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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINASCentro de Economia e Administração
Faculdade de Ciências Econômicas
O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL E AS MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS
Márcia Cristina Belucci
Monografia apresentada à Faculdade deCiências Econômicas do Centro de Economia e
Administração da PUC Campinas, comorequisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Ciências Econômicas, sob aorientação do M.Sc. Prof. Ernesto Dimas Paulella
Campinas, São Paulo
2005
Autorização do aluno
Autorizo a disponibilidade desta monografia na Biblioteca da PUC Campinas para
consultas públicas e referências bibliográficas, mas reproduções, total ou parcial,
somente poderão ser feitas mediante autorização expressa do autor, conforme o
que dispõe a legislação vigente sobre direitos autorais.
Márcia Cristina Belucci
____________________________________________________________
Campinas, 30 de novembro de 2.005.
ii
DEDICATÓRIA
A meu pai.
A todos os pesquisadores, médicos, técnicos e voluntários
do Hospital do Câncer – A . C. Camargo – São Paulo, que aliam
grande conhecimento a um tratamento humano, confiável e amigo,
em especial ao Dr. Waldec Jorge David Filho, Dr. Gray Portela e
Dr. Wilson Toshihiko Nakagawa.
Toda a minha gratidão.
iii
AGRADECIMENTOS
Em especial ao M.Sc. Professor Ernesto Dimas Paulella, pela
generosidade na orientação, com recomendações preciosas e necessárias para a
conclusão deste trabalho.
A M.Sc. Professora Laura Aparecida Savitci, por aceitar prontamente
compor a Banco Examinadora e pelas suas relevantes observações.
Aos funcionários da Secretaria do Centro de Econômica e Administração e
da Biblioteca da PUC Campinas.
iv
SUMÁRIO
ÍNDICE DE TABELAS vi
ÍNDICE DE FIGURAS vii
RESUMO viii
INTRODUÇÃO 1
CAPÍTULO 1 – ORIGEM DO EMPREENDEDORISMO 4
1.1 – Empreendedorismo no Brasil 6
1.1.1 – Características dos Empreendedores 7
1.2 – Evolução do Empreendedorismo Brasileiro 9
1.3 – Características dos Empreendimentos Brasileiros 13
CAPÍTULO 2 – O PAPEL DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS 16
2.1 – Mortalidade das Micro e Pequenas Empresas 25
2.2 – Informalidade 28
CAPÍTULO 3 – CONDIÇÕES PARA EMPREENDER NO BRASIL 34
3.1 – Planejamento para Micro e Pequenas Empresas 35
3.2 – Capacitação 37
3.2.1 – SEBRAE 40
3.3 – Legislação 48
3.3.1 – Sistema Tributário Brasileiro 50
3.3.1.1 – Necessidade de mudanças na Legislação 55
3.3.1.2 – A sociedade civil, os interesses políticos e econômicos 59
3.4 – Crédito 61
CONCLUSÃO 67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 70
v
ÍNDICE DE TABELAS
1. Taxa de Atividade Empreendedora Total por país – 2000 a 2004 e Relação
entre TEA e a Renda per capita – 2004 10
2. Definições para Empresas pelo número de pessoas ocupadas 16
3. Número, participação e crescimento das empresas formais por porte, atividade
e região 2002/1996 22
4. Número, participação e crescimento de pessoas ocupadas nas empresas
formais por porte, atividade e região 2002/1996 23
5. Participação e crescimento da massa de salários e rendimentos pagos, nas
empresas formais por porte, atividade e região 2002/1996 24
6. Empresas abertas, estimativa de empresas encerradas, redução de postos de
trabalho e recursos investidos – 2000 a 2002 26
7. Evolução do número de empresas informais e de pessoas ocupadas 1997 –
2003 30
8. Resultados financeiros em R$, por tipo de empresa do setor informal – Brasil –
1997 – 2003 30
9. Participação das empresas informais por tipo, grupo de atividades e valor das
receitas – 2003 31
10. Participação das empresas informais por tipo, classes de receita e estimativa
de contribuição pelo SIMPLES no caso de formalização – 2003
31
11. Motivação para empreendedores informais, por tipo de empresa e gênero –
2003 32
12. Origem dos recursos das empresas informais – 2003 33
13. Composição das Receitas do Sistema SEBRAE – 2005 43
14. Distribuição do Orçamento SEBRAE – 2005 43
15. Definições para MPEs em relação à receita bruta anual
50
16. Impostos Federais sobre faturamento bruto anual – ME e EPP 51
17.Total de desembolso do BNDES – 2000 a 2005 64
vi
ÍNDICE DE FIGURAS
1. Evolução do TEA Brasil por necessidade e oportunidade 11
2. Participação no empreendedorismo brasileiro por gênero 2000 a 2004 12
3. Proporção de empreendedores por escolaridade – 2004 13
4. Proporção de empreendedores por setor econômico – 2004 14
5. Participação das empresas brasileiras por porte – 2002 17
6. Variação percentual no número de empresas, por porte e atividade –
2002/1996 18
7. Participação das empresas formais por atividade – 2002 19
8. Setores de atividade das empresas extintas por região – 2000 a 2002 27
9. Mapa das Incubadoras de Empresas – Fiesp 39
10. Evolução do número de negócios nas Feiras do Empreendedor
SEBRAE 2003 – 2004 46
11. Participação por tipo de empresa, no total de desembolso do BNDES – 2000 a
2005 64
vii
RESUMO
Belucci, Márcia C. O Empreendedorismo no Brasil e as Micro e Pequenas Empresas.Professor – Orientador: M.Sc. Prof. Ernesto Dimas PaulellaBanca Examinadora: M.Sc. Profª. Laura Aparecida Savitci
O EMPREENDEDORISMO NO BRASIL E AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS.
A origem do empreendedorismo na economia faz parte deste trabalho, com
enfoque na motivação do brasileiro para empreender. O objetivo é traçar o perfil
do empreendedor nacional e as características do seu negócio. Neste estudo foi
avaliada a situação das micro e pequenas empresas, como materialização do
empreendedorismo no Brasil, pontuando a representatividade e importância
socioeconômica deste segmento, como gerador de emprego e renda.
Apresentam-se os fatores e taxas de mortalidade dos empreendimentos
brasileiros, bem como as razões e números que levam e mantêm o
empreendedor na informalidade. Analisam-se as condições vivenciadas pelo
empreendedor brasileiro, tanto as facilitadoras, quanto os entraves ao
crescimento e desenvolvimento do seu negócio. São apresentados os detalhes
sobre a legislação vigente, as expectativas e necessidades das MPEs, sobre o
enfoque tributário e fiscal, bem como as condições para captação de recursos
financeiros e principalmente a influência e importância que a capacitação
representa no sucesso e desenvolvimento dos micros e pequenos
empreendimentos brasileiros.
Palavras-chave: empreendedorismo, micro e pequenas empresas, impactos
socioeconômicos, capacitação.
viii
INTRODUÇÃO
Este trabalho trata do Empreendedorismo no Brasil e da importância das
micro e pequenas empresas na economia nacional.
O primeiro capítulo aborda a origem econômica do empreendedorismo,
seus precursores teóricos e os conceitos atuais sobre o tema. A partir daí, traça-
se um pequeno roteiro sobre a postura da sociedade brasileira quanto ao
conceito de carreira, emprego e objetivos pessoais e como estes valores tem
influenciado as relações de trabalho frente às mudanças impostas pela
globalização da economia.
Descreve-se ainda, o perfil dos empreendedores brasileiros e a partir da
Pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor – GEM Brasil 2004, apresenta-se
os números da força de trabalho ativa envolvida na abertura de novos negócios
em 34 países e como estão divididos no Brasil os mais de 15 milhões de
empreendedores que iniciaram um negócio em no máximo 42 meses, além de
identificá-los por gênero, escolaridade, idade e renda familiar e como a
participação e evolução de cada uma destas características, exerce influência
sobre a evolução dos empreendimentos por necessidade e oportunidade.
Finalizando este capítulo, apresenta-se a proporção de empreendedores
por setor econômico no Brasil, comparando-os com os grupos de países de alta e
baixa renda.
O segundo capítulo trata das micro e pequenas empresas brasileiras que
são a materialização do empreendedorismo nacional. Através dos números
apresentados pelo Boletim Estatístico desenvolvido pelo SEBRAE com base nos
dados do IBGE, comprova-se a importância dos micro e pequenos negócios na
economia brasileira como geradores de emprego e renda, além de comparar a
participação e o crescimento das empresas formais por porte, por atividades e
pelas regiões do país, entre os anos de 1996 e 2003.
Estão relacionadas ainda, as taxas de mortalidade das empresas com um
a três anos de atividades, os recursos investidos, a redução dos postos de
trabalho por regiões brasileiras e por tipo de atividade e as razões apontadas
pelos empreendedores como causa do fracasso destes negócios. Encerrando o
1
capítulo, expõe-se a dimensão do mercado informal brasileiro, tanto em número
de empresas por atividade, quanto de pessoas empregadas e os resultados
financeiros obtidos, bem como, a motivação para empreender e uma estimativa
de arrecadação caso fossem formalizadas.
No terceiro capítulo, discute-se as condições para empreender no Brasil,
apresentando os pontos que viabilizam ou atrasam o sucesso destes negócios.
Abordando inicialmente o planejamento, de inegável importância na concepção e
gestão de um projeto e como a sua ausência ou deficiência nos micros e
pequenos empreendimentos tem atrapalhado a sustentabilidade deste grupo de
empresas. Conseqüência da falta de capacitação dos microempreendedores, que
vem sendo combatida por algumas instituições nacionais, entre elas o SEBRAE,
cuja variedade de eventos e serviços oferecidos em todo o território nacional, tem
feito a diferença não só aos empreendedores, como tem chamado a atenção do
Executivo e Legislativo Nacionais sobre a representatividade e importância deste
segmento na economia brasileira.
Encerra-se, com as conquistas legais e creditícias, alcançadas ao longo
dos anos, como o SIMPLES Federal, o Estatuto da Microempresa e da Empresa
de Pequeno Porte e o Microcrédito e os impactos socioeconômicos destes
benefícios, além de abordar a disposição da sociedade civil em exigir mudanças e
da classe política em representá-la com excelência.
OBJETIVOS
O objetivo principal deste trabalho é determinar dentro do atual sistema
socioeconômico nacional, a importância e a dimensão da capacidade
empreendedora do povo brasileiro e apontar as condições para o seu crescimento
e fortalecimento.
Pretende inicialmente, buscar a origem do conceito econômico do
Empreendedorismo e a partir daí traçar o perfil dos empreendedores e
empreendimentos brasileiros e as condições atuais para iniciar um pequeno
negócio no Brasil.
2
METODOLOGIA
A primeira ação para a execução deste trabalho foi à participação nos
cursos On line oferecidos pelo SEBRAE que são voltados a formação de
empreendedores. Isto permitiu conhecer as informações consideradas
fundamentais para iniciar um negócio ou renová-lo e entender qual é a ótica do
atual empreendedor brasileiro.
Este mesmo site possui um grande acervo de pesquisas realizadas em
parceria com diversas instituições, como o IBGE e a Global Entrepreneurship
Research Association, entre outras. A abrangência destes dados permitiu uma
análise aprofundada do relevante papel dos micro e pequenos empreendimentos
no cenário econômico nacional.
Os Projetos de Lei Complementar e as Medidas Provisórias em andamento
no Congresso Nacional de interesse do segmento e que podem ampliar a
geração de emprego e renda nacionais, foram acompanhados através de
cadastramento no endereço eletrônico da Câmara Federal. A legislação vigente
aplicada as micro e pequenas empresas também foi obtida e confirmada nesta
fonte.
Paralelamente e servindo de suporte, autores como Fernando Dolabela e
Filion foram amplamente utilizados.
3
CAPÍTULO 1 – ORIGEM DO EMPREENDEDORISMO
Muitas são as abordagens e definições sobre empreendedorismo e sua
importância no desenvolvimento econômico. Os pesquisadores são unânimes em
afirmar que a o conceito deste tema está na obra de Richard Cantillon1. Para
quem o empreendedor era aquele que comprava a matéria prima por um preço
certo e a revendia por preço incerto, e, quando lucrava além do esperado, isto era
fruto da inovação, porque fizera algo de novo e diferente (FILION, 1999, p. 17).
Porém, por ter criado a teoria das funções do empresário, Jean Baptiste
Say (1767-1832)2 é considerado o pai do empreendedorismo e Joseph Alois
Schumpeter (1883-1950) o consolidador do conceito do empreendedorismo por
associá-lo à inovação (FILION, 1999, p. 17-18).
SANDRONI (2005, p. 758) descreve que para Schumpeter: (...) o
início de um novo ciclo econômico viria principalmente das
inovações tecnológicas introduzidas por empresários
empreendedores. (...) por “inovações tecnológicas”, Schumpeter
entende cinco categorias de fatores: a fabricação de um novo
bem, a introdução de um novo método de produção, a abertura de
um novo mercado, a conquista de uma nova fonte de matérias
primas, a realização de uma nova organização econômica (...).
1 Richard Cantillon (1680-1734), um banqueiro e economista francês, autor do
Ensaio sobre a Natureza do Comércio em Geral, de 1730, publicado em 1755,
onde define a terra como a única fonte de riqueza, na forma de excedente
econômico, obra considerada a mais sistemática exposição dos princípios
econômicos que se fez antes de A Riqueza das Nações, de Adam Smith.
(SANDRONI, 2005, p. 115).
2 Jean Baptiste Say, industrial e economista clássico francês, divulgador da obra
de Adam Smith elaborou em 1803 a Lei dos Mercados (Lei de Say).
4
“Empreendedor é aquele capaz de visualizar uma realização futura e,
através do seu trabalho e recursos, combinado ao trabalho e recursos de
terceiros, torná-la realidade” (SCHUMPETER, 1934, apud - Serviço Brasileiro de
Apoio às Pequenas e Médias Empresas - SEBRAE, – Curso - Aprender a
Empreender. Disponível em: http://educacao.sebrae.com.br. Acesso em: 23 maio
2005).
Ao longo do tempo, o Empreendedorismo passou a despertar o interesse
de estudiosos de múltiplas áreas, que buscaram delinear as características da
personalidade dos empreendedores e encontraram muitas similaridades e
contradições neste perfil psicológico.
Para definir o empreendedor atual, primeiro é necessário separar o
empreendedor inovador do intra-empreendedor, que é o novo modelo de
funcionário desejado pelas grandes companhias, atua como um gerente, um
administrador em uma empresa já estabelecida e promove a junção de velhas
idéias de maneira criativa, utilizando os recursos existentes e também obtendo e
mantendo excelentes resultados.
Para FILION (1999, p. 18) não há uma teoria econômica de consenso
sobre o Empreendedorismo e para os economistas ele “é uma função”.
O objeto deste estudo é o empreendedor inovador, que tem o papel de
desenvolver a economia, gerar emprego e distribuição justa de renda.
Cabe destacar o conceito utilizado pelo – SEBRAE, (Curso - Aprender a
Empreender. Disponível em: http://educacao.sebrae.com.br. Acesso em: 23 maio
2005):
“Empreendedor é o indivíduo que possui uma atitude de inquietação,
ousadia e proatividade na relação com o mundo. Essa postura, condicionada por
características pessoais, pela cultura e pelo ambiente, favorece a interferência
criativa e realizadora, no meio, resultando em ganhos econômicos e sociais”.
Os estudos sobre Empreendedorismo se intensificam e demonstram ser
mais do que um assunto passageiro. Ganhou destaque em pesquisas científicas
e posteriormente na mídia, por ser inegável sua importância na economia. De
onde nasceram grandes organizações que através do emprego e impostos são
um dos alicerces no desenvolvimento amplo de um país.
5
1.1 – EMPREENDEDORISMO NO BRASIL
Mantendo o padrão, mesmo que inconscientemente dos nossos
descobridores, a sociedade brasileira acreditou que algumas profissões seriam
garantia e reconhecimento de sucesso e consequentemente teriam estabilidade
de emprego e situação financeira privilegiada.
Nos vestibulares, desde as mais conceituadas universidades até as recém
constituídas, a procura pelos cursos de medicina, direito e engenharia, continua
sendo intensa. Por outro lado, os concursos públicos da União e dos Estados
estão cada dia mais concorridos. O que comprova que, assim como no Império,
ser padre, militar, funcionário público ou usar um “anel de doutor”, continua
sendo o sonho de muitos que ocupam as cadeiras dos pré-vestibulares e
concursos públicos.
Do outro lado, uma massa de trabalhadores com baixa escolaridade,
muitos migrados da zona rural, executaram durante anos, funções operacionais
nas indústrias de transformação no nosso país.
Com o crescimento e globalização da economia mundial, as indústrias
brasileiras passaram a utilizar alta tecnologia, aumentando a produtividade e
qualidade com um número cada dia mais reduzido de mão de obra, objetivando
manter e conquistar novos mercados, uma vez que a concorrência se torna cada
dia mais acirrada.
Aos que tem acesso à formação universitária e até especializações é dado
o domínio de conhecimentos tecnológicos e estratégicos a serem aplicados em
diversas áreas das grandes empresas ou no Estado.
