Embed Size (px)
Citation preview
1
O DESENVOLVIMENTO DE PERFIS DE CONCERNS APLICADO A UM SERVIÇO
DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Ingrid Carvalho Tomaschewski
RESUMO
Mais do que um hábito cotidiano, ser saudável passou a ser um assunto compartilhado
em todo mundo. Apesar de algumas pessoas começarem a buscar uma alimentação
saudável por necessidade, outras aprenderam e gostaram de seguir esta filosofia e,
com isso, o aumento de serviços ligados ao setor foi inevitável. Este estudo objetivou
analisar as experiências de sete indivíduos entre 25 e 55 anos, com variação de tempo
livre em relação a serviços oriundos da alimentação saudável, a partir da análise de
predisposições e/ou padrões – concerns. Para isso foram realizadas entrevistas em
profundidade, onde utilizou-se como método facilitador a ferramenta Image Sorting.
Como resultado, este artigo apresenta elementos que poderão auxiliar os profissionais
que desejam projetar serviços com base na necessidade de consumidores de
alimentação saudável. Desta forma, esta pesquisa contribui para estudos sobre
alimentação saudável e para área de design emocional.
Palavras-chave: Alimentação saudável. Design de serviços. Análise de concerns.
1 INTRODUÇÃO
A correria diária tem feito com que o Brasil viva um colapso na saúde, e a
facilidade do fast food pode ter relação com o aumento de 60% em pessoas com
excesso de peso nos últimos dez anos (VIGITEL, 2016). O crescimento do número de
obesos é um fator preocupante que está diretamente ligado a expectativa de vida da
população e, em vista deste percentual, percebe-se que a sociedade está em alerta e
já realiza medidas para sua redução, buscando hábitos mais saudáveis. A quantidade
Discente do curso de MBA em Inovação em Design de Serviços da Universidade La Salle – Unilasalle,
matriculada na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso. E-mail: [email protected], sob a orientação do Prof. M.e Gabriel Bergmann Borges Vieira. E-mail: gabriel.vastodesign.com.br. Data de entrega: 04 dez. 2017.
2
de brasileiros com a mesma pretensão de manter uma alimentação saudável ampliou-
se, visto que 35,2% da população tem consumido alimentos mais saudáveis e 37,6%
praticado mais exercícios (VIGITEL, 2016). Segundo Folha (2016) o mercado de
produtos que não usam qualquer tipo de ingrediente animal, tem crescido com o maior
interesse em uma alimentação mais saudável. E conforme divulgação do Sebrae
(2014), “ A busca por um corpo perfeito ou por uma vida mais saudável tem promovido
uma grande ampliação na quantidade de academias no Brasil. Em apenas cinco anos,
o setor teve um crescimento de 133%, o que evidencia que a moda fitness é uma
tendência que se fortalece a cada dia.
Além dos obesos, existem outros públicos conhecidos por seguirem estes
hábitos tais como os veganos, esportistas e profissionais da saúde, que diariamente,
de algum modo, procuram acrescentar qualidade em suas vidas. Essa parte da
população, apesar de divergirem em diversos aspectos, podem compartilhar
experiências semelhantes, e o estudo de seus comportamentos torna-se vital para a
tomada de decisão de um negócio ou implantação de um produto ou serviço que
proponham benefícios à saúde. O designer como observador externo, por ter uma
visão estratégica e crítica age como peça fundamental no processo de geração de
valor, revelando desejos intrínsecos do público-alvo ignorados até o momento.
Habilidades como a identificação de problemas e interpretação de contextos,
permitem ao profissional de design prever cenários futuros. (ZURLO, 2010).
O processo de criação de valor já passou por diversas transformações ao longo
dos anos. Antigamente o consumidor satisfazia-se apenas em obter um produto que
cumpria suas funções. Passando o tempo, outras vertentes começaram a ser
consideradas, tais como as relações intangíveis que estavam diretamente alinhadas
ao consumo (CELASCHI, 2007). Para Verganti (2007) o processo de compra do
consumidor deixou de ser uma aquisição simples de mercadoria e tornou-se uma
busca por significados. Campbell (1995) afirmava que a partir da difusão do setor de
serviços, o consumo de experiências passaria a ter relevância. É o que vem
acontecendo, e neste momento mais do que a observação do comportamento do
público-alvo, a descoberta das emoções geradas por essas experiências passa a
assumir um papel importante, podendo revelar tópicos essenciais que deveriam
constar em um projeto de design. Esse processo ocorre através da análise de
concerns, que são predisposições ou padrões, gerados através da interpretação de
fragmentos retirados de entrevistas com usuários. (TONETTO, 2012).
