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O Ensino de Biologia Atrav´ es de Caixas Entomol´ ogicas Michele Alves de Moraes * RESUMO O presente trabalho teve como objetivo a apresentac ¸˜ ao de caixas entomol´ ogicas como recurso did´ atico destinado a propiciar um melhor aprendizado no estudo de insetos pelos alunos do Ensino M´ edio da disciplina de Biologia. O estudo foi realizado atrav´ es de revis˜ ao bibliogr´ afica, onde se buscou, atrav´ es da consulta de artigos cient´ ıficos relacionados ao tema, demonstrar a possibilidade de se apresentar um conte´ udo de Biologia de forma pr´ atica, sem muito dispˆ endio de material e envolvendo de forma direta, os alunos, na construc ¸˜ ao do pr´ oprio conhecimento com a intermediac ¸˜ ao do professor. Desse estudo, pode-se concluir que, com a utilizac ¸˜ ao das caixas entomol´ ogicas, as aulas se tornam mais atraentes e participativas, fazendo com que os alunos tenham uma melhor compreens˜ ao das caracter´ ısticas morfol ´ ogicas dos insetos. Palavras Chave: Ensino de Biologia, Recursos Did´ aticos, Caixas Entomol ´ ogicas 1 Introduc ¸˜ ao A adoc ¸˜ ao de atividades pr´ aticas no ensino de Biologia ´ e constantemente apresentada como alternativa ao uso exclusivo dos conte´ udos apresentados nos livros did´ aticos. Tem-se em mente, dessa forma, desmistificar o fato da Biologia ser considerada uma ciˆ encia neutra, onde as teorias ao tidas como verdades absolutas e, principalmente, fazer com que o processo de aprendizagem se dˆ e em func ¸˜ ao do aluno, tornando-o elemento ativo neste processo. Nesse sentido, os Parˆ ametros Curriculares Nacionais (1999), define a ciˆ encia “como uma elaborac ¸˜ ao humana para a compreens˜ ao do mundo. Seus procedimentos devem estimular uma postura reflexiva e investigativa sobre os fenˆ omenos da natureza e de como a sociedade nela interv´ em.” Baseando o ensino de Biologia apenas na memorizac ¸˜ ao, nega-se ao aluno a possibilidade de interac ¸˜ ao, tanto em relac ¸˜ ao aos conte ´ udos, como ao trabalho em grupo. Para Krasilchik (1986), a diversidade de atividades did´ aticas pode fazer com que o aluno se sinta mais interessado, fazendo com que o mesmo tenha uma maior atenc ¸˜ ao, tendo em vista a atratividade provocada pelas diferentes abordagens. Sendo assim, a utilizac ¸˜ ao de modelos did´ aticos ´ e bastante relevante, pois permite ao aluno construir o pr´ oprio conhecimento, ao inv´ es de receber passivamente as informac ¸˜ oes te´ oricas sobre o assunto abordado. Dessa forma, a aprendizagem passa a ter significado, pois o aluno pode relacionar a teoria estudada na escola com o seu cotidiano. * Professora de Biologia. Graduada em Ciˆ encias Biol´ ogicas pela Universidade de Bras´ ılia - UNB. Trabalha atualmente na Secretaria de Educac ¸˜ ao do Distrito Federal. Email: [email protected]. 1

O ensino de Biologia através de caixas entomológicas

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Artigo de especialização em ensino de Biologia.

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O Ensino de Biologia Atraves de CaixasEntomologicas

Michele Alves de Moraes ∗

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo a apresentacao de caixas entomologicas como recursodidatico destinado a propiciar um melhor aprendizado no estudo de insetos pelos alunos doEnsino Medio da disciplina de Biologia. O estudo foi realizado atraves de revisao bibliografica,onde se buscou, atraves da consulta de artigos cientıficos relacionados ao tema, demonstrar apossibilidade de se apresentar um conteudo de Biologia de forma pratica, sem muito dispendiode material e envolvendo de forma direta, os alunos, na construcao do proprio conhecimentocom a intermediacao do professor. Desse estudo, pode-se concluir que, com a utilizacao dascaixas entomologicas, as aulas se tornam mais atraentes e participativas, fazendo com que osalunos tenham uma melhor compreensao das caracterısticas morfologicas dos insetos.

