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sendo de referir a disponibilidade de alguns foristas que se ofereceram para ajudar e o sacrifício de outros que, no meio de grandes afazeres profissionais e familiares, encontraram algum tempo para nos presentear com alguns textos fabulosos. Colaboraram neste revista os seguintes foristas:

Tiago Pereira (Tiago6)Carlos Pernas (Destrans)Fabiano Rodrigues (doliveirarod)Mário Carvalho (MCarvalho)Armando Alves (aalves)Alberto Praça (Bandadolopes)Celso Mascarenhas (tm1950)Rui BarbosaCarlos Rodrigues (cajrodrig)Laulo Baptista (Laulo)José Matos (Alfonsvs)

4 – Num mês em que ocorreram algu-mas alterações no Fórum, esperamos continuar a contribuir para o bom de-sempenho do Fórum na divulgação de conhecimentos nesta área que nos une a todos. O Fórum tornou-se numa refer-ência nacional no estudo da numismáti-ca e esta nossa revista pode funcionar como mais um veículo de transporte dos conhecimentos que alguns foristas fazem questão de partilhar.

Boas leituras a todos!

Saudações Numismáticas!

EDITORIAL

1 – Dois meses depois da apresentação do último número surge agora mais uma revista do nosso fórum. É a núme-ro três, já disponível para todos vós! Conseguimos novamentes uma grande variedade de temas, tentando satisfazer toda a comunidade. Desta vez, os Euros mereceram um artigo.

2 – Este projecto é uma realidade, todos os que participam levam-no muito a sério e esperemos que assim continue para que seja garantida uma periodici-dade regular. Neste momento, surgem ainda algumas dúvidas em relação à periodicidade da revista, sendo que ire-mos tentar ficar pelo dois meses.

3 – Houve algumas alterações nos co-laboradoes para este número da revista,

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No fim do mês de Maio saiu para circulação, com uma emissão de 1 milhão de moedas,

mais uma moeda comemorativa de 2 euros da Eslovénia, comemorando o 500o Aniversário de Primož Trubar. Primož Trubar foi um reformador esloveno que participou na tradução da Bíblia para a língua es-lovena, além de publicar os primeiros livros em língua eslovena. Foi também o primeiro teólogo esloveno.

NOVIDADES

Está prevista para o fim de Maio, uma moeda de 2 euros comemorativa do 60 Aniversário

da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Esta moeda vai ter uma emissão de 5 milhões de moedas e só deve sair para circulação um Junho.

Está previsto o lançamento, entre Junho e Julho, da moeda de 2 euros do Vaticano que este ano

comemora o Ano de São Paulo. Esta moeda vai ter uma emissão de 100 mil moedas.

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Saiu no fim do mês de Maio mais uma moeda espectacular da Fin-

lândia, com o valor facial de 5 euros. Esta moeda é bimetálica, alusiva ao tema “Aniversário da ciência e pes-quisa Finlândesa”, teve uma emissão de 20 mil moedas com acabamen-to Proof e 25 mil moedas com acabamento BNC.

Para o dia 15 de Junho, está previsto o lançamento da moeda comemorativa de 2 euros de Portugal. Como em

outros países, esta moeda comemora o 60o Aniversário da Declaração dos Direitos do Homem. A emissão desta moeda é de 1 milhão de moedas em Acabamento normal, 20 mil em BNC e 15 mil em Proof.

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PARTE 1

Durante o espaço de tempo que decorre de 718, iní-cio da dominação muçulmana na Península, a 1037,

os reinos cristãos não efectuaram cunhagem própria. O desenvolvimento mercantil dos núcleos mantinha-se sufi-cientemente com o monetário circulante herdado dos ro-manos e visigodos. Dos romanos, o bronze dos sestércios, dupondios, asses e moeda miúda das últimas décadas do Império, além dos denários de prata e dos áureos do metal nobre. Dos visigodos, os tremisses e semisses que foram espalhados pelos invasores transpirenaicos. Porém como estes reinos não se encontravam limitados por fronteiras, podiam, também, utilizar a amoedação árabe que, com tanta facilidade, corria em toda a Península.

CUNHAGEM

MANUAL

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Tanta e tão boa moeda herdaram estes reinos cristãos que ao começarem a emitir o seu

próprio numerário o fizeram com a moeda situada entre o bronze e a prata: o bolhão (liga de prata com cobre).As moedas de metal precioso eram aceites pelo seu valor intrínseco e utilizadas no comércio entre os países ou em grandes transacções dentro do mes-mo território. As moedas de bolhão eram utilizadas entre a população para transacções pequenas. A Lei da moeda de bolhão é dada pela proporção de metal precioso que continha em relação com o seu peso total.Em conclusão, a necessidade de numerário não se fazia sentir, o que faz pensar que o início da amoedação hispano-cristã se deveu mais a critérios políticos que económicos.

Voltando atrás. A instalação dos Muçulmanos na Península foi fulgurante e eficaz. Em apenas

três anos tomaram conta do território, mudaram-lhe o nome para Ândalus, inicialmente dependente do califa omíada de Damasco, e começaram a im-por os seus valores. Com a sua chegada à Península encerra-se o ciclo monetário romano e começa um novo com base em dinares (ouro), diremes (prata) e fellus (cobre)Estas amoedações distinguem-se das antecedentes e das dos povos cristãos que mantiveram a inde-pendência, pela sua tipologia própria, de que res-saltam à vista os caracteres árabes que as cobrem, por ser proibida pelo Alcorão a representação de figuras humanas ou quaisquer outras.Era costume dos Árabes imporem lentamente a sua moeda nos territórios conquistados. Na Península começaram por tipos adaptados dos então vigentes, ao criaram os dinares a partir dos trientes visigodos. Omitiram a figura do anverso e, no reverso, a cruz sobre o pedestal é substituída, numa primeira fase, por uma coluna encimada por um globo e, numa segunda fase, por uma simples estrela. As legendas já traduzem profissões de fé do Alcorão, mas são escritas ainda em caracteres latinos.

Em 755 é fundado o emirado omíada indepen-dente da Península, mas como continuaram

a reconhecer a autoridade espiritual do califado, então já em Bagdade, respeitaram a sua prerrogati-va da cunhagem do ouro (à semelhança dos imper-adores romanos) pelo que apenas fizeram cunha-gem de prata e cobre. Em 928 o emir de Córdoba proclama-se califa, iniciando-se o califado omíada de Córdova. Nesta qualidade já lhes é permitida a cunhagem de ouro, iniciando-se a produção de di-nares. No Ocidente da Europa apenas circulava a prata, conforme o sistema implantado por Carlos Magno, pelo que estas moedas de ouro de boa lei tiveram larga aceitação.Em 1031 o califado desmembra-se em inúmeros pequenos reinos taifas, que entre si se guerreiam. Destes reinos, os mais importantes cunharam moe-da, nomeadamente Badajoz, Toledo, Saragoça, Valência, Sevilha e Granada.Como resultado das lutas entre muçulmanos, os re-inos cristãos do Norte viram facilitada a reconquista para sul. As várias pequenas vitórias não alarmaram muito os reinos árabes, mas a queda de Toledo em 1085 causou tal pânico que foi pedido o auxílio dos berberes Almorávidas, que desde 1056 tinham construído um império no Norte de África, que se estendia desde o Atlântico à actual Tunísia. Estes não só conseguiram travar o avanço dos cristãos como se assenhorearam de quase todos os reinos taifas e instalaram-se no Ândalus.Os Almorávidas cunharam dinares de ouro em tal quantidade e qualidade que se tornaram na unidade monetária dos reinos cristãos.Os Almorávides constituíam uma casta guerreira, espécie de monges, vivendo em aquartelamentos denominados ribãtes. Eles mesmos se intitula-vam murãbit, palavra que significa estacionado ou aquartelado. De tal vocábulo se derivou o adjectivo murabiti, que se aportuguesou em morabitino. A primeira moeda de ouro do Reino de Portugal tem o significado de “dos Almorávidas”, ou seja, fabricada com o estilo e a metrologia dos dinares que então corriam.

