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O FENÔMENO DA VIOLÊNCIA NO CAPITALISMO: DA GÊNESE À SUA CONSOLIDAÇÃO Bárbara Bento dos Santos 1 Universidade Federal de Alagoas - UFAL E-mail: [email protected] GT7: TRABALHO, FLEXIBILIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO RESUMO Este artigo apresenta uma breve síntese derivada do nosso Trabalho de Conclusão de Curso TCC, intitulado “Bases Materiais da Violência no Modo de Produção Capitalista: seus efeitos sobre a classe trabalhadora”. Pretendemos desvelar as raízes da violência na sociedade capitalista a partir de uma perspectiva histórico-crítico. Propomo-nos a revelar a face perversa do modo de produção capitalista, abordando o estudo da dinâmica capitalista e como esse processo permite o desenvolvimento capitalista desse modo de produção e quais os efeitos sobre a classe trabalhadora. PALAVRAS-CHAVE: Violência, Classe Trabalhadora, Modo de Produção Capitalista. 1. INTRODUÇÃO Nesse estudo, buscamos revelar o fenômeno da violência que permeia o processo de transição do feudalismo ao capitalismo e seus mecanismos para consolidação e reprodução deste modo de produção tipicamente capitalista. Apreenderemos tal fenômeno, como resultado das mazelas de um modo de produção econômico que tem por caráter a exploração, 1 Graduada em Serviço Social e Mestranda em Serviço Social pela Universidade Federal de Alagoas - UFAL, membro do Grupo de Pesquisa Sobre Reprodução Social GPRS, da Faculdade de Serviço Social- FSSO da Universidade Federal de Alagoas UFAL.

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O FENÔMENO DA VIOLÊNCIA NO CAPITALISMO: DA GÊNESE À SUA

CONSOLIDAÇÃO

Bárbara Bento dos Santos1

Universidade Federal de Alagoas - UFAL

E-mail: [email protected]

GT7: TRABALHO, FLEXIBILIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO

RESUMO

Este artigo apresenta uma breve síntese derivada do nosso Trabalho de Conclusão de Curso –

TCC, intitulado “Bases Materiais da Violência no Modo de Produção Capitalista: seus efeitos

sobre a classe trabalhadora”. Pretendemos desvelar as raízes da violência na sociedade

capitalista a partir de uma perspectiva histórico-crítico. Propomo-nos a revelar a face perversa

do modo de produção capitalista, abordando o estudo da dinâmica capitalista e como esse

processo permite o desenvolvimento capitalista desse modo de produção e quais os efeitos

sobre a classe trabalhadora.

PALAVRAS-CHAVE: Violência, Classe Trabalhadora, Modo de Produção Capitalista.

1. INTRODUÇÃO

Nesse estudo, buscamos revelar o fenômeno da violência que permeia o processo de

transição do feudalismo ao capitalismo e seus mecanismos para consolidação e reprodução

deste modo de produção tipicamente capitalista. Apreenderemos tal fenômeno, como

resultado das mazelas de um modo de produção econômico que tem por caráter a exploração,

1 Graduada em Serviço Social e Mestranda em Serviço Social pela Universidade Federal de Alagoas - UFAL,

membro do Grupo de Pesquisa Sobre Reprodução Social – GPRS, da Faculdade de Serviço Social- FSSO da

Universidade Federal de Alagoas – UFAL.

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acentuando assim, as desigualdades sociais e pondo cada vez mais em evidência a

concentração de riqueza nas mãos de poucos e pobreza massiva da população.

Neste sentido, com vistas a revelar a essência do fenômeno da violência, utilizamos

como procedimento metodológico a pesquisa bibliográfica realizando a análise imanente dos

textos selecionados com o intuito de apreender os nexos causais que fundam a violência na

sociedade capitalista. Os impasses gerados pelo crescimento exacerbado da violência no

modo de produção capitalista nos trazem várias indagações como por exemplo: Quais são as

reais bases materiais que originam o fenômeno da violência na sociedade capitalista? Por que

esta problemática persiste em caminhar no decurso da história? Por que sentimos como se

estivéssemos sendo arrastados para a decadência humana? Existe a possibilidade de abolir o

fenômeno da violência nesta sociabilidade?

Neste sentido, nosso objetivo consiste em explicitar o processo de transição de modo

de produção feudal para o modo de produção capitalista. O modo de produção capitalista só

conseguiu se expandir e se consolidar séculos mais tarde devido ao período de transição, a

qual Marx chamou de “Acumulação primitiva do capital”, que se deu em sua forma clássica

na Inglaterra, no final do século XV até meados do século XVII.

