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Wamberto Lima Magalhães O EXERCÍCIO DA INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA PELA SEGUNDA SEÇÃO DO ESTADO-MAIOR DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS: uma análise conjuntural. Belo Horizonte Academia de Polícia Militar/ Fundação João Pinheiro 2011

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Wamberto Lima Magalhães

O EXERCÍCIO DA INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA PELA SEGUNDA SEÇÃO DO

ESTADO-MAIOR DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS:

uma análise conjuntural.

Belo Horizonte

Academia de Polícia Militar/ Fundação João Pinheiro

2011

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Wamberto Lima Magalhães

O EXERCÍCIO DA INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA PELA SEGUNDA SEÇÃO DO

ESTADO-MAIOR DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS:

uma análise conjuntural.

Monografia apresentada à Academia de Polícia Militar e à Fundação João Pinheiro como requisito parcial para aprovação no Curso de Especialização em Segurança Pública/CESP 2011 e a obtenção de título de Especialista em Segurança Pública, sob orientação do Major PM Sérgio Luiz Rodrigues.

Belo Horizonte

Academia de Polícia Militar/ Fundação João Pinheiro

2011

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À minha amada esposa Regina e minhas filhas, Lívia e Júlia, pelo

amor incondicional, paciência e apoio, em especial, nos momentos

que foram necessários a minha ausência.

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AGRADECIMENTOS

À Deus pai, o criador, por ter-me concedido o dom da vida.

À Jesus Cristo, por ser o caminho, a verdade e a luz que guia a minha vida.

Ao Espírito Santo, por me iluminar em todos os momentos.

À minha eterna amada, minha esposa Regina, pelo afeto, carinho e

companheirismo em nossa jornada, e pelo apoio nas horas difíceis.

Às minhas filhas, Lívia e Júlia, pela alegria diária e motivação permanentes

para que eu pudesse “combater o bom combate”.

Ao meu amigo, Major Sérgio Luiz Rodrigues, que pacientemente me orientou

na elaboração desta monografia.

Aos oficiais e praças do Centro de Pós-Graduação e Pesquisa da Academia de

Polícia Militar (CPP/APM).

À todos os educadores que lecionaram na Escola de Governo da Fundação João

Pinheiro, pelas trocas de experiências profissionais e pessoais.

Aos colegas do Curso de Especialização em Segurança Pública/CESP-2011,

em especial da turma “A”, pelo fraterno acolhimento durante o período acadêmico.

Aos companheiros de labuta diária na Segunda Seção do Estado-Maior da

Polícia Militar de Minas Gerais (EMPM2) pelo excelente trabalho em equipe realizado.

À todas as pessoas que contribuíram de alguma forma, direta ou indiretamente,

para a realização desta pesquisa.

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Jesus levantou-se e disse-lhes: “Aquele que nunca pecou atire-lhe a

primeira pedra”.

Jo 8,1

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RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi apresentar uma análise conjuntural sobre a

Inteligência Estratégica exercida pela Segunda-Seção do Estado-Maior da Polícia Militar de

Minas Gerais de forma que o trabalho possa contribuir para o entendimento conceitual das

atividades exercidas pela Agência de Inteligência Estratégica (AIE) em consonância com as

definições contemporâneas sobre o exercício dessa atividade e seus produtos em apoio à

tomada de decisão por parte do Comando-Geral da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG).

A análise foi realizada através de pesquisa bibliográfica, o que propiciou rever

as definições de Inteligência estratégica, a origem e evolução da atividade de Inteligência, a

inserção no contexto legal da Inteligência de segurança Pública, bem a como visualização do

ciclo de produção de Inteligência e seus produtos, para então compreender o papel de

assessoria estratégica no processo decisório do gestor máximo da PMMG.

Concluiu-se nos trabalhos desenvolvidos que a atividade exercida pela Segunda

seção do Estado-Maior da PMMG é atividade de Inteligência Estratégica, pois está aliada ao

ordenamento jurídico correlato ao assunto, sendo também corroborada pelos conceitos dos

autores contemporâneos.

Palavras-chaves: Informação. Inteligência. Estratégia. Assessoria. Decisão.

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ABSTRACT

The objective of this research was to present a situational analysis carried out

on the Second Strategic Intelligence Section, General Staff of the Military Police of Minas

Gerais so that work can contribute to the conceptual understanding of the activities performed

by the Strategic Intelligence Agency (IEA) consistent with contemporary definitions of the

exercise of this activity and its products to support decision making by the General Command

of the Military Police of Minas Gerais (PMMG).

The analysis was conducted through literature search, which led to revise the

definitions of strategic intelligence, the origin and evolution of intelligence activity, the

inclusion in the legal context of the Security Intelligence Service, as well as a preview of the

production cycle and Intelligence their products, and then understand the role of strategic

advice in decision making maximum PMMG manager.

It was concluded that developed in the work activity performed by the Second

Section of the General Staff of the activity is PMMG Strategic Intelligence, as it is coupled

with the legal counterpart to the subject, and is also supported by the concepts of

contemporary authors.

Keywords: Information. Intelligence. Strategy. Advice. Decision.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 11

2 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA ......................................................................... 13

2.1 Definições de inteligência ............................................................................................ 13

2.2 Registros sobre a origem da atividade de Inteligência ................................................. 15

2.3 Breve histórico da atividade de Inteligência no Brasil através das legislações

correlatas .............................................................................................................................. 22

2.4 A Inteligência de Segurança Pública (ISP) ................................................................... 27

3 BASES TEÓRICAS DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA ESTRA TÉGICA E

SISTEMAS LEGAIS DE INTELIGÊNCIA ................................................................... 31

3.1 Determinantes teóricos da Inteligência Estratégica ....................................................... 31

3.2 O Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) ............................................................. 35

3.3 O Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP) ......................................... 38

3.4 O Sistema Estadual de Inteligência de Segurança Pública em Minas Gerais

(SEISP/MG) ........................................................................................................................ 42

3.5 O Sistema de Inteligência da Polícia Militar (SIPOM) ................................................. 44

4 CONFRONTO DE IDÉIAS SOBRE O EXERCÍCIO DA INTELIGÊ NCIA

ESTRATÉGICA ............................................................................................................... 47

4.1 A atividade de Inteligência Estratégica aplicada como Inteligência Competitiva ........ 47

4.2 A atividade de Inteligência Estratégica aplicada à assessoria governamental .............. 49

4.3 A Inteligência Estratégica Organizacional exercida pela EMPM2 ............................... 52

4.4 A importância e vantagens do exercício da Inteligência Estratégica ............................ 54

4.5 O Ciclo da Produção do Conhecimento (CPC) ............................................................. 57

4.6 Os produtos da Inteligência Estratégica da EMPM2 ..................................................... 61

4.7 O fluxo Informacional da atividade de Inteligência Estratégica na EMPM2 ................ 65

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 70

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SUGESTÕES ..................................................................................................................... 71

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 73

ANEXO ÚNICO ............................................................................................................... 85

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11

1 INTRODUÇÃO

O exercício da atividade de Inteligência Estratégica pela Segunda Seção do

Estado-Maior da Polícia Militar de Minas Gerais (EMPM2) foi reeditado pela publicação da

Resolução nº 4.093, expedida pelo Comandante Geral da Polícia Militar de Minas Gerais, em

16 de julho de 2010, que alterou as competências da Segunda Seção do Estado-Maior, que até

então era a responsável pelo exercício da Inteligência Tática/Operacional além da Inteligência

Estratégica.

Essa readaptação de responsabilidades e competências se originou devido à

publicação da Resolução nº 4.062 de 13 de janeiro de 2010, que criou Diretoria de

Inteligência (DInt), havendo uma redistribuição de tarefas entre a EMPM2 e a Diretoria de

Inteligência (DInt).

A DInt assumiu a responsabilidade de execução da atividade de Inteligência

tática/operacional e de ser a Agência Central (AC) do Sistema de Inteligência da Polícia

Militar de Minas Gerais (SIPOM). A Segunda Seção do Estado-Maior da PMMG (EMPM2)

passou a ser a Agência de Inteligência Estratégica (AIE) do SIPOM e assessoria direta do

Comando-Geral da PMMG.

Esta pesquisa teve como tema o exercício da Inteligência Estratégica pela

Segunda Seção do Estado-Maior da Polícia Militar de Minas Gerais: uma análise conjuntural.

A pergunta que direcionou esta pesquisa foi: A Segunda Seção do Estado-

Maior da Polícia Militar de Minas Gerais exercita as funções inerentes à atividade de

Inteligência Estratégica na PMMG?

A hipótese básica do estudo foi no sentido de que as atividades executadas

pelas funções da EMPM2 são atividades inerentes da Inteligência Estratégica, em

conformidade com os conceitos dos autores contemporâneos e com a normatização

institucional da PMMG, identificando a AIE como o setor que exerce a função de assessoria

ao processo decisório, no nível estratégico, junto ao Comandante-Geral da PMMG e do

SIPOM.

Então, com a denominação da EMPM2 em Agência de Inteligência Estratégica

(AIE), um novo foco foi dado ao trabalho da Segunda Seção do Estado-Maior perante o

Comando-Geral da PMMG, ou seja, o de produção de conhecimentos estratégicos para darem

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suporte ao processo decisório do Comandante-Geral da PMMG e do Sistema de Inteligência

da Polícia Militar (SIPOM), sendo necessário uma análise de forma conjuntural.

Para uma melhor compreensão sobre o exercício das atividades da EMPM2, foi

pesquisado sobre a origem e evolução da Atividade de Inteligência, perpassando pela

evolução histórico-legal dessa atividade no Brasil, contextualizando os sistemas legais

existentes no Brasil e em Minas Gerais e relacionando-o com a atividade de Inteligência de

Segurança Pública (ISP), em especial ao SIPOM.

Foi feita uma abordagem conceitual, a partir de autores contemporâneos,

comparando alguns trabalhos e pesquisas já realizadas, como também uma análise de

materiais publicados (livros, artigos científicos, páginas da web) referentes ao tema deste

trabalho.

Para uma melhor compreensão desta pesquisa, o estudo foi dividido em cinco

seções. A Seção 1 faz uma introdução dos trabalhos realizados. A seção 2 traz uma

conceituação básica sobre a atividade de inteligência, bem como demonstra alguns registros

históricos de suas origens e contextualiza um cenário evolutivo no Brasil e em Minas Gerais,

com o devido ordenamento jurídico. A seção 3 aborda os determinantes teóricos sobre a

Inteligência Estratégica, bem como relata os sistemas em âmbito nacional, estadual e local de

Inteligência. A seção 4 analisa o exercício da atividade de Inteligência Estratégica pela

EMPM2, bem como demonstra o Ciclo de Produção de Conhecimento, enfatizando quais são

os produtos de Inteligência Estratégica. A Seção 5 tece as considerações finais e traz algumas

sugestões.

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2 A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA

2.1 Definições de inteligência

O termo inteligência está ligado às capacidades cognitivas do ser humano e é

estudado por diversos campos, tais como a psicologia, a medicina, a filosofia e as ciências

militares.

Livros e estudos científicos reconhecem que a inteligência foi e continua sendo

importante para o desenvolvimento do homem e da sociedade. Swenson e Lemozy (2004, p.

572) definem Inteligência como a análise e a busca da informação necessária para ganhar uma

contenda envolvendo partes conflitantes.

A obtenção de informações e de conhecimentos é muito importante para o ser

humano, até mesmo para se manter perene perante aos demais animais junto ao meio

ambiente, pois trata-se de “[...] uma incansável busca de conhecimentos, os quais são

importantíssimos para seu crescimento, sobrevivência frente aos desafios, domínio de espaço

e intelectualização.” ( RODRIGUES, 2007, p.22).

Segundo Costa (1998, p. 3), a “inteligência ou informações1 constitui-se em

uma atividade tão antiga quanto o próprio homem”. Assim, é o elemento indispensável e de

fundamental importância e utilização para todos os campos da vida humana.

Por ser um termo empregado em diversas áreas, várias expressões são

formuladas a partir do vocábulo “inteligência” para qualificá-lo conforme seu uso, como

alguns exemplos: inteligência emocional, inteligência corporal, inteligência artificial,

inteligência musical, inteligência interpessoal, inteligência coletiva, inteligência social.

A definição de “inteligência” varia conforme a expressão qualificadora que está

associada ao termo, assumindo uma conotação específica de acordo com o campo de estudo

ou área de aplicação, inclusive o dicionário Aurélio on-line, define “inteligência” da seguinte

forma:

a) faculdade de aprender, apreender ou compreender; percepção, apreensão, intelecto, intelectualidade;

1 No Brasil, durante muito tempo, empregou-se o vocábulo “informações” no lugar de “inteligência”. Só em

1990, após a extinção do Serviço Nacional de Informações (SNI) e a criação da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), é que o País passou a adotar o termo Inteligência, seguindo uma tendência global

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b) qualidade ou capacidade de compreender e adaptar-se facilmente; capacidade, penetração, agudeza, perspicácia;

c) maneira de entender ou interpretar; interpretação; d) acordo, harmonia, entendimento recíproco; e) relações ou entendimentos secretos; conluio, maquinação, trama; f) destreza mental; habilidade; g) na psicologia: capacidade de resolver situações problemáticas novas mediante

reestruturação dos dados perceptivos; h) pessoa inteligente.

No latim, o vocábulo intelligentia significa a faculdade de entender e de

compreender uma situação com destreza, gerando uma habilidade para escolher os métodos e

obter um bom resultado nas situações vivenciadas.

Este termo também é utilizado nas Ciências Humanas sendo definido por

Giannico (2010) como:

[…] uma capacidade que desenvolvemos na medida que pensamos, raciocinamos, agimos, interpretamos e entendemos as pessoas, coisas e fatos do nosso dia a dia. [...] Com isso temos a capacidade de resolver situações novas com destreza e êxito, compreendendo a relação entre os fatos e a verdade, tomando decisões através do raciocínio.

A palavra “inteligência” também tem origem no vocábulo inglês intelligence,

conforme definição do dicionário Michaelis on-line, que é descrita a seguir:

a) inteligência; b) conhecimento, informações; c) obtenção e distribuição de informações (secretas); d) pessoal encarregado de informações secretas.

Partindo da origem conceitual inglesa do termo “inteligência”, pode-se defini-

la como uma atividade exercida por profissionais especializados com o objetivo de produzir

um conhecimento2 acionável de interesse da organização, o que não descarta a contribuição da

definição oriunda do latim.

Os profissionais que executam essas atividades são as pessoas que usam de

suas capacidades cognitivas. Platt (1974, p. 33) narrou que nessa atividade se envolvem ações

para produzir uma informação sobre determinado assunto, dando assim sentido ao fato.

De acordo com DeLadurantey 1995, p. 383 apud Dantas, Souza, (2004. p.1), a

expressão “inteligência” pode ser entendida da seguinte maneira:

2 Conhecimento é a representação de uma fato ou de uma situação, real ou hipotético, de interesse para a atividade de Inteligência de Segurança Pública, com exame e processamento pelo profissional de inteligência. (Resolução nº 01 de 15 de junho de 2009 – SENASP/BRASIL)

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É o conhecimento das condições passadas, presentes e projetadas para o futuro de uma comunidade, em relação aos seus problemas potenciais e atividades criminais. Assim como a Inteligência pode não ser nada mais que uma informação confiável que alerta para um perigo potencial, também pode ser o produto de um processo complexo envolvendo um julgamento bem informado, um estado de coisas, ou um fato singular. O "processo de Inteligência" descreve o tratamento dado a uma informação para que ela passe a ser útil para a atividade policial.

Para uma melhor delimitação da área do estudo, esta pesquisa focou-se na área

da Inteligência de Segurança Pública (ISP), a qual é definida pela Resolução Nº 01 de 15 de

julho de 2009 da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), do Ministério da

Justiça/Brasil, como sendo:

Inteligência de Segurança Pública (ISP) é a atividade permanente e sistemática via ações especializadas que visa identificar, acompanhar e avaliar ameaças reais ou potenciais sobre a segurança pública e produzir conhecimentos e informações que subsidiem planejamento e execução de políticas de Segurança Pública.

Após descrever algumas conceituações de “inteligência”, este autor entende

que “inteligência” é um processo de identificação das necessidades, através da coleta dos

dados de interesse, mediante o uso de metodologia peculiar, com a devida análise cognitiva,

para o assessoramento do planejamento e da tomada de decisão.

2.2 Registros sobre a origem da Atividade de Inteligência

A Atividade de Inteligência é usada para auxiliar as necessidades de

sobrevivência dos seres humanos remontando aos seus primórdios, desde quando o homem

primitivo passou a viver em grupos e a disputar recursos e territórios com outros rivais.

A necessidade de sobrevivência desses grupos os levaram aos seguintes

questionamentos acerca de seus rivais:

a) se a área por eles dominada era farta em alimentos;

b) se eram seguras suas cavernas, se eram muitos ou poucos;

c) se eram fortes ou fracos;

d) se eram hábeis no emprego de armas;

d) se era possível vencê-los.

Esta pesquisa não identificou a data do nascedouro da atividade de inteligência,

no entanto, apontou alguns registros históricos que denotam a sua utilização pela humanidade

há milhares de anos.

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Em meados do século XIX, após a descoberta da biblioteca do imperador

assírio Assurbanípal (668-627 a.C.) na antiga cidade de Nínive, o mundo redescobriu as

antigas civilizações da Mesopotâmia (região entre os rios Tigre e Eufrates, onde atualmente se

limita o Iraque) grafadas em tábuas de argila contendo escritos em sinais3.

