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o encontro dos presidentes · Os laços forjados entre o Brasil e a Argenti-na ultrapassam a relação bilateral. Em nos-sos contatos, temos sempre presente nossa

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o encontro dos presidentesjoão figueiredo e reynaldobignone,

da argentinaMensagem do Presidente Joâb Figueiredo ao povo argentino,em 12 de janeiro de 1983.

É com grande prazer que me dirijo à naçãoargentina na véspera do encontro, em Fozdo Iguaçu, com sua excelência o SenhorGeneral-de-Divisão Reynaldo Benito Antó-nio Bignone.

Trago, sempre em minhas recordações o pe-ríodo em que, ainda menino, vivi, em com-panhia de meus pais, na acolhedora cidadede Buenos Aires. Conheci, então, de perto,a nobreza do povo argentino, suas qualida-des humanas e seu idealismo. Compreendiquão fortes são os'Sentimentos e os anseiosque nos unem.

Tais afinidades naturais refletem-se no em-penho colocado por nossos países na am-pliação e integração dos seus vínculos físi-cos, preparando um terreno fértil e seguropara a expansão do relacionamento bilate-Val.

A ponte sobre o Rio Iguaçu, cuja constru-ção está prestes a ser iniciada, expressa, emsua realidade concreta e em suas conotaçõessimbólicas, a perenidade de nossa aproxi-mação. Também significativa nesse sentidoserá a celebração do contrato de interco-nexão, fornecimento e intercâmbio de ener-gia elétrica entre os dois países.

Essas iniciativas contribuem paraoaprimo-ramento das nossas relações, conforme de-sejos mutuamente expressos em reuniõesanteriores que mantive com Chefes-de-Esta-do argentino. O próximo encontro de tra-balho com sua Excelência, o Senhor Presi-dente da República Argentina, permitir-nos-á, ademais, proceder, com franqueza e leal-dade, a análise da evolução e das perspecti-vas das relações brasileiro-argentinas.

Tenho presente os momentos difíceis en-frentados pela Argentina no primeiro se-mestre de 1982 e a necessidade de serem re-conhecidos seus direitos sobre as Ilhas Mal-vinas. O Brasil, como é sabido, tem deixadoclaro seu apoio nesse sentido e no do enca-minhamento pacífico da questão mediantenegociações. Reiterei publicamente nossospontos de vista ao discursar na Assembleiada Organização das Nações Unidas, em se-tembro último.

Inspirado nesses sentimentos e no perma-nente afeto dedicado pelo povo brasileiroao argentino, formulo sinceros votos deprosperidade à Nação irmã, num ano cujosprimeiros dias auspiciosamente consignarãonovos marcos nas relações entre a Argenti-na e o Brasil.

Muito obrigado.

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figueiredo a bignone:' 'o brasil e a argent ina

honram suas tradições"

PRESIDENTE JOÃO FIGUEIREDO

Excelentíssimo Senhor General-de-DivisãoReynaldo Bignone, presidente da Nação Ar-gentina.

O infcio da construção da ponte interna-cional sobre o Rio Iguaçu, constitui maisuma evidência do espírito de cooperaçãoque inspira a amizade entre o Brasil e aArgentina. Reflete a capacidade dos nossospovos, dedicada à realização dos interessescomuns.

Ligando as margens argentina e brasileirado Rio Iguaçu, a ponte contribuirá para odesenvolvimento dessa área, nos planos ma-terial e humano, e servirá para dinamizar ointercâmbio de bens e de pessoas entrenossos países.

Esse projeto não é iniciativa casual nemisolada. Inscreve-se no desígnio comum àsnações da região de ampliar e fortalecer suaintegração física. A união das redes detransportes e comunicações reflete nossofirme empenho no progresso económico re-gional e na maior aproximação entre nossospovos.

A convergência de três fronteiras nacionaise a disposição dos que aqui vivem ensejamo estreitamento e a diversificação dos laçostradicionais de amizade e colaboração entreos países interessados, prefigurando um fu-turo auspicioso para a região.

Senhor Presidente:

Tanto o projeto binacional, que hoje seinicia, quanto outros relevantes planos

Discursos dos Presidentes Joio Figueiredo e Reynaldo Bigno-ne, em Foz do Iguaçu, em 13 de janeiro de 1983, por ocasiãodo encontro de trabalho entre os dois Chefes de Estado.

foram idealizados e concretizados sob osigno do melhor entendimento. Com esse.mesmo espírito, nossos governos, e o daRepública do Paraguai, aqui concluíram,em 1979, o acordo que consagra a conver-gência de interesses entre os empreendi-mentos hidrelétricos de Itaipu e Corpus.

Permeia essas inieiativas o ideal do desen-volvimento equilibrado, com vantagenspara todas as partes. Nossa cooperação temsido traduzida num conjunto de atos bilate-rais, celebrados, nos últimos anos, entre osquais se destaca o que criou a ComissãoMista Brasileiro-Argentina para a constru-ção desta ponte, subscrito por ocasião davisita que fiz a Buenos Aires, em maiode 1980.

Temos dado particular alento à intercone-xão dos sistemas de transporte terrestrede um e outro país. Argentina e Brasil cons-truíram, no passado, a ponte que liga ascidades de Uruguaiana a Paso de Los Libressobre o Rio Uruguai. A ponte sobre o RioIguaçu será um novo elo entre os doispaíses. 0 Rio Uruguai há de ser também ocenário de interconexões elétricas e, opor-tunamente, de importantes projetos hidre-létricos brasileiro-argentinos.

Ainda hoje celebrar-se-á o contrato deinterconexão, fornecimento e intercâmbiode energia elétrica entre o Brasil e a Argen-tina. Presenciaria essa solenidade com agrata convicção de que corresponde a maisuma iniciativa promissora em nosso proces-so de cooperação recíproca.

A conduta de nossos países prova a firmeintenção de enfrentar os desafios da prosen-

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te conjuntura internacional, decorrênciada crise económica que afeta com maiorseveridade os países em desenvolvimento.

Senhor Presidente:

O Brasil e a Argentina honram suas tradi-ções, mostrando coragem no presente, econfiança no futuro. Timbram em não sedeixar imobilizar pelas dificuldades e emperseverar no esforço pelo melhor destinode nossos povos. Estou seguro de nossoêxito. Não nos falta nem coragem, nemcapacidade, para atingir esses objetivos.

Os laços forjados entre o Brasil e a Argenti-na ultrapassam a relação bilateral. Em nos-sos contatos, temos sempre presente nossacondição de nações latino-americanas que,desde cedo, tiveram na solidariedade umdos componentes de seu progresso.

Os episódios que, no curso do ano passado,envolveram a Argentina no Atlântico Sul,provocaram, de nossa parte, manifestaçõesinequívocas de solidariedade. Com o mes-mo ânimo temos sustentado a necessidadede uma solução negociada para o caso,conforme acentuei em discurso na Assem-bléia-Geral das Nações Unidas.

Novamente demonstramos, assim, que asolidariedade não é para nós, conceito retó-rico, carente de vontade de atualização eaprimoramento. A solidariedade brasileiro--argentina, criativa e renovadora, é uma rea-lidade dinâmica, vivida com o ânimo de darum conteúdo cada vez mais rico às nossasrelações. Este, senhor presidente, o sentidodesta celebração, consagradora de nossaconvivência fraterna, e dos altos valores quetêm inspirado, e que hão de inspirar parasempre a nossa perene amizade.

PRESIDENTE REYNALDO BIGNONE

Excelentíssimo senhor presidente:

Não poderia Vossa Excelência ter escolhidomelhor circunstância para convidar-me a

conversar sobre os grandes temas que inte-ressam a nossos povos. Difícil seria encon-trar um símbolo de maior riqueza para estareunião, que a ponte cuja construçãose iniciará hoje.

Esta obra satisfaz uma bem justificadaaspiração desta região de Misones e darámais fluidez ao tráfego de nossas merca-dorias. Mas acima de tudo, vinculará nossospovos e será um ponto mais de contatodireto e permanente entre povos que senecessitam mutuamente e se complemen-tam de forma natural e espontânea.

Nossos países, unidos por semelhantesraízes espirituais, culturais e geográficas, epor ideais compartilhados de paz e progres-so para a América Latina, possuem tambémcaracterísticas nacionais bem definidas.Aproximar essas diversidades que tantopodem enriquecer um povo e outro,redundará em claros benefícios para ambose para outros povos irmãos do continente.

Mas, esta ponte, senhor presidente, simbo-lizará além disso, pelo momento em que seinicia sua construção, uma nova etapa nofuturo histórico da América Latina. Osdifíceis momentos vividos recentementepelo meu país demonstraram cabalmente aimperiosa necessidade de unir esforços emprol de um maior espaço político e de ummais amplo eco de nossas justas reivindica-ções no concerto internacional.

As inúmeras provas de solidariedade rece-bidas pela Argentina no transcurso de umaluta, ainda não terminada, para restaurara sua integridade erradicando de seu terri-tório os últimos vestígios de úm colonialis-mo soberbo e obsoleto, mostraram aomundo inteiro o vigor de nossas comunsraízes latino-americanas.

Essa fraternidade dará renovado impulsoe maturidade às relações com todos ospovos da América, enquadradas no respeitoaos princípios de não-intervenção nosassuntos internos de outras nações, a igual-

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dade soberana dos Estados e a solução pací-fica das controvérsias.

Em um mundo cada vez mais interdepen-dente, se impõe mais do que nunca acooperação regional. Primeiro, para avaliarem forma conjunta os efeitos dessa crescen-te interdependência sobre o desenvolvimen-to regional e nacional. Depois, para deter-minar os possíveis cursos de ação, a fim desuperar as limitações causadas por políticaselaboradas fora de nossos países, nem sem-pre convenientes para o progresso e bem-es-tar das nossas nações.

E o único caminho eficiente para que todose cada um dos países de nossa região au-mentem sua capacidade negociadora, multi-pliquem suas potencialidades, otimizemseus recursos, defendam o preço de seusprodutos, impulsionem o desenvolvimentoe criem as condições para que nossos povose governos possam construir uma AméricaLatina integrada espiritual e fisicamente.Esta construção que se inicia tem precisa-mente esse sentido.

Passaram-se 35 anos desde que foi habilita-da a ponte que une Paso de Los Libres aUruguaiana. É demasiado o tempo quetranscorreu sem que em este lapso de pro-gresso e desenvolvimento tenhamos tidoa oportunidade de edificar outra obra deintegração física.

Considero que a circunstância de nos en-contrarmos tão perto do Rio Paraná, cujoaproveitamento hidrelétrico é uma empresae irmanará ainda mais nossos países coma República do Paraguai, acrescenta valora este ato.

Levou tempo lograr entendimento paraconciliar nossos interesses; na utilizaçãodesse magnífico curso fluvial, e houve pro-jetos e iniciativas que sofreram os efeitos da"espera. No entanto, a serena maturidadenos abriu agora todos os caminhos, e estaponte, precisamente, é um novo elo entrenossos destinos.

Em suma, estamos realizando sensíveis pro-gressos na cooperação bilateral: novos tra-tados criaram possibilidades que não tínha-mos e há projetos que avançam por essesnovos caminhos. A interconexão dos sis-temas elétricos dos dois países, negociadadurante dois anos,, até chegar ao contratoque será firmado esta tarde, se seguiu àcooperação no campo do uso pacífico daenergia nuclear.

Mas a grave crise económica internacionalrequer hoje, mais do que nunca, somar osesforços de cooperação e integração entrenossos países. Em tal sentido, entendemosque o grupo de trabalho binacional forma-do por ocasião do encontro presidencialde Paso de Los Libres, deverá identificarnovas áreas e modalidades concretas decooperação económica e tecnológica entrea Argentina e o Brasil.

No mundo moderno, cheio de desafios,podemos dizer com orgulho que na Amé-rica Latina há povos seguros de si mesmose confiantes em seu futuro, que preferema ação do que a inércia, buscando a coope-ração e desprezando o egoísmo.Povos que se dispõem a construir uma ponte,ligar sistemas elétricos, aproveitar em con-junto a energia dos rios que compartilham,desenvolver os usos da energia nuclear comfins pacíficos e incrementar o comérciobilateral e orientado para terceiros merca-dos mediante fórmulas de complementa-ção.

Senhor presidente:

O povo argentino acompanhou com grandeinteresse o processo eleitoral realizado emseu país no ano passado. Esse acontecimen-to constitui, sem dúvida, uma das grandesrealizações de seu governo. Na Argentina,já começou esse processo. Logo depois deassumir a primeira magistratura disse algoque hoje reitero com a mesma convicção:"Minha única aspiração é ser o últimopresidente argentino não eleito pela vonta-de popular".

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É a vontade soberana de nossas nações querequer hoje que uma ponte cruze esserio, porque não aceita que a proximidadegeográfica não seja complementada com aintegração e a cooperação mútuas.

Queira Deus nosso Senhor que esta magní-fica grandeza do continente que habitamosnos impulsione sempre a construir, emfunção de nossos interesses nacionais, umfeliz destino comum para nossos povos.

comunicado á imprensa brasil-argentina

O Excelentíssimo Senhor Presidente JoãoBaptista de Oliveira Figueiredo, da Repú-blica Federativa do Brasil, eo Excelentíssi-mo Senhor Presidente Reynaldo BenitoBignone, da República Argentina, celebra-ram, em 13 de janeiro de 1983, um encon-tro de Trabalho em Porto Meira e em Fozdo Iguaçu, Brasil.

Essa iniciativa correspondeu à continua-ção do diálogo estabelecido em anterioresreuniões presidenciais, complementado porrepresentantes de ambos os países em dife-rentes níveis, com reflexos sumamentepositivos no desenvolvimento das relaçõesbrasileiro-argentinas.

Durante a estada em Porto Meira, os doisChefes de Estado presidiram o início dostrabalhos de construção da ponte que ligaráPorto Meira, na República Federativa doBrasil, a Puerto Iguazu, na República Ar-gentina, sobre o rio Iguaçu.

No curso do encontro de trabalho, caracte-rizado por um espírito de grande cordiali-dade e franqueza, os presidentes efetuaramconversações, de resultados altamente pro-veitosos, sobre temas bilaterais, bem comoregionais e mundiais de interesse comum.

Na mesma ocasião, o Ministro das RelaçõesExteriores do Brasil, Embaixador RamiroSaraiva Guerreiro, e o Ministro das Rela-ções Exteriores e Culto da Argentina, Em-baixador Juan Ramon Aguirre Lanari, pro-cederam a uma valiosa troca de pontos de

Comunicado à imprensa divulgado em Foz do Iguaçu, em13 de janeiro de 1983, a respeito do encontro de trabalho

dos Presidentes Joio Figueiredo e Reynaldo Bignone.

vista concernente a tópicos relevantes paraos dois países.

Os Presidentes ressaltaram com satisfaçãoo excelente estado das relações brasileiro--argentinas e as auspiciosas perspectivas deseu continuado desenvolvimento que emer-gem dos contatos entre diferentes setoresde ambas as nações.

Em especial, os Presidentes congratularam--se pelo início das obras da ponte entrePorto Meira e Puerto Iguazu, destinada acontribuir permanentemente para a aproxi-mação e a convergência de interesses entreo Brasil e a Argentina.

Coincidiram em que esse empreendimentoproporcionará facilidades substancialmenteacrescidas para a movimentação de pessoase bens entre ume outro país, concretizan-do, ademais, legítimos anseios das popula-ções brasileira e argentina na região.

Salientaram, a propósito, o trabalho eficazlevado a efeito pela Comissão Mista Brasi-leiro-Argentina criada pelo Acordo firmadoem 17 de maio de 1980, em Buenos Aires.

Recordaram que a ponte sobre o rio Iguaçué a primeira a ser construída entre o Brasile a Argentina desde a inauguração, em1947, da ponte internacional que uneUruguaiana, no Brasil, a Paso de los Libres,na Argentina, sobre o rio Uruguai, cujaconstrução teve início há mais de quarentaanos, em 1942.

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Destacaram, por outro lado, a importânciadas medidas de integração física para adinamização do relacionamento bilateralem todas as áreas e sua contribuição paraa consecução de patamares mais elevadosde progresso na região da Bacia do Prata,aportando, dessa maneira, benefícios paraterceiros países.

Felicitaram-se, também, pela celebração,que presenciaram na mesma data, do con-trato de interconexão, fornecimento eintercâmbio de energia elétrica entre oBrasil e a Argentina.

Consignaram a especial relevância dessamedida no âmbito da aproximação brasi-leiro-argentina.

Realçaram, no contexto desse relaciona-mento, o crescente empenho de coopera-ção entre o Brasil e a Argentina, tanto maissignificativa à luz das dificuldades económi-cas enfrentadas tanto por um quanto poroutro país na atual conjuntura internacio-nal.

Nesse sentido, fizeram referência com parti-cular agrado, às promissoras perspectivasde expansão e aprimoramento das relaçõesbrasileiro-argentinas, mediante um crescen-te entrelaçamento de interesses setoriaisrecíprocos. Citaram, como exemplosexpressivos, áreas como as do intercâmbioeconómico comercial e financeiro, da com-plementação industrial e agrícola, dostransportes, do turismo, dos projetos deaproveitamentos hídricos conjuntos, datroca de informações hidrometeorológicas,da ciência e tecnologia, do fornecimento degás, das atividades desenvolvidas no quadrodo Tratado da Antártida, da utilização daenergia nuclear com fins pacíficos, da edu-cação e da cultura.

Lembraram, a esse propósito, os váriosacordos celebrados, nos últimos anos, entreos dois países, atos que constituem sólidabase para o aprofundamento das suasrelações em diversos campos.

Concordaram em que o aprimoramento doscontatos bilaterais nessas e em outras áreastende a contribuir ponderavelmente paraum relacionamento estável e sólido entre osdois países.

Coincidiram quanto à importância da soli-dariedade entre as nações latino-america-nas, vinculadas por um amplo conjunto detradições, afinidades e aspirações comuns.

Reconheceram que o constante fortaleci-mento dessa solidariedade permitirá àregião atingir, com maior agilidade, níveismais elevados de prosperidade e bem-estar,assim como robustecerá sua capacidadede negociação internacional com paísesdesenvolvidos.

Sobre a questão das ilhas Malvinas, à qualse referiu o Presidente Bignone, o Presi-dente Figueiredo reiterou o apoio aoslegítimos direitos de soberania argenti-nos, recordou os termos do discurso que,em 27 de setembro de 1982, pronunciouperante a trigésima-sétima sessão da As-sembléia-Geral da Organização das NaçõesUnidas, e realçou a importância da Resolu-ção sobre o assunto aprovada naquele foromundial, na mesma sessão.

