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Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery http://re.granbery.edu.br - ISSN 1981 0377 Curso de Pedagogia - N. 14, JAN/JUN 2013 O ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL FRENTE AOS PRINCÍPIOS DO ESTADO LAICO E DA LIBERDADE DE CRENÇA Lidyane Loures do Nascimento 1 Ana Lúcia Damascena 2 RESUMO O presente artigo tem como objetivo analisar a relação existente entre Estado e Religião na implementação do Ensino Religioso na matriz curricular do Ensino Fundamental como disciplina regular das escolas públicas frente aos princípios da liberdade de crença e do Estado Laico. Para tanto serão analisados elementos históricos e culturais relacionados ao Ensino Religioso enquanto disciplina, apontando, ainda, a necessidade de uma formação adequada dos professores regentes da disciplina. Palavras-chave: Ensino Religioso. Estado Laico. Religião. ABSTRACT This article aims to analyze the relationship between state / Religion in the implementation of religious education in the curriculum of elementary school discipline as 1 Graduada em Pedagogia pela Faculdade Metodista Granbery em 2012. 2 Graduada em Direito pela Faculdade Metodista Granbery em 2009/2010; Mestranda em Serviço Social pela UFJF Linha de pesquisa: Políticas Sociais e Gestão Pública; Professora das disciplinas de Direito Administrativo, Financeiro e Tributário da Faculdade Metodista Granbery.

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Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery

http://re.granbery.edu.br - ISSN 1981 0377

Curso de Pedagogia - N. 14, JAN/JUN 2013

O ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL FRENTE AOS PRINCÍPIOS DO ESTADO

LAICO E DA LIBERDADE DE CRENÇA

Lidyane Loures do Nascimento1

Ana Lúcia Damascena2

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo analisar a relação existente entre Estado e

Religião na implementação do Ensino Religioso na matriz curricular do Ensino Fundamental

como disciplina regular das escolas públicas frente aos princípios da liberdade de crença e do

Estado Laico. Para tanto serão analisados elementos históricos e culturais relacionados ao

Ensino Religioso enquanto disciplina, apontando, ainda, a necessidade de uma formação

adequada dos professores regentes da disciplina.

Palavras-chave: Ensino Religioso. Estado Laico. Religião.

ABSTRACT

This article aims to analyze the relationship between state / Religion in the

implementation of religious education in the curriculum of elementary school discipline as

1 Graduada em Pedagogia pela Faculdade Metodista Granbery em 2012.

2 Graduada em Direito pela Faculdade Metodista Granbery em 2009/2010; Mestranda em Serviço Social pela

UFJF – Linha de pesquisa: Políticas Sociais e Gestão Pública; Professora das disciplinas de Direito

Administrativo, Financeiro e Tributário da Faculdade Metodista Granbery.

regular public schools against the principles of freedom of belief and the Secular State. To be

analyzed both historical and cultural elements related to religious teaching discipline while

pointing also the need for adequate training of school teachers of the discipline.

Keywords: Religious Education. Secular State. Religion.

1. INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como tema a análise da relação Estado e Religião no que se

refere à implantação do Ensino Religioso na matriz curricular do Ensino Fundamental das

escolas públicas frente ao princípio da liberdade de religião e dos princípios do Estado laico.

Com o presente estudo, busca-se analisar se a implantação do Ensino Religioso

nas escolas públicas é legal, sob o aspecto jurídico, pertinente e desejável, sob o aspecto

pedagógico, a fim de compatibilizar a disciplina com os princípios da liberdade de crença e

laicismo do Estado.

Parte-se da hipótese de que o Ensino Religioso pode ser reconhecido como

disciplina regular das escolas públicas brasileiras, a partir de uma leitura humanista, aberta,

que contemple o estudo das diversas formas de religião, como as mesmas se manifestam na

história em seus aspectos filosóficos, sociológicos, históricos, psicológicos entre outros temas

universais, ministrado por profissionais qualificados para trabalhar com tal disciplina.

O tema, embora já discutido por diversas áreas, ainda guarda polêmicas e mostra-

se atual, sobretudo em virtude do tratamento equivocado dado ao mesmo pela prática

pedagógica nas escolas brasileiras, sendo inclusive pauta de discussão do Supremo Tribunal

Federal, que deve analisar a constitucionalidade do Ensino Religioso no Brasil por meio do

julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº. 4.439, proposta pela Procuradoria

Geral da República.

O estudo do tema tem como referencial teórico os princípios do laicismo do

Estado e da liberdade de crença, contidos em nosso texto constitucional. Para melhor

compreender o Ensino Religioso no Brasil, à luz dos citados princípios, optou-se por iniciar a

análise contextualizando o tema com questões histórico-culturais da relação Estado e Religião

em sentido geral, como forma de legitimação do poder político, assim como as peculiaridades

do caso brasileiro.

Diante desses elementos, cuidou-se de analisar o desenvolvimento do Ensino

Religioso pós Constituição de 1988 e LDB de 1996, avaliando-se todo o processo de

construção de tais parâmetros legais e os elementos culturais que influenciam a prática

pedagógica da disciplina no Brasil.

Buscou-se analisar o tratamento dado ao Ensino Religioso na prática educacional

frente à ausência de parâmetros específicos e uniformes para a disciplina, bem como os

elementos que possibilitam interpretar o ensino religioso em conformidade com os preceitos

constitucionais e legais.

O presente trabalho tem como objetivo contribuir para a reflexão sobre o tema,

que por sua alta complexidade e carga polêmica ainda será objeto de muita discussão,

principalmente, enquanto depende de manifestação do STF.

2. A RELAÇÃO HISTÓRICA ESTADO E RELIGIÃO

A necessidade de organização da vida em sociedade e a complexidade das

relações sociais fizeram com que os indivíduos instituíssem um poder organizado para regular

o convívio social. Nesse contexto surgem as primeiras formas de “Estado”.

Segundo MALUF (1988, p. 100), nas sociedades primitivas não havia uma

organização política que se identifique ao que denominamos atualmente “Estado”, embora já

houvesse determinadas regras de organização do convívio social, com poder centrado em uma

instituição política, tida como natural e necessária, decorrente da própria natureza humana,

para organizar a vida em sociedade.

As primeiras formas de organização política se deram na Grécia e em Roma, na

idade antiga, período compreendido entre 3.000 a.C até o séc. V da era cristã, quando o

Império Romano se desmoronou diante da invasão dos bárbaros.3

3 Sobre a origem e evolução histórica do Estado consultar: MAULF, Sahid . Teoria Geral do Estado.19 ed. São

Paulo: Sugestões Literárias, 1988; BOBBIO, Norberto. Estado Governo e Sociedade. Para uma teoria geral da

política. Traduzido por Marco Aurélio Nogueira. 8 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000; ZIPPELIUS, Reinhold.