Neste contexto, surgem duas categorias distintas de classe, de um lado, temos os

exploradores que são possuidores de mercadorias e que oferecem as condições fundamentais

da produção capitalista, donos da propriedade privada, dos meios de produção e meios de

subsistência, possuidores de dinheiro; e por outro lado, temos os explorados, cuja única

propriedade é a sua força de trabalho que precisa ser vendida para adquirir os meios de

subsistência para sobreviver. Desta maneira, a violência se revela por meio do aparato legal

para expropriar e usurpar as terras dos pequenos camponeses, é o que Marx denomina por

violência extra-econômica. Dessa forma, o Estado junto à burguesia acelera o processo de

transição e garante a expansão da acumulação do capital. Assim, a violência vai se configurar

como o principal meio do capitalismo se consolidar, tornando-se, logo, parte inseparável de

sua dinâmica.

Diante disto, o interesse por este estudo tem como objetivo desmistificar formas e

conceitos abstratos no tocante ao entendimento da dinâmica capitalista e da violência expressa

nesta dinâmica. Além disto, o fenômeno da violência se intensifica de maneira contínua,

resultando num processo de crescente desumanização do indivíduo no interior de suas

relações sociais presentes na atualidade. Para isto, assumimos uma postura teórica

fundamentada nas elaborações de Karl Marx, uma vez que, a nosso ver, é a análise da

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totalidade e de suas bases ontológicas que permite uma maior aproximação e apreensão da

problemática exposta neste trabalho.

2. O FENÔMENO DA VIOLÊNCIA NA GÊNESE DO CAPITALISMO: da

acumulação primitiva à grande indústria

Partimos da afirmação de que o desenvolvimento das forças produtivas possibilitou ao

homem transformar a realidade a qual estava inserido, resultando desse processo novos modos

de produção, novas classes etc. Esse desenvolvimento levou ao surgimento de um excedente

de produção que deu origem à exploração do homem pelo homem. Com essa exploração,

surgiram as classes sociais cujos interesses eram antagônicos: uma classe dominante e uma

classe dominada. Assim, a classe dominante passou a utilizar instrumentos de repressão pela

força da violência, pois vira que a exploração do homem era lucrativa para o excedente

econômico.

Diante disto, torna-se imprescindível trazer em questão nosso objeto de pesquisa: a

violência. Um fenômeno que se manifesta ao longo da história da humanidade e das relações

humanas. É por meio da violência que se efetiva uma nova dinâmica social. Ela está

intrinsecamente ligada ao desenvolvimento humano e ao das forças produtivas, uma vez que,

nesse mesmo processo de desenvolvimento a violência se intensifica e se torna elemento

impulsionador do desenvolvimento histórico. Porém, as manifestações de violência mudam e

se diferenciam ao longo desse processo histórico. Como nos mostra Marx: “Na história real,

como se sabe, a conquista, a subjugação, o assassínio para roubar, em suma, a violência,

desempenham o principal papel” (MARX, 1996, p. 340).

Vemos com isso, que a violência se constitui no mecanismo de conquista e subjugação

de um poder para legitimar-se sob outro por meio do trabalho e do direito. Portanto, a

violência é utilizada de forma naturalizada servindo como meio de enriquecimento.

Analisando a sociedade burguesa2, entendemos que esta só pôde ascender devido ao fato de

que, a sociedade feudal entrou em crise, dando as possibilidades para o processo de

consolidação do modo de produção capitalista. As contradições das classes não deixaram de

2 De acordo com Marx e Engels: “A burguesia submeteu o campo à cidade. Criou cidades enormes, aumentou

prodigiosamente a população urbana em comparação com a rural e, dessa arrancou uma grande parte da

população do embrutecimento da vida do campo. Assim como colocou sob o domínio da cidade, também pôs os

povos bárbaros e semibárbaros na dependência dos civilizados, as nações agrárias sob o jugo das burguesas, o

oriente sob o Ocidente” (MARX & ENGELS, 2008, p. 15).

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existir, pelo contrário, agora tomavam novas dimensões, novas formas de opressão e

exploração, cuja violência se afirmava e com ela a negação da condição de existência humana

O modo de produção especificamente capitalista teve no seu processo de consolidação

o abuso da violência direta. O período de transição do modo de produção feudalista para o

modo de produção capitalista, a qual Marx intitula por “A Assim Chamada Acumulação

Primitiva” “[...] precedente à acumulação capitalista, uma acumulação que não é resultado do

modo de produção capitalista, mas sim, seu ponto de partida” (MARX, 1996, p. 339), é

marcada historicamente pelo abuso, exploração, degradação e miséria dos explorados.

