O CRESCIMENTO URBANO E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA RECONFIGURAÇÃO DO BAIRRO DE CAMPO GRANDE, RIO DE JANEIRO

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    RDE - REVISTA DE DESENVOLVIMENTO ECONMICO24 Ano XIII N 24 Dezembro de 2011 Salvador, BA

    ResumoA pesquisa visa analisar a ocu-

    pao urbana do bairro de CampoGrande Rio de Janeiro e sua cen-tralidade na Zona Oeste. A localiza-o privilegiada devido s paisagensnaturais, infraestrutura, reas livrese uma economia dinmica garantidapelo Distrito Industrial e subcentro,contriburam para o desenvolvi-mento local. Contraditoriamente,produziram tambm desigualdadessocioespaciais e problemas de in-fraestrutura. Desta forma, deseja-seobservar as tranformaes de ordem

    socioespacial e econmica a fimde identicar alm das limitaesurbanas, fatores que tm garantidoo crescimento populacional na re-gio. O levantamento bibliogrco

    baseou-se em autores que estudam ofenmeno da centralidade e produ-o do espao urbano, como Santos,Corra e Villaa. A investigao foienriquecida com fotograas e infor-maes obtidas em vrios rgosociais, como Prefeitura e IBGE.

    Palavras-chave: desenvolvimentourbano, centralidade, economia,infraestrutura.

    AbstractThe research aims to analyze

    the urban occupation in the neigh-borhood of Campo Grande Rio deJaneiro and its centrality in the west

    O CRESCIMENTO URBANO E SUASCONSEQUNCIAS NA RECONFIGURAO

    DO BAIRRO DE CAMPO GRANDE,RIO DE JANEIRO.

    PRISCILLARODRIGUESFONSECA1

    SARAHLCIAALVESFRANA2

    area. The privileged location due tonatural landscapes, infrastructure,

    open spaces and dynamics economyguaranteed by the Industrial Districtand sub-center contributed to thelocal development. Paradoxically,they also produced socio-spatialinequalities and infrastructure pro-

    blems. Thus, want to observe thesocio-spatial and economic trans-formations in order to identify ur-

    ban limitations as well factors thatensured the population growth inthe region. The literature review was

    based on authors who have studied

    the phenomenon of centrality andurban space production as Santos,Corra and Villaa. The investigationwas enriched with photos and infor-mation obtained from various ofcialagencies such as Municipality of Riode Janeiro and IBGE.

    Keywords: urban development, cen-trality, economy, infrastructure.

    JEL: R14

    IntroduoA urbanizao acelerada temcomo efeito a intensificao dasdesigualdades sociais, frutos de um

    crescimento desorganizado e no-planejado da concentrao da renda

    por uma pequena fatia da populao.O urbano se expande, misturando-secada vez mais aos seus vazios e reasverdes, guardados pela especulaoimobiliria. a relao de diferentesatores sociais, que, explora reasvalorizadas, constri infraestruturae empurra trabalhadores pobres parafranjas perifricas prximas s reasde risco.

    A soma dessas estratgias, p-blicas e privadas, configura umterritrio segregado, a partir de eixos

    principais de acesso e prticas comoa produo de shoppings centers,condomnios fechados e conjuntoshabitacionais, situados distantes docentro principal, criando assim, no-vas centralidades (CORRA, 1999).

    Essas rpidas e constantes trans-formaes provocadas pelo Estadoe pela indstria da construo civillevam a questionar a ocupaodo espao intraurbano, resultanteda ao de diversos agentes que oconsomem e o modicam. Esta a

    segregao socioespacial balizadapor grandes empreendimentos,como acontece no bairro de CampoGrande, no Rio de Janeiro, cuja

    1 Gegrafa - Universidade Federal Fluminense UFF [email protected] Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal Fluminense

    UFF [email protected]

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    apropriao surgiu a partir da densicao populacional, que passou a comandar a ocupao do solo e resultouna produo de espaos diferenciados e segregados.

    O processo de crescimento urbano do bairro de Campo GrandeO bairro de Campo Grande est localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro e abriga 328.370 habitantes (IBGE,

    2010), sendo o mais populoso da cidade (Figura 1). Sua rea de grandes extenses, com 11.912,53 hectares e baixadensidade 24,9 hab/ha concentra 61,4% da XVIII Regio Administrativa3 RA e participa da rea de Plane-

    jamento 54 AP5 do Plano Diretor Municipal. Faz fronteira com nove bairros e com a cidade de Nova Iguau, na

    Baixada Fluminense. Com uma paisagem natural privilegiada, acolhe parte do Parque Estadual da Pedra Branca eo Parque Municipal da Serra do Gericin-Mendanha.

    Figura 1 - LocalizaoFonte: Instituto Pereira Passos, 2008.