A expectativa é desenvolver e aplicar essas informações, onde alguém
lhe ofereça um trabalho com um problema já instalado e a necessidade de
mercado identificada. Este é o modelo de economia que precisa formar
empregados. Hoje o que se têm é oferta reduzida de empregos, salários
sucateados e instabilidade de emprego.
Os valores da nossa sociedade têm contribuído negativamente, para o
rompimento dessa mentalidade dependente nas relações de trabalho, tão útil no
modelo econômico que se esgotou. Situação diariamente comprovada pelas
6
altíssimas taxas de desemprego, dificuldade da obtenção do primeiro emprego e
da quase inatingível recolocação.
No inconsciente coletivo a idéia de que “sou brasileiro e não desisto
nunca”, está mais ligada a capacidade de resistência e adaptação as condições
adversas, do que a força para exigir mudanças econômicas e estruturais que
possam pelo menos amenizar a situação atual no curto prazo.
Forjar este novo comportamento, que alie as tão faladas, criatividade,
entusiasmo e “jeitinho” brasileiros, tem exigido dedicação de pesquisadores,
muito trabalho da sociedade civil e sacrifício de todos, para enfim desenhar o
modelo de organização com sucesso financeiro e qualidade de vida.
O potencial empreendedor do Brasil parece ser tão grande quanto seu
território e justamente é esta diversidade cultural a fonte das inúmeras
possibilidades e do diferencial regional a ser agregado em nossos produtos.
Apesar de tantas possibilidades tipicamente brasileiras e dos problemas
competitivos que a economia globalizada impõe, alguns entraves nacionais
atrapalham nossa economia, como a falta de capacitação para empreender, a
burocracia e a indolência dos legisladores.
1.1.1 – CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDEDORES
A cultura empreendedora tem conseguido chamar atenção das mais
diferentes vertentes da sociedade. Tanto dos jovens estudantes sobre a
necessidade de aliar formação específica a conduta empreendedora na área que
pretendem atuar, quanto dos já empregados ou novos desempregados das
grandes companhias, que hoje necessitam mais de “colaboradores”, que de
comandados.
O empreendedor é voltado para a realização, prefere decidir e assumir
riscos estudados e calculados. Tem muita imaginação, criatividade e energia para
o trabalho. É aquele que idealiza, planeja, executa e leva em conta as suas
preferências, estilo de vida e crenças, que unidas são fontes de motivação e
realização pessoal.
7
O comportamento empreendedor é facilmente identificado nos negócios
iniciados pela capacidade de explorar oportunidades e um inabalável
comprometimento do seu idealizador, independente dos recursos disponíveis.
Garantir que o indivíduo que possua o perfil do empreendedor terá
sucesso, não é uma afirmação verdadeira, porém a contrapartida certamente o é.
Pois sem este perfil, dificilmente a pessoa alcançará seu objetivo. Além disso,
identificar nos empreendedores de sucesso, suas qualidades e aptidões,
encurtará o caminho para os potenciais empreendedores, a aperfeiçoar e
desenvolver as habilidades fundamentais para atingir seus propósitos.
Parece ser mais relevante identificar como são os empreendedores do que
o que eles sabem. Reconhecer o comportamento empreendedor que leva ao
sucesso, antes de conhecer quais são as ferramentas gerenciais utilizadas, ou
seja, a pessoa com características empreendedoras, será capaz de aprender o
que for necessário para desenvolver o seu negócio. (DOLABELA, 1999, p. 70).
A discussão para definir exatamente se sempre um empreendedor será um
empresário e vice e versa, torna-se irrelevante quando o que se busca e trazer à
tona, as possibilidades de empreendimento que movem a economia brasileira
atual.
No Brasil existem alguns exemplos de empreendedores que alheios a toda
à adversidade, transformaram o seu sonho em realidade. E outros que aliaram a
condição favorável de herdeiros de uma empresa, a transformaram e ampliaram.
Os empreendimentos podem acontecer de forma voluntária, ou seja,
quando um indivíduo com todas as características atribuídas a um empreendedor,
identifica uma oportunidade, ou de forma involuntária, por necessidade, porém
nem sempre uma boa idéia se transformará em uma oportunidade.
A vivência de cada indivíduo o faz mais ou menos capaz de identificar uma
oportunidade. Certamente o conhecimento adquirido e acumulado possibilita a
condução e desenvolvimento da idéia, tornando-a uma oportunidade de negócio.
A experiência profissional ou convivência social está normalmente ligada
ao desenvolvimento da idéia de negócio. Raramente, ou então, com muito mais
dificuldade e tempo, uma oportunidade surgirá em um campo não familiar ao
empreendedor. As características empreendedoras de um indivíduo estão
diretamente ligadas ao meio em que ele vive. Há profissionais que identificam
possibilidades não atendidas pelas companhias onde trabalham, conhecem o
8
negócio, os clientes potenciais, as necessidades do mercado, a vida útil do
produto, a viabilidade financeira do negócio e a tecnologia necessária. A
transformação da sua idéia em produto desejável torna-se aparentemente mais
fácil, pois muitos caminhos de amadurecimento e validação foram paralelamente
percorridos.
Seria correto afirmar que um empreendedor de sucesso consegue
transformar idéia e conhecimento em produto desejável que movimenta a
economia.
“Um indivíduo que identifica oportunidades e para explorá-las toma
iniciativa de reunir, organizar ou administrar recursos na forma de uma empresa
autônoma, assumindo uma quantidade significativa de risco associado com a
participação acionária nesta empresa, comprometendo-se pessoalmente com o
resultado”. (DRUCKER, apud - SEBRAE – Curso - Aprender a Empreender.
Disponível em: http://educacao.sebrae.com.br. Acesso em: 23 maio 2005).
1.2 – EVOLUÇÃO DO EMPREENDEDORISMO BRASILEIRO
Global Entrepreneurship Monitor - GEM Brasil é uma parceria entre
pesquisadores da Babson College (EUA), London Business School e Global
Entrepreneurship Research Association - GERA (Inglaterra) com o Instituto
Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Paraná - IBQP, SEBRAE, Instituto
Euvaldo Lodi - IEL/PR e Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR.
As equipes GEM, presentes em todos os continentes, trabalham e trocam
conhecimento, procurando adaptar e indicar experiências de sucesso, as políticas
voltadas ao desenvolvimento econômico e social de cada país, sabendo-se que
há uma grande população de empreendedores ao redor do mundo.
A pesquisa baseia-se na Taxa de Atividade Empreendedora Total – TEA,
que é a força de trabalho ativa envolvida na abertura de novos negócios ou
administrando empreendimentos cuja existência é inferior a 42 meses. Em 2004 a
estimativa de participantes superou os 73 milhões de adultos entre 18 a 64 anos.
As variações do TEA estão entre 1,5% do Japão até 40,3% do Peru (tabela
1) (GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR – Empreendedorismo no Brasil
9
2004, Disponível em: http://www.sebrae.com.br. Acesso em: 29 maio 2005 e 2004
WALES EXECUTIVE REPORT, Disponível em: http://www.gemconsortium.org/.
Acesso em: 06 setembro 2005 ).
Tabela 1 – Taxa de Atividade Empreendedora Total por país – 2000 a 2004 e
Relação entre TEA e a Renda per capita – 2004
Fonte: GEM 2004
O Brasil esta na mesma posição da Argentina e Jordânia, na relação entre
a TEA3 e a renda per capita 2004 (menos de US$ 10.000). Estando à frente
somente do Peru, Uganda e Equador .
3 O TEA Brasil é resultado de questionários aplicados em quatro mil pessoas,
proporcionalmente a representação de cada região do país na população total,
com idades de 18 a 64 anos.
Atividade empreendedora total 2000 - 2004, por país Relação entre TEA e PIB percapita
TEA TEA TEA TEA TEA População Trabalhadores Estimativa Baixa Média Alta18-64 anos ativos participantes >US$10.000
2000 2001 2002 2003 2004 2004 2003 TEA <=US$10.000 <=US$25.000 >US$25.000
Peru 40,30 15.680.000 10.400.000 6.325.000 xUganda 29,30 31,60 10.608.000 12.100.000 3.356.000 xEquador 27,20 7.264.000 5.100.000 1.979.000 xJordânia 18,30 3.078.000 1.400.000 562.000 x
Nova Zelândia 18,10 14,00 13,60 14,70 2.496.000 2.020.000 366.000 xIslândia 11,30 11,20 13,60 181.000 160.000 25.000 xBrasil 21,40 12,70 13,50 12,90 13,50 114.005.000 85.830.000 15.368.000 x
Austrália 15,20 15,50 8,70 11,60 13,40 12.542.000 10.150.000 1.678.000 xArgentina 9,20 11,10 14,20 19,70 12,80 22.895.000 13.930.000 2.940.000 x
Estados Unidos 16,60 11,60 10,50 11,90 11,30 183.430.000 146.510.000 20.783.000 xCanadá 12,20 11,00 8,80 8,00 8,90 21.060.000 17.050.000 1.864.000 xPolônia 10,00 4,40 8,80 25.265.000 17.050.000 2.231.000 xIrlanda 12,20 9,10 8,10 7,70 2.502.000 1.920.000 193.000 x
Noruega 11,90 8,80 8,70 7,50 7,00 2.824.000 2.370.000 197.000 xIsrael 7,10 5,70 7,10 6,60 3.617.000 2.610.000 239.000 x
Reino Unido 6,90 7,80 5,40 6,40 6,30 37.582.000 29.930.000 2.349.000 xFrança 5,60 7,40 3,20 1,60 6,00 37.064.000 27.010.000 2.235.000 xGrécia 6,80 5,80 6.780.000 4.450.000 391.000 x
Cingapura 4,20 6,60 5,90 5,00 5,70 3.142.000 2.150.000 179.000 xÁfrica do Sul 9,40 6,50 4,30 5,40 25.122.000 16.200.000 1.357.000 xDinamarca 7,20 8,00 6,50 5,90 5,30 3.402.000 2.870.000 181.000 xEspanha 6,90 8,20 4,60 6,80 5,20 26.110.000 18.820.000 1.345.000 xHolanda 6,40 4,60 3,60 5,10 10.469.000 8.150.000 535.000 x
Alemanha 7,50 8,00 5,20 5,20 5,10 52.404.000 39.510.000 2.672.000 xFinlândia 8,10 7,70 4,60 6,90 4,40 3.289.000 2.600.000 144.000 x
Itália 7,30 10,20 5,90 3,20 4,30 37.162.000 24.150.000 1.605.000 xHungria 11,40 6,60 4,30 6.550.000 4.150.000 281.000 xPortugal 7,10 4,00 6.603.000 5.410.000 261.000 xSuécia 6,70 6,70 4,00 4,10 3,70 5.510.000 4.450.000 204.000 xCróacia 3,60 2,60 3,70 2.841.000 2.100.000 106.000 xBélgica 4,80 4,50 3,00 3,90 3,50 6.424.000 4.710.000 223.000 x
Hong-Kong 3,40 3,20 3,00 4.777.000 3.500.000 142.000 xEslovênia 4,60 4,10 2,60 1.344.000 960.000 35.000 x
Japão 6,40 5,20 1,80 2,80 1,50 80.830.000 66.660.000 1.196.000 xTotal 784.852.000 596.380.000 73.547.000
10
Os países com baixa renda e TEA alta têm características inversas aos de
renda alta e TEA alta, ou seja, possuem maior número de empreendedores por
necessidade, baixo nível de escolaridade, baixa inovação tecnológica e
despertam poucos interesses nos investidores.
Entre os 34 países pesquisados, o Brasil ocupa a 7ª posição, com uma
TEA de 13,50%, no que se refere a abrir um negócio próprio. Sendo estimado que
dos 15.368.000 brasileiros empreendedores, 35% iniciaram um negócio a menos
de 3 meses e 65% de 3 a 42 meses.
Os números que identificam a motivação para empreender no Brasil,
demonstram claramente os gravíssimos problemas socioeconômicos brasileiros.
Os motivados a empreender, por oportunidade são 54% o que coloca o país em
18º posição no ranking em 2004, com TEA de 7,0%. (figura 1). Já os que
iniciaram um negócio por necessidade são 46% e coloca o Brasil em 8º posição
no ranking, com TEA de 6,2%.
Figura 1 – Evolução do TEA Brasil por necessidade e oportunidade
Fonte: GEM Brasil 2004.
Os empreendimentos no Brasil, tanto por oportunidade quanto por
necessidade são na maioria desenvolvidos por homens, sendo que a participação
feminina cresceu nos últimos 3 anos (figura 2) e é maior quando motivada pela
necessidade de complementar a renda familiar, do que na identificação de uma
oportunidade.
11
Figura 2 – Participação no empreendedorismo brasileiro por gênero –
2000 a 2004
Fonte: GEM Brasil 2003-2004.
Os empreendedores brasileiros são em maior número entre os que têm 25
e 34 anos, sendo que a idade tem influenciado na decisão de iniciar um negócio,
pois o número de empreendedores cai a partir dos 35 anos.
Os jovens entre 18 e 24 anos com baixa escolaridade, pela dificuldade de
colocação no mercado de trabalho, procuram empreendimentos pela
necessidade. O nível de escolaridade influencia diretamente no surgimento e
manutenção de empreendimentos por oportunidade.
As escassas ofertas de trabalho no mercado formal, que na grande maioria
estão acompanhadas de alto nível de exigências, tanto de qualificação quanto da
incoerente exigência entre pouca idade e muita experiência, levam o jovem a
empreender em negócios com produtos tradicionais e com pouca perspectiva de
conquistar novos mercados.
Entre os empreendedores brasileiros, 54% (figura 3) chegaram ao ensino
médio, sendo que deste total 30% passaram menos de 5 anos na escola. Apenas
14% dos pesquisados identificados possuem formação superior completa ou
incompleta. Os resultados do Brasil quanto à qualificação são inferiores ao grupo
de países de baixa renda per capita, aonde 23,30% chegam a universidade, e os
de alta renda cuja formação superior ultrapassa a 57% de empreendedores.
Inegavelmente existe uma relação entre a capacidade de um país em
educar e do seu povo em criar e desenvolver uma oportunidade.
12
Figura 3 – Proporção de empreendedores por escolaridade – 2004
Fonte: GEM Brasil 2004
Quanto à renda familiar, para 80% dos empreendedores brasileiros ela é
menor que seis salários mínimos sendo que deste total, para 50% é inferior a 3
salários mínimos. Os empreendedores por oportunidade possuem renda familiar
superior a 15 salários mínimos.
Dos empreendedores do país, 70% deles se consideram “empregados”,
independente de estar ou não com registro ou serem trabalhadores autônomos
formalizados.
Conclui-se que o a maioria dos empreendedores brasileiros é autônoma
com baixa qualificação, busca um empreendimento como uma alternativa de
sobrevivência, e tem poucas perspectivas de ampliar o seu negócio e gerar
empregos nos próximos 5 anos.
1.3 – CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDIMENTOS BRASILEIROS
O setor de serviços voltado ao consumidor final representa 58% (figura 4)
do total dos empreendimentos brasileiros, visto que necessitam de pouco
investimento, baixa tecnologia e muitas vezes não estão formalizados. Já no
setor de serviços voltados às empresas, os empreendimentos são de 7% do total
13
criado no Brasil. O setor de transformação do país representa 34% do total de
empreendimentos e somente 1% deles, são criados por negócios extrativistas.
O desempenho destes quatro setores da economia brasileira quando
comparado ao grupo dos países de baixa e alta renda per capita, demonstram
que quanto maior a renda per capita, maior é a participação do setor que atende
as empresas, pela necessidade de grande investimento financeiro e tecnológico.
Já a participação do setor de transformação é maior, quanto menor é a renda.
Em todos os grupos de países, a maioria dos empreendimentos é voltada ao
consumidor final, sendo que a participação é maior quanto menor for a renda.
Figura 4 – Proporção de empreendedores por setor econômico – 2004
Fonte: GEM Brasil 2004
Esta distribuição dos empreendimentos brasileiros pelos setores da
economia pode explicar porquê apenas 1% dos negócios, acredita na
possibilidade de colocar mais de 25% dos seus produtos no mercado externo, 9%
deles de 1 a 25% da sua produção e os 90% restante nem sequer consideram a
hipótese de exportar.
Para abrir um negócio, 66% do capital pertence ao próprio investidor e o
restante é obtido quase que integralmente com familiares e amigos. No Brasil a
média anual do montante por investidor é de US$ 600,00, sendo que a média
mundial é de US$ 10.000.00, conforme a pesquisa GEM.
O perfil do empreendedor brasileiro e o tipo de negócio que ele opera,
estão diretamente ligados as políticas públicas, as dificuldades impostas pelo
sistema financeiro, o custo do dinheiro e a baixa escolaridade, ou seja, são
14
empreendimentos tradicionais voltados ao consumidor final, com grande
concorrência, poucos recursos e ausência de inovações tecnológicas.
