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O HOMEM
Existência
Homem
• suporte da natureza e autor da história
• se fundamenta na consciência de si e do mundo.
– A cs. do objeto também é uma cs. de si.
– a percepção do objeto pelo sujeito é parte integrante desse objeto.
• O homem transfigura a natureza e a história, na sua existência, num feixe de interações e tensões.
• Apreende o mundo como manifestação
• Como seres pensantes, somos o lugar daquilo que é.
• O homem é testemunha da realidade do mundo: o universo não carece de nós (Jaspers).
• A realidade humana é criadora do mundo, deste mesmo mundo do qual faz parte.
• A cs. do objeto afirma a sua presença e ao mesmo tempo, testemunha tratar-se de algo exterior, jamais completamente abarcado.
No psicodiagnóstico
• Estaremos buscando a compreensão psicológica desse homem.
• Para tanto não podemos reduzir o Homem a teorias que se apoiam em aspectos parciais (naturalistas ou históricos)
• Precisamos compreender o homem na sua totalidade.
Homem
Corpo
Vontade
Cultura
Trabalho
Religiosidade
Lazer
Razão
Pensamento
Existência Humana
• A existência humana é conflituosa.
• Está lançado no mundo e deve escolher a partir do que lhe foi dado
• Uma dicotomia entre prazer/sofrimento, saúde/doença.
• Eu e não-eu
O Conflito • O conflito não seve ser entendido como algo
ruim, indesejável, inútil e nocivo.
• É a luta necessária entre tendências contrárias e opostas que compõem o próprio processo da vida.
• Advindo das tensões, o conflito é gerador de equilíbrio.
• O limite do eu esbarra ao se deparar com o não-eu.
• A cisão confirma-se como condição de conhecimento e motor para construção mútua do homem e do mundo
• Pela cisão vem a estranheza
• Também sou o não-eu
• Vida do homem: constante processo de criação e destruição.
Normal - patológico
• O normal é aquele que supera os conflitos, criando dentro de sua liberdade, atendendo igualmente às coações da realidade
• Patológico é o momento em que o indivíduo permanece preso às mesmas estruturas, sem mudança e sem criação.
• Situações-limites da existência: loucura, sofrimento, culpa propiciam a conscientização do fracasso.
Estabelecer o diagnóstico é identificar em que ponto desse processo se encontra o indivíduo, detectar as eventuais áreas paradas ou de desordem, e avaliar as suas possibilidades de expansão e de criação.
Ser-no-mundo
• Existir para si e para o mundo.
• Na relação com o mundo, eu o constituo e sou por ele constituído.
• Submetido a quotidianeidade - utilidade (mundanidade – mundo circundante)
• Ser em comum
• Ser – em: modo preocupado.
• Nos é imposto a ser presença
Mito cristão: Adão e Eva:
• Eva é criada a partir da costela de Adão, ou seja, surge de dentro dele: o outro é um componente de si.
• A alteridade reside dentro do ser.
• A situação do homem é essencialmente ambígua. Estranheza = sentimento dessa situação.
• O homem assume a existência na sua temporalidade. – Passado: precede o ser, não é imutável, pois o
significado de um acontecimento se transforma juntamente com a história do indivíduo
– Futuro: atua enquanto esperança ou receio (possibilidades). Banha o horizonte existencial
– Presente: tempo da ação imediata
• O ser para frente – ser para a morte • Angustia existencial
Compreender
• As influências na temporalidade do Homem, as tradições que foram colocadas a frente do indivíduo, o como ele lida com as possibilidades de mudança e se procura estar no presente, vivência imediata
• Como o homem se adapta a realidade e supera as tensões para conseguir se adequar às exigências externas sem mutilar-se
• O como afirma sua individualidade
• Linguagem: instrumento que o homem dispõe para explicitar a situação do ser-no- mundo – elaborando significações e descrevendo suas contradições. Poder da fala quer revela e compreende o mundo.
• A fala concentra todas as modalidades de formulação e atuação do ser-no-mundo.
• A construção do mundo pelo homem é feita mediante elaboração de significados.
• A explicitação do mundo pode ser: uma teoria científica, um mito antigo, um poema, ou a simples descrição de uma problemática individual.
• Dentre as diversas modalidades de explicitação do mundo, o mito é a mais abrangente, pois revelam situações-limites do homem. Buscam dar-lhe sentido.
• Polivalência: dentro da mesma imagem, permite dar significações diversas e opostas. Assim, o mito engaja a totalidade da existência humana.
Mito de narciso
• Havia, não muito longe dali, uma fonte clara, de águas como prata. Os pastores não levavam para lá seu rebanho, nem cabras ou qualquer outro animal a frequentava. Não era tampouco enfeada por folhas ou por galhos caídos de árvores. Era linda, cercada de uma relva viçosa, e abrigada do sol por rochedos que a cercavam. Ali chegou um dia Narciso, fatigado da caça, e sentindo muito calor e muita sede. Narciso debruçou sobre a fonte para banhar-se e viu, surpreso, uma bela figura que o olhava de dentro da fonte. "Com certeza é algum espírito das águas que habita esta fonte. E como é belo!", disse, admirando os olhos brilhantes, os cabelos anelados como os de Apolo, o rosto oval e o pescoço de marfim do ser. Apaixonou- se pelo aspecto saudável e pela beleza daquele ser que, de dentro da fonte, retribuía o seu olhar. Não podia mais se conter. Baixou o rosto para beijar o ser, e enfiou os braços na fonte para abraça-lo. Porém, ao contato de seus braços com a água da fonte, o ser sumiu para voltar depois de alguns instantes, tão belo quanto antes. - Porque me desprezas, bela criatura? E por que foges ao meu contato? Meu rosto não deve causar-te repulsa, pois as ninfas me amam, e tu mesmo não me olhas com indiferença. Quando sorrio, também tu sorris, e responde com acenos aos meus acenos. Mas quando estendo os braços, fazes o mesmo para então sumires ao meu contato. Suas lágrimas caíram na água, turvando a imagem. E, ao vê-la partir, Narciso exclamou: - Fica, peço-te, fica! Se não posso tocar-te, deixe-me pelo menos admirar-te. Assim Narciso ficou por dias a admirar sua própria imagem na fonte, esquecido de alimento e de água, seu corpo definhando. As cores e o vigor deixaram seu corpo, e quando ele gritava "Ai, ai", Eco respondia com as mesmas palavras. Assim o jovem morreu.
No diagnóstico
• Testemunhar na fala do cliente a sua história, a explicação que dá ao mundo e como o percebe e se situa nele.
• Trata-se de compreender o mundo do cliente, não como aquele que aliena-se da realidade, mas compreender como constitui o mundo através da sua subjetividade e objetividade.
• Buscar o seu modo de ser no mundo
Assim
• A fala do paciente nas entrevistas, testes é a manifestação da realidade e como tal, será investigada. Através dela é que serão trazidos à luz as suas vivências: sua história (o tempo), o seu corpo (o espaço), a estranheza (o outro), o seu fazer-se (obra).
• Se rotular, sem fechar sua existência em explicações parciais.