A “Assim Chamada Acumulação Primitiva” teve por base condições fundamentais

para a produção capitalista. Foram elas: o trabalhador, produtor direto, separado dos meios de

produção. Com isto, se dá o surgimento de duas classes antagônicas, que desempenham

funções distintas. Por um lado, temos os explorados- trabalhadores livres, vendedores da força

de trabalho – por outro, os exploradores – donos da propriedade privada e meios de produção.

Podemos identificar o revolucionamento do proletariado „livre como pássaro‟ como

sendo a base preliminar do modo de produção capitalista. A dissolução dos séquitos feudais,

datada entre o final do século XV e início do século XVI, resultou num massivo número de

indivíduos lançados no mercado de trabalho. O que percebemos é que a lei neste processo de

desenvolvimento do século de XVIII, passou a ser veículo do roubo das terras do povo.

Tratava-se das “leis de cercamento” da terra comunal, ou seja, decretos dos quais os

proprietários fundiários faziam destas terras como propriedade privada e expropriavam o

povo. Assim,

[...] foi ao lado do roubo dos domínios do Estado, sobretudo o furto

sistematicamente executado da propriedade comunal que ajudou a inchar

aqueles grandes arrendamentos de capital ou arrendamento de mercador, e a

“liberar” o povo rural como proletariado para a indústria (MARX, 1996, p.

349).

Tanto as terras em alqueive, ou seja, aquelas que não estavam sendo cultivadas, como

as que estavam sob cultivo eram submetidas ao cercamento. Assim, aumentavam os

monopólios dos grandes arrendamentos, elevavam os preços dos meios de subsistência e

produziam despovoamento. As manufaturas e cidades adquiriram um certo nível de

crescimento, e as pessoas eram impelidas a buscarem empregos para prover sua subsistência.

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Os pequenos proprietários fundiários e arrendatários foram rebaixados à condição de

jornaleiros e trabalhadores de aluguel. Podemos afirmar que a usurpação da terra comunal e a

revolução agrícola surtiram efeitos profundos sobre o trabalhador.

A defesa do “sagrado direito a propriedade” e a forma violenta como os trabalhadores

foram expropriados configuram a base do modo de produção capitalista, assim como toda

pilhagem de horrores que assolaram o povo do último século XV até o fim do século XVIII.

Em se tratando das terras, os acres para lavoura, tornam-se acres para pastagem de gado. No

século XIX, perde-se a conexão de lavoura como propriedade comunal. O processo de

Clearing of Estates, ou seja, clarear-limpar as propriedades de seres humanos, caracterizou-se

como último processo de expropriação dos lavradores de suas bases fundiárias, trata-se agora,

que já não há camponeses à serem varridos, os trabalhadores não encontravam sequer espaço

para sua moradia, nem mesmo sobre o solo que lavravam.

Assim, as leis de clareamento de terras foram impostas à base da força e de grande

violência sobre os camponeses. O campo passou a favorecer a agricultura capitalista ao

incorporar a base fundiária ao capital, criando para a indústria moderna o necessário

proletário livre como pássaro. Assim, a expropriação da massa do povo constitui a pré-

história do capital, e ressaltamos: “A expropriação dos produtores diretos é realizada com o

mais implacável vandalismo e sob impulso das paixões mais sujas, mais infames e mais

mesquinhamente odiosas” (MARX, 1996, p. 380). Uma expropriação a qual se utilizou dos

métodos mais violentos, que superam até o imaginário mais vil, configurando a acumulação

primitiva do capital.

Podemos observar como o fenômeno da violência deu as condições para que o modo

de produção capitalista encontrasse as bases para sua consolidação. A violenta usurpação e

expropriação das terras amparadas pelo aparato legal das leis de cercamento e clareamento,

aceleraram a transição do modo de produção feudalista para o modo de produção capitalista,

configurando o prelúdio do capitalismo maduro. Milhares de camponeses expulsos foram

lançados às cidades em busca de trabalho para garantir sua sobrevivência. Entretanto, esses

milhares de braços supérfluos que não conseguiam se inserir no novo mercado seriam

combatidos sob o regime da ferrenha Legislação Sanguinária3. A expulsão pela dissolução dos

séquitos feudais e a devastadora expropriação da base fundiária lançou uma gama de

3 Surgindo assim, no final do século XV e todo o século XVI, uma legislação sanguinária destinada ao combate

desta vagabundagem. Esta era entendida pela legislação como criminosos “voluntários”, pois dependia destes

sujeitos continuar trabalhando nas antigas condições, que já não mais existiam.