Palavras Chave: Ensino de Biologia, Recursos Didaticos, Caixas Entomologicas

1 IntroducaoA adocao de atividades praticas no ensino de Biologia e constantemente apresentada como

alternativa ao uso exclusivo dos conteudos apresentados nos livros didaticos. Tem-se em mente,dessa forma, desmistificar o fato da Biologia ser considerada uma ciencia neutra, onde as teoriassao tidas como verdades absolutas e, principalmente, fazer com que o processo de aprendizagemse de em funcao do aluno, tornando-o elemento ativo neste processo.

Nesse sentido, os Parametros Curriculares Nacionais (1999), define a ciencia “como umaelaboracao humana para a compreensao do mundo. Seus procedimentos devem estimular umapostura reflexiva e investigativa sobre os fenomenos da natureza e de como a sociedade nelaintervem.”

Baseando o ensino de Biologia apenas na memorizacao, nega-se ao aluno a possibilidade deinteracao, tanto em relacao aos conteudos, como ao trabalho em grupo.

Para Krasilchik (1986), a diversidade de atividades didaticas pode fazer com que o alunose sinta mais interessado, fazendo com que o mesmo tenha uma maior atencao, tendo em vistaa atratividade provocada pelas diferentes abordagens. Sendo assim, a utilizacao de modelosdidaticos e bastante relevante, pois permite ao aluno construir o proprio conhecimento, ao invesde receber passivamente as informacoes teoricas sobre o assunto abordado. Dessa forma, aaprendizagem passa a ter significado, pois o aluno pode relacionar a teoria estudada na escolacom o seu cotidiano.

∗Professora de Biologia. Graduada em Ciencias Biologicas pela Universidade de Brasılia - UNB. Trabalhaatualmente na Secretaria de Educacao do Distrito Federal. Email: [email protected].

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Este trabalho tem por finalidade apresentar a caixa entomologica como modelo didatico aser utilizado no estudo dos insetos, estreitando a relacao entre a teoria e a pratica. Tal aborda-gem podera contribuir para a melhoria do ensino deste tema, proporcionando aos professoresde Biologia do ensino medio, uma alternativa pratica e diversificada no processo de ensino eaprendizagem. Adotar-se-a, no seu desenvolvimento, uma revisao bibliografica. Tendo em vistaa inexistencia de tal modelo didatico nos livros destinados a disciplina de Biologia no ensinomedio, utilizar-se-a artigos cientıficos publicados em revistas e congressos e, ainda, de traba-lhos de conclusao de curso. Nos paragrafos que se seguem, serao abordados os aspectos geraisdo estudo de insetos no ensino medio, bem como o detalhamento da criacao de caixas ento-mologicas, enfatizando a coleta de insetos, os equipamentos utilizados para captura e morte dosinsetos, a montagem e etiquetagem das caixas.

2 EntomologiaO termo entomologia, derivado dos radicais gregos Entonom (inseto) e Logos (estudo), se

refere ao estudo dos insetos em todas as suas especificidades. No ensino medio, o conteudo re-ferente a entomologia se dilui em diversas areas da Biologia, tais como a Genetica, a Histologia,a Fisiologia, a Evolucao e a Morfologia.

Segundo Santos (2011), “ as razoes para se estudar os insetos se devem a sua importanciaecologica, em cadeias alimentares, na riqueza de especies e por afetar a sociedade de diversasformas.”Alem dessas razoes, pode-se acrescentar que tambem contribui para amenizar a ima-gem negativa a eles associada, pois quando se pensa em insetos tem-se em mente seres quecausam doencas ou outros prejuızos ao homem.

A entomologia pode ser especificada em termos das suas diversas areas de estudo: a sis-tematica, ao estudar a diversidade de insetos; a morfologia, ao apresentar as caracterısticasmorfologicas internas e externas e em varias outras, como a toxicologia, o controle biologico eo manejo integrado de pragas.

Dessa forma, entende-se que os insetos sejam o grupo animal que melhor permite ao pro-fessor trabalhar com materiais concretos. De acordo com Santos (2013), “ isso se deve ao fatodesses organismos apresentarem caracterısticas que facilitam sua utilizacao, aprendizado, coletae identificacao de caracteres externos e internos de sua morfologia.”

Ao se apropriarem do conhecimento de forma participativa, os alunos tem oportunidadede se desvincular daquela imagem negativa passada de forma intuitiva, reconhecendo a im-portancia da conservacao dos insetos e compreendendo o papel desse grupo de animais noambiente.

