21
O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM, INTERPRETAÇÃO E PRÁTICA DE CONCITOS EM MATEMATICA Maria Francisca Barros Marinho 1 RESUMO O presente trabalho é resultado de uma pesquisa-ação que ocorreu acerca dos problemas de aprendizagem da leitura, interpretação e cálculos matemáticos em duas turmas de 5º ano do Ensino Fundamental. Teve também como objetivo refletir e propor soluções para sanar tais dificuldades. Para a coleta de dados utilizou-se vários documentos tais como: diários de classe dos docentes, resultado bimestral, cadernos dos alunos, ficha de acompanhamento das aulas ministrada pelas professoras, caderno de planejamento, um roteiro de entrevista, dois questionários com perguntas abertas e fechadas. Como referencial teórico usou-se obras de vários autores que tratam sobre o tema. Na metodologia é apresentada a forma como aconteceu a coleta, transcrição e análise de dados. Como fruto deste trabalho enfatiza-se a importância da intervenção nas dificuldades de leitura, interpretação e cálculos matemáticos, bem como a necessidade de estudos mais aprofundados sobe o assunto abordado. Palavras-chave: pesquisa-ação, intervenção, leitura, interpretação, cálculos matemáticos. 1. INTRODUÇÃO: Este estudo caracteriza-se como pesquisa-ação e tem como objetivo solucionar o problema de leitura, interpretação e cálculos matemáticos através das ações do Projeto de Intervenção. Aqui estão sendo apresentadas algumas reflexões acerca do problema detectado na Escola Estadual Paulina Câmara, propondo ações de melhoria 1 Maria Francisca Barros Marinho. Licenciada em Pedagogia pela Fundação Universidade do Tocantins/EADCON. Professora da Rede Pública Estadual, atualmente ocupa o cargo de Coordenadora Pedagógica na Escola Estadual Paulina Câmara em Barrolândia To. E-mail: [email protected] .

O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE

APRENDIZAGEM, INTERPRETAÇÃO E PRÁTICA DE CONCITOS

EM MATEMATICA

Maria Francisca Barros Marinho1

RESUMO

O presente trabalho é resultado de uma pesquisa-ação que ocorreu acerca dos problemas de

aprendizagem da leitura, interpretação e cálculos matemáticos em duas turmas de 5º ano

do Ensino Fundamental. Teve também como objetivo refletir e propor soluções para sanar

tais dificuldades. Para a coleta de dados utilizou-se vários documentos tais como: diários

de classe dos docentes, resultado bimestral, cadernos dos alunos, ficha de

acompanhamento das aulas ministrada pelas professoras, caderno de planejamento, um

roteiro de entrevista, dois questionários com perguntas abertas e fechadas. Como

referencial teórico usou-se obras de vários autores que tratam sobre o tema. Na

metodologia é apresentada a forma como aconteceu a coleta, transcrição e análise de

dados. Como fruto deste trabalho enfatiza-se a importância da intervenção nas dificuldades

de leitura, interpretação e cálculos matemáticos, bem como a necessidade de estudos mais

aprofundados sobe o assunto abordado.

Palavras-chave: pesquisa-ação, intervenção, leitura, interpretação, cálculos matemáticos.

1. INTRODUÇÃO:

Este estudo caracteriza-se como pesquisa-ação e tem como objetivo

solucionar o problema de leitura, interpretação e cálculos matemáticos através das ações

do Projeto de Intervenção. Aqui estão sendo apresentadas algumas reflexões acerca do

problema detectado na Escola Estadual Paulina Câmara, propondo ações de melhoria

1Maria Francisca Barros Marinho. Licenciada em Pedagogia pela Fundação Universidade do

Tocantins/EADCON. Professora da Rede Pública Estadual, atualmente ocupa o cargo de Coordenadora

Pedagógica na Escola Estadual Paulina Câmara em Barrolândia – To. E-mail:

[email protected].

Page 2: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

como jogos, gincanas, pesquisas, teatros, enfim, envolvendo a leitura, a escrita e a

interpretação na resolução de problemas matemáticos, para despertar nas professoras o

interesse por praticas inovadoras que venham elevar o rendimento escolar dos alunos

através de um atendimento diferenciado, utilizando o lúdico para dinamizar as aulas e

atividades, envolvendo os alunos que apresentam defasagem e/ou dificuldades na

aprendizagem das disciplinas de língua Portuguesa e Matemática.

Como instrumento de coleta de dados utilizou-se um roteiro de entrevista

direcionado às professoras e dois diferentes questionários com questões abertas e fechadas

para os pais e para os alunos, sobre o processo de ensino e aprendizagem de leitura, escrita,

interpretação e cálculos matemáticos. Dessa pesquisa participaram 2 professoras, 18

alunos e 4 pais.

2. HISTORICO DA ESCOLA PESQUISADA

Essa pesquisa foi realizada na Escola Estadual Paulina Câmara,

localizada na Rua Diogo Jardim nº. 207, no Setor Vila Nova na cidade de Barrolândia -

Tocantins, fone: 3376-1240, fax: 3376-1180. Foi inaugurada no dia 1º de janeiro de 1990,

passando atender 628, distribuídos entre Educação Infantil e o Ensino Fundamental do 1º

ao 9º ano, funcionando em três turnos consecutivos, (das 7:15h às 11:30, das 13:15h às

17:40h e das 19h às 23h), tendo como 1ª diretora, a senhora Gilene Aquino Silva. No

período de 1990 a 2011, teve nove diretores. Atualmente atende 298 alunos do 2º ao 9º

ano, em dois turnos subsecutivos, (das 7:15h às 11:30, das 13:15h às 17:40h), tem como

diretor, o senhor Fábio Adriano de Souza Ribeiro.