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proletário “livre como pássaro” que não podia ser absorvida pela manufatura nascente com a

mesma velocidade que foi posta no mundo. Em paralelo, havia outra parte também

bruscamente arrancada de seu modo costumeiro de vida que não conseguia se enquadrar na

nova disciplina da condição: “Eles se converteram em massas de esmoleiros, assaltantes,

vagabundos, em parte por predisposição e na maioria dos casos por força das circunstâncias”

(MARX, 1996, p. 346).

A violência expressa na Legislação Sanguinária possibilitou a reprodução e ampliação

da dominação e exploração da força de trabalho do trabalhador „livre como pássaro‟ no

processo de consolidação do modo de produção capitalista. A vagabundagem tratada com

hostilidade e repressão da violência legalizada e extra- econômica, dava ao capitalismo a

força de trabalho necessária para alavancar o processo de produção, pois havia um

contingente de trabalhadores cuja força de trabalho estava disposto a vender a qualquer preço

para sobreviver e não cair nas mãos da ferrenha Legislação Sanguinária. Além disso, a

violenta expulsão dos camponeses de suas terras também propiciou milhares de braços livres

para vender sua força de trabalho, alavancando, assim, o nascimento e expansão da Grande

Indústria.

Como vimos, a violenta criação do proletariado, que o transformou forçosamente em

trabalhador assalariado, a disciplina sanguinária, a sórdida ação do soberano e do Estado que

se acentua com a crescente acumulação do capital “[...] forneceu a indústria urbana mais e

mais massas de proletários” (MARX, 1996, p. 365). A diminuição do povo independente,

economicamente autônomo, teve como resquício o adensamento do proletariado industrial.

Aqui, mais uma vez, a violência aparece condicionada à situação econômica. É nesse

regime de força de expropriação dos domínios vastos de terra, que o trabalho assalariado se

consolida e é reproduzido. A classe trabalhadora é explorada para manter uma população

fabril sempre dependente e miserável disposta a sujeitar a sua força de trabalho a qualquer

condição. Nesse processo, os trabalhadores assalariados sujeitam sua força de trabalho aos

capitalistas industriais, ao mercado mundial e ao sistema de crédito emergente. Essa sujeição

resulta numa dependência sempre contínua do trabalhador em vender sua força de trabalho,

pois os meios de subsistência e matérias-primas estão concentrados no grande mercado

abastecido pelo capital.

O nascimento da grande indústria foi celebrado com a eclosão do rapto de crianças

neste mercado, que com suas mãos pequenas e dedos rápidos ofereciam agilidade para a

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produção, portanto, eram os mais requisitados. Virou prática adotar jovens para transformá-

los em aprendizes, seus mestres os vestia e os abrigava próximos as fábricas. Estas crianças

eram impelidas à trabalharem ao máximo, pois seus feitores ganhavam conforme o quantum

produzido por elas. E muitas delas eram açoitadas, acorrentadas e torturadas, outras morriam

de fome ou exauridas pelo excesso de trabalho, além das que foram compelidas ao suicídio.

Enquanto se introduzia a escravidão do trabalho infantil na Inglaterra, a indústria de

algodão dava, ao mesmo tempo, o impulso para transformar a economia escravista dos

Estados Unidos. Tudo isto, se fazia necessário para desatar “as leis naturais” do modo de

produção capitalista, para completar o processo de separação entre trabalhadores e meios de

produção. De um lado os meios de subsistência e produção convertidos em capital e, do outro,

a massa do povo, trabalhadores assalariados, pobres laboriosos livres. Assim, o advento da

Grande Indústria, essa violência não só se intensificou, mas também atingiu novas dimensões.

Aqui por exemplo, temos o pauperismo da classe operária, resultado da inserção da máquina

no processo de trabalho e da intensificação da exploração do trabalho, não só dos homens,

como das mulheres e crianças. Como nos mostra Marx:

A contradição entre a divisão manufatureira do trabalho e a essência da

grande indústria impõe-se com violência. Ela aparece, entre outras coisas, no

terrível fato de que grande parte das crianças empregadas nas fábricas

modernas e nas manufaturas, soldadas desde a mais tenra idade às

manipulações mais simples, é explorada durante anos sem aprender nenhum

trabalho que as torne mais tarde úteis ao menos nessa mesma fábrica ou

manufatura (MARX, 1996, p. 113).

