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ISSN 2176-1396
O ESPAÇO FÍSICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO EM
UMA ESCOLA PÚBLICA DA CIDADE DE PARNAÍBA – PI
Dayene da Costa do Nascimento1 - FAP
Jamayka Lya Mendes Firme2 - FAP
Renata Cristina da Cunha3 - IFPI
Grupo de Trabalho - Educação da Infância
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica e tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança de zero a cinco anos de idade em seus aspectos físico,
afetivo, intelectual, linguístico e social, complementando a ação da família e da comunidade.
Sendo assim o cuidar e o educar são componentes participativos ativos deste nível de ensino
no qual o professor estabelece vínculos para o desenvolvimento de habilidades para as etapas
seguintes. O espaço físico da escola, portanto, deve estar adequado aos padrões exigidos para
as atividades da Educação Infantil. Diante disso, esse artigo é recorte de uma pesquisa sobre
o espaço físico da Educação Infantil com o seguinte objetivo geral: Saber se a estrutura física
da escola de Educação Infantil - Escola Imaculada Coração de Maria da cidade de Parnaíba/PI
– está devidamente adequada para o atendimento de crianças no processo de ensino e
aprendizagem. Os objetivos específicos são: Caracterizar a estrutura física de uma escola da
Educação Infantil da cidade de Parnaíba – PI; Analisar as possíveis implicações dos aspectos
estruturais no processo de ensino-aprendizagem das crianças que estudam na escola e Discutir
o papel da estrutura física escolar para o êxito no processo de ensino-aprendizagem na
Educação Infantil. Para alcançar os objetivos, foi realizada uma pesquisa empírica com
abordagem qualitativa em uma escola da rede pública municipal da cidade de Parnaíba – PI
no segundo semestre de 2011. Os dados foram produzidos por meio da observação não
participante registrada em fotos e analisados à luz dos estudos de autores como Louzada
(1999), Zabalza (1998), Frago e Escolano (1995), Montessori (1965) e outros. Diante a
pesquisa realizada, percebemos que o espaço físico não se encontrada adequado para o
desenvolvimento da criança e dificulta o trabalho do professor da Educação Infantil.
Palavras-chave: Espaço físico. Educação infantil. Escola pública municipal.
1 Graduada em Licenciatura em Pedagogia pela Faculdade Piauiense-FAP, especialista em Psicopedagogia
Institucional e Clinica pela Faculdade Piauiense-FAP. E-mail: [email protected]. 2 Graduada em Licenciatura em Pedagogia pela Faculdade Piauiense-FAP, especialista em Psicopedagogia
Institucional e Clinica pela Faculdade Piauiense-FAP. E-mail: [email protected] 3 Professora orientadora do trabalho. Doutora em Educação pela UFSCar. E-mail: [email protected].
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Introdução
Historicamente as primeiras propostas de instituições pré-escolares no Brasil, nas duas
décadas iniciais do século XX, favoreceram as mulheres, que na condição de mães, não
tinham com quem deixar seus filhos para irem trabalhar. Então como solução, foi criado um
ambiente destinado para atender estas crianças com idade de três a seis anos, denominadas de
instituições pré-escolares assistencialistas. Foi uma medida defendida no quadro da
necessidade de criação de uma regulamentação das relações de trabalho, particularmente ao
trabalho feminino.
De acordo com Louzada (1999), também existia o “jardim de infância” destinado aos
que possuíam um poder aquisitivo melhor, um setor privado da educação pré-escolar, voltada
para as elites, o qual não poderia ser confundido com os asilos e creches para as pessoas mais
carentes em termos econômicos. Antigamente, o atendimento da criança na Educação Infantil
acontecia nas creches, onde este trabalho era visto como caridade. Hoje esta realidade ganhou
outro olhar, bem diferente daquele presente no passad9o, uma vez que a Educação Infantil
deixa de ser caridade e torna-se direito, a qualidade deste ensino que envolve também o
ambiente construído: o espaço físico.
Antes não se valorizava a importância ao espaço físico e nem mesmo se percebiam o
aspecto deste como “chave” de todo trabalho pedagógico realizado nas escolas de Educação
Infantil, sem perceberem que faz parte do processo de educação. Possui uma contribuição
inexplicável para desenvolvimento do ensino e aprendizagem na primeira fase do educando,
onde as perspectivas da realidade do mundo contemporâneo já são outras.
