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Gustavo Lassala PRODUÇÃO GRÁFICA O fluxograma da reprodução de um original U ma peça gráfica nasce a partir da necessidade de um cliente e normalmente é criada por um designer que irá traduzir conceitos verbais em produto gráfico. A obtenção e manipulação das imagens e textos que vão com- por esse produto dependem da relação entre a necessidade do cliente e o método de trabalho do designer. Ele deve or- questrar a necessidade, forma, função e os meios de produ- ção necessários para a reprodução dessa peça gráfica. Vamos chamar aqui de reprodução de um original o trabalho com imagens e textos, desde a sua captura até a impressão. Essa parte do proces- so gráfico, focada na criação e pré-impressão, depende de conhecimentos técnicos especí- ficos e é decisiva para o sucesso final do pro- jeto, principalmente no que diz respeito à qualidade final das imagens apresentadas. Este artigo pretende estabelecer uma refle- xão sobre o tema fazendo uma abordagem conceitual e metodológica sem entrar em questões técnicas inerentes do original, como resolução, densidade ótica, lineatura, etc. O tratamento de imagem é uma das etapas desse processo e se consolidou a partir dos anos 80 com a introdução da informática na indústria gráfica. As inovações tecnológicas não pararam desde então e acompanhá-las tornou-se uma obrigação para os que tra- balham nesse setor. O profissional deve se acostumar à grande carga de informação re- lativa ao funcionamento dos softwares de computação gráfica e ao fato deles se vol- tarem ao mesmo tempo para diversas mí- dias, como Internet, vídeo e papel. Portanto, dominar o fluxo de reprodução do original é imprescindível. Para entender o fluxo, podemos conside- rar o início do processo no momento em que o original é capturado por um dispositivo de entrada, seguido da manipulação digital e por fim o dispositivo de saída, por exemplo, uma impressora offset. Independentemente das particularidades técnicas do funcionamen- to dos softwares, hardwares e seus respec- tivos dispositivos, a qualidade final da ima- gem sempre deve ser preservada. Afinal, o que é um original? O original é o ponto inicial de um processo de reprodução e manipulação de imagens. Ele é a representação de alguma coisa de forma bidimensio- nal, que poderá ser reproduzida. Por exemplo: foto, pintu- ra, desenho e texto. O original pode ser obtido por processo analógico ou digital. No analógico, por meio da fotografia com filme ou por técnicas convencionais de ilustração como a aquarela. O original analógico precisa passar por um dis- positivo de entrada para ingressar no meio digital e possibilitar sua manipulação. O ori- ginal digital pode ser captado por meio digi- tal, como as fotos com câmeras digitais, ou produzido no próprio meio digital, como um texto composto num programa de editora- ção eletrônica ou uma ilustração digital. O original pode ser classificado como preto-e- branco ou colorido, ter como suporte uma base opaca ou transparente e grafismos a traço ou tom contínuo. No momento de inserção do original no fluxograma, devemos sempre perguntar qual será a sua dimensão final (tamanho), o nível de qualidade necessário (resolução da imagem) e onde será aplicado (revista, cartaz, etc.). Essas perguntas são importan- tes, pois, dependendo do dispositivo de saí- da do original, ele terá de ser obtido com as qualificações necessárias para tal fim. Caso não seja criado com as qualificações neces- sárias, o trabalho de captura e manipulação terá que ser refeito. Há tempos atrás o original era preparado manualmente, como em fotocomposição, por exemplo, onde se utilizava paste up. Hoje em dia, os originais muitas vezes são produzidos e manipulados no computador fazendo uso de ferramentas de editoração eletrônica. Os profissionais de criação normalmente traba- lham com as imagens em baixa resolução na concepção de layouts para aprovação do clien- te. Isso acontece devido à economia de me- mória do computador no processamento de imagens e ganho de tempo de produção, pois imagens com grande resolução demandam capacidades altas de processamento, retar- Esquema geral de reprodução digital de um original ORIGINAL DISPOSITIVO DE ENTRADA MANIPULAÇÃO DIGITAL DISPOSITIVO DE SAÍDA PRODUTO GRÁFICO 26 TECNOLOGIA GRÁFICA TG58 - Producao Grafica Fluxograma.indd 26 3/24/08 3:28:18 PM

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Gustavo Lassala

PRODUÇÃO GRÁFICA

O fluxograma da reprodução de um original

Uma peça gráfica nasce a partir da necessidade de um clien te e normalmente é cria da por um designer que irá traduzir con cei tos ver bais em produto gráfico. A

obtenção e manipulação das imagens e textos que vão com­por esse produto dependem da relação entre a necessidade do clien te e o método de trabalho do designer. Ele deve or­ques trar a necessidade, forma, função e os meios de produ­ção ne ces sá rios para a reprodução dessa peça gráfica. Vamos chamar aqui de reprodução de um original o trabalho com imagens e textos, desde a sua captura até a impressão. Essa parte do proces­so gráfico, focada na cria ção e pré­impressão, depende de conhecimentos técnicos especí­ficos e é decisiva para o sucesso final do pro­jeto, principalmente no que diz res pei to à qua li da de final das imagens apresentadas. Este artigo pretende estabelecer uma refle­xão sobre o tema fazendo uma abordagem con cei tual e metodológica sem entrar em ques tões técnicas inerentes do original, como resolução, densidade ótica, li nea tu ra, etc.