É uma escola bem equipada de material pedagógico de apoio ao

professor, como: jogos, quebra cabeça, dominós, CDs, DVDs, data show, etc. Tem uma

Biblioteca com 5039 livros, muito frequentada pelos alunos, tem também um LABIN com

17 computadores, bastante utilizado pelos professores e alunos.

A proposta de avaliação desta unidade de ensino vem se desenvolvendo

através do processo de conscientização de seus diversos segmentos, procurando se

aperfeiçoar e impondo-se pela sua legalidade e ajustamento das atividades realizadas,

visando um possível nível de confiabilidade junto ao grupo, ou seja, à comunidade interna

Page 3: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

e à coletividade de um modo geral. Com o intuito de integrar o nosso sistema avaliativo ao

papel social que a escola tem em uma realidade contextualizada, abrangendo os princípios

(conhecer, fazer, conviver e ser), e contemplando as relações

(professor/aluno/conhecimento/sociedade), por meio de uma avaliação eficiente, que

garanta a formação cidadã. O processo é contínuo, e no final de cada bimestre os

resultados são expressos por meio de notas obtidas pelo aluno, conforme tabela a seguir:

TABELA PADRÃO DE AVALIAÇÃO DO PPP DA ESCOLA

X X1 Y TOTAL

2,0 3,0 5,0 10,0

Fonte: PPP

X: comportamento, frequência e participação;

X1: trabalhos em grupos ou individuais, pesquisas, seminários;

Y: avaliação escrita, sobre os conteúdos estudados no mês.

A recuperação se dá de forma contínua e paralela, mediante o resultado

apresentado pelo aluno. O resultado do desempenho da aprendizagem do aluno é

observado no decorrer de cada bimestre pelos professores e coordenação pedagógica, e

quando apresentam dificuldades, são acompanhados pelos professores e coordenação,

através de aulas de reforço, conversas com os alunos e pais, se discute também essas

deficiências no Conselho de Classe Participativo, promovendo assim ações de intervenção

que são sugeridas por todos os seguimentos da escola. Segundo SAVIANI (apud

MIZUKAMI, 1986, p.26), “a avaliação é realizada visando a exatidão do conteúdo

comunicado em sala de aula, o aluno é medido pela quantidade de informações que

consegue reproduzir através de teste, provas, exames, etc.”

Pensando no bom andamento da pratica pedagógica e que não fossem os

alunos, os únicos avaliados no processo, nesse ano de 2011, a escola adotou a avaliação

institucional, tendo como base a Atividade 2 da sala 7, a “Proposta de Autoavaliação

Institucional”, que foi apresentada à escola, onde ficou decidido que a mesma seria

desenvolvida na referida unidade de ensino. No primeiro momento fez-se um trabalho de

conscientização com todos, falando da importância que a Autoavaliação tem para a escola

e que a mesma seria realizada em três etapas, envolvendo os diferentes segmentos da

Page 4: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

escola: pais, alunos e funcionários. A 1ª etapa já foi realizada com os pais e a escola já

estar se organizando para realizar a 2ª etapa com os alunos.

Não há dúvidas de que a autoavaliação é um instrumento de grande valia,

porque permite que cada servidor, dos diferentes segmentos que compõem a escola,

reveja o trabalho que está realizando em função da melhoria do processo de

ensino/aprendizagem, dando redirecionamento da caminhada para que possa surtir efeitos

em beneficio do bem comum. Fernandes (2002, p. 59), “o projeto pedagógico é apontado

como indicador de caminhos e a avaliação como acompanhamento e redirecionamento da

caminhada”.

2.1. PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO

O processo de construção do Projeto de Intervenção da Escola Estadual

Paulina Câmara, teve início no mês janeiro de 2011, quando percebeu-se através das

observações feitas em sala de aula que 12,5% dos alunos do 5º ano têm dificuldades na

aquisição da leitura, da escrita e consequentemente na resolução de operação matemática, apesar

do resultado do IDEB de 2007 e 2009 ter sido satisfatório, conforme a tabela a seguir:

Tabela 1: Apresentação do Resultado do IDEB

4ª serie / 5º ano

Ideb Observado Metas Projetadas

Escola 2005 2007 2009 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021

Escola Estadual Paulina Câmara 3.3 3.4 4.2 3.4 3.7 4.2 4.4 4.7 5.0 5.3 5.6

Fonte: http://sistemasideb.inep.gov.br/resultado

A partir daí fez-se uma reunião com as professores das referidas turmas,

focando as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática com a finalidade de informá-las

sobre os materiais, procedimentos e funcionamento da prova Brasil. Analisou-se também

juntamente com as mesmas, as metas do IDEB, traçadas para a escola. Nessa reunião ficou

decidido que os descritores da Prova Brasil seriam incluídos no planejamento com o

intuito de melhorar o desempenho acadêmico dos alunos e consequentemente, o resultado

do IDEB, já que a meta para o Brasil é chegar à média 6,0 em 2021.

A coleta de dados para a elaboração do Projeto prosseguiu através de

observação feita pela coordenação pedagógica em sala de aula e analise documental em:

Page 5: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

diários de classe dos docentes, resultado bimestral, cadernos dos alunos, de dois

questionários com questões abertas e fechados direcionados aos pais, alunos e entrevista

com as professoras. Segundo (ANDRÉ, 1984, p. 52 ), os dados são coletados de modo

“eclético, incluindo via de regra observação, entrevistas, fotografias, documentos,

anotações de campo e negociações com os participantes do estudo”.