Diante disto, esta pesquisa visa responder: A estrutura física da Escola Imaculada
Coração de Maria da cidade de Parnaíba – PI é adequada para o atendimento de crianças da
Educação Infantil? Para responder essa questão norteadora, estabelecemos, como objetivo
geral: Saber se a estrutura física da Escola Imaculada Coração de Maria da cidade de Parnaíba
é adequada para o atendimento de crianças da Educação Infantil. Os objetivos específicos são:
caracterizar a estrutura física de uma escola da Educação Infantil da cidade de Parnaíba/PI;
analisar as possíveis implicações dos aspectos estruturais no processo de ensino-
aprendizagem das crianças que estudam na escola e discutir a importância da estrutura física
escolar adequada para o êxito no processo de ensino-aprendizagem na Educação Infantil.
Esta pesquisa empírica, com abordagem qualitativa, foi realizada em uma escola da
rede pública na cidade de Parnaíba, segunda cidade mais populosa do estado do Piauí.
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Os dados foram produzidos pela observação não-participante e registrados por meio de
máquina fotográfica digital no dia 17 de outubro de 2011, quando visitamos a escola para a
entrega da carta de encaminhamento à diretora juntamente com os termos de autorização,
divulgação do nome e das imagens da escola.
A Escola Coração Imaculada de Maria, fica localizada na zona urbana dessa cidade,
no Bairro São José, na Rua Monsenhor Lopes N° 1592, que tem como diretora Maria do
Amparo Silva Meireles. Possui como dependências: uma área recreativa, um brinquedoteca,
um banheiro, para o uso de todos da escola, incluindo-se alunos e funcionários. Uma diretoria
e secretaria, primeiro espaço do ambiente, três salas de aula, um refeitório e uma cozinha.
O espaço físico da Educação Infantil: uma breve discussão
De acordo com a Lei 9.394 (BRASIL, 1996), sancionada em Dezembro de 1996,
estabelece, na seção II, referente à Educação infantil, artigo 29 que esta tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
Neste contexto do desenvolvimento integral, enfatizamos o aspecto físico,
proporcionando a qualidade da educação como base da Educação Infantil, pois, de acordo
com Frago e Escolano (1995, p. 69) o espaço escolar não apenas é um “cenário” onde se
desenvolve a educação, mas sim “uma forma silenciosa de ensino”.
Assim buscamos entender que o espaço físico se relaciona automaticamente com o
desenvolvimento da criança, pois a forma de como é estruturado este espaço, pode influenciar
de forma positiva ou negativa, sendo o espaço físico, neste contexto da Educação Infantil,
torna-se um elemento indispensável a se observar. Em termos de contribuição, este deve ser
organizado tendo como princípio oferecer um lugar acolhedor e prazeroso para a criança, isto
é, um lugar onde as crianças possam brincar, criar e recriar suas brincadeiras, sentindo-se
independentes e estimuladas. Vários ambientes se constituem dentro de um espaço. Para que
possamos conhecer a criança, ela precisar se expressar, só assim possivelmente, perceberemos
as necessidades de cada uma delas. Mas para isso acontecer é preciso de um espaço físico
adequado e estruturado, ajudando-a se desenvolver da forma mais conveniente com as
características que cada uma apresentar. Vale também ressaltar que o ambiente físico não
ajuda somente a criança se expressar, mas a pedagogia aplicada na escola fica evidente, de
acordo com Faria (1998 p. 95) “[...] em todas as escolas de educação infantil para as crianças
de zero a seis anos o espaço físico se expressará a pedagogia adotada”.
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O espaço acaba tornando-se uma condição básica para poder levar adiante muitos dos outros aspectos-chave. As aulas convencionais com espaços indiferenciados são
cenários empobrecidos e tornam impossível (ou dificultam seriamente) uma
dinâmica de trabalho baseada na autonomia e na atenção individual de cada criança
(ZABALZA, 1998, p. 50 ).
O espaço é fundamental para o desenvolvimento corporal e aprendizado da criança,
ajudando na superação das condições de ensino. Portanto, em relação à área de construção do
prédio, recomenda-se que área construída deverá corresponder a 1/3 da área total e não
ultrapasse 50%. Considerando a relação entre a área construída e áreas livres como: área de
recreação, área verde/paisagismo, estacionamento e possibilidade de ampliação (BRASIL,
2006). O ambiente escolar deve proporcionar conforto, segurança, proteção acerca das
oportunidades das crianças explorarem o espaço (MONTESSORI, 1965).
