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PSICOLOGIA HOSPITALAR A VISITA AO DOENTE EM FASE TERMINAL SOBRE A MORTE E O MORRER ELISABETH KÜBLER-ROSS

O doente em fase terminal

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PSICOLOGIA HOSPITALAR

A VISITA AO DOENTE EM

FASE TERMINAL

SOBRE A MORTE E O MORRERELISABETH KÜBLER-ROSS

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A VISITA AO DOENTE A VISITA AO DOENTE EM FASE TERMINALEM FASE TERMINAL

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RAZÕES PARA SE FUGIR DE RAZÕES PARA SE FUGIR DE ENCARAR A MORTEENCARAR A MORTE

Hoje em dia morrer é;Hoje em dia morrer é; TristeTriste;; SolitárioSolitário;; MecânicoMecânico;; DesumanoDesumano;; Um Um ato solitárioato solitário e e impessoalimpessoal – O paciente é – O paciente é

removido de seu ambiente familiar e levado para removido de seu ambiente familiar e levado para uma sala de emergência.uma sala de emergência.

Quando um paciente está gravemente enfermo, Quando um paciente está gravemente enfermo, emem

geral é tratado como alguém geral é tratado como alguém sem direito a sem direito a opinaropinar..

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ATITUDES DIANTE DA ATITUDES DIANTE DA MORTE E DO MORRERMORTE E DO MORRER

Sociedade Sociedade ignoraignora e e evitaevita a morte; a morte; Medicina: uma nova, mas Medicina: uma nova, mas

despersonalizadadespersonalizada ciência; ciência; Prolongar a vidaProlongar a vida / Mitigar o sofrimento / Mitigar o sofrimento

humano;humano; Psicologicamente Psicologicamente negação da mortenegação da morte;; Não Não concebemos (inconscientemente) concebemos (inconscientemente)

nossa própria morte;nossa própria morte; Acreditamos na nossa Acreditamos na nossa imortalidadeimortalidade: :

“Ainda bem que não fui eu”;“Ainda bem que não fui eu”;

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ATITUDES DIANTE DA ATITUDES DIANTE DA MORTE E DO MORRERMORTE E DO MORRER

ESTÁGIOS:ESTÁGIOS:

Primeiro: Primeiro: Negação e IsolamentoNegação e Isolamento;; Segundo: Segundo: RaivaRaiva;; Terceiro: Terceiro: BarganhaBarganha;; Quarto: Quarto: DepressãoDepressão;; Quinto: Quinto: AceitaçãoAceitação..

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NEGAÇÃO E ISOLAMENTONEGAÇÃO E ISOLAMENTO

Ao tomar conhecimento da fase Ao tomar conhecimento da fase terminal de sua doença, a maioria terminal de sua doença, a maioria dos pacientes reagem com esta dos pacientes reagem com esta

frase: frase:

““Não, eu não, não pode ser Não, eu não, não pode ser verdade!”.verdade!”.

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NEGAÇÃO E ISOLAMENTONEGAÇÃO E ISOLAMENTO

Essa negação ansiosa proveniente da Essa negação ansiosa proveniente da comunicaçãocomunicação

de diagnóstico é muito comum ... A negaçãode diagnóstico é muito comum ... A negaçãofunciona como um pára-choque depois de notíciasfunciona como um pára-choque depois de notíciasinesperadas e chocantes, deixando que o pacienteinesperadas e chocantes, deixando que o paciente

se recupere com o tempo, mobilizando outrasse recupere com o tempo, mobilizando outrasmedidas menos radicais. [...] Comumente, amedidas menos radicais. [...] Comumente, a

negação é uma defesa temporária, sendo logonegação é uma defesa temporária, sendo logosubstituída por uma aceitação parcial.substituída por uma aceitação parcial.

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NEGAÇÃO E ISOLAMENTONEGAÇÃO E ISOLAMENTO

Como sabemos quando um paciente não querComo sabemos quando um paciente não querenfrentar a situação? enfrentar a situação?

““Ouvi-lo neste momento é comparável a ouvir umOuvi-lo neste momento é comparável a ouvir umpaciente que sofre de pequeno mal-estar, nada tãopaciente que sofre de pequeno mal-estar, nada tão

sério que ameace sua vida. Aí, tentamos entender assério que ameace sua vida. Aí, tentamos entender asdicas e temos certeza de que é o momento em quedicas e temos certeza de que é o momento em queele prefere voltar-se para coisas mais atraentes e ele prefere voltar-se para coisas mais atraentes e

alegres”. alegres”.