O tratamento de imagem é uma das etapas desse processo e se consolidou a partir dos anos 80 com a introdução da informática na indústria gráfica. As inovações tecnológicas não pararam desde então e acompanhá­las tornou­se uma obrigação para os que tra­balham nesse setor. O pro fis sio nal deve se acostumar à grande carga de informação re­lativa ao fun cio na men to dos soft wares de computação gráfica e ao fato deles se vol­tarem ao mesmo tempo para diversas mí­dias, como Internet, vídeo e papel. Portanto, dominar o fluxo de reprodução do original é imprescindível.

Para entender o fluxo, podemos conside­rar o início do processo no momento em que o original é capturado por um dispositivo de entrada, se gui do da manipulação digital e por fim o dispositivo de saí da, por exemplo, uma impressora offset. Independentemente das particularidades técnicas do fun cio na men­to dos soft wares, hard wares e seus respec­tivos dispositivos, a qua li da de final da ima­gem sempre deve ser preservada.

Afinal, o que é um original? O original é o ponto ini cial de um processo de reprodução e manipulação de imagens. Ele é a representação de alguma coi sa de forma bi di men sio­nal, que poderá ser reproduzida. Por exemplo: foto, pintu­ra, desenho e texto. O original pode ser obtido por processo analógico ou digital. No analógico, por meio da fotografia com filme ou por técnicas con ven cio nais de ilustração como a aqua re la. O original analógico precisa passar por um dis­

positivo de entrada para ingressar no meio digital e possibilitar sua manipulação. O ori­ginal digital pode ser captado por meio digi­tal, como as fotos com câmeras di gi tais, ou produzido no próprio meio digital, como um texto composto num programa de editora­ção eletrônica ou uma ilustração digital. O original pode ser classificado como preto­e­branco ou colorido, ter como suporte uma base opaca ou transparente e grafismos a traço ou tom contínuo.

No momento de inserção do original no f luxograma, devemos sempre perguntar qual será a sua dimensão final (tamanho), o nível de qua li da de necessário (resolução da imagem) e onde será aplicado (revista, cartaz, etc.). Essas perguntas são importan­tes, pois, dependendo do dispositivo de saí­da do original, ele terá de ser obtido com as qua li fi ca ções ne ces sá rias para tal fim. Caso não seja cria do com as qua li fi ca ções ne ces­sá rias, o trabalho de captura e manipulação terá que ser re fei to.

Há tempos atrás o original era preparado ma nual men te, como em fotocomposição, por exemplo, onde se utilizava paste up. Hoje em dia, os ori gi nais mui tas vezes são produzidos e manipulados no computador fazendo uso de ferramentas de editoração eletrônica. Os pro fis sio nais de cria ção normalmente traba­lham com as imagens em bai xa resolução na concepção de la youts para aprovação do clien­te. Isso acontece devido à economia de me­mória do computador no processamento de imagens e ganho de tempo de produção, pois imagens com grande resolução demandam capacidades altas de processamento, retar­

Esquema geral de reprodução digital de um original

ORIGINAL

DISPOSITIVO DE ENTRADA

MANIPULAÇÃO DIGITAL

DISPOSITIVO DE SAÍDA

PRODUTO GRÁFICO

ORIGINAL

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MANIPULAÇÃO DIGITAL

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PRODUTO GRÁFICO

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MANIPULAÇÃO DIGITAL

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PRODUTO GRÁFICO

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DISPOSITIVO DE ENTRADA

MANIPULAÇÃO DIGITAL

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PRODUTO GRÁFICO

ORIGINAL

DISPOSITIVO DE ENTRADA

MANIPULAÇÃO DIGITAL

DISPOSITIVO DE SAÍDA

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dando o processo de as so cia ção livre na cria ção. No entan­to, de pois de aprovado, o la yout precisa ser “re fei to” para se ade quar ao dispositivo de saí da, caso não tenha sido conce­bido com as características apro pria das. Refazer, nesse caso, significa verificar a qua li da de do original na manipulação digital e ava liar a real necessidade de se refazer o processo de obtenção pelo dispositivo de entrada, fazendo as três per­guntas básicas ressaltadas no início do parágrafo, que dizem res pei to à dimensão, qua li da de e aplicação.

Com a evolução tecnológica, os dispositivos de entrada e manipulação se tornam cada vez mais fá ceis de operar. No entanto, o que percebemos é que a falta de conhecimento do fluxograma de reprodução do original faz com que mui­tas vezes detalhes importantes passem despercebidos e os problemas acabam surgindo justamente na etapa onde a peça gráfica deve se adaptar ao dispositivo de saí da. Antes da pré­impressão digital, os ar qui vos eram en via dos impres­sos para a gráfica, no que podemos chamar de pré­impressão con ven cio nal. Atual men te, numa pré­impressão digital, o ar qui vo é entregue em meios di gi tais, podendo ser um ar­qui vo nativo do soft ware em que foi produzido ou um ar­

Classificação do original

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qui vo de plataforma, comum entre soft wares e equi pa men­tos. De pois de entregue o ar qui vo para a gráfica, ele vai dar origem à matriz de impressão. Nessa fase já é tarde de mais para ajustes e o trabalho normalmente é adaptado para não retornar todo o fluxo, dando origem a imagens distorcidas e de bai xa qua li da de no impresso. Esse é um dos grandes problemas na reprodução de um original. O entendimento desse fluxo tem por objetivo di mi nuir o gargalo formado e lembrar que um trabalho gráfico, seja ele qual for, depende sempre de uma boa metodologia e capacidade de enxergar cada etapa do processo tendo em mente a visão do todo.

Gustavo Lassala é designer e professor da Escola Senai Theobaldo De Nigris no curso de pós-graduação, em Planejamento e Produção de Mídia Impressa.

GRADAÇÃO TONAL COR SUPORTE

Tom contínuo Colorido Opaco

Traço Preto e branco Transparente

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