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RUA MIGUEL PAES, Nº 25-1º E 2830-356 BARREIRO TEL: 212 060 079 FAX: 210 884 156 E-mail: [email protected] SITE - www.associacaofuzileiros.pt O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA! O DESEMBAR BOLETIM INFORMATIVO UE Nº 6 OUTUBRO 2008 2 Boinas

O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

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Page 1: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

RUA MIGUEL PAES, Nº 25-1º E

2830-356 BARREIRO

TEL: 212 060 079

FAX: 210 884 156E-mail: [email protected]

SITE - www.associacaofuzileiros.pt

O Homem vive e morre

UM FUZILEIRO NUNCA!

ODESEMBARB O L E T I M I N F O R M A T I V O

UENº 6

OUTUBRO 2008

2 Boinas

Page 2: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

EDITORIAL* Equilíbrio e Bom Senso ................................................................... 1

NOTA DO PRESIDENTE ......................................................................... 2* Satisfação e Orgulho

ENTREVISTA ........................................................................................... 3 a 7* Comandante Heitor Prudêncio dos Santos Patrício

DESTAQUE .............................................................................................. 8 a 17* Dia da Marinha* 7º Encontro Nacional de Fuzileiros* Rendição do cargo de Comandante do Corpo de Fuzileiros* As relações de cooperação exemplar

entre a Polícia Judiciária e a Marinha Portuguesa na lutacontra o narcotráfico

EVENTOS ................................................................................................ 18 a 26* Assembleia Geral* Comemorações do Dia 10 de Junho* Almoço na Associação* Convívio dos Antigos Alunos do Curso D. João I, da Escola Naval* Convívio do DFE, N.º 13* Juramento de Bandeira* Cmdt. Pascoal Rodrigues* Juromenha* Associação de Sargentos do Feijó* Encontro do Destacamento de Fuzileiros Especiais Nº 6 “Os Tubarões”* Fuzos de Tomar* Alcache* Convívio da Comp. Nº 7 de Fuzileiros* Comp. Nº 10 Guiné* Comp. Nº 6 Moçambique* Dest. Nº 6/Comp. Nº 10* Dest. Nº 5 Moçambique

NÚCLEO DO PORTO .............................................................................. 27* Sardinhada e S. João 2008* 7º Encontro Nacional* Tomada de Posse* Aniversário* Informação* Convívios

A VOZ DOS ASSOCIADOS ..................................................................... 29 a 31* Um Episódio em África* Prosa Abstracta

FUZO – POESIA ...................................................................................... 32* Apologia da Infância

SALPICOS DE VIDA ................................................................................ 33* Decorria o Ano de 1966...

DESPORTO ............................................................................................. 34* Tiro Desportivo, Natação e Rappel

CULTURA ................................................................................................. 35* Alm. Vieira Matias* Homem Ferro

PERSONAGEM ........................................................................................ 36 a 39* J.P. Caneira

BREVES ................................................................................................... 40* Ofertas/Donativos* In Perpetua Memoriam

FICHA TÉCNICA

ODESEMBARB O L E T I M I N F O R M A T I V O

UE

Director e Responsável Editorial:

Dr. Ilídio Neves

Direcção gráfica:

Gráfica 2OOO

Colaboradores:

Mário Manso

José M. Parreira

Vitor Ribeiro

Fotografia:

A.J. Fernandes

Manuel Ribeiro

Criação, Impressão e Acabamento:

Gráfica 2OOO

Rua Sacadura Cabral, 91A

1495-703 CRUZ QUEBRADA

Telf.: 214 159 852

Fax: 214 150 450

E-mail: [email protected]

Propriedade e Edição:

Associação de Fuzileiros

Rua Miguel Paes, n.º 25 - 1.º Esq.

2830-356 Barreiro

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Núcleo do Porto:

Rua Coronel Helder Ribeiro

(Anexo ao Farol da Boa Nova)

4450-686 Leça da Palmeira

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SUMÁRIO

Page 3: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

1EDITORIAL

Sempre tive por hábito, ao longo da minha extensa e complexa vidaprofissional, dirimir ou procurar solucionar os conflitos entre pessoas e gru-pos, de forma serena, sensata e, tanto quanto possível, equilibrada. Nãofazia, justamente, mais do que o meu dever, ou não fosse a essência dasminhas funções a resolução de conflitos sociais.

Estas relações controvertidas eram, quase sempre, bem difíceis de con-trolar, na medida em que, grande parte delas, emergiam e se desenvolviamentre vítimas e agressores.

Tratava-se, no fundo, de contribuir para a realização da Justiça, atravésde uma incessante procura da verdade. Da verdade material, ou seja, impor-tava tanto provar a responsabilidade penal de um criminoso como demons-trar a sua inocência.

Para que tal fosse possível, fui naturalmente forçado a impor a mim mesmopadrões de grande rigor, isenção e exigência, sob pena de pôr em causa ossagrados valores deontológicos e cometer as mais repugnantes injustiças.

Sempre adoptei esta conduta, quer fosse em relação às pessoas dopúblico envolvidas, quase sempre transtornadas por um drama que as afli-gia, quer em relação às centenas de funcionários que dirigi, muitos delesdetentores de autoridade e elevados índices culturais, sobre os quais detin-ha competências disciplinares.

São estes princípios orientadores que ainda hoje me dominam e dosquais jamais espero abdicar.

Reconheço, todavia, que a ideia que os homens fazem da Verdade semodifica e dilata com o decorrer dos tempos, tal como tenho consciênciaque nem todos se acham em vias de atingir os píncaros intelectuais, razõespelas quais a tolerância e a benevolência são coisas que se impõem. Comefeito, na impossibilidade de se elevarem até ao absoluto, certos homensacreditam (e sempre acreditaram) ser necessário adaptar à sua forma emedida tudo o que querem ou queriam conceber.

Também parece certo que a ficção e a fantasia engendraram o erro e,este, preso a determinados dogmatismos, ergue-se, quase sempre, comoum obstáculo no meio do caminho.

Vem tudo isto a propósito de alguns rumores que me soaram sobre osignificado e conteúdo de dois artigos publicados na revista anterior, da au-toria dos colaboradores e associados, Mário Manso e José Manuel Parreira,intitulados, respectivamente, por “Os Anticorpos e “Memórias com TristesHistórias”, nos capítulos “Voz dos Associados” e “Fuzo-Poesia”.

É inquestionável que, sendo eu o Director e Responsável Editorial dapublicação, sou necessariamente co-responsável para todos os efeitos, le-gais e outros, pelos escritos publicados.

Acontece que, tanto num como noutro, exerci, com dificuldade e a con-tragosto dos autores, o poder-dever de corrigir algumas frases, não por en-tender que encerravam conteúdo difamatório, desrespeitoso ouachincalhante, mas tão somente para tentar evitar ferir quaisquer susceptibi-lidades, num meio onde reconheço existir, por força das circunstâncias, umaespecial sensibilidade na percepção e avaliação das palavras e dos compor-tamentos.

Por outro lado, também não posso nem devo esquecer o quanto têm devalioso os contributos dos dois autores dos artigos, tanto para a dinâmicafuncional e engrandecimento da Associação de Fuzileiros como na intensa ededicada colaboração na feitura do Desembarque. Sem o seu empenho eesforço, em especial do Mário Manso, de certeza que ele não existiria.

Esta indiscutível entrega do Mário Manso à causa dos Fuzileiros, este-jam eles no activo, na reserva ou na reforma, no país ou no estrangeiro, civisou militares, é claramente visível e constatável no dia-a-dia, quer seja noapoio material, físico ou psicológico, através do constante e sistemáticofranqueamento da sua residência, de centenas de chamadas telefónicas querecebe e que difunde, umas incentivando e apoiando e outras criticando oumaldizendo as acções e atitudes dos responsáveis da Direcção, especial-mente de alguns que há pouco terminaram o seu mandato.

EQUILÍBRIO E BOM SENSO

Este artigo, que intitula de“Anticorpos” é simplesmente um re-flexo, em tom suave, disso mesmo.

O José Manuel Parreira, é umhomem extraordinário, simultanea-mente cativante e martirizado. Do-tado de grande fluência e de um re-finado sentido de humor mas, aomesmo tempo, altamente trau-matizado, qualidades antagónicasque o acompanham e se consoli-daram durante a guerra, que quase o matou e incapacitou para a vida, quehoje se reflectem numa tremenda injustiça relativa, nas malfadadas formasde compensação.

O seu poema traduz um “estado de alma”, uma revolta e uma libertação,que se reporta a uma época negra da nossa história, a um passado remoto,hoje condenável e detestado pela quase generalidade dos portugueses.

Quantos poetas e prosadores têm feito alarde de tais circunstâncias?Quem não criticou os indignos privilégios e distinções de uns quantos àcusta do sacrifício e do sangue de muitos desafortunados?

Será que algum Marinheiro ou Fuzileiro de agora ou do passado, bemintencionado, de alta patente ou não, se revê ou se sente atingido pelo con-teúdo e alcance daqueles versos?

Muito sinceramente, julgo que não ! …A dádiva, a coragem, a disciplina e a glória dos Fuzileiros e da Marinha

na sua plenitude, não cabem nas entranhas da imaginação de um qualquerinvejoso e maldizente ! … .

Chocante é, isso sim, e constitui para mim uma mágoa profunda, cons-tatar que pessoas que sempre tive (e continuo a ter, certamente) na maiselevada estima, consideração e amizade, fazerem referências tão absurdase sibilinas ao interpretarem os emotivos e inofensivos textos, retirando deles,de forma falaciosa, intimidativa e inoportuna, um sentido maldoso, ressarciantee pretensioso, que ele seguramente não tem, porventura servindo valores einconfessáveis intenções que visam, tão só, o apoucamento bacoco. Deresto, alguma dessa argumentação, só poderá entender-se como violadorade princípios fundamentais de Direito, que a lei, ordinária e constitucional,expressa e rigorosamente proíbe, quando se referem a matéria jurídico-pe-nal, onde deverá incluir-se o RDM, como sejam a analogia e a interpretaçãoextensiva.

Para terminar, devo esclarecer ainda que, logo à nascença, na primeiraedição do Desembarque, tivemos o cuidado de escrever no Editorial que setratava de um “humilde mas audacioso projecto”, sendo que “a humildadea que se alude significa, acima de tudo, uma atitude despretensiosa, traduzidanuma abertura plena à colaboração e livre participação de todos, indepen-dentemente do nível cultural ou académico”. De resto, o próprio nome “De-sembarque”, que tanto significado tem na actividade dos Fuzos, foi na opor-tunidade justificado como sendo o local de onde e para onde desembarca-riam as historias, as ideias e as sugestões de cada um.

Por isso, foi criado o capítulo “A Voz dos Associados”, aos quais sepermite que façam do órgão informativo “um repositório de memórias, deiniciativas e de ideias que pretendam dar a conhecer ou compartilhar”, cujoslimites apenas serão impostos pela obediência às regras ou valores da cor-recção e do respeito, bem como das leis e regulamentos que impõem adisciplina funcional e os sãos princípios da convivência social”.

É este, pois, o propósito que nos anima, embora se reconheça a neces-sidade de alguma censura mitigada, pelos motivos já descritos, mas feitacom sensatez e não redutora dos princípios constitucionais, mormente dosDireitos, Liberdades e Garantias.

Ilídio Neves

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2 NOTA DO PRESIDENTE

“O desabrochar da ideal beleza do pensamento”, é umafrase bonita que retirei da página de um livro que li duranteas férias, que há pouco terminaram. Tem encanto e temconteúdo, por isso se ajusta a uma multiplicidade de situa-ções que, com alguma frequência, nos invadem as ideias.

É neste sentido e nesta medida que, na qualidade dePresidente da Direcção da Associação de Fuzileiros, aquipretendo transmitir uma agradável sensação que colhi du-rante este período.

Não visitei grandes cidades nem monumentos exube-rantes, que me conduzissem à reflexão, abriguei-me noTemplo da Natureza, onde se situa a minha humilde casade província, em pleno centro do país, sob zimbórios deverdura, onde os raios de sol penetravam como flechas deouro, para irem derramar-se sobre a relva em mil tons desombra e luz. Os murmúrios do vento e o frémito das fo-lhas, produziam em tudo acentos misteriosos, que me im-pressionavam o espírito e me levavam à meditação.

Obviamente que, embrenhado neste imaginário, tinha espaçoprivilegiado a nossa querida Associação e tudo o que com ela sepoderia eventualmente relacionar.

Mas, meia dúzia de acontecimentos se impuseram como motivoessencial do meu orgulho e da minha satisfação.

Em primeiro lugar, foi a constatação, com factos e indícios, da suaimplementação e afirmação, a níveis francamente reconfortantes.

Em segundo, pela dimensão e grandeza do prestígio e admira-ção de que gozam os Fuzileiros, em grande medida por via destanossa novel Instituição.

Em terceiro, por ter visto, com surpresa e emoção, alguns jo-vens e adolescentes exibirem no seu próprio corpo, com indisfarçá-vel vaidade, despertando a atenção e a admiração de muitos ou-tros, em festas e arraiais populares, os pólos, brancos e azuis, como distintivo da Associação de Fuzileiros, que há ainda pouco tempomandamos confeccionar e temos vindo a comercializar em diversoseventos em que temos estado representados.

Em quarto, pelo frequente e crescente assédio dos “media” so-bre a sua existência e funcionamento, solicitando entrevistas e pu-blicando artigos que nos distinguem e nos encorajam, fazendo comque uma grande quantidade de jovens nos procurem e nos tenhammanifestado o desejo de ingressar nos Fuzileiros, especialmente apartir do momento em que se tornou pública a abertura do concur-so que, pela primeira vez, permitia o ingresso de jovens do sexofeminino.

SATISFAÇÃO E ORGULHO

Dr. Ilídio NevesPresidente

“Stand” da Associação, em Setúbal

Devo também realçar o impacto e o interesse que despertam aspequenas exposições que a Associação tem levado a cabo em al-guns eventos de significativa relevância social e local, como foi, porexemplo, o magnífico “Stand”, preparado por um grupo de jovensFuzileiros, nossos associados, residentes em Setúbal, com o bene-plácito da Direcção da Associação, numa feira grandiosa, em plenocentro da cidade, cujo sucesso, em termos de afirmação e divulga-ção, foi enorme e altamente prestigiante.

E, por fim, pelo crescente empenhamento e aumento substanci-al do número de sócios, nestes últimos meses, bem como pela gran-de quantidade de associados que se dignaram efectuar o paga-mento das quotas em atraso, respondendo ao apelo que lançamos,na sequência da apresentação de cumprimentos.

São estas constatações e estes procedimentos que nos dão alen-to e motivação para fazermos cada vez mais e melhor, em prol des-ta nossa grande família de afectos e emoções.

Na esteira de um grande filósofo da antiguidade “nenhum ser éjoguete da fatalidade, nem favorito de uma graça caprichosa, por-que a existência é um campo de batalha onde o braço conquistaseus postos”.

De resto, o alvo não é a pesquisa de satisfações efémeras, massim a elevação pelo sacrifício e pela sensação de prazer de sentir odever cumprido.

Bem Hajam … e um abraço amigo!Ilídio Neves Luís

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3ENTREVISTA

COMANDANTEHEITOR PRUDÊNCIO DOS SANTOS PATRÍCIO

Existem momentos na nossa vida que, por uma razão ou por outra, nos sacodem a sensibilidade de uma maneira muito especial.Este é precisamente um deles.

Com efeito, a possibilidade de entrevistar para “o Desembarque”, a personalidade que, nos recuados anos de 1965, quandochegamos a Vale de Zêbro, com maior frequência burilava na nossa mente, como sendo o oficial mais cintilante, pela competência,pela salutar irreverência e pela respeitabilidade que impunha, na Escola de Fuzileiros, constitui para nós uma elevada honra e umprivilégio, que justificam na plenitude este incontrolável estado de espírito.

O comandante HEITOR PRUDÊNCIO DOS SANTOS PATRÍCIO,veio ao mundo, na cidade de Faro, no ano de 1931, sendo filhode um militar.

Aos 10 anos ingressou no colégio dos “Meninos da Luz”, onde permaneceu até aos 19, passando, depois, para a Escola doExército. Concorreu, de seguida, à Força Aérea, mas acabou por entrar na Escola Naval, em 1951, como Cadete, tendo sidopromovido a Guarda-Marinha, no ano de 1955.

Nos anos de 1956/57, prestou serviço no Estado da Índia, fazendo parte do NRP Afonso de Albuquerque. Foi aqui, que começoupor se revelar a peculiaridade do seu comportamento, quando, estando de oficial de serviço, pelas seis horas da manhã, constataa entrada a bordo do navio de duas praças, de aspecto enxovalhado, muito para além da hora de recolher obrigatório. Resolveuentão fazer o julgamento à sua maneira, impondo-lhes que, pelas 10,00 horas, o teriam que acompanhar numa sessão de ginástica.Levou-os ao limite das suas forças, fazendo com que chegassem ao duche quase de rastos, mas limpos de qualquer outro castigo.

Após o regresso da Índia, a Marinha indigitou-o para fazer o curso do INEF (Instituto Nacional de Educação Física).Terminadoeste, foi destacado para o N. E. Sagres, como instrutor de Educação Física.

Em Julho de 1961, é destacado para a Escola de Fuzileiros, que, naquela altura, era ainda, tão-somente, um conjunto dedepósitos e paióis de armamento, levando consigo algum pessoal da classe de Manobra, que integrou o 1º Curso de conversãopara a classe de Fuzileiros, sendo que, hoje, são quase todos oficiais.

Foi ele, juntamente com o comandante Maxfredo, a dar os primeiros passos no sentido de dotar a Escola com as condiçõesmínimas para o início da instrução.

Entretanto, em 1963, faz um estágio de contra insurreição, no C.I.O.E., em Lamego e, em 1964, conclui o curso de FuzileiroEspecial.

Durante os anos de 1967/1968, frequentou e concluiu, com aptidão, o Curso Geral Naval de Guerra.Esteve embarcado em diversos navios da nossa Armada, chegando a comandar alguns deles, entre os quais os NRPs Porto

Santo e Diogo Gomes.Seguidamente, foi nomeado pelo Almirante Ferrer Caeiro, que exercia as funções de Comandante Naval, Oficial de Segurança

dos Postos da NATO, existentes no nosso país.Como reconhecimento dos inúmeros e excelentes serviços prestados, consta nos seus registos uma apreciável quantidade de

louvores, bem como outras mais distinções e condecorações, algumas delas de grande significado e relevância. Por paradoxal quepareça, em virtude da sua salutar irreverência e atitudes descontraídas no relacionamento com os seus comandados, a última dassuas muitas condecorações foi a medalha militar de ouro, de comportamento exemplar.

Atingiu a patente de Capitão de Fragata, em Setembro de 1974 e, por força da Lei nº 43/99, foi, muito justamente, promovido aCapitão de Mar e Guerra.