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A RAIVAA RAIVA

Quando não é mais possível manter firmeQuando não é mais possível manter firme

o primeiro estágio de negação, ele éo primeiro estágio de negação, ele é

substituído por sentimentos de raiva, desubstituído por sentimentos de raiva, de

revolta, de inveja e de ressentimento.revolta, de inveja e de ressentimento.

Surge, logo, uma pergunta:Surge, logo, uma pergunta:

““Por que eu?”Por que eu?”

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A RAIVAA RAIVA

Muito difícil lidar com o estágio da raiva;Muito difícil lidar com o estágio da raiva; A raiva se propaga em todas as direções;A raiva se propaga em todas as direções; Projeta-se no ambiente - muitas vezes Projeta-se no ambiente - muitas vezes

sem razão plausível;sem razão plausível; Os médicos não prestam ... Os médicos não prestam ... As enfermeiras são alvo constante ... As enfermeiras são alvo constante ... As visitas são recebidas com pouco As visitas são recebidas com pouco

entusiasmo e sem expectativa;entusiasmo e sem expectativa; Poucos se colocam no lugar do paciente.Poucos se colocam no lugar do paciente.

Page 11: O doente em fase terminal

A BARGANHAA BARGANHA

É o estágio menos conhecido;É o estágio menos conhecido;Igualmente útil ao paciente - embora por um Igualmente útil ao paciente - embora por um

tempotempomuito curto;muito curto;Graças a experiências anteriores:Graças a experiências anteriores:Ele sabe que existe uma leve possibilidade deEle sabe que existe uma leve possibilidade deser recompensado por um bom comportamento;ser recompensado por um bom comportamento;E receber um prêmio por serviços especiais;E receber um prêmio por serviços especiais;Quase sempre almeja um prolongamento daQuase sempre almeja um prolongamento davida ou deseja alguns dias sem dor ...vida ou deseja alguns dias sem dor ...

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A BARGANHAA BARGANHA

É uma tentativa de adiamento; É uma tentativa de adiamento; A maioria das barganhas são feitas com A maioria das barganhas são feitas com

Deus;Deus;São mantidas em segredo;São mantidas em segredo;Ditas nas entrelinhas;Ditas nas entrelinhas;Psicologicamente:Psicologicamente:As promessas podem estar associadas a As promessas podem estar associadas a

umaumaculpa recôndita;culpa recôndita;As observações feitas pelos pacientes não As observações feitas pelos pacientes não

devem ser menosprezadas.devem ser menosprezadas.

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DEPRESSÃODEPRESSÃO

Quando o paciente não pode mais negarQuando o paciente não pode mais negar

sua doença ...sua doença ...

Seu alheamento ou estoicismo (impassível ante Seu alheamento ou estoicismo (impassível ante a dor e a adversidade);a dor e a adversidade);

sua revolta e raiva;sua revolta e raiva;

Cederão lugar a um sentimento de grande Cederão lugar a um sentimento de grande perda:perda:

A DEPRESSÃOA DEPRESSÃO..

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DEPRESSÃODEPRESSÃO São dois tipos de São dois tipos de depressão:depressão:

Primeira Primeira - uma - uma depressão reativadepressão reativa (perda (perda de sua imagem, perda financeira, etc.), de sua imagem, perda financeira, etc.), ou seja, perdas passadas; ou seja, perdas passadas;

SegundaSegunda - - depressão preparatóriadepressão preparatória, ou , ou seja, perdas iminentes;seja, perdas iminentes;

A primeira é de natureza diferente e deve A primeira é de natureza diferente e deve ser tratada diversamente da segunda.ser tratada diversamente da segunda.

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DEPRESSÃODEPRESSÃO

Nossa primeira reação para com as pessoasNossa primeira reação para com as pessoasque estão tristes é tentar animá-las; dizer que que estão tristes é tentar animá-las; dizer que não encarem os fatos a ferro e fogo;não encarem os fatos a ferro e fogo;

A A depressãodepressão é um instrumento na preparação da é um instrumento na preparação daperda iminente de todos os objetos amados;perda iminente de todos os objetos amados;

Para facilitar o estado de aceitação, o Para facilitar o estado de aceitação, o encorajamento e a confiança não têm razão encorajamento e a confiança não têm razão de ser;de ser;

Se deixarmos que exteriorize seu pesarSe deixarmos que exteriorize seu pesaraceitará mais facilmente a situação ... aceitará mais facilmente a situação ...

