes
financeiras de junho e dezembro, uma Margem de Solvência
(doravante simplesmente MS) satisfatória, que consiste na
existência de um Ativo Liquido (doravante simplesmente AL) no
minimo igual ao maior dos seguintes valores:
a) Vinte por cento da média anual do total da receita
liquida de prêmios emitidos nos últimos 36 meses.
b) Um ter~o da média anual do total dos sinistros
ocorridos e avisados nos últimos 60 meses.
Para o calculo devem ser computadas as opera~Oes de todos
os ramos com excessao de vida individual e contribui~ao de
previdência privada aberta. Os valores serao calculados a
pre~os constantes, incluindo prêmios e sinistros das opera~Oes
de retrocessao e sendo liquidos de resseguros e cosseguros
cedidos, restitui~Oes, ressarcimentos, anula~Oes, cancelamentos
e salvados.
O AL, conforme definido na resolu~ao CNSP número 08/87,
corresponde ao Património Liquido (doravante simplesmente PL)
com os seguintes ajustes:
Adi~Oes:
61
Lucros nao realizados da carteira de açOes e quotas de
fundos de investimentos em açoes.
Receitas de exercicios futuros efetivamente recebidas.
DeduçOes:
_ Destaque de capital para Departamento de Previdência
privada (corrigido monetariamente).
_ ParticipaçOes, diretas ou indiretas, em sociedades
congêneres elou entidades abertas de previdência privada de
fins lucrativos, atualizadas pela equivalência patrimonial.
Despesas antecipadas.
Despesas de exercicios futuros efetivamente incorridas.
o Limite de Margem é definido como 50% do montante
correspondente A MS e corresponde a um sinal vermelho,
mostrando que medidas mais imediatas devem ser tomadas, no caso
do AL se tornar inferior a este valor. Analogamente ao padrao
CEE, o calculo com base nos sinistros tem a funçao de previnir
margens subestimadas no caso de sinistralidades médias muito
altas. Até o limite de 60% de sinistralidade média, a regra dos
prêmios predomina; a partir dai passa a vigorar a regra de um
terço dos sinistros.
V.2 - A Comparaçao com o padrao CEE para Seguros Nao-vida
A semelhança entre a regra da CEE e a do Brasil é notavel.
Podemos dizer que ha apenas três modificaçOes importantes no
62
modelo. A
liquidos
primeira é o uso, no caso
de resseguros cedidos para
brasileiro, de
a cifra dos
valores
prêmios
emitidos, enquanto que no critério CEE o resseguro cedido só
pode ser levado em conta até o limite de 50% da margem obtida.
Este é um reflexo da condi~ao do nosso mercado de resseguros
monopolizado pelo IRB: pressupOe-se que a resseguradora daqui
nao ofere~a qualquer risco de insolvência, o que pode ser
considerado vAlido caso admitamos que sao minimas
(despreziveis) as chances do governo falhar com as obriga~Oes
assumidas através da sua participa~ao acionAria naquele órgao.
Deve-se lembrar que o IRB vem operando nos dltimos anos
com um volume anual de prêmios próximo ao valor do seu PL, o
que assegura uma alta taxa de solvência para praticamente
qualquer padrao: segundo os seus balan~os anuais, em 1988 os
prêmios de resseguros recebidos equivaliam a 97% do seu
PatrimOnio Liquido, ndmero este que caiu para 82% em 1989 e
tornou a subir em 90, chegando a 160%.
A segunda diferen~a importante diz respeito à pondera~ao
dos prêmios e sinistros que serA analisada com mais detalhes em
V.3.2.
A terceira se refere aos componentes da margem. No caso
europeu, a descri~ao dos componentes da margem (ver IV.5.1)
praticamente equivale à do PL (PatrimOnio Liquido), com algumas
sofistica~Oes. No Brasil, o conceito de AL (ver V.1) foi usado
para representar a MS. O AL é basicamente o PL com algumas
63
correçOes que se fazem sentir de maneira mais intensa no caso
de empresas, geralmente de grandes grupos, com vultosas
participaçOes diretas e indiretas em outras seguradoras e
empresas de previdência. Nestas companhias, o valor a ser
subtraido do PL pode ser significativo, conforme foi observado
ao se empreender a pesquisa a ser apresentada em VI.1.
A deduçao das participaçOes em empresas congêneres e de
previdência privada nao existe no caso europeu. No caso
brasileiro, o objetivo parece ser o de evitar uma "dupla
contagem de margem", por assim dizer. Tome-se um exemplo
simples: se uma companhia tem um PL de 100 unidades e nenhuma
deduçao ou acréscimo a fazer para se chegar ao AL, este também
é de 100 unidades. No caso desta empresa trocar a sua
participaçao acionaria em uma nao-seguradora por 100% das açOes
de uma pequena seguradora com PL (e AL também) de 10 unidades,
o novo grupo formado pela seguradora-mae e a pequena possui um
AL que soma 110 unidades monetarias, se nao houver o desconto
da participaçao em congêneres. Isto parece absurdo, ja que os
controladores podem entao subscrever 10% mais riscos que antes,
com o mesmo montante de capital para garantir as operaçOes.
o alarme de dois estagios para o controle de solvência
também sofreu alteraçOes nos valores dos seus parâmetros quando
adaptado para o caso brasileiro: Para o primeiro estAgio (luz
amarela), correspondente a "Margem de Solvência" da empresa
conforme a denominaçao da SUSEP (ou "margem de solvência
64
requerida" conforme
20% para prêmios e
sinistros.
a CEE), ao invés da regra 16/18 usou-se
em lugar de 23/26 foi usado 33% para
Para o segundo estAgio (luz vermelha), correspondente ao
"Limite de Margem" conforme a SUSEP ("Fundo de Garantia" peia
nomenclatura do padrao da CEE), foi utilizado 50% do valor da
Margem de Solvência ao invés dos 33% da regra européia.
Conforme pOde-se observar, as mudanças nas taxas foram
conservadoras do ponto de vista da probabilidade de ruina, ou
seja, elas se dao no sentido da diminuiçao desta através da
modificaçao nos parâmetros adotados. No caso da diminuiçao do
limite de sinistralidade média de 70% para 60% para passar a
vigorar a regra de percentagem dos sinistros, é maior apressa0
sobre as seguradoras a partir de resultados operacionais mais
baixos.
Isto nao basta, entretanto, para dispensar a realizaçao de
maiores estudos sobre a adequabilidade desta regra para as
nossas empresas e o nosso ambiente econOmico, jA que ai existe
um trade-off: uma exigência de margem excessivamente alta pode
levar a niveis melhores de segurança para o mercado como um
todo, embora a custos elevados para as empresas derivados da
manutençao desta margem (ver IV.4), causando teoricamente uma
necessidade de um maior prêmio comercial. Esta é uma decisao
estratégica para as autoridades reguladoras e que deve ser
tomada com critério e através de estudos cuidadosos.
65
A comparaçl'lo do retorno operaciona.l com o financeiro das
seguradoras brasileiras sugere que (ALONSO [1990,p.36-37]) nos
últimos anos, como em quase todo o restante de nossa economia,
diversos fatores como as altas taxas de juros reais e
posturas governamentais que desincentivam a atividade
empresarial - estl'lo causando um aumento na ênfase da parte
financeira desta atividade, o que se
vez mais o retorno operacional das
reflete no fato de cada
seguradoras (um valor
atualmente negativo para o mercado segurador como um todo)
estar sendo financiado pelo retorno financeiro. Assim, a partir
da teoria apresentada na seçl'lo Iv.4 deste estudo, deve ser
levantada a hip6tese de que, no momento, devido as variAveis
macroeconOmicas supracitadas, a manutençl'lo de uma alta Taxa de
Solvência nl'lo age necessariamente no sentido do aumento do
preço do seguro. Esta tendência pode, entretanto, ser revertida
a qualquer momento por mudanças em variAveis macroeconOmicas
que tornem o retorno operacional mais significativo que o
financeiro, permanecendo a necessidade da regra brasileira
cuidar para que a margem nl'lo seja superestimada.
v.3 - ComentArios a Respeito da Regra Brasileira
V.3.l - Um dos problemas do cAlculo da MS no critério da
SUSEP também constatado por MARCHAL [l978,p.298] para o caso do
padrl'lo CEE, é o fato de
recebidos ao invés do
descontando a parcela do
ser utilizado o total de prêmios
prêmio puro, ou seja, o prêmio
carregamento para o lucro, despesas
66
comerciais e de administra~ao. Este fato leva a uma
conseqdência interessante:
a Necessidades de Margens
um fator de carregamento maior leva
maiores. Ora, caso tenha havido
apenas um acréscimo no carregamento de seguran~a, teoricamente
espera-se que diminua a necessidade de MS para o mesmo nivel de
probabilidade de ruina. Caso o acréscimo no carregamento se dê
para equilibrar um simples aumento das despesas, nao parece
teoricamente justificAvel o aumento da margem de solvência.
No Brasil este problema pode ser ainda mais grave que na
Europa, caso tomemos como verdadeira a afirma~ao de que aqui o
prêmio é, em geral, superestimado devido ao controle de pre~o
que até pouco tempo vigorava em todos os ramos de seguro e
ainda vigora na maioria deles, permitindo maiores lucros para
as empresas. A MS pode assim estar superestimada por causa do
maior carregamento visando o lucro. O provAvel aumento do nivel
de competi~ao entre as empresas, advindo, dentre outros
fatores, da queda dos controles dos valores dos prêmios e do
aumento do número de competidores no mercado, pode vir a
diminuir este impacto.
