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Universidade do Estado do Pará
Centro de Ciências Sociais e Educação
Programa de Pós-Graduação em Educação
Sandy da Conceição Dias
O ENSINO DE MATEMÁTICA PARA ESTUDANTES
CEGOS POR MEIO DE SISTEMA SUPLEMENTAR DE
COMUNICAÇÃO
Belém – PA
2018
Sandy da Conceição Dias
O ENSINO DE MATEMÁTICA PARA ESTUDANTES
CEGOS POR MEIO DE SISTEMA SUPLEMENTAR DE
COMUNICAÇÃO
Dissertação apresentada como requisito parcial
para a obtenção do título de Mestre em
Educação no Programa de Pós- Graduação-
Mestrado em Educação: Linha Formação de
Professores e Práticas Pedagógicas da
Universidade do Estado do Pará, sob orientação do Prof. Dr. Pedro Franco de Sá e
Co- orientação do Prof. Dr. Antonio José de
Barros Neto.
Belém-PA
2018
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
Biblioteca do CCSE/UEPA, Belém - PA
Dias, Sandy da Conceição
O ensino de matemática para estudantes cegos por meio de sistema suplementar de
comunicação / Sandy da Conceição Dias; orientação de Pedro Franco de Sá;
coorientação de Antonio José de Barros Neto, 2018.
Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade do Estado do Pará, Belém,
2018.
1.Matematica – Estudo e ensino 2. Cegos - Educação 3. Ensino de matemática por
atividade. 4. Aprendizagem. I. Sá, Pedro Franco de (orient.). II. Barros Neto, Antonio
José de. III. Titulo.
CDD. 23º ed.510.7
Sandy da Conceição Dias
O ENSINO DE MATEMÁTICA PARA ESTUDANTES
CEGOS POR MEIO DE SISTEMA SUPLEMENTAR DE
COMUNICAÇÃO
Dissertação apresentada como requisito parcial
para a obtenção do título de Mestre em
Educação no Programa de Pós- Graduação-
Mestrado em Educação: Linha Formação de
Professores e Práticas Pedagógicas da
Universidade do Estado do Pará, sob
orientação do Prof. Dr. Pedro Franco de Sá e
Co- orientação do Prof. Dr. Antonio José de
Barros Neto.
Banca Examinadora ___________________________________ - Orientador Prof. Pedro Franco de Sá Doutor em Educação - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Universidade do Estado do Pará
___________________________________ - Membro externo Prof. Elielson Ribeiro de Sales Doutor em Educação Matemática- Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho Universidade Federal do Pará
___________________________________ - Membro externo e Co- orientador Prof. Antonio José de Barros Neto Doutor em Educação Matemática- Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Universidade do Estado do Pará
___________________________________ - Membro interno Profª Ana Paula Cunha dos Santos Fernandes Doutora em Educação Especial- Universidade Federal de São Carlos Universidade do Estado do Pará
Belém-PA
2018
Dedico este trabalho às pessoas mais importantes da minha vida:
Minha mãe, Marta, por ser meu exemplo de vida, de professora, de
mulher guerreira e trabalhadora. Meu pai, Ernandes, por ser meu
herói, meu protetor e por nunca permitir que me faltasse nada. Minha
irmã, Ernanda, minha maior amiga, confidente e incentivadora. A
vocês a minha eterna gratidão e amor.
AMO VOCÊS!
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus pela dádiva da vida e por me fazer jamais perder a fé
e por me fazer acreditar que seus planos são bem maiores que os meus, mesmo às vezes não
compreendendo o que Ele quer para mim, por me fazer jamais desistir mesmo diante de tantas
renúncias e sonhos adiados, para que hoje eu pudesse ver este sonho se tornar realidade e o
que tanto pedi a Ele se concretizar, é como diz Provérbios 3: 5-6 “Confie no Senhor de todo o
seu coração e não se apoie na sua própria inteligência. Lembre de Deus em tudo o que fizer, e
ele lhe mostrará o caminho certo”.
A minha Família, em especial a minha mãe Marta, meu pai Ernandes, minha irmã
Ernanda, meu cunhado Dalton e meu cachorro Stitch, por sempre estarem comigo, me
apoiando, incentivando, torcendo, por me ensinarem a ser mais humana e acreditar nos meus
sonhos e por sempre confiarem e acreditarem em mim, por me acharem sempre a MELHOR
de todas, mesmo não sendo, o que me levou a acreditar mais em mim mesma e a sempre dar o
meu melhor. Obrigada por me mostrarem o que é ter uma família de verdade e amor
incondicional. Eu os amo muito!
A minha tia Dinalva (in memorian) que faleceu no dia em que eu estava escrevendo
este agradecimento, obrigada por sempre cuidar de mim, por me incentivar, por ter sido um
exemplo de mulher guerreira e trabalhadora, e por me mostrar que a vida é bela independente
da maneira como ela se apresenta. Te amo eternamente!
Ao meu Orientador, professor Dr. Pedro Franco de Sá por aceitar este desafio que foi
me orientar, uma vez que este estudo era diferente dos que vinha pesquisando no programa e
mesmo assim, no meio do caminho, abraçou o meu sonho e começou a sonhar comigo, se
dispôs a adentrar neste mundo “novo” da pessoa com deficiência para que juntos pudéssemos
caminhar. Obrigada por acreditar sempre no meu potencial, mesmo quando eu mesma
duvidava, por me incentivar a buscar sempre mais e a perceber que é aos poucos que se
caminha, o senhor foi bem mais que um orientador, foi um amigo durante todo este processo.
É um exemplo de profissional competente, com quem aprendi muito. Serei sempre grata por
tudo!
Aos Membros da banca avaliadora, professor Dr. Elielson Ribeiro de Sales, Dr.
Antonio José de Barros Neto e professora Dra. Ana Paula Cunha dos Santos Fernandes, pelas
avaliações realizadas no texto de qualificação, pelos livros, textos e materiais enviados para
me auxiliarem nesta escrita, e em especial gostaria de agradecer ao professor Antonio José
pelos ensinamentos em programação, o qual sem esta aprendizagem não conseguiria fazer
este sonho se tornar realidade, contribuindo todos desta maneira na escrita final deste
trabalho.
Ao Rio 12, como ficou conhecida a nossa turma de mestrado, em especial as minhas
amigas de jornada Kamilly Alves, Márcia Daniele, Jakelline Batista, Renata Matni, Mariane
Portal, Roberta Isabelle e Lívia Cristina, bem como a todos os meus Amigos, por todos os
momentos felizes que me proporcionaram durante esta caminhada e pela energia positiva que
me foram primordiais durante todo o processo de escrita, para que eu chegasse neste momento
vendo que o mestrado pode sim ser leve e prazeroso. Reintero meus agradecimentos a
Kamilly Alves que me acompanhou no campo de pesquisa realizando as observações que
integrariam este trabalho, obrigada por ser a calmaria em meio à tempestade, será eternamente
a minha a parte do todo.
A minha Prima Evellyn Lorrane por me acompanhar no campo quando a Kamilly
Alves teve que se ausentar, sendo minha companheira de jornada, mesmo sem ser da área da
educação, se sensibilizou com a causa e agora a abraça junto comigo, obrigada por não me
deixar sozinha neste momento que tanto precisei.
A Universidade do Estado do Pará, em especial as professoras Dra. Acylena Coelho
Costa por entender o meu tempo, não pressionado nas questões da monografia que
concomitantemente escrevia com esta dissertação, ouvindo minhas angustias e aflições, a
professora Dra. Maria de Lourdes Silva Santos que foi primordial para a realização do
processo de entrevistas deste trabalho, e todos os docentes do curso de Licenciatura em
Matemática e Mestrado em Educação pelos ensinamentos, pela amizade e pela qualidade da
formação oferecida. Agradeço também aos funcionários do PPGED-UEPA, em especial Jorge
Farias Figueiredo, Carlos Alberto dos Santos Campelo, Joaquim Manuel Ferreira Xavier,
Socorro Mota de Souza que estiveram dispostos a ajudar e foram sempre muito amigáveis.
Ao Instituto José Álvares de Azevedo, de maneira especial a Vice-diretora Aline
Oliveira Brígido, a Coordenadora pedagógica Elaina Nascimento Biagi Cei, o Professor de
matemática Nilson Osvaldo Gama Santa Maria, a Professora Florinda Ivana Miranda que
contribuíram para a realização deste estudo, viabilizando a produção de informações,
compartilhando suas experiências e conhecimentos.
Aos Estudantes cegos, que participantes desta pesquisa, sem os quais este trabalho
não seria possível, em especial agradeço, a ajuda da Professora Mônica de Nazaré Carvalho,
do Professor Lourival Ferreira do Nascimento e da Professora Joana Célia do Socorro Gomes
de Andrade Martins, que foram de fundamental importância para a concretização deste
trabalho, nos auxiliando no encontro desses sujeitos e contribuindo para o aperfeiçoamento do
nosso aplicativo, serei sempre grata. Muito obrigada!
Agradeço também a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) pelo apoio financeiro. E a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a
concretização deste trabalho.
Ninguém vence sozinho... OBRIGADA A TODOS!
“Temos o direito de sermos iguais quando a diferença nos
inferioriza; temos o direito de sermos diferentes, quando a
igualdade nos descaracteriza.”
Boaventura de Sousa Santos
RESUMO
DIAS, Sandy da Conceição. O Ensino de Matemática para Estudantes Cegos por meio de
sistema suplementar de comunicação. 2018. 267f. Dissertação (Mestrado em Educação)-
Universidade do Estado do Pará, Belém, 2018.
Este trabalho, contou com o financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES), apresenta os resultados de uma pesquisa que teve como objetivo
avaliar a funcionalidade do ensino de matemática para estudantes cegos por meio de sistema
suplementar de comunicação. Tal proposta foi desenvolvida à luz da metodologia de pesquisa,
Engenharia Didática. Seguindo os pressupostos desta metodologia, esta pesquisa se
desenvolveu em quatro fases. A primeira, denominada Análises Prévias foi composta por uma
revisão de estudos; um levantamento dos aspectos históricos das pessoas com deficiência, de
maneira específica dos cegos; das leis e documentos oficiais que versam sobre o assunto; um
levantamento de recursos utilizados no ensino de matemática com estudantes cegos; consulta
a docentes que trabalham ou já trabalharam matemática com estudantes deficientes visuais
sobre o processo de ensino e aprendizagem da matemática; consulta aos estudantes cegos
sobre o processo de ensino e a aprendizagem de matemática. Na segunda fase, Concepção e
análise a priori, apresentamos uma proposta de sequência didática, a qual está fundamentada
no Ensino de Matemática por atividade e elaborada com base nas análises prévias, composta
por 12 atividades, seguidas de suas análises a priori, sobre: quantidade no sistema de
numeração decimal; curvas; segmento de reta; polígonos; tipos de polígonos; conceito de
área; área do retângulo; área do quadrado; figuras espaciais; conceito de volume; volume do
cubo; volume do paralelepípedo. Tais atividades tinham o apoio de materiais concretos unidos
a um aplicativo que funciona por sistema de voz e que tem como intuito permitir a interação
com o estudante cego e lhe possibilitar maior autonomia durante a realização das atividades.
No entanto, para este trabalho selecionamos apenas três atividades para programá-las no
aplicativo e aplica-las com os estudantes cegos. Além destas atividades, elaboramos algumas
atividades de aprofundamento, para que fossem trabalhadas após o uso do aplicativo, a fim de
verificarmos se os estudantes haviam compreendido os assuntos. A terceira fase da pesquisa,
conhecida como Experimentação, teve como finalidade a aplicação da sequência didática
elaborada, a qual aconteceu com duas estudantes cegas de Belém do Pará, nesta etapa
apresentamos os dados relativos à aplicação de cada atividade, bem como as observações e
conclusões a respeito das atividades experimentadas. A quarta e última fase, Análise a
posteriori e Validação, teve como objetivo analisar os dados obtidos durante a fase da
experimentação e comparar seus resultados com as análises a priori, realizando assim uma
validação. Para isto, analisamos o desempenho das estudantes durante as atividades, bem
como as suas avaliações sobre a nossa proposta de ensino.
Palavras-chave: Educação Matemática. Ensino de matemática para cegos. Ensino de
matemática por Atividade. Engenharia Didática.
ABSTRACT
DIAS, Sandy da Conceição. The Teaching of Mathematics for Blind Students through a
supplementary communication system. 2018. 267f. Dissertation (Master in Education) -
University of the State of Pará, Belém, 2018.
This work, which was funded by the Coordination of Improvement of Higher Education
Personnel (CAPES), presents the results of a research that aimed to evaluate the functionality
of mathematics teaching for blind students through a supplementary communication system.
This proposal was developed in the light of the research methodology, Didactic Engineering.
Following the assumptions of this methodology, this research was developed in four phases.
The first one, called Preliminary Analyzes was composed by a review of studies; a survey of
the historical aspects of persons with disabilities, specifically the blind; of the laws and
official documents that deal with the subject; a survey of resources used in mathematics
teaching with blind students; consultation with teachers working or already working
mathematics with visually impaired students on the process of teaching and learning
mathematics; blind students about the teaching process and math learning. In the second
phase, Conception and analysis a priori, we present a proposal for a didactic sequence, which
is based on Mathematics Teaching by activity and elaborated on the basis of the previous
analyzes, composed of 12 activities, followed by their a priori analysis, on: quantity in the
decimal numbering system; curves; straight segment; polygons; types of polygons; concept of
area; rectangle area; square area; spatial figures; volume concept; cube volume; volume of the
parallelepiped. These activities had the support of concrete materials linked to an application
that works by voice system and whose purpose is to allow interaction with the blind student
and to allow greater autonomy during the accomplishment of the activities. However, for this
work we have selected only three activities to program them in the application and apply them
to blind students. In addition to these activities, we developed some deepening activities, so
that they could be worked upon after the application was used, in order to verify if the
students had understood the subjects. The third phase of the research, known as
Experimentation, had as its purpose the application of the elaborated didactic sequence, which
happened to two blind students from Belém do Pará, at this stage we present the data
regarding the application of each activity, as well as the observations and conclusions about
the activities experienced. The fourth and last phase, a posteriori Analysis and Validation, had
as objective to analyze the data obtained during the experimentation phase and to compare its
results with a priori analysis, thus performing a validation. For this, we analyze the
performance of the students during the activities, as well as their evaluations about our
teaching proposal.
Keywords: Mathematical Education. Math teaching for the blind. Teaching math by Activity.
Didactic Engineering.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Gênero 80
Tabela 2- Faixa Etária 81
Tabela 3- Nível de Formação dos Professores 82
Tabela 4 – Tempo de Serviço dos Professores 83
Tabela 5- Tipo de Escola em que trabalha 84
Tabela 6- Experiência com estudantes deficientes visuais no 6º ano 84
Tabela 7- Capacitação para o ensino de matemática para estudantes deficientes visuais 85
Tabela 8- Na formação acadêmica alguma disciplina voltada para o ensino de
estudantes deficientes visuais
87
Tabela 9- Recursos utilizados para o ensino de matemática de estudantes deficientes
visuais
87
Tabela 10- Registro das atividades de matemática do estudante cego 89
Tabela 11- Acesso aos assuntos de matemática que estão sendo ministrados 91
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1- Faixa etária 81
Gráfico 2- Tempo de Serviço dos Professores 83
Gráfico 3- Experiência com estudantes Deficientes Visuais no 6º ano 85
Gráfico 4- Recursos já utilizados no Ensino de Matemática para Deficientes Visuais 88
Gráfico 5- Como o estudante deficiente visual, na maioria das vezes, registra as suas
atividades de matemática.
90
Gráfico 6- Estudantes que tinham o domínio do Braille 104
Gráfico 7- Dificuldades das tarefas das aulas 111
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Leis e Documentos Oficiais que dispõem sobre a Educação Especial 33
Quadro 2- Estudos Diagnósticos sobre o Ensino de Matemática para Estudantes
com Deficiência Visual
44
Quadro 3- Estudos Experimentais sobre o Ensino de Matemática para Estudantes
com Deficiência Visual
52
Quadro 4- Estudos sobre Propostas Metodológicas que tratam do Ensino de
Matemática para Estudantes com Deficiência Visual
65
Quadro 5- Estudos sobre a Formação de Professores no Ensino de Matemática para
Estudantes com Deficiência Visual
70
Quadro 6- Relação Experiência x Capacitação 86
Quadro 7- Grau de dificuldade para os deficientes visuais aprenderem segundo
docentes 92
Quadro 8 – Gênero dos entrevistados 99
Quadro 9 – Idade dos Entrevistados 100
Quadro 10 – Incentivo familiar dos Entrevistados 100
Quadro 11 – Quem mais incentivava os Entrevistados 101
Quadro 12 – Ano escolar dos Entrevistados 102
Quadro 13 – Tipo de escola dos Entrevistados 103
Quadro 14 – Domínio do Braille 103
Quadro 15– Como eram as aulas de matemática 105
Quadro 16 – Compreensão de assuntos matemáticos pelos entrevistados 106
Quadro 17 – Dificuldade dos entrevistados em aprender matemática 108
Quadro 18 – Acompanhamento para aprender matemática 109
Quadro 19 – Local do acompanhamento para aprender matemática 110
Quadro 20 – Dificuldades das tarefas das aulas 111
Quadro 21 – Como os entrevistados fazem o registro das atividades 112
Quadro 22 – Como os entrevistados tem acesso aos conteúdos matemáticos 115
Quadro 23 – Como os entrevistados eram avaliados 116
Quadro 24 – Recursos nas aulas de matemática 118
Quadro 25 – Recursos que eram utilizados nas aulas de matemática 119
Quadro 26 – Opinião dos entrevistados sobre o uso de materiais concretos 120
Quadro 27 – Grau de dificuldade segundo os entrevistados 122
Quadro 28- Atividade de compor sem o uso da nomenclatura das ordens nas
perguntas.
131
Quadro 29- Atividade de compor com o uso das nomenclaturas das ordens nas
perguntas.
131
Quadro 30 - Atividade de decomposição. 134
Quadro 31- Atividade sobre área do retângulo 154
Quadro 32 - Atividade sobre área do retângulo 160
Quadro 33 - Atividade para a Relação de Euler 167
Quadro 34 - Atividade sobre volume de cubo 176
Quadro 35- Atividade sobre volume de paralelepípedo 180
Quadro 36- Cronograma da Experimentação 191
Quadro 37- Avaliação do programa e das atividades pela Estudante 1 203
Quadro 38- Avaliação do programa e das atividades pela Estudante 2 214
Quadro 39- Desempenho das estudantes na atividade 2 220
Quadro 40- Desempenho dos estudantes na atividade 3 221
Quadro 41- Desempenho dos estudantes na atividade 4 223
Quadro 42- Desempenho dos estudantes nas atividades de aprofundamento. 225
Quadro 43- Confronto entre as análises a priori e as a posteriori das atividades 227
Quadro 44- Confronto entre as avaliações sobre a proposta de atividade feita pelas
estudantes.
229
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Instituto Benjamin Constant, RJ 31
Figura 2- Instituto José Álvares de Azevedo, PA 32
Figura 3- Geoplano 37
Figura 4- Disco de Frações 38
Figura 5- Sorobã 39
Figura 6- Material Dourado 40
Figura 7- Multiplano 41
Figura 8- Mit App Inventor 126
Figura 9- Resposta a um evento 127
Figura 10- Programação dos blocos da atividade 2 128
Figura 11- Cartas representando dinheiro 130
Figura 12- Quadro de Ordens 131
Figura 13- Folhas com Linhas 137
Figura 14- Folha com Curvas 140
Figura 15- Folhas com linhas poligonais 142
Figura 16- Folhas com Polígonos 145
Figura 17- Terrenos 149
Figura 18- Triângulos 149
Figura 19- Losangos 150
Figura 20- Paralelogramo 150
Figura 21- Folhas com retângulos 152
Figura 22- Folhas com quadrados 158
Figura 23- Figuras Espaciais 163
Figura 24- Cubo em 3D 170
Figura 25- Cilindro em 3D 171
Figura 26- Paralelepípedo em 3D 171
Figura 27- Esfera em 3D 171
Figura 28- Cone em 3D 172
Figura 29- Pirâmide em 3D 172
Figura 30- Prisma em 3D 173
Figura 31- Cubos em 3D feitos em Miriti 175
Figura 32- Paralelepípedos em 3D feitos em Miriti 179
Figura 33- Atividade de Aprofundamento sobre Curvas 185
Figura 34- Atividade de Aprofundamento sobre Segmento de Reta 186
Figura 35- Atividade de Aprofundamento sobre Polígono 187
LISTA DE FOTOGRAFIAS
Fotografia 1- Estudante 1 com material da atividade 2 195
Fotografia 2- Estudante1 manuseando o aplicativo pelo tablet 195
Fotografia 3- Estudante 1 com atividade de aprofundamento sobre curvas 197
Fotografia 4- Estudante 1 com material da atividade 3 198
Fotografia 5- Estudante 1 com a atividade de aprofundamento sobre segmento de
reta
199
Fotografia 6- Estudante 1 com material da atividade 4 200
Fotografia 7- Estudante 1 com a atividade de aprofundamento sobre polígono 202
Fotografia 8- Estudante 2 manuseando o aplicativo pelo tablet 206
Fotografia 9- Estudante 2 com material da atividade 2 207
Fotografia 10- Estudante 2 com atividade de aprofundamento sobre curvas 209
Fotografia 11- Estudante 2 com material da atividade 3 209
Fotografia 12- Estudante 2 com atividade de aprofundamento sobre segmento de
reta
211
Fotografia 13- Estudante 2 com material da atividade 4 211
Fotografia 14- Estudante 2 com a atividade de aprofundamento sobre polígono 213
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 21
2 ANÁLISES PRÉVIAS .................................................................................................... 28
2.1 Aspectos Históricos da Deficiência Visual ................................................................ 28
2.2 Leis e Documentos Oficiais que marcaram a história da educação especial ............. 33
2.3 Materiais Didáticos no Ensino de Matemática para Deficientes Visuais .................. 36
2.4 Estudos sobre o processo de Ensino e Aprendizagem de Matemática para Deficientes
Visuais................................................................................................................................... 42
2.4.1 Estudos diagnósticos........................................................................................... 43
2.4.2 Estudos Experimentais ....................................................................................... 51
2.4.3 Estudos de Propostas metodológicas .................................................................. 65
2.4.4 Estudos sobre a Formação de Professores .......................................................... 70
2.4.5 Conclusões sobre a Revisão de Estudos.............................................................79
2.5 Consulta a Docentes sobre o Ensino e Aprendizagem de Matemática para Estudantes
Deficientes Visuais ............................................................................................................... 79
2.6 Consulta aos Estudantes Cegos sobre o Ensino e Aprendizagem de Matemática em
Belém do Pará ....................................................................................................................... 95
3 CONCEPÇÃO E ANÁLISE A PRIORI ...................................................................... 125
3.1 Apresentação e análise a priori das atividades ............................................................. 125
3.1.1 Atividade 1 ............................................................................................................. 128
3.1.2 Atividade 2 ............................................................................................................. 136
3.1.3 Atividade 3 ............................................................................................................. 140
3.1.4 Atividade 4 ............................................................................................................. 142
3.1.5 Atividade 5 ............................................................................................................. 145
3.1.6 Atividade 6 ............................................................................................................. 149
3.1.7 Atividade 7.............................................................................................................152
3.1.8 Atividade 8............................................................................................................158
3.1.9 Atividade 9............................................................................................................163
3.1.10 Atividade 10.........................................................................................................170
3.1.11 Atividade 11.........................................................................................................175
3.1.12 Atividade 12.........................................................................................................179
3.1.13 Atividade de Aprofundamento sobre Curvas.......................................................185
3.1.14 Atividade de Aprofundamento sobre Segmento de Reta.....................................186
3.1.15 Atividade de Aprofundamento sobre Polígono.....................................................187
4 EXPERIMENTAÇÃO .................................................................................................. 189
4.1 Perfil dos Estudantes..................................................................................................191
4.2 Primeira Sessão..........................................................................................................194
4.2.1 Entrevista com a Estudante 1 sobre as atividades...................................................203
4.3 Segunda Sessão..........................................................................................................205
4.3.1 Entrevista com a Estudante 2 sobre as atividades...................................................214
4.4 Considerações sobre o experimento..........................................................................216
5 ANÁLISE A POSTERIORI E VALIDAÇÃO ............................................................. 218
5.1 Análise a posteriori da atividade 2...........................................................................218
5.2 Análise a posteriori da atividade 3...........................................................................220
5.3 Análise a posteriori da atividade 4...........................................................................222
5.4 Análise a posteriori das atividades de Aprofundamento .........................................224
5.5 Análise a posteriori das atividades ..........................................................................226
5.6 Comparativo entre as entrevistas sobre as atividades com os estudantes.................229
5.7 Limitações do Aplicativo..........................................................................................231
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 232
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 236
APÊNDICE A .................................................................................................................... 251
APÊNDICE B .................................................................................................................... 251
APÊNDICE C .................................................................................................................... 251
APÊNDICE D .................................................................................................................... 252
APÊNDICE E .................................................................................................................... 252
APÊNDICE F .................................................................................................................... 252
APÊNDICE G.................................................................................................................... 256
21
1 INTRODUÇÃO
Muito se têm discutido sobre questões relacionadas ao processo de inclusão de
pessoas com deficiência na escola e na sociedade, entre elas os cegos, pois, ainda há quem
acredite que esses estudantes deveriam estar em um local específico, separado das salas
regulares, para que pudessem se apropriar dos conhecimentos ensinados. Esse tipo de
pensamento nada mais é que um reflexo do passado, dos acontecimentos que antecederam os
movimentos de inclusão e os avanços na legislação, tanto do Brasil como no mundo.
No entanto, nos últimos anos, a sociedade, assim como as leis passaram por
modificações e agora os pesquisadores têm voltado seus olhares para esse campo de pesquisa
que é a educação especial voltada para a inclusão, entre eles, encontramos os pesquisadores
na área da educação matemática que tem buscado desenvolver pesquisas sobre teorias,
métodos e recursos que possam auxiliar no processo de inclusão de estudantes cegos em salas
de aulas regulares, e com isso, melhorar o processo de ensino e aprendizagem de matemática,
para que então ela passe a fazer sentido para os estudantes e deixe de ser considerada como
algo muito difícil, tanto para estudantes tidos como “normais” como para os que possuem
algum tipo de deficiência.
A partir desse pensamento, de que o ensino de matemática deve ser reestruturado e
voltado para qualquer estudante independente de suas especificidades, que a educação escolar
começa a tomar outros rumos na busca da inclusão de estudantes com deficiência, entre eles
os cegos, na sala de aula regular, o que inclui as aulas de matemática. A expressão que foi
utilizada neste estudo será “estudante cego” ou “cego” por considerarmos esta a melhor forma
de identificar a pessoa e suas características aqui relatadas.
O último termo defendido em lei, como a Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência adotada pela ONU é “Pessoas com deficiência”, no entanto, por tratarmos
neste estudo especificadamente de estudantes, preferimos alterar “Pessoas” por “estudantes” e
o termo “com deficiência” por “cego”, já que está é a deficiência aqui abordada, deixando
assim mais clara as ideias que aqui foram expostas.
Nesse novo modelo educacional, de acordo com Teixeira e Nunes (2014) a educação
inclusiva deve atender todos os estudantes, e o currículo ser aberto às diferenças, de tal
maneira que garanta aos mesmos à construção de conhecimentos e valores, pois segundo os
autores, as pessoas com deficiência têm o direito à participação social efetiva, já que a
sociedade se organiza e se enriquece a partir dessas relações e interações entre sujeitos
diferentes.
22
Para garantir tal modelo educacional, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional assegura aos estudantes com deficiência a oferta da Educação Escolar e que esta
deve ser feita preferencialmente nas escolas regulares de ensino e devem ser assegurados a
esses estudantes técnicas e recursos específicos para atender as suas necessidades. O que faz
com que cada vez mais estudantes com deficiência frequentem o ensino regular. No que diz
respeito ao conceito de inclusão que será adotado neste estudo, nos fundamentaremos em
Mantoan (2005 apud CEOLIN et al, 2009, p.1) que nos diz que a inclusão:
É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de
conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe
todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que
têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a
criança que é discriminada por qualquer outro motivo.
Sendo assim, com base nesse conceito de inclusão é possível verificar que para nós o
termo inclusão não está restrito a pessoas com deficiência, mas sim todo o indivíduo que por
qualquer circunstância acaba sendo excluído ou prejudicado no processo de ensino e
aprendizagem. A inserção desses estudantes com deficiência nas salas regulares se faz
importante, tanto para eles que irão ter a oportunidade de aprender com seus pares, como para
todos os outros estudantes e corpo docente da escola que aprenderão a respeitar as diferenças
por meio da vivência e interação entre os estudantes, afinal a escola é um reflexo da vida em
sociedade.
Com base nessas circunstâncias foi possível perceber a importância de se pesquisar na
área e com isso contribuir com o campo em questão, para tal nos restringimos a uma
deficiência específica, a cegueira. Pois, de acordo com o Censo de 2010, feito pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) existem no Brasil mais de 6,5 milhões de pessoas
com deficiência visual, no qual 582 mil são cegos, o que afirma a importância de se pesquisar
e difundir estudos que tratem da inclusão de deficientes visuais no processo de ensino e
aprendizagem.
Para que pudéssemos trabalhar com o tema em questão foi necessário esclarecermos
qual a definição de cegueira que adotaríamos para este estudo, que neste caso, foi a sugerida
pela American Foundation for the Blind a qual foi citada no estudo de Masini (1993) e que
diz que criança cega é aquela:
cuja perda de visão indica que pode e deve funcionar em seu programa educacional,
principalmente através do uso do sistema Braille, de aparelhos de áudio e de
equipamento especial, necessário para que alcance seus objetivos educacionais com
eficácia, sem o uso da visão residual. (p. 62)
23
Sendo assim, a escolha por tal definição foi devido justamente ao fato dela dar maiores
possibilidades ao estudante, porque não se restringe a dados sobre a acuidade visual, mas sim
no potencial do estudante e no fato de que sua eficiência não depende somente da visão, mas
que existem outras maneiras e recursos que podem auxiliar o fato da perda deste sentido.
Neste caso, para ensinar estudantes cegos, de maneira específica à matemática, é necessário
que a forma de ensinar os conteúdos seja adaptada para que o processo de ensino e
aprendizagem não seja prejudicado, pois como relata Silva e Leivas (2013) para o estudante
deficiente visual é preciso que ele sinta de maneira concreta e palpável o que está sendo
trabalhado.
Logo, além do que já foi exposto, o que nos motivou a escrever sobre o ensino de
matemática para estudantes cegos, iniciou-se ainda na graduação em um curso de Licenciatura
em Matemática, o qual não proporcionava muitas oportunidades de aprender sobre as
questões ligadas a inclusão de estudantes com deficiência, entre eles os cegos, e as disciplinas
que abordavam tal assunto eram trabalhadas superficialmente, sem abordar muito sobre
questões relacionadas a metodologias, recursos e tecnologias voltadas para o ensino de
matemática para esses estudantes.
A carência dessas discussões sobre o assunto nos levou a buscar uma formação
continuada que viesse suprir essas necessidades, para isso, foi escolhido um curso de Pós-
Graduação em Educação Especial com Ênfase na Inclusão, o qual foi cursado para quando
nos depararmos com situações que envolvam estudantes com deficiência não ficarmos
paralisados sem saber como trabalhar com eles, que recursos usar, enfim, para que possamos
proporcionar um ensino de qualidade para todos independente de suas particularidades.
Neste ambiente de pós- graduação e nas escolas regulares foi que nos deparamos com
outro motivo que também nos incentivou a pesquisar sobre assunto, foram os relatos de
experiências de professores que atuavam com estudantes cegos e percebiam as dificuldades
deles em matemática, pois a mesma requer muitas abstrações para resolver seus problemas e
como a maioria das aulas era apenas verbalizada, mesmo que de maneira detalhada, não
supriam todas as necessidades desses estudantes, e como a maior parte dos professores eram
formados em pedagogia e não em licenciatura em matemática sentiam ainda mais dificuldade
em buscar soluções que pudessem melhorar esse ensino, foi neste momento que percebemos
novamente a pouca atenção que era dada a matemática voltada para a inclusão de pessoas com
deficiência, entre elas os cegos, nas salas de aula regulares.
Em decorrência das crescentes discussões neste campo, que cada vez mais necessita de
recursos, materiais, professores capacitados para trabalhar com estudantes com deficiência e
24
devido a nossa formação em Licenciatura em Matemática surgiu o interesse em realizar um
estudo que pudesse interligar a matemática e a deficiência visual, especificadamente a
cegueira, a fim de poder trazer discussões importantes para o campo e contribuir com esse
processo de ensino e aprendizagem. Na busca de compreender melhor sobre o então objeto de
estudo nos debruçamos nas literaturas existentes que versavam sobre a matemática e a
deficiência visual, para que pudéssemos ampliar a nossa visão em relação ao tema e assim
verificar o que já havia sido debatido e exposto sobre o assunto.
Durante a busca dos estudos sobre o assunto, pesquisamos em diversos sites/portal de
universidades como PUC, ULBRA, UFMT, em sites de Revistas na área da educação
matemática como Educação Matemática em Revista e no site do Programa de Pós- Graduação
em Educação da Universidade do Estado do Pará (PPGED) e na biblioteca do mestrado em
Educação da Universidade do Estado do Pará (UEPA), as dissertações defendidas no
programa de 2007 a 2017 onde foi possível observar que nenhuma dissertação foi defendida
quando o assunto é matemática e cegueira, o que nos fez refletir que para além do nosso
interesse pessoal, este tema traria novas discussões importantes para o programa de mestrado
em questão, assim como colaboraria com a literatura existente e com a formação de
professores.
Somado a estes argumentos que foram apresentados, percebemos também que apesar
de haver materiais disponíveis para o ensino de matemática para estudantes cegos, estes não
são muitos se comparados os recursos e materiais existentes para os videntes, como
observamos no trecho de Silva e Leivas (2013): “Para alunos com deficiência visual, existe
grande carência em termos de alternativas metodológicas, principalmente práticas em sala de
aula, que sejam significativas ao processo de ensinar e aprender Matemática.” (p.14)
Com base nas informações da existência de poucos recursos para o ensino de
matemática para cegos quando comparado com quantidade desenvolvida para videntes,
resolvemos pesquisar estudos relacionados a alternativas metodológicas para pessoas com
deficiência, foi então que encontramos o estudo de Massaro e Deliberato (2013) o qual nos foi
fundamental na proposta deste trabalho, uma vez que trouxe discussões importantes sobre o
uso de sistemas de comunicação suplementar e alternativo no processo de ensino e
aprendizagem, de acordo com as autoras o uso desses sistemas “podem inserir o aluno com
deficiência e necessidades complexas de comunicação em diferentes atividades pedagógicas e
ampliar as habilidades e as competências do professor no processo de ensino-aprendizagem”
(p.331), tal fato nos despertou interesse em pesquisar mais sobre o assunto e com isso
25
trabalhar com este tipo de sistema, que não deixa de ser uma forma de tecnologia assistiva, só
que voltado para o ensino de matemática para estudantes cegos.
A partir de tudo que foi exposto, nos propusemos a responder a seguinte questão de
pesquisa: “A funcionalidade do ensino de matemática para cegos é favorecida por meio
de um sistema suplementar de comunicação?”.
Por conseguinte, o objetivo deste estudo é “Avaliar a funcionalidade do ensino de
matemática para estudantes cegos por meio de sistema suplementar de comunicação”.
Nosso intuito foi que, a partir dessa proposta de ensino, os estudantes cegos consigam
ganhar autonomia para realizar as suas tarefas e melhorar a sua aprendizagem em relação a
conteúdos da matemática, mais especificadamente: quantidade no sistema de representação
decimal; Curvas; Segmento de Reta; Polígono; Tipos de Polígonos; Conceito de área; Área do
retângulo; Área do quadrado; Figuras Espaciais; Conceito de Volume; Volume do Cubo e
Volume do Paralelepípedo.
Para o desenvolvimento desta pesquisa, como metodologia nos baseamos nos
princípios da Engenharia Didática proposta por Artigue (1996), por acreditarmos que esta era
a mais adequada ao nosso tipo de estudo, pois como relata Oliveira (2013) essa metodologia
associa a pesquisa com a ação didática no contexto de sala de aula e é caracterizada por um
esquema experimental de sequência de atividades didáticas no ensino, os quais os objetos de
pesquisa podem variar, devido à complexidade da sala de aula. Esta metodologia é defendida
e discutida por outros autores, que utilizaremos também como aporte teórico como:
Almouloud (2007), Pais (2011), Sá e Alves (2011) e Machado (2016).
A Engenharia didática como metodologia de pesquisa é composta por 4 fases, as quais
foram também as nossas sessões do trabalho:
1- Análises prévias ou análises preliminares;
2- Concepção e análise a priori;
3- Experimentação ou aplicação de uma sequência didática;
4- Análise a posteriori e validação.
De acordo com Artigue (1988, apud ALMOULOUD e COUTINHO 2008)
independente das nomenclaturas, “preliminares”, “posteriori”, cada uma dessas fases é
retomada e aprofundada ao longo da pesquisa em função das necessidades que vão surgindo,
logo, esta temporalidade é relativa e se refere mais como uma forma organizacional.
26
A primeira sessão, análises prévias, foi quando realizamos todo um levantamento e
organização das informações referentes ao objeto de investigação que serviram
posteriormente como base para elaboração das atividades. Para tal, Artigue (1996) sugere que
nesta fase seja feita uma análise epistemológica do conteúdo de ensino, uma análise do ensino
usual, assim como de seus efeitos, das concepções de discentes e docentes sobre o objeto
matemático em questão, bem como suas dificuldades e obstáculos para o desenvolvimento
dele, entre outras sugestões que auxiliam o pesquisador a construir um panorama do objeto de
investigação.
Depois de realizada a primeira fase, segue-se para a segunda sessão a da Concepção e
análise a priori. É na concepção que o pesquisador elabora uma sequência de situações-
problemas com a finalidade de ensinar determinado assunto, que inicialmente não é exposto
aos estudantes, pois é trabalhado de maneira implícita, somente depois que a verdadeira
intenção das atividades é revelada e explicitada. De acordo com Almouloud (2007) tais
sequências devem ser elaboradas levando-se em consideração os resultados obtidos nas
análises prévias, assim como devem ser pensadas de tal maneira que ajude os estudantes a
desenvolverem certas competências e habilidades.
A análise a priori é a fase em que o pesquisador cria hipóteses de acordo com as
variáveis que esta trabalhando e com base nas análises preliminares, por exemplo, prevê as
possíveis dificuldades que possam surgir durante a aplicação das atividades e de que maneira
poderia ajudar para sana-las, em outras palavras, prevê os possíveis comportamentos que os
estudantes possam vir a ter para que quando estes ocorram o pesquisador saiba como agir caso
aconteçam. Segundo Almouloud (2007, p.176): “A análise a priori é importantíssima, pois de
sua qualidade depende o sucesso da situação-problema; além disso, ela permite, ao professor,
poder controlar a realização das atividades dos alunos, e, também, identificar e compreender
os fatos observados.”. Logo, tal análise funciona como uma maneira do professor ter um
maior controle da situação e se estar preparado para quaisquer eventualidades que possam
ocorrer durante a aplicação das atividades.
Na terceira sessão, Experimentação ou aplicação de uma sequência didática, como
o próprio nome já diz é a fase em que se aplica a sequência didática elaborada na fase
anterior, onde o pesquisador deverá redobrar seus cuidados e ficar atento ao maior número
possível de informações que irão surgir durante a aplicação e que servirão para as análises
posteriores. De acordo com Pais (2011) o tipo de registro da sequência vai depender das
variáveis que o pesquisador quer analisar, entretanto, independe de qual for à forma de
registro escolhida, é importante que a descrição seja fidedigna com a realidade em que a
27
experiência ocorreu. Para Almouloud e Coutinho (2008) é na experimentação que colocamos
em funcionamento tudo que foi construído, corrigindo o que for necessário, o que implica
uma volta a etapa anterior sempre que preciso como uma maneira de complementação.
Por fim, temos a última sessão, a Análise a posteriori e Validação. Na análise a
posteriori foi realizado o tratamento das informações obtidas durante o processo da
experimentação, de acordo com Pais (2011) o importante dessa etapa é que a análise atinja a
realidade da produção dos estudantes e quando possível que o pesquisador desvele os
procedimentos de raciocínio utilizado pelos estudantes. No caso desta pesquisa, nossas
análises utilizaram-se de quadros para facilitar a visualização das informações obtidas, bem
como a abordagem qualitativa na análise dos registros feitos pelos estudantes e do diário de
campo. A validação se deu por conta da confrontação entre os resultados obtidos na análise a
priori com os da posteriori, verificando se as hipóteses criadas no início da pesquisa foram
validadas ou se sofreram alguma alteração.
28
2 ANÁLISES PRÉVIAS
Nesta seção apresentamos as análises prévias que de acordo com Almouloud (2007)
tem como um dos objetivos identificar os problemas de ensino e aprendizagem do objeto de
estudo e assim delinear de maneira fundamentada as questões, os fundamentos teóricos e
metodológicos da pesquisa. Na fase das análises prévias propõe-se segundo Almouloud
(2007, p. 172-3) que o pesquisador realize o estudo da gênese histórica do saber que se está
estudando, assim como suas manifestações antigas ou contemporâneas, se possui obstáculos
epistemológicos, analise o ensino usual e seus efeitos, estude as concepções de professores e
estudantes sobre o saber que está estudando, realize um levantamento de referências
bibliográficas que tratam sobre o assunto como: artigos, dissertações, entre outros. Pois, são
estas análises que servirão como base para as etapas seguintes e para uma boa estruturação da
pesquisa.
Para contemplarmos tais análises, foi realizado um levantamento dos aspectos
históricos das pessoas com deficiência, de maneira específica sobre as pessoas cegas, assim
como as leis e os documentos oficiais que marcaram a história da Educação Especial em prol
de uma educação fundamentada na equidade; apresentamos alguns recursos já utilizados no
ensino de matemática com estudantes cegos; realizamos uma revisão de estudos que versam
sobre o assunto, neste caso, foram escolhidos estudos que tratassem da deficiência visual
como um todo, não apenas da cegueira; apresentamos os resultados de uma pesquisa de
campo sobre as experiências de professores que trabalham ou já trabalharam matemática com
estudantes deficientes visuais. Sendo estes os elementos que constituem a primeira fase de
nossa pesquisa, tal como é previsto na Engenharia Didática.
2.1 Aspectos Históricos da Deficiência Visual
Nesta subseção tivemos como objetivo apresentar um estudo sobre os aspectos
históricos das pessoas com necessidades especiais, de maneira específica das pessoas com
deficiência visual. Para isso, nos fundamentamos em Bruno e Mota (2001), em documentos
oficiais e nos sites das Instituições de referência sobre o assunto, como no Instituto Benjamin
Constant a nível nacional e o Instituto José Álvares de Azevedo aqui na cidade de Belém do
Pará.
29
A história da deficiência visual, de acordo com Bruno e Mota (2001), é comum a
todos os outros tipos de deficiência, os conceitos separando-as só foram evoluindo depois de
algum tempo a partir de valores culturais, crenças, entre outros, sendo assim, começamos pela
antiguidade quando as pessoas com deficiências eram tidas como anormais, deformadas, que
não possuíam alma, que eram pestes que vinham para servir de castigo para os seus pais e por
causa disso, muitos eram mortos, como podemos observar na fala de Sêneca (apud SILVA,
1986, p.128-129):
Matam-se cães quando estão com raiva; exterminam-se touros bravios; cortam-se as
cabeças das ovelhas enfermas para que as demais não sejam contaminadas; matamos
os fetos e os recém-nascidos monstruosos; se nascerem defeituosos e monstruosos
afogamo-los, não devido ao ódio, mas à razão, para distinguirmos as coisas inúteis
das saudáveis.
Devido a isso, os deficientes acabavam sendo excluídos da sociedade e
consequentemente privados de qualquer tipo de educação. Já na Idade Média, conforme
Bruno e Mota (2001) as pessoas com deficiência começaram a ser alvo de caridade e
compaixão pela igreja católica, pois este era o período de auge do cristianismo, logo, ajudar
essas pessoas era uma maneira de “ganhar” o reino dos céus, fazendo assim, com que
surgissem às primeiras instituições asilares para as pessoas deficientes.
As preocupações relacionadas à questão educacional, em especial da pessoa cega, só
começou no século XVI com Girolína Cardono que era um médico italiano que testava o
aprendizado da leitura por meio do tato, foi neste período também que Peter Pontamus,
Fleming (cego) e o padre Lara Terzi escreveram os primeiros livros sobre a educação das
pessoas cegas. Depois disso, essas ideias de ensinar utilizando o tato foram se difundindo e
ganhando força até chegar ao século XVIII onde Valentin Haüy cria em 1784 a primeira
escola para cegos, denominada Instituto Real dos Jovens Cegos. (BRUNO; MOTA, 2001,
p.26-7)
Ao pesquisar sobre a história das pessoas cegas foi possível verificar que muitos foram
os matemáticos cegos que contribuíram com o desenvolvimento da matéria e com a educação
das pessoas cegas de uma maneira em geral, um deles foi Nicholas Saunderson (1682-1739),
que segundo Lira e Brandão (2013), perdeu a visão muito cedo por causa da varíola, mas isto
não o impediu de estudar latim, grego e a matemática. Segundo os autores ele desenvolveu
uma máquina que era dividida em quatro partes iguais por meio de linhas perpendiculares aos
lados de tal modo que oferecesse os nove pontos 1,2,3,4,5,6,7,8,9,0, tal material era utilizado
para cálculos algébricos e para a descrição de figuras retilíneas, o mesmo pode ser
considerado um precursor das celas Braille e ainda pode ser comparado com o geoplano que
30
utilizamos nos dias atuais.
Entre estas várias pessoas que de alguma forma contribuíram para a educação das
pessoas cegas, uma em especial merece destaque, Louis Braille, que foi o responsável por
criar um novo sistema com caracteres em relevo que auxiliava na leitura e escrita de cegos, o
qual o torna público em 1825, chamando-o de Sistema Braille. Este sistema é formado pela
combinação entre seis pontos em relevo que resulta em 64 símbolos com os quais podemos
representar todo o alfabeto e faz com que o processo de ensino e aprendizagem das pessoas
cegas ganhe uma nova perspectiva e avance, permitindo-lhes uma maior participação social e
acadêmica. De acordo com Bruno e Mota (2001) o Sistema Braille foi também aplicado à
matemática em uma versão editada de 1837, na qual constavam os símbolos fundamentais
para algarismos, assim como convenções para a aritmética e para a geometria.
O movimento da educação de cegos surge no Brasil, conforme consta no site do
Instituto Benjamin Constant, por intermédio de José Álvares de Azevedo, o qual após
regressar de seus estudos em Paris no Instituto Real de Jovens Cegos, volta determinado a
difundir o Braille e a lutar pela criação de uma escola nos mesmos moldes daquela que havia
estudado em Paris. Foi neste momento, que ele começou a dar palestras nas casas de famílias,
escreveu e publicou artigos nos jornais da época sobre a importância dos cegos terem o seu
próprio código de leitura, começou a ensinar outros cegos a ler e a escrever, e assim se tornou
o pioneiro na difusão do Sistema Braille no Brasil, assim como o primeiro cego a
desempenhar a função de professor no país.
Uma das alunas de José Álvares de Azevedo foi, segundo Bruno e Mota (2001), Adèle
Sigaud, filha cega, do médico da corte imperial Dr. Francisco Xavier Sigaud, que
posteriormente é levada até D. Pedro II pelo pai e pelo Barão do Bom Retiro, para
apresentarem as ideias de Álvares de Azevedo de criarem no Brasil um colégio onde as
pessoas cegas pudessem estudar. Essa ideia é concretizada, através do Decreto Imperial nº
1.428 de 12 de Setembro de 1854, com a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos,
sendo este o primeiro passo concreto no Brasil para garantir ao cego o direito à educação,
contudo, a inauguração do mesmo aconteceu sem a presença de Álvares de Azevedo, pois
faleceu seis meses antes, hoje tal Instituto é denominado de Benjamin Constant (Figura 1) e é
o considerado centro de referência nacional na área da deficiência visual.
31
Figura 1: Instituto Benjamin Constant, RJ
Fonte: www.google.com.br/imghp
A partir da criação desse Instituto, começou a surgir em todo o país escolas destinadas
a estudantes cegos, entre elas, a “Escola de Cegos do Pará” criada um século após o Instituto
Benjamin Constant do Rio de Janeiro, a mesma foi criada segundo Pereira (2005, apud
BENTES; FRANÇA, 2015, p.181-2) por duas professoras do estado do Pará, Nazaré Cristo
Barbosa Nascimento e Adiles Monteiro, que realizaram um curso de especialização no
Instituto Benjamin Constant em 1953 e após o regresso ao estado tiveram a iniciativa de
implementar a educação especial no Pará criando a “Escola de cegos do Pará”. A qual iniciou
suas atividades no dia 15 de Abril de 1955 no salão nobre do Instituto Lauro Sodré, em Belém
do Pará.
De acordo com Bentes e França (2015) a escola passou por pelo menos três fases, a
chamada “educação segregadora”, a da integração e a da inclusão. Somente após um tempo, a
escola em homenagem a pessoa que iniciou com a educação de cegos no Brasil mudou seu
nome para Escola “José Álvares de Azevedo”, que posteriormente sofre outra mudança e
passa a ser o “Instituto José Álvares de Azevedo”, como mostra a Figura 2, considerado o
centro de referência na educação de deficientes visuais em Belém do Pará.
32
Figura 2: Instituto José Álvares de Azevedo, PA
Fonte: www.google.com.br/imghp
Nas décadas de 80 e 90 dois acontecimentos foram de grande importância para os
avanços nas políticas educacionais voltadas para a inclusão, um deles, foi aqui no Brasil, a
Constituição Federal de 1988 e o outro de repercussão mundial foi à criação da Declaração de
Salamanca de 1994, que ocorreu na cidade de Salamanca na Espanha, a qual veio para alterar
o cenário da educação especial até então estabelecido. Com as mudanças na legislação às
escolas a partir de então deveriam acolher todas essas crianças independentes de suas
condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas, entre outros. Em
consequência disso, a educação especial ganhou mais força e visibilidade perante a sociedade
e a comunidade acadêmica. Entretanto, ao buscar nos eventos brasileiros de Educação
Matemática os estudos que tratassem sobre a deficiência visual e a matemática, percebemos
que os mesmos só começaram a aparecer por volta dos anos de 2003 e 2007, o que nos
chamou a atenção, pois as questões ligadas à educação inclusiva já vinham sendo debatidas a
um bom tempo, o que explica o fato do número de estudos hoje em dia ainda ser
relativamente pequeno na área.
Segundo Beirigo e Cintra (2016) em relação ao Encontro Nacional de Educação
Matemática (ENEM) um dos maiores eventos na área que acontece no país, às regiões que
mais produziram sobre o assunto foram às regiões Sudeste e Nordeste, e que a região Norte
até o ano de 2016 só havia publicado dois sobre o assunto. Em virtude de tudo que foi
mencionado sobre os aspectos históricos da pessoa cega até chegar aos dias atuais, é possível
perceber a importância desse resgate para entendermos como se deu esse processo, como ele
ainda influência nas questões ligadas a educação dos cegos e os motivos pelos quais não
33
temos tantos estudos, recursos e metodologias em matemática voltada para a inclusão desse
público. Em fim, é preciso entender a história do objeto para que possamos trabalhar com ele
e avançar na produção de conhecimento em busca cada vez mais de uma educação de
qualidade para todos.
2.2 Leis e Documentos Oficiais que marcaram a história da educação especial
Nesta subseção apresentamos de forma sucinta um quadro contendo alguns dados de
leis e documentos oficiais que marcaram a história da educação especial em prol dos direitos à
educação. Após os dados tecemos alguns comentários sobre os avanços em relação ao assunto
em questão.
Quadro 1: Leis e Documentos Oficiais que dispõem sobre a Educação Especial
Lei/ Documento Oficial O que dispõem Ano
Declaração Universal dos
Direitos Humanos
No Art. 1º: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais
em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência
e devem agir em relação uns aos outros com espírito de
fraternidade”
1948
Lei 4.169
Em seu Art. 1º oficializa o uso obrigatório em todo o
território nacional, as convenções Braille, para escrita e
leitura dos cegos e o Código de Contrações e Abreviaturas
Braille.
1962
Declaração dos Direitos das
Pessoas Deficientes
Trata dos direitos das pessoas com deficiência e no Art. 3º
fala que estas têm o direito inerente de respeito por sua
dignidade humana, qualquer que seja a origem, natureza e
gravidade de suas deficiências, têm os mesmos direitos
fundamentais que seus concidadãos da mesma idade, o que
implica em viver uma vida decente, tão normal e plena
quanto possível.
1975
Constituição da República
Garante pleno desenvolvimento de todos os cidadãos, onde
no Art. 206º fala da igualdade de condições para o acesso e
permanecia na escola e no Art. 208º, inciso III diz que o
atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, deverá ser preferencialmente na rede regular de
ensino.
1988
Dispõe sobre a inclusão de pessoas portadoras de
34
Lei nº 7.853
deficiência no sistema educacional desde a pré-escola,
incluindo todas as etapas da educação, seja escola pública,
especial ou privada. E também sobra a oferta, obrigatória e
gratuita, da Educação Especial em estabelecimentos
públicos de ensino.
1989
Declaração Mundial sobre
Educação para Todos
No Art. 3º dispõe sobre a necessidade de tomar medidas
que garantam a igualdade de acesso à educação aos
portadores de todo e qualquer tipo de deficiência, como
parte integrante do sistema educativo.
1990
Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA)
No Art. 54º diz que é dever do Estado assegurar à criança e
ao adolescente atendimento educacional especializado aos
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular
de ensino.
1990
Declaração de Salamanca
Dispõe sobre princípios, políticas e práticas na área das
necessidades educativas especiais, dentre muitas
informações, no item 2 diz que toda criança possuí
características, interesses, habilidades e necessidades de
aprendizagem que são únicas e que os que tem necessidades
educacionais especiais devem ter acesso à escola regular e
que esta deve acomodá-los dentro de uma Pedagogia
centrada na criança capaz satisfazer tais necessidades.
1994
Lei 9.394- Lei de Diretrizes e
Base da Educação Nacional
Assegura as pessoas com necessidades especiais recursos
educativos, professores especializados, assim como
professores do ensino regular capacitados para a inclusão
desses estudantes, currículos e métodos para atender as suas
necessidades, entre outros.
1996
Convenção da Guatemala
Dispõe sobre a eliminação de todas as formas de
discriminação contra pessoas deficientes e o favorecimento
pleno de sua integração à sociedade. Definindo a
discriminação como toda diferenciação, exclusão ou
restrição baseada em deficiência, antecedentes de
deficiência, consequência ou percepções de deficiências,
que tenham efeito de impedir ou anular o reconhecimento,
gozo ou exercício, por parte das pessoas com deficiência, de
seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais.
1999
35
Resolução CNE/CEB Nº2-
Institui Diretrizes Nacionais
para a Educação Especial na
Educação Básica
Dispões que os alunos com necessidades educacionais
especiais devem iniciar o atendimento escolar desde a
educação infantil; No Art. 2º diz que os sistemas de ensino
devem matricular todos os alunos; Em seu Art. 3º conceitua
o que se entende por educação especial, entre outras
diretrizes relacionadas à educação especial na educação
básica.
2001
Portaria nº 2.678
Dispõe sobre adotar em todo o país uma política de
diretrizes e normas para o uso, o ensino, a produção e a
difusão do Sistema Braille em todas as suas modalidades de
aplicação, compreendendo especialmente a Língua
Portuguesa.
2002
Decreto 5.296
Regulamenta as Leis nº 10.048 e 10.098 que versam sobre a
prioridade de atendimento e normas gerais e critérios
básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com
deficiência ou mobilidade reduzidas.
Em seu Capítulo II Art. 5º dispõe sobre o que se considera
pessoa deficiente, entre as categorias temos a deficiência
visual como sendo: “cegueira, na qual a acuidade visual é
igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor
correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual
entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção
óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo
visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a
ocorrência simultânea de quaisquer das condições
anteriores.”.
2004
Decreto nº 5. 904
Regulamenta a Lei nº 11.126 sobre o direito da pessoa com
deficiência visual de ingressar e permanecer com cão-guia
em locais públicos ou privados de uso coletivo e que é
vedada a cobrança de valores, tarifas ou acréscimos pela
presença de cão-guia.
2006
Política Nacional de
Educação Especial na
perspectiva da Educação
Têm por objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas de
ensino para garantir: acesso ao ensino regular, com
2008
36
Inclusiva participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais
elevados do ensino, entre outros.
Fonte: pesquisa de campo (2017)
Após obervar o Quadro 1 notamos o quanto a legislação avançou nos últimos anos,
garantindo as pessoas com deficiência os mesmos direitos que qualquer outra pessoa, o que
inclui as questões no âmbito educacional, como a igualdade de acesso e permanência na
escola regular, o atendimento especializado, professores capacitados, currículos, métodos e
recursos que se adequem as suas necessidades e respeitem o seu tempo de aprendizagem, o
uso do Braille, de cão-guia, dentre outros.
Em busca de uma educação melhor que não exclua pelas diferenças, mas que trabalhe
com elas a seu favor, que as leis dispõem sobre a necessidade da criação de métodos,
materiais, entre outros, que venha auxiliar este processo de ensino. Por isso, caminhando
junto com as leis e os documentos oficiais que esta pesquisa vem discutir e apresentar uma
proposta de sequência didática voltada para auxiliar este processo de ensino e aprendizagem
de matemática para estudantes cegos. No entanto, antes de elaborarmos tal sequência se fez
necessário conhecer que materiais vinham sendo utilizados nesse ensino e como eles
funcionam, devido a isto, optamos por apresentar na subseção seguinte alguns desses
materiais didáticos.
2.3 Materiais Didáticos no Ensino de Matemática para Deficientes Visuais
Nesta subseção apresentamos materiais didáticos que são utilizados no ensino de
matemática para estudantes com deficiência visual, pois acreditamos que conhecê-los e saber
como funcionam é fundamental para melhorar o processo de ensino e aprendizagem de
estudantes videntes e/ou não videntes nesta disciplina.
A utilização dos materiais se justifica devido ao fato da matemática ser considerada
uma disciplina que exige muito do sentido da visão, pois nela são trabalhados muitos gráficos,
figuras no plano e no espaço, enfim, situações que requerem a visão como um dos campos de
entrada das informações que são repassadas pelos professores. No entanto, os deficientes
visuais como diz Ferreira et al (2013) acabam ficando dispersos e não compreendem bem o
que lhe está sendo ensinado, o que torna esses materiais na visão de Batista e Miranda (2015)
grandes ajudantes no processo de ensino e aprendizagem de matemática desses estudantes e
de todos os outros que de alguma maneira não conseguem aprender apenas com o uso do
37
quadro e do pincel, pois estimulam os outros sentidos, por meio das texturas, marcações em
alto relevo, escritas em Braille, dentre outros, que proporcionam um ambiente de investigação
e de manipulação permitindo que os estudantes desenvolvam os conceitos matemáticos.