Na conquista de novas habilidades, ao mesmo tempo em que a criança se desenvolve
ela é avaliada pelas suas expressões e atitudes liberadas. Todos os elementos do espaço que
constituem o ambiente escolar, como cadeiras apropriadas, banheiros, e outros utensílios
padronizados para as crianças são fundamentais para o desenvolvimento do ensino e
aprendizagem nas escolas da Educação Infantil.
O espaço físico da Escola Coração Imaculada de Maria: analisando os dados
Nesta seção, apresentamos e analisamos os dados coletados de acordo com os
seguintes eixos: Salas de aula, Banheiro, Refeitório, Área de recreação e Brinquedoteca. A
opção por esses espaços justifica-se por serem os mais acessados pelas crianças. A escola
possui três salas de aula, dividas nas respectivas etapas: Infantil III, Infantil IV e Infantil V.
Estas áreas são destinadas a execução das atividades pedagógicas, conteúdo trabalhado na
Educação Infantil.
Sala de aula do Infantil III
Na escola há uma única sala para a Educação Infantil III, utilizada pelas turmas manhã
e tarde. As medidas dessa sala são: 4 metros e 60 centímetros de comprimento por 2 metros e
20 centímetros de largura totalizando 10,12 m². O piso é de madeira, suas paredes são
pintadas de cor azul. Do meio da parede para baixo uma espécie de alto relevo feito com
argamassa, areia e cimento, tornando a parede áspera, chamada de chapisco. Possui uma única
janela e uma porta estreita. Outro aspecto relevante que interfere no espaço físico para o
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desenvolvimento da criança na Educação Infantil é forma de organização deste espaço, as
cadeiras, por exemplo, ficam amontoadas no canto da sala.
Foto 1 - Sala do infantil III (out/2011) Foto 2 - Sala do infantil III (out/2011)
Fonte: As autoras. Fonte: As autoras.
Levando em consideração nossos estudos, o piso se encontra fora dos requisitos
estabelecidos pelos Parâmetros de Infraestrutura de Educação Infantil (BRASIL, 2006), pois
este documento define que o piso deve ser de fácil conservação, manutenção e limpeza,
confortável termicamente, de acordo com as condições climáticas regionais, sendo mais
adequado o de cerâmica levando em consideração as questões ambientais. Percebemos o
espaço mais frequentado pelas crianças não está devidamente adequado, o piso de madeira,
deveria ser de cerâmica para facilitar a limpeza, manutenção e conservação, porque a
cerâmica interfere na climatização da sala, fazendo diminuir o calor, deixando-o frio, pois
sabemos que nossa região tem um clima quente (BRASIL, 2006).
Ainda de acordo com o mesmo documento, as paredes devem ter cores claras
favorecendo a limpeza e manutenção, mas parte da parede, do meio para baixo onde as
crianças têm mais contato predomina o chapisco. Percebemos que as paredes se tornam
perigosas dando possibilidades das crianças se machucarem.
Acerca da janela, o documento citado, estabelece uma abertura adequada
proporcionando ventilação, iluminação natural, com peitoril de acordo com a altura das
crianças, garantindo a segurança. Assim a escola atende parcialmente as determinações
estabelecidas. A porta da sala de aula é visivelmente estreita e não dá acesso para o ambiente
externo da escola e sim para a secretaria. A sala de aula ocupa uma área pequena, o que
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interfere na organização do espaço escolar e pode dificultar o desenvolvimento da criança e
das atividades pedagógicas desenvolvidas em sala pelo professor (BRASIL, 2006).
O fato das cadeiras ficarem empilhadas pode ser considerado um fator de má
organização. De acordo com Zabalza (1998), a Educação Infantil pode ter vários espaços
para se trabalhar o processo de aprendizagem.
Sala aula do infantil IV
Esta sala de aula da Educação Infantil IV funciona no turno da manhã e da tarde.
Ocupa uma área de 5 metros e 50 centímetros por 2 metros e 20 centímetros de largura
totalizando 12,10 m². Em relação à área da sala, percebemos que a forma retangular é bastante
acentuada. O piso dessa sala de aula aparenta ser de tacos de madeira, liso de fácil limpeza.
