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O ENSINO DA GEOGRAFIA PERSPECTIVAS DE INCLUSÃO: A
CARTOGRAFIA TÁTIL UMA EXPERIENCIA E FORMAÇÃO
Kamila Jaqueline Cerdeira GOMES1- UFPA
Tamara Nascimento da SILVA2- UFPA
RESUMO:
O estudo em questão foi construído a partir do debate quanto ao tema da inclusão na
perspectiva do ensino de geografia realizado pelo grupo de pesquisa PIBID-UFPA-
GEOGRAFIA3, considerando o contexto da educação especial. A proposta é baseada na
atividade de formação com alunos da graduação, tendo em foco neste em particular, os
sujeitos com baixa-visão e cegos. A priori demonstra-se na atividade e experiência, a
analise e discussão do histórico e dos paradigmas desta, o segundo momento propõem-
se a elaboração de material com métodos que auxiliem sala de aula e instigam o
educador-pesquisador a ser atuante nesse movimento de formação constante, tendo em
vista que o objetivo maior não é realizar/elaborar “receitas-prontas” para a inclusão,
percebendo que cada individuo na sala de aula é um sujeito único com singularidades e
experiências e visões de mundo diferentes. Essa experiência demonstrou e depreendeu
diferentes realidades da escola regular e do papel da geografia enquanto uma disciplina
que pode contribuir para com mudanças e ressignificação da inclusão no cotidiano do
ambiente escolar, tivemos êxitos e entraves nas considerações desta e em muito ambos
contribuíram de forma instigantes para as apreensões do tema e da atividade em si,
1.Discente do curso de geografia da Faculdade de Geografia e Cartografia, UFPA. Bolsista do PIBID –
2. Discente do curso de geografia da Faculdade de Geografia e Cartografia, UFPA. Bolsista do PIBID-
3.O Programa Institucional de Bolsa de Incentivo à Docência – PIBID da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) que tem como base legal a Lei nº 9.394/1996, a
Lei nº 12.796/2013 e o Decreto nº 7.219/2010
“tem por finalidade fomentar a iniciação à docência, contribuindo para o aperfeiçoamento da formação de
docentes em nível superior e para a melhoria da qualidade da educação básica pública brasileira.”
possibilitando interdisciplinaridades com a geografia, destacamos assim nesse estudo
uma rica perspectiva enquanto pesquisa e analise e continuação a ser desenvolvida.
Palavras chaves: Inclusão-geografia, baixa-visão/cegueira, metodologias de ensino
ABSTRACT:
The study in question was built from the debate on the subject of inclusion in
the geography teaching perspective held by PIBID-UFPA-GEOGRAFIA research
group, considering the context of special education. The proposal is based on training
activity with undergraduate students, with a focus on this in particular, subjects with
low vision and blind. A priori shows up in the activity and experience, analysis and
discussion of the history and of the paradigms of this, the second time propose to the
preparation of material with methods that help the classroom and instigate the teacher-
researcher to be active in this movement of constant training, given that the main
objective is not to perform / prepare "revenue-ready" for inclusion, realizing that each
individual in the classroom is a subject only with singularities and experiences and
views from different world. This experience demonstrated and surmised different
realities of regular school and the role of geography as a discipline that can contribute
towards change and redefinition of inclusion in the school environment everyday, we
had successes and obstacles in the considerations of this and much both contributed
exciting way to subject of the arrests and the activity itself, enabling
interdisciplinaridades with geography, so this study highlight a rich perspective as
research and analysis and continue to be developed.
Key words: Inclusion, geography, low vision / blindness, teaching methods
INTRODUÇÃO:
A inclusão perpassa por um complexo debate na sociedade. No que diz
respeito à educação podemos compreender um processo que vem se desenvolvendo
lentamente. Ao que corresponde ao ensino, à diversidade deve ser encarada como um
fator primordial dentro do processo educacional. No entanto é percebido através de
estudos e observações anteriores do grupo de pesquisa, que essa ainda é tida como um
obstáculo em sala de aula em particular no que se refere à inclusão de alunos com
alguma limitação especifica.