O primeiro material que apresentamos é o Geoplano, que segundo Machado (2004) é
um recurso didático- pedagógico dinâmico e manipulativo que permite com que o estudante
construa, movimente e desfaça qualquer figura geométrica feita nele, o mesmo pode ser
utilizado para trabalhar problemas geométricos e algébricos, ainda segundo o autor o
Geoplano desenvolve habilidades de exploração espacial, perímetro, área, entre outros, ele é
uma etapa para que o estudante consiga abstrair os conceitos matemáticos por meio da
representação mental.
O Geoplano pode ser feito em uma base de madeira onde são cravados pregos
formando uma plataforma, para a construção das figuras e desenhos são utilizados elásticos
que podem ser coloridos para facilitar o ensino dos estudantes que podem ver e os que não
podem utilizam o tato. Atualmente já existem Geoplano feito com outros materiais que não a
base de madeira e pregos como podemos obervar na Figura 3.
Figura3: Geoplano
Fonte: www.google.com.br/imghp
Este material já foi utilizado em pesquisas na área da educação matemática tanto com
estudantes videntes como cegos, entre os estudos para os cegos, encontramos Moura e Lins
(2012) que relatam um estudo de caso com uma estudante cega e utilizam o geoplano como
ferramenta para um ensino inclusivo, ao final do estudo concluíram que o material contribuiu
positivamente para a aprendizagem da mesma; outro estudo foi o de Brandão (2013) que
utilizou de vários materiais, entre eles o geoplano, para ensinar alguns assuntos matemáticos,
38
como a geometria plana para estudantes cegos e assim como Moura e Lins (2012) concluíram
que o uso de tal material foi eficaz na aprendizagem desses estudantes.
Outro material utilizado no ensino de matemática e que pode ser trabalhado também
com deficientes visuais é o Disco de Frações. O mesmo pode ser feito de peças de madeira,
com cartolina, E.V.A, ou qualquer outro material que permita a sua manipulação sem que
machuque os estudantes e permita ao cego tatear as peças e identificar a sua forma e tamanho,
para isto, acreditamos ser necessário algumas adaptações como os números, pois os mesmos
devem ser em Braille ou em alto relevo, algo que permita com que o estudante cego
identifique que números estão sendo representados. Segundo Santos (2014) o disco de fração
permite que o professor trabalhe o conceito de fração, comparação entre números
fracionários, frações equivalentes, identificar as frações, entre outros. Tal material pode ser
visualizado na Figura 4.
Figura 4: Disco de Frações
Fonte: www.google.com.br/imghp
Quando procuramos estudos que já tivessem utilizado o disco de frações como recurso
para ensinar matemática, encontramos o de Santos (2014) o qual realizou uma pesquisa que
teve por objetivo verificar as contribuições do uso de materiais didáticos manipuláveis, neste
caso o disco de frações, no ensino aprendizagem das frações. Em seus resultados concluiu que
o uso do material permitiu com que os estudantes visualizassem o conceito de frações e
algumas aplicações que antes só viam em teoria, resumindo que o seu uso foi essencial para o
bom desempenho dos estudantes nas aulas. Tal estudo trabalhou apenas com estudantes
videntes, no entanto, por causa dos seus resultados e da maneira que foi descrita a aplicação
39
do material em sala, acreditamos que com algumas adaptações o disco de frações também
pode auxiliar no ensino de matemática para estudantes cegos.
O Sorobã é um material de origem japonesa que é usado há muitos anos nas escolas,
nas casas, pelos bancários, entre outro. Tem uma forma de manejo simples e torna o ato de
calcular em algo concreto. Este material contribui com o desenvolvimento do raciocínio e
estimula a criação de habilidades mentais. O Sorobã tem a forma retangular com uma régua
em posição horizontal quem contém traços e pontos que indicam a separação de classes, ou a
barra de frações, ou a vírgula decimal, entre outros, e divide o material em duas partes, a
inferior mais larga e a superior mais estreita, cada eixo contém cinco contas e permite a
representação dos algarismos de 0 a 9. (BRASIL, 2009)
Quando utilizado na escola, o material permite com que o professor trabalhe tanto com
o estudante vidente como com o cego às operações fundamentais, os números fracionários,
dentre outros.
Figura 5: Sorobã
Fonte: www.google.com.br/imghp
Este material já foi utilizado como recurso em alguns estudos realizados com
estudantes cegos, como foi o caso de Campos e Godoy (2008) que desenvolveram algumas
atividades utilizando o sorobã e o material dourado como recursos no ensino de matemática,
as quais foram aplicadas com estudantes videntes em virtude de não ter estudante cego na
escola de aplicação no momento da pesquisa, no entanto, ao término do estudo relataram a
importância de se utilizar tais materiais nas aulas de matemática não só com os estudantes
cegos, mas junto com os estudantes videntes, pois torna as aulas mais divertidas e contribuem
de forma significativa na aprendizagem dos estudantes como um todo.
40
O sorobã além de já ter sido utilizado em vários estudos como o citado anteriormente,
também é instituído pelo Ministério da Educação, com a Portaria nº 657 de 07 de Março de
2002, como um instrumento de inclusão de estudantes cegos nas escolas de ensino regular.
O material dourado criado pela médica e educadora italiana Maria Montessori tem
como função segundo Ferreira et al (2013) auxiliar no ensino e aprendizagem do sistema de
numeração decimal- posicional e dos métodos para efetuar as operações fundamentais. O
mesmo é composto por cubinhos que representam uma unidade cada, as barras que representa
uma dezena, a placas uma centena cada e um cubo que representa 1 milhar. Normalmente o
material dourado é feito em madeira, no entanto, pode ser criado com outros materiais como o
E.V.A. Ele é muito utilizado no ensino de matemática para estudantes cegos, devido permitir
que mesmos realizem as operações e compreendam-nas por meio do tato, tornando o ensino
mais concreto.
Figura 6: Material Dourado
Fonte: www.google.com.br/imghp
O material dourado já foi utilizado em estudos que defendem a sua utilização, como o
de Campos e Godoy (2008) relatado anteriormente e no de Sganzerla e Geller (2014) que
realizaram uma re (adaptação) do mesmo para o uso com crianças deficientes visuais tendo
como base o design instrucional, a acessibilidade e a usabilidade. Para validar tal estudo as
autoras realizam uma entrevista com professores experientes em ensinar matemática para
cegos, e concluíram que a tecnologia está presente no nosso dia a dia e que a educação pode
usar isso a seu favor, elaborando tecnologia assistiva voltada para deficientes visuais de modo
a proporcionar um ensino mais dinâmico.
Por fim, apresentamos o Multiplano que é um material que auxilia no ensino de
matemática tanto para estudantes videntes como para deficientes visuais. O mesmo é feito
41
basicamente por uma placa perfurada de linhas e colunas com furos que possuem a mesma
distância, nestes furos são encaixados pinos que possuem a cabeça plana e circular, no qual,
na sua superfície apresentam identificação numérica tanto em Braille como em algarismo indo
arábico. (BATISTA; MIRANDA, 2015)
Neste material segundo Ferreira et al (2013) podem ser trabalhados diversos
conteúdos matemáticos como equações, proporção, regra de três, funções, gráficos, entre
outros, como podemos observar na Figura 7.
Figura 7: Multiplano
Fonte: http://multiplano.com.br/
O multiplano foi utilizado em muitas pesquisas com estudantes cegos na área da
educação matemática, entre os estudos encontramos Machado (2004) que realizou um estudo
a fim de verificar se o multiplano contribui para a melhoria do processo de ensino e
aprendizagem da matemática, para tal, aplicou com um estudante cego em Araranguá/SC, e
ao término do estudo concluiu que o multiplano representa um instrumento significativo no
ensino para educandos cegos, pois possibilita a compreensão de muitos conceitos que até
então eram apenas memorizados e não faziam sentido.
Outro estudo que também aborda a questão do multiplano é o de Gaspar (2013) que
teve como objetivo analisar a utilização do material como uma ferramenta para o ensino de
geometria, para isso, os autores aplicaram uma sequência de atividades com multiplano sobre
questões de geometria plana e espacial com um estudante deficiente visual que cursava o 3º
ano do Ensino Médio e ao final do estudo concluíram que o multiplano proporciona uma
visão geométrica melhor e mais consistente além de que a viabilidade desse material é tanto
para estudantes não videntes como videntes.
42
Diante do exposto, percebemos a necessidade e a importância dos materiais concretos
no ensino da matemática, não só para estudantes cegos, mas para qualquer estudante que sinta
a necessidade de algo mais concreto para aprender o que esta sendo ensinado, pois educação
inclusiva não é somente pensar no estudante com alguma deficiência, mas sim em todos os
estudantes de tal maneira que possam aprender juntos e utilizando os mesmos recursos. Tal
importância dos materiais concretos foi também exposta quando relatamos sobre as leis
referentes à educação especial, as quais já anunciavam e anunciam ainda essa necessidade de
se criar mais materiais e métodos de ensino que venha auxiliar no processo de ensino e
aprendizagem.
Portanto, apesar de já existirem alguns materiais que trabalhem determinados
assuntos, como os quais apresentamos aqui, acreditamos ainda ser preciso avançar com a
criação de mais materiais que abordem outros assuntos, ou de outras maneiras além das quais
já existem, de modo que permitam com que os estudantes cegos tenham mais opções de
aprendizagem e possam interagir com os outros estudantes, que compreendam o que lhe está
sendo ensinado e não fiquem a margem do processo educacional.
2.4 Estudos sobre o processo de Ensino e Aprendizagem de Matemática para Deficientes
Visuais
O objetivo desta subsessão foi apresentar os resultados de um levantamento de estudos
sobre o processo de ensino e aprendizagem de matemática para estudantes deficientes visuais,
pois de acordo com Soares e Maciel (2000, p.4) esses estudos são indispensáveis “no processo
de evolução da ciência, a fim de que se ordene periodicamente o conjunto de informações e
resultados já obtidos”, favorecendo assim a organização do que se conhece sobre o assunto
pesquisado e mostrando as lacunas e fragilidades existentes, ou seja, mostrar no que as
pesquisas podem avançar a partir do que já se conhece sobre o assunto.
Primeiramente foram analisados os anais de um dos eventos mais conhecidos e
conceituados na área da Educação Matemática a nível nacional que é o Encontro Nacional de
Educação Matemática (ENEM) no qual encontramos 47 artigos científicos publicados sobre o
assunto no período de 1987 a 2016.
Após esse levantamento, buscamos em sites como: Google acadêmico, Biblioteca da
PUC-SP, UFRGR, Unicamp, Eventos na área da Educação Matemática, Revistas de Educação
Matemática, Revistas de Educação Especial, entre outras, mais estudos científicos, como
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Artigos, Monografias, Dissertações e Teses que tratassem do assunto, para que então
pudéssemos ampliar a nossa visão em relação aos estudos que já foram produzidos no campo.
Como critério de seleção dos estudos, optamos por incluir todos aqueles que
apresentavam de forma bem definida e visível: o seu objetivo/ questão de pesquisa;
metodologia adotada; técnicas de produção de informações; teorias usadas para fundamentar
caso tivessem e os seus resultados e conclusões. Os estudos encontrados até o momento foram
distribuídos em três categorias, de acordo, principalmente com base nos seus objetivos, são
elas:
Os Estudos Diagnósticos são aqueles que apresentam resultados de estudos que
buscaram diagnosticar o ensino de matemática para estudantes com deficiência visual. Nesta
categoria encontram-se 10 estudos, sendo 9 artigos e 1 monografia.
A categoria de Estudos Experimentais compreende os trabalhos relacionados a
relatos de experiência, a aplicação de materiais didáticos, de metodologias e de estratégias de
ensino voltadas para estudantes com deficiência visual. Nesta categoria encontram-se 17
estudos, sendo 15 artigos, 1 dissertação e 1 tese.
Os Estudos de Propostas Metodológicas compreendem os trabalhos relacionados a
propostas de atividades, materiais didáticos, metodologias, que não foram aplicados com
estudantes deficiências visuais. Nesta categoria encontram-se 7 estudos, todos eles artigos.
Por fim, a categoria de Estudos sobre a Formação de Professores a qual compreende
os trabalhos que abordam relatos de professores, de como se da à formação inicial, das
dificuldades de ensinar para estudantes com deficiência visual e de que maneira pode
melhorar essa formação mais voltada para a inclusão dos estudantes com deficiência visual.
Nesta categoria encontram-se 10 estudos, sendo 6 artigos, 3 dissertações e 1 tese.
Vale ressaltar que durante as sínteses dos estudos pesquisados os termos utilizados
estão de acordo com os que foram utilizados pelos próprios autores dentro de suas pesquisas,
logo, a nossa concepção sobre a nomenclatura utilizada para o público alvo não será aqui
expressa.
A seguir, apresentamos a revisão destes estudos.
2.4.1 Estudos diagnósticos
Nesta categoria encontramos 10 estudos que versam sobre o assunto, entretanto, antes
de analisarmos cada um deles, elaboramos o Quadro 2 com intuito de melhorar a visualização
dos estudos que pertencem a esta categoria.
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Quadro 2- Estudos Diagnósticos sobre o Ensino de Matemática para Estudantes com
Deficiência Visual
Natureza do
Estudo
Autor (es) Título Instituição/Eve
nto/Periódico
Artigo Calore (2007) A Etnomatemática e a Deficiência Visual:
Um Caminho para a Inclusão Cultural
IX ENEM
Artigo Costa et al
(2010)
Dificuldades do Ensino de Matemática
para Cegos segundo a opinião de
Docentes
X ENEM
Artigo Oliveira
(2010)
Os desafios assumidos na Educação
Inclusiva: Um Estudo De Caso sobre o
Ensino e a Aprendizagem na Área De
Matemática
X ENEM
Monografia Falcão (2010) Um Panorama de Estudos sobre Ensino de
Matemática para alunos com Deficiência
Visual
UEPA
Artigo Uliana (2013) A Inclusão de alunos Cegos nas aulas de
Matemática das Escolas Públicas
Estaduais de Rondônia
XI ENEM
Artigo Beirigo e
Cintra (2016)
Estado da Arte sobre a Deficiência Visual
nos trabalhos apresentados no Encontro
Nacional de Educação Matemática
XII ENEM
Artigo Moraes, Vieira
e Santos
(2016)
A Leitura em Braille: Apropriação de
Matemática para aluno adulto com
Cegueira adquirida como elevador de
Autoestima
XII ENEM
Artigo Anjos (2016) Código Matemático Unificado: da
definição às diferenças semióticas na
conversão da tinta ao Braille
XII ENEM
Artigo Uliana e Mól
(2016, a)
Os Processos de Ensinar e Aprender
Matemática e o estudante Cego: uma
análise no Estado de Rondônia
XII ENEM
Artigo Mollossi,
Menestrina e
Mandler
(2014)
Dificuldades em aprender matemática:
Análise de entrevistas com discentes com
deficiência visual
I Simpósio
Educação
Matemática em
Debate
(SIMPEMAD) Fonte: o autor (2018)
Em Calore (2007) o estudo foi de caráter etnográfico, o qual ela observou o convívio
de estudantes cegos em dois ambientes diferentes, com intuito de revelar um caminho para a
inclusão cultural dos deficientes visuais com o auxilio da etnomatemática. A pesquisa foi
através de observações e registros sobre o Instituto Riopretense dos Cegos Trabalhadores
(IRCT), que contava em média com 130 estudantes com deficiência visual, e da Escola
Estadual Cardeal Leme, que funcionou como um campo complementar, onde uma professora
45
de matemática desenvolvia atividades com três estudantes deficientes visuais pertencentes a 8ª
serie de uma sala regular, ambos localizados no município de São José do Rio Preto.
Durante as observações, a autora verificou na escola algumas possibilidades
pedagógicas que não utilizavam apenas o sentido da visão e da escrita convencional, mas que
trabalhava a questão do tato e outros recursos disponíveis para a exploração da oralidade e da
audição. Observou também que como recursos para registrar o conteúdo que era exposto em
na sala regular os estudantes cegos utilizavam de folhas sulfites e das suas máquinas de
Braille. Com as observações, segundo a autora foi possível analisar as interações sociais que
acontecem entre os indivíduos que enxergam e aqueles que não podem ver. Calore (2007) em
seu estudo retrata a importância desse tipo de pesquisa como uma maneira de ajudar na
superação de preconceitos contra as pessoas cegas e que um caminho de se combater essa
situação é através da etnomatemática.
De acordo com ela, os cegos são também difusores de conhecimentos, práticas e
comportamentos socioculturais que são determinados por uma limitação sensorial, mas que
nem por isso, devem ser considerados ineficientes ou desprezíveis, pelo contrário, segundo
ela, eles são seres humanos e como tal tem o direito a uma sobrevivência equivalente aos não
deficientes, o que para a autora, inclui o direito a um processo educacional comum, que
respeite suas especificidades. Enfim, ao término de seu estudo, ela alerta para a necessidade
de se incluir a cultura não visual em todos os ambientes sociais, para que ela possa ter a
mesma visibilidade de tantas outras culturas, pois, conforme ela é preciso uma inclusão
cultural incondicional.
No estudo de Costa et al (2010) o objetivo foi realizar um levantamento de quais
conteúdos de matemática da 5ª série do ensino fundamental são considerados mais difíceis de
serem aprendidos por estudantes cegos. Para isso, realizaram uma consulta por meio da
aplicação de um formulário, que continha desde questões dados pessoais até o grau de
dificuldade de aprendizagem dos estudantes cegos no que diz repeito a conteúdos da 5ª série
de matemática, o qual foi aplicado a 100 professores de matemática, com e sem experiência
no ensino de matemática para cegos, de 20 escolas do ensino fundamental e médio de Belém
do Pará. A metodologia utilizada buscou seguir uma abordagem quantitativa somada a
aspectos qualitativos.
Após a aplicação do formulário, os autores observaram que de acordo com os
professores com experiência os conteúdos mais difíceis dos estudantes cegos aprenderem
foram: adição e subtração de frações com denominadores diferentes; problemas em que se
conhece uma parte e se deseja conhecer outra parte ou deseja conhecer o todo; multiplicação e
46
divisão de números decimais; expressões numéricas; fatoração em números primos; figuras
geométricas, entre outros. Os conteúdos listados pelos professores sem experiência com
estudantes cegos foram quase que idênticos aos listados acima.
Com o término do estudo, Costa et al (2010) constataram que havia um consenso entre
os professores com ou sem experiência em relação a alguns assuntos de matemática da 5ª
série como sendo os mais difíceis para os estudantes cegos aprenderem e que a partir deste
dado, os autores destacam que um novo estudo poderia ser realizado em cima dessas
informações afim de que se elaborem metodologias e materiais para o ensino de matemática
nesta serie para estudantes cegos e assim auxiliar os professores em sala de aula.
Oliveira (2010) teve como objetivo identificar a metodologia adotada para o ensino e a
aprendizagem da matemática com estudantes com necessidades educativas visuais. Para tal
buscou responder as seguintes questões: “Como é trabalhada a matemática com estudantes
com necessidades educativas visuais? E qual o nível de desempenho da aprendizagem destes
sujeitos?”. A metodologia adotada foi qualitativa tendo como foco o estudo de caso do tipo
etnográfico, no que se refere às técnicas, a autora se utilizou da observação participante, de
entrevistas e da análise de documentos, mais especificamente, o projeto- político- pedagógico
da escola.
Os sujeitos participantes da pesquisa foram cinco, sendo dois deles estudantes com
necessidades educativas visuais, duas professoras itinerantes e uma professora de matemática
do ensino regular. O estudo aconteceu em uma escola estadual da cidade de Caruaru no
município do Agreste de Pernambuco. A partir das observações a autora verificou que os
estudantes com necessidades educativas visuais têm as aulas de matemática no ensino regular
apenas como ouvintes, não usam material especializado, as aulas são curtas, o que gera alguns
imprevistos já que eles precisam de um tempo maior para fazer as suas atividades e do uso de
materiais específicos.
Outro fator observado foi que nas aulas regulares não havia um acompanhamento
especializado, o que faz com que a tentativa de inclusão se torne uma prática de integração.
Em relação ao nível de desempenho desses estudantes a autora notou que isso depende
diretamente das oportunidades de aprendizagem que são criadas. Já no núcleo, em um horário
diferente das aulas, os estudantes com necessidades educativas visuais tiveram acesso a
alguns materiais como: o soroban, os sólidos geométricos, a calculadora sonora e programas
computacionais voltados para eles.
Por fim, em seu estudo Oliveira (2010) concluiu que materiais didáticos
especializados, o corpo docente com a devida formação e um ambiente adaptado são
47
fundamentais para a ampliação do conhecimento desses sujeitos, tendo um contato direto com
o conteúdo que em outro momento foi trabalhado na sala de aula do ensino regular.
No estudo de Falcão (2010) o objetivo era expor uma coletânea de estudos em
educação matemática voltada para as pessoas com deficiência visual no Brasil, com temas que
abordavam estratégias, metodologias e recursos didáticos que facilitam o processo de ensino e
aprendizagem da matemática pelos mesmos. Para tal, o autor analisou 21 estudos do tipo TCC
(Trabalho de Conclusão de Curso), dissertações, projetos de semana de iniciação científica,
encontrados em bibliotecas e na internet e que foram publicados nos anos de 2000 e 2010. Os
trabalhos escolhidos foram resumidos e apresentados seguindo a ordem: introdução,
objetivos, metodologia, resultados e conclusões.
Para organizar os estudos Falcão (2010) os separou em três categorias: estudos
diagnósticos, experimentais e recursos metodológicos. Após as análises de cada estudo, o
autor observou que de uma maneira em geral elas expressam uma visível preocupação com o
conteúdo pedagógico requerido para o ensino da matemática para ajudar as pessoas com
deficiência visual, segundo o autor, com base nesses estudos os conhecimentos pedagógicos
funcionam como mediadores para a apropriação do conhecimento matemático.
Dentre os resultados observados por Falcão (2010) temos: a tendência das pesquisas
em utilizar espaços coletivos para a reflexão sobre a inclusão de deficientes visuais; que os
professores devem buscar melhorar suas práticas educativas; a dificuldade em encontrar
trabalhos científicos que tratassem da matemática para as pessoas cegas, pois apesar dos
congressos exporem trabalhos que falavam da inclusão, poucos eram sobre as pessoas cegas;
que é preciso incorporar novos conhecimentos e metodologias com a utilização de recursos
didáticos práticos; as pesquisas qualitativas, estudos de casos e pesquisa de campo são as
metodologias mais utilizadas e por fim disse que a qualidade cientifica de alguns artigos ainda
eram baixas, porém importantes para analisar o que vem sendo discutido e o que é cabível de
se colocar em prática.
No estudo de Uliana (2013) o objetivo foi analisar o movimento da educação inclusiva
nas escolas rondonienses e diagnosticar como estava acontecendo o processo de ensino e da
aprendizagem de matemática para os estudantes cegos do Estado. Como metodologia a autora
utilizou a pesquisa qualitativa com depoimentos orais temáticos, no caso, uma modalidade da
História Oral. Os sujeitos participantes da pesquisa foram 3 estudantes cegas de escolas
públicas de Rondônia, no qual, uma cursava o ensino fundamental, uma estava no primeiro
ano do ensino médio e a outra finalizando o ensino fundamental na Educação de Jovens e
48
Adultos, além delas, participaram também 2 professores de matemática que ministravam aulas
para duas delas.
De início a autora realizou um estudo bibliográfico e depois entrevistas
semiestruturadas com questões abertas, que foram gravadas em áudio e posteriormente
transcritas com os sujeitos citados. Após as análises, Uliana (2013) observou que as alunas
estão inseridas no ensino regular, mas não são dadas as devidas condições para a sua
aprendizagem, condições estas que perpassam pelos materiais pedagógicos adaptados, a
estrutura da escola, ao currículo que respeite o seu nível e tempo de aprendizagem e
professores com a devida preparação para atender as suas peculiaridades, o que os deixa
desconfortáveis com a situação de ensinar matemática para esses estudantes.
Por fim, Uliana (2013) concluiu que as alunas cegas estavam sendo prejudicadas no
processo de aprendizagem de matemática, pois os professores não estavam preparados para
atender as suas necessidades educacionais, os livros didáticos não estavam em Braille e assim
o acesso delas aos gráficos e figuras matemáticas ficava comprometido pela falta também de
materiais pedagógicos adaptados.
Beirigo e Cintra (2016) tiveram como objetivo apresentar o estado da arte das
pesquisas que envolvem a deficiência visual publicadas em todos os anais do Encontro
Nacional de Educação Matemática. Como metodologia os autores adotaram a pesquisa
qualitativa na modalidade “estado da arte”. O campo de pesquisa constituiu-se do
levantamento dos artigos que abordavam a deficiência visual, publicados nas 11 edições do
ENEM, que foram da I a XI edição, encontrando ao todo 38 trabalhos.
Durante o estudo os autores observaram que nas oito primeiras edições do evento o
assunto em questão não foi abordado, embora o tema já aparecer na Constituição Federal de
1988, ou seja, desde a sua VI edição. Segundo eles apenas a partir de 2007 é que surgiram no
evento os primeiros trabalhos voltados para essa vertente, sendo a maioria deles para o
desenvolvimento de metodologias para o ensino da matemática para estudantes com
deficiência visual. Conforme, Beirigo e Cintra (2016) o Sudeste e o Nordeste são as regiões
brasileiras que mais produziram artigos nessa temática da deficiência visual.
Por fim, os autores concluíram que a apesar da deficiência visual ter ficado quase 20
anos sem ser abordada num dos mais importantes eventos da área de Educação Matemática,
ela vem ganhando repercussão nos eventos acadêmicos, os quais acreditam serem por causa
dos avanços da legislação brasileira, e dentro desse novo cenário os autores deixam algumas
indagações como: “As propostas metodológicas pesquisadas são conhecidas pelos professores
49
da educação básica? Como é a formação dos futuros professores de Matemática no que se
refere ao ensino de pessoas com deficiência visual?” (BEIRIGO e CINTRA, 2016, p. 11).
Moraes, Vieira e Santos (2016) o objetivo era verificar através da utilização do Código
Braille se um estudante com deficiência visual iria apropriar-se de estruturas da matemática
em matemática comercial a partir de utilização de elementos de sua própria vivência e com
isso elevar a sua autoestima. Os autores fizeram um comparativo entre o EJA e uma escola
especializada de Belém do Pará, no bairro de Batista Campos em sala de recursos e com
atendimento de professor especializado, por meio da descrição da vivência de um estudante
com deficiência visual. A abordagem utilizada por eles foi de caráter qualitativo e os
procedimentos técnicos baseados na pesquisa-ação.
Ao término do estudo os autores observaram que a escola do EJA não teve estruturas
físicas adequadas, não teve equipamentos para a preparação de materiais adequados, a
interação era com estudantes sem a deficiência visual, o professor não era especializado, os
textos em escritos “negro”, ou seja, sem ser em Braille e não tiveram recursos pedagógicos. Já
na escola especializada, teve estrutura física compatível com a necessidade do estudante,
possuía os equipamentos especializados, os textos eram em Braille, os recursos eram táteis,
acessíveis, o professor especializado e o estudante teve interação com outros estudantes com
deficiência visual.
Portanto, Moraes, Vieira e Santos (2016) concluíram que na escola especializada o
estudante em questão melhorou: a autoestima, a confiança no aprendizado, a relação
professor-estudante e desenvolveu a escrita Braille. Segundo os autores os recursos
pedagógicos auxiliaram na melhora das condições para o aprendizado assim como o bom
acolhimento por parte do professor, sendo assim, relataram que não basta apenas o professor
estar preparado para trabalhar com estudantes com deficiência visual, a escola também precisa
estar, seja ela especializada ou regular, pois, seria mais interessante se o ambiente desse
desenvolvimento fosse escolas com perspectivas inclusivas e não apenas nas especializadas.
Anjos (2016) teve como objetivo apresentar e analisar o Código Matemático
Unificado para a Língua Portuguesa (CMU),a apresentação se tratou da sua definição e
história, já a análise tratou de uma notação geométrica (segmento de reta) em relação ao
fenômeno da não congruência semântica em Raymond Duval. Como metodologia a autora
utilizou a pesquisa qualitativa.
Durante o estudo a autora observou diferenças semióticas na conversão da tinta ao
Braille na escrita de expressões algébricas e na notação geométrica, entretanto, para este
artigo ela se restringiu a mostrar e discutir sobre as diferenças encontradas na notação
50
geométrica, mas especificadamente na notação de segmento de reta. Analisando a escrita em
língua natural (tinta) e a escrita em Braille a autora observou o fenômeno da não congruência
devido ao descumprimento de dois dos três critérios de congruência, que segundo ela pode
interferir na leitura dessas notações, assim como no tempo de resolução de problemas em
matemática quando o estudante precisa escrever em Braille devido essa diferença semiótica
apresentada na conversão da notação, deixando a leitura mais lenta e cansativa por causa da
grande quantidade de símbolos utilizados.
Ao término do estudo Anjos (2016) constatou o fenômeno da não congruência
semântica na conversão da tinta ao Braille na escrita da notação geométrica, evidenciando um
aumento no número de caracteres durante a conversão, o que acaba influenciando de forma
negativa o aprendizado do estudante cego em matemática, pois a leitura e escrita em Braille se
tornam mais lentas e cansativas, devido esse aumento nos caracteres. Portanto, a autora diz
que cabe ao professor de matemática entender essas dificuldades do estudante cego e oferecer
um tempo maior para a realização das atividades, assim como também alerta para a
necessidade de se revisar o Código quanto ao que foi exposto, como quanto a equívocos na
simbologia matemática e na forma de apresentação do documento.
O estudo de Uliana e Mól (2016, a) teve como objetivo investigar como está
acontecendo os processos de ensino e de aprendizagem da matemática para estudantes cegos
do Ensino Médio no Estado de Rondônia. Para tal, buscam responder a seguinte questão:
“Como tem agido pedagogicamente os professores de estudantes cegos do Ensino Médio
matriculados em escolas rondonienses?”. Como metodologia, optaram pela abordagem
qualitativa que teve como participantes três estudantes cegos. Os instrumentos para a coleta
de dados foram: uma entrevista semiestrutura gravada em áudio, que posteriormente foi
transcrito e analisado por meio da técnica de análise de conteúdo.
Uliana e Mól (2016, a) constataram que os estudantes cegos não estão tendo
oportunidades de participarem ativamente do processo de aprendizagem da matemática,
devido ao fato dos estabelecimentos não possuírem recursos didáticos adequados ou os
professores não os utilizarem para que os estudantes cegos possam ter acesso aos elementos
da matemática pelos outros sentidos, o que faz com que acabem sendo deixados de lado desse
processo. Além desses fatores, observaram que os professores não estão preparados para o
trabalho pedagógico com esses estudantes, pois não conhecem suas especificidades e chegam
às vezes a ignorar a presença deles em sala de aula.
Por fim, os autores concluíram que os estudantes cegos estão frequentando as escolas
regulares, mas não estão inclusos, ou seja, por mais que se tenha defendido e divulgado as
51
políticas e processos educacionais de inclusão de estudantes com deficiência, ainda existem
muitas barreiras a serem vencidas na prática.
O estudo de Mollossi, Menestrina e Mandler (2014) teve como objetivo analisar as
dificuldades apresentadas por deficientes visuais na aprendizagem de matemática, por meio
de entrevistas realizadas com frequentadores da Associação Joinvilense para Integração dos
Deficientes Visuais (AJIDEVI). As entrevistas contaram com 22 estudantes, cegos ou com
baixa visão, e foram realizadas em quatro encontros, normalmente de 15 minutos, nos quais
foram abordadas temáticas como: preconceito, despreparo dos professores, falta de
infraestrutura escolar adaptada e materiais didáticos adequados.
A partir das entrevistas os autores perceberam que existem diversos impedimentos que
os estudantes deficientes visuais esbarram, entre eles: (1) preconceito da comunidade escolar;
(2) descaso familiar; (3) carência na infraestrutura; (4) falta de formação específica para os
professores e (5) escassez de materiais didáticos adaptados. Por fim ao final do estudo,
Mollossi, Menestrina e Mandler (2014), levantaram a questão do fato de que talvez o maior
impedimento em aprender não esteja na deficiência do estudante, mas na deficiência do
sistema.
Em relação a esta categoria, foi possível observarmos que de uma maneira em geral os
estudos convergem em alguns pontos, como: o fato de que muitos professores não estão
qualificados para trabalharem com estudantes com deficiência visual; estes estudantes estão
ficando à margem do processo de aprendizagem, pois não participam efetivamente das aulas,
estão presentes apenas como ouvintes; não existem muitos materiais e recursos pedagógicos
adaptados para o ensino de matemática para deficientes visuais e o tempo disponível para a
realização das atividades normalmente são curtos, quando na verdade deveriam ser mais
longos por causa do tempo gasto na leitura e escrita em Braille.
2.4.2 Estudos Experimentais
Nesta categoria encontramos 17 estudos sobre o assunto, entretanto, antes de
analisarmos cada um deles, elaboramos o Quadro 3 com intuito de melhorar a visualização
dos estudos que pertencem a esta categoria.
52
Quadro 3- Estudos Experimentais sobre o Ensino de Matemática para Estudantes com
Deficiência Visual
Natureza do
Estudo
Autor (es) Título Instituição/
Evento/
Periódico
Artigo Fernandes e
Healy (2007)
As Concepções de alunos Cegos para os
conceitos de Área e Perímetro
IX ENEM
Artigo Segadas et al
(2007)
O Ensino de Simetria para Deficientes Visuais IX ENEM
Artigo Souza (2007) Soroban: Potencializando a construção de
nosso Sistema de Numeração e de vias para
Inclusão de alunos com Necessidades Visuais
IX ENEM
Artigo Lira e Brandão
(2010)
Deficiência Visual e o Ensino de Geometria X ENEM
Artigo Silva e Peixoto
(2010)
A pesquisa com alunos cegos: O Soroban
mediando a aprendizagem do Sistema de
Numeração Decimal
X ENEM
Artigo Tavares et al
(2010)
Educação Inclusiva – construindo condições de
acessibilidade em sala de aula de matemática
X ENEM
Artigo Palmeira e
Wagner (2013)
Matemática no Ensino Médio: possibilidades
de inclusão
XI ENEM
Artigo Vita e Kataoka
(2013)
O envolvimento de alunos cegos na construção
de uma Maquete Tátil para a Aprendizagem de
Probabilidade
XI ENEM
Artigo Strottmann,
Schuck e Schein
(2013)
Material Concreto para o desenvolvimento do
Conceito do Teorema de Pitágoras para
Portadores de Deficiência Visual
XI ENEM
Artigo Kaleff, Rosa e
Telles (2013)
Um caminhar à busca da inclusão: observações
sobre aplicações de atividades adaptadas para
o Deficiente Visual
XI ENEM
Artigo Monteiro et al
(2013)
O uso de materiais adaptados no ensino da
matemática para o aluno Cego e com Baixa
Visão
XI ENEM
Artigo Santos (2016) A aprendizagem de conceitos básicos de
Probabilidade por uma dupla de estudantes
cegos e videntes mediados pela Maquete Tátil
XII ENEM
Artigo Araújo e Sales
(2016)
O tabuleiro de decimais em uma classe
inclusiva: uma possibilidade para alunos com
deficiência visual
XII ENEM
Dissertação de
Mestrado
Costa (2014) Percepção Espacial de Deficiente Visual por
meio da Modelagem Matemática
Pontifícia
Universidade
53
Católica do
Rio Grande
do Sul
Tese de doutorado Lopes (2012) Estratégias de mediação para o ensino de
matemática com objetos de aprendizagem
acessíveis: um estudo de caso com alunos com
deficiência visual
Universidade
Federal do
Rio Grande
do Sul
Artigo Manrique e
Ferreira (2010)
Mediadores e Mediação: a inclusão em aulas
de matemáticas
Revista
Contraponto
s
Artigo Healy e
Fernandes (2011)
Relações entre atividades sensoriais e artefatos
culturais na apropriação de práticas
matemáticas de um aprendiz cego
Educar em
Revista
Fonte: o autor (2018)
Fernandes e Healy (2007) o objetivo foi discutir atividades que envolvessem os
conceitos geométricos de perímetro e área de figuras planas. A amostra foi composta por
quatro estudantes com cegueira congênita que estavam matriculados em classes inclusivas em
uma Escola Estadual de São Paulo. Como referencial teórico, utilizaram os estudos sobre
Pavanello (2004), Douady e Perin-Glorian (1989) e Nunes, Light e Mason (1993) os quais
tratam sobre a formação de conceitos. Para análises usaram o construto de Renshaw (1996) e
Vygotsky (1998) que discutem sobre a questão dos pseudoconceitos.
As atividades foram realizadas em dupla, cada uma, acompanhada de uma
pesquisadora, a sessão de aproximadamente 60 minutos foi videogravada, pois segundo as
autoras isso favorece a análise das estratégias utilizadas pela os estudantes. Para a elaboração
das atividades o foco principal foi o favorecimento de estímulos hápticos, já que de acordo
com elas este é um dos principais canais de aquisição de informação dos estudantes cegos. No
inicio, Fernandes e Healy (2007), investigaram as concepções de cada um dos estudantes
sobre os conceitos de área e perímetro, após isso, realizaram três atividades, sendo a última, a
responsável por verificar se os pseudoconceitos iniciais haviam se transformado em um
conceito mais abstrato e geral.
Com o término do estudo, as autoras puderam constatar que o uso desses
procedimentos de medição em ferramentas materiais associado às ferramentas dialógicas, na
maioria das vezes, traz resultados positivos, pois o estudo mostrou que os estudantes tiveram
uma noção sobre os conceitos, mas que não sabiam ao certo o seu significado, ou seja, traziam
pseudoconceitos sobre área e perímetro, e com as atividades conseguiram formar conceitos
mais maduros e abstratos para esses termos, no início os estudantes também demonstraram
certo conflito entre os termos: área, perímetro e dimensões, assim como seus significados
geométricos, somente após as atividades é que esses conflitos foram se dissipando.
54
Enfim, Fernandes e Healy (2007) relataram que o uso de ferramentas materiais e
dialógicas em salas de aula inclusivas podem sim favorecer o processo de aprendizagem para
todos os estudantes, seja eles com ou sem necessidades especiais, pois elas defendem uma
proposta de inclusão que favoreça ao estudante incluso integra-se com seus pares e com o
saber.
No estudo de Segadas et al (2007) o objetivo foi discutir sobre pontos essenciais para
o aprendizado de geometria, mas especificadamente, da simetria, para o deficiente visual,
através do relato de experiências realizadas com esses estudantes no ano de 2006. As
atividades foram realizadas em três locais diferentes: um foi com 12 estudantes da 5ª serie de
uma escola especializada para deficientes visuais, o Instituto Benjamin Constant (IBC); outro
com uma aluna incluída na 7ª série em uma escola regular, Colégio Brigadeiro Newton Braga
(CBNB) que nunca havia estudado geometria, ambas no Rio de Janeiro e a outra foi com 34
estudantes sem deficiência visual da 5ª série do ensino regular da Escola Municipal Ary
Barroso. No IBC e no CBNB foram utilizados para registro das atividades o gravador e a
máquina fotográfica.
Segadas et al (2007) aplicaram ao todo oito atividades sobre geometria, em particular
sobre simetria. Com as atividades, perceberam que os exercícios em que o eixo de simetria
estava no interior da figura ou era uma parte dela, favoreciam que o estudante trabalhasse no
nível intrafigural, já nas figuras em que o eixo estava fora, havia segundo os autores a
necessidade de se trabalhar no nível interfigural, pois o estudante precisaria considerar como
uma se transformou na outra.
Outra observação feita pelos autores foi da importância dos instrumentos como uma
forma de auxiliar a pessoa com deficiência. De acordo com eles, o trabalho com estudantes
sem a deficiência de uma turma regular teve uma importância relevante, pois desta maneira,
puderam verificar que algumas das dificuldades observadas nos estudantes deficientes
também estavam presentes nos videntes, logo, não era algo particular. Por fim, destacaram a
cooperação entre os cegos durante as atividades e que é possível o processo de inclusão desses
estudantes desde que se forneça a eles um auxilio extra-classe.
Souza (2007) em seu estudo teve como objetivo realizar reflexões sobre o resgate do
ábaco nas salas de aulas das séries iniciais a partir de uma sequência de atividades, por meio
do projeto de extensão Soroban do Colégio de Aplicação UNIVALI (CAU), sua amostra
contou com 157 estudantes da quarta e quinta séries do Ensino Fundamental, sendo dois com
necessidades visuais, do CAU e de escolas municipais. Para registro dos comportamentos dos
55
estudantes e de tudo que viesse ocorrer durante a aplicação da sequência a autora se utilizou
de um diário de campo.
Durante a aplicação das atividades Souza (2007) observou que os estudantes
mostraram-se mais motivados, ficavam felizes por saberem usar o instrumento, os estudantes
cegos ficavam alegres por conseguirem participar das competições de rapidez utilizando o
ábaco no desenvolvimento de registro e operações, o estranhamento inicial por ter estudante
cego nas salas foi sendo substituído segundo a autora por um pensamento de igualdade, onde
os outros estudantes percebiam as potencialidades e habilidades adquiridas pelos cegos para
dominar o instrumento. No momento de resolver os problemas com as operações, poucos
estudantes conseguiram resolver, pois não podiam usar papel e lápis. Outro fator destacado
pela autora foi a questão de uma das alunas cegas não teve familiaridade com o ábaco e não se
sentiu motivada em aprender como usa-lo, pois ela já realizava as contas usando feijões e a
escrita Braille.
Sendo assim, ao concluir seu estudo Souza (2007) relatou que o ábaco foi uma criação
adaptada para os cegos, mas que pode ser utilizada com os videntes, pois valoriza o raciocínio
lógico sobre o nosso sistema de numeração na própria operacionalização do instrumento, além
de que o mesmo auxilia na inclusão dos estudantes cegos em ambiente regular. Por fim,
destaca a importância do investimento na formação continuada dos professores para que eles
possam ser estimuladores do instrumento em sala e assim potencialize a aprendizagem do
nosso sistema de numeração, assim como a inclusão para estudantes cegos a partir de ações
como essa que ela desenvolveu.
Em Lira e Brandão (2010) o objetivo foi estruturar um método de ensino de geometria
plana para estudantes cegos congênitos incluídos em escolas regulares a partir de atividades
que fazem parte da sua vida, como a Orientação e Mobilidade. Para esse método utilizou-se
também da confecção de maquetes que acontecia após as aulas de Orientação e Mobilidade.
Na metodologia, trabalharam o estudo de caso, como referencial teórico, sobre a compreensão
da formação de conceitos, usaram Vygotsky e para categorias de análise utilizaram o método
de Van Hiele.
A mostra foi composta por cinco estudantes com cegueira congênita que estudavam
em escolas regulares e eram atendidos pelo Centro de Apoio Pedagógico para atendimento de
pessoas com deficiência visual localizado em Fortaleza, para analise os autores usaram os
diálogos, as respostas escritas e os gestos dos estudantes durante as atividades.
Ao todo foram realizados 20 encontros que foram divididos em três etapas, a primeira
aconteceu em 10 encontros onde foi realizado a apresentação dos conceitos relacionados à
56
Orientação e Mobilidade, na segunda etapa aconteceram 6 encontros, sendo 4 para a aplicação
de dois testes e 2 para a nova aplicação do segundo teste, por fim na terceira etapa, aconteceu
por volta de dois meses e nela foi realizado mais 4 encontros para verificar se os estudantes
ainda faziam uso coerente do que haviam aprendido, isto é, se nas situações cotidianas ainda
identificavam os conceitos matemáticos vivenciados.
Lira e Brandão (2010) trabalharam os conceitos de triângulos, quadriláteros e simetria
de maneira espontânea durante as atividades de Orientação e Mobilidade, já na confecção das
maquetes os autores buscaram apresentar esses conceitos de maneira formal, caracterizando-
os como conceitos científicos. Com o término do estudo, puderam constatar que uma linha,
por exemplo, para um cego é a memória de uma sequência de sensações do tato, dispostas na
direção de uma linha esticada, ou de um objeto como a bengala longa, sem quebras ou dobras,
outro fato constatado por eles foi que o método funciona, pois por meio deste e com base nos
níveis de Van Hiele de ensino de Geometria, dois dos estudantes estão após as atividades no
nível 3, ou seja da dedução, e três no nível 2 da ordenação.
No estudo de Silva e Peixoto (2010, b) o objetivo foi investigar as contribuições dos
diálogos instrucionais na aprendizagem das operações com o Soroban, assim como também
conhecer como as ferramentas podem transformar-se progressivamente em instrumentos de
aprendizagem durante uma atividade e descobrir o nível de usabilidade do Soroban nas
operações fundamentais com usuários cegos. Como fundamentação teórica os autores
utilizaram a Teoria da Instrumentação de Rabardel, adaptando ao estudo o modelo de
Situações de Atividades Instrumentais de Rabardel e Verillon.
O estudo ocorreu em três etapas: Na primeira foi realizado um levantamento
diagnóstico para traçar o perfil dos estudantes cegos das cidades de Ilhéus e Itabuna,
selecionando eles entres os quais conheciam e sabiam utilizar minimamente o soroban, para
que assim participassem da pesquisa, neste caso, dois estudantes do ensino fundamental e dois
do ensino médio foram selecionados; Na segunda etapa aconteceu o experimento que
continha nove tarefas de introdução ao Soroban e oito sobre problemas aditivos e
multiplicativos, sendo esta etapa gravada e filmada. Por fim, na terceira etapa foi feito a
análise dos dados.
Silva e Peixoto (2010, b) em suas análises parciais constataram que o Soroban é pouco
conhecido nas escolas e nos órgãos de apoio aos estudantes deficientes visuais; que esse
instrumento deve ter sua estrutura física adaptada ao seu usuário; que ele possibilita a efetiva
inclusão dos estudantes cegos na escola; enfim, concluem que outras técnicas de cálculo
57
devem ser ensinadas para que os estudantes compreendam o que ocorre quando realizamos o
desenvolvimento dos algoritmos.
Em Tavares et al (2010) o objetivo foi apresentar uma pesquisa do projeto “Educação
Inclusiva- Construindo condições de acessibilidade em sala de aula de matemática” a qual se
encontrava em fase inicial que teve como intuito sistematizar, a partir da elaboração do
material, as várias etapas da confecção e utilização de recursos didáticos adaptados ao ensino
de estudantes com deficiência visual, de maneira que permitisse a sua inclusão nas aulas de
matemática. Como metodologia os autores utilizaram a pesquisa qualitativa e como
modalidade de pesquisa o estudo de caso.
O estudo trabalhou com o tema funções e também sólidos geométricos, o qual foi
composto por 4 etapas: A primeira foi referente a revisão bibliográfica; na segunda etapa foi
confeccionado os materiais didáticos adaptados para o ensino e a aprendizagem de
matemática para estudantes com deficiência visual e também responsável pela elaboração de
atividades relacionadas a esses materiais; na terceira etapa ocorreu a aplicação das atividades
durante as aulas de matemática em uma turma regular que continha estudantes com
deficiência visual e por fim na quarta etapa aconteceu a análise dos dados, sistematização dos
resultados e compartilhamento dos resultados com os professores de matemática por meio de
oficinas.
Ao término do estudo Tavares et al (2010) relatou que existe uma carência muito
grande quando o assunto é alternativas metodológicas e práticas em sala de aula que
produzam significado em matemática para estudantes com deficiência visual, outro fator
observado por eles foi que os cursos de licenciatura de uma maneira em geral não possuem
disciplinas que habilitem os futuros professores a trabalhar com esses estudantes com
necessidades especiais.
Palmeira e Wagner (2013) tiveram como objetivo compreender as interações e
mediações de ensino e aprendizagem que ocorreram entre professor de matemática e
estudantes de uma turma regular do 3º ano do ensino médio, dentre eles estudantes com
deficiência visual, numa perspectiva de aprendizagem inclusiva, assim como também,
investigar que estratégias e práticas de ensino possibilitavam a aprendizagem de matemática e
inclusão de todos. O estudo ocorreu em uma Escola Pública Estadual de Vitória, em uma
turma de 3º ano do ensino médio com 19 estudantes, no qual, 4 estudantes eram deficientes
visuais.
Nesse estudo, as autoras trouxeram o registro e análise de duas atividades realizadas
em sala de aula e que utilizavam como abordagem a resolução de problemas de conceitos
58
matemáticos já estudados. Após a aplicação das atividades as autoras verificaram que
trabalhar com os jovens em grupos, independente de suas habilidades e ou deficiências, tem
um grande potencial, assim como práticas de ensino diferenciadas que possibilitam que os
jovens compreendessem tópicos matemáticos. Palmeira e Wagner (2013) alertam para
algumas questões como, o cuidado que devemos ter quando planejarmos atividades para
turmas onde existam estudantes com alguma deficiência; o planejamento de atividades deve
estimular a interação e entrosamento entre todos os estudantes; atividades que envolvam
materiais para manipulação e estimulação do tato para o ensino de matemática tanto de
estudantes videntes como de estudantes cegos.
Por fim, Palmeira e Wagner (2013) dizem que mais importante que recursos é a
postura do professor e de estudantes durante as aulas e que todos os estudantes interessados
em aprender em ambientes escolares tem o direito e merecem desenvolver sua autonomia
intelectual e interagir com outros estudantes independente de suas particularidades.
No estudo de Vita e Kataoka (2013) o objetivo foi analisar o envolvimento de quatro
estudantes cegos nas adaptações/construções de uma maquete tátil para a aprendizagem de
Probabilidade, a partir dos conceitos de mapa mental e de contextualização. Ao todo foram
feitos 5 protótipos de maquete, entretanto, os quatro primeiros foram descartados, pois, de
acordo com as autoras o primeiro teve incongruência com as tarefas da sequência de ensino, o
segundo era inadequado após manuseio, o terceiro não se adequava às tarefas, o quarto
apresentava excesso de informação no tabuleiro o que dificultava o manuseio pelos estudantes
cegos, restando apenas o quinto com um tabuleiro simplificado e representou a maquete tátil
composta de tarefas e artefatos.
Ao fim do estudo Vita e Kataoka (2013) verificaram que os mapas mentais de
estudantes cegos construídos a partir de suas vivências permitem potencializar ou limitar sua
aprendizagem de conceitos básicos de Probabilidade. Outro ponto que as autoras destacaram é
a contextualização como um recurso didático que precisa ser sutilmente proposto, pois pode
distanciar o aprendiz do campo do objeto matemático. Por fim, relatam que o estudante
portador de alguma deficiência tem potencial para um desenvolvimento normal, restando
apenas integrá-lo socialmente.
No estudo de Strottmann, Schuck e Schein (2013) o objetivo foi identificar que tipo de
material auxilia o estudante portador de deficiência visual na construção do conceito do
Teorema de Pitágoras e como esse estudante se comporta com o mesmo material. Para tal,
buscaram responder a seguinte questão de pesquisa: “Qual a importância do material
manipulável na construção do Teorema de Pitágoras para um estudante portador de
59
deficiência visual?”. O material elaborado é inteiramente fundamentado nas ideias das
orientações para pais e professores do Instituto Benjamim Constant e para a sua construção
foi preciso lixa preta e placas de EVA com cores variadas e vibrantes, pensando nos
estudantes com baixa visão.
Depois da construção da atividade, a mesma foi aplicada a um estudante deficiente
visual de uma escola pública municipal de Taquara/RS em um momento separado da aula
regular. Após a aplicação, Strottmann, Schuck e Schein (2013) constataram que o material
mostrou-se útil para a abordagem do conteúdo em questão e possibilitou a construção
concreta do teorema e posteriormente da fórmula por discentes deficientes visuais dotados de
baixa visão de forma mais significativa do que uma simples explicação do professor, o que
tornou o conteúdo de simples entendimento e o material concreto de fácil manuseio podendo
ser utilizado por estudantes videntes de forma igual.
Kaleff, Rosa e Telles (2013) tiveram como objetivo apresentar observações sobre
aplicações de atividades didáticas para estudantes com deficiência visual, desenvolvidas e
adaptadas em projetos de monitoria, pesquisa e extensão, no Laboratório de Ensino de
Geometria do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade Federal Fluminense em
Niterói- RJ. As aplicações ocorreram no Instituto Benjamin Constant com estudantes do
ensino fundamental e no Colégio Pedro II com estudantes do ensino médio, ambos
localizados no Rio de Janeiro.
A amostra no Instituto Benjamin em 2009 foi de 15 estudantes do 3º e 4º ano e 10
professores, dentre eles videntes, cegos e com baixa visão, em 2010 teve 25 estudantes e 13
professores, dentre esses somente videntes e cegos, neste ano ainda houve a participação de
alguns estudantes do programa diferenciado que correspondia a turmas de Educação de
Jovens e Adultos. No Colégio Pedro II participaram estudantes cegos e com baixa visão de
classes regulares do ensino médio, em 2011 foram 5 estudantes e 1 professora vidente e
especialista em estudantes deficientes e em 2012 foram 7 estudantes e a mesma professora.
Kaleff, Rosa e Telles (2013) relataram que o conjunto de todas as atividades e os
artefatos didáticos aplicados seguiam os princípios educacionais disponibilizados nos
Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de matemática e eram confeccionados com
materiais de sucata ou de baixo custo, normalmente encontrados no comércio. Dentre as
atividades trabalhadas estavam jogos de frações, tangrans, jogos artísticos geométricos com
lagartos para o ensino de polígonos equivalentes, entre outros. Enfim, ao concluírem o estudo
os autores disseram que as atividades de uma maneira geral foram enriquecedoras tanto para a
equipe que elaborou os materiais quanto para os estudantes e professores das duas escolas
60
envolvidas e que o fato de serem feitas com materiais de baixo custo viabilizam a sua
implementação nas escolas.
Monteiro et al (2013) tiveram como objetivo analisar a importância do uso de
materiais adaptados no ensino e aprendizagem da matemática para o estudante cego e com
baixa visão, ressaltando os benefícios trazidos pelos mesmos. Como metodologia os autores
utilizaram da pesquisa qualitativa na modalidade da pesquisa-ação, os quais analisaram livros
e artigos e aplicaram atividades com materiais adaptados para visualização do desempenho
dos estudantes. A aplicação ocorreu no Colégio Estadual João Turin, no 6º ano C do período
matutino, na turma havia 35 estudantes dentre eles 3 apresentavam baixa visão.
O estudo envolveu os sólidos geométricos, as nomenclaturas, vértices, faces, arestas e
planificações, conteúdos que já haviam sido trabalhados pela professora da turma. Os sólidos
levados para a sala de aula tinham sido confeccionados em EVA, papel cartão e isopor, além
de suas planificações também em EVA, para que os estudantes pudessem manipula-los à
vontade, explorando cada aspecto relevante de cada figura. Após a manipulação com os
sólidos os autores entregaram algumas atividades digitadas e adaptadas às necessidades de
cada estudante para que eles apontassem o número de vértices, faces, entre outros que
descreviam o formato do sólido que estava sendo apresentado.
Por fim, Monteiro et al (2013) ao concluírem seu estudo constataram que o
desempenho dos estudantes nas atividades foi melhor e que o ensino de matemática para
estudantes cegos ou com baixa visão é possível com a utilização de materiais adaptados e
manipulativos, pois eles favorecem o aprendizado dos estudantes, seja ele deficiente visual ou
não, segundo os autores, esses materiais podem ser confeccionados pelos professores e
estudantes com recursos de baixo custo. Outro fator destacado foi que o uso desses materiais
envolve toda a turma em uma mesma estratégia de aprendizagem e faz com que os estudantes
adquiram autoconfiança e autonomia para continuar seus estudos.
No estudo de Santos (2016) o objetivo foi investigar a aprendizagem dos
conhecimentos básicos de Probabilidade de uma dupla de estudantes cegos e videntes
mediada pela maquete tátil. Como metodologia a mesma utilizou da pesquisa qualitativa e os
resultados foram analisados à luz do Letramento Probabilístico assim como por aproximação
de pesquisas correlatas. Os sujeitos participantes da pesquisa foram três duplas formadas por
um estudante com deficiência visual e outro vidente, matriculados no ensino regular do ensino
médio. A coleta de dados foi feita por meio de filmagens, registros escritos, áudio - gravações
e fotografias.
61
Segundo a autora a maquete tátil foi desenvolvida para se trabalhar conceitos básicos
de Probabilidade como: espaço amostral, eventos simples e compostos, situação
determinística, experimento aleatório, frequência esperada, observadas e padrões observados
e esperados. E é composta por tarefas de reconhecimento tátil do instrumento, tarefas de
sequencia de ensino e artefatos como tabuleiro, fichas, entre outros.
A autora ao término do estudo verificou que dos diversos aspectos dos conceitos
básicos de Probabilidade explorados a dupla possuiu noções intuitivas de temas como
aleatoriedade e chance, tiveram dificuldade, principalmente o estudante vidente, em registrar
os movimentos feitos no tabuleiro, à relação de cooperação entre as duplas foi de encontro ao
que a autora esperava, pois durante a aplicação notou que em muitos casos o estudante cego
foi quem conduziu e explicou a tarefa ao estudante vidente. Por fim, Santos (2016) alegou que
de um modo geral as tarefas contribuíram para a abordagem de alguns elementos presentes no
Letramento Probabilístico e que a maquete tátil é um recurso que pode ser utilizado na
aprendizagem de forma compartilhada com estudantes cegos e videntes.
No estudo de Araújo e Sales (2016) o objetivo foi avaliar a potencialidade do
Tabuleiro de Decimais para o ensino de números decimais em operações aditivas voltadas a
estudantes com deficiência visual e sem deficiência visual em uma turma inclusiva em uma
escola regular no município de Belém do Pará. O estudo foi desenvolvido na perspectiva
qualitativa utilizando como metodologia a pesquisa-ação, os sujeitos foram oito discentes
participantes da turma inclusiva, sendo um destes estudantes com deficiência visual.
Os autores inicialmente realizaram a aplicação de uma sondagem com 20 questões aos
discentes participantes da pesquisa, envolvendo atividades com os números decimais, com
intuito de compreender qual era o entendimento dos mesmos sobre o conceito e operações
aditivas do referido conteúdo. Após isso, realizaram a fase de intervenção a qual ocorreu em 5
sessões com atividades envolvendo o uso do Tabuleiro de Decimais, ao final foi aplicado uma
outra sondagem para verificar se houve êxito no entendimento dos estudantes após a
intervenção.
Por fim, Araújo e Sales (2016) concluíram que o uso do Tabuleiro de Decimais
representou um relevante aumento da compreensão nas operações aditivas com os números
decimais pelos discentes, seja ele com ou sem deficiência visual, possibilitou também um
maior acolhimento, integração e socialização entre os discentes como uma ferramenta para
diminuir o processo de segregação, valorizando assim a inclusão dos estudantes com
necessidades educativas especiais junto à turma.
62
O estudo de Costa (2014) teve como objetivo analisar a percepção espacial do
deficiente visual por meio da Modelagem Matemática. A partir desse objetivo buscou
responder a seguinte questão de pesquisa: “Como ocorre a percepção espacial em um
deficiente visual, utilizando-se os procedimentos da Modelagem Matemática?”. Para isto, o
autor utilizou como aporte teórico concepções filosóficas e da psicologia cognitiva sobre
percepção.
Como metodologia optou pela pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso. A coleta de
informações foi feita por meio de cinco modelos físicos de escala oriundos do Laboratório de
Cartografia Tátil e Escolar da Universidade Federal de Santa Catarina. As impressões sobre
cada modelo foram gravadas e depois transcritas, estas foram feitas por um colaborador cego
que era geógrafo. Os materiais utilizados foram: mapa do campus da Universidade; maquete
de isopor com curvas de nível; maquete de isopor com curvas de nível e acabamento; globo
terrestre e cartolina com projeções cartográficas.