As paredes são claras pintadas na cor branco e rosa. Na sala não há janelas, apenas cobogós
na parede próxima ao teto, como se pode perceber nesta primeira imagem. A porta é de quatro
partes e só uma fica aberta, sendo muito estreita. O fato da área ter formato retangular a torna
muito extensa. Na sala há um espelho pequeno. Ela está localizada próxima ao banheiro.
Foto 3 - Sala do infantil IV (out/2011) Foto 4 - Sala do infantil IV (out/2011)
Fonte: Acervo pessoal das pesquisadoras Fonte: Acervo pessoal das pesquisadoras
Fonte: As autoras. Fonte: As autoras.
Nessa sala, detectamos a ausência de janelas, fato que vai de encontro ao que é
estabelecido pelos documentos oficiais que as consideram fundamentais, pois proporcionam
ventilação e a iluminação natural, a porta não se encontra da forma adequada, a tinta utilizada
não é de fácil limpeza, a mesma deveria ser de material revestido (BRASIL, 2006).
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O espelho desta sala de aula é pequeno, considerado inadequado, pois não possibilita a
visualização de todo o corpo da criança, recomendado pelos documentos oficiais (BRASIL,
2006). Ademais, percebemos que as portas, a falta da janela, o tipo de tinta usada para a
pintura das paredes e a área da sala de aula, encontram-se fora dos padrões técnicos.
Sala de aula do infantil V
Nessa sala funciona a Educação Iinfantil V, funciona somente no turno da manhã,
diferente das outras duas anteriores. As medidas dessa sala são: 4 metrso e 50 centimentros
por 3 metros e 30 centimentros de largura totalizando 14,85 m². O piso é de madeira, as
paredes são pintadas de cores claras, azul e branco. Da metade da parede para baixo é
revestida com chapisco. Possui duas janelas de vidro com pequenas aberturas, porta estreita e
sua área em metros quadrado é pequena.
Foto 5 - Sala do infantil V(out/2011) Foto 6 - Sala do infantil V (out/2011)
Fonte: As autoras. Fonte: As autoras.
O fato de o piso ser de madeira impede a fácil limpeza, manutenção e conservação. As
paredes são de cores claras favorecendo a limpeza e manutenção. De acordo com os
parâmetros, as paredes devem ser revestidas com material que facilite a limpeza, manutenção
e conservação (BRASIL, 2006). As paredes também dificultam a limpeza por apresentar o
chapisco, além de não oferecer segurança.
As janelas são de vidro e com pequenas aberturas, impossibilitando a ventilação e
iluminação natural. A porta é estreita comprometendo a passagem do fluxo de crianças. Sendo
que a janela deve proporcionar luz natural, permitindo ventilação garantindo a visibilidade e
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com abertura mínima de 1/5 da área do piso. Assim como as janelas, a porta sendo muito
estrita não se enquadra dentro dos padrões de construção adequada (BRASIL, 2006).
Banheiro
A escola possui um único banheiro, o que pode ser considerado insuficiente para a
quantidade de crianças e funcionários, pois cada sala de aula tem em média de 15 a 20
crianças. Conforme podemos perceber, o banheiro possui dois vasos sanitários, suporte para o
papel higiênico e sabonete, à altura dos vasos é inadequada, o piso é em cerâmica, os
azulejos seguem até as proximidades do forro e uma parede que serve como divisória para o
chuveiro. As bancadas dos lavatórios são um pouco elevadas, bem como o suporte para a
toalha, o que podemos considerar incompatível para a altura das crianças. O banheiro mede 2
metros e 90 centimetros por 1 metro e 50 centimetros de largura. A porta dá acesso ao
refeitório.
Foto 7 - Banheiro (out/2011) Foto 8 - Banheiro (out/2011)
Fonte: As autoras. Fonte: As autoras.