3
Sendo assim, este artigo tem como objetivo principal desenvolver o perfil de
concerns a partir de potenciais usuários de um serviço de alimentação saudável e,
como consequência, construir diretrizes para criação ou aperfeiçoamento de um
projeto do setor.
2 ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
De acordo com Saraiva (2016) a combinação entre exercícios físicos,
alimentação e mente saudáveis, certamente traz como resultado a longevidade. Para
ela, a nutrição é uma área que traz muitas contradições, sendo que um mesmo
alimento pode ser causa de benefícios para uns e malefícios a saúde para outros, isto
porque cada indivíduo possui suas próprias necessidades.
Na era da informação, há argumentos suficientes para comprovar que apenas
com uma boa alimentação pode-se prevenir diversas doenças. (SARAIVA, 2014).
Conforme aponta Saraiva (2016), têm-se como padrão de alimentação saudável
o consumo de vegetais, mas ainda há dúvidas se hortaliças orgânicas ou não-
orgânicas possuem o mesmo valor nutricional. Entende-se por agricultura orgânica, o
cultivo de hortaliças sem utilização de agrotóxicos, que resultam na qualidade do
produto e segurança alimentar (SILVA M., 2016). Afirma-se em todas bibliografias
estudadas os problemas ocasionados pelos agrotóxicos, além de prejudicar o solo, a
saúde de quem utiliza o veneno para evitar as pragas e de quem consome os
alimentos com resíduos são debilitadas, podendo causar câncer. (ASSIS, 2008).
Dias et al. (2013) citam um aumento significativo de publicações científicas com
o tema alimentos orgânicos de 2009 a 2013, onde chega a 60% da quantidade total
de acordo com suas pesquisas em 196 produções. Com base nesses dados acredita-
se que o aumento das publicações e, ao mesmo tempo causa e consequência do
maior interesse pelo tema na atualidade. O que mostra um crescimento do mercado,
associado entre outros fatores a sustentabilidade, saúde e segurança alimentar,
advindo das mudanças vistas globalmente através do estabelecimento de novos
padrões sociais e culturais.
Nas redes sociais encontram-se diversas comunidades relacionadas ao assunto,
e muitas pessoas que buscam qualidade na alimentação tem encontrado nas hortas
comunitárias a solução para seus problemas. De acordo com Diário Catarinense
(2016) vem aumentando em todo o país o número de hortas comunitárias incentivadas
4
tanto por empresas privadas e governamentais, como por ONG´s e grupos de
moradores de diversas cidades. Ele ainda cita que as hortas possibilitaram a colheita
de alimentos frescos e criaram um novo ambiente de integração social. E acredita que
as atividades do setor agrícola podem ser negócios de grande potencial nos próximos
anos.
3 DESIGN DE SERVIÇOS
A economia dos países ocidentais está mudando nos últimos trinta anos, de
modo que a indústria e manufatura perderam força, passando a ter predominância o
setor de serviços (LIPPI E MALLET, 2013). Apesar da aceleração no mercado, os
estudos e métodos referentes ao desenvolvimento de novos serviços ainda são
escassos e muito recentes. Conforme Cavalieri e Pezzotta (2012) somente a partir de
1990 começaram a surgir algumas publicações tratando sobre o tema “Design de
Serviços”. É um assunto que está em constante evolução, abrangendo métodos e
ferramentas de diversas disciplinas. Não existe uma única definição para o termo, e
pode ser tratado como uma nova forma de pensar. (STICKDORN E SCHNEIDER,
2014).
Segundo Moritz (2005) o design de serviços contribui para a inovação ou
aperfeiçoamento de serviços, tornando-os mais úteis, eficazes e desejáveis aos
clientes e organizações.