Ao final do estudo Costa (2014) concluiu que a percepção espacial do cego perpassa
as etapas da Modelagem Matemática apontadas por Biembengut e que o cego é capaz de
perceber o ambiente e os entes relacionados à cartografia de forma semelhante à de uma
pessoa vidente, a diferença principal estava nas questões quantitativas e de forma, como:
distancia entre pontos; estimativa de dimensões dos modelos e reconhecimento de algumas
formas. Explicitou também a importância da utilização de diversos recursos didáticos para o
ensino e aprendizagem de conceitos em cegos, pois de acordo com o autor, estes podem
auxiliar na compreensão de conceitos tanto dos cegos como dos videntes.
O estudo de Lopes (2012) teve como objetivo analisar as estratégias de mediação nos
processos de ensino e aprendizagem envolvendo o professor, os alunos e o uso de objetos de
aprendizagem em ambiente escolar inclusivo. A partir desse objetivo, buscou responder a
seguinte questão de pesquisa: “Que estratégias de mediação podem ser desenvolvidas pelo
professor de matemática, no estudo de Funções, a partir do desenvolvimento e uso de objetos
de aprendizagem por alunos do Ensino Médio, entre os quais se encontram incluídos alunos
com baixa visão?”. Para isso, participaram como sujeitos duas professoras de matemática e
duas alunas com baixa visão.
Como metodologia a autora utilizou a pesquisa qualitativa, mais especificamente o
estudo de caso. Para obter informações usou recursos como: filmagens, fotografias,
observação direta e entrevistas. O estudo ocorreu em três etapas: 1- pesquisa inicial
exploratória, a qual foi feito um levantamento dos professores que tinham alunos deficientes
visuais em sala de aula, este levantamento aconteceu no IFFluminense na cidade de Campos
63
dos Goytacazes (RJ); 2- Estudo de Caso, nesta etapa a autora observou as mediações
ocorridas na sala de aula entre a professora, os recursos e os alunos da turma, entre eles, as
alunas com baixa visão e 3- Intervenção e análise dos dados foi responsável por abranger os
encontros para observar os processos de mediação entre professora- alunos- objeto de
aprendizagem envolvendo conceitos associados a função.
Lopes (2012) ao final do estudo concluiu que: (1) as principais estratégias
identificadas na interação com os alunos foram: aula expositiva dialogada, sequências
didáticas e estudo dirigido; (2) é possível ter alunos com deficiência visual na sala de aula e
também na sala de aula informatizada; (3) o objeto de aprendizagem digital levou as
professoras a atuarem de forma diferente da contínua exposição de conteúdos; (4) a aplicação
dos objetos de aprendizagem digital como processo de mediação foi relevante; entre outras
conclusões e apontamentos.
O estudo de Manrique e Ferreira (2010) teve como objetivo apresentar reflexões
sobre o uso de uma ferramenta para representação de gráficos de função do primeiro grau por
alunos cegos do Ensino Médio. Os sujeitos participantes da pesquisa foram um aluno cego,
que teve a função de colaborador na confecção da ferramenta e um professor de matemática.
A ferramenta construída teve que ser pequena e leve para transporte, por isso, foi feita
com uma placa de latão extraída de uma das faces de uma lata de tinta, para a construção do
plano cartesiano utilizaram uma folha de papel milimetrado e com a ajuda de um prego
gravaram em relevo os pontos e para os eixos utilizaram tiras de uma manta imantada. As
principais colaborações do aluno cego para melhorar a ferramenta foram: ampliar a distância
entre os pontos em relevo e colocar os números em Braille nos eixos.
De acordo com Manrique e Ferreira (2010) a ferramenta criada em conjunto com
professor e aluno favoreceu a identificação dos pontos no plano cartesiano e a alcançou os
objetivos propostos de aprendizagem, além de ter colaborado com a interação entre aluno-
professor, o que permitiu que ambos percebessem a importância de suas participações no
processo de ensino e aprendizagem. Ao término do estudo concluíram que: (1) a ferramenta
permitiu ao aluno o acesso para signos externos; (2) a ferramenta serviu como papel de
mediador além de instrumento de inclusão; (3) a inclusão ocorre quando um aluno que possua
algum tipo de deficiência tem a oportunidade de ser tratado como todos os outros alunos da
sala.
O estudo de Healy e Fernandes (2011) teve como objetivo investigar como um
estudante cego, interagindo com uma professora (pesquisadora) chegou a conhecer aspectos
da matemática, simetria e reflexão, por um processo que envolve a simulação mental de
64
experiências passadas. O sujeito participante da pesquisa foi um estudante com cegueira
adquirida que no período da realização do estudo cursava a terceira série do Ensino Médio em
uma escola estadual, no período noturno e em classe regular.
No estudo foi realizada uma série de entrevistas baseadas em tarefas sobre as noções
de reflexão por pessoas com acuidade visual dentro dos padrões normais, estas aconteceram
em três sessões e foram videografadas e transcritas para depois analisa-las. O objeto
matemático abordado foram figuras geométricas simétricas e reflexão por um eixo. As tarefas
iniciais foram sobre a determinação do eixo de simetria de figuras feitas em papel canson,
para a realização destas o estudante utilizou o tato para formular a imagem da figura na
mente.
Nas tarefas seguintes abordaram o conceito de reflexão como uma transformação
geométrica, nestas a professora teve que intervir para que o estudante reativasse a sua
memória visual do passado para que acontecesse uma re-concepção do termo de eixo de
simetria. Ao término do estudo Healy e Fernandes (2011) concluíram que: (1) os sistemas
multimodais desempenham um papel fundamental no desenvolvimento de processos
cognitivos, mesmo quando se utilizam de recursos multimodais provenientes de órgãos
sensoriais distintos dos usuais; (2) as ferramentas materiais associadas a outros meios
semióticos favorecem a emergência de signos no sentido de Vygotskiano e (3) os aprendizes
cegos podem alcançar as mesmas metas que seus pares, desde que se respeite a singularidade
do seu modo de perceber o mundo.
Em vista dos estudos apresentados nesta categoria, foi possível observar: (1) que o tato
é um dos principais meios de aquisição de informação dos deficientes visuais, que a partir do
toque os mesmos podem formar mentalmente os conceitos matemáticos que estão sendo
ensinados; (2) à importância e a validade dos materiais e instrumentos adaptados para o
ensino de matemática, os quais podem ser trabalhados não apenas com os deficientes visuais,
mas também com os videntes, pois de acordo com os estudos, favorece a socialização entre os
estudantes, no entanto, segundo os autores ainda havia a carência dessas alternativas
metodológicas em sala de aula regular. Outro ponto em que os estudos convergem é que os
materiais de baixo custo e elaborados com base na vivência dos estudantes potencializa o
processo de ensino e aprendizagem.
65
2.4.3 Estudos de Propostas metodológicas
Nesta categoria encontramos 7 estudos sobre o assunto, entretanto, antes de
analisarmos cada um deles, elaboramos o Quadro 4 com intuito de melhorar a visualização
dos estudos que pertencem a esta categoria.
Quadro 4- Estudos sobre Propostas Metodológicas que tratam do Ensino de Matemática para
Estudantes com Deficiência Visual
Natureza
do Estudo
Autor (es) Título Instituição/Eve
nto/Periódico
Artigo Vieira e Silva
(2007)
Flexibilizando a Geometria na Educação
Inclusiva dos Deficientes Visuais: uma
proposta de atividades
IX ENEM
Artigo Barbosa e Táboas
(2010)
Sítio de Matemática com Acessibilidade
a Deficientes Visuais
X ENEM
Artigo Kaleff et al (2013) Dois experimentos educacionais para o
ensino de áreas para alunos com
Deficiência Visual
XI ENEM
Artigo Oliveira (2013) Softwares Educativos no processo de
ensino-aprendizagem da matemática de
crianças com Necessidades Especiais
nas áreas mental e visual
XI ENEM
Artigo Andrade e Silva
(2013)
O ensino de funções matemáticas para
alunos Deficientes Visuais utilizando o
Multiplano como ferramenta de ensino
XI ENEM
Artigo Santos e Junior
(2013)
Perspectivas sobre o uso do Design
Instrucional para uma EAD inclusiva:
por onde estamos caminhando
XI ENEM
Artigo Camargo et al
(2016)
O enfoque da Acessibilidade na
produção de Materiais Didáticos para o
Ensino de Matemática
XII ENEM
Fonte: Site da SBEM
No estudo de Vieira e Silva (2007) o objetivo foi discutir formas de flexibilização do
conteúdo de Geometria através de recursos táteis, em alto relevo e por meio do sistema Braille
para facilitar a entrada dos estudantes deficientes visuais no universo matemático. O estudo
deles é parte de uma pesquisa ação que desenvolveram com estudantes deficientes visuais
com quem trabalhavam. Como sugestões de atividades para trabalhar, os autores sugeriram
duas em seu estudo, a primeira foi referente à composição e decomposição de figuras planas e
66
a segunda atividade sobre sugestões de como trabalhar a Geometria e gráficos através da
Tábua de Geoplano e do Multiplano, sendo que em cada uma delas os mesmos descreviam os
materiais que seriam necessários, assim como de que maneira elas poderiam ser
desenvolvidas.
De acordo com Vieira e Silva (2007) mesmo com os avanços no que diz respeito à
educação inclusiva, ainda é observado na maioria das práticas docente a insegurança de
ensinar matemática, em especial a geometria, a estudantes com deficiência visual, pois
segundo os autores é porque havia a necessidade de se utilizar outros recursos metodológicos
que não utilizem da visão como fonte principal de entrada e informação. Outro fator que eles
chamam a atenção é para o fato de que o professor reconheça o estudante deficiente visual
como um ser com limitações, mas também com possibilidades e saiba explora-las.
Ao término, os autores constataram que os estudantes compreenderam melhor a
matemática a partir da “sensação tátil” e que por isso, este tipo de metodologia que sugeriram
pode ser utilizado nas salas de aulas como uma alternativa para melhorar o desempenho e a
aprendizagem dos estudantes, sejam eles deficientes visuais ou não, no que diz respeito à
Geometria. Quanto à preparação dos professores, os mesmos aconselham que busquem uma
preparação mais adequada, que pode ser na aprendizagem do Braille de início e depois na
busca de alternativas metodológicas que se adaptem as necessidades dos estudantes.
Barbosa e Táboas (2010) em seu estudo tiveram como objetivo iniciar a construção de
um sítio sobre matemática com acessibilidade para maior interação de deficientes visuais com
e na internet voltada para uma ação educacional inclusiva. Para tal, os autores tiveram como
meta construir um sítio estruturado capaz de captar as interpretações dos internautas quanto à
funcionalidade, a eficácia e a serventia dos conteúdos que seriam apresentados. Os autores
optaram por trabalhar no sítio curiosidades matemáticas, textos simples e informativos,
brincadeiras, entre outros, com intuito de contribuir com a educação desses sujeitos.
Para o inicio da construção do sítio Barbosa e Táboas (2010) pesquisaram sobre as
normas de acessibilidade para a construção de um sítio, realizaram um estudo, por meio de
questionário oral com 4 pessoas deficientes visuais que regularmente acessam a internet para
levantarem informações sobre as dificuldades encontradas por eles durante a navegação e
após isso utilizaram o aplicativo Bloco de Notas para fazerem a seleção dos conteúdos
matemáticos que poderiam ser reproduzidos ou avaliados em casa.
Com a aplicação dos questionários os autores observaram que de acordo com os
sujeitos entrevistados a internet é um veiculo de comunicação que pode mantê-los atualizados
sobre o que acontece no mundo, que ela é importante para que eles encontrem informações
67
que os auxiliam a estudar e aprender coisas novas, que um sítio bem estruturado e elaborado
pode ser acessado sem dificuldades o que faz com que os deficientes visuais ganhem sua
autonomia, pois quando dependem de outras pessoas para acessarem a internet se sentem
incapazes, entre outros fatores que foram observados a partir do questionário oral. Após as
informações os autores estavam ainda construindo um sítio matemático que pudesse auxiliar
os deficientes visuais nesse acesso a internet e na busca da aprendizagem matemática de
forma autônoma.
No estudo de Kaleff et al (2013) o objetivo foi relatar alternativas para o estudo de
áreas de polígonos em duas abordagens, as quais tinham em comum um conjunto de malhas
táteis para o ensino de estudantes com deficiência visual nas salas regulares. O primeiro
recurso foi chamado de “Desafio dos Quadrados Superpostos” e o segundo de “Flor
Natalina”. Ambos os experimentos foram desenvolvidos no Laboratório de Ensino de
Geometria do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade Federal Fluminense,
localizada no em Niterói no Rio de Janeiro e testados com estudantes deficientes visuais do
ensino médio do Colégio Pedro II também no Rio de Janeiro.
A fundamentação teórica utilizada pelos autores seguiam os princípios elencados nos
Parâmetros Curriculares Nacionais e suas adaptações para estudantes com deficiência, o
modelo de Van Hiele sobre o desenvolvimento do pensamento geométrico e de orientações
pedagógicas sugeridas em artigos publicados na Revista Benjamin Constant. Segundo os
autores os recursos foram desenvolvidos com intuito de melhorar a formação, a qualificação e
a capacitação de licenciandos e professores de matemática, assim como a criação de recursos
novos para os estudantes com deficiência visual. Para cada recurso criado, foi feito um
caderno de atividades contendo tarefas a serem realizadas pelos estudantes, para os com baixa
visão a fonte foi aumentada e para os cegos eram escritos em Braille.
Ao término do estudo, Kaleff et al (2013) perceberam que com as atividades e
recursos os estudantes demonstraram um intenso interesse com os problemas propostos e nas
maneiras inusitadas de resolve-los; tiveram boa receptividade com os materiais o que de
acordo com os autores atinge ao objetivo proposto já que permite a democratização da
matemática; melhora a autoestima já que o estudante fica à frente do processo de
aprendizagem de forma autônoma, e por fim, preenche as necessidades dos estudantes com
deficiência visual, tornando possível a visualização da representação de conceitos antes
somente tidos como abstratos, entre outros.
Oliveira (2013) teve como princípio básico analisar os aplicativos mais utilizados nas
aulas de matemática pelos professores da APAE e do Instituto dos Cegos de Campina
68
Grande- PB, entre eles o MATVOX e o FINANVOX. A partir dessas análises o autor buscou
refletir sobre os recursos, potencialidades e limitações dos softwares na aprendizagem dos
conceitos matemáticos de crianças com necessidades especiais nas áreas mental e visual.
No que se refere à deficiência visual Oliveira (2013) disse que o MATVOX que é um
avançado interpretador de algoritmos matemáticos, permite que os estudantes interajam
dinamicamente com a calculadora, com funções como: constantes, conversões, funções
trigonométricas, entre outras, e o FINANVOX trabalha com cálculos financeiros e estatísticos
através de mecanismos sonoros que permitem a inserção de dados pelo teclado. Após analisar
as funções, vantagens e limitações de cada software, o autor relata que a interação estudante-
computador necessita da intervenção de um profissional que saiba o significado do processo
de aprendizagem.
Sendo assim, ao concluir Oliveira (2013) disse que trabalhar com a perspectiva
tecnológica permite que o estudante com necessidades especiais, neste caso mental e visual,
produza novas formas de construir o conhecimento, favorecendo a aprendizagem individual e
coletiva e no desenvolvimento de habilidades e valores que contribuirão na formação desses
sujeitos histórico-sociais e culturais.
No estudo de Andrade e Silva (2013) o objetivo foi criar e aperfeiçoar metodologias
de ensino de funções para estudantes deficientes visuais na Educação Básica com a utilização
do multiplano. Nele os autores descreveram passo a passo de como fazer no multiplano
algumas funções, assim como também mostraram a definição que estavam usando para cada
uma delas. Inicia pela definição de cada símbolo pertencente ao multiplano, depois
explicaram como se faz no multiplano as funções: constante, identidade, afim, quadrática,
módulo e função modular. Em alguns casos foi preciso construir alguns símbolos
matemáticos com peças do próprio kit do multiplano.
Ao término Andrade e Silva (2013) concluíram que o multiplano é uma ferramenta
excelente que contribui para o ensino de matemática de pessoas com ou sem deficiência
visual, de uma maneira bem simples e direta, ao trabalhar com ele os professores podem
verificar se os estudantes realmente entendem o que é um gráfico de uma função e que apesar
de levar um pouco de tempo para a montagem dos gráficos, esse tempo não será
desperdiçado, pois após montado o professor pode fazer vários estudos com um mesmo
gráfico.
No estudo de Santos e Junior (2013) o objetivo foi apresentar uma proposta inovadora
que ainda estava sendo desenvolvida e teve como foco o trabalho do designer instrucional ao
planejar um curso de matemática, assim como a sua implementação e aplicação. Neste estudo
69
os autores deram ênfase a três aspectos no trabalho do designer instrucional, a tutoria, o
material didático e o ambiente virtual de aprendizagem. O estudo foi dividido ao todo em
quatro fases: o designer instrucional do ambiente de virtual de aprendizagem; planejamento
do curso e desenvolvimento de material; aplicação do curso; acompanhamento e tutoria e
análises. No qual, o ambiente virtual foi adaptado para auxiliar os participantes cegos e surdos
durante o curso, tais como módulos para gravação de vídeo e de áudios, tanto para o uso das
ferramentas, como fóruns e chats, como nos materiais didáticos.
Santos e Junior (2013) relatam que após a aplicação da proposta irão buscar analisar a
importância do tutor na condução do curso para a apropriação do conteúdo e para que a
efetiva aprendizagem ocorra, assim como a viabilidade do material didático, pois, ao final do
estudo pretendem apresentar um diferencial para a educação a distância (EaD), conseguindo
oferecer um ambiente virtual totalmente acessível, para pessoas cegas e surdas, pois de acordo
com os autores os cursos oferecidos na modalidade à distância apresentam uma baixa ou
quase nula oferta de cursos adaptados para atender as pessoas que apresentam algum tipo de
necessidade especial, o que torna um dos maiores desafios a serem enfrentados, e segundo os
autores, para combater isto é preciso criar uma forma de atender a diversidade de usuários.
Camargo et al (2016) tiveram como objetivo analisar as atividades do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência de matemática em relação a sua acessibilidade
para estudantes com deficiência visual e/ou auditiva, assim como o aprofundamento no
processo inclusivo nas escolas. Durante as análises das atividades, que eram por volta de 120
no acervo do PIBID, os autores verificaram que não tiveram fundamentos para discerni o que
era ou não acessível, logo, a partir desse ponto eles iniciaram uma pesquisa bibliográfica, após
isso verificaram que as atividades foram muito pouco, ou nada acessíveis, o que mostrou que
seria um longo caminho a ser percorrido para que eles as tornassem efetivamente inclusivas.
Em relação às atividades, a primeira a ser adaptada foi voltada para estudantes com
deficiência visual, chamada de “Calculadora Quebrada”, a qual contou com o auxilio de uma
pessoa cega para que realmente ficasse acessível a esse público, a segunda atividade também
para deficientes visuais foi o “Dominó Divisores e Múltiplos”, assim como jogo de tabuleiro
“A Trilha das Charadas”, todos se utilizaram do Braille e algumas outras atividades usaram
também a Libras para que os estudantes surdos também participassem.
Ao término do estudo Camargo et al (2016) constataram a necessidade da utilização
do código Braille, de matérias em alto relevo, do aprimoramento da comunicação em Libras
como pontos iniciais de partida para tornar as atividades efetivamente inclusivas, e que apesar
dos documentos oficiais mostrarem progressos, a prática na formação dos professores não tem
70
sido considerado suficiente, o que segundo eles para que haja o progresso é necessário além
das leis e decretos a sensibilização das pessoas em inserir cada vez mais o deficiente,
tornando-os mais ativos dentro da sociedade.
Em relação a esta categoria, foi possível verificarmos que é preciso que os professores
se capacitem melhor para trabalhar com estudantes com deficiência visual, para que em sala
de aula saibam explorar as suas potencialidades, respeitando suas limitações; que o uso de
materiais adaptados permite uma melhor visualização mental dos conceitos matemáticos; que
a partir do tato os estudantes compreendem melhor a matemática que normalmente é
apresenta de forma mais abstrata, contudo, os estudos citaram ainda a necessidade da criação
de materiais em alto relevo, em Braille, entre outros, que venham ajudar nesse processo de
ensino. Por fim, outro aspecto abordado nos estudos foi que o uso das tecnologias auxilia de
forma positiva o ensino da matemática para deficientes visuais permitindo novas formas de
aprendizagem, seja ela individual ou coletiva.
2.4.4 Estudos sobre a Formação de Professores
Nesta categoria encontramos 10 estudos sobre o assunto, no entanto, antes de
analisarmos cada um deles, elaboramos o Quadro 5 com intuito de organiza-los e melhorar a
visualização dos estudos que pertencem a esta categoria.
Quadro 5- Estudos sobre a Formação de Professores no Ensino de Matemática para
Estudantes com Deficiência Visual
Natureza do
Estudo
Autor (es) Título Instituição/Eve
nto/Periódico
Artigo Moura e Lins (2013) Educação Matemática e Educação
Inclusiva: trabalhando de forma
colaborativa
XI ENEM
Artigo Bandeira et al (2013) Das dificuldades às possibilidades:
desafios enfrentados para a inclusão
de uma aluna Cega nas aulas de
Matemática no Ensino Médio
XI ENEM
Artigo Lourenço e Cardoso
(2013)
O Conceito de Inclusão de
Deficientes Visuais num contexto do
Ensino de Matemática de uma escola
da região do ABC
XI ENEM
Artigo Bandeira (2016) Caminhos trilhados para uma
Formação em Matemática para
Inclusão de estudantes Cegos no
XII ENEM
71
Ensino Médio
Artigo Uliana e Mól (2016,
b).
O uso de casos de Ensino no
processo de Formação de Professores
tendo em vista o ensino da
matemática, física e química para
estudante cego
XII ENEM
Artigo Landim, Maia e Sousa
(2017)
Representações sociais de estudante
cego aprender Matemática por
professores de matemática
Educação
Matemática em
Revista
Dissertação de
Mestrado
Rosa (2013) Professores de Matemática e a
Educação Inclusiva: Análises de
Memoriais de Formação
Universidade
Estadual
Paulista (UEP)
Dissertação de
Mestrado
Petró (2014)
A Inclusão Escolar de alunos com
Deficiência Visual a partir da
Percepção de Professores de
Matemática, Professores do
Atendimento Educacional
Especializado e Gestores
Educacionais
Pontifícia
Universidade
Católica do Rio
Grande do Sul
(PUC-RS)
Dissertação de
Mestrado
Cerva Filho (2014)
Educação Matemática e o Aluno
Cego: ação docente frente à inclusão
Universidade
Luterana do
Brasil
(ULBRA)
Tese de Doutorado
Uliana (2015)
Formação de Professores de
Matemática, Física e Química na
perspectiva da Inclusão de estudantes
com Deficiência Visual: análise de
uma intervenção realizada em
Rondônia.
Universidade
Federal do
Mato Grosso
(UFMT)
Fonte: o autor (2018)
Moura e Lins (2013) tiveram como objetivo descrever o caminhar de uma pesquisa de
mestrado ligada a um Projeto do Observatório da Educação. A mesma foi de cunho
qualitativo, especificamente uma pesquisa colaborativa. Participaram do estudo um grupo
constituído por dois professores do ensino básico, dois em formação, um mestrando e um
doutor, que se reuniram em grupo para discutir sobre questões a respeito da inclusão, de
maneira específica sobre o uso das tecnologias nas aulas de matemática, tendo como foco
central a cegueira.
Nas discussões utilizaram como temas de discussão os diversos aplicativos
matemáticos utilizados na perspectiva inclusiva de estudantes cegos e a situação das escolas
públicas e dos professores quanto ao ensino da Matemática para deficientes visuais. Para a
coleta de dados usaram de entrevistas semiestruturadas, notas de campo, filmagens,
transcrições das entrevistas e das filmagens. Como a descrição foi sobre um estudo que estava
72
em andamento, às autoras relataram apenas alguns resultados que eram esperados com essas
discussões.
Moura e Lins (2013) esperavam como resultados conscientizar os professores
colaboradores sobre a importância da Educação Inclusiva e das tecnologias nessa perspectiva,
pois o professor segundo elas deve estar sempre se atualizando e buscando o melhor para o
seu ensino, seja para estudantes deficientes ou não. Além disso, pretendem após as discussões
elaborar materiais concretos para que os professores tenham acesso a eles para auxiliar no
processo de ensino e aprendizagem.
Bandeira et al (2013) tiveram como questão de investigação saber quais eram os
saberes docentes necessários para que os professores em formação inicial possam dar conta
das condições e necessidades de uma educação para a diversidade possibilitando a inclusão de
estudantes cegos nas aulas de matemática em Escolas Estaduais de Ensino Médio no
município de Rio Branco. Para isso, os autores utilizaram uma abordagem qualitativa e como
método a pesquisa-ação. O estudo ocorreu na Universidade Federal do Acre, em quatro
Escolas de Ensino Médio do município de Rio Branco, entretanto, a experiência descrita no
estudo em questão aconteceu na Escola Estadual de Ensino Médio Jornalista Armando
Nogueira.
Os sujeitos que participaram da pesquisa foram: dezoito discentes do quarto período
de matemática da Universidade Federal do Acre, a professora pesquisadora da disciplina de
Prática de Ensino IV, o professor de matemática da escola, a professora da sala de recurso
multifuncional, a professora braillista, a aluna cega, a sua mãe, um professor do Centro de
Apoio ao Deficiente Visual e a coordenadora do Núcleo de Apoio à Inclusão da UFAC.
Segundo os autores o objetivo inicial foi compreender o contexto da inclusão de pessoas com
necessidades educacionais especiais na escola e depois envolver os estudantes em formação
inicial na busca de saberes docente para trabalhar matemática com estudantes cegos e
videntes.
Durante o estudo Bandeira et al (2013) verificaram várias dificuldades conceituais na
aluna como: fatoração de números primos; critérios de divisibilidade; logaritmo e problemas
na escrita matemática em Braille. Com a conclusão do estudo, os autores alertaram para o fato
de que as Instituições de Ensino Superior devem proporcionar experiências, durante suas
práticas de ensino ou estágios supervisionados, com estudantes com necessidades
educacionais especiais, como estudantes cegos, para que os discentes possam refletir sobre os
saberes docentes necessários voltados para uma educação pautada na diversidade. Enfim, de
acordo com eles se faz também importante à união de forças entre as Instituições de Ensino
73
Superior, os cursos de Licenciatura, as Escolas, a Coordenação da educação especial, entre
outros, que possam permitir um ensino de matemática de qualidade para todos os estudantes.
Lourenço e Cardoso (2013) tiveram como objetivo conhecer e compreender as
criações e estratégias dos professores de matemática de estudantes com deficiência visual do
ensino médio regular de uma escola pública da região do ABC paulista. O estudo se baseou na
etnomatemática e adotou como metodologia a pesquisa qualitativa, utilizando como
abordagem um estudo de caso etnográfico, o qual foi realizado por meio de observações em
sala de aula, entrevistas semiestruturadas e análise de documentos.
Para fundamentar a sua pesquisa usou os trabalhos de Fernandes (2008), Calore
(2008), Martins (2010) e Rodrigues (2008) que tratam do ensino de matemática para
estudantes com deficiência visual. Os sujeitos participantes da pesquisa foram 3 estudantes
que cursavam o 1º e 2º ano do ensino médio, 2 professores de matemática e as professoras da
sala de recursos da escola. A partir das análises do material coletado, os autores observaram
que os professores seguiam um método de ensino tradicional o qual valorizava os resultados
em forma de quantidade de conteúdos trabalhados e o treino com muitos exercícios.
Um dos argumentos utilizados pelos professores para justificar tal prática foi devido às
classes lotadas, que uma formação teórica dificilmente alcança uma prática, a carga horária de
trabalho, entre outras. Enfim, Lourenço e Cardoso (2013) concluíram que o que acontecia na
sala de aula regular foi na verdade um atendimento especializado, já que os professores
trabalhavam em momentos separados, uma hora com os estudantes videntes e em outra com
os que possuíam deficiência visual.
Bandeira (2016) teve por objetivo apontar as possibilidades de uma formação inicial
com os conhecimentos da neurociência aplicada à Educação Matemática com foco nos Blocos
de Luria potencializando uma forma reflexiva para incluir cinco estudantes cegos em escolas
do Ensino Médio no município de Rio Branco no Acre. O estudo articulou-se em torno do
seguinte problema: “Como a oferta de espaços, tempos, conceitos e práxis pedagógicas, no
contexto da Formação Inicial de Docentes de matemática pode favorecer a inclusão de
estudantes cegos nas Escolas de Ensino Médio de Rio Branco- Acre e possibilitar aos
professores em formação inicial uma formação para a inclusão?” (BANDEIRA, 2016, p.2).
Como metodologia a autora utilizou da abordagem qualitativa, utilizando como
referência central as recomendações da pesquisa- ação, acontecendo em três fases:
diagnóstico, intervenção e avaliação. Os sujeitos participantes foram 28 discentes do 4º
período do curso de Licenciatura em Matemática e a docente da disciplina de Prática de
Ensino de Matemática IV, para o registro dos fatos a mesma utilizou de filmadora e um tripé.
74
No estudo os professores em formação inicial deveriam pensar em como ensinar o termo geral
de uma Progressão Aritmética partindo de uma sequência com padrões geométricos, sendo
assim, eles construíram um “Kit Pedagógico de Progressão Aritmética” elaborado a partir de
materiais manipuláveis.
Com isso, após a aplicação do Kit de PA confeccionado pelos professores em
formação inicial Bandeira (2016) constatou a importância da participação da estudante cega
nas aulas de Prática de Ensino de Matemática IV, pois favoreceu a formação inicial para a
diversidade, destacando a importância dos recursos didáticos táteis e de voz, assim como e a
construção coletiva de saberes como alternativas para a inclusão, além disso, concluiu que os
professores aprenderam a se identificar enquanto docentes na vivência com estudantes cegos e
a ensinarem na diversidade.
Uliana e Mól (2016, b) tiveram como objetivo investigar as potencialidades de casos
de ensino no processo de formação inicial de professores quando se intenta a preparação
docente para o fazer pedagógico com estudante cego. O estudo buscou responder pelo menos
em parte a seguinte questão: “O estudo de casos de ensino é uma ação pedagógica nos cursos
de formação de professores que atende as novas demandas do cenário complexo
contemporâneo?”. Como metodologia a mesma se configurou como pesquisa qualitativa,
participando 26 licenciados em Matemática, Física e Química de duas instituições do Estado
de Rondônia. Os dados coletados foram mediante estudos em grupo, discussões gravadas em
vídeo e por relatos inscritos.
Por fim, durante as discussões em relação aos casos distribuídos aos licenciados
participantes da pesquisa que evolviam estudantes cegos, Uliana e Mól (2016, b) concluíram
que o estudo de casos possibilitou discussões em diversos vieses na temática da educação
inclusiva, confrontando o ideal e o real no que tange à inclusão, avaliação, a postura de
professor frente a certas situações com estudantes com deficiência visual, além de possibilitar
que os licenciados de conhecerem a percepção de estudantes cegos frente ao processo de
in/exclusão que vivem em sala de aula, o que tornou esse momento de discussões, um
momento rico de aprendizagem docente.
O estudo de Landim, Maia e Sousa (2017) teve como objetivo identificar as
representações sociais de estudante cego aprender matemática por professores de matemática.
A partir desse objetivo buscaram responder a seguinte questão de pesquisa: “O que pensam os
professores de matemática a respeito das possibilidades de o estudante cego aprender
matemática?”.
75
Como sujeitos participaram 53 professores de matemática que atuavam nos anos finais
do ensino fundamental e no médio, em cidades do Vale do São Francisco. O estudo foi
fundamentado na Teoria das Representações Sociais, proposta por Moscovici. Como
instrumento, utilizaram um questionário de associação livre que foi dividido em duas partes,
sendo a primeira referente ao perfil dos participantes como sexo, idade, entre outros e a
segunda parte buscou identificar as representações sociais do estudante cego aprender
matemática que era compartilhada pelos participantes e para análise dos resultados o ambiente
virtual openEvoc e o software Trideux.
Com base nas análises, Landim, Maia e Sousa (2017) observaram que a partir do
termo indutor “estudante cego aprender matemática” os professores evocaram 265 palavras,
sendo as de maior frequência: dificuldade; motivação; desafio; dedicação; direito e inclusão.
De acordo com as informações obtidas os autores disseram que as representações sociais estão
quase que exclusivamente baseadas no esforço do estudante cego para aprender, que o
entendimento deles depende da dedicação, persistência e força de vontade deles para se
manterem na escola. No estudo os autores observaram também que os professores que já
trabalharam com aluno deficiente tem uma representação mais voltada ao direito e a conquista
baseada no conceito de inclusão, enquanto os que nunca trabalharam com estudante deficiente
enaltecem as dificuldades, a preocupação metodologia e os desafios.
O estudo de Rosa (2013) teve como objetivo esboçar uma compreensão de como
professores de matemática, em seu processo de formação, se aproximam da educação
inclusiva de alunos com deficiência visual e de como percebem a educação inclusiva. A partir
desse objetivo buscou responder a seguinte questão de pesquisa: “Como os professores (de
matemática) se aproximam e percebem o processo de educação inclusiva dos alunos com
deficiência (visual, em particular)?”. Os sujeitos participantes da pesquisa foram professores
de matemática que haviam participado de um curso de Braille oferecido pela Universidade
Federal Fluminense no Estado do Rio de Janeiro no ano de 2011.
Para a produção dos dados utilizou a pesquisa bibliográfica e documental, além de
memoriais de formação de professores de matemática que participaram do curso descrito
acima, com a intenção de notar quais eram os aspectos comuns ou divergentes que emergiam
dos memorais. Após análise dos memoriais a autora destacou cinco eixos de convergências,
os quais foram: “Os cursos de formação continuada”; “As disciplinas optativas e obrigatórias
na graduação”; “Os projetos das universidades e os recursos didáticos para o ensino de
matemática”; “O convênio entre o Instituto Benjamin Constant e o Colégio Pedro II” e por
76
último “As concepções sobre educação inclusiva”. Com base em cada eixo, a autora realizou
análises mais aprofundadas.
Com base nas análises Rosa (2013) concluiu que: (1) as leis criadas para a educação
especial não estão saindo do papel; (2) as condições de trabalho oferecidas para os professores
desestimulam a procura por cursos de formação docente e pela dedicação aos estudos; (3) os
alunos com deficiência estão sendo integrados ao meio escolar e não incluídos; (4) não
existem muitos cursos de formação continuada nessa área, e os que existem não abrangem
todas as deficiências; (5) a formação inicial não foi suficiente; (6) existe um movimento
gradativo nas universidades para se adequarem as leis vigentes e prepararem os professores
para classes inclusivas; (7) o memorial de formação constitui uma ferramenta viável para
pesquisas em educação matemática.
No estudo de Petró (2014) o objetivo era compreender o processo de inclusão escolar
do aluno com deficiência visual a partir da percepção de professores de matemática,
professores do atendimento educacional e gestores educacionais. Para isso, realizou
entrevistas semiestruturadas com 13 sujeitos, os quais eram três professores de matemática,
quatro professores do atendimento educacional especializado, dois alunos com deficiência
visual que cursavam o ensino médio, duas gestoras educacionais que atuavam em setores
relacionados à inclusão escolar e duas profissionais que trabalhavam com capacitação de
professores para atuar no atendimento educacional especializado com Tecnologia Assistiva
aplicada ao contexto educacional, todos os participantes da pesquisa fizeram parte de três
diferentes escolas públicas do Rio Grande do Sul.
A metodologia adotada pela autora foi de cunho qualitativo do tipo estudo de caso e os
dados coletados foram analisados pela Análise Textual Discursiva. Com os dados obtidos
emergiram três categorias que foram: “Os diferentes papéis dos sujeitos envolvidos no cenário
da inclusão escolar”; “O papel das instituições” e “O processo de inclusão escolar dos alunos
com deficiência visual”.
Com base nas análises das categorias Petró (2014) concluiu que: (1) os professores de
matemática estão ensinando a disciplina, porém de maneira transmissiva, baseada em uma
pedagogia centrada no professor; (2) na visão dos professores de matemática para atuar com
alunos com deficiência visual basta ser formado na disciplina; (3) o professor do AEE estava
restringindo-se à adaptação de materiais pedagógicos; (4) o Estado estava oferecendo
formações continuadas, salas de recursos e recursos tecnológicos, no entanto, nem sempre os
cursos e recursos contemplavam as demandas dos professores e dos alunos; (5) os alunos
deficientes visuais estão sendo bem contemplados com recursos didáticos, no entanto, ainda
77
precisa-se melhorar a parceria e articulação entre os professores de matemática e os do
atendimento educacional especializado.
O estudo de Cerva Filho (2014) teve como objetivo investigar o desenvolvimento do
processo de ensino de matemática de um aluno cego em uma classe regular do Ensino Médio,
na perspectiva da Educação Inclusiva. A partir do objetivo o autor buscou responder a
seguinte questão de pesquisa: “Como se desenvolve o processo de ensino da Matemática
como um aluno cego em uma classe regular do Ensino Médio?”. Para tal, utilizou como
referencial teórico artigos da educação matemática e a legislação educacional inclusiva. Como
metodologia optou pela pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso e como objetos de
análises, os conteúdos das entrevistas e os dados coletados durante as observações realizadas
nas aulas de matemática de uma classe regular.
Os sujeitos foram professores da rede municipal de ensino de Sapucaia do Sul/RS que
possuíam alunos deficientes visuais frequentando a educação básica, professora da sala de
recursos multifuncionais e um aluno cego da rede municipal de ensino. O estudo ocorreu em
seis etapas: pesquisa bibliográfica; entrevistas; observações das atividades de matemática
realizadas em classe regular; realização de atividades elaboradas em conjunto com as
professoras visando o desenvolvimento de conceitos matemáticos; análise das atividades
realizadas e entrevistas com os sujeitos ao final da investigação.
Ao final de seu estudo Cerva Filho (2014) concluiu que ações docentes influenciam o
processo de aprendizagem da matemática, entre elas: (1) a utilização de expressões e
verbalismos e o posicionamento corporal; (2) os professores não se sentiam preparados para
trabalhar com estudantes que apresentavam alguma necessidade especial; (3) a carência de
materiais acessíveis; (4) a necessidade de formação docente focadas às particularidades
presentes da deficiência visual; (5) os profissionais do AEE tinham que ter mais proximidade
com os professores das salas regulares; (6) o corpo docente deve prever no planejamento
escolar a utilização de materiais concretos manipuláveis; (7) a necessidade de materiais
transcritos para o Braille com antecedência.
Uliana (2015) teve como objetivo em seu estudo investigar como uma disciplina/curso
de formação de futuros professores de Matemática, Física ou Química, centrada em
estratégias de ensino a estudantes com deficiência visual, pode contribuir para a preparação
docente, tendo em vista a promoção do ensino inclusivo. Como metodologia utilizou a
pesquisa-ação orientada pela abordagem qualitativa e como instrumentos de coletas de dados
utilizou-se de questionários, entrevistas semiestruturadas, diário de campo, vídeo - gravações
e narrativas/casos de ensino.
78
Tal estudo ocorreu em três fases: (1) foi realizada uma leitura panorâmica de como
vinha acontecendo à formação docente em relação à educação da pessoa deficiente visual no
estado de Rondônia, lócus da referida pesquisa, nesta fase a autora analisou projetos
pedagógicos dos referidos cursos de instituições de Rondônia, ouviu quatro professores das
disciplinas que trabalhavam no ensino médio e três estudantes com deficiência visual também
do ensino médio e mais 54 licenciandos em fase final dos cursos mencionados; (2) ocorreram
as ações formativas, onde Uliana (2015) planejou e desenvolveu um curso de formação
docente do qual participaram 26 licenciandos das disciplinas mencionadas; (3) realizou uma
avaliação para verificar a repercussão no processo formativo da disciplina/curso que foi
oferecido sobre inclusão de alunos com deficiência visual.
Ao término do estudo Uliana (2015) concluiu que os principais fatores que corroboram
para dificultar a efetivação da inclusão de estudantes com deficiência visual nas aulas de
matemática são: (1) falta de preparo dos professores; (2) inexistência de materiais didáticos
que atendam as demandas dos estudantes com deficiência visuais; (3) a inacessibilidade aos
conteúdos dos livros didáticos; (4) o pensamento equivocado dos professores sobre a
capacidade de aprendizagem das pessoas com deficiência; (5) os profissionais das salas de
recurso nem sempre trabalharem em parceira com o professor da classe. De acordo com a
autora, a melhoria na qualidade da educação dos estudantes com diferentes deficiências está
condicionada principalmente à preparação dos docentes para a prática pedagógica, é preciso
que os professores tenham um processo formativo mais denso e reflexivo que ligue a teoria a
prática.
No que diz respeito a esta categoria, observamos que os estudos de uma maneira em
geral abordam a importância das instituições de ensino superior proporcionarem discussões e
experiências com e sobre estudantes com deficiência, entre eles os deficientes visuais, para
que os futuros professores tenham contato ainda na graduação com situações que envolvem
uma educação matemática voltada para a diversidade, pois conforme foi observado nos
estudos, alguns professores mesmo com estudantes deficientes visuais em sala de aula ainda
priorizam o método tradicional, ensinando os estudantes videntes em momentos separados
dos não videntes, por isso, alguns dos estudos abordaram a questão da importância de
recursos didáticos táteis e de voz como ferramentas fundamentais nesse processo de ensino e
aprendizagem.
79
2.4.5 Conclusões sobre a Revisão de Estudos
Em virtude de tudo que foi exposto na revisão dos estudos sobre o ensino de
matemática para deficientes visuais, foi possível observarmos de uma maneira geral, que é
preciso olhar com mais atenção a essa educação matemática que está sendo proporcionada a
estes estudantes, pois independente de suas especificidades todos tem direito a educação, mas
não qualquer educação, uma de qualidade, que respeite o seu tempo e valorize as suas
potencialidades, para tal muitos dos estudos apontam como caminho a criação de recursos
didáticos adaptados e o uso das tecnologias como ferramentas importantes nessa construção
em busca de uma matemática voltada para o sensível, para o toque, enfim, uma matemática
que saiba explorar os outros sentidos dos estudantes além da visão.
Com base nesta revisão de estudos, optamos por realizar uma consulta a docentes que
ensinam matemática para estudantes deficientes visuais, a fim de verificarmos como tem se
dado este ensino aqui em Belém do Pará, para que este nos auxilie como um ponto de partida
na elaboração da nossa sequência de atividade.
2.5 Consulta a Docentes sobre o Ensino e Aprendizagem de Matemática para Estudantes
Deficientes Visuais1
Nesta subseção faremos a exposição e análise das informações que foram produzidas a
partir da consulta realizada com professores, sobre o ensino e aprendizagem de matemática
para estudantes deficientes visuais que aconteceu no período de novembro de 2016 a janeiro
de 2017. Até o momento da consulta aos docentes não havíamos ainda definido que o público
seria apenas estudantes cegos, portanto, nesta subseção, ainda trataremos dos estudantes como
deficientes visuais. Os participantes dessa consulta foram 12 professores de diversos tipos de
instituições de Belém/PA, que já trabalharam ou estão trabalhando com o ensino de
matemática para deficientes visuais.
A partir deles foi possível traçar um perfil e verificar como vem acontecendo esse
ensino de matemática, para que então, posteriormente, pudéssemos pensar e elaborar
metodologias que viessem auxilia-los, tanto professores como estudantes, nesse processo de
ensino e aprendizagem.
1 No que se refere à consulta aos docentes sobre o ensino e aprendizagem de matemática, ainda utilizamos o
termo deficientes visuais, pois tal consulta foi realizada antes de definirmos que nosso público-alvo seria os
estudantes cegos, portanto, para sermos o mais fidedigno possível a pesquisa, não alteramos a terminologia nesta
parte do trabalho, no entanto, este fato não prejudica em nada as nossas análises e o objetivo deste estudo.
80
A consulta foi realizada por meio de um questionário (apêndice A)- impresso e online,
nele havia perguntas que iam desde aspectos informativos como gênero, escolaridade, que
materiais utilizam no ensino de matemática, entre outras questões que nos permitiram realizar
um panorama de como se da o ensino de matemática para estudantes deficientes visuais, com
foco em quais conteúdos ministrados no 6º ano do Ensino Fundamental, segundo as suas
experiências como docentes, são mais difíceis para os estudantes aprenderem.
Com intuito de facilitar a visualização das informações coletadas e de verificar as
inter-relações existentes entre as diferentes categorias que foram pesquisadas, organizamos os
dados com base em aspectos quantitativos na forma de gráficos e tabelas, pois, assim nos
permitiu sintetiza-los e interpreta-los mais rapidamente e em seguida nas análises levantamos
algumas discussões sobre o assunto, confrontando com os resultados de estudos já existentes.
GÊNERO DOS DOCENTES CONSULTADOS
Com a aplicação dos questionários verificarmos que a maior parte (83%) dos
professores que participaram da pesquisa pertencia ao gênero feminino, o restante (17%) era
do gênero masculino. Como mostra a Tabela 1:
Tabela 1- Gênero
Gênero Valor Absoluto Valor Percentual
Masculino 2 17
Feminino 10 83
Total 12 100 Fonte: pesquisa de campo (2016)
Dado este que nos revela algo novo em relação a outras pesquisas já realizadas, como
as realizadas por Silva e Santos (2013) no município de Vigia de Nazaré e outra por Costa et
al (2010) na capital Belém do Pará, ambas trabalharam a questão do ensino de matemática
para estudantes deficientes visuais, no entanto, em seus estudos mostraram que a maior parte
dos entrevistados pertencia ao gênero masculino e não feminino.
Este fato nos fez refletir que desde esses estudos o campo sobre deficiência visual e a
matemática passou por alterações e agora encontra-se disposto de outra maneira, a qual não
está mais monopolizado pelo gênero masculino, mas conta com a grande participação
feminina no ensino da matemática, o que reforça a ideia de Werle (2005) quando relata a
questão da “feminização do magistério”.
81
FAIXA ETÁRIA DOS ENTREVISTADOS
No que se refere à faixa etária dos professores, notamos que a maior parte, tanto entre
homens como em mulheres, foi de 46 a 50 anos.
Tabela 2- Faixa Etária
Faixa Etária Valor Absoluto Valor Percentual
Menos de 20 anos - -
20-25 anos - -
26-30 anos 3 25
31-35 anos 2 17
36-40 anos - -
41-45 anos 1 8
46-50 anos 4 33
51-55 anos 2 17 56-60 anos - -
Mais de 60 anos - -
Total 12 100 Fonte: pesquisa de campo (2016)
Fonte: pesquisa de campo (2016)
O dado em questão nos revela que estes profissionais já estão no mercado de trabalho
há certo tempo, ou seja, estão em uma fase de maturidade, diferentemente dos resultados da
pesquisa de Costa et al (2010) que tinham entre 41 a 45 anos e nos resultados de Silva e
Santos (2013) realizado no município de Vigia, onde seus participantes estavam iniciando,
com faixa etária de 31 a 35 anos.
0%
0%
25%
17%
0%
8%
33%
17%
0% 0%
GRÁFICO 1: FAIXA ETÁRIA
Menos de 20
anos 20- 25 anos
26- 30 anos
31- 35 anos
36- 40 anos
41- 45 anos
46- 50 anos
82
FORMAÇÃO ACADÊMICA
Neste caso, sobre a formação dos professores, os mesmos podiam ter mais de uma
formação, logo, se somarmos os valores das respostas não iremos obter o total de professores
consultados, pois esta soma ultrapassará o total de doze. A partir das informações construímos
a tabela a seguir:
Tabela 3- Nível de Formação dos Professores
Respostas Valor Absoluto Valor Percentual
Ensino Superior 12 100
Especialização 11 92
Mestrado - -
Doutorado - - Fonte: pesquisa de campo (2016)
Por meio dos dados da Tabela 3, foi possível percebermos que todos os professores
consultados possuem nível superior, entre estes, os cursos: Licenciatura em Ciências
Licenciatura em Ciências Biológicas (1 professor), Pedagogia (7 professores), Matemática (2
professores), Licenciatura em Educação Física (1 professor) e Língua Portuguesa (1
professor). Este fato nos chamou a atenção, pois todos os professores que participaram da
nossa pesquisa ensinavam ou já ensinaram matemática para os estudantes, entretanto apenas 2
eram formados em matemática, o que nos revela que grande parte dos professores que
ensinam matemática para estudantes deficientes visuais não são da área da matemática.
Em relação à especialização apenas um dos professores consultados não possuí, entre
os cursos mais citados estão: Educação Especial (3 professores) e Educação Especial com
Ênfase em Inclusão (2 professores), o que a nosso ver significa algo positivo, já que nos
mostra que o ensino de matemática para estudantes deficientes visuais está em sua maioria
sendo ministrado por professores especialistas na área da educação especial. Entretanto, como
pode ser visto na Tabela 1 nenhum possuí mestrado e doutorado, o que indica que há uma
grande quantidade de conhecimento teórico produzido nas pesquisas que não chega até o
ensino básico.
De acordo com Silva e Santos (2013) algumas das causas apontadas para a não
formação continuada dos professores é a falta de tempo para prosseguir nos estudos, pois
muitos deles têm uma grande quantidade de horas aulas, a carência de incentivos tanto na
questão financeira como na oferta de cursos de capacitação por parte do governo e das
instituições de ensino, entre outros.
83
TEMPO DE SERVIÇO COMO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Em relação à questão do tempo de serviço como professor da Educação Especial,
elaboramos a Tabela 4:
Tabela 4- Tempo de Serviço dos Professores
Tempo de Serviço Valor Absoluto Valor Percentual
Menos de 1 ano - -
1-5 anos 6 50
6-10 anos 3 25
11-15 anos - -
16-20 anos 3 25
21-25 anos - -
Mais de 25 anos - -
Total 12 100 Fonte: pesquisa de campo (2016)
Fonte: pesquisa de campo (2016)
Após observar os dados, notamos que 50% dos entrevistados que estão trabalhando
nesta área têm de 1 a 5 anos de serviço, mesmo dado obtido nas pesquisas realizadas por
Costa et al (2010) e por Silva e Santos (2013), o que a nosso entendimento revela que a
entrada dos professores na área da educação especial, ensino regular e sala de recursos
multifuncionais, é recente.
0%
50%
25%
0% 25%
0% 0%
GRÁFICO 2: TEMPO DE SERVIÇO DOS
PROFESSORES
Menos de 1
ano 1- 5 anos
6- 10 anos
11- 15 anos
16- 20 ano
84
TIPO DE ESCOLA QUE TRABALHA
Sobre o local onde trabalham, os mesmos puderam marcar mais de uma opção, pois,
existem casos em que os professores atuam em mais de uma instituição. As alternativas para
os mesmos marcarem eram: Escola Pública Estadual; Escola Pública Municipal; Escola
Pública Federal; Escola Privada e Outras. Após as respostas dos professores, elaboramos a
Tabela 5, contento apenas as alternativas que foram selecionadas por eles:
Tabela 5- Tipo de Escola em que Trabalha
Escola Valor Absoluto Valor Percentual
Pública Estadual 8 67
Pública Municipal 1 8
Pública Estadual e Pública
Municipal
2 17
Pública Estadual, Pública
Municipal e Privada
1 8
Total 12 100 Fonte: pesquisa de campo (2016)
A instituição mais citadas foi Escola Pública Estadual (67%), isso sem contar com às
vezes em que a mesma foi citada juntamente com as outras opções. Em seguida encontramos
a Escola Pública Municipal (8%), mas que também foi citada junto com outras instituições o
que aumenta a sua porcentagem. Apenas 1 professor trabalhava na Escola Privada, logo,
notamos que um número significativo de professores que trabalham com a educação de
pessoas com deficiência visual estão atuando mais nas escolas da rede pública do que as da
rede privada.
EXPERIÊNCIA COM ESTUDANTES DEFICIENTES VISUAIS NO 6º ANO
No que se refere à experiência com estudantes deficientes visuais, especificadamente
no 6º ano, elaboramos a Tabela 6:
Tabela 6- Experiência com estudantes deficientes visuais no 6º ano
Respostas Valor Absoluto Valor Percentual
Sim 8 67
Não 4 33
Total 12 100 Fonte: pesquisa de campo (2016)
85
Fonte: pesquisa de campo (2016)
Com base nas respostas, foi possível constatar que a maioria dos professores
entrevistados (67%) disse que tem experiência e os outros (33%) alegaram que já trabalharam
com deficientes visuais, porém, ainda não tiveram a oportunidade de trabalhar com esta série
específica. Diferentemente do que foi apontado pelos estudos de Costa et al (2010) e Silva e
Santos (2013) onde a maior parte dos seus entrevistados não havia lecionado para o 6º ano, o
que nos leva a acreditar que nossos entrevistados terão mais experiência para responder quais
assuntos desta série são mais difíceis para os estudantes deficientes visuais aprenderem.
CAPACITAÇÃO DIRECIONADA PARA ESTUDANTES DEFICIENTES VISUAIS
Em relação ao treinamento para o ensino de matemática direcionado para estudantes
deficientes visuais, elaboramos a Tabela 7:
Tabela 7- Capacitação para o Ensino de Matemática para Estudantes Deficientes Visuais
Respostas Valor Absoluto Valor Percentual
Sim 3 25
Não 9 75
Total 12 100 Fonte: pesquisa de campo (2016)
Após análise da Tabela 7 observa-se que a maior parte dos professores (75%) não
possui capacitação para ensinar matemática para esses estudantes, informação esta muito
preocupante, pois também confirma os resultados apontados por Costa et al (2010) e Silva e
Santos (2013) que os professores que estão atuando com os estudantes deficientes visuais não
possuem capacitação para tal, o que nos revela que o ensino que está sendo ofertado para estes
67%
33%
GRÁFICO 3: EXPERIÊNCIA COM
ESTUDANTES DEFICIENTES VISUAIS NO 6º
ANO
Sim
Não
86
estudantes não condiz com o que a lei defende,entre elas a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, que em seu artigo 59 diz que os sistemas regulares de ensino devem
assegurar aos educandos com necessidades especiais, os métodos, currículos, técnicas, entre
outros recursos, bem como profissionais com formação adequada para atendê-los. (BRASIL,
1996)
RELAÇÃO EXPERIÊNCIA X CAPACITAÇÃO EM RELAÇÃO AO ENSINO DE
MATEMÁTICA PARA DEFICIENTES VISUAIS
Neste tópico cruzamos os dados obtidos com as perguntas feitas sobre a experiência e
a capacitação em relação ao ensino de matemática para estudantes deficientes visuais, a partir
disso, foi elaborada a Quadro 6:
Quadro 6- Relação Experiência x Capacitação
Experiência
Sim Não
Capacitação
Sim 3 -
Não 5 4
Fonte: pesquisa de campo (2016)
Com base no cruzamento de dados foi possível observar que a maior parte dos
professores não possui capacitação para ensinar matemática para estudantes deficientes
visuais, no entanto, apesar de não possuírem a capacitação possuem a experiência em
trabalhar com estes estudantes. O que nos leva a refletir, que se estes professores unissem seus
conhecimentos práticos, originado das suas experiências, com os conhecimentos obtidos por
meio da capacitação, ou seja, tivessem uma formação mais adequada para este tipo de
trabalho, o ensino de matemática para estudantes deficientes visuais seria melhor ofertado.
DISCIPLINAS NA FORMAÇÃO ACADÊMICA VOLTADA PARA ESTUDANTES
DEFICIENTES VISUAIS
Neste tópico perguntamos aos professores se em seus cursos de graduação estudaram
alguma disciplina acadêmica voltada para o ensino de pessoas com deficiência visual, a partir
disto elaboramos a Tabela 8:
87
Tabela 8- Na formação acadêmica alguma disciplina voltada para o ensino de estudantes
deficientes visuais
Respostas Valor Absoluto Valor Percentual
Sim 4 33
Não 8 67
Total 12 100 Fonte: pesquisa de campo (2016)
Observado os resultados, notamos que a maior parte dos professores respondeu que
não (67%), ou seja, nem mesmo durante as suas formações iniciais, quem em sua maioria
eram de licenciatura, estes profissionais tiveram um contato com o assunto em questão, de tal
maneira, que pudesse servir de alguma base para as suas práticas pedagógicas.
RECURSOS JÁ UTILIZADOS NO ENSINO DE MATEMÁTICA PARA ESTUDANTES
DEFICIENTES VISUAIS
Sobre os recursos já utilizados para o ensino de matemática para estudantes deficientes
visuais, os professores puderam marcar mais de uma opção, pois havia a possibilidade de já
terem usado mais de um recurso, logo a soma ultrapassa o total de professores consultados.
As alternativas para os professores eram: (A) Livro em Braille; (B) Software Especializado;
(C) Materiais Concretos; (D) Reglete e Punção; (E) Multiplano; (F) Sorobã/ Ábaco; (G)
Máquina Braille e (H) Outros. No entanto, devido o fato de poder escolher mais de uma
alternativa, foi que elaboramos a Tabela 9, contendo apenas as alternativas que foram
selecionadas por eles. No qual os outros tipos de materiais citados pelos professores
consultados foram à impressora Braille e Materiais adaptados.
Tabela 9- Recursos utilizados para o ensino de matemática de estudantes deficientes visuais
Respostas Valor Absoluto Valor Percentual
Materiais Concretos 2 17
Máquina Braille 1 8
Materiais Concretos e
Sorobã/ Ábaco
2 17
Software Especializado,
Materiais Concretos e
Reglete e Punção
1 8
Materiais Concretos,
Sorobã/ Ábaco e Outros:
impressora Braille e
Materiais adaptados
1 8
88
Livro em Braille, Materiais
Concretos, Reglete e
Punção e Sorobã/ Ábaco
1 8
Software Especializado,
Materiais Concretos,
Reglete e Punção e
Máquina Braille
1 8
Livro em Braille, Software
Especializado, Materiais
Concretos, Reglete e
Punção e Máquina Braille
1 8
Livro em Braille, Software
Especializado; Materiais
Concretos; Reglete e
Punção, Sorobã/ Ábaco;
Máquina Braille e Outros:
impressora Braille e
Materiais adaptados
1 8
Todas as alternativas 1 8 Fonte: pesquisa de campo (2016)
Fonte: pesquisa de campo (2016)
17%
8%
17%
8% 8% 8%
8%
8%
8% 8%
GRÁFICO 4: RECURSOS JÁ UTILIZADOS NO ENSINO DE
MATEMÁTICA PARA DEFICIENTES VISUAIS
Alternativa (C)
Alternativa (G)
Alternativas (C e F)
Alternativa (B, C e D)
Alternativas (C, F e H)
Alternativas (A, C, D e
F) Alternativas (B, C, D e
G) Alternativas (A, B, C,
D e G) Alternativas (A, B, C,
D, F, G e H) Todas as alternativas
89
Por meio da Tabela 9 e do Gráfico 4 foi possível perceber que grande parte dos
professores optou por uma sequência diferente em relação aos recursos que cada um usa para
ensinar matemática para os estudantes deficientes visuais. Se observar a quantidade de vezes
que cada recurso foi marcado, notamos que os mais utilizados são: Materiais Concretos,
seguido do Sorobã/Ábaco, Softwares Especializados e Máquina Braille. Logo, observamos
que os recursos mais utilizados são aqueles que não utilizam a visão como a principal fonte de
entrada de informação e sim aqueles que trabalham com os outros sentidos, como o tato,
audição e olfato. De acordo com Vieira e Silva (2007) os estudantes compreendem melhor os
assuntos quando tais recursos se utilizam dos outros sentidos, principalmente os que
trabalham com a “sensação tátil”.