O Presidente Bignone agradeceu a hospi-talidade oferecida durante sua estada noBrasil e convidou o Presidente Figueiredoa manter proximamente uma nova reuniãode trabalho na República Argentina. O Pre-sidente Figueiredo aceitou o convite e seacordou que, através dos canais diplomá-ticos ordinários, se estabeleceria a datamais conveniente para sua realização.

Finalmente, os dois Presidentes manifes-taram-se confiantes na evolução das relaçõesglobais brasileiro-argentinas, pautada numdiálogo bilateral entabulado com espíritoaberto e construtivo e estimulado por umaatmosfera de fraterna amizade, compreen-são e lealdade.

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a visita do minist ro dos negóciosest rangeiros da f inlándia

Discursos do Ministro de Estadodas RelaçOes Exteriores, Ramiro SaraivaGuerreiro, e do Ministro dos Negócios Estrangeiros daFinlândia, Par Stenback, no Palácio do Itamaraty, em Brasília,em 10 de janeiro de 1983, por ocasião do almoço oferecidoao Chanceler finlandês.

CHANCELER BRASILEIRO

Senhor Ministro,

Receber Vossa Excelência é missão quecumpro com especial agrado, consciente deseu significado para o estreitamento dos la-ços de amizade entre o Brasil e a Finlândia.

Vossa Excelência visitou o Brasil há poucosanos, na condição de parlamentar. É, noentanto, esta a primeira vez que um Minis-tro dos Negócios Estrangeiros da Finlândiarealiza visita oficial a meu pafs. Tal fatoatesta o empenho dos dois Governos emfortalecer os laços que nos unem. Hoje, lan-çamos as bases da intensificação de um diá-logo voltado para a descoberta de novasoportunidades de cooperação.

Ao longo dos últimos anos, concluímosacordos e convenções. Em 1981, assinamoso Acordo sobre Cooperação Económica eIndustrial, que criou o mecanismo de con-sulta periódica para avaliar o intercâmbio eexaminar formas criativas de trabalho con-junto.

Como corolário desse quadro jurídico-ins-titucional, realizaram-se as visitas de missão

parlamentar, encabeçada pelo DeputadoMikko Jokela, do então Vice-Primeiro-Mi-nistro e Ministro da Agricultura, DeputadoJohannes Virolainen, e, em caráter parti-cular, do ilustre Presidente Urho Kekkonen.A visita do Ministro do Comércio Exterior,Doutor Esko Rekola, em 1981, concorreupara o aprimoramento das relações econó-micas e comerciais entre nossos países.

Embora seja restrita a participação decada país no montante global dos respec-tivos intercâmbios comerciais com o exte-rior, temos desenvolvido esforços para alte-rar tal situação. Desde 1979, o comérciobilateral vem ultrapassando a cifra de umacentena de milhões de dólares. Hoje, maisde uma dezena de empresas finlandesasencontram-se em plena atividade em nossopaís, dando seguimento ao exemplo pionei-ro da "VALMET" que, há certa de vinte eum anos, instalava-se no Estado de SãoPaulo. Como resultado desse interessemútuo dos meios empresariais, os investi-mentos e reinvestimentos finlandeses noBrasil alcançaram mais de trinta e setemilhões de dólares, ao final do primeiro se-mestre do ano passado.

Tais indicadores apontam para o desejo de

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aproximação que nos une. O potencial decooperação está, todavia, longe de esgotar--se, e cabe a nós, homens de Governo,explorar com objetividade as múltiplasoportunidades de complementação quenossas economias nos oferecem.

Senhor Ministro,

No ano que se encerrou, assistimos aoincessante agravamento da situação mun-dial. Seja no plano Leste-Oeste, seja noeixo Norte-Sul, multiplicaram-se os desa-fios às diplomacias voltadas para a buscada prosperidade e da paz.

Sintoma alarmante da deterioração dospadrões de relacionamento internacionalfoi a sucessão de crises que se nos defron-taram. Algumas — como é o caso do Orien-te Médio — adquiriram contornos de dra-maticidade que abalaram a consciênciamundial. Outras — e aqui penso no conflitodas Malvinas — manifestaram-se abrupta-mente e agora devem ser encaminhadas porintermédio dos mecanismos consagradospara a solução pacífica das controvérsias.

A presente estrutura internacional, eivadade verticalismos, relações de poder eimposição de vontades pelo uso da força,já deu amplas provas de falência. A per-petuação dessa situação exacerba tensõese gera conflitos. Urge, portanto, promovero retorno à observância das regras de boaconvivência internacional e ao pleno res-peito à igualdade soberana dos Estados.

Importante passo nesse sentido será o forta-lecimento do sistema das Nações Unidas. OBrasil, Senhor Ministro, acompanha comparticular interesse os esforços feitos pelaFinlândia para devolver à Organização acredibilidade e a eficácia que lhe foramatribuídas na Carta de São Francisco.

Na brilhante intervenção de Vossa Exce-lência perante a XXXVII Assembleia dasNações Unidas, ficou explícito o apoio da

Finlândia às medidas propostas pelo Secre-tário-Geral Pérez de Cuellar para sustar adeterioração da autoridade da Organizaçãoe restaurar-lhe a capacidade de agir.

Eis aqui uma feliz convergência de posiçõesentre nossos países, porquanto o PresidenteJoão Figueiredo, na mesma ocasião,reiterou o empenho do Brasil em conjugaresforços com os demais Estados-membrospara "fazer das Nações Unidas um verdadei-ro centro de harmonização das ações dosEstados".

O Brasil deseja que a ONU possa cumprirplenamente essa sua vocação de composi-ção de interesses, não só políticos, mastambém económicos. Daí o empenho doGoverno brasileiro em promover as Nego-ciações Globais no seio daquele Organismo.A questão Norte-Sul, mais que um elenco

,de postulações dos países em desenvolvi-mento, se dirige a problemas de interesseglobal. A crise económica que a todos atin-ge só poderá ser superada através da revigo-ração do comércio internacional e dodesemperramento dos fluxos financeirosem âmbito mundial.

Não devem permanecer no plano retóricoas intenções de banir o protecionismo nemo intuito de restaurar o fluxo econômico--financeiro em escala planetária. É interessede todos, independentemente de suas posi-ções económicas relativas, que o comércioe as finanças sejam um fator de integração,e não um fulcro de divergências.

Por ser a Finlândia um país industrializadocom ampla audiência junto aos países doNorte, e pelas posições que vem demons-trando diante de cada episódio da atualconjuntura, confio em que sua visita seráproveitosa, tanto na esfera bilateral quantona multilateral.

Senhor Ministro,

A diplomacia finlandesa, sob a lúcida condu-ção de Vossa Excelência, tem importante

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papel a desempenhar no concerto dasnações. Sua ação, balizada pelos princípiosde respeito ao pluralismo e às regras de boa

.convivência entre Estados, conjungadoscom uma neutralidade construtiva e partici-pante, granjeou-lhe respeito universal.

A visita, que Vossa Excelência ora nos faz,testemunha o desejo da Finlândia de alargarmais ainda seus horizontes de ação externa,buscando estreitar relações com países geo-graficamente distantes.

Ergo minha taça em brinde a esta novaetapa das relações fino-brasileiras, à saúdede Sua Excelência o Presidente Mauno Koi-visto e à felicidade pessoal do Ministro ParStenback.

CHANCELER FINLANDÊS

Senhor Ministro das Relações Exteriores,Senhores,

Quero expressar a Vossa Excelência o meumais sincero agradecimento aos votos deboas vindas que Vossa Excelência estendeua mim e ao meu País, como também a tra-dicional hospitalidade da qual minha comi-tiva vem desfrutando desde o início denossa visita.

Como nosso anfitrião, é do conhecimentode Vossa Excelência que eu não sou o pri-meiro ministro finlandês a visitar o Brasil;em março de 1981 esteve aqui o Ministrodo Comércio Exterior da Finlândia, o Sr.Esko Rekola. Entretanto, é para mim umahonra e um grande prazer, ser o primeiroMinistro das Relações Exteriores da Fin-lândia .a visitar oficialmente o Brasil. Comsatisfação relembro nosso encontro emNova Iorque durante a Assembleia Geraldas Nações Unidas, em outubro próximopassado, quando esboçamos alguns pre-parativos para esta visita.

Finlândia e Brasil possuem uma longa histó-ria de boas relações. Nossos Países estabele-ceram relações diplomáticas na década de

20, logo após a Finlândia ter tornado-seindependente. Nós finlandeses relembramoscom gratidão o fato do Brasil ter conser-vado as relações diplomáticas com nossoPaís durante os sofridos anos da SegundaGuerra Mundial, relações, estas que conti-nuam sendo excelentes.

O Brasil de hoje, que há poucas décadastem se posicionado entre as maiores potên-cias industrializadas do mundo, oferecegrandes oportunidades a uma cooperação.Por outro lado, a Finlândia, como umEstado europeu avançado, pode oferecer aoBrasil certos produtos e tecnologia de queele necessita. Por exemplo: várias empresasfinlandesas instalaram-se no Brasil. Todavia,esses contratos particulares, se comparar-mos, não chegam a expressar nossas reaispossibilidades.

Portanto, é nosso desejo que o comércioentre os dois Países seja incrementado nofuturo e que os obstáculos a esse cresci-mento sejam removidos.

Nossos Países deverão visar um cresci-mento comercial baseado no equilíbrioentre importações e exportações. Ao meuver, a longo prazo, dentro dos interessesde ambos, Finlândia e Brasil estarão numaação conjunta contra o protecionismo exis-tente no comércio internacional.

A cooperação económica entre a Finlândiae o Brasil pode ser promovida através deuma difusão de informações e um melhorconhecimento entre ambos.

Para se alcançar este f im, um importanteintermediário será a Comissão Mista Fino--Brasileira, que será formada após entrar emvigor o acordo de cooperação econômico--industrial, assinado em 1981. O ladofinlandês tem grandes esperanças ha Comis-são Mista — a verdade é que ambos osPaíses têm sistemas económicos onde ocor-rem contatos diretos entre empresas de

. maneira decisória.

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Como um País seguidor de uma política deneutralidade, a Finiândia tem um interessevital em promover ativamente o desenvol-vimento de uma ordem mundial pacífica eracional, baseada no sistema de segurançauniversal, coletivo, estabelecido pela Cartadas Nações Unidas. Nossa ambição tem sidosempre a de conduzir-nos com objetividadee cautela, estarmos cônscios, porém forados conflitos entre as grandes potências emanter boas relações com todos os países.Assim esperamos servir melhor, concentran-do esforços para a organização da humani-dade e também para os interesses de nosso*próprio povo.

As políticas externas da Finlândia e doBrasil têm inúmeras características comuns.Ambos os Países estão perseverantes napromoção do incentivo à paz, ao desarma-mento e à segurança mundial. Gostaria par-ticularmente de ressaltar nossa coopera-ção na Organização das Nações Unidas eseus Organismos, onde a Finlândia eo Bra-sil possuem pontos de vista comuns emquase todas as questões principais.

Como o Senhor Ministro bem sabe a As-sembleia Geral das Nações Unidas em outu-bro passado, enfocou o desgaste do prestí-gio da Organização, como um FÓRUMde conciliação entre os Estados. Acreditoque o Senhor Ministro interessou-se pelomesmo assunto.

A Organização das Nações Unidas necessita,de enérgicos defensores e de sólida ajudano presente momento de incerteza mun-dial. O discurso do Senhor Presidente JoãoFigueiredo, que antecedeu a 37a Sessão daAssembleia Geral da ONU, revelou umforte apoio à Organização das Nações Uni-das. Comentários a respeito dos problemaseconómicos mundiais foram particularmen-te válidos nesse sentido.

A Finlândia e o Brasil, no diálogo Norte-- Sul, estão em extremidades diferentes, geo-graficamente falando. Contudo, descobrique existem diversas questões com as quaispodemos concordar.

Sabemos que os interesses básicos do Brasilna América Latina ressaltam o fortaleci-mento do "Status Quo" das relações atuaisentre os Estados, como também o apoio asoluções pacíficas em todas as negociaçõesdas disputas territoriais. A Finlândia tendeao mesmo objetivo básico, no continenteeuropeu. Isto foi manifestado como sendoo ponto mais alto da reunião entre 30 Es-tados europeus, o Canadá e os Estados Uni-dos, que a Finlândia sediou em 1975. Omundo desde então passou a conhecer o"Espírito de Helsinqui" como sendo umaespécie de símbolo de distenção, e é onosso sincero desejo que esse "espírito"nunca desapareça do contexto internacio-nal.

Senhor Ministro,

Cooperação cultural é um campo no quala Finlândia e o Brasil poderão ter realiza-ções no futuro. Por exemplo, sei que a mú-sica de Jean Sibelius, a arquitetura e o de-senho industrial finlandeses são bastanteconhecidos no Brasil. Da mesma forma, amúsica brasileira desde o samba até ascomposições de Heitor Villa-Lobos, a cele-bridade da música do Brasil, é conhecida naFinlândia. Particularmente ressalto o nomede Jorge Amado, que no ano passado teveduas de suas obras traduzidas para o fin-landês. Entretanto, a cooperação culturalpermanece ainda fragilmente estruturada.Devemos grande parte deste quadro à bar-reira idiomática, que, diga-se de passagem,não é intransponível.

Se houver boa vontade de ambas as partes— como acredito que haja — poderemos de-senvolver o intercâmbio de estudantes ea pesquisa individual.

Quero uma vez mais agradecer a VossaExcelência a calorosa recepção neste Paísmaravilhoso. O esplendoroso Brasil é aterra do futuro, que já vive um grande pre-sente. Agora posso entender por que todofinlandês de minhas relações que já visitou

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este País deixou aqui parte de seu coração,e não falo de um pequeno número deles.

Aproveito esta oportunidade para renovarao Sr. Ministro o convite para ir a Finlân-dia, feito pelo meu antecessor.

Como Ministro das Relações Exteriores doBrasil, um País que tem uma antiga tradi-ção de boas relações com a Finlândia, oSenhor é sinceramente bem-vindo à Fin-lândia. Espero que sua visita seja realizadao mais breve possível.

Concluindo, gostaria de propor um brindeao Senhor Presidente da República Federa-tiva do Brasil, Sua Excelência o GeneralJoão Figueiredo, ao grande povo destegrande Brasil e ao Senhor Ministro.

Desejo ao senhor e a todos os amigos brasi-leiros saúde e sucesso.

Muito obrigado.

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primeira reunião da comissão

nacional para assuntos da aladiDiscurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, no Palácio do Itamaraty, emBrás (lia, em 23 de fevereiro de 1983, por ocasião da aberturada Reunião da Comissão Nacional para Assuntos da ALADI .

Senhores e Senjioras,

Há vinte anos, se estruturava a ComissãoNacional para Assuntos da AssociaçãoLatino-Americana de Livre Comércio. Aparticipação do Brasil na ALALC, desdeseu começo, seria fundamental para a orga-nização regional e uma comissão intermi-nisterial, com plena participação da empre-sa privada, era essencial para preparar asnegociações que visavam ao processo deliberação do comércio intrazonal e paraexecutar uma política de integração econó-mica de alta significação nas relações doBrasil com seus vizinhos e na expansão deseu comércio exterior.

Em seus primeiros quatro anos, através denegociações sempre trabalhosas, mas gran-demente facilitadas, por compreenderemprodutos que já integravam, no âmbitozonal, correntes de comércio tradicionais,a ALALC alcançou a desgravação de 7.593produtos, ou seja, mais da metade do totalque veio a ser desgravado até sua extinção,em 1980.

A partir, no entanto, do momento em quea desgravação de produtos passou a signifi-car, virtualmente, a possibilidade de imple-

mentação de novas linhas de produçãonaqueles Países-Membros da Associaçãomais aptos a fabricá-los, entraram a jogarinteresses ditados pela justa ânsia desenvol-vimentista dos referidos países. Tal fato,aliado à inflexibilidade da cláusula da naçãomais favorecida, que impedia soluções bila-terais, e à rigidez dos mecanismos de libe-ração do comércio, ievou finalmente aAssociação, nos seus últimos anos de exis-tência, à estagnação quase total.

Contudo, apesar destas e outras críticas —algumas bem fundamentadas e outras total-mente injustas — dirigidas à ALALC e aocomportamento de seus membros, o fatoincontestável é que, nos vinte anos deatuação da Associação, o comércio intrazo-nal conheceu um incremento e atingiuníveis jamais alcançados durante os pratica-mente 150 anos de relações entre os paísesda área. No caso do Brasil, seu comérciocom a ALALC cresceu, entre 1961 e 1978,de 250 milhões para 3 bilhões e trezentosmilhões de dólares. Por outro lado, as tro-cas brasileiras com os demais países daZona, que representavam, em 1961, apenas5% de seu comércio exterior, alcançaram,em 1978, a significativa porcentagem de13%. Enfim, a ALALC passou a ser um dos

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mais importantes parceiros comerciais doBrasil, abrindo opções em termos de novosfornecedores e representando um mercadopromissor, sobretudo, para exportações demanufaturados. Vale mencionar, ainda, quedurante os vinte anos de existência da Asso-ciação Latino-Americana de Livre Comér-cio, o Brasil manteve, apesar de igualmentevulnerável aos problemas económicos queafetavam a toda a área, 93% das margensde preferência outorgadas. Preocupado,outrossim, em preservar os mecanismos deliberação do comércio intrazonal, sempreque se viu obrigado a adotar medidas res-tritivas para equilibrar seu balanço-de-paga-mentos, eliminou-as ou reduziu-as para osdemais Países-Membros da ALALC.

Embora os Senhores Representantes nãodesconheçam tais fatos e cifras, não poderiadeixar de fazer este breve resumo dos resul-tados alcançados durante as duas décadasque antecederam a transformação daALALC em ALADI , a fim de ressaltar aatuação desta Comissão, durante o referidoperíodo. Seu mérito principal sempre foio de discutir, criteriosamente, cada proble-ma, sob os ângulos técnico, económico epolítico, para chegar a decisões que refle-tem um alto grau de coordenação. No casodeste Colegiado, em virtude da sua própriacomposição, esta entrosagem é tanto maisimportante quanto envolve uma interaçãoentre os setores público e privado. De fato,como não poderia deixar de ser, tendo emvista a própria estrutura dos seus Estados--Membros, a ALALC e sua sucessora, aALADI , reservaram ao setor privado papelpreponderante no processo de integraçãocontinental. Aliás, a presença do Brasil noreferido processo decorre da vontade dopróprio- empresariado que, representadopor suas respectivas Confederações, nestaComissão e em Delegações oficiais do Bra-sil, ou diretamente, por ocasião das Reu-niões Setoriais promovidas pela Associa-ção, vem participando ativamente de todasas etapas negociadoras.