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DEPRESSÃODEPRESSÃONo pesar preparatório há pouca ou No pesar preparatório há pouca ou

nenhumanenhumanecessidade de palavras;necessidade de palavras;

É sentimento que se exprime; traduzido É sentimento que se exprime; traduzido em geral - por um toque carinhoso de em geral - por um toque carinhoso de mão; um afago nos cabelos; ou apenas mão; um afago nos cabelos; ou apenas por um silencioso ‘sentar-se ao lado’;por um silencioso ‘sentar-se ao lado’;

É a hora em que o paciente pode pedir É a hora em que o paciente pode pedir para orar; em que começa a se ocupar para orar; em que começa a se ocupar com coisas que estão à sua frente e com coisas que estão à sua frente e não com as que ficaram para trás. não com as que ficaram para trás.

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ACEITAÇÃOACEITAÇÃO

Já posso partir! Que meus irmãos seJá posso partir! Que meus irmãos se

despeçam de mim!despeçam de mim!

Saudações para todos vocês,Saudações para todos vocês,

começo minha partida.começo minha partida.

TagoreTagore

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ACEITAÇÃOACEITAÇÃO

Um paciente que tiver tido tempo necessário e tiverUm paciente que tiver tido tempo necessário e tiverrecebido alguma ajuda para superar tudo não maisrecebido alguma ajuda para superar tudo não maissentirá depressão, nem raiva. Terá lamentado a sentirá depressão, nem raiva. Terá lamentado a

perdaperdaiminente de pessoas e lugares ... Sentirá tambémiminente de pessoas e lugares ... Sentirá tambémnecessidade de cochilar, de dormir com freqüência enecessidade de cochilar, de dormir com freqüência ea intervalos curtos, diferente da necessidade dea intervalos curtos, diferente da necessidade dedormir durante a fase de depressão. Não é um sonodormir durante a fase de depressão. Não é um sonode fuga. É uma necessidade gradual e crescente dede fuga. É uma necessidade gradual e crescente deaumentar as horas de sono, como um recém nascido,aumentar as horas de sono, como um recém nascido,mas em sentido inverso. mas em sentido inverso.

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ACEITAÇÃOACEITAÇÃO

As conversas, então, passam de verbais As conversas, então, passam de verbais a não-verbais;a não-verbais;

É provável que só segure nossa mão É provável que só segure nossa mão num pedido velado - de que fiquemos num pedido velado - de que fiquemos em silêncio;em silêncio;

Para quem não se perturba diante de Para quem não se perturba diante de quem está prestes a morrer, estes quem está prestes a morrer, estes momentos de silêncio encerram momentos de silêncio encerram comunicações das mais significativascomunicações das mais significativas..

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A ESPERANÇAA ESPERANÇA

““A única coisa que geralmente persiste, emA única coisa que geralmente persiste, emtodos estes estágios, é a todos estes estágios, é a esperançaesperança. O que os. O que ossustente através dos dias, das semanas ousustente através dos dias, das semanas oudos meses de sofrimento é este tipo de dos meses de sofrimento é este tipo de esperança.esperança.É a sensação de que tudo deve terÉ a sensação de que tudo deve teralgum sentido, que pode compensar, casoalgum sentido, que pode compensar, casosuportem por mais algum tempo. Não importasuportem por mais algum tempo. Não importaque nome tenha, descobrimos que todos osque nome tenha, descobrimos que todos ospacientes conservaram essa sensação quepacientes conservaram essa sensação queserviu de conforto em ocasiõesserviu de conforto em ocasiõesespecialmente difíceis”.especialmente difíceis”.

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VISITA ÀS PESSOAS QUE VISITA ÀS PESSOAS QUE VÃO MORRERVÃO MORRER

O doente terminal normalmente guarda O doente terminal normalmente guarda reserva; reserva;

Ele não está certo das suas intenções;Ele não está certo das suas intenções; Não pense que alguma coisa Não pense que alguma coisa

extraordinária vai acontecer;extraordinária vai acontecer; Fique natural e relaxado, seja você Fique natural e relaxado, seja você

mesmo;mesmo; Encoraje a pessoa a se sentir livre;Encoraje a pessoa a se sentir livre; Não interrompa, negando ou contestando Não interrompa, negando ou contestando

o que a pessoa está dizendo.o que a pessoa está dizendo.