De acordo com as leituras realizadas, podemos dizer que os banheiros devem ser
localizados próximos às salas de aula, não devendo ter comunicação direta nem com a
cozinha e nem com o refeitório. O banheiro deve ser de uso exclusivo das crianças, deve ser
localizado próximo às áreas administrativas, de serviço, às salas de aula, às áreas recreativas
(BRASIL, 2006). Pelas imagens, percebemos que os vasos sanitários não são adequados para
a idade e nem para a altura das crianças. A bancada lavatória se encontra na altura exata
correspondendo a 0,60 centímetros, mas a criança de três a quatro anos de idade ainda
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encontra dificuldades para lavar as mãos sem a ajuda de um adulto. Os cantos do banheiro
deveriam ser abuliados, evitando que elas se machuquem e facilitando a limpeza. O chuveiro
é outro aspecto negativo, pois de acordo com os documentos oficiais, este deve ser móvel,
para que se possa ajustar a altura de cada criança. O piso não é impermeável e nem
antiderrapante, ambos facilitaria a conservação, manutençaõ e limpeza. Possui caimentos
adequados de maneira que impeçam empoçamentos. Diante do exposto, podemos concluir
que este banheiro não está devidamente estruturado como indicam os parâmetros básicos de
infraestrutura para instituições de Educação Infantil (BRASIL,2008).
Refeitório
Esta é a área destinada para a alimentação das crianças e tem um papel fundamental
para a socialização e autonomia. É localizado no andar térreo da escola, as mesas e cadeiras
são organizadas em ilhas, as paredes são pintadas em duas cores: azul e verde. Apresenta
superficie lisa, da altura do piso até a metade da parede possui chapisco. O teto é pintado com
a mesma cores das paredes, branca. O piso é de cerâmica, as portas são amplas e as janelas de
vidro com aberturas reguláveis, no refeitorio há um bebedouro.
Foto 9 - Refeitório (out/2011) Foto 10 - Refeitório (out/2011)
Fonte: As autoras. Fonte: As autoras.
No refeitório algumas cadeiras ficam empilhadas devido à falta de espaço, as mesas e
algumas outras cadeiras são organizadas em ilhas, relacionando com os nossos estudos a
localização e a forma da organização estão adequadas como preveem os parâmetros
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(BRASIL, 2006). Mas o espaço pode ser considerado insuficiente para a circulação do
serviço da cozinha, realizado pelas funcionárias, que necessitam circular pelo local.
O fato das paredes serem pintadas de cores claras colabora para que qualquer mancha
venha a atingí-la, pode danificar a parede que não é revestida com materiais de fácil limpeza.
Percebe-se neste local, principalmente, com altura 1,60 metros a partir piso, deveria ser
utilizada revestimento impermável. O piso é de cerâmica, de fácil limpeza sendo que não tem
caimento que impeça empoçamento quando for necessário lavar (BRASIL, 2006).
Os parâmetros recomendam que as janelas sejam protegidas com telas contra insetos.
Após a análise, detectamos que ela não possui essa proteção. Como no refeitorio há apenas
uma janela, a iluminação não é distribuida uniformemente o que possibilitaria uma maior
ventilação, mas isto não acontece. Como quase todos os outros espaços da escola, esta area
torna-se quente. Por um lado, concluimos que o refeitório não se encontra devidamente
adequado para o acolhimento das crianças menores de seis anos. Embora a organização das
mesas esteja de acordo com os documentos oficiais, as mesas ficam bem próximas umas das
outras, o que dificulta a transição das crianças e dos funcionários da escola, especialmente da
cozinha.
Área de recreação
Esta é a área onde as crianças da Escola Imaculada Coração de Maria brincam e se
divertem. Podemos perceber que sua área é irregular e sua superfície não é plana, pois
possuem altos e baixos. De acordo com os nossos estudos, percebemos alguns pontos
relevantes em relação à boa qualidade podem interferir no desenvolvimento das atividades
realizadas pelo professor, e consequentemente, no desenvolvimento da criança menor de seis
anos de idade.
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Foto 11 - Área de recreação (out/2011) Foto 12 - Área de recreação (out/2011)
Fonte: As autoras. Fonte: As autoras.
De acordo com os parâmetros (BRASIL, 1996), a área recretiva é fundamental para
que as crianças possam interagir umas com as outras. Deve proporcionar desenvolvimento de
jogos, brincadeiras e atividades coletivas, proporcionando uma leitura de mundo, através das
atividades e do espaço oferecido, com isso as crianças acabam conhecendo suas capacidades e
movimentos, se moldando e aperfeiçoando. O espaço é bastante vago sem nenhum aparelho
fixo de recreação e com ausência de brinquedos. O piso é irregular deixando a desejar em
termos de segurança. Também detectamos que neste espaço não há arborização, aspecto que
interfere de forma positiva na estimulação da curiosidade e da criatividade da criança.