Teoria Geral do Estado. Traduzido por Karin Praefke-Aires Coutinho. 12 ed. Lisboa: Fundação Caloustre

Gulbenkian, 1997; DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos da Teoria Geral do Estado. 17 ed. São Paulo:

Saraiva 1993 e AZAMBUJA, Darcy. Teoria Geral do Estado. 4 ed. Porto Alegre: Editora Globo, 1963.

Nas primeiras formas de organização, o poder do monarca era absoluto,

equivalente ao poder divino, e este acumulava as funções militar, judicial, sacerdotal e de

coleta de impostos. Desta forma, percebe-se então a existência de uma estreita relação entre

Estado e Religião, como forma de legitimação do poder, nos primeiros formatos de

organização política.

Com o desenvolvimento histórico do Estado e a passagem do “Estado” Antigo

para o modelo de “Estado” Medieval, persiste a submissão do “Estado” ao poder espiritual

representado pela Igreja Romana. (MALUF, 1988, p. 124)

Durante um longo período, o fundamento de legitimação do Estado consistia nos

dogmas religiosos. Segundo a teoria do poder divino, o Estado foi fundado por Deus, através

de um ato concreto de manifestação de sua vontade. O Rei é ao mesmo tempo sumo-

sacerdote, representante de Deus na ordem temporal e governador civil (MALUF, 1988, p.

76).

Sendo assim, era devida obediência ao Rei ainda que este fosse injusto e infiel. Os

súditos deviam respeitá-lo. A pessoa do Rei era sagrada e, diante de suas violências e

injustiças, os súditos poderiam apenas orar pela sua conversão.

Somente no limiar da Idade Moderna surgem as teorias racionalistas, que

justificam o Estado como sendo de origem convencional, como produto da razão humana, que

tem sua justificativa de legitimação não mais no poder divino, mas no acordo racional e

livremente motivado dos sujeitos, teoria esta desenvolvida pelos chamados “Contratualistas”,

sobretudo por Hobbes, Locke e Rousseau.

Contudo, é importante ressaltar que há diferenças na concepção da origem do

contrato social apresentadas por Locke e por Hobbes, no que se refere ao estado de natureza,

o que os fazem chegar a fundamentos distintos para a criação do Estado pelo homem através

do contrato social.

Para Locke “os homens viviam originalmente em um estágio pré-social e pré-

político caracterizado pela mais perfeita liberdade e igualdade denominado estado de

natureza” (WEFFORT, 1991, p. 84.)

Observa-se que a concepção de estado de natureza de Locke difere da concepção

de estado de natureza de Hobbes, uma vez que, no estado de natureza de Hobbes, o homem

vive em estado de guerra, motivo que fez com que o homem abrisse mão de sua liberdade em

troca da segurança do Estado. No estado de natureza de Locke, os homens vivem em perfeita

harmonia e já havia a consciência de que alguns direitos como a vida, a liberdade e os bens

consistiam em direitos naturais do ser humano (WEFFORT, 1991, p. 84).

Para Rousseau, o Estado é de natureza convencional, ou seja, resulta da vontade

geral que se dá por meio da soma das vontades manifestadas pela maioria dos indivíduos.

Assim como Hobbes e Locke, Rousseau também parte do jusnaturalismo, do estado de

natureza primitivo do homem, para caracterizar o surgimento do Estado. Contudo, em

contraposição a Hobbes, Rousseau afirma que, no estado de natureza primitivo, os homens

viviam em perfeita felicidade, eles encontravam facilmente o pouco que precisavam para a

subsistência e apenas temiam a dor e a fome (MALUF, 1988, p. 88).

Com o desenvolvimento da sociedade, a complexidade das relações sociais e as

desigualdades, o homem então, para proteção de seus interesses, se vê diante da necessidade

de criação de um poder supremo, que defenderia o interesse de todos, garantindo assim a sua

liberdade e a liberdade de propriedade dos bens.

Desta feita, o homem abre mão de sua liberdade particular em favor da direção

suprema da vontade geral, que em suma deveria representar a sua própria vontade, e o corpo

social passa a ser uno e soberano, sendo a lei a manifestação positiva da vontade geral.

O Estado é convencional, afirmou Rousseau. Resulta da vontade geral que é

uma soma da vontade manifestada pela maioria dos indivíduos. A nação

(povo organizado) é superior ao rei. Não há direito divino da Coroa, mas

sim, direito legal decorrente da soberania nacional. A soberania nacional é

ilimitada, ilimitável, total e inconstrangível. O governo é instituído para

promover o bem comum, e só é suportável enquanto justo. Não

correspondendo ele com os anseios populares que determinaram a sua

organização, o povo tem o direito de substituí-lo, refazendo o contrato...

(sustenta, pois, o direito de revolução) (MALUF, 1988, p. 88).

Observa-se que, nesse contexto, diante da teoria contratualista do Estado, a

legitimidade de seu poder decorre da razão e da normatividade da legislação.

Diante do rompimento com o modelo absolutista e a ascensão do Estado Liberal

Burguês, surgem as primeiras constituições escritas que legitimam o poder do Estado e

estabelecem as primeiras separações Estado e Igreja, no modelo de Estado Moderno Racional,

com a implementação por Montesquieu da separação dos poderes, a fim de garantir os ideais

defendidos pelos movimentos revolucionários de liberdade, igualdade e fraternidade e limitar

o exercício do poder de forma absoluta, freando o poder e garantindo os direitos individuais.

(MEDAUAR, 2005, p. 29).

Contudo, mesmo diante do desenvolvimento do Estado Moderno, a influência

histórica da religião continua sendo exercida no campo político ao logo do tempo, ainda que

de forma mais branda, principalmente diante das crises da Igreja Católica e do surgimento do

Movimento Protestante.

Observa-se, ainda assim, que os dogmas religiosos e o poder político da Igreja

continuam, até os tempos atuais, a influenciar o Estado e a permear as relações sociais, tendo

essa influência rebatimentos diretos no estudo que se propõe sobre o ensino religioso nas

escolas públicas. Para melhor traçar a importância e a influência da relação Estado-Igreja na

pesquisa do tema, faz-se necessário, ainda, tratar da relação Estado-Igreja no contexto

histórico brasileiro, apontando suas particularidades em virtude da forma de colonização do

nosso país.

2.1. Relação Estado e Religião e a peculiaridade do caso brasileiro

Em virtude da colonização portuguesa de nosso país, houve grande influência da

questão religiosa da Igreja Católica sobre nosso Estado. Sendo assim, é necessário trazer

elementos de análise dessa trajetória histórico-cultural, para que possamos compreender o

debate do ensino religioso no Brasil.