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VISITA ÀS PESSOAS QUE VISITA ÀS PESSOAS QUE VÃO MORRERVÃO MORRER

Aprenda a ouvir, aprenda a receber em Aprenda a ouvir, aprenda a receber em silêncio;silêncio;

Você pode ser alvo de raiva e do desejo de pôr Você pode ser alvo de raiva e do desejo de pôr a culpa em alguém (transferência); a culpa em alguém (transferência);

Não faça pregações. Ninguém deseja ser Não faça pregações. Ninguém deseja ser “salvo” com as crenças dos outros;“salvo” com as crenças dos outros;

Lembre-se de que a sua tarefa não é converter Lembre-se de que a sua tarefa não é converter ninguém a nada;ninguém a nada;

Ajude a pessoa a fazer contato com a força de Ajude a pessoa a fazer contato com a força de que ela mesma dispõe, sua confiança, sua fé, que ela mesma dispõe, sua confiança, sua fé, sua espiritualidade;sua espiritualidade;

Não espere que a sua ajuda produza Não espere que a sua ajuda produza resultados milagrosos.resultados milagrosos.

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DAR AMOR DAR AMOR INCONDICIONALINCONDICIONAL

Primeiro procedimento: olhe para a Primeiro procedimento: olhe para a pessoa e pense que ela é um ser pessoa e pense que ela é um ser humano exatamente como você (medo, humano exatamente como você (medo, solidão, tristeza, etc.)solidão, tristeza, etc.)

Segundo procedimento: colocar-se no Segundo procedimento: colocar-se no lugar do quem vai morrer e se perguntar: lugar do quem vai morrer e se perguntar: O que mais você precisa no seu estado de O que mais você precisa no seu estado de morte?morte?

Tocar nas mãos do enfermo olhando nos Tocar nas mãos do enfermo olhando nos olhos.olhos.

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REFLEXÃO FINALREFLEXÃO FINAL

““Muito ajudaria se as pessoas conversassemMuito ajudaria se as pessoas conversassem sobre a morte e o morrer, como parte sobre a morte e o morrer, como parte

intrínseca da vida, do mesmo modo como intrínseca da vida, do mesmo modo como não temem falar quando alguém espera não temem falar quando alguém espera um bebê.um bebê.

Se agissem assim com mais freqüência, nãoSe agissem assim com mais freqüência, nãoprecisaríamos nos perguntar se devemosprecisaríamos nos perguntar se devemostocar nestes assuntos com o paciente, outocar nestes assuntos com o paciente, ouse deveríamos esperar pela última se deveríamos esperar pela última

internação”internação”

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Medidas de ajuda podem Medidas de ajuda podem ser:ser:

Manter o aposento tranqüilo e silencioso; Manter o aposento tranqüilo e silencioso; Deixar uma pequena lâmpada acesa Deixar uma pequena lâmpada acesa

durante à noite;durante à noite; Manter um parente a seu lado;Manter um parente a seu lado; Exibir uma atitude serena e confortante;Exibir uma atitude serena e confortante; Procurar orientá-lo indicando a data, o dia Procurar orientá-lo indicando a data, o dia

da semana, seu nome, o lugar onde está, da semana, seu nome, o lugar onde está, fotos de familiares, etc. Deve-se vigiar fotos de familiares, etc. Deve-se vigiar para que o paciente não caia e não sofra para que o paciente não caia e não sofra lesões.lesões.

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Elizabeth Kübler-RossElizabeth Kübler-Ross

““As pessoas sempre me perguntam As pessoas sempre me perguntam como é a morte. Digo-lhes que é como é a morte. Digo-lhes que é sublime. É a coisa mais fácil que sublime. É a coisa mais fácil que terão que fazer. A vida é dura. A vida terão que fazer. A vida é dura. A vida é luta. Viver é como ir à escola. Dão é luta. Viver é como ir à escola. Dão a você muitas lições a estudar. a você muitas lições a estudar. Quanto mais você aprende, mais Quanto mais você aprende, mais difíceis ficam as lições. Quando difíceis ficam as lições. Quando aprendemos as lições, a dor se vai.”aprendemos as lições, a dor se vai.”

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Dra. Elisabeth Kübler-RossDra. Elisabeth Kübler-Ross

SOBRE A MORTESOBRE A MORTE

E OE O

MORRERMORRER