3 Classe InsectaA maior classe do filo Arthropoda, a classe insecta compreende os animais com o corpo

dividido em cabeca, torax e abdomen, tres pares de patas, um par de antenas, respiracao traqueale exoesqueleto quitinoso. Devido a grande variedade de especies, conforme Junior (2013),em torno de um milhao de especies, o estudo desse grupo de animais e essencial para umamelhor compreensao do papel que assumem no meio ambiente. Na figura 1, apresentam-sealguns especimes que sao encontrados no cotidiano dos alunos e, outros, nao conhecidos, podemestimular a curiosidade e fazer com que os mesmos se mostrem mais receptivos ao estudo.

Com a construcao do material concreto para o estudo dos insetos, ter-se-a uma visao melhor,no tocante a distincao entre os insetos e outros grupos de artropodes, atraves das caracterısticas

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Figura 1: Classe Insecta

intrınsecas a classe, conforme se ve na figura 2, onde se tem uma vista lateral de um corpo tıpicode um inseto.

Figura 2: Morfologia externa de um inseto

Com a analise dos diversos insetos que irao compor a caixa entomologica, poder-se-a ter umconhecimento mais aprofundado em relacao a divisao correta do corpo e as diferentes estruturasmorfologicas dos insetos, como numero e posicao de antenas, patas e asas.

4 Caixa EntomologicaA construcao de caixas entomologicas, como recurso didatico pratico, parte da suposicao

de que os alunos possam se apropriar do conteudo abordado de forma qualitativa, tendo em

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vista que atraves dessa construcao, em todas as suas etapas, ha a possibilidade de uma efetivarelacao no processo de ensino e aprendizagem.

Brito (2012 apud JUNIOR, 2013) enfatiza que um educador que busca promover umaeducacao libertadora pergunta em vez de responder, provoca em vez de finalizar discussoese leva em consideracao os conhecimentos previos que os alunos trazem, favorecendo natural-mente o desenvolvimento das etapas do raciocınio cientıfico.

Como o habitat dos insetos e o mais variado possıvel, torna-se uma tarefa simples a coleta deuma boa quantidade de especies para a montagem de caixas entomologicas. Pode-se procedera coleta no quintal de casa, no proprio ambiente escolar, em parques, de forma que o aluno naose defrontara com restricoes neste primeiro estagio da execucao do trabalho. Na figura 3, temosum modelo de caixa entomologica composta por algumas especies de insetos. Observa-se queos insetos se encontram em perfeito estado de conservacao, condicao necessaria para que asespecies possam ser estudadas em toda a sua plenitude.

Figura 3: Modelo de caixa entomologica

Em continuacao ao desenvolvimento do estudo, nas proximas secoes serao apresentadas asformas de coleta de insetos, os equipamentos utilizados nesta coleta, como proceder em relacaoa morte dos insetos, a montagem das caixas e a etiquetagem dos indivıduos coletados.

4.1 Coleta de InsetosO equipamento mais simples para se fazer a coleta de insetos e a mao. Todavia, esta

nao e uma maneira muito eficaz, principalmente com insetos desconhecidos, tendo em vistaos problemas de saude que podem ser causados por insetos venenosos. Desta forma, para finsdidaticos, podem ser utilizados os equipamentos descritos a seguir:

• Rede Entomologica. Formada por um aro de metal com diametro variando de 30 cm a50 cm preso a um cabo de madeira. Este aro sustenta um saco de pano cujo comprimentodeve ser de duas vezes o diametro do aro. Esta rede e utilizada para coletar insetos emvoo.

• Rede de Varredura. Mais reforcada que a rede entomologica por ser utilizado um panomais grosso e resistente. Com esta rede, os insetos sao coletados junto a vegetacao.

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Figura 4: Rede entomologica

Figura 5: Rede de varredura

• Aspirador. Tubo de vidro em forma cilındrica com um diametro em torno de 4 cm ecomprimento variando de 10 cm a 15 cm. O tubo e tampado com uma rolha de cortica ouborracha por onde passam dois tubos de vidro ligados a um tubo de borracha. Um dessestubos tem sua extremidade inferior tampada com uma tela fina. E utilizado para coletarinsetos pequenos. Para se proceder a coleta, o aluno deve aspirar pequenos insetos atravesdo tubo com a extremidade tampada com a tela. Os insetos ficarao presos no interior dovidro.

• Bandeja de Agua ou Prato Colorido. Consiste em uma forma de bolo ou prato cujofundo e pintado com uma coloracao atrativa. A bandeja e colocada no solo cheia de agua aqual se acrescentam algumas gotas de detergente para facilitar o afundamento dos insetos.