Conforme aponta Emmerick (2010), para a implementação do projeto de

colonização das novas terras, o Estado português precisou do apoio da Igreja Católica, a fim

de legitimar seu poder e estabelecer a coesão social necessária para a governabilidade dos

povos. Isso também se deu no descobrimento do Brasil.

O primeiro documento legal que trata da educação religiosa de forma clara foram

as “Constituições Primeiras do Arcebispo da Bahia”, aceitas no sínodo diocesano em 12 de

junho de 1707. Essas constituições apontavam a obrigatoriedade dos senhores proprietários de

escravos cuidarem da formação religiosa dos mesmos. Nessa época, não se tratava do ensino

religioso como disciplina, ele era visto como uma formação religiosa (OLIVEIRA, 2004, p.

21). Desta forma, ocorria em paralelo à doutrinação das crianças com princípios da religião

católica. A educação girava em torno da Igreja Católica, que dominava as instituições de

ensino no Brasil.

A evangelização pregada pelo catolicismo português no Brasil trouxe, sem dúvida

alguma, rebatimentos para o contexto cultural, com influência na educação e na regulação

normativa da vida em sociedade.

No que diz respeito à evangelização/catolização dos indivíduos em terras

brasileiras, a Igreja Católica deteve o monopólio no controle da vida

cotidiana dos sujeitos, principalmente em matéria de educação e família.

Assim, ela ditava o que era ou não moralmente aceitável do ponto de vista

moral e jurídico, já que as leis vigentes no Brasil Colônia eram as mesmas de

Portugal e, não raramente, confundiam-se com as leis de Deus, ou melhor,

com as leis ditadas pela Igreja Católica. Evidente, assim, que a atuação da

Igreja Católica foi muito além do campo religioso, haja vista que se estendeu

no espaço social e político (EMMERICK, 2010).

Contudo, com o processo de independência do Brasil, consolidado em 1822, não

houve alteração significativa dessa relação entre Estado e Igreja.

O ensino da religião não era questão controversa enquanto o Estado reconhecia a

religião Católica como religião oficial. Esse contexto perdurou durante longa data em nossa

tradição histórico-política. A primeira Constituição Brasileira, datada de 1824, conferiu o

título de religião oficial do Império à Igreja Católica, mantendo-se uma estreita relação entre

essas instituições. Assim determinava o art. 5º da citada Constituição:

Art. 5º - A religião Catholica Apostólica Romana continuará a ser a Religião

do Império. Todas as outras Religiões serão permitidas com seu culto

doméstico, ou particular em casas para isso destinadas, sem forma alguma

exterior do Templo.

Nesse sentido, cabe destacar o posicionamento de Cunha (1999, p. 344), que nos

indica que:

O ensino da religião católica, nas escolas públicas brasileiras, no período

imperial, era uma conseqüência da união entre o Estado e a Igreja. Essa

herança dos tempos coloniais chegava a tal ponto que houve quem dissesse

que a Igreja Católica no Brasil nada mais era do que um apêndice da

administração civil.

Já em 15 de outubro de 1827, temos a primeira lei que trata sobre o ensino

religioso, ordena-se a criação de escolas em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos

do Império. Segundo Cury (1993, p.22), o artigo 6º da lei apontava que os professores

deveriam ensinar a ler, escrever, as quatro operações de aritmética, prática de quebrados,

decimais, proporções, as noções mais gerais de geometria prática, a gramática da língua

nacional, e os princípios de moral cristã e da doutrina da religião católica e a apostólica

romana.

A situação foi se modificando de maneira lenta, porém progressiva ao longo do

século XIX. No Brasil, conforme indica Emmerick (2010), com a influência dos ideais

iluministas e a crise da Igreja Católica na Europa, ocorre uma mudança significativa das

relações entre Estado e Igreja Católica.

Com os movimentos de independência influenciados pelos ideais da Revolução

Francesa, com a posterior instituição da república no Brasil e os ideais de laicismo

decorrentes da separação Estado e Igreja vivenciados tardiamente no Brasil, a Igreja perde sua

força política e seu poder, não sendo mais fonte de legitimação do poder estatal.

Enfraquecida ideologicamente e nos seus apoios tradicionais, a Igreja não tem

condições de negociar uma posição de força, um novo pacto com o Estado Republicano que

se instala em 15 de novembro de 1889. “A iniciativa está com o Estado que impõe pelo

decreto de 7 de janeiro de 1890 a separação entre a Igreja e o Estado” (FAUSTO, 1984, p.

277).

O primeiro sinal da cisão dessa relação estreita ocorre, como indicado acima, em

janeiro de 1890, com a publicação do Decreto nº 119-A, de autoria de Rui Barbosa, que

oficializa no Brasil a separação Igreja e Estado.

Posteriormente, quando da promulgação da constituição de 1891, ocorre formal e

constitucionalmente a separação das instituições Igreja e Estado. Representando os objetivos

do Estado Moderno, o texto constitucional rejeitou qualquer união entre o pode civil e o poder

religioso, sendo papel do Estado garantir liberdade e igualdade a todos os cidadãos, conforme

disposto em seu art. 72, abaixo destacado:

Artigo 72 – A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes

no país a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança

individual e à propriedade, nos termos seguintes:

[...]

§ 4º - A República só reconhece o casamento civil, cuja celebração será

gratuita.

§ 5º - Os cemitérios terão caráter secular e serão administrados pela

autoridade municipal, ficando livre de todos os cultos religiosos a prática dos

respectivos ritos em relação aos seus crentes, desde que não ofendam a

moral pública e as leis.

§ 6º - Será leigo, o ensino ministrado nos estabelecimentos públicos.

§ 7º - Nenhum culto ou igreja gozará de subvenção oficial, nem terá relações

de dependência ou aliança com o Governo da União ou dos Estados.

Embora se reconheça que no contexto da vida social a Igreja Católica continuou

exercendo grande influência, no texto constitucional de 1891 fica claro que a religião não foi

a fonte de legitimação do poder, apregoando-se os ideais do Estado Racional Moderno.

Contudo, conforme aponta Emmerick (2010), essa relação em nosso contexto

histórico-político-cultural sempre foi conflituosa e contraditória, com inúmeras situações de

relativização e retrocessos.

No dia 30 de abril de 1931,

foi publicado o Decreto nº 19.9414, que reintroduziu o

Ensino Religioso confessional nas escolas públicas, de acordo com o decreto 19.941, de 1931,

em seu artigo 1°: “Fica facultativo, nos estabelecimentos de instrução primária, secundária e

normal, o ensino da religião.”.