Essas civilizações antigas começaram a ser estudadas com as poucas

informações que haviam sido registradas nos livros da Bíblia, uma vez que elas estavam

diretamente relacionadas com a história do povo hebreu. (CORREA, 2003, p. 2).

O trabalho de decifração dos sinais, grafados nas tábuas de argila foi realizado

por vários pesquisadores, mas coube ao arqueólogo britânico George Smith4 a primeira

tradução contendo um trecho da Epopéia do rei Gilgamesh.

As narrativas contidas na epopéia foram encontradas em várias versões escritas

por vários povos e línguas diferentes, sendo que as primeiras versões datam do período

Babilônico Antigo (2000-1600 a.C.), podendo ter surgido muito antes, pois o herói desta

epopéia foi o lendário Rei sumério Gilgamesh, quinto rei da primeira dinastia pós-diluviana

de Uruk, que teria vivido no período protodinástico II5 (2750-2600 a.C.), conforme descrito

no livro traduzido por OLIVEIRA (1992):

Proclamarei ao mundo os feitos de Gilgamesh. Eis o homem para quem todas as coisas eram conhecidas; eis o rei que percorreu as nações do mundo. Ele era sábio, ele viu coisas misteriosas e conheceu segredos. Ele nos trouxe uma história dos dias que antecederam o dilúvio. Partiu numa longa jornada, cansou-se, exauriu-se em trabalhos e, ao retornar, descansou e gravou na pedra toda a sua história.

(grifos nossos)

Smith apud Oliveira (1992) considerou essas tábuas a obra literária mais antiga

da humanidade, pois as descobertas feitas pelas escavações remontam os três milênios que

antecedem a Jesus Cristo, e registraram a ascensão e queda de grandes civilizações como os

sumérios, acádios, assírios e babilônicos, que viviam na região delimitada pelos rios Tigre e

Eufrates, no oriente médio.

3 Os sinais das tábuas de argila, encontrados com a descoberta na antiga cidade de Nínive, foram denominados Cuneiformes por George Smith em 1872. 4 A primeira tradução moderna foi realizada pelo estudioso inglês George Smith e publicada em 1860, sendo posteriormente traduzida para o português por Sandars em 1992. 5 O período protodinástico II refere-se ao período final do período pré-dinástico. É também conhecido período pré-dinástico tardio, sendo caracterizado por um contínuo processo de unificação política, culminando com a formação de um estado egípcio único, iniciando o período dinástico. Durante este período que a língua egípcia é gravada em hieróglifos sendo criado os assentamentos no sul de Canaã.

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Dos textos decifrados, pode-se extrair muito da filosofia e da mitologia

mesopotâmicas, e observar que no Oriente antigo já se conhecia a reflexão sobre o homem,

seu presente e seu futuro.

Nesse mesmo sentido Grelot (1980, p. 13) afirmou que: [...] As questões fundamentais da existência, da felicidade e da infelicidade, da relação com as potências cósmicas e com o domínio misterioso dos deuses, do sentido da vida e das incertezas do destino, já tinham neles um lugar de grande importância.

(grifos nossos)

Na passagem traduzida das tábuas de argila, o aventureiro Rei sumérico

Gilgamesh se vale da observação, memorização e descrição de histórias de outras nações do

mundo para registro e disseminação para outras pessoas.

Em outra passagem, verifica-se a presença de algumas recomendações que

confirmam a utilização ações de Inteligência6 pelo rei Gilgamesh durante a guerra:

Em Uruk ele construiu muralhas, grandes baluartes, e o abençoado templo de Eanna, consagrado a Anu, o deus do firmamento, e a Ishtar, a deusa do amor. Aproximai-vos de Eanna, a morada de Ishtar, nossa senhora do amor e da guerra: é inigualável, não há homem ou rei que possa construir algo que se equipare. Subi as muralhas de Uruk; digo, caminhai por cima delas; observai atentamente o terraço da fundação, examinai se o trabalho de alvenaria: não é feito com tijolos cozidos. (GRELOT, 1980, P. 13).

(grifos nossos)

Outro registro histórico sobre o uso de ações de Inteligência, segundo

historiadores antigos, como o chinês Sima Qian7, é o livro: I Ching. Considerado por esse

historiador como o livro mais antigo do mundo, com pelo menos 3 mil anos de existência.

Qian afirmou que o livro I Ching teve 4 autores que o escreveram e o

complementaram em datas diversas, entre eles Fu Hsi8, e descreve que esse livro se baseou na

idéia de mutação contínua, regida pela soma das forças cósmicas do yin (a sombra) e do yang

(a luz).

6 As ações de Inteligência são todas as ações realizadas para obtenção dos dados necessários e suficientes para a produção do conhecimento, valendo-se, inclusive, de técnicas operacionais, onde são empregadas habilidades técnicas especializadas que viabilizam a execução das ações, maximizando potencialidades, possibilidades e operacionalidades. Definição preconizada na Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública publicada em 2007 (DNISP 2007). 7 Sima Qian ( 145 a. C – 87 a. C) foi Prefeito dos escribas Grand da Dinastia Han, na China e foi o precursor da historiografia chinesa, além de ser o gerente da biblioteca Imperial da China. O menor planeta, descoberto até então, o 12620 Simiaquian é nomeado em sua honra. 8 Fu Hsi (2800 a.C - 2737 aC) foi o primeiro Imperador da China e a ele é creditado a primeira autoria do livro I Ching.

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O livro caminhou junto com a história da China e serviu como referência para

as religiões orientais, sendo também a principal fonte de inspiração para o pensador chinês

Confúcio9, além de ter servido como elemento unificador do país durante o século III a.C.

Qian finaliza dizendo que esse livro deixou herança até na matemática

ocidental, através de seus códigos: zero, um, zero, zero, um, um, ou seja, o atual código

binário.

Esse sistema de código binário é usado por todo computador e existe para

transmitir trilhões de dados dia a dia, guardar toda uma vida numa caixa postal de e-mail e

deixar íntimas pessoas que moram a milhares de quilômetros de distância.

O matemático alemão Leibniz (1691, p. 13) 10 cunhou esse código no século

18, mas segundo o próprio Leibniz, a sua origem é muito mais antiga e está presente no livro

chinês o I Ching, o Livro das Mutações.

Leibniz narra a presença e o uso de ações de Inteligência para realizar as

previsões sobre os cenários futuros, embasadas em um método matemático, já como fonte de

entendimento dos fatos anteriores para a tomada de decisão presente, bem como projeção dos

prováveis cenários futuros, confirmando assim o emprego de meios e métodos similares os da

atividade de inteligência.

Wilhelm (1996, p. 8)11, no prefácio de sua obra publicada na Europa e depois

traduzida para o português diz que: “quando atribuem a Fu Hsi a origem dos hexagramas, os

chineses querem dizer, simplesmente, que os símbolos são mais antigos que toda a memória

histórica". Ele ainda acrescenta que:

Apesar da dificuldade de entender esses provérbios, chineses de todas as classes - desde os plebeus que aravam os campos até os reis e generais que comandavam exércitos - consultavam o livro na hora do aperto. A consulta seguia um ritual complicado: 50 caules de uma planta chamada milefólio eram várias vezes chacoalhados e lançados sobre uma mesa. A posição das varetas dava origem a uma seqüência numérica que por sua vez indicava um dos 64 hexagramas. E os sábios chineses interpretavam cada um como conselho divino, uma chave para entender os acontecimentos presentes e a melhor maneira de agir no futuro.

(grifos nossos) 9 Confúncio ( 551 a.C – 479 a.C) foi mestre, filósofo e teórico político. Sua doutrina, o confucionismo, teve forte influência não apenas na China, mas também sobre toda a Ásia oriental. 10 Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) foi matemático alemão. Ele criou o termo "função" em 1694, além de ser co-autor com Isaac Newton do desenvolvimento do cálculo moderno, em particular, o desenvolvimento da Integral e da Regra do Produto. Atuava também nos campos da lei, religião, política, história, literatura, lógica, metafísica e filosofia. 11 Richard Wilhelm (1873 -1930) foi sinólogo alemão, bem como teólogo e missionário além de publicar diversas traduções de textos chineses para o alemão.

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Segundo Gonçalves (2008, p. 133-134), já havia relato sobre a Atividade de

Inteligência no Egito dos faraós, sendo que um dos primeiros registros de relatórios de

inteligência é datado há mais ou menos 3.000 anos antes de Cristo. Esse relatório sobre a

Atividade Inteligência no Egito antigo era um documento produzido por uma patrulha do

exército da fronteira do sul, região limite entre o Egito e o Sudão, e relatava ao Faraó a

seguinte situação: “encontramos o rastro de 32 homens e 3 jumentos”.

Outro registro histórico é a obra do general chinês Sun Tzu12: A Arte da

Guerra, que versa sobre o uso de técnicas e estratégias antes mesmo de se iniciar o combate:

O que possibilita ao soberano inteligente e seu comandante conquistar o inimigo e realizar façanhas fora do comum é a previsão, conhecimento que só pode ser adquirido através de homens que estejam a par de toda movimentação do inimigo. Por isso, deve-se manter espiões por toda a parte e se informar de tudo. Há cinco tipos de espiões que podem ser utilizados: espião nativo, espião interno, espião convertido, espião descartável e espião indispensável. Quando você emprega os cinco tipos de espiões simultaneamente, o inimigo não consegue desvendar os métodos de operação. É extremamente complicada e se torna uma arma mágica para o soberano derrotar seu inimigo.

(grifos nossos)

O General Sun Tzu já se valia de técnicas da atividade de Inteligência como os

espiões, para ensinar os generais a conhecerem os inimigos através da inteligência e

argumentos racionais.

Sun Tzu expunha a importância da obediência, disciplina, planejamento e

motivação das tropas para atingir uma meta, sendo necessário agir em conjunto, conhecer o

ambiente de ação, o obstáculo a ser vencido e, é claro, conhecer seus próprios pontos fortes e

pontos fracos: “quando capaz, finja ser incapaz; quando pronto, finja desespero; quando perto,

finja estar longe; quando longe, façam acreditar que está próximo” .

A sabedoria demonstrada na obra de Sun Tzu (2002, p 12) era se obter do

adversário tudo o que desejar, transformando seus atos em benefícios:

Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas [...]

O Antigo Testamento da Bíblia, no livro dos Números capítulo 13, descreve a

passagem em que Moisés teria enviado “espias” ou espiões à Terra de Canaã. Moisés foi

12 Sun Tzu (544-496 a.C) foi general chinês, além de estrategista e filósofo. Autor do livro: A arte da Guerra, que em 13 capítulos apresenta uma filosofia de guerra para o gerenciamento de conflitos e vencer batalhas.

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20

orientado por Deus a enviar 12 agentes para espionarem seus inimigos em Canaã, a terra

prometida dos judeus, a qual transcrevemos:

E falou o Senhor a Moisés, dizendo: Envia homens que espiem a terra de Canaã, que eu hei de dar aos filhos de Israel; de cada tribo de seus pais enviareis um homem, sendo cada um príncipe entre eles.Enviou-os, pois, Moisés a espiar a terra de Canaã; e disse-lhes: Subi por aqui para o lado do sul, e subi à montanha: E vede que terra é, e o povo que nela habita; se é forte ou fraco; se pouco ou muito. E como é a terra em que habita, se boa ou má; e quais são as cidades em que eles habitam; se em arraiais, ou em fortalezas. Também como é a terra, se fértil ou estéril; se nela há árvores, ou não; e esforçai-vos, e tomai do fruto da terra. [...] [...] E contaram-lhe, e disseram: Fomos à terra a que nos enviaste; e verdadeiramente emana leite e mel, e este é o seu fruto. O povo, porém, que habita nessa terra é poderoso, e as cidades fortificadas e mui grandes; e também ali vimos os filhos de Enaque. Os amalequitas habitam na terra do sul; e os heteus, e os jebuseus, e os amorreus habitam na montanha; e os cananeus habitam junto do mar, e pela margem do Jordão. [...] Porém, os homens que com ele subiram disseram: Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós. E infamaram a terra que tinham espiado, dizendo aos filhos de Israel: A terra, pela qual passamos a espiá-la, é terra que consome os seus moradores; e todo o povo que vimos nela são homens de grande estatura. Também vimos ali gigantes, filhos de Enaque, descendentes dos gigantes; e éramos aos nossos olhos como gafanhotos, e assim também éramos aos seus olhos. (BÍBLIA, 1952, p. 165)

(grifos nossos)

Há outro relato bíblico sobre o uso das técnicas da atividade de inteligência

registrado no livro de Josué 2: 1-7, que descreve o envio por Josué, sucessor de Moisés, de

dois espiões à cidade-fortaleza de Jericó, para coletarem informações para a campanha militar

israelita.

De acordo com a citada passagem bíblica do livro de Josué, mencionada no

parágrafo anterior, os espiões teriam contado com apoio e abrigo da prostituta Raabe,

conforme descrito:

[...] De Sitim Josué, filho de Num, enviou secretamente dois homens como espias, dizendo-lhes: Ide reconhecer a terra, particularmente a Jericó. Foram pois, e entraram na casa duma prostituta, que se chamava Raabe, e pousaram ali. Então deu-se notícia ao rei de Jericó, dizendo: Eis que esta noite vieram aqui uns homens dos filhos de Israel, para espiar a terra. Pelo que o rei de Jericó mandou dizer a Raabe: Faze sair os homens que vieram a ti e entraram na tua casa, porque vieram espiar toda a terra. Mas aquela mulher, tomando os dois homens, os escondeu, e disse: é verdade que os homens vieram a mim, porém eu não sabia donde eram; e aconteceu que, havendo-se de fechar a porta, sendo já escuro, aqueles homens saíram. Não sei para onde foram; ide após eles depressa, porque os alcançareis. Ela, porém, os tinha feito subir ao eirado, e os tinha escondido entre as canas do linho que pusera em ordem sobre o eirado. Assim foram esses homens após eles pelo caminho do Jordão, até os vaus; e, logo que saíram, fechou-se a porta. (BÍBLIA, 1952, p. 243)

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21

Durante o Império romano, também se valiam de ações de Inteligênicia, em

especial técnicas de espionagem, fazendo uso de informantes e agentes duplos que lhes

trouxessem informações sobre política externa ou até mesmo assuntos internos de suas casas.

O Imperador romano Adriano colocou em uso espiões, que eram denominados

frumentarii, no século III. Esse grupo era formado por populares que possuíam posições

estratégicas e proximidade com os habitantes locais, adquirindo assim, considerável

conhecimento sobre um determinado território.

Através desses relatos históricos, confirma-se que os homens vêm recorrendo

às ações de Inteligência, desde a antiguidade, para obterem informações privilegiadas, seja

sobre os inimigos, fatos, locais ou situações e na maioria das vezes, essas informações

privilegiadas só poderiam ser conseguidas através do emprego de pessoas que executassem

suas ações através de técnicas especiais e de forma sigilosa.

O uso da tividade de inteligência pelos homens desde os tempos mais remotos

é descrito por Hind (1967, p. 53), em seu livro A História da Espionagem:

As paredes têm ratos e os ratos têm ouvidos. Provérbio persa que com o passar dos séculos nebulosos de sangue derramado e traição, conspiradores ou inocentes, vítimas de perseguições na Rússia resumiam essa sábia advertência em: as paredes têm ouvidos.

Para Hind (1967, pág. 22), “todo um aparelhamento de serviço secreto, que

atua quase às claras, ergue-se como uma pirâmide invertida, sobre o único funcionário que

age secretamente”, ou seja, todos os esforços realizados pela atividade de inteligência são

executados para assessorar o tomador de decisão na área pública e por isso, com o passar do

tempo, os governantes instituíram serviços especializados na busca de informações sigilosas

de seus adversários ou concorrentes.

Destarte a atividade de Inteligência surgiu e se evoluiu como um instrumento

de assessoramento às estratégias militares, passando a ser utilizada, mais tarde, como

instrumento de Estado, sendo uma atividade especializada, permanentemente exercida, com o

objetivo de produzir informação de interesse de determinada organização, além da

salvaguarda dessa informação contra ações adversas de qualquer natureza.

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22

2.3 Breve histórico da atividade de Inteligência no Brasil através das legislações correlatas

A origem da atividade de inteligência no Brasil data-se oficialmente em 29 de

novembro de 1927, quando o Presidente da República, Washington Luís, através do Decreto

nº 17.999/27, criou o Conselho de Defesa Nacional (CDN), subordinando-o diretamente ao

Presidente, tendo como missão de coordenar as informações militares, econômicas e morais,

relativas à defesa da pátria e soberania da nação brasileira, tanto no nível interno quanto

externo.

Entretanto, o Decreto nº 23.873 de 15 de fevereiro de 1934, reorganizou o

referido Conselho, criando Seções de Defesa Nacional nos ministérios civis, para que esses

últimos também pudessem produzir informações relevantes para a soberania nacional.

A Constituição de 1934 já previa um órgão responsável pela coordenação das

informações relativas à defesa nacional, como preconizava o seu artigo 159: “[...] todas as

questões relativas à segurança nacional serão estudas e coordenadas pelo Conselho Superior

de Segurança Nacional [...]”; no entanto, a Constituição de 1937, em seu artigo 162,

renomeou o citado Conselho, denominando-o de Conselho de Segurança Nacional (CSN),

mas não alterou suas funções.

Em 6 de setembro de 1946, através do Decreto nº 9.775-A, o então Presidente

do Brasil, General Eurico Gaspar Dutra, criou o Serviço Federal de Informações e Contra-

Informações (SFICI). Esse órgão tinha várias atribuições, entre elas, os de atuar na censura da

imprensa e das correspondências, sob a justificativa de combater o “inimigo vermelho”, pois

nessa época vivia-se o período da “Guerra Fria”13.