Na prAtica é muito mais dificil a obten~ao dos números
relativos aos prêmios puros, sendo justificAvel a utiliza~ao do
volume de prêmios recebidos desde que se conheçam os impactos
desta atitude.
V.3.2 - Uma falha muito importante advém da introdu~ao de
um critério de média dos prêmios anuais dos dltimos 36 meses ao
67
invés de simplesmente prêmios recebidos no dltimo ano, como é o
caso do padrão europeu, e média anual dos sinistros dos dltimos
cinco anos ao invés dos dltimos três anos apenas.
No caso dos prêmios, parece desnecessArio (e mesmo errado)
tomar o per~odo de três anos. A regra, que se baseia em volume
de negócios, deveria estabelecer a garantia m~nima que a
empresa tem que oferecer as obrigações existentes e a serem
contra~das no ano fiscal em andamento. Se fosse desejada uma
média, esta deveria ser feita somando-se em moeda constante a
receita de prêmios do dltimo ano fiscal com a projeção do total
de prêmios para o ano seguinte, considerando o crescimento do
mercado como um todo e a situação da empresa em relação a este.
o uso de dados de dois e três anos atrAs para uma média
possivelmente não tem mais significado prAtico algum, dadas as
mudanças tanto no tamanho do mercado quanto no market-share das
diversas empresas, além de introduzir maiores erros por causa
da inflação que pode ocorrer mesmo na moeda supostamente
constante que estA sendo utilizada.
No caso dos sinistros, a variação ano a ano do seu volume
total tem uma componente aleatória não explicada mais
significativa do que no caso da variação do volume total de
prêmios, que depende muito de fatores mercadológicos e
macroeconômicos. Este é um motivo que leva ao uso de uma média
dos dltimos n anos. No entanto, a filtragem das perturbações
aleatórias através de média dos dltimos cinco anos pode
68
amortecer demasiadamente a reaçSo As possiveis recentes
mudanças ocorridas nos niveis de sinistralidade, sendo
preferivel o critério original dos dltimos três anos.
NSo bastando o já exposto, a simples diferença entre os
per iodos considerados
fonte importante de
[1981,p.69] analisaram
para tomar os prêmios e sinistros é uma
erros: SUORO, PAVESI e ZUCCHIATTI
a implicaçSo de se tomar prêmios no
dltimo ano e sinistros dos dltimos três anos, conforme o padrSo
CEE. Sua conclusSo, provada com aritmética simples, é de que
esta diferença de per iodos (um e três anos) afeta a eficácia da
regra em levar em conta empresas com sinistralidades acima de
70%, caso exista um crescimento constante no valor dos prêmios
e sinistros. E fácil tirar a mesma conclusao para o caso
brasileiro onde existe a diferença de três para cinco anos.
V.3.3 - O método da CEE para seguros nSo-vida (no qual o
nosso se baseia) adotou, segundo PENTlKAINEN et alli
[1989,p.211], como premissa para o cálculo dos parâmetros a
continuidade das operações da empresa (solvência dinâmica). No
entanto, parece mais correto do ponto de vista da fiscalizaçSo,
permitir que a companhia continue a subscrever novos contratos
somente se ela tiver condições de fazer frente a uma condiçSo
de run-off, já que,
dltima hipótese é
conforme foi visto na seçSo IV.2, esta
mais restritiva e diretamente ligada A
finalidade do controle estatal, ou seja, proteger os segurados
da possivel inadimplência das seguradoras.
69
Uma outra falha dos métodos CEE e brasileiro é a nao
considera~ao dos retornos sobre investimentos das empresas.
Este erro é, no entanto, conservador do ponto de vista da
probabilidade de ruina, ainda mais se considerarmos que no
Brasil os retornos sobre os investimentos sao altos conforme
pode-se concluir da analise de V.2 a respeito do retorno
financeiro das empresas brasileiras.
V.3.4 - Nao sao levadas em conta as diferen~as de tamanho
que existem entre as diversas companhias. A Lei dos Grandes
Números leva a crer que uma companhia com maior carteira de
riscos (sem levar em conta diferen~as nas praticas de
underwriting) tende a apresentar uma menor variabilidade na sua
sinistralidade ano a ano quando comparada com uma companhia
menor. Este detalhe praticamente obriga que se leve em conta de
alguma maneira estas diferen~as, permitindo margens menores
que apresentam menor risco, mesmo que se para companhias
argumente que isto favorece a empresas maiores, fortalecendo o
Outros mecanismos de prote~ao e incentivo a oligopólio.
seguradoras menores poderiam ser adotados no lugar deste
perigoso "subsidio" a. exigência de MS.
V.3.5
companhias,
necessidades
A diferen~a
apesar de nao
de margem bem
de mix de produtos
considerada, pode
diversas, tendo em
entre as
indicar
vista as
diferen~as entre as caracteristicas dos riscos dos varios
70
ramos, conforme permite concluir o estudo de RAMLAU-HANSEN
[1988,p.16-44].
Em sua primeira parte, o trabalho calculou, baseado na
anAlise da experiência dinamarquesa, a Taxa de Solvência (MS
sobre prêmios anuais conforme jA definido em IV.4) que uma
empresa daquele pais necessitaria (probabilidade de ruina de 1%
num periodo de um ano) para suportar flutua~Oes aleatórias
apenas no total de sinistros. As taxas obtidas variavam de 7 a
18% para um portfolio somente de seguros de incêndio, 8 a 13%
para vidros e 200 a 350% para vendaval (windstorm). Esta última
taxa, muito alta, é explicada como sendo necessAria para cobrir
a chance de catAstrofe deste ramo de seguro, em que uma só
ocorrência pode atingir um grande número de objetos segurados
simultaneamente.
Numa segunda parte, o trabalho verificou a sensibilidade
da Taxa de Solvência em rela~ao ao total de sinistros anuais
esperados (em outras palavras, o tamanho do negócio) e ao mix
de produtos da empresa.
Os portfolios continham entao diferentes composi~Oes dos
seguintes ramos: vidro (V), incêndio (I) e vendaval (W), tendo
os resultados
variabilidades
mostrado diferen~as significativas
dos sinistros em rela~ao ao tamanho
nas
das
carteiras, diferen~as estas que se refletiram no tamanho das
taxas obtidas, conforme mostra a figura do Anexo 3, diretamente
extraída do trabalho supracitado. Esta tabela mostra que elas
71
podem variar muito de acordo com o volume de negocios e
composi~ao do portfolio de produtos, passando de 46%
(composi~ao: V 25%; I 75% ; W 0%) para 12% (composi~ao: V 25%
; I 65%; W 10%) para um mesmo montante anual de sinistros
esperados. Isto significa que, mesmo com tamanhos iguais, duas
companhias podem requerer Taxas de Solvência muito diferentes
dadas algumas diferen~as na composi~ao de sua carteira de
riscos.
o impacto da diferen~a de tamanho entre as companhias
também pode ser visualizado nesta figura: para duas firmas com
a mesma composi~ao percentual das carteiras (V 25% ; I 75% ; W
0%), as
sinistros
taxas podem variar bastante:
anuais previstos de DKr
29% para um montante de
200.000.000 (Coroa
Dinamarquesa) e 17% para um montante de sinistros anuais
previstos de DKr 1.000.000.000 em valores de 1981.
V.3.6 - Nao é necessário, considerando-se a utiliza~ao do
critério atual de avalia~ao de solvência, que se calcule todo o
semestre a MS minima exigida. A sua mudan~a de um semestre para
o outro dificilmente se dará de forma abrupta, principalmente
com as pondera~Oes de três e cinco anos que sao feitas para
prêmios e sinistros. Devido ao pequeno beneficio oferecido pelo
trabalho adicional, seria preferivel que a MS minima exigida
mudasse somente de ano em ano conforme o padrao europeu, ou
entao, caso se adotassem pondera~Oes por periodos menores, como
na regra da CEE, a exigência de periodicidade semestral poderia
72
ser mantida, hipótese em que o esforço empreendido traria
resultados compativeis.
v.3.7 - A terminologia da Resoluçao CNSP 008/89, que versa
sobre o controle de solvência, é confusa, conforme pode ser
visto em sua reproduçao no Anexo 4. Em seu artigo 20., o texto
diz que "A MS corresponderA a suficiência do Ativo Liquido (AL)
para cobrir montante igualou (sic) maior dos seguintes
valores:", seguindo entao com o cAlculo dos 20% de prêmios e
33% de sinistros.
Ora, o AL é definido (ver V.l) praticamente da mesma forma
que a MS é conhecida mundialmente e foi especificada em IV.3:
excesso dos ativos sobre as obrigaçOes. A MS nao pode ser,
conceitualmente, a suficiência do AL em cobrir um determinado
valor: a isso devemos chamar solvência, e toda empresa que
satisfizer a esta condiçao deverA ser dita solvente.
O erro traz uma confusao, pois no artigo 40. se diz que
"uma vez calculada a MS, se ocorrer a insuficiência de AL para
sua cobertura, a Sociedade ( ... )", admitindo que a MS é um
valor e que o AL deve cobri-lo.