REGISTRO DAS ATIVIDADES EM MATEMÁTICA
No que diz respeito à maneira como o estudante cego, na maioria das vezes, registra as
suas atividades, os professores puderam marcar mais de uma opção, pois havia a possibilidade
dos estudantes utilizarem mais de um tipo de registro, a partir das respostas obtidas criamos a
Tabela 10:
Tabela 10- Registro das atividades de matemática do estudante cego
Respostas Valor Absoluto Valor Percentual
Em Braille 4 33
Em áudio 3 25
Em vídeo - -
Outros: jogos; exercícios
em folha de papel sem
pauta; no caderno na forma
de alto relevo e de forma
oral
2 17
Em Braille e Outros: jogos;
exercícios em folha de
papel sem pauta; no
caderno na forma de alto
relevo e de forma oral
1 8
Em Braille e Em Áudio 2 17
Total 12 100 Fonte: pesquisa de campo (2016)
90
Fonte: pesquisa de campo (2016)
Após a análise das respostas dadas pelos professores foi possível verificarmos que de
acordo com eles o registro mais utilizado ainda é o Braille (33%), seguido de áudio (25%),
isso sem levar em conta as vezes que estas opções foram marcadas juntamente com outras
opções. A opção, Outros (17%), citada pelos professores foram: jogos, exercícios em folha de
papel sem pauta, no caderno na forma de alto relevo e de forma oral.
Portanto, a partir dessa análise notamos que mesmo com o passar do tempo e com os
avanços na tecnologia o registro dos estudantes ainda permanece em sua maioria sendo feito
por meio do uso do Braille o que corrobora com o estudo de Sandes (2009) quando relata que
da mesma maneira que o computador ajudou no processo de comunicação escrita do
normovisual sem eliminar o uso do lápis e do papel, as novas criações tecnológicas para
auxiliar no registro das atividades dos estudantes cegos não extinguiram o uso do Braille da
vida dessas pessoas, pois para elas o Braille é como se fosse o nosso papel e lápis.
ACESSO AOS CONTEÚDOS DE MATEMÁTICA
No que se refere à maneira como o estudante cego tem acesso aos conteúdos que estão
sendo ministrados em sala de aula, os professores consultados podiam marcar mais de uma
opção, as quais eram: (A) Por meio da Leitura; (B) Por meio do Braille; (C) Por meio do
Computador; (D) Por meio do sentido da Audição e (E) Outros. Portanto, levando em
consideração as respostas obtidas elaboramos a Tabela 11:
33%
25%
0%
17%
8%
17%
GRÁFICO 5: COMO O ESTUDANTE DEFICIENTE
VISUAL, NA MAIORIA DAS VEZES, REGISTRA AS SUAS
ATIVIDADES DE MATEMÁTICA
Em Braille
Em aúdio
Em vídeo
Outros
91
Tabela 11- Acesso aos assuntos de matemática que estão sendo ministrados
Alternativas Valor Absoluto Valor Percentual
Por meio do sentido da
Audição
5 42
Outros: percepção tátil,
materiais adaptados e
atividades em alto relevo
1 8
Por meio do sentido da
Audição e Outros:
percepção tátil, materiais
adaptados e atividades em
alto relevo
2 17
Por meio do Braille e Por
meio do sentido da
Audição
1 8
Por meio do Braille, Por
meio do Computador e Por meio do sentido da
Audição
2
17
Todas as alternativas 1 8
Total 12 100 Fonte: pesquisa de campo (2016)
Percebe-se por meio da Tabela 11, que o acesso aos assuntos de matemáticas estão
sendo em sua maioria feito apenas por meio do sentido da audição (42%), seguido, se contar
as vezes que foram marcadas, pelo Braille e Outras formas de acesso, que segundo os
professores seria por meio da percepção tátil, materiais adaptados e atividades em alto relevo.
Portanto, nota-se que na maior parte do tempo os estudantes cegos estão apenas
ouvindo os conteúdos de matemática que estão sendo ministrado, fato este preocupante, pois
nestes casos os professores não estão dando outras oportunidades para que estes estudantes
tenham acesso aos conteúdos se não for pela audição, como foi constatado por Uliana e Mól
(2016) em seu estudo quando relatam que os estudantes cegos não estão tendo oportunidades
de participarem ativamente do processo de aprendizagem da matemática devido os
estabelecimentos não possuírem ou não utilizarem outros recursos didáticos adequados para
que estes estudantes possam ter acesso aos elementos da matemática pelos outros sentidos.
GRAU DE DIFICULDADE PARA OS DEFICIENTES VISUAIS
Neste item, que veio a se tornar o foco central de nossa pesquisa, pedimos para que os
professores com base nas suas experiências marcassem os assuntos matemáticos que
normalmente são trabalhados no 6º ano do ensino fundamental, quais segundo eles são
92
considerados como sendo os mais difíceis para os estudantes deficientes visuais aprenderem.
Entretanto, em alguns assuntos os professores preferiram não opinar por não terem trabalhado
com os referidos assuntos, o que nos levou a criar uma coluna denominada “Não Informou”
para representa-los.
Com base nas suas respostas elaboramos a Tabela 12, na qual para melhor
visualização dos dados obtidos destacamos os maiores valores percentuais obtidos em cada
assunto de cores diferentes de acordo com as suas categorias. Sendo assim, os destacados na
cor verde significam que os maiores valores percentuais estão nas categorias “Muito fácil” e
“Fácil”, os na cor amarela estão na categoria “Regular” e os de vermelho nas categorias
“Difíceis” e “Muito Difíceis”.
Quadro 7- Grau de dificuldade para os deficientes visuais aprenderem segundo docentes
Eixo
Temático
Assuntos Grau de dificuldade para os estudantes cegos aprenderem
Muito
Fácil
(%)
Fácil
(%)
Regular
(%)
Difícil
(%)
Muito
Difícil
(%)
Não
Informou
(%)
Números e
Operações
Adição com reserva 8 17 58 17 0 0
Adição sem reserva 25 50 17 0 0 8
Subtração com reserva 8 0 75 17 0 0
Subtração sem reserva 25 42 25 0 0 8
Multiplicação 8 8 34 34 8 8
Divisão exata 8 17 17 25 17 16
Divisão não exata 0 17 17 25 25 16
Problemas envolvendo as 4
operações
0 25 17 17 25 16
Expressões Numéricas 0 8 25 8 42 17
Conceito de fração 0 17 8 42 17 16
Simplificação de fração 0 17 8 42 17 16
Comparação de frações 0 25 0 42 17 16
Adição de frações de mesmo
denominador
0 33 8 25 17 17
Adição de frações de
denominadores diferentes
0 0 25 33 25 17
Subtração de frações de mesmo
denominador
0 8 33 25 17 17
Subtração de fração de
denominadores diferentes
0 0 17 50 17 16
Potenciação e Radiciação 8 0 0 50 17 25
Resolver problemas em que se
conhece o todo e se deseja as
partes
0 0 17 42 17 24
93
Fonte: pesquisa de campo (2016)
A partir das informações contidas no Quadro 7 foi possível notar que segundo a
opinião dos docentes os assuntos considerados como sendo os mais difíceis, levando-se em
consideração os percentuais obtidos nas opções “Difícil” e “Muito difícil”, para os estudantes
deficientes visuais aprenderem foram organizados seguindo a ordem:
Em Números e Operações os assuntos mais difíceis foram: Subtração de frações com
denominadores diferentes (67%); Potenciação e Radiciação (67%) e Resolver problemas em
que se conhece uma parte e se deseja conhecer a outra parte (67%). No eixo Espaço e Forma
os assuntos mais difíceis foram: Polígonos (50%); Ângulos (42%) e Retas no plano (34%).
Em Grandezas e Medidas os assuntos foram: Medida de área (67%); Medida de Volume
(67%) e Medida de Capacidade (67%). Por fim, no eixo Tratamento da Informação os
Resolver problemas em que se
conhece uma parte e se deseja o
todo
0 0 17 42 17 24
Resolver problemas em que se
conhece uma parte e se deseja
conhecer a outra parte
0 0 8 50 17 25
Números Decimais 0 0 50 8 17 25
Adição de números decimais 0 0 50 17 8 25
Subtração de números decimais 0 0 42 25 8 25
Multiplicação de números
decimais
0 0 17 42 17 24
Divisão de números decimais 0 0 17 33 25 25
Números primos 0 8 42 25 8 17
Fatoração em números primos 0 8 8 50 8 26
MMC 0 0 17 33 25 25
MDC 0 0 17 33 25 25
Espaço e
Forma
Figuras Geométricas 33 17 17 0 17 16
Retas e partes das retas 8 8 33 8 17 26
Retas no plano 8 8 25 17 17 25
Ângulos 8 17 8 17 25 25
Polígonos 17 0 8 25 25 25
Grandezas
e Medidas
Medidas de comprimento 8 17 8 33 17 17
Medidas de área 0 17 0 42 25 16
Medidas de volume 0 17 0 42 25 16
Medidas de Capacidade 8 8 0 42 25 17
Medidas de tempo 8 8 8 42 17 17
Tratamento
da
Informação
Tipos de gráficos 0 8 8 25 42 17
Construção de tabelas e gráficos 0 8 8 25 42 17
Média Aritmética 0 8 8 17 33 34
94
assuntos foram: Tipos de gráficos (67%), Construção de tabelas e gráficos (67%) e Média
Aritmética (50%).
As informações obtidas por meio da consulta aos professores nos forneceram uma
visão mais ampla sobre o assunto em questão, entretanto, os estudos realizados por Costa et al
(2010) e por Silva e Santos (2013) nos apresentaram alguns resultados um pouco diferentes,
no caso deles, os assuntos mais difíceis versavam sobre Multiplicação e Divisão de números
decimais, Adição de frações de denominadores diferentes, entre outros. Logo, não há como
fecharmos por definitivo esta questão, mas podemos utilizar essas informações como um
parâmetro para buscar melhorias para o processo de ensino e aprendizagem de matemática
para estudantes deficientes visuais.
Portanto, após as análises da consulta aos docentes, observamos de uma maneira geral,
que o gênero feminino começou a ganhar destaque na educação matemática, principalmente
quando se trata da educação especial, espaço antes não tão explorado, muito menos por
mulheres, informação esta que nos causou grande felicidade, pois demonstra os avanços do
gênero feminino no campo. Observamos também que a maior parte dos professores que
trabalha ou já trabalharam a matemática com estudantes deficientes visuais não são formados
na área e muitos deles não participaram de cursos de capacitação e nem tiveram contato na
graduação com disciplinas que abordassem a questão da matemática ligada à deficiência
visual, o que nos leva a acreditar que estes profissionais necessitam ainda mais de recursos e
metodologias que possam vir a auxilia-los nesse processo de ensino.
Com isso, foi possível percebermos também que apesar de todos os avanços
tecnológicos o Braille ainda é muito utilizado tanto por estudantes como por professores
como alternativa para o registro das atividades de matemática. No que se refere às
dificuldades dos estudantes deficientes visuais nos assuntos de matemática do 6º ano
verificamos que apesar uns serem mais citados como sendo os mais difíceis pelos professores,
os outros também necessitam de atenção, pois todos os assuntos fazem parte do currículo e
precisarão ser trabalhados em sala de aula.
Sendo assim, esta consulta aos professores, nos serviu como um ponto de referência
para podermos elaborar a sequência de atividades voltadas para o ensino de matemática do 6º
ano do ensino fundamental, de tal maneira que atenda não somente os estudantes cegos, mas
também os estudantes videntes. Logo, as atividades foram elaboradas pensando-se em todos
os estudantes para que desta maneira todos eles tenham um rendimento satisfatório nas aulas
de matemática independente de suas especificidades.
95
2.6 Consulta aos Estudantes Cegos sobre o Ensino e Aprendizagem de Matemática em
Belém do Pará
Nesta subseção apresentamos os resultados e análises das informações que foram
produzidas a partir das entrevistas realizadas com estudantes cegos de Belém do Pará sobre o
ensino e a aprendizagem de matemática.
A opção por utilizar a entrevista semi- estruturada como instrumento de produção de
informações, se deveu ao fato da mesma segundo Boni e Quaresma (2005) combinar
perguntas abertas e fechadas, permitindo que o entrevistado tenha maior possibilidade de
discorrer sobre o tema proposto, na qual, o pesquisador deve seguir um conjunto de questões
previamente definidas que acontecerão mais como uma conversa informal.
De acordo com os autores ela é muito utilizada quando o pesquisador deseja delimitar
o volume de informações, obtendo desta maneira um melhor direcionamento para a pesquisa,
para que os objetivos sejam alcançados. Boni e Quaresma (2005) disseram ainda que uma das
vantagens é o aumento no número de pessoas que podem participar da entrevista, visto que
não precisam responder por escrito, facilitando deste modo à participação de pessoas que não
sabem ler ou escrever ou no nosso caso, que não podem ver.
Para realizarmos tais entrevistas seguimos algumas etapas, são elas: revisão
bibliográfica; elaboração das categorias de análise; elaboração do roteiro de entrevista;
entrevista com estudantes cegos; transcrição das entrevistas e análise das informações. Tais
etapas encontram-se detalhadas a seguir.
A etapa da revisão bibliográfica foi realizada com intuito de sabermos melhor quais
estudos já buscaram ouvir estes estudantes cegos e o que eles falaram a respeito do ensino e
aprendizagem de matemática, se este tipo de estudo já havia sido feito com estudantes de
Belém do Pará, entre outras questões, buscamos também estudos que tratassem sobre como
fazer entrevistas com pessoas cegas, para que desta maneira pudéssemos nos familiarizar com
o assunto e com este instrumento de pesquisa. A partir da revisão, selecionamos alguns
estudos que tratam desse assunto para resumi-los e utiliza-los nas análises das entrevistas,
com intuito de construir uma análise mais sólida a cerca do assunto em questão.
Após esta etapa optamos por elaborar primeiramente as categorias de análises, pois
com elas em mãos podíamos preparar um roteiro de entrevista mais bem estruturado e
delineado, uma vez que buscávamos informações específicas e precisávamos direcionar o
percurso das entrevistas. A partir disso, com base em nosso objetivo de pesquisa e no estudo
96
de Caiado (2014, p.50) resolvemos elencar três eixos temáticos que nortearam a elaboração do
roteiro de entrevista e as nossas análises, sendo eles:
1- Informações Pessoais: Neste eixo, pretendíamos buscar informações refrentes a sua
vida fora da escola, como idade, se possuem incentivo da família para estudar, entre
outros.
2- Informações Escolares: Referia-se ao eixo que investigaria sobre a sua vida escolar,
como o ano em que estavam estudando, o tipo de escola que frequentavam o ensino
fundamental, e assim por diante.
3- Ensino e Aprendizagem em Matemática: Neste último eixo, foco principal de nossa
pesquisa, o processo de ensino e aprendizagem em matemática, foi necessário
subdividirmos em cinco subeixos para melhor obtermos as informações e
posteriormente analisá-las, tais subeixos são: Características das aulas de matemática;
Registro e Acesso; Avaliação; Materiais e Recursos e por fim Assuntos do 6º ano mais
difíceis para aprender.
Seguido desse momento, realizamos a etapa da elaboração do roteiro de entrevista
na qual buscamos com base na revisão bibliográfica, nos objetivos pretendidos e nas
categorias criadas, elaborar perguntas que perpassassem por todos os eixos criados, desde os
dados pessoais até ao ensino de matemática para estudantes cegos, desta maneira elaboramos
20 perguntas, as quais se encontram no (apêndice E).
Para um melhor entendimento das etapas de entrevista e transcrição, optamos por
apresentar como se deu a construção das mesmas etapa por etapa, as quais foram dissertadas
com base no estudo de Caiado (2014, p.50). As etapas foram as seguintes:
1- Elaboração de critérios
2- Contato
3- Realização
4- Transcrição
Elaboração de Critérios
Para participar da entrevista foram selecionados estudantes cegos que estavam
cursando ou já haviam cursado o 6º ano do ensino fundamental no ensino regular em escolas
de Belém do Pará, para que desta maneira tivessem propriedade para responder a 20ª questão
do roteiro de entrevista e também que demonstrassem interesse e disponibilidade em
participar da pesquisa, visto que eles só frequentavam a instituição duas vezes na semana.
97
Todos os selecionados realizavam atendimento especializado na instituição especializada da
cidade.
Contato
Para que tivéssemos acesso a estes estudantes, tivemos que ir até a referida instituição
especializada no atendimento de pessoas cegas e com baixa visão para que a partir dela
pudéssemos encontrar tais estudantes. Na instituição conversamos com a coordenadora
pedagógica que gentilmente e com uma humanidade incrível nos recebeu de bom grado e nos
auxiliou em todo esse processo. Ela, por meio das fichas de acompanhamento dos estudantes,
selecionou todos que se encaixavam nos critérios e nos repassou os nomes, dias e horários dos
atendimentos para que pudéssemos entrevistá-los.
Essa coordenadora foi fundamental em nossa pesquisa, uma vez que tinha acesso aos
dados da instituição e conhecia cada um dos pais e estudantes que frequentavam o local.
Depois de selecionar os estudantes, a coordenadora nos ajudou também mediando às
apresentações, uma vez que não conhecíamos os estudantes e nem seus responsáveis. À
medida que éramos apresentados explicava tanto aos responsáveis como aos estudantes como
funcionava a entrevista, qual era o seu objetivo, como seria a participação deles, enfim,
esclarecíamos todas as informações sobre a mesma para então pedirmos aos responsáveis
(caso o estudante fosse menor de idade) a autorização para os estudantes cegos participarem
da pesquisa (apêndice B).
Realização
Ao todo entrevistamos seis estudantes cegos de Belém do Pará que gentilmente se
dispuseram a conversar conosco.
O período de realização das entrevistas ocorreu nos meses de setembro a novembro de
2017, período um pouco longo para a quantidade de entrevistado, contudo este fato ocorreu
devido à dificuldade de encontra-los no local, uma instituição especializada da região, visto
que os dias de atendimentos eram poucos e os estudantes faltavam algumas vezes.
As entrevistas ocorreram todas durante o turno da tarde e em vários locais dentro da
instituição, algumas vezes na sala da diretoria, na sala da assistente social, no hall de entrada
próximo a sala de orientação e mobilidade, sala de atendimento de estudantes com múltiplas
deficiências, entre outras, pois o local era definido na hora da entrevista, visto que tínhamos
que ver a disponibilidade das salas e que estas deveriam apresentar as melhores condições
98
para as entrevistas, como exemplo, o silêncio, uma vez que as entrevistas seriam gravadas e
quanto menor a interferência externa melhor tanto para os estudantes cegos ouvirem as
perguntas como para a gravação dos áudios com as respostas.
O horário em que eram realizadas era sempre no intervalo entre os atendimentos
ofertados na instituição, portanto, o tempo era restrito, durando em média cerca de 20 min. a
30 min. cada. Destacamos que o fato de já termos levado o roteiro da entrevista estruturado,
não significa dizer que não deixamos os estudantes à vontade e livres para conversarem e
falarem das suas experiências.
O roteiro foi elaborado não para limita-los, mas para delinear melhor o caminho para
o nosso objetivo e que por isso algumas vezes até instigamos mais os estudantes para que
falassem além do que havia sido perguntado, uma vez que concordamos com Bourdieu (1999)
quando relata que para se conseguir uma narrativa natural é interessante que o pesquisador
faça com que o entrevistado relembre parte da sua vida, suscitando a memória dele algumas
vezes se necessário.
Durante as entrevistas sempre tínhamos outras pessoas próximas que assistiam a elas,
como os responsáveis, a coordenadora, a vice-diretora, entre outros. Em alguns momentos
repetíamos as perguntas só que em uma linguagem mais coloquial para que fluísse melhor a
entrevista e fizesse com que os estudantes falassem mais sobre as suas experiências nas aulas
de matemática. Com esta etapa concluída seguimos para a próxima.
Transcrição
As entrevistas foram todas transcritas pelos pesquisadores, no qual para cada uma
foram gastos em média umas quatro horas de transcrição, isso devido à ajuda de uma
ferramenta encontrada em documento do Gmail chamada “Digitação por voz”, que nos
auxiliou muito nesta etapa, pois enquanto ouvíamos os áudios das gravações feitas nas
entrevistas, íamos repetindo simultaneamente em voz alta para que a digitação por voz fosse
sendo executada. Após este processo, escutávamos novamente as gravações e concertávamos
eventuais erros que surgiram devido à má leitura do sistema de voz do programa.
Nas transcrições optamos por não realizar correções gramáticas, ou qualquer outro tipo
de correção que alterasse a íntegra do que havia sido falado pelos estudantes cegos, pois
acreditamos que as suas ideias, pensamentos e experiências deveriam ser retratadas fielmente,
independentemente da forma como se apresentavam, porque acreditamos também que a
maneira como eles se expressaram diz muito sobre o local que vieram e/ou pertencem, uma
99
vez que todos nós somos frutos das nossas interações com o outro e com o ambiente. Devido
a isso, durante as transcrições demos espaço para citar as entonações, silêncios,
comportamento, gestos, entre outros, apresentadas pelos estudantes cegos, que de acordo com
Caiado (2014) mostram “a multiplicidade de elementos que compõem os significados na
linguagem oral.” (p.53).
Sendo assim, após a conclusão destas etapas seguimos para a etapa de análise das
informações, a qual foi realizada com base na abordagem qualitativa, pois segundo Minayo
(2001) esta trabalha com um universo de significados, atitudes, crenças, entre outros, que
corresponde a um espaço mais aprofundo das relações e que não podem ser reduzidas apenas
as questões operacionalizáveis. No entanto, durante as análises utilizamos alguns recursos da
abordagem quantitativa apenas com intuito de melhorar a visualização das informações
obtidas. Sendo assim, a seguir apresentamos as análises realizadas.
Resultados e Análise
Neste momento apresentaremos as informações obtidas nas entrevistas com os
estudantes cegos juntamente com as suas análises, lembrando que cada pergunta feita foi
analisada dentro de um dos eixos criados. E para melhor visualização das respostas da
entrevista, as organizamos em quadros, no qual a coluna “Respostas” está destinada as
respostas dos estudantes cegos de maneira mais objetiva e direta, enquanto que na coluna
“Transcrição” está à resposta dada por eles na integra de suas falas.
Em alguns casos, optamos também pelo uso do gráfico de pizza para que desta
maneira as respostas dadas pudessem ser expostas de modo mais visual e prático. Lembramos
que tais informações aqui relatadas têm como limitante o fato de que todos os estudantes
entrevistados já terem concluído o 6º ano do ensino fundamental, logo já estudaram os
assuntos perguntados. Portanto, acabamos por deixar para pesquisas futuras entrevistar um
público que esteja cursando tal ano de fato, vivenciando no momento tais experiências.
Eixo 1: Informações Pessoais
Gênero
Quadro 8 – Gênero dos entrevistados
Gênero Valor Absoluto Valor Percentual
Masculino 1 17
Feminino 5 83
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
100
Em relação ao gênero foi possível observarmos que a maior parte dos entrevistados
pertence ao gênero feminino, mais especificadamente 83%, esta informação condiz com a que
foi publicada no site “bengalalegal” onde relata que de acordo com o Censo 2010 do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a deficiência visual era a que mais atingia
tanto homens quanto mulheres no Brasil, no entanto, o percentual das mulheres atingidas era
maior, 21,4% enquanto que os homens eram de 16%.
Idade
Quadro 9 – Idade dos Entrevistados
Estudante Idade (anos)
A 16
B 15
C 27
D 11
E 15
F 12
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
Ao observarmos as informações sobre as idades dos estudantes notamos que a maior
parte deles era menor de idade, com a faixa etária de 11 a 16 anos, o que corresponde
justamente a um dos requisitos para a entrevista, que era estar cursando ou já ter cursado o 6º
ano do ensino fundamental.
Incentivo Familiar
Ao perguntarmos se os estudantes tinham incentivos da família para estudar,
obtivemos as seguintes respostas:
Quadro 10 – Incentivo familiar dos Entrevistados
Estudante Resposta Transcrição
A Sim “Sim”
B Sim “Com certeza, em todos os aspectos, estudar, escrever meu livro, que já
estou escrevendo.”.
C Sim “Tenho”
D Sim “Sim”
E Sim “Tenho”
F Sim “Tenho”
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
101
A partir das suas respostas notamos que todos eles recebiam incentivos da família para
estudar, dado este muito importante, uma vez que no passado as famílias eram um dos
motivos das pessoas cegas não estudarem, pois preferiam as deixar em casa escondidas, por
acreditarem que elas não tinham capacidade de aprender e não queriam que sofressem
qualquer repressão ou preconceito na escola, em razão do fato de que a inclusão antes não era
tão defendida e discutida na sociedade.
Verificar que este pensamento mudou e que estes estudantes estão tendo os devidos
incentivos para estudar nos alegrou e muito, pois bem sabemos que a família tem um papel
fundamental no processo de inclusão escolar, o qual se encontra enfatizado nas Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Básica, conforme o Art. 22: “A Educação Infantil
tem por objetivo o desenvolvimento integral da criança, em seus aspectos físico, afetivo,
psicológico, intelectual, social, complementando a ação da família e da comunidade.”
(BRASIL, 2010).
Além disso, corroboramos com o pensamento de que é na família que a interação
social é iniciada, como bem retrata a autora Paula (2007): “É na família que aprendemos a nos
relacionar com os outros. Portanto, a construção dessa sociedade inclusiva começa nas
famílias. Os pais e as próprias pessoas com deficiência são seus principais agentes.” (p. 7).
Deste modo, verificar que tal interação entre as famílias e os estudantes cegos entrevistados
vem ocorrendo, nos fez ver que os tempos mudaram e que estes não estão mais sozinhos nesta
caminhada em busca do conhecimento.
Ainda sobre o incentivo familiar, perguntamos quem mais os incentivava, e as
respostas obtidas foram:
Quadro 11 – Quem mais incentivava os Entrevistados
Estudante Resposta Transcrição
A Família “É um pouco de cada coisa, é tipo tenho apoio da minha mãe, do
meu pai, da minha irmã e o meu também, da minha própria vontade
de estudar.”.
B Família “Eu acho que é geral da minha família, ela é muito assim... a
Estudante B vai precisar de um gravador pra ouvir as aulas dela, ai
vão lá e compram, ta aqui Estudante B agora tu já tem o recurso pra
tu usar, pra tu gravar, sabe. Só que quem eu acho que me incentiva
muito é a minha mãe na questão de eu escrever, dela acreditar no
meu potencial.”.
C Pai “Meu pai, mas não é só meus pais, é mais eu.” (referia-se ao fato de
que parte mais dela a vontade de estudar.)
D Mãe “É assim, eu gosto muito de estudar, gosto muito de ir pra escola,
mas quem me incentiva bastante é a minha mãe, pois ela vai pra
102
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
Quando relatamos o termo “Família” na coluna “Respostas” estávamos nos referindo
ao fato de que vários membros da família participavam deste processo de incentivo, além dos
pais ou de apenas um deles. Logo, após observarmos tais respostas foi possível percebermos
que os Pais (Pai + Mãe) eram os maiores incentivadores dos estudantes, os quais em sua
maioria estavam também presentes durante as entrevistas.
Eixo 2: Informações Escolares
Ano Escolar
Neste tópico, perguntamos o ano que os estudantes estavam cursando. As respostas
foram as seguintes:
Quadro 12 – Ano escolar dos Entrevistados
Ano que está estudando Estudante Valor Absoluto Valor Percentual
7º ano do Ensino
Fundamental
D e F 2 33
9º ano do Ensino
Fundamental
E 1 17
1º ano do Ensino Médio A e B 2 33
Ensino Médio Completo C 1 17
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
Ao verificar as informações observamos que os entrevistados falavam de lugares
diferentes, alguns do ensino fundamental, outros do médio e um após concluir o ensino
médio, logo, a partir das suas entrevistas acreditamos ter conseguido uma visão bem ampla a
cerca do ensino de matemática no 6º ano do ensino fundamental, já que cada um deles já
escola comigo, fica dentro da sala de aula, ela escreve pra mim, mas
eu resolvo os exercícios, faço as provas com os professores,
assim...(pausa) se não fosse ela eu não teria como, ela e Deus né,
porque Deus que meu essa família e ai eu disse assim, tudo vem de
Deus né, porque eu vim com o propósito de fazer alguma coisa aqui
na terra, então, Deus me trouxe pra cá não foi em vão né, e Deus me
colocou na vida da minha mãe e eu sou muito feliz ao lado dela,
porque ela que me leva pra sala de aula, ela que me traz pra cá
(referia-se a instituição), ela que tem todo o trabalho comigo,
maioria né, mas o meu pai também me incentiva muito a estudar,
minha avó, meu avô, toda a minha família.”.
E Pais “A minha mãe e o meu pai também.”.
F Pais “A mamãe e o papai”.
103
passou por este ano e pode compartilhar conosco suas experiências a cerca deste assunto. No
entanto, este também se tornou um dos limitantes deste estudo, em razão de nenhum dos
estudantes entrevistados estarem cursando o 6º ano, o que não nos permitiu verificar como o
ensino esta ocorrendo no devido momento, apenas a partir de experiências passadas.
Escola
Neste item perguntamos qual o tipo de escola que o estudante cego cursou o 6º ano do
ensino fundamental, já que o nosso foco era saber sobre o ensino de matemática neste ano
específico.
Quadro 13 – Tipo de escola dos Entrevistados
Tipo de escola que estudou
o 6º ano
Valor Absoluto Valor Percentual
Pública Estadual 4 67
Privada 2 33
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
Após observarmos o quadro foi possível verificarmos que a maioria 67% dos
estudantes cegos cursou o 6º ano do ensino fundamental em escola regular do tipo pública
estadual. Tal informação nos revelou que a maioria desses estudantes está tendo seu direito à
educação regular garantida assim como manda a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, a qual assegura aos estudantes deficientes a oferta da educação escolar e que esta
deve ser realizada preferencialmente nas escolas regulares de ensino, o que segundo Dias e Sá
(2016) fez com que mais estudantes com deficiência frequentem o ensino regular.
Domínio do Braille
Quanto ao Domínio do Braille gostaríamos de saber se os estudantes sabiam Braille,
com base em suas respostas elaboramos o quadro e o gráfico a seguir:
Quadro 14 – Domínio do Braille
Domínio do Braille Valor Absoluto Valor Percentual
Sim 4 67
Um pouco 2 33
Não - -
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
104
Gráfico 6- Estudantes que tinham o domínio do Braille
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
A partir das respostas, observamos que 67% sabiam usar o Braille, mesmo que só um
pouco, informação importante uma vez que o Braille é considerado de suma importância para
que estes estudantes aprendam e consigam participar melhor do processo de ensino e
aprendizagem como relata o Centro de Estudos e Pesquisas do Instituto Benjamin Constant de
(2015) o qual relata que o Braille proporciona ao estudante uma maior independência na
escrita e na leitura, uma vez que o Braille é a forma pela qual os estudantes cegos escrevem e
leem de forma independente e que por isso seu saber usa-lo é de grande importância para que
os estudantes cegos estejam incluídos.
Segundo Viginheski et al (2014) o uso do Sistema Braille permite ainda que o
estudante cego tenha mais acesso a informações e a comunicação escrita nas mais diversas
áreas do conhecimento, entre elas, a matemática, a qual inclusive possui um Código Braille de
Matemática publicado pelo Ministério da Educação e Cultura em 1970 e que auxilia
professores e estudantes nesse processo de ensino e aprendizagem de matemática.
Eixo 3: Ensino e Aprendizagem em Matemática
Características das Aulas de matemática
Como são/eram as aulas de matemática
Neste tópico gostaríamos de saber como eram as aulas de matemática nas escolas em
que estes estudantes frequentavam o 6º ano do Ensino Fundamental. A partir de suas respostas
elaboramos o quadro seguinte:
67%
33%
0%
Estudantes que tinham o domínio do
Braille
Sim
Um pouco
Não
105
Quadro 15– Como eram as aulas de matemática
Estudante Resposta Transcrição
A Expositiva “Eram iguais às outras aulas, a diferença é que algumas me dão
assunto que tá no livro e eu pego lá em casa e alguém ler para
mim. Algumas vezes fazem aulas diferenciadas, por exemplo, a
professora de história, ela pega aula e faz digitado para mim o
assunto da aula, aí ela me dá digitado normal, aí alguém lê para
mim ou algumas vezes passa para Braille para mim ler, mas
normalmente é aula expositiva.”.
B Expositiva “Em geral mais expositivas.”.
C Expositiva “Olha...era primeira aluna dele com problema visual lá no colégio,
ele estava um pouco nervoso porque era a primeira aluna e ele não
tinha experiência de estar com aluna cega, ele interagia com os
alunos normais, com os videntes, mas a pessoa cega ele não tinha
experiência, ficava um pouco nervoso para passar a matéria. Ai ele
só me passava trabalho, aí eu perguntava as coisas para ele e ele
ficava mais nervoso ainda, aí algumas vezes ele ficava nervoso e
até errava as contas, aí eu ficava tentando consertar ele. As aulas
eram só falando, às vezes eu tinha contato com os catetos com as
coisas que ele ensinava, eu tinha os materiais para usar, era o
quadrado, retângulo, cateto, hipotenusa, porque eu fazia aqui no
(Citava o nome da instituição) aí eu levava para a aula para usar
na sala. É com professor daqui do (Citava o nome da instituição)
que eu estudei, estudei para o Enem.”
D Expositiva “Assim...(pausa) olha é normal que nem numa sala de aula, o
professor explica e eu fico sentada prestando atenção que nem os
outros alunos.”.
E Expositiva “Normal, ela passa as atividades, corrigi, é mais aula normal.”.
F Expositiva “É por causa que eu não conheço quase ninguém, aí então eles
também não me conhecem, eu não conheço, porque eles não falam
muito comigo, eles só falam: “Oi”, geralmente nas aulas de
matemática não tem muito trabalho em equipe ele só fica falando e
copiando.”
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
Ao analisarmos as respostas dos estudantes verificamos que todos responderam que as
aulas de matemática eram da forma expositiva, ou seja, aulas onde o professor ficava apenas
escrevendo a matéria no quadro e depois a explicava. Com base na resposta da estudante C o
professor não tinha experiência com cegos e que por isso não sabia como agir durante as aulas
de matemática. No entanto, o relato da estudante C vai em direção oposta dos resultados
apresentados no estudo de Dias e Sá (2017) onde em pesquisa com professores de Belém do
Pará verificou que a maior parte dos professores que ensinam matemática tem sim a
experiência em ensinar no 6º ano.
Entretanto, apesar do estudo de Dias e Sá (2017) ter relatado que a maior parte dos
professores tem a experiência, relatou também que existe outra parcela, menor que a metade
106
dos professores consultados, que não tinha experiência. Logo, acreditamos, devido a estes
resultados, que talvez o professor relatado pela estudante C esteja entre esta outra pequena
parcela citada por Dias e Sá (2017).
Ainda em relação às aulas de matemática e a resposta da estudante C foi possível
verificarmos que quando utilizavam materias manipulativos dentro da sala de aula, estes eram
confeccionados previamente em outro ambiente, fora da escola, para que então pudessem ser
utilizados em sala.
Outro fator que nos chamou a atenção foi o fato dos estudantes utilizarem em suas
respostas os termos “normal”, “iguais às outras aulas”, nos mostrando que tal prática (aulas
expositivas) já era recorrente e que dificilmente era realizado algum trabalho diferenciado em
sala de aula, o que foi de encontro ao que foi proposto por Brasil (2001, p.23) o qual defende
que um ensino de matemática pautado apenas em exposições teóricas, sem experiência
concreta e significativa, tenderá a desenvolver em qualquer estudante uma atitude
desfavorável à assimilação e compreensão dos conteúdos.
Compreensão dos assuntos matemáticos
Em relação à compreensão de assuntos matemáticos, perguntamos se os estudantes
conseguiam compreender os assuntos ensinados de matemática. As respostas encontram-se no
quadro a seguir:
Quadro 16 – Compreensão de assuntos matemáticos pelos entrevistados
Estudante Resposta Transcrição
A Às vezes “Olha tem alguns têm algumas vezes que eu só vou entender
mais lá para frente (risos), é… (pausa) com o tempo eu vou
exercitando, eu vou entendendo.”.
B Às vezes, depende
do conteúdo.
Quando se trata
de gráficos e
geometria
espacial não
consegue
compreender.
“Alguns, quando eles são mais de cabeça, mais de raciocínio
lógico, como matemática financeira, mas essa questão de
gráfico, aquelas mais visuais, de geometria espacial, eu não
consigo entender, mas não digo assim pela questão do visual,
porque como é um negocio de três dimensões tem um papel vergê
que eles desenham pra mim, só que por ser de três dimensões eu
vou sempre visualizar na minha cabeça um quadrado, não vou
consegui ver um cubo na minha frente, não vou conseguir ver um
tronco de pirâmide, um tronco de cone, eu sempre vou ver uma
pirâmide, um cone, é pela questão de não ter uma imagem de
três dimensões que isso me atrapalha bastante na hora da
prova.”.
C Sim “Consigo, (risos) porque mexe muito com os números e antes de
eu perder a visão era muito bom em matemática, eu consegui
107
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
A partir das respostas dos estudantes foi possível notar que todos eles compreendem,
mesmo que um pouco, os assuntos de matemática ensinados, visto que suas respostas foram
“sim” ou “às vezes” o que nos permitiu afirmar tal fato, uma vez que nenhum deles respondeu
que não compreende os assuntos. No entanto, durante seus relatos percebemos que está
compreensão dos assuntos de matemática estavam voltadas a assuntos que envolvem mais as
questões de lógica, matemática financeira, entre outras partes da matemática que privilegiam
mais os cálculos mentais e o raciocínio lógico, pois quando se trava de assuntos como
geometria espacial, gráficos, etc. os estudantes alegaram ter dificuldade, já que são conteúdos
mais visuais e que necessitam de materias de apoio para que pudessem compreender melhor.
Este fato foi observado também no estudo de Sviech (2009, p.57) que pesquisou sobre
o ensino de matemática na perspectiva do aluno cego e verificou que uma das dificuldades
encontradas na aprendizagem de matemática foi à questão de conteúdos que envolvam
desenhos, gráficos, ou seja, a parte visual da matemática, pois segundo a autora o Braille
ajuda bastante, mas não pode reproduzir imagens e desenhos.
A mesma dificuldade de compreensão dos assuntos matemáticos apresentada pelos
estudantes entrevistados foi também apresentada por parte do professor ao ensinar, como foi
relatado na fala de um professor no estudo de Sviech (2009, p.63) em que diz que a maior
dificuldade em ensinar matemática está na parte da geometria analítica, uma vez que o
estudante não possuía a visão e o professor tinha que trabalhar a questão do espaço, as figuras,
entre outros.
pegar melhor a matemática e as outras matérias que entram
mais matemática, eu consigo pegar a matéria.”.
D Sim “Graças a Deus de todas as matérias”.
E Às vezes, quando
se trata de
gráficos não
consegue
compreender.
“Mais ou menos, porque tem uns gráficos né, aí fica difícil,
porque a professora não vai na minha mesa explicar direito, aí
eu não consigo entender.”.
F Às vezes, quando
se trata de
conteúdos mais
visuais não
consegue
compreender.
“Às vezes é que ainda não sei direito os pontos em Braille na
matemática, na sala não muito, porque a explicação dela é um
pouco esquisita, é mais visual então eu não entendo.”.
108
Dificuldade em aprender matemática
Nesta pergunta, pretendíamos saber qual era a maior dificuldade para os estudantes
cegos aprenderem matemática na escola.
Quadro 17 – Dificuldade dos entrevistados em aprender matemática
Estudante Resposta Transcrição
A Fórmulas e
metodologia do
professor
“Em matemática, deixa eu ver, é…(parou durante alguns
segundos para pensar, mexendo as mãos e os dedos
como se estivesse contando algo), minha maior
dificuldade né… (pausa longa) além do professor
(referia-se a resposta dada na pergunta número seis), na
questão do conteúdo, é... mais os assuntos que têm
fórmulas, são os mais difíceis, que tem que aprender
para entender as fórmulas.”.
B Visualização de
imagens
“Na leitura do gráfico e na questão de não ter uma
imagem de três dimensões.”.
C Visualização de
imagens
“Olha os catetos, porque eu me complicava.”.
D Consegue entender
bem
“É...(pausa) dificuldade em aprender matemática...na
verdade eu sinto dificuldade só algumas vezes, mas eu
peço para a professora me explicar, com a explicação eu
entendo. Eu não sinto tanta dificuldade de aprender,
depende dos assuntos, assim...(pausa) mas eu não sinto
tanta dificuldade em aprender, Graças a Deus eu consigo
entender bem, interagir dentro da sala de aula com os
meus colegas e os professores.”.
E Metodologia do
Professor
“É essa (referia-se a sua resposta da pergunta anterior)
porque ela não explica direito, aí, por exemplo, quando
ela vai corrigir um trabalho aí ela pergunta que número
é... quanto é que é isso aqui? aí eu fico sem saber qual é.
Que número é esse? aí não tem como eu responder por
que ela explica tudo no quadro aí eu fico sem entender”.
F Contas e a
Metodologia do
Professor
“As contas são um pouco difíceis, as contas que a
professora faz e a explicação da professora que é um
pouco difícil de entender, é que quando ela tá no quadro
ela fala pros meninos a conta que tá no quadro e ela
fala: “Um que tá em cima, um que tá em baixo, somado
com esse, multiplicado com aquele e dividido por esse e
o resultado da isso”, então eu não entendo, ela não fala
qual é o sinal, ela não descreve”.
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
Ao analisarmos as respostas dos estudantes verificarmos que as maiores dificuldades
enfrentadas por eles na sala de aula não era tanto relacionado aos assuntos matemáticos e sim
a metodologia adotada pelos professores, uma vez que três deles relataram claramente da
109
metodologia do professor e os outros dois falaram de conteúdos mais visuais como a
trigonometria e o estudo de gráficos e figuras, o que para nós, pesquisadores pode ser também
uma consequência da metodologia utilizada pelo professor de matemática para ensinar tais
assuntos.
Logo, uma das maiores dificuldades dos estudantes em aprenderem matemática estava
na metodologia adotada pelos professores, a qual acreditamos ser consequência da formação
que estes tiveram para trabalhar em turmas inclusivas, bem como foi apresentado nos estudos
de Dias e Sá (2017) e Uliana (2015) o qual o primeiro observou que a maior parte dos
professores que ensinam matemática para deficientes visuais não são formados na área e o
segundo estudo constatou a falta de preparo dos professores para ensinarem para estes alunos,
uma vez que não tiveram formação direcionada para esse fim nem em seus cursos de
formação inicial e nem continuada.
Sendo assim, percebemos que a falta de formação específica para ensinar matemática
para estudantes cegos em turmas inclusivas tem-se refletido nas metodologias adotadas e
consequentemente na aprendizagem dos estudantes, o que acaba sendo prejudicial dentro de
sala de aula. Bem como algumas ações docentes que de acordo com Cerva Filho (2014)
também influenciam na aprendizagem da matemática, a exemplo do posicionamento corporal,
de expressões e verbalismo, entre outras.
Acompanhamento para aprender matemática
Com este tópico, pretendíamos saber se os estudantes cegos possuíam algum
acompanhamento fora da escola para ajuda-los no processo de aprendizagem de matemática.
Quadro 18 – Acompanhamento para aprender matemática
Estudante Resposta Transcrição
A
Sim
“Fora da sala de aula, tenho, tenho mais ou menos, porque tipo, quando
eu preciso eu vou na sala de recursos do colégio, aí quando eu to
precisando de alguma coisa, como aqui (referia-se a instituição em que
estávamos) eu ainda não consegui professor para complementação de
matemática, aí eles lá me ajudam, na sala de recursos da minha escola, e
também com as minhas irmãs, a minha irmã ela me ensina porque ela é
mais velha, ela que já me ajuda.“.
B Não ----
C Sim “Tinha”.
D Dúvida “Não, ou melhor sim”.
E Sim “Tenho”
F Sim “Não, só tenho aqui (referia-se a instituição em que estávamos)”.
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
110
Ao observarmos as respostas dos estudantes verificamos que a maior parte deles fazia
acompanhamento fora da escola para ajudar no processo de aprendizagem em matemática.
Ainda relacionado a este fato, perguntamos para eles onde acontecia esse acompanhamento,
suas respostas foram:
Quadro 19 – Local do acompanhamento para aprender matemática
Estudante Resposta Transcrição
A Sala de Recursos
Multifuncionais e em
Casa
“Na sala de recursos multifuncionais da minha
escola e com a minha irmã.”.
B Não realizava
acompanhamento
--------
C Instituição Especializada
e Internet
“Bom, é aqui no (Citava nome da instituição em
que estávamos) e também nas matérias que eu
peguei no colégio e salvei tudo no meu computador,
aí o que eu não soubesse eu ia pela internet, porque
eu não consegui estudar, fazer o cursinho, estudava
só, lá em casa pelo meu computador pela
internet.”.
D Instituição Especializada
e Família
“Só é aqui (referia-se a instituição em que
estávamos) e a escola, só que quando chega época
de prova eu estudo com meu tio e com a minha
mãe, eu estudo com a minha família, meu tio e
minha mãe são um dos maiores incentivadores, me
incentivam bastante a estudar mesmo, meu tio me
ajuda muito, minha mãe que me leva”.
E AEE e Instituição
Especializada
“Tem o AEE lá (referia-se a sua escola regular),
mas a professora também não sabe de matemática
e aqui (referia-se a instituição em que
estávamos).”.
F Instituição Especializada “Só tenho aqui (referia-se a instituição em que
estávamos)”.
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
Com base nas respostas notamos que os locais mais usados para fazer esses
acompanhamentos foram: a instituição especializada da região e dentro de suas próprias casas
com a ajuda dos parentes. Desta forma, percebemos que os estudantes necessitavam de um
atendimento especializado fora da escola para ajuda-los na disciplina de matemática.
Este fato ocorre segundo Moraes, Vieira e Santos (2016) devido às escolas regulares
não terem: estrutura física adequada, equipamentos para a preparação de materiais adequados,
professores especializados, textos escritos em Braille, entre outros. Enquanto, que as escolas
especializadas possuem todos esses requisitos necessários para ensinar estudantes com
111
deficiência, neste caso os cegos. Desta maneira, concordamos com Moraes, Vieira e Santos
(2016) quando relatam que a escola regular deveria estar preparada para receber os estudantes
na perspectiva da educação inclusiva e não deixar esta tarefa apenas a cargo das escolas
especializadas.
Tarefa mais difícil para fazer nas aulas de matemática
Com esta pergunta pretendíamos saber dentre as opções disponíveis quais eram
consideradas como as mais difíceis para os estudantes cegos realizarem durante as aulas de
matemática. Nesta pergunta a soma dos valores absolutos não condiz com o total de
estudantes entrevistados, uma vez que eles podiam escolher mais de uma opção como sendo a
mais difícil.
Quadro 20 – Dificuldades das tarefas das aulas
Dificuldade durante as aulas de matemática Valor
Absoluto
Registrar o que esta/estava sendo ensinado 2
Construir as imagens mentalmente das figuras, gráficos,
entre outros.
2
O tempo disponibilizado para resolver as atividades 2
Compreender a Explicação do Professor 1
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
Gráfico 7- Dificuldades das tarefas das aulas
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
28%
29%
29%
14%
Dificuldade durante as aulas de matemática
Registro
Construir imagens mentalmente
Tempo
Outros
112
De acordo com as informações obtidas verificamos que houve um empate entre
algumas opções disponíveis, uma vez que três delas foram escolhidas por dois estudantes,
apenas a opção “outros” foi selecionada uma vez pela estudante E. Desta maneira,
constatamos que o registro, a construção de imagens mentais de figuras e gráficos; o tempo
disponível para resolver as atividades e a explicação do professor, que de acordo com a
Estudante E era difícil de acompanhar, eram as tarefas mais difíceis de fazer em sala de aula.
Estas dificuldades foram observadas no estudo de Uliana (2013) a qual relatou que tais
estudantes estão inseridos no ensino regular, mas não estão participando de forma ativa, pois
de acordo com a autora não são dadas as devidas condições para a sua aprendizagem e que
estas perpassam pelos materiais pedagógicos, estrutura da escola, currículo que respeite o seu
tempo de aprendizagem e professores capacitados para atender as suas necessidades.
Registro e Acesso
Registro das atividades matemáticas
Nesta pergunta, pretendíamos saber como os estudantes cegos realizavam os seus
registros das atividades de matemática.
Quadro 21 – Como os entrevistados fazem o registro das atividades
Estudante Resposta Transcrição
A Alguém escreve
para ele ou é
passado para o
Braille
“Como disse tem várias formas, a gente faz mais o uso da
questão oral, eu respondo e ela (referia-se a professora)
transcreve no caderno o que eu respondi, às vezes pra me
passar o conteúdo, ela passa para o meu professor
itinerante2 (o mesmo não acompanha o Estudante todos os
dias, são somente duas vezes na semana) e daí ele vai passar
para Braille para mim ler todo assunto.”
2 É o profissional que de acordo com o Instituto Helena Antipoff (IHA) tem como objetivo “prestar assessoria às
escolas regulares que possuem alunos com necessidades especiais incluídos [...], [tendo] como atribuição a
produção de materiais pedagógicos necessários ao trabalho com estes alunos”.
113
B Gravava, mas agora
não faz mais o
registro
“Vai do assunto, tem alguns assuntos que eu tenho mais
facilidade, mas outros por mais que não sejam tão visuais eu
acabo me atrapalhando, também pela questão de eu ainda
ter aquela questão da conta, eu quero fazer uma conta só que
tipo, aquela de fração, de calcular fração, de potência, eu
ainda quero trabalhar na minha cabeça como se eu tivesse
vendo num papel, e eu não consigo, porque acho que o meu
cérebro ainda não se realocou nessas matérias, nesse grau
de matemática mais avançado, as contas pequenas eu já
consigo ser mais rápida, mas nas contas mais trabalhadas eu
não consigo eu empaco.”
Mãe da
Estudante B
Neste momento a
mãe da Estudante B
interrompeu a
entrevista para
acrescentar
informações
importantes a
respeito do que
havia sido
perguntado
“Esse registro ela ainda não faz não, porque o que acontece,
ela é mais ouvinte entendeu, ela não tá fazendo esse registro
até mesmo porque como ela não está adaptada ainda e ainda
não aprendeu bem o Braille e ainda está aprendendo o
Dosvox3 então ela ainda mais ouve, ela não anota nada, ela
no começo gravava, mas agora ela nem tá gravando mais. E
assim se for necessário ela retorna para lá (referia-se a
escola regular) por que a prioridade é para ela estar com os
professores, então tem uma pessoa lá que era daqui (referia-
se a instituição reconhecida pelo atendimento a Estudantes
cegos e com baixa visão), que estagiou aqui, então ele tem
uma noção, então ele prepara os professores para trabalhar
com ela e com mais uma outra deficiente visual que estuda
lá, então é nesse momento que a gente consegue mostrar isso
para ela através do papel vergê que ele faz, mas também
como ela não consegue tá indo para lá por causa do
atendimento daqui e também porque às vezes ela tá passando
muito mal, aí fica complicado nesse sentido.”
C Acesso antes de o
assunto ser
ministrado e usava
gravador
“Eu pegava a matéria com professor quando ele estava
passando como é eu já tinha estudado aqui no (Citava o
nome da instituição em que estávamos) então começava a
estudar novamente lá com ele, eu ouvia as aulas e eu
gravava às vezes.”.
D A mãe escreve no
caderno
“O que o professor fala assim…(pausa) quando ele escreve
no quadro a minha mãe escreve para mim e quando é hora
de estudar eu estudo geralmente pelos exercícios, geralmente
meu tio lê, mas eu... eu não preciso gravar, quando o
professor tá explicando eu presto bastante atenção né, e
aquilo eu absorvo para minha cabeça, ó esse ano a gente fez
a provinha Brasil, só um sumário da provinha Brasil, eram
26 questões de matemática, a maioria delas era do ano
passado, como a professora tinha explicado bem e eu absorvi
bastante coisa do ano passado eu consegui, ainda não
falaram a nota, mas eu olhando a prova, assim…(pausa) eu
acho que eu consegui resolver bastante questões.”
E O irmão escreve no
caderno
“É... que eu estudo junto com o meu irmão, aí ele escreve né
e depois a gente só estuda.”.
3
De acordo com Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
o DOSVOX é um sistema para microcomputadores da linha PC que se comunica com o usuário através de
síntese de voz, viabilizando, deste modo, o uso de computadores por deficientes visuais, que adquirem assim, um
alto grau de independência no estudo e no trabalho. Link: http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/
114
F Em Braille “Eu vou escrevendo durante a aula em Braille mesmo, eu
tenho uma máquina na escola, acho mais fácil para mim. É
só o que eu digito na máquina, eu não gravo porque eu não
tenho celular adaptado para gravar.”.
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
Por meio dos relatos, observamos que na maior parte das vezes não era o estudante
cego que faz o registro das atividades de matemática e sim alguém que fazia para ele,
principalmente os parentes. Dois estudantes relataram o uso do Braille, no entanto, dentre
eles, apenas um fazia este registro, uma vez que o outro apenas lia o material feito em Braille
pelo professor itinerante.
Talvez o fato dos estudantes cegos não utilizarem tanto a escrita Braille como registro
dentro da sala de aula, seja devido o aumento de caracteres da conversão da tinta ao Braille
como foi exposto no estudo de Anjos (2016) o qual apontou que este aumento de caracteres
influencia de forma negativa o aprendizado do estudante cego em matemática, visto que a
leitura e a escrita em Braille se tornam mais cansativas e lentas.
Quanto ao uso do gravador percebemos que este não era recorrente, sendo utilizado
apenas em alguns momentos. Desta maneira, notamos que dentre os seis estudantes cegos
entrevistados apenas um deles de fato fazia o seu próprio registro das atividades de
matemática, tendo maior autonomia durante as aulas.
Estas informações divergem um pouco dos resultados obtidos em Dias e Sá (2017),
pois estes quando realizaram a pesquisa com professores que ensinam matemática para
deficientes visuais em Belém do Pará observaram que o registro mais utilizado pelos
estudantes era o Braille, seguido da gravação em áudio, no entanto, em nenhum momento em
seu estudo surgiu à informação de que esses registros são feitos por terceiros e não pelos
próprios estudantes.
Acesso aos conteúdos de matemática
Em relação à maneira como o estudante cego tinham acesso aos conteúdos de
matemática que o professor (a) estava ministrando, obtivemos os seguintes relatos:
115
Quadro 22 – Como os entrevistados tem acesso aos conteúdos matemáticos
Estudante Resposta Transcrição
A Livro e caderno “Além da professora copiar para mim, lá tem livros, mas nem todas as
matérias têm livros para todo mundo, então nem sempre a gente usa livro
em algumas matérias, as que a gente usa, às vezes, eles pegam e como
falei, anotam, marcam a página do livro para mim ler ou para alguém ler
para mim ou então para o professor passar para braille para que na
próxima aula eu possa estar informado.”.
B Livro e Dosvox
“Olha na verdade eles têm o livro da escola normal e é a única fonte que
eu uso para eu reler o conteúdo, apesar deles me passarem o material em
Dosvox, que faz a leitura pelo computador, mas como os professores daqui
(referia-se a instituição em que estávamos) dizem que realmente
matemática física e química não existe a mínima possibilidade de ser feito
no Dosvox, não tem como o Dosvox dar essa leitura, então precisa
realmente daquela questão do Braille que eu não to preparada ainda para
ler um texto em Braille.”.
C Xerox dos
cadernos dos
colegas e Dosvox
“Bom eu tinha ajuda de alunos, dos próprios colegas que me ajudavam,
me davam o assunto, batiam Xerox, aí eu trazia para cá (Referia-se a
instituição) e estudava, às vezes eu estudava pelo computador, pelo
Dosvox aí ficava mais fácil.”.
D Caderno “Através do que ela (referia-se a sua mãe) copia do quadro e através do
meu conhecimento também e dos exercícios.”.
E Caderno “É só pelo que o meu irmão escreve mesmo”.
F Folhas com as
anotações em
Braille
“Eu pego aqueles papéis que eu copiei e tento estudar por eles, porque eu
não tenho livro ainda adaptado para matemática, eu tenho só de estudos
amazônicos, português e ciências.”.
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
Com base nesses relatos percebemos que a maneira mais utilizada para os estudantes
terem acesso aos conteúdos de matemática era o caderno, o que condiz com as suas respostas
da pergunta anterior, uma vez que a forma de registro mais utilizada e a escrita por terceiros
em seus cadernos, logo a sua maneira de acessa-los seria por meio do caderno. As outras
maneiras de acesso citadas por eles foram: o programa de computador Dosvox e o livro
didático, sendo este último não adaptado para o Braille, o que requeria que o estudante precise
da ajuda de outra pessoa para poder estudar em casa, fato este que acreditamos mais uma vez
limitar a capacidade dos estudantes de progredirem nos estudos, uma vez que necessitavam
ter por perto sempre a ajuda de terceiros.
Sendo assim, ao unirmos as respostas de quem tem acesso por meio do caderno e do
livro didático verificamos que no final das contas o estudante cego tem acesso mais pelo
sentido da audição como foi constatado no estudo de Dias e Sá (2017) os quais verificaram
116
que o acesso aos assuntos matemáticos está sendo realizado em sua maioria apenas pelo
sentido da audição, seguido do Braille.
Avaliação
Avaliação nas aulas de Matemática
Em relação à maneira como os estudantes cegos eram avaliados nas aulas de
matemática, elaboramos o quadro a seguir.
Quadro 23 – Como os entrevistados eram avaliados
Estudante Resposta Transcrição
A Prova oral “Provas orais, tem toda uma estrutura para mim responder oral, porque
tipo, além de estudar ainda têm alguns equipamentos que servem para
mim responder as provas ou as atividades, no caso o soroban, às vezes,
eles fazem em relevo as fórmulas, tipo ela faz o desenho de um
triângulo, aí tem tipo uma tela que a gente pega a folha e faz o desenho
e quando a gente termina de desenhar e vira dá para sentir. Na maioria
das vezes é separada (referia-se às provas) faço na sala de recursos.”.
B Prova Oral “Na verdade... porque no caso eu passei mais de mês sem ir para a
escola por causa da dificuldade que eu tinha de ficar na claridade e eu
ainda tenho um pouco, mas quando eu to com esse óculos que tem filtros
especiais já melhorou bastante, então eles resolveram adiar a minha
primeira avaliação e repetir a nota da segunda. Só que no caso da outra
deficiente visual que já está adaptada, ela vai para a escola à tarde é
marcado a prova e ela faz a leitura pelo Dosvox, pelo computador, só
que no meu caso eu prefiro ainda usar a questão oral, do professor
ler as questões e eu falo: olha é a letra c. Aí ele vai marcar, mas os
professores pegam o vergê que eles escrevem para mim e vão me
mostrando as contas, aí falam digamos assim: 2x = 4, aí eu falo: vou
passar o dois dividindo. Aí eu vou ditando praticamente o que eu tenho
para fazer lá na prova, enquanto eles vão escrevendo no vergê e depois
que eu faço a prova eles me dão o vergê para mim depois dar uma
olhada no passo a passo da questão.”.