Passou à situação de adido ao quadro, em Janeiro de 1981, por ter atingido o limite de idade.Hoje, do alto dos seus 77 anos de idade, conserva exemplarmente a mesma energia e jovialidade, que o caracterizaram durante

toda a sua vida.

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4 ENTREVISTA

Falando com outros Oficiais numa pausa da guerra

Participando no rancho da porca

DESEMBARQUE: O Sr. Comandante éconsiderado nos Fuzileiros como umreferencial de excelência, pela sua compe-tência, salutar irreverência e inquestionávelprestígio.

Tem consciência disso, Sr. Comandan-te? Como explica esta situação e como jul-ga que adquiriu este estatuto?

COMT.PATRICIO: O estatuto foi-medado pelo privilégio da convivência com o

pessoal. Por aquilo que fiz, por aquilo quelhes pude ensinar, que foi sempre para o seupróprio Bem. Mais ainda, tudo o que lhesexigi foi sempre depois de eu dar o exem-plo, nunca mandei fazer nada que não fosseeu mesmo capaz de executar.

Na verdade, sendo eu o responsávelmáximo pela educação física, que incluíaaquelas modalidades para muitos desconhe-cidas, como o boxe, o judo e todos os de-mais exercícios que os instruendos apresen-tavam, com orgulho, quando juravam ban-deira, justifica-se e compreende-se que as-sim fosse. Colaborei também na concepçãoe implementação das pistas de combate ede outros mais obstáculos que faziam partedo plano dos cursos.

Mas lembro ainda algumas outras atitu-des que certamente terão contribuído paraisso, como, por exemplo, o combate queestabeleci contra as meias de cor nas revis-tas de licença. O meu posto de observaçãoera junto da entrada no autocarro e, quemexibisse o folclore acima dos calcanhares,fazia-lhes descalçar as peúgas e mandava-as colocar na sarjeta. Na altura de baldear apequena parada eu era o primeiro a descal-çar as botas e a arregaçar as calças, os ra-pazes seguiam-me entusiasmados nessatarefa. Quando o Melo Cristino, lá do alto da

sua janela pretendia impor a autoridade, eu,na maior parte das vezes, fazia que não ou-via, até que ele acabava por desistir.

Não sinto arrependimento pela formacomo me comportava, quando me envolviacom os Fuzileiros e encarava os seus pro-blemas, porque ainda hoje me dispensamuma enorme gratidão, o que considero sa-lutar e muito reconfortante.

DESEMBARQUE:

O Sr. Comandante este-ve na origem da Associ-ação de Fuzileiros, sen-do um dos sócios funda-dores, o que muito nosorgulha e nos alenta.

Que impulsos oumotivos o levaram a to-mar esta iniciativa?

COMT.PATRICIO:

Sim, é verdade, mas ainiciativa foi do Comt.Rebordão de Brito, queformou um grupo de tra-balho, a exemplo de ou-

tras associações congéneres. Tivemos ins-piração no trabalho desenvolvido por outrasforças, mas quisemos fazer ainda melhor,sempre com o intuito de manter e preservaros valores e a mística que são apanágio dosFuzileiros. Estou certo que a actual Direc-ção, com o seu dinamismo e empenhamen-to, é capaz de levar o navio a bom porto!

DESEMBARQUE: Como qualquer umde nós, sente naturalmente a nostalgia dopassado, mormente dos tempos difíceis egloriosos quepassamos nascampanhas ul-tramarinas. Po-rém, com a di-mensão pessoale profissionalque tem, fazendouma retrospecti-va no tempo,como vive e sen-te agora estanossa nobre Ins-tituição, os Fuzi-leiros?

C O M T .

PATRICIO: Pen-so muitas vezes

nos bons, e alguns (poucos) maus momen-tos no Ultramar. O que aconteceu de mal jápassou à História, para recordar interessam-me sobretudo as boas memórias, que feliz-mente abundam.

De facto, lembro muitas vezes aquelesepisódios delirantes que me preenchiam o“ego”. Não me coibia de alinhar com qual-quer elemento da minha Unidade, fosse qualfosse a patente, quando frequentava os lo-cais onde se bebiam uns copos, como, p.e.,no Cisne Negro, em Moçambique. Aqui, numcerto dia, os empregados recusaram-se aservir três militares do Exército que preten-diam tomar umas cervejas, atitude de quenão gostei e me levou a intervir para conse-guir o atendimento correcto dos militares. Detal modo fiquei indignado com tal comporta-mento, que decidi desenvolver algumas“demarches” que conduziram ao encerra-mento do bar, durante dois meses.

Numa outra ocasião, um grumete Fuzi-leiro, que ainda hoje parte uma garrafa coma “mona”, envolveu-se numas escaramuçasnum outro bar, reagindo a provocações deuns civis, arrogantes e convencidos. Fui inti-mado superiormente para formar a compa-nhia na parada, para que o rufião, maltrata-do com uma forte cabeçada, pudesse iden-tificar o agressor. Sabendo do sucedido,mandei formar o pessoal, para que a revistafosse feita, mas deixei de fora todos osintervenientes na contenda do dia anterior.

Ainda hoje vivo e sinto os Fuzileiros,como nos tempos dourados do passado. Deresto, estou sempre com a nossa máxima:Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre!

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5ENTREVISTA

A caminho de uma operação

Recepção no acampamento dos guerilheiros

DESEMBARQUE: Que momentos ouepisódios mais o marcaram enquanto Fuzi-leiro no activo, no continente ou no ultra-mar?

COMT. PATRICIO: Faltaram-me, comoainda hoje faltam, palavras. Recordo semvergonha algumas lágrimas que verti. Tenhotantos episódios no Ultramar, na Escola deFuzileiros, como em outras campanhas, quepraticamente me é impossível resumir. Setivesse talento para as letras, daria certamen-te um bom livro.

Não quero, no entanto, deixar de referiralguns episódios, que me marcaram profun-

damente. Foram, porém, muitas as peripé-cias em que fui protagonista, mas sempredefendendo os valores de que nunca abdi-quei, dos quais nunca me arrependo.

Recordo, com emoção, os momentos emque fui conversar, e apenas isso, com oshomens desterrados em locais onde a mor-te espreitava constantemente e que ninguémdesejava. Tinha a noção de que a moral serecarregava tão-somente com simples ges-tos, como, por exemplo, ir dar os parabénsao camarada que fazia anos.

Durante os anos de 1973 e 1974, estivena Guiné, como Comandante do designadoCOP-5, sob as ordens do Governador Ge-ral, que depois do 25 de Abril de 1974, foi oTen. Coronel Carlos Fabião, que rendeu oGeneral Bettencourt.

Depois desta data, terão porventura ocor-rido os episódios mais marcantes e decisi-vos, como foi o caso das negociações quedesenvolvi com os mais altos responsáveisdo PAIGC, para acertar a transferência desoberania nos locais mais emblemáticos,fora de Bissau.

Desloquei-me, a pedido do PAIGC, aQuitafine, para me encontrar com alguns dosseus comandantes. O percurso foi de bote ea acompanhar-me levava apenas um Fuzi-leiro do Destº nº 22, armado de espingardaG-3. Quando alcançamos o ponto de desem-barque e já fora do bote, fui imediatamenteempurrado com violência, o que me deixouconfuso e perplexo, mas logo fui informadode que estava prestes a pisar uma mina.Passado o susto, pusemo-nos a andar a pé,durante cerca de três quilómetros, até alcan-çarmos um acampamento totalmenteacobertado pela vastidão e densidade da

mata, de onde eraimpossível ver o sol.Ali, na companhia dosguerrilheiros, come-mos uma fugaz refei-ção de arroz cham-béu, acompanhadode leite de cabra eágua da bolanha.

O comandanteoperacional da guer-rilha, um tal Laisec,tardava em chegar, oque me levou a infor-mar os presentesque se estava a fazertarde para o regres-

so e se aproximava a baixa maré, que im-possibilitava a deslocação do bote. Daí apouco soa-ram uns tirosque, segundome disseram,assinalavama chegada dogrande chefe.Com ele, de-pois dos cor-diais cumpri-mentos, inici-amos o per-curso até jun-to do Zêbro,onde nosaguardava oFuzileiro. Aofacultar-lhe oembarque, ele tenta de imediato entregar-me a sua arma, gesto que eu recusei pe-remptoriamente, ao mesmo tempo que lhevi sobressair do rosto um semblante de sa-tisfação pela confiança demonstrada.

Chegamos a Cacine em perfeita norma-lidade. Pelas três da manhã, acabamos areunião e eu entrei nos meus aposentos.Logo após, entra o Laisec com a sua arma,que de forma determinada me entregou, paraeu guardar, revelando, mais uma vez, quedepositava em mim total confiança. De res-to, deste curto relacionamento emergiu umtratamento familiar e afectuoso, começandoele a tratar-me por tio e eu correspondia como de sobrinho.

Eram indícios fortes da humanização daguerra!

Na localidade de Aldeia Formosa, foi fei-ta a troca de prisioneiros entre as duas par-tes, cuja formação era superior a um pelo-tão e eu era a única autoridade portuguesapresente.

Para as cerimónias de implantação donovo Estado, ainda fora de Bissau, apenaseu fui convidado, mas, por minha sugestão,o convite foi estendido a uma representa-ção do M.F.A. .

Em Gadamael e Cacine, depois de arria-da a bandeira portuguesa, que me foi entre-gue, as minhas palavras, cheias de como-ção, foram de incitamento ao progresso so-cial, assente nos princípios democráticos.

DESEMBARQUE: Chegou ao nossoconhecimento que, por norma, os coman-dantes das Companhias e Destacamentosindigitados, faziam, sempre que possível,

uma selecção prévia dos elementos que osiriam integrar, recusando, quase sempre, osque consideravam indisciplinados. Todavia,consta que o Sr. Comandante, quando cons-tituiu a 6ª Companhia, não fez uso de tal

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6 ENTREVISTA

Dando ordens no convivio da sua Companhia

Preparando a entrevista no bar da Associação

procedimento, chegando mesmo a convidaralguns que se encontravam a cumprir pe-nas.

Quer dizer-nos se isto tem algum funda-mento? A ser verdade, acha que valeu apena ter assumido o risco?

COMT. PATRICIO: Quando formei a 6ªCompanhia, com respeito ao pessoal, sar-gentos e praças, tive sempre como apanágiopedir voluntários. Trabalhar e exigir a pesso-al que entra de sua livre vontade, proporcio-na sempre um “comando” mais fácil. Comrespeito aos meus amigos “malandrecos”,talvez sejam até mais sinceros em alturascruciais que os “intelectuais”, não querendodizer com isso que os mais bem comporta-dos não fossem igualmente bem-vindos, poisguardo, ainda hoje, grandes amizades tantoem relação a uns como a outros.

É verdade que fiz estender o convite aalguns Fuzileiros que se encontravam deti-dos no Corpo de Marinheiros, levando daítodos os que se disponibilizaram. Na con-versa que tive com eles, apercebi-me dacapacidade de alguns para se movimenta-rem no meio de organizações marginais,chegando um deles a oferecer-me os seuspréstimos para recuperar o automóvel de umcamarada, que havia sido furtado algum tem-po antes. Acedi à proposta, concedendo-lhedois dias para esse efeito, findos os quaisse deveria apresentar, tivesse ou não logra-do alcançar o objectivo. Assim aconteceu, amissão foi cumprida com êxito.

Foram muito satisfatórias e reconfortan-tes as recuperações conseguidas para al-guns deles, que me consideravam como pai.

A indispensável disciplina nunca foidescurada, ao ponto de se reflectir no bomdesempenho das missões.

Fizeram-se trabalhos importantes, entreeles a construção da pista de aviação deMetangula e muitos mais de grande utilida-de e significado.

Como compensação, todos os elemen-tos da minha companhia tinham autorizaçãopara trajar à civil, fora das instalações daUnidade.

DESEMBARQUE: No seu entender, quecontributos ou atitudes se devem esperardos Fuzileiros em geral, relativamente à nos-sa Associação?

COMT. PATRICIO: É minha convicçãoque todos os Fuzileiros deveriam fazer parteda nossa Associação. Os que têm possibili-dade de pagar a sua quota devida, não te-rão certamente problemas, e os que nãopuderem, que lhes seja proporcionada pelaDirecção, a possibilidade de uma quotizaçãoreduzida, analisada caso a caso.

DESEMBARQUE: Que sugestões querdar para que ela se projecte, com a grandeforça anímica que sempre acompanhou osFuzileiros?

COMT. PATRICIO: As sugestões podeme devem ser previamente conversadas, nãome é fácil neste curto espaço incluí-las. Parajá estou, como sempre estive, à vossa dis-posição para melhorarmos a nossa Associ-ação.

No entanto, a sugestão que vos deixo éque continuem com o dinamismo e entusi-asmo que vêm demonstrando, para bemdesta grande família, a que nos orgulhamosde pertencer.

DESEMBARQUE: Sabemos que a mui-tos oficiais da Marinha era imposta a suaintegração nos Fuzileiros, o que constituía,para muitos deles, um desalento e um ver-dadeiro calvário.

O ingresso do Sr. Comandante aconte-ceu por vocação genuína, ou foram outras

Page 9: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

7ENTREVISTA

Falando para o Desembarque

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João Filipe Vinhas Barroso

– “João dos Potes”

contingências que o impulsionaram a fazeresta opção?

COMT. PATRICIO: Estive nomeadopara ir buscar a então nova “Sagres” ao Bra-sil, mas as contingências do país nessa altu-ra alteraram a realidade. Com a criação daEscola de Fuzileiros pelo então V.A.Reboredo, a quem os Fuzos muito devem,fui chamado, assim como o Comt. Maxfredo,e um pouco mais tarde, o Ten. PascoalRodrigues, para formarmos a classe de Fu-zileiros.

A minha ida para a Escola de Fuzileiros,foi assumida com satisfação e entusiasmo efoi de tal forma galvanizadora, que arrastouuma quantidade apreciável de marujos, sen-do que, muitos deles, entraram logo no pri-meiro curso, que se iniciou ainda no Corpode Marinheiros. No entanto, naquela alturasó podiam concorrer as especialidades demanobra, artilheiros e monitores.

DESEMBARQUE: Sendo certo e ine-quívoco que, perante a sociedade portugue-sa, os Fuzileiros são tidos como uma dasprincipais Forças de Elite, que muito têm dig-nificado a Marinha e prestigiado a imagemde Portugal, interna e externamente, nãoacha que se assiste a um subaproveitamentoou até alheamento por parte dos principaisresponsáveis políticos e militares, quanto àsua utilização ou empenhamento em mis-sões internacionais, como vem acontecen-do com outras Forças nacionais?

COMT. PATRICIO: Acho que em as-pectos militares os nossos Fuzileiros estão

a ser um pouco marginalizados. Porquê?Não sei. Inveja, egoísmo ou motivos políti-cos?

Tudo isso é possível, mas, francamente,a sua dádiva é de tal modo elevada que oPaís deveria encara-los com mais conside-ração e respeito.

DESEMBARQUE: Para terminar, o quese lhe oferece dizer sobre a situação actualda Associação de Fuzileiros e sobre o con-teúdo e apresentação do nosso Desembar-que?

COMT. PATRICIO: O Desembarquetem desempenhado o seu papel principal e

primordial, que é o de levar uma mensagempositiva e criar um elo de ligação entre osFuzileiros, mas como em tudo na vida, hásempre espaço para melhorar. Gostava ain-da de aproveitar esta oportunidade que medão, para sem nomear ninguém, porque éobvio que, dizendo um nome, teria de citarcentenas, homenagear TODOS os que ser-viram comigo e que foram meus discípulos.

O meu Bem – Hajam e parabéns pelotrabalho realizado!

Entrevista conduzida por: Ilídio Neves/Mário Manso

Page 10: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

8 DESTAQUE

Associando-se de forma tão significativaà comemoração dos 500 anos da cidade doFunchal, a Marinha decidiu, aproveitando ahistórica oportunidade, celebrar, com gran-de dignidade e brilho, o dia do seu aniversá-rio, naquela bonita Urbe atlântica, cujo por-to e baía se encontravam esplendoro-samente engalanadas com o colorido bri-lhante, devidamente embelezado, de umagrande parte da sua frota.

À noite, o deslumbrante arraial dos mi-lhares de luzes, que emolduravam os navi-os, vistos à distância, a partir da inclinadacidade em festa, representava um fascinan-te espectáculo de cor e luz, para onde con-vergiam os olhos admirados de quantos sedispusessem a sair à rua.

Naquela contemplação comovente, nãohavia ninguém, certamente, que não libertas-se um sentimento de prazer, de orgulho e atéde saudade, ao desprender o imaginário paraepisódios fantásticos do passado, cuja gran-deza de prestígio e de glória se reflectia nopresente, numa aliciante perspectiva do futuro.

DIA DA MARINHA

Afinal não tem a Marinha um signifi-cado especial para a quase generali-dade dos portugueses? Quantos nãoderam a ela, com orgulho, uma gran-

Alocução de Sua Ex.ª o CEMA

Dando autorização para o desfile

de parte das suas vidas? Quantas fa-mílias se não constituíram, crescerame se sustentaram através desta nobre Insti-tuição?

Page 11: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

9DESTAQUE

É claro que sem aquela emotiva impres-são que causava nas pessoas, o fervilharconstante dos marujos nas ruas, que enfei-tavam de branco e azul os locais onde, comcontagiante graciosidade, se deslocavam.Mas, mesmo assim, sem esses artefactosvistosos e cativantes do passado, ainda hojeos Marinheiros, mais ou menos dissimula-dos, são credores de um grande capital deadmiração, especialmente quando são ob-servados nas fainas que regularmente exe-cutam.

O exemplo cabal disto tudo, revelou-senas longas filas de populares que, esperan-do muitas horas ao sol escaldante, não he-sitaram em visitar alguns navios que a Ar-mada colocou à sua disposição para esseefeito. Entre eles o NRP Sagres, o Creoula eo submarino Barracuda, sendo este o alvoprincipal dos mais curiosos e o que maioradmiração causava em todos os transeun-tes que gravitavam pelo cais.

As cerimónias oficiais, dirigidas na qua-se totalidade por Sua Exª. o Chefe do Esta-do Maior da Armada, Almirante Melo Gomes,decorreram com grande brilhantismo e dig-nidade, cujo auge foi atingido, no seguimentodo seu sugestivo e bem elaborado discur-so, durante o magnífico desfile de diversasUnidades da Marinha, ao longo da Avenidado Mar e das Comunidades Madeirenses,sobre a presidência de Sua Exª. o Ministroda Defesa, Prof. Doutor Severiano Teixeira,

Vista Geral e forças em parada

Exercício demonstrativo dos Fuzileiros num assalto a meios navais.

e com a presença de todas as autoridadesda Região, ao mais alto nível, nomeadamen-te o Presidente do Governo Regional, Dr.Alberto João Jardim, Representante do Go-verno da República na Região, outros mem-bros do Governo Regional, Presidente daCâmara Municipal e autoridades civis milita-res e religiosas, para além de muitos oficiaisgenerais e superiores, da Marinha e dasoutras Forças Militares.