Senhores Representantes,

Com referência à ALADI , o ano de 1983,como o de 1963 para a ALALC, deverácompletar um triénio de intensas negocia-ções. Cumpre notar, entretanto, que opanorama económico atual apresenta-sebastante modificado em relação àquelede há vinte anos. É que os problemascomuns a todos os países em desenvolvi-mento, tais como as altas taxas de inflação,o desequilíbrio do balanço-de-pagamentos eo endividamento externo, vêm sendo exa-cerbados por uma crise de proporções mun-diais que traz consigo a ameaça de uma re-cessão e um novo surto de protecionismo.

Contudo, a ALADI ainda representou,em 1981, o segundo maior parceiro comer-cial do Brasil, absorvendo 18% de nossasvendas globais. Dadas, no entanto, as condi-ções atuais, seria irrealista esperar, a curtoprazo, a repetição desse desempenho. Istoporque, diante do inquietante e confusopanorama internacional, nossos parceirosda ALADI , em maior ou menor medida, en-frentam os mesmos problemas que nos vêmatingindo.

Vale assinalar, no entanto, que o objetivoprimordial da Associação Latino-Americanade Integração, e, por extensão, o desteColegiado, não é o de promover o aprovei-tamento imediato de oportunidades comer-ciais. Trata-se, antes, de identificar, estabili-zar e perpetuar correntes de comércio, per-mitindo, assim, aos setores produtivosnacionais, planejar, tendo em vista lucrosconstantes e não ganhos espetaculares,mas intermitentes. Exemplos típicos daconcretização de tal tarefa são os ex-Ajus-tes de Complementação Industrial, ago.ratransformados em Acordos Comerciais daALADI, cujo bom desempenho fez comque servissem de parâmetro para os instru-mentos da nova Associação.

Não obstante, Senhores Representantes,uma tal atividade, voltada para o futuroe que representa, portanto, um trabalhoquase de prospecção, está a exigir dosesmaciças de imaginação criativa, que nos

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permitam, inclusive, construir um sistema re-gional de trocas tão sólido e eficaz quevenha a diminuir a vulnerabilidade da áreafrente a crises fabricadas externamente.E é ainda no sentido da máxima utilizaçãodesta imaginação criativa — que, estou se-guro, não nos há de faltar — que me permi-to, ao encerrar esta saudação aos SenhoresMembros, chamar a atenção sobre o "bila-teralismo convergente" que o Tratado deMontevidéu de 1980 colocou à nossa dis-posição. Esta nova filosofia de integração,que passará, inclusive, a exigir maior ênfasepara com o aspecto político do processo,'nos oferece uma variada gama de oportuni-dades, não só com relação a nossos tradicio-nais parceiros da ALADI, mas, ampliandofronteiras económicas, também face aoutros países em desenvolvimento docontinente e extracontinentais.

Senhoras e Senhores,

Creio desnecessário dar as boas-vindas a umColegiado que vem se.reunindo no Itamara-

ty há vinte anos. De alguma forma,, os Se-nhores Representantes já fazem parte destaCasa. Portanto, ao declarar aberta a Primei-ra Reunião da CNAALADI em 1983, resta--me tão somente formular aos SenhoresMembros votos de felicidade e sucesso nasnegociações de que participarão, no corren-te ano. Estou seguro, de resto, que a prio-ridade política, dada pelo Governo doPresidente Figueiredo, às relações com aAmérica Latina inspirará as deliberaçõesdesta Comissão no campo económico. Oprocesso de integração é normalmente pro-piciado por períodos de expansão. Os mo-mentos de crise, ao contrário, tendem alevar os países à crescente retração, comresultados que realimentam o processode deterioração económica e comercial. Ca-be-nos o esforço de evitar a tentação dasrestrições e das vantagens unilaterais e fazerda crise uma oportunidade de dinamizaçãoda cooperação com os demais Estados--Membros da ALADI.

Muito obrigado.

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em cartagena, a reunião de coordenação

latino-americana do sela

Discurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, em Cartagena, em 25 de fevereiro de1983, por ocasião da reunido de CoordenaçãoLatino-Americana dos Países-Membros do SELA.

Senhor Presidente,

Muito agradeço a Vossa Excelência, e porseu intermédio ao Governo e ao povo daColômbia, a afetuosa acolhida que nos édispensada. Poucos cenários poderiam sertão propícios e inspiradores para este exer-cício de solidariedade latino-americana, queé uma reunião do SELA, quanto a bela ehistórica cidade de Cartagena.

Não é necessário que eu recorde — aqui aposição brasileira diante da situação daeconomia internacional. Nosso diagnóstico,nossas sugestões e nossas esperanças foramexpressados há menos de seis meses, comtoda a objetividade e franqueza que lhe sãocaracterísticas, pelo Presidente João Figuei-redo, em seu discurso perante a Assembléia-Geral das Nações Unidas.

0 agravamento da crise, desde então, só fezacentuar a necessidade de busca urgente,pela comunidade das nações, de soluçõesglobais e integradas para os múltiplos pro-blemas que a todos afligem. Este, bem sei,é sentimento comum de todos os países-membros do SELA. É por essa razão queesta reunião assume particular significado:em momento dramático para a económica

internacional, a comunhão de ideais é maisuma vez importante recurso com que contaa América Latina para oferecer contribui-ção serena, realista e construtiva ao soer-guimento do espírito de cooperação inter-nacional, sem o qual a crise só fará agravar-se.

Começamos a nos preparar para o que deve-ria ser mais um momento significativo noprocesso de revisão dos padrões de relacio-namento entre Norte e Sul: mais uma ses-são, a sexta, da Conferência das NaçõesUnidas sobre Comércio e Desenvolvimento.Quase duas décadas depois do primeiro detais exercícios, entretanto, o que se verificaé que a ordem económica internacional,longe de aperfeiçoar-se, evidencia as mes-mas distorções há tanto denunciadas, e che-ga mesmo a apresentar novos obstáculos erestrições aos países que lutam por livrar-sedo subdesenvolvimento.

O Diálogo Norte-Sul, que tão pouco fértilse mostrou nas fases de prosperidade vivi-das pelos países desenvolvidos, declina hojeaté mais do que proporcionalmente à curvadescendente do ciclo económico. Parado-xalmente, tal Diálogo parece ter entradoem virtual estado de paralisia a partir dopreciso momento em que, com a Reunião

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de Chefes de Governo, de Cancún, pela pri-meira vez ascendia ao mais alto nível deconsideração política.

Não é possível negar o sentimento de frus-tração com que, dezoito meses após aqueleacontecimento que tantas esperanças susci-tou, e em meio à mais grave crise económi-ca dos últimos cinquenta anos, vêem ospaíses em desenvolvimento serem obstina-damente rejeitadas suas reivindicações, en-quanto proliferam, em organizações inter-nacionais mais moldáveis aos interesses dasnações mais fortes, concepções e iniciativasde sentido prejudicial aos que, no esforçode superação do subdesenvolvimento, ou-sam fazer-se presentes nos mercados inter-nacionais de manufaturas, ou tentam asse-gurar-se capacitação autónoma em ativida-des de serviços e setores de tecnologia rela-tivamente ma is. avançada.

No plano do comércio, com efeito, assisti-mos ao fato inusitado-de que certos paísesdesenvolvidos se empenham em abrir espa-ços, em escala planetária, para novas ativi-dades geradas por seu dinamismo tecnoló-gico e poderio económico, em áreas comoas de serviços e bens de alta tecnologia, en-quanto restringem cada vez mais o acesso aseus mercados dos produtos dos países emdesenvolvimento, até mesmo em setores debaixo nível de processamento. Até onde se-rá viável um sistema de trocas em que oprogresso de uns poucos tenha como resul-tado, certamente não intencional, a es-tagnação, ou mesmo retrocesso, de tantosoutros?

É no plano financeiro, entretanto, que semanifesta mais dramaticamente a situaçãode aguda deterioração do sistema económi-co internacional. O que vivemos não é tan-to uma crise de endividamento externo dospaíses em desenvolvimento: é antes umacrise do sistema financeiro — e até, em ter-mos mais amplos, do sistema económicoglobal —, crise que apenas se expressa peloendividamento de tais países, os quais cons-tituem sua parte mais vulnerável. Ela é em

considerável medida o resultado de todoum processo de erosão da cooperação inter-nacional, decorrente da falta de vontadepolítica dos países mais poderosos de, emresposta ao acelerado processo de mudançano sistema produtivo ao longo das últimasdécadas, aceitar uma revisão de seus padrõesde intercâmbio corri o Sul, atualizar e refor-çar as instituições financeiras multilaterais eabrir os processos decisórios sobre a econo-mia internacional. Não se pode proclamar ainterdependência e rejeitar os reajustes porela tornados necessários.

Não é justo, portanto — nem eficaz paraseu encaminhamento —, simplificar o diag-nóstico das presentes dificuldades na áreafinanceira, imputando-as apenas aos erros eàs ambições excessivas, que por vezes se te-rão verificado, nas políticas económicas dospaíses devedores. O problema da dívida ex-terna não é comum a devedores e credoresapenas por seus efeitos — é-lhes comumdesde as origens. Pois não há como eximi-rem-se os países exportadores de capital desuas responsabilidades pela instabilidade eprecariedade do sistema monetário e finan-ceiro internacional, seja pela resistência aaperfeiçoamentos em suas estruturas, sejapela implementação de políticas tendentesà manutenção de juros elevados, seja aindapelo recurso crescente a um protecionismoque dificulta aos países em desenvolvimen-to obter, pela via das exportações, os recur-sos necessários para o bom manejo de seuscompromissos financeiros.

A gravidade da atual situação exige aborda-gem ampla e integrada dos problemas da e-conomia internacional. A agilidade e o em-penho demonstrados pelos Governos de paí-ses desenvolvidos na coordenação com osGovernos de países devedores, a comunida-de bancária e o FMI para o encaminhamen-to de situações momentâneas de dificulda-des de liquidez configuram louvável de-monstração de capacidade de cooperaçãono plano económico, quando para tal exis-te vontade política. É necessário, entretan-to, que os Governos de países credores se

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disponham na mesma medida a trabalharsobre as estruturas dos regimes de comércioe finanças, sem o que estará a comunidadeinternacional sujeita por prazo indefinido asobressaltos e incertezas, capazes de colocarem risco mesmo as tímidas hipóteses dereativação económica das economias cen-trais que os mais otimistas vez por outraousam arriscar. Os problemas estruturaiscertamente requerem soluções estruturais.

É com efeito aposta perigosa, nas atuaiscondições, a crença de que tudo se resolve-rá pelo início da recuperação nas principaiseconomias desenvolvidas, por necessária edesejável que esta seja. Tal processo de re-cuperação, se e quando iniciado, será neces-sariamente lento e incerto, e ao longo deseu desdobramento estará vulnerável a cho-ques externos na área financeira ou energé-tica. De outra parte, seu desfecho, por exi-toso que venha a ser (e é essa questão colo-cada no longo prazo) dificilmente será ca-paz de gerar para a economia internacionalcomo um todo as condições de crescimentorápido, sólido e estável, sem o qual será im-possível aos países em desenvolvimento —agora onerados pelo imenso peso do endivi-damento externo — superar seus problemas.

Não podemos aceitar, de outra parte, a su-posição de que a questão do endividamentose resolva por força unicamente da imple-mentação de políticas de contenção pelospaíses em desenvolvimento. Nenhum denós negará a necessidade de medidas de aus-teridade nas presentes circunstâncias. É pre-ciso ter em mente, contudo, que se nos paí-ses desenvolvidos tais medidas se fazem sen-tir em termos da redução do consumo poruma população de alto nível de renda, nospaíses em desenvolvimento o que se reduzé muitas vezes a própria margem de sobre-vivência de amplas camadas sociais, já deordinário duramente atingidas pela misériae pelo subemprego. Nos países desenvolvi-dos, reduz-se o reinvestimento para o aper-feiçoamento de estruturas já consolidadas;nos países em desenvolvimento, ao contrá-rio, sacrificam-se investimentos urgentes e

essenciais para a própria construção da in-fra-estrutura física e social da nação.

Nãò é lícito, pois, exigir dos países em de-senvolvimento, como solução de médio oulongo prazo, o recurso a rígidas políticas deausteridade, que possam vir a destruir suaprópria base económica.

Nossos povos não podem ser privados da es-perança do desenvolvimento.

Nossos países não podem ter suas perspecti-vas de crescimento colocadas como o sub-produto eventual e aleatório de uma recu-peração, que se prevê incerta e precária, dasprincipais economias do Norte. Nem, deseu lado, devem os países desenvolvidos f i-car expostos aos riscos — que só agora co-meçam a deixar de subestimar — de ver seuspróprios objetivos inviabilizados pelas difi-culdades que afetam os países do Sul.

O que mais do que nunca urge fazer, por-tanto, é retomar o caminho da cooperaçãointernacional, para a definição, a prazo cur-to, de medidas capazes de permitir a reto-mada no mais breve prazo de um ritmo a-ceitável de crescimento, tanto no Nortequanto no Sul. Pois, afinal, como disse oPresidente Figueiredo perante a Assembléa-Geral da ONU, "a definição da economiado futuro passa pela superação dos proble-mas do presente. A tarefa de reformular osistema económico internacional é impos-tergável, mas, nas atuais circunstâncias, te-mos de iniciá-la pelo esforço de evitar aprópria derrocada do sistema".

Senhor Presidente,

Com esta reunião, a América Latina come-ça, mais uma vez, a percorrer a trilha de umamplo processo de deliberações multilate-rais sobre a temática económica interna-cional, que culminará com a VI Sessão daUNCTAD. Já percorremos caminhos seme-lhantes em diversas ocasiões, apenas para,ao cabo de árduos esforços, ter o desapon-tamento dever malograrem-se, com resulta-

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dos nulos ou irrisórios, as tentativas de con-vencer o mundo desenvolvido a realizaraperfeiçoamentos no sistema económico in-ternacional.

Os fatos, porém, estão a demonstrar quemais do que nunca esse sistema precisa re-novar-se. Pois o que agora está em jogo jánão é mais apenas sua eficiência ou equida-de: é sua própria viabilidade.

Resta, assim, a esperança de que pelo me-nos a força dos fatos, sob a forma da gravecrise económica, crie condições mais pro-pícias à negociação entre Norte e Sul.A América Latina, por sua tradição de rea-lismo e moderação, assim como por seusentido de oportunidade e iniciativa, daquisairá, estou seguro, pronta para desempe-nhar com eficácia, no contexto global, opapel que lhe é exigido por seus interesses epor suas responsabilidades.

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brasil envia observador à vn reunião dospaíses não-alinhados, em nova delhi

Discurso do observador do Brasil à VII reunião de Países Não-Alinhados, Sérgio Thompson-Flores, pronunciado emNova Delhi, em 10 de março de 1983.

Senhora Presidente,

Desde a reunião de cúpula inaugural dosPaíses Não-Alinhados, o Brasil tem estadopresente na sua qualidade de observadoramigo e interessado. Como pafs em desen-volvimento, o Brasil reconhece a importân-cia do papel do Movimento dos Países Não-Alinhados nos assuntos internacionais.

É, na verdade, apropriado que, num mom-mento em que o Terceiro Mundo está en-frentando uma situação tão difícil, a lide-rança do Movimento dos Países Não-Ali-nhados tenha sido confiada ao Governo daíndia, numa decisão que é um reconheci-mento ao tradicional apoio e papel históri-co desse país na elaboração dos objetivosoriginais e princípios do Não-Alinhamento.

Os valores fundamentais do Movimento ad-quirem particular relevância nestes temposprofundamente perturbados, quando se tor-nam mais prementes um melhor entendi-mento e maior cooperação entre as nações.

Em seu recente discurso perante a XXXVIISessão da Assembléia-Geral das Nações Uni-das, em fins de setembro último, o Presi-dente da República Federativa do Brasil,João Figueiredo, acentuou a extrema gravi-

dade da situação atual e a necessidade deesforços urgentes e arrojados no sentido dasolução dos problemas políticos e económi-cos internacionais mais prementes, cujos e-feitos adversos são sentidos mais agudamen-te pelos países em desenvolvimento. Decla-rou o Presidente Figueiredo que é necessá-rio parar e reverter a crescente transferênciapara o mundo em desenvolvimento das ten-sões geradas pela confrontação entre as Su-per-Potências. Ressaltou também a emer-gência definitiva do mundo em desenvolvi-mento como um parceiro dinâmico e a.tivonos variados setores da vida internacional.

Todos esses elementos contribuem para em-prestar significação especial a esta reunião.

O Brasil se dedica à meta da promoção dacooperação política e económica entre asnações do Terceiro Mundo. Ao longo da úl-tima década, testamunhamos a transforma-ção do diálogo e cooperação Sul-Sul, em to-dos os domínios, de um ideal a ser persegui-do numa realidade concreta. Juntos, nós,países em desenvolvimento, conseguimosabrir novas e independentes avenidas de en-tendimento político, baseadas no respeitomútuo, e produzir novos e mutuamente be-néficos fluxos de comércio, financeiros, deserviços, de empresas conjuntas e de coope-ração técnica e cultural.

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Aproximamo-nos mais uns dos outros. Nes-se processo, sentimos a necessidade de umentendimento cada vez maior, de uma de-terminação comum para superar nossos pro-blemas comuns. E confirmamos a nossa de-dicação aos princípios básicos de respeito àindependência e igualdade soberana dos Es-tados, do não-uso da força ou da nãoameaça ao uso da força, do direito de auto-determinação, da não-interferência nos as-suntos internos e externos dos Estados, dorecurso ao diálogo, da negociação e outrosmeios pacíficos para a solução pacífica decontrovérsias que, infelizmente, existem en-tre nós, assim como aquelas com os paísesdo mundo desenvolvido.

Senhora Presidente,

Vivemos um reinado de terror. Os Estadosmais poderosos atuam com base na teoriada dissuasão, segundo a qual a paz mundiale sua própria segurança só podem ser ga-rantidas pela acumulação de cada vez maio-res arsenais de armas de destruição de mas-sa. Não se pode esperar que o resto da hu-manidade, ameaçada em sua própria exis-tência, se conforme a essa situação absurda.

Cada e todos os Estados têm um interesseintrínseco na paz e segurança globais. A vozdo Movimento Não-Alinhado, que expressaa vontade solidária de dois terços da huma-nidade, constitui uma poderosa força polí-tica e moral na arena internacional e deveser ouvida inequivocamente na discussãosobre as questões relativas à corrida arma-mentista e ao desarmamento.