O método adotado para a coleta de dados foi a Pesquisa-ação, no intuito

de solucionar o problema e encontrar possíveis possibilidades de intervenção, usando com

isso, metodologias voltadas para o cotidiano dos alunos, como jogos matemáticos e outros

meios que despertem nos mesmos maior interesse pela aprendizagem.

Segundo PIAGET (1988):

A criança que joga desenvolve suas percepções, sua inteligência, suas tendências

a experimentação, seus instintos sociais, etc. E pelo fato de o jogo ser um meio

tão poderoso para a aprendizagem das crianças, que em todo lugar onde se

consegue transformar em jogo a iniciação a leitura, ao calculo, ou a ortografia,

observa-se que as crianças se apaixonam por essas ocupações comumente tidas

como maçantes. (PIAGET, 1988, p.159).

Para que esse Projeto viesse surtir maior efeito, passou-se a dar um

suporte maior aos professores no planejamento coletivo que acontece toda semana, nas

segundas-feiras. Nesse dia, varias sugestões de atividades são apresentadas aos

professores, para serem incluídas no planejamento. Entende-se que quando as aulas são

bem planejadas, a possibilidade de intervenção por parte dos docentes é bem maior. “As

aquisições relativas a novos conhecimentos e conteúdos escolares não estão nos jogos em

si, mas dependem das intervenções realizadas pelo profissional que conduz e coordena as

atividades”. MACEDO (2000, p.27).

O objetivo maior do Projeto é trabalhar atividades práticas, tais como:

(jogos, brincadeiras, teatro, aulas de reforço) mobilizando e despertando nos alunos o

interesse para uma aprendizagem significativa.

Conforme ANTUNES (1998):

Jogos ou brincadeiras pedagógicas são desenvolvidas com a intenção implícita

de provocar uma aprendizagem significativa estimular a construção de um novo

conhecimento e principalmente despertar o desenvolvimento de uma habilidade

operaria [...] aptidão ou capacidade cognitiva e apreciativa específica.

(ANTUNES, 1998, p. 38).

Page 6: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

Nenhuma ação docente deve estar desvinculada de uma concepção pedagógica

e, portanto, de um bom planejamento. A importância de se elaborar um Projeto de Intervenção

nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, é possibilitar uma mudança reflexiva sobre a

prática docente, não apenas no sentido de constatar problemas, mas de utilizar os conhecimentos

teóricos para propor possíveis soluções contribuindo, assim, para o aprimoramento do fazer

pedagógico.

Esta Pesquisa está embasada em vários autores que discutem as

dificuldades de aprendizagens de leitura, escrita e cálculos, mas as idéias fundamentais

foram tiradas do pensamento de Fonseca (1984), Bassedas e Cols. (1996), Smole e Diniz

(2004) e Marcellino (1990 e muitos outros citados. A pesquisa-ação foi o fio condutor de

todo esse trabalho, sendo utilizado para a coleta de dados: entrevista com professores e

alunos, análise de documentos como atas, relatórios, livros de registros, fichas de

acompanhamento das aulas dos professores, os resultados apresentados pelo IDEB e

diários de classe.

Conforme Thiollent (1986), a pesquisa-ação:

É um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita

associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual

os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema

estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 1986,

p.14).

De acordo com o que se tem vivenciado na escola e o relato de

experiência das professoras, relacionado ao desempenho dos alunos nas disciplinas de

Língua Portuguesa e Matemática foi necessário buscar equilíbrio não só em uma pratica

reflexiva, mas acerca do problema detectado através da pesquisa.

Do ponto de vista do Perrenould (1999, p. 15), existe diferença entre pesquisa e

prática reflexiva:

a pesquisa cuida de fatos, processos, sistemas educativos e de todos os aspectos

da prática pedagógica para descrever e explicar e o professor reflexivo dirige o

olhar para seu contexto imediato para compreender, regular, otimizar, ordenar,

fazer evoluir uma prática particular vista de seu interior (p.15).

Entende-se que, para escrever e falar nas mais diversas situações

comunicativas, é necessário também saber ler os problemas matemáticos que estão

expostos nas diferentes situações do dia-a-dia como, a publicitária, o comércio, a

cotidiana, dentre outras. Por essa razão entende-se que para fazer cálculos matemáticos

Page 7: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

precisa-se realizar uma leitura apropriada de seus símbolos, é necessário ainda

compreender o que vem proposto em cada exercício. Marcuschi (2008, p. 236)

complementa dizendo que, "para compreender bem um texto exige-se habilidade, interação

e trabalho”, por isso, a aprendizagem da Matemática está interrelacionada às demais

Ciências, por meio de relações dialógicas (p. 236).

Focalizando o problema detectado na escola e no intuito de solucioná-lo,

a coordenação pedagógica vem conscientizando as professoras que para se desenvolver um

ensino de qualidade é necessário abranger diversos objetivos, entre eles a relação de

correspondência entre as diferentes Linguagens inclusive, a Linguagem Matemática que

está presente nos diversos gêneros textuais, portanto, as várias esferas do conhecimento

necessitam ter um entrelaçamento com a Matemática para que os alunos possam fazer com

nitidez as leituras e que compreendam os objetos de estudo que abrangem as distintas

Ciências. Por isso é de suma importância saber selecionar, processar e utilizar as diferentes

informações. De acordo com DINIZ (2011), para:

saber ler e interpretar diferentes textos em diferentes linguagens, saber analisar e

interpretar informações, fatos e ideias, ser capaz de coletar e organizar

informações, além de estabelecer relações, formular perguntas e poder buscar,

selecionar e mobilizar informações, que são habilidades básicas do ser humano

(2011, p. 12).