Em 14 de dezembro de 1949, através do Decreto nº 27.583/49, aprovou-se o

Regulamento para Salvaguarda das Informações de Interesse da Segurança Nacional e em 15

de setembro de 1958, através do Decreto nº 44.489-A, o SFICI passou a ter a competência

para superintender e coordenar as atividades de inteligência que interessassem à Segurança

Nacional.

13 “Guerra Fria” é a designação atribuída ao período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos da América - EUA e a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviética - URSS, compreendendo o período entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945 - 1947) e a extinção da União Soviética (1991), caracterizando-se por um conflito de ordem política, tecnológica, econômica, social e ideológica entre dois blocos contrários, de vários países, liderados pelas duas nações: EUA e URSS. É chamada "fria" porque não houve uma guerra direta, ou seja bélica, entre as duas superpotências, dada a inviabilidade da vitória em uma batalha nuclear.

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23

A lei nº 4.341, de 13 de junho de 1964, criou o Serviço Nacional de

Informações (SNI) com as funções previstas em seu artigo 2º:

O Serviço Nacional de Informações tem por finalidade superintender e coordenar, em todo o território nacional, as atividades de informação e contra informação, em particular as que interessem à Segurança Nacional.

Além de criar o SNI, a referida lei também extinguiu o SFICI, pois o

incorporou como Agência Regional, com sede no Rio de Janeiro, e o ligou às Seções de

Segurança Nacional dos Ministérios Civis ao SNI.

O Decreto nº 60.417/6714, de 11 de março de 1967, aprovou o Regulamento

para a Salvaguarda de Assuntos Sigilosos (RSAS), contendo entre outros assuntos, a

conceituação de Documentos Sigilosos Reservados, suas classificações, bem como

recebimento, registro, manuseio e arquivo dos citados documentos.

Em 1970, foi criado o Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica

(CISA), através do Decreto nº 66.608 de 20 de maio de 1970, que extinguiu o Núcleo do

Serviço de Informações da Aeronáutica e criou o Centro de Informações de Segurança da

Aeronáutica, interligando assim, as chefias dos órgãos do Estado-Maior do exército, marinha

e aeronáutica (EMFA).

Essa interligação foi ratificada pelo novo enfoque dado a atividade com as

publicações, nesse mesmo ano, dos Planos Nacionais de Informações (PNI), bem como a

estruturação do Sistema Nacional de Informações (SISNI) que coordenava e planejava a

produção de conhecimento de inteligência no Brasil.

Com o objetivo de realizar cursos destinados à preparação e especialização do

pessoal que exercia suas funções no SISNI, foi criada a Escola Nacional de Informações

(ESNI) em 31 de março de 1971, pelo Decreto nº 68.488, diretamente subordinada ao

Ministro Chefe do SNI.

Em 10 de dezembro de 1976 foi publicado pelo Gabinete do Serviço Nacional

de Informações (GAB/SNI), através da Portaria nº 626 de 10 de dezembro de 1976, o primeiro

Manual de Informações da ESNI, e segundo o general Ênio Pinheiro15, esse manual

14 O Decreto nº 60.417/67 foi revogado pelo Decreto n° 2.134, de 24 de janeiro de 1997, e este, posteriormente, foi Revogado pelo Decreto nº 4.553, de 27.12.2002, que se encontra em vigor. 15 O general Ênio Pinheiro dos Santos fazia parte do grupo de oficiais das forças armadas, enviado ao exterior (Alemanha, França, Estados Unidos e Inglaterra) para estudar técnicas de interrogatório. Ele foi designado para estruturar a criação da Escola Nacional de Informações - ESNI e durante o governo Costa e Silva, organizou a Agência Central do Serviço Nacional de Informações AG/SNI, em Brasília.

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24

regulamentava a doutrina que já vinha sendo usada em caráter experimental desde 1973

(ÊNIO PINHEIRO, 1994. p.135).

No final da década de 70 e no início da década de 80, as dificuldades de

governabilidade do regime militar se agravaram pela crise econômica gerada em decorrência

da dívida externa, inflação e recessão.

Os partidos de oposição ao regime cresciam e o governo usava seu sistema de

Informações para realizar a repressão política através das prisões, interrogatórios e tortura de

líderes civis, estudantis e sindicais, levado a cabo pelos Destacamentos de Operações Internas

(DOI) e pelos Centros de Operações e Defesa Interna (CODI), subsidiadas com as

informações dos Departamentos de Ordem Política Social (DOPS), conforme narrado por Elio

Gaspari, em seu livro: A ditadura escancarada (GASPARI, 2002, p. 181).

Nos anos seguintes, já na década de 80, ocorreu um processo de

redemocratização no Brasil, ou seja, iniciou-se um processo de transição para saída dos

militares do governo brasileiro.

Em 15 de março de 1990, através da MP nº 150, o Presidente da República

Fernando Collor de Melo extinguiu o Serviço Nacional de Informações (SNI)16 e criou a

Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) rebaixando seu status perante ao governo e

repartindo, internamente, as suas antigas funções entre o Departamento de Inteligência, o

Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Recursos Humanos (CEFARH) e Centro de

Pesquisas e Desenvolvimento das Comunicações das Agências Regionais.

A Medida Provisória foi convertida na Lei nº 8.028/90, momento em que foi

criada a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) que substituía a extinta Secretaria de

Assessoramento da Defesa Nacional (SADEN) do Gabinete Militar, outrora Secretaria-Geral

do Conselho de Segurança Nacional e enquadrava o que restara do SNI: um Departamento de

Inteligência, um Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Recursos Humanos (antiga

Escola Nacional de Informações) e um Centro de Pesquisas e Desenvolvimento das

Comunicações.

Em 7 de dezembro de 1999, através da Lei nº 9.883/99, o Presidente da

República Fernando Henrique Cardoso, criou o Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) e

16 Como já se destacou anteriormente, só em 1990, após a extinção do Serviço Nacional de Informações (SNI) e a criação da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), é que o Brasil passou a adotar o termo Inteligência, e por esse fato, em vários livros e manuais, anteriores à essa data, se usava o vocábulo “informações”.

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25

operacionalizou o serviço de inteligência civil do Brasil, através da Agência Brasileira de

Inteligência (ABIN) que tinha sido criada em 1995.

A principal função da ABIN, quando da sua criação, era identificar as ameaças

reais e potenciais, bem como vislumbrar as oportunidades de interesse da sociedade e do

Estado brasileiro, e defender o estado democrático de direito e a soberania nacional,

permitindo assim a institucionalização da atividade de inteligência para assessoria ao governo

nas questões de interesse não só do país, mas de toda a sociedade brasileira.

Apesar do SISBIN ter sido criado em 1999, apenas em 2002 foi organizado e

colocado em funcionamento o mencionado Sistema, através do Decreto 4376/02, de 13 de

setembro de 2002.

O parágrafo 2º do artigo 1º, do referido decreto, assim o regulamentou:

O Sistema Brasileiro de Inteligência é responsável pelo processo de obtenção e análise de dados e informações e pela produção e difusão de conhecimentos necessários ao processo decisório do Poder Executivo, em especial no tocante à segurança da sociedade e do Estado, bem como pela salvaguarda de assuntos sigilosos de interesse nacional.

(grifos nossos)

Já em seu artigo 2º, o mencionado decreto demonstra o funcionamento do

SISBIN:

Para os efeitos deste Decreto, entende-se como inteligência a atividade de obtenção e análise de dados e informações e de produção e difusão de conhecimentos, dentro e fora do território nacional, relativos a fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório, a ação governamental, a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado.

Para operacionalização da atividade de inteligência, na área de Segurança

Pública, foi criado o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP), através do

Decreto nº 3.695/2000, de 21 de dezembro de 2000.

Conforme o artigo 1º, do decreto em lide, o Subsistema possui a finalidade de

coordenar e de integrar atividades de Inteligência de Segurança Pública (ISP) em todo o país,

além de suprir os governos, federal e estaduais, de informações visando assessorar o processo

de tomada de decisões, nessa área de atuação.

O Decreto nº 3.695/2000 também previa, em seu artigo 2º, que a Secretaria

Nacional de Segurança Pública (SENASP) seria o órgão central do Subsistema e previa a

participação dos órgãos de inteligências estaduais, em seu parágrafo 3º, nesse Subsistema,

bem como suas missões, conforme parágrafo 3º, do mesmo artigo:

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26

§ 2º Nos termos do § 2º do art. 2º da Lei no 9.883, de 1999, poderão integrar o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública os órgãos de Inteligência de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal. § 3º Cabe aos integrantes do Subsistema, no âmbito de suas competências, identificar, acompanhar e avaliar ameaças reais ou potenciais de segurança pública e produzir conhecimentos e informações que subsidiem ações para neutralizar, coibir e reprimir atos criminosos de qualquer natureza.

A Lei nº 11.754/2008, de 23 de julho de 2008, reestruturou a Secretaria de

Assuntos Estratégicos da Presidência da república (SAE) e extinguiu o Núcleo de Assuntos

Estratégicos, alterando a estrutura básica da Secretaria de Relações Institucionais, além de

também ter alterado a estrutura básica do Gabinete de Segurança Institucional, atribuindo as

seguintes funções legais, definidas no artigo 2º, da lei antes mencionada, transcrito na íntegra:

A Seção II do Capítulo I da Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 24-B: Art. 24-B. À Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República compete assessorar direta e imediatamente o Presidente da República no planejamento nacional e na elaboração de subsídios para formulação de políticas públicas de longo prazo voltadas ao desenvolvimento nacional. § 1o A Secretaria de Assuntos Estratégicos tem como estrutura básica o Gabinete, a Subchefia Executiva e até 2 (duas) Subsecretarias. § 2o As competências atribuídas no caput deste artigo à Secretaria de Assuntos Estratégicos compreendem: I - o planejamento nacional de longo prazo; II - a discussão das opções estratégicas do País, considerando a situação presente e as possibilidades do futuro; III - a articulação com o governo e a sociedade para formular a estratégia nacional de desenvolvimento de longo prazo; IV - a elaboração de subsídios para a preparação de ações de governo.

(grifos nossos)

Através desse ato, o governo quis demonstrar que seus órgãos de inteligência

desenvolveriam as atividades em prol da sociedade.

Dentre esses serviços, destacavam-se as pesquisas realizadas pelo Instituto de

Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que é uma fundação pública federal, vinculada a época

à Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), que forneciam suporte técnico e institucional às

ações governamentais para formulação de políticas públicas e programas de desenvolvimento

brasileiros.

Nesse mesmo caminho, a SENASP, para ratificar a utilização das técnicas de

inteligência no combate a criminalidade, no nível das unidades federativas, editou a

Resolução nº 1, de 15 de julho de 2009, que além de regulamentar o SISP, definiu a sua

composição e funcionamento, também demonstrou o escopo da atividade de Inteligência de

Segurança Pública (ISP), em seu primeiro artigo, logo no parágrafo 1º:

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27

O SISP tem como fundamentos a preservação e a defesa da sociedade e do Estado, das instituições, a responsabilidade social e ambiental, a dignidade da pessoa humana, a promoção dos direitos e garantias individuais e do Estado de Democrático de Direito.

A Portaria nº 22, de 22 de julho de 2009, aprovada pelo Conselho Especial do

Subsistema de Inteligência de Segurança Pública, foi normatizada pelo Secretário Nacional de

Segurança Pública que criou a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública

(DNISP) com o fim de padronizar o exercício da atividade de Inteligência de Segurança

Pública executado pelos diversos órgãos das 27 Unidades Federativas.

Destarte, o histórico da atividade de inteligência no Brasil demonstra que o seu

objetivo (que fora preconizado na época da sua criação) evoluiu muito, principalmente

quando da adoção de políticas públicas nas questões segurança do Estado e da sociedade,

sendo esses os valores que legitimam a existência de informações sigilosas nos dias atuais.

2.4 A Inteligência de Segurança Pública (ISP)

Com o aumento da sensação de insegurança, que se instalou em segmentos da

sociedade brasileira nos últimos anos em virtude dos problemas relacionados com o aumento

da criminalidade, vem sendo necessária uma atuação mais efetiva do Estado para reversão

desse problema.

As ações e operações de Segurança Pública necessitavam de um apoio para

serem mais eficazes, e com isso o exercício da atividade de Inteligência passou a ser uma

alternativa viável para enfrentamento dos problemas nessa área.

Então, a atividade de Inteligência atua na prevenção e até mesmo na redução

dessa criminalidade, através das análises dos dados e informações relacionadas à Segurança

Pública, assessorando os governantes no processo decisório.

Nesse sentido, Limana (2010, p. 10) baseado na Doutrina Nacional de

Inteligência de Segurança Pública, afirmou que:

A atividade de Inteligência de Segurança Pública é o exercício permanente e sistemático de ações especializadas para a identificação, acompanhamento e avaliação de ameaças reais ou potenciais na esfera de Segurança Pública, basicamente orientadas para subsidiar os governos federal e estaduais na tomada de decisões, para o planejamento e à execução de uma política de segurança Pública e das ações para prever, previnir, neutralizar e reprimir atos criminosos de qualquer natureza ou atentatórios à ordem pública.

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28

Para confirmar a sua posição, Limana (2010, p. 44) afirmou ainda que:

Para a consecução de novas modalidades de intervenção que façam frente à violência urbana, as estruturas de Inteligência de Segurança Pública tem um papel determinante na previsão de cenários de riscos que possam fornecer subsídios capazes de catalizar ações limitadores diante das expressões de violência. Assim, além da produção de informação e de conhecimento sobre o crime organizado, tráfico de drogas e armas, homicídios, modalidade de violência nas cidades e comunidades, estatísticas criminais georeferenciadas, sistema penitenciário, corrupção e sobre outras práticas delitivas, as estruturas de Inteligência de Segurança Pública devem propiciar outros diagnósticos e projeções que impliquem na segurança do cidadão e na condição de exercício do seu direito de cidadania.

Nesse contexto, o Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP) contempla o

assunto no seu 4º compromisso, firmado em 20 de junho de 2000, ao anunciar a criação e

implementação de uma Atividade de Inteligência voltada para a Segurança Pública, prevista

no Decreto nº 3.695, de 21 de dezembro de 2000, o qual criava o Subsistema de Inteligência

de Segurança Pública (SISP) e passou a nortear as diretrizes que possibilitavam a execução do

mencionado compromisso.

A Resolução nº 1, da SENASP, além de regulamentar o SISP, também

definiu, no item III, do parágrafo 4º do artigo 1º, inteligência de Segurança Pública:

É a atividade permanente e sistemática via ações especializadas que visa identificar, acompanhar e avaliar ameaças reais ou potenciais sobre a Segurança Pública e produzir conhecimentos e informações que subsidiem planejamento e execução de políticas de Segurança Pública, bem como ações para prevenir, neutralizar e reprimir atos criminosos de qualquer natureza, de forma integrada e em subsídio à investigação e à produção de conhecimentos.

No mesmo artigo da Resolução nº 1, no item X, está explicitado que a

atividade de Inteligência de Segurança Pública:

É a atividade técnico-especializada, permanentemente exercida e orientada para a produção e salvaguarda de conhecimentos de interesse da segurança pública que, por seu sentido velado e alcance estratégico, configurem segredos de interesse do Estado e das instituições, objetivando assessorar as respectivas chefias em qualquer nível hierárquico.

A respeito dessas definições, Gonçalves (2003, p. 1) afirmou que:

"Modernamente, não se pode cogitar a existência de Estado que não disponha de órgãos de

inteligência em sua estrutura”.

Nesse mesmo sentido, Limana (2010, p. 23) narrou sobre a necessidade e sobre

a possibilidade de se realizar convênios entre os Órgãos de Inteligência (OI) e os Estados

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29

membros das Unidades Federativas (UF), coordenados pela SENASP para exercerem suas

atividades de Inteligência de Segurança Pública de forma sinérgica:

Os organismos de Inteligência de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal, através de convênio com a SENASP, também podem integrar o SISP. A estrutura criada pela SENASP para atuar como Órgão Central de Inteligência de Segurança Pública no País é a Coordenação-Geral de Inteligência, a qual tem a função de realizar a produção de Informação e de Conhecimento para assessorar as decisões do Secretário Nacional, nas mais diversas áreas de atuação em Segurança Pública, fomentar políticas públicas na seara da Inteligência, bem como realizar pesquisas e desenvolver e difundir ferramentas e novas tecnologias para as atividades dos membros do SISP e dos demais integrantes de Sistema de Justiça Criminal.

Gonçalves (2003, p. 2) enfatiza sobre a importância da Inteligência na atuação

do controle do crime, "tanto no fornecimento de dados úteis para a repressão aos delitos

quanto para o estabelecimento de cenários e estratégias de atuação nas áreas de segurança

pública e institucional".

Em complementação ao pensamento desse autor, esta pesquisa apresenta

algumas categorias e classificações de Inteligência, como:

a) Inteligência Governamental ou de Estado:

- essa pode ser subdividida em interna e externa;

b) Inteligência Militar;

c) Inteligência policial;

d) Inteligência Fiscal;

e) Inteligência Econômica e Financeira;

f) Inteligência Competitiva ou Inteligência Estratégica.

A Inteligência Estratégica pode ser entendida como “a atividade que tem

implicações a longo prazo, geralmente vinculada à formulação de cenários prospectivos”

(GONÇALVES, 2008, p. 159).