O que ai e no artigo 10. se chama erradamente de MS, é
conhecido no método europeu como Margem de Solvência Minima
Exigida. Este ndmero poderia, alternativamente, ser chamado de
Necessidade de Margem, conforme serA feito durante o capitulo
73
VI deste trabalho. A MS é, por sua vez, o próprio AL na
metodologia em uso pela SUSEP.
Simplificadamente, a terminologia deveria ser, para o bem
da correta compreensao da regra por parte de todos:
* MS - Excesso dos ativos sobre as obrigaçOes. E o valor
que garante a seguradora contra outras eventualidades nao
previstas na formaçao das reservas técnicas. Tanto o PL como o
AL podem ser tomados como avaliadores da Margem de Solvência de
uma seguradora, sendo o primeiro um valor um pouco mais
grosseiro.
* Necessidade de Margem E o valor minimo que a
seguradora deve apresentar para
risco de insolvência seja
conhecido como Margem de
a sua MS, de forma que o seu
considerado aceitAvel. Também
Solvência minima ou Margem de
Solvência requerida.
* Limite de Margem - Corresponde a 50% da Necessidade de
Margem, e nao da MS, conforme a regra em uso especifica. Esta
definiçao da norma causa confusao, conforme pode ser visto
dentro da própria SUSEP durante a pesquisa
apresentada em VI.l, no inicio de 1991.
V.4 - A Fiscalizaçao
E claro que para que a regra se justifique é necessArio
que haja uma fiscalização eficaz. No momento, isto não parece
74
estar ocorrendo com a Margem de Solvência. Os ndmeros relativos
ao AL, a receita liquida anual média de prêmios dos últimos 36
meses e aos sinistros anuais médios dos últimos 60 meses estão
sendo obtidos pela SUSEP através de relatórios semestrais das
seguradoras. Isto
importante pedir
é desnecessario: pode ser uma fonte de erros
as cifras relativas aos prêmios e aos
sinistros, ja que eles podem ser facilmente obtidos dentro do
próprio órgão, conforme sera explicado logo adiante.
Existe um grande risco destas cifras nao estarem sendo
convenientemente calculadas por parte das seguradoras, devido
ao nao uso da correçao monetaria adequada das cifras. A analise
dos relatórios da SUSEP de Margem de Solvência e Demonstrativos
de Resultados do periodo (trimestrais), indicaram
inconsistências no calculo, por parte das companhias, do prêmio
anual médio dos últimos 3 anos.
Mensalmente as empresas sao obrigadas
SUSEP um disco flexivel de microcomputador
outros dados, aqueles relativos a sinistros
opçao interessante para o procedimento atual
a mandar para a
contendo, entre
e prêmios. Uma
de apuração da
solvência seria fazer um banco de dados com estes ndmeros (e
outros mais, conforme a necessidade) para o propósito
especifico do calculo da Necessidade de Margem. Desta forma um
programa de computador simples poderia ter acesso a este banco
de dados e corrigir estes valores de acordo com um único
indice, retirando mais uma fonte de erros que é a possibilidade
75
de enganos na utiliza~ao de indices arbitrarios de corre~ao
monetaria por parte das seguradoras.
76
77
CAPITULO VI
O METODO DE CONTROLE DE SOLVENCIA PROPOSTO
VI.l - As Necessidades de Margem e o Nivel de Solvência
das Seguradoras Brasileiras
Para que se entenda a linguagem deste capitulo, é preciso
esclarecer que os conceitos
Margem, MS, AL e Limite
recomendada em V.3.8.
aqui utilizados de Necessidade de
de Margem, seguem a defini~30
VArios problemas surgem quando se procura aplicar a regra
brasileira de solvência as seguradoras, a come~ar pela própria
confus30 criada pela mA reda~30 da norma, conforme VI.3.8. As
informa~ões necessArias para se determinar as Necessidades de
Margem das empresas seriam: prêmios médios anuais dos últimos
três anos e média dos sinistros dos últimos cinco anos. O AL
também seria necessArio para saber se a Necessidade de Margem
estA sendo atendida pela seguradora, jA que ele é usado para
representar o valor da MS. No entanto hA dois problemas bAsicos
com rela~30 a estes dados: alguns n30 est30 disponiveis e em
muitos outros falta confiabilidade.
O AL n30 é um dado prontamente disponivel a partir dos
balan~os patrimoniais: para a sua obten~30, é necessArio abater
do valor do PL as participa~ões diretas e indiretas em empresas
congêneres e de previdência, além de fazer outros ajustes. Isto
exige o
balan~o
uso de números que podem n30 constar separadamente no
das companhias, como é o caso das participa~ões
indiretas em outras empresas.
78
Por questao de simplicidade na apuraçao, os AL foram
obtidos diretamente no mapa demonstrativo de solvência da
SUSEP. Foi pedido por este órgao que estes dados nao fossem
divulgados, portanto as seguradoras serao identificadas por
códigos alfanuméricos, permitindo que, em anexos a seguir,
possam ser apresentados os AL das seguradoras. Apesar daquele
mapa nao se mostrar confiavel quanto aos ndmeros relativos aos
sinistros e prêmios anuais médios, os ndmeros relativos aos AL
foram considerados satisfatórios, inclusive quando comparados
com outros ndmeros fornecidos pelo IRB e com o próprio PL dos
balanços.
Somente algumas
apresentaram valores
conflitantes quando
empresas fugiram a esta regra e
de AL no mapa que eram visivelmente
postos lado a lado com os ndmeros do IRB e
os dos balanços das empresas. Foram, nestes casos, utilizados
os PL constantes nos balanços do encerramento de 1991 como
estimativa (um pouco grosseira) para a MS. Estas empresas da
amostra sao: SEG04, SEG08, SEG09, SEG14, SEG15, SEG17 E SEG25.
Outro problema existe na apuraçao dos dados de prêmios e
sinistros anteriores a 1988: eles nao sao facilmente
utilizaveis, pois as seguradoras nao publicavam ainda o seu
balanço com correçao monetaria integral. Caso se deseje
considerar os valores como sendo do meio do ano para efeito de
correçao monetaria, podem acontecer distorçOes devidas às
variaçOes nas atividades dentro do ano.
79
Mais um problema surge devido às mudanças na polltica do
governo de uso de certos indexadores para correçao integral e
distorçoes existentes nos lndices que medem a inflaçao. O valor
corrigido de balanço pode trazer pelo menos duas inquietaçOes:
até que ponto a utilizaçao do lndice oficial da correçao
monetAria integral é eficaz na correçao dos números finais do
balanço e qual lndice deveria entao ser utilizado.
Em primeiro lugar, os lndices oficiais de correçao
integral podem ser objeto de manipulaçOes por parte do governo,
como foi o caso da BTNf, entao indexador oficial para correçao
monetAria integral, por ocasiao do plano Collor I em março de
1990. Neste mês houve um expurgo de lndices em vArios
indexadores, o que contribuiu para que a variaçao da BTNf
durante o ano ficasse muito aquém da variaçao daquele que até
entao era seu lndice de correçao, o IPC.
A BTNf continuou sendo manipulada ao longo do ano e
entre 31 de dezembro de 1989 e 1990, a sua variaçao sofreu uma
defasagem de 100,48 % em relaçao à do IPC. Isto causa algumas
distorçOes na apuraçao de receitas e despesas em moeda
constante de 1990, exigindo também que os volumes de prêmios e
sinistros de dezembro de 1989 a serem trazidos para dezembro de
1990, tenham que ser corrigidos pelo IPC, nao podendo ser feita
a consulta destes valores corrigidos no balanço de dezembro de
1990, que trazem a supracitada defasagem na transformaçao de
moeda de 31/12/89 para 31/12/90.
80
o indice oficial atual é o INPC e jA estA aprovada
uma lei (de nnrnero 8200/91) que obriga todas as empresas que
usam a correç&o monetAria integral a reavaliarem os seus
balanços presentes de forma a corrigir os problemas surgidos
naquele periodo.
Estes problemas com os indices, a alta inflaç&o dos
últimos anos (que sO agrava a situaçao), além das fortes razOes
técnicas apresentadas em V.3.2, tornam altamente
desaconselhAvel o uso de um retrospecto de alguns anos no
passado para dados como prêmios e sinistros.
Desta forma, foram avaliadas as Necessidades de Margem
(doravante simplesmente NM) de uma série de seguradoras
brasileiras. A escolha foi feita procurando reunir uma amostra
abrangente e representativa do setor, incluindo as maiores da
época (89/90), vArias pequenas e também representantes de cada
um dos grupos caracteristicos definidos em III.2: seguradoras
ligadas a bancos, independentes, estatais, privadas nacionais e
ligadas a grupos estrangeiros.
As NM foram calculadas conforme uma adaptaç&o da regra
brasileira: ao invés das médias dos últimos três anos para
prêmios e cinco anos para sinistros, se usam prêmios do último
ano (conforme a regra da CEE) e sinistros médios dos últimos
dois anos, ao invés dos três anos da regra da CEE. Como
estimador da MS é utilizado o AL, conforme o método em uso no
Brasil.