C Prova e
trabalho
“Era o trabalho e a prova, ele me passava quatro questões porque ai ele
acha, ficava preocupado que fossem muitas questões, e também tinha o
trabalho que eu estudava, às vezes eu tinha o livro em casa de
matemática, as vezes eu ia pro livro pra tirar o assunto do livro para
poder passar para ele, o trabalho, a Internet. A prova era de marcar,
fazia eu e o professor itinerante, a prova era numa sala separada,
porque se eu estudar junto com os outros alunos na prova eu me
atrapalhava porque eu não conseguia prestar atenção.”.
D Prova Oral “Eu faço prova, na minha escola eu sou que nem todos os alunos, eu
faço as provas só que a minha prova é oral, a professora me pergunta
eu falo e ela escreve, por exemplo, assim quanto é um 1 + 1 e eu
respondo 2 e ela vai escreve.”.
117
E Prova Oral
e trabalho
“Eu faço prova e trabalho e é igual à de todo mundo, só que eu só faço
na outra sala, aí alguém lê para mim eu vou falando as respostas.”.
F Prova Oral
e trabalho
“É que... já que os trabalhos ela (referia-se a professora da sala
regular) escreve na agenda, então eu falo para mamãe os trabalhos que
têm, então se for um trabalho um pouco mais fácil que dê para fazer aí
eu consegui entregar pra professora, aí se for mais difícil eu tento me
virar, por que vale ponto aí eu tenho que fazer, eu faço prova também,
as provas de matemática são orais, eu faço junto com a turma porque eu
não gosto muito de ficar particular, de ficar fazendo prova
particularmente, porque me acostumaram desde o quarto ano a fazer
prova com os meninos da sala, aí as vezes as provas das outras matérias
estão adaptadas e eu faço sozinha e aquelas que não estão adaptadas eu
faço com professor.”.
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
Com base nas respostas verificamos que os estudantes cegos eram avaliados por meio
do método tradicional que é a prova, neste caso a prova oral. A maioria deles nos disse que
realizavam esta avaliação fora da sala regular para que barulhos externos não influenciassem
no andamento da mesma. Durante a prova um professor lia as questões para que eles
pudessem dizer qual era a resposta correta, neste caso alguns estudantes citaram questões de
múltipla escolha, mas outros relataram que quando necessário explicavam para o professor
etapa por etapa para a resolução das questões. Os trabalhos também eram utilizados como
recurso para a nota da avaliação, além de alguns materias manipuláveis, como foi citado pelo
estudante A.
Um fato entre as respostas dos estudantes nos chamou a atenção, foi à fala da
estudante C, ao dizer: “ele me passava quatro questões porque ai ele acha, ficava preocupado
que fossem muitas questões...”. Esta fala nos levou a pensar que ainda nos dias atuais existem
professores que avaliam a capacidade dos estudantes pela deficiência, uma vez que tal
professor se detém a passar apenas quatro questões por acreditar que se fossem muitas a
estudante não conseguiria responder ou ter bons resultados.
Neste caso concordamos com Calore (2007) quando disse que os cegos são difusores
de conhecimentos, práticas e comportamentos socioculturais que são determinados por uma
limitação sensorial, mas que nem por isso devem ser considerados ineficientes ou
desprezíveis, pelo contrário, eles têm o direito a uma sobrevivência equivalente aos não
deficientes, o que inclui um processo educacional comum que respeite suas especificidades.
Nessa situação, respeitar as suas especificidades não significa que o professor deva ter
compaixão dos estudantes e lhes passar tarefas mais fáceis que os demais, muito pelo
118
contrário, o professor deve oferecer todas as oportunidades para que os estudantes possam
mostrar suas competências e conhecimentos, como diz Teixeira e Nunes (2014): “Precisamos
acreditar na capacidade do estudante e na nossa capacidade de lidar com os diversos quadros
existentes na sala de aula. O nosso desafio está em aprendermos a trabalhar pedagogicamente
com a diversidade.” (p.74).
Materiais e Recursos
Recursos nas aulas de matemática
Com esta pergunta pretendíamos saber se era utilizado com os estudantes cegos algum
recurso diferenciado no ensino da matemática.
Quadro 24 – Recursos nas aulas de matemática
Estudante Resposta Transcrição
A Sim “Sim”
B Não “Só a oralidade”.
C Sim “Bom, além disso, além dos materiais, (referia-se aos materiais feitos na
instituição e que ela usava no colégio, como: o quadrado, retângulo,
cateto, hipotenusa), usava o próprio Braille, que eu estudava matemática
fazia as contas, achava mais fácil do que ficar indo pra minha própria
mente, pegava minha reglete e fazia em Braille.”.
D Na maioria
das vezes
“Geometria às vezes, às vezes não, na maioria das vezes tem aquelas
figuras né, aí sabe a tela4? Pois é eu uso a tela para sentir, a minha mãe
vai desenha na tela, na folha de papel, e eu sinto a figura, aí através disso
eu consigo resolver as questões, ela pega uma folha põe em cima da tela e
desenha a figura aí eu sinto a figura e faço as contas.”.
E Não “Não”
F Apenas
uma vez
“Só uma vez”
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
Ao observarmos as respostas dos estudantes verificamos que houve um empate. Logo,
verificamos que o fato de usar ou não recursos para o ensino de matemática não era algo
fechado e unânime e nem dependente do tipo de escola que estuda, visto que os estudantes A
e C que disseram utilizar recursos diferenciados estudam ambos em escola estadual, os
estudantes B e E que não usam recursos, o primeiro estuda na escola privada e o segundo na
estadual, assim como os estudantes D e F que seguem esta mesma ordem e disseram utilizar
4 Segundo a aluna tela é um material feito em um pedaço de compensado maior que o papel chamex, cortado
depois de maneira retangular, desta maneira quando se desenha algo em cima dele a figura fica em alto relevo.
119
algumas vezes. Deste modo, observamos que não era o local e a infraestrutura que influência
na utilização de recursos diferenciados.
Contudo, acreditamos com base em nossas experiências como professor, que se faz
necessário utilizar recursos diferenciados no ensino de matemática, principalmente quando se
trata de ter estudantes cegos em classes regulares de ensino, não precisam ser recursos muito
elaborados e de alto custo, basta que sejam adaptadas à deficiência do estudante, neste caso, a
visão. Segundo Sá (2013) está adaptação deveria ocorrer por meio de descrição, informação
tátil, auditiva, olfativa ou qualquer outra referência que favoreça a sua aprendizagem e para
tal deverá ser planejada com antecedência, principalmente quando se tratar de atividades
predominantemente visuais.
Para saber quais são esses recursos diferenciados, perguntamos aos estudantes e
obtivemos as seguintes respostas.
Quadro 25 – Recursos que eram utilizados nas aulas de matemática
Estudante Resposta Transcrição
A Materiais em alto
relevo; soroban;
máquina Braille;
material concreto;
Computador.
“Materiais em relevo, soroban, máquina Braille, material
concreto. Por exemplo, na prova eu uso o computador,
notebook, o Dosvox, aí tá lá as questões, aí eu só vou passando
e ouvindo, e aí o professor do meu lado com a prova eu vou
responder para ele e ele vai responder lá na prova, eu vou ouvir
as questões no computador e eu vou dizer qual é que eu acho,
por exemplo, quando é de marcar, aí eu digo para ele e ele
transcreve para prova.”.
B Não utilizava
recursos
----------
C Reglete;
Computador; Braille.
“Eram mais a reglete, o braille e computador. Como eu não sei
muito bem o braille eu não usava muitos, só usava pra fazer as
contas .”.
D “Tela” “Só a tela”.
E Não utilizava
recursos
--------------
F Material concreto “É...tem uma aula que ela (referia-se a professora da sala
regular) fez em equipe para a gente fazer uns cubos com palitos,
aí então eu e minhas amigas da sala a gente tentou fazer um
cubo com aqueles palitos e massinha, aí então a gente teve que
contar as partes que tava no cubo, aí então você tinha que
somar e ter o resultado, foi só essa vez.”.
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
Após análise observamos que os recursos mais utilizados com eles eram: o material
concreto, o computador e o Braille, seja ele na máquina ou com o uso da reglete. O que
corrobora com os resultados encontrados no estudo de Dias e Sá (2017) o qual relatou que os
recursos mais utilizados pelos professores que ensinam matemática para estudantes
120
deficientes visuais eram: Materiais concretos, sorobã/ábaco, softwares especializados e a
máquina Braille. Desta maneira podemos influir que de fato após consultar professores e
estudantes verificamos que estes são os recursos mais utilizados e na buscar de algo em
comum entre eles, notamos que todos se utilizavam de outra fonte de entrada de informação
que não fosse à visão, neste caso as mais empregadas eram o tato e o ouvido.
Materiais Concretos nas aulas de matemática
Em relação a este tópico, perguntamos para os estudantes cegos se eles achavam que
os materiais concretos ajudavam durante as aulas de matemática.
Quadro 26 – Opinião dos entrevistados sobre o uso de materiais concretos
Estudante Resposta Transcrição
A Sim “Sim, olha… (pausa) durante as aulas eu não costumo usar o
computador, mas seria muito bom se desse para adiantar para o professor
itinerante para ele passar para o computador.”.
B Sim “Eu acho que sim, que eu tava com dificuldade em bioquímica orgânica e
eu não conseguia entender o que era cadeia, eu não tinha a mínima
noção, aí a professora daqui da escola (referia-se a instituição
especializada) de química me mostrou, só que em três dimensões a
questão das cadeias e eu consegui entender, aí na hora eu disse: ”Égua,
eu acho que entendi”. Hoje, quando eu fui ter aula de química desse
mesmo assunto eu consegui ter a memória fotográfica do que eu tateei e
consegui responder à questão”.
C Sim “Ajudam, acho importante, porque como eu não consigo mais ver as
contas, o que tá escrito no papel, aí é melhor usar, por que como aquele
próprio brinquedo de criança, aqueles de juntar, como posso explicar,
aquele... que era quadrado e tinha números em cima... o dominó, que
tinha números de um até seis, aí me ajudava.”
D Sim “Olha de geometria um pouquinho, mas assim, não necessariamente,
porque ainda não tô estudando figuras sólidas, ops espaciais eu ainda to
estudando as figuras planas, então eu não preciso ainda sabe, mas o ano
passado a professora usou as sete peças do Tangram, o meu pai fez o
Tangram para mim de compensado, aí no caso ajudou bastante, eu faço
figuras com eles, assim eu pego às vezes.”.
E Sim “Acho que sim, é eu acho que ajuda só que assim, não tem ninguém que
possa tá lá comigo na sala.”.
F Sim “Sim ajudariam, porque eu ia conseguir entender aquilo que os meninos
estão fazendo, ia conseguir fazer o mesmo resultado e ter conhecimento
na matemática”.
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
121
Por unanimidade os estudantes disseram que os materiais concretos podiam ajudam
nas aulas de matemática, pois auxiliam na construção das imagens mentais, como bem foi dito
pela estudante B: “[...] consegui ter a memória fotográfica do que eu tateei e consegui
responder à questão”. Sendo assim, apesar de nem todos utilizarem materiais concretos
durante suas aulas de matemática como vimos na pergunta anterior, todos acreditam que o seu
uso pode ajudar no processo de ensino e aprendizagem, bem como foi relatado nos estudos de
Fernandes e Healy (2007), Monteiro et al (2013) e Vieira e Silva (2007) os quais defendiam
que o uso de materiais concretos poderia favorecer o processo de aprendizagem para todos os
estudantes, seja eles videntes ou cegos, visto que se utilizam da “sensação tátil” para “tornar”
o ensino de matemática mais palpável.
Contudo, com base na resposta da estudante E percebemos uma preocupação em
relação ao uso de materias concretos sem a ajuda de um terceiro por perto, pois segundo a
mesma estes ajudariam no ensino e na aprendizagem de matemática, mas precisaria de
alguém para acompanhar e ajudar durante o uso em sala de aula, o que de acordo com ela não
tem. Tal relato indica a necessidade da criação de atividades e materiais que possam ser
realizadas dentro de sala de aula e em conjunto com seus colegas de classe.
Assuntos do 6º ano mais difíceis para aprender
Grau de dificuldade para os estudantes cegos
Neste item, foco central de nosso estudo, buscamos saber quais assuntos que
normalmente são trabalhados no 6º ano do ensino fundamental os estudantes cegos
consideravam como sendo os mais difíceis para aprender com base em suas vivências.
A partir das suas respostas foi elaborado o quadro a seguir, e por uma questão de
facilitar a visualização e melhorar o entendimento, decidimos destacar os maiores valores
percentuais obtidos em cada assunto com cores diferentes conforme suas categorias. Deste
modo, os que se encontram destacados na cor verde significam que os maiores valores
percentuais obtidos estão nas categorias “Muito fácil” e “Fácil”, os na cor amarela estão na
categoria “Regular” e os de vermelho nas categorias “Difícil” e “Muito difícil”.
122
Quadro 27 – Grau de dificuldade segundo os entrevistados
Eixo Temático
Assuntos Estudou este assunto? Grau de dificuldade para aprender (%)
MF F R D MD Não Informou Sim Não Não
lembro
Números e Operações
Adição com reserva 100 16 50 17 17 0 0
Adição sem reserva 100 33 67 0 0 0 0
Subtração com reserva 100 0 67 16 17 0 0
Subtração sem reserva 100 17 83 0 0 0 0
Multiplicação 100 0 83 17 0 0 0
Divisão exata 100 33 33 17 17 0 0
Divisão não exata 100 0 0 50 33 17 0
Problemas envolvendo as 4 operações
100 0 33 50 0 17 0
Expressões Numéricas 100 0 16 17 50 17 0
Conceito de fração 100 0 50 17 33 0 0
Simplificação de fração 83 17 0 17 33 17 16 17
Comparação de frações 83 17 0 0 66 17 0 17
Adição de frações de mesmo denominador
83 17 0 33 50 0 0 17
Adição de frações de denominadores diferentes
67 33 0 33 17 17 0 33
Subtração de frações de mesmo denominador
67 16 17 0 33 17 17 0 33
Subtração de frações com denominadores diferentes
50 50 0 0 33 17 0 50
Potenciação e Radiciação 100 17 33 17 33 0 0
Resolver problemas em que se conhece o todo e se deseja as partes
17 16 67 0 17 0 0 0 83
Resolver problemas em que se conhece uma parte e se deseja o todo
67 33 0 0 67 0 0 33
Resolver problemas em que se conhece uma parte e se deseja conhecer a outra parte
67 16 17 0 17 50 0 0 33
Números Decimais 100 0 50 33 17 0 0
Adição de decimais 100 0 67 16 0 17 0
Subtração de decimais 100 17 50 17 16 0 0
Multiplicação de decimais 83 17 16 17 50 0 0 17
Divisão de decimais 67 33 0 33 34 0 0 33
Números primos 83 17 0 33 50 0 0 17
Fatoração em números primos
67 16 17 0 0 50 17 0 33
MMC 67 33 0 33 17 17 0 33
MDC 83 17 0 16 50 0 17 17
Espaço e Forma
Figuras Geométricas 100 0 83 17 0 0 0
Retas 83 17 0 33 33 17 0 17
Segmento de retas 67 16 17 0 17 33 17 0 33
Retas no plano 50 17 33 0 17 16 17 0 50
Ângulos 83 17 0 16 67 0 0 17
Polígonos 50 17 33 0 33 0 17 0 50
Grandezas e Medidas
Medida de comprimento 100 0 33 67 0 0 0
Medida de área 100 0 83 17 0 0 0
Medida de volume 100 0 67 16 17 0 0
Medida de Capacidade 50 50 0 17 16 17 0 50
123
Fonte: Entrevista com estudantes cegos (2017)
Com base nas informações apresentadas foi possível destacarmos quais os assuntos do
6º ano são considerados pelos estudantes cegos como sendo os mais difíceis para aprenderem,
a partir dos percentuais obtidos nas opções “Regular”, “Difícil” e “Muito Difícil”.
Sendo assim, os assuntos considerados como sendo os mais difíceis em Números e
Operações foram: Expressões Numéricas (67%); Divisão não exata (50%); Simplificação de
Fração (33%) e Potenciação e Radiciação (33%). No eixo Espaço e Forma os assuntos
foram: Ângulos (67%); Retas (17%) e Segmento de retas (17%). Em Grandezas e Medidas
foram: Medida de comprimento (67%) e Medida de Capacidade (17%). Por último, no eixo
Tratamento da Informação os assuntos foram: Tipos de Gráficos (33%); Construção de
Tabelas (33%) e Construção de Gráficos (33%).
A partir das informações analisadas observamos que a opinião dos estudantes em
relação aos assuntos de matemática mais difíceis do 6º ano para aprenderem, foram também
apontados nos estudos que consultaram professores que ensinavam matemática para
deficientes visuais como Dias e Sá (2017), Costa et al (2010) e Silva e Santos (2013) o que
nos revela que estas dificuldades não são recentes e são de conhecimento de ambas as partes,
professor e aluno.
A consulta a estes estudantes cegos nos permitiu conhecer suas percepções de
estudantes incluídos/inseridos em turmas regulares, com foco em como acontecia o processo
de ensino e aprendizagem da matemática no 6º ano do Ensino Fundamental, identificando
quais assuntos eram considerados pela amostra como os mais difíceis para o estudante cego
aprender.
Em relação aos eixos de maneira geral foi possível concluirmos que as aulas de
matemática eram predominantemente expositivas, mesmo assim todos os estudantes
compreendiam, ainda que em parte, as matérias ensinadas, contudo esta compreensão dava-se
mais nos assuntos que privilegiam os cálculos mentais e o raciocínio lógico, enquanto que os
assuntos com mais apelos visuais implicava na necessidade de materiais de apoio e de
metodologia apropriada para facilitarem a aprendizagem, coisa que raramente acontecia.
Medida de tempo 100 17 50 33 0 0
Tratamento da
Informação
Tipos de gráficos 67 33 0 17 33 0 17 33
Construção de Tabelas 67 33 0 17 33 0 17 33
Leitura de Tabelas 67 16 17 0 33 17 0 17 33
Construção de Gráficos 83 17 0 33 33 0 17 17
Leitura de Gráficos 83 17 0 50 16 0 17 17
Média Aritmética 83 17 17 33 33 0 0 17
124
No que dizia respeito a registro e acesso, todos os estudantes explicitaram depender de
terceiros para ajuda-los nos registros das atividades escolares, indicando que a autonomia
destes quanto as suas rotinas escolares ainda estava muito longe de acontecer. Em relação à
avaliação predominou enquanto instrumentos, as provas orais, seguidas de trabalhos
escolares, o que indicou limitações na prática dos professores dos estudantes cegos, em
relação a não adoção de avaliações mais processuais e dinâmicas.
A consulta aos estudantes evidenciou ainda a ausência de recursos específicos para
atender as necessidades sensórias e motoras dos estudantes, fato que pode indicar problemas
de infraestrutura da escola, como também, falta de sensibilidade dos professores de atenderem
às especificidades que os estudantes cegos têm na hora de criar seus esquemas mentais dos
assuntos em que o sentido da visão é o primeiro a ser acionados no momento das exposições
didáticas.
Em relação às escolas, verificamos que dificilmente elas utilizavam a escrita Braille
em suas atividades, devido os professores não saberem trabalhar com ela, como agravante
ainda temos o fato de que os livros didáticos dos estudantes não eram traduzidos para o
Braille. Fato esse que nos fez refletir que está sendo subtraído dos estudantes cegos o direito
de aprendizagem, tal qual é disponibilizado para os videntes.
A partir dessas informações obtidas por meio da consulta aos estudantes cegos, nos
motivamos ainda mais na elaboração da sequência de atividades e na programação do
aplicativo voltando para o ensino de matemática, para que então a partir dessa ideia, possamos
avançar na melhoria da educação para estes estudantes.
125
3 CONCEPÇÃO E ANÁLISE A PRIORI
Nesta seção, com base na ordem estabelecida pela Engenharia Didática, apresentamos
a nossa sequência didática juntamente com as suas análises a priori. De acordo com Pais
(2011, p. 102):
Uma sequência didática é formada por um certo número de aulas planejadas e
analisadas previamente com a finalidade de observar situações de aprendizagem,
envolvendo os conceitos previstos na pesquisa didática. Essas aulas são também
denominadas de sessões, tendo em vista o seu caráter específico para a pesquisa.
Nesse sentido, a nossa sequência de atividades foi elaborada seguindo os preceitos
estabelecidos pela metodologia de ensino de Matemática por Atividades, defendida por Sá
(2009) e Sá e Jucá (2014). No qual, segundo Sá (2009) o ensino de matemática por atividade
tem como característica principal a interação do estudante com o professor e seus colegas
durante todo o processo de construção do conhecimento, construção esta em que o estudante
deixa de ser individuo meramente passivo e passa a ser ativo, cabendo ao professor propor e
criar estratégias que despertem a atenção do estudante, trabalhando com exemplos práticos e
concretos de preferência fundamentados na realidade que os rodeia.
Sendo assim, para contemplarmos esta fase da Engenharia Didática e levando em
consideração as análises prévias, elaboramos uma sequência didática composta por 12
atividades que trabalham o ensino de matemática voltado para estudantes cegos, são elas:
Quantidade no sistema de representação decimal; Curvas; Segmento de Reta; Polígono; Tipos
de Polígonos; Conceito de área; Área do retângulo; Área do quadrado; Figuras Espaciais;
Conceito de Volume; Volume do Cubo e Volume do Paralelepípedo.
3.1 Apresentação e análise a priori das atividades
A seguir, apresentamos o roteiro das nossas atividades seguidas de suas análises a
priori. Cada atividade é composta pelo: título, objetivo, materiais necessários e os
procedimentos a serem realizados. Cada atividade possui seu material concreto que será
utilizado para auxiliar o estudante durante a resolução das perguntas feitas pelo
sistema/aplicativo de voz.
No que diz repeito ao uso de recursos tecnológicos para o ensino de pessoas cegas
encontramos alguns específicos dentre eles, temos: o Monet5 um software utilizado para
5 Para mais informações acesse:< http://www.acessibilidadebrasil.org.br/joomla/softwares?id=685>.
126
desenhar gráficos em uma impressora Braille, bem como fórmulas matemáticas, figuras
geométricas, imagens e desenhos, este foi lançado pelo Instituo Benjamin Constant. Outro
programa é o Braille Fácil 6utilizado para que a impressão Braille seja uma tarefa mais rápida
e fácil.
Em relação ao sistema/ aplicativo de voz utilizado neste trabalho, contamos com a
orientação do Professor Dr. Antonio José de Barros Neto, o qual nos guiou neste processo de
programação do aplicativo que utilizou o App Inventor, um ambiente de programação visual e
intuitivo que permiti com que seus usuários criem aplicativos funcionais para smartphones e
tablets gratuitamente. De acordo com site oficial deles, o projeto MIT App Inventor I (Figura
8) buscou democratizar o desenvolvimento de software, para que os jovens pudessem passar
de consumidores de tecnologia para criarem tecnologia, este ambiente de programação está
sendo utilizado em todo o mundo para ampliar a participação em sala de aula da ciência da
computação.
Figura 8: Mit App Inventor
Fonte: http://appinventor.mit.edu/explore/
O aplicativo é orientado por eventos, logo para que seja executado um conjunto de
tarefas é necessário ativar um evento para que os demais comandos sejam disponibilizados,
como mostra a Figura 9. Para isto a ordem dos comandos é importante, logo, quem programa
tem que saber qual ação deve vir primeiro para que então as demais sejam ativadas, o que nos
levou neste trabalho a ter que pensar em todas as possibilidades possíveis que os estudantes
cegos pudessem vir a fazer durante as atividades para que então o aplicativo funcionasse
corretamente.
6 Para mais informações acesse: < http://intervox.nce.ufrj.br/brfacil/>.
127
Figura 9: Resposta a um evento
Fonte: http://www.appinventor.org/bookChapters/chapter14.pdf
Neste trabalho o aplicativo elaborado a partir do App Inventor, tem como objetivo dar
maior autonomia aos estudantes cegos, permitindo que os mesmos interajam com o sistema,
ouvindo as perguntas, que já foram previamente gravadas e respondam oralmente utilizando
como suporte os materiais concretos para que então suas respostas sejam registradas no
aplicativo e o mesmo direcione o estudante nas etapas seguintes, dizendo se responderam
dentro das respostas esperadas, caso contrário permite ainda uma segunda chance, pedindo
para explorar melhor e caso ainda não responda corretamente o sistema pede para que o
estudante procure seu professor para lhe explicar, como mostra a programação na figura a
seguir.
128
Figura 10: Programação dos blocos da atividade 2
Fonte: http://ai2.appinventor.mit.edu/
O que nos leva a destacar que este aplicativo não tem a pretensão de substituir o
professor, pelo contrário, ele busca trabalhar em conjunto com o mesmo para que o estudante
cego tenha uma melhor participação nas aulas de matemática. Pois, concordamos com Fesch
(2003, p.32) quando relata que se tratando de “trabalhar com o deficiente visual de forma
integral, não podemos dispensar as possibilidades oferecidas pela microinformática, com
sintetizadores de voz, aparelhos de leitura óptica e programas de tratamento de textos
específicos para cegos”, pois estes são recursos a mais para auxiliar neste processo de ensino
e aprendizagem, devido a isso, somado a muitos outros motivos que optamos por trabalhar
com esta ideia de sistema/aplicativo de voz aliado as atividades de matemática.
A seguir apresentamos as atividades.
3.1.1 Atividade 1
Título: Quantidade no Sistema de Representação Decimal
Objetivo: Representar quantidade no Sistema de Numeração Decimal.
129
Material: Roteiro da atividade, cartas com os algarismos 1, 10, 100 e 1000 em Braille e alto
relevo, quadro de ordens com escrita em Braille e alto relevo e sistema/aplicativo de voz.
Procedimentos:
Aplicativo (Momento Introdutório): Nesta atividade iremos trabalhar a representação de
quantidade no Sistema de numeração Decimal, mas você sabe o que é uma quantidade?
Segundo o Dicionário, quantidade é a qualidade do que pode ser medido, contado, diminuído
ou aumentado. Agora que você já sabe o que vem a ser quantidade, vamos iniciar nossa
atividade, primeiro vamos explorar melhor o material que vamos utilizar.
Programação Inicial: Após o estudante (a) realizar a primeira tentativa e errar dizer: “Que
tal explorar mais um pouco?”. Se na segunda tentativa, ainda não acertar a resposta correta, o
aplicativo deve dizer: “Que pena! Chame seu professor para lhe explicar melhor.”. Caso o
estudante (a) acertar dizer: “Parabéns! Você está indo muito bem”.
Aplicativo:
Explore manualmente as cartas que se encontram dispostas a sua frente e que
estão escritas em alto relevo e em Braille;
Há cartas de tipos diferentes?
Resposta esperada: Sim
Quantos tipos de cartas existem?
Resposta esperada: Quatro
Quais são os tipos de cartas?
Resposta esperada: Cartas de um, cartas de dez, cartas de cem e cartas de mil
Separe as cartas iguais em grupos;
Quantas cartas ficaram em cada grupo?
Resposta esperada: Nove cartas ou nove.
130
Figura 11: Cartas com os algarismos
Fonte: o autor (2017)
Aplicativo:
Agora, que já exploramos as cartas, vamos explorar o quadro de ordens,
verificando a maneira como ele está organizado.
Em quantas colunas o quadro está dividido?
Resposta esperada: Quatro colunas.
As colunas são todas iguais?
Resposta esperada: Não
O que você percebe de diferente em cada coluna?
Resposta esperada: Uma poderá conter as cartas de um, outra as cartas de dez,
outra as de cem e outra as de mil e que cada coluna tem um nome diferente.
Pegue uma carta de “um”, uma carta de “dez”, uma carta de “cem” e uma
carta de “mil” e coloque-as nas devidas colunas do quadro;
Qual é o nome da coluna, também conhecida como casa, em que você colocou
a carta de “um”?
Resposta esperada: Coluna das unidades ou casa das unidades.
Qual é o nome da coluna, também conhecida como casa, em que você colocou
a carta de “dez”?
Resposta esperada: Coluna das dezenas ou casa das dezenas.
Qual é o nome da coluna, também conhecida como casa, em que você colocou
a carta de “cem”?
Resposta esperada: Coluna das centenas ou casa das centenas.
131
Qual é o nome da coluna, também conhecida como casa, em que você colocou
a carta de “mil”?
Resposta esperada: Coluna do milhar ou casa do milhar.
Figura 12: Quadro de Ordens
Fonte: o autor (2017)
Aplicativo: Agora que você já conheceu o material que vamos utilizar, vamos prosseguir com
a atividade. Utilizando as cartas e o quadro de ordens, faça o que será solicitado.
Atividade De Compor
Quadro 28- Atividade de compor sem o uso da nomenclatura das ordens nas perguntas.
Perguntas formuladas pelo
Aplicativo de voz
Registro da resposta
do estudante (a)
Resposta esperada do (a)
estudante
a) Pegue 7 cartas de 1 e 3 cartas de
10 e organize-as no quadro de
ordens. Quais colunas você
colocou as cartas de 1 e as cartas
de 10?
Se essas cartas fossem dinheiro,
com quantos reais ficaria?
As cartas de um ficaram na
coluna das unidades;
As cartas de dez na coluna das
dezenas;
Ficaria com trinta e sete reais.
b) Pegue 5 cartas de 1 e 3 cartas de
100 e organize-as no quadro de
ordens. Quais colunas você
colocou as cartas de 1 e as cartas
de 100?
Se essas cartas fossem dinheiro,
com quantos reais ficaria?
As cartas de um ficaram na
coluna das unidades;
As cartas de cem na coluna das
centenas;
Ficaria com trezentos e cinco
reais.
c) Pegue 2 cartas de 1 e 1 carta de
1000 e organize-as no quadro de
ordens. Quais colunas você
colocou as cartas de 1 e a cartas de
As cartas de um ficaram na
coluna das unidades;
A carta de mil na coluna do
milhar;
132
1000?
Se essas cartas são dinheiro, com
quantos reais ficaria?
Ficaria com mil e dois reais
d) Pegue 3 cartas de 10 e 2 cartas de
100 e organize-as no quadro de
ordens. Quais colunas você
colocou as cartas de 10 e as cartas
de 100?
Se essas cartas fossem dinheiro,
com quantos reais ficaria?
As cartas de dez ficaram na
coluna das dezenas;
As cartas de cem na coluna das
centenas;
Ficaria com duzentos e trinta
reais.
e) Pegue 8 cartas de 1, 5 cartas de 10
e 3 cartas de 100 e organize-as no
quadro de ordens. Quais colunas
você colocou as cartas de 1, as
cartas de 10 e as cartas de 100?
Se essas cartas fossem dinheiro,
com quantos reais ficaria?
As cartas de um ficaram na
coluna das unidades;
As cartas de dez na coluna das
dezenas;
As cartas de cem na coluna das
centenas;
Ficaria com trezentos e
cinquenta e oito reais.
f) Uma pessoa quem tem 2 notas de
1 real, 3 notas de 10 reais, 2 notas
de 100 reais e 1 nota de 1000
reais. Se somarmos todas as notas,
quanto de dinheiro essa pessoa
possui?
Ela possui mil duzentos e trinta
e dois reais
g) Uma pessoa tem 6 notas de 1 real,
4 notas de 10 reais e 9 notas de
100 reais, quanto de dinheiro essa
pessoa possuiu?
Ela possui novecentos e
quarenta e seis reais
h) Uma pessoa que tem 3 notas de 10
reais e uma nota 100 reais, quanto
de dinheiro essa pessoa possui?
Ela possui cento e trinta reais.
Fonte: o autor (2017)
Aplicativo:
Aplicativo: Com base nesse modelo que você ouviu responda as perguntas a seguir.
Quadro 29- Atividade de compor com o uso das nomenclaturas das ordens nas perguntas.
Perguntas formuladas pelo
Aplicativo de voz
Registro da resposta do
estudante (a)
Resposta esperada
do (a) estudante
a) Qual é o número formado
por uma dezena e cinco
unidades?
Quinze
Você observou que cada grupo de cartas pertencia a uma coluna específica, as
cartas de “um” pertenciam à coluna das unidades, as cartas de “dez” a coluna das
dezenas, as cartas de “cem” a coluna das centenas e as cartas de “mil” a coluna da
unidade de milhar. Sendo assim, para representar um número formado por 4
unidades e 2 dezenas, devemos colocar quatro cartas de “um” na coluna das
unidades e duas cartas de “dez” na coluna das dezenas, formando assim o número
24 (vinte e quatro).
133
b) Qual o número formado por
4 centenas e 3 dezenas?
Quatrocentos e trinta
c) Qual o número formado por
5 unidades de milhar e 8
dezenas?
Cinco mil e oitenta
d) Qual o número formado por
3 centenas, 7 dezenas e 4
unidades?
Trezentos e setenta e
quatro
e) Qual o número formado por
1 centena, 5 dezenas e 9
unidades?
Cento e cinquenta e
nove
f) Qual o número formado por
3 unidades de milhar, 2
centenas, 1 dezena e 3
unidades?
Três mil duzentos e
treze
g) Qual o número formado por
2 milhares, 1 centena, 8
dezenas e 7 unidades?
Dois mil cento e
oitenta e sete
h) Cláudio tem na caixa
registradora da sua loja
quatro notas de cem reais,
três notas de dez reais e
cinco notas de um real. Qual
o total de dinheiro que
Cláudio tem?
Cláudio tem
quatrocentos e trinta e
cinco reais.
i) Um cofre de banco usava
como senha as ordens do
sistema de numeração
decimal. Sabendo que a
senha era: uma unidade de
milhar, duas dezenas e seis
unidades. Qual era o número
que abria o cofre?
O número era mil e
vinte e seis.
Fonte: o autor (2017)
Atividade de Decomposição
Aplicativo: Você lembra que cada grupo de cartas pertencia a uma coluna específica do
quadro de ordens. Pois bem, se na questão anterior iniciávamos pelas unidades, dezenas,
centenas e unidades de milhar para formar um número, agora vamos fazer o processo inverso,
vamos decompor os números de acordo com a sua ordem.
Exemplo: O número quinze pode ser representado em uma dezena e cinco unidades.
134
Aplicativo: Lembre-se que para realizar a tarefa é preciso sempre utilizar a menor quantidade
de cartas possíveis. Agora vamos lá! Caso queira ouvir mais uma vez este trecho, diga:
“Repetir” se não diga: “Seguir”.
Quadro 30- Atividade de decomposição.
Perguntas formuladas pelo
Aplicativo de voz
Registro da resposta
do (a) estudante
Resposta esperada do (a)
estudante a) O número 45 pode ser
decomposto de que maneira?
Quatro dezenas e cinco unidades.
b) O número 13 pode ser
decomposto de que maneira?
Uma dezena e três unidades.
c) O número 120 pode ser
decomposto de que maneira?
Uma centena, duas dezenas e zero
unidades ou uma centena e duas
dezenas.
d) O número 205 pode ser
decomposto de que maneira?
Duas centenas, zero dezenas e
cinco unidades, ou duas centenas
e cinco unidades.
e) O número 356 pode ser
decomposto de que maneira?
Três centenas, cinco dezenas e
seis unidades.
f) O número 74 pode ser
decomposto de que maneira?
Sete dezenas e quatro unidades.
g) O número 419 pode ser
decomposto de que maneira?
Quatro centenas, uma dezena e
nove unidades.
h) O número 1457 pode ser
decomposto de que maneira?
Uma unidade de milhar, quatro
centenas, cinco dezenas e sete
unidades.
i) O número 3842 pode ser
decomposto de que maneira?
Três unidades de milhar, oito
centenas, quatro dezenas e três
unidades.
j) De que maneira podemos
representar R$32,00
utilizando a menor
quantidade de notas
possíveis?
Três notas de dez reias e duas
notas de um real.
k) De que maneira podemos
representar R$74,00
utilizando a menor
quantidade de notas
possíveis?
Sete notas de dez reais e quatro
notas de um real.
l) De que maneira podemos
representar R$193,00
Uma nota de cem reais, mais nove
notas de dez reais, mais três notas
135
utilizando a menor
quantidade de notas
possíveis?
de um real.
m) De que maneira podemos
representar R$235,00
utilizando a menor
quantidade de notas
possíveis?
Duas notas de cem reais, mais três
notas de dez reais mais, cinco
notas de um real.
n) De que maneira podemos
representar R$1004,00
utilizando a menor
quantidade de notas
possíveis?
Uma nota de mil reais, mais
quatro notas de um real.
o) De que maneira podemos
representar R$1237,00
utilizando a menor
quantidade de notas
possíveis?
Uma nota de mil reais, mais duas
notas de cem reais, mais três notas
de dez reais, mais sete notas de
um real.
p) João tem R$325,00 e quer
separar as notas em sua
carteira de tal maneira que
fique com a menor
quantidade de cédulas
possíveis. De que maneira
ele pode fazer isso?
Separando em três notas de cem
reais, duas notas de dez reais e
cinco notas de um real.
q) Maria tem quarenta e dois
ovos. De que maneira ela
pode separa-los em cubas, de
tal maneira que utilize a
menor quantidade de
embalagens possíveis,
sabendo que no estoque
existem embalagens para
um, para dez, para cem e
para mil ovos.
Ela pode separa-los em quatro
embalagens com dez ovos e duas
embalagens com um ovo.
r) Uma pessoa tem R$134,00 e
quer separar as notas de tal
maneira que fique com a
menor quantidade de cédulas
possíveis. De que maneira
ele pode fazer isso?
Separando em uma nota de cem
reais, três notas de dez reais e
quatro notas de um real.
Fonte: o autor (2017)
Análise a priori da Atividade 1:
Nesta atividade, que trata de um dos conhecimentos base para o ensino da matemática,
o Sistema de Numeração Decimal. Esperamos que os estudantes cegos compreendam o que
vem a ser quantidade, por meio de situações problemas elaboradas especificadamente com o
intuito de fazê-los refletir sobre o assunto em questão, uma vez que concordamos com Santos,
Gazzoni e Cassal (2008, p.118) quando disseram que o sistema de numeração é fundamental
136
para a compreensão das quatro operações, as quais serão utilizadas durante toda a vida escolar
e não escolar dos estudantes.
Com base no estudo de Santos, Gazzoni e Cassal (2008, p.118) existe a necessidade de
se melhorar os métodos de ensino para o valor posicional nas operações aritméticas com
números, pois segundo eles existem muitas dificuldades, por parte dos estudantes em
compreender e usar os algoritmos ao realizarem as operações. A partir disso, resolvemos
elaborar esta atividade, que iniciou com o reconhecimento do sistema/aplicativo de voz,
material concreto, com as nomenclaturas e com a organização do quadro de ordens, neste
momento por se tratar de um reconhecimento esperamos que os estudantes não sintam
dificuldade e caso haja que perguntem antes de iniciarmos a aplicação de fato da atividade.
Em seguida trazemos a atividade de compor, a qual começava com perguntas diretas e
simples e que tinha o intuito de fazer o estudante perceber que cada conjunto de cartas
pertencia a uma coluna específica e que cada coluna possuía uma determinada nomenclatura.
Na atividade de decompor esperamos que os estudantes aprendam a decompor os números
com base nas suas posições no sistema de numeração decimal.
Neste momento das atividades de compor e decompor, esperamos que os estudantes
não sintam dificuldade em responder as perguntas, uma vez quem tem em mãos os materias
concretos para manipulá-los, talvez surjam problemas durante o reconhecimento da resposta
do estudante, uma vez que mesmo prevendo as possíveis respostas, os estudantes podem
apresentar alguma nova que não havíamos pensado e então o sistema não reconhecer, caso tal
fato aconteça, a resposta será registrada pelos pesquisadores no momento da aplicação.
Lembrando que as perguntas encontram-se dispostas de maneira crescente de dificuldade.
Sendo assim, unindo as atividades de reconhecimento, de compor e decompor
pretendemos que os estudantes percebam que dependendo da posição que o algarismo ocupa
no número, ele pode representar valores diferentes e que a cada dez unidades de uma ordem
qualquer formamos uma imediatamente de ordem superior.
3.1.2 Atividade 2
Título: Curvas
Objetivo: Conceituar Curvas
Material: Roteiro da atividade gravado no sistema/aplicativo de voz e material confeccionado
em alto relevo.
137
Procedimentos:
Programação Inicial: Após o estudante (a) realizar a primeira tentativa e errar dizer: “Que
tal explorar mais um pouco?”. Se na segunda tentativa, ainda não acertar a resposta correta, o
aplicativo deve dizer: “Que pena! Acho que você se equivocou, chame seu professor para lhe
explicar melhor e assim juntos responderem a esta pergunta.”. E quando o estudante acertar as
respostas o aplicativo deverá dizer: “Parabéns continue assim!”.
Aplicativo: A sua frente existem algumas folhas com linhas desenhadas em alto relevo e que
estão numeradas, deslize o dedo sobre cada uma delas.
Figura 13- Folhas com Linhas
138
Fonte: o autor (2018)
Aplicativo: Muito bem! As linhas que você deslizou o dedo são chamadas de curvas.
Sabendo disso responda:
Quantas curvas ao todo você deslizou o dedo?
Resposta esperada: Sete
Nos diga se houve alguma curva que ao deslizar o dedo você voltou ao ponto de
partida?
Resposta esperada: Sim
Quais foram estas curvas que voltaram ao ponto de partida?
Resposta esperada: Quatro, Seis e Sete.
ATIVIDADE 3
Análise a priori da Atividade 2:
Esta atividade é a primeira de um conjunto de atividades voltadas para o entendimento
do conceito de polígono. Desta maneira buscamos com ela trabalhar o que vem a ser uma
curva e que está pode ser aberta ou fechada. Esperamos que os estudantes cegos não sintam
Aplicativo: As curvas em que você ao deslizar o dedo voltou ao ponto de partida
são denominadas de curvas fechadas. E as que não voltaram ao ponto de
partida são chamadas de curvas abertas.
139
dificuldades nesta atividade, devido à mesma encontrar-se estruturada de uma maneira
simples e direta e ainda contar com a ajuda de material manipulativo, o qual permitirá com
que os estudantes possam responder as perguntas feitas pelo aplicativo sem muita dificuldade.
Não encontramos estudos que tratassem especificamente sobre o ensino e aprendizagem de
curvas para o ensino fundamental que pudessem fundamentar esta atividade, no entanto,
sabemos como professores de matemática que para compreendermos polígonos devemos
primeiramente saber o que são curvas.
140
3.1.3 Atividade 3
Título: Segmento de Reta
Objetivo: Conceituar segmento de retas
Material: Roteiro da atividade gravado no sistema/aplicativo de voz e material confeccionado
em alto relevo.
Procedimentos:
Programação Inicial: Após o estudante (a) realizar a primeira tentativa e errar dizer: “Que
tal explorar mais um pouco?”. Se na segunda tentativa, ainda não acertar a resposta correta, o
aplicativo deve dizer: “Poxa, acho que você se equivocou, chame seu professor para que
vocês possam responder juntos a esta pergunta.”. E quando o estudante acertar as respostas o
aplicativo deverá dizer: “Muito bem, você acertou, continue assim!”.
Aplicativo: A sua frente existem algumas folhas com curvas desenhadas em alto relevo e que
estão numeradas, deslize o dedo sobre cada uma delas.
Figura 14- Folha com Curvas
Fonte: o autor (2018)
141
Aplicativo: Agora que você já deslizou o dedo sobre as curvas, responda:
Quantas curvas você deslizou o dedo?
Resposta esperada: Seis
Nos diga se teve alguma curva que ao deslizar o dedo não mudou de direção?
Resposta esperada: Sim
Quais foram estas curvas que não mudaram de direção?
Resposta esperada: Quatro, cinco e seis.
Análise a priori da Atividade 3:
Análise a priori da Atividade 3:
Nesta atividade, a segunda de um conjunto de atividades voltadas para o entendimento
do conceito de polígono, buscou-se trabalhar o conceito de segmento de reta, uma vez que os
polígonos são formados por segmentos de retas. Esperamos que os estudantes cegos não
sintam dificuldades ao realizarem esta atividade, uma vez que já realizaram a atividade sobre
curvas e esta segue a mesma linha de raciocínio, além de ter sido elaborada de maneira
simples e direta para que não se desviasse do seu objetivo. O material manipulativo foi criado
para ajudar os estudantes cegos a responderem as perguntas feitas pelo aplicativo. Não
encontramos estudos que tratassem sobre o ensino e aprendizagem de segmento de retas no
ensino fundamental que pudéssemos usar para fundamentar esta atividade.
Aplicativo: As curvas que ao deslizar o dedo não mudaram de direção são
chamadas de segmento de retas.
142
3.1.4 Atividade 4
Título: Polígono
Objetivo: Conceituar polígono
Material: Roteiro da atividade gravado no sistema/aplicativo de voz e material confeccionado
em alto relevo.
Procedimentos:
Programação Inicial: Após o estudante (a) realizar a primeira tentativa e errar, o programa
deverá dizer: “Que tal explorar mais um pouco?”. Se na segunda tentativa, ainda não acertar a
resposta correta, o aplicativo deve dizer: “Que pena, ainda não foi dessa vez, chame seu
professor para que vocês possam responder juntos a esta pergunta.”. E quando o estudante
acertar as respostas o aplicativo deverá dizer: “Parabéns! você acertou, continue assim!”.
Aplicativo: A sua frente existe uma folha com algumas curvas desenhadas em alto relevo e
que estão enumeradas, deslize o dedo sobre cada uma delas.
Figura 15- Folhas com linhas poligonais
Fonte: o autor (2018)
143
Aplicativo: Muito bem! Agora que você já deslizou o dedo sobre cada uma das curvas,
responda:
Quantas curvas você deslizou o dedo?
Resposta esperada: Oito
Nos diga se teve alguma curva formada somente por segmento de reta?
Resposta esperada: Sim
Quais foram estas curvas formadas somente por segmentos de retas?
Resposta esperada: Um, três, quatro, cinco, seis e sete.
Análise a priori da Atividade 3:
Sabendo agora o que é uma linha poligonal, nos diga, existem linhas poligonais que
ao deslizar o dedo você voltou ao ponto de partida?
Resposta esperada: Sim
Quais foram essas linhas poligonais que voltaram ao ponto de partida?
Resposta esperada: Quatro, cinco, seis e sete
Análise a priori da Atividade 4:
Esta atividade foi elaborada com o objetivo de trabalhar o conceito de polígono, uma
vez que conceitos necessários para a sua aprendizagem já foram trabalhados previamente,
como: curvas e segmentos de retas. A opção por trabalharmos com este assunto se deveu ao
fato de que como professores de matemática sabemos da importância do estudo de polígonos
no 6º ano, dado que este assunto será a base de muitos outros que serão trabalhados durante os
demais anos escolares. Somado a este fato, existem estudos que mostram que os estudantes
têm dificuldades neste conteúdo, como foi apresentado por Knop (2010) que ao realizar um
diagnóstico sobre as principais dificuldades dos estudantes da 6ª série observou que o
conceito de polígono não estava bem claro para os estudantes, pois apenas 27% do total de
estudantes participantes demonstraram saber o que são polígonos.
Desta maneira, esperamos que a partir dessa atividade os estudantes cegos consigam
compreender o que são polígonos e não sintam dificuldades ao respondê-la, visto que já
Aplicativo: A curva que é formada apenas por segmentos de retas é
denominada de linha poligonal.
Aplicativo: Uma linha poligonal que ao deslizar o dedo você voltou ao ponto de
partida, ou seja, é fechada, é denominada de POLÍGONO.
144
realizaram atividades desse tipo, usando alto relevo e o aplicativo, somado ao fato de que a
mesma foi estruturada de maneira simples e direta justamente com intuito de facilitar o
entendimento das etapas que deverão ser realizadas.
145
3.1.5 Atividade 5
Título: Tipos de Polígonos
Objetivo: Conceituar tipos de polígonos
Material: Roteiro da atividade gravado no sistema/aplicativo de voz e material confeccionado
em alto relevo.
Procedimentos:
Programação Inicial: Após o estudante (a) realizar a primeira tentativa e errar dizer: “Que
tal explorar mais um pouco?”. Se na segunda tentativa, ainda não acertar a resposta correta, o
aplicativo deve dizer: “Que pena, ainda não foi dessa vez, chame seu professor para que vocês
possam responder juntos a esta pergunta.”. E quando o estudante acertar as respostas o
aplicativo deverá dizer: “Parabéns! você acertou, continue assim!”.
Aplicativo: A sua frente existe uma folha com alguns polígonos desenhados em alto relevo e
que estão numerados, deslize o dedo sobre cada um deles.
Figura 16- Folhas com Polígonos
146
Fonte: o autor (2018)
Aplicativo: Muito bem! Agora que você já deslizou o dedo sobre cada uma dos polígonos,
responda:
Quantos polígonos têm ao todo?
Resposta esperada: Nove
São todos iguais?
Resposta esperada: Não
O que mudou de polígono para polígono?
Resposta esperada: A forma/ a quantidade de lados/segmento de retas.
Existem polígonos que possuem apenas três lados?
Resposta esperada: Sim
Quais são?
Resposta esperada: Polígonos um e o quatro
Existem polígonos que possuem quatro lados?
Resposta esperada: Sim
Quais são?
Resposta esperada: Polígonos dois, três, cinco, oito e nove
Aplicativo: Um polígono que possui três lados é denominado de TRIÂNGULO.
147
Existe polígono que possui cinco lados?
Resposta esperada: Sim
Qual é?
Resposta esperada: Polígono seis
Existe polígono que possui seis lados?
Resposta esperada: Sim
Qual é?
Resposta esperada: Polígono sete
Análise a priori da Atividade 5:
Nesta atividade, buscamos trabalhar os tipos de polígonos, fechando no triângulo,
quadrilátero, pentágono e hexágono, visto que a partir destes, podemos realizar uma
generalização, de que a nomenclatura do polígono dependerá do número de lados que ele
possuir. Para isso, elaboramos a atividade em alto relevo para que o estudante cego possa
sentir, a partir do tato, como é o polígono e no que eles se diferenciam, para assim
aprenderem as suas nomenclaturas, já que esta é uma das dificuldades apresentadas pelos
estudantes quando falamos em polígonos, como foi verificado por Knop (2010) quando disse
em seu estudo que existe uma falha no ensino e aprendizagem de geometria da 5ª série atual
6º ano, pois os estudantes participantes da sua pesquisa demonstraram não saber desde o
conceito de polígono até seus elementos, nomenclaturas, entre outros.
Aplicativo: Um polígono que possui quatro lados é denominado de
QUADRILÁTERO. Estes podem ser classificados em Paralelogramos e Trapézios,
no grupo dos paralelogramos encontramos os: retângulos, losangos e quadrados.
Aplicativo: Um polígono que possui cinco lados é denominado de PENTAGONO.
Aplicativo: Um polígono que possui seis lados é denominado de HEXÁGONO.
Aplicativo: Desta maneira, você percebeu que de acordo com o número de lados do
polígono a figura é nomeada.
148
Sendo assim, esperamos que durante a realização da atividade os estudantes cegos não
sintam dificuldades ao respondê-la, uma vez que já realizaram várias atividades que seguem
esta mesma linha de raciocínio, contudo, no momento de conceituar os quadriláteros, talvez
os estudantes façam perguntas a respeito das suas subcategorias, pois como nosso objetivo
não era detalhar cada polígono, mas conceituar que existem vários deles e que a sua
nomenclatura está ligada ao número de lados, não especificamos as características de cada, o
que pode vir a despertar a curiosidade dos estudantes, e caso este fato aconteça explicaremos
cada um desses polígonos pertencentes ao grupo dos quadriláteros.
149
3.1.6 Atividade 6
Título: Conceito de área
Objetivo: Conceituar área
Material: Roteiro da atividade no sistema/aplicativo de voz e material confeccionado em alto
relevo.
Procedimentos:
Programação Inicial: Após o estudante (a) realizar a primeira tentativa e errar dizer: “Que
tal explorar mais um pouco?”. Se na segunda tentativa, ainda não acertar a resposta correta, o
aplicativo deve dizer: “Que pena, ainda não foi dessa vez, chame seu professor para que vocês
possam responder juntos a esta pergunta.”. E quando o estudante acertar as respostas o
aplicativo deverá dizer: “Parabéns! você acertou, continue assim!”.
Aplicativo: A sua frente existe uma folha com alguns desenhos em alto relevo deslize o dedo
sobre cada um deles e responda o que se pede.
1) Qual dos terrenos tem a maior superfície?
Figura 17- Terrenos
Fonte: o autor (2018)
Resposta esperada: Terreno B
2) Qual dos triângulos tem a maior superfície?
Figura 18- Triângulos
Fonte: o autor (2018)
150
Resposta esperada: Triângulo A
3) Qual dos losangos tem a maior superfície?
Figura 19- Losangos
Fonte: o autor (2018)
Resposta esperada: Losango A
4) Qual dos paralelogramos tem a maior superfície?
Figura 20- Paralelogramo
Fonte: o autor (2018)
Resposta esperada: Paralelogramo B
Aplicativo: A pergunta “Qual dos terrenos tem a maior superfície?”. É equivalente a
pergunta: Qual dos terrenos tem a maior área?
Resposta esperada: Sim.
Aplicativo: Sendo assim o que é área de uma superfície?
Resposta esperada: É a quantidade de espaço bidimensional, ou seja, a quantidade de espaço
de uma superfície equivale à medida de uma superfície. (Espera-se que o estudante responda
algo do tipo.)
151
Análise a priori da Atividade 6:
Nesta atividade temos como objetivo trabalhar a ideia e o conceito de área, pois para
que possamos realizar atividades futuras sobre o cálculo de áreas se faz necessário que os
estudantes saibam antes o que vem a ser área. A mesma foi elaborada com uma linguagem
simples e direta para que os estudantes cegos possam responder sem muitas dificuldades as
perguntas feitas e com isso consigam intuir o conceito de área ou pelo menos aproximar-se
dele, uma vez que estudos têm mostrado dificuldades dos estudantes nesse conceito, como o
estudo de Facco (2003, p.31-2) que ao analisar livros didáticos da 5ª série verificou que neles
poucas são as atividades relacionadas ao estudo do conceito de área em figuras planas e que
logo são introduzidas às fórmulas para o cálculo das áreas.
Segundo Santos (2004) as dificuldades dos estudantes no conceito de área e perímetro
podem ser influenciadas pela deficiência na formação dos professores, visto que a formação
interfere na prática docente. Para a autora os professores precisam propiciar atividades que
não envolvam logo o cálculo de área ou perímetro, mas que trabalhem intencionalmente esses
conceitos.
Sendo assim, com base no que foi exposto, elaboramos esta atividade e esperamos que
os estudantes cegos não sintam dificuldade ao respondê-la, conseguindo compreender a ideia
e o conceito área.
Aplicativo: Área é a medida de uma superfície. Existem várias unidades de
medida de área, sendo a mais utilizada é o metro quadrado, representado
pela letra m elevada ao quadrado, e os seus sub- múltiplos.
152
3.1.7 Atividade 7
Título: Área do retângulo
Objetivo: Descobrir uma maneira de determinar a área do retângulo.
Material: Folha de retângulos com áreas diferentes confeccionadas em alto relevo e roteiro
da atividade gravada no sistema/aplicativo de voz.
Procedimentos:
Programação Inicial: Após o estudante (a) realizar a primeira tentativa e errar dizer: “Que
tal explorar mais um pouco?”. Se na segunda tentativa, ainda não acertar a resposta correta, o
aplicativo deve dizer: “Poxa, acho que ainda não foi dessa vez, melhor você chamar seu
professor para lhe explicar e assim juntos responderem a esta pergunta.”. Caso o estudante (a)
acertar dizer: “Meus parabéns, você está se saindo muito bem!”.
Aplicativo:
Explore manualmente os retângulos feitos em alto relevo que se encontram a sua
frente;
Figura 21- Folhas com retângulos
153
Fonte: o autor (2017)
Quantos retângulos têm ao todo?
Resposta esperada: Dez
Os retângulos são todos iguais?
Resposta esperada: Não
Então o que muda de um retângulo para o outro?
Resposta esperada: O(s) tamanho/tamanhos ou a quantidade de
quadrados/quadradinhos dentro de cada um deles.
154
Aplicativo: Agora que você já conhece os retângulos que iremos trabalhar, vamos prosseguir
com a atividade. Utilizando os retângulos confeccionados em alto relevo, faça o que será
solicitado.
ATIVIDADE DE ÁREA DO RETÂNGULO
Considere cada quadradinho do retângulo como sendo uma unidade de área;
E cada lado do quadradinho como sendo uma unidade de comprimento;
Agora com base nessas informações e manuseando os retângulos um por vez,
responda as perguntas.
Quadro 31- Atividade sobre área do retângulo
Perguntas formuladas pelo
Aplicativo de voz
Registro da resposta
do (a) estudante
Resposta esperada
do (a) estudante
RETÂNGULO UM
Qual é a medida do
comprimento do retângulo
um?
Dois
Qual é a medida da largura
do retângulo um?
Um
Qual é a medida da área do
retângulo um?
Dois
RETÂNGULO
DOIS
Qual é a medida do
comprimento do retângulo
dois?
Três
Qual é a medida da largura
do retângulo dois?
Dois
Qual é a medida da área do
retângulo dois?
Seis
RETÂNGULO
TRÊS
Qual é a medida do
comprimento do retângulo
três?
Quatro
Qual é a medida da largura
do retângulo três?
Três
Qual é a medida da área do
retângulo três?
Doze
Qual é a medida do Cinco
155
RETÂNGULO
QUATRO
comprimento do retângulo
quatro?
Qual é a medida da largura
do retângulo quadro?
Quatro
Qual é a medida da área do
retângulo quatro?
Vinte
RETÂNGULO
CINCO
Qual é a medida do
comprimento do retângulo
cinco?
Seis
Qual é a medida da largura
do retângulo cinco?
Cinco
Qual é a medida da área do
retângulo cinco?
Trinta
RETÂNGULO
SEIS
Qual é a medida do
comprimento do retângulo
seis?
Sete
Qual é a medida da largura
do retângulo seis?
Seis
Qual é a medida da área do
retângulo seis?
Quarenta e dois
RETÂNGULO
SETE
Qual é a medida do
comprimento do retângulo
sete?
Oito
Qual é a medida da largura
do retângulo sete?
Sete
Qual é a medida da área do
retângulo sete?
Cinquenta e seis
RETÂNGULO
OITO
Qual é a medida do
comprimento do retângulo
oito?
Nove
Qual é a medida da largura
do retângulo oito?
Oito
Qual é a medida da área do
retângulo oito?
Setenta e dois
Qual é a medida do
comprimento do retângulo
Dez
156
RETÂNGULO
NOVE
nove?
Qual é a medida da largura
do retângulo nove?
Nove
Qual é a medida da área do
retângulo nove?
Noventa
RETÂNGULO
DEZ
Qual é a medida do
comprimento do retângulo
dez?
Onze
Qual é a medida da largura
do retângulo dez?
Dez
Qual é a medida da área do
retângulo dez?