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A pequena moeda que se encontra na imagem é um “CEITIL COROADO”, moeda de Ceuta, diziam uns,

sextil entendiam outros, porque o seu valor era a sexta parte de um Real. Os nossos escritores, que no século XVI escreveram sobre as Moedas Portuguesas, tinham dúvidas da origem do seu nome.

SABER+

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Ao contemplarmos a imagem desta moeda que apresentamos, ficamos deslumbrados pela

sua beleza. A primeira reacção foi “Que bonito” “Que lindo”, estamos na presença de um “ceitil” RARO, ÚNICO, entre milhões que foram batidos no “Cepo”, a martelo sobre o cunho e o punção, normalmente por ferreiros, pedreiros que eram contratados para este serviço por serem aqueles que melhor manuseavam o martelo e dariam mais rendimento no ritmo acelerado de batimento que lhes era exigido. Cada cunho, segundo historia dores, resistiam à pancada até às 900 moedas.

Já observámos milhares de imagens de Ceitis, mas este é diferente de todos os outros, pela beleza e esmero com que o gravador usou o cinzel para o riscar no cunho inferior, que se fixava ao cepo ou à bigorna para desenhar aquele escudo ornamentado com a coroa, decerto um cunho muito especial para o artista se salientar e dar azo ao seu orgulho perante seus colegas e pelo que observamos em muitas destas moedas, muitos deles seriam Apren dizes de desenho e poucos os Oficiais. Pena não ter deixado o seu nome gravado como o fazem os desenhadores ou os gravadores contemporâneos, para ter imortalizado a sua maravilhosa obra.

O “Ceitil”, moeda que aparece no Séc. XV, no rei-nado de D. Afonso V, escreveram uns, no reinado de D. João I, escreveram outros, que se cunhou ain da com D. Sebastião, é a paixão de muitos colec-cionadores, servindo para pagar salários aos nossos navegadores que fizeram as campanhas de África com início na conquista de Ceuta.

Um pormenor a salientar e que alguns desconhe-cem, foi o de Cristóvão Colombo ter levado ceitis nas naus que o acompanharam na descoberta da América, mesmo ao serviço dos reis católicos de Espanha, para os usar nas transações que viesse a efectuar com os Povos que encontrasse, o que veio a acontecer com os Índios Sul Americanos (supos-

tamente estava na Índia). Foi com este destino que iniciou a sua viagem precisamente na noite em que os judeus tinham que abandonar o país vizinho no ano de 1492 , imposição dos reis católicos, sendo ele descendente de judeus segundo alguns inves-tigadores.

A esta pequena moeda, a que tinha menor valor no sistema monetário de então, referiu-se muitas vez-es, nos seus autos, Gil Vicente para com ela escar-necer os senhores que comandavam a sociedade naquele tempo, os nobres e o clero. Referia-se a esta moeda da mesma forna que, mais tarde, Rafael Bordallo Pinheiro referiu-se aos grandes Patacos de cobre que pouco valiam. Expressavam-se do mes-mo modo: “Não vales um Ceitil” no século XVI, e “Não vales um Pataco” no século XIX.

O Ceitil enquanto durou nunca deixou de ser a moeda dos pobres.

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D. João IV subiu ao trono de Portugal em resultado da Revolução do 1o de Dezembro de 1640. Embora ini-

cialmente tenha manifestado alguma reserva em participar nas lutas pela independência, acabou por participar na re-volta portuguesa contra o domínio espanhol. D. João IV era neto de D. Catarina, Duquesa de Bragança, e filho de D. Teodósio, Duque de Bragança. Casou em Es-panha com D. Luísa Francisca de Gusmão, filha do Duque de Medina Sidónia. Esta senhora mostrou ser muito cora-josa, apoiando o marido e incentivando-o a que aceitasse a coroa de Portugal. Diz-se desta senhora que em sua opin-ião “valia mais ser rainha uma hora do que duquesa toda a vida” ou então que “era preferível morrer reinando do que viver servindo”.

CUNHAGEM

MECÂNICA

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D. João IV subiu ao trono de Portugal em re-sultado da Revolução do 1o de Dezembro

de 1640. Embora inicialmente tenha manifestado alguma reserva em participar nas lutas pela inde-pendência, acabou por participar na revolta portu-guesa contra o domínio espanhol. D. João IV era neto de D. Catarina, Duquesa de Bragança, e filho de D. Teodósio, Duque de Bra-gança. Casou em Espanha com D. Luísa Francisca de Gusmão, filha do Duque de Medina Sidónia. Esta senhora mostrou ser muito corajosa, apoiando o marido e incentivando-o a que aceitasse a coroa de Portugal. Diz-se desta senhora que em sua opin-ião “valia mais ser rainha uma hora do que duquesa toda a vida” ou então que “era preferível morrer re-inando do que viver servindo”.

As condições que a Espanha enfrentava, no cenário europeu, permitiram que a guerra não fosse muito violenta, pois no tempo deste rei houve apenas uma batalha de certa importância, a que se travou na região de Montijo, em território espanhol, sinal de que foram os portugueses os invasores. Foi-lhe dado o epíteto de Restaurador por ser ele o monarca que deu realidade à recuperação da vida nacional.Uma das suas medidas mais famosas foi proclamar Nossa Senhora da Conceição (Imaculada Con-ceição) padroeira de Portugal. A proclamação de Nossa Senhora da Conceição

No reverso a legenda deve ler-se a partir das 12 horas: «REGNI TVTELARIS»Módulo de 42mm e peso de 28,68g; cunhada na Casa da Moeda de Lisboa.

como padroeira de Portugal, foi feita por pro-visão régia de D. João IV, de 25 de Março de 1646, «em homenagem, agradecimento solene e perpétuo monumento da Restauração de Por-tugal, como anteriormente tinha sido deliberado e jurado em Cortes com três Estados do reino»

As moedas da Conceição têm gravado 1648, ano em que foram abertos os cunhos, pois só a 3 de Dezembro de 1649 o Conselho da Fazenda autorizou a Casa da Moeda a receber o engenho vindo de França, em que depois se cunhou. «Diz Gaspar Pacheco, juiz e tesoureiro da Casa da Moe-da desta cidade, que lhe é necessário um despacho para que se receba o engenho que Troise António Routier, traz de França para a fábrica da dita Casa, e que todas as despesas e custos que fizer com o dito engenho lhe façam as despesas com os escriv-ães da Casa, os quais lhes levaram os contadores em conta. E assim mais três mil réis que gastou em mandar abrir um ferro para a imagem de Nossa Senhora da Conceição» Como resposta foi dirigido o seguinte despacho de 3 de Dezembro de 1649: «O suplicante trate de recolher este engenho, e os escrivães façam a despesa na forma que pede» A Ordem para a cunhar foi dada em 5 de Dezem-bro de 1650, servindo-se dos ferros já abertos dois anos antes:

Anverso: «IOANNES.IIII.D.G.PORTVGALIAE.ET.ALGARBIAE.REX»

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«Por quanto Sua Magestade foi servido mandar que se lavrassem moedas de ouro e prata com a ima-gem santa da virgem santíssima nossa senhora da conceipçaõ, feitas no engenho que veio de França; o juis da moeda faça lavrar logo as ditas moedas na forma e maneira que já se lavravão asin de ouro como de prata, procurando se lavrem e fação al-guas, as mais que se possa, athé oito deste mês de Dezembro, dia da conceipçaõ, para o que se lhe passará Alvará.»

