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O economista brasileiro no O economista brasileiro no século XXI: desenho e século XXI: desenho e implementação de uma implementação de uma estratégia de estratégia de desenvolvimento desenvolvimento Ricardo Bielschowsky, XIX Ricardo Bielschowsky, XIX Congresso Brasileiro de Congresso Brasileiro de Economia, Bonito, MS, setembro Economia, Bonito, MS, setembro de 2011 de 2011

O economista brasileiro no século XXI: desenho e implementação de uma estratégia de desenvolvimento Ricardo Bielschowsky, XIX Congresso Brasileiro de Economia,

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O economista brasileiro no século XXI: O economista brasileiro no século XXI: desenho e implementação de uma desenho e implementação de uma

estratégia de desenvolvimentoestratégia de desenvolvimento

Ricardo Bielschowsky, XIX Congresso Ricardo Bielschowsky, XIX Congresso Brasileiro de Economia, Bonito, MS, Brasileiro de Economia, Bonito, MS,

setembro de 2011setembro de 2011

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INTRODUÇÃO1. A estratégia de desenvolvimento depende da sociedade que

desejamos: Sem pobreza, igualitária, solidária e cooperativa, com trabalho digno e bem remunerado, dedicada ao lazer e à cultura, em harmonia com a natureza, territorialmente equilibrada, com inserção internacional soberana etc.

2. Restrições à implementação de uma nova estratégia de desenvolvimento nesses moldes:

Balanço de poder interno

Quatro gigantescos desafios na ordem mundial: China, mudança climática, crise financeira, progresso técnico acelerado

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DEFINIÇÕES

Estratégia: é o desenho da condução de um padrão de desenvolvimento desejado

Padrão: Combinação (idiossincrática a cada país) de características e determinantes do investimento, da produtividade e da renda (setores, agentes, financiamento, regulação, organização e composição dos mercados, distribuição da renda etc.)

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PERIODIZAÇÃOPadrões de

comportamento econômico

Estratégias Taxas de crescimento

(médias anuais)

Desenvolvimento via industrialização

(1930-80)

Formação com suporte estatal de um parque industrial complexo

(1950-80)

7,4%

(1950-80)

Instabilidade macroec. baixo crescimento, (1980-2003)

Administração de crises (ausência de estratégia), e reformas (anos 1990), controle inflacionário (êxito parcial 1994/-)

2,0 %

Novo Padrão de

desenvolvimento (?)Nova estratégia de

desenvolvimento (?) 4,3 %

(2004-11)

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Evolução do pensamento sobre Evolução do pensamento sobre desenvolvimento no Brasildesenvolvimento no Brasil

Desenvolvimentismo: é a ideologia que defende a participação do Estado na condução do desenvolvimento econômico, por meio do desenho e implementação de estratégias e políticas.

• Era desenvolvimentista: 1930-1980

– Ciclo inaugural: 1930-1964 (cinco correntes de pensamento)– Ciclo do regime militar : 1964-1980 (duas correntes principais, duas

secundarias)

• Era da instabilidade macroeconômica inibidora do pensamento desenvolvimentista:

– Anos 1980– 1990 a meados dos anos 2000

• Pergunta: nova etapa, desde meados dos anos 2000 ?

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Depois da era desenvolvimentista: 1980 em diante (hipóteses de trabalho

Características da produção intelectual sobre desenvolvimento

– Inibida pela instabilidade macroeconômica e pela hegemonia da atenção à mesma?

– Fragmentada, assistemática, descontínua (mas volumosa)?

– Ausência de uma referência clara quanto a padrão e estratégia de desenvolvimento?

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Quadro atual

• Existe hoje no Brasil alguma estratégia de transformação econômica e social que vise a elevação da produtividade e o aumento do bem-estar a médio e longo prazos?