3. UM OLHAR REFLEXIVO SOBRE AS DIFICULDADES DE LEITURA E

INTERPRETAÇÃO DOS CÁLCULOS MATEMÁTICOS

Este trabalho é fruto de uma proposta de intervenção que visa indicar uma

direção no sentido de melhorar a leitura, a escrita e a interpretação de cálculos matemáticos dos

alunos que apresentam baixo desempenho na aprendizagem.

Com base na analise dos dados percebe-se nitidamente que há sérios

problemas que afetam a aprendizagem dos educandos do 5º ano, quando se faz

comparações entre a leitura, a escrita, e a interpretação matemática. Focalizando a real

situação desses alunos, procurou-se meios de superação dos obstáculos, levando o aluno

compreender que a leitura e a interpretação Matemática devem andar sempre juntas, bem

como orientar as professoras a intervir com pesquisa, com audiovisual, a construção do

conhecimento matemático e ainda como trabalhar o ensino da leitura e da escrita de

maneira prazerosa. Segundo CLÁUDIO (2001, p.171), “é preciso fazer com que os alunos

Page 8: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

pensem matematicamente e saibam usar as ferramentas disponíveis para a construção do

conhecimento”.

As idéias que aqui se apresentam apontam a relevância de se reservar

lugares na escola, para estudo e análise dos procedimento de aquisição da escrita e

resolução de situação problema, focalizando o processo de ensino e aprendizagem dos

alunos, porque os avanços na área de construção do conhecimento exigem do professor,

o redimensionamento da prática da leitura, escrita, conceitos matemáticos e da intervenção

pedagógica.

O estudo em questão é uma pesquisa-ação, desenvolvida em uma escola

da rede estadual, no município de Barrolândia – TO, envolvendo duas turmas do 5º ano do

ensino fundamental. Foi uma pesquisa que proporcionou um diagnóstico da real situação

dos problemas de ensino/aprendizagem na Leitura, Interpretação e Cálculos dos educandos

e os sujeitos envolvidos no processo foram 2 professoras, 18 alunos e 4 pais.

Para a coleta de dados fez-se uma observação da escola como um todo,

analisou-se documento como: diários de classe dos docentes, resultado bimestral, cadernos

dos alunos, ficha de acompanhamento das aulas ministrada pelas professores, caderno de

planejamento e monitoramento de aulas. Elaborou-se também dois questionários com

perguntas abertas e fechadas, um para os pais e outro para os alunos, para as professoras,

um roteiro de entrevista. O questionário foi distribuído para 18 alunos, entre meninos e

meninas que responderam imediatamente. É importante ressaltar que todas as observações

foram feitas no período matutino dentro do horário de funcionamento das turmas,

focalizando o problema supracitado. LUDKE & ANDRÉ ( 1986, p.30), „com esses

propósitos em mente, o observador inicia a coleta de dados buscando sempre manter uma

perspectiva de totalidade, sem se desviar demasiado de seus focos de interesse.”

A entrevista com as professoras foi oral e individual, com gravação

direta e transcrição leal, de acordo com os métodos de coleta de dados. Segundo LUDKE

& ANDRE (1986, p. 37), a entrevista gravada tem a vantagem de registrar todas as

expressões orais imediatamente, deixando o entrevistador livre para prestar atenção ao

entrevistador.

Apesar de tantos esforços por parte das professoras, por meio dessa

pesquisa percebeu-se, a necessidade de se dá uma atenção especial para os problemas de

aquisição da leitura, interpretação e cálculos. Foi quando nasceu a ideia para a elaboração

Page 9: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

da referida proposta intervenção que visa a redução das dificuldades de aprendizagens

para combater e prevenir os problemas que decorrem das mesmas.

Durante a análise documental, procurou-se fazer isolamento ou destaque

dos aspectos relacionados às situações do ensino da leitura, da produção de textos, da

interpretação de situações problemas e cálculo na sala de aula.

Através dessa pesquisa buscou-se em vários subsídios as respostas para as

diferentes indagações que o tema propõe e que na visão de (BILHALVA; 2004: p. 6) é

aquela que “se caracteriza fundamentalmente por contato direto do pesquisador com a

situação pesquisada, permite reconstruir os processos e as relações que configuram a

experiência escolar diária”.

Essa coleta de dados foi de grande relevância para o desenvolvimento

deste relatório, porque por meio dela obtive-se respostas para sanar as dúvidas e enriquecer

os questionamentos acerca das dificuldades de aprendizagem da leitura e resolução de

situação problema dos alunos do 5º ano, e que irão servir de base para o aperfeiçoamento

da prática pedagógica de todos os educadores envolvidos no processo.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após o fechamento do 1º bimestre fez-se uma reunião com as professoras da

turma do 5º ano, para discutir e analisar o resultado do SARE, conforme a tabela a seguir, esse

momento de discussão foi muito importante porque gerou um debate muito rico acerca do

problema detectado. As Professoras compreenderam que a falta de intervenção do trabalho em sua

totalidade pode prejudicar o produto final. Diante disso discutiu-se também a respeito de ações e

metodologias inovadoras que poderiam intervir e apresentar um resultado significativo para o

ensino-aprendizagem. Bassedas e Cols. (1996, p. 29) dizem que:

o papel solicitado ao professor na situação de ensino-aprendizagem é o de uma

atuação constante, com intervenções para todo o grupo de aula e para cada um

dos alunos em particular, visando a observação sistemática do processo de cada

aluno durante a aprendizagem, para poder intervir no mesmo com uma ajuda

educativa adequada. (BASSEDAS E COLS 1996, p. 29).