Nesse mesmo pensamento, Almeida Neto (2009, p. 66) apresentou uma

classificação da Atividade de Inteligência, diferenciando-a entre dois níveis, ou seja,

Inteligência Tática/Operacional e Inteligência Estratégica.

A Inteligência Tática é “voltada para o assessoramento das decisões referentes

à aplicação e execução da estratégia definida” enquanto a Inteligência Estratégica é aquela

“voltada à produção do conhecimento necessário para que, numa determinada perspectiva de

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30

futuro, se estabeleça o modo pelo qual a organização irá atingir os seus objetivos e cumprir a

sua missão, e, em certos casos, para que se modifique o próprio negócio da organização”

(ALMEIDA NETO, 2009).

Nesta seção, a pesquisa apresentou as definições de “inteligência”, os registros

existentes sobre a origem da Atividade de Inteligência, um breve histórico sobre sua origem

no Brasil e legislações, a atividade de Inteligência de Segurança Pública e a divisão da

Inteligência entre Tática/Operacional e Estratégica.

Na próxima seção, esta pesquisa apresentará uma análise sobre a Inteligência

Estratégica.

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31

3 BASES TEÓRICAS DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA ESTRA TÉGICA E

SISTEMAS LEGAIS DE INTELIGÊNCIA

3.1 Determinantes teóricos da Inteligência Estratégica

O termo estratégia tem a sua origem etimológica na palavra grega strategos, a

qual deriva de stratos (exército) + agos (comando), significando, portanto, a arte do general

em comandar as suas tropas.

A palavra estratégia é uma derivação de dois vocábulos gregos strategia e

strategikós, e se remetia ao cargo e/ou a dignidade de ministro da guerra, comandante das

batalhas em Atenas.

O vocábulo remete a arte de coordenar a ação das forças militares, políticas,

econômicas e morais implicadas na condução de um conflito ou na preparação da defesa de

uma nação, além de demonstrar a arte de aplicar com eficácia os recursos de que se dispõem,

ou de explorar as condições favoráveis de que porventura se desfrute, visando ao alcance de

determinados objetivos (HOUAISS, 2001).

Estratégia é definido no dicionário Aurélio on-line, como:

a) arte de conceber operações de guerra em planos de conjunto; b) ardil, manha, estratagema; c) arte de dirigir coisas complexas; d) pertencente ou relativo à estratégia; e) ardiloso, hábil. sm Aquele que conhece estratégia; estrategista.

A conceituação de “estratégia”, a partir da origem do vocábulo nos remete

apenas a uma área de atuação, ou seja, nà área militar. No entanto a área de aplicação do

termo é ampliada pela definição apresentada no dicionário Aurélio on line, transcrita a seguir:

a) arte militar de planejar e executar movimentos e operações de tropas, navios e/ou

aviões, visando a alcançar ou manter posições relativas e potenciais bélicos favoráveis a futuras ações táticas sobre determinados objetivos;

b) arte militar de escolher onde, quando e com que travar um combate ou uma batalha. [Cf., nesta acepção, tática (2).];

c) arte de aplicar os meios disponíveis com vista à consecução de objetivos específicos;

d) arte de explorar condições favoráveis com o fim de alcançar objetivos específicos (grifos nossos)

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32

A ampliação da conceituação do termo estratégia, bem como sua área de

atuação, também foi defendida nos estudos do professor Maximiano17, que propôs definições

modernas do termo “estratégia” para se chegar a uma conceituação que se adapta aos demais

campos de aplicação.

O estudo de Maximiano (2006, p. 329) baseou-se em análise de autores

contemporâneos, que definiram a palavra estratégia e as suas áreas de aplicação, apresentando

assim uma definição ao vocábulo, como sendo “a seleção dos meios para realizar os

objetivos”, aplicando esta definição em qualquer campo de estudo ou área.

Nesse mesmo sentido, HOUAISS (2001), definiu estratégia como arte de

aplicar com eficácia os recursos de que se dispõem ou de explorar as condições favoráveis de

que porventura se desfrute, visando ao alcance de determinados objetivos.

Então, estratégia é o conjunto de decisões e ações adotadas pela organização

para atingir resultados específicos, propostos por toda a organização em um determinado

período de tempo, o que poderemos confirmar através das definições de alguns autores

contemporâneos que serão apresentadas a seguir.

Kent (1967, p. 21) definiu que Inteligência Estratégica, ou informações de alto

nível, são informações sobre a evolução dos acontecimentos futuros. Dividindo-a em três

formas de produção: passado, presente e futuro.

Esse autor dividiu os produtos analíticos de Inteligência segundo a forma e

função esperada, classificando-as em:

a) narrativa: contendo relatos de fatos correntes;

b) inteligência descritiva básica: contendo características básicas e estáveis dos

alvos;

c) especulativa-avaliativa ou prospectiva: contendo tendências futuras.

À partir dessa classificação, ele dividiu a Inteligência sob três diferentes

significados:

a) um tipo especial de informação;

b) uma atividade especial;

17 Antonio Cesar Amaru Maximiano é Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Ele também é professor de administração na Universidade de São Paulo, USP, Brasil e atua como professor convidado da Université François Rabelais (Tours, France, 2009).

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33

c) uma organização especial empregando-se informações de alto nível.

Em sua classificação, Kent (1967, p. 17) demonstra o que é a Inteligência

Estratégica para diferenciá-la de Inteligência Tática/Operacional, ou seja, exclui-se do campo

de estudo da Inteligência Estratégica as informações operacionais, informações táticas e

informações de combate.

Nesse mesmo pensamento, Wilensky (1967) definiu a “Inteligência

Estratégica” como sendo atividade de produção de conhecimento servindo os objetivos

econômicos e estratégicos de uma organização, coletado e produzido em um contexto legal e

com base em fontes abertas.

Reforçando os autores citados anteriormente, a Inteligência Estratégica,

conforme Platt (1974, p.31), refere-se às possibilidades estratégicas, vulnerabilidades

(segredos governamentais e militares) e linhas de ação prováveis das nações estrangeiras.

Outro aspecto que se torna significativo, no entendimento do produto

Inteligência Estratégica, é que ele está orientado para o futuro (longo prazo).

Nas informações de combate ou operacionais, o interesse está sempre no futuro

imediato, ao passo que nas Informações Estratégicas a ênfase está numa faixa mais ampla de

futuro, uma vez que este conhecimento pode trazer significativas mudanças, em termos de

tecnologia, meio ambiente, segurança, relações comerciais ou políticas.

Então, para se definir o termo “Inteligência Estratégica”, ainda se faz

necessário abordar a classificação da Inteligência descrita por Almeida Neto (2009, p.62) que

dividiu a inteligência pública em dois ramos, ou seja, Inteligência Clássica (ou de Estado) e

Inteligência de Segurança Pública:

[...] A inteligência clássica ou inteligência de Estado também pode ser classificada em dois grupos: inteligência militar de Estado (destinada a assessorar as unidades de comando das forças armadas, no cumprimento de sua missão constitucional) e a inteligência civil de Estado (inteligência realizada por organizações estatais civis para assessorar o chefe do Estado/governo no âmbito da política externa, nas questões relativas às atividades de inteligência estrangeira no território nacional e na tomada de decisões referentes a formulações de políticas públicas). [...] A Inteligência de Segurança Pública, [...] pode ser segmentada da seguinte forma: inteligência policial (exercida pelas polícias ostensivas e pelas polícias judiciárias), inteligência fiscal (exercida pelas autarquias e órgãos fazendários), inteligência financeira (exercida pelas unidades de inteligência financeira, responsáveis pela obtenção de dados referentes a operações financeiras suspeitas e à lavagem de ativos antes mesmo da deflagração de uma investigação criminal) e inteligência ministerial de segurança pública (exercida pelo Ministério Público para assessorar em níveis táticos e estratégicos, as decisões relativas aos âmbito criminal) [...]

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34

Para o ramo da Inteligência do Estado, o estudo de Wilensky (1967, p. 174)

afirmou que o uso da informação nas organizações definiu a “Inteligência Estratégica” como

sendo atividade de produção de conhecimentos, coletados e produzidos em um contexto legal

e com base em “fontes abertas”18, servindo aos objetivos econômicos e estratégicos do

Estado, assessorando assim a tomada de decisão governamental.

Nesse mesmo sentido, a Escola Superior de Guerra (ESG) utiliza o parágrafo 2º

do Artigo 1º da Lei nº 9883/9919 para conceituar a inteligência, em nível estratégico, ou seja:

§ 2o Para os efeitos de aplicação desta Lei, entende-se como inteligência a atividade que objetiva a obtenção, análise e disseminação de conhecimentos dentro e fora do território nacional sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado.

(grifos nossos)

Complementando os entendimentos dos autores mencionados anteriormente,

Sims (1990, p.4) afirmou que a “Inteligência Estratégica” não estaria envolvida apenas com

os segredos governamentais ou militares (como é o caso da Inteligência Militar). Para essa

autora, qualquer tipo de informação coletada e analisada, usada para o processo de decisão,

seria “Inteligência Estratégica”.

Então a forma de coletar e a organizar o material que será analisado e a sua

destinação para o tomador de decisão é que se torna o diferencial para o conceito de

Inteligência Estratégica, sendo que estes procedimentos transformariam até mesmo simples

recortes de jornais, em produto de “Inteligência Estratégica”, pois eles seriam coletados,

analisados e apoiariam a tomada de decisão.

Martre (1994, p.16), em seu relatório, definiu a Inteligência Estratégica como

sendo o conjunto das ações coordenadas de busca, tratamento e distribuição, para uso, da

informação útil para os decisores econômicos estatais.

Esse relatório descreveu ainda que a informação útil é aquela que é necessitada

pelos diferentes níveis de decisores, para elaborar e colocar em prática de maneira coerente as

estratégias e táticas necessárias para cumprir os objetivos.

Outro autor que também contribuiu para o entendimento sobre o conceito de

“Inteligência Estratégica” foi Clarck, (1996, p.163), que a definiu como sendo a Inteligência

18 Fontes abertas são aquelas de livre acesso, podendo ser humanas (constituídas por indivíduos), de conteúdo (constituídas por conhecimento contido em bases de dados e/ou outros meios), e tecnológicas (constituídas por equipamentos de processamento de dados, sinais, sons e imagens). Definição conforme DNISP 2007. 19 Lei 9883 de 07/12/199 – Institui o Sistema brasileiro de Inteligência (SISBIN).

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35

de alto nível onde se realiza, tecnicamente, a previsão daquilo que é provável acontecer,

identificando novos atores que poderão atuar e os possíveis efeitos de suas atuações, usando-

os para basear na construção de cenários prováveis auxiliando os decisores políticos e

organizacionais.

3.2 O Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN)

O Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) foi criado pela lei nº 9.883/1999

com a finalidade de assessorar o Presidente da República, sendo concebido como órgão

colegiado responsável pelo processo de obtenção, análise e disseminação da informação

necessária ao processo decisório do Poder Executivo na tomada de decisões, bem como pela

salvaguarda da informação contra o acesso de pessoas ou órgãos não autorizados, sendo que a

Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) é a agência central do Sistema.

Buscou-se uma definição legal para serviços de Inteligência de Estado,

entendida como “a atividade que objetiva a obtenção, análise e disseminação de

conhecimentos dentro e fora do território nacional sobre fatos e situações de imediata ou

potencial influência sobre o processo decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda

e a segurança da sociedade e do Estado” (art. 1º, § 2º, da Lei 9.883/1999).

Entende-se que a atividade de Inteligência de Estado é um instrumento usado

para o assessoramento das autoridades governamentais, cujo propósito é a manutenção do

fluxo sistemático de conhecimentos necessários ao Processo Decisório Nacional, garantindo a

soberania nacional.

O Decreto nº 4.376/2002 regulamentou a lei que cria a ABIN e o SISBIN, ao

dispor sobre os integrantes do SISBIN, isto em seu artigo 4º, e do seu Conselho Consultivo já

em seu artigo 8º.

O referido Decreto agrupou 10 Ministérios, mais o Gabinete de Segurança

Institucional da Presidência da República (GSI/PR), Casa Civil/PR, Controladoria-Geral da

União (CGU) e ABIN, além dos mais importantes Departamentos e Secretarias dos

respectivos órgãos, conforme relação, a seguir:

a) a Casa Civil da Presidência da República, por meio do Centro Gestor e

Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM);

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36

b) o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, órgão de

coordenação das atividades de inteligência federal;

c) a Agência Brasileira de Inteligência - ABIN, como órgão central do Sistema;

d) o Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Segurança

Pública (SENASP), do Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF) e da

Coordenação de Inteligência do Departamento de Polícia Federal (DPF);

e) o Ministério da Defesa, por meio do Departamento de Inteligência

Estratégica, da Subchefia de Inteligência do Estado-Maior de Defesa, do Centro de

Inteligência da Marinha, do Centro de Inteligência do Exército, da Secretaria de Inteligência

da Aeronáutica;

f) o Ministério das Relações Exteriores, por meio da Coordenação-Geral de

Combate a Ilícitos Transnacionais;

g) o Ministério da Fazenda, por meio da Secretaria-Executiva do Conselho de

Controle de Atividades Financeiras, da Secretaria da Receita Federal e do Banco Central do

Brasil;

h) o Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da Secretaria-Executiva;

i) o Ministério da Saúde, por meio do Gabinete do Ministro e da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA);

j) o Ministério da Previdência e Assistência Social, por meio da Secretaria-

Executiva;

l) o Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio do Gabinete do Ministro;

m) o Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria-Executiva;

n) o Ministério de Integração Nacional, por meio da Secretaria Nacional de

Defesa Civil.

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37

Ainda, de acordo com o parágrafo único do artigo 4º, do Decreto nº

4.376/2002, as unidades da federação (UF) poderão compor o SISBIN, mediante convênios e

ajustes, ouvido o órgão de controle externo da atividade de inteligência.

Então os Estados, para o aprimoramento do sistema de inteligência e combate

ao crime, devem promover o compartilhamento de dados entre as instituições, que integram o

Sistema Brasileiro de Inteligência, para alcançarem maior qualidade e eficácia no desempenho

de suas funções institucionais.

Por isso, o SISBIN pode ser considerado um sistema aberto, que usa uma

metodologia de produção de conhecimento, vindo de várias fontes, para assessorar o

presidente da República.

O compartilhamento e transmissão desses dados entre as Unidades da

Federação e órgãos como ABIN, DPF, SENASP, PRF, DPRF é importante para que a

Administração Federal possa articular-se para agir de forma racional, coordenada e integrada,

e é realizada através de redes de informações.

Destaca-se como exemplo dessas redes de informações, que possibilitam a

transmissão e compartilhamento de dados entre os órgãos de inteligência dos Estados e da

União, a Rede Nacional de Inteligência de Segurança Pública (RENISP) e o Sistema Nacional

de Informações (INFOSEG).

A Rede Nacional de Inteligência de Segurança Pública (RENISP) está a cargo

da Coordenação-Geral de Inteligência da SENASP, responsável pela inclusão de novos

usuários, pelo estabelecimento das chaves criptográficas, como o MCX-27 que é um módulo

criptográfico que permite a cifração e a decifração de qualquer arquivo de dados.

O Sistema Nacional de Informações (INFOSEG) é uma rede de informações

que em tempo real possibilita a consulta, transmissão e compartilhamento de dados criminais

entre os órgãos de Segurança Pública e de Justiça promovendo uma maior facilidade na

integração de dados e dos diferentes ambientes computacionais distribuídos nas 27 unidades

federativas de todo o país.

A utilização dessas redes de informações nacionais entre as Agências de

Inteligência (AI), tanto em nível estadual quanto federal, aumentam a capacidade de

processamento e armazenamento das informações ligadas à segurança Pública, propiciando

assim a atualização dessas informações em tempo real, além de possibilitar a difusão desses

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38

dados por meio de celular, satélite, palm top, tablet e/ou rádio comunicador (equipamentos

que estão sendo utilizados nas viaturas policiais).

A criação do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) e da Agência

Brasileira de Inteligência (ABIN), bem como a sua composição, demonstra que a atividade de

Inteligência está voltada para garantir o Estado Democrático de Direito, amparando a

sociedade, além de aumentar a capacidade de resposta do Estado.

Essa demonstração se revela, não só pela composição do SISBIN, que é

multidisciplinar (órgãos de variados setores), mas também pelas possibilidades de exercer o

planejamento e execução das políticas públicas priorizando o desenvolvimento do povo

brasileiro, em variadas áreas, ou seja, o governo demonstra o cuidado com o emprego e renda,

a preocupação com a previdência e seguridade social, a persecução criminal e justiça e a

defesa e soberania nacional interna e/ou externamente.

3.3 O Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP)

O Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP) foi criado no âmbito

do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIM), e visa realizar a adequação do conceito de

Inteligência para sua utilização na área de Segurança Pública.

O Decreto nº 3.695/2000 criou o Subsistema de Inteligência de Segurança

Pública (SISP) com a finalidade de coordenar e de integrar atividades de Inteligência de

Segurança Pública (ISP) em todo o país, além de suprir os governos federal e estaduais de

informações de segurança pública, que subsidiem a tomada de decisões referentes às políticas

públicas atinentes a essa área.

Ainda no mesmo Decreto, já no parágrafo 3º do art. 2º, dispõe que os órgãos

integrantes do SISP têm por missão: identificar, acompanhar e avaliar ameaças reais ou

potenciais de segurança pública, além de produzir conhecimentos e informações que

subsidiem ações para neutralizar, coibir e reprimir atos criminosos de qualquer natureza.