A população da Madeira acorreu em for-ça ao evento e assistiu com grande entusi-

asmo e curiosidade a todo aque-le empolgante cenário de belezagrandiosa, orgulhosa do seu Paíse da sua Marinha.

No dia anterior às cerimóniaspropriamente ditas, decorreu,com grande brilho, um excelentemomento artístico, para encantodos presentes, um concerto mag-nífico, interpretado magistralmen-te pela Banda da Armada, ao qualse juntou, em alguns números, umalegre e vistoso conjunto de cor-das de uma escola de música lo-cal, que teve lugar no Palácio dosCongressos do Funchal.

A cerimónia terminou, com umagradável almoço a bordo daSagres, que, sendo o culminardos eventos, nem as delíciasgastronómicas conseguiam dei-xar já esconder uma certa nostal-gia e uma mágoa, por aconteci-

mento tão belo e tão significativo, que esta-va prestes a acabar.

A imprensa regional deu grande desta-que a todos os aspectos deste grande actosolene, dedicando páginas inteiras à Mari-nha, através de longas entrevistas aos seusmais altos dignitários.

O Desembarque esteve presente, napessoa do seu Director e colaborador prin-cipal Mário Manso.

Ilídio Neves

Page 12: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

10 DESTAQUE

O primeiro sábado do mês de Julho, dia5, era esperado com uma certa ansiedadepor grande número de Fuzileiros, muito es-pecialmente pelos membros da DirecçãoNacional da Associação, que se empenha-ram com grande entusiasmo, muito zelo ecuidados bastantes, para que este nossoevento especial, que faz parte do programaanual de actividades, decorresse com o ne-cessário brilho e em condições de plenasatisfação para todos os participantes nestealiciante convívio fraterno.

7º ENCONTRO NACIONAL DE FUZILEIROS

reflectir e difundir essa nostalgia e saudadecom os Fuzileiros mais recentes, que já nãopassaram pela odisseia africana, fazendo aguerra colonial, mas que vivenciaram , cer-tamente, muitas outras e interessantes faça-nhas, no país e em outros pontos críticospelos mais diversos recantos do mundo.

Pretendia também este acontecimentotransmitir e sensibilizar as futuras geraçõesde jovens para esta causa civilizacional epatriótica, que é servir a Nação ao serviçoda Marinha, integrando um Corpo Especial

amigos e convidados, que “grosso modo”rondaria o milhar de pessoas.

Tudo decorreu na perfeição, com umabem confeccionada e pantagruélica emen-ta, um excelente programa, ao gosto de qua-se todos, a avaliar pelas inúmeras referênci-as elogiosas que ao longo do dia nos iammanifestando. Não foi, todavia, possível oesperado aliciante da acrobacia aérea, portotal impossibilidade do piloto, nosso preza-do associado, o Fuzileiro ilustre Comandan-te da TAP, Conceição e Silva, que não che-

Concentração dos Associados junto ao Monumento do Fuzileiro

Pretendia-se, no essencial, proporcionara todos os Fuzileiros, de diferentes gerações,quer fossem ou não associados da Associa-ção de Fuzileiros, uns momentos de alegriae prazer, confraternizando, galvanizados poruma mística comum, quer fosse a rever ami-gos e camaradas do passado, que compar-tilharam vivências, recheadas de sentimen-tos, de sofrimento e de dor, mas também degrandes episódios hilariantes de felicidade,de amizade e solidariedade, ou, ainda, a

de Elite, onde os valores mais sublimes dacoragem, da camaradagem, da disciplina eda amizade, são a chancela máxima da des-treza e da já bem constatável euforia e en-vaidecido desejo de muitos jovens em que-rer ingressar nesta grande família de afec-tos e orgulhos.

Julgamos, muito sinceramente, que osobjectivos foram alcançados na plenitude,se não mesmo superados, tal foi o númerode Fuzileiros presentes, seus familiares,

gou a tempo de uma viagem de longo cur-so, que regularmente efectua, no comandode um dos maiores aviões comerciais (oAIRBUS – A340) da frota aérea portuguesa.

O êxito e o sucesso do evento ficou ain-da a dever-se ao excelente trabalho de co-ordenação, de esforço e empenhamentototal de grande parte dos membros dos Ór-gãos Sociais da Associação, com especialdestaque para o muito competente, dedica-do e voluntarioso Secretário da Direcção,

Page 13: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

11DESTAQUE

Profundo sentimento e respeito no momento da homenagem aos Fuzileiros mortos

Alocução do Presidente da Direcção

Cmte. Piteira, do Vice-Presidente, CMGAntónio Beltrão e dos incansáveis e sempredisponíveis Mário Manso, J. M. Parreira, Va-randas e outros mais, que deram um contri-buto excelente e decisivo.

A colaboração, auxílio precioso e perma-nente simpatia dos Exmos. Comandante e2º Comandante da Escola de Fuzileiros,CMG AntónioRuivo e CFRPereira Leite,respectiva-mente, bemcomo de ou-tros presti-mosos ofici-ais da Unida-de, não só fo-ram absolu-tamente inex-cedíveis, im-prescindíveise incentiva-dores, comoforam tam-bém cataliza-dores valio-sos para aelevação deste sentimento fraterno e gene-roso que nos une, com orgulho e emoção,nesta grande família de Fuzos.

Também um apreço muito especial parao Exmo. Comandante do Corpo de Fuzilei-ros, C/AL Carvalho Abreu, pela total dispo-nibilidade de meios, o incitamento cativante

gurança da Região e Digníssimos Presiden-tes e Representantes de diversas organiza-ções de combatentes e ex-combatentes.

Durante o acto solene, mais comoventee emocional, de homenagem aos nossossaudosos camaradas mortos, o Presidenteda Direcção da Associação de Fuzileiros,proferiu uma breve e improvisada alocução,alusiva ao momento, com profunda conster-nação e respeito, que, pelas reacções es-pontaneamente manifestadas, tocou noâmago da sensibilidade de muitos dos pre-sentes, ao ponto de diversos camaradasmais comovidos e representantes de algu-mas Associações de combatentes e ex-com-batentes lhe terem solicitado cópias do pe-queno discurso. Como tal não era possível,em virtude de se tratar tão-somente de umligeiro e desalinhado conjunto de aponta-mentos manuscritos, meros tópicos para en-caminhamento do raciocínio, transcreve-se,de seguida, conforme o prometido, em tex-to devidamente arrumado, o conteúdo des-sa singela mas sentida exposição, omitindoapenas as referências às diversas individua-lidades presentes:

“ Na qualidade de Presidente da Direc-ção Nacional da Associação de Fuzileiros,tenho a probidade e o privilégio de vos sau-

dar a todos eagradecer, re-c o n h e c i d a -mente, a vos-sa honrosapresença.

Hoje é umdia muito es-pecial paranós, pelo fac-to de estar-mos a realizaraqui, na nossa“Casa-Mãe”, aEscola de Fu-zileiros, o nos-so dinamiza-dor, congre-gador, revive-rador e frater-

nal convívio, que reputamos de grande im-portância, no nosso plano anual de activi-dades.

Para a Direcção da Associação de Fuzi-leiros, especialmente para os membros quemais se empenharam na organização desteevento, ‘é uma alegria e uma satisfação imen-

val, que também representava Sua Ex.ª oCEMA. Estiveram igualmente presentes oExmo. Senhor Vice- Almirante ReisRodrigues e muitos outros distintos oficiaissuperiores da Marinha, bem como o Exmo.Presidente da Câmara Municipal do Barreiro,Comandantes das diversas Forças de Se-

dos seus conselhos e da sua presença,irradiante simpatia e afecto que sempre de-monstrou no acompanhamento do evento.

Nos momentos de maior significadoInstitucional e recreativo a Marinha fez-se re-presentar com a honrosa presença, ao maisalto nível, de Sua Ex.ª o Vice-AlmiranteVargas de Matos, Digmo. Comandante Na-

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12 DESTAQUE

Passeios de bote e de Larc, no rio Coina

O convívio do almoço no refeitório da “Casa-Mãe”

sas, constatar tão forte aderência, com apresença de camaradas de quase todo opaís e, muitos, vindos expressamente do es-trangeiro, para compartilhar alguns momen-tos de felicidade eatenuar, duranteapenas algumashoras, uma sauda-de fervilhante quese mantém solidifi-cada nas entranhasdo coração.

Na verdade,aqueles episódiosd e c i s i v a m e n t emarcantes, muitasvezes de amor eódio, de jactânciaou submissão,nunca, nas cir-cunstâncias difí-ceis, conseguiam demover ou pôr emcausa os valores e princípios sagrados dacoesão, da entreajuda, da solidariedade eda amizade. Um por todos e todos por um,era o nosso lema, muito particularmente narepartição da dor e do sofrimento. Estascoisas não se esquecem, até porque se pas-saram na fase mais impetuosa e revigoranteda vida de cada um.

A Associação tudo fará, e não se poupa-rá em esforços, para manter sempre bemacesa e brilhante esta chama sentimental,incitando com devoção todos os Fuzileirosdo passado e do presente e procurando ali-ciar os jovens do futuro, através de acçõesde sensibilização e divulgação, até onde forpossível fazer chegar os seus ecos de influ-ência e meios informativos e até onde seestender e sustentar a sua capacidadedinamizadora.

Escutando o toque do silêncio, pelo trompete de bolso do Associado “Neo”

Por tudo isto, quero deixar aqui um agra-decimento muito sincero e profundo, aosExmos. Comandante e 2º Comandante,CMG António Ruivo e CFR Pereira Leite, pela

inexcedível ajuda, simpatia e permanente dis-ponibilidade, não só na cedência desta nos-sa querida Unidade, mas também pelo ex-

traordinário apoio logísticoe material que amavelmen-te nos concederam.

É aqui, neste local,onde a nobreza dos senti-mentos assume um signifi-cado invulgar.

Foi aqui, que aprende-mos a sonhar e foi a partirdaqui que aprendemos aperspectivar o mundo.

Tenho a certeza, quequalquer um de nós, nestemomento e desde há al-guns dias para cá, é inun-

dado por uma emoção muito forte e anor-mal.

Porque é aqui, que nos sentimos enérgi-cos, galvanizados e nos revemos, com im-

pulsos perseverantes,na pujança da juventu-de.

Foi aqui, nestemítico lugar, outroramais lamacento, chei-rando a pólvora e ofus-cado pelos fumos ne-gros da Siderurgia Na-cional, que aprende-mos a fazer amigos.Foi aqui o palco demuitas das nossas ilu-sões e desilusões. Foiaqui, também, o localonde muito sofremos,mas com esse sofri-

mento aprendemos a ser homens afectuo-sos, aprendemos a ser disciplinados, cora-josos e solidários.

Page 15: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

13DESTAQUE

Foi daqui, que muitos de nós partimospara o desconhecido, para a guerra coloni-al, voluntariosos e impregnados de orgulhoe entusiasmo, por irmos defender a Pátria.Todavia, alguns que daqui partiram já nãosentiram a felicidade do regresso, nem aquinem ás suas casas. MORRERAM!... Morreramno cumprimento do dever, combatendo comvalentia e coragem, ao serviço dos Fuzileiros.

Ainda hoje, ao recordarmos a sua ago-nia e ao revivermos aqueles momentos dra-máticos, pronunciamos silenciosa ereflexamente, aquelas desesperadas súpli-cas a Deus e aos Santos da nossa devoção,numa ânsia de terror, que nos desperta ador e inunda os olhos de lágrimas.

É, pois, perante esses nossos mártiresque, aqui e agora, frente a este simbólico earrepiante monumento, nos curvamos esentidamente homenageamos. Foram osmortos que derramaram o seu sangue e ofe-receram o seu Bem mais precioso, a vida,para exaltar a honra e glória de todos nós.

Esta dádiva suprema e dolorosa, consti-tui também para muitos camaradas, queassistiram impotentes ao seu sacrifício fatal,uma dor permanente e indelével, que igual-mente nos dói, nos une e nos alimenta estamística sublime e incontrolável, que dá con-teúdo e sentido à nossa máxima: Fuzileirouma vez, Fuzileiro para sempre!

Muito obrigado a todos”.Outro momento comovente, aconteceu

quando o nosso associado, Manuel Gonçal-ves “O Neo”, vindo expressamente do Minho,interpretou, de forma magistral, com a suaTrompete de Bolso, o toque de silêncio e amarcha da Associação de Fuzileiros, deixan-

No mar, em terra ou no ar, os Fuzileiros estão sempre presentes. Aqui, alguns chegaramde pára-quedas

do todos os presentes estarrecidos de sen-timento e profundamente emocionados.Este estimado camarada, Fuzileiro dealma e coração, é natural de Estorãos,concelho de Ponte de Lima, e foi durantemuito tempo a Maestro da Banda Filar-mónica da Casa do Povo de Moreira de Lima– Ponte de Lima.

O Presidente da Direcção, pretende ain-da deixar aqui uma referência especial e umreconhecido agradecimento às Senhoras,esposas de camaradas Fuzileiros e associa-das simpatizantes, pela sua colaboração eajuda preciosa na venda e promoção dasdiversas mercadorias, no fornecimento evenda de senhas para o almoço, bem comonos registos e recebimento de quotas demuitos sócios que ali desejaram fazê-lo.

Igualmente manifestar a sua satisfaçãoe enorme gratidão ao Exmo. Capelão Licínio,pela comovente envolvência espiritual nacelebração da Santa Missa, pelas almas dosFuzileiros mortos e pelas intenções e felici-dade dos vivos, acto litúrgico de grande be-leza e profundo sentimento, numa linguagemsimples na expressão, mas grandiosa no seualcance e significado.

Para o próximo ano, no primeiro sábadode Julho de 2009, caminhamos empolgados,com o desejo acicatado e fortemente moti-vados para fazer tão bem, ou ainda melhor,se possível, para manter bem acesa eincandescente esta chama sentimental, quenos enaltece, nos orgulha e nos rejuvenesce.

Ilídio Neves

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Page 16: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

14 DESTAQUE

Como se costuma dizer, a vida é umconstante revigorar!

No universo tudo se renova incessante-mente em suas partes, mas o conjunto éeterno. Tudo se transforma, tudo evolui, nestejogo contínuo da existência, entre a vida e amorte, mas nada perece. Também nas Insti-tuições, de par com a decrepitude e com amorte, humanida-des novas desa-brocham em eter-no renovar.

Todavia, hásempre em tudoum conjunto deprincípios distintosda matéria, que setraduzem numa for-ça indivisível quepersiste e se man-tém entre as per-pétuas substitui-ções.

Chegou a horada mudança no co-mando do Corpode Fuzileiros, notopo da hierarquiaactiva desta nossaprestigiada Institui-ção.

De facto, no passado dia 08 do mês deOutubro, decorreu na Escola de Fuzileiros,em Vale de Zebro, a imponente cerimóniade rendição do cargo de comandante. OVice-Almirante João da Cruz de CarvalhoAbreu, que o vinha exercendo, com muitobrilho e competência, desde 15 de Novem-bro de 2005, foi rendido pelo Contra-Al-mirante Luís Miguel de Matos CortesPicciochi.

RENDIÇÃODO CARGO

DE COMANDANTEDO CORPO

DE FUZILEIROS

Este distinto Oficial-General da nossaMarinha nasceu em Lisboa, em 1957, cida-de onde viveu e estudou durante a maiorparte da sua juventude. Ingressou na Esco-la Naval em 1974, sendo promovido a Guar-da-marinha em 01 de Outubro de 1978.

Em 1991 frequentou o Curso Geral Na-val de Guerra e, em 2005, o Curso Comple-

mentar Naval de Guerra, ambos no InstitutoSuperior Naval de Guerra. Em 2007/2008 fre-quentou, no Instituto Superior Militar, o Cur-so de Promoção a Oficial General. É especi-alizado em Educação Física.

Prestou serviço a bordo de diversos na-vios da Armada, nomeadamente nas fraga-tas “Almirante Gago Coutinho”, “Comandan-te Sacadura Cabral” e “Comandante JoãoBelo”. A bordo da corveta “João Coutinho”

desempenhou as funções de oficial imedia-to.

Comandou duas unidades navais: o pa-trulha “Mandovi” e a corveta “António Enes”.

De entre as várias funções desempenha-das em terra, salientam-se as de oficial doEstado Maior da Armada, na Divisão de Pes-

soal e Organi-zação; 2º Co-mandante doBatalhão deFormação Ge-ral Comum eComandantedo Corpo deAlunos da Es-cola Naval, car-go que exer-ceu durante 5anos. De 2004a 2007 foi ochefe do Gabi-nete do Supe-r i n t e n d e n t edos Serviçosdo Pessoal.

Foi promo-vido a Contra-almirante, em10 de Setem-

bro de 2008.Da sua folha de serviços constam diver-

sos louvores, tendo sido agraciado com asseguintes condecorações: Medalha de Ser-viços Distintos – Prata (duas); Medalha deMérito Militar de 2ª classe; Medalha da CruzNaval de 2ª classe e Medalha de Comporta-mento Exemplar – Ouro.

Possui ainda os cursos civis de pára-quedismo e de treinador de voleibol.

A caminho da Tribuna de Honra

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15DESTAQUE

O Almirante Carvalho Abreu, emconsequência da sua recente pro-moção, foi destacado para o cum-primento de outras nobres funções,adequadas ao seu posto, mas fica-rá na nossa memória como um co-mandante exemplar, amigo, respei-tado e respeitador, sempre dispo-nível e disposto a ajudar, comcontagiante simpatia e elevadobom senso, brindando constante-mente a Associação de Fuzileiroscom indisfarçável carinho e afecto,quer fosse nos apoios nunca ne-gados ou nos oportunos e sempreesclarecidos conselhos que com al-guma regularidade transmitia.

É grande a gratidão desta hu-milde e ainda jovem Instituição,que registará para sempre o ca-rácter generoso e benevolentedo estimado Comandante destaForça Especial de Elite, ofere-cendo-lhe, em contrapartida, a eternaconsideração e amizade, bem como atotal disponibilidade para o que for enten-dido útil, necessário e desejável, no âmbitodas suas possibilidades.

Como inicialmente referimos, tudo o queé material é efémero. Os indivíduos e asgerações passam, tal qual as vagas do mar,os próprios mundos perecem, os sóis extin-guem-se e tudo foge, tudo se dissipa. Há,porém, duas coisas que, provindas do Divi-no, resplandecem acima das miragens dos

Passagem do testemunho pelas mãos de Sua Ex.ª o Comandante Naval

valores mundanos e permanecem imutáveis:são a Sabedoria e a Virtude.

Estas supremas qualidades serão certa-mente a essência do novo Comandante, oExmo. Almirante Luís Miguel Picciochi, aquem a Associação de Fuzileiros deseja asmaiores felicidades, pessoais e profissionais,contando com ele manter os mesmos sãospropósitos de lealdade, correcção, colabo-ração e compreensão, no desenvolvimentodos objectivos fraternos e solidários que sepropõe alcançar e consolidar.

