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23 de fevereiro de 1993. Em um hospital da zona oeste de São Paulo, nascia esse cara aí da foto. No dia seguinte, a então prefeita luiza Erundina propunha pela 1ª vez a demolição do Elevado Presidente Costa e Silva, mais conhecido como Minho-cão ou somente O Elevado. A mesma proposta viria a se repetir durante o governo de outros prefeitos no decorrer dos anos, mas até hoje não vingou.

25 de janeiro de 1971. Depois de fulminantes 11 meses de traba-lho operário intenso, um político brasileiro procurado pela inter-pol* inaugurava essa obra bizarra da engenharia tupiniquim. A minhoca (ou seria uma lacraia?) gigante e grotesca de 3.400 metros de comprimento, constituída de concreto e ferro, arra-sou tudo o que estava em volta e começou a injetar nas janelas dos moradores vizinhos o monóxido de carbono liberado 24 horas por dia pelos automóveis. isso seguiu até 1976, quando o trânsito passou a ser interditado durante a noite, o que reduziu o pó preto, mas não melhorou em nada a desvalorização dos apartamentos. Aliás, uma senhora desvalorização. Se você der um rolê um quarteirão para cima, em direção a Higienópolis, os preços se multiplicam por PG.

Mas foi só em 1989 que o maranduvá de concreto passou a ter, de fato, uma rotina de trabalho. A Sra. luiza Erundina não conseguiu derrubá-lo, mas definiu um período de descanso: de segunda a sábado, das 21h30 às 6h30, e nos domingos e feriados, durante todo o dia. É nessas horas que ele deixa de ser a infame solução futurística que resolveria o caos no trânsito de São Paulo para se tornar um espaço livre destinado a todo tipo de atividade de lazer. Algo de certa forma até bom e útil para a população, o que fez surgir o pensamento de que colocar tudo abaixo talvez não fosse a melhor solução. Então qual é?

25 de janeiro de 2011. O Elevado completará 40 anos (com cara de 70). Para marcar a data e incentivar as pessoas a pensarem mais no assunto, fizemos uma mesma pergunta para vários especialistas em diversas áreas (sociólogos, numerologistas, teólogos, físicos, atletas, entre outros) e também aos frequen-tadores do Minhocão nos dias em que está fechado para o trân-sito: Qual a melhor forma de aproveitar os 3,4km de cimento?

*www.interpol.int/public/Data/Wanted/Notices/Data/2009/08/2009_13608.asp

PoR FEliPE DiEFENBACH

O DESTINO DA MINHOCA

foToS Ali KArAKAS E FEliPE DiEFENBACH

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O DESTINO DA MINHOCA

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De acordo com alguns sociólogos brasileiros, a presidente Dilma rousseff terá uma fabulosa oportunidade nas mãos: tornar-se um mártir para a humanidade. Bill Clinton, Hillary e Obama tentaram, estão tentando e ainda têm poder para isso, mas não a mesma sorte que a brasileira.

isso porque uma das maiores, se não a maior, treta da humanidade é o desentendimento entre israelenses e palestinos. O holocausto passou, irã e iraque deram um tempo, e a África melhorou muito, mas a paz entre israelenses e palestinos nunca chegou. Desde 1948, os israelenses têm onde dormir na tranquilidade, mas e os palestinos? O descanso deles pode chegar em 2011, sob forma de 3.400 metros de concreto da paz. isso mesmo. Por que não trazer a Faixa de Gaza para o Minhocão? Por que não lotar um Titanic no Oriente Médio e trazer o máximo

de gente que der pra cá? Eles terão um lugar neutro para ficar, suspensos a 13 metros do chão. São Paulo é uma cidade que recebe bem o mundo inteiro, por que não mais uns milhares de palestinos? Doar o Minhocão a esse povo seria a mais nobre atitude que um ser humano poderia ter. Quantas pessoas viveriam felizes ali, sem se preocupar com um míssil perdido na madrugada pela primeira vez na vida?

o resul-tado

palestina livre

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342,3 metros de comprimento é o tamanho do porta-aviões norte-americano uSS Enterprise (CVN-65), a maior embarcação militar em operação no mundo. Só os EuA têm 11 dos 22 porta-aviões que estão em atividade no planeta. Depois vem reino unido e itália, com dois cada. O Brasil tem um só, o A-12 São Paulo, com 266m, bem longe do porte do Enterprise.

A função original de um porta-aviões é servir como base aérea móvel, mas é claro que ele acaba se tornando também um dos principais símbolos de supremacia militar e ostentação de poder. Não tem caras que compram carros grandes e luxuosos para mostrar à sociedade que são bem-sucedidos, impressionar a mulherada e tal? Então, porta-aviões é o carango de uma pátria. Atualmente, a Marinha do Brasil vem atravessando um momento de reestruturação e, segundo estrategistas,

a incorporação de mais um porta-aviões à nossa frota está nos planos da instituição. Porém, para um país como o Brasil, manter uma força oceânica capitaneada por porta-aviões exige a demanda de altos investimentos, o que está muito longe da realidade do orçamento atual. Eis a solução...