Esta moeda marca também uma tentativa de mel-horamento dos processos na arte de amoedação. Com efeito essas moedas foram as únicas que se bateram com o novo engenho que acabava de chegar a Portugal em 1649, sobressaindo por isso notavelmente, o seu aspecto entre as demais cor-rentes ao tempo e batidas pelo velho processo do martelo. Foi a segunda tentativa de alterar o sistema da cunhagem a martelo em Portugal (a primeira foi o «engenhoso», lavrado no reinado de D. Sebastião por um processo inventado por João Gonçalves, o Engenhoso, e que se presume não tenha vingado por colidir com os interesses tradicionais dos moe-deiros). A máquina trazida de França, terá sido pos-ta de parte depois da cunhagem da “Conceição”, possivelmente pelos mesmos motivos.

Só pelo alvará de 9 de Outubro de 1651 se decre-tou o seu valor monetário, sendo 12.000 reis para as de oiro e 600 réis para as de prata: «Eu ElRey faço saber aos que este Alvará virem que Eu hei por bem e me praz que as moedas de imagem de nosa senhora da conceipçaõ, que ora ouve por meu serviço mandar se lavrassem, tenhaõ de valor extrínseco as que forem de ouro doze mil reis cada hua, tendo de pezo doze oitavas, e as que forem de prata seis tostois, pondoce pello molde mais grosso, e tendo cada hua de peso hua onça e que nesta forma poçaõ correr em meus Reinos e senhorios, como a mais moeda uzual, vista a infor-mação do juis e thesoureiro da caza da moeda de-

sta cidade; pelo que mando aos vedores de minha fazenda que na forma acima dita façaõ cumprir e guoardar o contheudo neste Alvará, paçando pêra esse efeito as ordens que necessarias forem, com todas as clausulas, condissois, pennas e obrigaçois, como se de cada hua dellas se fizera expreça men-çaõ e declaraçaõ. (...)»

Pelo facto de serem muito raros os exemplares conhecidos e algumas opiniões divergirem, sur-gem algumas questões, a que convém procurar responder:

Se «Por quanto Sua Magestade foi servido man-dar que se lavrassem moedas de ouro e prata...» porque é que se diz que eram medalhas? E porque lhe chamam de moeda-medalha?

Foram medalhas desde a cunhagem das primeiras moedas, entre 5 e 8 de Dezembro do ano de 1650, pela ordem do dia 5 «fação alguas, as mais que se possa, athé oito deste mês de Dezembro», até quando se tornou moeda efectiva, possível apenas pelo alvará de 9 de Outubro de 1651. Se foi cunhada sem se decretar a atribuição do valor monetário, não poderia ser moeda até sair o alvará.

Terá sido cunhada a Conceição em ouro?Apesar de não ser conhecido nenhum exemplar, pode-se concluir que a Conceição também foi cun-hada em ouro, pelo alvará que lhes dá o valor cir-culatório aparecer em 1651, o que confirma o seu fabrico.Quanto pesavam?“Pezo de doze oitavas” e “pezo de hua onça”- Oitava – A oitava parte da onça é 3,586g nas an-tigas medidas de peso, doze oitavas são 43,032g, que é o peso indicado para a de ouro.A de prata tem 28,68g ou seja uma OnçaO toque da prata é 916,6 milésimas.

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Na «Cartilha da Numismática Portuguesa» de Pedro Batalha Reis, de 1956, encontra-se esta imagem de uma moeda com data de 1950, com a seguinte in-formação:Anverso: IOANNES – IIII – D – G – PORTVGALI-AE – ET – ALGARBIAE – REXArmas do Reino, assentes sobre a Cruz de Cristo.Reverso: TVTELARIS – REGNI Ao centro a imagem de N. S. da Conceição aureo-lada de estrelas, de pé sobre o globo em volta do qual se enrosca uma serpente, tendo por baixo dela a data 1650. A ladear a Padroeira tem à esquerda o sol, a casa do oiro e o horto, e à direita o espelho, a arca do santuário e a fonte selada – atributos pelos quais a Igreja a invoca.O autor acrescenta: «Variante do cunho com data 1648, não só no delineamento das coisas, mas ai-nda no Escudo e na data.»

Medalhas comemorativas com o mesmo cunho, ou cunhos semelhantes:

Teve recunhagem nos reinados de D. Afonso VI e D. Pedro II.

A imagem desta medalha em ouro com data de 1648 (no globo) e recunhada em Abril de 1947 é proveniente do leilão no. 55 da Numisma (lote 218) Apenas foram cunhados 35 exemplares. Peso 69,68g. Muito rara.

Bibliografia:

TEIXEIRA DE ARAGÃO «Descrição geral e histórica das moedas cunhadas em nome dos reis, regentes e governadores de Portugal».

J.M.FOLGOSA«Dicionário de numismática»

F.A.MENDES MAGRO «História monetária do período de 1640 a 1820

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REPÚBLICA

O dia 22 de Maio de 1911 foi muito importante para a história do sistema monetário português. Publicado

neste dia, o Decreto de 22 de Maio de 1911 veio alterar o sistema monetário que vigorava em Portugal até então, fazendo substituir o Real pelo Escudo em todo o território da República Portuguesa.

Esta substituição veio, juntamente com a assumpção de “ A Portuguesa” como hino nacional, a bandeira verde e en-carnada e a nova ortografia mais simplificada, testemunhar simbolicamente a passagem do velho regime (monárquico) para o novo regime (republicano).

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O Decreto de 22 de Maio de 1911, do Ministério das Finanças, referia, no preâmbulo, que o siste-ma monetário herdado da monarquia apresentava grandes defeitos, que tornavam indispensável a sua substituição. “Estes defeitos referem-se principal-mente á unidade monetária, ao toque das moedas de ouro e prata e ao material, peso e dimensões das moedas de 20, 10 e 5 mil réis”- especificava. O artigo 1o daquele diploma estabelecia, assim, que “em todo o território da República, com excepção da Índia, a unidade monetária é o escudo de ouro, que conterá o mesmo peso de ouro fino que a ac-tual moeda de 1$000 réis em ouro. Desta sorte, a razão da equivalência do actual sistema monetário e do novo sistema será de 1$000 réis, ouro, por um escudo”. O recém-criado Escudo é divisível em 100 centavos e, apesar da lei permitir a cunhagem de moeda em ouro, apenas foram cunhadas em prata, cuproníquel e bronze.

Em todos os períodos mencionados foram cun-hadas moedas comemorativas, sendo que, na 1a República, foi apenas cunhada a moeda de 1 Es-cudo de prata comemorativa do 5 de Outubro de 1910. Apesar de esta moeda não apresentar data, foi cunhada em 1914, sendo ainda hoje consid-erada por muitos a moeda mais bonita do período numismático da República Portuguesa.

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QUESTÃO COLOCADA PELA CRISTIANE: O que é uma moeda viciada? E qual a dife-rença de uma moeda viciada com uma falsi-ficada?