81
A reduçao de três para dois anos dos sinistros em
relaçao A regra européia, foi feita somente por se acreditar
que a vantagem do uso de um ano de retrospecto a mais, seja
superada pelos problemas com indices, inflaçao e crescimento ou
diminuiçao do faturamento da empresa. Os coeficientes de 20%
para prêmios e 33% para sinistros foram mantidos, conforme a
regra da SUSEP.
Pode-se verificar o resultado obtido da aplicaçao do
método sobre as contas das empresas no Anexo 5, que mostra, na
coluna MS/NM, que a NM estA em geral bem abaixo da MS
apresentada, indicando o nlvel satisfat6rio de solvência das
empresas pela regra atual adaptada, com excessao da SEG29 e
SEG30, que ficaram um pouco aquém do exigido. Os dados bAsicos
usados para gerar a tabela mostrada, foram os prêmios do ~ltimo
ano e sinistros dos ~ltimos dois anos retirados dos balanços de
31/12/90, além dos AL extraidos do relat6rio de Margem de
Solvência da SUSEP.
Devido ao fato de duas empresas terem apresentado MS
insuficientes, torna-se importante notar uma vez mais que o
método aqui utilizado para calcular as Necessidades de Margem
nao é exatamente aquele da SUSEP. Algumas adaptações jA
descritas foram feitas, sendo aqui resumidas:
* Os sinistros em 89, constantes no balanço corrigido de
31/12/90, foram multiplicados por 2,0048 de forma a levar em
82
conta a defasagem entre a variaçao do BTNf e a do IPC ao longo
do ano de 90.
* O PL foi usado no lugar do AL para estimar as MS das
sete empresas jã citadas.
* Um retrospecto de somente dois anos foi usado para os
sinistros anuais, ao invés da média dos dltimos cinco anos.
* Apenas o dltimo ano foi utilizado para o prêmio anual,
ao invés da média dos dltimos três anos.
Das cinco empresas com maiores indices MS/NM (todos
superiores a 3,8), indicando que a MS é suficiente para cobrir
mais de 3,8 vezes a NM, quatro sao de grupos privados nacionais
e estreitamente ligadas a grandes bancos privados nacionais:
SEG02, SEG03, SEG04 e SEGaS.
Das quatro empresas com menores indices MS/NM (inferiores
a 1,15), duas delas jã sem suficiência de margem, três sao
ligadas a grupos estrangeiros: SEG27, SEG28 e SEG29.
Uma possivel explicaçao para o primeiro fato, seriam a
alta competência dos grandes
investir o capital excedente,
conglomerados financeiros em
a abundancia de recursos destes
grupos, que nao se importam em manter suas seguradoras muito
capitalizadas, talvez até devido a vantagens fiscais.
Comparando uma amostra muito significativa de varias
empresas dos dois maiores grupos do mercado, Bradesco e Sul
América, viu-se que, em geral, as do primeiro grupo estao
83
significativamente mais capitalizadas que as do segundo, o que
ajuda a sustentar a hipótese. No entanto, deve ser lembrado que
as empresas do grupo Bradesco analisadas têm a sua margem
representada pelo PL, o que tende a deixA-la superestimada em
relaçao ao AL, dado usado pelas empresas do grupo Sul América.
Uma possibilidade pode ser imaginada para o fenOmeno das
seguradoras ligadas a grupos
empresas tentem aproveitar ao
estrangeiros. Talvez estas
mAximo o capital existente,
subscrevendo o maior ndmero possivel de apólices devido a três
motivos principais:
* A sua alta competência e apoio técnico da matriz que
ajudam na atividade de underwriting e favorecem o retorno
operacional.
* O temor da matriz em investir no pais que à epoca
(89/90) nao apresentava um panorama favorAvel aos investimentos
externos.
* A necessidade do sócio brasileiro acompanhar o aumento
de capital por força de lei conforme explicado em 111.1.
Utilizando alguns dos dados bAsicos da tabela anterior, é
fAcil calcular outros importantes indices. No Anexo 6 sao
apresentadas a Taxa de Solvência, definida em IV.4 como MS
sobre prêmios retidos, e a sinistralidade, jA definida em
IV.5.l como sinistros anuais sobre prêmios anuais.
84
Os dados da Taxa de
já que
Solvência praticamente repetem o
seus cálculos só diferem do indice resultado anterior,
MS/NM por um fator constante devido ao cálculo mais simples
sobre os prêmios e por introduzirem os sinistros nos casos de
sinistralidades acima de 60%. Esta situa~ao só ocorre com as
cinco dltimas empresas da tabela de sinistralidade.
Nesta coluna é importante notar a SEG20 como dltima
colocada, com os seus sinistros de 1990 equivalendo a 78% dos
premios retidos naquele ano. Esta empresa teve a sua liquida~ao
extra-judicial decretada pelo Ministério da Economia em
27/03/91 e este indice já mostrava (entre vários outros
indlcios, como por exemplo o atraso exagerado no pagamento dos
sinistros) a degrada~ao da sua situa~ao via atividade de
Underwriting inadequada. No entanto, no quadro do Anexo 5
podemos ver que a sua NM está amplamente coberta pela MS, fato
que pode causar estranheza.
VI.2 - As Limita~oes do Método da SUSEP: A Necessidade de
Novos Caminhos
O atual método brasileiro de controle de solvência é
claramente inadequado, seja pela ausência de bases teóricas ou
praticas para a sua adapta~ao ao Brasil, seja pelas grandes
limitaçOes do método europeu que o inspirou.
Uma destas limita~Oes é o pressuposto já brevemente
comentado em v.3.5 - de uniformidade entre as empresas, que se
85
mostra através da utilizaçao de uma única Taxa de Solvência
para todo o mercado. EstA claro que as seguradoras diferem
entre si nao só em relaçao á sua estrutura e qualidade de
gestao, como em todo tipo de empresa, mas também no que diz
respeito ás diferentes politicas de underwriting, tipicas deste
ramo de atividade. A nao consideraçao destas diferenças
penaliza com uma maior exigência de margem em relaçao ao volume
de prêmios anuais as companhias que têm mais qualidade na
gestao de investimentos e menor variabilidade no valor total de
sinistros de sua carteira. Em contrapartida, as empresas que
deveriam apresentar maiores margens relativas, apresentam uma
probabilidade de insolvência maior que as primeiras.
A regra da CEE tem diversas outras limitaçOes mostradas ao
longo do trabalho. Além das que constam em V.3.l, V.3.3, V.3.4
e v.3.S, a sua própria concepçao é passivel de critica, pois,
conforme mostrado em IV.S.l, os estudos originais foram
realizados com dados colhidos em torno de 1960 e referentes a
poucas empresas de diferentes paises da Europa. Como se nao
bastasse o questionamento que se poderia fazer sobre a
significancia desta amostra, as Taxas de Solvência requeridas
variavam muito de pais para pais e a que foi adotada ficou
abaixo até mesmo da média destes valores, devido a negociaçOes
em torno desta cifra.
As condiçOes econOmicas mudaram muito desde a época do
estudo até hoje em dia. BUORO, PAVESI e ZUCCHIATTI [198l,p.67-
86
68], adotando um método semelhante ao que deu origem A regra da
CEE, procuram mostrar que as necessidades de margem para
garantir um nivel equivalente de solvência mudaram
consideravelmente entre a época do estudo e meados da década de
setenta.
Como se nao bastassem as vArias
original, hA também problemas de sua
brasileiro. Em V.3.2 e V.3.6 sao
limitações do método
adaptaçao ao ambiente
mostrados problemas
conceituais na sua adaptaçao, enquanto que em V.4 questiona-se
a eficAcia e eficiência na sua utilizaçao operacional e em VI.l
sao mostrados alguns problemas que podem surgir quando se
aplica a regra nas empresas do mercado.
Talvez o mais grave quanto A versao por nós utilizada,
seja a constataçao de que ainda nao existem estudos que
verifiquem a adequaçao dos números europeus A realidade do
mercado brasileiro. E dificil imaginar que as companhias e o
ambiente do estudo original guardem grande semelhança com as
seguradoras e o ambiente brasileiro da década de noventa. Os
cenArios macroeconOmicos destas duas épocas e locais jA sao
assustadoramente diversos: inflaçao, estabilidade de politica
econOmica, taxas de juros e outros.
Partindo do que foi exposto até aqui, é fAcil imaginar que
todas estas distinções entre periodos, paises e seguradoras
devem ter um impacto considerAvel (seria necessArio um amplo
87
estudo para mensurA-Io de forma exata) na MS necessAria para
garantir a tranqOilidade do mercado.
Uma SOlUÇa0 para o problema seria a determinaçao de niveis
de solvência para o mercado brasileiro baseada em um estudo nos
moldes daqueles feitos para a CEE. No entanto, este esforço
deveria ser redirecionado, dados os vArios problemas
apresentados que podem ser em grande parte sanados com a adoça0
de um método baseado na proposta de VI.3.