Tabela 2: Apresentação do Resultado do 1º Bimestre - SARE

DISCIPLINAS CRÍTICAS: ENSINO FUNDAMENTAL 9 ANOS (1º AO 5ª Ano)

TURNO: MATUTINO –

1º BIMESTRE

Page 10: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

Dis

cip

lin

a

An

o

Mat

rícu

la i

nic

ial

Ad

mit

ido

s ap

ós

Mar

ço

Se

Lig

a /

Ace

lera

Rec

lass

icad

o

(Eg

ress

o)

Rec

lass

icad

o

(In

gre

sso

)

Tra

nsf

erid

os

de

Tu

rno

(E

gre

sso

)

Tra

nsf

erid

os

de

Tu

rno

(In

gre

sso

)

Tra

nsf

erid

os

Ób

ito

Ab

andon

o

Ap

rov

ado

s

Rep

rov

ados

Mat

rícu

la F

inal

Índic

e de

Ap

rov

ação

Índic

e de

Rep

rov

ação

Índic

e de

Ab

andon

o

LINGUA PORTUGUESA 5º 39 1 0 0 0 0 0 0 0 0 31 9 40 77,5% 22,5% 0,0%

ARTE 5º 39 1 0 0 0 0 0 0 0 0 40 0 40 100,0% 0,0% 0,0%

EDUCAÇÃO FISICA 5º 39 1 0 0 0 0 0 0 0 0 40 0 40 100,0% 0,0% 0,0%

MATEMATICA 5º 39 1 0 0 0 0 0 0 0 0 36 4 40 90,0% 10,0% 0,0%

CIÊNCIAS 5º 39 1 0 0 0 0 0 0 0 0 38 2 40 95,0% 5,0% 0,0%

HISTORIA 5º 39 1 0 0 0 0 0 0 0 0 36 4 40 90,0% 10,0% 0,0%

GEOGRAFIA 5º 39 1 0 0 0 0 0 0 0 0 37 3 40 92,5% 7,5% 0,0%

ENS. RELIGIOSO 5º 39 1 0 0 0 0 0 0 0 0 40 0 40 100,0% 0,0% 0,0%

Fonte: http://sare.seduc.to.gov.br

Diante do resultado alcançado no 1º bimestre percebe-se que alem da

Língua Portuguesa e Matemática as outras disciplinas como Ciências, Historia e Geografia

também estão em situação critica, observa-se que ainda, há muito a ser feito para reverter

esse quadro que é bastante apreensivo.

Tabela 3: Resultado do 2º Bimestre - SARE

DISCIPLINAS CRÍTICAS: ENSINO FUNDAMENTAL 9 ANOS (1º AO 5ª

Ano)

TURNO: MATUTINO

2º BIMESTRE

Dis

cip

lin

a

An

o

Mat

rícu

la i

nic

ial

Ad

mit

ido

s ap

ós

Mar

ço

Se

Lig

a /

Ace

lera

Rec

lass

icad

o

(Eg

ress

o)

Rec

lass

icad

o

(In

gre

sso

)

Tra

nsf

erid

os

de

Tu

rno

(E

gre

sso

)

Tra

nsf

erid

os

de

Tu

rno

(In

gre

sso

)

Tra

nsf

erid

os

Ób

ito

Ab

andon

o

Ap

rov

ado

s

Rep

rov

ados

Mat

rícu

la F

inal

Índic

e de

Ap

rov

ação

Índic

e de

Rep

rov

ação

Índic

e de

Ab

andon

o

LINGUA PORTUGUESA 5º 39 1 0 0 0 0 0 1 0 0 36 3 39 92,3% 7,7% 0,0%

ARTE 5º 39 1 0 0 0 0 0 1 0 0 39 0 39 100,0% 0,0% 0,0%

EDUCAÇÃO FISICA 5º 39 1 0 0 0 0 0 1 0 0 39 0 39 100,0% 0,0% 0,0%

MATEMATICA 5º 39 1 0 0 0 0 0 1 0 0 34 5 39 87,2% 12,8% 0,0%

CIÊNCIAS 5º 39 1 0 0 0 0 0 1 0 0 38 1 39 97,4% 2,6% 0,0%

HISTORIA 5º 39 1 0 0 0 0 0 1 0 0 36 3 39 92,3% 7,7% 0,0%

GEOGRAFIA 5º 39 1 0 0 0 0 0 1 0 0 36 3 39 92,3% 7,7% 0,0%

ENS. RELIGIOSO 5º 39 1 0 0 0 0 0 1 0 0 39 0 39 100,0% 0,0% 0,0%

Fonte: http://sare.seduc.to.gov.br

Page 11: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

Ao fazer uma comparação do índice de Reprovação entre o 1º e o 2º

bimestre percebe-se que a disciplina de Língua Portuguesa estava com 22,5% dos alunos

reprovados no 1º bimestre, no 2º caiu para 7,7%, ficando com um índice de aprovação de

92,3%, já a Matemática no 1º bimestre estava com um índice 10,0% dos alunos

reprovados, no 2º subiu para 12,8%, ficando com um índice de aprovação de 87,2% as

demais disciplinas: Ciências, Historia e Geografia também avançaram. Apesar dos

esforços de todos, das lutas e conquistas, a Matemática ainda está ficando a desejar.

Sabe-se que as habilidades de ler, escrever e interpretar são fatores

fundamentais para todas as área do conhecimento, principalmente quando se trata de

matemática e mais especificamente na resolução de problemas, dificuldade com a leitura é

muito mais visível, porque além da leitura de palavras é necessário fazer leitura da

linguagem exclusiva da matemática.