Com o advento da Constituição de 1934, há grande retrocesso no avanço

alcançado pela constituição anterior, citando em seu preâmbulo a confiança em Deus como

fonte de legitimação para o texto constitucional, e embora trouxesse em seu art. 17 vedações à

relação direta de dependência e aliança entre Igreja e Estado, previa a colaboração recíproca,

com fundamento no interesse coletivo. Observe-se:

Artigo 17 - É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios:

[...]

II - estabelecer, subvencionar ou embaraçar o exercício de cultos religiosos;

III - ter relação de aliança ou dependência com qualquer culto, ou igreja sem

prejuízo da colaboração recíproca em prol do interesse coletivo;

[...] (GRIFOS ACRESCIDOS)

Essa separação Estado e Igreja como fruto da racionalidade humana não é algo

que na prática social tenha se dado no Brasil de forma linear e absoluta. A confusão entre

Estado Laico e Religião é percebida com clareza nas divergências encontradas não só no texto

constitucional de 1934, mas ao longo de nossa história político e jurídica, com reflexos até os

dias atuais, no próprio texto constitucional de 1988, como veremos no desenvolver desse

estudo.

4 O padre jesuíta Leonel Franca foi o responsável, a pedido do ministro, por redigir a exposição de motivos e a

fórmula do decreto. No entanto, houve uma modificação no decreto, pois a fórmula do Padre Leonel Franca

estabelecia o ensino religioso obrigatório dentro do horário escolar, enquanto o decreto de 1931 estabeleceu o

ensino religioso facultativo fora do horário escolar.

No texto da Constituição brasileira de 1937, ocorrem avanços jurídicos em relação

a separação Estado e Igreja, com a eliminação da citada cláusula da Constituição de 1934, que

possibilitava a colaboração entre Estado e Igreja, e ainda as chamadas Emendas Católicas.

Contudo, as disposições referentes ao ensino religioso foram mantidas, embora em alcance

reduzido.

Esta situação do Ensino Religioso não sofre grandes alterações após a

Constituição de 1937. De acordo com Ranquetat (2007), o Ensino Religioso nas escolas

públicas fica assegurado na Constituição Federal de 1946, de acordo com grupos religiosos

que se vinculam à Igreja Católica. Sendo assim, podemos citar o artigo 168, que aponta tal

manifestação: “O Ensino Religioso constitui disciplina dos horários das escolas oficiais, é de

matrícula facultativa e será ministrado de acordo com a confissão religiosa do aluno.”.

No ano de 1961 foi publicada a primeira LDB, na qual a Igreja Católica consegue

incluir o Ensino Religioso, que no artigo 97 aponta:

O ensino religioso constitui disciplina dos horários normais das escolas

oficiais, é de matrícula facultativa e será ministrado sem ônus para os cofres

públicos, de acordo com a confissão religiosa do aluno, manifestada por ele,

se for capaz, ou pelo seu representante legal ou responsável.” O § 1º do

referido artigo estabelece que: “A formação de classe para o ensino religioso

independe de número mínimo de alunos.” Diz o § 2º “O registro dos

professores de ensino religioso será realizado perante a autoridade religiosa

respectiva” (FIGUEIREDO, 1996, p. 62).

Já na Constituição Federal de 24 de janeiro de 1967, encontramos, no artigo 176,

o seguinte apontamento sobre o ensino religioso nas escolas públicas: “O Ensino Religioso,

de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas de grau

primário e médio.”.

A segunda LDB, que surge no ano de 1971, referencia o Ensino Religioso nas

escolas públicas no seu artigo 7º, parágrafo único: “O ensino religioso, de matrícula

facultativa, constituirá disciplina dos horários normais dos estabelecimentos oficiais de 1º e 2º

graus”. A diferença existente entre os artigos citados aponta a exclusão da expressão sem ônus

para os cofres públicos, existente na LDB de 1961, em que não se estabelece que a disciplina

deve ser ministrada de acordo com a confissão religiosa do aluno e estende-se às disciplinas

nas escolas públicas até o 2º grau.

Caron (1999) aponta que, desde a década de 70, temos o início da existência de

uma distinção entre Catequese e Ensino Religioso (ER); já na década de 80, temos a busca do

esclarecimento e a definição clara do objeto dessa disciplina, para que se possa adequar uma

metodologia aos princípios que o configurem como elemento próprio da escola e não da

igreja.

Como bem aponta Emmerick (2010), no plano jurídico-constitucional foram

poucas as alterações ocorridas no período compreendido ente as Constituições de 1934 e

1967, inclusive a Emenda nº. 01 de 1969. Contudo, tais alterações foram significativas nos

planos econômico, social, cultural e intelectual, a ponto de ruir os alicerces da Igreja Católica,

que tem, nesse período, que substituir a tradicional estratégia de atuação para buscar

legitimidade no apoio às lutas sociais, o que redundou, segundo o referido autor, no

surgimento da Teologia da Libertação e, consequentemente, nos Movimentos Eclesiais de

Base.

Por fim, a atual Constituição de 1988, que, sem dúvida alguma, traduz um

significativo avanço em relação à garantia de direitos individuais e sociais, bem como

mecanismos democráticos, também apresenta em seu texto constitucional a confusa e

contraditória relação Estado e Religião, já que não mais se pode afirmar nesse contexto que a

relação seja restrita à Igreja Católica.

O Brasil, sob a égide da Constituição Federal de 1988, intitula-se um Estado

Laico, em virtude do disposto no artigo 19, inciso I, que assim determina:

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios:

I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o

funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de

dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de

interesse público; (GRIFOS ACRESCIDOS)

Entretanto, prevê de forma expressa a possibilidade de colaboração na forma da

lei para resguardar o interesse público.

Prevê em seu preâmbulo a seguinte disposição: “nós, representantes do povo

brasileiro reunidos em Assembleia Nacional Constituinte [...] promulgamos, sob a proteção

de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil” (GRIFOS

ACRESCIDOS).

O Art. 5º, inciso IV, da Constituição trata da liberdade de consciência, de crença e

de cultos religiosos, ao passo que o Art. 210 instituiu o Ensino Religioso como disciplina na

matriz curricular do Ensino Fundamental da escola pública.

Por outro lado, Estado Laico é aquele que não se confunde com determinada

religião, não adota uma religião oficial e permite a mais ampla liberdade de crença e

descrença.

De acordo com Fausto (1984), pode-se afirmar que a grande dificuldade de

implementação do Ensino Religioso nas escolas públicas do Brasil, atualmente, está

relacionada com o laicismo do Estado. Isto é, a concepção de que, mesmo não sendo pró-

ateísta ou antirreligioso, o Estado precisa ser neutro em questão de consciência e liberdade

religiosa, a fim de não afrontar garantias constitucionais.