    Nos anos 1940, uma urbanizaocada vez mais intensa e presented-se com o crescimento demogr-co nas cidades mdias e grandesno Brasil. Santos dene isso comoturbilho demogrco, quando a

    3 XVIII RA: Campo Grande, Inhoaba, Senador Vasconcelos, Santssimo e Cos-mos.

    4 AP5: composta pelas RAs de XVII Bangu (Bangu, Padre Miguel e SenadorCamar), XVIII Campo Grande, XIX Santa Cruz (Pacincia, Santa Cruz e Sepe-tiba), XXVI Guaratiba (Guaratiba, Barra de Guaratiba e Pedra de Guaratiba) eXXXIII Realengo (Deodoro, Vila Militar, Campo dos Afonsos, Jardim Sulacap,Magalhes Bastos e Realengo).

    Figuras 2 e 3 - Campo Grande (1930 e 1950) e a transio rural/urbanoFonte: .Acesso em 10 jun. 2011 s 15:15 e IBGE, 1958.

    urbanizao se avoluma e a residncia

    dos trabalhadores agrcolas cada vezmais urbana (2005, p.9).

    Isso no foi diferente no Rio deJaneiro, quando as atividades pro-dutivas se concentravam na reacentral, Zonas Sul e Norte, porm, asaturao urbana, a falta de espaoe o encarecimento do preo da terramotivaram a ocupao de grandesglebas vazias e baratas distantesdestes locais, tendo incio destemodo, a descentralizao industrialdo municpio (ABREU, 2006). A con-solidao deste processo estreitou as

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    relaes rural/urbano, extrapolan-do limites da cidade rumo regiode Campo Grande, redefinindodinmicas, criando novos modos devida e alterando paisagens e formas(Figura 2 e 3).

    Na dcada de 1960, o Governo Es-tadual implantou os Distritos Indus-

    triais de Campo Grande, Santa Cruz,Pacincia e Palmares, todos situadosna Zona Oeste, tranformando-a emnova frente de expanso deste setor(DAMAS, 2008). Deste perodo at osanos 80, a presena dos loteamentosclandestinos e irregulares revelava afalta de interesse do capital privadoem investir na regio. Em contra-partida, o setor pblico construiuquatro conjuntos habitacionais pelaCompanhia Estadual de Habitaodo Rio de Janeiro CEHAB5 fora

    do tecido consolidado, de formadispersa e fragmentada.A crise econmica iniciada em

    meados da dcada de 1980, acarretouuma reconfigurao da produoespacial na metrpole. Fatores comoo aumento da inao, reduo dossalrios e instabilidade empregatciadesencadearam a busca da classemdia por localidades com baixovalor da terra, (re)valorizando zonasperifricas (LAGO, 2000). Conse-quentemente, em Campo Grande,

    o mercado imobilirio formal foitomando flego e assim, nos anos90, o bairro apresentou uma taxa decrescimento demogrco maior que20% (IBGE, 2000).

    Com a construo do primeiroshopping da regio em 1997 WestShopping houve um impulso naoferta de infraestrutura e serviosurbanos, o que beneficiou o setorimobilirio e empurrou ainda maisa populao de baixo nvel de rendapara ocupaes irregulares e favelas.

    Assim, a RA de Campo Grande6

    contabilizou uma populao de dequase quarenta mil (37.900) vivendoem aglomerados subnormais, queseriam os setores da cidade tradi-cionalmente associados s favelas7(IBGE, 2000).

    O centro comercial, um dos prin-cipais da regio, passou ento a ter

    um raio de inuncia que ultrapassou os limites dos bairros da Zona Oestee alcanou municpios prximos como Seropdica, Nova Iguau, Duque deCaxias, Itagua e Mangaratiba (Figura 4), devido a concentrao de ativida-des comerciais variadas e especializadas, que so de suma importncia paraexercer a atrao de investimentos (DUARTE, 1974).

    Figura 4 - rea de abrangncia do subcentro de Campo Grande:bairros e municpios vizinhosFonte: . Acesso em1 jul. 2011 s 10h. Adaptao da autora, 2011.

    importante destacar que as caractersticas atreladas questo do trans-porte e acessibilidade interferem na produo do espao urbano. Santos armaque omodelo rodovirio urbano fator de crescimento disperso e de espraiamentoda cidade (2005, p.100) e diante disso, faz-se notrio apontar que esse fatorteve relevncia para a expanso do bairro, atravs das grandes avenidas im-plantadas anteriormente primeira metade do sculo XX, como a AvenidaBrasil e antiga Rio-So Paulo.Apesar da crescente urbanizao nesses ltimos anos, ainda resiste uma ex-pressiva produo agrcola, dentre elas, o cultivo da banana, laranja, manga,abacate, aipim e chuchu. Na pecuria e avicultura destacam-se criaes deaves, caprinos, sunos, bovinos e coelhos, todos situados na regio do Rioda Prata e do Mendanha.