O intuito neste estudo é a partir de uma reflexão tendo por base o ensino de
geografia na perspectiva da inclusão, referindo-se em particular a limitações visuais4
discutir como pode ser desenvolvida a inclusão com esses educandos a partir de um
dialogo proposto em relato de experiência realizado pelo grupo no curso de graduação,
pensando em instigar o tema como uma formação entre outros futuros profissionais do
curso compreendeu assim os obstáculos e desafios que estão vinculados à formação do
educador em geral e a estrutura funcional da escola tendo um complexo conjunto de
fatores que são apontados na realidade do ambiente educacional. Afim contribuir assim
para com as pesquisas e estudos que começam timidamente ainda a se formarem na área
acadêmica.
Apreendemos neste estudo a inclusão como um fator necessário de ser
discutido, devido à realidade atual da escola regular, que tem tido a responsabilidade e
dever constituído de receber o aluno com determinadas limitações, que em muitos casos
ainda não se mostra preparada para tal função. Destaca-se que nem sempre a uma
preocupação desta com as condições em que vem sendo desenvolvidas de fato ações
quanto à vida social e educativa deste aluno, um fato que é justificado, por exemplo, a
partir da formação do educador, o que já expõem de forma clara a ausência da inclusão
no ambiente escolar. O principal fator que corresponde a esse problema está vinculado a
busca de informação, que em suma é associada a uma questão de atitudinal não somente
do educador, mas de todos no conjunto escolar.
O momento de inclusão é precisamente de atitudes, e no conjunto dos atores
envolvidos dentro da escola essa é algo que faz a diferença no cotidiano e no
aprendizado. As dificuldades na formação dos profissionais, atentando-se em particular
ao educador, demonstram que a busca do conhecimento somente acontece em casos
específicos, e que em maioria só advém de uma necessidade, quando essa ocorre na
4 Limitações visuais: É considerado cego ou de visão subnormal aquele que apresenta desde ausência total de visão
até alguma percepção luminosa que possa determinar formas a curtíssima distância. Na medicina duas escalas oftalmológicas ajudam a estabelecer a existência de grupamentos de deficiências visuais: a acuidade visual (ou seja, aquilo que se enxerga a determinada distância) e o campo visual (a amplitude da área alcançada pela visão). O termo deficiência visual não significa, necessariamente, total incapacidade para ver. Na verdade, sob deficiência visual poderemos encontrar pessoas com vários graus de visão residual.
sala de aula, ou seja varia de acordo com a situação, ficando em verdade a cargo do
caráter individual muitas vezes desses educadores que ou realizam esta busca ou a
ignoram.
A metodologia por isso é compreendida como algo que continuamente deve
estar sendo questionado, pois a inclusão tem por base não somente a uma adaptação
daqueles com necessidade as realidades sociais dos ditos “normais”, mais o contrário. A
heterogeneidade é algo evidente em uma sala de aula, a adaptação aos recursos e
metodologias de estudo são fatores abrangentes no alcance de todos os educandos,
perpassam do aluno dito especial aos ditos típicos, compreendendo o acesso a
participação efetiva do conhecimento então desenvolvido e instigado ali, a proposta de
debate em suma instiga possibilitarmos o diálogo entre “mundos” que divergem sócio
historicamente e que apreende para a inclusão no seu âmbito geral do cotidiano escolar
relacionando; classes, comunidades, culturas, isso definiria o conteúdo da inclusão, em
especifico tratamos a educação especial dentro desse conjunto que muitas vezes é
despercebida, ignorada ou pior deixada como um subsistema de um paradigma
fundamentado em patologias, que aponta como responsabilidade de especialistas para a
formação desses. Contudo demonstramos a partir deste debate a construção de
conhecimento com relação ao processo do ensino e aprendizagem numa turma dita
regular, orientando uma atenção por parte do educador, na perspectiva que foca os
educandos de maneira geral, considerando sob maneira as possibilidades e
potencialidades de cada um sem restringir-se as limitações que neste caso são
percebidas como passiveis de cada ser individualmente para além do rotulo ou estigma
de uma sociedade que evidencia o seu fracasso de forma individual na escola. Propõem-
se assim alcançar neste debate dois momentos de analise, seguindo debate quanto aos
ressignificação dos paradigmas do que é a inclusão sob a perspectiva do ensino de
geografia, com ênfase na baixa visão e cegueira, e no outro momento estimula-se a
produção a partir dessas da produção de metodologias para com o ensino e
aprendizagem dos conteúdos dessa em sala de aula, isso no conjunto de formação entre
os estudantes de graduação da Universidade.