Essa contradição precisa ser avaliada com mais cautela, sob os aspectos jurídicos

e pedagógicos, a fim de buscar elementos que nos levem a uma compreensão mais

aprofundada sobre o tema, para ao final concluir pela possibilidade ou não de conciliar

interesses que aparentemente são bastante antagônicos: Estado Laico x Ensino Religioso.

3. O ENSINO RELIGIOSO PÓS-CONSTITUIÇÃO DE 1988 E LDB DE 1996

Como já anteriormente apontado, a Constituição de 1988, embora trate da questão

da separação entre Estado e Igreja no Art. 19, prevê, por sua vez, o ensino religioso como

disciplina integrante da grade curricular das escolas públicas. Observe-se:

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios:

I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o

funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de

dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de

interesse público;

Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de

maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais

e artísticos, nacionais e regionais.

§ 1º - O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos

horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.

§ 2º - O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa,

assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas

maternas e processos próprios de aprendizagem. (GRIFOS ACRESCIDOS)

Contudo, é necessário esclarecer que, diante das garantias constitucionais de

liberdade de crença, contidas no Art. 5º, inciso VI da Constituição Federal de 1988, enquanto

disciplina, o Ensino Religioso deve ser interpretado com a máxima cautela, com observância

aos demais preceitos constitucionais, a fim de que não ocorra uma colisão entre os referidos

dispositivos e os interesses que aparentemente se mostram conflitantes.

A principal dificuldade de uma interpretação adequada do Ensino Religioso no

Brasil e de sua condução prática encontra-se vinculada à forma de seu desenvolvimento

histórico, com práticas equivocadas que permanecem mesmo depois da promulgação da

Constituição de 1988, em afronta aos seus dispositivos, bem como à ausência de

regulamentação do dispositivo, de forma a apontar os parâmetros para sua implementação e

conteúdo.

Ressalta-se que a inclusão do Ensino Religioso nas escolas públicas ocorreu

graças à pressão exercida pelos grupos religiosos. Nesse contexto foi criado, em 26 de

setembro de 1995, em Florianópolis, o FONAPER (Fórum Nacional Permanente do Ensino

Religioso), sociedade civil de âmbito nacional, composta de pessoas físicas e jurídicas,

identificadas com o ensino religioso escolar, com a finalidade de tratar de questões pertinentes

ao Ensino Religioso (JUQUEIRA, 2002, p.49).

Segundo Ranquetat Jr. (2007), o FONAPER tinha como principais objetivos

garantir a presença do Ensino Religioso na LDB de 1996, de cujo processo de constituição

trata-se a seguir, e a criação de parâmetros curriculares nacionais para a referida disciplina,

como forma de evitar qualquer forma de proselitismo e doutrinação5, projeto que não logrou

êxito.

Para melhor compreender esses obstáculos práticos e legais, que representam

rebatimentos diretos na prática educacional vivenciada atualmente no Brasil, passa-se a

descrever o processo de regulamentação do Ensino Religioso no período pós Constituição

Federal de 1988 e LDB de 1996.

5 Os PCN elaborados pelo FONAPER apresentam as diretrizes fundamentais para o ensino religioso,

enfatizando que o ensino religioso deve evitar qualquer forma de proselitismo, de doutrinação. O ensino

religioso nesse contexto não é estudo de determinada religião, mas do estudo das diversas formas como as

religiões se manifestam na história em seus aspectos filosóficos, sociológicos, históricos, psicológicos e etc. Os

PCN elaborados pela FONAPER se articulam em torno de cinco eixos: culturas e religiões, escrituras sagradas,

teologias, ritos e ethos. Para que restassem atendidos esses objetivos, o ensino religioso não deve ser entendido

como ensino de uma religião ou das religiões na escola, e sim uma disciplina centrada na antropologia religiosa

(PCN, 1997). Os PCN elaborados pelo FONAPER foram editados em 1997, por uma editora católica, a editora

Ave-Maria, de São Paulo.

Para indicar a trajetória histórica e política enfrentada na construção da LDB para

regulamentação do disposto no § 1º do art. 210 da Constituição Federal, destacam-se os

estudos desenvolvidos por Caron (1999) e Equipe do GRERE, que resultaram na publicação

da obra específica que relata a trajetória do ensino religioso no Brasil na nova LDB, pós

Constituição de 1988.

Desse modo, partimos da análise do primeiro projeto, apresentado ao Congresso

para regulamentação do referido dispositivo constitucional. No texto original do primeiro

projeto de LDB regulamentando o ensino religioso no Brasil, encontramos o seguinte

dispositivo, contido no art. 33 do citado projeto:

Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos

horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, sendo

oferecido, de acordo com as preferências manifestadas pelos alunos ou por

seus responsáveis, em caráter:

I - confessional, de acordo com a opção religiosa do aluno ou do seu

responsável, ministrado por professores ou orientadores religiosos

preparados e credenciados pelas respectivas igrejas ou entidades religiosas;

ou

II - interconfessional, resultante de acordo entre as diversas entidades

religiosas, que se responsabilizarão pela elaboração do respectivo programa.

Contudo, na tramitação do projeto original, em fevereiro de 1996, foi introduzida

nova redação ao dispositivo legal por meio de Projeto Substitutivo, de autoria do Senador

Darcy Ribeiro, incluindo-se a expressão “sem ônus para os cofres públicos”, no Art. 33 da

LDB.

Observa-se que, desde a primeira redação, o que se tem é a abertura do espaço

escolar para que as organizações religiosas possam preparar o ensino confessional ou

interconfessional, com o objetivo de aperfeiçoar o conhecimento dos alunos numa

determinada religião por eles declarada, de forma facultativa.

Com a inserção da referida expressão, “sem ônus para os cofres públicos”,

consolidou-se, ainda mais, a orientação de que a implementação e execução da disciplina

deveria ser dada por membros dos segmentos religiosos indicados pelos alunos no ato da

matrícula como sendo sua profissão de fé. Tal forma de condução da disciplina fez com que a

mesma se tornasse doutrinamento específico de cada religião, com abordagem de caráter

confessional. Isso vem ferir os parâmetros constitucionais e legais estabelecidos na LDB, que

garantem a liberdade de crença, assim como as diretrizes constantes dos PCN elaborados pelo

FONAPER, que nunca chegou a ser implementado.

Contudo, ainda assim, segmentos religiosos inconformados com a inclusão da

expressão acrescida ao texto original se organizaram para a retirada da mesma. Tal

movimento, conforme aponta Caron (1999, p. 19), ganha força com a atuação da Conferência

Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Associação de Professores de Ensino Religioso do

Distrito Federal (ASPER), e o Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso, a partir da

carta aberta de 26 de março de 1996.