15
CAPÍTULO 2 – O PAPEL DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
Para definir a micro e pequena empresa - MPE no Brasil, é necessário
primeiro saber qual é a finalidade para a qual está se conceituando, qual é o
objetivo da definição. Os critérios são os mais distintos, desde o da legislação
federal, que utiliza a receita bruta anual associada ao tipo de atividade exercida,
ao das instituições financeiras oficiais ou até por número de pessoas ocupadas.
O SEBRAE e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE,
adotam a classificação de empresas por número de pessoas ocupadas, onde
consideram os trabalhadores, os sócios e os proprietários. Já o Ministério do
Trabalho e Emprego - MTE, utiliza a base de dados da RAIS - Relação Anual de
Informações Sociais, formada pelos registros das empresas formais que informam
o número de empregados existentes em 31 de dezembro do ano anterior.
A classificação das empresas por porte (tabela 2), considera como
Microempresa – ME, a que, na indústria emprega até 19 pessoas e no comércio
e serviços até 9 pessoas. As classificadas como Pequena Empresa Industrial são
as que mantêm de 20 a 99 pessoas e as do comércio e serviços de 10 a 49
empregados. A Média Empresa contrata na indústria de 100 a 499 pessoas e no
comércio e serviços de 50 a 99 pessoas. E é considerada Grande Empresa, a que
na indústria têm acima de 500 pessoas ocupadas e no comércio e serviços acima
de 100 pessoas.
Tabela 2 – Definições para Empresas pelo número de pessoas ocupadas
Fonte: Sebrae; GMC 90/93 Mercosul
O SEBRAE divulgou no primeiro semestre de 2005, um Boletim Estatístico
de Micro e Pequenas Empresas, onde mostra a participação e evolução das
Microempresa Empresa de Pequeno Média Empresa
Porte
SEBRAE - Comércio/Serviços até 9 10 a 49 50 a 99
SEBRAE - Indústria até 19 20 a 99 100 a 499
Mercosul - Comércio/Serviços 1 a 5 6 a 30 31 a 80
Mercosul - Indústria 1 a 10 11 a 40 41 a 200
16
MPEs na economia do país. Os números apresentados, utilizando os dados do
IBGE4, desconsideram os órgãos governamentais e empresas agrícolas, pois o
objetivo principal é traçar o perfil das empresas formais do setor privado brasileiro.
Quanto ao número de empresas formais no Brasil (tabela 3, p. 21), as MEs
passaram de 2.956.749 em 1996 para 4.605.585 em 2002, um crescimento de
55,77% e a participação passou de 93,22% para 93,64% em 2002 (figura 5).
Figura 5 – Participação das empresas brasileiras por porte – 2002
Fonte: SEBRAE.
No mesmo período, as empresas de pequeno porte - EPPs aumentaram
de 181.115 para 274.009, com evolução de 51,29% e a participação caiu de
5,71% em 1996 para 5,57% em 2002. Neste intervalo de tempo, as médias e
grandes, ampliaram em 15,22% e 12,10% respectivamente, com participações em
2002 de 0,48% e 0,31%.
Juntas as micro e pequenas empresas representavam 98,93% em 1996 e
99,21% em 2002 do total de empresas formais e as médias e grandes empresas
passaram de 1,07% para 0,79%.
Se analisada a evolução no período do número de empresas por porte e
atividade, constata-se que as indústrias de grande porte eram 1521 em 1996 e
1430 em 2002 com variação negativa de 5,98% (figura 6). As empresas
comerciais de grande porte passaram de 2.896 para 2.846 de 1996 a 2002, com
4 IBGE – CEMPRE Cadastro Central das Empresas.
17
redução de 1,73%. O setor de serviços teve as maiores variações do período,
independente do porte das empresas.
Figura 6 – Variação percentual no número de empresas, por porte e atividade – 2002/1996
Fonte: SEBRAE.
De acordo com o SEBRAE, do total de 4.918.348 empresas formais
existentes em 2002, 49,84% (figura 7) delas, atuava no comércio, 37,74% em
serviços, 9,85% na indústria e 2,57% em construção. As participações pouco se
alteraram no total de MEs existentes, ou seja, 50,76% para o comércio, 37,18%
em serviços, 9,53% na indústria e 2,52% construção.
Entre o total de EPPs, a maior concentração estava na prestação de
serviços com 44,75%, tendo ainda uma significativa participação das pequenas
empresas comerciais com 38,65%, além de 13,59% na indústria e 3,02% na
construção.
As 23.652 médias empresas concentraram-se em serviços com 44,60%, a
indústria representou 27,68%, o comércio 20,56% e construção 7,16%. Do total
de 15.102 grandes empresas, 70,22% desempenhavam atividades em serviços,
18,85% em comércio, 9,47% em indústrias e 1,46% em construção.
18
Figura 7– Participação das empresas formais por atividade – 2002
Fonte: SEBRAE.
A região norte do país teve o maior crescimento quanto ao número de
empresas, com 89,06% para as MEs, as EPPs com 86,12%, além de estar à
frente quanto ao total de empresas no período, com 88,31%, seguida pelas
regiões nordeste com 77,00%, centro-oeste com 66,20%, região sul com 54,14%
e sudeste com 47,06%.
O bom desempenho das indústrias de grande porte ocorreu na região
norte com crescimento de 31,82% e no sul com 8,74%, ao passo que no sudeste,
nordeste, centro-oeste houve um decremento de 12,58%, 6,35% e 6,12%
respectivamente.
Quanto ao número de pessoas ocupadas no país, as MEs empregaram em
1996, 6.878.964 funcionários formais e em 2002 um total de 9.967.097 (tabela 4,
p. 23), o que representa um crescimento de 44,89% no período e a participação
passou de 31,85% para 36,17%. Nas EPPs o total de pessoas contratadas em
1996 e 2002 foi de 4.054.635 e 5.789.875 respectivamente, com incremento de
42,80% e participação de 18,77% para 21,01%.
Nas médias empresas a evolução foi de 9,13% com participação de
11,46% para 9,80% e as grandes empresas cresceram 11,12% no período com
participação de 37,92% para 33,03%. O conjunto das MPEs teve uma evolução
percentual de 50,62% para 57,17% no total de postos de trabalho e as médias e
grandes reduziram sua participação de 49,38% para 42,83%. Na média de 2002,
19
o setor de serviços foi o maior empregador em todas as regiões do país
independente do tamanho da empresa, totalizando 11.706.340 pessoas (42,48%).
Na massa de salários, a participação das micro empresas evoluiu de 7,32%
(tabela 5, p. 24) para 10,26% de 1996 para 2002 e a participação das empresas
de pequeno porte passou de 12,77% para 15,70% no mesmo período. Já as
médias tiveram sua participação diminuída de 13,27% para 12,73% e as grandes
de 66,63% para 61,31%. Agrupadas as MPEs de 1996 a 2002, aumentaram de
20,10% para 25,96% a sua parcela na massa de salários.
O maior crescimento de empresas na região norte, possibilitou um aumento
no número de pessoas empregadas de 58,70% e da massa de salários em
37,40%. O desempenho da região sul foi ainda melhor com o aumento de 36,27%
no número de pessoas, acompanhado por um aumento da massa de salários de
23,88%, dentro do aumento do número de empresas em 2002 de 54,14%.
O pequeno crescimento da massa de salários de 1,35% na região centro-
oeste foi conseqüência da redução significativa no número de pessoas
empregadas na grande empresa dos setores industrial e da construção civil
(18,14% e 35,64%), com reflexo direto na massa de salários em todas as
atividades deste porte.
A crescente participação das MPEs e sua importância na economia
brasileira, principalmente as MEs, é incontestável, porém ainda que sejam em
maior número e empreguem mais pessoas, os melhores salários continuam
concentrados nas grandes empresas. Este fato reforça a tese de que a
microempresa nacional utiliza mão de obra pouco qualificada com alta
concentração em atividades ligadas à venda de serviços.
Cabe lembrar que arcar com os encargos sociais dos empregados é
extremamente difícil para o microempresário e o repasse ao cliente torná-se
quase impossível devido a grande concorrência.
Além destas características, a marca das MPEs brasileiras, que é um dos
seus principais problemas é a fusão que existe entre a empresa e seus
proprietários. Não existe uma definição de onde começa a pessoa jurídica e
acaba a pessoa física, confusão decorrente da falta de conhecimento e
experiência do empreendedor tanto das áreas da empresa, como do mercado
competitivo e globalizado no qual as MPEs pretendem se manter.
20
No início de 2004, o SEBRAE realizou uma pesquisa com empresários
para que estes indicassem os motivos que os levaram ao sucesso. Foram
consideradas por eles como fundamentais, as suas habilidades gerenciais, como
conhecimento do mercado e estratégia de vendas. O segundo fator foi à
capacidade empreendedora, ou seja, criatividade, perseverança, liderança e
talento para identificar oportunidades. Também consideraram importante,
reinvestir o capital na empresa.
Todos estes pontos indicam que a pequena empresa nacional entre tantas
dificuldades, depara com a falta de capacitação, que em sendo adquirida e
aprimorada ajudará a eliminar ou diminuir problemas gerenciais e identificar
alternativas para o crescimento do segmento.
21
Tabela 3 – Número, participação e crescimento das empresas formais por porte, atividade e região 2002/1996
Fonte: SEBRAE.
22
Tabela 4 – Número, participação e crescimento de pessoas ocupadas nas empresas formais por porte, atividade e região 2002/1996
Fonte: SEBRAE
23
Tabela 5 – Participação e crescimento da massa de salários e rendimentos pagos, nas empresas formais por porte, atividade e região 2002/1996
Fonte: SEBRAE. Valores constantes em R$ milhões, deflator IPCA – IBGE.
24
2.1 – MORTALIDADE DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
Para possibilitar o crescimento das micro e pequenas empresas
brasileiras, além de identificá-las é preciso conhecer as causas dos altos índices
de mortalidade existentes neste segmento. Estando todas as empresas inseridas
no mesmo ambiente socioeconômico e objetivando a sua manutenção e
crescimento neste cenário, somente conhecendo as razões da extinção destas, é
possível entender e fortalecer as MPEs nacionais.
A curta sobrevivência de um grande número de empresas compromete
todo o país à medida que reflete diretamente na produção e geração de renda,
nas perdas do capital investido e principalmente de inúmeros postos de trabalho,
interrompendo o ciclo virtuoso entre os setores da economia.
Numa parceria entre a Fundação Universitária de Brasília – FUBRA e o
SEBRAE, no inicio de 2004 foi realizada uma pesquisa para identificar a taxa de
mortalidade das empresas constituídas em 2000, 2001 e 2003, utilizando o
cadastro das Juntas Comerciais Estaduais. A partir destes dados apurou-se que
59,92% das empresas brasileiras fecham com até quatro anos de atividades,
56,45% com até três anos e 49,37% com até dois anos (tabela 6).
Estes percentuais representam que das 1.396.664 empresas abertas neste
período, mais de 275 mil delas com investimento de R$ 6,6 bilhões, encerraram
suas atividades em 4 anos e devolveram ao mercado 924 mil trabalhadores. Com
até 3 anos de funcionamento, somaram-se mais 277 mil empresas encerradas
com investimento de R$ 6,7 bilhões e mais de 705 mil postos de trabalho.
Finalizando, apareceram as quase 220 mil empresas que foram extintas com até
2 anos, cujo investimento atingiu R$ 6,4 bilhões e empregou quase 685 mil
trabalhadores.
No total foram extintas mais de 772 mil empresas, com investimento de R$
19,7 bilhões e 2,3 milhões de pessoas fadadas ao desemprego ou a
informalidade. As taxas de mortalidade das empresas oscilam pelas regiões do
Brasil, onde para as empresas estabelecidas por até 4 anos, a maior variação foi
de 62,70% no nordeste, o que representa o fechamento de mais de 53 mil
empresas e 191.948 desempregados e a menor de 53,40% na região norte. A
25
menor taxa para empresas com até 3 e 2 anos de funcionamento, ocorreu nas
regiões norte e nordeste com 51,60% e 46,70% respectivamente.
Tabela 6 – Empresas abertas, estimativa de empresas encerradas, redução
de postos de trabalho e recursos investidos – 2000 a 2002
Fonte: SEBRAE.
2000
regiões Empresas Taxa Empresas Perda Recursos
brasileiras Abertas Mortalidade Encerradas de investidos
Empresas Ocupações em milhões
Sul 105.331 58,90% 62.040 254.364 R$ 958
Sudeste 209.646 61,10% 128.094 384.282 R$ 3.044
Centro-Oeste 37.143 53,90% 20.020 66.066 R$ 578
Nordeste 85.038 62,70% 53.319 191.948 R$ 1.858
Norte 23.444 53,40% 12.519 27.542 R$ 184
Brasil 460.602 59,92% 275.992 924.202 R$ 6.621
2001
regiões Empresas Taxa Empresas Perda Recursos
brasileiras Abertas Mortalidade Encerradas de investidos
Empresas Ocupações em milhões
Sul 111.853 60,10% 67.224 161.338 R$ 2.402
Sudeste 222.480 56,70% 126.146 277.521 R$ 2.775
Centro-Oeste 45.025 54,60% 24.584 68.835 R$ 725
Nordeste 87.941 53,40% 46.960 159.664 R$ 632
Norte 23.612 51,60% 12.183 37.767 R$ 169
Brasil 490.911 56,45% 277.097 705.125 R$ 6.703
2002
regiões Empresas Taxa Empresas Perda Recursos
brasileiras Abertas Mortalidade Encerradas de investidos
Empresas Ocupações em milhões
Sul 98.734 52,90% 52.230 214.143 R$ 1.916
Sudeste 207.132 48,90% 101.288 283.606 R$ 2.735
Centro-Oeste 39.456 49,40% 19.491 85.760 R$ 1.049
Nordeste 79.951 46,70% 37.337 75.954 R$ 545
Norte 19.878 47,50% 9.442 25.493 R$ 227
Brasil 445.151 49,37% 219.788 684.956 R$ 6.471
2000 a 2002 Empresas Empresas Perda Recursos
regiões Abertas Encerradas de investidosOcupações em milhões
Sul 315.918 181.494 629.845 R$ 5.276
Sudeste 639.258 355.528 945.409 R$ 8.554
Centro-Oeste 121.624 64.095 220.661 R$ 2.352
Nordeste 252.930 137.616 427.566 R$ 3.034
Norte 66.934 34.144 90.802 R$ 580Brasil 1.396.664 772.877 2.314.283 R$ 19.795
26
Dentre as empresas extintas 21% empregavam 1 pessoa, 75% de 2 a 9,
3% de 10 a 19 e 1% mais de 20 pessoas, ou seja, 96% eram microempresas.
Quanto aos setores de atividade destas empresas, há uma variação conforme a
região do país, sendo que a média nacional é de 51% atuando no comércio, 47%
em serviços e 2 % na indústria (figura 8).
Figura 8 – Setores de atividade das empresas extintas por região –
2000 a 2002
Fonte: SEBRAE.
Independente da região ou do ramo de atividade das empresas extintas, a
maioria aponta que a principal razão para o fracasso do negócio esta ligada a
problemas no planejamento inicial e deficiências gerenciais, que refletiram
diretamente nas condutas inadequadas como, a má escolha do ponto, capital de
giro insuficiente com problemas no fluxo de caixa, desconhecimento da legislação
específica, fatores agravados pelos problemas econômicos do país e pela
influência que a vida pessoal do empreendedor exerce sobre a rotina da empresa.
Conclui-se que a mortalidade das empresas esta diretamente ligada a
fatores externos ou a conjuntura econômica e fatores internos ou planejamento e
gestão.
27
2.2 – INFORMALIDADE
O IBGE em parceria com o SEBRAE realiza a cada cinco anos, a pesquisa
Economia Informal Urbana – ECINF, que visa conhecer detalhadamente o setor
no Brasil, a sua participação e representatividade na economia do país e as
características dos empreendedores deste segmento.
Neste estudo, independente de possuírem constituição jurídica5, é
considerado informal pelo IBGE, o empreendimento com baixa organização e
onde não há diferenciação entre capital e trabalho, ou seja, quando não existe
uma separação entre o proprietário e a empresa.
Estes negócios informais trabalham na produção em pequena escala de
bens ou serviços, com o objetivo de gerar emprego e renda, sendo atividade
principal ou não dos empreendedores, como cabeleireiros, eletricistas, pedreiros,
vendedores ambulantes de roupas e alimentos, entre outros. Foram excluídos da
pesquisa os negócios agrícolas, os não agrícolas desenvolvidos em áreas rurais,
como artesanato e a produção de alimentos e nas áreas urbanas as atividades
informais exercidas por pessoas sem residência fixa, além dos trabalhadores
domésticos que aparecem em pesquisa específica do setor.
No ECINF, trabalhador por conta própria é aquele que atua sozinho em seu
empreendimento, contando ou não com trabalhador não remunerado. Considera
empregador aquele que explora uma atividade econômica, empregando de um a
cinco trabalhadores remunerados. O trabalhador não remunerado é aquele que
em pelo menos uma hora por semana, colabora na produção de bens primários,
ou em instituições filantrópicas e religiosas ou ainda estagiários e aprendizes.