    5 Na Estrada da Boa Esperana em Inhoaba, Estrada Guandu do Sena em CampoGrande, Estrada do Engenho em Bangu e Avenida Joo XXIII em Santa Cruz

    (disponvel em . Acessoem 17 jun. 2011 s 20:09).6 No foi possvel encontrar esses dados apenas sobre o bairro de Campo Gran-

    de.7 Para o IBGE, aglomerados subnormais so grupos de mais de cinquenta uni-

    dades habitacionais dispostas de modo desordenado e denso, sobre soloque pertence a terceiros, e carente de servios pblicos essenciais (Coleode Estudos Cariocas, 2002).

    8 COLBY, C.C. Centripetal and centrifugal forces in urban geography. In: MAYER,H. & KOHN, C. F., orgs. Readings in urban geography.Annals of the Associationof American Geographics, 1932.

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    Esta breve caracterizao soma-seaos escassos trabalhos acadmicosque tentam revelar Campo Grandecomo um espao segregado na ci-dade do Rio de Janeiro ao mesmotempo em que uma importantecentralidade na Zona Oeste, sendoesta segunda particularidade pouco

    conhecida pela populao carioca.Corroborando com esta viso, suacongurao interna reete a mesmalgica segregacionista socioespacial eeconmica em relao ao municpio,com condies desproporcionais dehabitao, transporte e atividadesculturais disponveis.

    Fatores e problemas do cres-cimento urbano do bairro deCampo Grande

    Colby8(1932) apudCorra (1999,

    p.46) pontua alguns elementos im-portantes para o adensamento deuma rea:

    a) terras no ocupadas, a baixopreo e impostos;

    b) infraestrutura implantada;c) facilidades de transporte;d)qualidades atrativas do stio,

    como topograa e drenagem;e) possibilidade de controle do

    uso das terras;f) amenidades.

    Baseada nestas propriedades, aZona Oeste foi a ltima fronteira deexpanso do capital imobilirio: adistncia, a diculdade de transpor-tes coletivos adequados e a concen-trao das atividades produtivas noCentro, Zona Sul e Norte segrega-ram, de certa forma, a populao de

    baixa renda nesta zona mais perif-rica da cidade. Entretanto, em meio periferia, Campo Grande reuniuao longo dos ltimos anos, quali-dades que Colby (ibid.) descreveu.

    Uma delas foi o baixo valor da terra,que atraiu indstrias em sua fase dedescentralizao. Hoje, os DistritosIndustriais de Santa Cruz e CampoGrande juntos, formam 45% do PIBdo Estado (IPP, 2003). Observam-sea gerao de novos empregos, inclu-sive escolas tcnicas direcionadasao setor, que consequentemente

    rene em suas proximidades, umaocupao residencial da classe tra-

    balhadora.O centro comercial de cada regio

    precisa dispor de um conjunto defunes diversicadas que suprama necessidade local, pois isto queestimula a atividade nanceira, as

    relaes sociais, a veiculao de in-

    formaes e inovaes, e o incentivopara a chegada de mais servios. Ocalado (Figura 5), como maisconhecido, agrega alm do comrciocorriqueiro de um subcentro lojasde roupas, farmcias, supermercados,papelarias, etc servios como den-tistas, advogados, contadores, oftal-

    mologistas, fotgrafos e bancrios.

    Figura 5 - Calado de Campo GrandeFonte: SILVA, 2009.

    A autonomia de Campo Grande referente ao setor tercirio notria.Seu subcentro une outros ncleos populacionais distantes da rea central,que procuram ali escolas, entretenimento, transporte, atividades esportivas,advogados, escolas de dana, faculdades, laboratrios, produtos eletrnicose atendimento mdico particular e pblico. Especialmente no setor de sa-de, o Hospital Estadual Rocha Faria localizado no permetro do subcentro,atualmente atende grande parte da Zona Oeste, aliado presena de duasUnidades de Pronto Atendimento UPA do Governo Federal e postos desade espalhados pelo bairro.

    O dinamismo do subcentro comercial tambm interfere no campo nan-ceiro quando se observa que o bairro ocupou o segundo lugar em arrecadaode Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios ICMS em 2008,

    com o nmero de R$ 1.344.175.475,50, perdendo apenas para o Centro comR$ 2.309.355.332,32 (ACICG, 2009).Quanto acessibilidade, fator importante para o espraiamento urbano

    (VILLAA, 2001), o bairro est ligado cidade por meio de corredores detransporte de massa Avenida Brasil e Ferrovia , conta com eixos viriosconsiderados estruturantes do Municpio com a Regio Metropolitana9

    9 Conforme o Plano Diretor Decenal, 1992. IPP, 2005.

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    Avenida Brasil, BR-101, Avenida dasAmricas e Estrada Rio-So Paulo econcentra os fluxos de transporterodovirio da regio.

    A distncia entre a rea centrale Campo Grande cerca de 50 km requer melhores condies de deslo-camento e dicultada pela pequena

    frota de nibus, quando comparadaa de outras regies10. No intuitode proporcionar mais conforto aospassageiros, algumas linhas chegama cobrar R$ 11,00 neste trajeto. Estadiculdade de mobilidade com frotasescassas e mal equipadas, somadas sgrandes distncias contribuem paraa ampliao dos servios de baixaqualidade e para a informalidade(LAGO, 2007).

