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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 56 Nº 665 Julho de 2009 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec Celso Martins ............................ 13 Crônicas de Além-Mar .............. 12 De coração para coração ............. 4 Divaldo responde ...................... 15 Editorial ....................................... 2 Édo Mariani ............................... 12 Emmanuel .................................... 2 Espiritismo para as crianças ..... 14 Estudando a série André Luiz ..... 5 Grandes vultos do Espiritismo .... 7 Histórias que nos ensinam ........ 13 Jane Martins Vilela ................... 13 Joanna de Ângelis ....................... 2 José Viana Gonçalves ............... 12 Milton Medran Moreira ............ 15 Palestras, seminários e outros eventos ............................ 11 Pedro de Almeida Lobo .............. 7 Thiago Bernardes ........................ 6 Wellington Balbo ...................... 15 Ainda nesta edição Entrevista: Paulo Fernando de Oliveira As curas relatadas nos textos bíblicos à luz do Espiritismo Afirmados ou contraditados pelos sistemas filosóficos contem- porâneos, usados às vezes como um conhecimento que foi válido um dia ou defendidos por crentes ardorosos e confiantes na fé, os postulados bíblicos continuam pre- sentes no nosso cotidiano. Kardec incentivou os espíritas ao estudo bíblico à luz do Espiritismo, ao afirmar que “O Espiritismo se nos depara por toda a parte na antigui- dade e nas diferentes épocas da Humanidade. Por toda parte se lhe descobrem os vestígios: nos escri- tos, nas crenças e nos monumen- tos. Essa a razão por que, ao mes- mo tempo que rasga horizontes novos para o futuro, projeta luz não menos viva sobre os novos misté- rios do passado”. As doenças eram tratadas ou curadas com alguma prática seme- lhante ao passe nos escritos bíbli- cos? Como se interpretavam no con- texto do antigo e do novo testamen- to as práticas de cura a partir da imposição de mãos? Págs. 8, 9 e 10 O novo presidente do “Nosso Lar” fala sobre seus projetos Estudioso da Bíblia questiona sua suposta inspiração divina O professor e escritor Bart Ehrman, que reside na cidade de Chapel Hill nos Estados Unidos e ali chefia o Departamento de Reli- gião da Universidade da Carolina do Norte, é um grande estudioso da Bíblia, especialmente dos tex- tos que compõem o Novo Testa- mento. Ele começou a estudar a Bíblia e suas línguas originais no Instituto Bíblico Moody e graduou- se na Universidade Wheaton em Illinois. Recebeu o título de Ph.D e M.Div.De no Seminário Teoló- gico de Princeton. Atualmente é coeditor da série Ferramentas de estudo para o Novo Testamento. Em entrevista recente à revis- ta Época, Bart Ehrman diz que a Bíblia não teve inspiração divina e explica por que assim entende. Vê-se que o escritor faz, no tocan- te às Escrituras, questionamentos muito parecidos com os que Kar- dec fez há mais de 150 anos. Mas o Codificador recebeu, então, todo um conjunto de ensinamentos que constituem a chave que permite entender o porquê da vida e o por- quê das coisas. Págs. 2 e 6 No dia 11 começa a Semana Espírita de Londrina A 18ª Semana Espírita come- ça dia 11, sábado, às 19h45, e en- cerra-se no dia 19, domingo. Pa- ralelamente às atividades direcionadas para o público adul- to, serão realizadas no mesmo pe- ríodo a 9ª Semaninha Espírita, a 5ª Noite Cultural, a 5ª Semana Jovem e a 3ª Mostra da Juventu- de. O tema central do evento é “Evolução Espiritual: Desafios do 3° Milênio”. Pág. 3 A culpa dos problemas que enfrentamos é nossa A conjuntura atual do movi- mento espírita brasileiro passa por momentos difíceis, mas a culpa disso é apenas nossa. Temos con- fundido o significado da palavra tolerância. Tolerância, não há dú- vida, é um dever nosso para com todas as pessoas, mas jamais com os erros por elas cometidos. Apon- tar o engano, a falha, o equívoco é um bem que fazemos àquele que erra, visto que, advertido dos seus equívocos, poderá galgar novo patamar de entendimento. Nosso segundo erro é a irrespon- sabilidade que tem levado muitas pessoas, não só os médiuns, a des- prezar as bases fundamentais sobre que foi codificada a Doutrina Espí- rita. Parece até que nos esquecemos da lição que Emmanuel deu a Chico Xavier nos primórdios do seu tra- balho tão admirado pelos espíritas do Brasil. Era preciso, disse-lhe o querido mentor, comparar os escri- tos mediúnicos com a obra de Kar- dec e os ensinamentos de Jesus, an- tes de publicá-los. Pág. 4 Estudo de Nosso Lar começa nesta edição Este jornal inaugura neste mês uma nova seção – Estu- dando a série André Luiz –, que será aqui apresentada mensal- mente, começando pelo estudo da obra “Nosso Lar” (foto) , de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada pela edito- ra da Federação Espírita Bra- sileira. Além de questões ob- jetivas, a seção apresentará também, em fascículos, o tex- to condensado da obra menci- onada. Pág. 5 Paulo Fernando de Oliveira (foto ao lado, em que aparece com sua esposa, Cirlene Teixei- ra de Oliveira), que será empos- sado no dia 1º do corrente mês anos diretor do Departamento de Infância e Juventude da mesma Casa espírita e dirige o Grupo Mediúnico Amigos da Paz, que integra os inúmeros grupos em atividade na instituição. Na entrevista, Paulo Fernan- do fala sobre sua iniciação no Espiritismo e seus planos à fren- te do Centro Espírita mais anti- go da cidade, que completou 75 anos de atividades em janeiro último. Nela, ele fala também sobre o tema violência e diz que cabe aos espíritas propagar a doutrina lembrando principal- mente a passagem em que Jesus nos ensina que devemos “Amar os nossos inimigos” e “Perdoar ao próximo”, visto que não se deve jamais combater violência com violência. Pág. 16 como presidente do Centro Espíri- ta Nosso Lar, de Londrina, é o nos- so entrevistado deste mês. Natural da cidade de Rolândia e espírita há 21 anos, foi por quatro