Senhora Presidente,

Vivemos uma conjuntura particularmentegrave e delicada, de implicações e alcancedesconhecidos, agravada por uma prolifera-ção de tensões de natureza política e eco-nómica. Mais do que nunca, faz-se necessá-rio um esforço conjunto e decidido da co-munidade internacional que permita o en-caminhamento e superação desses difíceisproblemas.

Essa situação se reflete com maior gravida-de na esfera do relacionamento económicointernacional. Apesar dos constantes e ve-ementes apelos, que não se limitamapenasavozes do Terceiro Mundo, no sentido da re-estruturação do sistema económico interna-cional vigente, assistimos, paradoxalmente,a um retrocesso nos débeis esforços decooperação internacional. Como assinalouo Presidente Figueiredo perante a Assem-bléia-GeraldaONU:

"A interdependência entre as nações parecepor vezes degenerar em tentativas de re-construção de quadros hegemónicos ou sis-temas de subordinação, que em nada con-tribuem para a prosperidade, seja no mun-do industrializado, seja do mundo em de-senvolvimento.' Como em muitos casos pra-ticada, a interdependência parece reduzir-sea um novo nome para a desigualdade".

Não vivemos uma crise unilateral apenas,em que os únicos prejudicados são os paísesdo Terceiro Mundo. Nossos países e nossaspopulações são, sem dúvida, a parte maisduramente afetada por esse contexto dedesigualdades, mas os países desenvolvidostambém sofrem os efeitos dessa situação. Éum círculo vicioso que, em última análise,prejudica a toda a comunidade internacio-nal e que expressa, de forma incontestável,a inadequação do atual sistema económicointernacional.

Essa situação negativa requer uma urgentebusca de soluções globais e integradas nasquestões que são efetivamente de interesseprioritário. E foi nesse sentido que sempredefendemos o estabelecimento de uma or-dem económica internacional mais justa emais eficaz e o lançamento das negociaçõesglobais no âmbito das Nações Unidas.

Infelizmente, malgrado as sucessivas e nu-merosas reuniões internacionais, quer de ca-ráter universal quer de âmbito restrito, mal-grado ainda os unânimes diagnósticos sobretal situação e as sugestões para seu encami-nhamento e solução, um balanço dos resul-

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tados alcançados é pouco alentador. E oque nos aumenta a preocupação é que, a-lém do não-atendimento das reiteradas rei-vindicações do Terceiro Mundo em matériade cooperação para o desenvolvimento, oquadro Norte-Sul é agravado e complicadocom a introdução, por parte de países in-dustrializados, de novas concepções e ini-ciativas de caráter restritivo e protecionista.

A deterioração do sistema económico in-ternacional é refletida com dramática elo-quência pelo estado das finanças internacio-nais. Uma análise dessa situação reforça ain-da mais a posição do Terceiro Mundo, queagora passa a ser mais abertamente partilha-da por importantes segmentos do mundoindustrializado, no sentido de que é urgentee imperioso proceder-se à revisão dos pa-drões de intercâmbio económico Norte-Sul,modernizar e fortalecer as instituições f i-nanceiras multilaterais e democratizar osprocessos decisórios sobre a economia in-ternacional.

Não se trata apenas de uma questão ou pro-blema isolado, que se esgote ou possa ser re-solvido num único contexto. Trata-se deuma situação muito ampla e complexa, decaráter multidisciplinar e estrutural e querequer um tratamento e solução estruturais.

Não se trata apenas de recuperar as chama-das economias centrais. Isso é parte da so-lução, mas não será suficiente. As causasdos problemas económicos atuais derivamprecisamente da estrutura em que se fun-dam os atuais sistemas económico, financei-ro e monetário. Qualquer outro enfoqueque não vise ao tratamento global e integra-do de todas essas questões somente consti-tuirá um paliativo de curto alcance.

Senhora Presidente,

A Delegação brasileira, neste momento crí-tico da vida internacional, não tem a inten-ção, com sua manifestação de grande preo-cupação com a atuaí conjuntura, de turvarainda mais as expectativas de superação dos

graves problemas que a nós todos afligem.Muito ao contrário. Esta é uma manifesta-ção aberta e que objetiva precisamente re-novar e acentuar a necessidade de nossospaíses adotarem, individual e coletivamen-te, nos planos interno e externo, posições einiciativas serenas e equilibradas que possi-bilitem o encontro das soluções que a co-munidade internacional tanto precisa.

Com esta reunião, o Terceiro Mundo dá ini-cio, num plano global, a mais um amploprocesso de deliberações sobre a situaçãoeconómica internacional, que culminarácom a próxima realização da VI UNCTAD.Conforme refletido no projeto de Declara-ção Económica desta reunião, vemos a VIUNCTAD como uma "importante oportu-nidade para examinar de modo abrangentee integrado, o desenvolvimento mundial eseu impacto no comércio e desenvolvimen-to dos países em desenvolvimento".

Senhora Presidente,

Na qualidade de observador, a Delegaçãobrasileira não tem a intenção de criticar oude buscar influir as decisões que a confe-rência julgue adequado tomar a respeitodos diversos itens incritos em sua agenda.Mas acreditamos ser apropriado reiterar ra-pidamente nossas posições sobre algumasdas questões específicas de que se ocupa es-ta reunião.

Evidentemente, emprestamos particular im-portância à seção do projeto de documentofinal que diz respeito à situação na AméricaLatina. Conforme declarou o PresidenteJoão Figueiredo na XXXVII AssembleiaGeral das Nações Unidas:

" O Brasil vive em paz com seus vizinhosimediatos, com a América Latina e com to-das as nações que respeitam as bases daconvivência internacional.

As relações entre o Brasil e os países amigosda América Latina constituem, na verdade,claro testemunho do exilo que se obtém

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quando se opta francamente pelo caminhodo respeito mútuo, da não-interferência eda busca da convivência harmónica e profí-cua, acima de controvérsias ou divergênciastópicas.

Corno parte da América Latina, o Brasil estácerto de que seus vizinhos saberão resolversuas divergências, mesmo as de naturezaterritorial, por meios pacíficos e conciliató-rios, e espera que os países-irmãos da Amé-rica Latina reforcem sua capacidade de diá-logo e entendimento regional. Devemos to-dos trabalhar para que nossa região alcanceníveis superiores de desenvolvimento, en-trosamento e desempenho positivo na cenamundial"

O Brasil tem-se firmemente referido aoscomponentes históricos, sociais e económi-cos da atual crise na América Central e de-clarado que uma solução política para osproblemas da região deve ser encontradapelos foros diretamente envolvidos, livre dequalquer tipo de interferência externa.

Temos reiterado em numerosas ocasiõesnosso apoio aos direitos soberanos da Re-pública da Argentina sobre as Malvinas e anecessidade de negociações como meio deresolver essa questão que trouxe violênciaao Atlântico Sul.

O Atlântico Sul é uma área que acredita-mos firmemente deve ser mantida livre detensões internacionais e deve servir de ave-nida para uma crescente cooperação e en-tendimento entre os Estados em desenvolvi-mento fronteiriços da África e da Américado Sul. Repudiamos a introdução no Atlân-tico Sul de rivalidades entre as Super-Potên-cias e temos reiteradamente rejeitado aideia de um pacto militar no Atlântico Sul,que envolva cooperação com o Governo daÁfrica do Sul, cuja política de aparteísmotemos condenado com frequência.

Expressamos nossa solidariedade com osEstados da Linha de Frente, em especialcom Angola è Moçambique, que têm sofri-

do repetidas agressões por parte da Áfricado Sul. Apoiamos plenamente os esforçosno sentido da promoção da independênciada Namíbia e denunciamos as tentativas deadiar injustificadamente a implementaçãodas pertinentes resoluções das Nações Uni-das relativas à proteção dos direitos nacio-nais, integridade territorial e soberania dopovo da Namíbia.

O Brasil tem manifestado seu apoio aos es-forços construtivos no sentido do alcancede uma paz justa e duradoura no OrienteMédio. Tal solução só poderá ser alcançadaatravés do reconhecimento dos legítimosdireitos nacionais do povo palestino, inclu-sive o direito à soberania na Palestina, dopapel da OLP como a representante do po-vo palestino, da necessidade da imediata re-tirada de todos os territórios árabes ocupa-dos desde 1967, bem como o direito de to-dos os países da região, inclusive Israel, deviver em paz dentro de fronteiras interna-cionalmente reconhecidas. Condenamosfortemente a invasão do Líbano no anopassado.

O Brasil lamenta o continuado conflito Irã-Iraque e espera que esforços como os efe-tuados no âmbito do Movimento Não-Ali-nhado possam contribuir para uma soluçãopacífica desse problema de grave preocupa-ção para todos nós.

Manifestamos nossa preocupação com a la-mentável situação no Afeganistão e apoia-mos plenamente o direito do povo daquelepaís do Terceiro Mundo de escolher o seupróprio destino, livre de ocupação estran-geira e de interferência de qualquer tipo.

0 Movimento Não-Alinhado é uma expres-são da solidariedade e do espírito de coope-ração que devem reger as soluções entre ospaíses em desenvolvimento, especialmenteem tempos tão difíceis como os que vive-mos.

Temos a confiança de que, sob a liderançada índia — cujos extraordinariamente bem-

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sucedidos esforços para auspiciar esta reu- mente se aplicam à situação em que nos en-nião devem ser exaltados —, o Movimento contramos:dos Países Não-Alinhados ganhará maior in-fluência e terá um papel decisivo na promo- "Este é um tempo que exige trabalho, mão-ção do bom entendimento entre as nações de-obra, esforço cooperativo, que exige to-do Terceiro Mundo e da paz e prosperidade das as energias concentradas",para a humanidade.

. , , , Muito obrigado, Senhora Presidente*Ao concluir, gostaria de lembrar as palavrasde Jawaharlal Nehru que muito adequada-

*IMa seçâo Mensagens, página 53, o texto da mensagem do Presidente Joãfo Figueiredo ao Primeiro-Ministro da índia, IndiraGandhi, por ocasiJo da VII Reunião dos Países NSo-Alinhados, em Nova Delhi.

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saraiva guerreiro visita o gabão,costa do marfim e guiné-bissau

Discurso do Ministro de Estado das RelaçOes Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, em Libreville, em 15 de março de1983, por ocasião da abertura dos trabalhos da primeira sessãoda Comissão Mista Brasil-Gabão.

Senhor Ministro,

Em junho do ano passado, por ocasião dahonrosa visita ao Brasil do Primeiro-Vice--Ministro da República Gabonesa, Sua Ex-celência o Senhor Georges Rawiri, nossosdois Governos firmaram o Acordo quecriou a Comissão Mista Brasileiro-Gabone-sa. Os contactos então realizados e os pro-jetos de cooperação examinados represen-taram significativa contribuição ao flores-cimento do intercâmbio bilateral.

De fato, Senhor Ministro, se variadas têmsido as iniciativas no sentido do estreita-mento das relações entre nossos dois paí-ses, faltava-lhes, contudo, um foro adequa-do onde, juntos, gaboneses e brasileiros asexaminássemos em seu conjunto e procu-rássemos expandi-las.

A Comissão Mista, que agora se reúne pelaprimeira vez, representa, portanto, novo eimportante marco no relacionamento bra-sileiro-gabonês.

Senhor Ministro,

Enfrentamos, todos, uma situação de criseeconómica sem precedentes nos últimoscinquenta anos. Seus efeitos são, inegavel-

mente, sentidos em escala planetária. Oimpacto mais dramático da crise incide,entretanto, sobre os países em desenvolvi-mento. Os preços de seus produtos de ex-portação caem vertiginosamente, os parcei-ros desenvolvidos fecham seus mercadosatravés de medidas protecionistas, oscréditos internacionais se retraem e as taxasde juros atingem nfveis insuportáveis.

Sabemos que a superação da crise não seráfácil. Ela dependerá em grande parte doreconhecimento, pelos países do Norte de-senvolvido, de que a recuperação sustenta-da de suas próprias economias requer aretomada do crescimento dos países doTerceiro Mundo, Reconhecida essa premis-sa, a saída da crise dependerá, substancial-mente, da adoação, no plano internacional,de medidas económicas adequadas e positi-vas pelos países desenvolvidos.

Os países em desenvolvimento, por sua vez,sabem que, se é forte a interdependênciacom o Norte industrializado, para a plenarecuperação de suas economias, o esforçomaior terá de ser deles mesmos. Uma dasformas prometedoras desse esforço é a co-operação entre eles mesmos. Nesse quadro,os projetos de cooperação com os paísesafricanos assumem prioridade para o Brasil,

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não apenas por motivos económicos, masainda pelos sólidos vínculos histórico-cul-turais que nos unem.

Dentre os países em desenvolvimento, os deeconomias complementares, como o Brasile o Gabão, apresentam as melhores possi-bilidades de intensificação dos fluxos deintercâmbio. No mesmo sentido, a simili-tude das respectivas condições geo-climáti-cas facilita a transferência mútua detecno-logias e experiências.

O Acordo que estabeleceu a ComissãoMista brasileiro-gabonesa, ao instituciona-lizar o entendimento e a cooperação entreos dois países, evidencia a vontade de nos-sos Governos de aproveitar as oportuni-dades existentes de ambos os lados.

E, portanto, com grande satisfação que,juntamente com Vossa Excelência, abroos trabalhos da presente reunião. Ambasas delegações muito terão que discutir,coordenar e concretizar nestes poucos diasem Libreville. A cordialidade mútua, re-flexo da amizade brasileiro-gabonesa, dá-nos a garantia de que os esforços empreen-

didos serão amDlamente recompensadospela harmonia de objetivos e pelo êxitodas negociações. Expresso, assim, meusmelhores votos pelo progresso dos traba-lhos que se iniciam, os quais hão de ofere-cer contribuições significativas para odesenvolvimento de nossos povos e para oestreitamento de nossa amizade.

Muito obrigado.

intensificar o diálogo e a cooperação

entre o brasil e o gabão

Discurso do Chanceler Saraiva Guerreiro, em Libreville, em15 de março de 1983, por ocasiSo de jantar que lhe foi

oferecido pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros do GabSo,Martin Bogo.

Senhor Ministro,

Muito me honrou, Senhor Ministro, seuconvite para visitar este belo e acolhedorpaís. Desde que cheguei, tenho sido cumu-lado, bem como minha comitiva, de genero-sa atenção. Agradeço, em particular, aspalavras que Vossa Excelência acaba depronunciar.

São decorridos pouco mais de dez anos daprimeira visita de um Chanceler brasileiroao Gabão. Posteriormente, em outubro de1975, Sua Excelência o Presidente El HadjOrnar Bongo, visitou o Brasil e as relaçõesentre os dois países tiveram impulsodecisivo. Foram abertas Embaixadas resi-dentes em nossas respectivas capitais, foram

assinados Acordos de Cooperação Científi-ca e de Cooperação Cultural e os montantesdo comércio, até então mínimos, começa-ram a aparecer em nossas estatísticas. Noano passado, tive a oportunidade de rece-ber em Brasília Sua Excelência o SenhorGeorges Rawiri, Primeiro-Vice-Ministro daRepública Gabonesa, ocasião em que foramidentificadas várias possibilidades de coope-ração. No âmbito do crescente relaciona-mento entre nossos dois países, devo aindaregistrar as visitas ao Gabão, em 1982, dacorveta da Marinha Brasileira "ImperialMarinheiro" e de delegação de nossa Es-cola Superior de Guerra. Em ambos os ca-sos, os brasileiros guardaram a melhor lem-brança da hospitalidade e dos gestos deamizade proporcionados pelos gaboneses.

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Assim como vemos com satisfação a trocade visitas de alto nível entre autoridadesbrasileiras e gabonesas, também acompa-nhamos com interesse o crescimento denosso intercâmbio comercial, respaldadopela presença em Libreville de duas agên-cias de bancos brasileiros. Da mesma forma,é para nós motivo de contentamento apresença entre nós de estudantes gaboneses,alguns dos quais já integram o corpo defuncionários diplomáticos do Gabão.

Senhor Ministro,

O Governo brasileiro acompanha com fra-terno interesse a evolução da vida africana,de acordo com a orientação invariável doGoverno do Presidente João Figueiredo. Aintensificação das relações do Brasil com ospaíses irmãos da África é a diretriz que jáse transformou em realidade concreta. OOceano Atlântico, longe de constituir-senuma barreira entre nós, mais e mais nosune. Na condição comum de ribeirinhos deum mesmo espaço oceânico, o Gabão e oBrasil, que também se aproximam por tantasafinidades históricas e culturais, reúnemcondições ideais para desenvolver um rela-cionamento exemplar. Cabe-nos, portanto,explorar e desenvolver as oportunidades deintensificação do diálogo e da cooperaçãopara o benefício e progresso mútuos denossos povos.

No Brasil, preocupamo-nos com a persistên-cia de certos focos de tensão na África. Portudo que nos identifica com este continen-te, desejamos ver plenamente realizados osideais de liberdade e de independência.Condenamos, pois, todas as manifestaçõesque, na África Austral, conspiram contraessas aspirações das nações africanas.

Temos no Brasil um grande respeito pelacapacidade demonstrada pelos países afri-canos, sobretudo o Gabão, de trabalhar nosentido da superação de divergências eabrandamento de tensões regionais. Essamoderação e esse sentido de realidade per-mite a convivência diplomática de regimes

com distinta orientação política, e criaclima para que se acelerem os esforços decooperação regional.

Esperemos que estes exemplos de concilia-ção possam frutificar em outras áreas doglobo.

Nesse momento de grave crise mundial, emque o sistema internacional não mais pareceeficaz, evidencia-se a necessidade crescentede" mudanças no comportamento das na-ções. Mais do que nunca, evidencia-se anecessidade de uma reflexão serena sobremedidas globais e integradas q je permitama superação do atual estado de coisas.

No plano político, onde se verifica o acir-ramento das tensões e o aumento incontro-lável dos arsenais bélicos, é importante evi-tar a transposição de ameaças e conflitospara as áreas que nos são próximas e esti-mular todas as formas de cooperação re-gional.

Em particular, não devemos descurar doobjetivo permanente de manter o Atlânti-co Sul a salvo de tensões e confrontaçõesinternacionais, como área que afeta pri-mordialmente os interesses da paz e dacooperação entre os países em desenvol-vimento que o margeiam.