De acordo com os apontamentos de Caron (1999, p. 19-20), na 34ª Assembleia

Geral dos Bispos do Brasil, que aconteceu em Indaiatuba, São Paulo, em maio de 1996,

dedicou-se um tempo para tratar sobre o assunto e foi encaminhado um documento assinado

inicialmente pela Presidência da CNBB e em seguida pelos bispos do Brasil, diretamente aos

deputados, pedindo apoio e atenção ao artigo que relata sobre o Ensino Religioso na futura

LDB, com o propósito de retirada da expressão “sem ônus para os cofres públicos”.

Várias entidades apoiaram esta posição, desta forma a mobilização nacional foi

intensificada com a participação dos integrantes do 11º Encontro Nacional de Ensino

Religioso (11º ENER), realizado pela CNBB em agosto de 1996.

O já citado Fórum Nacional Permanente de Ensino Religioso não mediu esforços

para uma parceria com a Câmara dos Deputados e com o Ministério da Educação e Cultura

(MEC).

No primeiro semestre de 1997, devido à grande pressão exercida pela Igreja

Católica e pelo FONAPER, a Câmara dos Deputados recebe três Projetos sobre o Ensino

Religioso, propondo alterações para o artigo 33 da nova LDB, Lei nº 9.394, de 20/12/96.

Caron (1999, p. 24-25) aponta detalhadamente as diferenças entre os referidos projetos,

conforme abaixo transcrito:

a) O projeto de Lei nº 2.757/97, do Deputado Nelson Marchezan, pretendeu

alterar o artigo 33, simplesmente retirando a expressão “sem ônus para os

cofres públicos”.

b) O projeto do Deputado Mauricio Requião, sob o nº 2.997/97, propôs uma

alteração significativa do artigo 33, da Lei nº 9.394/96, através dos

dispositivos assim redigidos:

Art. 33 – O ensino religioso é parte integrante da formatação básica do

cidadão.

§ 1º - O ensino religioso de matrícula facultativa, constitui disciplina dos

horários normais da escola pública fundamental, vedadas quaisquer formas

de doutrinação ou proselitismo.

§ 2º - Assegurado o respeito à diversidade cultural brasileira, os conteúdos

do ensino religioso serão definidos segundo os parâmetros curriculares

nacionais e de comum acordo com as diferentes denominações religiosas ou

suas entidades representativas.

c) O projeto nº 3.043/97, de iniciativa do Poder Executivo – após ampla

consulta aos Estados, via Secretaria de Estado da Educação, e a setores da

sociedade em geral – tramitou em regime de urgência constitucional, nos

termos do artigo 64, parágrafo 1º da Constituição Federal, acrescentando a

modalidade de ER “ecumênico” às outras duas existentes no artigo 33 da

LDB: “confessional e interconfessional”. A este tipo de ER, o “ecumênico”,

no Parecer, conforme a Exposição de Motivos nº 78 de 12 de março de 1997,

não se aplica o dispositivo “sem ônus para os cofres públicos”.

Estes projetos não receberam emendas dentro dos prazos regimentais na Comissão

de Educação da Câmara. Contudo, como indica Caron (1999, p. 26), Padre Roque

Zimermann, deputado e relator dos projetos, após ouvir a sociedade que foi representada por

alguns órgãos como CNBB, CONIC e MEC, por meio de estudos aprofundados, elaborou um

Substitutivo ao Projeto de Lei, nº 2.757, de 1997, de Nelson Marchezan, levando em conta as

propostas apresentadas nos demais projetos. Houve a apresentação de um projeto substitutivo

que consolidava conteúdos dos três substitutivos anteriores, alterando toda a redação do artigo

33 da LDB.

Em caráter de urgência Constitucional, o referido Projeto foi votado na Câmara

dos Deputados, recebendo uma aprovação de grande parte das lideranças dos partidos, tendo

sido consolidado o texto legal, contido na Lei nº 9.475, de 22 de julho de 1997, atualmente

vigente.

Este novo texto, além de reconhecer o Ensino Religioso como disciplina das

escolas públicas de ensino fundamental, considerando-a como parte integrante do sistema de

ensino, considera a mesma um elemento essencial na formação do cidadão, e indica a

necessidade de respeito à diversidade cultural-religiosa do Brasil, vedando qualquer forma de

proselitismo, ou seja, qualquer forma de atividade com o objetivo de converter uma ou mais

pessoas a uma determinada causa, ideia ou religião.

Essa redação concilia-se com o disposto nos princípios do Estado Laico e com a

liberdade de crença existentes na Constituição de 1988, e a retirada da expressão “sem ônus

para os cofres públicos” possibilita a implementação da mesma por profissionais da área de

educação, abrindo caminho para a mudança da forma de ensino até então empregada por meio

das organizações religiosas, que mais se assemelhavam à catequização do que ao Ensino

Religioso.

O novo texto aponta, ainda, a necessidade de regulamentação adequada do tema,

dos conteúdos a serem ministrados e o estabelecimento de regras para a capacitação e

contratação dos professores.

Embora o próprio texto da LDB esteja em consonância com o texto

Constitucional, em relação ao caráter pedagógico do Ensino Religioso, que deve ter como

objetivo transmitir princípios éticos, morais e de cidadania, a fim de garantir a liberdade de

religião, essa não é realidade encontrada na prática pedagógica.

Ao revés, a ausência de regulamentação adequada fez com que pouca coisa tenha

alterado na prática do Ensino Religioso no sistema público de ensino durante todos esses

anos. O aluno não tem assegurado seu direito de conhecer a história e os fundamentos das

religiões em geral, abrangendo conteúdos, inclusive, das religiões menos tradicionais.

Ressalta-se que a liberdade de crença ou descrença só é efetivamente exercida por aqueles que

detêm a informação sobre o tema.

Mesmo diante da consolidação do Ensino Religioso como disciplina na LDB, um

grande desafio colocado aos educadores e à sociedade em geral é a busca de parâmetros para

a implementação da disciplina.

A expectativa que se tinha era de que com a regulamentação dos PCN (Parâmetros

Curriculares Nacionais) tal problemática viesse a ser sanada. Contudo, em 1996, o MED

(Ministério da Educação e Desporto) divulga os PCN, com a finalidade de estabelecer

diretrizes que apontam para a estruturação e reestruturação dos currículos escolares de todo o

Brasil, obrigatório para a rede pública e opcional para a rede privada, sem disciplinar normas

para orientação da prática pedagógica da disciplina de Ensino Religioso.

O principal objetivo dos PCN é padronizar no país fundamentos para uma

educação formal e, também, a própria relação escola e sociedade no cotidiano. Ressalta-se

que, mesmo diante dos esforços realizados pela CNBB através do Grupo GRERE e o Fórum

Nacional Permanente de Ensino Religioso, não houve a inclusão de parâmetros para a

disciplina de Ensino Religioso em tal documento.