VI.3 - a Método de Controle de Solvência Proposto
a metodo proposto se baseia inteiramente, com a sugestao
de algumas adaptaçOes julgadas necessArias, naquele apresentado
por BUaRa, PAVESI e ZUCCHIATTI [1981] e que visava evitar
vArios dos problemas detectados na regra atualmente em uso na
CEE.
a seu funcionamento é basicamente o mesmo do método da
SUSEP: a partir de ndmeros do balanço, sao calculadas a NM e a
MS das empresas~ comparando-se os valores, verifica-se se a MS
é suficiente para cobrir a NM~ em caso afirmativo, considera-se
que a empresa esteja solvente, o contrArio ocorrendo em caso
negativo. Este trabalho nao entrarA em detalhes de medidas a
serem tomadas caso se constate a insuficiência de margem, se
propondo apenas a fazer soar o alarme de que algo vai mal nos
ndmeros apresentados pela companhia.
88
A diferença basica entre o método atual e o proposto éo
calculo da NM, que aqui é feito de uma maneira mais refinada,
com exigências de Taxas de Solvência (também chamadas
abreviadamente de TS) diferentes para cada empresa, feitas com
base em premissas bem definidas. Uma outra diferença fica por
conta do nao estabelecimento de um Limite de Margem na regra
proposta. No entanto, este alarme vermelho poderia ser adotado
da mesma forma que na regra em uso e com a mesma sistematica:
Limite de Margem é igual a uma determinada percentagem da NM
calculada. Na regra atual, esta percentagem é de 50%, mas outro
valor pode ser adotado.
No estudo
apresentado em
que
IV.5.6,
origina esta
os autores
proposta, brevemente
citados partem de uma
premissa de Distribuiçao Normal para os valores da Taxa de
Operaçao (TO) ao longo dos anos. Esta taxa é definida como
(S+E)/P, onde S sao os sinistros retidos anuais, P os prêmios
retidos no ano e E as despesas operacionais anuais.
A fOrmula final daquele estudo para o calculo das NM das
empresas visa determinar Taxas de Solvência minimas exigidas
para cada uma delas, podendo ser obtida da seguinte forma:
Para que a empresa continue solvente (desprezando a
receita oriunda de ganhos financeiros e em investimentos), as
suas contas devem satisfazer a seguinte condiçao ao final de um
determinado ano:
89
MS - S - E + P >= O
Desenvolvendo:
MS/P >= (S + E)/P - 1
TS >= TO - 1
Considerando que suas reservas e prêmios estejam bem
dimensionados, entao, para que a condiçao acima ocorra com uma
probabilidade Po de ruina durante um ano de operaçao e na
hipOtese de distribuiçao Normal para a TO ao longo do tempo,
entao:
TSminimo = (TOméd - 1) + A * STO~
Para média e desvio padrao de TO calculados para os
~ltimos n anos, com n sugerido igual a cinco. Na fOrmula, A
corresponde ao n~mero de desvios padroes (STO~) associados A
probabilidade Po. Naquele trabalho foi arbitrado A igual a 2,5
, que corresponde a Po de 0,62%.
O método proposto no presente trabalho segue os mesmos
parametros do estudo original, inclusive utilizando a mesma
fOrmula que acaba de ser apresentada.
Uma vez determinada a TS minima, ou TS exigida, o problema
de obter as Necessidades de Margem das empresas est~ resolvido,
j~ que:
NM = TS exigida * P
90
Os três pesquisadores nao levaram em consideraçao os
rendimentos sobre investimentos, dada a alegada dificuldade em
determinA-los de forma adequada e correta. Isto leva a MS
exigidas geralmente maiores, ou seja, o método fica conservador
do ponto de vista da probabilidade ruina da empresa durante o
ano.
Os autores alertam que as Taxas de Solvência encontradas
podem ser negativas, sendo sugerido intuitivamente o
estabelecimento de um limite minimo de 8%. Considerando que
este ndmero foi escolhido por experiência, sem rigor
matemAtico, deve-se admitir que, no ambiente macroeconOmico
brasileiro, mais turbulento e com empresas com TS
tradicionalmente maiores (ver Anexo 6), um patamar de 10 a 15%
parece mais razoAvel.
O método exposto foi aplicado a uma amostra de dez
seguradoras. A escolha das empresas entre aquelas do Anexo 5
nao seguiu um padrao rigido, procurando somente manter a SEG20,
que, juntamente com a SEG3l incluida agora, veio a sofrer
intervençao nos dltimos anos. As oito restantes foram
escolhidas entre empresas classificadas com diferentes graus de
solvência, procurando selecionar representantes de cada grupo
estratégico definido em 111.2.
E importante notar que a SEG3l sO participa até 1988 com
os seus ndmeros de balanço, jA que em 27/11/1987, a SUSEP
91
instituiu através de sua portaria de número 054, o regime de
direçao fiscal na empresa.
Todos os dados de prêmios, sinistros e despesas foram
retirados do balanço das seguradoras nos encerramentos de 1984
a 1990. As despesas operacionais (E) foram estimadas como:
Até 88 : Resultado Administrativo + ComissOes
Recuperaçao de ComissOes + Outras Despesas Operacionais
De 89 em diante : Despesas de Comercializaçao - Variaçao
de ComissOes Diferidas + Despesas com Tributos + Despesas
Administrativas + Outras Despesas Operacionais.
Devido A mudança no Plano de Contas da SUSEP, hA uma
descontinuidade no método de cAlculo da TO entre 88 e 89, o que
pode causar uma variaçao indesejada no seu valor. Procurou-se
minimizar o efeito através de uma cuidadosa escolha das contas
a considerar antes e depois da mudança do plano, o que nem
sempre foi possivel. A mudança do plano fez com que, por
exemplo, a partir de 89, as Outras Despesas Operacionais
passassem a ser apresentadas junto com Outras Receitas
Operacionais (numa dnica conta), impedindo que estes dados
fossem usados separadamente, o que foi possivel fazer somente
até 1988.
Os resultados obtidos podem ser vistos no Anexo 7. As TS
aqui obtidas sao conservadoras do ponto de vista da
probabilidade de ruina. Se fossem levados em conta os
92
investimentos, as médias das TO seriam diminuidas, sob a
suposiç30 de que os retornos sobre os investimentos fossem
positivos.
Pode-se observar que os resultados obtidos levaram a TS
exigidas que variam bastante de acordo com cada empresa: a TS
exigida pelo método da SUSEP é de 20% para todas as empresas,
caso n30 consideremos o ajuste para altas sinistralidades. No
método proposto, para 1990, das nove taxas obtidas, três eram
inferiores a 20%, uma praticamente igual e as cinco restantes
superiores. Destas cinco, três seguradoras apresentaram uma
diferença muito acentuada: SEG05 (TS exigida de 33%), SEG30 (de
35%) e SEG20 (de 75%).
No entanto, a SEG05 n30 apresentou insuficiência de
margem, jA que sua TS apresentada foi muito elevada. As
seguradoras que apresentaram insuficiência de TS (o que no caso
equivale a dizer que a MS também era insuficiente) foram quase
as mesmas que jA haviam sido apontadas no Anexo 5 como
seguradoras com MS baixas. A SEG30 e a SEG29 apenas tiveram o
diagnOstico agravado: suas MS est30 ainda mais distantes do
necessArio. Enquanto isso, uma nova companhia fez soar o
alarme: a SEG20, que viria a ter sua liquidaç30 decretada no
inicio de 91. E importante lembrar (ver VI.l) que esta empresa,
pelo método em uso pela SUSEP, n30 teria o alarme de solvência
ativado.
93
Uma modificaçao pode ser testada, através de uma
estimativa do rendimento sobre os investimentos. E claro que
esta atitude pode implicar em erros, jA que a forma de apuraçao
e apresentaçao das receitas de investimentos das empresas é
pouco precisa.
Até 1988 a conta de Resultado Patrimonial reunia as
remuneraçOes de
o novo Plano de
todos os ativos da seguradora. A partir de 89,
Contas da 8U8EP refinou um pouco mais a
apuraçao das receitas, separando as receitas de investimentos
dos resultados oriundos das suas participaçOes acionArias
permanentes. A conta de
avalia as valorizaçoes
Resultado de Equivalência Patrimonial
das participaçOes permanentes da
seguradora em outras empresas.
o resultado financeiro também pode ser algo expressivo e
deve ser considerado. Desta maneira, redefiniu-se a TO (e
conseqdentemente a T8 e a MS exigidas), como:
TO = (8 + EL) / P
Onde EL sao as despesas (ou receitas) liquidas totais, que
incluem os ganhos em investimentos e financeiros. Este ndmero
pode ser estimado em balanços como o total de adiçOes aos
sinistros e prêmios antes de se obter o Lucro Antes do Imposto
de Renda (LAIR).
EL = - LAIR - 8 + P
94
Esta modificaçao deveria fazer com que a exigência de
margem fosse menor que no método inspirador, ja que leva-se em
conta a contribuiçao dos resultados dos investimentos da
seguradora.
No Anexo 8 sao mostrados os resultados obtidos com a
aplicaçao da regra proposta na mesma amostra de dez companhias.
Pode-se verificar que os resultados obtidos por este
método nao foram dos melhores: a TO em muitos casos oscilou
demasiadamente de um ano para o outro, provocando TS exigidas
muito altas devido a desvios padrao muito elevados, como pode
ser visto no quadro de média e variancia de (TO - 1).