Ainda por esse Decreto, a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP)

foi estabelecida como órgão central do SISP.

Integram o SISP:

a) obrigatoriamente:

- o Ministério da Justiça (MJ);

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39

- o Ministério da Fazenda (MF);

- o Ministério da Defesa (MD);

- o Ministério da Integração Nacional;

- o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;

- a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP/MJ), sendo este o

órgão central do Sistema.

b) facultativamente:

- os órgãos de Inteligência de Segurança Pública dos Estados e do Distrito

Federal, que participam como membros eventuais do Conselho Especial do Subsistema de

Inteligência de Segurança Pública (SISP).

Referendando a necessidade da utilização das técnicas da Atividade de

Inteligência no combate a criminalidade, a SENASP editou a Resolução nº 01, de 15 de julho

de 2009 e regulamentou o SISP, definindo no parágrafo 3º do artigo 1º os elementos

constituintes do referido Subsistema, como transcrito a seguir:

I - Conselho Especial do Subsistema de Inteligência de Segurança Pública; II - a Rede Nacional de Inteligência de Segurança Pública - RENISP; III - a Rede de Integração Nacional de Informações de Segurança Pública, Justiça e Fiscalização - INFOSEG; IV - o Sistema Nacional de Identificação de Veículos em Movimento - SINIVEM; V - os Organismos de Inteligência de Segurança Pública e suas agências, o respectivo pessoal e estrutura material; VI - a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública - DNISP; VII - os sistemas de informações, os bancos de dados de propriedade e ou cedidos à SENASP; VIII - Conselho Nacional de Chefes de Organismos de Inteligência de Segurança Pública - CNCOI. IX - as Agências de Inteligência - AI - a ele vinculadas, respectivo pessoal e material.

(grifos nossos) Nota-se que a Resolução nº 01 da SENASP previu que os organismos de

Inteligência de Segurança Pública e suas Agências de Inteligência (AI) fazem parte da

estrutura do mencionado Subsistema, demonstrando a participação da PMMG, através do

SIPOM e da EMPM2 no SISP.

Tal situação que é ratificada pelo caput do artigo 2º, da mesma Resolução:

“ficam reconhecidas as AI existentes e a serem criadas na estrutura dos Organismos de

Inteligência integrantes do SISP, conforme as diretrizes contidas nesta Resolução” e pelo

artigo 6º que narra que “as AI subordinam-se à chefia da unidade organizacional respectiva e

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40

a sua atuação sempre deverá obedecer as diretrizes contidas na DNISP e nas deliberações do

Conselho Especial do Subsistema de Inteligência de Segurança Pública”.

Para dirimir qualquer dúvida sobre as atribuições das Agências de Inteligência

(AI) que compõem o SISP, transcrevemos o artigo 7º da Resolução nº 01 da SENASP:

É atribuição prioritária das AI, a execução das atividades de informações e Inteligência de Segurança Pública na área da circunscrição correspondente, cabendo-lhes, ainda, planejar, executar, coordenar, supervisionar e controlar as atividades de Inteligência de Segurança Pública da área respectiva, obedecidas a política e as diretrizes superiores, e: I - captar e difundir as informações de interesse à atividade de inteligência de segurança pública, observando-se o seguinte: a) foco principal - Segurança Pública: [...] b) foco secundário - Segurança Interna - fatos relativos à dinâmica social que possam atentar contra a segurança interna. c) foco político e administrativo - fatos relativos à demanda social [...] XIII - elaborar os relatórios de apoio auxiliar às atividades diárias de informações e inteligência de segurança pública; XIV - prestar assessoramento para auxiliar na análise criminal, administrativa, tático-operacional e estratégica da AI; XV - elaborar os documentos de inteligência de segurança pública segundo a DNISP; XVI - criar, interpretar, compreender, analisar, transformar, difundir, compartilhar, gerir e arquivar dados, informações e conhecimentos relacionados com a Atividade de Inteligência de Segurança Pública; [...] XIX - definir, em conjunto com a autoridade competente, a estratégia informacional local e atender às demandas e necessidades da Agência Central e demais AI da Comunidade de Inteligência - CI; [...] XXIII - produzir informações sobre a criminalidade violenta, estruturando os seus padrões e tendências; XXIV - acompanhar permanentemente a evolução da legislação relacionada à matéria de inteligência de segurança pública; [...] XVIII - propor medidas de segurança orgânica na AI respectiva, cadastrando os profissionais de inteligência de segurança pública da área para os fins de difusão de documentos de inteligência; XIX - participar do planejamento de operações e supervisionar a arrecadação, digitalização e organização de fotos do banco de dados em apoio à investigação, produção de conhecimentos e análise sobre a conjuntura e a estrutura criminal na respectiva área. XX - apresentar sugestões e boas práticas para a área em questão, bem como sugerir mudanças para o aperfeiçoamento da ISP e do SISP.

(grifos nossos)

Para padronizar a atividade de Inteligência de Segurança Púbica executada nas

diversas Agências de Inteligências (AI), também foi criada a Doutrina Nacional de

Inteligência de Segurança Pública (DNISP) que foi aprovada pelo Conselho Especial do

Subsistema de Inteligência de Segurança Pública.

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Objetivando a padronização de conceitos, normas e técnicas atinentes a

atividade de Inteligência da Segurança Pública (ISP) em todo o país, a SENASP facilitou o

acesso a DNISP 2007, distribuindo-a para as Agências de Inteligência (AI) para que essas

pudessem assessorar as políticas públicas na área de segurança para enfrentamento do crime

em sua área de atuação.

Ferro (2006, p. 85) aponta que a SENASP define a Inteligência de Segurança

Pública (ISP), através do Decreto nº 3.695/2000, como atividade sistemática de produção de

conhecimentos de interesse da Segurança Pública, apoiando as atividades de prevenção e

repressão dos fenômenos criminais.

Nessa senda, para realizar as atividades de Segurança Pública, este pesquisador

entende que os órgãos policiais, em especial os seus setores de inteligência, necessitam de

uma interação bem como uma aproximação dos membros da sociedade civil organizada, pois

a prestação de serviços públicos de segurança engloba atividades preventivas e repressivas,

tanto de natureza policial quanto não policial, a exemplo, como no caso do provimento de

iluminação pública.

Os serviços de segurança pública de natureza policial e não policial devem

buscar estabelecer, aperfeiçoar e manter, conjunta e permanentemente, um sentimento

coletivo de segurança. É de fundamental importância a integração dos órgãos públicos, dos

setores de inteligência de Estado e de Segurança Pública.

Divide-se a atividade de Inteligência de Segurança Pública (ISP) em dois níveis

de atuação, com atribuições específicas para cada nível, ou seja:

a) atuação no nível estratégico:

“Identificar, acompanhar e avaliar as ameaças reais ou potenciais de segurança

pública” possibilitando uma correta leitura dos cenários da criminalidade para a produção de

conhecimentos que, subsidiem o processo decisório, no planejamento e execução das políticas

de segurança pública a serem aplicadas onde e quando necessárias, em atendimento ao plano

nacional de Segurança Pública (PNSP).

b) atuação no nível tático:

Produzir conhecimentos que subsidiem ações que neutralizem, coíbam e

reprimam atos criminosos de qualquer natureza, se voltando essa produção especialmente para

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as necessidades pontuais da repressão do comportamento delitivo, formalizada nos

procedimentos policiais investigativos, principalmente quanto às organizações criminosas.

De acordo com Cepik (2001), serviços de Inteligência são instituições

governamentais que têm como objetivo fundamental adquirir, analisar e repassar informações

importantes e essenciais para auxiliar o governo na tomada de decisões estratégicas nas áreas

de política externa e interna e de manutenção da ordem pública.

Cabe salientar que a PMMG participa, através de seu órgão de Inteligência (OI)

do SISP, sendo suas funções, tanto no nível tático/operacional quanto no nível estratégico,

realizadas pelo seu Sistema de Inteligência (SIPOM), do qual a Segunda Seção do Estado-

Maior (EMPM2) faz parte como Agência de Inteligência Estratégica (AIE).

Corroborando essa integração das estruturas policiais junto ao SISP, Limana

(2010, p. 44) afirmou que:

As estruturas de Inteligência de Segurança Pública assumem nova importância e precisam se adequar de forma permanente às novas realidades diante da crescente violência urbana para que as intervenções e respostas sejam as mais adequadas e precisas e se realizem com o respeito aos direitos de todos.

Nesta pesquisa, entendeu-se que aos integrantes do SISP incumbem identificar,

acompanhar e avaliar ameaças reais ou potenciais de Segurança Pública para decisões de seus

gestores governamentais e institucionais.

A EMPM2 como integrante do SISP deve produzir conhecimentos e

informações que assessorem o processo decisório no nível estratégico regional, bem como

subsidiar informacionalmente à Agência Central (AC) e ao Comandante-Geral da PMMG.

3.4 O Sistema Estadual de Inteligência em Minas Gerais (SEISP/MG)

O Sistema Estadual de Inteligência de Segurança Pública de Minas Gerais

(SEISP/MG) foi instituído pela a Lei Delegada nº 180, dispõe sobre a estrutura orgânica do

Executivo estadual, publicada em 21 de janeiro de 2011.

A Lei Delegada nº 180 tem como objetivo reorganizar a administração pública

para implantar o modelo transversal de desenvolvimento a ser adotado nos próximos anos.

Com a criação do SEISP/MG buscou-se coordenar e integrar as atividades de inteligência de

Segurança Pública no âmbito do Estado de Minas Gerais, conforme depreende-se do seu

artigo 136:

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43

Fica instituído o Sistema Estadual de Inteligência de Segurança Pública de Minas Gerais (SEISP/MG) com a finalidade de coordenar e integrar as atividades de inteligência de segurança pública no âmbito do Estado, bem como subsidiar o Sistema de Defesa Social para a tomada de decisões nesse campo, mediante a produção, análise e disseminação de dados, zelando pela salvaguarda e pelo sigilo da informação a fim de coibir o acesso de pessoas ou órgãos não autorizados.

(grifos nossos)

Na sistematização da Atividade de Inteligência de Segurança Pública,

integrando assim os Órgãos de Inteligência das instituições componentes do Sistema de

Defesa Social no Estado de Minas Gerais, procurou-se subsidiar o processo decisório

governamental, para a tomada de decisões no planejamento e implementação das Políticas

Públicas na área de Segurança Pública, em defesa do Estado e da Sociedade, conforme

descrito entre os parágrafos 1º ao 4º do artigo 136, da infra mencionada Lei Delegada:

§1º O SEISP/MG integra o Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP), conforme previsto no Decreto nº 3.695, de 21 de dezembro de 2000. §2º O SEISP/MG tem como fundamentos a dignidade da pessoa humana, a preservação dos direitos e garantias individuais e a defesa da sociedade, do Estado e de suas instituições. §3º Para fins do disposto nesta seção, entende-se como atividade de inteligência de Segurança Pública o exercício permanente e sistemático de ações especializadas para a identificação, o acompanhamento e a avaliação de ameaças reais ou potenciais na esfera de Segurança Pública, com o objetivo de prever, prevenir, neutralizar e reprimir atos criminosos, de qualquer natureza, atentatórios à ordem pública. §4º A atividade de Inteligência de Segurança Pública se orienta pelos seguintes princípios: amplitude, interação, objetividade, oportunidade, permanência, precisão, simplicidade, imparcialidade, compartimentação, controle e sigilo.

(grifos nossos)

O SEISP/MG é um sistema cooperativo e colegiado, integrado pela Secretaria

de Estado de Defesa Social, Corpo de Bombeiros Militar, Polícia Civil e Polícia Militar, de

acordo com o previsto no artigo 137 da já citada Lei Delegada:

O SEISP/MG é um sistema cooperativo e colegiado, integrado pelas seguintes instituições, sem relação de subordinação: I- Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais; II- Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais; III- Polícia Civil de Minas Gerais; IV- Polícia Militar de Minas Gerais.

(grifos nossos)

Este pesquisador destaca aqui a participação da PMMG no processo

informacional produzido pelo SEISP/M para as decisões governamentais, em nível estadual,

pois a PMMG, através de seu Sistema de Inteligência, que será analisado na próxima

subseção, realiza a Atividade de Inteligência Estratégica, através da sua Agência de

Inteligência Estratégica (AIE), também denominada EMPM2.

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44

Os órgãos componentes do referido sistema realizam suas atividades mediante

a produção, análise e disseminação de dados, zelam pela salvaguarda e pelo sigilo da

informação a fim de coibir o acesso de pessoas ou órgãos não autorizados.

São atribuições do SEISP/MG, previstas no artigo 138 da Lei Delegada 180:

I- planejar, executar e coordenar, de forma integrada, as atividades de inteligência de segurança pública no âmbito do Estado; II- subsidiar o processo decisório das autoridades competentes no âmbito do Sistema de Defesa Social, mediante a produção e disseminação de dados, informações e conhecimentos de interesse da sociedade e do Estado; III- promover a edição de norma complementar, por regulamento, que assegure a proteção de conhecimentos de interesse da segurança da sociedade e do Estado.

Com a sistematização, em nível estadual, determinou-se que o exercício das

Atividades de Inteligência de Segurança Pública, em especial à Inteligência Estratégica, seria

desenvolvido em observância à transparência e aos direitos e garantias individuais, sob a

égide legal, garantindo os interesses e a segurança da sociedade e do Estado.

3.5 O Sistema de Inteligência da Polícia Militar (SIPOM)

A PMMG, em razão de seu porte e de suas diversificadas missões, envolve-se

em quase todas as atividades da Administração Pública, tem contato com pessoas de todas as

camadas sociais, além dos fatos e situações que afetam a paz social e, como foi mencionado

na subseção anterior, integra o SISP.

O Sistema de Inteligência da Polícia Militar de Minas Gerais (SIPOM) está

inserido no contexto do Sistema de Defesa Social e produz conhecimentos visando subsidiar a

tomada de decisão do Comando-Geral, em nível intra e extra-organizacional, quanto

assessorar as decisões governamentais sobre as políticas públicas na área da Segurança

Pública.

O SIPOM é constituído pelo conjunto de órgãos da corporação que tem como

objetivo o planejamento e a execução da Atividade de Inteligência na Polícia Militar, para

manutenção permanente do fluxo de conhecimentos entre os integrantes do sistema, visando

ao assessoramento dos diversos níveis de comando, no processo decisório.

O SIPOM acompanha todos os fatores adversos que possam refletir na

segurança e na preservação da ordem pública no Estado, bem como assessora no campo da

Inteligência Tática/Operacional e Estratégica com vistas a auxiliar a corporação a empregar,

cientificamente, seus meios no cumprimento de sua missão constitucional.

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45

O Estado-Maior (EMPM) é responsável, perante o Comandante-Geral, pela

assessoria, estudo, planejamento, coordenação, fiscalização e controle de todas as atividades

da Polícia Militar.

Conforme o contido no parágrafo 2º do artigo 3º da Resolução nº 3.654, do

Comando Geral da PMMG, publicada em 23 de março de 2002, que contém o Regulamento

do Estado-Maior da PMMG e atualizações, as seções do EMPM são:

a) Primeira Seção (EMPM/1) – Seção de Recursos Humanos;

b) Segunda Seção (EMPM/2) – Seção de Inteligência;

c)Terceira Seção (EMPM/3) – Seção de Planejamento e Emprego Operacional;

d) Quarta Seção (EMPM/4) - Logística e Tecnologia;

e)Quinta Seção (EMPM/5) - Comunicação Organizacional;

f) Sexta Seção (EMPM/6) - Coordenação Administrativa.

As seções do Estado-Maior da PMMG são divididas por áreas de atuações e de

responsabilidade, devendo estar em condições de atender, com eficiência, eficácia e

oportunidade, as necessidades da instituição.

Conforme se depreende do artigo. 4º da Resolução n º 3.654/02, compete ao

EMPM:

I - Estudar, orientar, planejar, coordenar e controlar todas as atividades da Polícia Militar; II - Assegurar a atuação convergente e dinâmica das Unidades de Direção Intermediária e de Execução visando à eficiência e à eficácia da atividade-fim; III - Assegurar a atuação harmônica, eficiente e eficaz das Unidades de Execução da atividade-fim; IV - Proporcionar os elementos necessários às decisões do Comandante-Geral nas questões relativas a todos os campos de função de comando; V - Assessorar o Comandante-Geral na formulação das bases doutrinárias para o preparo e emprego da Polícia Militar e na definição das Políticas de Comando; VI - Coordenar, internamente, a integração e a participação das Unidades de Direção Intermediária e dos escalões subordinados no processo de planejamento e, externamente, a interação da Polícia Militar no contexto da dinâmica social; VII - Elaborar as diretrizes, planos, instruções e ordens do Comandante-Geral; VIII - Baixar instruções, ordens e orientações necessárias à implementação das políticas, diretrizes e planos do Comandante-Geral, visando à consecução plena das metas e objetivos da Polícia Militar; IX - Supervisionar a execução das diretrizes, planos e ordens.

(grifos nossos)

A EMPM2 pertencente à estrutura do Estado-Maior da PMMG e como

Agência de Inteligência Estratégica (AIE) tem como missão precípua a produção de

conhecimentos estratégicos de Segurança Pública para subsidiar o processo decisório do

Comandante-Geral da PMMG.

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46

Nesta seção, a pesquisa apresentou as definições de “estratégia”, os autores os

quais foram os determinantes teóricos da Atividade de Inteligência Estratégica com suas

respectivas definições. Apresentou o Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), o

Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP), o Sistema Estadual de Inteligência

de Segurança Pública de Minas Gerais (SEISP/MG), o Sistema de Inteligência da Polícia

Militar de Minas Gerais (SIPOM), bem como a participação da Segunda Seção do Estado-

Maior da Polícia Militar de Minas Gerais nesses sistemas.