No plano económico, onde as desigualda-des na distribuição das riquezas mundiaise as deficiências do processo de tomadade decisões de alcance global se tornaraminsustentáveis, devemos persistir em nossoesforço em prol da estruturação de umaNova Ordem Económica Internacional,mais propícia ao desenvolvimento de todosos países, e que atenda eficazmente às con :

dições específicas e às necessidades dospaíses em desenvolvimento. Cabe-nos,igualmente, ampliar a cooperação horizon-tal, entre os países em desenvolvimento,criando novas e inventivas formas de inter-câmbio.

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Senhor Ministro,

Se a minha visita e a I Reunião da ComissãoMista Brasil-Gabão puderem contribuir parao enriquecimento de nossas relações, dei-xaremos Libreville, minha delegação e eu,profundamente satisfeitos. A missão a nósatribuída pelo Presidente João Figueiredoterá sido* cumprida.

A acolhida fraterna a nós proporcionada eas conversações mantidas entre as delega-ções brasileira e gabonesa evidenciam quenossa presença nesta cidade hospitaleiramarcará uma fase de crescente fortaleci-mento dos laços de amizade e cooperaçãoque nos unem.

Desejo expressar, em nome de minha dele-gação e em meu próprio, nossos sincerosagradecimentos por esta oportunidade detrocar ideias e de fazer planos conjuntospara o aprimoramento de nossas relaçõese também pelas manifestações de estimaque recebemos durante a nossa permanên-cia neste país amigo.

Convido os presentes a erguerem comigosuas taças pela felicidade de Sua Excelên-cia, o Presidente El Hadj Ornar Bongo,pela saúde e bem-estar de Vossa Excelên-cia, pela amizade entre o Brasil e o Gabão epela prosperidade do povo gabonês.

Muito obrigado.

a terceira reunião da comissão mistabrasil-costa do marfim

Discurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, em Abidjan, em 18 de março de1983, por ocasiSo da instalação da III Reunião da ComissãoMista Brasil-Costa do Marfim.

Senhor Ministro,

É com grande satisfação que presido, comVossa Excelência, a cerimónia de instala-ção da Terceira Reunião da Comissão MistaBrasil-Costa do Marfim. Recém chegados aAbidjan, sentimo-nos já envolvidos, minhadelegação e eu, pela recepção calorosa, fra-terna de nossos amigos marfinianos.

Nestes dois dias, nossas delegações deverãopassar em revista o estado atual das relaçõesde cooperação entre nossos países e proce-der à avaliação do muito que oferecem asperspectivas de desenvolvimento conjuntode suas potêncialidades.

Três anos se passaram desde que nos reuni-mos pela última vez em Brasília. Verificocom satisfação que nossos Governos e os

setores privados brasileiro e marfiniano en-volvidos na cooperação bilateral implemen-taram com eficiência e dedicação as reco-mendações do documento final da SegundaReunião.

Nossas relações de cooperação se consoli-dam ao mesmo tempo em que se ampliamos domínios de ação comum. Torna-se maisintenso o intercâmbio de missões e númeromaior de brasileiros e marfinianos visitam-se mutuamente, buscando melhor conhe-cimento das respectivas realidades nacio-nais.

É-me grato assinalar que os bancos brasilei-ros instalados na Costa do Marfim têm con-tribuído para a maior dinamização de nos-sas relações de comércio, ao agilizarem osmecanismos de intercâmbio. Nesse sentido,

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e na medida de suas possibilidades, o Bancodo Brasil colocou recentemente à disposi-ção dos importadores marfinianos linha decrédito no valor de 5 milhões de dólares,ora em utilização.

São igualmente promissoras as perspecti-vas de cooperação mutuamente vantajosana área dos serviços de saneamento básicoe da construção civil. Nesse domínio, comoem outros, nossas semelhanças geográficase climáticas e nosso estágio de desenvolvi-mento assemelhado possibilitam a utiliza-ção de tecnologias apropriadas e conveni-entes à nossa condição de países tropicais.

No que diz respeito à área da agricultura, oprojeto de implantação da cultura da sojana Costa do Marfim, em fase avançada deimplementação, constitui testemunho dadisposição brasileira de transferir tecnolo-gia própria, sem restrições de qualquernatureza, compartilhando nossa experiênciacom essa nação irmã.no espírito solidárioque, em nosso entender, deve reger as rela-ções de cooperação horizontal entre ospaíses em desenvolvimento.

Senhor Ministro,

Desejamos intercambiar com seu país expe-riências em vasta gama de atividades e, emespecial, no domínio da agricultura, da pes-quisa agro-industrial, das técnicas de plan-tio e aproveitamento industrial de alimen-tos, dos combustíveis de fontes renováveis,levando em consideração o papel funda-mental que desempenha o setor agrícolaem nossas respectivas economias.

Essa cooperação poderá efetivar-se pelacriação de empreendimentos comuns di-mensionados realisticamente, em escala degrandeza compatível com nossas possibili-dades, e adequados às características e con-dições de nossos países.

É, pois, com espírito de colaboração e soli-dariedade, Senhor Ministro, que haveremosde examinar os temas que compõem aagenda desta Terceira Reunião da ComissãoMista. Estou certo de que o trabalho dasdelegações marfiniana e brasileira apresen-tará resultados positivos e corresponderá,dessa forma, às legítimas expectativas denossos dois países.

Muito obrigado.

chanceler brasileiro homenageado pelo ministro

dos negócios estrangeiros da costa do marfim

Senhor Ministro,

É com viva satisfação que visito oficialmen-te a Costa do Marfim. Minha delegação e eutemos recebido atenções e gentilezas por

Discurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, em Abidjan, em 18 de março de1983, por ocasião de jantar oferecido em sua homenagem

pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros da Costa doMarfim, Simeón Aké.

parte do Governo e do povo marf iniano, doque as palavras amigas que Vossa Excelên-cia acaba de pronunciar constituem maisum grato exemplo.

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Sentimo-nos, na verdade, como em nossaprópria casa, tantas e tão significativas sãoas semelhanças geográficas e culturais quenos aproximam e que imprimem caráterespecial a nossas relações.

Estou particularmente honrado com aoportunidade de ser recebido em audiênciapelo Presidente Felix Houphouet Boigny,cujas qualidades de homem público e. esta-dista sabemos reconhecer. O PresidenteJoão Figueiredo incumbiu-me de ser juntoao Presidente marfiniano o intérprete dossentimentos de sua amizade e da do povobrasileiro por esse grande líder africano epelo povo amigo da Costa do Marfim.

Senhor Ministro,

Têm sido frequentes os contactos entrenossos dois Governos. Meus antecessoresà frente da Chancelaria brasileira visitaramoficialmente a Costa do Marfim em 1972 eem 1975. Em 1979, tive o prazer de rece-ber Vossa Excelência em Brasília, pri-meiramente em março, como Representan-te Plenipotenciário do PresidenteHouphouet Boigny às cerimónias de possedo Presidente João Figueiredo e, em se-tembro, quando em companhia do MinistroLaurent Donafolongo, honrou-nos nova-mente Vossa Excelência ao visitar oficial-mente nosso país. Foi naquela oportuni-dade inaugurada a sede da Embaixada daCosta do Marfim em Brasília, monumentoarquitetônico de grande beleza.

Senhor Ministro,

A realização da Terceira Reunião da Comis-são Mista, cujos trabalhos terão início ama-nhã, oferecerá a oportunidade para quenossos Governos procedam a uma avalia-ção abrangente do desenvolvimento dasrelações de cooperação entre o Brasil e aCosta do Marfim. São vastos os domíniosem que se desdobra nossa ação conjunta,testemunho do que pudemos realizar nosúltimos anos e reflexo da vontade políticadG nossos respectivos Governos de desen-

volver uma cooperação horizontal iguali-tária e solidária.

Essa interação harmoniosa tem seu funda-mento maior nas profundas afinidadesexistentes entre os povos do Brasil e daÁfrica, resultado de um legado históricoe cultural que se estende de um lado aoutro do Oceano Atlântico e que nos unecom fraterna intensidade. Essa forte iden-tidade espiritual manifesta-se por uma ati-tude solidária na maneira como encara-mos muitos dos graves problemas que afli-gem um mundo dramaticamente marcadopor uma crise económica e financeira semprecedentes desde a década de 1930.

A atual crise internacional tem como um deseus principais corolários a percepção cres-cente da comunidade inaternacional daurgência e inevitabilidade da materializa-ção de novas formas de cooperação. Cum-pre insistir na prioridade de medidas demais longo alcance, que promovam, efeti-vamente, a recuperação económica mundiale a estabilidade das economias dos paísesem desenvolvimento. Por isso mesmo, oBrasil entende que os países em desenvolvi-mento devem perseverar na construção deuma ordem económica internacional maisjusta e que nos permita superar as estrutu-ras de desigualdade e de desequilíbrio quecaracterizam o mundo atual.

Senhor Ministro,

O Brasil tem manifestado profunda preo-cupação pela crescente ampliação da trans-ferência para as regiões menos desenvolvi-das das tensões geradas pela confrontaçãoentre as Superpotências. Inspirados nosprincípios basilares de Direito Internacio-nal, que pautam sua linha de ação externa,o Brasil defende a necessidade de que sejamrespeitadas as opções políticas livrementeadotadas por cada Estado no exercício desua soberania e condena qualquer forma deintervenção, ingerência ou dominação es-trangeira.

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Nesse espírito, o Governo brasileiro tem ex-pressado, em todos os foros internacionais,veemente condenação a todas as formas dediscriminação racial, especialmente a polí-tica de apartheid, postulando sempre a ne-cessidade de sua pronta erradicação. Defen-de o Brasil, com igual convicção, o direitodo povo da Namíbia à independência, nostermos do plano das Nações Unidas. MeuGoverno repele, portanto, qualquer arti-fício destinado a postergar ou impedir asolução pacífica dessa questão crucial.

Senhor Ministro,

Sentimo-nos ligados à África não apenaspelo amplo legado étnico-cultural que rece-bemos desse grande continente mas, igual-

mente, por compartilharmos de suas causasmais fundamentais. Por essa razão, o Brasilacredita que somente a eliminação dos res-quícios de opressão e injustiça poderátrazer à África a paz, o desenvolvimento e arealização autêntica dos anseios legítimose próprios de seus povos.

Peço agora a todos que comigo se unam aum brinde à saúde do Presidente FelixHouphouet Boigny, à prosperidade danação marfiniana, ao desenvolvimento dasrelações de amizade e de cooperação entreo Brasil e a Costa do Marfim e à felicidadepessoal de Vossa Excelência e dos demaispresentes.

Muito obrigado.

saraiva guerreiro abre os trabalhos daterceira reunião da comissão mista

brasil-guiné-bissauDiscurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, em Bissau, em 21 de março de1983, por ocasião da abertura da III Reuni3o da ComissãoMista Brasil-Guiné-Bissau.

Senhor Ministro,

É com grande satisfação que, juntamentecom Vossa Excelência, dou início aos tra-balhos da Terceira Sessão da ComissãoMista Brasil-Guiné-Bissau.

Esta Comissão tem sido um instrumentooportuno para estabelecer prioridades, ana-lisar experiências já realizadas, corrigireventuais falhas e estudar novos meios paraconsolidar a aproximação entre a Guíné-Bissau e o Brasil. Esses progressos forampossíveis porque nos guia a vontade políti-ca-de traduzir em termos concretos umaamizade perene.

Podemos contemplar com otimismo o quejá foi feito. Cresceu e desenvolveu-se o

intercâmbio de estudantes em nível de gra-duação universitária e de formação noSENAI/SENAC. Foram abertas, por mútuointeresse e com proveito recíproco, possi-bilidades de cursos especiais na Empresa deCorreios e Telégrafos e no Instituto Brasi-leiro de Administração Municipal. Professo-res brasileiros participaram do Curso deDireito aqui recentemente inaugurado.Algum material bibliográfico e científicopôde ser oferecido.

Esta cooperação é importante sobretudoporque corresponde à vontade de aproxi-mação entre países em desenvolvimento,carentes, por definição, de recursos. AGuiné-Bissau e o Brasil souberam e qui-seram trocar entre si experiências de desen-volvimento, alcançando objetivos de coope-

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ração almejados por todos os países do Ter-ceiro Mundo, mas que constituem, como ésabido, alvos particularmente difíceis deatingir.

No campo comercial, também criamos vín-culos importantes. Através do mecanismode linhas de crédito, foi possível estabelecerfluxos de intercâmbio inexistentes noperíodo colonial, quando se atribuía exclu-sividade às trocas Norte-Sul.

Existe, portanto, considerável acervo derealizações, mas a rota a ser percorridaainda é longa, nossos meios limitados e acrise económica mundial nos tolhe. Esta-mos, todavia, certos de que nosso entendi-mento progredirá.

O Brasil orienta seu esforço de cooperaçãopela prioridade elevada que atribui a suasrelações com os demais países em desenvol-vimento, em particular os da AméricaLatina e da África.

Esta prioridade não deve ser entendidacomo desejo de confrontação com ospaíses desenvolvidos. Constitui, antes, umaintenção de fixar posições comuns com na-ções em condições semelhantes às nossas afim de promover a realização de negocia-ções Norte-Sul que levem, em espírito deconciliação e de respeito mútuo, ao encon-tro de soluções globais para a crise que hojeafeta a todos.

Falei da prioridade para descrever nossasrelações com a África. Esse conceito éparticularmente válido para definir nossapolítica em relação aos países africanos deexpressão oficial portuguesa, aos quais esta-mos ligados por vínculos ditados por umacultura compartilhada e pela História. Comestes países, nosso diálogo já é frutífero esó poderá fortalecer-se. Assim, creio eu, oentendem tanto o Governo do Brasil quan-do o de Guiné-Bissau.

Senhor Ministro,

Esta reunião da Comissão Mista permitiránovos progressos na sistematização e na ins-

titucionalização da cooperação entre nossasnações. A experiência acumulada já nospermite não apenas definir objetivos, mastambém escolher processos para implemen-tar as atividades de cooperação. Refiro-meà criação de projetos integrados, cujo efeitoserá mais elevado que o desenvolvimento deatividades isoladas. Para proveito mútuo,devemos examinar cuidadosamente omelhor aproveitamento de nossos recursos.Com base nas experiências já adquiridas,creio que uma'das tarefas desta ComissãoMista poderia ser o estudo da melhora qua-litativa dos programas de cooperação oraem desenvolvimento.

Novas áreas poderão, igualmente ser incluí-das no campo da cooperação. Creio que oGoverno de Vossa Excelência já manifestouinteresse por um curso de formação de di-plomatas. Dspomos de alguma experiêncianesse terreno e já realizamos alguns progra-mas desse tipo no exterior.Penso igualmenteque o Governo de Guiné-Biassau adiantouseu desejo por uma cooperação na área daagricultura e dos recursos minerais. A áreada energia poderia também ser explorada,em particular a utilização da biomassa.Será possível aqui examinar meios parauma aproximação nesses campos.

Verifica-se igualmente uma oportunidadepara passarmos, serenamente, em revistanossas relações comerciais.

Estou certo, enfim, de que a reunião daComissão Mista constituirá novo marcona consolidação de nossas relações. Enfren-tamos o desafio de encontrar meios e fór-mulas para manter e expandir, numa con-juntura complexa de crise do sistema eco-nómico internacional, a aproximação quenossos povos desejam e que nossos Gover-nos consideram prioritária. Já foi criadauma teia de interesses comuns e existe a de-cisão de progredir. Não tenho dúvida deque saberemos avançar por esse caminho.

Muito obrigado.

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saraiva guerreiro em bissau: "alta prioridade

nas relações do brasil com a áfrica"

Discurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, em Bissau, em 21 de março

de 1983, por ocasião da recepção que lhe foi oferecida peloMinistro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Samba

Lamine Mane.

Senhor Ministro,

Com expressiva satisfação realizo esta visitaà República da Guiné-Bissau. 0 entendi-mento que existe entre nossos dois paísesé evidente. Desde julho de 1974, quando oBrasil reconheceu a nova república africana,temos mantido um diálogo confiante econstrutivo.

Multiplicaram-se os contactos em todos osníveis. Criaram-se e ampliaram-se fluxos decooperação técnica e cultural. Desenvolveu--se, para benefício mútuo, um intercâmbiocomercial totalmente inexistente noperíodo colonial. Não se notam contencio-sos entre nossos países.

Esse entendimento cresceu e consolidou-seporque baseado em premissas sólidas e rea-listas. Pafses do Terceiro Mundo, Brasil eGuiné-Bissau convergem em seus ideais depaz, de respeito à autodeterminação dospovos e à soberania dos Estados indepen-dentes, de adesão plena aos princípios daCarta das Nações Unidas.

Nosso relacionamento mostra também amaturidade de nossas nações ao respeita-rem as opções econômico-sociais de cadaqual e compreenderem as limitações mate-riais inerentes ao intercâmbio entre paísesem desenvolvimento.

0 importante, porém, é que damos valora esse intercâmbio. A troca de experiên-cias entre países do Terceiro Mundo, a

cooperação "Sul-Sul", representa instru-mento particularmente útil para o encami-nhamento de nossos problemas. A coopera-ção igualitária e destituída de condiciona-mentos políticos que a caracteriza abrangejá múltiplas áreas, inclusive a troca de tec-nologias criadas em países em desenvolvi-mento.

Senhor Ministro,

Minha visita a Guiné-Bissau ocorre em mo-mento internacional particularmente deli-cado. Defronta-se o mundo de hoje, e emespecial o mundo em desenvolvimento,com a mais grave crise económica dos úl-timos cinquenta anos. Contemplamos, emtoda parte, quaisquer que sejam as estru-turas econômico-sociais, um quadro derecessão, de desemprego, de limitação docomércio internacional. Esta crise atinge,sem dúvida, õs países desenvolvidos, bemcomo os socialistas, mas seus efeitos sãoespecialmente graves para os países do Sul,cujos produtos de exportação se vão grada-tivamente desvalorizando e cujas economiastêm sido frontalmente atingidas pela altadas taxas de juros, pela diminuição da co-operação e pelas práticas protecionistasadotadas de maneira crescente péas socie-dades desenvolvidas.

Não se vislumbram soluções fáceis para estacrise. É possível apenas verificar que nãoserá suficiente o uso de soluções ortodoxase q.ue terá de haver, antes de mais nada, umesforço global de cooperação.

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O Presidente João Figueiredo, em seu dis-curso perante as Nações Unidas, em setem-bro passado, lembrou que a situação atualconstitui, em realidade, uma crise profundada totalidade do sistema económico inter-nacional, que só poderá ser solucionadapor iniciativas globais de entendimento e desolidariedade. Os países desenvolvidos terãoassim de aceitar, afirmou na mesma ocasiãoo Presidente Figueiredo, o Terceiro Mundocomo parceiro dinâmico, cujo esforço poruma melhor posição no cenário mundial é.plenamente legítimo e benéfico para todos.Os países em desenvolvimento deverão, porsua vez, fortalecer sua interdependência econsolidar sua solidariedade.