RESPOSTA DO FORISTA LUXOR: De uma maneira simplista, podemos dizer que:

Viciada: é um moeda que já existia e que foi modificada/adulterada de modo a passar por uma outra moeda de maior raridade/preço. O objectivo é portanto enganar o collecionador. Exemplos típicos podem ser os 50 centavos de 1926 transformados em 50 centavos de 1925 (por adulteração do 6 num 5) ou os 10 centavos de 1930 de Cabo Verde transforma-dos em 10 centavos de 1930 de Portugal (por remoção das palavras Cabo Verde)

falsas: Alguém que não a entidade competente criou moedas para servirem de meio de paga-mento, utilizando, por exemplo, um metal de menor valia. As falsas de época são peças muito interessantes pois, tal como as moedas verdadeiras, também circularam e foram usa-das como meio de pagamento.

Existe uma outra categoria, que poderemos chamar de Moedas falsificadas, que é quando se cria uma moeda a emitar moedas raras/caras com o intuíto de enganar o coleccionador.

ESPAÇO

FORISTA

Através deste espaço, a Revista do Fórum de Numismática permite a participação

de todos os foristas nesta publicação. Este espaço é dedicado às histórias numismáticas e dúvidas de todos os participantes no fórum. Os textos apresentados neste número foram retirados do fórum mas apelamos à participa-ção de todos nos números seguintes.Este espaço irá dividir-se em duas rubricas: “Histórias Numismáticas” e “Correio dos Foristas”Na rubrica “Histórias Numismáticas” os foris-tas são convidados a enviarem as suas histórias para a revista com a possibilidade de alguma delas ser publicada. Em cada número uma das histórias será publicada, sendo esta seleccio-nada pelos colaboradores de revista.Na rubrica “Correio dos Foristas” os partici-pante do fórum têm a possibilidade de enviar as suas dúvidas para a revista, sendo que em cada número uma delas será seleccionada e publicada em conjunto com a resposta dada pelo colaborador especialista na área em questão.As dúvidas e histórias deverão ser enviadas através de Mensagem Privada do fórum para o membro Tiago6.

Reservando-se a Revista do Fórum ao direito de cortar excertos do texto – que não alterem o conteúdo do mesmo – aqui fica uma dúvi-da colocada no fórum pela forista Cristiane.

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1. INTRODUÇÃO – A TRAGÉDIA DE VALERIANO I

A segunda metade do século III d. C. ficou na história de Roma como uma época de anarquia, de caos políti-

co, económico e social. A ordem e expansão máxima do Império Romano era já uma coisa do passado, quando o general Valeriano, homem experiente com já 60 anos de idade, foi aclamado imperador pelas suas legiões.Estavamos nas margens do Reno, em Julho de 253 e os principais opositores de Valeriano, Trebónio Galo e Volu-siano tinham sido já eliminados.

MOEDAS

ANTIGAS

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Fig. 1 – Interpretação renascentista de “A Humilhação de Valeriano I por Sapor da Pérsia”, gravura de Hans Holbein, o Moço, Alemanha, c. de 1521

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Bem ciente da desordem que grassava pelo Império, consumido a Este e a Sudeste pelos

Godos e pelos Persas Sassânidas, e interiormente por uma série de tentativas de usurpação, Valeria-no inicia uma série de medidas que visavam a re-estruturação da velha Roma: aniquila o que restava da oposição romana, primeiro Emiliano, depois Urânio Antonino; revaloriza a moeda, emitindo, pela última vez na história, antoninianos com uma permilagem de prata visível, pretendendo transmitir confiança aos cidadãos, cunha bom ouro, pesa-dos áureos que chegam a 98 milésimas de ouro, os chamados Binio; tenta resgatar com sucesso as colónias perdidas para os Godos, como Antio-quia, inaugura a tradição de repartir para reinar, atribuindo ao seu filho Galieno o cargo de César ou auxiliar; esmaga os cristãos em Roma; reorga-niza os exércitos e marcha para oriente, quase até ao actual Irão, com o fim de intimidar e negoci-ar a paz com Sapor I, o todo poderoso monarca Sassânida, em 260. Sem o saber, Valeriano assi-nou com esta campanha a sua sentença de morte e a fragmentação de Roma.

Em resumo, Valeriano e as suas tropas acabaram capturados pelos Persas, pela primeira vez um im-perador de Roma era feito prisioneiro e humilhado como tal: foi obrigado servir de apoio para Sapor montar a cavalo e, depois de morto, foi embalsa-mado e exposto como troféu na sala dos diploma-tas do palácio de Sapor. Era o fim. Galieno que se encontrava em campanha na Ger-mânia, omitiu por uns tempos o destino do pai, tentou sozinho controlar o Império, mas era tarde. As províncias estavam a polvorosa, qualquer gov-ernador ou general viam na fragilidade de Galieno uma oportunidade para usurpar o manto imperial, e não foi preciso muito tempo para que o general Póstumo capturasse e assassinasse o herdeiro de Galieno, Salonino, avançasse para a Gália, fechasse

a passagem dos Alpes e se auto-proclamasse Im-perador de Roma. Quebrara-se o Império Ro-mano, nascia o Império Gaulês ou Secessionista, o Imperium Galliarum.

2. O IMPÉRIO GAULÊS

O Império Secessionista incluía não só a Gália, como a Britânia e as províncias da Hispânia

– Bética, Tarraconense e Lusitânia. Como vimos anteriormente, foi o golpe palaciano e militar de Póstumo, que dividiu o Império Romano em duas partes antagónicas. A datação da proclamação de Póstumo como imperador não é consensual, al-guns autores apontam-na para 257-259 d. C., mas a tradição e a maioria dos historiadores firma a data em 260. Como uma parcela autonomizada do res-tante império, as Gálias adoptam a sua própria di-nastia de imperadores e emitem as suas próprias moedas. As emissões dos imperadores gauleses são exclusivamente de áureos, embora estes sejam raríssimos, duplos sestércios e antoninianos, cunha-dos segundo o sistema que

Fig. 2 – Fracturação do Império Romano cerca de 260 d. C.

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Galieno seguia em Roma, no entanto, as emissões gaulesas distinguem-se não só pelas figuras im-periais retratadas, mas por terem um estilo muito característico e conterem, normalmente, uma per-milagem de prata mais elevada, do que era comum nas moedas de Galieno, ou mesmo de Cláudio II e Quintilo. Este facto deve-se ao controlo das minas de prata germânicas que os imperadores da Gália controlavam. As oficinas das cunhagens gaulesas são exclusivamente localizadas em Colonia Agrippi-na (Colónia, Alemanha) e em Treveri (Trier, Bélgica) e, excepcionalmente, como veremos adiante, em Milão. As moedas mais comuns são, como já foi indicado, os antoninianos.

3. OS PRIMEIROS IMPERADORES GAULESES E A SUA AMOEDAÇÃO

O primeiro imperador do Império Secessionista da Gália foi Póstumo, usou o título de

Augusto entre 260 e 269.

Fig. 3 – Antoniniano de Póstumo, Treveri, cerca de 269, RIC V-2, 289

Póstumo conseguiu travar as várias tentativas de Galieno para recuperar a Gália, a primeira em 261, depois em 265 e finalmente em 267, desta vez não em pessoa, mas delegando os poderes no general Auréolo. Contudo, por motivos desconhecidos, Auréolo, estacionado com as suas legiões em Milão, atraiçoa Galieno e passa para o lado de Pós-tumo, em 268 e começa a emitir moeda a partir de Milão em nome de Póstumo.