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Figura 6: Aspirador

Figura 7: Bandeja de agua

4.2 Morte dos insetosA morte dos insetos capturados devem ser realizadas de forma imediata, a fim de evitar que

fiquem se debatendo dentro dos vidros e o sofrimento dos mesmos. Para tal fim, podem serutilizados os seguintes procedimentos:

• Alcool 70%. Os insetos sao colocados no alcool, aı permanecendo ate morrerem. Esteprocedimento e adotado para insetos pequenos, de corpo mole ou delicado. Caso nao seconsiga adquirir o alcool 70%, pode-se prepara-lo a partir do alcool de uso domestico naproporcao de 70 cm3 do alcool e 26 cm3 de agua.

• Gases Toxicos. Em um frasco de vidro, coloca-se uma camada de gesso de dois ou trescentımetros e espere por uns dois dias o gesso secar. Apos a secagem do gesso, coloca-se um pouco de veneno, podendo ser eter etılico ou acetato de etila. E desejavel que seidentifique cuidadosamente o frasco atraves de etiqueta com o dizer VENENO. Os insetossao colocados neste frasco sobre uma folha de papel toalha e devem permanecer no mesmosomente ate morrerem. Logo devem ser retirados para montagem na caixa entomologica.

4.3 MontagemOs insetos capturados devem ser montados o mais rapidamente possıvel, a fim de evitar que

os apendices e outras partes do corpo se enrijecam em posicao errada.

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A montagem e feita atraves de alfinetes entomologicos. Devem ser usados varios alfinetespara posicionar corretamente as patas e antenas dos insetos, de modo que fiquem em posicaosimetrica. Devem, ainda, serem inseridos verticalmente, ou seja, perpendicular ao corpo doinseto, no lado direito e deixando um espaco de 1 cm entre o inseto e a cabeca do alfinete.

De acordo com Cruz (2009), os insetos devem ser alfinetados em locais especıficos segundoa ordem a que pertencem:

• Coleoptera. No lado direito perto da base. Nesta ordem, encontram-se as joaninhas e osbesouros.

• Hemiptera. No escutelo. Sao exemplos, os barbeiros e os percevejos.• Dermaptera. No meio do elitro direito. Temos aı, as tesourinhas e as lacrainhas.• Mantodea. No metatorax. Sao exemplos, os louva-a-deus.• Demais Ordens. No metatorax.

Nas figuras 8 e 9, abaixo, encontram-se assinalados os locais de alfinetagem de diversos insetossegundo a ordem a que pertencem e a especie, respectivamente.

Figura 8: Local de alfinetagem de acordo com a ordem

Figura 9: Local de alfinetagem de acordo com a especie

Nos insetos de pequeno porte (5 ou 6 mm) ou delicados, os alfinetes podem destruı-los.Neste caso, os insetos devem ser colados em papel cartolina em forma de triangulo e deve-sealfinetar o triangulo.

Deve-se atentar, ainda, conforme salienta Cruz(2009), para as maneiras corretas e incorretasde se colocar o alfinete entomologico nos insetos, conforme se observa na figura 10.

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Figura 10: Posicao dos alfinetes

4.4 EtiquetagemTodos os insetos coletados devem ter etiquetas contendo as informacoes basicas de sua pro-

cedencia. Nao ha um tamanho padronizado, mas, geralmente, sao confeccionadas em cartolinabranca de dimensoes 1 cm x 2 cm. Estas etiquetas sao afixadas no mesmo alfinete utilizado namontagem do inseto coletado. Os dados escritos necessitam ser bem precisos e, de acordo comCruz (2009), devem conter as seguintes informacoes:

• Ordem do inseto coletado.

• Paıs, estado e cidade.

• Local em que foi encontrado (sobre planta, no chao, etc).

• Sobrenome, iniciais anteriores (crescente), col. (coletor).

• Data, mes em romano, ano com 4 dıgitos.

Na figura 11, temos o exemplo de uma etiqueta de um inseto coletado no chao da ordemcoleoptera.

Figura 11: Exemplo de etiqueta

A caixa entomologica deve ser montada de modo que os lados maiores se encontrem naposicao horizontal. Os insetos devem ser colocados em colunas verticais, sendo que os insetosde mesma ordem fiquem numa mesma coluna. O maior inseto de cada ordem deve ser colocadoprimeiro e os restantes em ordem decrescente de tamanho. Deve-se colocar, ainda, uma etiquetacom o nome da ordem no topo da coluna.