Deste modo, o estudo acerca da Lei Geral da Acumulação Capitalista evidencia o

fenômeno da violência numa sociedade regida pelo capital e cujo caráter imprime a

estigmatização daqueles que são submetidos a tal regime, uma vez que esta dinâmica gera

situações de total degradação, não importando que o grau de exploração sobre o trabalhador

seja tão intensa e perigosa a ponto de pôr em risco sua vida.

3. A VIOLÊNCIA EXPRESSA NO MODO DE PRODUÇÃO

ESPECIFICAMENTE CAPITALISTA: a lei geral da acumulação capitalista

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Aqui, partiremos da premissa: o capital se produz e se reproduz à medida que explora

mais força de trabalho e com isso extrai mais-valia, o lucro. Marx, na “Lei Geral da

Acumulação Capitalista” aborda como o crescimento do capital afetou a vida da classe

trabalhadora considerando as transformações da composição orgânica do capital no processo

de acumulação. A revolução dos processos técnicos de produção no período da

industrialização resultou numa violência extra-econômica que afetou a condição de vida e

trabalho da classe trabalhadora, como vimos no item anterior com a crescente miséria da

classe operária e as mazelas decorrentes desse processo. Já sabemos que tais inovações

tecnológicas permitiram aos capitalistas reduzir os custos no processo de produção. De forma

que, esses progressos tecnológicos se tornaram decisivos para elevação da composição

orgânica do capital. Esse movimento de variação da composição orgânica do capital está

revelado no que Marx denominou como “Lei Geral de Acumulação Capitalista”, dos quais,

temos como principais desdobramentos desse processo o pauperismo e desemprego massivo

da classe trabalhadora revelando a violência explícita da dinâmica desta lei sob a classe

trabalhadora.

Aprofundemos a questão: a composição do capital deve ser estudada em dois sentidos:

da composição-valor, que se refere à proporção de repartição de capital constante (valor dos

meios de produção) e variável (valor de força de trabalho); e a composição-técnica que diz

respeito à proporção da massa dos meios de produção e o quantum da força de trabalho viva

exigidos para a produção. À medida que há crescimento de capital há também o crescimento

da parte variável, ou seja, a demanda de força de trabalho. A cada ano mais trabalhadores são

requisitados para a produção, com isso crescem as necessidades da acumulação, havendo

então o aumento salarial, como nos mostra Marx: “Acumulação do capital é, portanto,

multiplicação do proletariado” (MARX,1996, p.246). A exploração e a dominação do capital

se expandem conforme a quantidade de seus subordinados. Mediante isto, a força de trabalho

não é comprada para atender as necessidades do comprador, mas sim para que reproduza a

valorização de capital por meio da produção de mercadorias que contenham o mais-trabalho

(mais-valia) cujo valor nada lhe custa e que se realiza na venda destas mesmas mercadorias

Portanto, a dinâmica do modo de produção especificamente capitalista consiste em

que, com a acumulação, desenvolve-se o próprio modo de produção, e este, por sua vez, torna

a desenvolver sua própria acumulação do capital. Em Marx vemos: “Todo capital individual é

uma concentração maior ou menor de meios de produção com comando correspondente sobre

um exército maior ou menor de trabalhadores. Toda acumulação torna-se meio de nova

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acumulação” (MARX, 1996, p. 256). Ou seja, todo capital individual é uma concentração de

meios de produção que comandam um exército de trabalhadores, em decorrência disto, toda

acumulação é capaz de gerar nova acumulação, pois a concentração de capital nas mãos dos

capitalistas oferece base para a produção em larga escala. Assim, a acumulação é capaz de

gerar um número maior ou menor de capitalistas.

A acumulação dos capitalistas individuais faz crescer o capital social, e assim vai se

constituindo o capital global de uma sociedade. O surgimento de novos capitalistas se dá

porque parcelas do capital original se destaca e permite a formação de novos capitais

autônomos. Isso é possível devido a dois fatores: primeiro porque a concentração dos meios

de produção pelos capitalistas é limitada pelo grau de desenvolvimento da riqueza social. E

segundo, porque o capital social está dividido entre muitos capitalistas que se confrontam

enquanto produtores de mercadorias, portanto, concorrentes, permitindo que capitais antigos

se fragmentem. “Assim, se a acumulação se apresenta, por um lado, como concentração

crescente dos meios de produção e do comando sobre o trabalho, por outro lado ela aparece

como repulsão recíproca entre muitos capitais individuais” (MARX, 1996, p. 257).

Entendemos que se por um lado a acumulação concentra meios de produção e comando sobre

o trabalho, por outro, ela repele muitos capitais individuais.