Kimbell (2009) cita que o designer de serviços tem como foco central o usuário,
e que se deve contar com eles durante o processo, além de somar em sua equipe
pessoas de diferentes áreas para se obter um resultado eficaz. A multidisciplinaridade,
colaboração para a sustentabilidade são alguns dos fatores que se incluem nesta nova
mentalidade para criação de novos projetos (CIPOLLA E MANZINI, 2009). Os
problemas devem ser vistos por todas as perspectivas e não é proibido falhar, pelo
contrário, os erros durante o processo somam aprendizados e geram oportunidades
de encontrar novos meios e alcançar a inovação (ADLER et al., 2012, p. 13). Para os
autores:
“[...] problemas que afetam o bem-estar das pessoas são de natureza diversa, e que é preciso mapear a cultura, os contextos, as experiências pessoais e os processos na vida dos indivíduos para ganhar uma visão mais completa e assim melhor identificar as barreiras e gerar alternativas para transpô-las.“ (ADLER, 2012, p. 13).
5
Para Polaine, Lovlie e Reason (2013) quando são realizados projetos utilizando
empatia pode-se ter certeza que de que estes serão serviços com geração de valor.
4 DESIGN E EMOÇÃO
O design já sofreu diversas transformações desde a fundação da escola
Bauhaus (1919), onde os produtos alinhavam forma à função (SILVA, 2005), tendo
uma nova mentalidade com foco no usuário (BRUINSMA,1995). Para Niemeyer
(2008) o novo papel do designer passou a ser o de mediador, atribuindo valores
humanos aos objetos. Niemeyer (2008, p.49) ainda afirma que: “[..] Cada vez mais os
produtos desempenham um papel expressivo na construção de um estilo de vida do
ser humano contemporâneo”. Krippendorff (2000, p.89) complementa ao dizer que:
“não reagimos às qualidades físicas das coisas, mas ao que elas significam para nós”.
Através desses conceitos percebe-se que as experiências dos usuários com os
produtos ou serviços tornam-se um fator importante de estudo ao realizar um projeto.
Conforme Tonetto (2012) é possível desenvolvê-lo considerando as emoções
provocadas pelo mesmo. Esta forma de projetar, evitando ou despertando emoções é
denominada design emocional. (DEMIR, DESMET; HEKKERT, 2009).
De acordo com Tonetto e Costa (2011) a manifestação de emoções a partir de
projetos de design sempre ocorreram, entretanto só passou a ter estudos publicados
ao final de 1980. Tal assunto possui muitos aspectos advindos de outras disciplinas,
assim como a psicologia e bases filosóficas (DEMIR, 2008). A psicologia foi
fundamental para o desencadeamento de métodos e técnicas sobre o design
emocional. Uma das metodologias citadas como marco referencial que trata do
assunto é apresentada por Desmet (2002), como a Teoria dos Appraisals.
4.1 Teoria dos Appraisals e os Perfis de Concerns
A teoria dos Appraisals advinda da psicologia estuda as emoções e é muito
utilizada no Design para tratar a relação dos produtos com as pessoas (DESMET,
2002). Tradicionalmente na psicologia um Appraisal significa uma avaliação instintiva
que indica o efeito de um estímulo sobre o bem-estar de um indivíduo (FRIJDA, 1986).
6
No caso de uma avaliação favorável são desencadeadas emoções positivas para
aquela situação, mas ocorrendo uma avaliação desfavorável as emoções despertadas
demonstram a repulsão do usuário. (DEMIR, DESMET; HEKKERT, 2009).
Segundo Desmet (2002) para a realização de um projeto é possível que o
designer o realize com o intuito de despertar certas emoções, através da análise de
concerns.
De acordo com Tonetto (2012), concerns são disposições ou padrões trazidos
ao processo emocional, que podem ser gerados pelo próprio produto, por perfis de
interesses ou por padrões impostos as pessoas (concerns de vida). Além disso,
podem ser divididos em 3 categorias: atitudes, objetivos e padrões.
Atitudes são propensões dos usuários a gostarem ou não de algo; objetivos, no
entanto indicam circunstâncias que os indivíduos gostariam de realizar; já padrões são
impostos às pessoas sem que estas possam escolher, como crenças ou regras.