Brinquedoteca
A brinquedoteca é o espaço onde as crianças brincam, dançam, jogam e participam de
contos de leitura, enfim é o espaço, que se realizam grande parte das atividades lúdicas. É
destinada a todas as turmas da instituição. Ocupa uma área de 3 metros de comprimento por 3
metros de largura, totalizando 9m². O piso é de cerâmica com aparência de tacos de madeira,
as paredes são pintadas com cores claras e alegres com tintas a base d’água. A superfície é
lisa da altura do piso até a metade da parede uma camada de chapisco. Em relação às janelas
percebemos que não são utilizadas, devido à falta de área externa, há apenas um basculante.
Com o auxilio de mesas, os brinquedos, livros, jogos e algumas fantasias infantis são
organizados.
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Foto 13 - Área de recreação (out/2011) Foto 14 - Área de recreação (out/2011)
Fonte: As autoras. Fonte: As autoras.
Como o piso é cerâmica, a limpeza, a manutenção e a conservação são facéis.
Emboras as paredes sejam pintadas com cores claras; branca, laranja e amarelo, elas não são
revestidas com material de fácil limpeza, pois qualquer tentativa de limpeza poderá danificá-
la, interferindo na conservação (BRASIL,2006). A iluminação e ventilação são
comprometidas devido a falta de área externa, pois neste caso a janela é inutilizada,
inviabilizando iluminação e ventilação natural (BRASIL, 2006), havendo apenas um pequeno
basculante sem nenhum efeito. Podemos concluir que a brinquedoteca não está adequada, o
que implicará no desenvolvimento físico-motor e cognitivo.
Considerações Finais
Optamos por tecer nossas considerações primeiramente em relação aos objetivos
específicos. O primeiro objetivo verificou as condições físicas em termos de construção do
espaço para o acolhimento às crianças de seis anos na primeira etapa da educação. Já o
segundo, a contribuição e interferência do espaço físico no desenvolvimento, para que venha
adquirir autonomia, desenvolvimento físico-motor, cognitivo e intelectual ao longo da vida,
pois o mesmo interfere nas atividades pedagógicas aplicadas pelo professor para estimular o
pleno desenvolvimento.
Percebemos que as áreas das salas e a brinquedoteca estão com as medidas de
comprimento e largura inadequadas para o número de crianças existentes disponibilizando
pouco espaço livre para a circulação, em metros quadrados (m²). O banheiro não está
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adequado devido os aparelhos sanitários serem para adultos, não sendo de uso exclusivo, o
chuveiro possui uma altura muito distante da altura da criança e o piso não é antiderrapante. O
refeitório é localizado próximo à cozinha, as mesas e cadeiras são organizadas em ilhas, mas
algumas cadeiras são empilhadas devido à falta de espaço, nas pinturas das paredes não são
utilizados materiais de conservação, fácil limpeza e manutenção. A área de recreação não é
ampla, pois possui declive, ou seja, o terreno da área deste espaço não é plano, não possui
arborização e nem aparelhos fixos de recreação.
Concluímos que o espaço físico da Escola Imaculada Coração de Maria não é
adequado ao funcionamento da Educação Infantil, logo sabemos que a infância deve ser bem
estimulada, pois, é base de um futuro adulto bem desenvolvido. Como podemos perceber,
com esses resultados, afirmamos que o objeto principal do trabalho foi alcançado, pois
conseguimos avaliar e analisar todo o espaço físico da escola sem nenhum empecilho.
REFERÊNCIAS
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______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros básicos de
infra-estrutura para instituições de educação infantil: encarte 1. Brasília, DF: MEC, 2006.
______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros básicos de
infra-estrutura para instituições de educação infantil. Brasília, DF: MEC, 2008.
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Ministério da Educação. Subsídios para a elaboração de diretrizes e normas para a
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FRAGO, A. V.; ESCOLANO, A. Currículo, espaço e subjetividade: a arquitetura como
programa. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A,1995.
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MONTESSORI, M. O ambiente. In: ______. Pedagogia científica. São Paulo: Flamboyant, 1965. p. 42-53.
ZABALZA, M. A. Qualidade em educação infantil. Tradução de Beatriz Affonso Neves.
Porto Alegre: Artmed, 1998.