Com base nesse pressuposto na visão de SMOLE e DINIZ (2001, p. 95),

a resolução de problemas é apontado como uma situação onde:

o aluno aprende matemática, desenvolve procedimentos, modos de pensar,

desenvolvem habilidades básicas como verbalizar, ler, interpretar e produzir

textos em diferentes áreas do conhecimento que podem estar envolvidas em uma

situação. Isso indica que a resolução de problemas deve ser vista como uma

metodologia de ensino, e que o professor de matemática ao utilizar-se dela estará

contribuindo para o desenvolvimento da capacidade de comunicação e das

habilidades leitoras (p. 95).

No mês de maio de 2011, os alunos das turmas supracitadas fizeram a

Prova do SALTO - Sistema de Avaliação, Monitoramento e Valorização da Educação do

Estado do Tocantins, o resultado da mesma não correspondeu com as expectativas da

Escola, principalmente quando se trata da Matemática.

Tabela 4: Resultado Oficial do SALTO

POSIÇÃO REGIONAL MUNICIPIO REDE

ENSINO

UNIDADE SÉRIE NOTA

POTUGUES

NOTA

MATEMATICA

MEDIA

311º PARAISO BARROLANDI

A

ESTADUAL ESC EST

PAULINA

CAMARA

ANO

E.F.

4,75 3,34 4,04

Fonte: http://www.seduc.to.gov.br

A partir do resultado do SALTO, a coordenação pedagógica e as professoras

das turmas do 5º ano estão intensificando cada vez mais as ações de melhoria para elevar o

desempenho acadêmico dos alunos. No decorrer do mês de agosto varias ações foram realizadas

Page 12: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

entre elas: uma Loteria de Fatos, uma Forca da Leitura, uma Pescaria Literária e um soletrando,

que para a nossa alegria, a aluna vencedora é do 5º ano.

Para o desenvolvimento da pesquisa-ação teve-se como ponto de partida, o

levantamento bibliográfico acerca do problema detectado na escola campo, sendo analisado vários

documentos em diferentes momentos e circunstâncias variáveis, como: aulas, diários de classe dos

docentes, resultado bimestral, cadernos dos alunos, ficha de acompanhamento das aulas ministrada

pelos professores, os resultados do IDEB, o SARE – Sistema de Acompanhamento do Rendimento

Escolar e realizou-se entrevistas com as professores da turma. Conforme ZABALZA (2004, p. 41)

“utilizar como instrumentos de coleta de dados o diário de aula, é explorar por meio dele

estritamente, o que figura nele como versão que o professor dá de sua própria atuação e da

perspectiva pessoal da qual a enfrenta”.

O resultado da entrevista e dos questionários trouxe uma base para a realização

desse trabalho porque passou a se conhecer melhor a realidade de cada pessoa envolvida no

processo, as necessidades, angustias e inquietações, principalmente das professoras.

Nessa pesquisa procurou focalizar a metodologia dos professores e os

problemas de aprendizagens dos alunos, nas disciplinas de Língua Portuguesa e

Matemática. A questão da dificuldade de leitura, escrita e cálculos matemáticos dos

educandos vem se constituindo em objeto de preocupação constante em nosso dia a dia

escolar.

A respeito do problema supracitado, Fonseca (1984), deixa bem claro dizendo

que:

"a dificuldade de aprendizagem é uma desarmonia do desenvolvimento

normalmente caracterizada por uma imaturidade psicomotora que inclui

perturbações nos processos receptivos, integrativos e expressivos da atividade

simbólica". Assim, a não aprendizagem dos alunos não pode ser simplesmente

associada à ausência de interesse pelos estudos, mas deve ser compreendida

como um problema cujas causas podem ser diversas e que influi,

consideravelmente, na capacidade de aprender do aluno (FONSECA 1984, p.

228).

Smole e Diniz (2001) garantem que é possível superar a dificuldade

leitura, escrita e cálculos matemáticos trabalhando produção de textos nas aulas de

Matemática:

a história contribui para que os alunos aprendam e façam matemática, o que permite que

habilidades matemáticas e de linguagem desenvolvam-se juntas, enquanto os alunos lêem,

escrevem e conversam sobre as idéias matemáticas que vão aparecendo ao longo da leitura.

É neste contexto que a conexão da matemática com a literatura infantil aparece (SMOLE e

DINIZ 2001, p. 2).

Page 13: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

Figura 1: Níveis de desenvolvimento da aprendizagem, verificados no mês de Junho de 2011

Fonte: Arquivos da escola

A observação da escola ocorreu com o propósito de verificar previamente

a realidade da instituição em sua totalidade, para que a partir daí, se pudesse estabelecer

metas de melhoria. Essa observação nos possibilitou adquiri um maior número de

informação através das atividades realizadas na escola, como Conselho de Classe,

Reuniões Pedagógicas, Reuniões com os Pais e outros eventos realizados na escola, tais

como analisar o resultado do nível de aprendizagem dos alunos das turmas já mencionadas,

na leitura, escrita e produção de texto, conforme o gráfico apresentado acima.

Mensalmente a escola faz um diagnóstico para verificar a real situação dos

alunos com relação ao processo de construção da leitura, escrita e produção de texto. De

acordo com os gráficos do mês de Junho e Agosto, apresentados, o resultado desse trabalho

é muito bom porque apresenta de imediatos os avanços e retrocessos dos educandos, dando

um norte para o trabalho de intervenção dos professores.

MARCONI e LAKATOS (2006, p. 192), garantem que:

A observação é uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e

utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não

consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos

que se desejam estudar.