Desmet (2007) afirma que não é somente o estímulo que provoca a emoção e
sim que ocorre um processo, como mostrado na Figura 1, onde a junção do produto,
serviço ou estímulo com os concerns geram uma avaliação (Appraisal) individual que
resulta em determinada emoção.
Figura 1 – Representação da Teoria dos Appraisals.
Fonte: Autoria própria, adaptado de Tonetto (2012), p.100, 2017.
Apesar do uso do termo produto em suas representações, Tonetto (2012) e
Desmet (2007) explicam que o conceito “produto” neste contexto é muito mais
abrangente, podendo considerar diversas situações, além de produtos e serviços.
7
Desta forma devido a importância do setor de serviços, foi realizada uma adaptação
no esquema original com a soma da palavra serviços.
A identificação de perfis de concerns é considerado um processo difícil para
Demir, Desmet e Ozkaramanli (2010), isto porque normalmente o designer encontra
dificuldade para identificar os concerns mais relevantes para o projeto. (TONETTO,
2012). O autor ainda explica que para o levantamento das informações necessárias
ao processo, normalmente, são realizadas entrevistas em profundidade, grupos focais
e atividades de sensibilização. Conforme Halpern (2014):
A partir do levantamento dos concerns, estes devem ser classificados de acordo com suas características, para que então seja elaborado o modelo de perfis de concerns. A elaboração do perfil de concerns parte da compilação dos pontos mais relevantes obtidos na fase de levantamento, em uma lista categorizada e acompanhada das emoções correspondentes. (HALPERN, 2014, p. 48).
A ferramenta de perfil de concern é essencial para o desenvolvimento de um
produto ou serviço e pode ser utilizada em todas as etapas do projeto (DEMIR,
DESMET; OZKARAMANLI, 2010). Mas, conforme Tonetto (2012) nem sempre a
emoção planejada será observada nos usuários, deve-se pensar no método como um
estimulador para tais efeitos, e para cada caso pode-se encontrar concerns diferentes
ao mesmo tempo.
5 METODOLOGIA
A metodologia deste estudo baseia-se nos conceitos do âmbito do Design
Emocional, da Teoria dos Appraisals através do Perfil de Concerns.
Para a identificação dos concerns de um serviço de alimentação saudável será
realizada uma pesquisa do tipo qualitativa, na qual permite através da imersão do
pesquisador, que este faça sua interpretação da realidade (BRADLEY, 1993). Para
isso serão feitas entrevistas em profundidade com potenciais usuários de um serviço
de alimentação saudável, pessoas que hoje consomem muitas hortaliças diariamente,
vegetarianos e veganos; aquelas que têm o hábito ou gostariam de cultivar uma horta;
e os indivíduos que compram as hortaliças. O recrutamento das pessoas foi
direcionado ao grande grupo geral e principalmente aos usuários extremos, porque
8
sem compreender estes indivíduos, as soluções desenvolvidas não atenderão a todos
os públicos. (DESIGN KIT IDEO, 2017).
A ferramenta escolhida para a pesquisa foi o Image Sorting, onde algumas
imagens são pré-selecionadas e mostradas aos entrevistados. Desta forma estas são
ordenadas, ocorrem discussões ou são criadas histórias que acabam revelando
rapidamente as emoções, relacionamentos e valores que estes indivíduos associam
a outras pessoas, lugares e objetos numa situação (KUMAR, 2013). O uso de cartões
com imagens é um instrumento que induz as pessoas a interagirem numa dinâmica
(SERVICE DESIGN TOOLS, 2017) e pode ser usado para iniciar uma conversa.
Foram selecionadas três imagens (Figura 2), uma referindo-se ao cultivo de alimentos
saudáveis (A), outra representando a aquisição desses produtos (B) e o consumo dos
mesmos (C).
9
Figura 2 – Imagens para a pesquisa.
Fonte: Própria autoria, 2017.
Esta etapa conta com o auxílio de gravações de áudio para que a obtenção das
informações ocorra de forma dinâmica e com maior precisão, e será concluída ao
alcançar o nível de saturação para posterior identificação de concerns.