A crise que ora nos afeta, Senhor Ministro,não se limita apenas à área económica. Mul-tiplicam-se os conflitos e confrontações,alastram-se para regiões do Terceiro Mundoatritos e choques.

Na área do Atlântico Sul, assistimos recen-temente a grave e perturbador conflito.Não nos devemos descurar de nosso propó-sito permanente de manter o mar que nosune a salvo de tensões derivadas de interes-ses alheios às nações em desenvolvimentode ambas as margens e de assegurar queesse espaço oceânico sirva sempre à coope-ração pacífica e à solidariedade crescenteentre nossos países.

Acompanhamos com preocupação a criseque se desenvolve na parte meridional docontinente africano. A extrema lentidãoem dar efeito às resoluções pertinentes daONU sobre a Namíbia, ou até mesmo suanegação; as agressões contra Estados amigostanto do Brasil quanto da Guiné-Bissauconstituem atos que repudiamos com ve-emência. A institucionalização da discrimi-nação racial merece nossa condenação nãomenos resoluta. Venho aqui expressar demaneira clara a solidariedade do Brasil como nacionalismo e o patriotismo africanos,atingidos pelas situações que se criaram naparte austral deste continente. Esta solida-riedade, adiantada também pelo Presidente

Figueiredo nas Nações Unidas, é parte inte-grante da posição internacional do Brasile é por todos reconhecida.

Inabalável é nosso respeito aos princípiosda igualdade entre os Estados, da busca dapaz, da recusa da intervenção em asssuntosinternos de países soberanos, do primado,enfim, do direito internacional nas relaçõesentre Estados. Para o Brasil, não se trataapenas da aceitação de princípios genéri-cos, mas da fidelidade prática e diária aconceitos que instituem as melhores garan-tias possíveis para a convivência internacio-nal.

A existência de interesses políticos e econó-micos comuns, a consciência de herançasculturais compartilhadas, a proximidadegeográfica, levam-nos a conceder, em nossapolítica exterior, alta prioridade a nossasrelações com a África.

Minha visita constitui exemplo dessa prio-ridade. Desejamos estreitar o nosso enten-dimento. Consideramos particularmenteimportantes as nossas relações com ospaíses africanos de expressão oficial portu-guesa, cuja dimensão no cenário internacio-nal cresce continuamente. Verificamos,com interesse, como esses países vêm ins-titucionalizando suas relações, formandohoje o grupo de países africanos de expres-são oficial portuguesa, que deverá reunir-seproximamente nesta capital. É nossaintenção aprofundar o diálogo com essegrupo cujos objetivos compreendemos ecujas características próprias, africanas, res-peitamos.

Senhor Ministro,

Nossa cooperação bilateral será amplamen-te estudada na Terceira Reunião da Comis-são Mista que ora se reúne. Existe vontadepolítica de aproximação e a Comissão Mistaconstitui foro adequado para, dentro doslimites que nos são impostos por nossa con-dição de países em desenvolvimento e pela

situação vigente no cenário mundial, criar

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e desenvolver vínculos que unam nossos Ergo minha taça à felicidade pessoal depaíses e tragam proveito a nossos povos. Vossa Excelência, de Sua Excelência oPoderemos passar em revista os resultados Senhor Presidente João Bernardo Vieira,já alcançados, estudar pormenorizada- aos bons resultados de nossa Comissãomente novas prioridades, estabelecer para- Mista, à amizade entre os nossos povosmetros para uma ação futura* oportuna e e ao progresso da República de Guiné-realista. Esse é o entendimento de nossos -Bissau,líderes; esse, estou certo, foi o entendi-mento de Amílcar Cabral. Muito obrigado *

*Na página 57, seção Noticias, uma nota sobre o Acordo para funcionamento do Escritório de Área da RepartiçSo Sanitá-

ria Pan-Americana em Brasília.

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a terceira sessão da comissão nacional

para assuntos antárticosPalavras do Chanceler Saraiva Guerreiro, no Palácio doItamaraty, em Brasília, em 29 de março de 1983, por ocasiãoda Terceira Sessão da Comissão Nacional para AssuntosAntárticos (CONANTAR).

No momento em que a CONANTAR voltaa se reunir, é com satisfação que se podeconstatar que o Brasil não mais se situaentre os países aspirantes à Antártida, masjá começa a se integrar efetivamente àcomunidade de países que se fazem pre-sentes na região. Depois das bem-sucedidasexpedições antárticas no verão 1982/1983,o país está a caminho de habilitar-se aopleno exercício dos direitos e deveres pre-vistos no Tratado da Antártida.

2. Em 1975, o Brasil assinou o Tratado daAntártida. Dentro da sistemática daqueleinstrumento internacional, a próxima etapaé o acesso à condição de Membro Consul-tivo. Dentro desse processo, que poderá res-guardar nossos interesses diretos e substan-ciais na Antártida, é importante que acom-panhemos os desenvolvimentos do assuntono contexto internacional.

3. Durante a XXXVII AGNU, a Delegaçãoda Malásia tomou a iniciativa de trazeràquele foro o problema da Antártida. Afir-mou que, embora haja mérito indiscutívelno Tratado em vigor, na medida em queproscreve atividades militares na região eestimula a cooperação científica internacio-nal, é necessário que se proceda a uma novanegociação, aberta a todos os países, sob

a égide das Nações Unidas. Citando o exem-plo da recém-concluída III CONFDIMAR,a Delegação da Malásia afirmou que o livreacesso à região deve ser facultado a todosos países, independentemente de requisi-tos de natureza científica ou técnica.

4. A proposta da Malásia, com o respaldoda fndia, voltou a ser apresentada na re-cente reunião de cúpula dos Países Não-Ali-nhados, realizada em Nova Delhi, no cor-rente mês.

5. Diante desses fatos, que poderão assumircontornos de um movimento de oposiçãoao sistema do Tratado de Washington, é dese prever um interesse crescente dos Mem-bros Consultivos em que o Brasil se tornetambém Membro Consultivo. A esse respei-to, na Reunião sobre Recursos Minerais rea-lizada em Washington, em junho de 1982e em janeiro deste ano, foi adotada uma de-cisão indicando que será dada boa acolhidaao pedido do Brasil para ascender ao statusde Membro Consultivo, desde que cumpri-dos os requisitos estabelecidos no Tratado.

6. O acompanhamento desses fatos deveráser uma das preocupações da CONANTAR,como órgão diretivo da Política Nacionalpara Assuntos Antárticos.

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7. Durante o II Seminário sobre AssuntosAntárticos, realizado de 21 a 25 deste mêsno Rio de Janeiro, foram apresentadas aspesquisas realizadas pela equipe de cientis-tas que integrou as expedições antárticasdo último verão. A participação de cientis-tas do navio de pesquisas alemão "PO-LARSTERN" no mesmo evento é umaindicação de que estão efetivamente aber-tas as vias de cooperação e intercâmbiode experiências com os países que há

muitos anos vêm desenvolvendo trabalhossérios de estudo e pesquisa antártica.

8. Trata-se da III Sessão da CONANTAR.A Sessão de Instalação teve lugar no dia 7de outubro de 1982. A II Sessão realizou-se no dia 9 de fevereiro deste ano. Um exa-me da agenda desta reunião, e da documen-tação referente a cada item, indica bem ovolume de trabalho que a importância ecomplexidade dos assuntos ligados à Antár-tida exigirão desta Comissão.

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relações diplomáticas

brasil e belize estabelecem

relações diplomáticas

Comunicado do Itamaraty à imprensa, divulgado em Brasília,em 19 de março de 1983:

Os Governos da República Federativa doBrasil e de Belize, desejosos de fortaleceros laços de amizade entre seus povos, con-cordaram em estabelecer, nesta data, rela-ções diplomáticas em nível de Embaixadae designar Embaixadores não-residentes.Ambos os Governos expressaram sua con-fiança em que este Acordo contribuirá paraestreitar as relações entre os dois países eassegurar um relacionamento mais próximoe mutuamente benéfico.

designação de embaixadores

brasileiros

David Silveira da Mota Júnior, para Embai-xador junto ao Grão Ducado de Luxem-burgo (cumulativamente com a função deEmbaixador na Bélgica); António Concei-ção, para Embaixador em Bangladesh; eHélcio Tavares Pires, para Embaixadorjunto aos Emirados Árabes Unidos, em 23de março.

entrega de credenciais deembaixadores estrangeiros

Círiaco Landolfi, da República Dominica-nal; Kuniyoshi Date, do Japão; e HenryWenmaekers, da Bélgica, em 25 de janeiro,

Gustavo Fernández Saavedra, da Bolívia,e Lualaba Emeleme Alekia, do Zaire, em 29de marco.

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brasil e espanha desenvolvem

cooperação nos setores

agrícola, pecuário, florestal,

pesqueiro eagroaliment ar

Acordo, por troca de Notas, entre o Brasil e aEspanha, para a constituição de um Grupo deTrabalho destinado a examinar a cooperaçãonos setores agrfcola, pecuário, florestal,pesqueiro e agroalimentar, assinado no Paláciodo Itamaraty, em Brasília, em 18 de janeirode 1983, pelo Ministro de Estado das RelaçõesExteriores, Ramiro Saraiva Guerreiro, e pelo

Embaixador Extraordinário e Plenipotenciárioda Espanha, Francisco Javier Vallaure.

A Sua Excelência o senhor Francisco Javier Vallaure, Em-baixador Extraordinário e Plenipotenciário da Espanha.

Senhor Embaixador,

Por ocasião de sua visita oficial à Espanha, no período de24 a 29 de abril de 1981, o Ministro da Agricultura doBrasil considerou com o Ministro da Agricultura, Pesca eAlimentação da Espanha a possibilidade de criar-se umgrupo de Trabalho específico para a cooperação nos seto-res agrícola, pecuário, florestal, pesqueiro e agroalimentar.Com referência àqueles entendimentos e tendo em vista,no que sejam aplicáveis, os termos do Convénio Básico deCooperação Técnica Brasil-Espanha, concluído em Brasí-lia, o 1?de abril de 1971, tenho a honra de propor a Vos-sa Excelência o seguinte:

(I) A fim de facilitar e estimular a cooperação entre osdois países nos setores agrícola, pecuário, florestal, pes-queiro e agroalimentar, um Grupo de Trabalho será esta-belecido pelo Ministério da Agricultura do Brasil e peloMinistério da Agricultura, Pesca é Alimentação da Espa-nha. Este Grupo de Trabalho procederá a uma avaliaçãodo estado atual da cooperação antes mencionada, estudaráa possibilidade de.sua expansão e promoveá a colaboraçãoentre empresas públicas e privadas do Brasil e da Espanha.

(II) 0 Grupo de Trabalho será presidido pelos respectivosMinistros, ou por pessoas por eles designadas, ocupando asvice-presidências pessoas designadas, em cada caso, peloMinistério das Relações Exteriores do Brasil e pelo Minis-tério de Assuntos Externos da Espanha, respectivamente.As reuniões realidazar-se-ão, em princípio, uma vez porano, alternadamente em Brasília e em Madri. A agenda decada encontro será aprovada pelo menos um mês antes desua realização, de comum acordo entre as Partes.

(III) Entende-se que o desenvolvimento da cooperação de-verá ser de natureza técnica e económica, atendendo às a-tividades de produção e distribuição agrícola, pecuária,florestal, pesqueira e agroalimentar, prioritariamente nosseguintes setores:1. produção e conservação de energia na agricultura;

2. conservação de recursos naturais, desenvolvimento flo-restal, proteção hidrológico-florestal e combate à desertifi-cação;

3. ocupação de novas áreas e desenvolvimento dos pro-gramas brasileiros "Provárzeas" e "Cerrados", dentre ou-tros;

4. defesa sanitária vegetal e animal;

5. pesquisa e extensão rural;

6. cooperação no setor pesqueiro;

7. processamento de produtos agropecuários, florestais eagrpalimentares;

8. intercâmbio comercial de produtos agrários e de ínsu-mos agrícolas.

(IV) Com relação aos setores mencionados no item anterior, o Grupo de trabalho promoverá a cooperação comvisitas à implantação de programas e projetos específicos.Tais programas e projetos deverão contempar, quandopossível, a participação da iniciativa privada em todas asetapas do processo de produção, bem como no desenvolvi-mento dos trabalhos de pesquisa, extensão e industrializa-ção.

(V) O Grupo de Trabalho deverá manter, permanentemen-te, estreito contato com empresas públicas e privadas, a-

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gr ícolas e agroindustriais, cujos representantes poderão serconvidados a participar de suas sessões.

(VI) O desenvolvimento da cooperação requer o intercâm-bio de técnicos. Os gastos decorrentes desse intercâmbioestarão a cargo do país remetente, tanto no que se refereao transporte internacional, quanto ao transporte domés-tico, alojamento e manutenção no país recipiendário.(VII) O Grupo de Trabalho submeterá aos Ministérios in-teressados de cada país um relatório anual das atividadesde cooperação dentro de sua competência.

2. Caso Vossa Excelência concorde com o acima exposto,o Grupo de Trabalho será estabelecido pela presente Notae a que Vossa Excelência em resposta me dirigir, de igualteor e mesma data.Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelên-cia os protestos da minha mais alta consideração.

Ramiro Saraiva GuerreiroMinistro de Estado das Relações Exteriores da RepúblicaFederativa do Brasil

CONSIDERANDO que, em virtude do que dispõe o Códi-go Sanitário Pan-America no, assinado em Havana, a 14 denovembro de 1924, e ratificado pelo Brasil, a RepartiçãoSanitária Pan-Americana constitui o organismo coordena-dor das atividades sanitárias internacionais nas Repúblicasamericanas;

CONSIDERANDO que, em virtude do Acordo entre a Or-ganização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), assinado em 24 de maio de1949, a Repartição Sanitária Pan-Americana, Secretariadoda OPAS, tornou-se também o Escritório Regional daOMS no Hemisfério Ocidental; e

CONSIDERANDO que é conveniente formalizar um A-cordo com o propósito de determinar as condições, facili-dades e prerrogativas que o Governo da República Federa-tiva do Brasil concederá à Repartição Sanitária Pan-Ameri-cana, com relação ao funcionamento de seu Escritório deÁrea no Brasil;

ACORDAM o seguinte:

acordo para funcionam ent o do

escritório de área da repart ição

sanitária pan-americana,

em brasília

Acordo entre o Brasil e a Repartição SanitáriaPan-Americana para o funcionamento doEscritório de Área, assinado, no Palácio doItamaraty, em Brasília, em 20 de janeiro de1983, pelo Ministro de Estado das RelaçõesExteriores, Ramiro Saraiva Guerreiro, epelo diretor do escritório da OrganizaçãoPan-Americana de Saúde (OPAS) em Brasília,Carlos Dávila.

A Repartição Sanitária Pan-Americana (doravante deno-minada "Repartição"), e0 Governo da República Federativa do Brasil (doravantedenominada "Governo");

CONSIDERANDO que é objetivo fundamental da Repar-tição a "promoção e coordenação dos esforços dos paísesdo Hemisfério Ocidental para combater as doenças, pro-longar a vida e estimular o melhoramento físico e mentalde seus habitantes";

CONSIDERANDO que, com o fim de realizar estes propó-sitos, é conveniente manter e ampliar o Escritório de Áreada Repartição no Brasil;

ARTIGO I

A Repartição fica autorizada a manter na Cidade de Bra-sília a Sede de seu Escritório de Área, que atuará comocentro de promoção, coordenação e desenvolvimento dasfunções estabelecidas no Código Sanitário Pan-Americanoe das ativividades da Organização Pan-Americana da Saúdee da Organização Mundial da Saúde, no território brasilei-ro e em países vizinhos que estejam compreendidos naórbita de influência estabelecida para o referido Escri-tório.

ARTIGO II

O Escritório de Área será parte integrante da Repartiçãoe terá o status jurídico, as prerrogativas e as imunidadesque se aplicam à Repartição, conforme se especifica nesteAcordo.

ARTIGO III

A Repartição, seus bens e ativo gozarão de imunidade detodas as formas de processo legal, exceto na medida emque, em qualquer caso determinado, houver expressa-mente renunciado a sua imunidade. Fica entendido,porém, que nenhuma renúncia de imunidade se esten-derá a qualquer medida de execução.

ARTIGO IV

A Sede do Escritório de Área na Cidade de Brasília e osescritórios da OPAS/OMS no Brasil, seus arquivos e docu-mentos serão invioláveis.

ARTIGO V

1. A Repartição, seu ativo e bens no Brasil estarão:

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a) isentos de qualquer imposto direto. Fica, todavia, en-tendido que a Repartição não poderá solicitar isençãode impostos que não sejam mais do que uma simplesremuneração dos serviços de utilidade pública;

b) isentos de qualquer direito de alfândega, proibição ourestrição de importação ou exportação para objetosimportados ou exportados pela Repartição para seuuso oficial. Fica entendido, todavia, que os artigos im-portados de acordo com essa isenção não serão vendi-dos no território brasileiro, a menos que o sejamconforme as normas vigentes;

c) isentos de todo direito de alfândega e de toda proibi-ção ou restrição de importação e exportação para suaspublicações oficiais.

2. A Repartição gozará, no que diz respeito a tarifas pos-tais, de tratamento não menos favorável que o tratamentoconcedido a qualquer outro Governo, inclusive à missãodiplomática deste.

ARTIGO VI

O Diretor da Repartição, ou seu representante devidamen-te autorizado, comunicará ao Governo os nomes dos fun-cionários e do pessoal internacional a que correspondemas prerrogativas mencionadas neste Acordo.

ARTIVOVII

Os representantes, funcionários da Repartição e o pessoalinternacional que para ela trabalharem no Brasil:

a) serão imunes de processo legal quanto às palavras fala-das ou escritas e a todos os atos por eles executados nasua qualidade oficial;

b) gozarão de isenção de impostos, quanto aos salários evencimentos a eles pagos pela Repartição e em condi-ções idênticas às de que gozam os funcionários dasNações Unidas;

c) terão direito de importar, com isenção de direitos, seusmóveis e objetos, quando assumirem pela primeira vezo seu posto no Brasil.

ARTIVOVIII

Não gozar3o das imunidades previstas no Artigo prece-dente, itens "a " e "c" , as pessoas nele enumeradas queforem de nacionalidade brasileira.