A INCLUSÃO COMO POSSIBILIDADE E OS OBSTACULOS NA ESCOLA:
A adversidade frente à inclusão como uma consolidação dentro da escola
permeia um caminho ainda de inúmeros conflitos, devido fatores internos e externos. A
perspectiva dessas ainda remonta debates necessários a ser realizada entre a sociedade
mais principalmente dentro do ambiente acadêmico, considerando a necessidade de se
ter uma formação que abranja áreas importantes para a sua efetivação. A proposta de
estudo desse trabalho se detém a analisar a realidade dos educandos com baixa visão e
cegueira dentro desse processo de inclusão, ressaltando experiência e colaboração de
outros profissionais da área do ensino.
O perfil hoje do profissional da educação em geral não se detém a necessidade
de conhecer o que é a educação inclusiva de fato na sua abrangência, por exemplo, que
se estende da educação quilombola, indígena, de classe especial etc.. A própria
formação do educador em suma ainda é desvinculada a essa realidade que permeiam a
escola e a relação das diversidades de sujeitos, algo que esta teoricamente e timidamente
sendo somente relacionados. Assim sendo tomemos em particular o enfoque do estudo
que é a educação inclusiva-especial, que, por exemplo, incorpora aos poucos no
currículo um conteúdo de LIBRAS (Língua Brasileira De Sinais), referimos então a
uma particularidade do atual contexto que vem sendo percebido no cotidiano das
escolas, e que mesmo essa é pouco explorada no ambiente acadêmico de licenciatura,
tanto no que se diz respeito a teoria e a sua pratica, não dando fundamento necessário a
esses novos profissionais para sua atuação posteriormente, prejudicando assim as
possibilidades de se efetuar a inclusão. A educação inclusiva representa a mudança de
paradigmas que envolvem metodologias e organização do ambiente escolar, a
necessidade especial do educando é encarada como algo que não dificulta o
aprendizado, e estimula o educador a uma releitura de suas práticas em sala de aula.
Segundo os princípios da inclusão, não é apenas o aluno que deve se moldar
ou se adaptar à escola, mas é a escola consciente de sua função, que deve
rever suas concepções acerca da presença da diversidade de alunos no espaço
escolar. (MALAFATTI e FELÍCIO )
O docente é percebido um papel de destaque nessa problemática, cujo
currículo deve rever uma atenção à questão da inclusão, a necessidade da qualificado
para atender aos educandos na sua individualidade e diversidade se faz presente, no
entanto deve isso deve ser algo disponibilizado assim como em conjunto deve
proporcionar pesquisas e estudo desses mesmos na área da educação inclusiva como um
reconhecimento de uma educação para todos,
A reflexão quanto ao ensino de alunos com determinadas limitações abrange
em muito o debate da inclusão, é preciso reconsiderar muitas verdade e mitos para com
as questões de ensino-aprendizagem, o profissional é tido não somente como um sujeito
mais principalmente como um objeto próprio que a todo instante necessita ser analisado,
sendo passível de transformações adaptações numa constante evolução e aprendizado-
individual na busca de conhecimento e estratégias para como alcançar seus educandos
independente das suas limitações. Sendo que essa realidade também não foge em muito
a realidade para com os demais alunos ditos “normais”, pois sempre é necessário se
modificar e transformar a partir de determinadas experiências suas atuações em sala.