6 RESULTADOS
Foram realizadas o total de sete entrevistas com mulheres de faixa etária entre
25 e 55 anos, dentre elas: nutricionistas, vegetarianas, adoradoras do cultivo de
Fonte: Blog Ideias e convivência, 2012.
A
Fonte: Blog Notícias Cabana, 2012.
Fonte: iStock, Getty Images.
B
C
10
plantas e hortaliças, aquelas que precisam cuidar da alimentação por problemas de
saúde e também que desejam uma aparência melhor e iniciaram alguma dieta.
Quando apresentadas as imagens às entrevistadas estas escolhiam por qual
desejavam iniciar a conversa. Apenas uma das mulheres preferiu começar falando
sobre a imagem que se referia a aquisição de produtos saudáveis, alegando sentir
necessidade de introduzir orgânicos entre seus produtos no supermercado. O restante
iniciou a entrevista citando informações sobre a imagem que apresentava o consumo
de alimentos saudáveis, sendo que a justificativa unânime para a escolha foi por ser
a cena que mais se adequava a realidade das mesmas. Pelo motivo de não fazer
parte de seu dia a dia o cultivo de plantas e hortaliças, todas as entrevistadas deixaram
esta imagem para citação no último momento.
Após a finalização da fase de entrevistas, iniciou-se a coleta de fragmentos
interessantes citados pelas entrevistadas, neste momento utilizou-se a capacidade de
interpretação e aplicou-se na análise de cada trecho. Logo foram identificados os
concerns, e suas emoções envolvidas (quadro 1).
FRAGMENTO CONCERN EMOÇÃO
Procuro lavar bem os alimentos
para evitar agrotóxicos.
Não gosto de encontrar resíduos
de agrotóxicos nos alimentos.
Insegurança;
Insatisfação.
Não sei as consequências dos
agrotóxicos.
Não tive acesso a informações
sobre agrotóxicos. Dúvida.
Alimentos saudáveis são mais
caros.
Não gosto de pagar valores altos
em alimentos.
Insatisfação;
Irritação.
Comida sem agrotóxicos tem
outro sabor.
Gosto do sabor dos alimentos
sem agrotóxicos.
Prazer;
Felicidade;
Satisfação.
Feira orgânica é muito longe.
Gostaria de encontrar um
estabelecimento com venda de
produtos orgânicos próximo de
casa.
Insatisfação;
Frustração.
Não entendo de hortas. Não tive acesso a informações
sobre plantio e colheita. Dúvida.
É difícil sair à noite e encontrar
lugares que ofereçam alimentos
nesta linha (saudável).
Gostaria de encontrar ambientes
noturnos que ofereçam
alimentação saudável.
Descontentamento;
Frustração.
11
Às vezes tem (orgânicos) e
estão feios; a durabilidade é
menor.
Gostaria de encontrar orgânicos
de boa qualidade e aparência
agradável.
Descontentamento;
Frustração;
Insatisfação.
Feiras específicas tem que ir
cedo senão é lotado.
Preciso encontrar lugares que
vendam orgânicos com maior
disponibilidade de horários.
Descontentamento;
Insatisfação;
Preguiça.
Levar a comida me ajudou a me
organizar mais.
Preciso ter os alimentos
disponíveis nos horários certos.
Alívio;
Confiança;
Determinação.
Tenho cuidado dobrado com os
orgânicos pois não tem veneno,
mas pode ter bichinhos.
Não gosto de encontrar insetos
nas hortaliças orgânicas.
Insegurança;
Insatisfação.
Compensa comprar orgânicos
pois não tem muita perda.
Gosto de adquirir produtos
orgânicos porque possuem um
aproveitamento total.
Prazer;
Satisfação.
Não tenho espaço para cultivo. Preciso de um local com espaço
suficiente para plantio. Insatisfação.
Normalmente tem saquinhos
maiores do que eu preciso.
A quantidade dos produtos
orgânicos deve ser vendida a
granel.
Insatisfação.
Se eu morasse numa fazenda
eu faria, mas aqui pela correria
é difícil.
O local de plantio precisa ser
perto da minha casa. Insatisfação.