Cento e dez
Fonte: o autor (2017)
Aplicativo: Agora para finalizarmos, temos uma pergunta final, mas antes disso escute
atentamente a leitura dos resultados que você obteve:
Leitura feita pelo aplicativo: Quando o comprimento foi Dois e a largura Um a área foi
Dois, quando o comprimento foi Três e a largura Dois a área foi Seis, quando o comprimento
foi Quatro e a largura Três a área foi Doze, quando o comprimento foi Cinco e a largura
Quatro a área foi Vinte, quando o comprimento foi Seis e a largura Cinco a área foi Trinta,
quando o comprimento foi Sete e a largura Seis a área foi Quarenta e dois, quando o
comprimento foi Oito e a largura Sete a área foi Cinquenta e seis, quando o comprimento foi
Nove e a largura Oito a área foi Setenta e dois, quando o comprimento foi Dez e a largura
Nove a área foi Noventa, quando o comprimento foi Onze e a largura Dez a área foi Cento e
dez.
Programação: Se o estudante (a) responder corretamente dizer: “Meus parabéns, você
acertou!”. Caso o estudante (a) não responda como o esperado dizer: “Acho que não, vamos
ouvir mais uma vez a leitura dos resultados obtidos.”. E então perguntar novamente.
Aplicativo: Agora após escutar os valores obtidos no comprimento, na largura e na área de
cada retângulo, responda:
É possível encontrar uma maneira de determinar a área de um retângulo sem ter que
contar os quadradinhos?
Resposta esperada: Sim
157
Que maneira é essa?
Resposta esperada: Multiplicando/multiplicar o comprimento com a largura ou
multiplicar os valores dos lados do retângulo.
Análise a priori da Atividade 7:
Nesta atividade, esperamos que os estudantes cegos percebam que para se calcular a
área de um retângulo sem ter que contar cada quadradinho, basta multiplicar a medida de dois
lados dessa figura, que no caso são o comprimento e largura ou mais conhecidos como a base
e a altura. Durante a realização da atividade talvez os estudantes cegos sintam um pouco de
dificuldade no fato de ter que contar os quadradinhos, pois nas figuras maiores podem se
confundir e acabar contando um mesmo quadradinho mais de uma vez, devido a isso o
aplicativo dará sempre mais uma chance para que o estudante possa rever seus cálculos e
assim corrigi-los.
A importância de aprender a realizar o cálculo de áreas de figuras planas, neste caso o
retângulo, se justifica segundo Santos e Jucá (2014) no fato desta facilitar a visualização do
contexto em que vivem, além do fato de importantes sistemas de avaliações como a Prova
Brasil e Sispae trazerem em seus descritores a resolução de problemas que envolvam o
cálculo de áreas de figuras planas, no caso da Prova Brasil, citaram ainda a malha
quadriculada, por isso, resolvemos elaborar esta atividade, para que o estudante cego
compreenda o cálculo da área do retângulo sem apenas memorizar algo que lhe foi dado de
maneira pronta e acabada e assim quem sabe possa resolver o problemas envolvendo este tipo
de cálculo de área.
Aplicativo: Lembrando que área é a medida de uma superfície, podemos calcular a
área de qualquer retângulo multiplicando a medida da base pela altura.
158
3.1.8 Atividade 8
Título: Área do quadrado
Objetivo: Descobrir uma maneira de determinar a área do quadrado.
Material: Folha com quadrados de áreas diferentes confeccionados em alto relevo e roteiro
da atividade gravada no sistema/aplicativo de voz.
Procedimentos:
Programação Inicial: Após o estudante (a) realizar a primeira tentativa e errar dizer: “Que
tal explorar mais um pouco?”. Se na segunda tentativa, ainda não acertar a resposta correta, o
aplicativo deve dizer: “Poxa, acho que ainda não foi dessa vez, acho melhor você chamar seu
professor para lhe explicar e assim juntos responderem a esta pergunta.”. Caso o estudante (a)
acerte a resposta dizer: “Muito bem, continue assim, você está de parabéns!”.
Aplicativo:
Explore manualmente os quadrados feitos em alto relevo que se encontram a sua
frente;
Figura 22- Folhas com quadrados
159
Fonte: o autor (2017)
Quantos quadrados têm ao todo?
Resposta esperada: Dez
Os quadrados são todos iguais?
Resposta esperada: Não
O que muda de um quadrado para o outro?
Resposta esperada: O(s) tamanho/ tamanhos ou a quantidade de
quadrados/quadradinhos dentro de cada um deles.
Aplicativo: Agora que você já conhece os quadrados que iremos trabalhar, vamos prosseguir
com a atividade. Utilizando os quarados confeccionados em alto relevo, faça o que será
solicitado.
160
Atividade de Área do Quadrado
Considere cada quadradinho dentro do quadrado maior como sendo uma unidade de
área;
E cada lado do quadradinho como sendo uma unidade de comprimento;
Agora com base nessas informações e manuseando os quadrados um por vez, responda
as perguntas.
Quadro 32- Atividade sobre área do retângulo
Perguntas formuladas pelo
Aplicativo de voz
Registro da resposta
do (a) estudante
Resposta esperada
do (a) estudante
QUADRADO UM
Qual é a medida do lado do
quadrado um?
Um
Qual é a medida da área do
quadrado um?
Um
QUADRADO DOIS
Qual é a medida do lado do
quadrado dois?
Dois
Qual é a medida da área do
quadrado dois?
Quatro
QUADRADO
TRÊS
Qual é a medida do lado do
quadrado três?
Três
Qual é a medida da área do
quadrado três?
Nove
QUADRADO
QUATRO
Qual é a medida do lado do
quadrado quatro?
Quatro
Qual é a medida da área do
quadrado quatro?
Dezesseis
QUADRADO
CINCO
Qual é a medida do lado do
quadrado cinco?
Cinco
Qual é a medida da área do
quadrado cinco?
Vinte e cinco
QUADRADO SEIS
Qual é a medida do lado do
quadrado seis?
Seis
Qual é a medida da área do
quadrado seis?
Trinta e seis
Qual é a medida do lado do Sete
161
QUADRADO
SETE
quadrado sete?
Qual é a medida da área do
quadrado sete?
Quarenta e Nove
QUADRADO
OITO
Qual é a medida do lado do
quadrado oito?
Oito
Qual é a medida da área do
quadrado oito?
Sessenta e quatro
QUADRADO
NOVE
Qual é a medida do lado do
quadrado nove?
Nove
Qual é a medida da área do
quadrado nove?
Oitenta e um
QUADRADO DEZ
Qual é a medida do lado do
quadrado dez?
Dez
Qual é a medida da área do
quadrado dez?
Cem
Fonte: o autor (2017)
Aplicativo: Agora para finalizarmos, temos uma pergunta final, mas antes disso escute
atentamente a leitura dos resultados que você obteve:
Leitura feita pelo aplicativo: Quando a medida do lado do quadrado foi Um a área foi Um,
quando a medida do lado do quadrado foi Dois a área foi Quatro, quando a medida do lado
do quadrado foi Três a área foi Nove, quando a medida do lado do quadrado foi Quatro a
área foi Dezesseis, quando a medida do lado do quadrado foi Cinco a área foi Vinte e Cinco,
quando a medida do lado do quadrado foi Seis a área foi Trinta e seis, quando a medida do
lado do quadrado foi Sete a área foi Quarenta e nove, quando a medida do lado do quadrado
foi Oito a área foi Sessenta e quatro, quando a medida do lado do quadrado foi Nove a área
foi Oitenta e um, quando a medida do lado do quadrado foi Dez a área foi Cem.
Programação: Se o estudante (a) responder corretamente dizer: “Meus parabéns, você
acertou!”. Caso o estudante (a) não responda como o esperado dizer: “Acho que não, vamos
ouvir mais uma vez a leitura dos resultados obtidos.”. E então perguntar novamente.
Aplicativo: Agora após escutar os valores obtidos no lado e na área de cada quadrado,
responda:
162
Existe uma relação entre a medida do lado do quadrado e a medida da área, você sabe
nos dizer que relação é esta?
Resposta esperada: A área do quadrado é o produto entre os seus lados/ para encontrar
a área basta multiplicar a medida dos dois lados.
Com base nessa relação, de que outra maneira sem ser contando cada um dos
quadradinhos poderia obter a área dos quadrados?
Resposta esperada: Multiplicando a medida dos dois lados do quadrado, ou elevando a
medida do lado ao quadrado, uma vez que as medidas são iguais.
Análise a priori da Atividade 8:
Nesta atividade, esperamos que os estudantes cegos percebam que para se calcular a
medida da área de um quadrado sem ter que contar cada quadradinho basta multiplicar a
medida de dois lados dessa figura, lembrando que todos os lados são iguais, multiplicamos l x
l ou . Durante a realização da atividade talvez os estudantes sintam um pouco de dificuldade
em ter que contar cada quadradinho, pois nas figuras maiores podem se confundir e contar um
mesmo quadradinho mais de uma vez, por isso o aplicativo dará sempre mais uma chance
para que o estudante possa rever seus cálculos e assim corrigi-los.
A escolha por elaborar esta atividade voltada para o ensino de área de figuras planas,
mais especificamente o do quadrado, deve-se por causa de nossas experiências enquanto
professores de matemática, quando em sala de aula presenciávamos as dificuldades dos
estudantes em calcular tais áreas, por causa das fórmulas que lhes eram entregues sem muitas
explicações de onde surgiram. Segundo Chiummo (1998, p.37-8) o conceito de área e
perímetro se for bem trabalhados e utilizarem situações que envolvam o quadriculado, o
pontilhado, entre outros, os estudantes conseguirão compreender melhor o assunto e assim ter
mais facilidade ao passar do quadro geométrico para o numérico.
Aplicativo: Lembrando que área é a medida de uma superfície, podemos calcular a
área de qualquer quadrado multiplicando a medida de dois lados.
163
3.1.9 Atividade 9
Título: Figuras Espaciais
Objetivo: Reconhecer as figuras espaciais.
Material: Figuras espaciais feitas no papel cartão e roteiro da atividade gravado no sistema/
aplicativo de voz.
Programação Inicial: Após o estudante (a) realizar a primeira tentativa e errar dizer: “Que
tal explorar mais um pouco?”. Se na segunda tentativa, ainda não acertar a resposta correta, o
aplicativo deve dizer: “Que pena! Acho que você se equivocou, chame seu professor para lhe
explicar melhor e assim juntos responderem a esta pergunta.”. E quando o estudante (a)
acertar as respostas o aplicativo deverá dizer: “Parabéns, continue assim!”.
Aplicativo:
Explore as figuras que se encontram a sua frente;
Figura 23: Figuras Espaciais
Fonte: o autor (2018)
Quantas figuras têm ao todo?
Resposta esperada: Sete.
As figuras são todas iguais?
Resposta esperada: Não.
Pegue as figuras que não têm nenhuma parte boleada ou arredondada.
Resposta esperada: O estudante deverá pegar a pirâmide, o prisma, o cubo e o
paralelepípedo.
164
Agora nos descreva as figuras que você separou;
Resposta esperada: Tem uma base e uma ponta mais no alto, ou que vai afinando para
cima e os lados tem a forma de triângulos (pirâmide); Tem duas bases e os lados são
retângulos (prisma reto); Tem seis lados quadrados com o mesmo tamanho (cubo);
Tem duas bases (na forma de quadrados) e lados opostos iguais (paralelepípedo).
OBS: a ordem poderá ser alternada.
Quantas figuras ficaram neste grupo?
Resposta esperada: Quatro.
Agora pegue as figuras que tem alguma parte boleada.
R: O estudante deverá pegar a esfera, o cone e o cilindro.
Agora nos descreva as figuras que você separou;
Resposta esperada: Uma é toda circular, redonda, maciça (esfera); A outra tem uma
base e vai afinando para a ponta (cone); Outra tem duas bases e o meio boleado
(cilindro).
Quantas figuras ficaram neste grupo?
Resposta esperada: Três.
Agora verifique nos grupos se existem figuras com pontas?
Resposta esperada: Sim.
Separe as que têm pontas.
Resposta esperada: O estudante deverá separar a pirâmide, prisma, cubo,
paralelepípedo e cone.
Aplicativo: Muito bem, essas pontas que você sentiu nas figuras são
chamadas de vértices.
Aplicativo: Pois bem, essas figuras sem nenhuma parte boleada ou
arredondada são chamadas de poliedros. Os poliedros são sólidos geométricos
formados por três elementos básicos: os vértices, as arestas e as faces.
Aplicativo: Essas figuras com pelo menos uma parte boleada ou arredondada
são chamadas de corpos redondos. Os corpos redondos fazem parte dos sólidos
geométricos e que no lugar de faces possuem curvas, que se colocadas em uma
superfície plana elas rolam.
165
Existem figuras com dobras ou segmentos de retas?
Resposta esperada: Sim.
Separe as que têm essas dobras.
Resposta esperada: O estudante deverá separar a pirâmide, prisma, cubo,
paralelepípedo.
Existem figuras com as partes “achatadas” nas laterais?
Resposta esperada: Sim.
Separe as que possuem parte “achatada” nas laterais.
Resposta esperada: O estudante deverá separar a pirâmide, prisma, cubo,
paralelepípedo.
Agora que você já sabe o que são poliedros, corpos redondos, vértices, arestas e faces,
pegue dentro do grupo dos poliedros a figura que tem uma base e vai afinando na
ponta.
Resposta esperada: Espera-se que o estudante pegue a pirâmide
Quantas faces ela têm?
Resposta esperada: Tem cinco faces ou cinco
Quantos vértices ela têm?
Resposta esperada: Tem cinco vértices ou cinco
Quantas arestas ela têm?
Resposta esperada: Tem oito arestas ou oito
Aplicativo: Muito bem, essas dobras ou segmentos de retas que você sentiu nas
figuras são chamados de arestas.
Aplicativo: Muito bem, essas partes achatadas nas laterais que você sentiu nas
figuras são chamadas de faces.
Aplicativo: Muito bem, essa figura que você tem em mãos é chamada de
pirâmide, ela é uma figura espacial, que faz parte do grupo dos poliedros, ela é
composta por uma base e um vértice que corresponde ao ponto mais distante da
base. A sua base pode ser um triângulo, um quadrado, um pentágono, entre
outros, neste caso, a sua base é um quadrado, por isso é chamada de pirâmide
quadrangular.
166
Dentro do grupo dos poliedros pegue a figura que tem duas bases na forma de um
pentágono.
Resposta esperada: Espera-se que o estudante pegue o prisma.
Quantas faces ela têm?
Resposta esperada: Tem sete faces ou sete
Quantos vértices ela têm?
Resposta esperada: Tem dez vértices ou dez
Quantas arestas ela têm?
Resposta esperada: Tem quinze arestas ou quinze
Dentro do grupo dos poliedros pegue a figura que tem duas bases na forma de um
quadrado/paralelogramo.
Resposta esperada: Espera-se que o estudante pegue o paralelepípedo.
Quantas faces ela têm?
Resposta esperada: Tem seis faces ou seis
Quantos vértices ela têm?
Resposta esperada: Tem oito vértices ou oito
Quantas arestas ela têm?
Resposta esperada: Tem doze arestas ou doze
Aplicativo: Essa figura que você tem nas mãos é chamada de prisma, ela é uma
figura espacial, que faz parte do grupo dos poliedros, a mesma é formada por
um conjunto de segmentos de reta paralelos à reta r cujas extremidades são o
polígono dado e algum plano que não contenha esse polígono. O mesmo é
composto por arestas, vértices, faces laterais e duas bases, sendo uma superior e
outra inferior, estas podem ser qualquer polígono. Neste caso, é um prisma reto
de base pentagonal, pois a sua base é um pentágono.
Aplicativo: Essa figura que você tem nas mãos é chamada de paralelepípedo, ela
é uma figura espacial, que faz parte do grupo dos poliedros, trata-se de uma
classe especial do prisma, o mesmo possui base e faces em formato de
paralelogramos, ou seja, polígono de quatro lados. Neste caso, você tem nas
mãos um paralelepípedo reto de base quadrada, pois suas bases são no formato
de um quadrado.
167
Dentro do grupo dos poliedros pegue a figura que tem todos os lados iguais.
Resposta esperada: Espera-se que o estudante pegue o cubo.
Quantas faces ela têm?
Resposta esperada: Tem seis faces ou seis
Quantos vértices ela têm?
Resposta esperada: Tem oito vértices ou oito
Quantas arestas ela têm?
Resposta esperada: Tem doze arestas ou doze
Aplicativo: Agora que você já conhece os poliedros e sabe o número de faces, vértices e
arestas de cada um, responda:
Objetivo: Fazer com que o estudante perceba a existência da Relação de Euler.
Quadro 33- Atividade para a Relação de Euler
Aplicativo
Respostas do estudante (a)
Total de
faces (F)
Total de
vértices (V)
Agora some o
total de faces
com o total de vértices
(F + V)
Total de
arestas (F)
Agora subtraia
o total obtido
da soma das faces e
vértices e
subtraia do
total de arestas
(F +V)- A
CUBO 6 8 14 12 2
PARALELE-
PÍPEDO
6 8 14 12 2
PRISMA 7 10 17 15 2
PIRÂMIDE 5 5 10 8 2
Aplicativo:
A partir dos valores obtidos com a soma do total de faces mais o total de vértices e
depois subtraindo do total de arestas obtemos valores diferentes?
Resposta esperada: Não
Que valor foi esse?
Resposta esperada: Dois
Aplicativo: Essa figura que você tem em mãos é chamada de cubo, ela é uma
figura espacial, que faz parte do grupo dos poliedros, ele é um prisma em que
todas as suas seis faces têm a forma de um quadrado de igual tamanho.
168
Corpos redondos
Agora que você já sabe o que são corpos redondos, pegue dentro do grupo de corpos
redondos a figura que é toda circular sem nenhuma base.
Resposta esperada: Espera-se que o estudante pegue a esfera.
Dentro do grupo dos corpos redondos pegue a figura que tem duas bases e uma
superfície curva.
Resposta esperada: Espera-se que o estudante pegue o cilindro.
Dentro do grupo dos corpos redondos pegue a figura que tem uma base e uma
superfície curva que vai afinando até o topo.
Resposta esperada: Espera-se que o estudante pegue o cone.
Quantos vértices ele têm?
Resposta esperada: Tem um vértice ou um
Aplicativo: Muito bem, essa conta que você realizou e chegou à conclusão que
sempre o resultado é dois, é uma fórmula matemática que já existe e que
relaciona os números de vértices, arestas e faces de um poliedro convexo. Essa
relação é dada pela expressão: F (Número de faces) + V (número de vértices) –
A (número de arestas) é igual a 2 (dois).
Aplicativo: Essa figura que você tem nas mãos é chamada de esfera, ela é uma
figura espacial, que faz parte do grupo dos corpos redondos, e é composta por
uma superfície fechada, a qual corresponde ao conjunto de pontos do espaço no
qual a distância do centro (O) é equivalente ao raio (R).
Aplicativo: Essa figura que você tem nas mãos é chamada de cilindro, ela é uma
figura espacial, que faz parte do grupo dos corpos redondos, e é composta por
duas bases na forma circular e é gerado pela rotação de uma superfície
retangular.
169
Análise a priori da Atividade 9:
Nesta atividade, esperamos que os estudantes cegos reconheçam as figuras espaciais,
compreendendo desde o que são poliedros, corpos redondos, passando por vértices, arestas,
faces, nomenclatura das figuras até a relação de Euler, pois acreditamos com base em nossa
experiência como professores de matemática que este é um assunto muito importante na
matemática, visto que está ligado diretamente ao nosso cotidiano, além do fato de que para
seguir na aprendizagem do calculo de áreas, volumes, entre outros, de figuras espaciais é
necessário que os estudantes tenham uma boa base dos conceitos iniciais que estão envolvidos
nessas figuras tridimensionais.
Segundo Flores et al (2015) embora a geometria faça parte da vida cotidiana das
pessoas, o cego encontra dificuldade em compreender alguns conceitos, uma vez que a falta
de visão gera uma maior dificuldade nessa área da matemática, por isso, nesta atividade
resolvemos fazê-la de modo que abrangesse vários conceitos ligados a este assunto além de
elaborarmos as figuras em material manipulável na forma tridimensional para que estes
estudantes possam sentir por meio do toque cada detalhe pertencente às figuras, uma vez que
concordamos com Flores et al (2015) quando relatou que cego precisa tocar nos objetos,
segurá-los na palma da mão, para que seu entendimento seja mais efetivo.
Durante a realização da atividade talvez os estudantes cegos sintam um pouco de
dificuldade, pois esta atividade abrange muitos conceitos diferentes que estão interligados,
mas que eles até então não estudaram, devido a isso, buscamos utilizar uma linguagem clara e
com perguntas diretas, formalizando cada conceito separadamente logo após as perguntas
sobre ele, para que desta maneira estas dificuldades não interfiram no andamento da atividade
e possam ser trabalhadas durante a própria resolução das questões.
Aplicativo: Essa figura que você tem nas mãos é chamada de cone, ela é uma
figura espacial, que faz parte do grupo dos corpos redondos, e é formado pelo
conjunto de todos os segmentos que ligam os pontos de um círculo (base) a um
ponto fora do plano em que ele está contido.
170
3.1.10 Atividade 10 (adaptado de Moraes, 2017)
Título: Conceito de volume
Objetivo: Conceituar volume
Material: Roteiro da atividade no aplicativo/sistema de voz e figuras geométricas em
material manipulável.
Procedimentos:
Programação Inicial: Após o estudante (a) realizar a primeira tentativa e errar dizer: “Que
tal explorar mais um pouco?”. Se na segunda tentativa, ainda não acertar a resposta correta, o
aplicativo deve dizer: “Que pena, ainda não foi dessa vez, chame seu professor para que vocês
possam responder juntos a esta pergunta.”. E quando o estudante acertar as respostas o
aplicativo deverá dizer: “Parabéns! você acertou, continue assim!”.
Aplicativo: A sua frente existe algumas figuras geométricas feitas em material manipulável e
que se encontram numeradas, explore-as manuseando cada um delas e responda o que se
pede.
1) Qual dos cubos ocupa mais espaço?
Figura 24- Cubo em 3D
Fonte: o autor (2018)
Resposta esperada: O cubo dois.
2) Qual dos cilindros ocupa mais espaço?
171
Figura 25- Cilindro em 3D
Fonte: o autor (2018)
Resposta esperada: O cilindro dois.
3) Qual dos paralelepípedos ocupa mais espaço?
Figura 26- Paralelepípedo em 3D
Fonte: o autor (2018)
Resposta esperada: O paralelepípedo um.
4) Qual das esferas ocupa mais espaço?
Figura 27- Esfera em 3D
Fonte: o autor (2018)
172
Resposta esperada: A esfera dois.
5) Qual dos cones ocupa mais espaço?
Figura 28- Cone em 3D
Fonte: o autor (2018)
Resposta esperada: O cone dois.
6) Qual das pirâmides ocupa mais espaço?
Figura 29- Pirâmide em 3D
Fonte: o autor (2018)
Resposta esperada: A pirâmide um.
7) Qual dos prismas ocupa mais espaço?
173
Figura 30- Prisma em 3D
Fonte: o autor (2018)
Resposta esperada: O prisma um.
Aplicativo: A pergunta “Qual dos cubos ocupa mais espaço?” É equivalente a pergunta: Qual
dos cubos tem maior volume?
Resposta esperada: Sim. Se resposta for diferente dizer: “Que tal explorar um pouco mais!” e
depois pergunte novamente.
Aplicativo: Sendo assim o que é o volume de um corpo?
Resposta esperada: É a quantidade de espaço ocupada por um corpo. (Espera-se que o
estudante responda algo parecido)
Análise a priori da Atividade 10:
Para elaborar esta atividade que trata sobre a ideia e o conceito de volume nos
fundamentamos no estudo de Moraes (2017) que tratou sobre o ensino de volume de sólidos
geométricos com estudantes videntes, contudo, com base em seus resultados, que foram
positivos, acreditamos que uma das suas atividades, a de conceituar volume, valia também
para estudantes cegos, foi então que optamos por adaptar esta atividade, gravando-a no
sistema/aplicativo de voz e criando as figuras em material manipulável onde não apenas os
estudantes videntes pudessem ter acesso, mas os cegos também.
Uma vez que concordamos com Moraes (2017) quando disse que existem diversos
fatores que dificultam o aprendizado de geometria pelos estudantes, mas que estes fatores
podem ser revertidos com organização e criatividade. Foi pensando nisso que esta atividade
foi elaborada, com uma linguagem clara e simples, sem um grau elevado, para que os
Aplicativo: O volume de um corpo é a quantidade de espaço ocupada por ele.
174
estudantes consigam resolver e assim compreender o conceito de volume, sem muitas
dificuldades durante o processo e tendo acesso aos materiais táteis.
175
3.1.11 Atividade 11
Título: Volume do cubo
Objetivo: Descobrir uma maneira indireta de determinar o volume de um cubo
Material: Cubos de volumes diferentes confeccionados em miriti e organizados em uma base
também feita de miriti, bem como o roteiro da atividade no sistema/aplicativo de voz.
Procedimentos:
Programação Inicial: Após o estudante (a) realizar a primeira tentativa e errar dizer: “Que
tal explorar mais um pouco?”. Se na segunda tentativa, ainda não acertar a resposta correta, o
aplicativo deve dizer: “Que pena! Acho que você se equivocou, chame seu professor para lhe
explicar melhor e assim juntos responderem a esta pergunta.”. E quando o estudante (a)
acertar as respostas o aplicativo deverá dizer: “Muito bem, continue assim”.
Aplicativo:
Explore manualmente os cubos feitos de miriti que se encontram a sua frente;
Figura 31- Cubos em 3D feitos em Miriti
Fonte: o autor (2017)
Quantos cubos têm ao todo?
Resposta esperada: Dez
Os cubos são todos iguais?
Resposta esperada: Não
O que muda de um cubo para o outro?
Resposta esperada: O(s) tamanho/tamanhos ou a quantidade de cubos/cubinhos
Quantas arestas tem cada cubo?
Resposta esperada: Doze
176
Aplicativo: Agora que você já conhece os cubos que iremos trabalhar, vamos prosseguir com
a atividade.
ATIVIDADE DE VOLUME DE CUBO
Considere um cubinho como sendo uma unidade de volume;
Considere a aresta do cubinho como sendo uma unidade de comprimento;
Agora manuseando os cubos um por vez, responda os dados pedidos a seguir:
Quadro 34- Atividade sobre volume de cubo
Perguntas formuladas pelo
Aplicativo de voz
Registro da resposta
do (a) estudante
Resposta esperada do (a)
estudante
CUBO UM Qual é a medida da aresta
do cubo um?
Um/ uma unidade de
comprimento
Qual é a medida do volume
do cubo um?
Um/ uma unidade de
volume
CUBO DOIS Qual é a medida da aresta
do cubo dois?
Dois/ duas unidades de
comprimento
Qual é a medida do volume
do cubo dois?
Oito/ oito unidades de
volume
CUBO
TRÊS
Qual é a medida da aresta
do cubo três?
Três/ três unidades de
comprimento
Qual é a medida do volume
do cubo três?
Vinte e sete/ vinte e sete
unidades de volume
CUBO
QUATRO
Qual é a medida da aresta
do cubo quatro?
Quatro/ quatro unidades de
comprimento
Qual é a medida do volume
do cubo quatro?
Sessenta e quatro/ sessenta
e quatro unidades de
volume
CUBO
CINCO
Qual é a medida da aresta
do cubo cinco?
Cinco/ cinco unidades de
comprimento
Qual é a medida do volume
do cubo cinco?
Cento e vinte e cinco/
cento e vinte e cinco
unidades de volume
177
Fonte: o autor (2017)
Aplicativo: Agora para finalizarmos, temos uma pergunta final, mas antes disso escute
atentamente a leitura dos resultados que você obteve.
Leitura feita pelo aplicativo: Quando aresta do cubo foi um o volume foi um, quando a
aresta foi dois o volume foi oito, quando a aresta foi três o volume foi vinte e sente, quando a
aresta foi quatro o volume foi sessenta e quatro, quando a aresta foi cinco o volume foi
cento e vinte e cinco, quando a aresta foi seis o volume foi duzentos e dezesseis, quando a
aresta deu sete o volume foi trezentos e quarenta e três, quando a aresta foi oito o volume
CUBO SEIS
Qual é a medida da aresta
do cubo seis?
Seis/ seis unidades de
comprimento
Qual é a medida do volume
do cubo seis?
Duzentos e dezesseis/
duzentos e dezesseis
unidades de volume
CUBO
SETE
Qual é a medida da aresta
do cubo sete?
Sete/ sete unidades de
comprimento
Qual é a medida do volume
do cubo sete?
Trezentos e quarenta e
três/ trezentos e quarenta e
três unidades de volume
CUBO
OITO
Qual é a medida da aresta
do cubo oito?
Oito/ oito unidades de
comprimento
Qual é a medida do volume
do cubo oito?
Quinhentos e doze/
quinhentos e doze
unidades de volume
CUBO
NOVE
Qual é a medida da aresta
do cubo nove?
Nove/ nove unidades de
comprimento
Qual é a medida do volume
do cubo nove?
Setecentos e vinte e nove/
setecentos e vinte e nove
unidades de volume
CUBO DEZ
Qual é a medida da aresta
do cubo dez?
Dez/ dez unidades de
comprimento
Qual é a medida do volume
do cubo dez?
Mil/ mil unidades de
volume
178
foi quinhentos e doze, quando a aresta foi nove o volume foi setecentos e vinte e nove e por
fim, quando a aresta foi dez o volume foi mil.
Programação: Se o estudante (a) responder corretamente dizer: “Meus parabéns, você
acertou!”. Caso o estudante (a) não responda como o esperado dizer: “Acho que não, vamos
ouvir mais uma vez a leitura dos resultados obtidos.”. E então perguntar novamente.
Aplicativo: Sendo assim, após escutar os valores obtidos nas arestas e volumes de cada cubo,
responda.
É possível encontrar uma maneira de determinar o volume de um cubo sem ter que
contar os cubinhos?
Resposta esperada: Sim
Que maneira é essa?
Resposta esperada: Multiplicando as medidas das arestas do cubo ou elevando a
medida da aresta ao cubo, uma vez que as medidas das arestas são iguais.
Análise a priori da Atividade 11:
Nesta atividade que trabalha o volume do cubo esperamos que os estudantes cegos
consigam perceber que no cubo o valor das arestas (comprimento, largura e altura) tem a
mesma medida e que a partir dessa observação consigam “descobrir” que a outra maneira de
calcular o volume do cubo sem ser contando os quadradinhos é elevar a medida da aresta ao
cubo.
A partir disso, elaboramos um material confeccionado em miriti, pois o mesmo é leve,
podendo ser levado de um lugar para o outro, de baixo custo e facilmente encontrado em
nossa região, além de permitir a possibilidade dos estudantes cegos tatearem melhor as
figuras, sentindo cada detalhe que se faz importante para responder as perguntas da atividade,
pois como foi exposto no estudo de Takimoto (2014) os estudantes cegos sentem-se excluídos
das aulas e geometria e que para estarem incluídos e aprendê-la precisam usar o toque.
Aplicativo: Para calcularmos o volume do cubo, basta elevarmos a medida da sua
aresta ao cubo. Lembrando que todas as arestas do cubo possuem a mesma
medida.
179
3.1.12 Atividade 12
Título: Volume do Paralelepípedo
Objetivo: Descobrir uma maneira indireta de determinar o volume de um paralelepípedo
Material: Paralelepípedos de volumes diferentes confeccionados em miriti e organizados em
uma base também feita de miriti, bem como o roteiro da atividade gravado no
sistema/aplicativo de voz.
Procedimentos:
Programação Inicial: Após o estudante (a) realizar a primeira tentativa e errar dizer: “Que
tal explorar mais um pouco?”. Se na segunda tentativa, ainda não acertar a resposta correta, o
aplicativo deve dizer: “Que pena! Acho que você se equivocou, chame seu professor para lhe
explicar melhor e assim juntos responderem a esta pergunta.”. E quando o estudante (a)
acertar dizer: “Parabéns, você está se saindo muito bem!”.
Aplicativo:
Explore manualmente os paralelepípedos feitos de miriti que se encontram a sua
frente.
Figura 32- Paralelepípedos em 3D feitos em Miriti
Fonte: o autor (2017)
Quantos paralelepípedos têm ao todo?
Resposta esperada: Dez
Os paralelepípedos são todos iguais?
Resposta esperada: Não
O que muda de um paralelepípedo para o outro?
Resposta esperada: O(s) tamanho/ tamanhos ou a quantidade de cubinhos
180
Aplicativo: Agora que você já conhece os paralelepípedos que iremos trabalhar, vamos
prosseguir com a atividade.
Atividade de Volume do Paralelepípedo
Considere um cubinho como sendo uma unidade de volume;
Considere a aresta do cubinho como sendo uma unidade de comprimento;
Agora manuseando os paralelepípedos um por vez, responda os dados pedidos a
seguir:
Quadro 35- Atividade sobre volume de paralelepípedo
Perguntas formuladas
pelo Aplicativo de voz
Registro da resposta
do (a) estudante
Resposta esperada
do (a) estudante
PARALELEPÍPEDO
UM
Qual é a medida do
comprimento do
paralelepípedo um?
Três
Qual é a medida da
largura do paralelepípedo
um?
Dois
Qual é a medida da altura
do paralelepípedo um?
Dois
Qual é a medida do
volume do paralelepípedo
um?
Doze
PARALELEPÍPEDO
DOIS
Qual é a medida do
comprimento do
paralelepípedo dois?
Quatro
Qual é a medida da
largura do paralelepípedo
dois?
Dois
Qual é a medida da altura
do paralelepípedo dois?
Dois
Qual é a medida do
volume do paralelepípedo
dois?
Dezesseis
Qual é a medida do
comprimento do
Quatro
181
PARALELEPÍPEDO
TRÊS
paralelepípedo três?
Qual é a medida da
largura do paralelepípedo
três?
Três
Qual é a medida da altura
do paralelepípedo três?
Dois
Qual é a medida do
volume do paralelepípedo
três?
Vinte e quatro
PARALELEPÍPEDO
QUATRO
Qual é a medida do
comprimento do
paralelepípedo quatro?
Cinco
Qual é a medida da
largura do paralelepípedo
quatro?
Quatro
Qual é a medida da altura
do paralelepípedo quatro?
Dois
Qual é a medida do
volume do paralelepípedo
quatro?
Quarenta
PARALELEPÍPEDO
CINCO
Qual é a medida do
comprimento do
paralelepípedo cinco?
Seis
Qual é a medida da
largura do paralelepípedo
cinco?
Cinco
Qual é a medida da altura
do paralelepípedo cinco?
Dois
Qual é a medida do
volume do paralelepípedo
cinco?
Sessenta
Qual é a medida do
comprimento do
paralelepípedo seis?
Sete
Qual é a medida da
largura do paralelepípedo
Cinco
182
PARALELEPÍPEDO
SEIS
seis?
Qual é a medida da altura
do paralelepípedo seis?
Dois
Qual é a medida do
volume do paralelepípedo
seis?
Setenta
PARALELEPÍPEDO
SETE
Qual é a medida do
comprimento do
paralelepípedo sete?
Oito
Qual é a medida da
largura do paralelepípedo
sete?
Seis
Qual é a medida da altura
do paralelepípedo sete?
Dois
Qual é a medida do
volume do paralelepípedo
sete?
Noventa e Seis
PARALELEPÍPEDO
OITO
Qual é a medida do
comprimento do
paralelepípedo oito?
Nove
Qual é a medida da
largura do paralelepípedo
oito?
Cinco
Qual é a medida da altura
do paralelepípedo oito?
Quatro
Qual é a medida do
volume do paralelepípedo
oito?
Cento e oitenta
PARALELEPÍPEDO
NOVE
Qual é a medida do
comprimento do
paralelepípedo nove?
Oito
Qual é a medida da
largura do paralelepípedo
nove?
Seis
Qual é a medida da altura
do paralelepípedo nove?
Cinco
183
Qual é a medida do
volume do paralelepípedo
nove?
Duzentos e quarenta
PARALELEPÍPEDO
DEZ
Qual é a medida do
comprimento do
paralelepípedo dez?
Oito
Qual é a medida da
largura do paralelepípedo
dez?
Sete
Qual é a medida da altura
do paralelepípedo dez?
Cinco
Qual é a medida do
volume do paralelepípedo
dez?
Duzentos e oitenta
Aplicativo:
Agora para finalizarmos, temos uma pergunta final, mas antes disso escute
atentamente a leitura dos resultados que você obteve:
Leitura feita pelo aplicativo: Quando o comprimento foi Três, a largura foi Dois e a altura
Dois o volume foi Doze. Quando o comprimento foi Quatro, a largura foi Dois e a altura
Dois o volume foi Dezesseis. Quando o comprimento foi Quatro, a largura foi Três e a altura
Dois o volume foi Vinte e quatro. Quando o comprimento foi Cinco, a largura foi Quatro e
a altura Dois o volume foi Quarenta. Quando o comprimento foi Seis, a largura foi Cinco e a
altura Dois o volume foi Sessenta. Quando o comprimento foi Sete, a largura foi Cinco e a
altura Dois o volume foi Setenta. Quando o comprimento foi Oito, a largura foi Seis e a
altura Dois o volume foi Noventa e seis. Quando o comprimento foi Nove, a largura foi
Cinco e a altura Quatro o volume foi Cento e oitenta. Quando o comprimento foi Oito, a
largura foi Seis e a altura Cinco o volume foi Duzentos e quarenta. Quando o comprimento
foi Oito, a largura foi Sete e a altura Cinco o volume foi Duzentos e oitenta.
Aplicativo: Sendo assim, após escutar os valores obtidos nas arestas (comprimento, largura e
altura) e no volume de cada paralelepípedo, responda:
É possível encontrar uma maneira de determinar o volume de um paralelepípedo sem
ter que contar um cubinho por vez?
Resposta esperada: Sim
184
Que maneira é essa?
Resposta esperada: Multiplicando os valores das medidas do comprimento, largura e
altura.
Análise a priori da Atividade 12:
Nesta atividade que trabalha o volume do paralelepípedo esperamos que após o
reconhecimento das figuras e de responder a todas as perguntas feitas sobre cada uma delas os
estudantes cegos consigam perceber por meio do tato, visto que as figuras foram
confeccionadas em miriti justamente para que eles pudessem tatear melhor cada detalhe, a
relação entre as arestas e que o volume do paralelepípedo pode sim ser encontrado sem ter
que contar cada cubinho, mas para isso precisa multiplicar as arestas, neste caso
comprimento, largura e altura.
A escolha por trabalharmos com o ensino de volume de figuras espaciais, nesta
atividade o do paralelepípedo, se deve ao fato de que muitos estudantes realizam este processo
apenas mecanicamente, sem compreenderem o conceito, como foi dito por Vuelma (2010
p.16) quando disse ao analisar alguns livros didáticos que o estudo de volume na geometria
espacial era ensinado por meio de deduções de fórmulas e resolução de exercícios, sendo
apenas um trabalho mecânico, levando os estudantes a se confundirem durante as suas
atividades, uma vez que não compreendem os conceitos envolvidos em tais cálculos.
Aplicativo: O volume do paralelepípedo pode ser calculado multiplicando-se as
medidas das suas arestas: comprimento, largura e altura, sendo a altura a medida
perpendicular ao plano que contém a base.
185
3.1.13 Atividade de Aprofundamento sobre Curvas
Após a aplicação da atividade 2, os estudantes cegos receberão a atividade de
aprofundamento de curvas apresentada a seguir.
Título: Aprofundamento sobre Curvas
Objetivo: Exercitar os conhecimentos acerca de curvas abertas e fechadas.
Material: Material confeccionado em alto relevo, numerado em Braille e gravador de voz.
Procedimento:
1- Identifique quais das curvas são abertas e quais delas são fechadas.
Figura 33: Atividade de Aprofundamento sobre Curvas
Fonte: o autor (2018)
Resposta esperada: Curvas fechadas: 1, 3 e 4 e Curvas abertas: 2, 5 e 6.
Análise a priori da atividade de Aprofundamento sobre Curvas:
A resolução desta atividade deve levar os estudantes cegos a fixarem os conceitos
aprendidos durante a atividade 2. Acreditamos que os estudantes não terão dificuldade para
resolvê-la, uma vez que esta foi elaborada de maneira simples e direta justamente para que
pudéssemos verificar se os conceitos de curvas abertas e fechadas foram internalizados.
186
3.1.14 Atividade de Aprofundamento sobre Segmento de Reta
Logo após concluirmos a atividade 3, bem como a formalização de seu conceito,
entregaremos aos estudantes a atividade de aprofundamento de curvas apresentada a seguir.
Título: Aprofundamento sobre Segmentos de Retas
Objetivo: Exercitar os conhecimentos acerca do conceito de segmento de reta.
Material: Material confeccionado em alto relevo, numerado em Braille e gravador de voz.
Procedimento:
1- Identifique quais são segmentos de reta.
Figura 34: Atividade de Aprofundamento sobre Segmento de Retas
Fonte: o autor (2018)
Resposta esperada: Curvas 2, 6 e 7.
Análise a priori da atividade de Aprofundamento sobre Segmento de Reta:
A resolução desta atividade deve levar os estudantes cegos a fixarem os conceitos
sobre segmento de reta aprendidos com a atividade 3. Esperamos que os estudantes não
sintam dificuldade para respondê-la, pois esta apresenta uma única questão que foi formulada
de maneira bem direta e com uma linguagem simples para que não houvesse dúvidas.
187
3.1.15 Atividade de Aprofundamento sobre Polígono
Após a conclusão da atividade 4, entregaremos aos estudantes a atividade de
aprofundamento sobre polígonos exposta a seguir.
Título: Aprofundamento sobre Polígonos
Objetivo: Exercitar os conhecimentos sobre o conceito de polígono.
Material: Material confeccionado em alto relevo, numerado em Braille e gravador de voz.
Procedimento:
1- Identifique quais das figuras são polígonos.
Figura 35: Atividade de Aprofundamento sobre Polígonos
Fonte: o autor (2018)
Resposta esperada: 3 e 6.
2- Responda verdadeiro ou falso:
( ) Existem curvas formadas somente por segmento de retas.
( ) Linha poligonal é formada por qualquer tipo de curva
( ) Polígonos são curvas abertas
( ) Polígonos são somente curvas fechadas
( ) Polígonos são curvas fechadas formadas por segmentos de retas
( ) Linha poligonal é uma curva formada apenas por segmento de retas
( ) Podemos dizer que um polígono é uma linha poligonal fechada
Resposta esperada: V, F, F, F, V, V, V.
188
Análise a priori da atividade de Aprofundamento sobre Polígonos:
A resolução desta atividade deve levar os estudantes cegos a fixarem os conceitos
aprendidos durante a atividade 4. Acreditamos que os estudantes não terão dificuldades ao
resolver a primeira questão, visto que ela está com uma linguagem bem simples e direta, já na
segunda questão acreditamos que os estudantes terão um pouco mais dificuldade para resolvê-
la, pois esta trabalha os conceitos aprendidos de forma conjunta, uma vez que estão todos
interligados.
189
4 EXPERIMENTAÇÃO
Nesta seção, destinada à experimentação, apresentamos o relatório da aplicação de
algumas das atividades que compõem a sequência didática, mas especificamente as atividades
sobre: Curvas; Segmento de Reta e Polígonos. A escolha por estas atividades se deu pelo fato
de seus conceitos estarem interligados o que nos permitia trabalha-los em conjunto, além
disso, optamos também por verifica-las primeiramente para que pudéssemos a partir delas,
ouvindo os estudantes, aperfeiçoar as demais atividades elaboradas quando programadas,
deixando assim as demais como sugestão para pesquisas futuras relativas à continuação deste
estudo.
É neste momento, da experimentação, que segundo Pais (2001) o pesquisador deve
estar atento e realizar o maior número possível de registros durante a aplicação que possam
contribuir para se conhecer melhor o fenômeno que está sendo estudado.
Neste sentido, descrevemos a nossa sequência de atividades para o ensino de
matemática para estudantes cegos, em relação a sua aplicação com o aplicativo/sistema de
voz, desenvolvida nos encontros, bem como fazemos o uso de registros de observações feitas
no diário de campo, que foi escrito por uma pesquisadora externa a pesquisa para que nos
desse maior veracidade aos relatos, durante os momentos de realização do experimento
didático, em relação às ações, movimentos, expressões e comportamento dos estudantes. Para
além dos registros escritos, realizamos gravações em áudio, algumas em vídeo e também
fotográficos, para que estes unidos possibilitassem a realização das análises na etapa de
análise a posteriori e validação.
A escolha por todos estes instrumentos para obtenção de informações se justifica pelo
fato de que unidos, nos permitirão interpretar melhor os acontecimentos ocorridos durante a
aplicação das atividades, nos ajudando a encontrar os significados ocultos e ou que foram
manifestados durante o processo, como “a constância das manifestações e sua ocasionalidade,
a frequência e a interrupção, a fala e o silêncio” (CHIZZOTTI, 2005, p. 84).
A experimentação foi realizada nos dias 17 e 20 de Abril de 2018, somando um total
de dois dias de encontro que nomearemos de Sessões de ensino. O detalhamento de cada
sessão desenvolvida encontra-se descrito no Quadro 36.
O nosso experimento não ocorreu em um lócus específico, pois os estudantes
participantes da pesquisa pertenciam a locais diferentes de Belém do Pará, portanto, não
ficamos restritos a um ambiente, optamos por ouvir sujeitos de ambientes totalmente diversos,
para que desta maneira pudéssemos alcançar mais pessoas, com suas opiniões, que falassem
190
de lugares sociais e com vivências diferentes, o que nos permitiu construir uma visão mais
ampla sobre as nossas atividades elaboradas no aplicativo, uma vez que obtivemos respostas
diferenciadas a respeito de um mesmo objeto.
Desta maneira os locais onde realizamos os encontros foram: uma escola da rede
municipal de Belém do Pará, situada no bairro da Cabanagem e o outro encontro ocorreu na
casa da segunda estudante, pois inicialmente havíamos marcado nas dependências da
Universidade do Estado do Pará, sugestão de sua própria mãe, contudo, devido a uma greve
feita pelos rodoviários da região metropolitana de Belém, a instituição por questões de
segurança suspendeu as suas atividades, o que nos levou a entrar em contato com a mãe da
segunda estudante e esta gentilmente se dispôs a nos receber em sua residência que fica no
bairro do Telégrafo.
Os sujeitos da pesquisa foram duas estudantes cegas que estavam cursando o ensino
fundamental, ambos nos evidenciaram disponibilidade e interesse em participar do estudo. O
contato com a primeira estudante aconteceu por intermédio de uma professora cega que
conhecemos e que nos indicou uma professora que trabalha na rede municipal de Belém do
Pará com pessoas com deficiência, esta por sua vez nos passou o contato de outro professor
cego, que trabalha como assessor da Secretária Municipal de Educação (SEMEC) e nos
conseguiu a primeira estudante cega para participar do experimento.
Em relação a segunda estudante, esta já havia participado de nossas entrevistas sobre o
processo de ensino e aprendizagem de matemática e naquela ocasião ela e sua mãe nos
relataram o interesse em participar da nossa experimentação quando o aplicativo tivesse
concluído e para isso nos repassaram seu número de telefone, foi então que ao adentrar nesta
etapa da pesquisa, entramos em contato com elas, que prontamente se dispuseram a nos ajudar
e marcaram um encontro.
A seguir, apresentamos o Quadro 36, para que o leitor possa ter uma visão geral de
toda a nossa fase de experimentação, o qual contém as atividades realizadas indicando seus
respectivos dias de execução e assuntos abordados, sendo estas melhor detalhadas no tópico
seguinte, onde também expomos o perfil das estudantes.
191
Quadro 36: Cronograma da Experimentação
DIAS DE
EXPERIMENTO
DATA AÇÕES TEMPO DA
APLICAÇÃO
SUJEITOS
1º dia
17/04/2018
Apresentação;
Explanação sobre o
funcionamento do aplicativo e
das atividades.
30 min.
Estudante 1
Aplicação da Atividade de
curvas (Atividade 2);
Atividade de Aprofundamento
sobre curvas
30 min.
Aplicação da Atividade de
Segmento de Reta (Atividade 3);
Atividade de Aprofundamento
sobre segmento de reta.
16 min.
Aplicação da Atividade de
Polígono (Atividade 4);
Atividade de Aprofundamento
sobre polígono.
37 min.
2º dia
20/04/2018
Apresentação;
Explanação sobre o
funcionamento do aplicativo e
das atividades.
23 min.
Estudante 2
Aplicação da Atividade de
Curvas (Atividade 2);
Atividade de Aprofundamento
sobre curvas
12 min.
Aplicação da Atividade de
Segmento de Reta (Atividade 3);
Atividade de Aprofundamento
sobre segmento de reta.
10 min.
Aplicação da Atividade de
Polígono (Atividade 4);
Atividade de Aprofundamento
sobre polígono.
20 min.
Fonte: pesquisa de campo (2018)
A seguir apresentamos o perfil das estudantes que participaram da experimentação.
4.1 PERFIL DAS ESTUDANTES
Como critério de seleção para participar da pesquisa elegemos o fato de serem
estudantes cegos que estivessem cursando o ensino fundamental, visto que não foi possível
localizarmos estudantes cegos do 6º ano, contudo, tal acontecimento não prejudicou em nada
o nosso estudo, uma vez que o fato de já terem passado por este ano/série não significa que
aprenderam os conceitos matemáticos propostos em nossas atividades, o que nos permitiu,
192
oportunizar a possibilidade deles aprenderem esses conceitos matemáticos trabalhados por
nós com o intermédio do aplicativo/sistema de voz, mesmo que estes estivessem em um ano
posterior ao que estávamos focando.
Desta maneira após a escolha das estudantes, conversamos com elas antes de
iniciarmos a aplicação das atividades para que pudéssemos traçar um perfil sobre cada uma,
os quais encontram-se descritos a seguir.
A primeira estudante, que será chamada durante este trabalho de Estudante 1, é cega
de nascença, devido a uma patologia conhecida como Retinopatia da Prematuridade, sendo
esta própria dos recém-nascidos prematuros, como o próprio nome indica e a qual segundo
Fortes Filho (2006) apesar de ter sido descrita há mais de 50 anos, esta patologia se tornou
uma das maiores causas de cegueira infantil. A estudante tem 14 anos de idade, esta cursando
atualmente o 9º ano do Ensino Fundamental de uma Escola Pública Municipal de Belém do
Pará, localizada no Bairro da Cabanagem, que fica nas proximidades de sua casa.
A mesma sabe a linguagem Braille, o que ajudou durante a realização das atividades,
visto que as figuras feitas em alto relevo eram todas numeradas em Braille.
A estudante era acompanhada até a escola pela mãe, que a aguardava até o final das
suas atividades, bem como durante o seu Atendimento Educacional Especializado (AEE) na
Sala de Recursos Multifuncionais da escola. A Estudante 1 demonstrou ser bastante tímida e
distraída, o que nos foi confirmado pelo professor assessor da SEMEC e pela professora da
sala de recursos multifuncionais, fato este que a fazia se desconcentrar com maior facilidade e
levava certo tempo para processar as informações disponibilizadas, no mais, era uma
estudante bastante receptiva, risonha e aprendia rapidamente após compreender o assunto
trabalhado.
A segunda estudante, que será chamada durante este trabalho de Estudante 2, nasceu
com baixa visão, no entanto, ao realizar o teste do pezinho foi diagnosticada com
toxoplasmose que desencadeou uma hidrocefalia a qual teve que realizar uma cirurgia aos 6
ou 7 anos de idade, para colocar um dreno na cabeça, contudo, após esta operação a estudante
ao acordar já estava cega.
A mesma possui 13 anos de idade e esta cursando atualmente o 8º ano do Ensino
Fundamental em uma Escola Pública da rede Estadual localizada em Belém do Pará, no bairro
da Cidade Velha, aproximadamente 5,4 km de distância da sua casa. A estudante sabe Braille,
desconhecendo apenas alguns sinais da matemática mais avançada, o que nos ajudou durante
a realização das atividades, uma vez que as numerações das figuras estavam escritas em
Braille. A mesma é acompanhada pela mãe nos atendimentos especializados e na escola.
193
Em relação ao seu Atendimento Educacional Especializado (AEE) a mesma a pesar de
tê-lo disponível em sua escola, na sala de recursos multifuncionais, preferiu realiza-o em uma
instituição de ensino, localizada em Belém do Pará, que é especializada no atendimento de
pessoas com deficiência visual, uma vez que não poderia gerar duas matriculas. Neste
momento a mãe da Estudante 2 interrompe a entrevista para dizer que o correto seria a sua
filha poder participar dos dois tipos de atendimento, sem precisar escolher um ou o outro.
A Estudante 2 demonstrou ser uma pessoa bastante extrovertida, risonha, concentrada,
curiosa, receptiva, inteligente e demonstrava estar muito empolgada para realizar as
atividades, seu hobby preferido é a leitura de livro de aventura, de ação e de romance. Neste
momento quando questionada por nós se gostava de ler livros de matemática, a estudante
respondeu entre risadas que gostava mais ou menos.
Ao tocarmos neste assunto, a mãe da estudante interrompeu a entrevista dizendo que a
sua filha não lia livros de matemática porque não os tinha em Braille, dizendo que é toda uma
burocracia para consegui-los, e prosseguiu dizendo:
deveria ter conforme o ensino do aluno, e com certeza lá (referia-se a escola da sua
filha) não foi feita a inscrição no MEC (Ministério da Educação) para solicitar,
desde o ano passado, esse ano de novo não foi solicitado livros adaptados, a escola
mesmo não pede. É muita burocracia para pedir para um aluno [...] aí o MEC manda
um monte de livro para os videntes e esse ano na escola ainda faltou livro, nem
todos os alunos videntes receberam, [...], pois, os que receberam ano passado não
devolveram para a escola e faltou livro esse ano.Isso acontece desde que eu me
entendo, ela tá com 13 anos e nunca recebeu nenhum livro em Braille na escola e a
maior dificuldade em relação ao cego é a matemática, porque eles falam que a
matemática tem que ser em Braile, agora que ela está em uma aula lá na instituição
(referia-se a instituição reconhecida pelo atendimento a pessoas com deficiência
visual em Belém do Pará) no Braille que é para ela aprender os outros números,
agora que ela está aprendendo, já pegou o sinal de raiz quadrada, a gente tem uma
apostila dos sinais em Braille mas é o básico, são só as quatro operações, não tem
muita coisa, agora esses mais de 8º e 9º ano e álgebra, essas partes aí a gente não
tem não [...]. (entrevista com a Estudante 2- fala da mãe, 2018, grifos feitos pelo
autor).
Ao observarmos o relato da mãe da Estudante 2, percebermos o quanto é difícil
conseguir materiais adaptados, o que inclui os livros didáticos em Braille, para que os
estudantes cegos possam estudar, fato este que acaba prejudicando o seu desenvolvimento e o
processo de ensino e aprendizagem, visto que não são dadas as devidas condições para que
estes possam estudar e terem seus direitos garantidos, como esta previsto em lei, como a Lei
4.169 e a Lei 9.394.
194
A construção dos relatos das sessões expostas a seguir foi realizada a partir das
informações descritas pela observadora externa, registros fotográficos, gravações em vídeo e
áudio, além das experiências vivenciadas nos locais de experimentação.
4.2 Primeira Sessão
No dia 17 de Abril de 2018 chegamos à escola localizada no bairro da Cabanagem,
local de aplicação das atividades com a Estudante 1, por volta das 9 horas. Lá já estávamos
sendo aguardadas pela Estudante 1, pela professora da sala de recursos multifuncionais e pela
mãe da estudante.
Assim que adentramos as dependências da escola, o professor cego assessor da
SEMEC que nos acompanhou até o local, nos apresentou aos que ali estavam nos esperando e
iniciou o diálogo explicando inicialmente o porquê de estarmos ali (pesquisadora e
observadora). A partir dessa breve apresentação feita pelo professor, nós nos apresentamos e
explicamos qual o objetivo do trabalho e como ele seria desenvolvido, relatamos sobre o uso
do aplicativo e qual o nosso intuito em utiliza-lo, bem como explicamos para a mãe e para a
Estudante 1, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido da Sequência (Apêndice C) para
que então estas nos autorizassem a realizar a experimentação, como a estudante era menor de
idade a sua mãe assinou o termo, nos permitindo iniciar a experimentação, que aconteceu
dentro da sala de recursos multifuncionais da escola.
O desenvolvimento da atividade 2, sobre curvas, que teve como objetivo conceituar
curvas, iniciou às 9 horas e 30 minutos com a entrega das folhas com curvas em alto relevo e
numeradas em Braille (Fotografia 1), para que a estudante pudesse realizar o reconhecimento
do material, tateando as curvas e verificando as suas formas e respectivas numerações. Neste
momento, a Estudante 1 demonstrou interesse pela atividade e concentração ao tatear o
material entregue.
195
Fotografia 1: Estudante 1 com material da atividade 2
Fonte: pesquisa de campo (2018)
Autoria: Kamilly Alves
Após este momento de familiarização com o material em alto relevo, explicamos
como funcionava o aplicativo/sistema de voz no tablet, repassando todas as informações
necessárias que a mesma precisaria saber para realizar as atividades (Fotografia 2), como o
fato de que: só poderia responder as perguntas após ouvir um sinal sonoro vindo do tablet; ao
responder uma sequência de números, exemplo, 3, 4, 5, estes deveriam vir separados pela
letra “e”, logo, as respostas deveriam vir, 3 e 4 e 5 e de que maneira a estudante deveria
movimentar o aparelho para que ele funcionasse corretamente.
Fotografia 2: Estudante1 manuseando o aplicativo pelo tablet
Fonte: pesquisa de campo (2018)
Autoria: Sandy Dias
196
Ao iniciarmos de fato a aplicação da atividade, a Estudante 1, ao pegar o tablet,
acabou movimentando- o mesmo duas vezes seguidas, o que fez com que o aplicativo
passasse direto para a segunda pergunta, ao invés de iniciar pela primeira, neste momento
intervimos na aplicação, para reiniciar a atividade e explicar para a estudante que cada
movimento no tablet passa para outra pergunta e que por isso ela deveria movimenta-lo
apenas uma vez e aguardar os comandos, para que então ele funcionasse de maneira correta.
Após reiniciarmos a atividade 2 e a Estudante 1 ouvir a primeira pergunta, ela ficou
parada e pensativa, após alguns instantes, perguntamos se ela havia entendido a pergunta e
após um gesto com a cabeça disse que não, foi então que repetimos a pergunta feita,
explicando que ela deveria verificar quantas curvas ao todo ela havia deslizado o dedo,
mesmo após a explicação a estudante ainda parecia não ter compreendido o que deveria ser
feito, foi então que pedimos para que ela voltasse a tatear as curvas feitas em alto relevo e
contasse quantas haviam ao todo, somente neste momento a Estudante 1, respondeu que
haviam sete curvas, foi então que pedimos para que ela respondesse ao aplicativo a sua
resposta. Contudo, ao responder a estudante disse “é... sete”, devido à mesma falar bem
baixinho e com esse intervalo entre o “é” e o número “sete” o aplicativo acabou reconhecendo
apenas o “é”, o que levou a estudante a ter que repetir a sua resposta, acertando na segunda
tentativa.