Na próxima seção, esta pesquisa apresentará uma análise sobre as funções e

atividades exercidas pela Segunda Seção do Estado-Maior na PMMG.

Page 47: O EXERCÍCIO DA INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA PELA …

47

4 CONFRONTO DE IDÉIAS SOBRE O EXERCÍCIO DA INTELIGÊ NCIA

ESTRATÉGICA

A expressão Inteligência Estratégica tem sido utilizada por diversos autores em

distintas áreas e em diversos níveis de aplicação e para analisar o exercício da Inteligência

Estratégica pela EMPM2, realizou-se um debate sobre os autores contemporâneos que

abordaram as aplicações e funções da Inteligência Estratégica.

4.1 A atividade de Inteligência Estratégica aplicada como Inteligência Competitiva

Atualmente, as organizações necessitam obter informações sobre o mercado

em que ela está inserida, seus concorrentes e seus produtos, para isso elas devem se conhecer,

sabendo seus pontos fortes e fracos, suas ameaças e oportunidades.

As empresas executam essa tarefa valendo-se estrategicamente da Inteligência

Competitiva.

Sobre os autores que abordaram a Inteligência Estratégica aplicando-a como

Inteligência Competitiva, temos os apontamentos de Tarapanoff (2004, p. 8), que afirmou que

além de acompanhar o ambiente interno e externo da organização, a Inteligência Estratégica,

ou Inteligência Competitiva, se caracteriza pela capacidade de analisar a informação coletada,

avaliando-a e implementando as mudanças no curso de ação institucional, desenvolvendo

“[...] novos conceitos e estratégias”.

Nessa mesma linha de pensamento, Choo (2003, p. 17) narrou sobre a

vantagem do exercício da Atividade de Inteligência Competitiva colocando-a como uma

informação que objetiva a tomada de decisão.

Ainda segundo Choo (2003, p. 41-42), a informação organizacional percorre

três arenas de uso da informação: criar significado, construir conhecimento e tomar decisões,

sendo processos interligados, que se alimentam mutuamente, gerando uma visão holística do

uso da informação na organização.

Corroborando o pensamento de Choo, Lesca (2003, p. 180) afirmou que o

principal objetivo da Inteligência Competitiva é o de oferecer um suporte de informações para

formulações e implementações de estratégias adequadas, utilizando-se, de forma mais eficaz,

os recursos da organização e aprimorando o processo decisório.

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48

Por isso, no ambiente organizacional, a Inteligência Competitiva é muito usada,

sendo denominada por Leitão (1993, p. 118) como o estudo das ameaças e das oportunidades

do mercado em que a empresa está inserida.

Compartilhando a mesma visão, Prussak (1994) descreveu que a concorrência

nos dias de hoje se baseia na capacidade de recuperar, tratar, interpretar e utilizar a

informação de forma eficaz.

No entanto, verifica-se que não basta ter informações internas ou externas à

organização, mas exercitar a Inteligência Competitiva para subsidiar o processo decisório

final com informações úteis, de forma rápida, oportuna e dinâmica.

Porter (1980) narrou sobre a atividade informacional nas organizações, também

denominando-a como Inteligência Competitiva, e apresentou técnicas para análise das

organizações e dos seus competidores, em diversas áreas de conhecimento, no entanto, essas

técnicas não foram estudadas nesta pesquisa.

O uso da Inteligência Competitiva pelas organizações também foi defendido

por Kahaner (1996), quando afirmou que o seu uso é um imperativo para a tomada de

decisões devido às rápidas mudanças ocorridas nas últimas décadas, como:

a) sobrecarga das informações;

b) rápido aumento do ritmo das atividades das organizações;

c) novas organizações no mesmo mercado, inclusive mercado globalizado;

d) disputa mais acirrada por clientes ou usuários;

e) mudanças políticas que atingem depressa e vigorosamente as organizações;

f) rápidas mudanças tecnológicas.

Segundo Tyson (1998), no passado essa atividade informacional estava voltada

para o desenvolvimento de estratégias, por que os tomadores de decisões se baseavam

basicamente em seus instintos, no bom senso e na suas experiências profissionais. No entanto,

os decisores necessitam de ser “municiados” de informações oportunas para as tomadas de

decisões estratégicas.

Conforme Tarapanoff (2000, p. 91), para a tomada de decisão final, o gestor

máximo remete-se à capacidade da sua organização em monitorar informações ambientais

para responder satisfatoriamente aos desafios e oportunidades que se apresentam

continuamente.

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49

A atividade de Inteligência Competitiva está atrelada aos conceitos de

Inteligência Estratégica, em nível organizacional, sendo também conceituada por Rostaing

(1998, apud Canongia et al, 2001) que a definiu como sendo o “[...] uso de técnicas analíticas

para o desenvolvimento de quadros futuros”, ou seja, projetar a partir de uma conjuntura

como será o cenário econômico, social ou político que a organização enfrentará.

Canongia et al (2001) demonstraram que a Inteligência Competitiva (ou

Inteligência Organizacional) possui uma visão de futuro e é executada pela prospecção,

podendo-se valer de técnicas como Delphi e cenários, as quais não foram estudados nesta

pesquisa.

O principal objetivo da Inteligência Estratégica é o de oferecer um suporte de

informações para a adequada formulação e implementação de estratégias, utilizando, de forma

mais eficaz, os recursos da organização e aprimorando o processo decisório (JANISSEK-

MUNIZ; LESCA 2003).

Os autores anteriormente abordados definiram Inteligência Competitiva como

um processo que lida com a informação, transformando-a em um produto que analisa o

ambiente interno e externo da empresa, para que possa ser tomada uma decisão final, visando

o lucro e a competição no mercado de atuação, setor ou seguimento em que a organização está

atuando.

Então, o exercício da atividade de Inteligência Competitiva implica em

escolhas táticas e estratégicas para a empresa de forma interativa com o meio em que ela está

inserida para a sua longevidade e prosperidade.

4.2 A atividade de Inteligência Estratégica aplicada à assessoria governamental

Os decisores governamentais possuem como característica principal a

necessidade de dados e informações precisas para a tomada de decisões estratégicas, as quais

“devemos qualificá-las como conhecimentos vitais à soberania nacional e como tal adquirem

profundidade e vulto” (KENT, 1967, p. 8).

Conforme entendimento do conceito usado pela Escola Superior de Guerra

(ESG), a Inteligência Estratégica é resultante da obtenção, análise, interpretação e

disseminação de conhecimentos sobre a situação interna ou externa do país, no que se refere à

expressão da soberania nacional.

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50

Ainda para a ESG, a Inteligência Estratégica avalia os óbices e as

possibilidades futuras para a tomada de decisão governamental.

Defendendo o conceito usado pela ESG, Gonçalves (2008, p. 161) afirmou

que:

[...] também podendo ser fruto da integração de inteligência produzida por diversos órgãos, e tem como objetivo assessorar o processo decisório de mais alto escalão, de maneira a dotar o tomador de decisão com informações na sua maioria de caráter estratégico na defesa do Estado e da sociedade contra ameaças reais ou potenciais. A inteligência de Estado contribui, ainda, com informações relacionadas à conjuntura nacional e internacional, estimativas e outros insumos que possam ser úteis para as decisões do Chefe de Estado ou de Governo. Divide-se em duas subcategorias: Inteligência Externa ou Inteligência Interna ou Doméstica.

(grifos nossos)

O exercício da Inteligência Estratégica, em nível nacional, pressupõe que seu

produto se destina a um decisor importante, geralmente um tomador de decisão em posição

estratégica dentro do seu país, seja o Chefe de Estado ou Chefe de Governo, que no caso do

Brasil, seria o Presidente da República.

Em nível estadual, a atividade de Inteligência Estratégica pode ser considerada

como uma ferramenta de apoio às decisões do chefe do Poder Executivo Estadual, garantindo

os direitos fundamentais dos cidadãos, inclusive propiciando à unidade federativa executar o

auxilio, por intermédio do SISP que integra o SISBIN, nas políticas de Segurança Pública, nos

níveis estadual e nacional, conforme já mencionado na seção 3 desta pesquisa.

Para subsidiar a informação descrita no parágrafo anterior, destaca-se o

Decreto nº 3.695, de 21 de dezembro de 2000, que cria o Subsistema de Inteligência de

Segurança Pública (SISP), pois além de criar o mencionado Subsistema, ele também norteia o

exercício da atividade de Inteligência Estratégica, ou seja, respalda teórica e legalmente a

execução da atividade de Inteligência Estratégica na área da Segurança Pública.

O mencionado Decreto, em seu artigo 1º, dispõe como missão precípua do

Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP) “coordenar e integrar as atividades de

Inteligência de Segurança Pública (ISP) em todo país, além de suprir os governos federal e

estadual com informações que subsidiem a tomada de decisões nesse campo”.

Ainda no mesmo Decreto, em seu parágrafo 3º, isto já em artigo 2º, dispõe

sobre os níveis de atuação da atividade de Inteligência e as atribuições específicas de cada

nível, tais como:

Page 51: O EXERCÍCIO DA INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA PELA …

51

a) nível estratégico: ‘identificar, acompanhar e avaliar as ameaças reais ou potenciais de segurança pública’ possibilitando uma correta leitura dos cenários da criminalidade para a produção de conhecimentos que, subsidiem o processo decisório, no planejamento e execução das políticas de segurança pública a serem aplicadas onde e quando necessárias, em atendimento ao plano nacional e demais compromissos desse plano; b) nível tático: ‘produzir conhecimentos que subsidiem ações que neutralizem, coíbam e reprimam atos criminosos de qualquer natureza’, se voltando essa produção especialmente para as necessidades pontuais da repressão do comportamento delitivo, formalizada nos procedimentos policiais investigativos, principalmente quanto às organizações criminosas.

(grifos nossos)

Sob a ótica da Inteligência de Segurança pública, já na atividade policial, Costa

(1998, p.8) define:

A atividade de Inteligência, na sua forma Estratégica, como sendo a atividade que visa à obtenção, análise e disseminação de conhecimentos, sobre fatos ou situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório, planejamento e execução da Política de Segurança Pública.

(grifos nossos)

Nessa mesma linha de raciocínio, Cepik (2001, p.8) informou que:

O exercício da atividade de Inteligência é destinado aos estudos para tomada de decisões governamentais apresentando-se como instrumento de resposta e apoio ao combate à violência em geral e, principalmente aos crimes de alta complexidade, servindo ainda, para assessorar as autoridades governamentais na elaboração de planos e políticas de Segurança Pública.

(grifos nossos)

No contexto atual dos serviços de Segurança Pública, percebe-se que o

exercício da Inteligência, na sua forma Estratégica, conforme Cepik (2001, p. 8), “está ligado

à definição restrita de Inteligência”, na qual se define que é a atividade onde é aplicada aos

estudos para tomada de decisões governamentais.

Então, o exercício da atividade de Inteligência Estratégica, na área da

Segurança Pública, apresenta-se como instrumento de resposta e apoio ao combate à violência

em geral, servindo ainda, para assessorar as autoridades governamentais na elaboração e

execução de políticas de Segurança Pública.

Verifica-se que os autores na área de Inteligência aplicada à assessoria

governamental, que foram abordados nesta pesquisa, definiram a Inteligência Estratégica

como um processo que visa à análise e disseminação de conhecimentos, sobre fatos ou

situações que possam influenciar o processo decisório Estatal, seja no cenário nacional ou

estadual.

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52

4.3 A Inteligência Estratégica Organizacional exercida pela EMPM2

Emergiu uma nova aplicação do conceito de Inteligência Estratégica na Polícia

Militar de Minas Gerais, face ao novo enfoque normativo para o exercício das atividades da

Segunda Seção do Estado-Maior (EMPM2), ou seja, suas atribuições estariam voltadas para

uma atividade que realiza um processo informacional, que analisa a organização PMMG,

tanto no seu ambiente interno e externo, podendo ser denominada de “Inteligência Estratégica

Organizacional”.

Com essa nova aplicação, entende-se que o exercício da atividade de

Inteligência Estratégica, pela EMPM2, também se revela na capacidade da própria corporação

em reunir informação, em inovar e atuar efetivamente, baseando-se nos conhecimentos que

são produzidos por ela mesma para influenciar no processo decisório final do gestor máximo

da organização.

Ratificando o entendimento deste pesquisador, cita-se Ferro Júnior (2007, p.

18):

A atividade de Inteligência Estratégica é uma ferramenta indispensável ao processo decisório organizacional, pois o conhecimento reside na mente dos indivíduos, e esse conhecimento pessoal precisa ser convertido em conhecimento social para que possa ser compartilhado e transformado em inovação.

Nesse mesmo sentido, temos a definição de Magalhães (2003, p. 21), que a

Inteligência Organizacional é um:

Processo sistemático e contínuo de definição de necessidades,coleta, armazenamento, análise, disseminação e avaliação de informações sobre o meio ambiente organizacional interno e externo,visando suportar a tomada de decisões que possam manter ou melhorar a estabilidade e a competitividade da organização.

Percebe-se que a Inteligência Estratégica Organizacional é a possibilidade de

se monitorar o ambiente informacional que, quando devidamente sistematizado e analisado,

poderá favorecer o processo de tomada de decisão estratégica na organização.

Confirmando os apontamentos sobre o papel da Inteligência Estratégica

Organizacional, presente nas atividades e funções da Segunda Seção do Estado-Maior da

Polícia Militar de Minas Gerais (EMPM2), cita-se Moresi (2001, p. 43) que narrou:

Surge assim, a necessidade de desenvolver uma solução que possibilite conhecer os ambientes externo e interno da organização. A solução que se vislumbra é a implementação de um sistema de inteligência organizacional que seja capaz de monitorar estes ambientes.

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53

A atividade de Inteligência Estratégica Organizacional, exercida pela Segunda

Seção do Estado-Maior da Polícia Militar de Minas Gerais compreende o sensoriamento do

ambiente organizacional interno e externo, desenvolvendo percepções para criar significados,

através de interpretação, análise e projeções.

Com o foco na Inteligência de Segurança Pública, a ação organizacional muda

o ambiente e produz novas correntes de experiência, às quais a organização terá de se adaptar,

gerando assim um novo ciclo de criação de conhecimento e informação.

Por isso, Cardoso (2008, p. 27) afirmou que:

Assim, no caso da Polícia Militar de Minas Gerais, o Comandante-Geral é o destinatário, cliente e usuário, em primeira mão, dos conhecimentos estratégicos, ou seja, aqueles de maior amplitude, produzidos pela Agência Central de Inteligência (AC) ou ‘PM2’.

Corroborando o pensamento de Cardoso (2008), Feitoza (2010, p.16) informou

que “os produtos de Inteligência, fornecidos pelos órgãos de inteligência policial ainda se

destinam ao processo decisório de suas chefias máximas”, citando o exemplo dos Órgãos de

Inteligência das forças policiais de Minas Gerais, destacando o da Polícia Civil, o qual auxilia

o processo decisório da sua chefia máxima (Chefe da Polícia Civil) e o da Polícia Militar, que

auxilia o processo decisório do seu Comandante-Geral.

Detectou-se então um novo enfoque da atividade de Inteligência Estratégica na

esfera organizacional da PMMG, ou seja, a Inteligência Estratégica Organizacional, através da

formalização das suas atividades, ocorrida pela publicação da Resolução nº 4093 de 16 de

julho de 2010, onde o Comando da Policia Militar de Minas Gerais definiu que a atividade de

Inteligência Estratégica na PMMG, é exercida pela Segunda Seção do Estado-Maior

(EMPM2).

Conforme preconizado no artigo 1º da citada Resolução, a Segunda Seção do

Estado-Maior (EMPM2) e a Diretoria de Inteligência da Polícia Militar (DInt) são as agências

de inteligência responsáveis pela execução da atividade de Inteligência Estratégica e

Tática/Operacional, respectivamente, na PMMG.

A citada Resolução também alterou o artigo 12 da Resolução nº 3.654 (R-102,

que contém o regulamento do Estado-Maior da PMMG), definindo as competências da

EMPM2, transcritas a seguir:

I - supervisionar, estudar, orientar, planejar a atividade de Inteligência na Polícia Militar;

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54

II - assessorar no planejamento e no acompanhamento da execução das políticas de comando; [...] IV - produzir conhecimentos estratégicos que darão suporte ao processo decisório do Comando-Geral e do Sistema de Inteligência da Polícia Militar (SIPOM); V - manter atualizada a doutrina, planos e manuais de Inteligência da PMMG em consonância com a Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP); [...] XII - produzir conhecimentos de ISP referentes à conjuntura estadual, nacional e internacional sobre a evolução de fatos e situações de interesse da segurança pública; [...] XV - elaborar estudos e propor políticas visando a implementação e aprimoramento da segurança corporativa, segurança de assuntos internos e de segurança ativa; [...] XVIII - acompanhar fatos e/ou situações relacionados à dinâmica social que possam atentar contra a segurança interna.

(grifos nossos)

Ressalta-se que a Agência de Inteligência Estratégica da Polícia Militar de

Minas Gerais (AIE), exerce suas atividades gerando conhecimentos específicos que são

destinados à tomada de decisão final do gestor máximo da organização Policial Militar de

Minas Gerais, ou seja, o Comandante-Geral da PMMG, cabendo à Segunda Seção do Estado-

Maior assessorá-lo com informações estratégicas.