Deste modo, ainda que de forma nada conven-cional, podemos integrar estas emissões milanesas de Auréolo como partes integrantes da numária do Império Gaulês. Auréolo teve um fim trágico. Galieno reuniu os seus melhores generais, Cláudio e Aureliano e parte para recuperar Milão, em 268. Durante o cerco de Milão, os generais Cláudio e Aureliano consideram que Galieno não está à altura da situação e assassinam-no. Cláudio é aclamado imperador, reconquista Milão, captura Auréolo emanda executá-lo. Por seu lado, Póstumo, cuja corte estava estabelecida em Treveri, sofre também uma traição, um dos seus generais, Leliano, esta-cionado em Colónia, apodera-se da cidade e inti-tula-se também imperador em 269, começando de imediato a cunhar moeda em seu nome.

Fig. 4 – Antoniniano de Auréolo cunhado em nome de Póstumo, Mediolanum (Milão), cerca de 268,

RIC V-2, 389

Fig. 5 – Antoniniano do usurpador Leliano, Colónia (Alemanha), cerca de Março a Junho de 269, RIC V-2, 9

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Fig. 6 – Antoniniano de Mário, Treveri, 269, RIC V-2, 10

Póstumo, traído e indignado, reune os exércitos para marchar sobre Colónia e esmagar Leliano, o que acaba por fazer em Junho ou Julho de 269, contudo, proibe os seus legionários de pilharem a cidade. Revoltados, os homens de Póstumo assas-sinam-no, dando espaço para que um outro general de menor importância, Mário, se intitule ele próprio imperador.

Os scriptores da Historia Augusta e o cronista Eu-trópio referem que Mário foi imperador apenas du-rante dois dias. A própria Historia Augusta refere-se a Mário com um tal desprezo que vale a pena citar: “Ita Gallieno perdente rem publicam in Gallia primum Postumus, deinde Lollianus, Victorinus deinceps, pos-tremo Tetricus, (nam de Mario nihil dicimus).” Galieno perdeu o governo da Gália, primeiro para Póstumo, depois para Leliano e Vitorino, posteriormente para Tétrico, (sobre Mário nem dizemos nada). Hoje sabemos, pela quantidade de moeda deixada por Mário, que é impossível que tenha tido um con-sulado tão curto, contudo, não deverá ter estado no poder mais que três meses, visto que em Outubro ou Novembro de 269 um alto funcionário civil dePóstumo (possivelmente cônsul), Vitorino, é aclamado imperador.

Apesar de ter governado até Setembro de 271, Vi-torino não foi um exemplo para ninguém. É da sua responsabilidade a perda da Hispânia, da Aquitânia, já na Gália, e das províncias a Este do Reno para Cláudio II, ainda em 269-270. O Império Seces-sionista da Gália estava a perder terreno e Vitorino, entretido em Colónia com a mulher de um dos seus dignatários, acaba assassinado por esse marido ci-umento em 271. Sem imperador nomeado e com a perda das importantes províncias da Hispânia eparte da Germânia, o Império Secessionista da Gália começa a entrar em declínio irreversível. A morte de Cláudio II em 270 e a fragilidade do governo de Quintilo em Roma terão permitido ao Império das Gálias aguentar-se mais uns tempos, mas o camin-ho para o fim estava já quase todo percorrido.É neste contexto de grande instabilidade que surge a misteriosa personalidade que iremos tratar em seguida, o imperador Domiciano II.

Fig. 7 – Antoniniano de Vitorino, Colónia, cerca de 269/270, RIC V-2, 57

4. DOMICIANO II, O MAIS RARO IMPERADOR

Até ao ano de 1900 nada se sabia de Domiciano II enquanto imperador. As únicas referências

escritas sobre ele, na Historia Augusta e na Histo-ria Nova de Zosimo, consideram-no como um alto funcionário ou militar romano do tempo de Aureli

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ano. Contudo, no ano de 1900, numa pequena vila perto de Nantes (Loire, França), foi descobe-

rta uma misteriosa moeda, um antoniniano, com a seguinte inscrição: IMP C DOMITIANVS P F AVG. Quem era este Domiciano que se intitulou impera-dor? Mistério. Os estudiosos da época dividiram-se, para uns tratava-se de um usurpador do Império Gaulês, para a maioria, a moeda era uma falsifica-ção feita, provavelmente, a partir de um antoniniano de Póstumo. A pequena moeda foi depositada no museu de Nantes em 1929 e lá ficou esquecida até bem recentemente. Em 2003, na região de Oxford, Inglaterra, foi descoberta num terreno agrícola aseguinte moeda:

Fig. 8 – Antoniniano do usurpador Domiciano II, emissão desconhecida de cerca de 271

Era ele, o misterioso Domiciano, esquecido nas crónicas romanas e bizantinas da Historia Augus-ta e de Zosimo, perdido numa galeria remota do pequeno museu de Nantes desde 1929, erguia-se agora da terra fértil de Oxford. O rosto que quaseninguém vira voltava à luz do dia. Rapidamente, os conservadores do Museu Britânico, onde foi de-positado o achado de Oxford, decidiram contactar Nantes para comparar os cunhos, as moedas coin-cidiam, tinha sido feitas com o mesmo cunho, na mesma oficina e possivelmente aberto pelo mesmo celator. No anverso a legenda IMP C DOMITIANVS P F AVG, com a efígie, semelhante à de Póstumo, radiada e de couraça. No reverso, a Concórdia em

pé, com pátera e cornucópia, circundada pelo le-treiro CONCORDIA AVGVSTA. Domiciano II usufrui do título imperial por um período de tempo incerto no ano de 271. Não sabemos exactamente onde fixou corte, dele nos resta apenas os dois an-toninianos referidos, o de Nantes e o de Oxford. Há notícia de um terceiro achado recente, contudo, alguns estudiosos afirmam que esse terceiro anto-niniano será muito provavelmente de Póstumo, mas como a legenda se encontra demasiado oblit-erada, terá sido erradamente lida.

Os dados históricos que temos é que o imperador Aureliano, que à data governava em Roma, terá de algum modo capturado Domiciano e tê-lo-á mandado executar pelo crime de traição, algures no ano 271. Foi este o fim do Império Secessionista da Gália? Ainda não, durante mais uns poucos anos a situação de fractura manter-se-ia, contudo, Aure-liano, o novo imperador de Roma desde Julho de 270, estava já determinado a resolver o problema gaulês.

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5. O FIM DO IMPÉRIO SECESSIONISTA DA GÁLIA, TÉTRICO I E SEU FILHO TÉTRICO II

Recordando um pouco, vimos que Domiciano II foi um usurpador dentro do Império Gaulês,

o último imperador oficial fora Vitorino, que de-ixamos lá acima, assassinado em Colónia por um marido ciumento. A mãe do pobre Vitorino, Vito-rina (ou Vitória, consoante as fontes) decide exercer a sua influência para nomear um novo imperadorgaulês, desta vez, o escolhido foi um aristocrata, o governador da Aquitânia, descendente dos Es-úvios, nobres gauleses perfeitamente romanizados. O escolhido foi Tétrico I, um verdadeiro cavalheiro, se compararmos com Póstumo, Mário ou atéVitorino. Em cerca de 10 anos de existência, o Im-pério Gaulês tinha pela primeira vez à sua cabeça um homem que não era nem militar de carreira, nem bandoleiro, nem um funcionário corrupto.