De salientar, a importância e significadodas palavras de Sua Exª. o ComandanteNaval, Almirante Vargas de Matos, que pre-sidiu à cerimónia, quando realçou a empe-nhada e frutificante acção da Associação deFuzileiros, bem como a sua especial relevân-cia na divulgação e afirmação da prestigiadaimagem dos “Fuzos”e da Marinha, no país eno mundo, junto da sociedade civil.

Ilídio Neves

Telefs.: 21 927 99 08 - 21 967 12 29 - Fax: 21 927 01 62

Estrada de Cortegaça - Lote 158 - Fação - 2715-020 Pero Pinheiro - PORTUGAL

Email: [email protected] - [email protected] - Internet: www.janotas.com

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16 DESTAQUE

As relações de cooperação exemplar entrea Policia Judiciária e a Marinha Portuguesa

na luta contra o narcotráfico

É com enorme satisfação, duplamente alicerçada, que damos início a uma rubrica especial, alimentada pela sublimedestreza da pena de um ilustre colaborador, o Dr. José Alberto Campos Braz, distinto Assessor de Investigação Criminal daPolícia Judiciária e que até há bem pouco tempo foi o mais alto responsável operacional do combate ao narcotráfico donosso país.

Este duplo regozijo do Director desta humilde publicação, deve-se ao facto de, sendo Fuzileiro ser também, enquantoresponsável da P.J., um dos primeiros impulsionadores da excelente e profícua colaboração entre as duas instituições, aPolícia Judiciária e a Marinha Portuguesa.

Na verdade, esta eficiente e exemplar cooperação interinstitucional, levada à prática sob a égide deste prestigiadocolega, sempre recebeu dos responsáveis da Marinha a maior compreensão e inteira disponibilidade, quer fosse na utiliza-ção da frota de navios em ousadas e arriscadas operações no mar, quer fosse na invulgar perícia e coragem reveladas pelosFuzileiros, através da sua Unidade de elite, o DAE, cujos resultados, pela sua dimensão e importância, têm sido alvo doreconhecimento internacional e dos maiores elogios, contribuindo de forma brilhante para o enriquecimento da imagemexterna de Portugal no quadro da segurança global.

Operação conjunta, em alto mar, com os Fuzileiros e a PJ, que resultou na apreensão de quase 3 toneladas de cocaína

Vivemos tempos de mudança!A globalização e a interdependência que

formatam os modelos societários pós indus-triais , são hoje a chave para a compreen-são dos novos paradigmas criminais.

O crime organizado utiliza as potencia-lidades dos novos recursos tecnológicos tor-

Uma actividade económica que não co-nhece fronteiras nem limites espácio-tempo-rais, que não conhece regras ou constrangi-mentos de qualquer natureza, que dispõe desofisticados meios e recursos.

O tráfico de estupefacientes é talvez o maisperfeito exemplo desta preocupante realidade.

nando-se, também ele, um fenómeno glo-bal.

Constitui mesmo, dum ponto de vistaestritamente objectivo, uma actividade eco-nómica, visando obstinadamente um fim: amaximização do lucro através de meios ilíci-tos!

Dr. José Braz

Page 19: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

17DESTAQUE

Reconhecendo tal facto, a nova Estraté-gia da União Europeia de luta contra a Dro-ga (2005-2012) considera que (…) tanto anível nacional como da EU, o tráfico de dro-ga continua a ser dos comércios mais pro-dutivos (…) dos grupos criminosos organi-zados.

Grupos criminosos com característicasespecificas, frequentemente associados ouconfundidos com unidades económicas for-malmente legais, através das quais dissimu-lam a actividade ilícita e branqueiam osproventos do crime.

Estruturas fechadas e dotadas de eleva-da sofisticação organizacional, com grandecapacidade de adaptação e de resistênciaàs ofensivas das instâncias de controlo for-mal, que actuam com sentido estratégico,desenvolvendo contra-medidas que dificul-tam o seu controlo e desmembramento.

É esta a natureza e a dimensão da ame-aça com a qual nos confrontamos.

Portugal como fronteira externa da EU,face ao seu posicionamento geoestratégicoperiférico e à vastidão e difícil controlo doseu território marítimo e arquipelágico, teme continuará a ter, especiais responsabilida-des na luta contra o narcotráfico internacio-nal que utiliza estas particulares condiçõespara introduzir estupefacientes no espaçoeuropeu.

Nos termos do modelo legislativo em vi-gor, a luta contra o tráfico de estupefacien-tes assenta em 3 pilares: fiscalização, pre-

venção e investigação, e tem como pressu-posto estruturante a cooperação, quer noplano interno, quer no plano internacional.não é pois, uma atribuição exclusiva destaou daquela instituição!

É um desígnio nacional que envolve ecompromete a sociedade e o Estado e mui-to particularmente uma pluralidade de insti-tuições de distinta natureza e vocação:OPC’s, forças de segurança e outras entida-des, num quadro de actuação convergentee interactivo.

O novo Conceito Estratégico de DefesaNacional ao considerar que é de interesseestratégico prioritário, para Portugal, que aDefesa Nacional dê prioridade, no quadroconstitucional e legal “às acções de fiscali-zação, detecção e rastreio do trafico de dro-ga nos espaços marítimo e aéreo sobre ju-risdição nacional, auxiliando as autoridadescompetentes no combate a este crime” veioacrescentar uma indispensável mais valia emtermos de eficácia e de capacidade de res-posta operacional.

Veio essencialmente exponenciar a afir-mação dos princípios da especialização eda complementaridade como incontornáveisrequisitos de eficácia no cumprimento de tãodifícil missão. As relações entre a PoliciaJudiciária e a Marinha Portuguesa na lutacontra o tráfico internacional de estupefaci-entes por via marítima são exemplo feliz decooperação interinstitucional que muito temcontribuído para a valorização da imagem

externa de Portugal, no quadro da seguran-ça europeia, como país com capacidadepara reagir de forma enérgica e eficaz àameaça do narcotráfico internacional, ondeé possível desenvolver com êxito, comple-xas, delicadas e audaciosas investigações eoperações em tudo iguais ao que de melhorse faz na EU e no mundo.

Os resultados alcançados nos últimosanos, em inúmeras operações conjuntas, nasquais é justo destacar a incontornável im-portância da acção desenvolvida pelo Cor-po de Fuzileiros da Armada Portuguesa,emergem de uma dinâmica de cooperaçãoque, tendo por base a observância dos prin-cípios da complementaridade e da especia-lização multidisciplinar, permitiram alcançar,com eficiência, notáveis objectivos.

Uma relação de cooperação interinstitu-cional em que cada um conhece o seu papele percepciona a mais valia que o seu trabalhoacrescenta ao trabalho do outro. Em que cadaum reconhece e respeita a especificidade, asdificuldades e os limites do outro.

Uma relação operacional consolidada notrabalho conjunto, nos elevados níveis deconfiança recíproca, na resiliência e na te-nacidade.

Um modelo de cooperação exemplar eque importa dar vida e continuidade na lutacontra o crime organizado, quer no planointerno, quer no plano internacional.

José Braz

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VIVENDAS LUXUOSAS

Page 20: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

18 EVENTOS

ASSEMBLEIA GERALDecorreu, no passado dia 29 de Março, no salão da sede da Associação de Fuzileiros, a Assembleia-geral de sócios, com vista a eleger

os respectivos Órgãos sociais, para o biénio 2008/20010, entre outros assuntos.Ao acto compareceram cerca de duas centenas de associados, numa atitude de grande civismo e camaradagem, conferindo-lhe a

dignidade e legitimidade adequadas ao seu significado.Os membros eleitos e respectivas atribuições, são conformes ao quadro que se segue:

MESA DA ASSEMBLEIA GERAL

1ºSECRETÁRIO

1ºSUPLENTE

SUPLENTEMANDATÁRIO

2ºSUPLENTE

PRESIDENTE2º

SECRETÁRIO

Ã

JOSÉ LEIRIA PINTO

J. ROCHA E ABREU

ANTÓNIO VARANDAS

HOMERO VIDEIRA

JOSÉ COISINHAS

JOSÉ M. PARREIRA

JOAQUIM ALGARVIO

DIRECÇÃO

PRESIDENTE V. PRESIDENTE SECRETÁRIO TESOUREIRO 1º VOGAL 2º VOGAL 3º VOGAL 4º VOGAL 5º VOGAL 6º VOGAL

ANTÓNIOVARANDAS

ILÍDIO NEVES LUÍS

EGAS SOARES

MIGUEL REIS

LOPES HENRIQUES

FREDERICO PITEIRA

ESPADA PEREIRA

ANTÓNIO AUGUSTO

ANTÓNIO BELTRÃO

FRANCISCO GREGÓRIO

SUPLENTES

ANTÓNIO OLIVEIRA PINTO CALDEIRA JOÃO PATRÍCIO PAULO FRAGOSO SILVA SANTOS MÁRIO MANSO

1º SUPLENTE 7º SUPLENTE3º SUPLENTE2º SUPLENTE 4º SUPLENTE 6º SUPLENTE5º SUPLENTE

ANTÓNIORODRIGUES

OLIVEIRA PINTO CALDEIRA DO COUTO

JOÃO PATRÍCIO PAULO FRAGOSO SILVA SANTOS MÁRIO MANSO

1º SECRETÁRIOPRESIDENTE 1º

CONSELHO FISCAL

2º SECRETÁRIO 2º SUPLENTE1º SUPLENTE

MANUEL TRINDADEGONÇALO CAMBALHOTA

JAIME AZEVEDOJ. COSTA DA SILVAJ. CARDOSO MONIZ

Page 21: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

19EVENTOS

À semelhança de anos anteriores, a As-sociação de Fuzileiros esteve presente, nopassado dia 10 de Junho, na cerimónia dehomenagem aos nossos combatentes, mor-tos em defesa da Pátria, em Belém – Lisboa,junto ao monumento em sua honra e me-mória, ali existente.

A nossa representação foi bastante sig-nificativa e carregada de simbolismo, pois láse encontravam muitas das figuras maismarcantes que, na longa e difícil guerra quetravamos no ultramar, se distinguiram, peloseu sacrifício, coragem e valentia, enchen-do de prestígio e glória a honrosa classe aque pertencemos.

Junto da tenda e banca montadas nolocal, reviveram-se momentos exaltantes,entre abraços e manifestações de amizade,envolvendo todos num sentimento comum,de grande respeito e consternação, muitoespecialmente quando a coroa de flores,com o símbolo dos Fuzileiros, foi deposita-da por alguns camaradas no sítio mais en-ternecedor, junto à base do monumento.

Muitos camaradas e amigos aproveita-ram ainda a oportunidade para adquirir al-guns produtos de “merchandise”, alusivosaos Fuzileiros e à sua Associação, alguns

COMEMORAÇÕES DO DIA 10 DE JUNHO

Monumento de homenagem aos combatentes mortos em defesada Pátria, em Belém, Lisboa

dos quais colocadospela primeira vez àdisposição dos inte-ressados.

A Associação deFuzileiros, alheando-se de alguns desen-tendimentos e confli-tos entre Instituiçõesrepresentativas deex-combaten tes ,adoptou a atitudeque entendeu maisracional, mais justa emais solidária, sempretender vincular-sea qualquer das posições assumidas ou ten-tar ferir quaisquer susceptibilidades.

Com efeito, a ideia que muitos fazem dasua razão ou da sua verdade, altera-se, emsubstância e dimensão, com o decurso dotempo, sendo certo que nem todas as pesso-as, que compõem as Instituições, se encon-tram em vias de alcançar os pináculosintelectivos, pelo que a tolerância, o bom sensoe a benevolência são factores a ter em conta.

De resto, na profundeza do espírito decada um agita-se um mundo de aspirações,

que faz contínuos esforços por tomar formae aparecer à vida. Todavia, o homem virtuo-so é semelhante a uma árvore gigantesca,cuja sombra benéfica permite frescura e vidaàs plantas que a cercam.

São estes os valores e os princípios quenos regem. Só deles abdicaremos quandotivermos a certeza de que as nossas atitu-des são potencialmente virtuosas e nãocedentes a apelos estéreis.

Ilídio Neves

No passado dia 10 de Abril, decorreu nosalão/restaurante da Associação de Fuzilei-ros um almoço de confraternização, promovi-do pela Direcção, em honra dos sócios bene-méritos que, em função das suas possibilida-des e disponibilidades contribuíram genero-samente para a realização das obras da sede.

Tratou-se, afinal, de um reconhecimentoe de um singelo agradecimento aos estima-dos camaradas que, com sensatez e opor-tunidade, souberam compreender as dificul-dades e os esforços realizados para que amagnífica obra que hoje temos de pé, parao conforto e bem estar de todos, se tornas-se uma realidade.

ALMOÇO NA ASSOCIAÇÃO

Almoço de reconhecimento e agradecimento

A Direc-ção da Asso-ciação, quetanto empe-nhamento de-monstrou etantos obstá-culos remo-veu, entendeuque era seudever distin-guir e agrade-cer estes ges-tos de boavontade e

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20 EVENTOS

nobreza de carácter, de um “punhado” de Fuzi-leiros exemplares que, uma vez mais, fizeram usodaquele atributo específico, que se chama soli-dariedade, revelando aquela inigualável prontidãona hora de responder à chamada.

Também, alguns dias mais tarde, a Di-recção teve igual procedimento, para comalgumas Entidades beneméritas da Marinha,a maioria das quais distintos e prestigiados

Almirantes, que, desde o primeiro momen-to, nos dispensaram o seu apoio, incentivoe especial solidariedade.

Foi uma excelente oportunidade para oPresidente da Direcção, agradecer e de-monstrar o enorme reconhecimento da As-sociação de Fuzileiros, bem como a sua sa-tisfação pela presença de tão honrosas Per-sonalidades.

Por fim, todos saíram satisfeitos com oconvívio e franca hospitalidade, com a pro-messa de voltar sempre a uma “Casa” cujosmembros sentem orgulho e manifestam pro-fundo respeito pelos mais altos dignitáriosda nossa Armada.

Ilídio Neves

CONVÍVIO DOS ANTIGOS ALUNOS DO CURSO D. JOÃO I,DA ESCOLA NAVAL

Do ilustre associado, CMG FZE VASCOBRAZÃO, dirigida à Direcção da Associaçãode Fuzileiros, solicitando a publicação noDesembarque, chegou-nos a seguinte comu-nicação:

“Em nome do Comandante, Oficiais,Sargentos e Praças que constituíram o DFEnº13, manifesto o nosso reconhecimento eagradecimento pelo amigo acolhimento, dis-ponibilidade e elevada qualidade no apoioque a Associação de Fuzileiros prestou, ten-do proporcionado excelentes condições paraa nossa confraternização, no passado dia 19de Abril”.

Com efeito, na data antes referida, reu-niram-se, uma vez mais, os elementos queconstituíram aquela Unidade – que estevena Guiné entre 1968 e 1970 – acompanha-dos pelas respectivas famílias, para come-

CONVÍVIO DO DESTACAMENTO N.º 13,DE FUZILEIROS ESPECIAIS

Os elementos que constituíram o DFE, N.º 13, da Guiné, com o seu ilustre Comandante, na visita àEscola de Fuzileiros

“Um grupo de oficiais do Curso D. João I da Escola Naval que sereúne normalmente uma vez por mês para convívio, escolheu no mêsde Junho, as instalações da Associação de Fuzileiros para um almoçono restaurante. Entre esses oficiais, que para o ano comemoram os 50anos sobre a data de entrada na Escola Naval, há vários que prestaramserviço nos Fuzileiros e nessa qualidade cumpriram comissões em África.

Foi patente a satisfação que mostraram pelas magníficas instalaçõesda Associação e excelentes condições para este tipo de reuniões.“

Entre os presentes encontravam-se o Exm.º Almirante Reis Rodrigues,nosso estimado associado e ex-Presidente da Mesa da Assembleia Geralda nossa Associação, que muito a honrou e dignificou.

A Direcção da Associação agradece e manifesta o seu regozijo pelapresença de tão ilustres visitantes.

Ilídio Neves Uma foto para recordar

Page 23: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

21EVENTOS

moração dos 40 anos da chegada àquelaex-província ultramarina.

O encontro iniciou-se na Escola de Fuzi-leiros, sendo os presentes afectuosamenterecebidos pelo respectivo Comandante,CMG António Ruivo, que os acompanhounas diversas e habituais cerimónias solenes,bem como às visitas ao Museu do Fuzileiro.

Dirigiram-se, seguidamente, para a sededa Associação de Fuzileiros, no Barreiro, emcujo restaurante teve lugar o almoço de con-fraternização, sobre o qual desejam mani-festar e realçar, uma vez mais, a agradávelsurpresa pelo “excelente acolhimento eapoio por parte da respectiva Direcção”.

Na ocasião, o Exmo. Comandante doDFE -13, Almirante Vieira Matias, dirigindo-se aos presentes, vincou a vontade de to-dos de bem cumprir a missão, referindo:“passamos juntos sacrifícios imensos, vive-mos as mesmas ansiedades e saboreámosas vitórias que a nossa abnegação, corageme sentido do dever nos levaram a alcançar.Nos momentos difíceis caldeámos o respei-to mútuo e solidificámos uma amizade quenão conhece postos nem limites temporais”.

O DFE-13 desempenhou intensa activi-dade operacional, com excelentes resulta-dos, dos quais se realça a maior captura dearmamento, feita de uma só vez, na guerra

do ultramar, dando azo a que, no final dacomissão, no louvor atribuído pelo Coman-dante Chefe das Forças Armadas da Guiné,entre outras referências elogiosas e desta-cando a intensa actividade da Unidade, fos-se referido: “o dever de justiça de louvar oDFE-13, verdadeira Unidade de elite, que deforma tão brilhante soube prestigiar na Guinéas notáveis tradições da Marinha e das For-ças Armadas Portuguesas”.

A Direcção da Associação agradece, como-vidamente, a gentileza e referências elogiosas,fazendo delas um incentivo e um refinado desejopara fazer cada vez mais e melhor.

Ilídio Neves

Decorreu, com a so-lenidade e brilho habitu-ais, no passado dia 02de Maio de 2008, na Es-cola de Fuzileiros, emVale de Zebro, mais umacerimónia de Juramentode Bandeira, do CFBPFZ RC – 2ª Ed. 2008.

Presidiu a esteemotivo acontecimentoSua Ex.ª O Superinten-dente dos Serviços deMaterial, Vice-AlmiranteConde Baguinho,acompanhado na Tribuna de Honra por di-versos Oficiais Generais, entre os quais oExmo. Comandante do Corpo de Fuzileiros,

JURAMENTO DE BANDEIRA

Contra-Almirante Carvalho Abreu, e Oficiaissuperiores da Armada, bem como de diver-sas individualidades, civis e militares.

Mais uma vez, o rigor,a disciplina e o aprumo,daqueles jovens for-mandos, apesar do redu-zido tempo de prepara-ção, faziam transbordar deorgulho todos os presen-tes, especialmente muitosfamiliares dos novos Fuzi-leiros, que com eles qui-seram compartilhar asemoções e a alegria deum dia inesquecível.