UMA REFLEXÃO SOBRE O ENSINO:
“O ensino é um processo que compõem a formação humana em sentido
amplo, abarcando todas as dimensões da educação: intelectual, afetiva,
social, moral, estética, física. Para isso, necessita estar voltado não só para a
construção de conceitos, mas também para o desenvolvimento de
capacidades e habilidades para operar esses conhecimentos e para a formação
de atitudes, valores e convicções ante os saberes presentes no espaço
escolar”. (CAVALCANTE, L. 2012 p.49)
Despertar e desenvolver as habilidades dos educandos em sala de aula
remetem a prática de ensinar como sendo uma tarefa social de educadores
comprometidos com uma educação de qualidade que vise o desenvolvimento das
múltiplas capacidades dos indivíduos. Desta forma o ensino passa a ser um elemento
primordial para a promoção de uma aprendizagem que desenvolva valores nos
educandos para além da sala de aula.
Esta perspectiva nos leva a refletir sobre nossas maneiras de ensinar nossos
educandos, de forma a nos avaliarmos sobre nossas práticas, nossa maneira de nos
relacionarmos com esses. Ensinar implica uma relação de ajuda para com os mesmos,
eu a qual pressupõem respeito e responsabilidade. Onde o saber é primordial, passando
a ser libertador, na medida em que se descobre a complexidade do mundo que nos
rodeia.
Mas ás vezes há uma inibição quanto ao descobrir o saber enquanto algo
libertador. Quando mestres apenas transmitem conteúdos reprodutivistas a seus alunos,
significa dizer que não há uma preocupação daquele quanto ao desenvolver as
habilidades destes. Esta prática nega a potencialidade do aluno enquanto ser histórico,
pensante e operante. É preciso superar este modo de ensinar, pois, ele não garante aos
alunos uma consciência crítica.
É importante considerar o aluno como sujeito ativo no processo de ensino-
aprendizagem, tendo em vista suas opiniões, suas práticas, seu modo de vida
considerando sua pluralidade.
“aprender as artes de lidar com a totalidade das experiências humanas que
perpassam o tempo de escola e aprender a fazer escolhas para dar conta dessa
pluralidade de dimensões humanas, que entram nos jogos educativos, são
artes constitutivas da peculiaridade do ofício de mestre-educador”.
(ARROYO, M. 2010, p.232)
Nós educadores temos de aprender a ensinar, considerando este aprendizado
um prazer, algo que seja libertador para nós mesmos, sendo a tarefa de ensinar
gratificante e engrandecedora, a qual possamos nos identificar, pois o ensino é uma arte
única e inigualável.
Talvez para a maioria dos educadores esta tarefa não seja tão simples, tendo
em vista todas as problemáticas que enfrentamos em nosso cotidiano escolar; as
formações defasadas que tivemos a desvalorização profissional, a imposição de
currículos e normas, a falta de estrutura escolar, uma série de desrespeitos, problemas
que adquirimos quando decidimos trabalhar com a educação. No entanto todas estas
problemáticas revelam o quanto devemos manter nosso foco para com um ensino de
qualidade, que garanta perspectivas produtivas aos nossos educandos, pois, nossa tarefa
remete a superar os problemas em prol da educação.
Sendo assim, podemos destacar a importância do ensino na vida dos
indivíduos, sendo este um componente norteador de pensamentos e práticas, nossa
formação como seres críticos depende do processo de ensino aprendizagem. Podemos
então traçar objetivos quanto esta prática, considerando, conteúdos planejados numa
relação que considere o diálogo com as particularidades dos educandos, sua diferenças,
promovendo uma formação humana que alcance dignidade, cidadania, liberdade a
todos.
A GEOGRAFIA NA PERSPECTIVA DA INCLUSÃO
No cotidiano de cada indivíduo há um pouco de conhecimento geográfico
sendo dinamizado em suas práticas, mesmo que estes não se deem conta de que utilizam
o saber geográfico todos os dias num movimento contínuo. Seja em atividades comuns
como informar a localização de um ponto a alguém ou descrever o clima, comtemplar a
paisagem, o lugar, ou discutir problemáticas sociais de diferentes escalas, aí está noções
geográficas inseridas no nosso viver.