ARTIGO IX

A Repartição tomará as medidas necessárias para a solu-ção adequada de:

a) disputas que se originem de contratos e outras ques-tões de direito privado em que a Repartição seja parte;

b) disputas em que seja parte qualquer funcionário oumembro da Repartição que goze de imunidade, porsua posição oficial, no caso do Diretor não renunciarà mesma, de acordo com o Artigo X.

ARTIGO X

1. Os privilégios e imunidades são concedidos aos funcio-nários, representantes ou pessoal internacional da Repar-tição apenas no interesse da mesma, e não para benefíciopessoal dos próprios indivíduos.

2. A Repartição terá o direito e o dever de renunciar àimunidade de qualquer funcionário, representante ou pes-soal internacional em qualquer caso em que a imunidadeimpeça o andamento da justiça e possa ser dispensada semprejuízo para os interesses da Repartição.

ARTIGO XI

1. O presente Acordo poderá ser revisto por solicitação dequalquer das Partes. Em tal caso, haverá consultas préviassobre as modificações a serem feitas.

2. Caso as negociações não cheguem a termo dentro deum ano, o presente Acordo poderá ser rescindido ou de-nunciado por qualquer das Partes, mediante notificaçãoprévia de um ano.

ARTIGO XII

0 presente Acordo entrará em vigor na data em quea Repartição acusar recebimento da notificação do Gover-no de que o Acordo foi aprovado segundo as normas cons-titucionais brasileiras. Nessa data deixará de vigorar oAcordo entre o Governo dos Estados Unidos do Brasil ea Repartição Sanitária Pan-Americana para o Funciona-mento do Escritório Regional da Repartição no Rio deJaneiro, concluído no Rio de Janeiro, a 27 de agosto de1951.

Feito em Brasília, aos 20 dias do mês de janeiro de 1983,em dois exemplares, no idioma português, sendo ambos ostextos igualmente autênticos.*

'Na seção Noticias, página 57, uma nota do Itamaraty à imprensa sobre a visita do Chanceler Saraiva Guerreiro ao Gabflb,Costa do Marfim e Guiné-Bissau.

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memorando de entendiment oentre brasil e estados unidos

da américa para cooperação em

experimentos aeroespaciais

Memorando de Entendimento entre Brasil eEstados Unidos da América, para a cooperação emexperimentos aeroespaciais empregando foguetesde sondagem, assinado, no Palácio do Itamaraty,em Brasília, em 31 de janeiro de 1983, peloMinistro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, e pelo Embaixadornorte-americano, Langhorne A. Motley.

O Governo á> República Federativa do Brasil e

O Governo dos Estados Unidos da América,

doravante denominados Partes Contratantes,

CONSIDERANDO o Acordo para um Programa deCooperação Científica entre os dois Governos de 1 dedezembro de 1971, conforme emendado e prorrogado em28 de dezembro de 1976 e novamente prorrogado para30 de novembro de 1981, 1 de junho de 1982 e 30 denovembro de 1982,

CONVÉM no seguinte:

ARTIGO I

Para a implementação do presente Memorando de Enten-dimento o Governo da República Federativa do Brasildesigna como Instituição Executora a Força Aérea Brasi-leira, por meio do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), eo Governo dos Estados Unidos da América designa comoInstituição Executora a Força Aérea dos Estados Unidos

•da Arnérica, por meio do "Air Force Geophysical Labo-ratory (AFGL)".

ARTIGO II

O presente Memorando de Entendimento tem por obje-tivo estabelecer uma base, sujeita às leis e regulamentosde cada uma das Partes, para o desenvolvimento e aexecução de programas conjuntos entre as InstituiçõesExecutoras mencionadas acima, referentes à cooperaçãocientífica e técnica em experimentos aeroespaciais empre-gando foguetes de sondagem brasileiros e norte-america-nos, lançados dos territórios de qualquer das partes.

ARTIGO III

1. O planejamento e a implementação dos experimentoscobertos por este Memorando de Entendimento serão

efetuados por uma Comissão de Coordenação constitu idapor dois representantes do CTA e dois representantes doAFGL. Para cada experimento proposto, a Comissão deCoordenação:

a) definirá objetivos e características técnicas;

b) procederá aos necessários preparativos para a execuçãodo experimento, inclusive o estabelecimento dasresponsabilidades programáticas de cada uma dasPartes;

c) redigirá um projeto pormenorizado do experimentoproposto, para aprovação pelas autoridades nacionais;e

d) após a conclusão do experimento, preparará um rela-tório final.

2. A Comissão se reunirá quando necessário, em data elocal a serem acordados pelas Partes Contratantes.

ARTIGO IV

1. Todos os dados resultantes dos experimentos serãoespecificamente atribuídos a este Memorando de Enten-dimento e serão colocados à disposição da comunidadecientífica mundial através dos canais costumeiros esegundo os procedimentos normais das InstituiçõesExecutoras.

2. Os direitos de propriedade de quaisquer dados,informações técnicas, ou equipamentos fornecidosno âmbito deste Memorando de Entendimento serãototalmente reconhecidos e protegidos de acordo coma legislação nacional de cada uma das Partes Contra-tantes aplicável a tais direitos. É responsabilidade da ParteContratante que fornecer tais dados, informações ou equi-pamentos informar à Parte Contratante a existência detais direitos.

3. Nenhum dado ou equipamento classificado será tro-cado no âmbito deste Memorando de Entendimento.

ARTIGO V

1. A possibilidade de ambas as Partes realizarem atividadesno âmbito deste Memorando de Entendimento estarásujeita à disponibilidade dos fundos destinados para talfim.

2. Cada uma das Partes Contratantes arcará com oscustos do desempenho de suas respectivas responsabíli-dades, inclusive transporte e subsistência de seu própriopessoal, e custos de transporte de todo equipamento desua responsabilidade.

ARTIGO VI

Sujeito a acordo entre as Partes Contratantes, este progra-ma poderá incluir o intercâmbio de cientistas, engenhtfi-

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ros e outro pessoal necessário. As Partes Contratantesfacilitarão a concessão de vistos para a entrada e saída deseus respectivos territórios de cientistas, engenheiros eoutro pessoal necessário, que exerçam atividades noâmbito deste Memorando de Entendimento. Os bens pes-soais do pessoal referido neste Artigo, bem como oequipamento necessário para o exercício de suas ativi-dades, serão admitidos livres de impostos em base tempo-rária, de acordo com a legislação e os regulamentos decada uma das Partes.

ARTIGO VII

Cada Parte Contratante renuncia a todas as demandascontra a outra por danos sofridos em virtude de atividadesrealizadas no âmbito deste Memorando de Entendimento.A responsabilidade por danos sofridos por terceiras partesserá estabelecida segundo as disposições e normas daslegislações nacionais e através de consultas entre as PartesContratantes.

ARTIGO VIII

1. O presente Memorando de Entendimento entrará emvigor na data de sua assinatura e terá a duração de cincoanos. Poderá ser prorrogado ou emendado por troca denotas diplomáticas.

2. O presente Memorando de Entendimento poderá serdenunciado por qualquer das Partes Contratantes, me-diante comunicação por escrito à outra Parte Contratante,com antecedência de seis meses.

Feito em Brasília, aos 31 dias do mês de janeiro de 1983,em dois originais, nos idiomas português e inglês, sendoambos os textos igualmente autênticos

brasil emarrocos assinam

acordo comercial

Acordo Comercial entre o Brasil e o Reino doMarrocos, assinado, no Palácio do I tamaraty, emBrasília, em 17 de fevereiro de 1983, pelo Ministrode Estado das Relações Exteriores, Ramiro SaraivaGuerreiro, e pelo Ministro marroquino doComércio, Indústria e Turismo, Azedine Guessus.

O Governo da República Federativa do Brasil

O Governo do Reino do Marrucos,

ANIMADOS do desejo de reforçar os laços de amizadeexistentes entre os dois pa íses,

DESEJOSOS cte facilitar e de desenvolver o intercâmbioeconómico e comercial entre os dois países nas bases doprincípio de igualdade e de vantagens recíprocas.

ACORDAM o seguinte:

ARTIGO I

As Partes Contratantes concederão às exportações daoutra Parte um tratamento não menos favorável que aque-le concedido ao comércio com terceiros países, sobretudoo tratamento dispensado às exportações provenientes dasPartes Contratantes do Acordo Geral sobre Tarifas Adua-neiras e Comércio (GATT).

2. Estas disposições se aplicam igualmente a todos osdemais assuntos relativos ao intercâmbio comercial entreos dois países, em consonância com seus objetivos dedesenvolvimento e sem prejuízo de seus respectivos com-promissos internacionais.

3. Todavia, esta disposição não se aplica quando se tratarda concessão ou da manutenção:

a) das vantagens concedidas por uma das Partes Contra-tantes aos países limítrofes com vistas a facilitar ocomércio fronteiriço;

b) das vantagens estabelecidas por uma união aduaneiraou zona de livre comércio, das quais uma das PartesContratantes seja ou possa tornar-se membro.

ARTIGO II

De conformidade com as leis e regulamentos em vigor,em cada país, as Partes Contratantes empreenderão todasas medidas necessárias ao desenvolvimento contínuo dastrocas comerciais entre à República Federativa do Brasile o Reino do Marrocos, no quadro da cooperação entrepaíses em desenvolvimento.

ARTIGO III

Os produtos e serviços objeto de importação e exportaçãoinseridos no quadro do presente Acordo serão aqueles queacordarem as pessoas físicas e jurídicas habilitadas a seocupar do comércio exterior no Brasil e no Marrocos.

ARTIGO IV

Com o objetivo de facilitar o desenvolvimento do comér-cio bilateral, as Partes Contratantes estimularão as pessoasfisicas ou jurídicas a concluírem contratos de longo prazopara os produtos e serviços que sejam do interesse para osdois países.

ARTIGO V

As Partes Contratantes, de acordo com as leis e regula-mentos em vigor nos seus respectivos países, facilitarão otransporte, dentro do seu território, de mercadorias pro-venientes de uma terceira parte e destinadas a uma ououtra das Partes Contratantes.

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ARTIGO VI

Com a finalidade de promover o desenvolvimento de suasrelações comerciais, as Partes Contratantes concederão asfacilidades necessárias à participação em feiras e à organi-zação de exposições comerciais em seus países na formado disposto nas leis e regulamentos respectivos.

ARTIGO V!l

As Partes Contratantes autorizarão a importação e expor-tação dos produtos enumerados a seguir com franquia dedireitos alfandegários, e na forma do disposto nas leis eregulamentos respectivos, quando provenientes do terri-tório de uma ou de outra Parte Contratante:

a) amostras e material publicitário sem valor comercial,destinados unicamente à publicidade e para obter en-comendas;

b) mercadorias, produtos e ferramentas necessários àorganização de feiras comerciais e exposições;

c) produtos e mercadorias importados sob o regime deadmissão temporária.

ARTIGO VIII

Os pagamentos relativos ao intercâmbio comercial objetodo presente Acordo serão efetuados em moeda livrementeconversível, conforme regulamentos sobre o controle decâmbio em vigor em cada pa is.

ARTIGO IX

As Partes Contratantes fornecer-se-ão, reciprocamente,todas as informações úteis ao intercâmbio comercialentre os dois países.

ARTIGO X

1. Institui-se uma Comissão Mista composta de represen-tantes de ambos os Governos, encarregada de supervisio-nar o bom funcionamento do presente Acordo.

2. A Comissão Mista poderá reunir-se se convocada poruma das Partes com vistas a analisar o intercâmbio comer-cial entre ambos os países, examinar os problemas apre-sentados pela execução do presente Acordo e propor, se-gundo o caso específico, todas as medidas apropriadasque possam melhorar as relações comerciais entre osdois países.

3. A data e local de reunião da Comissão Mista serãoestabelecidos de comum acordo entre as Partes Contra-tantes.

ARTIGO XI

1. O presente Acordo entrará em vigor na data da trocados instrumentos de ratificação, de acordo com os proce-dimentos constitucionais de cada Parte Contratante.

2. A validade do presente Acordo será de cinco anos,renovável por recondução tácita, anualmente, até que umadas Partes Contratantes o denuncie, por via diplomática,ao menos seis meses antes da data de sua expiração.

ARTIGO XII

As disposições do presente Acordo continuarão sendo

aplicadas após a cessação de sua validade a todos os com-

promissos e contratos concluídos durante o período de

sua validade e não integralmente executados na data de

sua expiração.

Feito em Brasília, aos 17 dias do mês de fevereiro de1983, em três exemplares originais, nas línguas portugue-sa, árabe e francesa, sendo os três textos igualmenteautênticos.

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presidente joão figueiredo

visitará o méxico

Comunicado do Itamaraty à imprensa, divulgadoem Brasília, em 17 de fevereiro de 1983:

A convite de Sua Excelência o Senhor Miguel de Ia Ma-drid, Presidente dós Estados Unidos Mexicanos, o SenhorPresidente da República visitará oficialmente aquele paísnos dias 27 e 28 de abril próximo. A visita presidencial te-rá lugar na cidade de Cancún.

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presidente figueiredo envia

mensagem ao primeiro -

ministro da índia, indira gandhi

Texto da mensagem do Presidente João Figueiredoao Primeiro-Ministro da índia, Indira Gandhi,entregue em 3 de março de 1983, pelo observadordo Brasil à V I I reunião dos Pafses Não-Alinhados,em Nova Delhi, Sérgio Thompson-Flores.

Senhora Primeiro-Ministro,

Por ocasião da Sétima Reunião de Cúpula do Movimentode Países N3o-Alinhados que ora se reúne, desejo enviara Vossa Excelência e, por seu intermédio, às Delegaçõespresentes em Nova Delhi, os votos que formulo, cordial esinceramente, em nome do Governo brasileiro, pelo êxitodas deliberações dessa magna Conferência.

2. O Brasil tem acompanhado o Movimento de PaísesN3o-Alinhados, com interesse e esperança, desde suacriação. Nele identificamos uma intenção justa e neces-sária em prol da paz e da redução das tensões internacio-nais.

3. Mais do que nunca, em meio à gravíssima crise inter-nacional que vem pondo por terra os esforços e asexpectativas legítimas dos países em desenvolvimento depromover o bem-estar de seus povos e de assegurarem umaordem económica internacional mais equitativa, caberá aoMovimento de Países Não-Alinhados, na expressáoautêntica dos seus princípios e objetivos originais, pro-curar novos caminhos que permitam aos países pobres,dentro de uma moldura de cooperação e fraternidade,superar as dificuldades que lhes foram impostas a trazerinspiração e alento para a revisá"o das relações interna-cionais que se faz necessária.

4. Creio que, sem desatender às agudas e legítimas preo-cupações com a eliminação dos resíduos do racismo e docolonialismo e com a redução e eliminação de focos espe-cíficos de confrontação, o Movimento de Países Não-Ali-nhados está convocado para a tarefa de utilizar a oportu-nidade histórica que a reunião de Nova Delhi oferece paraque dela surjam recomendações e propostas solidárias, quepermitam ao Terceiro-Mundo superar as grandes dificul-dades económicas que enfrenta.

5. Procurei, Senhora Primeiro-Ministro, ao falar diante daAssembléia-Geral das Nações Unidas, em setembro último.

trazer a contribuição brasileira para essa grande convoca-ção de povos e ideias e estou seguro de que as preocupa-ções brasileiras encontrarão ampla ressonância nos recin-tos em que se reúne o Movimento Não-Alinhado.

6. Ao pedir a Vossa Excelência que aceite minhas feli-citações pela escolha da índia e sua, pessoalmente, para acondução do Movimento Não-Alinhado pelos próximostrês anos, gostaria de manifestar nossa confiança em queas inspirações mais legítimas do não-alinhamento terãofiel e consequente expressão. Reitero o interesse doBrasil pelo êxito do Movimento e nossa ampla solidarie-dade com os países amigos que o integram.

Aproveito a oportunidade para apresentar a Vossa Exce-lência os protestos de minha mais alta consideração,

de Vossa Excelência,

joâo figueiredo

Presidente da República Federativa do Brasil

na mensagem ao presidente

figueiredo, o presidente do

equador sugere um programa

deação latino-americanaCarta do Presidente do Equador, Osvaldo Hurtado,ao Presidente João Figueiredo, entreguepessoalmente pelo Embaixador equatoriano,Gustavo Ruales, em 14 de março de 1983.

A Su ExcelênciaSefíor General donJoão Baptista de Oliveira Figueiredo,PRESIDENTE DE LA REPUBLICA FEDERATIVA DELBRASILEn Sus Manos.

Senor Presidente:

Hace un afio, ai pasar revista a Ia coyuntura latinoameri-cana, coincidimos con usted en que Ias necesidades yaspiracíones de América Latina constituyen un aspectoprioritário. Verificamos, entonces, que los paíseslatínoamericanos, con una personalidad propia en suacción política para Ia orientación y Ia solución de losproblemas internacionales, deben tener participación efec-tiva en Ias dedsiones sobre cuestiones de interés global.

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Hoy, sefíor Presidente, me preocupa aún más Ia grave eincierta situación económica internacional que tantoafecta a nuestros países, y me asiste Ia certeza de que paraalcanzar soluciones que permitan superar los problemaseconómicos y sociales de tan difícil hora y sortearlos conel menor sacrifício para nuestros pueblos, es menester elmayor esfuerzo conjunto y Ia más intensa colaboraciónrecíproca.

A este propósito, me estoy dirigiendo a los sefíores donEnrique Iglesias y don Carlos Alzamora, Secretario Eje-cutivo de Ia CEPAL y Secretario Permanente dei SELA,respectivamente, mediante comunicación cuyo textousted encontrará junto a Ia presente, solicitándoles Iapreparación de una propuesta que permita Ia formula-ción de un Programa de Acción de Latinoamérica, paraenfrentar Ia crisis.

Abrigo Ia esperanza de que usted, senor Presidente, en-contrará útil esta iniciativa, y no dudo de que Ia acogidaque Ia dispense será decisiva para que en el más breveplazo los gobiernos de Ia Región dispongamos dei aludidoPrograma, em cuya formulación es de singular importân-cia Ia contribución brasileria.

Con mis cordiales votos por su ventura personal y el cons-tante progreso de su país, ruégole recibir los renovadostestimoniosde mi mayor consideración.

Le saluda efectuosamente,

Osvaldo Hurtado,PRESIDENTE CONSTITUCIONAL DELA REPUBLICA DEL ECUADOR.

carta aos secretários-executivos da cepal edo sela

SenioresEnrique Iglesias,Secretario Ejecutivo de Ia CEPAL yCarlos Alzamora,Secretario Ejecutivo dei SELA,En sus manos.