    As linhas de nibus conectam obairro vizinhana, Centro e Zona

    Norte, com apenas uma opo de tra-jeto para a Zona Sul. So encontradasalgumas linhas intermunicipais (Al-cntara, Petrpolis, Volta Redonda,Barra Mansa, Pira, Angra dos Reis,Itaperuna, Cabo Frio e Nova Fribur-go) e uma interestadual (So Paulo).Tambm vale ressaltar que na ruaCampo Grande e perpendiculares, aalguns metros do Terminal Rodovi-rio, vrios pontos nais de nibusfazem ligao do bairro com NovaIguau, Duque de Caxias, Nilpolis,

    Itagua, Mangaratiba e Seropdica(Figura 6 e 7).Ainda que existam outros tipos

    de transporte que favoream aconexo entre as diversas regiesdo municpio e do bairro, comoo ferrovirio e o alternativo (vanse kombis), a oferta desses serviosapresenta-se em condies precrias,sem proporcionar o mnimo de segu-rana aos seus usurios. Os trens nocomportam a grande quantidade depassageiros, enquanto o segundo,mesmo oferecendo qualidade duvi-dosa, necessrio devido escassezdo transporte regular.

    Apesar da grave situao dotransporte pblico em Campo Gran-de, observa-se que os bairros aoredor, com exceo de Bangu, estomunidos de opes ainda piores. Si-multaneamente a estas complicaes,

    10 Em 2004 a RA Campo Grande apresentava uma frota de 1.259, RA Mier: 2.119,Copacabana: 1.338 e RA Madureira: 2.888 (Engevista, 2004). Para breve veri-ficao da extenso territorial dos bairros, observar Figura 1, p.4.

    1121 mar. 2008.

    Figuras 6 e 7 - Pontos nais da Rua Campo Grande e TerminalRodovirioFonte: ANTUNES, 2009.

    a classe mdia/alta ali residente rea-liza seus deslocamentos at os locaisde trabalho em veculos prprios.

    Aps a chegada do West Shopping,o trfego sofreu alteraes consider-veis, acentuando-se nos ltimos anos.Mesmo com a melhoria das estradasno entorno, como a construo doViaduto da Avenida Cesrio de Melo,os moradores ainda reclamam do u-xo intenso de automveis. Um fatoragravante que, segundo o Jornal OGlobo11, Campo Grande conta coma terceira maior frota de veculos dacidade, raticando a precariedade dotransporte pblico pela lgica de faci-lidade no deslocamento individual. importante ressaltar tambm, que aslinhas de vanse kombisprejudicam auidez do trnsito, j que seus moto-ristas, em busca de passageiros, norespeitam os pontos de nibus, almde ultrapassar sinais ou trafegar lenta-mente espera de mais clientes.

    A gesto municipal tambm deuincio construo da TransOeste,um corredor expresso que ligar aBarra da Tijuca Campo Grande eSanta Cruz, e facilitar a vida da-queles que, diariamente fazem estepercurso por reduzir o tempo de

    trajeto. uma estratgia que atendes exigncias das Olimpadas de2016. Villaa mostra que essas viasdespertaram o interesse imobilirio

    das camadas de mais alta renda pordeterminada regio e direo de cres-cimento da metrpole. O sistema vi-rio urbano que atende a essa regioe direo comea a passar por suces-sivas melhorias que se articulam, em

    bola de neve, com a concentrao detais camadas (2001, p. 318).

    Dando continuidade contribui-o nas melhorias de acessibilidade,encontra-se em fase de implantao,o Arco Metropolitano executadoem cooperao entre o Governo doEstado e o Departamento Nacionalde Infraestrutura de Transportes DNIT. O projeto tem a pretensode ligar o Complexo Petroqumicodo Rio de Janeiro COMPERJ em

    Itabora ao Porto de Itagua. Issoacarreta benefcios indiretos aobairro em questo, ao desobstruiro intenso trfego de caminhes naAvenida Brasil e proporcionar ocrescimento do Distrito Industrial daregio, consequentemente trazendoprogressos economia.

    pertinente armar, portanto,que o crescimento urbano tem sidopatrocinado pelo Estado, especial-mente pela abertura de grandes eixosvirios, como avenidas e/ou rodo-vias, que permitiram o fcil acesso da

    populao. A circulao dos meiosde transporte vem contribuir paraocupao de espaos distantes docentro urbano.

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    Os empreendimentos imobili-rios e a expanso do bairro deCampo Grande

    De grande importncia para aexpanso do bairro, o West Shoppingveio atrair grandes empreendimentosimobilirios no seu entorno, para gru-pos de renda mdia e alta. Seu sucesso

    comprovado atravs do elevado n-mero de vendas, que aps cinco anosda sua inaugurao, j ultrapassavamdez milhes de reais mensais, com umpblico mdio de um milho e meiode pessoas/ms12(Figura 8).