Colocar a mão na terra é bem
legal, é terapêutico.
Gosto de plantar pois me
proporciona bem-estar.
Alegria;
Prazer;
Paz.
Quadro 1 – Análise das entrevistas
Fonte: Própria autoria, 2017.
A partir disso, selecionaram-se os concerns mais recorrentes e foram
categorizados em: aspectos positivos, com potencial e problemas (LUMA INSTITUTE,
2011), estabelecendo assim os perfis de concerns (quadro 2).
POSITIVOS COM POTENCIAL PROBLEMAS
Gosto do sabor dos alimentos
sem agrotóxicos.
Gostaria de encontrar orgânicos
de boa qualidade e aparência
agradável.
Não tive acesso a
informações sobre
plantio e colheita.
12
Gosto de adquirir produtos
orgânicos porque possuem um
aproveitamento total.
Gostaria de encontrar um
estabelecimento com venda de
produtos orgânicos próximo de
casa.
Não gosto de pagar
valores altos em
alimentos.
Gosto de plantar pois me
proporciona bem-estar.
Gostaria de encontrar ambientes
noturnos que ofereçam
alimentação saudável.
Não tive acesso a
informações sobre
agrotóxicos.
Preciso encontrar lugares que
vendam orgânicos com maior
disponibilidade de horários.
Não gosto de
encontrar resíduos de
agrotóxicos nos
alimentos.
Preciso ter os alimentos
disponíveis nos horários certos.
Não gosto de
encontrar insetos nas
hortaliças orgânicas.
Preciso de um local com espaço
suficiente para plantio.
A quantidade dos produtos
orgânicos deve ser vendida a
granel.
O local de plantio precisa ser
perto da minha casa.
Quadro 2 – Categorização dos principais concerns
Fonte: Própria autoria, 2017.
Com base nesse quadro é possível identificar prioridades para o
desenvolvimento de um projeto de design voltado para alimentação saudável.
7 CONCLUSÃO
Ao realizar o estudo, as entrevistas permitiram identificar diversos pontos a
serem explorados nos serviços relacionados a alimentação saudável, alguns
problemas em evidência, e diversas oportunidades para implantação de novos
negócios.
A utilização da ferramenta Image Sorting contribuiu para que as entrevistadas
expressassem com maior facilidade seus pensamentos, de modo que cada uma
analisando as mesmas imagens sinalizaram pontos diferentes das cenas de acordo
com suas próprias experiências.
13
Apesar de as pessoas entrevistadas possuírem perfis distintos muitas
informações citadas assemelharam-se, observou-se também que os indivíduos que
obtinham maior nível de instrução estavam mais preocupados com seus hábitos,
buscando melhorar sua alimentação.
Explorar esta temática, permitiu trazer contribuições teóricas e práticas aos
interessados no assunto alimentação saudável e design emocional, auxiliando no
direcionamento de projetos de design voltados a esta área de pesquisa.
THE DEVELOPMENT OF CONCERNS PROFILES APPLIED TO A HEALTHY
FOOD SERVICE
ABSTRACT
More than an everyday habit, being healthy has become a shared subject throughout
the world. Although some people began to seek a healthy diet out of necessity, others
learned and liked to follow this philosophy and, with that, the increase of services
related to the sector was inevitable. This study aimed to analyze the experiences of
seven individuals between 25 and 55 years of age, with free time variation in relation
to healthy food services, based on the analysis of predispositions and / or patterns -
concerns. For this purpose, we conducted in-depth interviews, where the Image
Sorting tool was used as a facilitator. As a result, this academic article presents
elements that may assist professionals who wish to design services based on the need
for healthy eating consumers. In this way, this research contributes to studies about
healthy eating and for emotional design area.
Keywords: Healthy food. Service Design. Concern analysis.
REFERÊNCIAS
ADLER, Isabel K. et al. Design thinking: inovação em negócios. Rio de Janeiro: MJV Press, 2012. ASSIS, Katiane M. S. de. Agrotóxicos: a agressão a saúde humana e ao meio. 2008. Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/agrotoxicos-a-agressao-a-saude-humana-e-ao-meio/10705/#ixzz4sFe7sy30>. Acesso em: 10 set. 2017.