Page 14: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

Figura 2: Níveis de desenvolvimento da leitura, escrita e p. de texto verificados no mês de Agosto de 2011

Fonte: Arquivos da escola

A partir dos resultados e discussões constatou-se que são vários os fatores que

interferem no processo de ensino e aprendizagem. Dentre eles pode-se destacar os principais,

como: a indisciplina, alunos de famílias desestruturadas, alguns alunos com a auto-estima baixa,

ausência da família na escola entre outros. De acordo com o questionário respondido pelos

pais, os mesmos não acompanham diariamente as tarefas de casa dos filhos porque saem

cedo de casa para trabalhar e na maioria das vezes só retornam para as suas casas à noite e

as crianças ficam com os irmãos maiores ou com os avós e tios que não dão o devido

acompanhamento às crianças nas tarefas de casa, deixando o peso da responsabilidade

sobre a escola, esperando que a mesma dê conta do seu papel. Assim, a escola vem

procurando conhecer melhor os educandos e as suas famílias, seus problemas, seus

objetivos e suas angustias para poder o suporte que eles necessitam. Por fim, conhecer as

características e peculiaridades familiares é a melhor solução porque elas assinalam a

direção de cada família e, portanto, do aluno a quem a escola atende. Essas informações

adquiridas são sem dúvidas importantes para que se possa analisar o êxito de nossas

atuações enquanto professores, identificar necessidades e estabelecer metas educacionais

condizentes com a realidade escolar.

Após uma conversa com os professoras para resolver o problema supracitado,

elas se comprometeram a desenvolver novas estratégias de ensino. Diante dessa situação,

GATHER THURLER (2001), diz que os professores deverão ser:

levados a desenvolver novas estratégias para a apreciação e resolução dos

problemas. Trata-se de apropriar-se de novas ferramentas que permitem

Page 15: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

instaurar trocas proveitosas, observar e analisar as práticas e tornar mais

atuantes os processos de tomada de decisões (2001, p. 114).

O levantamento bibliográfico foi fio condutor desse trabalho, nos fez

compreender melhor os problemas de aprendizagens e detectar os fatores responsáveis

pelo fracasso escolar dos alunos. Identificou-se ainda a postura das professoras diante dos

alunos com baixo desempenho acadêmico e a forma como estes docentes trabalham com

os educandos que têm dificuldade de aprendizagem.

Nesta perspectiva, Chizzotti (1991), relata que a investigação que requer

utilizar:

a bibliografia quer indicar que o pesquisador pode encontrar uma farta

documentação para desenvolver a própria pesquisa e resolver os problemas

teóricos e práticos que essa exigir. Desse modo, seguiu-se uma análise do

material bibliográfico na tentativa de contemplar o objetivo elencado para o

presente estudo e alcançar resposta à problemática que pretende analisar como a

atuação do professor pode promover a aprendizagem de alunos (CHIZZOTTI

1991, p. 127),

Os resultados da pesquisa foram satisfatórios com relação ao proposto pela

cursista (coordenadora pedagógica), enquanto pesquisadora incomodada com a atual realidade da

turma supracitada. Só averiguar esta realidade não era o suficiente, era necessário intervir nela, foi

quando apresentou-se as professoras, o Projeto de Intervenção, propondo sugestão de melhoria

para que as mesmas pudessem inovar suas praticas pedagógicas e melhorar a qualidade do ensino.

A partir daí elas passaram a desenvolver atividades lúdicas, tais como: Show do Milhão, Concurso

de Paródias, Peça teatral, Roda de Leitura e a Festa Junina que foi uma atividade bem interessante

porque os próprios alunos organizaram barracas de comidas típicas, participaram da dança e de

tarefas como leitura, interpretação de texto, problemas e cálculos matemáticos.

Através dessas atividades lúdicas percebeu-se que as aulas se tornaram mais

prazerosas e atraentes, que na concepção de Marcellino (1990, p.126): “é só do prazer que surge a

disciplina e a vontade de aprender”.

5. CONCLUSÃO

A pesquisa-ação colaborou de maneira significativa para que se

conhecesse melhor a realidade das turmas do 5º ano do ensino fundamental e até propor

sugestão melhoria para o desenvolvimento das habilidades de leitura, escrita e

interpretação em matemática, bem como incutir nos alunos, o gosto pela leitura.

No inicio desse trabalho, um dos maiores problemas foi orientar as

professoras a mudarem a metodologia para trabalhar com os alunos que apresentavam

Page 16: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

baixo desempenho acadêmico nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, mas

com proposta de intervenção não foi difícil despertar nas mesmas, o interesse por praticas

inovadoras. Juntas, começou-se a desenvolver oficinas de leitura e jogos, pesquisas,

teatros, que desenvolvam a leitura e interpretação e o raciocínio lógico.

Desde quando o projeto de intervenção começou a ser executado, várias

ações já foram desenvolvidas: Show do Milhão, Concurso de Paródias, Peça teatral, Roda de

Leitura, a Festa Junina, soletrando, forca da leitura, loteria de fatos, roda de leitura, forca da

leitura, etc.

Para que os objetivos dessa pesquisa fossem atingidos foi necessário

estabelecer normas e ampliar metodologias que levassem os educandos a terem maior

interesse pela leitura. Com base nas observações concluiu-se que os alunos que não dão

nenhuma importância à leitura, são aqueles que não conseguem acompanhar o nível da

turma por não saberem ler e isso constitui-se, num problema sério para a escola. Dessa

forma, os estudos e as investigações sobre a leitura, a escrita e operações matemática,

tornaram-se relevantes, porque foi uma forma de conhecer na prática, como ocorre o

desinteresse pela leitura, identificando os motivos nos alunos e, com isto, apresentar

metodologias renovadas para tornar a leitura em sala de aula uma prática agradável.