O Elevado Presidente Costa e Silva tem 3.400 metros de comprimento, DEZ VEZES mais do que a maior embarcação de guerra norte-americana. Ou seja, daria para o cultuado Minhocão encerrar a sua fase urbana e começar a fazer história nos mares não como um só porta-aviões, mas como dez. É só o trabalho de levá-lo até Santos e fatiá-lo, uma solução bem mais em conta e totalmente adequada a um mundo que defende a sustentabilidade.

“Brother, alucino toda vez que venho dar um rolé de skate nesse pico, é como se você tivesse dropando uma onda de 20 pés bem no olho do furacão de concreto. É pura fantasia”, fala o surfista Pedro Albuquerque.

Seguindo essa afirmação, resolvemos ir mais a fundo e consultar alguns engenheiros e hidrólogos para verificar a viabilidade de fazer do Minhocão uma gigantesca piscina com ondas no centro de São Paulo. “Se forem colocados dois geradores de ar pressurizado na extremidade mais alta do Elevado, próximo à Av. Consolação, com a ajuda da topografia do terreno é possível produzir ondas de até 3 metros sem muito esforço e com um investimento relativamente baixo. Depois é só preciso acrescentar alguns propulsores nas partes côncavas da pista para ajudar a manter a intensidade das ondulações e fazer com que alcancem o final dos

3.400 metros”, observa o hidrólogo Daniel Pedreira.

Ou seja, pode surgir uma Pipeline paulistana. O surf, apesar de ser um esporte marítimo, é praticado o ano inteiro. E o Brasil, mesmo sendo um país com extenso litoral, ainda não possui nenhum campeão mundial na modalidade, segundo o ranking da ASP (Association of Surfing Professionals). Criar uma piscina popular com ondas no meio da maior cidade da América latina poderia ser um grande estímulo para que o Brasil deixe de ser rotulado apenas como o “País do Futebol.”

potência Naval

surf in the Babylon

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Segundo o nanotecnólogo e engenheiro nuclear Wesley Vasconcelos, do laboratório Nacional Quântico (lNQ), de Campinas/SP, a estrutura e a trajetória do Elevado Presidente Costa e Silva é, por uma coincidência física, perfeita para a construção de um acelerador de partículas revolucionário. De acordo com Vasconcelos, aproveitar a base do Minhocão para construir o acelerador é uma grande oportunidade para a realização do experimento chave da física que nunca foi atingido pelo homem até hoje: o encontro do Bóson de Higgs. “realizar tal experimento nos ajudaria a descobrir do que era composto o universo antes do seu surgimento”, afirma.

De acordo com a ciência, tal feito só é possível de ser alcançado com uma colisão de prótons, objetivo para o qual foi construído na fronteira franco-suíça o large Hadron Collider (lHC – Grande

Colisor de Hádrons), o maior acelerador de partículas cíclico do mundo, com 27km de circunferência. Custou milhões de dólares e levou anos até ser inaugurado, mas chegou ao dia 30 de março de 2010 sem obter sucesso na primeira tentativa. isso levantou dúvidas na comunidade científica sobre a estrutura do acelerador. Alguns cientistas afirmam que é necessário misturar seguimentos retos com circulares para que os prótons atinjam a velocidade suficiente para a explosão.

Vasconcelos observa: “Até hoje existem apenas dois tipos de aceleradores no planeta: os lineares e os cíclicos. Nos lineares, as partículas seguem uma trajetória reta; nos cíclicos, uma trajetória circular. Já o Elevado alternaria trajetórias semilineares e semicirculares no decorrer do seu percurso, exatamente o que a comunidade científica está imaginando”.

O cavalo é um animal que convive com os seres humanos há centenas de anos e habita o imaginário de todos nós. Ele está nas cidades, no campo, no mar, nas montanhas, na neve, no cinema, nos horóscopos, no logotipo da Ferrari, em todo lugar. Quem nunca sonhou com esse animal? inconsciente ou acordado? Que peão nunca barranqueou uma égua? Esse bicho fascina qualquer um, de qualquer nacionalidade ou cultura, do ermitão ao cosmopolita.

Por isso, toda metrópole que se preze possui uma arena para botar os puros-sangues para correr. Desde a Grécia antiga, os hipódromos reúnem milhares de pessoas em busca de entretenimento e sorte nas apostas, assim como as corridas de cavalo concorriam com apresentações de gladiadores no império romano. Mas, com o passar dos séculos, o espetáculo que distraía toda a população sem nenhum preconceito

se tornou um hobby para a elite. Os plebeus de hoje, no máximo, viram um Grande Prêmio de Turfe pela televisão.

Em 2011, a cidade mais democrática das Américas poderia dar uma invertida nessa situação de desigualdade social, cedendo o Elevado Presidente Costa e Silva para todo e qualquer público. A população soltaria os seus bravos pangarés a disputarem corridas em cima do concreto, deixando a exclusão de lado ao menos na hora da diversão.