Fig. 9 – Antoniniano de Tétrico I, Treveri, 273/74, RIC V-2, 148

Tétrico assumiu o título imperial em 271, em Bur-digália (Bordéus, França), cunhou moeda com o título de Augusto, mas a sua prioridade nunca pa-receu ser a ambição pessoal, mas sim a defesa do Império Romano. Estabeleceu a corte em Treveri e a sua política foi a defesa da linha do Reno dos ataques das tribos germânicas, apesar de ter recu-perado a Aquitânia, perdida no tempo de Cláudio II, não ousou enfrentar Aureliano tentando recuper-

ar a Hispânia. Em 273 nomeia o seu filho, Tétrico II, como César, no entanto, parece reger-se sempre por uma espécie de fidelidade para com Aureliano, pelo menos tenta negociar a reunificação do Im-pério. Chega a escrever ao imperador de Roma usando esta palavras comoventes: - Eripe me his, invicte, malis – o que significa algo como isto: - Sal-va-me, ó invicto, deste mal. O mal, claro está, é oImpério Gaulês, o seu próprio império.

Fig. 10 – Antoniniano de Tétrico II, Treveri, 273/74, RIC V-2, 270

O auxílio de Aureliano não se fez esperar, e foi feito como o mão na espada costumava fazer, rapida-mente e em força. Eram os meses de Fevereiro e Março de 274, as legiões de Aureliano atravessam os Alpes, sobem em direcção ao Norte e encon-tram-se, por fim, com o exécito dos dois Tétricos em Châlons-sur-Marne, na região de Champagne-Ardenas. A batalha deverá ter sido muito breve, quase uma formalidade para manter as aparências, pois Tétrico rapidamente se entrega, juntamente com o filho, ao velho Aureliano, agora com 67 anos. O imperador captura os dois últimos gover-nantes das Gálias, leva-os para Roma e exibe-os numa faustosa marcha triunfal. Aureliano assume o título de grande restaurador de Roma, Restitutor Orbis Romani. Acabava a secessão, Roma tornava a unificar-se sob a égide de um só imperador.

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6. CONCLUSÃO

A primavera do ano 274 d. C. trouxe a Roma a reunificação. Aureliano vencera, a Gália

e a fronteira do Reno foi entregue a um governador militar fiel ao imperador, Probo. Os dois Tétricos, pai e filho, foram poupados e acabaram os seus dias em Roma, com todas as honras e dignidades que merecem os homens justos, Tétrico pai foi no-meado governador de província no Sul de Itália e Tétrico filho recebeu o título de senador na capi-tal do império. Em 275, Aureliano encontrava-se no Oriente, em marcha para enfrentar o Império Sassânida. De certa forma, era como se procurasse vingar a humilhação provocada pela captura de Valeriano, 15 anos antes. Mas o destino dos ho-mens consegue sempre surpreender a história e por motivos bem mesquinhos que dariam só por si um outro artigo, a guarda pretoriana de Aureliano assassina-o. Morria o mão na espada, o reunifica-dor e restaurador da ordem. Nos dois meses que se seguiram à morte de Aureliano, ninguém quis as-sumir o cargo imperial. A regência coube à viúva de Aureliano, a imperatriz Severina. Nenhum homem se apresentou para a função, coube ao Senado a nomeação de um novo imperador. Lembraram-se do general Probo, mas este, no Reno, recusa a no-meação, mantendo-se em silêncio. Durante este breve período são cunhadas moedas em nome do povo de Roma, sem efígie imperial. Algo inédito em quase 300 anos de história.Finalmente, no final do ano de 275, o cônsul e gen-eral Tácito aceita a toga imperial. Tínhamos um novo imperador, mas tinha 75 anos de idade, o fu-turo de Roma era novamente incerto.

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Actualmente o Japão é uma monarquia constitucional e tem uma população de 125 milhões de habitantes.

Desde 1870 a moeda corrente é o Yen. Um Yen é equiva-lente a 100 Sen e1 Sen a 10 Rin.A Família Imperial Japonesa vem de uma linhagem secular, sendo a mais antiga dinastia do mundo, e tem como sím-bolo a flor de Crisântemo.O Imperador do Japão é o símbolo do Estado e de acordo com a Constituição japonesa não possui poderes relacio-nados ao governo.

MOEDAS

ESTRANGEIRAS

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Flor associada à longevidade, introduzida pelos chineses no Japão, o crisântemo começou a

ganhar “status” de símbolo da Família Imperial na idade Média. O Imperador Shirakawa (1053-1123) fez gravar relevos em forma de crisântemo nas tel-has do seu palácio. O imperador Go-Toba (1180-1239), também utilizou o símbolo na sua espada, mas, somente em 1926 o crisântemo passou a ser considerado, oficialmente, brasão oficial da Família Imperial Japonesa.O Imperador, a Imperatriz e o Príncipe Herdeiro os-tentam o crisântemo de 16 pétalas duplas. Os seus parentes próximos, que recebem o título de “Myia”, utilizam o crisântemo de 14 pétalas.O crisântemo também é utilizado como distintivo dos membros da Dieta Nacional (composta pela Câmara dos Deputados e pela Câmara dos Consel-heiros), nas representações diplomáticas do Japão no exterior e na capa do passaporte japonês.

As cores do crisântemo são o amarelo ou laranja e as linhas são pretas ou vermelhas. O Imperador Akihito, o atual Imperador, ascendeu ao trono em 7 de Janeiro de 1989 devido ao faleci-mento de seu pai, o Imperador Hirohito (conhecido como Imperador Showa). Com o entronamento, o Imperador Akihito iniciou uma nova era no calen-dário japonês, a Era Heisei.

100.000 Yenes em ouro, 1990, 33mm, 30,0g, Y#105 Imperador Akihito, da era

Heisei, ano 2 Comemora a entrada no poder

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O ano de 2008 equivale ao 20o ano da Era Heisei no calendário japonês.

Este trono é a mais antiga monarquia do mundo.O Império do Japão foi fundado em 660 a.C pelo Im-perador Jinmu. Conforme a tradição, o Imperador Akihito é o 125° descendente directo de Jinmu.

A Suprema Ordem do Crisântemo é a condecora-ção mais importante do Japão.

100.000 Yenes em ouro, 1990, 33mm, 30,0g, Y#105 Imperador Akihito, da era Heisei, ano 2 Comemora a entrada no poder.

50 yen em cupro-níquel, 1989, Y#101Imperador Akihito, da era Heisei, ano 1

100 Yen em cupro-níquel, 1976, Y#86Imperador Hirohito, da era Showa, ano 51

Comemora os 50 anos do reino

10 Yen em ouro, 1908, 8,3g, Y#33Imperador Mutsuhito, da era Meiji, ano 41

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Com a conquista das Américas, a Espanha apoderou-se de terras riquísimas em minas de prata, como a

Bolívia (minas de Potosi) e o México, por exemplo. Rapidamente, devido à necessidade de dinheiro, a dis-tância de Madrid e a abundância da prata, começou-se a cunhagem de moedas no México, ainda no tempo dos reis católicos Fernando e Isabel, cunhagem que logo foi seguida pelas áreas mais ricas da América Espanhola. As primeiras peças hispano-americanas eram pratas batidas à martelada, os famosos “COBs”. A palavra é a abrevia-ção espanhola de “cabo de barra”, que indica a cunhagem rústica que essas moedas tinham. A prata era fundida em barras, martelada até laminar, cortada, pesada e finalmente levava o golpe do cunho, que via de regra era bem gros-seiro, deixando de fora parte das legendas e detalhes do relevo.