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Em discussão (assistemática) no Brasil: sete grupos de formulações sobre desenvolvimento

Reformas (2ª geração)

Crescimento com redistribuição, via produção e consumo de massa

Inovação e competitividade

Infraestrutura e petróleo

Integração territorial

Combate à pobreza e à concentração da renda

Sustentabilidade ambiental

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Antecedentes conceituais da proposta de crescimento com Antecedentes conceituais da proposta de crescimento com redistribuição de renda contida na estratégia de expansão por redistribuição de renda contida na estratégia de expansão por

consumo de massa do governo brasileiroconsumo de massa do governo brasileiro

• Furtado, Aníbal Pinto, Conceição (meados dos 60s): crescimento com redistribuição

• Conceição/José Serra (fins dos 60s): o milagre perverso

• Oposições à ditadura nos anos 70: por mudanças nas estruturas distributiva e produtiva

• Wells, Maurício Coutinho, Sabóia etc (anos 70s e 80s): pobres consomem bens das empresas modernas

• Castro (1989): existência no Brasil de círculo virtuoso potencial entre crescimento e salários com base na ampliação da estrutura produtiva (industrial) já existente

• Partido dos trabalhadores (2002), PPA 2004-2007: dinamização da economia pela estratégia de crescimento com redistribuição via consumo de massa

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O modelo de consumo de massa

Aumento de Rendimentos das Famílias

Trabalhadoras

Ampliação da demanda

popular a setores modernos

Progr.técnico,aumento de

produtiv. e decompetitividade

Investimentos em bens de capital e em

“conhecimento”

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O modelo de consumo de massa

Aumento de Rendimentos das Famílias

Trabalhadoras

Ampliação da demanda

popular a setores modernos

Progr.técnico,aumento de

produtiv. e decompetitividade

Investimentos em bens de capital e em

“conhecimento”

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Consumo de massa e mecanismos de aumento de produtividade (e competitividade)

Escala

“Catch-up”

Absorção dos “sub-empregados”

Fomento à pequena produção

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O modelo de consumo de massa

Aumento de Rendimentos das Famílias

Trabalhadoras

Ampliação da demanda

popular a setores modernos

Progr.técnico,aumento de

produtiv. e decompetitividade

Investimentos em bens de capital e em

“conhecimento”

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O modelo de consumo de massa

Aumento de Rendimentos das Famílias

Trabalhadoras

Ampliação da demanda

popular a setores modernos

Progr.técnico,aumento de

produtiv. e decompetitividade

Investimentos em bens de capital e em

“conhecimento”

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Entraves a enfrentar: baixa propensão a investir Entraves a enfrentar: baixa propensão a investir e histórica insuficiência de mecanismos de e histórica insuficiência de mecanismos de

transmissão da produtividade a rendimento das transmissão da produtividade a rendimento das famílias famílias

Aumento de Rendimentos das Famílias

Trabalhadoras

Ampliação da demanda

popular a setores modernos

Progr.técnico,aumento de

produtiv. e decompetitividade

Investimentos em bens de capital e em

“conhecimento”

? ?

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Problemas centrais Produção e consumo de massa, é não só

consumo de massa (consumo de massa no Brasil e produção de massa na China): problemas de política macro e de política industrial

Elevação na propensão a investir

Continuidade na redistribuição da renda

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Observações finais (1) Nas últimas décadas a discussão sobre o

futuro foi dominada pela pergunta sobre como dar sustentação macroeconômica para um novo ciclo de crescimento a longo prazo.

O debate sobre as questões do desenvolvimento (padrões e estratégias) começa a ser mais sistemático;

Não existe ainda no Brasil um projeto ideologicamente hegemônico

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Observações finais (2)

O governo Lula explicitou a estratégia de crescimento com redistribuição de renda e educação; explicitou, também, ainda que de forma menos incisiva, a via da dinâmica de produção e consumo de massa; e iniciou uma trajetória promissora nesse sentido;

A trajetória é promissora, mas só se confirmará se for de produção e consumo de massa; e se for dotada de encadeamentos produtivos e de processos inovativos nos segmentos de alta densidade tecnológica

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Observações finais (3) Para que se forme um novo paradigma

desenvolvimentista, é necessário crescer em forma contínua por vários anos

Crescimento econômico com melhoria distributiva de renda não é tudo, a agenda deve incluir avanços em muitos outros campos: democracia substantiva (cidadania), segurança do indivíduo, diversidade cultural, preservação ambiental, harmonia territorial etc.;

A redistribuição de renda tem que ser fortalecida pela desconcentração da propriedade