Bóson de Higgs

pão e Circo

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Adeptos da Mãe Terra, cristãos, judeus, muçulmanos, evangélicos, protestantes, espíritas, islamitas, umbandistas, candomblecistas, budistas, taoístas, hinduístas, jainistas, zoroatristas, testemunhas de Jeová, bahaístas e outros religiosos mais sempre tiveram, têm e terão uma coisa em comum: a fé. E de todas as cidades do mundo habitadas por eles, talvez Nova York seja a mais propensa a oferecer espaços destinados a essas crenças. É muito provável que, neste exato momento, exista uma pequena sala no Queens com 90 pessoas comemorando um bar mitzvah, ao mesmo tempo em que 20 outras estejam executando um ritual de candomblé em Staten island. Elas estão em seus lugares sagrados, porém distantes umas das outras, e essa distância pode ser determinante para transformar a fé que possuem em comum no principal motivo de sua divergência. O ano de 2001 é a prova disso.

Dizem que uma vez um muçulmano matou uma criança hindu e veio pedir perdão a Gandhi, que falou: “Para você encontrar a paz, adote uma criança órfã hindu e a eduque de acordo com os preceitos hinduístas, só assim você a alcançará”. lendo essas palavras e pensando de uma maneira mais ampla, chega-se à conclusão de que no mundo ideal deveria existir um lugar que reunisse todas as culturas e crenças em um mesmo espaço, permitindo o seu convívio diário em nome da paz. Nova York não tem lugar para realizar isso hoje, mas São Paulo tem. Basta somarmos as crenças existentes no mundo e dividirmos pelos metros quadrados da extensão do Minhocão, e o resultado seria a parte a ser doada para cada uma delas. Tem espaço de sobra para que todas formem uma só unidade.

Para alguns atletas brasileiros, o país está atravessando um momento único na história do esporte. “A Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada em 2016 fizeram os megainvestidores do planeta voltarem os olhos para o Brasil, que agora precisa saber usufruir as oportunidades que surgirão para incentivar ainda mais a população a praticar esportes”, é a opinião do arremessador de dardo Jackson Silva. “É a hora de nos tornarmos uma potência mundial legítima no esporte, disputando medalhas nos Jogos Olímpicos com EuA, rússia e China”, acrescenta o peso-leve Nelson Pires.

A maioria dos atletas acredita que, para alcançar esse objetivo, o Brasil precisa se fortalecer também nos esportes de inverno, e sugere transformar o Minhocão na maior pista de curling do mundo. “Esse empreendimento chamaria a atenção não só para São

Paulo, mas para a América latina inteira. E possibilitaria também ao Brasil se candidatar como o primeiro país do hemisfério sul a sediar os tradicionais Jogos Olímpicos de inverno. É a hora de realizarmos aquele sonho de construir o País do Futuro”, completa o peso-leve.

CoEXIsT Jogos olímpicos de Inverno

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o que dizem os fre-quenta-dores

sÃo pAulo É uMA CIdAdE quE rEÚNE Todos os pÚBlICos. por quE NÃo FAZEr do MINHoCÃo uM EspAço quE AGrAdAssE A Todos? podIA TEr uMA pArTE CoM uM AuTorAMA, ouTrA CoM uM JArdIM JApoNês, ouTrA CoM EspAço pArA MEdITAçÃo E por AÍ vAI.LUDMILA T. MOURÃO

CINEMA. IMAGINA quANTAs sAlAs dEvErIA dAr.THOMAS GAUDINO

uMA rAvE. Eu Moro No prÉdIo AquI ATrás, sE TIvEssE uMAs FEsTAs dE vEZ EM quANdo sErIA IrAdo.NATALY FUSINATO

Isso AquI É uM pATrIMÔNIo dE sÃo pAulo. durANTE A sEMANA ElE dEsAFoGA o TrÂNsITo E No FIM dE sEMANA É uM luGAr dE lAZEr. TEM quE FAZEr AlGuMA CoIsA pArA vAlorIZAr o MINHoCÃo, NÃo dEsTruIr.FELIPE SOUSA

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EMBAIXo Eu FArIA quAdrAs dE EsporTE, plAyGrouNd, CrECHEs, sAlAs dE INForMáTICA. EM CIMA Eu rEForMArIA o AsFAlTo E ColoCArIA MAIs vIAs, MAs ACHo quE NÃo dá, NÉ?CHARLES GERLIN

podIA sEr uM EspAço pro NordEsTINo, rEspEITANdo Todo MuNdo. CAdA prÉdIo, CAdA oBrA dEssAs TEM uM pEdACINHo dE NordEsTINo.ANTÔNIO ANDRADE

Eu FArIA AquI uMA GrANdE BABIlÔNIA CoM plANTAs, dECorAçÃo, pINTurAs, uM NEGóCIo ColorIdo, MAIs vIvo, TrAZENdo AlEGrIA pArA o CENTro dA CIdAdE. dE vEZ EM quANdo, podErIA TEr uMAs FEsTAs, CoM uMA vIBE dE oNG, dE doAçÕEs, CoM dJs, uM soNZINHo pArA As pEssoAs sE dIvErTIrEM.DARLAN FIGUEIRÓ

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