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Com a conquista das Américas, a Espanha apoderou-se de terras riquíssimas em minas

de prata, como a Bolívia (minas de Potosi) e o México, por exemplo. Rapidamente, devido à necessidade de dinheiro, a distância de Madrid e a abundância da prata, começou-se a cunhagem de moedas no México, ainda no tempo dos reis católicos Fernando e Is-abel, cunhagem que logo foi seguida pelas áreas mais ricas da América Espanhola. As primeiras peças hispano-americanas eram pratas batidas à martelada, os famosos “COBs”. A pala-vra é a abreviação espanhola de “cabo de barra”, que indica a cunhagem rústica que essas moedas tinham. A prata era fundida em barras, martelada até laminar, cortada, pesada e finalmente levava o golpe do cunho, que via de regra era bem gros-seiro, deixando de fora parte das legendas e detal-hes do relevo.

Embora fosse uma moeda de liga sabidamente muito rica, o COB era facilmente sujeito a cer-

ceio, devido à sua rusticidade. Era difícil perceber quando uma peça de COB era cerceada, pois não havia nela legendas regulares nem perolagem. Bor-das serrilhadas então nem se pensava na época.

Para que o problema da cunhagem tosca e roubo de metal fosse resolvido nas colónias, foi introdu-zida a série dos Colunários, peças hoje clássicas, e bem procuradas no mundo inteiro.

A série surgiu em 1732, perdurando até 1772. Eram as moedas dos colunários batidas por meio da cunhagem mecânica (Milled coinage), com peso garantido (a peça de 8 reales tinha peso teórico de 27.4 gramas), óptima qualidade de gravação e bor-das gravadas em estilo “espinha de peixe”, que ga-rantiam a moeda contra o cerceamento de metal, que seria então facilmente detectável.

A superioridade da cunhagem dessas moedas ali-ada à sua boa liga de prata (0,917), fizeram com que

a moeda de prata colonial espanhola fosse aceite praticamente no mundo inteiro. Essa numária era uma referência, tendo sido tomada como um pa-drão, tornando-se mesmo a base do sistema mon-etário mundial de então.

Os colunários circularam como moeda legal nos EUA, de acordo com determinação do Congresso Continental Americano (1776), numa época em que os EUA não tinham ainda a sua moeda própria, que

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À esquerda, no campo, as letras “MM”, que indi-cam a marca do gravador. À direita temos o “8”, que indica o valor facial.

Borda em “espinha de peixe”, detalhe difícil de fal-sificar, que ajuda a comprovar a autenticidade ou não das peças.

Os colunários foram cunhados no valor de 8 reales (dólar), 4 reales, 2 reales, 1 real e 1/2 real.

Existem no mercado uma profusão de falsificações, de diversas origens, o que exige um certo cuidado na hora de adquirir um exemplar.

só veio a “surgir” nesse ano de 1776 (o raríssimo dólar da confederação; “WE ARE ONE”), sendo que a cunhagem regular, e mesmo assim insufici-ente, de dólares de prata só começou em 1794. A moeda de prata espanhola circulou livremente nos EUA, com amplo poder liberatório, até o ano de 1857. A peça de 8 reales foi então a antecessora do dólar americano. Esse é um dos motivos pelos quais essas moedas são muito procuradas no mer-cado numismático dos EUA.

Segundo alguns estudiosos da moeda americana, o símbolo do dólar “$” (o cifrão) teria sido in-

spirado justamente nas duas colunas (os pilares de Hércules) que aparecem no verso dos colunários, que eram chamados de “pillar dollars”.

Aqui um exemplar colunário (8 reales) da colecção pessoal do forista doliveirarod. Pesa particularmente

27,6 gramas e possui as características de autenticidade: No verso vemos as inscrições “ULTRA QUE UNUM” (ambos os mundos são um), dois globos coroad-os, que significam o novo e o velho mundo, que são ladeados pelas colunas de Hércules também coroadas, com as inscrições “Plus” e “Ultra”.Logo abaixo vemos a data (1762). Junto à data, encontra-se a letra da casa de cunhagem, no caso “M” de México, a mais comum.

No reverso as armas coroadas da Espanha: Leão rompante (representa o reino de Leon), castelo de 3 torres (representa o reino de Castela) e os três lírios ao centro, que representam a casa real dos Bour-bons.

Legenda “CAROLUS III D G HISPAN ET IND REX”, que significa “Carlos III, com a graça de Deus, rei da Espanha e das Índias (ocidentais)”.

Valor: 8 reales (real de ocho)Diâmetro: 38,1 mmPeso: 27.4 grms (teórico)Borda: Em estilo “espinha de peixe”Casas de cunhagem:

-México (M com círculo em cima)-Peru (LM - Monograma de Lima - LIMAE)-Potosi/Bolivia ( PTS - Monograma que faz a juntaposição dessas 3 letras)-Santiago/Chile (S com círculo em cima)-Guatemala (G)-Nuevo Reino/Colômbia (NR - Am-bas as letras com circulos em cima e separadas)-Popayan/Colômbia (PN)

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À

COVERSA

COM:

NConheci-o devido à nossa paixão co-mum pela numismática. Apesar dos mui-

tos quilómetros que nos separam fisicamente, é possível partilharmos conhecimentos sobre este hobbie.É certo que eu próprio achei improvável que houvesse alguém a coleccionar moedas e notas no Iraque, numa altura em que as ten-sões sociais e económicas são mais que mui-tas, mas a verdade é que há numismática no Iraque, pouca, mas há.Uma das raras pessoas que se dedica a esta actividade é Ammar A. Jwwad., um jovem de 29 anos, que habita a zona norte de Bagdad. É também nesta zona que desenvolve a sua actividade profissional de professor. Dá aulas de Língua Árabe no Ensino Secundário e col-ecciona moedas desde os 15 anos de idade.Convidei-o a responder a algumas perguntas para a nossa Revista, e ele não hesitou em aceder ao convite.

RF – Em primeiro lugar, como é que vês a situação actual do Iraque?

A – Bom, a situação não está fácil no Iraque. Muita instabilidade social e política, que resulta num número absurdo de mortes de cidadãos inocentes. Apesar disso, te-mos esperança de melhores tempos, e es-peramos que esses tempos cheguem de-pressa. O povo iraquiano é um povo bom, e não merece estar a sofrer desta forma. RF – Como é possível que, apesar da conjuntura, haja alguém que tenha âni-mo para coleccionar moedas e notas? A – A verdade é que, apesar da situação do país, não podemos deixar de viver, e de fazer aquilo que mais gostamos. Des-de criança que me dedico a este hobbie e encontro sempre ânimo para continuar. RF – Mas conheces muita gente a coleccionar moedas no Iraque? A – Não, estimo que existam umas 30 a 35 pessoas a coleccionar moedas no meu país, não mais. A maioria deles dedica-se a colec-cionar moedas iraquianas e de países árabes vizinhos, apenas pela maior facilidade em encontrar moedas. Pelo facto de não terem acesso fácil à Internet, não podem fazer trocas com coleccionadores de todo o mundo, como eu faço.

RF – Quer dizer que “alimentas” a tua col-ecção apenas pelas trocas feitas via Internet?

A – Não, conheço um senhor aqui em Bag-dad que é o grande fornecedor de moedas es-trangeiras para colecção. A ele adquiro princi-palmente as moedas do “mundo” árabe.

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RF – Para além das moedas árabes, que outro tipo de moedas coleccionas?

A – Bom, colecciono moedas de prata de todo o mundo, comemorativas de Euro e moedas antigas de todo o mundo. Quando digo an-tigas, refiro-me a moedas anteriores ao ano 1900.

RF –Moedas portuguesas, tens?