Parabéns à Escola e aoCorpo Docente, que uma vez

mais deu sentido e beleza à sua máxima: “GloriaDocentium Victoria Discentium”!

Ilídio Neves

Por inicia-tiva do MárioManso e do“A l m a d a ” ,dando azo auma relaçãode grande

afecto e muita admiração, o ComandantePascoal Rodrigues, visitou, no passado dia08 de Abril, as instalações da sede da Asso-ciação de Fuzileiros.

A receber tão ilustre Fuzileiro, encontravam-se o Presidente cessante da Direcção, CMG

CMDT. PASCOAL RODRIGUES

Manuel Mateus, e o Presidente eleito, DR.Ilídio Neves, que, na oportunidade, agrade-ceram a honrosa visita e lhe demonstraramquão regozijados se sentiam por ela ter acon-tecido.

Para além das palavras de boas vindase da exibição de todos os locais, especial-mente aqueles que haviam sido alvo dasrecentes alterações, foi-lhe atribuído um dis-tintivo de lapela em ouro da Associação deFuzileiros, para a qual fizeram questão decontribuir os diligentes camaradas supra re-feridos, Mário Manso e “Almada”.

O nosso estimado Comandante, pionei-ro dos actuais Fuzileiros, que se encontraradicado no Brasil há muitos anos, demons-trou, com emoção, a sua alegria e grandesatisfação, por se encontrar numa magnífi-ca “Casa”, que também é sua, e pela formarespeitosa, amiga e afável com que foi (eserá sempre) recebido.

Todos os Fuzos que ali se encontravamse sentiram orgulhosos e honrados com asua presença, despedindo-se com amizadee um sentido “Volte sempre”.

Ilídio Neves

Page 24: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

22 EVENTOS

No passado dia 07 de Junho, a simpáticae histórica vila de Juromenha viveu mais umgrande acontecimento festivo, em cujo pro-grama se incluiu o convívio anual de Fuzilei-ros, promovido pelo Núcleo local, que inte-gra um dinâmico grupo de jovens Fuzos, li-derados com brilhantismo e exemplarempenhamento pelo Licínio Morgado, com oapoio e permanente disponibilidade de outroestimado “Filho da Escola”, o Paulo Infante,que exerce as funções de Presidente da Jun-ta de Freguesia.

Este evento, pela simpatia e acolhimentoafectuoso dos seus membros, aliado à bele-

za e encanto de umapaisagem invulgar,transbordante de his-tória e mistério, cons-titui já uma meta aus-piciosa, no roteirodinamizador e revita-lizador da Associaçãode Fuzileiros.

Uma ilustre e nu-merosa representa-ção da Instituição, es-teve presente, numaautêntica crepitação

JUROMENHA

A observação da deslumbrante paisagem

A Delegação do Feijó do Clube de Sargentos da Armada, come-morou no passado dia 05 de Maio, o seu 24º aniversário.

A cerimónia decorreu nas suas magníficas instalações, onde,fazendo parte do evento, se encontrava exposta uma distinta colec-ção de pintura, com belíssimos quadros do consagrado pintor ArlindoMateus, também ele associado do Clube.

Os responsáveis desta Delegação, superiormente coordenadapelo sócio Carlos Simões, têm-se esmerado no brilho e dignificação

ASSOCIAÇÃO DE SARGENTOS DO FEIJÓ

do evento, não faltando a componente musical, na qual se integramas vozes bonitas e maravilhosamente enquadradas do excelenteGrupo Polifónico do Clube de Sargentos da Armada.

À sessão solene compareceram representantes de diversasinstituições e colectividades, sendo a Associação de Fuzileirosrepresentada pelo seu Presidente, Dr. Ilídio Neves, que, na oportu-nidade, felicitou os dirigentes da ANS e cumprimentou todos os pre-sentes.

do fulgor do espírito, contribuindo, de certa maneira, para o brilhodas festas, através da exibição de algumas ousadas modalidadesdesportivas, com grande significado para os Fuzileiros, como sejamo Rappel.

O Presidente da Direcção, por inultrapassáveis razões de saú-de, não pôde estar presente, mas juntou-se espiritualmente a todosos camaradas e seus familiares, enviando-lhes uma emocionadamensagem, que foi transmitida no momento em que decorria opantagruélico almoço, num restaurante da localidade.

Estão, pois, de parabéns estes briosos Fuzos de Juromenha,pelo seu belo exemplo e inexcedível dedicação.

Ilídio NevesDemonstração de rappel

Page 25: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

23EVENTOS

ENCONTRO DO DESTACAMENTODE FUZILEIROS ESPECIAIS Nº 6

“Os Tubarões” - ANGOLA 1973/75

Passado um pouco mais de34 anos após a partida do DFE6para Angola, e à semelhança devários outros Destacamentos,um grupo de entusiastas orga-nizou e levou a cabo um encon-tro dos elementos que constitu-íram essa Unidade, associando-se ainda vários familiares.

O encontro, realizado, quiçá,no lugar mais emblemático paraos camaradas que serviram noDFE6, teve lugar na Escola deFuzileiros e contou com 30 ele-mentos que pertenceram aoDFE6 e mais 38 familiares que se juntarampara abrilhantar o convívio.

A concentração, iniciada pelas 10 horasdo dia 10 de Maio transacto, ia acontecendocom apertados e fraternos abraços entre oscamaradas que chegavam e os que já se en-

contravam na EF. Embora a aparência físicaseja mais pesada e madura não foram esque-cidos os maus, e particularmente os bons, mo-mentos que no Leste de Angola fizeram criarlaços de amizade, consideração e respeito,para a vida entre todos os que lá estiveram.

Pelas 10.45 horas foi cele-brada uma missa pelo capelãoLicínio Silva por intenção doscamaradas já falecidos.

Às 11.30 foram homenage-ados os fuzileiros do DFE6 jáfalecidos com deposição deuma coroa de flores junto doMonumento do Fuzileiro.

Pelas 12.00 horas foi efec-tuada uma visita ao museu doFuzileiro.

Por fim foi o animado almo-ço que para lá de repor os índi-ces de energias perdidas foi

aproveitado para ver alguns slides dos luga-res e gente que nos anos 73/74 circulavampor terras do Leste de Angola.

Este texto, resulta do empenhodo Senhor CMG António Ruivo e Sarg

Mor Moura

FUZOS DE TOMARPromovido pelo Núcleo de Fuzileiros, “Os Templários”, de To-

mar, realizou-se o 12º Encontro destes briosos camaradas, que de-correu num belo empreendimento de restauração, na Quinta dasAzinheiras, nas proximidades da cidade nabantina, onde estiverampresentes cerca de 130 pessoas.

Este evento anual, tornou-se já uma salutar tradição, com oempenhamento e a eficácia do Corte Real, do Narciso e outros ab-negados “Filhos da Escola”.

À semelhança de anos anteriores, esteve presente o nosso ilus-tre Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Almirante Leiria Pinto,que, na oportunidade, proferiu algumas palavras de agradecimentoe incentivo, que, como sempre, foram escutadas pelos convivas comgrande satisfação, estimulando-lhes os sublimes sentimentos do afec-to e do orgulho.

Também esteve presente, proferindo igualmente algumas pala-vras alusivas ao momento, o Exmo. Comandante da Escola de Fuzi-leiros, CMG António Ruivo, das quais emanaram, causando forteemoção, os sentimentos maternos da “Casa-Mãe”.

Em representação da Associação de Fuzileiros, esteve presenteo mui respeitável membro da Direcção, Sarg-Mor Egas Soares, que,

em nome desta nossa Instituição, enalteceu e agradeceu o exem-plar empenhamento e estimulante devoção destes afeiçoados“Fuzos” dos Templários.

Ilídio Neves

Page 26: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

24 EVENTOS

ALCACHE

Num magnífico restaurante, na Volta daPedra, junto a Palmela, desfrutando de umapaisagem maravilhosa sobre a exuberanteplanície circundante, comemorou-se, no pas-sado dia 17 de Julho, mais um aniversárioda Associação de Ex-Marinheiros do Distritode Setúbal – O ALCACHE -, que reuniu, emambiente de grande alegria e amizade, umgrande número de associados, seus familia-res e amigos, com especial destaque para asempre agradável componente feminina, quecom o seu sorriso e boa disposição, trazsempre um brilho e um encanto especiaisaos eventos desta natureza, dando signifi-cado e conteúdo à velha máxima, de que“os marinheiros tinham sempre uma namo-rada à espera em cada porto”.

A ementa foi rica e abundante, onde,como a condizer, não faltava o marisco, emquantidade e abundância.

Foi mais uma excelente oportunidadepara se reverem e confraternizarem amigose camaradas de longa data, revivendo mo-mentos marcantes e recordando episódiosfantásticos, passados, em circunstânciasespeciais, em diversos recantos do mundoou sobre as agitadas ondas do mar.

O momento das distinções

Mas tam-bém, entre estagrande famíliade marinhei-ros, se encon-trava um gran-de número deFuzos, queigualmente fa-zem parte daAssociação deFuzileiros, en-tre eles o seuPresidente eoutros mem-bros da Direc-ção.

No decorrer do convívio, foi apresenta-do, pela primeira vez, numa magnífica inter-pretação, em duas versões, cantada e ins-trumental, registadas em CD, o hino doAlcache, uma melodia comovente e empol-gante, carregada de sentimento, que enchede orgulho e prazer o ouvinte mais desen-tendido e distraído em matéria musical.

O Presidente da Direcção do Alcache,Eng.º José Colaço, e o Presidente da Mesa

da Assembleia-geral, Sr. Guilherme Cabral,fizeram, gentilmente, a oferta do primeiro CDao Presidente da Direcção da Associação deFuzileiros, Dr. Ilídio Neves, que, muito reco-nhecidamente, lhes agradeceu e retribuiucom a oferta de um livro, “Fuzileiros – Forçade Elite”.

Parabéns, pois, a toda a família doAlcache, e um agradecimento sentido a todaa sua Direcção, pela hospitalidade e exce-lente organização.

Ilídio Neves/Mário Manso

Na data há muito marcada –03MAI2008 e antes mesmo dahora prevista – 11H00M, já prati-camente todos os convivas ti-nham chegado ao local da con-centração: Estátua do Anjo, jun-to à ponte de Entre-os-Rios, emCastelo de Paiva.

Ia decorrer o 11º. EncontroAnual dos elementos que cons-tituíram a Companhia nº. 7 deFuzileiros, destacada para Ango-la nos longínquos anos de 1970/1972.

Entre abraços e perguntas,as memórias do passado

CONVÍVIO DA COMP. Nº. 7 DE FUZILEIROSreavivam-se e dão lugar a con-versas e relatos de episódios játantas vezes repetidos. Apresen-tam-se os familiares e acompa-nhantes que não quiseram ficarem casa. Também eles se iden-tificam com o espírito de sã ca-maradagem que se vive nestesEncontros e vão aparecendocada vez em maior número.

É chegada a hora do almo-ço, servido no Restaurante doHotel S. Pedro mas a alegria doreencontro é tanta que nem aementa trava os sucessivos diá-logos. Fazem-se perguntas so-Os convivas numa pose para a posteridade

Page 27: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

25EVENTOS

bre os ausentes procurando saber se estãode boa saúde, se foram contactados e dasrazões que os terão impedido de estarempresentes.

Relatam-se episódios passados, fala-sede Luanda, da Pedra do Feitiço, daQuissanga, de Santo António do Zaire; fala-se de botes e de lanchas, de tudo um poucocomo se o passado fosse presente. Fala-se

dos que partiram e de quem nunca nos es-queceremos.

Lamentavelmente o tempo não párae é chegada a hora do regresso. Voltamos abraços acompanhados de promessasde que para o ano ninguém faltará aoEncontro; fazem-se votos de muita saú-de e deseja-se uma viagem de regressotranquila.

Assim termina mais um encontro, maisum convívio que se repetirá, ano após anoenquanto estes Homens viverem, porqueneles vive o espírito de Fuzileiro e a estaschamadas outra resposta não sabem darque não seja gritar: “PRESENTE”

Silva Mendes2º. Ten.FZE RN

Reuniu, em agradável convívio, no passado dia 10 de Maio,uma grande parte dos Fuzos, cerca de 70, que constituíram a Com-panhia nº 10 de Fuzileiros, que esteve na Guiné de 1969 a 1971.

Esteve presente o seu ilustre imediato, Comte. Monteiro dosSantos, como vem sendo habitual, bem como muitos dos seus ele-mentos mais emblemáticos, como seja, o Caldeira (Algarvio), o“Bonanza” e os designados “Putos” da Companhia, o Boinha, oMiguel e o Adriano, este que é, actualmente, o carismático Presi-dente do Núcleo do Porto, da Associação de Fuzileiros.

Com a felicidade estampada nos rostos, estes estimados ca-maradas, que se auto-consideram membros de uma das Unidadesmais unidas e, por isso, também das mais castigadas durante aguerra, deixaram já aprazado o próximo reencontro, que assinalaráo 40º aniversário da partida para aquela ex-província ultramarina.

Ilídio Neves

COMP. N.º 10 GUINÉ

Destaque para o “Bonanza” e “Cia”

No passado dia 02 de Agos-to, os Fuzileiros que fizeram par-te da companhia nº 6, que este-ve em Moçambique e foi coman-dada pelo nosso estimado co-mandante Patrício, reuniram,com os respectivos familiares,atingindo um número superior a115 pessoas, num agradávelconvívio comemorativo, paramatar saudades, rever e abraçaramigos e camaradas, saborean-do um requintado almoço, nomagnífico restaurante “A Furna”,em Barcelos, em pleno coraçãodo Alto-Minho.

Para além da alegria do reencontro demuitos, num autêntico despertar de velhasamizades, carregadas de afectos e sentimen-

COMP. N.º 6 MOÇAMBIQUE

endimento de restauração,também ele um Fuzileiro, o Pin-to, nosso prezado associado,que recebeu os convivas comgrande carinho e satisfação.

Como curiosidade, salien-ta-se que, pela primeira vez,estiveram presentes dois ca-maradas que, desde há muitotempo, residem no estrangei-ro, o “Coimbra”e o “Nobre”,cujas felicidade e emoção, evi-denciadas nos seus rostos,constituía um precioso estímu-lo e um incentivo para quantosse esforçam e se disponibili-

zam para a organização destes encontros.Esteve igualmente presente, para satis-

fação de todos, o ex-grumete Fuzileiro, hoje

A alegria e a felicidade eram evidentes

tos, acrescia o facto de as excelentes espe-cialidades gastronómicas serem da respon-sabilidade do proprietário deste belo empre-

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26 EVENTOS

um prestigiado médico, o Dr. David Carvalho,que havia sido alertado para o evento peloMário Manso. Qual não foi a sua surpresa eimpacto emocional, quando ali foi reencon-trar dois camaradas que com ele haviam es-

tado numa comissão de serviço, na Guiné,sendo um deles, para afecção maior, o seuchefe de equipa, naquela inesquecível missão.

A salutar irreverência e permanente jovi-alidade do Comandante Patrício, deu, como

sempre, uma tonalidade regozijante a estefraternal convívio, cuja repetição se ficará aaguardar, com ansiedade.

Ilídio Neves/Mário Manso

DEST. N.º 6/COMP. N.º 10

Mantendo a tradição, de al-guns anos a esta parte, reuniram-se, uma vez mais, em convíviofraterno, no dia 17 de Maio, oselementos que integraram o Des-tacamento nº 6 e a Companhianº10 de Fuzileiros, em Angola.

O evento decorreu, em am-biente de grande alegria e ami-zade, no salão/restaurante daAssociação de Fuzileiros, estan-do presente, como sempre, oComandante das duas Unida-des, o Exmo. CMG Rui CorteReal Negrão, bem como um dosseus ilustres oficiais, o TEN. Dr.Paulo Lowes Marques, distinto advogado eex- Secretário de Estado dos Negócios Es-trangeiros, os quais, na oportunidade, pro-feriram breves alocuções, relativas ao acon-tecimento, manifestando a sua satisfação e

sa da Pátria, nas longínquas eremotas terras do ultramar.

Também o Presidente da Di-recção da Associação de Fuzilei-ros, Dr. Ilídio Neves, que fez par-te de uma destas Unidades, ma-nifestou a sua gratidão e profun-da satisfação em receber na nos-sa Sede todos os presentes, oscamaradas e amigos muito espe-ciais, com os quais vivenciou aparte mais emocionante e ines-quecível da juventude.

Também o Mário Manso, quefez parte das duas Unidades, ma-nifestou a sua alegria e incontido

orgulho, dando azo à inspiração, através dosseus reconhecidos dotes poéticos.

Findo o convívio, todos se retiraram feli-zes, na esperança de, no próximo ano, alise reunirem de novo.

DEST. N.º 5 MOÇAMBIQUENo Sábado, 29 de Março de 2008, realizou-se mais

um encontro anual do DFE5. Às dez horas, concen-traram-se na Escola de Fuzileiros, 27 elementos doDestacamento, dois dos quais pela primeira vez, jun-tamente com outros tantos familiares e amigos.

Depois da cerimónia militar, junto ao Monumen-to aos Fuzileiros mortos, o Comandante da Unida-de CMG Luís Filipe Vidigal Aragão, depositou umacoroa de flores.

Na capela da Escola, foi celebrada uma Missapor alma dos onze camaradas já falecidos. Seguiu-se uma visita ao Museu, no final da qual se constituiuma caravana automóvel em direcção a Benavente,onde, no Restaurante Fandango, se realizou um ani-mado almoço de confraternização, que se prolon-gou pela tarde fora.

Joaquim Villas-Boas

À mesa, em animada convivência

Reunião do grupo junto ao Monumento do Fuzileiro

orgulho por se encontrarem de novo reuni-dos, agora na companhia das respectivasfamílias, muitos dos que, num período mui-to especial das suas vidas, compartilharammomentos marcantes e indeléveis, na defe-

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27NÚCLEO DO PORTO

SARDINHADA E S. JOÃO 2008

Como já é tradição, o Núcleo de Fuzilei-ros do Porto, realizou a sardinhada de S.João, no passado dia 14 de Junho de 2008,na sua sede anexa ao Farol da Boa Nova,em Leça da Palmeira.

Ao evento compareceram dezenas deFuzileiros, muitos deles acompanhados pe-las respectivas famílias. No repasto, não fal-taram as sardinhas, pescadas e oferecidaspelo “Filho da Escola” Torrão e pelos nos-sos amigos pescadores da Afurada, ospimentos, as feveras e o entrecosto, tudoregado por um belo vinho e cerveja.

Como também já é habitual, a boa dis-posição, o convívio e a camaradagem evi-denciada pelas várias gerações de Fuzilei-ros, não faltou a este evento.

Fica já feita a promessa de, para o ano,se repetir esta festa.

7º ENCONTRO NACIONAL

Realizou-se no dia 5 de Julho, na Escola de Fuzileiros, o 7º Encontro Nacional de Fuzileiros. Como já é habitual, o Núcleo de Fuzileiros doPorto, fretou um autocarro para os Filhos da Escola que lá se quiseram deslocar.