Após muitas mobilizações, a coordenação do Fórum Nacional, com a participação

de vários educadores e entidades religiosas, assume a árdua tarefa de elaborar e divulgar esses

parâmetros que, em tempo recorde, foram elaborados e apresentados em setembro de 1996, na

cidade de Ouro Preto, ao CONSED, e logo depois foram igualmente apresentados junto ao

MEC e à Câmara do Conselho Nacional de Ensino Básico.

De acordo com Caron (1999), em seguida, a Comissão dos PCN, tendo posse do

referido trabalho, aceita de maneira positiva o texto e aponta intenções de, no futuro,

transformá-lo em diretrizes para o Ensino Religioso no Brasil.

Ocorre que desde então não houve a inclusão da temática nos PCN, o que faz com

que o tema seja tratado de forma individualizada pelos diferentes sistemas de ensino,

causando uma diversidade de orientações estaduais e municipais, e a ausência de

uniformidade no tratamento do Ensino Religioso nas escolas públicas brasileiras.

Diante desse quadro atual de abertura, vêm prevalecendo interpretações dos

dispositivos constitucionais e da LDB que contrariam os fundamentos da nova ordem, que

distorcem o caráter do Ensino Religioso com fundamento equivocado no conceito de Estado

Laico, como será tratado no próximo capítulo.

Sendo assim, fica o questionamento que se busca responder a seguir: será que é

conveniente estabelecer parâmetros rígidos para o conteúdo e a forma de condução da

disciplina de Ensino Religioso, e mais, será adequado adotar parâmetros indicados pelas

organizações religiosas? Ou será que os princípio que norteiam o Estado Laico e a liberdade

de religião já apontam os parâmetros necessários a implementação da disciplina?

4. DO TRATAMENTO DADO AO ENSINO RELIGIOSO NA PRÁTICA

EDUCACIONAL FRENTE À AUSÊNCIA DE PARÂMETROS ESPECÍFICOS E

UNIFORMES PARA A DISCIPLINA

Para que se possa discutir o tratamento dado ao Ensino Religioso nas escolas

públicas brasileiras é necessário estabelecer de forma clara a distinção entre escola

confessional e escola laica.

A escola confessional é aquela que professa determinada religião, vincula-se a

igrejas e/ou confissões religiosas e tem seus princípios baseados nos objetivos e formas de

atuação numa religião.

A escola laica, que é uma doutrina filosófica, defende e promove a separação

Estado e Igreja e é pautada pelo ensino da cidadania, sem que se professe religião específica.

Os seus principais valores são a liberdade de consciência e a igualdade entre cidadãos em

matérias religiosa.

No contexto do Estado Moderno, apenas é possível defender a possibilidade de

escolas confessionais em instituições privadas, em que o indivíduo que opta pela matrícula

expressa estar de acordo com os ensinamentos religiosos apregoados pela instituição.

No âmbito do ensino público, contudo, frente ao princípio de liberdade de crença,

só é possível o desenvolvimento de escolas laicas, que guardem relação ao Estado Laico,

então vigente.

Entretanto, na prática, a implementação do ensino religioso no contexto da escola

laica é bastante complexa, seja por conta do nosso contexto histórico de relação Estado e

Igreja, seja em virtude da interpretação equivocada de Estado Laico, ou ainda, por conta da

deficiência por parte dos profissionais para trabalhar essa disciplina.

O Ensino Religioso, ao ser compreendido como disciplina curricular, não pode

mais ser visto como ensino da religião na escola, tendo que refletir diante da multiplicidade de

crenças e da liberdade de seu exercício, do ensino das religiões e dos seus fundamentos éticos,

morais e de cidadania.

Contudo, é muito comum encontrar posicionamentos equivocados que defendem a

impossibilidade de se estabelecer uma orientação nacional uniforme sem ferir a necessária

independência entre Igreja e Estado.

Há ainda aqueles que entendem que a disciplina, por conta do princípio da

liberdade de crença e do Estado Laico, resume-se em abrir espaço para a ocupação deste pelas

organizações religiosas, conforme abaixo destacado:

Compete ao Estado facultar a utilização de um espaço, que poderá ou não ser

ocupado pelas religiões. Ou seja: não compete ao Estado proporcionar o

ensino religioso (fazendo currículos ou remunerando professores). Este

espaço proporcionado pelo Estado, nas escolas públicas, será ocupado ou

não pelas confissões religiosas. Se ele não for ocupado, por este ou aquele

motivo, não cabe ao Poder Público desvestir-se de sua condição laica, sob o

pretexto meritório de dar aulas de religião a quem manifestou interesse. Se

fizesse isso, estaria interferindo ou, por via indireta, subvencionando, ferindo

vários princípios constitucionais e atentando contra a liberdade religiosa.

[...]

Por outro lado parece-nos razoável que as confissões religiosas, através de

seus pastores, possam associar-se ou conveniar-se para ministrarem aulas de

religião, estabelecendo conteúdos consensuais a serem transmitidos aos

alunos que optaram pelas religiões consorciadas. Este tipo de ensino,

chamado de “inter-confessional”, [...] depende, é claro, de um acordo entre

as religiões interessadas, assunto que foge absolutamente à competência e

influência do Estado Laico (MONTEIRO, 2012).

O citado autor, equivocadamente, ainda acrescenta:

Justifica-se o ensino religioso na medida em que a criança terá, na escola,

uma continuação da educação religiosa oferecida no lar, sempre lembrando

que a educação é dever do Estado e da família (Art. 205, caput).

[...]

Os pais dos alunos ou responsáveis são co-responsáveis pela educação. Nos

termos do art. 205. Na hipótese do ensino religioso, eles têm o direito a

verem a orientação religiosa praticada ou desejada no lar, ser estendida no

âmbito da escola pública de ensino fundamental, se houver condições para

tanto. Sob esse aspecto a opção manifestada pelos alunos ou pelos pais,

quando estes forem menores, é de vital importância. Não pode ninguém,

muito menos a própria escola, tornar essa opção como mera formalidade:

trata-se de manifestação de liberdade de crença (MONTEIRO, 2012)

Sabe-se que o Ensino Religioso envolve o problema da laicidade e da liberdade de

crença, contudo, a implementação da referida disciplina depende da compatibilização desses

dois princípios.

Ao contrário do que possa parecer, não é da forma indicada por Monteiro (2012)

que se estabelece a compatibilização entre tais princípios. Abrir espaço para a ocupação da

escola por determinadas religiões, ainda que indicadas pelos alunos como profissão de fé, não

reflete os princípios contidos na Constituição Federal de 1988, assim como não atende ao

disposto no art. 33 da Nova LDB, que veda qualquer forma de proselitismo. O citado autor

afirma que dar continuidade à educação religiosa recebida pelos alunos na família é

manifestação de liberdade de crença. Contudo, ao contrário, representa doutrinação religiosa,

proselitismo vedado expressamente pela lei. Tal posicionamento reflete o entendimento do

ensino religioso anterior à nova ordem, um grande retrocesso em relação às conquistas

alcançadas pelo Ensino Religioso nas escolas públicas.