Ao prosseguir com a atividade, a Estudante 1, movimentou o tablet para ouvir a
pergunta seguinte, após ouvi-la, demonstrou mais uma vez não compreender o que estava
sendo pedido, neste momento, destacamos aqui o fato de que a estudante ouvia bem as
perguntas feitas pelo aplicativo, tanto que conseguia repeti-las corretamente quando
perguntávamos, contudo não conseguia responde-la por não compreender o que escutava. Foi
então que tivemos que intervir mais uma vez para explicar verbalmente o como a estudante
deveria proceder. Após a explicação, a mesma conseguiu a partir do toque identificar que
havia sim curvas que voltavam ao ponto de partida, respondendo então corretamente ao
aplicativo a resposta encontrada e seguindo para a próxima pergunta que queria saber quais
eram essas curvas, foi então que com a nossa ajuda conduzindo a sua mão em cada curva,
uma vez que esta se perdia em meio a tantas curvas, que a Estudante 1 conseguiu verificar por
meio da numeração em Braille na lateral de cada curva quais eram estas curvas que voltaram
ao ponto de partida.
No entanto, ao responder os números “4 e 6 e 7” ao aplicativo, o mesmo não
reconheceu a sua resposta como correta e ficou depois repetindo a mesma pergunta: “Quais
foram essas curvas que voltaram ao ponto de partida?”. Foi então que neste momento
197
percebemos que o aplicativo não estava funcionando corretamente devido o acesso à internet,
que havia falhado, uma vez que as atividades foram programadas para funcionarem com o uso
da internet.
Quando testamos o aplicativo sem o uso da internet este apresentou uma série de
erros no reconhecimento de voz, que até o momento deste experimento não havíamos
conseguido corrigir, contudo, como tínhamos uma boa internet móvel, resolvemos utilizá-la
para aplicar as atividades, visto que já havíamos testado antes com o uso de dados móveis e o
aplicativo havia respondido bem aos comandos, no entanto, o aplicativo falhou na escola
devido o sinal das operadoras ficarem oscilando e muitas vezes ficaram sem sinal, o que
comprometeu a nossa experimentação com o uso do aplicativo.
Após detectarmos tal falha no sinal da internet e a escola não possuir uma rede de
internet sem fio, resolvemos finalizar a atividade 2 verbalizando para a Estudante 1 que a sua
resposta anterior estava correta e formalizamos o que seriam curvas abertas e curvas fechadas.
Em seguida, às 9 horas e 55 minutos, entregamos a Estudante 1 à folha contendo a
atividade de aprofundamento sobre curvas, que teve como objetivo exercitar os
conhecimentos acerca de curvas abertas e fechadas (Fotografia 3), para que a partir desta
pudéssemos observar se a mesma havia compreendido os conceitos ensinados. Nela pedíamos
para que a estudante identificasse quais das curvas eram abertas e quais delas eram fechadas,
após tatear cada curva, a Estudante 1 sem nenhuma dificuldade respondeu corretamente.
Fotografia 3: Estudante 1 com atividade de aprofundamento sobre curvas
Fonte: pesquisa de campo (2018)
Autoria: Kamilly Alves
198
Neste momento perguntamos para a estudante se ela havia compreendido este
conceito, pois ele seria necessário nas atividades seguinte, com um gesto afirmativo com a
cabeça a estudante afirmou que sim.
Em seguida às 10 horas entregamos a Estudante 1 as folhas com curvas feitas em alto
relevo e numeradas em Braille (Fotografia 4) pertencentes à atividade 3 sobre segmento de
reta, a qual teve como objetivo conceituar segmento de retas, para que a mesma pudesse se
familiarizar com as curvas novas que lhe foram entregues, tateando suas formas e
numerações. Após este momento, agora já sabendo como o aplicativo funcionava, lhe
entregamos o tablet para que ela desse início a atividade 3.
Fotografia 4: Estudante 1 com material da atividade 3
Fonte: Pesquisa de campo (2018)
Autoria: Kamilly Alves
Ao iniciar esta atividade, percebemos que a estudante estava mais “solta” e manuseava
mais facilmente o aplicativo, que por sua vez voltou a funcionar devido à volta do sinal de
internet. No entanto, ao ouvir a primeira pergunta, mais uma vez a estudante teve dificuldade
em compreender o que estava sendo pedido e mais uma vez tivemos que interferir, explicando
a pergunta feita para que ela pudesse respondê-la. Após a explicação a Estudante 1 tateou
mais uma vez as curvas e conseguiu perceber que ao todo havia seis curvas. Ao responder a
primeira pergunta para o aplicativo, este por sua vez reconheceu a palavra “sede” ao invés de
“seis”, fato este que acreditamos ter sido por causa da dicção da estudante. Contudo, como a
resposta estava correta e foi apenas o aplicativo que não a reconheceu, iremos considerar que
a estudante acertou em sua primeira tentativa.
199
Na segunda tentativa, que iniciou logo após a estudante movimentar novamente o
tablet, respondeu mais alto a sua resposta, a qual foi reconhecida pelo aplicativo que a
parabenizou por ter acertado. Passando para a próxima pergunta que pretendia saber se houve
curvas que não mudaram de direção, a estudante após ouvi-la, pela primeira vez compreendeu
o que deveria ser feito e respondeu corretamente que “sim”, resposta esta que foi reconhecida
pelo aplicativo, que após ser movimentado novamente iniciou a outra pergunta.
A última pergunta desta atividade pretendia saber quais eram as curvas que não
mudaram de direção, foi então que a estudante tateou novamente as curvas e respondeu ao
aplicativo “4 e 5 e 6” que reconheceu esta resposta corretamente, apenas demorou um pouco
para dar o retorno após a resposta da estudante, pois o sinal de internet já estava instável
novamente, no entanto, mesmo com o sinal fraco, o aplicativo conseguiu parabeniza-la pelo
acerto e em seguida formalizou o conceito de segmento de reta.
Logo, após a finalização desta atividade, às 10 horas e 12 minutos, entregamos a
Estudante 1 a folha com a atividade de aprofundamento sobre segmento de reta, a qual teve
como objetivo exercitar os conhecimentos acerca do conceito de segmento de reta (Fotografia
5), neste momento a mesma identificou quantas curvas havia na folha e em seguida nos disse
corretamente quais delas eram segmentos de retas, nos mostrando que o conceito trabalhado
havia sido compreendido.
Fotografia 5: Estudante 1 com a atividade de aprofundamento sobre segmento de reta
Fonte: pesquisa de campo (2018)
Autoria: Kamilly Alves
Dois fatos merecem ser destacados durante a aplicação destas atividades: a felicidade
estampada no rosto da Estudante 1 a cada vez que ouvia pelo aplicativo uma mensagem
parabenizando-a pelas respostas corretas e a emoção que vimos em sua mãe ao ver a sua filha
200
realizar as atividades corretamente, emoção esta que não coube dentro dela e se materializou,
escorreu pelos olhos, que estavam especialmente iluminados e brilhosos neste momento.
Presenciar tais reações que foram desencadeadas por causa das nossas atividades nos
despertou um misto de sentimentos como felicidade e gratidão por poder estar ali naquele
momento compartilhando conhecimento e levando de certa forma felicidade para aquelas
pessoas por meio do nosso trabalho.
Às 10 horas e 16 minutos iniciamos então a atividade 4 que teve como objetivo
conceituar polígono, onde primeiramente entregamos as folhas com linhas poligonais
(Fotografia 6) para que a estudante a tateasse e verificasse quais as figuras que estavam ali
presentes. Em seguida entregamos o aplicativo para que se iniciasse assim a aplicação.
Fotografia 6: Estudante 1 com material da atividade 4
Fonte: Pesquisa de campo (2018)
Autoria: Sandy Dias
Ao iniciar a última atividade, a Estudante 1 movimentou o tablet para ouvir a primeira
pergunta, após ouvi-la, a estudante prontamente contou quantas curvas havia deslizado os
dedos, respondendo “oito” ao aplicativo que reconheceu a resposta corretamente e a
parabenizou por ter acertado.
Neste momento, destacamos a mudança de comportamento apresentada pela
estudante, pois até então a mesma sentia dificuldades em compreender o que deveria fazer
para dar as respostas, ela levava certo tempo para processar as informações, atitude esta que
nos foi confirmada pelo professor assessor da SEMEC como sendo algo comum com esta
estudante. Logo, este acontecimento, onde a estudante tomou a frente da atividade, nos
revelou que o uso do aplicativo estava causando uma mudança em seu comportamento a
201
deixando mais segura para responder a pergunta e levando menos tempo para compreender o
que havia sido pedido.
Após a primeira pergunta, a estudante movimentou o tablet para dar prosseguimento à
atividade, este perguntou se teve alguma curva formada somente por segmentos de retas, neste
momento a estudante ao tatear as curvas disse que “não”, no entanto, o aplicativo não
reconheceu a respostas, devido o baixo tom de voz da estudante, o que fez com que ela
respondesse novamente a esta pergunta, agora mais alto: “Não”, contudo, devido à resposta
estar incorreta o aplicativo pediu para que ela procurasse a ajuda de seu professor.
Neste momento, intervimos no experimento, pois antes que ela continuasse a atividade
deveria ter conhecimento do porque errou, foi então que pedimos para que ela tateasse as
figuras uma por uma e verificasse se elas seguiam reto em uma mesma direção ou se
possuíam algum tipo de curva, após tatea-las a estudante permaneceu em silêncio sem nos
responder, explicamos que ela poderia falar sem medo de errar, no entanto, mesmo assim ela
permaneceu em silêncio por mais um tempo, foi então que perguntamos se ela recordava do
conceito de segmento de reta aprendido, e ela respondeu que sim e nos disse qual era
corretamente.
A partir da sua resposta pedimos mais uma vez que ela tocasse nas curvas e nos
respondesse a pergunta feita, no entanto, a estudante não conseguiu nos dar a resposta da
segunda pergunta, passando assim para a terceira pergunta a qual ela conseguiu reconhecer as
curvas 1, 3, 4, 5 e 7, faltando apenas à figura 6, o que nos levou a intervir novamente, para
que ela voltasse às folhas com curvas e verificasse se ainda havia alguma que era formada
apenas por segmento de reta, após este retorno ao material concreto a Estudante 1 respondeu
ao aplicativo a resposta correta, dizendo “1 e 3 e 4 e 5 e 6 e 7”, no entanto, novamente devido
o baixo tom de voz e o espaço para falar entre o número seis e sete, o aplicativo acabou não o
reconhecendo o sete, o que levou-a a repetir mais uma vez a resposta, entretanto, neste
momento o sinal da internet falhou mais uma vez.
Com este acontecimento, tivemos que terminar esta atividade verbalmente, uma vez
que o sinal não retornou, conceituando o que é linha poligonal. Após conceituar linha
poligonal perguntamos: “Houve alguma dessas linhas poligonais que voltou ao ponto de
partida?”, a Estudante 1 prontamente respondeu que sim e disse que foram “a 4, a 5, a 6 e a
7”, acertando a resposta. Em seguida, para finalizar esta atividade formalizamos o conceito de
polígono.
Às 10 horas e 36 minutos entregamos a atividade de aprofundamento sobre polígonos,
a qual teve como objetivo exercitar os conhecimentos sobre o conceito de polígono
202
(Fotografia 7) para que a estudante identificasse quais delas eram polígonos. Ao tatear as
figuras, respondeu “a 3, a 5 e a 6”.
Fotografia 7: Estudante 1 com a atividade de aprofundamento sobre polígono
Fonte: Pesquisa de campo (2018)
Autoria: Kamilly Alves
Neste momento percebemos que a figura nº 5 confundiu a estudante por ter uma
pequena ondulação em suas bordas, foi então que perguntamos:
Pesquisadora: “O que é um polígono?”.
Estudante 1: “É uma curva fechada com segmentos de reta”.
Pesquisadora: “Então, tateando a figura 5 você acha que ela é formada apenas por
segmento de reta? Ela não possui nenhuma ondulação?”.
Neste momento a Estudante 1 tateou a figura 5 e conseguiu verificar que havia leves
ondulações, o que não a tornava um polígono. Em seguida, perguntamos algumas sentenças
para que ela respondesse se estas eram verdadeiras ou falsas.
Pesquisadora: “Existem curvas formadas somente por segmento de retas”
Estudante 1: “Verdadeiro”
Pesquisadora: “Linha poligonal é formada por qualquer tipo de curva”
Estudante 1: “Falso”
Pesquisadora: “Polígonos são curvas abertas”
Estudante 1: “Falso”
Pesquisadora: “Polígonos são somente curvas fechadas”
Estudante 1: “Falso”
Pesquisadora: “Polígonos são curvas fechadas formadas por segmentos de retas”
Estudante 1: “Verdadeiro”
203
Pesquisadora: “Linha poligonal é uma curva formada apenas por segmento de retas”
Estudante 1: “Falso”
Pesquisadora: “Podemos dizer que um polígono é uma linha poligonal fechada”
Estudante 1: “Falso”
No que diz respeito a esta última pergunta a Estudante 1 errou as duas últimas
afirmações, as quais eram verdadeiras e explicamos para ela o porquê de serem. Depois de
terminada a última atividade de aprofundamento, inicializamos uma entrevista com a
Estudante 1 descrita a seguir.
4.2.1 Entrevista com a Estudante 1 sobre as atividades
Ao concluirmos a aplicação das atividades, pedimos para que a Estudante 1 nos
respondesse algumas perguntas a respeito do uso do aplicativo e das atividades realizadas,
para que desta maneira pudéssemos ouvi-la a respeito de nossa proposta de ensino e assim
saber se havia gostado, se deveríamos realizar alguma melhora, entre outras perguntas.
No entanto, por ser bastante tímida, preferiu dar respostas curtas a respeito do que era
perguntado, mesmo tendo sido instiga a conversar mais, a dizer o porque de suas respostas e
que estas não seriam consideradas como erradas, esta optou por não se prolongar ou detalhar
sua opinião, opção esta que respeitamos e acatamos, para que desta maneira não se sentisse
pressionada. Um fato que observamos durante a entrevista é que a mesma demorava certo
tempo para responder as perguntas, ficando longos períodos em silêncio, como se não
tivéssemos perguntado nada, estes só eram “quebrados” se perguntássemos mais de uma vez.
Desta maneira, suas respostas encontram-se descritas no quadro seguir.
Quadro 37: Avaliação do programa e das atividades pela Estudante 1
PERGUNTAS
RESPOSTAS DA ESTUDANTE 1
1- O que você gostou da atividade? Tudo, gostei. Porque é legal e fica mais
fácil de aprender.
2- O que você achou do material da atividade? Acho que (pausa) foi legal (pausa) porque
consegui sentir as figuras.
3- Foi fácil realizar as atividades? Um pouco, porque (longa pausa) às vezes
eu não entendia e às vezes eu
desconcentrava.
204
4- Teve algum momento que você sentiu mais
dificuldade?
Acho que não.
5- Você conseguiu compreender as orientações
propostas?
Sim
6- Houve alguma orientação que não ficou
clara?
Não
7- As perguntas foram claras? Sim, eu entendi só que eu fiquei pensando
sobre elas.
8- Você achou fácil responder as perguntas? Algumas não (pausa) um pouco de
segmento de reta e de polígono.
9- Você achou a atividade longa? Não, deu pra fazer.
10- Você já havia estudado algum assunto de
matemática com atividade similar a esta?
Já, acho que foi polígono.
11- Você acha que seria interessante que outros
assuntos de matemática lhe fossem
ensinados assim?
Sim, porque facilitaria mais e nos ajuda um
pouco na escola, pra responder as coisas.
12- Teve algo no material auxiliar que você não
gostou ou não entendeu?
Não
13- Que sugestão você daria para melhorar a
atividade?
(longa pausa) só que poderia ficar tipo um
jogo, com fases.
Fonte: Entrevista com a Estudante 1 (2018)
A partir das respostas da Estudante 1, tanto no que diz repeito a entrevista como
durante a experimentação percebemos que a nossa proposta de ensino a partir do uso do
aplicativo unido a materiais concretos teve boa recepção e bons resultados, uma vez que
durante a experimentação a mesma demonstrou, por meio de suas respostas, ter aprendido os
conceitos trabalhados e na entrevista avaliou o uso do aplicativo e dos materiais
positivamente, dizendo que o uso deles deixaram a aprendizagem mais fácil, permitindo com
que ela sentisse as figuras que estavam sendo trabalhadas, ou seja, trouxe as figuras do
abstrato para o concreto, conseguiu compreender as orientações dadas, admitindo que em
alguns momentos as atividades não foram fáceis devido a mesma se desconcentrar durante a
realização delas, e por fim, ainda disse seria interessante que outros assuntos da matemática
fossem ensinados desta maneira, pois segundo a Estudante 1 isso facilitaria a aprendizagem
na escola, o que acreditamos ser devido a oportunidade e a autonomia que o aplicativo,
205
munido aos materiais concretos, dá para o estudante cego participar do processo de ensino e
aprendizagem.
Com a finalização desta entrevista encerramos a nossa primeira sessão de ensino às 10
horas e 53 minutos.
4.3 Segunda Sessão
No dia 20 de Abril de 2018 chegamos à casa da Estudante 2 localizada no bairro do
Telegrafo, local de aplicação das atividades, por volta das 9 horas e 10 minutos. Lá já
estávamos sendo aguardadas pela estudante e por sua mãe. Assim que adentramos a
residência fomos muito bem recebidas e direcionadas até um dos cômodos da casa, para que
nele realizássemos a aplicação das atividades.
Após nos organizarmos no cômodo da casa para realizarmos a experimentação,
iniciamos explicando qual era objetivo desta etapa da pesquisa, visto que esta mesma
estudante já havia participado das nossas entrevistas em 2017, e como esta etapa aconteceria,
esclarecendo que ela seria constituída por três atividades, as quais utilizariam material
concreto e o aplicativo/sistema de voz, além de esclarecermos que nosso intuito ali era de
ouvi-la sobre a nossa proposta de atividades para que então pudéssemos validá-la ou não, bem
como explicamos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido da Sequência (Apêndice C)
para que então estas nos autorizassem a realizar a experimentação, como a estudante era
menor de idade a sua mãe assinou o termo, o qual ficou com uma via e a outra conosco, nos
autorizando assim a iniciar a experimentação.
Antes de iniciarmos a aplicação da atividade 2, explicamos para a estudante como
funcionava a dinâmica das atividades e o aplicativo, para isso, primeiramente explicamos
passo a passo as informações necessárias para que ela soubesse manusea-lo (Fotografia 8) e
assim conduzir as atividades, como exemplo: quando falar uma sequência de números, estes
deveriam vir separados pela letra “e” (modelo: 4 e 5 e 7) para que o programa reconhecesse
que são números separados e não interpreta-los como um só (modelo: 457); bem como de que
maneira ela deveria movimentar o tablet para que este fosse acionado corretamente e o fato de
que só podia responder as perguntas após ouvir o sinal sonoro.
206
Fotografia 8: Estudante 2 manuseando o aplicativo pelo tablet
Fonte: Pesquisa de campo (2018)
Autoria: Sandy Dias
Como se tratava de mais de uma informação, para termos certeza de que os comandos
foram compreendidos pela Estudante 2, simulamos um exemplo de como aconteceria durante
as atividades para que ela nos respondesse que atitudes deveria tomar ao longo desses
acontecimentos, após este momento, pudemos perceber que a estudante havia compreendido
todas as informações, uma vez que havia acertado a todos os comandos dados, nos permitindo
assim prosseguir com a aplicação da atividade 2. Durante este momento, a mãe da estudante
gentilmente perguntou-nos se para rodar o aplicativo gostaríamos de utilizar o Wi-Fi de sua
casa ao invés de nossos dados móveis, nós agradecemos e dissemos que sim, visto que desta
maneira o aplicativo funcionaria melhor com uma rede Wi-Fi.
O desenvolvimento da atividade 2 que teve como objetivo conceituar curvas, iniciou
às 9 horas e 37 minutos, com a entrega das folhas com curvas feitas em alto relevo e
numeradas na lateral em Braille (Fotografia 9) para que a Estudante 2 pudesse toca-las e fazer
o reconhecimento do material que estava em suas mãos, verificando desta maneira as formas
contidas ali e as suas respectivas numerações.
207
Fotografia 9: Estudante 2 com material da atividade 2
Fonte: Pesquisa de campo (2018)
Autoria: Evellyn Lorrane
Após esse momento de reconhecimento do material concreto, a Estudante 2 iniciou a
atividade com o aplicativo, contudo, assim que acionado e deu o seu primeiro comando, a
estudante o confundiu, pois o aplicativo pedia para que ela explorasse as linhas do material e
ela entendeu que já era para dizer quantos tinha. Neste momento intervimos para explicar que
o comando entendido não era este e explicamos o correto, depois de esclarecida a confusão, a
estudante explorou mais uma vez o material concreto e em seguida movimentou o tablet para
ouvir a próxima pergunta.
Ao ouvir a primeira pergunta a Estudante 2 não teve dificuldade nenhuma em
compreender o que havia sido perguntado e respondeu logo em seguida a resposta “sete” que
foi reconhecida pelo aplicativo como correta e a parabenizou-a por ter acertado. Após ouvir o
comando para movimentar o aparelho para que pudesse ouvir a próxima pergunta, a estudante
o fez quase que no mesmo instante, ouvindo assim a segunda pergunta.
Na segunda pergunta, gostaríamos de saber se haviam curvas que voltaram ao ponto
de partida, ao tatear as curvas a estudante verificou que havia curvas que voltaram a sua
origem, contudo, no momento de responder se adiantou dizendo quais foram as curvas haviam
voltado. Neste momento, após o aplicativo dizer que a estudante deveria explorar um pouco
mais, nós intervimos dizendo que a Estudante 2 estava correta, porém, perguntamos para ela
qual havia sido a pergunta feita, e ela nos respondeu corretamente, foi então que explicamos
que o aplicativo gostaria apenas de saber se tinha ou não essas curvas que voltavam ao ponto
de partida, após a nossa explicação a estudante compreendeu qual seria a resposta esperada e
208
movimentou o tablet para responder novamente, agora dizendo como resposta a palavra
“sim”, a qual foi reconhecida como correta pelo aplicativo. Todavia aceitamos para fins de
análises posteriores que a estudante acertou em sua primeira tentativa, visto que ela
identificou que havia as curvas, só que se adiantou dizendo quais eram.
Ao prosseguir com a atividade, a Estudante 2 movimentou o tablet para ouvir a
próxima pergunta, após ouvi-la, respondeu corretamente quais foram as curvas que voltaram
ao ponto de partida, no entanto, a sua resposta foi dizer a nomenclatura das figuras, como:
círculo, triângulo e quadrado, e não a sua numeração. Como o aplicativo havia sido
programado previamente para reconhecer apenas a numeração das curvas, este reconheceu a
resposta da estudante como errada, foi neste momento que intervimos e dissemos que a sua
resposta estava correta, contudo o aplicativo não reconheceu devido não ter dito as suas
numerações, a partir da explicação, a estudante movimentou novamente o tablet para dar a
resposta esperada por ele, dizendo: “4 e 6 e 7” a qual foi então reconhecida como correta,
todavia, aceitamos para fins de análise posteriores que a estudante acertou na primeira
tentativa, visto que o erro não estava em sua resposta, mas sim na programação do aplicativo
que não previu esta possibilidade.
Com o término da terceira pergunta, o aplicativo formalizou o conceito de curvas
abertas e curvas fechadas. Após a finalização desta atividade, entregamos para a Estudante 2 à
folha contendo a atividade de aprofundamento sobre curvas, que teve o objetivo de exercitar
os conhecimentos acerca de curvas abertas e fechadas (Fotografia 10) para que com ela
pudéssemos verificar se o conceito de curvas havia sido compreendido pela estudante, uma
vez que nesta atividade pedíamos para que ela identificasse quais das curvas eram abertas e
quais delas eram fechadas. Após tatear todas as curvas a estudante respondeu sem nenhuma
dificuldade a pergunta feita, acertando todas as identificações.
209
Fotografia 10: Estudante 2 com atividade de aprofundamento sobre curvas
Fonte: Pesquisa de campo (2018)
Autoria: Sandy Dias
Em seguida, às 9 horas 51 minutos dando início a atividade 3 que teve como objetivo
conceituar segmento de reta, entregamos a Estudante 2 as folhas com as curvas também feitas
em alto relevo e numeradas em Braille (Fotografia 11) para que novamente ela se
familiarizasse com o novo material e por meio do tato sentisse a forma das curvas e como elas
estavam dispostas. Após esse reconhecimento, lhe entregamos o tablet para que ela iniciasse a
atividade 3.
Fotografia 11: Estudante 2 com material da atividade 3
Fonte: Pesquisa de campo (2018)
Autoria: Evellyn Lorrane
Após iniciar o aplicativo, percebemos que a estudante já o manuseava melhor e mais
rapidamente, uma vez que já sabia como funcionava, observamos também que a cada
210
atividade que ela fazia e acertava, ia gostando mais de utilizar o aplicativo, demonstrando
entusiasmo e alegria em estar respondendo as perguntas.
Ao ouvir o primeiro comando da atividade 3 que pedia para explorar a as curvas, a
Estudante 2 não conseguiu compreende-lo, logo não sabia o que fazer, neste caso,
interferimos na experimentação para explicar o que o aplicativo havia dito, após isso, a
estudante compreendeu o que era para ser feito e tateou novamente as curvas do material. Em
seguida, movimentou o tablet para ouvir a primeira pergunta, tendo ouvido-a respondeu logo
em seguida “seis”, resposta esta que foi reconhecida pelo aplicativo como correta. Dando
prosseguimento à atividade, percebemos que após os comandos dados pelo aplicativo a
estudante já os compreendia bem e os realizava sem nenhuma dificuldade.
Após ouvir a segunda pergunta, a estudante não respondeu de imediato, pois preferiu
tatear novamente as curvas para saber se houve alguma que realmente não havia mudado de
direção, ao tatea-las disse que eram “2, 3, 4, 5”, errando assim a sua primeira chance, neste
momento o aplicativo pediu para que ela explorasse um pouco mais, foi então que a estudante
ficou um período parada, sem saber o que deveria fazer, dizendo que não havia
compreendido, foi então que intervimos perguntando:
Pesquisadora: O que você compreende por não mudar de direção?
Estudante 2: É um caminho reto, que não muda desse caminho.
Pesquisadora: Então, seguindo este seu pensamento, explore novamente as curvas.
Após explora-las novamente a Estudante 2 se deu conta de que sua resposta estava
incorreta e que as curvas que não haviam mudado de direção eram “a 4 a 5 e a 6”. Contudo,
ao movimentar o tablet e ouvir novamente a pergunta feita, se deu conta de que esta queria
apenas saber se houve ou não curvas que não mudaram de direção, foi então que respondeu
“sim”, resposta esta que foi reconhecida como correta, fazendo então a Estudante 2
movimentar novamente o aparelho para ouvir a próxima pergunta, que agora sim pretendia
saber quais eram estas curvas, respondendo corretamente “a 4 e 5 e 6”. Em seguida, como se
tratava do final da atividade 3, o aplicativo terminou esta atividade formalizando o conceito
de segmento de reta.
Logo depois, entregamos para a Estudante 2 a folha referente a atividade de
aperfeiçoamento sobre segmento de reta, a qual teve o objetivo de exercitar os conhecimentos
acerca do conceito de segmento de reta (Fotografia 12), para que com ela verificássemos se o
conceito de segmento de reta havia sido compreendido e internalizado pela estudante.
211
Fotografia 12: Estudante 2 com atividade de aprofundamento sobre segmento de reta
Fonte: Pesquisa de campo (2018)
Autoria: Evellyn Lorrane
Após tatea-la a estudante conseguiu sem nenhuma dificuldade reconhecer quais delas
eram segmentos de retas. Mostrando-nos assim que tal conceito trabalhado havia sido
aprendido.
Às 10 horas e 2 minutos iniciamos atividade 4, a qual teve como objetivo conceituar
polígono. Primeiramente entregamos as folhas com as curvas pertencentes a esta atividade
(Fotografia 13) para que a estudante pudesse então tatea-las e assim verificar as suas formas e
respectivas numerações. Durante este momento, ao passo que a estudante tateava as curvas, ia
ao mesmo tempo comparando-as com coisas que conhecia, como na primeira curva que
comparou com “uma escada que sobe e desce” e assim por diante.
A cada curva que tocava dizia “Nossa, que legal”, demonstrando que estava gostando
de fazer as atividades e ir descobrindo figuras, conceitos novos. Em seguida entregamos o
tablet para que se iniciasse então a aplicação.
Fotografia 13: Estudante 2 com material da atividade 4
Fonte: Pesquisa de campo (2018)
Autoria: Sandy Dias
212
Antes de inicializarmos o aplicativo a Estudante 2 disse: “Nossa, to achando muito
fácil”, neste momento falamos que era porque ela era muito inteligente e que por isso as
atividades pareciam estar fáceis.
Ao movimentar o tablet a estudante deu início a aplicação da atividade 4, ouvindo o
primeiro comando que pedia para explorar as curvas que estavam nas folhas entregues a ela,
neste momento destacamos uma mudança de comportamento da estudante em relação a este
primeiro comando, pois assim que o ouviu disse: “Como eu já explorei, vou continuar”, o que
nos mostrou que pela primeira vez ela compreendeu o primeiro comando sem precisar da
nossa ajuda e logo em seguida movimentou novamente para ouvir a próxima pergunta.
Após ouvir a primeira pergunta a estudante compreendeu-a e respondeu logo em
seguida: “a 1, a 2, a 3, a 4, a 5, a 6, a 7, a 8”, resposta esta que estava correta e o aplicativo
reconheceu-a como tal, neste caso, destacamos apenas o fato de que esperávamos que ela
respondesse apenas oito, no entanto, preferiu respondeu contando cada uma das curvas. Para
responder a segunda pergunta a estudante após ouvi-la deixou o aplicativo ao lado para tatear
novamente as figuras para então poder respondê-la, contudo, ao toca-las teve dificuldade para
reconhecer que as curvas podiam ser formadas por mais de um segmento de reta, dizendo nas
duas tentativas que nenhuma curva era formada somente por segmentos de reta.
Logo após não acertar em sua segunda tentativa, o aplicativo pediu para que ela
chamasse o professor para lhe ajudar nesta tarefa, foi então que nós intervimos na atividade
para explicar que uma curva pode ser formada por mais de um segmento de reta, logo ela não
precisava procurar apenas por um segmento, mas sim verificar se entre elas havia curvas que
eram compostas por segmentos de retas unidos. A partir desta explanação a estudante
compreendeu o porquê de sua resposta ter sido considerada pelo aplicativo como incorreta e
prosseguiu para a terceira pergunta.
Ao ouvir a terceira pergunta, já sabendo agora que as curvas poderiam ser formadas
por mais de um segmento de reta, respondeu corretamente “1, 3, 4, 5 e 6 e 7”, contudo, devido
ter se esquecido de ter colocado a letra “e” entre os números, o aplicativo reconheceu como
errado, no entanto, a estudante mesmo percebeu seu erro logo após ter sido alertada pelo
aplicativo e em sua segunda tentativa respondeu corretamente os números separando-os pela
letra “e”. No entanto, para fins de análises posteriores consideraremos que a estudante acertou
em sua primeira tentativa, visto que a sua resposta estava correta tendo apenas esquecido uma
exigência dada pelo aplicativo.
Em seguida, o aplicativo formalizou o conceito de linha poligonal e prosseguiu
perguntando se houve alguma que voltou ao ponto de partida, neste momento a Estudante 2,
213
tateando as linhas poligonais respondeu corretamente que “sim” e posteriormente na próxima
pergunta já completou dizendo “é a 4, e 5, a 6 e a 7” acertando a resposta e sendo
parabenizada pelo aplicativo, prosseguindo para a formalização do conceito de polígono dado
pelo aplicativo.
Com o término da atividade 4, entregamos para a Estudante 2 a atividade de
aprofundamento de polígonos, a qual teve o objetivo de exercitar os conhecimentos sobre o
conceito de polígono (Fotografia 14). Nesta atividade pedimos para que a estudante
identificasse quais deles eram polígonos. Ao tatear as figuras, respondeu corretamente “é 3 e
6”.
Fotografia 14: Estudante 2 com a atividade de aprofundamento sobre polígono
Fonte: Pesquisa de campo (2018)
Autoria: Sandy Dias
Em seguida, perguntamos algumas sentenças para que ela nos respondesse se estas
eram verdadeiras ou falsas.
Pesquisadora: “Existem curvas formadas somente por segmento de retas”
Estudante 1: “Verdadeiro”
Pesquisadora: “Linha poligonal é formada por qualquer tipo de curva”
Estudante 1: “Falso”
Pesquisadora: “Polígonos são curvas abertas”
Estudante 1: “Falso”
Pesquisadora: “Polígonos são somente curvas fechadas”
Estudante 1: “Verdadeiro”
Pesquisadora: “Polígonos são curvas fechadas formadas por segmentos de retas”
Estudante 1: “Verdadeiro”
214
Pesquisadora: “Linha poligonal é uma curva formada apenas por segmento de retas”
Estudante 1: “Falso”
Pesquisadora: “Podemos dizer que um polígono é uma linha poligonal fechada”
Estudante 1: “Verdadeiro”
No que diz respeito a esta última pergunta a Estudante 2 errou a afirmação quatro que
era falsa, pois os polígonos não são somente curvas fechadas, estes precisariam ser também
linhas poligonais. A estudante errou também a sexta afirmação que na verdade era verdadeira
e explicamos para ela o porquê de ser, lembrando-a da atividade 4. Depois de terminada a
atividade de aprofundamento, inicializamos uma entrevista com a Estudante 2 descrita a
seguir.
4.3.1 Entrevista com a Estudante 2 sobre as atividades
Após concluirmos a aplicação das atividades, às 10 horas e 22 minutos pedimos para
que a Estudante 2 avaliasse o aplicativo e material concreto utilizado respondendo a algumas
perguntas, para que com base em suas respostas pudéssemos posteriormente analisa-los e
verificar se estes causaram uma boa recepção ou não.
Durante a entrevista a estudante demonstrou estar bastante à vontade e contente em
responder as perguntas. Desta maneira, suas respostas encontram-se descritas no quadro
seguir.
Quadro 38: Avaliação do programa e das atividades pela Estudante 2
PERGUNTAS
RESPOSTAS DA ESTUDANTE 2
1- O que você gostou da atividade? Tudo, eu achei muito legal e muito
importante por causa das formas.
2- O que você achou do material da atividade? Muito acessível, consegui perceber as
formas.
3- Foi fácil realizar as atividades? Não foi muito fácil, é porque é a primeira
vez que eu fiz isso.
4- Teve algum momento que você sentiu mais
dificuldade?
Sim, a segunda e a última, a de segmento
de reta e a de polígono. Por causa, que
tinha que decorar se tinha ou não, ai eu
não sou muito boa em decorar as coisas.
215
5- Você conseguiu compreender as orientações
propostas?
Mais ou menos, porque precisa de muita
audição e concentração nisso e eu ainda to
me acostumando nessa parte.
6- Houve alguma orientação que não ficou
clara?
Sim, a do polígono e a de retas, a
formalização.
7- As perguntas foram claras? Foram, algumas, porque eu só consigo
entender ouvindo mais de duas vezes.
8- Você achou fácil responder as perguntas? Algumas, a primeira eu achei meio fácil ai
eu fiz mais rápido, a segunda eu já achei
meio complicado e a última também,
porque tinha que pensar mais.
9- Você achou a atividade longa? Não muito, da pra fazer.
10- Você já havia estudado algum assunto de
matemática com atividade similar a esta?
Não, nunca fiz.
11- Você acha que seria interessante que outros
assuntos de matemática lhe fossem
ensinados assim?
Sim, porque seria muito mais fácil de eu
entender as formas. Ficaria muito legal.
12- Teve algo no material auxiliar que você não
gostou ou não entendeu?
Alguns, eu acho que eu fui sentindo muito
rápido, eu não fui devagar, na verdade fui
eu e não o material.
13- Que sugestão você daria para melhorar a
atividade?
Tem que botar mais explicações no
aplicativo para que a pessoa possa
entender, tipo ela poderia fazer uma
pergunta e depois explicar a resposta sobre
o que a pessoa respondeu.
Fonte: Entrevista com a Estudante 2 (2018)
Com base nas respostas dadas pela Estudante 2, tanto em sua entrevista como durante
a aplicação das atividades, percebemos que nossa proposta de ensino utilizando o aplicativo
juntamente com os materiais concretos teve um bom resultado, uma vez que a própria
estudante os avaliou dizendo que gostou de tudo das atividades, que a achou acessíveis e
importantes para serem utilizadas no ensino de matemática para cegos, pois oportunizou com
que ela tivesse mais autonomia para fazer, bem como pode sentir as curvas, segmentos de
retas e polígonos que antes apenas ouvia falar.
Na entrevista explicitou que possivelmente as dificuldades que havia sentido tenham
sido por causa do fato de que era a primeira vez que estava estudando desta maneira, ou que
216
pode ter sido por causa dela tatear as figuras rápido demais, ou seja, a própria estudante nos
disse que nem todas as dificuldades por ela sentida foram somente por causa das atividades
em si, mas também por outros fatores externos a ela.
Durante a experimentação foi possível percebermos também que a mesma conseguiu
compreender os conceitos ensinados, além de ficar super feliz e entusiasmada com o fato de
estar aprendo os assuntos, as suas expressões faciais e gestos indicavam que ela estava bem
feliz ao estar estudante matemática e isto nos casou uma imensa satisfação de poder estar ali a
ajudando neste processo e presenciando tais “descobertas”.
Com a finalização desta entrevista encerramos a nossa segunda sessão de ensino às 10
horas e 30 minutos.
4.4 Considerações sobre o experimento
Esta fase de experimentação nos proporcionou imensas reflexões e aprendizados dos
mais diversos tipos, ao aplicarmos as atividades com estudantes cegos de diferentes
localizadas e com vivências diferentes pudemos não só ensinar conceitos novos, mas aprender
com eles, que ao longo de toda a experimentação demonstraram ter um carinho tão grande por
nós e uma vontade tão forte em aprender que nos contagiava. Destacamos aqui o quanto estas
duas estudantes evoluíram com o avançar das atividades, como foram ganhando autonomia e
habilidade em lidar com o aplicativo e os materiais concretos e mesmo quando erravam as
perguntas feitas não demonstravam em nenhum desânimo ou chateação, pelo contrário
queriam saber o porquê, como funcionava, o que havia acontecido, ou seja, buscaram sempre
aprender mais.
As maiores dificuldades em relação a esta experimentação foram: encontrar estes
sujeitos que aceitassem participar deste estudo, visto que não tínhamos um lócus específico,
outra dificuldade foi “adapta-los” a novidade de trabalhar com um aplicativo munido de
material concreto, contudo, acreditamos que esta última conseguiu ser superada ao longo da
experimentação.
Após a experimentação, acreditamos ser importante destacar que ambas nos
agradeceram e relataram ter gostado das atividades, bem como a reação de suas mães seja
durante a aplicação das atividades, com lágrimas nos olhos de emoção, como a mãe da
Estudante 1, ou após, como a mãe da Estudante 2 que nos agradeceu imensamente por termos
lembrado de sua filha e por nos engajarmos nesta luta em prol de uma educação melhor para
217
estudantes cegos. Estas manifestações de agradecimento e felicidade jamais serão esquecidas
e nos impulsionarão a continuar nesta caminhada.
Após a experimentação seguimos para a última fase da pesquisa, a análise a posteriori e a
validação.
218
5 ANÁLISE A POSTERIORI E VALIDAÇÃO
Esta seção foi destinada a nossa análise a posteriori e validação. A qual segundo Pais
(2011):
refere-se ao tratamento das informações obtidas por ocasião da aplicação da
sequência didática, que é a parte efetivamente experimental da pesquisa. [...]
a validação dos resultados é obtida pela confrontação entre os dados obtidos
na análise a priori e a posteriori, verificando as hipóteses feitas no início da
pesquisa. (p. 103)
Neste sentido, em nossa análise a posteriori realizamos o tratamento das informações
obtidas por meio da aplicação da sequência didática e das atividades de aprofundamento,
verificando como os estudantes cegos se saíram durante estes processos. É nesta etapa que
realizamos também a análise de desempenho dos estudantes durante as sessões de ensino,
destacando as dificuldades e os obstáculos encontrados por eles durante este momento de
aprendizagem.
A partir da análise a posteriori pudemos realizar a validação das informações, que
ocorreu com a confrontação dos dados obtidos na análise a priori, como os registros das
atividades dos estudantes, assim como os registros e observações sobre as nossas impressões
enquanto pesquisadores do experimento e com os dados da análise a posteriori, a fim de
verificar a viabilidade das atividades propostas, como os pontos positivos e os negativos, ou
seja, validar ou não as hipóteses, que foram por nós, levantadas no início deste relatório de
pesquisa.
Para realizarmos a validação, a partir dos resultados conseguidos com as análises
prévias e a posteriori, utilizamos quadros para facilitar a visualização das informações obtidas
durante todo o processo, como também da abordagem qualitativa na análise dos registros
feitos pelos estudantes e do diário de campo que foi por nós produzido.
Desta maneira, expomos a seguir as nossas análises a posteriori.
5.1 Análise a posteriori da atividade 2
A atividade 2, era composta por três perguntas e teve como objetivo conceituar curvas,
como resultado obtivemos que para esta atividade, as estudantes conseguiram responder a
todas as perguntas e compreenderam sem dificuldades o conceito de curva aberta e curva
fechada.
219
A exploração do material concreto ocorreu sem nenhum problema, as estudantes
conseguiram tatear todas as curvas uma por uma, verificaram as suas numerações e formas.
Em relação ao comando inicial dado pelo aplicativo, que foi aquele que não realizou
uma pergunta, mas pediu para as estudantes realizassem uma ação, no caso explorar as curvas
das folhas entregues a elas, verificamos que estas sentiram um pouco de dificuldade para
compreendê-lo, visto que esta era a primeira vez que estavam ouvindo tais orientações, no
entanto, com as nossas intervenções conseguiram se adaptar melhor ao material e
compreender o que estava sendo pedido.
Na primeira pergunta, pretendíamos saber qual foi o total de curvas exploradas, a
partir dela, verificamos que a Estudante 1 teve dificuldade novamente para compreender o
que deveria fazer, mas após a nossa explicação sobre a pergunta feita conseguiu responde-la
corretamente, enquanto que a Estudante 2 conseguiu responde-la rapidamente sem precisar de
nosso auxilio.
Na segunda pergunta, pretendíamos saber se existiam curvas que voltaram ao ponto de
partida, com esta questão conseguimos verificar que as estudantes tinham um pouco de
dificuldade para interpretar o comando das perguntas, uma vez que quando perguntamos qual
havia sido a pergunta feita, estas a repetiam corretamente, mas não sabiam ao certo o que
deviam fazer, reconheciam que havia curvas que voltaram ao ponto de partida, mas em suas
respostas, não diziam se sim ou não, que eram as respostas esperadas, ao invés disso
adiantavam-se falando logo quais eram estas curvas.
A resolução da terceira pergunta era a que objetivava saber quais eram as curvas que
voltaram ao ponto de partida, como as estudantes já haviam pensado nesta resposta na questão
anterior, verificamos que elas não sentiram dificuldade ao dizer quais eram, chegando
rapidamente a resposta de “4 e 6 e 7” no caso da Estudante 1 e “Círculo, triângulo e
quadrado” no caso da Estudante 2. A seguir expomos um quadro sobre o desempenho das
estudantes durante a atividade de curvas, onde as marcações em verde representam os acertos
e as de vermelho os erros.
220
Quadro 39: Desempenho das estudantes na atividade 2
Questão Estudante 1 Estudante 2
Desempenho Desempenho
1- Quantas curvas ao todo você deslizou o
dedo?
Acertou na 1ª tentativa Acertou na 1ª tentativa
2- Nos diga se houve alguma curva que ao
deslizar o dedo você voltou ao ponto de
partida?
Acertou na 1ª tentativa Acertou na 1ª tentativa
3- Quais foram estas curvas que voltaram ao
ponto de partida?
Acertou na 1ª tentativa Acertou na 1ª tentativa
Fonte: Pesquisa de campo (2018)
Em relação ao desempenho das estudantes observarmos que apesar de termos
intervido algumas vezes para auxilia-las a compreender os comandos dados, percebemos que
estas conseguiram responder a todas as perguntas feitas pelo aplicativo, cada uma ao seu
tempo, percebemos também que as dificuldades encontradas pelas estudantes foram mais
devido à adaptação ao material, no caso do aplicativo, que era algo novo para elas, do que na
própria atividade. Contudo, em nenhum momento estamos querendo dizer que o aplicativo
dificultou o aprendizado, pelo contrário, ele aguçou a curiosidade e a autonomia das mesmas,
o que fez com que prosseguissem na realização das atividades. Acertando a estas perguntas as
estudantes nos confirmaram que o objetivo desta atividade foi alcançado.
5.2 Análise a posteriori da atividade 3
A atividade 3, era composta por três perguntas e teve como objetivo conceituar
segmento de reta, como resultado obtivemos que as estudantes melhoram muito o seu
desempenho com o aplicativo, pois o manuseavam melhor, com mais facilidade e de maneira
mais rápida, bem como conseguiram compreender que segmentos de retas são aquelas curvas
que não mudam de direção.
Em relação ao material concreto desta atividade verificamos que as estudantes
conseguiram tatear todas as curvas, e sentiram as suas formas e numerações sem nenhum
problema.
No que diz respeito ao comando inicial dado pelo aplicativo, verificamos que a
Estudante 1 não teve dificuldade para compreende-lo realizando assim a tarefa pedida por ele,
221
enquanto que a Estudante 2 precisou de nossa intervenção para explica-lo, no entanto após a
explicação esta compreendeu e soubesse o que deveria fazer.
Com a resolução da primeira pergunta, pretendíamos saber quantas curvas ao todo as
estudantes haviam deslizado o dedo, para que desta maneira soubéssemos que todas as curvas
haviam sido tateadas, conseguimos verificar que ambas as estudantes conseguiram responder
corretamente, logo em suas primeiras tentativas, a quantidade de curvas que havia nas folhas,
apenas a Estudante 1 teve um pouco de dificuldade para compreender o que havia sido
perguntado, mas após a nossa explanação esta resolveu a questão sem mais problemas, a sua
dificuldade estava mesma na interpretação do comando da pergunta. Destacamos ainda o fato
do avanço da Estudante 2, que conseguiu responder a esta questão sem precisar do nosso
auxílio.
Na segunda pergunta, pretendíamos saber se existiam curvas que ao deslizarem o dedo
não haviam mudado de direção, verificamos que as estudantes conseguiram responde-la
corretamente, a Estudante 1 sem apresentar nenhuma dificuldade, enquanto que a Estudante 2
acertou em sua segunda tentativa, quando pode ouvir a pergunta mais uma vez e quando teve
o auxilio de nossa intervenção para direciona-la.
Com relação à terceira pergunta a última desta atividade, pretendíamos saber quais
eram as curvas que não mudaram de direção, a partir dela verificamos que ambas as
estudantes haviam compreendido a pergunta e sem demora ou auxílio conseguiram responde-
la corretamente. A seguir expomos um quadro sobre o desempenho das estudantes durante a
atividade de segmento de reta, onde as marcações em verde representam os acertos e as de
vermelho os erros.
Quadro 40: Desempenho dos estudantes na atividade 3
Questão Estudante 1 Estudante 2
Desempenho Desempenho
1- Quantas curvas você deslizou o dedo? Acertou na 1ª tentativa Acertou na 1ª tentativa
2- Nos diga se teve alguma curva que ao
deslizar o dedo não mudou de
direção?
Acertou na 1ª tentativa Acertou na 2ª tentativa
3- Quais foram estas curvas que não
mudaram de direção?
Acertou na 1ª tentativa Acertou na 1ª tentativa
Fonte: Pesquisa de campo (2018)
222
Ao observarmos o Quadro 40 em relação ao desempenho das estudantes, verificamos
que estas continuaram a apresentar um bom resultado, pois acertaram na maioria das vezes as
perguntas feitas em suas primeiras tentativas, apenas a Estudante 2, sentiu um pouco mais
dificuldade na segunda questão, uma vez que a acertou em sua segunda tentativa, contudo,
esta dificuldade pode ter sido causada devido a interpretação confusa feita do comando da
questão, visto que após questionada sobre o que seria curvas que não muda de direção, para
que assim soubéssemos o que ela entendia sobre isso, verificamos que seu pensamento estava
correto, e que ela só precisava talvez ouvir a pergunta novamente, como aconteceu em sua
segunda tentativa, conseguindo responde-la corretamente.
5.3 Análise a posteriori da atividade 4
A atividade 4, era composta por cinco perguntas e teve como objetivo conceituar
polígono, como resultado obtivemos que nesta atividade, as estudantes sentiram um pouco
mais de dificuldade, visto que trabalhamos dois conceitos em uma mesma atividade para que
desta maneira o conceito de polígono pudesse ser compreendido, mas superada as
dificuldades estas conseguiram aprender o que são linhas poligonais, bem como o que é um
polígono.
No que diz respeito à exploração do material, as estudantes conseguiram sentir todas
as curvas bem como as suas numerações em Braille e algumas vezes ainda as relacionaram
com objetos do seu dia a dia.
Em relação ao comando inicial dado pelo aplicativo, que pedia para que estas
explorassem o material concreto, verificamos que ambas as estudantes o compreenderam bem
sem nenhuma dificuldade realizando a tarefa pedida.
Com a resolução da primeira questão, pretendíamos saber qual foi o total de curvas
tateadas, a partir dela, verificamos que as estudantes conseguiram responder corretamente sem
nenhuma dificuldade de compreensão da questão, o que nos mostrou que todas haviam
tateado todas as curvas sem que esquecessem nenhuma delas.
Na resolução da segunda pergunta, pretendíamos saber se existiam curvas formadas
somente por segmentos de reta, conseguimos verificar que as estudantes sentiram dificuldade
para compreender que uma curva poderia ser formada por mais de um segmento de reta, pois
estas estavam procurando apenas um segmento de reta e por isso não acertaram a questão, no
223
entanto, após errarem, explicamos que as curvas poderiam ser formadas sim por mais de um
segmento de reta e assim elas conseguiram compreender.
A resolução da terceira pergunta pretendia saber quais eram as curvas que haviam sido
formadas apenas por segmentos de retas, a partir dela verificamos que as estudantes
conseguiram responder corretamente, uma vez que já havíamos explicado que as curvas
podiam ser formadas por mais de um segmento de reta. A partir destas questões as estudantes
conseguiram compreender o conceito de linhas poligonais, tento apenas um pouco de
dificuldade para internaliza-lo.
Na quarta pergunta, pretendíamos saber se existiam linhas poligonais que voltaram ao
ponto de partida, conseguimos verificar que ambas as estudantes responderam a esta questão
sem nenhuma dificuldade, nos mostrando que haviam compreendido o que era uma linha
poligonal e uma curva fechada.
A resolução da quinta pergunta teve como objetivo saber quais foram às linhas
poligonais que voltaram ao ponto de partida, como as estudantes já haviam as identificado na
questão anterior, não sentiram dificuldade em relatar quais haviam sido. A seguir expomos
um quadro sobre o desempenho das estudantes durante a atividade de polígono, onde as
marcações em verde representam os acertos e as de vermelho os erros
.
Quadro 41: Desempenho dos estudantes na atividade 4
Questão Estudante 1 Estudante 2
Desempenho Desempenho
1- Quantas curvas você deslizou o dedo? Acertou na 1ª tentativa Acertou na 1ª tentativa
2- Nos diga se teve alguma curva
formada somente por segmento de
reta?
Não acertou Não acertou
3- Quais foram estas curvas formadas
somente por segmentos de retas?
Acertou na 2ª tentativa Acertou na 1ª tentativa
4- Sabendo agora o que é uma linha
poligonal, nos diga, existem linhas
poligonais que ao deslizar o dedo você
voltou ao ponto de partida?
Acertou na 1ª tentativa Acertou na 1ª tentativa
5- Quais foram essas linhas poligonais
que voltaram ao ponto de partida?
Acertou na 1ª tentativa Acertou na 1ª tentativa
Fonte: Pesquisa de campo (2018)
224
Em relação ao desempenho das estudantes apresentado no quadro acima, verificamos
que estas se saíram muito bem, acertando a quase todas as questões, tendo errado apenas a
segunda pergunta, a qual se trava de identificar se havia curvas formadas apenas por
segmentos de retas, neste caso, o erro podem ter sido causado pelo desconhecimento de
ambas de que uma curva poderia ser formada por mais de um segmento de reta, uma vez que
estas erraram a questão, pois estavam procurando segmento de reta como os apresentados na
atividade 3, o que é perfeitamente compreensível, talvez este erro tenha acontecido devido
não termos acrescentado uma atividade ou questão que as fizesse compreender este fato.
ser justificados.
5.4 Análise a posteriori das atividades de aprofundamento
As atividades de aprofundamento foram elaboradas com o objetivo de fazer as
estudantes exercitarem os conceitos que haviam sido trabalhados e desta maneira reforça-los,
a seguir expomos nossas observações sobre os resultados obtidos com a aplicação destas
atividades.
A atividade de aprofundamento sobre curvas, trabalha logo após a atividade 2, teve
como intuito exercitar os conhecimentos sobre curvas abertas e fechadas, o que exigia com
que as estudantes tivessem aprendido tais conceitos para que pudessem assim identifica-las.
Conforme já esperávamos, as estudantes não sentiram dificuldade para resolvê-la.
A identificação das curvas ocorreu de forma rápida e direta, conseguindo responder
corretamente o que havia sido perguntado. Ao acertarem a atividade, estas mostraram um
sentimento de segurança e de alegria por terem conseguido realizar tal feito sem precisarem
de ajuda e principalmente por terem aprendido o que são curvas e como estas podem ser
abertas ou fechadas.
Em relação à atividade de aprofundamento sobre segmento de reta que objetivava
exercitar os conhecimentos acerca de tal conceito que havia sido trabalhado na atividade 3,
verificamos que assim como previsto, as estudantes conseguiram identifica-los corretamente e
acharam até fácil à sua realização. Durante tal resolução as estudantes mostraram um
sentimento de conquista por estarem acertando tais atividades, além de expressaram
semblante de entusiasmo, o que foi gerando mais segurança para perguntarem suas dúvidas e
realizarem as demais atividades.
225
A atividade de aprofundamento sobre polígono teve como objetivo exercitar os
conhecimentos acerca deste conceito, contudo, para isso as estudantes deveriam saber também
o conceito de linhas poligonais, onde ambos haviam sido trabalhados na atividade 4,
verificamos que diferente do que esperávamos nem todas as estudantes acertaram a primeira
questão da atividade, que foi o caso da Estudante 1, que ao tatear as curvas respondeu que a
três, a cinco e a seis eram polígonos, entretanto, a resposta estava incorreta. Mas, após
explicarmos o porquê da curva cinco não ser um polígono a estudante conseguiu compreender
e avançar juntamente a Estudante 2 para a segunda questão.
Na segunda questão, assim como prevíamos as estudantes sentiram um pouco mais de
dificuldade para resolvê-la, pois para isso, necessitaram refletir sobre os conceitos
trabalhados, visto que estes estavam dispostos de maneira interligada. No entanto, apesar de
alguns erros na classificação das sentenças, estas por estarem mais familiarizadas com os
pesquisadores, conseguiram esclareceram as dúvidas que surgiram durante a resolução e
compreenderam os conceitos ensinados. A seguir expomos um quadro sobre o desempenho
das estudantes durante as atividades de aprofundamento, onde as marcações em verde
representam os acertos e as de vermelho os erros.
Quadro 42: Desempenho dos estudantes nas atividades de aprofundamento.
Atividade de Aprofundamento Estudante 1 Estudante 2
Desempenho Desempenho
Curvas Questão 1: Identifique quais das curvas são abertas e
quais delas são fechadas.
Acertou Acertou
Segmento
de Reta
Questão 1: Identifique quais são segmentos de reta Acertou Acertou
Polígono
Questão 1: Identifique quais das figuras são polígonos Não acertou Acertou
Questão 2
Item 1- Existem curvas formadas
somente por segmento de retas
Acertou Acertou
Item 2- Linha poligonal é formada por
qualquer tipo de curva
Acertou Acertou
Item 3- Polígonos são curvas abertas Acertou Acertou
Item 4- Polígonos são somente curvas
fechadas
Acertou Não acertou
Item 5- Polígonos são curvas fechadas
formadas por segmentos de retas
Acertou Acertou
226
Item 6- Linha poligonal é uma curva
formada apenas por segmento de retas
Não acertou Não acertou
Item 7- Podemos dizer que um polígono
é uma linha poligonal fechada
Não acertou Acertou
Fonte: Pesquisa de campo (2018)
Ao observarmos o Quadro 42, constatamos que as atividades de aprofundamento de
curvas e segmento de reta foram realizadas com sucesso e sem nenhuma dificuldade, no
entanto, ao olharmos para a atividade de aprofundamento sobre polígono vemos que esta foi a
mais difícil para as estudantes resolverem. Após realizarmos uma análise mais detalhada dos
erros apresentados por elas verificamos que a Estudante 1 errou a primeira questão por causa
do reconhecimento da curva cinco como sendo um polígono, contudo, tal erro foi justificado
pela mesma devido ela não ter sentido a pequena curva que este fazia nas suas laterais, logo,
talvez este erro tenha sido por causa do tamanho da figura feita, que por ser pequena pode ter
interferido na sensibilidade do toque da Estudante 1.
No que se refere ao erro cometido por ambas no item seis da segunda questão, que
referiasse ao conceito de linha poligonal, acreditamos que talvez tenha sido devido a falta de
atenção das estudantes ao ouvirem a sentença, uma vez que na atividade 4 elas aprenderam
este conceito e ainda identificaram as linhas poligonais na questão 5.
O erro cometido pela Estudante 1 no item sete da segunda questão, talvez tenha sido
causado pela desatenção ao fato de que, dizer que os polígonos são curvas fechadas formadas
por segmentos de retas é a mesma coisa que dizer que os polígonos são linhas poligonais
fechadas, sendo estas apenas maneiras diferentes de se dizer a mesma coisa, e como a
estudante havia acertado o item cinco significa dizer que sabia o conceito de polígono só não
havia o ligado ao conceito de linhas poligonais. Quanto a Estudante 2 no item quatro da
segunda questão, acreditamos que este tenha sido causado pela falta de atenção da mesma ao
termo “somente”, pois retirando-o da sentença esta tornasse verdadeira.
5.5 Análise a posteriori das atividades
Neste subeixo faremos o confronto das nossas análises a priori, ou seja, aquelas feitas
antes da aplicação de nossa sequência de atividade, com as nossas análises a posteriori obtidas
após a experimentação, o nosso intuito em fazer este confronto é para que possamos realizar a
validação de nossa proposta. O Quadro 43 mostra o confronto em relação aos efeitos das
resoluções das atividades.
227
Quadro 43: Confronto entre as análises a priori e as a posteriori das atividades.
ATIVIDADE ANÁLISE A PRIORI ANÁLISE A
POSTERIORI
VALIDAÇÃO
Curvas Esta atividade é a primeira de um conjunto
de atividades voltadas para o entendimento
do conceito de polígono. Desta maneira
buscamos com ela trabalhar o que vem a ser
uma curva e que está pode ser aberta ou
fechada. Esperamos que os estudantes
cegos não sintam dificuldades nesta
atividade, devido à mesma encontrar-se
estruturada de uma maneira simples e direta
e ainda contar com a ajuda de material
manipulativo, o qual permitirá com que os
estudantes possam responder as perguntas
feitas pelo aplicativo sem muita
dificuldade. Não encontramos estudos que
tratassem especificamente sobre o ensino e
aprendizagem de curvas para o ensino
fundamental que pudessem fundamentar
esta atividade, no entanto, sabemos como
professores de matemática que para
compreendermos polígonos devemos
primeiramente saber o que são curvas.