14
BRADLEY, Jana. Methodological issues and practices in qualitative research. Library Quarterly, Chicago, v.63, n. 4, 1993. BRASIL. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2016. Hábitos dos brasileiros impactam no crescimento da obesidade e aumenta prevalência de diabetes e hipertensão. Brasil, 2017. Disponível em: <http://portalarquivos.saude.gov.br/ images/pdf/2017/abril/17/Vigitel.pdf>. Acesso em: 8 jun. 2017. BRUINSMA, Max. We do not need news forms, we need a new mentality. Belgium: Alden-Biesen, 1995. Disponível em: <http://www.xs4all.nl/~maxb/unp-idem.htm>. Acesso em: 22 jun. 2017. CAMPBEL, Colin. The sociology of consumption. In: MILLER, D. (Ed.); Acknowledging consumption: a review of new studies. Londres: Routledge, 1995. CATARINENSE, Diário. Hortas comunitárias: mãos na terra por uma alimentação mais saudável. Brasil, 2016. Disponível em: <http://dc.clicrbs.com.br/sc/estilo-de-vida/noticia/2016/09/hortas-comunitarias-maos-na-terra-por-uma-alimentacao-mais-saudavel-7460302.html>. Acesso em: 25 set. 2017. CAVALIERI, Sergio; PEZZOTTA, Giuditta. Product–service systems engineering: state of the art and research challenges. Computers in Industry, v. 63, n. 4, p. 278-288, 2012. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.compind.2012.02.006>. Acesso em: 25 set. 2017. CELASCHI, Flaviano. Dentro al progetto: appunti di mercealogia contemporânea, in: CELASCHI, Flaviano.; DESERTI, Alessandro. Design e innovacione: strumenti e pratiche per la ricera applicata. Roma: Carocci, 2007. CIPOLLA, Carla; MANZINI, Ezio. Relational Services. Knowledge, Technology & Policy, v. 22, n. 1, p. 45-50, 2009. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1007/s12130-009-9066-z>. Acesso em: 25 set. 2017. DEMIR, Erdem; OZKARAMANLI, Deger; DESMET, Pieter M.A. How to design for emotions: experiences in a course. In: Proceedings Of The 7th International Design & Emotion Conference, 2010. Anais… Chicago (IL, USA): [s.n.], 2010. DEMIR, Erdem. The field of design: Concepts, arguments, tools and current issues. Journal of the Faculty of Architecture, v. 25, n. 1, 2008. DEMIR, Erdem; DESMET, Pieter; HEKKERT, Paul. Appraisal patterns of emotions in human-product interaction. Internacional Journal of Design, v. 3, n. 2, 2009. DESMET, Pieter. Designing emotions. Tese de Doutorado não publicada, Delft University of Technology, Delft, The Netherlands, 2002. DIAS, Valéria V.; et al. O mercado de alimentos orgânicos: um panorama quantitativo e qualitativo das publicações internacionais. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/asoc/v18n1/pt_1414-753X-asoc-18-01-00155.pdf>. Acesso em: 10 set. 2017.