    Por sua vez, a circunvizinhanarapidamente recebeu os impactos po-sitivos, como a duplicao da Estradada Posse e da Estrada do Mendanha vias de acesso ao shopping, centrocomercial do bairro e Avenida Bra-sil juntamente s novas linhas de

    nibus. Quanto questo da infraes-trutura, caram visveis melhorias nailuminao pblica, no saneamentoe melhor qualidade e quantidade deservios, como agncias bancrias,lojas diversicadas, estacionamento,clnicas e restaurantes no entorno daconstruo.

    Maricato revela que as transfor-maes dessas reas so conduzidaspelo Estado, em parceria com a in-dstria de construo civil, que irocriar novas locais que sirvam lgica

    do capital. Neste sentido, o impulsoque leva produo de shoppings centers,hipermercados e as cidades novas atentativa do capital de produzir e trans-formar as localizaes em mercadorias(2009, p. 72).

    A chegada desses novos ele-mentos resultou na ampliao damancha urbana intensicada peloadensamento de uma nova classeatrada por estas construes valori-zadoras do solo. Como consequncia,o prprio ncleo central de Campo

    Grande foi fortalecido com maislojas e servios no encontrados noshopping, como consultrios mdicos,laboratrios e escritrios.

    Para reforar e valorizar aindamais o bairro, o grupo Multiplananunciou a construo de outroshoppingna Estrada do Monteiro, dolado oposto ao ncleo de expanso

    daquele primeiro. Omegaempre-endimento ter como pblico alvoas classes B e C, e tem como umadas justicativas para construo apreparao da cidade para eventosfuturos, tais como Copa do Mundo eOlimpadas (Valor on-line13).

    Como j dito anteriormente, o

    setor pblico chegou a construirconjuntos habitacionais no bairro eproximidades, mas o capital imobi-lirio no havia investido fortementena regio. A partir da chegada daclasse mdia, o setor ento, encontracondies favorveis sua produo,visto tambm que a regio j apre-sentava razovel infraestrutura emuitas reas adensveis ao mercado.A partir dos fatores expostos at omomento, possvel notar a recon-gurao socioespacial que o bairro

    vem sofrendo principalmente pelasintervenes deste mercado.

    Figura 8 - West ShoppingFonte: Acesso em 15 set. 2010 s21:05.

    Edifcios comerciais tm sidolanados como o Plaza Ofce (Figura9), Conjunto Mont Blanc,CampoGrandeOfce & Malle Medical Center. Temhavido uma procura cada vez maiorde empresas variadas, tais como lojasde departamento, clnicas, labora-trios, imobilirias, concessionrias

    de carros importados, centros deesttica, etc, visando atingir o pbli-co diferenciado da regio. Dados depesquisas do Instituto Brasileiro deAdministrao Municipal IBAM em 2008 mostram a localidade comooitava no ranking de bairros cariocasque apresentam maior quantidade desalas comerciais e a terceira em lojas.A RA de Campo Grande empregou,em 2005, cerca de cento e quarentamil pessoas (143.987), o que equivaleao stimo lugar das RAs, segundo

    Pesquisa Mensal de Emprego (IBGE,2005).

    12 Revista ISTO - Concreta viso: West Plaza inaugurado, vencendo ceticismoinicial - So Paulo, 8 mai. 2001.

    13 Paola de Moura, 7 mai. 2010. Disponvel em Acesso em 21 nov. 2010.

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    Em 2008, Campo Grande ocupouo terceiro lugar, com 10% do total delanamentos imobilirios na cidade,perdendo somente para Barra daTijuca (39%) e Jacarpagu (19%)14.

    J em2009, reuniu o maior nmerode imveis novos com quase trs milmoradias (2.625), superando a Barrada Tijuca15. A maioria dos comprado-res atuais j era residente do bairro,conforme o estudo realizado pelaconstrutora CHL.

    De acordo com a ADEMI Asso-

    ciao de Dirigentes de Empresas doMercado Imobilirio a demanda porimveis mais caros especialmentede funcionrios pblicos e policiais,e uma parcela menor oriunda de

    bairros vizinhos. Estes compradoresso atrados por imveis que tenhamcertas vantagens como reas de lazercom piscinas, salo de festas, salo de

    jogos, churrasqueira, academia, etc.Juntamente com a onda de no-

    vos empreendimentos para classemdia/alta, polticas de moradia po-

    pular tm estado presentes. Algunsconjuntos habitacionais vm sendoimplantados em vrias pores do

    bairro, como na Estrada Joo deMelo, prximo ao West Shopping.Estes fazem parte do Programa deArrendamento Residencial PAR uma parceria entre Prefeitura doRio e Caixa Econmica Federal, que

    oferecem apartamentos avaliadosem quarenta mil reais, voltados parafamlias com renda entre R$ 1.200 eR$ 1.80016.