Compreendendo a importância que a ciência geográfica denota ao
conhecimento da realidade, este saber não pode se dissociar de uma perspectiva
inclusiva, no sentido de abordar em seu ensino discussões a cerca das diversidades, das
problemáticas enfrentadas por múltiplos indivíduos. O processo de ensino e
aprendizagem em geografia remetendo as relações do homem com a natureza e dos
homens com os homens não pode descartar a complexidade que envolve o tema
inclusão social. A geografia na perspectiva da inclusão compreenderia que o ensino
desta ciência estaria aliado a práticas inclusivas de educadores e educandos numa escola
de cunho também inclusivo.
Esta questão é desafiadora, pois, significa um compromisso com a educação
por um ensino de qualidade, por uma escola de qualidade. Mas não é isso que
vivenciamos nos dias atuais, temos poucas escolas estruturadas, que considerem as
realidades dos indivíduos:
“É preciso atentar para o fato de que uma escola de qualidade é a que dá
conta, de fato, de todas as crianças brasileiras, concebidas em sua realidade
concreta. E a escola, hoje, insere-se numa sociedade marcada por muita
violência, miséria, epidemias, instabilidade econômica e política”.
(HOFMANN, J. 2003. p. 18)
Tendo em mente todos esses problemas intrínsecos a sociedade que se
expandem ao meio educacional, sabemos que a tarefa de lutar por uma educação de
qualidade é difícil, mas esse é o caminho para a transformação, para o desenvolvimento,
de uma sociedade igualitária. Consideramos que a geografia pode contribuir para a
construção de uma educação igualitária, voltada para a cidadania, denotamos então a
importância do papel do professor educador em geografia, no que tange ao ensino desta
ciência:
“O educador precisa saber realizar a leitura analítica do espaço geográfico e
chegar á síntese, criando situações no interior do processo educativo para
favorecer as condições necessárias ao entendimento da geografia como uma
ciência que pesquisa os espaços construídos pelos homens, vivendo em
diferentes tempos, considerando o espaço como resultado do movimento de
uma sociedade em suas contradições e nas relações que estabelece com a
natureza nos diversos tempos históricos”. (CARLOS, A. F 2012, p.135)
Esta leitura analítica do espaço geográfico proposta por PONTUSCHKA, N.
remetem a uma postura que não deve ser dissociada do educador. As diversas situações
que este pode criar para favorecer o ensino dos educandos auxiliam a compreensão
crítica do mundo, a compreensão da totalidade do espaço.
Se o educador assume o compromisso de desenvolver esta prática com todos os
seus educandos, sem distinção, ele já alia a geografia á inclusão, posto que este
conhecimento não seja restringindo, nem negado ao seus educandos. É sabido que esta
tarefa não é tão simples quando se trata de ensinar pessoas com necessidades educativas
especiais, pois isto demanda a construção de novos métodos na prática escolar para dar
conta das especificidades desses educandos.
O educador precisa dialogar com o diferente, assim é preciso desenvolver
habilidades que possam ser aplicadas com todos os alunos, para tanto, ele precisa
gradativamente aliar seus conhecimentos adquiridos com sua criatividade. Promover a
inclusão não é uma tarefa difícil, nem impossível, é algo que devemos considerar em
nossas práticas de educadores, ela é indispensável na construção do conhecimento, é
uma responsabilidade dos educadores, dos educandos, da escola, de todos os agentes
que compõem nossa sociedade.
Em conjunto devemos fazer dela uma realidade, não só na perspectiva
geográfica, mas na perspectiva de todas as disciplinas, na perspectiva de todos os
saberes, de todas as nossas ações.
PROPOSTA DE METODOLOGIAS NO ENSINO E A CARTOGRAFIA TÁTIL:
UMA EXPERIÊNCIA EM SALA.
A necessidade do educando com limitações visuais neste momento de inclusão é
percebida como mais um dos casos de diversidade comum a ser notado na sala de aula.
A forma de ensino e aprendizagem desses assim de acordo com as particularidades deve
corresponder à estratégia especificas que são voltadas a outros sentidos. A apreensão
deste sujeito tendo ele baixa visão ou sendo cego, deve ser compreendido não em razão
das suas dificuldades, mas com perspectivas em suas potencialidades, eles devem ser
encarados para além de algumas limitações, que por fim todo ser humano possui em
seus aspectos singulares.