A repulsão de capital individual pelo capital global é um processo que já não é uma

concentração simples dos meios de produção e força de trabalho, é um processo complexo.

Ou seja, é a concentração de capitais, a expropriação de capitalista por capitalista e poucos

pequenos capitais convertidos em capitais maiores. É nesse movimento de concentração, que

os grandes capitais tendem à uma centralização, na tentativa de evitar seu próprio

aniquilamento e se tornarem grandes potências de riqueza.

Assim, se começa a disputa dos capitalistas menores por espaço em que as “[...]

esferas da produção das quais a grande indústria se apoderou apenas de modo esporádico ou

incompleto” (MARX, 1996, p. 258). Com isso: “A concorrência se desencadeia aí com fúria

diretamente proporcional ao número e em proporção inversa à grandeza dos capitais rivais”

(MARX, 1996, p. 258). Se por um lado, temos o processo simples de concentração de meios

de produção e força de trabalho, e, por outro, a concentração e centralização dos capitais,

devemos considerar como agente aquecedor da acumulação, o sistema de crédito, que a priori

cresce timidamente como auxílio para acumulação com recursos monetários dispersos pela

sociedade, “[...] mas logo se torna uma nova e temível arma na luta da concorrência e

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finalmente se transforma em enorme mecanismo social para a centralização dos capitais”

(MARX, 1996, p. 258).

O capitalista tem por objetivo a extração da mais-valia visando o excedente, mas além

de se preocupar com a exploração da força de trabalho, deve atentar na concorrência com

outros capitalistas. No intuito de ultrapassarem outros capitalistas, muitos utilizam-se da

inovação tecnológica, pois, aqueles capitalistas que conseguem acumular mais têm maiores de

chances de derrubarem seus concorrentes. Como nos mostra Engels: “A concorrência é a

expressão mais completa da guerra de todos contra todos que impera na moderna sociedade

burguesa. Essa guerra, uma guerra pela vida, pela existência, por tudo e que, em caso de

necessidade, pode ser uma guerra de morte” (ENGELS, 2010, p. 117, grifos do autor).

Deste modo, é importante chamarmos a atenção, resultado deste processo de

concentração e centralização, a concorrência da classe trabalhadora que se configura numa

manifestação de violência da dinâmica capitalista, pois esse movimento tem como efeito uma

piora nas condições de vida dessa classe. A concorrência, nada mais é que uma arma eficiente

da burguesia contra o trabalhador, pois o proletariado é desprovido de tudo, seus meios de

subsistência estão nas mãos da burguesia, esses meios só lhe são oferecidos em troca de um

equivalente que é a força de trabalho desse operário. Por se tratar de uma venda de força de

trabalho formalmente livre, a burguesia dar a aparência de que os trabalhadores são os

condutores de seu próprio destino, cabe a estes lutar entre seus concorrentes para que

consigam vender sua força de trabalho e garantir a manutenção de sua vida e de sua família.

Diante do desenvolvimento capitalista, no que diz respeito à concentração e

centralização dos capitais, temos como consequência para a classe operária o surgimento de

um exército industrial de reserva. Por hora, basta-nos entender que, à proporção que os

capitais se concentram e se centralizam, há uma diminuição de capital variável, lançando

massas de trabalhadores que não conseguem vender sua força de trabalho e têm ceifada de

suas vidas as condições mínimas para prover de seus meios de subsistências, logo, essas

massas são condicionadas à violência extra-econômica do pauperismo e venda de sua força de

trabalho à salários baixíssimos.

Eis como a violência se expressa na concorrência provocada pela diminuição da

procura de capital variável fruto do movimento de concentração e centralização do capital: o

trabalhador se converte num escravo do capital sob a ideia de que ele é livre para competir

entre os seus ou se render a compor a massa supérflua. A esse respeito dessa liberdade,

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Engels refuta: “Bela liberdade, que deixa o proletariado, como alternativa à aceitação das

condições impostas pela burguesia, chance de morrer de fome, de frio, de deitar-se nu e

dormir como animal selvagem (2010, p. 118). Vemos, com isso, tratar-se de uma liberdade

inexistente, uma vez que ao trabalhador vendido como mercadoria, a qual seu preço aumenta

e diminui de acordo com a demanda do capital, só lhe resta sujeitar-se as condições impostas

para sobreviver. Assim, revelamos a violência da dinâmica capitalista expressa na Lei Geral

de Acumulação Capitalista na precária da condição de vida para reprodução e expansão do

capital, sujeitando a classe trabalhadora aos ditames da exploração e subserviência deste

modo de produção.