Em 2005, o IBGE, divulgou o ECINF-2003, onde foram visitados 54.595
domicílios entre os 2.499 setores urbanos escolhidos através da seleção de
dados e probabilidades retirados do Censo Demográfico 2000.
Se comparados os resultados das duas últimas pesquisas 1997-2003, é
possível constatar um aumento no período de 11,60% (tabela 7), quanto ao
número de empresas informais por conta própria, de 8.151.616 (86,01%) para
9.096.912 (88,01%) respectivamente. Já o total de empregadores informais em
5 Excluindo sociedades anônimas com até cinco empregados, por recolherem
tributos pelo lucro real e possuírem organização contábil bem definida.
28
1997 era 1.326.357 (13,99%) e em 2003 passaram para 1.239.050 (11,99%), com
redução de 6,58%. No total houve um crescimento de 9,05% de empresas
informais, de 9.477.973 para 10.335.962.
Verifica-se ainda que o número de pessoas ocupadas por conta própria na
economia informal passou de 8.589.588 (66,74%) em 1997 para 9.514.629
(68,64%) em 2003, gerando uma variação de 10,77%, enquanto nas empresas
empregadoras houve um decréscimo de 7,69% e o número de empregados com
carteira assinada caiu em 8,78%. O total de pessoas ocupadas nas empresas
informais passou de 12.870.421 para 13.860.868 no período, com variação de
7,70%.
Os resultados financeiros das empresas informais em 2003, foram
inferiores a 1997. A receita média mensal para as empresas informais
empregadoras diminuiu 8,89% (tabela 8) e nos empreendimentos por conta
própria uma retração de 19,50%.
No mesmo período, as despesas médias mensais também diminuíram nos
dois tipos de empresas, 18,78% e 7,21% para conta própria e empregadora. A
redução do lucro médio real foi bastante significativa nos negócios por conta
própria, ficando em 11,71% e os empregadores mantiveram-se quase inalterados
com 0,38% de 1997 para 2003. Os investimentos médios mensais
acompanharam os demais resultados, com queda nas empresas informais de
34,32% por conta própria e 11,16% nas empregadoras.
As tabelas 7 e 8 indicam que o desempenho da empresas informais por
conta própria e empregadora são diferentes e que os resultados financeiros não
são proporcionais as alterações do número de pessoas ocupadas.
Em valores de outubro de 2003, a pesquisa apurou que a receita média
mensal foi de R$ 6.033,00 (tabela 8) para as empresas empregadoras e R$
1.164,00 para as informais por conta própria. O lucro médio mensal foi de R$
671,00 para a empresas informais por conta própria e R$ 2.360,00 para as
empregadoras. E o investimento médio mensal foi de R$ 2.951,00 para as
empresas informais por conta própria e R$ 8.797,00 para as empresas informais
empregadoras.
29
Tabela 7 – Evolução do número de empresas informais e de pessoas
ocupadas 1997-2003
Fonte: ECINF – IBGE (tabela 32 – 1997, tabela 40 – 2003).
Tabela 8 – Resultados financeiros em R$, por tipo de empresa do setor
informal – Brasil 1997-2003
Fonte: IBGE – ECINF 2003. Os valores em R$ de 1997 foram corrigidos para 2003 pelo IPCA.
De acordo com a pesquisa, a receita total mensal foi de R$ 17,59 bilhões
(tabela 9) gerados pelos 10.335.962 empreendimentos informais. Deste total
46,45% ou R$ 8,17 bilhões foram gerados pelas 3.403.804 empresas comerciais
(32,93%). As atividades industriais totalizaram 12,13% da receita com R$ 2,13
bilhões entre as 1.630.580 empresas informais (15,78%). Já as 1.808.840
(17,50%) informais ligadas à construção civil, arrecadaram R$ 1,21 bilhões,
representando 6,89% da total da receita.
Do total de empresas informais (tabela 10), 20,58% (2.127.411) delas,
faturou entre R$ 501,00 a R$ 1.000,00 mensais e 13,53% (1.397.976) entre
R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00. Levando em consideração os limites para o
Empresas Informais
resultados financeiros conta própria empregador total
1997 2003 variação 1997 2003 variação 1997 2003 variação
receita mensal média R$ 1.446 R$ 1.164 -19,50% R$ 6.622 R$ 6.033 -8,89% R$ 2.183 R$ 1.754 -19,65%despesa mensal média R$ 1.001 R$ 813 -18,78% R$ 4.647 R$ 4.312 -7,21% R$ 1.666 R$ 1.326 -20,41%lucro médio R$ 760 R$ 671 -11,71% R$ 2.351 R$ 2.360 0,38% R$ 977 R$ 911 -6,76%investimento médio R$ 4.493 R$ 2.951 -34,32% R$ 9.902 R$ 8.797 -11,16% R$ 5.853 R$ 4.373 -25,29%
Nº de empresas informais participação 1997 participação 2.003 variação
conta própria 86,01% 8.151.616 88,01% 9.096.912 11,60%
empregador 13,99% 1.326.357 11,99% 1.239.050 -6,58%
total 100,00% 9.477.973 100,00% 10.335.962 9,05%
Nº de pessoas ocupadas participação 1997 participação 2.003 variação
conta própria 66,74% 8.589.588 68,64% 9.514.629 10,77%
empregador 12,19% 1.568.954 10,45% 1.448.284 -7,69%
empregado com carteira assinada 6,79% 874.043 5,75% 797.300 -8,78%
empregado sem carteira assinada 10,26% 1.320.682 9,66% 1.338.349 1,34%
não remunerado 4,02% 517.153 5,10% 706.963 36,70%
não declarado 0,40% 55.343
total 100,00% 12.870.421 100,00% 13.860.868 7,70%
30
enquadramento no SIMPLES Federal para as microempresas, utilizando como
base os 3% de contribuição sobre o faturamento bruto anual de R$ 60.000,00,
estima-se que, se estas empresas fossem formalizas a arrecadação mensal seria
de R$ 368,22 milhões e se elevado o limite das MEs para R$ 120.000,00,
mantendo o mesmo percentual de recolhimento, o valor passaria para R$ 527,70
milhões.
Tabela 9 – Participação das empresas informais por tipo, grupo de
atividades e valor das receitas – 2003
Fonte: ECINF 2003 – IBGE, baseado tabela 3 e 11 com valores de outubro de 2003, (1000 R$)
Tabela 10 – Participação das empresas informais por tipo, classes de receita
e estimativa de contribuição pelo SIMPLES no caso de formalização - 2003
conta empregador total Participação Faturamento Contribuição
classe de valores própria empresas máximo SIMPLES ME
da receita (R$) informais por receita total empresas 3,00%
1 a 100 866.225 1.118 867.343 8,39% R$ 86.734 R$ 2.602
101 a 200 1.005.596 8.451 1.014.047 9,81% R$ 202.809 R$ 6.084 201 a 300 1.098.926 10.608 1.109.534 10,73% R$ 332.860 R$ 9.986 301 a 500 1.573.641 41.401 1.615.042 15,63% R$ 807.521 R$ 24.226 501 a 1000 1.971.032 156.379 2.127.411 20,58% R$ 2.127.411 R$ 63.8221001 a 2000 1.182.281 215.695 1.397.976 13,53% R$ 2.795.952 R$ 83.8792001 a 5000 806.791 377.352 1.184.143 11,46% R$ 5.920.715 R$ 177.6215001 ou mais 307.344 405.025 712.369 6,89%sem receita 146.974 2.574 149.548 1,45%
sem declaração 138.102 20.447 158.549 1,53%total 9.096.912 1.239.050 10.335.962 100,00% R$ 12.274.003 R$ 368.220
Estimativa do faturamento das empresas Total empresas Faturamento Contribuição e a contribuição com a formalização beneficiadas mensal mensal
Limite faturamento - SIMPLES
R$ 60.000,00 ( até R$ 5.000,00 mensal) 90,13% R$ 12.274.003 R$ 368.220R$ 120.000,00 ( até R$ 10.000,00 mensal) 100,00% R$ 17.590.141 R$ 527.704
Tipo de empresa informal Participação Receita mensal Participação
grupo de atividades conta própria empregador total atividade/ (1000 R$) atividade/empresas tipo out/2003 receita
indústria de transformação e extrativa 1.441.103 189.477 1.630.580 15,78% R$ 2.133.077 12,13%construção civil 1.638.037 170.803 1.808.840 17,50% R$ 1.212.040 6,89%comércio e reparação 2.950.813 452.991 3.403.804 32,93% R$ 8.170.221 46,45%serviços de alojamento e alimentação 607.302 111.806 719.108 6,96% R$ 1.150.823 6,54%transporte, armazenagem e comunicações 776.774 54.647 831.421 8,04% R$ 1.605.381 9,13%atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas 551.585 103.882 655.467 6,34% R$ 1.669.707 9,49%educação, saúde e serviços sociais 252.017 89.117 341.134 3,30% R$ 790.243 4,49%outros serviços coletivos, sociais e pessoais 762.815 60.935 823.750 7,97% R$ 710.588 4,04%outras atividades 29.658 4.378 34.036 0,33% R$ 107.160 0,61%atividades mal definidas 86.808 1.014 87.822 0,85% R$ 40.900 0,23%total 9.096.912 1.239.050 10.335.962 100,00% R$ 17.590.141 100,00%participação por tipo de empresa 88,01% 11,99%
31
Fonte: ECINF 2003 – IBGE, baseado tabela 8 e 11 com valores de outubro 2003, (1000 R$).
Fazendo uma análise sobre os motivos que levam os empreendedores
informais a iniciar um negócio, constata-se que entre os por conta própria, (tabela
11) 33,18% (3.018.066), indicam a dificuldade em encontrar um emprego, sendo
que entre os empregadores, esta é a razão para 15,98% (197.982).
Verifica-se ainda que as características empreendedoras, como,
independência, tradição familiar, experiência na área, negócio promissor e
oportunidade de fazer uma sociedade foram encontradas em 61,27% (759.211)
dos empregadores, sendo que deste total 47,93% homens e 13,34% mulheres.
Já entre os informais por conta própria, somente 37,45% (3.407.077)
deles, apresentaram estes atributos, sendo que deste total, 28,35% eram
homens e 9,11% mulheres.
Tabela 11 – Motivação para empreendedores informais, por tipo de empresa
e gênero - 2003
Fonte: ECINF 2003 – IBGE, baseado tabela 38.
A informalidade dificulta o acesso ao crédito (tabela 12), apenas 6,06%
(626.619) das empresas o buscaram, sendo 3,52% (363.931) em bancos e esta
prática é mais freqüente entre as informais empregadoras (70,77%) do que nas
por conta própria (53,59%). O financiamento através do próprio fornecedor e com
amigos e parentes também é utilizado pelos informais.
Empresas Informais
Conta Própria Empregador Total Participação
Motivo que levou para iniciar o homem mulher total Participação homem mulher total Participação homem mulher total totalnegócio conta própria empregador
não encontrou emprego 2.187.548 830.518 3.018.066 33,18% 163.083 34.899 197.982 15,98% 2.350.631 865.417 3.216.048 31,12%horário flexível 62.327 121.747 184.074 2,02% 5.909 5.427 11.336 0,91% 68.236 127.174 195.410 1,89%complementação da renda familiar 672.970 1.052.212 1.725.182 18,96% 43.396 51.582 94.978 7,67% 716.366 1.103.794 1.820.160 17,61%era um trabalho secundário 127.037 50.931 177.968 1,96% 29.492 7.615 37.107 2,99% 156.529 58.546 215.075 2,08%outro motivo 290.253 224.676 514.929 5,66% 48.444 33.979 82.423 6,65% 338.697 258.655 597.352 5,78%sem declaração 6.596 9.761 16.357 0,18% 2.984 418 3.402 0,27% 9.580 10.179 19.759 0,19%sexo não declarado 134 0,00% 0,00% 134 0,00%independência 986.684 414.961 1.401.645 15,41% 224.041 76.778 300.819 24,28% 1.210.725 491.739 1.702.464 16,47%tradição familiar 539.898 151.680 691.578 7,60% 115.665 29.999 145.664 11,76% 655.563 181.679 837.242 8,10%experiência na área 580.134 112.299 692.433 7,61% 146.507 26.040 172.547 13,93% 726.641 138.339 864.980 8,37%negócio promissor 471.990 149.431 621.421 6,83% 107.671 32.510 140.181 11,31% 579.661 181.941 761.602 7,37%oportunidade de fazer sociedade 33.380 19.745 53.125 0,58% 36.747 15.865 52.612 4,25% 70.127 35.610 105.737 1,02%
5.958.817 3.137.961 9.096.912 100,00% 923.939 315.112 1.239.051 100,00% 6.882.756 3.453.073 10.335.963 100,00%participação total 57,65% 30,36% 88,01% 8,94% 3,05% 11,99% 66,59% 33,41% 100,00%
Caracteristicas empreendedoras 28,35% 9,11% 3.407.077 37,45% 47,93% 13,34% 759.211 61,27% 30,69% 9,61% 4.166.288 40,31%
32
Tabela 12 – Origem dos recursos das empresas informais – 2003
Fonte: ECINF 2003 – IBGE, baseado tabela 31.
Do total de negócios informais por conta própria, 8.707.894 eram
compostos de único proprietário e 389.018 de dois ou mais. Nas empresas
informais empregadoras, 1.057.577 pertenciam a único proprietário e 181.473 a
dois ou mais.
O local de funcionamento de 64,53% das indústrias de transformação é o
próprio domicílio, ou seja, a produção de 1.052.245 empresas informais acontece
em ambiente familiar.
A abrangência da pesquisa e seus resultados permitem uma análise
bastante significativa quanto à evolução da informalidade no Brasil, bem como,
sua capacidade de geração de emprego e renda, as suas características quanto
ao funcionamento, ramo de atividade, nível de instrução, gênero e rendimento
mensal das pessoas envolvidas.
Reforça a idéia que a informalidade esta diretamente ligada à baixa
capacitação, insuficiência de recursos financeiros e principalmente a dificuldade
em atender as exigências legais e a pesada carga tributária vigente.
origem dos recursos conta participação empregador participação total Participaçãoprópria por tipo por tipo por tipo no total
empresa empresa empresa empresas
com amigos e parentes 81.991 17,71% 17.269 10,55% 99.260 0,96%bancos públicos e privados 248.041 53,59% 115.889 70,77% 363.931 3,52%com o próprio fornecedor 82.866 17,90% 16.243 9,92% 99.109 0,96%com outras empresas ou pessoas 38.513 8,32% 11.151 6,81% 49.664 0,48%outra origem 7.884 1,70% 2.067 1,26% 9.951 0,10%sem declaração 3.567 0,77% 1.137 0,69% 4.704 0,05%total 462.862 100,00% 163.756 100,00% 626.619 6,06%
total empresas informais 9.096.912 1.239.050 6,06% 10.335.962
33
CAPÍTULO 3 – CONDIÇÕES PARA EMPREENDER NO BRASIL
Através de entrevistas semi-estruturadas e questionários padronizados, a
GEM Brasil 2004, buscou identificar os fatores limitantes à dinâmica
empreendedora no país.
Dos 47 especialistas (16 empreendedores e 31 profissionais) entrevistados,
60% acreditam que o sucesso do Empreendedorismo brasileiro esbarra nas
dificuldades impostas pelas políticas governamentais, pelo apoio financeiro e a
educação.
- Políticas Governamentais – altos encargos tributários e trabalhistas e
burocracia para a abertura de negócios.
- Apoio Financeiro – alto custo do dinheiro, burocracia e excesso de
exigências de garantias legais dificultando o acesso do pequeno
empreendedor.
- Educação e Treinamento – ignora as características e conhecimentos
regionais, estrutura frágil e precária do ensino básico e a não
disseminação da cultura empreendedora.
Estes especialistas brasileiros indicam caminhos para ampliação e
fortalecimento do Empreendedorismo nacional:
- Desburocratizar a abertura e fechamento de empresas; possibilitar que
pequenos empreendimentos participem de processos licitatórios;
divulgar a cultura empreendedora.
- Facilitar acesso às linhas de crédito e oferecer orientação e consultoria
financeira, respeitando as particularidades do empreendimento.
- Incentivar as instituições de ensino para infiltrar a cultura
empreendedora em todo o processo pedagógico e não como uma
“cadeira eletiva”, a fim de identificar novos empreendedores e a eles
oferecer conhecimentos específicos dentro da escola.
- Implementar a educação a distância devido a sua grande abrangência e
baixo custo.
34
3.1 - PLANEJAMENTO PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
O desenvolvimento econômico de qualquer país ou empresa esta
diretamente ligado ao planejamento, onde se escolhe o destino e o caminho a ser
percorrido para esta conquista. Através do planejamento é possível organizar e
coordenar uma empresa, acompanhar e antecipar os acontecimentos econômicos
e políticos que possam interferir no desempenho do negócio.
HOLANDA (1975, p. 37) define planejamento econômico como:
(...) o processo de elaboração, execução e controle de um plano
de desenvolvimento, que envolve a fixação de objetivos gerais e
metas específicas, tendentes a elevar os níveis de renda e bem-
estar da comunidade, e bem assim a ordenação sistemática do
conjunto de decisões e medidas necessárias para a consecução
desses objetivos, a menores custos e com maior rapidez.