Durante o desenvolvimento das ações percebeu-se que os alunos

supracitados estão participando junto com os outros da turma, por exemplo, no dia que foi

realizada a pescaria literária, todos pescaram o livro, leram e preencheram a ficha de

leitura. As professoras têm mostrado também maior interesse para está desenvolvendo as

ações propostas no projeto de intervenção. Vale lembrar que o Projeto de Intervenção não

foi 100%, mas fez a diferença na aprendizagem dos alunos e na pratica pedagógica das

professoras. A pesquisa já está encerrada, mas as ações do projeto irão se estender até

dezembro. A caminhada foi longa com muitos obstáculos e peripécias pelo caminho, mas

abriu um leque de possibilidades de vitorias e conquistas a todos os envolvidos no

processo.

6. REFERENCIAS

ANDRÉ, Marli E.D. Estudo de caso: seu potencial na educação. Revista de estudos e pesquisas

em Educação. Cadernos de pesquisa, Nº 49. São Paulo, Maio 1984.

Page 17: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. Petrópolis, Rio

de Janeiro: Vozes, 1998.

BASSEDAS,E. e Cols. Intervenção Educativa e Diagnostico Psicopedagogico. 3º ed.

Porto Alegre, RS: Artes Medicas,1996.

BILHALVA, E; FIGUEIREDO, M. O Brincar no cotidiano de uma escola infantil. O

que as professoras pensam? Especialização Núcleo Cultura Escolar, Infância e séries

iniciais.. FaE/UFPel, 2004.

CLAUDIO, Dalcídio Moraes; CUNHA, Márcia Loureiro da. As novas tecnologias na

formação de professores de matemática. In: CURY, Helena Noronha (org.). Formação

de professores de Matemática: uma visão multifacetada. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.

CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez,

1991.

DINIZ, Maria Ignez. Coordenadora do Mathema. Matemática e Leitura.

http://www.mathema.com.br. Acesso: 25/09/2011.

FONSECA, Vitor da. Uma Introdução às dificuldades de aprendizagem. Lisboa:

editorial notícias, 1984.

FERNANDES, Maria Estrela Araújo. Avaliação institucional da escola: base teórica e

construção do projeto. 2. ed. Fortaleza: Demócrito Rocha, 2002.

GATHER THURLER, M. Inovar no interior da escola. Porto Alegre: Artmed, 2001.

LUDKE, Menge e André, Marli. Pesquisa em Educação: Abordagens educativas:São

Paulo: Epu,1986.

MACEDO, L.; PETTY, A.L.S.; PASSOS, N.C. Aprender com Jogos e Situações

Problema. Porto Alegre. Artmed, 2000.

MARCELLINO, Nelson Carvalho. Pedagogia da animação. São Paulo: Papirus, 1990.

MARCONI, Marina de Andrade; LACKATOS, Eva Maria. Fundamentos da

metodologia cientifica. 6º Ed-3. reimp.-São Paulo: Atlas, 2006.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. A Produção Textual, Análise de Gêneros e

Compreensão. Parábola Editorial, 2008.

MIZUKAMI, Maria das Graças Nicolette. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo:

EPU, 1986.

PERRENOULD, Philippe. Formar professores em contextos sociais em mudança:

práticareflexiva e participação crítica. In: Revista Brasileira de Educação, ANPED, n.12,

1999.

PIAGET, J. Psicologia e Pedagogia. Rio de Janeiro. Forense Universitária, 1988.

Page 18: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa - ação. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1986.

SMOLE, Kátia e DINIZ, Maria Inez (org.) Ler, escrever e resolver problemas:

habilidades básicas para aprender matemática. Porto Alegre: Artmed, 2001.

ZABALZA, M. A. Diários de aula: um instrumento de pesquisa e de desenvolvimento

profissional. Tradução de Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2004.

Page 19: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

ANEXOS

Page 20: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

QUESTIONÁRIO DIRECIONADO AOS ALUNOS2

ALUNO:_______________________________________DATA: ____/___/____

SÉRIE/ANO: ___________

1. Assinale S (sim) N (não) AV (às vezes)

Em qual disciplina você está com dificuldade?

( ) Língua Portuguesa

( ) Matemática

( ) Todas

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

Você faz todas as tarefas de sala solicitada pela professora?

( ) Sim ( ) não

Faz todas as tarefas de casa?

( ) Sim ( ) não

Ler com fluência, respeitando a pontuação?

( ) Sim ( ) não

Ler mais de uma vez para entender o que está escrito?

( ) Sim ( ) não

Gosta de fazer atividades de matemática?

( ) Sim ( ) não

Ler e faz as operações dos problemas com facilidade?

( ) Sim ( ) não

Tem facilidade para fazer operações de ______________________________________

2Questionário aplicado a 18 alunos, entre meninos e meninas.

Page 21: O HABITO DA LEITURA COMO FERRAMENTA DE …coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/uft/file.php/1/moddata/data/... · o habito da leitura como ferramenta de aprendizagem, interpretaÇÃo

QUESTIONARIO DIRECIONADO AOS PAIS3

ENQUANTO PAI, QUAL É A SUA OPINIÃO A RESPEITO DO PROCESSO DE

ENSINO E APRENDIZAGEM DO SEU FILHO(A)?

1. Marque Sim ou Não

Você acompanha diariamente as tarefas de casa de seu filho(a)?

( ) Sim Não ( )

Justifique sua resposta:

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

Seu filho(a)faz comentário sobre as atividades realizadas dentro e fora sala de aula?

( ) Sim Não ( )

Você comparece à escola sempre que solicitados?

( ) Sim Não ( )

Justifique sua resposta:

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

2. Sobre o desenvolvimento de seu filho(a) você está:

( ) Satisfeito(a)

( ) Insatisfeito(a)

( ) Preocupado(a)

Justifique sua resposta:

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

3 Questionário aplicado a quatro pais de alunos.