Como também parece ser tradição, aconteceu mais uma peripécia com o autocarro que nos transportou, tendo o mesmo avariado nonó dos Carvalhos. Após a paragem forçada, que se prolongou por mais de uma hora, o problema foi resolvido e, logo de seguida, as

tropas embarcaram em direcção ao seu objectivo, aEscola de Fuzileiros.

Depois da chegada, começou o convívio com oscamaradas que já não víamos há algum tempo, comos elementos deste Núcleo a assistir às exibições depára-quedistas e de equipas cinotécnicas dos Fuzilei-ros, e participado na cerimónia de homenagem aosFuzileiros mortos ao serviço da Pátria.

Após o almoço convívio, seguiram-se as activida-des náuticas, com passeios no rio, a bordo dos Larc edos Zebros da UMD.

Depois de mais algumas horas de convívio comantigos camaradas, seguiu-se a viagem de regresso àInvicta, com uma pequena paragem na Mealhada paraque os amantes da iguaria regional degustassem oafamado pitéu.

Para o ano, faremos questão de estar, uma vez mais,no 8º Encontro Nacional de Fuzileiros!

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28 NÚCLEO DO PORTO

TOMADA DE POSSE

No dia 19 de Abril de 2008, tomou posse a Direcção eleita no acto eleitoraldo dia 5 de Abril de 2008.

O acto de posse decorreu antes do almoço comemorativo do 6º aniversá-rio do Núcleo de Fuzileiros do Porto.

A cerimónia foi Presidida pelo Presidente da Associação de Fuzileiros, Dr.Ilidio Neves Luis.

Tomaram posse os seguintes elementos:

Presidente - Adriano Brandão Soares da Costa, sócio nº 972Tesoureiro - Miguel Henrique Martinho Magalhães dos Reis, sócio nº 934Secretário - Vitor Miguel da Graça Rocha Ribeiro, sócio nº 912Vogal - Carlos Fernando Teixeira Coelho, sócio nº 879Vogal - Pedro Miguel Rodrigues Alves Pereira, Sócio nº 1229

Apesar do dia chuvoso, dificilmente po-deria ter decorrido melhor o 6º aniversáriodo Núcleo de Fuzileiros do Porto.

Às largas dezenas de filhos da Escolaque compareceram ao evento, tivemos tam-bém o prazer de ter entre nós o Exmo, Se-nhor Comandante Vargas de Matos, Coman-dante da Zona Marítima do Norte e a repre-sentar o Exmo. Comandante Naval; o Exmo.Comandante Moreira, Chefe do Estado mai-or do Corpo de Fuzileiros; o Exmo. Coman-dante Miranda de Castro, da Capitania do

ANIVERSÁRIODouro; o Ex.mo Sr. Dr. Ilídio Neves, Presi-dente da Associação de Fuzileiros e o Ex.moSr. Comandante Moniz, Presidente do Con-

selho Fiscal da Associa-ção de Fuzileiros.

Tivemos também ograto prazer de recebervários amigos dos Cor-pos Sociais da Associa-ção de Fuzileiros que,nesta data, fizeram ques-tão de estar entre nós.Agradecemos a com-parência de todos.

Antes de iniciado orepasto, foi dada posse

à nova Direcção do Núcleo do Porto, peloSr. Presidente da Direcção da Associaçãode Fuzileiros.

O almoço foi muito bem servido, tendodeixado satisfeitos todos os presentes. Acomida estava boa, o vinho era bom e opessoal foi espectacular.

Para substituir a “cereja” (que nunca faltano cimo de um belo bolo), foi oferecido um

brinde que a todos encantou: uma medalhacom o símbolo do Núcleo do Porto e res-pectiva volta, em prata. Agradecemos aoamigo Neves, a ideia e a execução destaobra magnifica. Ao final da tarde, uma deze-na de sócios fizeram questão de passar pelasede do Núcleo, o que veio a acontecer. Láse beberam umas cervejas, acabando porse seguir o jantar.

A pedido de vários presentes, o Pereiracantou o fado. Após ter interpretado algunstemas, fomos agradavelmente surpreendi-dos: o Sr. Comandante Miranda de Castrodemonstrou também os seus dotes de fadis-ta, o que nos surpreendeu agradavelmente.

Então não é que o Sr. Comandante temuma voz excepcional para o fado! ObrigadoSr. Comandante, por nos ter presenteadocom a sua presença e com os números queinterpretou.

Está na “forja”: vamos ter que organizaruma noite de fado, na sede do Núcleo e apresença do Sr. Com. Miranda de Castro éfundamental.

Foi um dia para lembrar.

INFORMAÇÃO CONVÍVIOS Tem-se realizado alguns convívios de Companhias e Desta-

camentos de Fuzileiros no Distrito do Porto, sendo o ponto deencontro a sede do Núcleo de Fuzileiros do Porto.

Os interessados em fazer o encontro na sede deste Núcleo,deverão contactar a sua Direcção através do endereço:[email protected]

Realizam-se todos os sábados, na sede do Núcleo de Fuzilei-ros do Porto, almoços/jantares convívio. Os repastos são sempreconfeccionados pelo cozinheiro de serviço do Núcleo, o Pereira.

Os interessados em participar deverão contactar o Núcleo,com alguma antecedência, dado que o número de participantesé limitado.

No acto de posse

O Presidente da Direcção da Ass. de Fuzileiros proferindo algumaspalavras

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29VOZ DOS ASSOCIADOS

O exemplo e o espírito dos Fuzileirosacompanhou-me sempre. Como portuguêse como marinheiro, apesar de não ter a hon-ra de ter usado a boina azul ferrete, sempreencontrei em mim próprio empatia que bas-tasse, para interiorizar o conteúdo profundoda frase “Fuzileiro uma vez, Fuzileiro parasempre”. E nas horas em que as dificulda-des da vida e as provações mais se acumu-laram, socorri-me muitas vezes da lembran-ça dessa grande referência que são os Fuzi-leiros, tanto pelos seus inexcedíveis sacrifí-cios, sobretudo aqueles que foram vividosem plena guerra, como pelas suas notáveiscapacidades.

Foi com este espírito, que fui protagonis-ta em Escravos na Nigéria, localizado empleno Golfo de Benin, na parte ocidental dodelta do Niger, de um episódio recente eparticularmente marcante, a cujo relato valea pena começar por acrescentar alguns de-talhes da nossa história.

A presença dos nossos antepassadosquinhentistas na Nigéria, é ainda hoje evi-dente pela proliferação de muitos nomesportugueses ao longo da costa. Entre estes,encontramos Escravos que é na actualida-de o nome de um importante porto petrolífe-ro onde os grandes petroleiros carregamramas amarrados a bóias ao largo, a cercade doze milhas da linha de costa, para des-tinos diversos, com grande predominânciados Estados Unidos e da Europa. Toda acomplexa instalação que ali existe, tanto emterra como ao largo, está a cargo da pode-rosa petrolífera norte americana “Chevron”que ali mantém um autêntico “enclave” quedispõe inclusivamente de uma pista de avia-ção, e onde se agrupam meios humanos,técnicos e materiais sob rigorosas condiçõesde segurança. Mas ali bem perto, existem

UM EPISÓDIO EM ÁFRICA

outras localidades e rios, que conservam osnomes que os portugueses lhes deram. ÉDuarte Pacheco Pereira, na sua notabilíssimaobra “Esmeraldo de Situ Orbis”, quem expli-ca a fundamentação de todos estes nomes,ao mesmo tempo que caracteriza toda amorfologia dos lugares que lhes correspon-dem, em descrições impressionantes, exaus-tivas e arrebatadoras:

“Hum rio que tem a boca hasaz grande,a que nós chamamos o rio dos Escravos, oqual nome lhe foy posto quando o descobri-ram, por causa de dous escravos que seentam aly resguartáram. (...) e este luguarhe muito perigoso, e qualquer homemsesudo se deue d’aquy guardar”.

Duarte Pacheco Pereira nasceu em Lis-boa por volta de 1460. Foi um admirávelnavegador, cosmógrafo, homem de armas,presumindo-se que tenha inclusivamentepertencido à guarda pessoal de El-Rei D.João II, e um excepcional roteirista. De talsorte que ainda hoje as suas descriçõessobre a África e suas características gerais,deixam transparecer uma admirável quanti-dade de informação que poderia ser utiliza-da como base de trabalho, se porventuraimaginássemos que não dispúnhamos deoutras fontes de conhecimento. A MarinhaPortuguesa teve ao seu serviço uma fraga-ta, a “Pacheco Pereira” (F337), cujo nomelhe foi atribuído em homenagem a este gran-de Português. Aquele elegante e leal naviode guerra, desempenhou numerosas mis-sões durante a guerra do Ultramardesignadamente em Angola, tendo desem-barcado Fuzileiros em muitas destas.

Ora, sendo eu na altura comandante deum navio-tanque petroleiro, o “M/T GenmarGeorge T”, recebi instruções para seguirpara Escravos na Nigéria, onde deveria car-

regar cerca de um milhão de barris de “Es-cravos Crude Oil”, cerca de 130.000 tonela-das, com destino aos Estados Unidos. Oprazo de carga era porém alargado ou seja,as operações de carga deveriam iniciar-secinco dias depois da chegada do navio aEscravos, o que obrigaria à permanência pordemasiados dias e noites naquela área que,tal como todo o delta do Niger se encontranos dias de hoje infestado por ameaçasmúltiplas, entre as quais a pirataria. Segun-do o jornal espanhol “El Mundo”, edição de28 de Abril de 2008, na Somália, por exem-plo, cada pirata pode “ganhar” anualmenteentre os 10.000 e os 30.000 dólares. Corria-se ali pois o risco de um encontro indesejá-vel. Por outro lado, a hipótese de se nave-gar para o largo após a chegada, de modoa que se garantisse uma razoável distânciade segurança, geralmente não inferior a 200milhas, não era porém viável uma vez quenão estava excluída a possibilidade de euainda poder receber instruções, em qualquermomento e com muito pouca margem detempo, para aceitar a antecipação do prazode carga, e iniciar de imediato as operações.Restava-me pois pairar mais perto, emborafora dos limites do porto como fora acorda-do com as autoridades locais, e assumir osriscos acrescidos, como parte integrantedaquela missão, antecipando planos adicio-nais de protecção do navio e da tripulação,em caso de vir a concretizar-se alguma ame-aça, porque havia a noção clara de que secorria um risco real e praticamente inevitá-vel.

Na última noite que foi passada naque-las condições, foi detectado nos radares,cerca das 2100 horas do dia 06 de Abril pas-sado, um pequeno eco em aproximação,que se movimentada a rumos e a velocida-

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30 VOZ DOS ASSOCIADOS

des variáveis. A presumível embarcação na-vegava em ocultação de luzes, ao mesmotempo que a iluminação do nosso próprionavio entrava em conflito com a eficácia dosmeios de visão nocturna. Estava uma noitelua nova e as estrelas empoalhadas do Golfoda Guiné não deixavam escapar mais do queuma tímida luz cidérea, não havia vento e omar estava estanhado. Mas o pior, era o pesoinquietante daquele silêncio ameaçador, quenão obstante me permitia antever claramen-te que íamos ser atacados. Mal se estabele-ceu contacto visual pelos sectores da popa,ordenei que arrancasse a máquina principal,de onde resultou que a embarcação emaproximação pela popa se viu confrontadacom o perigoso efeito do hélice, levando osseus ocupantes a abrir fogo de AK-47 e de“shot-gun”, enquanto no navio soava ruido-samente o alarme geral, se impedia a abor-dagem, se punham em acção alguns pla-nos previamente treinados, se evitavam osângulos de tiro inimigos e se temia o even-

tual disparo de algum RPG, que não acon-teceu. Foi com alegria e com algum alívioque vimos aquele inimigo finalmente de-sistir, ao cabo de alguns longos minutosde insucessos, e afastar-se a uma veloci-dade de cerca de 32 nós. Não deixoudanos visíveis nem feridos. Durante amanhã seguinte encontrei apenas algunsprojécteis e componentes das muniçõesdas armas utilizadas, caídos no convés,o que me levou a concluir que a maioria dosdisparos tinha sido para o ar, numa derra-deira e inútil tentativa de conseguirem a mi-nha rendição. Mas restava ainda impedir queao longo daquela noite um segundo e even-tualmente melhor elaborado ataque pudes-se ainda ocorrer, e garantir a segurança du-rante as operações de carga no dia seguin-te, o que consegui com alguma boa ajudaexterior armada, com a colaboração do Ter-minal que me assegurou um perímetro desegurança, mas onde não obstante, não seincluía nenhum meio disponibilizado pelas

autoridades nigerianas, apesar de estas te-rem sido notificadas desde os primeirosmomentos.

Mais desafortunadamente e em condi-ções certamente menos defensáveis, no dia15 de Maio, tomei conhecimento da captu-ra, também no delta do Niger, de um outroportuguês feito refém, o comandante Pimen-ta Soares, que ali comandava um navio deapoio às instalações petrolíferas. Segundoa edição do Jornal de Notícias naquela data,o resgate exigido pelos sequestradores, as-cendia a 164 mil euros...

Evitou-se porém o pior apesar de tudo.Certamente que a ajuda Divina também es-teve connosco. E eu, português, senti ali umpouco da presença dos nossos Maiores. Masse a esse sentimento tivesse que ser atribu-ída uma cor, essa seria certamente o azulferrete.

António Carlos Ribeiro SantosSócio simpatizante nº 1053

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31VOZ DOS ASSOCIADOS

Quanto eugostava de sa-ber escreverou dizer, sem

daí se entender, que alguém quero atingirou comprometer! Sei que não é fácil trans-mitir o que nos vai na alma, sem que alguémperca por vezes, a serenidade e a calma.

Mas sendo algum escrito menos erudi-to, de quem não tem academia, não deixade aparecer o rabo de um qualquer gato que,sem ser pisado, seu dono mia, coisa quenão se pretendia.

Como diz o ditado, “só não se sentequem não é filho de boa gente”, mas, paratanto, não basta querer ser vidente, para quena sua mente, algo se reflicta, como um es-pelho que se tem em frente.

Ninguém é perfeito, e também eu, tenhoesse direito, mas há tanta gente com essedefeito!

Só por si, o saber, o querer e o exercer,ter o mando ou o comando, nem sempreconsegue subverter, o que o outro disse ouquis dizer. Ou seja, que em tudo se veja ape-nas o mal que se deseja.

Não sei a que propósito estou com estateoria, mas só que alguém se ria, já valeu a

pena, tentar construir esta cena. “triste, trá-gica, cómica ou séria, ficará ao critério decada um”

A Pátria necessitou, e muito jovem comoeu se alistou. Não tivemos posses nem tem-po para estudar, e foi muito cedo que nosensinaram a matar. Dei e levei! … . Enquan-to no activo, penso só ter arranjado amigos.Agora, numa contenda sem armas, não mesatisfaz ter inimigos, mais ou menos incon-sequentes, porque, como se usa dizer, to-dos iguais todos diferentes.

Nunca deixei, nem deixarei mal a Arma-da enquanto Fuzileiro, porque também doseu património sou obreiro. Nem quero se-quer pensar, depois de certa maledicência,que me tornei num demónio, mas vão apa-recendo alguns resquícios que tornam o fac-to notório.

Será que me terei de abster de escrever,só porque alguém não quer entender, o quese quer dizer, julgando apenas que os estãoa ofender?

Não se pode impedir que haja quem,em certa medida, se veja retratado, mes-mo que tudo lhe passe ao lado, masàs vezes, até fico pasmado por demasia-do.

A Associação de Fuzileiros não éagremiação política, religiosa ou clubista,mas, apenas e só, uma Instituição onde seagrupam pessoas de bem, que mais nãoquerem do que projectar e valorizar o bom-nome da Marinha e dos seus Fuzileiros. Sin-to-me contente por ela ser diferente, ter es-tatuto, património e pernas para andar emfrente, sem menosprezar ou ofender alguém,qualquer que seja a patente. Como se cos-tuma dizer: não somos melhores, nem pio-res, apenas somos diferentes, mas nuncaindiferentes!

Mas tentar mover influências, através demensagens destorcidas e codificadas, é umpresente envenenado com manifesta malda-de, é falácia que desrespeita a verdade!

Não querer que o Desembarque seja umórgão de liberdade e de igualdade, despro-vido de falsidade, é sustentar uma visãodistorcida do presente, do futuro e, sobretu-do, do passado, o que, de cabeças bem-intencionadas, é assunto definitivamenteencerrado, o que me apraz muito, registar.

Saudações anfíbias para todos: os ve-lhos, os novos e os que hão-de vir.

Mário Manso

PROSA ABSTRACTA

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32 FUZO-POESIA

APOLOGIA DA INFÂNCIA

Ex-Fuzileiro JordãoLuxemburgo

Naquela infância que não esqueço, Infância eu vivo pensando,Embora muito singela, Que foges p’ra me não ver,Sendo a miséria o meu berço, Afinal, tu vais ficando,Deixo-me embalar por ela. E eu é que fujo sem qu’rer.

Infância não te esqueci, Talvez seja porque agora,Embora fosses madrasta, Vendo a idade avançar,E quanto mais pensar em ti, Tu, infância vais ficar,Mais a saudade me gasta. E eu tenho que me ir embora.

Infância que tens feitiço, Saudade da infância é vida?P’rá ‘queles que em ti viveram, Não perguntes a ninguém.Mas mesmo os que em ti sofreram, D’uma infância bem vivída,Nunca te esqueçem por isso. Saudades, quem as não tem?

Infância como és ‘squesita,1 E d’uma infância mal vivida,Para aquele que em ti viveu, Ás vezes quanta saudade,Para aquele que em ti medita, Quando se avança na idade,Ou foste inferno, ou foste céu. E se chega ao fim da vida.

Infância, infância, onde estás? Vive a vida com fragrância,Não ouves ? – Estou-te a chamar! Se o não fizeres, é toliçe.Não fujas volta para trás, Se não viveste na infância,Não te posso acompanhar. Tenta viver na velhiçe.

NÚCLEO DO PORTODA ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS

RUA CORONEL HELDER RIBEIRO (ANEXO AO FAROL DA BOA NOVA)

4450-686 LEÇA DA PALMEIRA

SITE: www.nucleofuzileirosporto.org

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33SALPICOS DE VIDA

DECORRIA O ANO DE 1966...

Esta rubrica, como certamente todos com-preenderão, tem, na sua essência, um propósitosentimental e pretende, acima de tudo, trazer àactualidade factos ou acontecimentos que, emdeterminado momento, penetraram e se acomo-daram no íntimo mais profundo e solitário dequalquer Fuzileiro, estimulando-lhe a sensibilida-de, mas, ao mesmo tempo, ambiciona ser tam-bém um despertar das consciências para essesepisódios marcantes que, ainda hoje, burilam comesta mística sublime que nos alimenta o “ego”,quer eles tenham na sua génese natureza dra-mática, emocional ou hilariante, mas que, por cer-to, contribuirão para a manutenção e solidificaçãodos laços de fraternidade, de amizade e de uniãoque nos animam e que, neste aspecto, nos tor-nam porventura diferentes dos demais.