A apropriação do espaço geográfico por pessoas com cegueira é tão ou mais
importante que para aqueles que enxergam, pois a compreensão do espaço
pelo cego lhe concede autonomia. Contudo, a observação do espaço
geográfico por estudantes cegos não se dá pela visão, como acontece
comumente por estudantes que enxergam. Nós que enxergamos
reconhecemos a realidade pela identificação visual de signos, enquanto que o
cego ao analisar um espaço qualquer elabora em sua mente uma sequencia
linear de informações que o permite compreenderem o que está sendo
explorado. [...] Para tornar o conhecimento e a compreensão do espaço
geográfico mais próximo da realidade dos estudantes, os professores de
geografia ao apresentarem o espaço geográfico podem procurar apresentar os
conteúdos geográficos relacionando-os com a vivência do estudante, com o
seu espaço vivido. (CHAVES. 2010)
A geografia no que discorre quanto ao ensino, é percebida como uma forte
aliada nessa concepção de inclusão, podendo ser fundamental pelo seu caráter de
construção do pensamento critica e de apreensão do mundo enquanto interdisciplinar
com outras ciências. Na sua analise do espaço geográfico e percepção entre espaço-
tempo oferece possibilidades essenciais na formação do educando, tendo em vista a
necessidade de a adaptação do material no ensino e suas metodologias, na apreensão do
conteúdo em sala mediante a criatividade e recursos do próprio profissional.
A escola tem como característica fundamental ser um espaço onde todos possam
apreender, então é evidente que essa propicie isso sem distinção a todos seus educandos,
independente de crença, condição social ou necessidades especiais, considerando em
geral cada um como individuo dotado de limitações e potencialidades particulares,
respeitar seus tempos no que se refere ao aprendizado, tendo como seus parâmetros a si
mesmos e não outros.
Diante da limitação dos educandos com baixa visão ou cego ás formas de ensino
de geografia precisam ser revista, tendo em realidade que no seu padrão o uso dos
recursos visuais ainda é algo muito utilizado nas turmas regulares, assim com o intuito
de se alcançar a todos na sala com o conteúdo pelo profissional precisa ser (re) pensado.
O uso de materiais e instrumentos que propiciem a compreensão de alguns conceitos
tidos no conteúdo da disciplina é essencial para a aprendizagem deles, por isso detalhes
simples podem ser reconsiderados durante a aula. A baixa visão, por exemplo;
considerando a necessidades individuais e diferentes que cada aluno com essa limitação
apresenta, pode ser utilizado como recurso cores de destaque em imagens simples,
fontes de tamanho ideal para a leitura desses em casos importantes e principalmente
como avaliação deve ser construída de maneira processual e cotidiana em razão do
aproveitamento realizado com esse que geralmente devido a ausência de metodologias
mais apropriadas descreve certo desconforto e desinteresse em determinadas atividades.
“A cartografia como uma linguagem da Geografia é uma forma de
representar análises sintéticas geográficas, permite a leitura de fatos e
fenômenos pela sua localização e pela explicação desta localização,
possibilitando uma espacialização. Sendo parte da Geografia a cartografia se
torna um importante conteúdo do ensino podendo facilitar e ampliar a analise
do espaço estudado. (MALAFATTI e FELÍCIO) ”
O educando que é cego, depreende em seu processo de aprendizado recursos
mais específicos. A cartografia tátil é então apreendida nesse debate como um
importante instrumento de analise a ser incorporado no ensino e aprendizado desses,
destacando que essa ainda é um conhecimento que vem sendo construído e não tem
ainda padrões na sua formação (técnicos e que precisam de recursos financeiros e
investimentos).