Assim, se a população trabalhadora produz sua redundância relativa, entendemos que

a superpopulação ou exército industrial de reserva, é, portanto, alavanca para a acumulação

capitalista, senão sua condição de existência. Isto porque: “Ela constitui um exército industrial

de reserva disponível, que pertence ao capital de maneira tão absoluta, como se ele o tivesse

criado à sua própria custa” (MARX, 1996, p. 263) e que valoriza a força de trabalho humana a

ser explorada. Nada mais óbvio que: uma vez que se desenvolve as forças produtivas nesse

modo de produção especificamente capitalista, a expansão do capital cresce subitamente

aliados ao crédito que é grande estimulador da riqueza social. O capital então abundante

lança-se na produção de ramos antigos a qual o mercado continua se ampliando, ou em novos

ramos descobertos surgidos do desenvolvimento dos ramos antigos. Portanto, para cobrir esta

demanda, se faz necessário massas humanas para serem lançadas nestas esferas de produção,

para que as outras esferas, então em funcionamento não sejam quebradas. Variações que

recrutam a superpopulação para reproduzir o curso de vida característico da empresa

moderna.

Essa dinâmica verificada na indústria moderna, jamais seria possível em outro

momento da história, pois até quando o capitalismo estava dando seus primeiros passos, a

composição do capital se alterava lentamente. A acumulação era gradual, acompanhando o

ritmo da demanda de força de trabalho. Assim, como afirma Marx: “Lento como o progresso

de sua acumulação, se comparado com o da época moderna, ele se chocava com barreiras

naturais da população trabalhadora explorável, que só foram removidas por meios violentos

[...]” (MARX, 1996, p.263). Como pudemos apreender, quanto maior for a riqueza social e o

capital em funcionamento, logo, maior a grandeza absoluta do proletariado e a força produtiva

do trabalho e seu exército industrial de reserva.

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Isto posto, percebemos que o próprio mecanismo de produção e acumulação ajustam

essa reserva laboriosa às suas necessidades, assim, alcançando sua contínua valorização. Esse

ajustamento é alcançado pela criação de uma superpopulação relativa e a crescente miséria do

exército ativo de trabalhadores. Desta forma, a grandeza proporcional do exército industrial

de reserva faz crescer as potências da riqueza. E quanto maior a camada da classe

trabalhadora e exército industrial, tanto maior o pauperismo oficial, essa é, senão, a própria

Lei Absoluta Geral da Acumulação Capitalista. Segundo Marx, “é a lei segundo a qual uma

massa sempre crescente de meios de produção, graças ao progresso da produtividade do

trabalho social, pode ser colocada em movimento com um dispêndio progressivamente

decrescente de força humana” (MARX, 1996, p. 274). Portanto, é na “Lei Geral da

Acumulação Capitalista” que temos como parte do processo da dinâmica capitalista, uma

massa sempre crescente de meios de produção - resultado do progresso da produtividade do

trabalho – e que se movimenta sob dispêndio decrescente de força de trabalho humana.

Ademais, nesta lei, são os meios de trabalho que empregam o trabalhador e não o contrário.

Assim, quanto mais desenvolvida as forças produtivas, maior a pressão dos trabalhadores aos

meios de trabalho e tanto mais precária sua condição de existência.

Desse modo, vimos como a violência não é um mero ato de vontade, mas um

mecanismo de condições reais para pôr em funcionamento seu exercício, assim, como

pudemos apreender na Lei Geral da Acumulação Capitalista. É nesta lei que se produz uma

superpopulação relativa, que nada mais é, que o panorama da lei da oferta e da procura da

força de trabalho, onde o mais perfeito esmaga o mais imperfeito. A dinâmica da relação

capital/trabalho resulta na riqueza de uma classe a partir da pauperização e exploração da

outra, tais condições culminam no agravamento das desigualdades sociais, acentuadas no

contexto da indústria moderna com o pauperismo generalizado do proletariado, fazendo

emergir com isto, o que se convencionou chamar por “Questão Social”.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fundamentados em autores como Karl Marx e Friedrich Engels, concluímos que o

processo do modo de produção capitalista consiste na apropriação da propriedade privada e

meios de produção, em que o capitalista ao comprar a força de trabalho do trabalhador

assalariado extrai deste a mais-valia, fonte de seu lucro. Neste cenário econômico, revela-se

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que nem todos precisam prover de tal esforço, há os que detêm a riqueza e há aqueles que

possuem apenas a força de trabalho para vender, resultando numa contínua pobreza destes, e

riqueza da minoria que sequer trabalha. Ou seja, este modo de produção se baseia na

exploração do trabalho alheio, mas formalmente livre.