Desta vez, trazemos à colação um conjunto de situações conexas,uma sátira feliz e oportuna, que traduz o “estado de alma”, o sentimento eum perspicaz uso da razão de um prestigiado Fuzileiro – o Sargento-MorAntónio Varandas – durante o período difícil do conflito colonial, vivido esentido, introspectivamente, no epicentro da guerra.

Na localidade de Fortes, freguesia do concelho de Ferreira do Alentejo,existe uma rua denominada Manuel Magrinho Caixeirinho. Trata-se de umahomenagem a um saudoso camarada nosso, Cabo Fuzileiro Especial, quedali era natural e que faleceu em combate, em Moçambique, no ano de1966, quando incorporava o Destacamento nº 5 de Fuzileiros Especiais.

Naquela altura, a morte espreitava, andava à solta e, naquele dia fatídi-co, esperava quem quer que fosse. Estava escondida, alapada, esperandopacientemente a sua vítima. O Caixeirinho morreu e aos seus companhei-ros, conhecidos por “Pastor” e “Punheta”, só não lhes aconteceu o mes-mo porque a milagrosa Providência Divina assim não quis. Na mesmaocasião, pior sorte tiveram alguns militares do exército que, na estrada deMeponda e do Caracol, tombaram para a eternidade.

Na verdade, em tantos locais sensíveis, nomeadamente em Marrupa,Mueda, Mataca, Chiteje, Chitope e Zuza Gombe, as “equipas” de militaresportugueses iam ficando cada vez mais fragilizadas.

Tinham embarcado para os campos de batalha das matas deMoçambique conjuntamente, no dia 6 de Novembro de 1965, nos porõesdo paquete Niassa. A bordo, foi incutido pelo comandante do batalhão orespectivo grito de guerra, a sugestiva designação de “Lá vai aço!”.

Mas quantas avenidas, ruas ou pracetas não haveriam nas nossascidades, vilas ou aldeias, evocando os nomes dos militares mortos naguerra de África?

Seriam muitas, certamente!... . Assim existisse o empenho e a sensibi-lidade que, neste caso, tiveram o Dgmo. Comandante do Destacamentonº 5, José Luís Pinto Gomes Teixeira, e o distinto Presidente da CâmaraMunicipal de Ferreira do Alentejo, cujo nome se desconhece, mas, porcerto, uma pessoa de bem.

Mas que importância tinham estas coisas, em comparação com o bri-lhante desempenho da Selecção Nacional de Futebol, que, nesse mesmoano, tão boa conta de si havia dado em Inglaterra?

De facto, já no apuramento para esse mundial haviam dado com a“ripa” nos Checos, eles que até fabricavam as armas que contra nós dis-paravam na guerra. Seguiram-se os Húngaros, os Búlgaros e até os Brasi-leiros que foram despachados com doses avantajadas. Já nos quartos de

O registo dos mortos no Museu do Fuzileiro

final, mais um inimigo se estatela perante nós – aCoreia do Norte – que humilhamos com 5 – 3, de-pois de estarmos a perder por 0 – 3.

Por isso, por que diabo tínhamos que nos sub-meter às resoluções das Nações Unidas? O mundocomeçava agora a olhar-nos com mais respeito!

Todavia, quando chegamos às meias-finais, cou-be-nos defrontar a equipa da casa, os ingleses. Fi-nalmente iríamos defrontar os “amigos” e até o seutreinador usou de deferências para connosco, já queincumbiu um “guerreiro” muito simpático, que davapelo nome de Styles, para marcar o Eusébio.

Que raio de importância tinha perdermos comos “amigos”? Provavelmente o Eusébio é que des-conhecia a longa amizade que nos unia e, por isso,é que chorou no final do jogo. Na verdade, já somosamigos desde que os nossos antepassados desco-

briram o caminho marítimo para a Índia e eles, depois, ficaram com ela,amizade que se elevou quando cá vieram “confraternizar” com o generalJunot, aquele amigo de Napoleão que veio invadir Portugal, por este nos-so país se recusar a aderir ao bloqueio continental. O certo é que, maisuma vez, depois de tudo isto, os ingleses fizeram um pacto connosco, naconvenção de Sintra, levando em troca algumas “bagatelas” que tínhamosde saldo, para além de lhe termos franqueado os portos do Brasil e de lhestermos concedido diversas outras benesses.

Era, pois, uma longa e sincera amizade, de que nós, gente bondosa,éramos bem merecedores!

Entretanto, e porque, normalmente, na guerra não há intervalos, ospaquetes Império, Pátria, Niassa e Príncipe Perfeito, bem como algunsferrugentos navios cargueiros, continuavam, sem interrupção, na sua odis-seia de transportar militares para África.

Claro e indiscutível, era preciso combater os inimigos da Pátria!Ainda não sei porque razão se dizia num grande cartaz, empunhado

por brancos e negros, exibido durante uma manifestação em LourençoMarques, esta inqualificável blasfémia:

“Fora com os piratas americanos dos Açores! Viva Portugal! SomosPortugueses!”

Seria porque os “Américas” votavam sempre contra o nosso País naONU?

Porém, para apuramento do 3º e 4º lugar no mundial de futebol, Por-tugal venceu brilhantemente a URSS, por 2 -1. Mais um inimigo vencido!… . E os outros?

Mas talvez aqueles soldados do batalhão “Lá vai aço” tivessem muitomais para contar, sobre os acontecimentos desse ano de 1966. Porventura,eles, mais do que nós, tenham ligado mais ao futebol, para esquecer osseus mortos. E foram muitos! … .

Algures, num qualquer lugar, existirá também certamente uma rua ouavenida com o nome de Eusébio da Silva Ferreira, em honra desse exímiofutebolista, que tanto orgulho nos deu, nascido num bairro pobre deMoçambique.

Também em 1966, foi inaugurada, com pompa e circunstância, a pon-te sobre o rio Tejo, a que foi dado o nome de Salazar. Foi-lhe dado, mas jánão é.

Tudo muda e tudo passa. Por causa disto, também os navios da C.N.N.e da C.C.N. deixaram de trazer militares mortos, cujos nomes eram sus-ceptíveis de enobrecer e identificar quaisquer ruas ou vielas deste país.

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34 DESPORTO

Decorreu, nos dias 3 e 4 de Maio, em Tavira, o Cam-peonato regional do Sul, de Tiro Prático (IPSC), onde aAssociação de Fuzileiros esteve representada, com trêsdos seus atiradores, na divisão de Modified.

Apesar de ser uma Divisão da zona sul, ainda compoucos participantes, a nossa representação, em parce-ria com o Clube de Praças da Armada, conseguiu reunir onúmero mínimo de atiradores para ter o quórum necessá-rio, com vista à obtenção da pontuação conveniente nasrespectivas provas.

O CPA ficou classificado em 1º lugar e a Ass. De Fuzi-leiros em 2º, do Campeonato regional Sul.

Os treinos de tiro desportivo continuam a realizar-seno 2º e 4º domingo de cada mês, sendo necessário, paraneles participar, uma pré-inscrição, como se encontra re-gulamentado.

È intenção da Secção de Tiro Desportivo, levar a exa-me da Federação Portuguesa de Tiro, já no princípio do ano, novos atiradores, militares e civis sócios da A.Fz, que estejam interessados apraticar esta modalidade, com o propósito de aumentar a nossa participação em provas nacionais.

Os interessados deverão entrar em contacto com a A.Fz, através do e-mail [email protected] .

NATAÇÃOSão cada vez mais os sócios que manifestam interesse

em praticar natação na Escola de Fuzileiros, através da Ass.de Fuzileiros.

Deste modo informa-se que, desde Setembro, é neces-sário que os interessados solicitem uma declaração na se-cretaria da Associação, a indicar que têm as quotas em dia ereúnem as condições necessárias para a renovação

RAPPELNo passado dia 07de Junho, a Secção Desportiva da Associação deslocou-se a Juromenha, no Alentejo, por ocasião do aniversário do

Núcleo de Fuzileiros da localidade, onde efectuou uma demonstração de rappel e auxiliou os presentes mais ousados a experimentar assensações e o equilíbrio nas alturas.

Foi um momento de grande emoção, vivido com entusiasmo e expectativa por quantos se disponibilizaram para participar naquelaexaltante aventura.

TIRO DESPORTIVO

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35CULTURA

Decorreu,no passado dia09 de Outubrode 2008, no Sa-lão Nobre da

Academia de Ciências de Lisboa, uma importan-te sessão conjunta das Classes de Ciências e deLetras, na qual foram intervenientes duas ilustresfiguras da nossa Marinha, os Académicos e muiprestigiados Almirantes António Emílio FerrazSachetti e Nuno Gonçalo Vieira Matias, que apre-sentaram duas interessantes comunicações: “OMar Português e a Fronteira Marítima Europeia”e “A Nova Descoberta do Mar”, respectivamente.

O Almirante Sachetti, abordou a temáticaatravés de uma exaustiva e interessante pers-pectiva histórica, com grande pormenor eprofundidade, caracterizando a relevanteacção dos portugueses como decorrênciadas suas invulgares qualidades, globalmen-te reconhecidas, pelos extraordinários co-nhecimentos científicos, grande capacidadetécnica e enorme competência profissional.

Por sua vez, o Almirante Vieira Matias,surpreendeu, logo de início, pela clarividên-cia e sensibilidade, dirigindo-se à enorme e

ALM. VIEIRA MATIAS

esclarecida plateia, composta por muitas dasmais altas patentes militares dos vários ra-mos das Forças Armadas, entre as quais oAlmirante Chefe do Estado Maior da Arma-da, o General Chefe da Casa Militar da Pre-sidência da República e Almirante represen-tante do Chefe de Estado Maior General dasForças Armadas, bem como outros ilustresintelectuais e académicos, agradecendo apresença de todos, com cordial efusividade,muito particularmente aos caros camaradasda Armada, desde os cadetes aos almiran-tes, quer ostentassem na cabeça o cintilan-te boné branco ou a boina azul ferrete, numaclara alusão à presença de grande númerode Fuzileiros e ao seu orgulho de tambémfazer parte desta gloriosa família.

A sua intervenção, pela transparência e rique-za de conteúdo, sobre a 4ª Descoberta do Mar, adescoberta do fundo do mar, foi deveras emoci-onante, ao conduzir os arrebatados ouvintes aofascínio do desconhecido, começando por refe-rir que “o homem sempre se preocupou em des-cobrir o que se passava à superfície menospre-zando a indescortinável e labiríntica essência dasprofundezas.

Desenvolvendo, com facundidade, umabem elaborada teoria das placas tectónicas,fez uma descrição exaustiva e surpreenden-te sobre a grandiosa biodiversidade marinha,a incomensurável quantidade de produtos ede vidas que gravitam nessa imensidão ocul-ta e misteriosa, mas que, a pouco e pouco,com os sucessivos avanços tecnológicos ecientíficos, se vêm paulatinamente revelan-do, contribuindo, de maneira decisiva e flo-rescente, para o progresso da humanidade.

Por fim, salientou, de forma eloquente, opapel e a participação que Portugal deveassumir, numa profícua simbiose com ospaíses de língua portuguesa, todos eles comuma profunda relação com o mar, nestamagnificente aventura científica.

O Desembarque, que esteve represen-tado pelo seu Director, sente-se grato e re-conhecido pela oportunidade concedida e,a Associação de Fuzileiros, pela honra doconvite de tão ilustre palestrante e insigneAcadémico, Sua Exª. o Almirante Nuno Gon-çalo Vieira Matias.

Ilídio Neves

Constituiu um momento cultural relevante e de grande significadopara os Fuzileiros, o lançamento do livro “O HOMEM FERRO”, da au-toria do nosso estimado associado, Sarg- Mor Manuel Pires da Silva,

que decorreu, no passado dia 31 deMaio, no salão da sede da Associa-ção, perante o entusiasmo de umaenorme assistência, composta pormuitos camaradas de armas, muitosamigos e diversas entidades que ace-deram aos convites formulados.

A apresentação do livro esteve acargo do Presidente da Direcção daAssociação de Fuzileiros, Dr. IlídioNeves, que também foi o autor do res-pectivo prefácio.

A sessão decorreu em ambientede grande emoção, envolvida por uma sensação de profundo respei-to, camaradagem e solidariedade, em grande medida pelo envolventee comovente conteúdo da obra. Na verdade, este excelente trabalho

HOMEM FERRO

literário é um fascinante repositório de memórias e factos que tradu-zem uma amarga realidade, repleta de episódios fantásticos, eivadosde sentimento, de orgulho, de dor e sofrimento, mas também de mui-tas alegrias, mergulhados numa experiência riquíssima de quatro co-missões de serviço, quase sempre reflectida nos palcos escarpososdo epicentro da guerra.

A obra encerra ainda, de forma inédita e com grande riqueza depormenores, uma perspectiva racional do autor, sobre aspectos inte-ressantes de natureza po-lítico-social, que conduzemo leitor a uma fácil e me-lhor compreensão das ra-zões, dos personagens edos motivos que estiveramna génese e disseminaçãodo conflito, em que tão co-rajosa e empenhadamenteos Fuzileiros estiveram en-volvidos.

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36 PERSONAGEM

Devemos, antes de mais, confessar que,quando decidimos avançar para este inicia-tiva, desconhecíamos, quase por completo,a pessoa que iríamos abordar, apenasalgumas vagas referências sobre a re-levância dos serviços que havia pres-tado na Guiné, bem como a sua gran-de coragem e competência. Combina-mos o encontro, para as proximidadesda vila de Ansião, onde, debaixo dasombra de uma nogueira que existejunto à casa de campo do signatário,decorreu a nossa conversa.

Após as apresentações, sentamo-nos à mesa de cimento para um im-provisado mas bem apaladado almo-ço, na companhia de mais alguns Fu-zileiros e, no decurso do mesmo, fa-lou-se, obviamente, da guerra e dos diver-sos episódios relacionados com os Fuzos.

O nosso imaginário estatelou-se, de ime-diato, no aquartelamento de Guidaje e nasmatas e bolanhas circundantes, tendo comopano de fundo o tenebroso cenário dos ata-ques sanguinários, dos mortos e feridos, dador e do sofrimento.

Ficamos absolutamente horrorizados efascinados com as descrições feitas pelonosso “personagem” , que com a sua des-treza, sangue frio e extraordinários conheci-mentos na área da saúde, constituía a únicaréstia de esperança e força anímica, paraquantos por ali lutavam desesperadamentepela sobrevivência e por um pouco de dig-nidade, quer fossem Fuzileiros, militares deoutros ramos ou população indígena.

Este ilustre Enfermeiro, JOAQUIM PEREI-RA CANEIRA, nasceu em 1945, em Glóriado Ribatejo – Salvaterra de Magos.

Alistou-se na Armada, como 2º Grumetevoluntário, em 01 de Abril de 1963. Dois anosdepois, foi promovido a Marinheiro, na clas-se de Manobra. No período de 1968 a 1971frequentou e concluiu o curso de Enferma-gem Geral, obtendo a promoção a 2º Sar-gento, desta especialidade, em Junho de1971.

De Abril a Setembro, do ano de 1972,frequentou o 28º curso de Fuzileiros Especi-

ais, que concluiu com aproveitamento e lou-vor, tendo sido agraciado, no final, com oprémio “Manuel Correia Gomes”, que se

destinava a premiar o sargento ou praça queobtivesse a melhor classificação.

Em Novembro de 1972, é nomeado parauma comissão de serviço na Província daGuiné, integrando o Destacamento de Fuzi-leiros Especiais nº 4, onde chega em Abrilde 1973. Regressou à Metrópole em Outu-bro de 1974, a bordo do NRP S. Gabriel.

Em Julho de 1976, é-lhe concedida bai-xa do serviço da Marinha, passando à situa-ção de reserva Ab.

A partir desta altura, começou a desen-volver a sua actividade profissional de En-fermeiro, nos Hospitais da Universidade deCoimbra. Foi professor de enfermagem du-rante 14 anos, na Escola Superior de Enfer-magem Dr. Ângelo da Fonseca, em Coimbrae, em 2001, passou à situação de aposenta-do da função pública.

Actualmente, exerce ainda actividade,como professor de enfermagem, na EscolaSuperior de Saúde Jean Piaget, em Viseu.

Para “O Desembarque” constitui umahonra e um privilégio, levar ao conhecimen-to dos leitores as acções altamente meritóri-as, que nos enchem de prestígio e de orgu-lho, de um virtuoso camarada de armas que,não obstante os sucessos alcançados aolongo da vida, se sente muito honrado e or-gulhoso por pertencer à grande família dosFuzileiros, que considera homens extraordi-

nários, corajosos e destemidos, para osquais o país tem grande dívida de gratidão.

DESEMBARQUE: Caro “Filho daEscola”, depois desse brilhante e ex-citante percurso de vida, ainda te re-cordas daquelas estranhas sensa-ções que de ti se apoderaram quan-do chegastes à Guiné?

J. P. CANEIRA: Claro que recor-do! … Ao chegar à Guiné, fui invadi-do por um turbilhão de sentimentosde angústia, insegurança e até mes-mo medo, face aos relatos que ouviarelativamente ao que se passava nosteatros de guerra daquela Província.

Contudo, a realidade do que vi evivi foi muito mais dramática que

aquela que a minha imaginação concebeu.Na verdade, por mais que nos esforcemospor relatar objectivamente o que sofremos,ao longo dos inesgotáveis meses de guerra,será difícil, para quem nos ouve, avaliar emabsoluto o quanto padecemos. O sofrimen-to físico foi muito intenso, mas o psicológicofoi atroz. Assistir ao desaparecimento de vi-das humanas a todo o momento, lutar parasalvar a vida dos que ficavam gravementeferidos, tendo consciência de que todo oesforço desenvolvido resultava, em muitascircunstâncias, apenas no adiamento da suamorte por algumas horas, destrói qualquerser humano.

DESEMBARQUE: Já nos apercebemosda tua visão profundamente humana,tranquilizadora e encorajadora, sendo quea tua acção empenhada e corajosa era, paramuitos, a única e ultima esperança que lhesrestava.

Tinhas bem a consciência desse teu pa-pel e agias sempre em função desses valo-res, desses elevados princípios éticos emorais?

J. P. CANEIRA: Hoje, passados 35 anos,quando reflicto sobre a minha missão comoenfermeiro, invade-me um sentimento degrande tristeza e, simultaneamente, de gran-de alívio, porque tenho a consciência de que

J.P. CANEIRA

Antes Depois

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37PERSONAGEM

fiz tudo o que me era possível fazer, sendocerto que nunca, em momento algum, dei-xei de socorrer alguém por medo ou comreceio de perder a minha vida.