“A confecção de um mapa tátil requer conhecimentos na área de Cartografia
e Deficiência Visual, pois o mapa tátil é planejado considerando normas
cartográficas e adaptado para a leitura pelo tato. Ou seja, a imagem visual
deve ser transformada em uma referência tátil para ser interpretada pelo tato
como uma imagem. É Importante dizer que os mapas táteis são adaptações de
mapas já existentes, portanto, deverão conter todas as informações que
normalmente são encontradas nos mapas convencionais, tais como título,
escala, legenda, norte geográfico, entre outras. (Régis e Nogueira)”
Destarte diante das discussões realizadas pelo grupo de pesquisa e com base
na sua participação em alguns cursos de formação por exemplo o de noções básicas de
braile, que considerou o envolvimento prático e teórico do grupo de pesquisa,
possibilitou e demonstrou uma percepção importante, quanto a necessidade de
informação e formação desse debate para com outros estudantes de graduação de
geografia. O curso de Braille5 contou com a participação do Prof. Aguinaldo Barros*,
fundamentou o conhecimento que estava sendo construído acerca da realidade do
sujeito cego e de baixa-visaõ no contexto do aprendizado e apropriação do espaço da
leitura e percepção de mundo desses indivíduos. Propomos assim uma experiência em
oficina com a cartográfica tátil, com o objetivo de debate conceitual e de análise da
atividade como proposta instigadora na formação do estudante de graduação do curso de
licenciatura e bacharel em geografia.
A atividade foi construída com perspectivas de debate, tendo a participação e
interesse de muitos alunos, por ser um tema até pioneiro dentro do curso. Os matérias
didáticos apreendidos na realidade do contexto escolar também foram reflexo de debate
(como recurso na escola) por isso instigamos a produção de mapas táteis com materiais
mais acessíveis aos educadores, com o intuito de fomentar sua criatividade seguindo a
lógica do uso de materiais de baixo custo (reciclados e de fácil manuseio).
5 Inventado em 1825, por Louis Braile, na França, a história nos conta que foram inúmeras as dificuldades
enfrentadas por pessoas cegas no que tange á comunicação, no decorrer dos tempos foram feitas várias tentativas de incluir os cegos no mundo da leitura e da escrita, dentre estas se destaca a invenção denominada sonografia, ou código militar,desenvolvida por Charles Barbier, essa invenção criou bases para criação do braile, mas foi Louis braile discípulo de Charles Barbier , quem aperfeiçoou o sistema de significação tátil dos pontos em relevo, disposto em duas colunas, contendo seis pontos.
*AGUINALDO BARROS (Licenciado Pleno em Letras, com habilitação em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Pará)
No contexto depreendemos a princípio fomentou-se um debate quanto a formação, a
inclusão e a realidade da sala de aula a partir das vivencias do grupo e do seu arcabouço
teórico e metodológico em sala de aula. Prosseguiu-se como uma troca de experiências
também com relação aos ouvintes da atividade, tendo sido consideradas suas críticas,
experiências e inquietações na discussão que trazem realidades diversificadas e
participações espontâneas dentro do meio social que abrange inúmeras outras
percepções da realidade de sujeitos.
Apreendemos assim na proposta, a cartografia como instrumento de leitura do
espaço geográfico que pode ser iniciado como alfabetização cartográfica e orientação
espacial com o uso do mapa (escala, orientação e ponto de vista). Consideramos a
produção de mapas do Brasil em regiões, a fim de expor meticulosamente como pode
ser inserida na prática de maneira fácil a adaptação do conteúdo, representamos junto a
legenda a partir da leitura em Braille e demonstramos meios esta mediante a
apresentação do alfabeto, passando a relevo um resumo das características dessa
regiões.
(Imagem: GOMES, Kamila 2014) (Imagem: GOMES, Kamila 2014)
A apreensão do espaço vivido também pode ser um ponto de referência nos
primeiros momentos, desde o particular-geral, como exemplo podemos citar uma
construção de maquete que incorporava o ambiente natural e outro modificado pelo
homem (cidade), em uma representação simples dos elementos formados entre cores de
destaque (baixa-visão) e palpável no caso da cegueira, os materiais foram escolhidos
cuidadosamente , com ênfase em diferentes texturas.