4.4 A importância e vantagens do exercício da Inteligência Estratégica

Os autores contemporâneos analisados nesta pesquisa definiram o termo

“Inteligência Estratégica” como sendo a atividade realizada na busca da informação para

tomada de decisão.

As decisões de nível estratégico, no campo da Inteligência de Segurança

Pública (ISP), em especial no caso da PMMG, devem ser subsidiadas por conhecimentos

produzidos pela Agência de Inteligência Estratégica (AIE), ou seja, pela EMPM2, conforme

definição normativa interna da PMMG.

Já as decisões nessa mesma área de atuação, no nível tático/operacional, são

subsidiadas pelos conhecimentos produzidos pelas demais agências do SIPOM, coordenadas

pela Diretoria de Inteligência (DInt), considerada como a Agência Central (AC). Confirmando

essa situação, Costa (1998, p. 5), asseverou que:

A atividade de Inteligência revela-se como sendo de vital importância para a tomada de decisões, orientando na busca de conhecimentos oportunos, amplos e seguros, imprescindíveis para a segurança e ao desenvolvimento de qualquer Estado ou instituição.

Page 55: O EXERCÍCIO DA INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA PELA …

55

O conhecimento de nível tático/operacional é o conhecimento requerido para

subsidiar as ações dos órgãos/unidades operacionais em cumprimento às diretrizes de um

plano maior (o plano estratégico), enquanto o conhecimento de nível estratégico é o

conhecimento requerido para a formulação de planos e políticas em nível nacional, estadual

ou local, tendo como usuários os gestores e ou decisores máximos.

Apresenta-se nesta pesquisa que, para se valer de qualquer um dos métodos e

técnicas existentes para o exercício da Inteligência Estratégica, requer-se inicialmente uma

antecipação de uma situação, de um evento, de um problema ou de uma oportunidade

possibilitando a criação de uma postura ou visão diferente ou inovadora das oportunidades ou

riscos que podem surgir no ambiente para apoiar a tomada de decisão final.

Através dessa postura diferenciada, os decisores organizacionais utilizam as

informações relacionadas às mudanças no ambiente interno e externo da organização, com o

objetivo de criar oportunidades e de reduzir riscos e incertezas em geral (LESCA, 2003).

Algumas vantagens são destacadas por Lesca (2003, p.180) quando do

exercício da Atividade de Inteligência Estratégica:

a) antecipar e reagir rapidamente às mudanças do ambiente:

- sendo informada logo, a organização tem uma capacidade de reação muito maior. Ela pode adaptar-se à mudança que está ocorrendo, ou tentar influenciar a mudança num sentido mais favorável para ela, adotando uma atitude mais pró-ativa junto ao ambiente em que ela está inserida.

b) identificar oportunidades/ameaças: - ficando atenta e fazendo circular a informação, a organização poderá identificar mais facilmente novas oportunidades e ameaças.

c) redução dos riscos: - a tomada de decisões num ambiente mais conhecido e mapeado é menos arriscada. Cabe nessa vantagem o lado de proteção das informações da organização.

d) independência: - a organização é alimentada por várias reflexões estratégicas: grau de dependência a um parceiro ou grau de independência tecnológica.

e) transversalidade: - há necessidade de troca de informações dentro da organização, em particular, entre funções diferentes. Ela pode facilitar uma mudança cultural progressiva para uma organização mais aberta.

f) funcionários implicados: - o fator humano é central na Inteligência Estratégica ou Inteligência Organizacional. Ela se apóia e permite formar funcionários abertos, pragmáticos que sabem em que jogo global eles estão atuando.

Dessa maneira, junto com esforço tecnológico com vistas a aumentar a coleta

de informações, também se faz necessário empreender técnicas de análise desse volume de

informações para ampliar a capacidade de assessoramento ao tomador de decisão, antecipando

as adversidades e oportunidades organizacionais.

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56

As Organizações adaptaram a noção de Inteligência de Estado passando-a a

denominá-la como Inteligência Competitiva ou Inteligência Organizacional, sempre no

sentido de que dados e informações, trabalhados para se tornarem inteligência ou

conhecimento, subsidiam o processo decisório e propiciam a tomada de decisão,

especialmente a decisão estratégica, ou seja, uma informação bem interpretada é capaz de

influenciar na escolha da decisão final.

Portanto, a atividade de Inteligência Estratégica executada no processo

decisório organizacional “[...] tem origem na atividade de inteligência militar e de Estado,

adaptada para a realidade das organizações” (MARCIAL, 2005, p.242).

Através dessas adaptações sobre a noção de Inteligência Estratégica, define que

ela é um processo informacional coletivo e contínuo, pelo qual um grupo de indivíduos, em

especial os decisores organizacionais, busca e utiliza informações relacionadas às mudanças

no ambiente intra e extra-organizacional, com o objetivo de criar oportunidades e de reduzir

riscos e incertezas em geral (LESCA, 2003).

Então, a Inteligência Estratégica Organizacional é uma prática voltada para a

própria organização na qual ela exercita suas atividades especialmente a de monitorar seu

ambiente interno e externo, identificando as informações pertinentes à sua área de atuação

para apoiar o processo decisório, valendo-se de diversos métodos ou técnicas para se obter,

tratar e interpretar as informações.

Toda informação disponível pode ser confrontada com a realidade da

organização para se projetar um possível ambiente futuro, entretanto, devido ao avanço

tecnológico ocorrido pela globalização mundial, o volume de informações aumentou

consideravelmente, e ao invés de suprir os tomadores de decisão, os inundaram com diversas

informações, que se não forem devidamente processadas e analisadas de nada servem para o

subsídio do processo decisório:

Abriu-se uma lacuna crescente entre as toneladas de material bruto que os ‘aspiradores de pó’ das agencias de coleta obtinham e a capacidade dos analistas (...) processarem adequadamente essas informações através de modelos de consumo de inteligência coerentes (CEPIK, 2001, p. 294).

Ao analisar as informações, para auxiliar o processo decisório aumenta-se a

dose de racionalidade, devemos aplicar métodos científicos de análise, como o ciclo de

produção de conhecimento, para se obter um resultado final útil e preciso.

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57

4.5 O Ciclo da Produção de Conhecimento (CPC)

O Ciclo da Produção de Conhecimento, que também é denominado como ciclo

de produção de inteligência, é um conjunto de etapas e processos que vai desde a identificação

das necessidades do usuário ou decisor máximo, até a entrega do conhecimento final, sendo

de forma contínua e permanente.

Ao solicitar e depois receber as informações desejadas, o usuário final modifica

seu conhecimento sobre os fatos ou situações que foram demandadas, apresentando novas

necessidades que, por sua vez, novamente trabalhadas pela inteligência, gerando com isso um

ciclo de produção de conhecimento.

Kent (1967, p. 152-153) descreve o método de produção de informações

estratégicas, ou ciclo da produção da Inteligência Estratégica, em sete estágios, apresentados

de forma sintética a seguir:

a) aparecimento do problema;

b) análise do problema;

c) busca de dados relacionados ao problema;

d) avaliação dos dados;

e) estudo dos dados avaliados – momento da hipótese;

f) mais busca de dados – confirmação ou rejeição das hipóteses mais

prováveis;

g) apresentação.

Platt (1974, p. 102-107) também aponta sete fases no que ele chama de

pesquisa de informações:

a) levantamento geral;

b) definição dos termos;

c) coleta de informes;

d) interpretação dos informes;

e) formulação de hipóteses;

f) conclusões;

g) apresentação.

Ao tratar do assunto sob uma perspectiva mais acadêmica, Pacheco (2005)

atribuiu ao ciclo de produção de conhecimento de inteligência as seguintes etapas:

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58

[...] identificação das necessidades informacionais do usuário final (requerimento ou determinação da produção de determinada informação/conhecimento), planejamento da obtenção dos dados/informações requeridos, gerenciamento dos meios técnicos de obtenção, obtenção (coleta ou busca) dos dados/informações, processamento dos dados/informações (organização, avaliação e armazenagem), produção do conhecimento (análise, interpretação e síntese dos dados/informações), disseminação do conhecimento, uso do conhecimento e avaliação do ciclo (feedback quanto ao uso do conhecimento para aperfeiçoamento do ciclo de inteligência).

Gonçalves (2008, p. 185) afirmou que o modelo mais utilizado nos Estados Unidos

possui somente cinco fases, podendo, inclusive, ser reduzido a quatro etapas, que ensejariam o

“ciclo básico” (reunião, processamento, análise e disseminação) ou seja:

a) planejamento e direção;

b) reunião (coleta/busca);

c) processamento;

d) análise e produção;

e) disseminação.

As etapas do CPC facilitam a análise dos dados que produzirão um

conhecimento que será disponibilizado ao decisor final.

Nesse sentido, Antunes (2002, p. 31) descreve o ciclo da produção de

inteligência da seguinte forma:

Entende-se por ciclo de inteligência a descrição de um processo no qual as informações coletadas principalmente pelas agências de inteligência são postas à disposição de seus usuários. Na realidade, ele pode ser definido basicamente em duas grandes etapas: uma de coleta e outra de análise, que se encontram organizacionalmente estabelecidas, vinculadas a diferentes órgãos estatais.

(grifos nossos)

De acordo com Cepik (2003, p. 32), as descrições do ciclo da inteligência, ou

Ciclo da Produção do Conhecimento “chegam a destacar até dez passos ou etapas principais”,

que são descritas a seguir:

a) requerimentos informacionais;

b) planejamento;

c) gerenciamento dos meios técnicos de coleta;

d) coleta a partir de fontes singulares;

e) processamento;

f) análise das informações obtidas de fontes diversas;

g) produção de relatórios, informes e estudos;

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59

h) disseminação dos produtos;

i) consumo pelos usuários;

j) avaliação (feedback).

Ainda sobre o ciclo de inteligência, vale destacar mais uma opinião de Cepik

(2003, p. 32):

A principal contribuição da idéia de ciclo de inteligência é justamente ajudar a compreender essa transformação da informação e explicitar a existência desses fluxos informacionais entre diferentes atores (usuários, gerentes, coletores e analistas).

Kahaner (1997, p. 44) apresenta o ciclo de inteligência, ou ciclo de produção

de conhecimento, sob uma perspectiva acadêmica, composto de quatro fases básicas:

“planejamento e direção, coleta, análise e disseminação”.

O caráter informacional do ciclo de produção do conhecimento perpassa pelos

níveis estratégico, tático e operacional da instituição, no entanto, sobre o enfoque do nível

estratégico tenta-se obter informações sobre pontos relevantes para a organização e o seu

processo decisório.

Krizan (1999, p. 159), definiu as etapas do CPC assim:

a) requerimento;

b) planejamento;

c) coleta;

d) processamento;

e) análise;

f) disseminação.

Percebe-se que não existe uma unanimidade entre os autores, sobre as etapas

do Ciclo da Produção do Conhecimento (CPC), sendo que as divisões variam de acordo com a

definição conceitual adotada, a perspectiva de análise ou área de aplicação.

Na área de Inteligência de Segurança Pública, em virtude da realização dos

jogos Pan Americanos, ocorridos no estado do Rio de Janeiro no ano de 2007, a Secretaria

Nacional de Segurança Pública (SENASP) divulgou a Doutrina Nacional de Inteligência de

Segurança Pública (DNISP), que estava em fase de elaboração, definindo o CPC.

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Entretanto, somente no ano de 2009, a DNISP foi consolidada, constando

pequenas alterações, sendo esse novo documento expedido com grau de sigilo, ou seja, a

DNISP 2009 se tornou um documento sigiloso, sendo aprovada pelo Conselho Especial do

Subsistema de Inteligência de Segurança Pública e normatizada pelo então Secretário

Nacional de Segurança Pública, Dr. Ricardo Brisolla Balestreri, através da Portaria nº 22, de

22 de julho de 2009.

O ciclo da produção de conhecimento (CPC) foi definido com base conceitual

doutrinária publicada em 2007 (DNISP 2007, p. 20 - 25), sendo um:

Processo formal, contínuo e seqüencial, composto por quatro fases, que tem como resultado um conhecimento de inteligência: Planejamento; Reunião de dados e/ou conhecimentos (ações de coleta e ações de busca); Processamento (avaliação, análise, integração e interpretação) e; Difusão.

Então, na Atividade de Inteligência de Segurança Pública, as fases do Ciclo de

Produção de Conhecimento (CPC) são dividas em:

a) planejamento:

- é a fase na qual são ordenadas, de forma sistematizada e lógica, as etapas

do trabalho a ser desenvolvido;

- são estabelecidos os objetivos e/ou as necessidades, os prazos, prioridades

e cronologia, e definem-se técnicas e parâmetros a serem utilizados,

partindo-se, sempre, dos procedimentos mais simples para os mais

complexos;

- planejar deve constituir-se em uma ação rotineira do profissional de

inteligência.

b) reunião de dados e/ou conhecimento:

- nessa fase, o profissional de inteligência (analista) procura reunir

dados/conhecimentos necessários que respondam e/ou complementem os

aspectos essenciais a conhecer, por meio de ações de coleta e busca.

c) processamento:

- fase em que o conhecimento é produzido, onde o analista percorre quatro

etapas, não necessariamente cronológica, a saber: avaliação, análise,

integração e interpretação.

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d) difusão:

- nessa fase o conhecimento produzido será formalizado em documentos de

inteligência, e disponibilizado paro o usuário final ou outras agências de

inteligência.

Acerca do ciclo de inteligência, Almeida Neto (2009, p. 50) afirmou:

Despiciendo lembrar que o método de construção do conhecimento de inteligência e, por conseguinte, o ciclo de tal atividade, foram forjados a partir de um específico critério de aceitabilidade da verdade, imbuído da primazia dos princípios da oportunidade e utilidade sobre a própria verificabilidade do conhecimento produzido (possibilidade de o conhecimento ser testado).

Não obstante a difusão ser considerada como a última etapa do ciclo de

produção do Conhecimento, Gonçalves (2008, p. 191) alerta que “o ciclo da inteligência só é

plenamente concluído quando esse conhecimento é utilizado pelo usuário”.

Nesse sentido, Gonçalves (2008 p. 192) acrescenta que “é a partir da utilização

do conhecimento produzido pela inteligência, que são geradas novas demandas decorrentes

das necessidades do usuário, o que acaba gerando a retroalimentação do processo”.

Destarte, para este pesquisador, a atividade de Inteligência Estratégica é

executada através do CPC previsto na DNISP e serve para coletar de dados e informações

brutas, analisando-as e disseminando-as, produzindo um insumo final refinado e importante,

destinado ao decisor máximo na organização, que no caso da PMMG, seria o Comandante-

Geral.

Esse produto informacional final também pode atender os gestores do

planejamento estratégico da organização, que no caso da PMMG são os Coronéis

componentes do Alto Comando da PMMG, até porque esse produto final possui um valor

informacional agregado que dará suporte tanto ao planejamento estratégico quanto à decisão

estratégica organizacional.

4.6 Os produtos da Inteligência Estratégica da EMPM2

Para identificar os produtos da Inteligência Estratégica da EMPM2, faz-se

necessário abordar, primeiramente, a divisão dos produtos analíticos de inteligência.

Kent (1949) dividiu os produtos de inteligência conforme a função esperada e o

foco temporal (presente, passado e futuro) classificando-os assim:

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a) relatorial:

- aborda fatos correntes;

b) inteligência descritiva:

- aborda as características básicas e estáveis dos alvos;

c) inteligência avaliativa ou prospectiva:

- aborda os fatos sobre tendências futuras.

Os produtos da atividade de inteligência estão relacionados ora com a atividade

de jornalismo, em que se obtêm informações sobre eventos e temas de uma determinada

conjuntura, ora com a atividade de pesquisa e projeção científica, com as tarefas

características de aprofundamento em temas tecnológicos, econômicos e sociais mediante a

utilização de métodos científicos específicos (HERMAN 1996).

A divisão dos produtos de Inteligência Estratégica feita por Herman (1996, p.

105) foi em quatro categorias:

a) relatório básico-descritivo ou de pesquisa:

- relacionando-se a pesquisas de médio ou longo prazo, em geral envolvendo temas transnacionais tais como terrorismo, proliferação de armas de destruição em massa, tendências econômicas mundiais, bem como organizações criminosas e lavagem de dinheiro; - esse tipo de produto da Inteligência Estratégica é disseminado mediante o emprego de relatórios especiais, denominado Relatos de Conjuntura;

b) relatório especulativo-evolutivo ou de estimativa: - lida com a tentativa de prever o que deve ou pode acontecer. Produz para o tomador de decisão, cenários que relacionam a conjuntura atual com o futuro, seja este próximo ou distante; - é fornecido como relatório de estimativas de inteligência;

c) inteligência de alerta: - funciona como um alarme preventivo contra eventuais ameaças, como o desenvolvimento de novas tecnologias por adversários, permitindo que o Estado que atue para impedir tais acontecimentos; - é disponibilizado mediante mensagens em tempo real.

Clark (2004, p.166) salientou que “a identificação dos alvos ou eventos pela

inteligência prospectiva envolve compreender se essas referidas forças irão predominar ao longo

de determinado tempo ou se novos atores possam surgir, somando-se a essas ou as contrapondo”,

se referindo ao exercício da atividade de Inteligência Estratégica.

Uma vez que um evento seja passível de ser previsto como fenômeno convergente,

este poderá ser analisado a partir de um horizonte de tempo, em que serão fornecidas ao tomador

de decisão previsões balizadas por um tema e um lapso temporal, corroborando a divisão temporal

apresentada por Kent (1949).