A – Sim, tenho algumas moedas de prata por-tuguesas. Adquiri-as todas através de trocas pela Internet.

RFN- Tens a noção de quantas moedas constituem a tua colecção? A – Sim, aproximadamente 2500 no total.

RF – E se eu te perguntar qual é a moeda mais valiosa da tua colecção, a resposta é...

A –É uma moeda de ouro de 700 kursh da Turquia, do ano 1292. O seu valor encontra-se entre 1500 e 2000$.

RF – Ammar, obrigado pela tua disponibili-dade para falares um pouco de ti para nossa revista. Boa sorte para a tua colecção.

A – Foi um prazer colaborar convosco. Obrigado por se terem lembrado de mim.

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NOTAFILIA

A notafilia, vista pelo ângulo das assinaturas que con-stam em cada nota, pode constituir uma colecção

temática muito interessante para os amantes deste tipo de papel fiduciário.No estrangeiro tem já uma divulgação assinalável. Em Por-tugal está a dar os primeiros passos, embora nos últimos anos tenham aparecido muitos coleccionadores entusias-tas.Na ausência de uma publicação adequada, a obra “As-sinaturas das notas do Banco de Portugal”, editado pelo Banco de Portugal (BP), em 1999, constitui uma referência incontornável ao conhecimento das assinaturas das notas emitidas pelo BP.

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A notafilia, vista pelo ângulo das assinaturas que constam em cada nota, pode constituir uma

colecção temática muito interessante para os aman-tes deste tipo de papel fiduciário.No estrangeiro tem já uma divulgação assinalável. Em Portugal está a dar os primeiros passos, embora nos últimos anos tenham aparecido muitos colec-cionadores entusiastas.Na ausência de uma publicação adequada, a obra “Assinaturas das notas do Banco de Portugal”, ed-itado pelo Banco de Portugal (BP), em 1999, consti-tui uma referência incontornável ao conhecimento das assinaturas das notas emitidas pelo BP.Ao longo de vários números da nossa Revista, serão apresentadas as assinaturas por cada chapa e por cada data nessa mesma chapa, de todas as notas da era do Escudo. Neste livro do BP, são refe-ridas as assinaturas apenas por cada chapa, mas, como é óbvio, houve chapas com várias datas e, consequentemente, diferentes assinaturas em cada data.Todas as notas do BP foram assinadas por duas pessoas do Banco: O Governador, ou seu substitu-to, e os diversos elementos da Direcção (até 1931), ou da Administração (pós 1931).Nas primeiras notas emitidas pelo BP as assinaturas eram manuscritas, mas no período da República foi utilizada a chancela, face ao evoluir dos tempos e ao aumento significativo das notas emitidas. Neste número da Revista estão incluídas as notas de 50 centavos e Escudo.Os quadros que se seguem, relativos a cada um dos tipos de notas, para além dos pares de assinaturas contidos em cada nota, disponibilizam um conjun-to de informações gerais de cada chapa.

Assim, em cima está referida a chapa e os mo-tivos da nota – frente e verso. Logo abaixo es-

tão três datas que identificam a: 1a emissão; última emissão; retirada de circulação. Imediatamente ao lado direito estão as dimensões da nota e o total da emissão da chapa.

Na primeira coluna estão as diversas datas da cha-pa; a emissão dessa data; as séries; os números do Pick e Anuário.Na segunda coluna estão as diversas combinações de dirigentes que assinaram essa data.Na terceira coluna está indicada a função de cada um: G (de Governador) e D (de Director).Na última coluna pode ver-se o período em que cada Director esteve em funções no BP.

As assinaturas dos administradoresHenrique Missa e Raposo de Magalhães podem prestar-se

a alguma confusão, dada a sua semelhança.Para os menos atentos aqui ficam as duas assi-

naturas, em que a superior é de Henrique Missa.

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MOEDA

DO MÊS

Mais dois concursos da Moeda do Mês, mais duas belas “misses” que passaram a figurar no nosso quadro de honra. Abril e Maio

tiveram concorrentes de peso! Aqui ficam os premiados:

mlPortuguês de D. João III

Abril é nome de revolução. Revolução é também criação, fantasia, imaginação.

Existem períodos na história em que essa arte aparece. O período dos descobrimentos portugueses acrescentou algo à arte, onde é notória a influência do mar e das viagens, dos artefactos e das aventuras. Na numismáti-ca o “ Português “ de Manuel e de João III foi e é a moeda portuguesa mais célebre em todo o mundo e, reflectindo a memória e a aventura dos descobrimentos, é simultanea-mente filho desses mesmos descobrimen-tos. Como não possuímos um português, apresentamos um tostão de prata de João III com essas mesmas características, de cunho semelhante, com diferenças apenas na liga, no peso e no diâmetro. (...também em sin-gela homenagem ao 25 de Abril de 1974 ). Anverso : + IOANES 3 : R:P:ET:AL:D:G:C:NCET:Reverso : + IN HOC SIGNO VINCEES

PSIMOESEspadim (4 Reais Brancos)

Augusto RodriguesPeça de D. José I - Baía - 1753

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2 lugar

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mlD. João I - Meio Real Cruzado - Lisboa

Anverso : + PORTUGALIE : ET :ALGAR REX Sigla real coroada ( IhnS ) com um ponto en-tre a sigla e a coroa e a letra L por baixo da sigla. Legenda desenvolvida entre cercaduras concêntricas de pontos contíguos. Coroa de base rectilínea e sinal oculto à direita.Legenda começa às 15 horas.

Reverso : + REPARACIO : REX : PUBLICEEscudo gótico sobreposto sobre a cruz de Avis com cinco escudetes com cinco besantes cada, dispostos em cruz com os escudetes lat-erais virados para o centro. Legenda desen-volvida entre cercaduras concêntricas de pon-tos contíguos.

Diâmetro : 23 mm Peso : 1,78 gAG : J1 34.02 F.V. : J1.50 AR : 20

Apesar do grande enfraquecimento do valor da moeda, as urgências do Estado determina-ram um novo recurso para a captação de di-visas. Nas Cortes de Évora de 1408, foi deter-minado que se desfizessem os reais de três e meia libras e que se lavrasse uma nova moeda com a metade do seu valor nominal : o meio real cruzado, de trinta e cinco soldos, cunha-do em Lisboa e no Porto, até 1415, a principio na liga de um dinheiro, ou 83,3/1000, poste-riormente enfraquecida. Estas moedas trazem no reverso uma legenda determinada também pelas Cortes de Évora : REPARACIO. REX. PUBLICE ( traduzida como PARA REAPA-RAÇÕES PÚBLICAS ), numa alusão à origem dos recursos utilizados para a sua fabricação, o restante de um empréstimo feito ao rei para a reconstrução das fortalezas do Reino.

Moeda com bonito flan, bela pátina uniforme, legenda completamente legível.

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Alfonsvs3 Reais de D. Sebastião

2 lugar

Augusto RodriguesPeça de D. José I - Baía - 1753

Anverso: PORTVG.ETALGARB.R.AFFRIC. (Portugal e Algarve Rei em Africa)No centro a legenda coroada: SEBAS-TIA-NVS- .I.

Reverso: Escudo real coroado, ladeado pela letra L que indica o local de fabrico (Lisboa) e pelo algarismo 3 que indica o valor.

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CONVÍVIOS

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tm1950, Tenshi, sotero, PSS e cajrodrig Nuno jorge, JCardoso, Lunor, sagh e namorada, MS

Nuno jorge, JCardoso, Lunor e MS André Nogueira e namorada

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