Constatamos que a violência deste modo de produção é evidenciada antes mesmo do

modo de produção capitalista atingir seu amadurecimento, que é no que Marx denomina como

“Acumulação Primitiva do Capital”, Um processo em que os grandes proprietários buscando

o domínio sobre a produção agrícola, expropriaram das mãos dos camponeses os meios de

produção, usurparam suas terras e para estes não sobrou outra opção senão a venda de sua

força de trabalho para prover de seus meios de subsistência para sobreviver. Tal expropriação

de camponeses resultou numa massa de indivíduos, desempregados, que por não encontrarem

espaço para vender sua força de trabalho, transformaram-se em vagabundos e mendigos.

Como resultado deste processo, saques e roubos eram constantes, e como forma de repressão

para esses agravantes, criou-se uma legislação sanguinária para punir e torturar esses

indivíduos marginalizados, esses mecanismos configuram no que Marx chama por violência

extra-econômica.

Hoje, nos inserimos num século no qual, evidencia-se o aspecto paradoxal do ser

humano: seu altruísmo caminha simultaneamente com sua violência. Enquanto deu largos

passos na busca do saber científico, realizando progressos tecnológicos antes inimagináveis,

prolongando a vida humana no seu ininterrupto trabalho de combate às doenças, ao mesmo

tempo fabricou armas de alto poder mortífero, e como visto na história com uma só explosão

de bomba, fez perecer milhares de pessoas. Eis a nossa conclusão: a luta pelo fim da

violência expressa nas desigualdades sociais produzidas pelo dinâmica capitalista só será

eficaz se as transformações ocorrerem na esfera da produção e, portanto, na propriedade

privada dos meios de produção. Aqui estamos tratando da abolição da propriedade privada

dos meios de produção, da exploração capitalista e da alienação do trabalho e do fim da rígida

divisão social do trabalho que segrega, corrompe e dizima a vida da classe trabalhadora.

Assim, temos a violência aqui, explicitada: o aumento da exploração do trabalho

humano, a qual o trabalho feminino e infantil foram intensificados no período da indústria

moderna; o pauperismo generalizado, o desemprego crônico, a segregação do trabalho, a

criminalidade, dentre outros são os resultados da dinâmica desse modo especifico de

produção. Vemos, portanto, que a superação das desigualdades socais é incabível dentro das

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determinações do capitalismo, que precisa dessa polarização entre riqueza e miséria, precisa

da contradição para expansão e acumulação do capital.

Deste modo, apreendemos, que o modo de produção de capitalista produz as condições

materiais humanas, mas, em contrapartida, essa mesma produção é construída sob relações

essencialmente contraditórias reguladas pelo desenvolvimento das forças produtivas. Com

isso, entendemos que a violência expressa na dominação e na exploração que atinge toda

classe trabalhadora se configura numa necessidade do capital para continuar acumulando e se

expandindo. A violência se revela como uma doença social, é consequência da fome, da

miséria, resultantes da dinâmica que sustenta o sistema capitalista. A nosso ver, diante de suas

casualidades o modo de produção capitalista sempre encontrará mudanças estratégicas para

acumulação e reprodução de sua ordem, ocasionando variadas manifestações de violência,

mas cuja essência de exploração continuará pautada na sagrada “Lei Geral da Acumulação

Capitalista”.

5. REFERÊNCIAS

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supervisão, apresentação e notas José Paulo Netto. – [Edição revista]. – São Paulo: Boitempo,

2010.

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terra. São Paulo, 2000.

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Janeiro: Guanabara, 1959.

LESSA, Sérgio. TONET, Ivo. Introdução à filosofia de Marx. 2. Ed. São Paulo: Expressão

Popular, 2011.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. 1. Ed. São Paulo:

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MARX, Karl. O capital: Crítica da economia política. Trad. Regis Barbosa e Flávio R. Kothe.

Coleção Os economistas. Vol. 1. São Paulo: Nova Cultural, 1996.

MARX, Karl. O capital: Crítica da economia política. Trad. Regis Barbosa e Flávio R. Kothe.

Coleção Os economistas. Vol. 2. São Paulo: Nova Cultural, 1996.

NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Economia Política: uma introdução crítica. 8. Ed. São

Paulo: Cortez, 2012.

PIMENTEL, Edlene. Uma “Nova Questão Social”? Raízes materiais e humano-sociais do

pauperismo de ontem e hoje. 2. Ed. São Paulo, Instituto Lukács, 2012.