As estudantes com a ajuda do
material manipulativo
conseguiram compreender o
conceito de curvas abertas e
fechadas sem dificuldades,
acertando a todas as
perguntas feitas, logo em
suas primeiras tentativas.
POSITIVA
Segmento de
Reta
Nesta atividade, a segunda de um conjunto
de atividades voltadas para o entendimento
do conceito de polígono, buscou-se
trabalhar o conceito de segmento de reta,
uma vez que os polígonos são formados por
segmentos de retas. Esperamos que os
estudantes cegos não sintam dificuldades ao
realizarem esta atividade, uma vez que já
realizaram a atividade sobre curvas e esta
segue a mesma linha de raciocínio, além de
ter sido elaborada de maneira simples e
direta para que não se desviasse do seu
Como era esperado, as
estudantes não apresentaram
dificuldades nesta atividade,
conseguindo responder a
todas as perguntas de
maneira correta e direta, bem
como compreenderam o
conceito de segmento de reta.
POSITIVA
228
objetivo. O material manipulativo foi criado
para ajudar os estudantes cegos a
responderem as perguntas feitas pelo
aplicativo. Não encontramos estudos que
tratassem sobre o ensino e aprendizagem de
segmento de retas no ensino fundamental
que pudéssemos usar para fundamentar esta
atividade.
Polígono Esta atividade foi elaborada com o objetivo
de trabalhar o conceito de polígono, uma
vez que conceitos necessários para a sua
aprendizagem já foram trabalhados
previamente, como: curvas e segmentos de
retas. A opção por trabalharmos com este
assunto se deveu ao fato de que como
professores de matemática sabemos da
importância do estudo de polígonos no 6º
ano, dado que este assunto será a base de
muitos outros que serão trabalhados durante
os demais anos escolares. Somado a este
fato, existem estudos que mostram que os
estudantes têm dificuldades neste conteúdo,
como foi apresentado por Knop (2010) que
ao realizar um diagnóstico sobre as
principais dificuldades dos estudantes da 6ª
série observou que o conceito de polígono
não estava bem claro para os estudantes,
pois apenas 27% do total de estudantes
participantes demonstraram saber o que são
polígonos.
Desta maneira, esperamos que a
partir dessa atividade os estudantes cegos
consigam compreender o que são polígonos
e não sintam dificuldades ao respondê-la,
visto que já realizaram atividades desse
tipo, usando alto relevo e o aplicativo,
Nesta atividade, as
estudantes conseguiram
responder a maioria das
questões corretamente.
Porém houve dificuldade
quanto à segunda questão,
visto que estas não sabiam
que uma curva poderia ser
formada por mais de um
segmento de reta. Após
explanação, esta dificuldade
foi superada e ao final
conseguiram compreender o
conceito de polígono, bem
como o de linhas poligonais.
POSITIVA
229
somado ao fato de que a mesma foi
estruturada de maneira simples e direta
justamente com intuito de facilitar o
entendimento das etapas que deverão ser
realizadas.
Fonte: Pesquisa de campo (2018)
Ao analisarmos o quadro sobre o confronto entre as análises a priori e a posteriori das
nossas atividades, verificamos por meio das similaridades entre elas que as previsões feitas
com base em nossas análises prévias, aconteceram durante a fase da experimentação, o que
nos fez perceber que as validações em sua totalidade foram positivas, o que significa dizer
que os resultados que esperávamos foram realmente alcançados. A seguir expomos um quadro
comparativo entre as respostas das estudantes durante as entrevistas sobre as atividades.
5.6 Comparativo entre as entrevistas sobre as atividades com as estudantes
Neste subeixo apresentamos um comparativo feito entre as respostas dadas pelas
estudantes sobre as atividades aplicadas, onde as perguntas versavam sobre o aplicativo e ao
material concreto elaborado. Para este comparativo, utilizando apenas as respostas diretas
dadas pelas estudantes, sem as suas justificativas e/ou explicações, as quais já foram expostas
antes, durante a experimentação, para que desta maneira pudéssemos observar as suas
opiniões sobre a nossa proposta de ensino e a partir disso verificarmos a sua validade.
Quadro 44: Confronto entre as avaliações sobre a proposta de atividade feita pelas
estudantes.
PERGUNTAS ESTUDANTE
1
ESTUDANTE
2
AVALIAÇÃO
1- O que você gostou da
atividade?
Tudo Tudo POSITIVA
2- O que você achou do material
da atividade?
Legal Acessível POSITIVA
3- Foi fácil realizar as
atividades?
Um pouco Não muito PARCIALMENTE
POSITIVA
4- Teve algum momento que
você sentiu mais dificuldade?
Não Sim PARCIALMENTE
POSITIVA
230
5- Você conseguiu compreender
as orientações propostas?
Sim Mais ou menos POSITIVA
6- Houve alguma orientação que
não ficou clara?
Não Sim PARCIALMENTE
POSITIVA
7- As perguntas foram claras? Sim Sim POSITIVA
8- Você achou fácil responder as
perguntas?
Algumas Algumas PARCIALMENTE
POSITIVA
9- Você achou a atividade longa? Não Não POSITIVA
10- Você já havia estudado algum
assunto de matemática com
atividade similar a esta?
Já Não POSITIVA
11- Você acha que seria
interessante que outros
assuntos de matemática lhe
fossem ensinados assim?
Sim Sim POSITIVA
12- Teve algo no material auxiliar
que você não gostou ou não
entendeu?
Não Não POSITIVA
13- Que sugestão você daria para
melhorar a atividade?
Jogo Mais
explicações
PARCIALMENTE
POSITIVA
Fonte: Entrevista com as estudantes (2018)
Dessa forma, a partir das respostas dadas pelas estudantes em relação a nossa proposta
de ensino (Quadro 44) e os resultados apresentados por elas nas atividades, concluímos que o
ensino de matemática trabalhado por meio do aplicativo e de materiais concretos alcançaram
bons resultados e foram recepcionados pelas estudantes de maneira positiva, uma vez que
ambas gostaram das atividades, acharam “legais” e “acessíveis” para estudantes cegos,
compreenderam as orientações propostas, não acharam as atividades longas, mesmo tendo
realizado três atividades em um dia, entre outros fatores que nos levam a acreditar que a
proposta funcionou e foi bem aceita pelas estudantes. No que diz respeito às respostas como
“mais ou menos”, “algumas”, acreditamos, com base em seus desenvolvimentos ao longo das
atividades, que estas tenham sido causadas devido ao período de adaptação das mesmas com a
novidade de aprenderem matemática por meio de um aplicativo auxiliado por materiais
concretos.
231
5.7 Limitações do aplicativo
Neste subeixo, expomos algumas limitações encontradas no aplicativo/sistema de voz,
que foi por nós desenvolvido por meio do programa AppInventor e utilizado durante a fase da
experimentação.
A primeira limitação que encontramos se refere à organização da disposição dos
blocos, pois quando a programação é grande, que foi o caso destas atividades, a visualização
das informações inseridas é prejudicada, pois os blocos ficam “misturados” em uma área e
para trabalharmos com eles fica um pouco trabalhoso, uma vez que temos que movimentar
varias vezes a tela para conseguirmos ver os demais comandos já inseridos, o que gasta um
pouco mais de tempo.
A segunda limitação encontrada foi devido à entonação dada pelo aplicativo quando
este fazia uma pergunta, mesmo colocando o ponto de interrogação no final, à entonação
utilizada não permitia com que o usuário identificasse que era uma pergunta, pois o tom de
voz era sempre afirmativo, o que nos fez gastar tempo, pensando de maneira poderíamos
redigir o texto programado para que ele não fosse falado em tom afirmativo.
Para reconhecer as respostas, estas deveriam ser ditas em um tom relativamente alto e
quando se tratava de números estes deveriam vir separados pela letra “e” para que o
reconhecedor de voz não pensasse que se tratava de um número só, o que algumas vezes
prejudicou o bom andamento da experimentação. Outra limitação refere-se ao fato de que não
podemos programar todas as possíveis respostas que os estudantes cegos possam vir a dar.
Por fim, uma última limitação que merece destaque, é quando salvamos as atividades
para funcionarem sem a internet, estas apresentavam problemas ao executar, pois se
falássemos “sete” o aplicativo reconhecia “sete horas” e dava a resposta como errada, o que
nos fez utiliza-lo sempre com o uso da internet.
Como sugestão para melhorar algumas dessas limitações apresentadas seria aprimorar
o aplicativo, seja por meio de uma nova versão do AppInventor ou utilizando assistentes
pessoais como a Siri, Alexa, entre outros, existentes no mercado.
232
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve o objetivo avaliar a funcionalidade do ensino de matemática para
estudantes cegos por meio de sistema suplementar de comunicação. Dessa forma, nossa
pretensão foi de analisar se a funcionalidade do ensino de matemática para cegos é favorecida
por meio de um sistema complementar de comunicação.
Para realizar este estudo optamos por adotar como metodologia de pesquisa a
Engenharia Didática, a qual nos orientou, por meio de suas fases. A primeira fase, Análises
prévias, verificamos algumas particularidades da situação atual do ensino de matemática para
estudantes cegos em nossa região.
A partir dela, pudemos conhecer a história das pessoas com deficiência visual, o que
inclui os cegos, e com isso compreender muitas das ações realizadas na educação ainda nos
dias de hoje, verificamos como as leis e os documentos oficiais têm avançado ao longo dos
anos no que diz respeito a garantir os direitos das pessoas com deficiência, em especial das
pessoas cegas, com a pesquisa sobre os materiais utilizados no ensino de matemática para
estudantes deficientes visuais, percebemos que estes existem, mas que ainda são poucos e
dificilmente são trabalhados em sala de aula.
Em relação à revisão dos estudos, de uma maneira geral, todos apontaram para um
mesmo caminho, que foi a necessidade de capacitarmos melhor os nossos professores e de
criarmos mais materiais, metodologias e recursos que pudessem vir a auxiliar esse processo
de ensino e aprendizagem de matemática, tão temido por muitas pessoas, de tal maneira que
todos os estudantes (videntes ou não) tivessem as mesmas oportunidades de participar, de
aprender, de ter acesso, enfim, que pudessem estudar juntos sem que a diferença falasse mais
alto. Destacamos aqui o fato que durantes este estudo pudemos verificar que a deficiência, no
nosso caso a cegueira, não está no estudante, mas sim no sistema e nas instituições que não se
capacitam e nem se adaptam para recebê-los.
A consulta aos docentes nos apontou que um dos problemas no ensino de matemática
para estudantes cegos é a dificuldade de registrarem as atividades e de terem acesso aos
conteúdos ensinados, que os materiais concretos e os softwares são os recursos mais
utilizados, pois não utilizam a visão como fonte principal de entrada de conhecimentos, porém
são pouco utilizados, bem como nos apontou os assuntos que em suas opiniões são os mais
difíceis dos estudantes cegos aprenderem.
A consulta aos estudantes cegos por sua vez nos revelaram uma realidade muitas vezes
dolorosa, não pela deficiência apresentada, mas pelas dificuldades que estes encontram
233
durante o caminho para a aprendizagem, estes nos mostraram que as aulas de matemática
ainda são predominantemente expositivas, mesmo com um estudante cego em sala, à
dificuldade em compreender os assuntos que necessitavam de figuras, imagens e gráficos,
visto que não eram devidamente trabalhados com o uso de materiais concretos ou algo que os
ajudasse a sentir tais informações, a dificuldade em ter acesso e fazer o registro das
atividades, necessitando quase sempre da ajuda de um terceiro, além de nos apontarem quais
assuntos do 6º que consideram como os mais difíceis de aprenderem.
Com a finalização das análises prévias pudemos constatar e refletir que apesar dos
avanços nas legislações para pessoas cegas, muitos ainda são os desafios vividos por
estudantes, professores e instituições. As dificuldades em aprender/ensinar matemática para
estudantes cegos persiste, de modo que a partir dessas informações, elaboramos e
apresentarmos na etapa da Concepção e Análise a priori 12 atividades matemáticas voltadas
para o ensino de estudantes cegos, as quais levaram em consideração o tempo de
aprendizagem dos estudantes, a dificuldade de registrar e ter acesso aos conteúdos, o fato dos
materiais concretos e software serem de extrema importância nesse processo de ensino e
aprendizagem, bem como preestabelecemos, nas análises a priori, o que esperávamos que
ocorresse com a aplicação de cada uma das atividades que compuseram esta sequência
didática, as quais foram confirmadas quando as aplicamos.
Com a aplicação das nossas atividades, fase da Experimentação, pudemos perceber
que as estudantes de um modo geral se saíram muito bem com o uso do aplicativo e com a
resolução das atividades propostas. Ao aplicarmos a sequência de três atividades, verificamos
o quanto as estudantes gostaram e recepcionaram bem a nossa proposta de ensino, a qual a
cada atividade que passava percebia-se o avanço das estudantes não apenas no manuseio do
aplicativo, mas em suas respostas, que ficaram cada vez mais espontâneas, bem como se
sentiam mais seguras e autônomas por estarem participando ativamente deste processo de
ensino. As estudantes conseguiram construir mentalmente as imagens das figuras/curvas que
produzimos em alto relevo e com numerações em Braille, puderam registrar as suas respostas
e com elas verificar se haviam acertado ou não por meio do aplicativo, tarefas estas que na
consulta aos estudantes cegos foram consideradas como sendo umas das mais difíceis de
realizarem em sala de aula.
A partir da experimentação verificamos que as estudantes cegas podem sim estudarem
e realizarem as suas tarefas sem que necessitem tanto da ajuda de terceiros, visto que durante
a realização das atividades eram estas que conduziam todo o processo. Destacamos aqui o fato
de que em nenhum momento tivemos a pretensão de substituir a função do professor, uma vez
234
que nós mesmos precisamos intervir em alguns momentos, o que inclusive programamos para
que caso houvesse dúvidas estes deveriam sempre buscar a ajuda do professor, pois sabemos
da importância de cada sujeito no processo de ensino e aprendizagem. É importante lembrar
que as atividades de aprofundamento proporcionaram mais confiança as estudantes durante a
resolução das questões além de esclarecerem algumas de suas dúvidas e fixarem os conceitos.
Na Análise a posteriori e validação, ao confrontarmos as nossas análises a priori com
a posteriori, bem como o desempenho das estudantes durante a realização das atividades e as
suas avaliações sobre a proposta de ensino, pudemos validar a nossa sequência de atividades
como positiva, uma vez que contribuiu para a autonomia das estudantes, permitiu que
construíssem imagens das curvas mentalmente, aprenderam os conceitos trabalhados, os quais
na consulta aos estudantes apareceram com níveis de dificuldade do regular ao difícil, isso
sem contar os que deixaram em branco, entre outros. Logo, percebemos que a funcionalidade
do ensino de matemática para cegos foi de fato favorecida por meio do uso de um sistema
complementar de comunicação.
Por fim, para além das contribuições acadêmicas este estudo nos proporcionou um
desafio pessoal muito grande, pois nunca havíamos programado qualquer atividade que seja
em um aplicativo, principalmente se tratando de um voltado para pessoas cegas, mas com
muito esforço, dedicação, incentivo e claro ajuda de professores qualificados conseguimos
avançar em mais um conhecimento. A experiência em trabalhar com esses estudantes cegos
foi simplesmente indescritível, escrevendo agora estas palavras, um sentimento de gratidão
toma conta, pois com eles não apenas ensinamos matemática, mas aprendemos a ser mais
humanos, a olhar o outro pelo que ele é e não pela deficiência que têm e ter presenciado a
felicidade das mães e dos estudos com a nossa proposta de ensino, fez valer a pena cada
instante deste estudo.
Terminamos este trabalho ressaltando a potencialidade que este tem para o ensino de
matemática para estudantes cegos e como pesquisas dessa natureza podem contribuir não só
para maior conhecimento dos problemas detectados, mas também incentivar educadores a
adotarem outras posturas didáticas para quem sabe melhorar o ensino e a aprendizagem desses
estudantes.
Sendo assim, pretendemos em trabalhos futuros aperfeiçoar este aplicativo para que
possa ser disponibilizado para os estudantes cegos aprenderem matemática, além de
julgarmos serem necessárias novas pesquisas que relacionem a matemática e a cegueira, de
modo a ampliar a amostra já existente. Isso poderá trazer à tona a criação de mais materiais e
recursos para o ensino, bem como aspectos não conhecidos sobre as dificuldades e superações
235
que as pessoas cegas passam para ter direito a educação. Esperamos também que as
dificuldades como as apresentadas pelos estudantes cegos neste estudo, não se perpetuem
além do tempo e sejam banalizadas no contexto escolar.
236
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248
APÊNDICE A- Questionário para os Professores
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
Caro (a) Professor (a),
Este instrumento faz parte de uma pesquisa e tem como objetivo obter informações sobre o
ensino da matemática para alunos cegos, no qual, estas contribuirão para a elaboração de
atividades que busquem amenizar os obstáculos que forem encontrados. Nesse sentido,
sua colaboração é de grande importância para o êxito da mesma. As informações obtidas
terão um caráter confidencial, ou seja, sua identidade será preservada.
Desde já agradecemos a sua colaboração com o nosso trabalho. Obrigado!
1) Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Data: _____/_____/______
2) Faixa Etária: ( ) Menos de 20 anos ( ) 20-25 anos ( ) 26-30 anos
( )31-35 anos ( )36-40 anos ( )41-45 anos ( )46-50 anos ( ) 51-55 anos ( )
56-60 anos ( ) Mais de 60 anos
3) Informe a sua graduação e todas as suas pós-graduações:
4) Tempo de serviço como professor (a) da educação especial: ( ) Menos de 1 ano ( )
1-5 anos ( ) 6-10 anos ( ) 11-15 anos ( ) 16-20 anos ( ) 21-25 anos ( )
Mais de 25 anos
5) Tipo de escola que trabalha atualmente: ( ) Pública Estadual ( ) Pública Municipal ( )
Pública Federal ( ) Privada ( ) Outra. Qual? ______________
6) Você possui experiência com estudantes deficientes visuais no 6º ano? ( ) Sim ( ) Não
7) Você participou de alguma capacitação para o ensino de matemática para estudantes
deficientes visuais? ( ) Sim ( ) Não
8) Durante a sua formação acadêmica você teve alguma disciplina voltada para o ensino de
estudantes deficientes visuais? ( ) Sim, Qual?___________________________( ) Não
Ensino Superior: Ano da Conclusão: Instituição:
Especialização: Ano da Conclusão: Instituição:
Especialização: Ano da Conclusão: Instituição:
Mestrado: Ano da Conclusão: Instituição:
Doutorado: Ano da Conclusão: Instituição:
249
9) Que recursos você utiliza ou já utilizou no ensino de matemática para estudantes deficientes
visuais? ( ) Livros em Braille ( ) Software especializados ( ) Materiais
concretos ( ) Reglete e Punção ( ) Multiplano ( ) Sorobã/Ábaco ( )
Máquina de datilografia Braille ( ) Outros,qual? _______________________________
10) Como o estudante deficiente visual, na maioria das vezes, registra as suas atividades de
matemática?
( ) Em Braille ( ) Em áudio ( ) Em vídeo ( ) Outros: _____________
11) Durante as aulas de matemática como o estudante deficiente visual tem acesso aos
conteúdos de matemática que estão sendo ministrados?
( ) Por meio da leitura Braille ( ) Por meio do computador ( ) Do sentido da audição
( ) Outros: __________________________
12) Com base na sua experiência docente classifique os assuntos de matemática do 6º ano de
acordo com o grau de dificuldade para os estudantes deficientes visuais aprenderem:
Eixo Temático
Assuntos Grau de dificuldade para os estudantes cegos aprenderem
Muito Fácil
Fácil Regular Difícil Muito Difícil
Números e Operações
Adição com reserva
Adição sem reserva
Subtração com reserva
Subtração sem reserva
Multiplicação
Divisão exata
Divisão não exata
Problemas envolvendo as 4 operações
Expressões Numéricas
Conceito de fração
Simplificação de fração
Comparação de frações
Adição de frações de mesmo denominador
Adição de frações de denominadores diferentes
Subtração de frações de mesmo denominador
Subtração de denominadores diferentes
Potenciação e Radiciação
Resolver problemas em que se conhece o todo e se deseja as partes
Resolver problemas em que se conhece uma parte e se deseja o todo
Resolver problemas em que se conhece uma parte e se deseja conhecer a outra parte
Números Decimais
Adição de números decimais
250
Professor (a) gostaríamos de fazer uma entrevista com o sr.(a), se estiver de acordo deixe seu nome e contato de email ou telefone. ________________________________________________________________________ Sua identidade será preservada.
Subtração de números decimais
Multiplicação de números decimais
Divisão de números decimais
Números primos
Fatoração em números primos
MMC
MDC
Espaço e Forma
Figuras Geométricas
Retas e partes das retas
Retas no plano
Ângulos
Polígonos
Grandezas e Medidas
Medidas de comprimento
Medidas de área
Medidas de volume
Medidas de Capacidade
Medidas de tempo
Tratamento da Informação
Tipos de gráficos
Construção de tabelas e gráficos
Média Aritmética
251
APÊNDICE B-Termo de Consentimento Livre e Esclarecido da Entrevista
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Caro(a) Senhor (a) responsável,
O Programa de Mestrado em Educação da UEPA está realizando a pesquisa “O ensino de
matemática para pessoas com baixa visão e cegos”, relacionada ao ensino de matemática
do 6º ano para pessoas com baixa visão e cegas que leve em consideração às especificidades
inerentes de uma turma inclusiva e que visa avaliar uma proposta de ensino da referida
disciplina. Pelo exposto vimos convidar
___________________________________________________________________________
para participar como voluntário (a) da referida pesquisa, sob responsabilidade dos
pesquisadores Sandy da Conceição Dias e Pedro Franco de Sá, ambos da Universidade do
Estado do Pará.
A sua participação ou a de seu filho (a) à pesquisa será por meio de uma entrevista, a qual
será gravada para fins acadêmicos e tem o objetivo de tornar o processo de aprendizagem da
matemática mais adequado às necessidades de um estudante com baixa visão ou cego.
Em nenhum momento você ou seu (sua) filho (a) será identificado (a). Os resultados da
pesquisa serão publicados e ainda assim a sua identidade ou a dele (a) será mantida em sigilo.
Você ou seu filho (a) não terão gasto ou ganho financeiro por participar da pesquisa.
Não há riscos aos participantes de nenhuma natureza, seja ela física ou psicológica. Os
benefícios serão de natureza acadêmica com um estudo sobre o ensino de matemática para
estudante com baixa visão ou cego.
Você ou seu filho (a) é livre para deixar de participar da pesquisa a qualquer momento sem
nenhum prejuízo ou coação. É garantido a você ou a seus pais, caso seja menor de idade, o
livre acesso as informações e esclarecimentos referentes à pesquisa.
Uma via original deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ficará com você.
Qualquer dúvida a respeito da pesquisa, você poderá entrar em contato com o Programa de
Mestrado em Educação da Universidade do Estado do Pará (UEPA): Travessa Djalma Dutra
s/n. Belém-Pará- CEP: 66113-010; Fone: (91)4009-9552.
Belém, ________de _______________________de 2017
_______________________________________________________________
Assinatura de um dos pesquisadores
Eu,___________________________________________________________________ aceito
ou autorizo meu filho (a), a participar da pesquisa citada acima, voluntariamente, após ter sido
devidamente esclarecido (a).
______________________________________________________________________
Participante da pesquisa ou Responsável
252
APÊNDICE C-Termo de Consentimento Livre e Esclarecido da Sequência
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Caro (a) Senhor (a) responsável,
O Programa de Mestrado em Educação da UEPA está desenvolvendo a pesquisa “O ensino
de matemática para estudantes cegos”, relacionada ao ensino de matemática do 6º ano para
estudantes cegos que leve em consideração às especificidades inerentes de uma turma
inclusiva e que visa avaliar uma proposta de ensino da referida disciplina. Pelo exposto vimos
convidar ____________________________________________________________________
para participar como voluntário (a) da referida pesquisa, sob responsabilidade dos
pesquisadores Sandy da Conceição Dias e Pedro Franco de Sá, ambos da Universidade do
Estado do Pará.
A participação de seu filho (a) à pesquisa ocorrerá por meio das seguintes atividades:
responder oralmente as atividades elaboradas em um aplicativo/sistema de voz que terá como
auxílio materiais concretos, estas atividades estão relacionadas ao conhecimento matemático
do 6º ano e foram planejadas com o objetivo de tornar o processo de aprendizagem dos
assuntos mais adequados às necessidades de um estudante cego.
Durante a aplicação das atividades os pesquisadores irão registrar todo o processo por meio de
observações, gravações em áudio, vídeo e registros fotográficos. As informações registradas
terão finalidade puramente acadêmica e irão obedecer às disposições éticas de proteger os
participantes da pesquisa, mantendo a sua privacidade e anonimato.
Em nenhum momento seu (sua) filho (a) será identificado (a). Os resultados da pesquisa serão
publicados e ainda assim a identidade dele (a) será mantida em sigilo.
Você ou seu filho (a) não terão gasto ou ganho financeiro por participar da pesquisa.
Não há riscos de qualquer natureza, seja ela física ou psicológica, aos participantes. Os
benefícios serão de natureza acadêmica com um estudo sobre o ensino de matemática para
estudantes cegos.
Seu filho (a) é livre para deixar de participar da pesquisa a qualquer momento sem nenhum
prejuízo ou coação. Aos pais é garantido o livre acesso as informações e esclarecimentos
referentes à pesquisa.
Uma via original deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ficará com você e outra
com os pesquisadores. Qualquer dúvida a respeito da pesquisa, você poderá entrar em contato
com o Programa de Mestrado em Educação da Universidade do Estado do Pará (UEPA):
Travessa Djalma Dutra s/n. Belém-Pará- CEP: 66113-010; Fone: (91)4009-9552.
Belém, ________de _______________________de 2018
_______________________________________________________________
Assinatura de um dos pesquisadores
Eu,____________________________________________________________________aceito
ou autorizo meu filho (a), a participar da pesquisa citada acima, caso esta também seja a sua
vontade, voluntariamente, após ter sido devidamente esclarecido (a).
________________________________________
Participante da pesquisa ou Responsável
253
APÊNDICE D- Roteiro das entrevistas
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
Caro (a) Estudante,
Este instrumento faz parte de uma pesquisa que busca a melhoria do processo de ensino e
aprendizagem da matemática para deficientes visuais, para isto, precisamos da sua
colaboração respondendo as perguntas abaixo, que serão gravadas para fins acadêmicos, para
que desta maneira possamos elaborar atividades que busquem amenizar essas dificuldades que
forem encontradas. As informações obtidas terão um caráter confidencial, ou seja, sua
identidade será preservada.
Desde já agradecemos a sua colaboração com o nosso trabalho. Obrigado!
13) Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino Data: _____/_____/______
14) Qual a sua idade?
15) Você tem incentivo da sua família para estudar?
16) Se sim, quem mais lhe incentiva? Exemplo: Pai, Mãe, Irmão (ã), Ninguém, etc.
17) Em que ano você está estudando?
18) Tipo de escola que você estuda ou estudou o Ensino Fundamental:
a) ( ) Pública Estadual
b) ( ) Pública Municipal
c) ( ) Pública Federal
d) ( ) Privada
e) ( ) Outra. Qual? __________________
19) Você sabe Braille? ( ) Sim ( ) Um pouco ( ) Não
20) Você consegue (conseguia) compreender os assuntos ensinados de matemática?
21) Qual é (era) a sua maior dificuldade em aprender Matemática?
22) Você tem (tinha) acompanhamento fora da escola para ajudar no processo de aprendizagem
de matemática?
23) Se sim, onde acontece (acontecia) esse acompanhamento?
254
24) Dentre as opções qual (is) você considera mais difícil para se fazer durante as aulas de
matemática:
a) ( ) Registrar o que esta (estava) sendo ensinado
b) ( ) Construir as imagens mentalmente das figuras, gráficos, entre outros
c) ( ) O tempo disponibilizado para resolver as atividades
d) ( ) Outros: _____________________________
25) Como você faz (fazia) para registrar as suas atividades de matemática? Exemplo: em áudio,
em Braille, etc.
26) Como são (eram) as aulas de matemática? Exemplo: Eram aulas apenas expostas de forma
verbal, usavam algum material diferente, etc.
27) Durante as aulas de matemática como você tem (tinha) acesso aos conteúdos que o professor
(a) esta (estava) ministrando?
28) Como você é (era) avaliado nas aulas de matemática? Exemplo: provas, trabalhos, entre
outros.
29) É (era) utilizado algum recurso diferenciado para ensinar matemática a você?
30) Se sim, quais? Exemplos: Livros em Braille; Softwares especializados; materiais concretos;
reglete e punção; multiplano; máquina Braille, entre outros.
31) Para você, os materiais concretos ajudam durante as aulas de matemática?
32) Dentre os assuntos referentes ao 6º ano citados a seguir, quais você estuda (estudou) e qual foi
o grau de aprendizagem, sendo MF (muito Fácil), F (fácil), R (regular), D (difícil) e MD (muito
difícil).
Eixo
Temático
Assuntos Estudou este assunto? Grau de dificuldade para
aprender
MF F R D MD
Números e
Operações
Adição com reserva ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Adição sem reserva ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Subtração com reserva ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Subtração sem reserva ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Multiplicação ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Divisão exata ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Divisão não exata ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Problemas envolvendo as 4
operações
( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Expressões Numéricas ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Conceito de fração ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Simplificação de fração ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Comparação de frações ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Adição de frações de mesmo ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
255
denominador
Adição de frações de
denominadores diferentes
( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Subtração de frações de mesmo
denominador
( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Subtração de denominadores
diferentes
( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Potenciação e Radiciação ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Resolver problemas em que se
conhece o todo e se deseja as partes
( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Resolver problemas em que se
conhece uma parte e se deseja o
todo
( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Resolver problemas em que se
conhece uma parte e se deseja
conhecer a outra parte
( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Números Decimais ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Adição de números decimais ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Subtração de números decimais ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Multiplicação de números decimais ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Divisão de números decimais ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Números primos ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Fatoração em números primos ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
MMC ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
MDC ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Espaço e
Forma
Figuras Geométricas ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Retas ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Segmento de retas ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Retas no plano ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Ângulos ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Polígonos ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Grandezas e
Medidas
Medidas de comprimento ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Medidas de área ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Medidas de volume ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Medidas de Capacidade ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Medidas de tempo ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Tratamento
da
Informação
Tipos de gráficos ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Construção de Tabelas ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Leitura de Tabelas ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Construção de Gráficos ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Leitura de Gráficos ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
Média Aritmética ( ) Sim ( ) Não ( ) Não lembro
256
APÊNDICE E- Roteiro de Perguntas sobre o Aplicativo
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO
Informações Iniciais antes de começar as atividades:
- Quando você ouvir a fala: “Movimente este aparelho”, você deve segurá-lo na parte inferior
com as duas mãos e depois movimentar o aparelho de cima para baixo.
-Quando você for falar números, ex: 3, 4, deve separá-los pela palavra “e” para que o
aplicativo consiga compreender que são números separados e distintos. Exemplo: 3 e 4 e 6 e
assim por diante.
-Você deverá responder as perguntas feitas logo após ouvir um sinal sonoro.
Perguntas sobre o programa
1- O que você gostou da atividade? “Explique”
2- O que você achou do material da atividade? “Explique”
3- Foi fácil realizar atividade? “Explique”
4- Teve algum momento que você sentiu mais dificuldade? Qual foi? “Explique”
5- Você conseguiu compreender as orientações propostas? “Explique”
6- Houve alguma orientação que não ficou clara? “Explique”
7- As perguntas foram claras? “Explique”
8- Você achou fácil responder as perguntas? “Justifique”
9- Você achou a atividade longa? “Explique”
10- Você já havia estudado algum assunto de matemática com atividade similar a esta?
“Explique”
11- Você acha que seria interessante que outros assuntos de matemática lhe fossem
ensinados assim? “Justifique”
12- Teve algo no material auxiliar que você não gostou ou não entendeu? “Explique”
13- Que sugestão você faria para melhorar a atividade?
257
APÊNDICE F- Diário de Campo das Entrevistas
Relato da Entrevista Realizada dia 19 de Setembro de 2017
Neste dia foi realizado no turno da tarde, em uma instituição de ensino reconhecida no
Estado pelo atendimento a pessoas com baixa visão e cegas, a entrevista piloto, que teve como
intuito nos auxiliar a delimitar melhor o roteiro de entrevista, verificar se a mesma estava
adequada ao que pretendemos analisar, se as perguntas estavam claras, enfim, o piloto nos
daria uma visão melhor e mais ampla de como seria quando entrássemos em contato com os
sujeitos da pesquisa, se o tempo será suficiente, de quantos sujeitos poderão fazer parte da
amostra, de como devemos nos portar e conduzir a pesquisa, ou seja, nos daria uma melhor
direção de como devemos realizar as entrevistas.
De acordo com Yin (2005) o estudo de caso piloto “auxilia-o na hora de aprimorar os
planos para a coleta de dados tanto em relação ao conteúdo dos dados quanto aos
procedimentos que devem ser seguidos.” (p.104). Logo, é possível perceber que com a
entrevista piloto podemos discutir melhor sobre o instrumento elaborado e verificar se este
está realmente adequado aos objetivos propostos e se é valida a sua aplicação com os sujeitos
da pesquisa. No caso desta pesquisa, a entrevista piloto contou com dois estudantes cegos
7que neste momento chamaremos de estudante A e estudante B, ambos cursando o ensino
médio, um em uma escola estadual e outro em uma escola da rede privada de ensino,
respectivamente. A entrevista ocorreu em momentos separados e com a devida autorização
dos responsáveis, visto que ainda são menores de idade.
A primeira entrevista piloto aconteceu na diretoria da instituição, pois era o local que
no momento apresentava maior silêncio, pois como as respostas seriam gravadas, buscamos
um lugar com menor interferência externa possível, para que não atrapalhasse o andamento da
entrevista e nem comprometesse o áudio com as respostas do estudante A. No momento da
entrevista, a vice- diretora estava presente, visto que estávamos em sua sala. A segunda
entrevista com a Aluna B ocorreu na sala da assistente social, pois devido o horário ser um
pouco mais tarde a sala da diretoria estaria com mais pessoas, então a vice-diretora me
aconselhou a mudar de sala para que não houvesse interrupções ou ruídos que atrapalhassem a
7 Neste relatório de pesquisa utilizamos a expressão “estudante cego” ou “cego” por considerarmos esta a melhor
forma de identificar a pessoa e suas características aqui relatadas. O último termo defendido em lei, como a
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência adotada pela ONU é “Pessoas com deficiência”, no
entanto, por tratarmos neste estudo especificadamente de estudantes, preferimos alterar “Pessoas” por
“estudantes” e o termo “com deficiência” por “cego”, já que está é a deficiência aqui abordada, deixando assim
mais clara as ideias que aqui serão expostas.
258
gravação das respostas, nesta segunda entrevista apenas a mãe da aluna, a Aluna B e a
pesquisadora estavam presentes.
Em média as entrevista duraram por volta de 30 minutos cada uma e com elas foi
possível verificarmos que o roteiro de entrevista possuía algumas perguntas semelhantes, que
acabavam repetindo algumas respostas dos estudantes, em algumas perguntas como 6, 9, 15,
17, 18 os estudantes não conseguiam compreender de primeira do que se tratava ou que
respostas deveriam dar, pois alguns termos não haviam ficado claros, como na questão 18 o
termo “avaliado”, nestes casos a pesquisadora teve que intervir, repetindo as perguntas ou se
utilizando de exemplos para que pudessem compreender do que se tratavam as perguntas,
principalmente no bloco de perguntas referentes aos assuntos matemáticos, especificadamente
na questão 22, na qual a pesquisadora tinha que explicar de maneira não detalhada de que se
tratava tal assunto, exemplo, na pergunta sobre “Adição com reserva” à pesquisadora explicou
que se trava da questão do “sobe um” nas operações de adição.
Em relação ao comportamento dos estudantes, foi possível verificar que ambos
demonstraram bastante interesse em participar da pesquisa, em nenhum momento mostraram-
se cansados de responder as perguntas, pelo contrário, buscaram sempre que possível detalhar
suas respostas, dando exemplos de situações do seu dia a dia, descrevendo suas vivências para
que a pesquisadora pudesse conhecer e assim retratar melhor como é o processo de ensino e
aprendizagem deles.
Por fim, antes de transcrever as entrevistas, após a experiência de entrevistá-los,
acreditamos que algumas alterações deverão ser feitas no roteiro da mesma, como deixar
apenas a pergunta de número 11 ao invés da sexta e retirar as perguntas de número nove e 17
e deixar apenas a 16 com algumas alterações que de certa maneira englobe as demais
retiradas, visto que estas perguntas acabam se interligando e por isso acabavam por ser
repetitivas durante o decorrer das entrevistas, para que desta maneira o roteiro fique mais bem
estruturado e direto, voltado aos objetivos desta pesquisa.
Relato da Entrevista Realizada dia 27 de Setembro de 2017
Neste dia, voltamos à instituição, local referente ao nosso campo de pesquisa, pelo
turno da tarde para que pudéssemos entrevistar mais estudantes cegos ou com baixa visão,
agora com o roteiro de entrevista já modificado após a entrevista piloto, a qual nos fez
modificar a forma como algumas questões estavam dispostas, a retirar algumas questões e até
mesmo na mudança de comportamento da pesquisadora, que antes, na entrevista piloto,
acabava por interferir no bom andamento da entrevista e das respostas dos estudantes, visto
259
que em alguns momentos acabava prolongando a entrevista com assuntos que não estavam
relacionados à pesquisa em questão.
Após essa mudança de roteiro e de postura, a pesquisadora voltou à instituição para
entrevistar mais estudantes. Neste dia, conseguimos entrevistar uma aluna com baixa visão
matriculada na rede regular de ensino, com a devida autorização do responsável, visto que a
entrevistada era menor de idade. A entrevista aconteceu na diretoria da instituição, pois este
ainda era o local que apresentava melhores condições para a gravação da mesma, nela
estavam presentes a aluna que seria entrevistada, a coordenadora pedagógica e professores da
instituição que estavam usando o computador para prepararem suas atividades.
A entrevista durou em média 35 minutos, um tempo um pouco maior que as
entrevistas anteriores, pois houveram algumas interrupções em decorrência de estarmos na
diretoria e de vez em quando o fluxo de pessoas entrando e saindo acabava interferindo no
andamento da mesma. Em relação ao comportamento da aluna, foi possível perceber que ela
mostrou-se bastante animada e entusiasmada em participar da pesquisa, reação esta não
observada na sua responsável, pois a mesma levou certo tempo para nos deixar entrevista-lá,
pois tinha algumas duvidas em relação à pesquisa, como o tempo que demoraria para
entrevistarmos, se precisaria vir em outros dias e horários que não fossem do atendimento
dela, entre outras, as quais foram todas esclarecidas pela pesquisadora lá presente. Foi então
que a responsável pela aluna a deixou participar, desde que terminasse antes do horário da
merenda escolar ofertada na instituição, para que a aluna pudesse lanchar e em seguida voltar
para casa.
Durante a entrevista com a aluna com baixa visão percebi que a coordenadora
pedagógica ficava nos observando, prestando atenção nas perguntas que estavam sendo feitas,
foi então, que ao final da entrevista, a coordenadora me chamou em particular para perguntar
um pouco mais sobre a pesquisa, a partir da explicação a mesma sugeriu que a pesquisa fosse
realizada somente com estudantes cegos, pois de acordo com ela, quando ouviu as perguntas
da entrevista, disse que elas estavam mais voltadas aos estudantes cegos e não aos que tem
baixa visão, pois os estudantes com baixa visão necessitam apenas de atividades que possuam
uma fonte maior e de alguns recursos ópticos para ampliar as atividades. Logo, segundo ela o
objetivo da pesquisa seria melhor explorado se focássemos apenas nos estudantes cegos.
Com base nessa sugestão, fomos analisar as respostas dadas pela estudante e
verificamos que de fato os estudantes com baixa visão não contemplam muito bem o objetivo
da pesquisa, desta maneira, resolvemos por não transcrever a sua entrevista aqui neste
260
relatório e retirar os estudantes com baixa visão da pesquisa, deixando tais informações
obtidas para um próximo estudo, focando esta pesquisa apenas nos estudantes cegos.
Relato da Entrevista realizada no dia 28 de Setembro de 2017
No dia 28, fui até o instituto novamente pelo turno da tarde para entrevistar uma aluna
que a coordenadora pedagógica havia me falado que possuía atendimento às quintas – feiras,
no entanto, quando cheguei ao local fui informada de que a aluna havia faltado e que ate o
momento não havia nenhum estudantes que eu pudesse entrevistar, foi então que perguntaram
se eu poderia esperar para ver se algum estudante iria aparecer. Após aguardar uns cinco
minutos a coordenadora me chamou falando que havia chegado uma aluna que poderia
participar da entrevista, perguntou se o fato dela ter concluído o Ensino Médio teria algum
problema, foi quando expliquei que não, pois neste momento, o das entrevistas, bastava que o
estudante já tivesse cursado o 6º ano, série foco de nossa pesquisa, porque desta maneira
saberia informar como era o ensino e quais assuntos foram mais difíceis de aprender.
Sendo assim, após explicar sobre a pesquisa para a estudante C para que a mesma nos
autorizasse a entrevistá-la, pudemos dar início à entrevista, que aconteceu na sala da assistente
social, pois este era o local que estava desocupado no momento e não tinha interferências do
meio externo. Durante a entrevista o pai da estudante C estava presente. A entrevista durou
em média 27 minutos, de início a estudante se mostrou estar um pouco nervosa, balançava as
pernas e as mãos e ficava com a cabeça abaixada, foi quando expliquei novamente que ela
ficaria no anonimato e que no momento eu não pediria para ela resolver nenhum cálculo
matemático, foi então que ela se acalmou e conseguiu finalizar a entrevista com sucesso.
Relato da Entrevista realizada no dia 16 de Outubro de 2017
No dia 16, voltei ao instituto para dar continuidade às entrevistas com os estudantes
cegos, como de costume cheguei às 13h 30 minutos para verificar se havia algum estudante
cego que pudesse participar da entrevista e caso seja menor de idade ter tempo para conversar
com os pais ou responsável e explicar a pesquisa para então conseguir a devida autorização.
Normalmente eu aguardo até às 15h 45 minutos para poder entrevistar os estudantes,
pois sempre me é disponibilizado o horário do lanche, ou seja, normalmente de 15 a 20
minutos, para que eu realize a entrevista, pois desta maneira não atrapalho o horário do
atendimento dos estudantes e nem o horário da sua saída da instituição, visto que os
pais/responsáveis têm outros compromissos após o atendimento e não podem ficar por mais
tempo do que o agendado.
261
Neste dia, em específico, enquanto aguardava a mãe de um estudante que estava
previsto para eu entrevistar, fiquei sentada em uma área de socialização que tem na instituição
conversando com a mãe da estudante B, que eu já havia entrevistado, nessa conversa, foi que
ela me perguntou como andava a pesquisa e se eu já havia entrevistado uma estudante D, que
por sinal estava realizando atendimento nesse dia e preenchia os requisitos para participar da
entrevista. Quando disse que não e que ela nem aparecei nos nomes que a instituição havia me
fornecido, ela (a mãe da estudante B) fez questão e chamar a mãe da estudante D e dizer que
era pra ela deixar a filha participar da entrevista, pois era uma pesquisa que buscava melhorar
o ensino de matemática para estudantes cegos.
Nesse momento chegou à mãe do estudante que estava previsto para ser entrevistado,
foi então que aproveitei a oportunidade e expliquei para as duas mães do que se tratava a
pesquisa, qual era a participação dos seus filhos, entre outros. Com a autorização de ambas,
conversei sobre o melhor horário para entrevistá-los, como as duas disponibilizaram apenas a
hora do lanche e não daria para entrevistar os dois, decidi por entrevistar neste dia somente a
estudante D, pois está mora em outra cidade e só vem ao instituto a cada 15 dias e deixei para
entrevistar o outro estudante no seu próximo atendimento, que seria dia 30 de Outubro.
Antes mesmo de iniciar a entrevista com a estudante D, a mesma nos disse que quando
crescer quer ser professora de matemática, com a fala bastante entusiasmada, pois disse que
gosta bastante de matemática. A entrevista com ela durou em média 21 minutos e ocorreu em
um hall de entrada que tem no instituto, próximo a sala de orientação e mobilidade, devido as
demais salas estarem ocupadas no momento da entrevista. A estudante D mostrou-se bastante
empolgada em participar da pesquisa, respondia a todas as perguntas sem problema algum e
contou muitos fatos da sua vivência em sala de aula e ao final da entrevista contou-nos sobre a
sua fé, segundo ela os médicos dizem que não tem cura para a cegueira, mas que ela crê que
Deus pode cura-la, que Ele tem esse poder e vai um dia realizar essa benção em sua vida que
é enxergar, citando até uma passagem da bíblia a qual uma pessoa cega é curada.
No momento da despedida, agradeci por ter participado da entrevista, ela disse que o
prazer foi todo dela, que sempre posso contar com a sua ajuda e que terminou dizendo que
Deus me abençoasse e abençoasse a pesquisa para que ocorresse tudo bem.
Relato da Entrevista realizada no dia 18 de Outubro de 2017
Neste dia, pelo turno da tarde, voltamos à instituição para que pudéssemos dar
continuidade nas entrevistas, para isso chegamos no horário de costume de 13h 30 minutos.
262
Ao entrar na instituição nos dirigimos direto para a sala da direção/coordenação para que
verificássemos se havia algum estudante cego que pudéssemos entrevistar.
Neste momento faço uma pausa na descrição do relado de entrevista para discorrer
sobre a dificuldade de entrevistar os estudantes cegos dentro do instituto, não por causa da
instituição em si, pelo contrário, a mesma tem sido uma grande companheira nesse momento
de pesquisa, nos auxiliou desde o primeiro dia em tudo que precisávamos, nos dando apoio e
compartilhando conosco seus dados e conhecimentos sobre os estudantes cegos ali
matriculados.
A dificuldade a que me refiro trata-se do fato de que temos que ir nos dias de
atendimento dos estudantes cegos, sendo que o mesmo ocorre apenas duas vezes por semana,
na qual a mesma inicia-se na segunda-feira e termina na quinta-feira, pois as sextas-feiras são
fechadas para trabalho interno, sendo que desses dois dias de atendimentos muitas vezes os
estudantes faltam, pois não estão se sentindo bem, entre outros motivos, o que faz com que a
tarefa de entrevistá-los se torne difícil.
Quando conseguimos encontrá-los na instituição, temos que “convencer” os
pais/responsáveis para que autorizem seus filhos a participarem da pesquisa, tarefa esta um
pouco complicada, pois muitos pais/responsáveis já chegavam receosos em deixarem os filhos
(as) participarem, antes mesmo de explicarmos a pesquisa, pois alegavam que muitas vezes
nas pesquisas, os pesquisadores apenas coletavam informações e não voltavam mais para
fazer qualquer trabalho/atividade com seus filhos (as), logo eles não viam nenhum retorno ou
benefício em participar de pesquisas.
Após conseguirmos as autorizações dos pais/responsáveis para entrevistar seus filhos
(as) tínhamos apenas de 15 a 20 minutos em média para entrevistá-los, pois este era o tempo
entre um atendimento e outro, que por sinal tratava-se do tempo destinado ao lanche/recreio.
Porque antes desse horário eles estão em atendimento e após o lanche/recreio tem mais um
atendimento e em seguida vão embora, nenhum deles aceita a entrevista após este momento,
pois alguns moram longe, outros os pais/responsáveis tem algum compromisso e não podem
aguardar, entre outros motivos que nos restringem ao tempo destinado ao lanche/recreio.
Sabemos que as existem inúmeras dificuldades quando fazemos pesquisa que depende de
outras pessoas para acontecerem, mas explicitamos aqui tais situações apenas para fins
acadêmicos e para que quem leia este relatório de pesquisa saiba das situações que
vivenciamos e dos contratempos que tivemos para realiza-la.
Desta maneira, voltando para o relatório da entrevista realizada neste dia, conseguimos
entrevistar a aluna E, neste caso, tivemos que entrevistá-la em um hall de entrada que tem no
263
instituto, próximo a sala de orientação e mobilidade, pois a sala da direção/coordenação
estava ocupada, assim como a sala da coordenadora pedagógica, não restando nenhuma outra
sala ou ambiente vazio que pudéssemos estar utilizando, no entanto, apesar da entrevista ter
sido feita em local aberto, por ser horário do lanche/recreio a maioria dos estudantes estava na
parte próxima à cozinha, o que de certa maneira nos permitiu fazer e gravar a entrevista sem
muitos problemas. No momento da entrevista estavam presentes a aluna E e mais a mãe de
um outro estudante do instituto.
A entrevista durou em média doze minutos, pois a aluna não era de argumentar,
preferia as respostas curtas, mesmo quando instigada pela pesquisadora. No início da mesma,
a aluna E demonstrava estar bastante envergonhada e nervosa por estar dando uma entrevista,
foi então que expliquei que ela não seria identificada e que ninguém além dos pesquisadores
saberia que foi ela quem forneceu tais informações, mas mesmo assim, a aluna não conseguiu
relaxar, tanto que quando a mãe lhe trouxe o lanche para que ela pudesse comer enquanto
participava da entrevista, a mesma insistiu veementemente para que sua mãe tirasse o lanche
de perto dela e que apenas quando acabasse a entrevista iria comer.
A pesquisadora presente explicou que não haveria problemas se ela comesse ao dar a
entrevista, no entanto, a aluna E permaneceu com a sua decisão, o que para nos pesquisadores
nos levou a pensar na possibilidade de que a entrevista ocorreu de maneira rápida devido à
aluna estar com pressa para comer seu lanche.
Relato da Entrevista realizada no dia 25 de Outubro de 2017
No dia 25, fomos até a instituição para entrevistarmos mais uma aluna que a
coordenação havia nos indicado, para isso ao chegarmos ao local fomos até a direção para que
a coordenadora da tarde nos apresentasse a mãe da aluna que pretendíamos entrevistar para
que conversássemos com ela sobre a pesquisa e assim pedir a autorização para que sua filha
participasse. Neste dia a coordenadora nos disponibilizou a sala de atendimento de estudantes
com múltiplas deficiências, pois neste dia a mesma estava desocupada, devido os professores
e estudantes estarem participando de um evento em outro lugar. Após apresentada a mãe da
aluna F, a convidei para irmos até a sala onde pudesse explicar melhor a pesquisa, já dentro da
sala, após explicar o objetivo da pesquisa, a mesma iniciou uma serie de desabafos sobre as
dificuldades que passa com a sua filha para que a mesma possa estar estudando em uma sala
regular.
De acordo com a mãe da aluna F, o ensino ofertado a sua filha é inferior aos demais
estudantes matriculados na mesma sala, segundo ela a filha já teve que mudar de sala por
264
causa de professor que não estava preparado para lhe dar aula, na sala de aula os professores
acabam passando atividades e trabalhos mais fáceis para a sua filha só pelo simples fato dela
ser cega, que dentro da sala de aula a sua filha fica de certo modo isolada, pois não tem
atividades que ela possa fazer junto com a turma, os materias que deveriam ser preparados
antes das aulas em Braille, só são preparados bem depois, o que atrasa o acompanhamento da
aluna com o restante da turma, entre outros. Conforme a mãe cabe a ela ir a escola cobrar os
assuntos que serão ensinados para que possa levar ao instituto para eles possam preparar os
materiais das aulas em Braille, comprar livros sobre cegos, sobre o ensino para cegos para que
possa auxiliar sua filha, entre outras medidas, tomadas para que sua filha possa continuar
estudando.
Durante tal relato a mãe da aluna F chegou a dizer que preferia que o ensino da sua
filha fosse realizado apenas em escolas especializadas do que no ensino regular de forma
“inclusiva” (grifos do autor), pois desta maneira a sua filha teria mais chances de
aprendizagem, seja em matemática ou qualquer outra matéria. Posteriormente ao desabafo, ela
aceitou com que a pesquisadora entrevistasse a sua filha, e ainda disse que gostaria que mais
pesquisas tivessem esse objetivo, de olhar para as pessoas cegas.
Em seguida, a aluna F entrou na sala e demos início à entrevista, que durou em média
23 minutos e contou com a presença da sua mãe. Durante a entrevista a aluna F mostrou-se
bastante calma, respondendo a todas as perguntas, somente na última questão a mesma pediu
alguns exemplos para que pudesse lembrar qual conteúdo estávamos falando. Retirando isso,
a entrevista ocorreu de forma bastante satisfatória.
Relato da Entrevista realizada no dia 06 de Novembro de 2017
Neste dia, ao chegar à instituição fui notificada que o estudante que fomos entrevistar
havia faltado, o que por sinal já era a segunda vez que estávamos tentando contata-lo. E não
havendo no momento nenhum outro estudante cego que pudesse participar da entrevista,
tivemos que ir embora sem nenhuma entrevista em mãos.
265
APÊNDICE G- Diário de Pesquisa da Programação
Relato do dia 23 de Dezembro de 2016
Neste dia aconteceu o primeiro encontro com o Professor Antonio José para que
conversássemos sobre o sistema/aplicativo de voz. Neste dia, ele nos perguntou como
idealizávamos este projeto e como gostaríamos que funcionasse. Após explicarmos que
gostaríamos que o programa reconhecesse a voz do estudante, compreendesse o que ele fala,
desse os comandos necessários para o prosseguimento das atividades, entre outros, comandos
que permitissem com que o estudante cego pudesse ter uma maior autonomia ao resolver as
atividades de matemática e pudesse registrar estas, sem que necessariamente precisasse da
ajuda de terceiros. Após nos ouvir o professor muito gentilmente se dispôs a nos ajudar,
explicou que esta não seria uma tarefa simples e que ele iria pesquisar de que maneira poderia
nos ajudar.
Relato do dia 27 de Dezembro de 2016
Neste dia o professor entrou em contato e nos disse que havia testado um exemplo no
programa “AppInventor” e que este poderia ser o programa adequado para programarmos as
nossas atividades, visto que possuía os requisitos que desejávamos.
Após sabermos que este programa poderia ser utilizado por nós demos continuidade na
pesquisa, e como tínhamos que concluir o texto da qualificação, não prosseguimos com a
parte da programação, até porque precisávamos de mais informações que subsidiassem a
pesquisa e consequentemente o uso de tecnologias no ensino de matemática para estudantes
cegos.
Relato do dia 11 de Outubro de 2017
Nesta data encaminhamos o protótipo da primeira atividade para que o professor
verificasse se a mesma poderia ser programada.
Relato do dia 13 de Outubro de 2017
Neste dia o professor nos mostrou como funciona o programa “AppInventor” por meio
do modelo de atividade que havíamos lhe repassado, no entanto, este nos disse deveríamos
reescrever as atividades com as possíveis possibilidades de respostas dos estudantes cegos,
uma vez que uma mesma resposta pode ser dita de maneiras diferentes, ou em ordem
diferente e que estas precisariam estar descritas nas atividades, pois na programação todas
266
estas possibilidades precisam estar registradas, para que não ocorra erros durante a sua
aplicação.
Em Novembro de 2017, devido o Seminário de Cognição e Educação Matemática, o
qual o professor Antônio estava participando da organização, as atividades relacionadas à
programação ficaram paradas.
Relato do dia 11 de Dezembro de 2017
Neste dia nos reunimos novamente para que ele me ensinasse a programar uma das
atividades no AppInventor, contudo, não foi possível programarmos uma atividade toda, pois
ainda precisávamos conhecer muitas funções do aplicativo e como cada comando funcionava,
o que levava tempo.
Após este encontro, resolvemos primeiramente concluir todas as atividades, contendo
cada detalhe que entraria na programação, como os comandos que serão realizados pelo
sistema/aplicativo para que quando iniciássemos a programação já tivéssemos todo esse
material em mãos.
Relato do dia 16 de Fevereiro de 2018
Nesta data concluímos as 12 atividades que serão propostas na dissertação e já
marcamos um encontro com o professor Antônio para que pudéssemos dar prosseguimento na
etapa de programação.
Relato do dia 19 de Fevereiro de 2018
Neste dia apresentei ao professor Antônio o dossiê feito com todas as atividades e seus
materiais criados em alto relevo par que desta maneira lhe explicasse o que pretendíamos que
o sistema/aplicativo realizasse. Neste momento começamos a programar uma das atividades e
o professor ia me ensinando os comandos, após isso pediu para que eu continuasse em casa e
fosse melhorando o programa.
Ao chegar em casa e tentar programar sozinha confesso que um certo medo me abateu,
pois estava me sentindo perdida em meio a tantos procedimentos, comandos e linguagem de
programação. Eu já havia trabalhando antes com programações no computador, contudo,
nunca com o AppInventor, este possuía um organização dos comandos totalmente diferente
dos quais conhecia, o que me deixava horas parada em frente ao computador sem saber ao
certo como iria passar o que estava em minha mente e no papel para o computador, mas
267
continuei, pois sei que o processo de aprendizagem leva algum tempo e o meu estava apenas
iniciando.
Relato dos dias: 22 e 26 de Fevereiro de 2018 e de 02 a 08 de Março de 2018
Nestas datas nos reunimos professor Antônio e eu, quase sempre ao final da tarde para
programarmos as atividades, uma vez que cada comando novo era inserido alterava a
programação inicial e nem sempre funcionava da maneira como esperávamos, o que nos
levava a ficar horas pensando sobre que modificações deveriam ser feitas para que o
programa funcionasse corretamente.
Dentre alguns questionamentos que iam surgindo durante os nossos encontros, temos:
“Como vamos fazer para que o estudante avance nas perguntas feitas sem que precisem
apertar algum botão?”; “Como vamos organizar os blocos de maneira lógica para que a
programação funcione sem interrupções?”; “Quantas tentativas vamos disponibilizar para os
estudantes?”; “Quais as possíveis ações que serão realizadas pelos estudantes, para já
deixarmos os procedimentos programados no aplicativo?”, “Como vamos registrar as
respostas dadas pelos estudantes?”, entre muitos outros que iam surgindo com o avançar da
programação.
As orientações com o professor Antônio aconteceram muitas vezes também por e-
mail, o qual muito gentilmente sempre respondia e auxiliava quando as dúvidas assolavam ou
quando não podíamos nos reunir pessoalmente.
Relato do dia 16 de Março de 2018
Neste dia conseguimos enfim programar uma atividade toda, a de “Curvas”, sem que
tivesse falhas, o que incluía no reconhecimento de voz, no sensor de movimento, dentre
outros comandos importantíssimos para o funcionamento da atividade. Tal fato nos trouxe
uma alegria e uma esperança, pois após tantos meses pensando e idealizando este projeto
finalmente conseguimos concluir uma atividade, nos dando ânimo para continuar com as
programações.
Relato do dia 20 de Março de 2018
Após conseguirmos programar a atividade de Curvas, continuamos com a
programação das atividades de Segmento de Reta e Polígonos. Uma vez que estas três serão
utilizadas em nossa experimentação para validar a nossa proposta de pesquisa.
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Programa de Pós-Graduação em Educação
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