Estimados amigos:

Al iniciarse el afio 1983, poças dudas quedan sobre Iagravedad de Ia crisis económica internacional. Desde Iagran depresión de los afíos treinta el mundo no ha cono-cido una crisis tan profunda y prolongada. De sus perni-ciosos efectos casi ninguna sociedad ha logrado escapar,pues, parecidos son los problemas que sufren los paísesdei norte desarrollado y los dei sur en vias de desar-rollo, los dei este socialista y los de occidente. El hechode que ella afecte a todas Ias sociedades, cualesquiera sea

su orientación ideológica, su regimen político y su modeloeconómico, es Ia mejor demostración de que nos encon-tramos ante un fenómeno de carácter universal que invo-lucra a todas Ias naciones.

Si bien no hay país que hoy este libre de dificultadeseconómicas, son los pueblos dei Tercer Mundo los quemás problemas sociales y políticos sufren y, entre ellos,los de América Latina y El Caribe. En efecto, en 1982,tanto el producto interno bruto como el ingreso porhabitante, se redujeron en términos que no habían ocur-rido en los últimos cuarenta anos y Ia tasa media de infla-c;crt fue, y en mucho. Ias más alta hasta ahora registradaen Ia Región. Si los altos índices de crescimiento de Iasdécadas pasadas - que hoy pueden apreciarse en todasua significación — no lograron eliminar esa heridaprofunda que escinde nuestras sociedades, constituída por

Ia miséria, Ia injusticia y el subempleo, o el desempleo,ya puede imaginarse Io que vendrá en el futuro si se pro-longa Ia depresión económica más ai lá de 1985, como seteme. Se encuentra, pues, en juego, como nunca antes.Ia paz social de Ias naciones y Ia estabilidad dei sistemademocrático; en suma, el destino de vastas comunidadeshumanas que, dia a dia, ven agravarse sus problemas socia-les no resueltos y con temor advierten Ia posibilidad deuna hecatombe.

Siempre se penso que Ia insuficiência de recursos financei-ros constituía el principal obstáculo para el desarrollodei Continente. Pêro, si se examina retrospectivamenteIa década pasada y se analiza Ia presente coyuntura, inevi-tablemente se Nega a Ia conclusión de que Ia sobreabun-dancia de créditos provistos por Ia banca privada interna-cional y su inadecuado uso, sumados a plazos cortos ya altas tasas de interés, constituyen el elemento esencialde Ia crisis. Cuando Ia deuda externa se acercaba a Iaasombrosa cifra de 300.000 millones de dólares y Ias eco-nomias latinoamericanas requer ían de divisas, comonunca antes, para importar, pagar intereses y amortizarel capital, en el segundo semestre dei ano pasado, brusca-mente se pasó de Ia oferta ilimitada de créditos a Ia esca-sez absoluta. A estas tendências debe afíadirse el deteriorode Ias exportaciones de productos básicos por Ia caídadei crecimiento de los países industrializados, por Iasrestricciones que han establecido, por los câmbios tecno-lógicos introducidos en los procesos productivos y por elpredomínio alcanzado por Ias transnacionales en el co-mercio mundial.

Las peculiaridades de Ia crisis económica actual y Iasevidentes limitaciones que han demonstrado las medidasrecomendadas por Ia ortodoxia económica, cualquiera seaIa vertiente ideológica que las inspire, son antecedentessuficientes para Negar a Ia conclusión de que nos encontra-mos ante um fenómeno inédito que probablemente de-mande Ia formulación de un renovado pensamiento eco-nómico. Si a ello se suma el hecho de que las políticasque practican los países industrializados afectan por iguala todas nuestras naciones y que, adernas, asistimos a Iaredefinición dei sistema económico Internacional que rigió

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desde Ia post-guerra, resulta imperiosa Ia necesidad de queLatinoamérica este presente en tan decisivo proceso histó-rico, dei que dependerá Ia superación de Ia crisis y elfuturo desarrollo económico y social.

Cierto que Ia crisis es de tal magnitud que por momentosparece desbordamos, pêro también es verdad que lospueblos de América Latina y El Caribe poseen Ias virtua-lidades indispensables para superaria. En su ya larga histo-ria han demostrado una pertinaz voluntad para dominaruna generosa pêro dura geografia; energia y perseveranciapara consolidar los Estados en que se han constituído;amplitud y creatividad para enriquecer su ancestral cultu-ra; imaginación para asimilar y renovar Ia técnica; aptitudempresarial para Nevar adelante nuevas actividades eco-nómicas; y espíritu de trsbajo y sacrifício. Adernas Ia Re-gi ón posee abundância de recursos, ha progresado en sudesarrollo económico y social y han mejorado los equipe»técnicos a cargo de Ia administración dei Estado.

Las difíciles circunstancias que confrontan nuestrospaíses, tornan indispensàble Ia urgente formulación deuna respuesta lationamericana a Ia crisis, para Io cualserá necesario un esfuerzo concentado que permita utili-zar a plenitud todas nuestras capacidades, recursos einstituciones.

La CEPAL primero y más tarde el SELA, han pres-tado invalorables servidos a cada uno de los Estados deAmérica Latina y el Caribe y a Ia Región en su conjun-to. Los estúdios de Ia primera permitieron Ia confor-mación de un pensamiento económico propio y ofrecie-ron soluciones concretas a muchos problemas. El segun-do, precisamente fue concebido como una instanciaregional, para que los países miembros puedan encontrarrespuestas conjuntas a sus comunes dificultades. Ahora,cuando el Continente vive una dramática coyuntura.

parece indispensàble que tan autorizados organismostécnicos presten una vez más su contribución.

En consecuencia, senores Secretários Ejecutivos de IaCEPAL y dei SELA, a nombre dei Gobiemo dei Ecuadorles solicito se sirvan preparar, en el menor tiempo posi-ble, un conjunto de propuestas encaminadas a desarrollarIa capacidad de respuesta de América Latina y afianzarsus sistemas de cooperación.

Los aportes de Ia CEPAL y dei SELA, enriquecidos conlos que se dignen prestar los gobiernos de Ia Región,darían lugar a un Programa de Acción que, inscrito enel horizonte de los próximos a fios, permita enfrentar losgraves problemas inmediatos, teniendo siempre en cuentalos objetivos permanentes de justicia, paz y libertad.

Este planteamiento y el pedido que les formulo en estacarta estoy comunicando a los Jefes de Estado de lospaíses latinoamericanos, invitándoles a apoyarlo y a parti-cipar en su formulación, en Ia convicción de que nodeben constituir un obstáculo las diferencias ideológicas,políticas, económicas y territoriales que separan a nues-tras naciones. Creo que también será necesaria Ia contri-bución de los organismos latinoamericanos que, en loscampos específicos de su competência, puedan brindarsu valiosa colaboración.

Reciban mi reconocimiento por Ia benevolente acogidaque den a mi requerimiento y mis sentimientos de consi-deración y aprecio personal.

Afectivamente

Osvaldo Hurtado,

PRESIDENTE CONSTITUCIONAL DELA REPUBLICA DEL ECUADOR.

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repartição sanitária pan-

americana terá escritório

de área em brasflia

Um novo Acordo entre o Brasil e a Organização Pan-Ame-ricana de Saúde foi assinado em Brasflia, no dia 20 de ja-neiro, no Palácio do Itamaraty, pelo Ministro SaraivaGuerreiro e o Doutor Carlos D'Avila, Diretor do Escri-tório da OPAS em Brasília.

O Acordo substitui o anterior, de 1951, que regulamen-tava o funcionamento do Escritório Regional da Reparti-ção no Rio de Janeiro. Tornou-se necessário para darcobertura legal à transferência da sede do EscritórioRegional para Brasília, e para compatibilízar-se à legisla-ção brasileira vigente.

Abrange todos os aspectos da representação da OPAS,regulando privilégios e imunidades dos funcionários,da Sede do Escritório da Área em Brasília e dos escri-tórios da OPAS no Brasil, e é condizente com a Conven-ção sobre Privilégios e Imunidades das Agências Especia-lizadas das Nações Unidas e outros acordos similares fir-mados pelo Governo brasileiro ultimamente.

A Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS, é umOrganismo especializado interamericano da Organizaçãodos Estados Americanos (OEA), com autonomia técnicapara a realização de seus objetivos, e funciona como orga-nismo regional da Organização Mundial de Saúde — OMS,no Continente americano. Sua sede é em Washington.

Atua em quatro áreas principais: controle e erradicaçãode enfermidades transmissíveis; fortalecimento dos ser-viços nacionais e locais de saúde; educação e treinamento;e investigações. A fim de colaborar com os governos,oferece assessora mento e assistência técnica e atua tam-bém como centro de informação cientifica e orgarjismocentral de coordenação.

Desenvolve vários programas no Brasil, dentre os quaiscaberia destacar os de "Serviços Básicos de Saúde", ode "Desenvolvimento de Recursos Humanos", o de "Mo-nítoramento da qualidade da Água no Brasil" e o de"Erradicação da Malária", e o combate continental ao"Aedes Aegypti", transmissor da febre amarela.

a visita do chanceler saraivaguerreiro ao gabão, costa do

marfim e guiné-bissauO Ministro de Estado das Relações Exteriores, Embaixa-dor Ramiro Saraiva Guerreiro, realizou visita oficial à Re-pública Gabonesa, à Costa do Marfim e à Guiné-Bissau,no período de 14 a 23 de março de 1983, atendendo aconvites que lhe foram formulados pelos Governos dessespaíses africanos.

O Ministro Ramiro Saraiva Guerreiro visitou o Gabão, de14 a 17 de março; a Costa do Marfim, de 17 a 20 demarço; e a Guiné Bissau, de 21 a 23 de março.

Durante as visitas aqueles países, foram realizadas, coin-cidentemente com a presença do Ministro Saraiva Guer-reiro, a Primeira Reunião da Comissão Mista Brasil-Gabão,em Libreville, a Terceira Reunião da Comissão MistaBrasil-Costa do Marfim, em Abidjan e a Terceira Reuniãoda Comissão Mista Brasil-Guiné Bissau, em Bissau. A dele-gação brasileira a essas reuniões esteve composta de repre-sentantes do Itamaraty e de Órgãos Públicos vinculados àcooperação com esses três países, tais como o Ministérioda Agricultura, a Secretaria do Planejamento da Presi-dência da República, a Companhia de Pesquisa de Recur-sos Minerais — CPRM, o Conselho Nacional de Desenvol-vimento Científico e Tecnológico — CNPq e a Fundaçãoda Administração Pública do Estado de São Paulo.

As relações de cooperação entre o Brasil e esses paísesforam passadas em revista pelas respectivas delegaçõesdurante as reuniões das comissões e avaliadas as perspec-tivas de sua ampliação e desenvolvimento.

Com os três países foram estudadas formas de desenvolvera cooperação nas áreas da agricultura e das pesquisas agrí-colas, da industrialização de alimentos, do intercâmbio detecnologias em culturas tropicais, da pesquisa geológica ede recursos minerais, e de formação profissional.

Foram igualmente, estudadas fórmulas capazes de contri-buir para uma maior dinamização do intercâmbio comer-cial entre o Brasil e esses três países.

A delegação brasileira às três reuniões das Comissões Mis-tas foi presidida pelo Ministro de Estado das RelaçõesExteriores, enquanto que os Ministros dos Negócios Es-trangeiros do Gabão, Embaixador Martin Bongo, daCosta do Marfim, Embaixador Simeon Aké e da GuinéBissau, Samba Lomine Mane chefiaram as delegações deseus países.

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despedidas de embaixadoresestrangeirosO Embaixador do Panamá, Jorge Emilio Castro Bendi-burg, deixou suas funções no Brasil e foi homenageadopelo Ministro de Estado das Relações Exteriores, RamiroSaraiva Guerreiro, com um almoço no Palácio do Itama-raty, em Brasília, em 31 de janeiro de 1983, ocasiSo emque recebeu também, do Governo brasileiro, as insígniasda Grã-Cruzda Ordem de Rio-Branco.

O Embaixador do Líbano, Antoine Robert El Dahdah,concluiu sua missão no Brasil e foi homenageado pelo

Chanceler Saraiva Guerreiro, que lhe entregou as insíg-nias da GrS-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul,em solenidade realizada no Palácio do Itamaraty, emBrasília, em 3 de fevereiro de 1983.

O Embaixador da Itália, Giuseppe Jacoangeli, deixou suasfunções no Brasil e foi homenageado pelo Ministro deEstado das RelaçOes Exteriores, Ramiro Saraiva Guerrei-ro, com um almoço no Palácio do Itamaraty, em Brasí-lia, em 8 de março de 1983. Durante a solenidade, oChanceler brasileiro entregou ao representante do Gover-no italiano as insígnias da GrS-Cruz da Ordem Nacional doCruzeiro do Sul.

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índice

o encontro dos presidentes joão figueiredo e reynaido bignone, da argentinamensagem do presidente joão figueiredo ao povo argentino, na véspera de seu encontro com o presi-dente reynaido bignone 3

figueiredo a bignone: "o brasil e a argentina honram suas tradições"discursos dos presidentes joão figueiredo e reynaido bignone, em foz do iguaçu, por ocasião do encon-tro de trabalho entre os dois chefes-de-estado 4

comunicado à imprensa brasil-argentinacomunicado à imprensa, divulgado em foz do iguaçu, a respeito do encontro de trabalho dos presi-dentes joa"o figueiredo e reynaido bignone 7

a visita do ministro dos negócios estrangeiros da f inlândiadiscursos do ministro de estado das relaçSes exteriores, ramiro saraiva guerreiro, e do ministro dosnegócios estrangeiros da finlândia, par stenback, no palácio do itamaraty, em brasília, por ocasião doalmoço oferecido ao chanceler finlandês 9

primeira reunião da comissão nacional para assuntos da aladidiscurso do ministro de estado das relaçSes exteriores, ramiro saraiva guerreiro, no palácio do itama-raty, em brasilia, por ocasião da abertura da I reunião da comissão nacional para assuntos da associa-ç3o latino-americana de integração (aladi) 15

em cartagena, a reunião de coordenação latino-americana do seladiscurso do ministro de estado das relações exteriores, ramiro saraiva guerreiro, em cartagena, por oca-sião da reunião de coordenação latino-americana dos países membros do sela. ' **

brasil envia observador à VI I reunião dos países não-alinhados em nova delhidiscurso do observador do brasil à VI I reunião de países não-alinhados, Sérgio thompson-flores, pro-nunciado em nova delhi 23

saraiva guerreiro visita o gabão, costa do mafim e guiné-bissaudiscurso do ministro de estado das relações exteriores, ramiro saraiva guerreiro, em libreville, porocasião da abertura dos trabalhos da primeira sessão da comissão mista brasil-gabão 29

intensificar o diálogo e a cooperação entre o brasil e o gabãodiscurso do chanceler saraiva guerreiro, em libreville, por ocasião de jantar que lhe foi oferecido peloministro dos negócios estrangeiros do gabão, martin bogo 30

a terceira reunião da comissão mista brasil-costa do marfimdiscurso do ministro de estado das relaçSes exteriores, ramiro saraiva guerreiro, em abidjan, por

ocasião da instalação da III reunião da comissão mista brasil-costa do marfim 32

chanceler brasileiro homenageado pelo ministro dos negócios estrangeiros dacosta do marfimdiscurso do ministro de estado das relações exteriores, ramiro saraiva guerreiro, em abidjan, porocasião do jantar que lhe foi oferecido pelo ministro dos negócios estrangeiros da costa do marfim,simeón aké 33

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saraiva guerreiro abre os trabalhos da terceira reunião da comissão mistabrasil-guiné-bissaudiscurso do ministro de estado das relações exteriores, ramiro saraiva guerreiro, em bissau, por ocasiãoda abertura da III reunião da comissão mista brasil-guiné-bissau 35

saraiva guerreiro em bissau: "alta prioridade nas relações do brasil com aáfrica"discurso do ministro de estado das relações exteriores, ramiro saraiva guerreiro, em bissau, por ocasiãoda recepção que lhe foi oferecida pelo ministro dos negócios estrangeiros da guiné-bissau, sambalamine mane 37

a terceira sessão da comissão nacional para assuntos antárticospalavras do chanceler saraiva guerreiro, no palácio do itamaraty, em brasília, por ocasião da terceirasessão da comissão nacional para assuntos antárticos (conantar) 41

relações diplomáticasbrasil e belize estabelecem relações diplomáticas 43

designação de embaixadores brasileiros 43

entrega de credenciais de embaixadores estrangeiros 43

tratados, acordos, convéniosbrasil e espanha desenvolvem cooperação nos setores agrícola, pecuário, flo-

restal, pesqueiro e agroalimentaracordo, por troca de notas, entre o brasil e a espanha, para constituição de um grupo de trabalho des-tinado a examinar a cooperação nos setores agrícola, pecuário, florestal, pesqueiro e agroalimentar,assinado no palácio do itamaraty, em brasília, pelo ministro de estado das relações exteriores, ramirosaraiva guerreiro, e pelo embaixador extraordinário e plenipotenciário da espanha, francisco javiervallaure 45

acordo para funcionamento do escritório de área da repartição sanitária

pan-americana em brasíliaacordo entre o brasil e a repartição sanitária pan-americana, para funcionamento do escritório deárea, assinado, no palácio do itamaraty, em brasília, pelo chanceler saraiva guerreiro e pelo diretor doescritório da organização pan-americana de saúde (opas) em brasília, carlos dávila 46

memorando de entendimento entre brasil e estados unidos da américa para

cooperação em experimentos aeroespaciaismemorando de entendimento entre brasil e estados unidos da américa, para a cooperação em experi-mentos aeroespaciais empregando foguetes de sondagem, assinado, no palácio do itamaraty, em bra-sília, pelo ministro de estado das relações exteriores, ramiro saraiva guerreiro, e pelo embaixadornorte-americano, langhorne a. motley 48

brasil e marrocos assinam acordo comercialacordo comercial entre o brasil e o reino do marrocos, assinado, no palácio do itamaraty, em brasília,pelo ministro de estado das relações exteriores, ramiro saraiva guerreiro, e pelo ministro marroquinodo comércio, indústria e turismo, azedine guessus 49

comunicados e notaspresidente João figueiredo visitará o méxico 51

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mensagens

presidente figueiredo envia mensagem ao primei ro-ministro da índia, indira gandhi 53

na mensagem ao presidente figueiredo, o presidente do equador sugere um proprama de ação latino-americana 53

notíciasrepartição sanitária pan-americana terá escritório de área em brasflia *"

a visita do chanceler saraiva guerreiro ao gabão, costa do marfim e guiné-bissau 57

despedidas de embaixadores estrangeiros 58

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