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A partir das informações anteriores Clark (2004, p.184) subdividiu essa análise

temporal em três graus de complexidade, sendo:

a) extrapolação:

- é mais simples, uma vez que não prevê mudança das forças envolvidas em um cenário, nem a presença de novos entrantes; - é utilizada para análises de curto prazo, uma vez que eventos de média e longa duração necessariamente contarão com mudanças na correlação das forças atuantes, bem como a entrada de novos atores; -é uma asserção sobre o futuro.

b) projeção: - ao contrário da extrapolação que é uma asserção sobre o futuro, a projeção e a previsão são consideradas análises probabilísticas, uma vez que trabalham com possibilidades de futuros e, portanto, tratam necessariamente com a geração de cenários alternativos; - assume que as forças atuantes em um cenário irão variar em sua correlação ao longo do tempo, no entanto não irão surgir novas forças; - é mais efetivo do que o de extrapolação para médio prazo, uma vez que as mudanças de tendências são quase uma constante na história humana;

c) previsão: - envolve a análise de probabilidades, a previsão trabalha com cenários de longo prazo, em que necessariamente a correlação entre as forças irá se modificar como também surgirão novos entrantes com novas tecnologias e organizações; - busca identificar a relação e simbiose entre tendências e eventos que possam originar contextos inovadores; - a análise de previsão é utilizada preferencialmente para a construção de futuros alternativos de longo prazo.

Ressalta-se também, que os nomes que são dados aos produtos de inteligência,

variam de acordo com a origem do processo analítico (FARIAS, 2005, p.79).

A DNISP (2007, p.14) descreve os tipos de Conhecimentos produzidos pelo

Órgão de Inteligência:

a) Informe:

- é o Conhecimento resultante de juízo(s) formulado(s) pelo profissional de ISP, que expressa seu estado de certeza, opinião ou de dúvida frente à verdade sobre fato ou situação passada e/ou presente; - sua produção exige o domínio de metodologia própria e tem como objeto apenas situações e fatos pretéritos ou presentes.

b) Informação: - é o Conhecimento resultante de raciocínio(s) elaborado(s) pelo profissional de ISP, que expressa o seu estado de certeza frente à verdade sobre fato ou situação passada e/ou presente; - a Informação decorre da operação mais apurada da mente, o raciocínio. Portanto, extrapola os limites da simples narração dos fatos ou das situações, contemplando interpretação dos mesmos; - a sua produção requer, ainda, o pleno domínio da metodologia de produção do conhecimento.

c) Apreciação: - é o Conhecimento resultante de raciocínio(s) elaborado(s) pelo profissional de ISP, que expressa o seu estado de opinião frente à verdade, sobre fato ou situação passada e/ou presente. - apesar de ter essencialmente como objeto fatos ou situações presentes ou passadas, a Apreciação admite a realização de projeções.

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- diferentemente do Conhecimento Estimativa, as projeções da Apreciação resultam tão-somente da percepção, pelo profissional de ISP, do desdobramento dos fatos ou situações objeto da análise e não da realização de estudos especiais, necessariamente auxiliados por métodos e técnicas prospectivas.

d) Estimativa: - é o Conhecimento resultante de raciocínio(s) elaborado(s), que expressa o seu estado de opinião sobre a evolução futura de um fato ou de uma situação. - a sua produção requer não só o pleno domínio da metodologia própria da atividade de Inteligência, mas também o domínio de técnicas prospectivas complementares a essa metodologia.

A partir da coerência conceitual, confirmada pelas definições realizadas por

Kent (1949), Herman (1996) e Clark (2004); ancorados nos preceitos da Doutrina Nacional de

Inteligência de Segurança Pública, esta pesquisa destacou alguns produtos estratégicos,

oriundos do exercício da Atividade de Inteligência Estratégica pela EMPM2.

Esses insumos finais atendem o disposto nos itens “IV”: produzir

conhecimentos estratégicos que darão suporte ao processo decisório do Comando-Geral e do

Sistema de Inteligência da Polícia Militar (SIPOM) e “V”: manter atualizada a doutrina,

planos e manuais de Inteligência da PMMG em consonância com a Doutrina Nacional de

Inteligência de Segurança Pública (DNISP); preconizados pelo artigo 12 da Resolução nº

3.654 (R-102, que contém o regulamento do Estado-Maior da PMMG) alterada pela

Resolução nº 4093 de 16 de julho de 2010.

Destacam-se como produtos finais da EMPM2:

a) produção de:

- Conhecimento Apreciação;

- Conhecimento Estimativa.

b) produção de análise de conjuntura:

- esse produto é destinado para perceber, compreender, descobrir sentidos,

relações e tendências futuras a partir dos dados e das informações, valendo-

se de técnicas primárias e auxiliares de prospecção de cenários, para

oferecer elementos metodológicos que servirão para analisar uma realidade

e perceber mais claramente a conjuntura;

- esse insumo da atividade de Inteligência Estratégica já é produzido pela

AIE, sob a denominação de Relato de Conjuntura e Delineamento de

Cenário, sendo que a sua padronização quanto à forma e conceituação estão

sob análise e validação do Estado-Maior da PMMG.

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c) produção de doutrina:

- esse produto visa à normatização doutrinária através de expedição de

manuais, diretrizes e instruções para o SIPOM, dentre eles destaca-se a

atualização, revisão e expedição do: Manual de Fundamentos Doutrinários

(que já se encontra em fase de revisão), Manual de Procedimentos de

Inteligência de Segurança Pública (em fase de elaboração pela Comissão

031/2010 – EMPM); Manual de Procedimentos de Contra-Inteligência (em

fase de elaboração pela Comissão 032/2010-EMPM) e o Manual de

Operações de Inteligência (Comissão 033/2010-EMPM) além do Manual de

Operações de Inteligência (Comissão 033/2010-EMPM).

4.7 O fluxo Informacional da Atividade de Inteligência Estratégica na EMPM2

Logo após a EMPM2 ser denominada como a Agência de Inteligência

Estratégica (AIE) na PMMG e no SIPOM, a Assessoria de Doutrina e Políticas de Inteligência

da EMPM2 propôs que os integrantes da AIE executassem suas análises, dos assuntos que

possam trazer reflexos para a Segurança Pública e à imagem da Corporação ao Comando-

Geral, através de um de fluxo informacional.

Sendo assim, a correta utilização desse fluxo de informacional, pelos analistas

da EMPM2, está propiciando o correto percurso para difundir o conhecimento ao usuário

final, diferenciando as informações de nível tático/operacional das estratégicas.

Sendo assim, é importante que se diferencie o tipo de informação que é

trabalhada na AIE para se definir a qual nível ela se destina, ou seja, deve-se saber se as

informações trabalhadas são dos níveis estratégico, tático e/ou operacional, para que elas

sejam analisadas pelo setor responsável por cada nível de assessoria.

As informações se caracterizam em três níveis:

a) estratégico:

- informação elaborada em nível estratégico;

- suporte de decisões a longo prazo;

- orientada para agentes decisores.

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b) tático:

- informação em nível estratégico e superior;

- gestão de médio prazo.

c) operacional:

- controle e execução de tarefas a curto prazo;

- fonte básica geradora de informação que flui na organização.

Para o exercício da Inteligência Estratégica pela EMPM2, os acontecimentos

relevantes devem trazer significados para o Comandante-Geral, e afetar diretamente ou

indiretamente a Corporação ou a comunidade em assuntos relacionados à Segurança Pública.

Pode-se considerar como acontecimentos relevantes aqueles que adquirem um

sentido especial para um país, classe social, um grupo social, uma organização ou uma pessoa.

Assim, é fundamental saber distinguir os acontecimentos relevantes de fatos irrelevantes que

não trazem nenhum significado especial para a PMMG.

O exercício da atividade de Inteligência Estratégica pela AIE segue o seguinte

Fluxo Informacional (a representação gráfica está descrita no “Anexo Único” desta pesquisa):

a) entrada de dados e/ou conhecimentos:

- a primeira fase do desenho do fluxo de informações na EMPM2 é a de

entrada de dados;

- esse é o primeiro contato que se tem com as diversas fontes de informação,

sejam elas formais ou informais;

- as fontes formais são aquelas registradas, ou seja, de alguma maneira já

foram “validadas” e pode assumir formatos de artigos, livros, jornais,

relatórios, boletins e documentos de inteligência, representando uma coleção

de informações acessíveis;

- as informações informais são aquelas ainda não registradas e estão por

serem validadas, em fase de discussão, concepção ou criação. Esse tipo de

informação geralmente é obtida através dos contatos pessoais;

- a informação estratégica, que pode ser coletada em fontes formais e

informais, se distingue das informações táticas e operacionais por seu

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conteúdo. Essa identificação é o próximo passo a ser executado dentro do

fluxo de informações.

b) análise preliminar:

- a partir do acesso à informação, segue-se o procedimento de análise

preliminar, que também pode ser um filtro daquilo que é do nível estratégico

ou não;

- esse reconhecimento da informação estratégica tem que estar atrelado aos

objetivos estratégicos da corporação, vinculado ao acordo de resultados,

impactos de médio e longo prazo no ambiente criminal e que tenham ampla

repercussão institucional;

- saber definir o que é aproveitável e descartável exige um conhecimento

dos campos de acompanhamento da EMPM2 e dos objetivos gerais e

estratégicos da PMMG.

c) classificação:

- a classificação é o próximo passo para que o fluxo de informações seja

tratado de forma padronizada e específica;

- a EMPM2 possui três assessorias aos quais possuem atribuições

específicas e que exercem o papel de auxiliar o chefe a processar as

informações que aportam na seção.

Assim, as informações são classificadas e direcionadas para cada assessoria a

partir dos campos de acompanhamento:

- assessoria de Inteligência: macrocriminalidade, política de segurança

pública e movimentos sociais;

- assessoria de Contra-Inteligência: assuntos internos e segurança orgânica

(compreendendo a segurança de pessoal, da documentação, das instalações,

do material, das comunicações/telemáticas e da informática);

- assessoria de Doutrina e Políticas de Inteligência: atualização doutrinária;

articulação, reaparelhamento, projetos estratégicos.

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d) processamento:

- o processamento é a fase em que a informação é analisada e interpretada

pelos analistas de inteligência dentro de cada assessoria. Assim, são

identificadas ameaças, tendências e oportunidades de interesse para a

PMMG;

- caso essa identificação não aconteça, por ser de interesse estratégico, a

informação é registrada em bancos de dados ou no formato de memória para

utilização futura;

- as conclusões inerentes a cada situação e o cenário futuro são apresentadas

formalmente em documentos de inteligência, os quais são elaborados na

próxima fase.

e) formalização:

- quando se chega nessa etapa é porque foram identificados todos os fatores

que possam impactar em um ambiente futuro e que tenham impacto na

PMMG.

- os resultados das análises são formalizados em documentos.

f) difusão:

- os documentos de inteligência são destinados aos usuários escolhidos a

partir da classificação do impacto que a situação relatada irá causar perante

a instituição ou ao ambiente criminal;

- os assuntos de “alto impacto” são aqueles que afetam os serviços ou à

imagem da PMMG, de forma grave ou que signifiquem impacto altamente

positivo em termos de investimentos e repercussões perante o governo e a

comunidade. Esses documentos devem ser difundidos para o Alto Comando,

Seções do EMPM e para as agências do SIPOM envolvidas;

- os assuntos de “médio impacto” são aqueles em que os prejuízos são

grandes, porém afetam apenas setores ou regiões específicas, em que a

repercussão toma a forma regionalizada. Por ser de caráter setorizado, a

difusão será feita àqueles que possuem envolvimento direto e que tenham

necessidade de conhecer a situação;

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-os assuntos de “baixo impacto” são aqueles que não traduzem em ameaça

imediata, mas que podem evoluir em um prazo relativamente longo. Servem

para conhecimento e acompanhamento da situação. A difusão, neste caso é

para as Seções do Estado-Maior que tenham interesse ou mantidas em

registro na EMPM2 para análises futuras.

No que tange o referido fluxo informacional já ser utilizado no exercício da

Atividade de Inteligência Estratégica pela EMPM2, o mesmo se encontra sob avaliação da

Chefia da AIE para validação do Comando-Geral acarretando em sua normatização

Institucional.

Nesta seção, a pesquisa apresentou um debate sobre os autores contemporâneos

que versaram sobre a Inteligência Estratégica; abordou a aplicação da Inteligência Estratégica

como Inteligência Competitiva; versou sobre a aplicação da Inteligência Estratégica para a

assessoria governamental; abordou um novo enfoque para as atividades de Inteligência

Estratégica realizada pela Segunda Seção do Estado-Maior da Polícia Militar de Minas

Gerais, ou seja, a “Atividade de Inteligência Estratégica Organizacional”; informou ainda a

importância e vantagens do exercício da Inteligência Estratégica; descreveu também o Ciclo

de Produção do Conhecimento apresentando os produtos da Atividade de Inteligência

Estratégica na AIE e explanou sobre o fluxo informacional da EMPM2.

Na próxima seção serão apresentadas as considerações finais bem como

algumas sugestões.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os gestores máximos das organizações se deparam, diariamente, com diversas

situações que precisam ser decididas, e na maioria das vezes, eles dispõem de muitas

informações sobre o assunto. Não obstante a essa situação, às vezes, esses gestores ficam sem

saber quais são as informações mais relevantes, necessitando de uma informação estratégica

para então decidir de forma rápida e precisa, satisfazendo os anseios da sua instituição.

Sabe-se então, que uma informação estratégica deve ser coerente e útil, ou seja,

deve dar subsídios para o processo decisório final.

Então, através da revisão conceitual, realizada nesta pesquisa, procurou-se

realizar um debate entre as idéias de autores contemporâneos, transversalizando os conceitos e

definições sobre o tema: Inteligência Estratégica, onde se concluiu que a Segunda Seção do

Estado-Maior da Polícia Militar de Minas Gerais (EMPM2) exercita as atividades inerentes de

à atividade de Inteligência Estratégica na PMMG.

Esse exercício é realizado pela atuação da EMPM2, mesmo que de forma

indireta, nas questões relacionadas à Inteligência de Estado, revelada através da participação

no Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN).

Através desta pesquisa, verificou-se que os Órgãos de Inteligência (OI) do

Estado Minas Gerais participam, conforme preceitos legais já abordados, do Subsistema de

Inteligência de Segurança Pública (SISP) e este por sua vez compõem o SISBIN, o qual

subsidia o processo decisório governamental nas questões nacionais e internacionais para a

garantia da soberania nacional.

A EMPM2 também auxilia o processo decisório do governo Estadual através

da produção de conhecimentos para o assessoramento ao Comando-Geral, o qual por sua vez

exerce suas funções de assessoramento junto ao governo, em especial, nos temas relacionados

ao planejamento e implementação das políticas públicas na área da Segurança em Minas

Gerais.

Essa função de assessoria no processo decisório, junto ao governo Estadual, é

formalmente regulada pela presença no sistema de Inteligência da Polícia Militar de Minas

Gerais (SIPOM) junto ao Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP), bem como

no Sistema Estadual de Inteligência de Segurança Pública de Minas Gerais (SEISP/MG).

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Percebe-se também que as atividades exercidas pela EMPM2 podem ser

entendidas como atividades de “Inteligência Estratégica Organizacional”, revelada pela

agregação e transformação de dados e/ou fatos, internos e externos à instituição PMMG, em

conhecimentos estratégicos, que se desconexos não serviriam para o uso no processo

decisório final da organização exercido pelo Comandante-Geral.

Esse processo de assessoria estratégica ao processo decisório conduz à melhor

tomada de decisão final pelo Comandante-Geral nas diversas situações que envolvem a

instituição PMMG.

Essas decisões organizacionais podem ser estratégicas pela sua própria

natureza, ou até mesmo tático/operacionais, pois fatos ou atos que gerem informações

tático/operacionais podem estar conectados a circunstâncias estratégicas para organização

Policial Militar de Minas Gerais, devido ao contexto dos fatos ou atores envolvidos na

situação.

Portanto, a correta identificação de informações úteis e oportunas, que serão

utilizadas para auxiliar a tomada de decisão final do Comandante-Geral, é exercida através da

atividade de Inteligência Estratégica pela EMPM2.

SUGESTÕES

a) apesar de ter um corpo doutrinário robusto, no que se refere às atividades de

Inteligência de Segurança Pública e Inteligência de Estado, a Segunda Seção do Estado-Maior

deveria formular propostas ao Comando da Polícia Militar de Minas Gerais para a criação de

uma Doutrina de Inteligência Estratégica, para sua aplicabilidade no SIPOM;

b) definir os produtos de Inteligência Estratégica a serem produzidos pela AIE,

sistematizando-os;

c) normatizar institucionalmente o fluxo informacional proposto pela

Assessoria de Doutrina e Políticas de Inteligência à chefia da EMPM2, já executado pelos

analistas da AIE no exercício da Inteligência Estratégica;

d) conscientizar os comandos da PMMG, em seus diversos níveis, sobre o

papel da EMPM2 como Agência de Inteligência Estratégica, e consequentemente, o papel da

DInt, responsável pela Inteligência Tático/Operacional;

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e) por ser um tema recente em nossa organização, o Comando da PMMG

deveria promover seminários, debates e discussões sobre a Inteligência Estratégica e sua

importância no processo decisório para implementações das ações operacionais.

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ANEXO ÚNICO (FLUXOGRAMA DA ATIVIDADE INFORMACIONAL NA EMPM2)

Figura 1 – Fluxograma da Atividade Informacional na EMPM2 Fonte: Assessoria de Doutrina e Políticas de Inteligência – EMPM2