O planejamento na Administração Científica surgiu quando Frederic
Winslow Taylor (1856-1915) substituiu a improvisação nos processos produtivos,
pela escolha adequada de métodos e ferramentas para atingir uma maior
produtividade, onde a gerência e os trabalhadores deveriam priorizar o objetivo
comum e um método para alcançá-lo, partindo do ambiente produtivo e utilizando
a melhor escolha de processos para garantir maiores ganhos para todos. Henri
Fayol (1841-1925) defendeu que a racionalização do trabalho teria que acontecer
não só na produção, mas principalmente nas mesas dos executivos. (SANDRONI,
2005, p. 22, 333, 821).
Com a crise dos anos 70 e 80, o modelo de desenvolvimento fordista que
predominou na economia até a década de 70, voltado as grandes corporações,
com produção em larga escala e alta tecnologia, precisou passar por mudanças,
enxugando suas estruturas e terceirizando algumas atividades para baixar custos.
A partir daí as pequenas empresas assumiram papel importante na economia,
com o crescimento da sua participação no PIB nacional.
“As pequenas empresas possuem características próprias e exclusivas no
âmbito econômico-social, como a contribuição na geração do produto nacional e a
35
flexibilidade locacional, desempenhando importante papel na interiorização do
desenvolvimento econômico”. (CHER, 1990, apud TERENCE, 2002, p. 56.
Disponível em: http://www.teses.usp.br. Acesso em: 04.11.2005).
Apesar deste merecido reconhecimento, as micros e pequenas empresas
têm precisado se adaptar aos estudos de gestão de projetos que foram
concebidos sobre a ótica das empresas públicas e do planejamento estratégico
para as grandes empresas privadas.
Os projetos públicos e privados abordam aspectos econômicos, técnicos,
financeiros, legais e administrativos, durante as suas fases de conceituação,
planejamento, implementação e conclusão. (KEELLING, 2005 p. 19 e HOLANDA,
1975, p. 104).
Após a implantação do projeto, para se manter produtiva e lucrativa numa
economia globalizada e com mudanças muito rápidas é preciso que a empresa
adote um planejamento estratégico, para que o empresário possa acompanhar e
se antecipar às exigências do mercado e aproveitar as novas oportunidades.
Para se planejar é preciso analisar da maneira mais ampla possível o
universo onde esta inserida a atividade do projeto, traçar objetivos, identificar os
recursos técnicos e financeiros e formular estratégias para atingí-los, em tempo
determinado. (KEELING, 2005, p.203)
Para um negócio dar certo é preciso que ele seja minuciosamente
planejado, previamente a implantação do empreendimento e depois é necessário
acompanhar e se antecipar às exigências e imposições do mercado consumidor e
concorrente, através de uma reciclagem diária de conhecimentos e tendências.
O planejamento não evita que ocorram surpresas, porém, conhecer bem o
real desempenho possibilita tomar atitudes bem analisadas de maneira ágil, como
o modelo econômico com alta competitividade exige da empresa que pretende
continuar lucrativa.
O pequeno negócio nasce do desejo do empreendedor de realizar o sonho
de fazer da sua habilidade principal sua fonte de renda e satisfação pessoal ou
ainda pela necessidade de sobrevivência. O empreendedor que tem uma boa
idéia e muita vontade de trabalhar, parte para a implantação de seu negócio e o
administra de maneira intuitiva, sem um planejamento prévio e adequado.
Em geral, é o dono do negócio que desempenha a maioria das tarefas,
entre compra, venda, execução, ocupando todo o seu dia com atividades
36
imediatas e urgentes, onde as diretrizes se existem, fazem parte apenas dos seus
pensamentos. Além disso, as MPEs, contratam mão de obra não qualificada,
reforçando a postura do empreendedor em controlar pessoalmente todas as
atividades da empresa, sem qualquer delegação. Para KEELLING, (2005, p.4) o
trabalho de um projeto tem que permanecer separado das operações rotineiras.
Segundo o SEBRAE, muitos dos empreendedores que procuram o seu
balcão de atendimento, jamais fizeram um Plano de Negócios e a maior
dificuldade e razão de fechamento precoce das MPEs, são os problemas gerados
por falhas gerenciais.
É preciso que as teorias sobre planejamento estratégico estejam a serviço
da realidade das micro e pequenas empresas. O pequeno empreendedor precisa
ser convencido da importância do planejamento e ter desenvolvida sua visão para
o médio e longo prazo, uma vez que ele trabalha para obter resultados imediatos.
Sem dúvida o sucesso do planejamento estratégico só ocorrerá com o total
comprometimento e entusiasmo do empreendedor.
O planejamento tem que ser a prioridade do empreendedor para que ele
conheça as suas reais chances de viabilizar o negócio e os caminhos a serem
percorridos para que atinja seu objetivo, onde melhorar e como corrigir.
O planejamento é um processo dinâmico e nunca se encerra e deve indicar
quando é preciso mudar o curso, corrigir a rota e pode mostrar a necessidade de
refazer o plano proposto. Para planejar é preciso conhecer a realidade e ter os
pés no chão, utilizando toda a criatividade e espírito empreendedor.
3.2 – CAPACITAÇÃO
A capacitação é fundamental, pois as habilidades do empreendedor são
postas a prova na ocorrência de problemas, que precisam ser solucionados
rapidamente como exige o mercado altamente competitivo
Nos últimos anos, todo o domínio tecnológico e cientifico é rapidamente
superado e renovado. Talvez a única alternativa seja aliar o conhecimento
adquirido nas escolas ao aprendido fora delas.
37
DOLABELA (1999, p.19 e 21) defende uma metodologia para a formação
de empreendedores, aliando o conhecimento acadêmico ao prático como “(...)
uma disciplina a ser inserida na grade curricular de um curso de graduação ou de
segundo grau, adaptável a cargas horárias variadas”, induzindo “(...) ao contínuo
aprender a aprender, que leva o aluno a proceder como faz o empreendedor na
vida real: fazendo, errando, corrigindo rumos, criando”.
Já FILION (1999, p.25) considera que: (...) não se pode ensinar
empreendedorismo como se ensinam outras matérias. Mas o
empreendedorismo se aprende. É possível conceber programas e
cursos como sistemas de aprendizado adaptados à lógica desse
campo de estudo. A abordagem aqui deve levar o aluno a definir e
estruturar contextos e compreender várias etapas de sua
evolução.
No Brasil o número de cursos on-line, tem se propagado na mesma
proporção em que se populariza o uso da internet. Os atrativos destes cursos são
a redução de custos, a flexibilidade de horários e a variedade de áreas oferecidas.
De acordo com o Diretor Executivo da Fundação Getulio Vargas, os cursos
da FGV On line, são procurados pelos empresários para aperfeiçoar suas
habilidades e obter ferramentas que possam trazer benefícios na condução do
negócio, além de incentivar e motivar os funcionários na realização de suas
tarefas. (Pequenas Empresas Grandes Negócios, set 2005).
Outra possibilidade para as MPEs é contratar os serviços de empresas
juniores, ligadas a universidades e que oferecem serviços em todas as áreas por
preços acessíveis.
O Instituto Empreender Endeavor, divulgou as 61 empresas de consultoria
júnior espalhadas pelo Brasil, ligadas a faculdades de administração que tiveram
nota “A” nos últimos dois Provões do Ministério da Educação. A pesquisa oferece
a área de atuação, tempo de desenvolvimento do projeto, valor e contato. Este
serviço esta disponível aos empreendedores que não podem pagar uma
consultoria tradicional. (Pequenas Empresas Grandes Negócios, out 2005).
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – Fiesp, através de
seu Departamento da Micro, Pequena e Média Indústria – DEMPI, firmou parceria
38
com algumas Empresas Júnior, cujo objetivo é fortalecer as MPEs e inserir os
estudantes no mercado de trabalho, dando a eles a oportunidade de praticar seus
conhecimentos. A instituição mantém também um Comitê de Jovens
Empreendedores, para prepará-los ao primeiro negócio.
O DEMPI coordena o Programa de Incubadoras de Empresas do Estado
de São Paulo, em parceira com o SEBRAE, SESI, SENAI, prefeituras, câmaras e
entidades locais. Este programa foi criado em 1989 e oferece as empresas
convencionais ou tecnológicas, um ambiente com infra-estrutura completa, além
de acompanhar o gerenciamento do negócio e promover acesso a novas
tecnologias, bem como orientação de gestão, crédito, jurídica e administrativa.
As empresas candidatas a uma Incubadora paulista, para período de dois
anos, precisam ter uma atividade industrial com processos não poluentes, possuir
recursos financeiros para iniciar o empreendimento, idoneidade comercial e
pessoal, espírito empreendedor e dedicação exclusiva.
Em 1991 foi inaugurada em Itu a primeira Incubadora tradicional do país.
Atualmente existem em São Paulo, 24 em funcionamento, 7 em fase de
prospecção e 9 em fase de implantação (figura 9).
Figura 9 – Mapa das Incubadoras de Empresas – Fiesp
Fonte: DEMPI – Fiesp.
39
Outras entidades como por exemplo, o Instituto Empreender Endeavor
oferecem informações através de seus endereços eletrônicos, onde é possível
assistir gratuitamente vídeos com empreendedores de sucesso além de acessar a
biblioteca com artigos de interesse do segmento.
Estas entidades entre outras, desenvolvem importante trabalho voltado à
formação e capacitação de empreendedores e todas elas trabalham em parceria
com o SEBRAE, que é a referência para o empreendedor brasileiro.
3.2.1 – SEBRAE
No ano de 1964 ainda como Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico, o atual BNDES6 criou o Programa de Financiamento à Pequena e
Média Empresa – FIPEME. Em 1967 com a fundação da Financiadora de
Estudos e Projetos – FINEP, formou-se então o Departamento de Operações
Especiais do Banco, que desenvolveu o sistema de apoio gerencial às micro e
pequenas empresas, onde se apurou que a inadimplência dos financiamentos
concedidos estava ligada a má gestão destas empresas.
De outro lado estava a Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste – SUDENE, que levou para as universidades os Núcleos de Assistência
Industrial – NAI, com objetivo de dar apoio gerencial as MPEs. Destas iniciativas,
nasceu em 17 de julho de 1972 dentro do Ministério do Planejamento, o Centro
Brasileiro de Assistência Gerencial à Pequena Empresa (CEBRAE).
O Conselho Deliberativo do CEBRAE era formado pela FINEP, a
Associação dos Bancos de Desenvolvimento - ABDE e pelo BNDE. Em dois
anos o Sistema CEBRAE passou a atuar em 19 estados através da parceria com
entidades já constituídas.
Além da formação de consultores e programas de atendimento ao micro e
pequeno empresário, em 1982 o CEBRAE passa a atuar como representante das
6 Em 1982 por decreto-lei presidencial, o BNDES tornou-se responsável pelos
recursos do Fundo de Investimento Social – Finsocial e teve a palavra social
incluída em seu nome.
40
MPEs junto aos órgãos governamentais. Em 1990 já subordinado ao Ministério
da Indústria e Comércio, sofre com a perda de 40% de seu quadro de técnicos.
Em 9 de outubro do mesmo ano, através do Decreto 99.570, que
regulamentou a Lei nº 8.029 de 12 de abril, transforma-se em serviço social
autônomo, sem vinculação com a administração pública federal e passa a
chamar- se SEBRAE.
O objetivo do SEBRAE é “fomentar o desenvolvimento sustentável, a
competitividade e o aperfeiçoamento técnico das microempresas e das empresas
de pequeno porte industriais, comerciais, agrícolas e de serviços, notadamente
nos campos da economia, administração, finanças e legislação” (Estatuto Social
do SEBRAE, 2003, Disponível em http://www.sebrae.com.br. Acesso em: 02 de
outubro de 2005).
A representatividade do SEBRAE perante as associações do segmento das
MPEs e do poder público é respaldada pela composição do seu órgão mais
importante, que é o Conselho Deliberativo Nacional – CDN, formado por
conselheiros titulares e suplentes que representam entidades governamentais e
civis, chamadas de “associados instituidores”, que são:
- Associação Brasileira dos SEBRAE Estaduais – ABASE;
- Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das
Empresas Inovadoras – ANPEI;
- Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empreendimentos
de Tecnologias Avançadas – ANPROTEC;
- Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil –
CACB;
- Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA;
- Confederação Nacional do Comércio – CNC;
- Confederação Nacional da Indústria – CNI;
- Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento–
ABDE;
- Banco do Brasil;
- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES;
- Caixa Econômica Federal – CEF;
- Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP;
- Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC.
41
Ao CDN compete a elaboração e aprovação dos regimentos internos,
decisão sobre as diretrizes e aplicação de recursos, aprovação das prestações de
contas e todas as decisões administrativas e financeiras do Sistema SEBRAE7.
O Presidente deste Conselho é escolhido entre seus próprios membros e
para todos o mandato é de dois anos, renovável e não remunerado. São os
titulares que escolhem os membros do Conselho Fiscal e a Diretoria Executiva -
DIREX, esta remunerada, composta por Diretor Presidente, Diretor Técnico e
Diretor de Administração e Finanças.
Sob o comando da Diretoria Executiva estão as unidades de Educação,
Acesso a Serviços Financeiros, Políticas Públicas, Desenvolvimento Local,
Acesso a Mercados, Orientação Empresarial, Desenvolvimento Setorial, Inovação
e Acesso à Tecnologia, Estratégias e Diretrizes, Qualidade de Equipes,
Administração e Finanças, Marketing e Comunicação, Tecnologia da Informação,
Gestão Orçamentária, Assessoria de Assuntos Legislativos, Auditoria, Assessoria
Jurídica e Assessoria de Assuntos Internacionais.
A principal receita do SEBRAE, provêem da contribuição compulsória das
empresas sobre a folha de pagamento, arrecadada pelo INSS, com percentual de
0,3%, conforme Lei nº 8.154 de 28 de dezembro de 1990.
As receitas previstas para o exercício de 2005 ultrapassam R$ 1,3 bilhões
(tabela 13). Esta receita é distribuída entre o Sistema, sendo que para este ano,
R$ 372.789.676,00 (27,73%) permanecem no Sebrae Nacional e R$
971.629.830,00 (72,27%) repassados para os estados. Só para a unidade de São
Paulo, o volume de recursos do orçamento 2005 é de R$ 156.0550.666,00
(tabela 14). O menor repasse é para a unidade de Roraima com R$
13.581.030,00.
Tabela 13 – Composição das Receitas do Sistema SEBRAE – 2005
7 Sistema SEBRAE é composto pela unidade nacional coordenadora, chamada
SEBRAE e pelas unidades operacionais de cada Estado da Federação.
Orçamento 2005
Fonte de Arrecadação Receita Participação
Contribuição Social R$ 926.414.502 68,91%
Saldo de Contribuições Sociais de anos anteriores* R$ 212.769.562 15,83%
Aplicações financeiras R$ 79.996.943 5,95%
Convênios R$ 38.080.853 2,83%
Recursos próprios R$ 87.157.646 6,48%
Total R$ 1.344.419.506 100,00%
42
Fonte: SEBRAE. *Excluídos os recursos aplicados em Inversões Financeiras R$ 616.350.967,16
Tabela 14 – Distribuição do Orçamento SEBRAE - 2005
Fonte: SEBRAE
Este volume de recursos, distribuído e empregado pelo SEBRAE em todos
os estados brasileiros, é aplicado em diversos programas de capacitação e
disseminação da cultura empreendedora com o objetivo de dar subsídios ao
crescimento da micro e pequena empresa, com informações de toda a ordem,
como acesso ao crédito, novas tecnologias, viabilizando maior competitividade e
possibilitando a formalização cada vez maior dos pequenos negócios.
Distribuição do Receita Participação
Orçamento por UF
SEBRAE - NA R$ 372.789.676 27,73%
SEBRAE - UF R$ 971.629.830 72,27%
R$ 1.344.419.506 100,00%
Distribuição do Receita Participação
Orçamento por UF
Acre R$ 15.687.137 1,61%
Alagoas R$ 21.472.365 2,21%
Amapá R$ 13.663.324 1,41%
Amazonas R$ 26.014.922 2,68%
Bahia R$ 42.082.349 4,33%
Ceará R$ 39.437.552 4,06%
Distrito Federal R$ 21.410.765 2,20%
Espírito Santo R$ 25.728.678 2,65%
Goiás R$ 34.377.367 3,54%
Maranhão R$ 24.040.393 2,47%
Mato Grosso R$ 22.792.502 2,35%
Mato Grosso do Sul R$ 19.911.263 2,05%
Minas Gerais R$ 83.686.665 8,61%
Pará R$ 30.718.325 3,16%
Paraíba R$ 26.000.107 2,68%
Paraná R$ 43.237.029 4,45%
Pernambuco R$ 40.251.012 4,14%
Piauí R$ 17.800.844 1,83%
Rio de Janeiro R$ 65.197.989 6,71%
Rio Grande do Norte R$ 20.666.569 2,13%
Rio Grande do Sul R$ 68.504.811 7,05%
Rondônia R$ 14.964.986 1,54%
Roraima R$ 13.581.030 1,40%
Santa Catarina R$ 47.947.138 4,93%
São Paulo R$ 156.055.666 16,06%
Sergipe R$ 17.121.734 1,76%
Tocantins R$ 19.277.308 1,98%
R$ 971.629.830 100,00%
43
Para atingir estes objetivos, o atual Conselho Deliberativo Nacional, traçou
as prioridades de atuação do Sistema, como reduzir a carga tributária e
burocracia, ampliar e universalizar o crédito e capitalização, fomentar a educação
empreendedora e cooperação, promover acesso à tecnologia e estimular
inovação, possibilitar acesso a mercados, atuar em ações coletivas e priorizar
Arranjos Produtivos, aprimorar a estrutura, operação e gestão do SEBRAE.