No caso da SEG01, por exemplo, este fato ocorreu nas TS de
88 e 89 devido aos grandes saltos de sua TO dos anos de 84 e 85
para 86 em diante. Este caso especifico pode ser creditado aos
excelentes resultados de investimentos da empresa que
aparentava estar extremamente capitalizada na época. Estes
resultados eram muito grandes em relaçao aos prêmios anuais
arrecadados o que deixava a sua TS exigida demasiadamente
exposta a variaçOes na remuneraçao de seus investimentos que
devem ter apresentado, na época, variabilidade maior que os
resultados das operaçoes de seguro.
Infelizmente é diflcil resolver o problema resultante da
decisao de levar em conta a receita de investimentos: estes
dados podem apresentar uma grande variabilidade de ano para ano
95
distorcendo o resultado procurado. A alternativa encontrada foi
seguir o mais fielmente posslvel o método original, estimando
as despesas operacionais conforme feito no Anexo 7.
96
97
CAPITULO VII
CONCLUSOES E SUGESTOES PARA PESQUISAS FUTURAS
VII.! - ConclusOes
A finalidade do trabalho, de levantar questOes, apresentar
caminhos e
especial o
atingida.
discutir o mercado segurador
seu problema de controle de
brasileiro e em
solvência, parece
Ao longo da tese, foi caracterizada, na medida do
possivel, a industria do seguro e sua estrutura no Brasil. O
conceito de solvência e os meios de avalia-lo foram discutidos,
inclusive com breve apresentaçao de alguns importantes métodos
conhecidos.
A metodologia proposta se baseia em um dos trabalhos
citados que sugere o uso da evoluçao anual de um indice que
reflete as Necessidades de Margem de uma seguradora. A proposta
elimina muitos inconvenientes e apresenta nitidas vantagens
sobre o método em uso:
O método atual é uma adaptaçao sem estudos aprofundados
da regra européia em vigor, que por sua vez é cercada de
criticas quanto a sua adequaçao ao mercado e, principalmente,
quanto a adequaçao de seu suporte teórico. O transporte sem
adaptaç30 da regra para o ambiente brasileiro e o próprio
envelhecimento dos ndmeros da pesquisa na qual o método
original se baseia, condena o pouco suporte técnico que poderia
ser concedido a regra brasileira.
98
Por outro lado, o método proposto se baseia numa hip6tese
explicita, simples e razoavelmente adequada do ponto de vista
te6rico, embora nao testada empiricamente: a Distribuiçao
Normal para a TO de uma dada empresa ao longo dos anos. Por ser
a TO uma razao de valores agregados como prêmios, sinistros e
despesas e, no Brasil, as distribuições temporais dos sinistros
nao apresentarem em geral caudas longas, esta hip6tese pode, a
principio, ser considerada teoricamente vAlida.
O método atual nao permite que se levem em conta
diferenças entre as empresas no cAlculo das suas Necessidades
de Margem (NM). Conceitualmente injusta, esta distorçao nao
existe na regra proposta, onde cada empresa tem a sua NM
calculada a partir da determinaçao das TS exigidas, de acordo
com seu desempenho dos ~ltimos 5 anos, com base em dados
auditados.
Desta forma estao sendo consideradas implicitamente duas
caracteristicas importantes que nao sao levadas em conta
atualmente: as diferenças de tamanho entre as companhias (ver
V.3.4) e no seu mix de produtos (ver V.3.5), que podem influir
bastante na solvência das empresas.
A proposta se utiliza de comparaçao ano a ano de taxas,
ao invés de valores monetArios corrigidos. Isto faz com que as
distorções causadas por emprego de indices incorretos ou
irreais (conforme mostrado em VI.I) seja minimizada. Esta
caracteristica é fundamental no atual panorama econômico do
99
Brasil, com altas taxas inflacion4rias e eventual manipulaçSo
do Estado sobre os indices que regem a correçSo integral dos
balanços.
o método proposto, assim como o que est4 em uso, é de
simples aplicaçSo, podendo ser ainda aperfeiçoado através de,
por exemplo, maior periodicidade da coleta de dados (semestral,
talvez) e avaliaçSo de impactos de problemas oriundos de m4
pr4tica nos lançamentos cont4beis sobre a efic4cia final do
método.
Segundo KASTELIJN e REMMERSWAAL [1986,p.113] " .•• mesmo
uma margem com bases teoricamente fracas ( ... ) pode ser melhor
do que nenhuma ( .•. ), contanto que suas fraquezas sejam
devidamente compreendidas". No caso da proposta, o embasamento
teórico é claro e mais sólido, com fraquezas que podem, em
muitos casos, ser mais facilmente visualizadas e avaliadas.
o método da SUSEP
teoricamente justificado,
nSo pode, por outro
seja pela ausência de
lado, ser
propósito na
escolha dos percentuais do AL, seja por ser uma cópia infundada
de números que na regra original j4 eram amplamente
discutiveis. Suas fraquezas nSo eram nem mesmo conhecidas
anteriormente.
Como muitas regras existentes neste pais, o controle da
solvência das seguradoras (e talvez outras regulamentaçOes
100
deste mercado também se enquadrem neste caso) parece nao estar
cumprindo o objetivo para o qual foi criado.
Espera-se que este trabalho contribua de alguma forma para
fortalecer a ind~stria brasileira de seguros através de uma
maior discussao de suas normas, em especial daquelas relativas
ao controle de solvência. Isto ajuda a garantir o adequado
funcionamento do mercado, atendendo aos interesses de longo
prazo de consumidores e prestadores de servi~o.
VII.2 - Sugestões Para Pesquisas Futuras
E facil admitir a superioridade do método proposto, embora
novos progressos possam ser feitos no sentido de obter um
calculo ainda mais comprometido com o adequado, controle de
solvência das seguradoras. Algumas sugestões de estudos que
certamente contribuiriam para aumentar a compreensao e/ou
seguran~a do mercado segurador brasileiro sao apresentadas a
seguir:
* O trabalho aqui desenvolvido baseou-se na hipótese de
Distribui~ao Normal para a TO ao longo do tempo. Embora esta
hipótese pare~a razoavel, um estudo que avaliasse o impacto
desta suposi~ao e da utiliza~ao de cinco anos de retrospecto
poderia fortalecer ainda mais o método sugerido.
* Durante a pesquisa, surgiram alguns indicios, como
varia~ões exageradas de algumas contas de um ano para o outro,
101
de que os lançamentos contAbeis de muitas seguradoras nao
deviam estar sendo feitos de forma adequada ou seguindo um
padrao bem definido. Estudos sobre as prAticas contAbeis neste
mercado, assim como uma anAlise detalhada do Plano de Contas do
setor e da utilizaçao de determinadas contas do balanço para
fins de avaliaçao de solvência, seriam muito importantes para o
aperfeiçoamento do método proposto e na compreensao de algumas
limitaçOes suas.
* A existência de uma mudança no Plano de Contas das
seguradoras entre os balanços de fechamento dos anos de 1988 e
1989 e a adoça0 de obrigatoriedade da correçao monetAria
integral de balanço somente entre 1987 e 1988, criou
descontinuidades nos dados históricos que prejudicam a
aplicaçao do método proposto. Um estudo que determinasse os
impactos desta mudanças sobre os retrospectos das TO seria de
grande utilidade. E bom lembrar que no inicio de 1994 haverA
disponibilidade de um retrospecto de cinco anos de balanços de
seguradoras sem as distorçOes citadas.
* Um maior número de empresas poderia ter a solvência
testada pelo método proposto, verificando a sua aplicabilidade
e os niveis de solvência do mercado conforme a nova proposta.
* A forma de atuaçao da SUSEP sobre as empresas em caso de
soar o alarme de solvência, deve ser reavaliada com base em
estudos que explicitem os objetivos e formas de intervençao.
102
* Um outro objeto de pesquisa seria a possibilidade de
utilizaçao de fechamentos contAbeis do meio do ano. O controle
semestral da solvência permitiria um acompanhamento mais
continuo da situaçao da empresa, evitando atrasos em
intervençOes para proteger os clientes.
* Deve ser estudada a conveniência e possibilidade de
divulgaçao para os consumidores de algum indicador de solvência
das seguradoras.
* Deve ser procurado um artificio estatistico para que, no
método proposto, as empresas que estejam melhorando (abaixando)
os seus números da TO nao sejam prejudicadas. Algum tipo de
amortecimento (com mais peso para os valores mais recentes)pode
ser procurado.
* Uma possibilidade interessante no campo do controle de
solvência é o uso de certificados profissionais de solvência
emitido por um atuArio independente. Devido ao grande número de
fatores que influenciam a solvência de uma companhia, este
instrumento poderia ser de grande valia na luta para se evitar
desastres decorrentes de seguradoras insolventes.
103
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108
R
109
ANEXO 1
Prêmios de Resseguro em 1987 e 1988
TABELA 1 - ANO 1987 ---------------------------------------------------------------------------------------------------
Total Ressegurado ! % do Total ! % do Total ! % do Total ! RAMOS ! Seguro direto! (Cz$ 1000) % ! Resseg IRB ! Retr PAIS ! Retr EXTER !
------------------------------.----------------------------------------------------.---------------! 11- Incendio 21,191,287 ! 7,097,032 33.5% ! 64.2% ! 2ó.1% ! 9.2% !
! 21- Transp Nac 5,863,982 ! 694,186 11.8% ! 19.9% ! 80.1% ! 0.0% !