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5 ConclusaoA utilizacao de recursos didaticos no ensino de ciencias, notadamente, no ensino de Bio-

logia, tem o merito de colocar no seu devido lugar o papel que a Biologia assume na escalados conhecimentos cientıficos. Sendo uma ciencia experimental, possui, intrinsecamente, oselementos necessarios a motivacao, curiosidade e ceticismo diante da apropriacao do conheci-mento. Ensinada da maneira tradicional, onde prevalece de modo unico a aula expositiva, ondeos conteudos sao apresentados de forma livresca, onde tudo aparece de forma pronta, defini-tiva, onde nao cabe discussao, analise e crıtica, passa-se a falsa impressao de que a Biologiae uma ciencia destinada a seres excepcionais, com um talento intelectual especial e que aosmeros seres humanos normais, especificamente, os alunos, cabe a tarefa unica de memorizar asinformacoes ali contidas e reproduzi-las em um tempo a ser designado pelo professor.

Isso nao significa que o ensino deve ser pautado somente atraves de atividades praticas. Edo equilıbrio entre a teoria e a pratica que se consolida a apropriacao de um conhecimento maissolido, articulado com as tendencias atuais, centrado na contextualizacao e voltado ao cotidianodos alunos. E nesse sentido que a adocao das caixas entomologicas no estudo dos insetos podepropiciar ao professor a oportunidade de mostrar alguns aspectos de um experimento cientıfico,fazendo com que os alunos se envolvam em uma atividade como agentes ativos na construcaodo proprio conhecimento.

A utilizacao das caixas entomologicas pode ser implementada no ensino de Biologia, poisnao demanda tanto tempo para a sua preparacao, nao exige habilidades especiais dos alunose permite, pela observacao direta dos insetos coletados, a determinacao de caracterısticas quedificilmente seriam possıveis atraves dos livros didaticos. Alem do mais, faz com que o alunodesenvolva o sentido de organizacao, rigor, criticidade e metodo de estudo.

Cabe a cada professor, diante da realidade das turmas em que leciona, determinar quandoe em que momento, adotar ou nao, a realizacao de atividades didaticas praticas no ensino dosconteudos de Biologia.

Como foi salientado no estudo que ora se encerra, a utilizacao de recursos didaticos al-ternativos, de baixo custo, de facil confeccao e manipulacao, e um recurso de grande alcancedidatico. A criatividade e o envolvimento dos professores, em favor da melhoria da educacaoem nosso paıs, podem fazer com que novas atividades didaticas sejam criadas e divulgadas paraque outros conteudos possam ser ensinados, de forma a aumentar o interesse dos alunos para ocultivo das ciencias, em uma sociedade ainda carente de recursos humanos capacitados a levaradiante a pesquisa no Brasil.

Referencias[1] BRASIL. Parametros Curriculares Nacionais. Ensino Medio. Brasılia: MEC. 1999.

[2] BRITO, A. G. O Jardim Zoologico enquanto espaco nao formal para a promocao dodesenvolvimento de etapas do raciocınio cientıfico. Dissertacao (Mestrado em Ensino deCiencias). Universidade de Brasılia. 2012.

[3] CRUZ, Aline Helena da Silva; OLIVEIRA, Elaine Ferreira; FREITAS, Rafael Alves. Ma-nual Simplificado de coleta de Insetos e Formacao de Insetario. Universidade Federal deGoias. 2009.

[4] JUNIOR, Luiz Antonio Lira. O Estudo da Entomologia para o Desenvolvimento do Ra-ciocınio Cientıfico - Uma Proposta de Material Pedagogico. Trabalho de Conclusao deCurso (Graduacao em Biologia). Universidade de Brasılia. 2013.

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[5] KRASILCHIK, Myriam. Pratica de Ensino de Biologia. Editora Harbra. Sao Paulo. 1986.

[6] SANTOS, D. C. J; SOUTO, L.S. Colecao Entomologica como Ferramenta FacilitadoraPara a Aprendizagem de Ciencias no Ensino Fundamental. SCIENTIA PLENA. v.7. n.5.2011.

[7] SANTOS, Wildio Ikaro da Graca. Caixa Entomologica Como Instrumento Enriquecedorna Aprendizagem de Ciencias. X Congresso Nacional de Meio Ambiente de Pocos deCaldas. 2013.

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