Muitas são as ferramentas e informações oferecidas pela instituição no
país. Acessando o endereço eletrônico http://www.sebrae.com.br é possível
conhecer a Legislação específica do segmento das MPEs, os documentos e
caminhos necessários para a abertura e formalização de uma empresa, a
elaboração de um Plano de Negócios, acesso a Biblioteca, entre outras.
Oferece também cursos gratuitos pela Internet8, com linguagem fácil e
acessível, trazendo exercícios práticos além do acompanhamento de um
profissional da área, que oferece subsídios diários por correio eletrônico e remete
o certificado de conclusão ao endereço do aluno.
O SEBRAE Nacional tem projetos diferenciados e específicos que
oferecem informações, mão de obra especializada, além de recursos financeiros.
Na área de tecnologia, por exemplo, o Programa SEBRAETEC, que presta
consultoria para melhorias nos processos e produtos das empresas, financia até
70% do custo do projeto.
O Programa Via Design financia até 50% do projeto, com teto de R$
50.000,00 e tem uma verba anual de R$ 1.350.000,00 prevista no orçamento da
instituição. Há ainda o SEBRAE TIB de Tecnologia Industrial Básica, o Programa
SEBRAE de Eficiência Energética, o Bônus Metrologia, o Bônus Certificação,
além do Programa SEBRAE de incubadoras de empresas.
Para dar as MPEs acesso a serviços financeiros, a Unidade de Apoio a
Financiamentos e Capitalização do SEBRAE criou o Programa Capital de Risco,
que investe no capital social de empresas em crescimento. Nesta unidade
existem ainda a Cooperativa de Crédito e Microcrédito, Fundo de Aval e o
Programa Jovem Empreendedor.
8 Cursos disponíveis na Internet: Aprender a Empreender, Iniciando um Pequeno
Grande Negócio, Como vender mais e melhor, Análise e Planejamento
Financeiro, D’Olho na Qualidade.
44
O SEBRAE mantém projetos nas áreas de Desenvolvimento Setorial,
Orientação Empresarial, Educação Empreendedora, Políticas Públicas,
Desenvolvimento Local e Assessoria Internacional, todos voltados ao interesse e
crescimento dos micros e pequenos empreendimentos.
Utiliza todas as mídias existentes, desde material impresso e fita de vídeo a
telecentros e mais recentemente videoconferência. Entre 2001 a 2004 , o Sebrae
capacitou 20.502.768 pessoas por meio de programas de rádio, TV e Internet. Só
o jogo empresarial virtual “Desafio SEBRAE”, teve a participação de 169 mil
jovens universitários, onde enfrentam situações simuladas sobre gestão de
empresas. Na competição de 2004, a participação de 57 mil alunos do Brasil,
Chile, Argentina, Peru, Paraguai e Uruguai, colocaram o Brasil no primeiro lugar
entre os jogos empresariais virtuais. Em um ano de funcionamento a “Biblioteca
On line” do SEBRAE, contabilizou 500 mil visitas e mais de 600 mil downloads.
Outro exemplo da importância do trabalho do SEBRAE para o
desenvolvimento da economia brasileira são os números alcançados no circuito
de 2004 da “Feira do Empreendedor”, cujo objetivo principal é divulgar e fortalecer
os negócios locais, possibilitar a criação de novos empreendimentos, reduzir a
informalidade e o fechamento de empresas. Foi realizado em 16 capitais e atraiu
350 mil pessoas, sendo que 148.519 foram capacitadas em 5.121 cursos e
palestras.
Após o encerramento do circuito foram abertos 11.524 novos
empreendimentos no país (figura 10), sendo que 48,79% no comércio (5.623),
31,49% em serviços (3.629) e 9,34% na indústria (1.076) e 10,38% em outros
segmentos (1.196). Em 2003, este evento, ocorreu em apenas sete capitais e
abriram-se 2.031 novos negócios, com 52,2% no comércio (1.060), 38,3% em
serviços (778), 5,8% na indústria (118) e 3,7% em outros segmentos (75).
Figura 10 – Evolução do número de negócios nas Feiras do Empreendedor
SEBRAE 2003-2004
1060
5623
118
1076778
3629
75
11962031
11524
0
2.305
4.610
6.914
9.219
11.524
2003 2004
comércioindústriaserviçosoutrostotal novos empreendimentos
45
Fonte: SEBRAE
O SEBRAE-SP possui uma Central de Relacionamento através do telefone
0800-780202, com informações ao empreendedor e inscrições para cursos e
palestras de qualquer localidade do Estado. Hoje os empreendedores paulistas
podem contar com 5 Escritórios Regionais na capital e 30 no interior.
O Escritório Regional de Sorocaba - ER, até 2004 atendia a 28 cidades da
região9, porém o SEBRAE-SP optou pela descentralização dos seus serviços e
passou a instalar pelo interior de São Paulo os Postos de Atendimento ao
Empreendedor – PAE, que identificam as necessidades e carências dos gestores
locais e assim oferecem as informações, orientações e recursos necessários aos
empreendimentos.
Os PAEs paulistas são fruto das parcerias entre as prefeituras,
associações comerciais e entidades de classe dos municípios, responsáveis pela
manutenção do local e funcionários, e o SEBRAE-SP que cuida do treinamento e
acompanhamento constante. Em todo o Estado 34 postos já estão funcionando e
mais 10 estão em fase de implantação.
O PAE-Itu foi inaugurado em 17 de setembro de 2004, fruto da parceria
entre a Prefeitura Municipal da Estância Turística de Itu10, o Sindicato Patronal do
Comércio Varejista, a Associação Comercial e Industrial de Itu e o SEBRAE-SP.
Contando com dois funcionários municipais, em uma casa no centro da
cidade, o Posto de Atendimento ao Empreendedor da cidade, em um ano de
atividade tornou-se referência e recentemente recebeu a visita dos Diretores do
SEBRAE da Bahia e Pernambuco, interessados em conhecer o modelo para
reproduzi-lo em seus estados.
9 Alambari, Alumínio, Angatuba, Araçariguama, Araçoiaba da Serra, Boituva,
Capela do Alto, Cerquilho, Cesário Lange, Guareí, Ibiúna, Iperó, Itapetininga, Itu,
Mairinque, Piedade, Pilar do Sul, Porto Feliz, Salto, Salto de Pirapora, São Miguel
Arcanjo, São Roque, Sarapuí, Sorocaba, Tapiraí, Tatuí, Tietê e Votorantim.
10 A cidade de Itu tem 151.268 habitantes e fica a 101 quilômetros da capital
paulista.
46
O Posto ituano já cadastrou e atendeu 786 clientes empreendedores que
receberam informações, encaminhamentos e material didático. E 327 deles
participaram de 8 missões empresariais, como a Feira do Empreendedor em São
Paulo e o Encontro Paulista de Associativismo. Além disso, quando necessário
são encaminhados para o ER Sorocaba, para consultoria em áreas específicas.
Nas 29 palestras de orientação sobre gestão, custos, crédito, plano de
negócios, fluxo de caixa entre outras, participaram 885 pessoas. Também
organizou Telessalas sobre Empreendedorismo “Juntos somos fortes” para 32
cooperados artesãos e perueiros. Em parceria com o SENAI e a Vigilância
Sanitária, implantou o programa “Sabor e Qualidade” , curso de 3 meses para
ambulantes, sobre gestão, associativismo e manipulação de alimentos.
O PAE-Itu realizou dois treinamentos EMPRETEC para 51 participantes.
Este curso de 80 horas visa desenvolver e fortalecer os empreendedores para a
gestão competitiva de seus negócios.
O maior projeto elaborado que ainda está em andamento é o Arranjo
Produtivo Local – APL voltado a 20 micro e pequenas empresas do setor das
Cerâmicas Vermelhas, com o objetivo de reestruturá-las e recolocá-las no
mercado. Este projeto é uma parceria do SEBRAE-SP, a Fiesp e o SENAI Mário
Amato, que aplica dinâmicas de grupo, cursos, palestras e faz o
acompanhamento de gestão e tecnologia dentro das empresas.
Os números do SEBRAE impressionam e dão a dimensão da real
importância da instituição no desenvolvimento da economia brasileira.
Através da capacitação dos pequenos empreendedores junto as suas
comunidades, respeitando a história, resgatando a vocação e característica local,
transformando-as em fonte de renda e ponto de partida para a obtenção de
condições de crescimento numa economia competitiva e dinâmica.
3.3 – LEGISLAÇÃO
Em 11 de janeiro de 2003 entrou em vigor o novo Código Civil brasileiro,
Lei nº 10406 de 10 de janeiro de 2002, que substituiu o antigo código de 1916. O
47
prazo para que as empresas constituídas se adaptem foi estendido até 11 de
janeiro de 2007 pela Lei 11.127/05.
O novo Código Civil divide as empresas pelo aspecto econômico da
atividade por ela desenvolvida, baseando-se na teoria da empresa, onde o que
importa é o desenvolvimento econômico através da organização do capital,
trabalho, tecnologia e matéria prima, gerando riqueza através da produção e
circulação de bens e serviços. (TADDEI, 2002, p. 6).
As empresas dividem-se em: Sociedade Empresária ou Empresário e
Sociedade Simples ou Autônomo.
O artigo 966 do Código Civil define como empresário “quem exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a
circulação de bens ou de serviços”. O artigo não faz referência a Autônomo,
porém o define indiretamente no parágrafo único, do mesmo artigo. “Não se
considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica,
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo
se o exercício da profissão constituir elemento de empresa”.
Conclui-se que são considerados autônomos, tanto os profissionais liberais
que vendem serviços de natureza intelectual em estabelecimento organizado,
quanto os vendedores e prestadores de serviços sem estabelecimento
adequado. As definições de empresário e autônomo, quando aplicadas à
atividade constituídas por duas ou mais pessoas, conceituam Sociedade
Empresária (artigo 982) ou Sociedade Simples, respectivamente.
Não há uma definição para o pequeno empresário, porém o artigo 970 cita
“tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao
pequeno empresário” e no parágrafo 2 do artigo 1179, o dispensa da escrituração
imposta ao empresário e a sociedade empresária.
Para a abertura de uma empresa, além de atender as exigências do
Código Civil é necessário obedecer às normas do Departamento Nacional de
Registro do Comércio – DNRC. Esse processo de formalização passa também
pela Junta Comercial, Secretaria da Receita Federal, Instituto Nacional de
Seguridade Social - INSS, Secretarias da Fazenda Estadual e Municipal,
Secretaria Estadual de Saúde, Prefeitura e Corpo de Bombeiros. Dependendo do
ramo de atividade do empreendimento, obrigações específicas devem ser
48
cumpridas. Cabe ressaltar as possíveis variações legais existentes entre as
localidades espalhadas pelo Brasil.
Uma pesquisa recente do Banco Mundial, classificou 155 países quanto às
condições de desenvolvimento de negócios, considerando aspectos burocráticos
para legalização de empresas e a carga tributária a que estão submetidos.
Quanto à regularização de um empreendimento, o Brasil está na 119ª
posição, com a média de 152 dias necessários para esta empreitada, com um
custo de R$ 2.000,00.
Nos Estados Unidos estes procedimentos consomem cerca de duas
semanas e na Ásia no máximo três. Mais impressionante ainda são os dez anos
necessários para fechar uma empresa brasileira.
Após apresentar o mesmo documento em várias repartições, visto que não
há integração entre a União, o estado e o município, o empreendedor espera pela
vistoria dos fiscais no seu estabelecimento, que fica fechado arcando com os
custos fixos sem permissão para qualquer atividade do negócio o que muitas
vezes pode comprometer a saúde financeira e a própria existência da empresa.
Isto acontece porque no Brasil, os prazos só existem para os contribuintes
e não para qualquer órgão público, o que tornou a demora gerada pela burocracia
uma instituição nacional. Este enredado processo só favorece a informalidade e a
corrupção.
3.3.1 – SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO
A Lei nº 9317 de 05 de dezembro de 1996 instituiu o SIMPLES, que é o
Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das
Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte, cujo objetivo principal é
definir e garantir um regime tributário diferenciado, conforme previsto no artigo
179 da Constituição Federal de 1988. Artigo que trata da disposição das esferas
governamentais em facilitar as exigências legais e obrigações aplicadas às micro
e pequenas empresas.
49
A Lei do SIMPLES Federal define como microempresa, a pessoa jurídica
que auferir no ano calendário uma receita bruta igual ou inferior a R$ 120.000,00,
e empresa de pequeno porte, aquela que obtiver receita acima deste valor até R$
1.200.000,00. Estas faixas de enquadramento foram atualizadas em 11 de
dezembro de 1998, pela Lei nº 9732 (tabela 15)11.
Tabela 15 – Definições para MPEs em relação à receita bruta anual
Fonte: Lei 9732/98 Simples Federal; Lei 11270/02 Simples Paulista; Decreto 5028/04 Estatuto MPE, GMC 90/93 Mercosul e Carta Circular nº 64/2002 – BNDES.
Afora estes limites de receita, existem restrições quanto ao tipo de
atividade exercida, para que uma ME ou EPP, possa optar pelo SIMPLES. A
grande maioria dos prestadores de serviços, além de profissionais liberais, foram
vetados pela Lei.
A empresa que preencha os requisitos quanto ao faturamento e atividade e
esteja em situação regular com a Fazenda e o INSS, pode optar pelo SIMPLES e
fazer o pagamento mensal e unificado de vários impostos federais, como, Imposto
de Renda das Pessoas Jurídicas - IRPJ, Contribuição para os Programas de
Integração Social e de Formação do Patrimônio de Servidor Público - PIS/PASEP,
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, Contribuição para
Financiamento da Seguridade Social - COFINS, Imposto sobre Produtos
Industrializados - IPI e Contribuições para a Seguridade Social, a cargo da pessoa
jurídica.
11 A Lei nº 11.196/2005 alterou os limites do SIMPLES Federal para as MEs em
até R$ 240.000,00 e acima deste valor até R$ 2.400.00,00 para as EPPs, a
vigorar a partir de janeiro de 2006, ainda na regulamentada.
Microempresa Empresa de Pequeno Porte
SIMPLES Federal até R$ 120.000,00 superior a R$ 120.000,00 até R$ 1.200.000,00
SIMPLES Paulista até R$ 150.000,00 superior a R$ 150.000,00 até R$ 1.200.000,00
Estatuto MPE até R$ 433.755,14 superior a R$ 433.755,14 até R$ 2.133.222,00
Exportação - Comércio/Serviços até R$ 360.220,00 superior a R$ 360.220,00 até R$ 2.701.650,00
Exportação - Indústria até R$ 720.440,00 superior a R$ 720.440,00 até R$ 6.303.850,00
BNDES até R$ 1.200.000,00 superior a R$ 1.200.000,00 até R$ 10.500.000,00
Mercosul - Comércio/Serviços até US$ 200.00,00 superior a US$ 200.000,00 até US$ 1.500.000,00
Mercosul - Indústria até US$ 400.00,00 superior a US$ 400.000,00 até US$ 3.500.000,00
50
Os percentuais aplicados sobre a receita bruta acumulada, variam de 3% a
8,60%. (tabela 16). As creches, pré-escolas e estabelecimentos de ensino
fundamental possuem tabela própria incidindo sobre a receita apurada. Além
disso, em todos os casos, acrescenta-se 0,50% para contribuintes do IPI.
Tabela 16 – Impostos Federais sobre faturamento bruto anual – ME e EPP
Fonte: Lei 9732/98. Acrescentar 0,50% para contribuintes do IPI.
O pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços -
ICMS e/ou Imposto sobre Serviços de qualquer natureza - ISS, podem ser
incluídos no SIMPLES pela empresa optante, desde que o Estado e/ou Município
em que esteja estabelecida, seja conveniado ao sistema.
As MPEs, dispensadas do pagamento de contribuições como as
destinadas ao SESC, SESI, SENAI, SENAC, SEBRAE e salário educação,
devem, contudo manter os livros comerciais, fiscais e trabalhistas e os
respectivos documentos pelos prazos das legislações.
As empresas optantes deste sistema de arrecadação federal, não se
isentam do pagamento de vários outros Impostos. Aqueles vinculados a
movimentações financeiras, como IOF, IR e CPMF, além da Contribuição para a
Seguridade Social relativa ao empregado, FGTS, ITR e Imposto de Importação –
II.