15
FRIJDA, Nico H. The emotions. Cambridge, UK: Columbia University Press, 1986. HALPERN, Marcelo. A perspectiva do design sobre experiências de torcedores de clubes de futebol. 2014. 163 f. Dissertação (Mestrado em Design Estratégico) – Programa de Pós-graduação em Design da Universidade do Vale dos Sinos – Unisinos, 2014. Disponível em: <http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/4364/MarceloHalpern.pdf?sequence=1>. Acesso em: 22 jun. 2017. IDEO, Design Kit. Extremes and mainstreams. 2017. Disponível em: <http://www.designkit.org/methods/45>. Acesso em: 21 out. 2017. INSTITUTE, Luma. Human-Centered Design Training. Rose, bud, thorn. 2011. Disponível em: <http://grcity.us/design-and-development-services/Planning-Department/michiganstreetcorridor/Documents/LUMA_Training.pdf>. Acesso em: 21 out. 2017. KIMBELL, Lucy. The turn to service design. In: JULIER, G.; MOOR, L. Design and Creativity: policy, management and practice. Oxford, Berg, 2009. KRIPPENDORFF, Klaus. Design centrado no usuário: uma necessidade cultural. Estudos em Design, Rio de Janeiro, v. 8, n. 3, 2000. KUMAR, Vijay. 101 design methods: a structured approach for driving innovation in your organization. Nova Jersey: John Wiley & Sons, 2013. LIPPI, Maria C.; MALLET, Lethícia. Abordagens para o desenvolvimento e design de sistemas de serviço: uma análise comparativa dos métodos de design e sua relação com o escopo de serviços. Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/287443837_Abordagens_para_o_desenvolvimento_e_design_de_sistemas_de_servico_uma_analise_comparativa_dos_metodos_de_design_e_sua_relacao_com_o_escopo_de_servicos>. Acesso em: 25 set. 2017. MORITZ, Stefan. Service Design: Practical access to an evolving field. Londres: Kisd, 2005. NIEMEYER, Lucy. Design atitudinal. In: Design, ergonomia e emoção. Rio de Janeiro: Mauad X: FAPERJ, 2008. POLAINE, Andy; LOVLIE, Lavrans; REASON, Ben. Service design: from insight to implementation. Nova Iorque: Rosenfeld Media, 2013. RANGEL, Anna. Pequenas empresas de produto vegetariano crescem 40% ao ano. Folha. São Paulo. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/07/1787773-pequenas-empresas-de-produtos-vegetarianos-crescem-40-ao-ano.shtml>. Acesso em: 9 jun. 2017. SARAIVA, Zeura C. O. A importância da escolha de uma alimentação saudável. Portal Educação, 2014. Disponível em:
16
<https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/nutricao/a-importancia-da-escolha-de-uma-alimentacao-saudavel/58198> Acesso em: 10 set. 2017. SARAIVA, Zeura C. O. Portal Educação. Nutrição pós-moderna. 2016. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/nutricao/nutricao-pos-moderna/71717> Acesso em: 10 set. 2017. SEBRAE. Número de academias aumenta 133% em cinco anos. 2012. Disponível em: <http://sebraemercados.com.br/numero-de-academias-aumenta-133-em-cinco-anos/>. Acesso em: 9 de jun. 2017. SILVA, Gabriela J. da. Design 3D em tecelagem Jacquard como ferramenta para a concepção de novos produtos: aplicação em acessórios de moda. 2005, 163 f. Dissertação (Mestrado em Design e Marketing) – Universidade do Minho, Guimarães, 2005. SILVA, Marcos E. da. Diferença entre agricultura orgânica e agroecológica. Webartigos. 2016. Disponível em: <https://www.webartigos.com/artigos/diferenca-entre-agricultura-organica-e-agroecologica/146028/>. Acesso em: 10 set. 2017. STICKDORN, Marc; SCHNEIDER, Jakob (Orgs.). Isto é design thinking de serviços: fundamentos, ferramentas, casos. Porto Alegre: Bookman, 2014. TONETTO, Jorge L. A perspectiva cognitiva no design para emoção: análise de concerns em projetos para a experiência. Strategic Design Research Journal, [S.l.], v. 5, n. 3, 2012. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/287211117_A_perspectiva_cognitiva_no_design_para_emocao_analise_de_concerns_em_projetos_para_a_experiencia>. Acesso em: 07 dez. 2017. TONETTO, Jorge L.; COSTA, Filipe C. X. da. Design emocional: conceitos, abordagens e perspectivas de pesquisa. Strategic Design Research Journal, v. 4, n. 3, 2011. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/273862410_Design_Emocional_conceitos_abordagens_e_perspectivas_de_pesquisa>. Acesso em: 07 dez. 2017. TOOLS, Service Design. Issue Cards. 2017. Disponível em: <http://www.servicedesigntools.org/tools/32>. Acesso em: 21 out. 2017. VERGANTI, Roberto. Inovação pelo design. Harvard Business Review, Londrina, v. 85, n. 8, 2007. ZURLO, Francesco. Design strategico. In: AA. VV. Gli spazi e le arti. v. 4: Opera XXI. Roma: Enciclopedia Treccani, 2010.