Na verdade, era eu que prestava assis-tência a todos os elementos das Forças Ar-madas, em Guidaje e Chugé. Fazia de mé-dico, de enfermeiro e até de assistente soci-al, porque tinha a noção, bem patente, deque, acima de tudo, era a minha pessoa agrande esperança de sobrevivência paratoda aquela gente, incluindo os própriosnativos.

DESEMBARQUE: Consta até que foi o“Fuza” Caneira que, com refinada subtileza,conseguiu impor a regra sublime de que,fosse em que circunstância fosse, o cor-po de um camarada, ferido ou morto,mesmo que se encontrasse desfeito, nun-ca era deixado ou abandonado no terreno,mas sim transportado para lugar onde a suadignidade humana fosse minimamente pre-servada.

É tudo isto verdade e confirmas esta si-tuação?

J. P. CANEIRA: Sim, essa era a máxi-ma de que os Fuzileiros não abdicavam! E,em grande parte, isso tem algum fundamen-to. Esforcei-me muito e inventei algumasestratégias para que assim acontecesse.Com efeito, passei por uma situação trágicaque me chocou e comoveu profundamente.No dia 12 de Maio de 1973, em consequên-cia de um cerco, feito pelo inimigo, ao aquar-telamento de Guidaje, recebemos ordenspara enquadrar uma coluna militar de rea-bastecimento que partiria de Binta paraGuidaje, porquanto havia a informação deque um grupo operacional do PAIGC, bas-tante numeroso e bem armado, actuava na-quela zona e já teria impedido a passagemde uma primeira coluna, resultando do con-fronto uma apreciável quantidade de mor-tos e feridos entre a tropa portuguesa. Tiveentão oportunidade de verificar, ao longo doitinerário, sinais evidentes e arrepiantes dosconfrontos bélicos com as colunas anterio-res, nomeadamente viaturas destruídas ecorpos de soldados mortos, em combate,espalhados pelo chão. Estes corpos nãoforam resgatados por nós, como eu e todosos camaradas gostaríamos, porque havia aforte probabilidade de estarem armadilhadose da existência de minas nas proximidadesdos cadáveres.

Na verdade, tive oportunidade de cons-tatar, com tristeza, o sentimento generaliza-do dos militares, com o pavor estampadonos rostos mirrados, ao preferirem umamorte imediata em vez de ficarem gravemen-te feridos ou incapacitados. Era a preocupa-ção mórbida de evitar o sofrimento, nem quefosse através da morte.

Tudo isto eu tentava ultrapassar, dandoalento e aconselhando força anímica, atra-vés de uma argumentação consoladora, masmuitas vezes com a consciência do vazio eda desesperança, procurando tão-somenteum frágil con-forto e um“animus” es-pecial, queos levasse aencarar o so-frimento commais leveza esuavidade.

DESEM-B A R Q U E :Mas constaque chegas-tes mesmo atomar medi-das concre-tas para tor-nar possívelum encaminhamento minimamente dignoaos desgraçados que perdiam a vida?

J. P. CANEIRA: Sim, isso também éverdade. Recorri, muitas vezes à cera derre-tida, que obtinha das velas das Igrejas, paratapar todos os orifícios dos cadáveres, nãosó os do próprio corpo, como a boca, asnarinas, ouvidos e ânus, como os provoca-dos por balas ou estilhaços, na tentativa deretardar os maus cheiros e a putrefacção,prolongando a conservação dos corpos omais tempo possível, tendo em vista um en-terro mais digno e o eventual aparecimentode umas espécies de caixão ou simples-mente um lençol para os embrulhar de-baixo da terra. Também fui eu que intro-duzi o método de lançar a cal em pó emredor dos cadáveres, com o mesmo pro-pósito antes referido. Isto é, uma formade preservação, com o sentido de, em al-gum momento, serem recuperados e nãoficassem para sempre abandonados ouservissem de alimento aos abutres e outrosanimais carnívoros.

A propósito disto, fiquei recentementecomovido com a admiração dos familiaresdos pára-quedistas mortos, que foram tras-ladados para Portugal, cujos corpos foramdesenterrados na Guiné e se verificou a exis-tência de cal a envolvê-los. Pois fui eu mes-mo, com a intenção atrás referida, que pro-cedi a tais operações.

Ainda a propósito das medidas tomadas,passou-se um caso curioso e, não fora o bomsenso do meu comandante, acabaria por meacarretar alguns dissabores. É que o Direc-tor dos Serviços de Saúde da Guiné chegou

a questioná-lo sobre a utilização e destinodos medicamentos, suspeitando que o en-fermeiro andasse a lucrar ou fazer contra-bando dos mesmos, tal eram as quantida-des extras requisitadas, quando, na verda-de, eu apenas procurava, com eficiênciacomprovada, fazer face às enormes neces-sidades com que diariamente me deparava.

De resto, nunca o meu Destacamento,em tempo algum, teve qualquer elemento debaixa, por doença, em Bissau. Disto tomouconhecimento o Director de Saúde, que fi-cou deveras surpreendido e bastante satis-feito, ao verificar as estatísticas em relaçãoàs demais Unidades.

DESEMBARQUE: Chegou ainda ao nos-so conhecimento que também impusestesregras, suficientemente rigorosas, para aprevenção do paludismo?

J. P. CANEIRA: Sim, é verdade. Inven-tei e impus regras de procedimento, que to-dos deveriam observar, quanto à forma detomar os comprimidos. Não só impunha re-gras como exercia permanente vigilância

Falando ao Desembarque

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38 PERSONAGEM

sobre esses comportamentos. O único indi-víduo que não controlava, por razões deconfiança, era o meu ajudante, o “Boticas”Andrade, e que, por isso, se desleixava enão os tomava. Como consequência, apa-nhou uma carga de tal ordem, que por pou-co o não matou.

DESEMBARQUE: As circunstânciasem que exercestes a tua nobre e importantemissão eram, como se constata, altamentedifíceis, mas mesmo assim, o teu desempe-nho foi absolutamente extraordinário edeterminante, sendo muitos os êxitos alcan-çados e uma reputação inigualável, reconhe-

cida por todos quantos viviam ou sobrevivi-am naquela região.

Achas que te eram garantidas as mí-nimas condições para trabalhar e que teera proporcionada alguma réstia de se-gurança?

J. P. CANEIRA: Ao chegarmos aGuidaje, deparamo-nos com um cenário té-trico. As instalações militares apresentavam-se todas esburacadas, algumas partesdestruídas ou semi-arruinadas, revelandouma sensação de abandono, pois que, deinício, não se vislumbrava vivalma. Os mili-tares encontravam-se posicionados nos seuspostos de vigia, próximos dos abrigos deprotecção. Encontramo-los moralmente des-troçados, fisicamente exaustos, desnutridose com o sentimento de abandono pelas che-fias militares.

Os ataques eram constantes e de umaviolência extrema, ouviam-se gritos de so-corro por todos os lados e os mortos e feri-dos eram abundantes. Era uma desorienta-ção total, um universo de trevas, que

flagelava a nossa sensibilidade e nos faziasentir impotentes.

A partir daqueles momentos, o meu pos-to de trabalho reconduzia-se à enfermaria aprestar cuidados aos feridos internados e osprimeiros socorros aos que vinham sucessi-vamente chegando. Repousava por brevesmomentos, sentado num caixote, nunca medeitava para descansar ou dormir, mas tam-bém não tinha sono.

Aparentemente, a enfermaria era a ins-talação mais segura do aquartelamento,dado que tinha uma cobertura, que se su-punha de betão armado. Não sei se era re-sistente aos bombardeamentos porque, fe-

lizmente, nunca foi atin-gida, o que não deixade ser curioso mas fa-cilmente se compreen-de, é que para ali con-vergiam também os ele-mentos da populaçãoferidos ou doentes e,sabe-se lá, muito prova-velmente até algunsmembros do inimigo.

Todos tínhamos aconsciência de que aqualquer momento po-deríamos morrer ou fi-car feridos. Não haviaqualquer abrigo absolu-

tamente seguro. A enfermaria era, de facto,pelo menos na aparência, o reduto maisconfiante.

No entanto, assim não o entenderam cin-co furriéis do exército, que decidiram cons-truir, para eles, um abrigo subterrâneo, co-berto com várias camadas de troncos deárvores e terra. Após a construção, transfe-riram os seus beliches para lá, com a con-vicção de que a segurança ali era absoluta,tendo-me dito, com tranquilidade e confian-ça, na altura: “ “Fuza”, vamos finalmentedormir uma noite tranquila”!

Cerca das onze horas da noite, despe-dem-se de mim, desejando-me felicidades.Passados alguns minutos, surge um ataqueintenso e demolidor, cai uma granada demorteiro no abrigo, perfurando a cobertura,e explode no seu interior. Quatro deles tive-ram morte imediata e o outro ficou grave-mente ferido.

Os cadáveres foram retirados dos es-combros, por mim e pelo Tenente Pires deMoura. Era a crueldade do destino! … .

DESEMBARQUE: Tens mais algum epi-sódio interessante que nos queiras descre-ver?

J. P. CANEIRA: Episódios impressionan-tes ocorriam quase todos os dias, pelo que,no meio de tantos, não é fácil distinguir ograu ou critério de avaliação, mas já que mepedem, vou resumidamente referir alguns:

O comandante do aquartelamento deGuidaje, Tenente-coronel Correia de Cam-pos, era um homem surpreendente. Creioque todos os militares nutriam grande ad-miração e respeito por ele. Nunca se abri-gava quando surgiam os ataques, perma-necendo calmo e sereno no local onde seencontrava. Observei-o várias vezes, de péna parada, no decorrer de intensosbombardeamentos, segurando o seu“bengali”, perscrutando o tenebroso cená-rio ao seu redor.

Em certo momento, o nosso imediato,Tenente Pedro Menezes, e eu próprio, fomoschamados por ele, para nos informar que,uma vez que não tínhamos caixões paraguardar os cadáveres, tinha decidido impro-visar um cemitério, onde iriam ser enterra-dos os mortos, e que as sepulturas ficariamdevidamente identificadas, tendo em vistaum futuro resgate dos corpos, o que na ver-dade veio a acontecer.

Esta reunião teve lugar no seu gabinete,estando ele sentado na secretária e eu e oTen. Menezes estávamos de pé, em frentedele. Surge, entretanto, um violento ataque,mas o comandante demonstrou ignorá-locompletamente, continuando a conversaconnosco, como se nada estivesse a acon-tecer. Nós, mantivemo-nos firmes no nossolugar, incapazes de obedecer aos instintosnaturais de preservação. Recordo, todavia,que o meu batimento cardíaco era de talmodo intenso que se conseguia ouvir à dis-tância.

A criação do cemitério em Guidaje, se-guindo as sugestões por mim formuladas,foi uma solução de recurso racional, tendoem conta que os corpos dos soldados mor-tos entravam em decomposição em menosde 24 horas.

Tudo fizemos para adiar os enterros, como propósito de os tornar mais dignos ehumanizados, como antes já referi, mas,naquelas circunstâncias, era impossível fa-zer mais e melhor. Todos os corpos enterra-dos em Guidaje, foram previamente prepa-rados por mim, entre eles os dos três pára-

A caminho de uma operação, no dia de Natal de 1973

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39PERSONAGEM

quedistas que morreram na zona do Cufeu,que recolhi num armazém, onde estiveramcerca de 24 horas.

Uma outra situação interessante, foi aque ocorreu quando, no dia 12 de Maio de1973, recebemos ordens para enquadrar acoluna militar de reabastecimento, que pas-saria por locais fa-tídicos, onde siste-maticamente ocor-riam mortes e des-truições de váriaordem, como naanterior haviaacontecido.

Perante estequadro, os Fuzilei-ros apetrecharam-se com rigor, fa-zendo parte do ar-mamento a módi-ca quantidade de18 metralhadorasMG-42. Não se ve-rificou qualquer in-cidente. Saímos deBinta pelas 09,00horas da manhã echegamos aGuidaje por voltadas 17,00 horas,perante a estupefacção e admiração dosmilitares do exército que se encontravamamedrontados no quartel.

A este propósito, o Ten. Coronel Correiade Campos fez o seguinte comentário:“Vocês não foram atacados. Eles são pretosmas não são parvos!”.

Logo após a chegada, não valorizamostanto como devíamos o facto de o aquarte-lamento ser constantemente bombardeadoe decidimos, antes de mais nada, tomar umreconfortante duche no chuveiro. Eu, comoa maioria dos camaradas, dirigimo-nos àzona balneária, que também indiciava osefeitos das morteiradas. Despi-me eensaboei-me, mas, nesse instante, surge umataque intensíssimo de morteiros. O pânicofoi geral e lançamo-nos em correria, todosnus, desorientados à procura de um abrigo.O problema é que ainda desconhecíamosonde eles se situavam, pelo que o Ten. Piresde Moura, com calma e serenidade, segu-

rando-me por um braço, me disse para nãome precipitar, porque não valia a pena cor-rer ao acaso, enfrentando riscos desneces-sários. Mantivemo-nos dentro dos balneári-os até obtermos a informação do melhor lo-cal de protecção. Corremos então para umavala e deitamo-nos dentro dela, enquanto as

granadas de mor-teiro caiam inces-santemente emnosso redor, comexplosões ensurde-cedoras, que maldeixavam ouvir osgritos desespera-dos de militares fe-ridos a nosso lado.

Acabado o tiro-teio, eu e o Ten. Pi-res de Mouralevantamo-nos ile-sos, mais parecen-do dois croquetes,em virtude de nostermos atiradosensaboados para oburaco de barrovermelho. Apesarde tudo, tivemossorte. A que faltou adois soldados que

lá se encontravam deitados, que já dormi-am o sono eterno.

Na enfermaria, esperava-me umaimensidão de feridos, clamando desespera-damente por socorro.

DESEMBARQUE: Certamente que, peloteu extraordinário desempenho, reconheci-da competência e eficácia demonstrada,fostes alvo de louvores ou mençõeselogiosas.

Queres fazer alguma referência sobreeste assunto?

J. P. CANEIRA: Sim, na verdade o tra-balho que desenvolvi ao serviço dos Fuzilei-ros, foi objecto de diversas manifestaçõesde reconhecimento. Desde logo, o prémioatribuído por ter sido o melhor classificadono curso de Fuzileiros Especiais. Mas tam-bém fui contemplado com algumas mençõeshonrosas, de entre as quais destaco o lou-vor que me foi concedido, em Setembro de

1973, pelo meu comandante, Albano Manu-el Alves de Jesus, que fundamenta nas qua-lidades e aptidões demonstradas durante aguerra, dizendo que “o sargento EnfermeiroCaneira sempre se impôs como um exce-lente profissional, dotado de alto sentido dodever, inexcedível zelo e noção exacta daresponsabilidade,” não só na actividade de-senvolvida no âmbito do Destacamento mastambém na prestação de serviços de saú-de, quando da assistência pronta e eficienteaos diversos militares feridos, dos Coman-dos, Pára-quedistas e do Exército, bemcomo aos elementos da população. Concluio louvor referindo que “a acção do Sarg.Caneira, na Guiné, foi excepcional e consti-tuiu motivo de referências elogiosas por partede superiores de outros ramos das ForçasArmadas”.

DESEMBARQUE: Queres deixar maisalguma observação sobre esse períodomarcante e inesquecível da tua vida, ao ser-viço dos Fuzileiros?

J. P. CANEIRA: Muito mais teria certa-mente para dizer, mas já lá vão muitos anose, como é natural, muitos pormenores, so-bretudo no que respeita a datas, não estãomuito presentes na minha memória.

Sinto, todavia, um enorme orgulho porpertencer à família dos Fuzos e recordo, comsaudade, todos aqueles camaradas que fi-zeram parte do D.F.E. 4. Foram, e sãoconcerteza, homens extraordinários, corajo-sos e destemidos. O País tem uma grandedívida de gratidão para com os Fuzileiros.

DESEMBARQUE: A conversa já vailonga, mas, para terminar, o que te oferecedizer, muito resumidamente, da nossa Asso-ciação e deste nosso “Desembarque”?

J. P. CANEIRA: Acho que a criação daAssociação de Fuzileiros foi uma iniciativamaravilhosa, congregadora de sentimentose de orgulhos, que consubstanciam umamística extraordinária, que acalenta, fortale-ce e rejuvenesce os Fuzos de diferentesgerações, que, com o indestrutível espíritoaudaz, embarca e se difunde pelo mundo, abordo deste precioso veículo, que se cha-ma “Desembarque”.

Ilídio Neves/Mário Manso

Fazendo o ponto da situação, por ocasiãoda visita do CEMA ao Chugué

Page 42: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

40 BREVES

Continuamos a registar, com agrado e sentida gratidão, os ges-tos de solidariedade de alguns nossos associados, que, reconhe-cendo as enormes dificuldades por que passa a Associação, nosentido de pôr em prática todos os objectivos que se propõe atingir,vão contribuindo generosamente com preciosos donativos, algunsdeles bem significativos, o que, para além da materialização da nobre-za dos sentimentos, representa um estímulo e um renovado incentivo,para quantos se esforçam para fazer cada vez mais e melhor.

De entre todos, merece-nos destacado regozijo a dádiva repeti-da do sócio simpatizante Nº 1308, João Pedro M. da Luz, que, umavez mais, nos brindou com a oferta de 500 Euros.

Um agradecimento especial também para os estimados associ-ados que se seguem, pelos seus exemplos fraternos e solidários,que, de igual modo, os tornam credores da nossa admiração e con-sideração:

Bem Hajam, caros amigos! …

NOME Nº SÓCIO QUANTIA

JOÃO PEDRO MARQUES DA LUZ 1308 500.00 €

ANTÓNIO LOUREIRO 1470 60.00 €

LUDGERO SILVA 167 50.00 €

JOAQUIM DOS RAMOS MARTINS 421 40.00 €

ALM. VIEIRA MATIAS 1590 35.00 €

ANTÓNIO ROSÁRIO 619 20.00 €

CARLOS BERNARDO 680 20.00 €

MARIA MANUELA RIBEIRO 1174 20.00 €

ALEXANDRE PERNINHA 232 COMPUTADOR

OFERTAS/DONATIVOS

IN PERPETUA MEMORIAMIN PERPETUA MEMORIAM

No passado dia 09 de Maio, deixou-nos, para sempre, o nosso estimado associado, SargentoFuzileiro, CEFÍDIO JOSÉ FERREIRA AGUIAM “O ÉVORA”.

Foi com sentida consternação que muitos camaradas e amigos se despediram deste membroda nossa família afectiva, parte dos quais com ele comungaram momentos de dor e sacrifício, mastambém de alguma felicidade, durante as várias comissões de serviço em que participou, na Guiné,Angola e Moçambique.

Ficou sepultado no cemitério da Moita (Vale do Forno), em cujo acto fúnebre esteve presenteuma representação da Associação de Fuzileiros.

O Desembarque, apresenta comovidas condolências a sua esposa, filhos e netos.Paz à sua alma!

Page 43: O Homem vive e morre UM FUZILEIRO NUNCA!

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CURRICULO EM INGLÊSE PORTUGUÊS

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