! 22- Transp Int 3,257,966 ! 1,095,201 33.6% ! 19.5% ! 77 .8% ! 2.7% !
! 31- Automoveis 30,408,756 ! 240,971 0.8% ! 95.4% ! 4.0% ! 0.0% !
! 33- Cascos 2,450,262 ! 1,518,911 62.0% ! 48.9% ! 32.4% ! 18.7% !
! 35- Aeronautico 2,626,423 ! 2,165,050 82.4% ! 7.6% ! 31.3% 61.1 % !
! 41- Lncros Cess 1,127,372 ! 711,903 63.7% ! 38.4% ! 47.7% 14.0% !
! 53- RCF Veiculas ! 5,049,797 ! 355,687 7.0% ! 20.0% ! 80.0% 0.0% !
! Outros Ramos 39,159,790 ! 4,632,703 11.8% ! 43.7% ! 41.8% 14.5% !
Total 111,135,635! 18,517,644 ló.1%! 45.4% ! 38.1% ! 16.5% !
TABELA 2 - ANO 1988 ------------------------------._---------._---------.---------------_.---._-----_.-----------------
Total Ressegurado ! % do Total ! % do Total ! % do Total ! RAMOS ! Seguro direto! (Cz$ 1000 ) % ! Resseg IRB ! Retr PAIS ! Retr EnER !
----------------------------------------------------.-------------------------------._--------._---! 11- loceodio 146,798,383 ! 63,675,673 43.4% ! 61.3% ! 20.7% ! 17.9% !
! 21- Transp Nac 41,230,111 ! 3,435,296 8.3% ! 27. 4% ! 72.6% ! 0.0% !
! 22- Transp Int 20,650,206 ! 5,311,027 25.7i ! 26.6% ! 68.7% 4.6% !
! 31- Automoveis 218,838,999 ! 1,500,772 0.7i ! 99.2% ! 0.8% 0.0% !
! 33- Cascos 14,207,685 ! 10,987,997 77.3% ! 49.9% ! 34.0% 16.1% !
! 35- Aeronautico 14,646,454 ! 15,313,580 104.0% ! 24.3% ! 22.9% 52.8% !
! 41- Lucros Cess 9,782,782 ! 8,765,924 8U% ! 36.9% ! 39.7% ! 23.4% !
! 53- RCF Veiculos ! 55,438,754 ! 3,048,947 5.5% ! 84.0% ! 15.4% ! 0.0% !
! Outros Ramos 279,604,581 ! 41,439,342 14.8% ! 93.7% ! 4.7% ! 1.6% ! -----------------------------------------------------------------------------------------------_.--
Total 801,197,955 ! 153,478,558 19.2% ! 49.9% ! 29.5% ! 20.6% ! ---------._-------------------------------------------------------------------------------------_.-
ANEXO 2 QUADRO-RESUMO DAS CINCO FORÇAS COMPETITIVAS
NOVAS FIRMAS
IRB com poderes para regulamentar o resseguro e relrocessão, po-rém regras de resseguro claras e I ~ rigidas, dando-se pouca diferença ~ de tratamento de uma companhia para a outra.
PODER DOIRB BAIXA
INTENSIDADE
PRODUTOS SUBSTITUTOS
• •
•
Barreiras de entrada para as firmas estrangeiras. Elevada exigência de capital social minimo. Fim da proibição ministerial de abertura de novas seguradoras.
MEDIA A ALTA I AMEAÇA '-V RIVALIDADE ENTRE
CONCORRENTES: MEDIA A ALTA INTENSIDADE
Cinco maiores grupos (23 empresas) arrecadam 52% dos prêmios (dados de 1989). Baixas barreiras à saida. Ahas barreiras à entrada. Pequena d~erendação de produtos. Luta pelos canais de distribuição/corretores. Preços somente a partir de 1986 começam a ser tiberados. Empresas com poucos atuários.
MEDIA A ALTA -1' AMEAÇA I
Formas tradicionais de investimento associadas ao auto-seguro. Programas de controle e prevenção acidentes. Prêmio por vezes desvantajoso. Propriedades únicas do seguro, como cobertura em caso de vários sinistros.
f---
BAIXA INTENSIDADE
Somente corporações maiores têm poder para barganhar preços, forçando melhores condições. Estatais escolhem seguradoras por sorteio, sem qualquer chance de obtenção de descontos.
PODER DE BARGANHA DO COMPRADOR
f-' f-' o
50
40
a"-o( o a x 30 w o( (3 z
<J.J > ...J o Cf)
w o ~ 20
~
10
ANEXO 3 TAXAS DE SOLVÊNCIA. PARA DIFERENTES TAMANHOS E
COMPOSiÇÕES DE PORTFOLlOS
Composição do Portfollo
(3) (1 ) (2)
(1) (V. I. W) = (25%. 75%. 0%)
(2) (V. I. W) = (25%. 70%. 5%)
(3) (V. I. W) = (25%.65%.10%)
(3)
(2)
------(1)
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1,000
TOTAL ESPERADO DE SINISTROS ANUAIS (em milhões de Dkr)
111
ANEXO 4
Extrato da Resoluç~o CNSP n°. 008/89
"Art. As Sociedades Seguradoras dever~o
apresentar,
financeiras
quando
de junho e
do encerramento
dezembro, MARGEM
das
DE
demonstrações
SOLVENCIA (MS)
calculada segundo os critérios estabelecidos nesta Resoluç~o.
Art. 1° - A MS correspondera a suficiência do Ativo
Liquido (AL) para cobrir montante igualou maior dos seguintes
valores:
a) 0,20 vezes a média anual do total da receita
liquida de prêmios emitidos nos últimos 36 (trinta e seis)
meses;
b) 0,33 vezes a média anual do total dos sinistros
ocorridos e avisados nos últimos 60 (sessenta) meses.
Paragrafo l~ - Para efeito do calculo da MS, ser~o
computadas as operações de todos os ramos, com excess~o de Vida
Individual e contribuições de previdência privada aberta.
Paragrafo 2~ - Os
deste artigo, calculados
prêmios e sinistros das
liquidos de resseguro e
restituições, cancelamentos,
a
valores
preços
operações
cosseguro
salvados e
mencionados no 'caput'
constantes, incluem os
de retrocess~o, sendo
cedidos, anulações,
ressarcimentos.
Paragrafo 3~ - Nao se considerar~o, para efeitos
deste artigo, as receitas de prêmios e despesas com sinistros
relativos a operações de sucursais no exterior, bem como
excluir-se-~o do calculo do AL bens, direitos e obrigações a
elas vinculados.
Art. 3° - Denomina-se LIMITE DE MARGEM (LM) a 50%
(cinqüenta por cento) do montante correspondente a Margem de
Solvência.
Art. 4° - Uma vez calculada a MS, se ocorrer a
insuficiência de AL para sua cobertura, a Sociedade Seguradora
112
proporá a SUSEP um
MS no prazo máximo
partir da data
Continuaçao ANEXO 4
'Plano de Recuperaçao' , de forma a suprir a
de 150 (ceto e cinqüenta) dias, contados a
de encerramento de suas DemonstraçOes
Financeiras semestrais.
Parágrafo 1: - Na hipótese de o AL ser insuficiente
para cobrir o Limite de Margem a que alude o art. 3=, o prazo
previsto no 'caput' deste artigo fica limitado a 90 (noventa)
dias.
Parágrafo 2= - O plano de recuperaçao deverá conter
indicaçoes precisas sobre procedimentos a serem adotados pela
Sociedade Seguradora na restauraçao de sua solvência
destacando-se, entre outras, as informaçOes referentes a
aportes de recursos, via capitalizaçao e análise técnica das
carteiras com nova politica
Parágrafo 3=
de seleçao de riscos.
Os planos de recuperaçao serao
submetidos a aprovaçao da SUSEP, que poderá prescrever
exigências para sua aceitaçao e prazos para o cumprimento de
suas etapas
Art. 5= - A SUSEP poderá determinar a apuraçao da MS
a qualquer tempo, aplicando-se as disposiçoes do artigo
precedente, se verificada a insuficiência de AL para sua
cobertura.
Art. 6= - A Sociedade Seguradora estará sujeita a um
programa de fiscalizaçao especial conduzido pela SUSEP, quando
o AL apresentar-se abaixo da MS, independentemente da
elaboraçao e encaminhamento do plano de recuperaçao.
Art. 7= A inobserv<l.ncia dos preceit'os desta
Resoluçao poderá ensejar a adoça0 do Regime Especial de
Fiscalizaçao de que trata o Capitulo VIII do Decreto-Lei n= 73,
de 21 de novembro de 1966, ou a cessaçao compulsória das
operaçOes da Sociedade Seguradora, nos termos do artigo 94 e
seguintes do referido Decreto-Lei.
Art. 8= - Esta Resoluçao entra em vigor na data de
sua publicaçao, revogadas as disposiçOes em contrário."