Ao contrário das empresas não optantes do SIMPLES, que recebem
incentivos sobre a exportação de seus produtos, as MPEs que conseguem
Impostos e Contribuições
Faturamento Bruto Anual IRPJ PIS/PASEP CSLL COFINS Contribuição Total Previdenciaria recolhimento
até R$ 60.000,00 -- -- -- 1,80% 1,20% 3,00%ME até R$ 90.000,00 -- -- 0,40% 2,00% 1,60% 4,00%
até R$ 120.000,00 -- -- 1,00% 2,00% 2,00% 5,00%
até R$ 240.000,00 0,13% 0,13% 1,00% 2,00% 2,14% 5,40%até R$ 360.000,00 0,26% 0,26% 1,00% 2,00% 2,28% 5,80%até R$ 480.000,00 0,39% 0,39% 1,00% 2,00% 2,42% 6,20%até R$ 600.000,00 0,52% 0,52% 1,00% 2,00% 2,56% 6,60%
EPP até R$ 720.000,00 0,65% 0,65% 1,00% 2,00% 2,70% 7,00%até R$ 840.000,00 0,65% 0,65% 1,00% 2,00% 3,10% 7,40%até R$ 960.000,00 0,65% 0,65% 1,00% 2,00% 3,50% 7,80%
até R$ 1.080.000,00 0,65% 0,65% 1,00% 2,00% 3,90% 8,20%até R$ 1.200.000,00 0,65% 0,65% 1,00% 2,00% 4,30% 8,60%
51
colocar sua produção no mercado internacional, são tributadas de maneira linear
sem nenhum outro tipo de estímulo.
A Resolução do Grupo Mercado Comum - Mercosul GMC nº 90/93,
confirmada pela GMC nº 59/98, que instituiu uma política de apoio as MPEs, as
diferencia não só pelo faturamento, quanto pelo setor em que atuam. As MEs
industriais são, as com faturamento anual de até US$ 400.000,00 e as comerciais
e de serviço, com limite de US$ 200.000,00. Já as pequenas empresas industriais
atingem US$ 3.500.000,00 e as comerciais e de serviços até US$ 1.500.000,00
de faturamento anual (tabela 15, p. 50)
O Estado de São Paulo implantou o Simples Paulista, Lei nº 10.086 em 19
de novembro de 1998, disponível a empresa vendedora ou prestadora de serviços
para o varejo ou para outra optante do sistema do Estado de São Paulo.
Atualmente, isentam do pagamento do ICMS, as microempresas com
faturamento anual de até R$ 150.000,00, conforme Lei nº 11.270 de 29 de
novembro de 2002.
As empresas de pequeno porte foram divididas em duas categorias de
faturamento anual e alíquotas. Para as EPPs da classe “A”, com faturamento
anual acima de R$ 150.000,00 a R$ 720.000,00, a alíquota aplicada é de
2,1526% e do resultado obtido, subtrai-se R$ 275,00, apurando o ICMS devido.
As EPPs da classe “B”, com faturamento anual acima de R$ 720.000,00
até R$ 1.200.000,00, após a aplicação da alíquota de 3,1008%, subtrai-se 1% do
faturamento com limite de R$ 600,00 menos R$ 275,00, obtendo assim o ICMS
devido.
Em São Paulo, também é preciso aliar ao faturamento anual, o tipo de
atividade, para se fazer à opção pelo sistema.
Quase três anos depois da criação do SIMPLES Federal, numa tentativa de
corroborar o esforço e favorecimento previsto nos artigos 170 e 179 da
Constituição, foi sancionada a Lei nº 9841, de 5 de outubro de 1999, que criou o
Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.
Brasil (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de
outubro de 1988. Diário Oficial da União (seção 1).
Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte,
52
assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a
incentivá-las pela simplificação de suas obrigações
administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela
eliminação ou redução destas por meio de lei.
Brasil (1995). Emenda Constitucional nº 6, de 15 de agosto de 1995. Diário
Oficial da União (seção 1, p. 12353).
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos a
existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípio
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e
administração no País.
O Estatuto trata de aspectos menos relevantes do que o SIMPLES,
isentando as MPEs de obrigações chamadas acessórias da Consolidação das
Leis do Trabalho - CLT, tratadas nos artigos 74; 135, § 2º; 360; 429 e 628, § 1º,
que se referem a procedimentos burocráticas e de pouca representatividade.
Trata também de “mecanismos fiscais e financeiros” que possam estimular
as instituições financeiras a manter linhas de crédito específicas as micro e
pequenas empresas..
Neste Estatuto, as pessoas jurídicas cuja renda bruta anual fosse igual ou
inferior a R$ 244.000,00, passaram a ser consideradas MEs, e as que
superassem este valor até o limite se R$ 1.200.000,00, definidas como EPPs. O
Decreto nº 5028, de 31 de março de 2004, alterou os limites de receita bruta
anual para as MEs em R$ 433.755,14, e acima deste valor até a quantia de R$
2.133.222,00 para as EPPs (tabela 15, p. 50).
O Decreto nº 3474 de 19 de maio de 2000 regulamenta em parte o
Estatuto das MPEs e classifica as empresas de acordo com a receita bruta anual,
para fins de apoio creditício à exportação. Microempresa industrial com limite de
receita de R$ 720.440,00 proveniente de atividade industrial e microempresa
comercial ou de serviços com receita bruta anual até R$ 360.220,00 gerada por
atividade de comércio ou de serviços. Para as EPPs, utiliza o teto de R$
53
6.303.850,00 para a empresa de pequeno porte industrial e o limite de receita
bruta anual de R$ 2.701.650,00 para as EPPs comercial ou de serviços.
O único resultado prático do Estatuto, foi à criação do Fórum Permanente
da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, coordenado pelo Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior com a participação das entidades
que apóiam e representam o segmento. Visa manter aberto o diálogo sobre a
importância das MPEs na economia, promovendo ações práticas e efetivas e a
regulamentação de políticas públicas de desenvolvimento das micro e pequenas.
Apesar das restrições impostas pela Lei, para que as empresas possam
reduzir a leonina carga tributária brasileira, o SIMPLES foi um facilitador não só
ao pequeno empreendedor, como a Receita e ao Fisco, que através da
formalização de grande número de pequenos negócios, além de aumentar a
arrecadação, passou a exercer controle e acompanhamento dessas atividades.
Passado este primeiro momento de euforia e esperança empreendedora, a
manutenção das faixas de faturamento fez com que a ampliação do negócio com
aumento da receita e provável geração de empregos, se tornasse uma
preocupação, visto que isto implicaria em descredenciamento do sistema e
enormes dificuldades ou até total impossibilidade de manter o empreendimento.
3.3.1.1 – NECESSIDADE DE MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO
O divisor de águas para o movimento em prol às micro e pequenas
empresas, certamente foi à inclusão na Constituição de 1988 dos artigos 170 e
179 que garantem tratamento diferenciado ao setor. O SIMPLES Federal e o
Estatuto das MPEs colaboraram para a consolidação destes artigos.
Com a Reforma Tributária uma mudança significativa foi inserida no artigo
146 da Constituição Federal, que estabelece a criação de uma lei complementar
para o segmento das MPEs.
54
Brasil (2003). Emenda Constitucional nº 42, de 19 de dezembro de 2003.
Diário Oficial da União (seção 1, p. 3).
Art. 146. Cabe à lei complementar:
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária,
entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em
relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos
respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência
tributários;
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado
pelas sociedades cooperativas.
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as
microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive
regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no
art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13,
e da contribuição a que se refere o art. 239.
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d,
também poderá instituir um regime único de arrecadação dos
impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, observado que:
I - será opcional para o contribuinte;
II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento
diferenciadas por Estado;
III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição
da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes
federados será imediata, vedada qualquer retenção ou
condicionamento;
IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser
compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional
único de contribuintes.
55
Desde que a Emenda Constitucional nº 42, modificou o artigo 146 da
Constituição Federal de maneira essencial à continuidade do aprimoramento
tributário brasileiro, espera-se a sua regulamentação por Lei Complementar.
Com a mobilização de representantes das micro e pequenas empresas de
todo o país, o SEBRAE coordenou em 2003 a estruturação e elaboração do
anteprojeto chamado de Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, que tem o
objetivo de reunir, unificar e melhorar todos os recursos legais existentes e
racionalizá-los em benefício das MPEs e do desenvolvimento econômico.
Desde o lançamento da Lei Geral em março de 2005, várias entidades têm
se mobilizado pelo Brasil para divulgar e discutir suas propostas e também
trabalhar para sua aprovação. A Frente Empresarial pela Lei Geral das Micro e
Pequenas Empresas12 tem promovido encontros e discussões pelo país, para
conscientizar os municípios e conseguir adesão ao movimento para que a lei
entre na pauta do Congresso ainda este ano.
A Frente Parlamentar de Apoio à Micro e Pequena Empresa da Assembléia
Legislativa de São Paulo e a Frente Empresarial Paulista13 também tem se
articulado com entidades de classe e a sociedade civil com os mesmos objetivos.
O anteprojeto da Lei Geral foi entregue em 08 de junho de 2005 aos
Presidentes da República, do Senado e da Câmara Federal.
Uma comissão técnica foi formada por representantes do SEBRAE, dos
Ministérios da Fazenda, Trabalho, Previdência e Receita Federal para analisar a
Lei Geral e remover os possíveis entraves que possam atrasar ainda mais a sua
votação.
12 Frente Empresarial pela Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas é formada
pelas Confederações Nacionais da Indústrias – CNI, do Comércio – CNC,
Agricultura – CNA, Transportes – CNT, Associações Comerciais e Empresariais
do Brasil – CACAB, Dirigentes Lojistas – CNDL, Jovens Empresários – Conaje e
das Entidades de Micro e Pequenas do Comércio e Serviços – Conempec.
13 Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de São
Paulo – Facesp, Federação da Agricultura do Estado de São Paulo – Faesp,
Federação do Comércio do Estado de São Paulo – Fecomercio, Fiesp e
SEBRAE-SP.
56
A proposta da Lei Geral reúne todos aspectos favoráveis possíveis em
uma única lei complementar e a sua efetivação dará a economia nacional o
verdadeiro papel que deve ser atribuído as MPEs. Mais do que geradoras de
tributos, a estas cabem a criação de emprego e renda, a fixação do trabalhador
na sua região de origem com inclusão social.
Se comparadas item a item os parâmetros atuais aos propostos na Lei
Geral, o caminho traçado levará ao aumento de novos negócios com redução da
informalidade, incentivo a competitividade e crescimento econômico brasileiro.
A unificação de todos os procedimentos fiscais, tributários e operacionais
adotados nas esferas federal, estadual e municipal, trará facilidades ao
empreendedor, agilizando e simplificando o processo de regularização da
empresa, eliminando a possibilidade de incorrer em erros e sofrer sanções. E
permitirá que as MPEs tornem-se competitivas e ampliem sua capacidade de
produção.
Os mais de noventa documentos solicitados por dez órgãos diferentes, ao
empreendedor para a abertura ou formalização do seu negócio, deverão ser
substituídos por um registro simplificado baseado no CNPJ e a partir deste
cadastro, Estados e Municípios obterão informações sem nenhum ônus ao
contribuinte. Ao suspender suas atividades temporariamente, a empresa poderá
fazé-lo sem o recolhimento de tributos. E após três anos sem movimentação, a
firma poderá ser encerrada sem pagamento de taxas e multas.
Uma reivindicação é incluir no Código Civil uma definição para “empresário
de ME e EPP” e “empresário individual” com responsabilidade limitada ao capital
social, além de dispensar as MPEs da publicação de atos da empresa, realização
de assembléias e outras burocracias.
Unificar o conceito de microempresa e empresa de pequeno porte em
todas as esferas do poder público, deixando para trás as divergências atuais do
SIMPLES Federal e do Estatuto das MPEs.
O limite de enquadramento sugerido para as MEs é de receita bruta anual
de até R$ 480.000,00. Para as EPPs, a receita bruta superior a R$ 480.000,00
até R$ 3.600.000,00. Além disso, os valores serão corrigidos pela variação
anual do Produto Interno Bruto - PIB.
As empresas que permanecerem nesta faixa de receita, independente do
segmento que atuam podem aderir ao SIMPLES Geral, inclusive os prestadores
57
de serviços. Além disso, a empresa ao atingir um novo patamar de faturamento, a
nova alíquota será aplicada sobre o crescimento obtido. Medida que visa
incentivar a formalização e crescimento do negócio.
Através do SIMPLES Geral haverá o recolhimento mensal de todos os
impostos, a partir da mesma base de cálculo, ou seja, IRPJ, PIS/PASEP, CSLL,
COFINS, INSS sobre salários dos empregados, ICMS e ISS. Os impostos serão
recolhidos sobre a receita bruta mensal e não sobre a receita acumulada no
exercício fiscal, protegendo o caixa da empresa nos meses desfavoráveis.
Os débitos tributários poderão ser parcelados, ato que atualmente só é
permitido as não optantes do SIMPLES por até 60 meses. Os negócios de
compra e venda entre ME e EPP consorciadas terão isenção de tributos sobre
estas transações.
Para estimular a injeção de recursos na forma de crédito as MPEs, as
Sociedades de Crédito ao Microempreendedor – SCM e as Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, não serão tributadas quando
operarem com micro e pequenas empresas.
Como incentivo às exportações, haverá isenção de impostos sobre as
receitas resultantes destas transações. Outra inovação desta Lei é a possibilidade
de participação em licitações com fornecimento parcial de grandes lotes e com
limite preferencial de R$ 50.000,00 para as MPEs que tenham preços
competitivos e condições de fornecimento. Pontos que facilitam a disputa com as
médias e grandes empresas.
Quanto às leis trabalhistas, a proposta é a suspensão das obrigações
burocráticas, como por exemplo, a apresentação do RAIS. E o INSS ficaria
responsável pelo salário maternidade das trabalhadoras das MPEs.
O movimento desencadeado em favor da Lei Geral das Micro e Pequenas
Empresas tem conseguido divulgar pelo Brasil, a necessidade de adequação e
atualização por parte do Estado em todas as esferas, a realidade e necessidade
do pequeno empreendedor e do reconhecimento da sua relevância na economia
nacional.
Por se tratar de uma matéria tributária, é preciso que, pelo menos os
principais pontos da Lei Geral sejam aprovados ainda em 2005, para que as
empresas possam se beneficiar a partir de 2006. O que representará o
fortalecimento econômico do segmento das micro e pequenas empresas e
58
reunirá condições para ampliar a regularização de negócios informais, o que
obviamente gera mais emprego e renda.
3.3.1.2 – A SOCIEDADE CIVIL, OS INTERESSES POLÍTICOS E
ECONÔMICOS
Independente do cenário de investigações, depoimentos, renúncias e da
descompostura coletiva no Planalto Central, o ritmo entre os poderes federais e a
sociedade civil sempre esteve em descompasso.
Voltado ao segmento das MPEs, tramita na Câmara Federal deste 19 de
janeiro de 2004, o Projeto de Lei Complementar PLP-123/2004, de autoria de
membro da Assembléia, que trata da regulamentação do artigo 146 e o inciso IX
do artigo 170 da Constituição Federal.
O objetivo é criar um regime único de arrecadação de impostos e
contribuições federais, distritais, estaduais e municipais, chamado
SUPERSIMPLES. Impostos estes, recolhidos em apenas uma guia utilizando o
Cadastro Único Nacional no Sistema Integrado de Gestão de Informações Fiscais
– SIGFIS. O que também simplifica o processo de abertura e baixa das empresas.
Ao PLP-123/2004, foi apensado em 31 de maio de 2005, o Projeto de Lei
Complementar PLP-210/2004, conhecido como Pré-Empresa, de autoria do Poder
Executivo, datado de 08 de novembro, que trata de isenções tributárias e
redução de encargos trabalhistas para microempresas com faturamento bruto
anual de até R$ 36.000,0014.
Tramitam em regime de prioridade na casa, sendo encaminhados para
parecer das Comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio e a
de Finanças e Tributação.
Todo este tempo empregado nestes projetos relativamente simples se
comparados à abrangência da Lei Geral, reafirmam a impossibilidade da Câmara
Federal em aliar a vida política partidária, o bom senso e a rapidez que as
empresas, os empreendedores, o trabalhador e o mercado precisam.
14 A aprovação desta PLP beneficiaria 78,67% das empresas informais
(8.131.357) com renda anual até R$ 24.000,00 conforme dados apurados na
pesquisa ECINF 2003, tratada no item 2.2 – INFORMALIDADE – tabela 10, p. 31
59
Havia ainda a Medida Provisória MPV-252/2005 de 16 de junho, chamada
de MP do Bem por reduzir tributos de alguns setores da economia, como os
fabricantes nacionais de softwares e prestadores de serviços de informática com
pelo menos 80% da receita bruta gerada por exportações, isenção de
PIS/COFINS na receita bruta de vendedores varejistas de computadores (não
optante do SIMPLES), isenção tributária na venda de imóvel para a compra de
outro no prazo de 6 meses, redução a zero das alíquotas de importação de
máquinas e equipamentos, entre outras.