    Outro programa de nanciamen-to de imveis do Governo Federal Minha Casa Minha Vida tematuado amplamente na regio, vol-tado para a classe baixa e mdia,com renda mxima de dez salriosmnimos. Apartamentos e casas tmsido adquiridos por essa populaoem regies localizadas na Estradado Magara, Olinda Elis, Cesrio deMelo e Estrada Rio-So Paulo.

    possvel identicar a ampliaode setores mdios em Campo Grandee a diversidade da oferta imobiliria. importante tambm mencionarque atrados pelo apelativo discursodo marketing imobilirio, a exemplo

    do primeiro condomnio ecolgicode Campo Grande EcoWay , osgrupos sociais mais elevados tendem escolher conjuntos residenciaisfechados, em busca de melhores con-dies de vida, incentivando assim,a segregao espacial. As estratgias,discutidas por Harvey, inuenciam

    os futuros moradores, pois tem sidofocadas na paisagem, na qualidadede vida, valorizao do espao, nainovao cultural e na elevao daqualidade do meio urbano (inclusivea adoo de estilos ps-modernistasde arquitetura e de desenho urba-no), nos atrativos do consumo [...],entretenimento (organizao deespetculos urbanos temporrios oupermanentes) (1996, p.54).

    Os encantos naturais de Cam-po Grande so estimuladores. Deacordo com Villaa os atrativos do

    stio natural tm contribudo [como]importante fator de atrao da expansourbana(2001, p. 107). O bairro contacom 26% de rea verde em relao sua extenso total(SMAC, 2001),significando boa condio paraatrair uma populao em busca dequalidade de vida, como arma Le-febvre (2008). Estes privilgios, comoa qualidade do ar, proximidade doverde e tranqilidade so aprovei-tados como fontes de lucratividadepara o mercado imobilirio (Figuras10 e 11). O verde presente em toda aregio cercada pela Serra do Menda-nha e Pico da Pedra Branca grandepotncia para o turismo ecolgico17,alm da relativa proximidade com aorla martima de Guaratiba e Barrade Guaratiba e suas atividades pes-queiras e gastronmicas.

    Figura 9 - Plaza OfceFonte: Acesso em 12 nov. 2010 s 14h.

    14 Disponvel em Acesso em 3jun. 2011 s 20:50.

    15 Disponvel em Acesso em 3 jun. 2011 s 20:42.

    16 Disponvem em Acesso em 10 fev. 2011 s 16:19.

    17 Encontra-se na regio uma infinidade de reas ecolgias com florestas, trilhas, piscinasnaturais, cachoeiras, stios arqueolgicos e mirantes. Alguns so: Travessia Serra doMedanha, Travessia Rio da Prata, Vale da Caixa D gua, Travessia Morro do Lameiro,Pedra do Carvalho, Vale da Virgem Maria, Morro dos Caboclos, Morro do Cabuu,Macio de Gericin-Medanha e o Pico da Pedra Branca, que possui o cume mais altoda cidade 1.025m (disponvel em Acesso em 19 mai. 2011 s 14h.

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    V-se a o processo de segregaosocioespacial, quando as camadas demaior renda passam a buscar melho-

    res condies de moradia, conforto ecomodidade. Isso vem acirrar as desi-gualdades da ocupao dos espaos ea auto-segregao dos grupos menosabastados na reproduo da mora-dia, empurrados cada vez mais parareas perifricas, com limitaes daestrutura urbana (CORRA, 1999).As grandes extenses do objeto deestudo propiciam, de certa forma, aproliferao de diferentes tipologiasde imveis e de ocupao, j que namesma regio encontra-se a incidn-

    cia de grandes empreendimentosimobilirios, favelas e loteamentosirregulares carentes. Como podegarantir Corra,os processos e formasespaciais no so excludentes entre si,podendo ocorrer simultaneamente namesma cidade ou no mesmo bairro (...)pode-se armar que os processos espaciaisso complementares entre si (1999,p.37). Portanto, nenhum lugar nocontexto metropolitano apresentacaractersticas homogneas.

    Os contrastes sociais de CampoGrande no contexto munici-pal

    O recente crescimento de Cam-po Grande no exclui problemasestruturais atrelados ao fato de estarinserido em uma regio perifricada cidade. Para Lefebvre (2008), ascentralidades urbanas so cheias de

    Figuras 10 e 11 - Pico da Pedra Branca e Serra Gericin-Mendanha vistos do subcentroFonte: e . Acessos em 10jun. 2011 s 15:30.

    rupturas e continuidades, diferenas e identicaes, aproximaes e embatesentre os grupos. Neste sentido, encara-se Campo Grande como centralidadedas periferias e periferia do municpio.

    Uma pesquisa feita pelo Observatrio de Metrpoles, em 2005 categorizousocioespacialmente a Regio Metropolitana do Rio de Janeiro, e dentre asdiversas classicaes18, Campo Grande foi considerado de contraste com seuentorno. Porquanto se caracteriza de perl de tipo mdio, embora estejalocalizado em uma vizinhana de perl popular operrio, sendo assim,um diferencial na regio (NACIF & ANTUNES, 2010).