(Imagem: GOMES, Kamila 2014)
Os mapas em suma seriam representações em textura e em relevo construídas
com o intuito de promover um melhor entendimento e apreensão dos conteúdos em sala,
que favoreceriam a efetivação da inclusão e promoveria no ambiente educacional uma
nova leitura sob a inclusão, enquanto uma metodologia e estratégia de aprendizagem
que podem ser estabelecidas sob um conjunto diverso de percepções, tendo por base a
mera participação e reflexão do educador. O debate por si só proporcionou um
enriquecimento de pontos de vista e instigou em muito a percepção do grupo e dos
ouvintes, a principal ideia alcançada foi de que a inclusão mesmo dando ainda passos
iniciais dentro da perspectiva de acesso e permanência do educandos na escola de forma
igual em direitos a educação, relaciona-se não a receitas de metodologias no ensino e
aprendizado, mais parte a um nível de debate que envolve e instiga o educador a ser
também pesquisador na sua função como ator principal para a transformação do cenário
educacional, não como “herói”, mas como impulsionista do movimento atitudinal dessa
inclusão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
O intuito desse estudo é apresentar a partir do que vem sendo elaborado e
discutido no grupo de pesquisa o desenvolvimento e a finalidade de reflexões quanto ao
papel da geografia no contexto da inclusão. Abordamos no debate importantes
considerações; deste a formação do docente até sua abordagem metodológica para com
o processo de ensino e aprendizagem do educando em uma turma dita regular.
Neste estudo e atividade apreendeu-se; dificuldades e êxitos. A consideração de
ser o pioneiro ainda na Universidade Federal –PA, no curso de geografia quanto ao
assunto da inclusão no ensino, revelam novas ideias no debate acadêmico que precisam
ser notadas. As referências de analise perpassam realidades longes do curso, percebe-se
de um ângulo então os impactos de ausência de pesquisa até então nesta, e ao mesmo a
percepção de um avanço dentro do curso quanto aos paradigmas e ressignificação do
movimento do ensino de geografia. O estudo detém-se em muitas maneiras o contato
com profissionais de outras áreas que nos dão fundamentação teórico-prática, como o
Prof. Aguinaldo Barros, e ressaltam de um lado novamente a ausência e preocupação
com a inclusão em uma sala de aula. Contudo, de forma positiva a geografia em si,
tende a uma rica possibilidade de interdisciplinaridade, e isso favorece toda a análise do
estudo, além de enriquecer o perfil do ambiente escolar expandido os debates,
depreendendo como entender a partir do seu próprio objeto de estudo as inter-relações
dos aspectos humanos e naturais, por exemplo.
Assim é evidente a satisfação e o campo fértil para com o estudo, e, no
entanto a realidade demonstra um conjunto tão contraditório a tais interesse, os conflitos
em suma são presentes de forma inter e externa a inclusão. Assim incentivados a
continuidade desta, mesmo com tantos desafios o alcance de divulgação do debate e
fomentação de estudos, provoca não um conjunto de receitas metodológicas e de
práticas inclusivas tem sido difundida por alguns ou mesmo que é esperado por outros,
mas o inverso, os debates tendem na sua essência, o convite aos futuros educadores e
mesmo aqueles que já estão no mercado de trabalho, a busca de um novo (re)pensar nas
suas práticas e metodlogias, do seu lugar na sala de aula, enquanto aquele que vai
proporcionar a mudança de paradigmas e conceitos na elaboração do pensamento e
formação crítico dos seus educandos como cidadãos plenos para com as suas
possibilidades de crescimento e participantes ativo da sociedade.
O debate e a atividade em questão foram fundamentais para apresentar e
instigar quanto ao tema da inclusão na geografia, levantando os desafios para que esta
seja proporcionada no seu âmbito geral, dando enfoque a formação e a necessidade de
se perceber as limitações dos debates realizados até então, consideramos a partir de um
olhar não somente geográfico propostas que podem ser utilizadas e construídas em uma
sala regular, tendo em vista as realidades múltiplas desta, o que em particular também
convida a reflexão de um continuo estudo e pesquisa por parte assim do educador e a
sua construção do conhecimento para a área da educação. Enfim percebem-se novas
inquietudes pelos integrantes do grupo diante do estudo e experiência. No que diz
respeito a sua própria visão e perspectiva dentre a atividade, foram alcançadas para além
as concepções primeiras do debate e para além continuam a instigar outros estudo na
heterogeneidade da inclusão e como a geografia pode ser atuante no movimento de
mudança e construção desse conhecimento.
REFERENCIAS:
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