Entende-se então que compatibilizar o Ensino Religioso com a nova ordem

constitucional e legal exige a interpretação da disciplina de acordo com aos princípios da

liberdade religiosa e da laicidade, conforme demonstra-se a seguir.

A liberdade de consciência, crença e culto está descrita como direito fundamental

no Art. 5º, inciso VI, da Constituição Federal e representa garantia do particular contra o

Estado, que não pode intervir para embaraçar o livre exercício da religião.

No mesmo sentido, temos dispositivos no ECA (Estatuto da Criança e do

Adolescente) que disciplinam que:

Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à

dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como

sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas

leis.

Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:

[...]

III - crença e culto religioso;

[...]

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade

física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a

preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e

crenças, dos espaços e objetos pessoais. (GRIFOS ACRESCIDOS)

No Estado de Minas Gerais, encontramos a legislação que disciplina o Ensino

Religioso no âmbito das escolas pública estaduais, que compatibilizam os referidos princípios

com a existência da disciplina, em atendimento aos preceitos constitucionais e legais. A Lei

Estadual nº. 15.434, de 05 de janeiro de 2005, indica que o Ensino Religioso deve respeitar a

diversidade cultural e religiosa, vedando quaisquer formas de proselitismo e de abordagens de

caráter confessional, além de indicar para seu conteúdo aspectos da religiosidade em geral, da

religiosidade brasileira e regional, da fenomenologia da religião, da antropologia cultural e

filosófica e da formação ética. Por fim, a referida lei indica, ainda, os requisitos para que o

profissional da educação se habilite como professor da disciplina, com possibilidade de

ingresso na rede pública estadual, inclusive, por meio de concurso público.

Ao tratar da formação do profissional para o exercício da docência do Ensino

Religioso, a referida lei assim dispõe em seu Art. 5º:

Art. 5º - O exercício da docência do ensino religioso na rede pública estadual

de ensino fica reservado a profissional que atenda a um dos seguintes

requisitos:

I - conclusão de curso superior de licenciatura plena em ensino religioso,

ciências da religião ou educação religiosa;

II - conclusão de curso superior de licenciatura plena ou de licenciatura curta

autorizado e reconhecido pelo órgão competente, em qualquer área do

conhecimento, cuja grade curricular inclua conteúdo relativo a ciências da

religião, metodologia e filosofia do ensino religioso ou educação religiosa,

com carga horária mínima de quinhentas horas;

III - conclusão de curso superior de licenciatura plena ou de licenciatura

curta, em qualquer área de conhecimento, acrescido de curso de pós-

graduação lato sensu em ensino religioso ou ciências da religião, com carga

horária mínima de trezentas e sessenta horas, oferecido até a data de

publicação desta Lei;

IV - conclusão de curso superior de licenciatura plena ou de licenciatura

curta, em qualquer área de conhecimento, acrescido de curso de metodologia

e filosofia do ensino religioso oferecido até a data de publicação desta Lei

por entidade credenciada e reconhecida pela Secretaria de Estado da

Educação.

§ 1º Fica assegurada isonomia de tratamento entre os professores de ensino

religioso e os demais professores da rede pública estadual de ensino.

§ 2º É garantido ao profissional que satisfizer requisito definido em inciso do

caput deste artigo o direito de participar de concurso público para docência

de ensino religioso na rede pública estadual de ensino.

Observa-se que a legislação do Estado de Minas Gerais encontra-se em harmonia

com o disposto no art. 62 da LDB, que estipula regulamentos gerais para a educação nacional.

Art. 62 - A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em

nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em

universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação

mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro

primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na

modalidade Normal.

Contudo, essa não é a realidade da maior parte do país, tanto em relação ao

Ensino Religioso quanto às disciplinas em geral.

De acordo com Marcondes (2010) é importante mencionar ainda a facilidade de

encontrarmos professores de disciplinas como história, filosofia, sociologia, educação física

ou informática, atuando nas salas de aula com a disciplina de Ensino Religioso. Isso acontece

porque o conselho permite, para que possa ser implementada a disciplina diante da ausência

de profissional capacitado, e, dessa forma, estes professores têm a possibilidade de

complementar sua carga horária, trabalhando os conteúdos de maneira inadequada, por vezes

divulgando sua própria crença.

Desta forma, pode-se afirmar que é importante termos um profissional qualificado

para trabalhar com tal disciplina, que pode perfeitamente se conciliar com a liberdade de

crença e com o Estado Laico, desde que tenha uma ementa aberta que contemple o estudo das

diversas formas de religião, como as mesmas se manifestam na história em seus aspectos

filosóficos, sociológicos, históricos, psicológicos e etc.

Segundo Caron, (1999, p. 23) nenhum cidadão deve ser discriminado por motivo

de crença. Além de ser dever do Estado e da sociedade assegurar uma educação integral,

incluindo o desenvolvimento de todas as dimensões do ser, inclusive a religiosa, respeitada a

multiplicidade de crença, a fim de se evitar qualquer tipo de discriminação ou preconceito.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Ensino Religioso, quando presente na matriz curricular do Ensino Fundamental

como disciplina, deve ser regido por professores qualificados e remunerados pelo Estado.

Esta disciplina precisa ser trabalhada de maneira idônea, respeitando assim o

direito previsto pela Constituição e pela LDB, assim como outros documentos oficiais

estudados e citados no decorrer do trabalho, que venham a garantir a liberdade de crença e

uma atuação estatal adequada e imparcial.

Para que isso aconteça, é necessário que o Estado Laico venha a investir em mão

de obra qualificada, assim como os próprios profissionais da educação necessitam de uma

formação adequada.

O Ensino Religioso, ao ser entendido como disciplina curricular, não deve mais

ser visto como ensino de religião na escola. Sendo assim, é necessário refletir diante da

multiplicidade de crenças e da liberdade de seu exercício, do ensino das religiões e dos seus

fundamentos éticos, morais e de cidadania.

Percebe-se que desta forma alcançaremos o ensino de um conteúdo múltiplo, com

a apresentação das várias religiões e crenças existentes no Brasil, criando assim a

oportunidade de escolha consciente dos indivíduos, de adotar ou não determinada religião.

Isso trás ainda a minimização do preconceito a que ficam expostos cidadãos adeptos das

religiões menos tradicionais, assegurando uma educação integral e cidadã.

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