    Raticando a informao supracitada, comparou-se a renda mdia dealguns bairros da Zona Oeste19com a do Rio de Janeiro. O resultado conr-mou a posio perifrica da regio, visto que os bairros observados atigirama mdia de trs salrios mnimos s.m. enquanto a cidade alcanou o valorde seis s.m. Campo Grande no entanto, apresentou a melhor renda entreestes bairros: aproximadamente quatro s.m.20(SME, 2000) e mais 10% de suapopulao tm rendimentos superiores a dez s.m. (MACEDO, 2002). O bairro

    no oferece empregos com salrios elevados, de acordo com a tabela abaixo,verica-se a abundncia de empregos com baixa qualicao.

    Tabela 1 Empregos oferecidos em Campo Grande por salriomnimo

    < 3 s.m. 3 a 5 s.m. 5 a 10 s.m. > 10 s.m. Total21

    37.218 4.929 2.280 726 45.630

    Fonte: La Rovere, 2009.

    Esta discrepncia socioeconmica diversica a oferta por moradia, onde

    os mais pobres ocupam espaos desvalorizados, enquanto os mais abas-tados buscam imveis de alto padro, localizados em regies com melhor

    18Superior; Superior Mdio; Mdio; Mdio Inferior; Popular, Popular Operrio,Popular Agrcola e Popular Inferior.

    19Barra de Guaratiba, Campo Grande, Cosmos, Guaratiba, Inhoaba, Pacincia, Pe-dra de Guaratiba, Santa Cruz, Santssimo, Senador Vasconcelos e Sepetiba

    20 Em 2000, o salrio mnimo era de R$ 151,00.21477 tiveram seus valores ignorados.

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    infraestrutura e conforto. No bairroem estudo, percebe-se que, apesardo avano da classe mdia, ainda hproduo de casas em loteamentosirregulares e favelas, alm dos vrioslanamentos de conjuntos habitacio-

    nais, complexificando a dinmicaurbana interna.

    Salienta-se tambm o reconheci-mento de um subcentro pelas possi-

    bilidades de atraes culturais e delazer que ele oferece, por ser o localmais prximo da vida cotidiana dapopulao (DUARTE, 1974). Estesndices podem revelar a qualidadede infraestrutura implantada paraatender aos habitantes e o real inte-resse pblico em investimentos nestesetor. Fazendo uma comparao

    entre algumas RAs, pode-se avaliarque Campo Grande oferece poucasatraes culturais para seus mora-dores (Tabela 2).

    Os museus e centros culturaislocalizam-se desigualmente no ter-ritrio carioca, com destaque para asRegies Administrativas de Copaca-

    Tabela 2 - Atividades culturais por RA

    RAs Museus Centros Salas de Teatros e

    Culturais Cinema Salas de

    Espetculos

    Barra da Tijuca 1 13 48 9

    Campo Grande - - 6 3

    Centro 37 13 7 32

    Copacabana 1 23 4 14

    Mier 4 - - 4

    Total na cidade 89 76 178 133

    Fonte: Armazm de Dados, 2000.

    22Lona Cultural Elza Osborne e Teatro Arthur Azevedo.

    bana, Barra da Tijuca e Centro, destaforma, a populao campograndenseno conta com nenhum destes equi-pamentos. Dos teatros e salas deespetculo, apenas trs encontram-sena RA de Campo Grande, enquantoas RAs supracitadas gozam de muitomais destes aparatos. Contudo, assalas de cinema, apesar de tambmdistribudas de maneira a concentrarsua atuao na Barra da Tijuca, estopresentes em quase todas as RAs.

    No se pode deixar de considerarque o Centro e Copacabana, par-ticularmente, j possuem tradio

    em roteiros tursticos da cidade, epor isso, recebem continuamenteinvestimentos no mbito cultural.No entanto, h de se ressaltar queas dimenses territoriais e popula-cionais de Campo Grande deveriamser motivos para investir-se naregio, pretendendo-se uma maiorigualdade na distribuio de culturapelo municpio. H vrios anos, osdois nicos teatros22 do bairro norecebem reformas. Como exceo regra, o Centro Esportivo Micimo

    da Silva, nico complexo bem equi-pado e conservado da regio, foipalco do Pan-Americano em 2007 ecertamente far parte das Olimpa-das de 2016.

    De certo possvel notar as di-ferenciaes internas que agregamvalor a pores especcas do bairro eexcluem os mais pobres das mesmaspossibilidades de infraestrutura emoradia, como tambm o idnticoprocesso vivido pelo bairro nocontexto municipal, ao passo quemesmo diante do enorme contigentedemogrco e dimenses geogr-cas, a populao campograndenseencontra restries quanto ao acessoa transporte pblico de qualidade,empregos com salrios elevadosprximos ao local de moradia e ati-

    vidades culturais.Acredita-se que a centralidade do

    bairro para a Zona Oeste j comeoua ser reconhecida pelo municpio. Osprimeiros passos podem ser vistosatravs do investimento em con-

    juntos habitacionais para melhorara qualidade de vida dos morado-res e da chegada de trabalhadoresqualicados para as indstrias nacircunvizinhana, como o caso daThyssenKrupp CSA, que buscam

    moradia em Campo Grande. Os cur-sos tcnicos tm crescido e as obrasvirias em andamento sinalizam queeste reconhecimento est ganhandomaiores propores.