113
R
ANEXO 5
Mapa da Solvência das Seguradoras
NECESSIDADE DE MARGEM - valores em Cr$ 1000 de 31/12/90 (Calculos conforme regra brasileira adaptada, ver V.I)
-----------------------------------------------------------------Empresa M S Necessidade: M S / N M !
de Margem : !----------------------------------------------------------------
I : 2 : 3 : 4 : 5 : 6 : 7 : 8 : 9 :
10 : 1i : 12 : 13: 14 : 15 : 16 : 17 : 18 : 19 : 20 : 21 : 22: 23 : 24 : 25 : 26 : 27 : 28 : 29 : 30 :
SEGOI SEG02 SEG03 SEG04 SEG05 SEG06 SEG07 SEG08 SEG09 SEGIO SEGll SEGI2 SEGI3 SEGI4 SEGI5 SEGI6 SEGI7 SEGI8 SEGI9 SEG20 SEG21 SEG22 SEG23 SEG24 SEG25 SEG26 SEG27 SEG28 SEG29 SEG30
14,289,131 : 28,617,260 : 57,655,538 : 48,790,838 : 9,040,803 : 4,619,854 : 1,021,793 : 1,684,229 : 3,586,997 : 2,015,551 : 7,162,269 : 1,434,752 :
10,611,677 : 3,059,797 : 1,440,671 : 5,189,424 : 3,723,818 : 5,432,606 : 6,379,447 : 2,966,142 : 3,365,374 : 3,005,336 : 8,466,566 :
10,766,985 : 1,854,850 : 4,820,523 : 1,884,103 :
887,609 : 1,142,072 : 9,713,536 :
1,926,495 : 5,196,262 :
12,164,706 : 11,813,953 : 2,357,647 : 1,390,716 :
329,872 : 555,111 :
1,209,429 : 683,000 :
2,510,042 : 607,681 :
4,778,659 : 1,631,208 :
801,862 : 2,906,509 : 2,165,705 : 3,479,432 : 4,147,510 : 1,937,098 : 2,385,606 : 2,258,287 : 7,004,456 : 9,036,614 : 1,571,670 : 4,144,190 : 1,655,111 :
794,731 : 1,149,676 :
10,473,681 :
7.42 ! 5.51 ! 4.74 ! 4.13 ! 3.83 ! 3.32 ! 3.10 ! 3.03 ! 2.97 ! 2.95 ! 2.85 ! 2.36 ! 2.22 ! 1.88 ! 1.80 ! 1.79 ! 1.72 ! 1.56 ! 1.54 ! 1.53 ! 1.41 ! 1.33 ! 1.21 ! 1.19 ! 1.18 ! 1.16 ! 1.14 ! 1.12 ! 0.99 ! 0.93 !
-----------------------------------------------------------------
Observacao: As empresas SEG04, SEG08, SEG09, SEGI4, SRGI5, SEGI7 e SEG27 usam como estinativa para a sua Margem de Sol vencia o seu PL, enquanto as outras usam o AL.
114
R
ANEXO 6
Mapa da Taxa de Solvência e da Sinistralidade
: Empresa: Taxa de : Sol vencia (I) !
!---------------------------------1 : SEGOl 2 : SEG02 3 : SEG03 4 : SEG04 5 : SEG05 6 : SEG06 7 : SEG07 8 : SEG08 9 : SEG09
10 : SEGI0 11 : SEGll 12 : SEG12 13 : SEG20 14 : SEG13 15 : SEG24 16 : SEG14 17 : SEGI5 18 : SEG16 19 : SEGI7 20 : SEGI8 21 : SEG19 22 : SEG21 23 : SEG22 24 : SEG23 25 : SEG26 26 : SEG25 27 : SEG27 28 : SEG28 29 : SEG29 30 : SEG30
148.3 ! 110.1 ! 94.8 ! 82.6 ! 76.7 ! 66.4 ! 62.0 ! 60.7 ! 59.3 ! 59. O ! 58.9 I
47.2 46.4 44.4 39.1 37.5 35.9 35.7 ! 34.4 ! 31.2 ! 30.8 ! 28.2 ! 26.6 ! 24,2 ! 24,2 ! 23.6 ! 22.8 ! 22.3 ! 19.9 ! 18.5 !
: Empresa: Sinistralidade : (I)
1-----------------------------------1 : SEG12 2 : SEG15 3 : SEG09 4 : SEG08 5 : SEG14 6 : SEG07 7 : SEG22 8 : SEG25 9 : SEGOI
10 : SEG2J 11 : SEG03 12 : SEG02 13 : SEG16 14 : SEG21 15 : SEG30 16 : SRG18 17 : SEG13 18 : SEG17 19 : SEGI9 20 : SEGIO 21 : SEG06 22 : SEG28 23 : SEG26 24 : SEG29 25 : SEG05 26 : SEG27 27 : SEG11 28 : SEG04 29 : SEG24 30 : SEG20
18.5 : 27.3 : 32.7 : 34.0 : 35.9 : 37.5 : 39.2 : 39.7 : 40.7 : 41.3 : 41.6 : 43. O :
44. O : 44.4 : 46.8 : 47.3 : 48.7 : 49.1 : 50.4 : 52.1 : 52.9 : 53.1 : 53.5 : 54.7 : 57.3 : 60.1 : 61.0 : 73.4 : 74,2 : 78.0 :
1115
R
116
ANEXO 7
Método Proposto
.. ---------.----------------_.--------------------------------------.. ------------.-----------TAXA DE OPERACAO ( T O )
Empresa 84 85 86 87 88 89 90
-----------._------------.---------------------------------.-.------._------------._----------SEG03 I. 03 0.96 0.86 1.02 I. 09 0.89 0.82 ! SEG12 0.98 0.79 0.97 0.92 0.90 0.66 0.80 ! SEGaS 1.26 1.05 0.92 0.92 1.20 1.14 1.07 ! SEG20 1.17 1.14 1.03 1.04 1.01 0.92 1.62 ! SEG27 0.89 0.95 0.95 1.10 0.95 0.76 1. 00 ! SEGOI 0.84 0.81 0.78 0.88 I. 00 0.82 0.94 ! SEG31 1.16 0.99 1.10 1.31 2.85 SEGI9 0.99 0.92 0.85 0.91 0.87 0.87 1. OI ! SEG29 1.08 1.05 0.91 1. 02 1.15 0.99 1. 09 ! SEG30 1.33 1.13 1.15 1. 00 1. 02 0.68 0.87 !
-.---------._-------------.------------------------------.----------._------------------------
_.-.-------._---------------------------._--------------------------._------------------------METODO PROPOSTO : TS EXIGIDA ! TS APRESENTADA SUFICIENCIA DA TS
Empresa EM DEZ/90 88 89 90 EM DEZ/90 (TS APRES./TS EXIG.)
------------._---------_.-._------------._.-------------------------._-------------._---.-----SEG03 0.19 0.18 0.20 I 0.95 4.86 SEG12 0.09 0.13 0.13 0.47 3.71 SEGaS 0.42 0.33 0.33 0.77 2.31 SEG20 0.24 0.21 0.75 0.46 0.62 SEG27 0.14 0.21 0.23 0.23 1. OI SEGOI 0.05 0.05 0.08 1.48 18.87 SEG31 1.12 SEGI9 0.03 -0.05 0.05 ! 0.31 6.50 SEG29 0.24 0.22 0.24 ! 0.20 0.82 SEG30 0.42 0.42 0.35 ! 0.19 0.54
117
continuação ANEXO 7
------------._------------._------------._-------------.-------------._------------Valores da Media e Variaocia de ( TO - I )
Empresa em 1988 em 1989 em 1990 media variaocia media variaocia media variaocia !
------------._-----._--------------------._-------------------------- .. ------------SEG03 -O. OI 0.20 -0.04 0.21 -0.06 0.26 ! SEGI2 -0.09 0.17 -O .15 0.28 -O .15 0.28 ! SEG05 0.07 0.35 0.05 0.28 0.05 0.28 ! SEG20 0.08 0.16 0.03 0.18 0.12 0.63 ! SEG27 -0.03 0.18 -0.06 0.27 -O .05 0.27 ! SEGOl -O .14 0.19 -0.14 O. 19 -O .12 0.19 ! SEG31 0.48 1.73 SEG19 -0.09 0.12 -0.11 0.07 -O. 10 0.14 ! SEG29 0.04 0.20 0.03 0.20 0.03 0.21 ! SEG30 0.13 0.30 -0.00 0.42 -0.06 0.40 !
------------._---------------------------._--------------------------._-.----------
R
118
ANEXO 8
119
Continuação ANEXO 8
-------------------------------------_.---._---------------------------------------Valores da Media e Variancia de ( TO - I )
Empresa em 1988 em 1989 em 1989 media variancia media variancia media variancia !
---------_.---._------_.-----------------------------------------------.----_.-----SEG03 -0.28 0.33 -0.28 0.33 -0.30 0.32 ! SEGI2 -0.62 0.79 -0.61 0.80 -0.48 0.84 ! SEG05 -O .11 0.40 -0.13 0.45 -0.24 0.33 ! SEG20 -O .07 0.29 -O .10 0.34 0.07 0.67 ! SEG27 -0.04 0.18 -0.09 0.33 -O .10 0.31 ! SEG01 -0.68 1.22 -0.56 1.09 -0.33 0.28 ! SEG31 0.26 0.61 SEGI9 -0.09 0.10 -0.07 0.06 -0.05 0.06 ! SEG29 -0.08 0.17 -0.08 0.17 -0.07 0.18 ! SEG30 -O .30 0.44 -0.21 0.36 -O .12 0.11 !
-----------------------------------------------------------------------------------