Recebeu 443 emendas, sendo que, a que tratava da alteração da tabela do
SIMPLES Federal, onde a receita bruta das microempresas era igual ou inferior a
R$ 240.000,00 e as empresas de pequeno porte, com receita acima deste valor
até R$ 2.400.000,00, teve uma aprovação maciça no plenário da Câmara Federal.
Na encenação parlamentar, uma das 28 emendas incluídas e aprovadas
pelo Senado Federal a esta MPV, foi o ponto de divergência no plenário da
Câmara entre a oposição e os governistas, sendo que estes últimos pediram
destaque para votação em separado, esvaziaram o plenário, inviabilizando-a.
O principal problema na verdade foi o aumento da isenção fiscal
estimada pelo governo em R$ 3,32 bilhões e que após as emendas passariam
para R$ 6,6 bilhões por ano. Com isto, entre discursos inflamados, socos e
empurrões, esgotaram-se os 120 dias previstos no artigo 62 da Constituição
Federal, para a apreciação da matéria e expirou a vigência da medida provisória,
colocando as empresas que programaram investimentos com base nos
benefícios da MPV em eminente prejuízo.
Após esta manobra da bancada governista, para poupar o executivo de
vetar os pontos que não eram de seu interesse, os próprios, utilizaram a MPV
255/2005 de 04 de julho, para incluir alguns pontos da MPV 252/2005, entre eles
a correção da tabela do SIMPLES.
Em 28 de outubro deste ano, através de acordo das bancadas, esta
Medida Provisória foi aprovada e enviada a sanção presidencial. Transformada na
Lei Ordinária nº 11.196/2005 foi publicada no Diário Oficial da União em 22 de
novembro e confirma no capítulo VI os limites do SIMPLES Federal em R$
240.000,00 para as MEs e até R$ 2.400.000,00 para as EPPs, que passarão a
vigorar em 1º de janeiro de 2006, após regulamentação.
60
Esta primeira e parcial vitória não só dos micro e pequenos
empreendedores brasileiros, mas do sistema socioeconômico nacional, veio
acompanhada da confirmação de que o anteprojeto da Lei Geral será
apresentado como substitutivo ao PLP 123/2004, conforme anunciou o relator do
projeto na Comissão da Microempresa da Câmara dos Deputados.
Estudos e simulações continuam sendo apresentados e debatidos nesta
Comissão que conta com o apoio do novo presidente da Câmara Federal, que ao
receber dos representantes do SEBRAE o anteprojeto da Lei Geral, afirmou que
este será aprovado ainda este ano.
3.4 – CRÉDITO
No país com as maiores taxas de juros do mundo e uma burocracia atroz,
já faz parte do inconsciente coletivo brasileiro, que conseguir um empréstimo,
honrá-lo e não sucumbir a ele, é uma tarefa heróica.
Se o empreendedor resignado passar por todas as barreiras burocráticas,
terá que aceitar taxas escorchantes, que podem inviabilizar e consumir qualquer
crescimento pretendido pelo tomador do dinheiro.
Excluí-se aqui, os financiamentos para cobrir prejuízos, considerando-se
exclusivamente linhas de crédito para a expansão do empreendimento, como
investimento em máquinas e instalações ou capital de giro para aquisição e
reposição de materiais e reforçar o fluxo de caixa, neste caso, desde que não seja
um problema crônico da empresa.
Citando SCHUMPETER (...) em princípio, ninguém além do
empresário precisa de crédito -- ou o corolário, mas de imediato
uma afirmação muito menos estranha, de que o crédito serve ao
desenvolvimento industrial… Ele (o inovador) só pode tornar-se
empresário ao tornar-se previamente um devedor. Torna-se um
devedor em conseqüência da lógica do processo de
desenvolvimento, ou para dizê-lo ainda de outra maneira, sua
conversão em devedor surge da necessidade do caso e não é
algo anormal, um evento acidental a ser explicado por
61
circunstâncias particulares. O que ele quer primeiro é crédito,
antes de requerer qualquer espécie de bens, requer poder de
compra. É o devedor típico na sociedade capitalista.
(SCHUMPETER, 1982, p, 71 e 72 apud BARBOSA;
CAVALCANTI, 2000, p, 12).
Tendo o empreendedor analisado todas as suas possibilidades e a sua real
perspectiva de ampliar, melhorar e fortalecer o seu negócio é preciso que ele
convença e apresente garantias as instituições de concessão de crédito e esta
tem sido a maior dificuldade para as micro e pequenas empresas.
As empresas precisam estar em dia com suas obrigações, como Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço – FGTS, a Previdência Social e apresentar um
Plano de Negócios, onde esteja bem dimensionado todas as atividades da
empresa e área de atuação, informações sobre fornecedores e clientes,
projeções de faturamento e fluxo de caixa e a utilização do capital emprestado.
Em alguns casos, a entidade realiza auditorias antes de depois de
concedido o financiamento. Alguns bancos exigem de 130% a 200% como
garantia sobre o valor financiado, as chamadas Garantias Reais que podem ser
bens imóveis e móveis do solicitante.
As empresas podem recorrer a fundos de aval, que viabilizam a sua
concessão, facilitando o acesso ao crédito. O Fundo de Aval às Microempresas e
Empresas de Pequeno Porte – Fampe, criado pelo SEBRAE, utiliza recursos
próprios e dá garantias reais para que as MPEs obtenham o financiamento junto a
bancos credenciados, desde que estes sejam para a melhoria da empresa, como
aquisição de máquinas, equipamentos, veículos, certificações e instalação ou
ainda para capital de giro se associado a investimentos.
O aval máximo é de R$ 72.000,00, no limite de 96 meses. A taxa cobrada
pela concessão do aval, no ato da liberação da primeira parcela, varia de 2% a
6%, para garantia de 24 a 96 meses.
Outra opção, esta não só aos micro e pequenos empresários, como aos
autônomos, profissionais liberais, informais e cooperativas, é o Fundo de Aval
para a Geração de Emprego e Renda – FUNPROGER, criado pela Lei nº 9.872
23.11.1999. Vinculado ao Ministério do Emprego e Renda, utiliza os recursos do
Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT e é gerido pelo Banco do Brasil. Garante
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até 80% do valor financiado e cobra pelo aval 0,1% sobre o valor garantido,
multiplicado pelo total de meses do financiamento.
O Fundo de Garantia para a Promoção da Competitividade – FGPC, (Lei nº
9.531 de 10.12.1997), é composto por recursos provenientes do FAT,
administrado pelo BNDES e esta disponível na maioria dos bancos espalhados
pelo Brasil e pode ser utilizado para financiar gastos com instalação, aquisição de
máquinas e equipamentos de fabricação nacional, de bens de produção, de
caminhões no caso de empresas transportadoras, benfeitorias em propriedade
rural e para produção de bens e serviços para exportação.
Desde que atendias todas as exigências e garantias junto à instituição
financeira credenciada, o BNDES pode oferecer várias linhas de financiamento
para micro, pequenas e médias empresas em geral, as exportadoras e as
pessoas físicas que atuam no setor de cargas e agropecuário.
Para as MPEs, existem linhas específicas para recuperação e ampliação
de instalações, de máquinas e equipamentos de fabricação nacional e capital de
giro associado a investimentos fixos, como a Linha BNDES-automático, onde as
MEs podem obter até 70% do valor e as EPPs até 40%.
Com o Cartão BNDES, o empreendedor pode levantar até R$ 100.000,00
por emissor (Bradesco, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil), que pode
ser amortizado em até 36 meses, cuja taxa era 1,39% ao mês em novembro de
2005.
Várias outras linhas e programas de financiamento são oferecidos pelo
BNDES, através de seus credenciados, alguns específicos para o setor agrícola e
de exportação.
Em 2005, de janeiro a setembro, o BNDES desembolsou R$ 31,15 bilhões,
(tabela 17) 12% a mais do que o mesmo período do ano anterior, porém para as
MPEs e pessoas físicas houve uma redução de 13% em relação ao mesmo
período do ano anterior.
Apesar disto, entre os anos 2000 a 2004, a participação das micro e
pequenas empresas e pessoas jurídicas, passou de 13,15% em 2000 para
24,06% em 2004. (figura 11).
Tabela 17 – Total de desembolso do BNDES – 2000 a 2005
Fonte: BNDES.
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Figura 11 – Participação por tipo de empresa, no total de desembolso do
BNDES – 2000 a 2005
Fonte: BNDES.
As opções de crédito são poucas e as dificuldades impostas ao micro e
pequeno empreendedor são inúmeras, principalmente para a grande maioria que
não esta totalmente preparada e capacitada para enfrentar as exigências do
mercado financeiro. Porém estes empreendedores possuem o primeiro pré-
requisito a ser considerado para iniciar esta empreitada, que é a formalidade.
Para os empreendedores informais, cuja própria condição impede o acesso
as instituições financeiras, cresce a utilização do sistema de Microcrédito, que
viabiliza a população de baixa renda, empréstimos de pequenos valores a juros
aceitáveis.
A primeira operação de Microcrédito ocorreu no Brasil em 1973,
desenvolvida pela União Nordestina de Assistência as Pequenas Organizações.
Ao longo dos anos, várias outras organizações voltadas ao Microcrédito se
espalharam pelo Brasil e já existem leis específicas que estabelecem normas
para a constituição e habilitação destas instituições.
A Lei nº 9.790/99 que estabeleceu a criação das Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, que funcionam como organizações
DESEMBOLSO - BNDES - em R$ milhões Evolução anual por setor
jan a set jan a set
setor 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2001/2000 2002/2001 2003/2002 2004/2003 2005/2004
MPE e pessoa jurídica R$ 3.031 R$ 4.223 R$ 5.970 R$ 7.410 R$ 9.585 R$ 5.964 39,33% 41,37% 24,12% 29,35% -13,00%Média R$ 1.375 R$ 1.562 R$ 2.368 R$ 2.613 R$ 2.993 R$ 2.967 13,60% 51,60% 10,35% 14,54% 42,00%
Grande R$ 18.640 R$ 19.431 R$ 29.082 R$ 23.510 R$ 27.258 R$ 22.218 4,24% 49,67% -19,16% 15,94% 18,00%R$ 23.046 R$ 25.216 R$ 37.420 R$ 33.533 R$ 39.836 R$ 31.149 9,42% 48,40% -10,39% 18,80% 12,00%
64
não governamentais – ONG, por isto não podem distribuir lucros ou vantagens e a
Lei nº 10.194/01, que autorizou a constituição da Sociedade de Crédito ao
Microempreendedor – SCM, que são reguladas pelo Conselho Monetário
Nacional e consideradas ou companhias fechadas ou sociedades limitadas
visando lucros.
Para ampliar os recursos para o Microcrédito, a Lei nº 10.110/2005, criou o
Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado – PNMPO, que permite
que as instituições financeiras utilizem os recursos financeiros do FAT e de 2%
dos depósitos a vista dos bancos públicos e privados.
Os empréstimos oferecidos pelas instituições de Microcrédito são voltados
para atividades produtivas, onde geralmente em uma visita a casa do
empreendedor, são analisadas, as contas do negócio e as familiares, bem como
as instalações e sua capacidade de pagamento. A maioria acompanha a
utilização do recurso e o andamento do empreendimento.
A característica principal do Microcrédito é de emprestar pequenas
quantias de maneira ágil e desburocratizada a empreendedores informais
idôneos.
Apesar de caracterizar um avanço no sistema de crédito, ainda é preciso
ampliar as possibilidades do empreendedor brasileiro, a quem cabe aproveitar
estas alternativas de crédito a taxas civilizadas.
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CONCLUSÃO
Os estudos e pesquisas sobre Empreendedorismo se consolidaram nos
últimos anos em função da globalização da economia e das interferências
tecnológicas e mercadológicas que foram impostas as empresas para se manter
ou se tornar competitivas.
Este processo alterou a estrutura das empresas, que ao aumentarem a
produtividade com a utilização de novas tecnologias, eliminaram inúmeros postos
de trabalho dos seus quadros.
No final dos anos 70, enquanto estas mudanças ocorriam na economia
mundial, nas escolas brasileiras a grande maioria dos jovens sonhava em
trabalhar em uma grande empresa, de preferência em uma multinacional.
A busca pelo emprego estável ainda está muito presente na cultura do
trabalhador brasileiro, representado atualmente pela grande procura por cursos
preparatórios para concursos públicos. Portanto, a realidade para a maioria dos
66
brasileiros é conquistar um emprego, nesta economia restrita, competitiva e
exigente.
A globalização da economia impôs mudanças as empresas e aos
trabalhadores. Como foi exposto neste trabalho, as dificuldades para a colocação
ou recolocação no mercado de trabalho, fez com que as características
empreendedoras nacionais florescessem.
Contra todas as adversidades encontradas, o empreendedorismo brasileiro
por oportunidade se recuperou entre os anos de 2003 e 2004, após ter sofrido
grande queda em 2002, em função das expectativas geradas pela eleição
presidencial. A diferença entre o número de empreendimentos por oportunidade
e por necessidade no Brasil é fruto das grandes divergências encontradas no
perfil do empreendedor, que por necessidade são na maioria jovens ou mulheres
com baixa escolaridade e poucos recursos e o fazem por falta de melhor
alternativa de subsistência.
As micro e pequenas empresas são a materialização do
empreendedorismo brasileiro. Em números de 2002, juntas representam 99,21%
no total de empresas formais nacionais, 57,17% em número de pessoas
ocupadas e 25,96% na massa total de salários. É impossível negar a importância
das MPEs na economia brasileira.
Mesmo que se pretenda desprezá-las quanto geradora de recursos para o
Estado, através da alegação de possíveis e discutidos benefícios fiscais e
tributários, há que se creditar às micro e pequenas empresas o mérito de
empregar mais da metade da massa de trabalhadores no Brasil.
Sem ainda considerar ao total de empresas formais, o dobro em número de
empresas informais existentes na economia brasileira, que empregam quase 14
milhões de pessoas.
Aceitar e reconhecer que os micro e pequenos empreendimentos
representam a estabilidade e o desenvolvimento social e econômico brasileiros, é
o primeiro passo para o fortalecimento e crescimento destes negócios.
Parte dos pequenos e micro empreendedores brasileiros tem desenvolvido
suas atividades de maneira pouco profissional e muito intuitiva e apesar de todo o
esforço, o número de insucessos tem sido considerável, causando a perda de
parte do capital investido e reconduzindo ao mercado de trabalho em média 770
mil pessoas por ano.
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A capacitação dos empreendedores é a primeira condição para o êxito do
negócio. Através do acesso a informação, treinamento e aprimoramento, os micro
e pequenos empresários podem planejar as suas atividades e buscar alternativas
para obtenção de melhores resultados e possíveis correções de rumo.
Nesta onda do empreendedorismo, surgiram instituições voltadas aos
micro e pequenos negócios, com o objetivo de adaptar a eles os procedimentos
criados e disponíveis as médias e grandes empresas. A referência para o
segmento é o SEBRAE, que tem preparado e acompanhado muitos
empreendedores para o sucesso.
Através da capacitação, o empreendedor pode ter acesso a
conhecimentos administrativos, mercadológicos e tecnológicos, que fortalecem e
ampliam seu negócio e principalmente posicionar-se como parte importante do
sistema socioeconômico e exigir mudanças para o segmento.
As primeiras conquistas foram o SIMPLES Federal e o Estatuto da
Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. O primeiro, que inicialmente
possibilitou a formalização de um grande número de empresas, mas que depois
de oito anos sem correção nas suas faixas de faturamento, induz ou força o
empreendedor a interromper o seu crescimento ou dividir em duas empresas.
Atitude que é dificultada pelo tempo, recursos gastos e a burocracia a ser
transposta.
Minimizar as dificuldades de acesso ao crédito e a utilização de taxas de
juros mais civilizadas, foi outra conquista dos empreendedores brasileiros, frente
às condições impostas pelo mercado financeiro acostumado a emprestar grandes
quantias com toda a sorte de garantias.
Apesar disto, o segmento das MPEs tem se mobilizado e demonstrado a
realidade da micro e pequena empresa brasileira, tanto em importância na
economia nacional, quanto na necessidade de “tratamento diferenciado e
favorecido” como preconiza a Constituição Federal Brasileira.
A contradição dos governantes, entre os discursos e intenções em criar
empregos para geração e distribuição justa de renda e dissolver problemas
sociais decorrentes e as efetivas alterações e correções responsáveis na
legislação vigente, tem sido acompanhadas diariamente ao longo destes anos,
pelos micro e pequenos empreendedores brasileiros.
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A tendência dos nossos representantes em pensar e idealizar políticas de
arrecadação de curto prazo tem atrasado e dificultado o andamento e aprovação
de projetos, que “empoeiram” nas comissões do Congresso Nacional. Apesar
disto, há que se comemorar a tão sonhada correção nos limites de faturamento do
SIMPLES Federal, que entrará em vigor em janeiro de 2006, após
regulamentação.
No cenário econômico atual, o empreendedor brasileiro tem cumprido o
seu papel como parte importante no desenvolvimento sustentado nacional,
gerando empresas, empregos e produtos que privilegiam as características
regionais sempre procurando adequar-se às inovações e exigências do mercado.
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