    No se pode deixar

    de considerarque o Centro eCopacabana,

    particularmente, jpossuem tradio

    em roteiros tursticosda cidade, e porisso, recebemcontinuamente

    investimentos nombito cultural. No

    entanto, h de seressaltar que asdimenses....

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    Desta maneira, deseja-se aqui,reforar o crescimento urbano deCampo Grande e sua centralidadena periferia, bem como os problemasque sua posio segregada da cidadereproduzem, alm de identicar asvocaes e potencialidades capazesde favorecer ainda mais o desen-volvimento do bairro no contextometropolitano.

    Consideraes naisAs centralizaes e descentra-

    lizaes assinalam a realidade dascidades contemporneas. Fato seme-lhante vivenciou a cidade do Rio de

    Janeiro. A instabilidade ncanceiraque atingiu a cidade nos anos 1980

    acabou por afetar a classe mdiaque precisou buscar novas possibi-lidades de moradia. A Zona Oesteento se tornava a ltima fronteira deexpanso para a populao carioca.O Distrito Industrial, j instaladocom grandes empresas, indicava ocrescimento da rea desde a dcadaanterior. A demanda por moradia in-

    centivou o setor imobilirio a investirna regio e com isso, o subcentro foiganhando estmulo para o desen-volvimento. A economia local temflego para dinamizar-se ainda maise favorecer novas oportunidades deemprego.

    A chegada do West Shopping

    ratificou a centralidade do bairroem meio a pores to segregadasda cidade, e embora suas prpriasdecincias sejam compartilhadascom a vizinhana, Campo Grandeainda oferece as melhores condiesde moradia, servios e transportes,colaborando para o seu reconheci-mento como espao agregador dossegregados.

    Ao longo do trabalho foram apre-sentadas as grandes necessidades eos projetos do poder pblico para

    trazer melhorias regio. Sendoassim, acredita-se que os prximosacontecimentos contribuam paraum razovel progresso do cenrioexposto nesta pesquisa, no s parapopulao campograndense, comopara toda Zona Oeste, tais como aconstruo da TransOeste e do ArcoMetropolitano, alm do novo shop-pinge iniciativas governamentais denanciamento habitacional, a m defacilitar a obteno da casa prpria.

    As vocaes naturais que fazem

    de Campo Grande um lugar comtantas peculiaridades reforam aatuao do mercado imobilirio.Aspectos positivos so encontrados,tais como reas disponveis para edi-cao, baixa densidade demogr-ca, meio ambiente privilegiado comnfase no ecoturismo e proximidadecom praias e atividades pesqueirasrelativas a bairros vizinhos.

    Por m a produo de desigual-dades socioespaciais internas devalorizao assinaladas pelo capital

    imobilirio gera impossibilidadesde moradia aos mais pobres e trans-forma, como apontado por Pacheco(1999), pores do bairro em ilhasde prosperidade, com privilgiosnaturais, diversicaes comerciaise acessibilidade facilitada, trazendopara o contexto local, a mesma segre-gao que enfrenta no municpio.

    O crescimento da classe mdia,embora subsidie melhorias e investi-mentos em funo de uma demandacom exigncias diferenciadas, noimplica necessariamente avano daqualidade de vida para a populaode baixa renda. Pelo contrrio, teminaugurado um novo processo de

    excluso em reas j perifricas.Por conta da dinamicidade desteprocesso, considera-se fundamentalo aprofundamento dos estudos sobreos movimentos de expanso e de-senvolvimento desta, uma das reasque mais cresce na cidade do Rio de

    Janeiro. O que aqui se apresentouserve de subsdio para discussese investigaes mais sistemticas,e como fonte para o surgimento denovos problemas e abordagens.

    Referncias

    ABREU, Maurcio de Almeida. Evo-luo urbana no Rio de Janeiro. 4.ed. Rio de Janeiro: IPP, 2006. 156p.

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    ANTUNES, Gisele Teixeira. Mudan-as no espao metropolitano: novascentralidades e dinmicas espaciaisno bairro de Campo Grande ZonaOeste e municpios vizinhos. 2009.65 p. Dissertao (Licenciatura emArquitetura e Urbanismo). Univer-sidade Federal Fluminense, Niteri RJ, 2009.

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    bre os Dados mais Recentes.Coleode Estudos Cariocas, n. 20020201,2002. 15p. Disponvel em Acesso em 1 mai. 2011.

    Ao longo dotrabalho foramapresentadas

    as grandes

    necessidades eos projetos do

    poder pblico paratrazer melhorias regio. Sendo

    assim, acredita-seque os prximosacontecimentos

    contribuam para umrazovel progresso docenrio exposto nesta

    pesquisa...

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