O IMORTAL - oconsolador.com.br · Instituto Bíblico Moody e graduou-se na Universidade Wheaton em Illinois. Recebeu o título de Ph.D e M.Div.De no Seminário Teoló- ... sua 1ª

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O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 56 Nº 665 Julho de 2009 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

Celso Martins ............................ 13Crônicas de Além-Mar .............. 12De coração para coração ............. 4Divaldo responde ...................... 15Editorial ....................................... 2Édo Mariani ............................... 12Emmanuel .................................... 2Espiritismo para as crianças ..... 14Estudando a série André Luiz ..... 5Grandes vultos do Espiritismo .... 7Histórias que nos ensinam ........ 13Jane Martins Vilela ................... 13Joanna de Ângelis ....................... 2José Viana Gonçalves ............... 12Milton Medran Moreira ............ 15Palestras, seminários eoutros eventos ............................ 11Pedro de Almeida Lobo .............. 7Thiago Bernardes ........................ 6Wellington Balbo ...................... 15

Ainda nesta edição

Entrevista: Paulo Fernando de OliveiraAs curas relatadas nos textosbíblicos à luz do Espiritismo

Afirmados ou contraditadospelos sistemas filosóficos contem-porâneos, usados às vezes comoum conhecimento que foi válidoum dia ou defendidos por crentesardorosos e confiantes na fé, ospostulados bíblicos continuam pre-sentes no nosso cotidiano. Kardecincentivou os espíritas ao estudobíblico à luz do Espiritismo, aoafirmar que “O Espiritismo se nosdepara por toda a parte na antigui-dade e nas diferentes épocas daHumanidade. Por toda parte se lhe

descobrem os vestígios: nos escri-tos, nas crenças e nos monumen-tos. Essa a razão por que, ao mes-mo tempo que rasga horizontesnovos para o futuro, projeta luz nãomenos viva sobre os novos misté-rios do passado”.

As doenças eram tratadas oucuradas com alguma prática seme-lhante ao passe nos escritos bíbli-cos? Como se interpretavam no con-texto do antigo e do novo testamen-to as práticas de cura a partir daimposição de mãos? Págs. 8, 9 e 10

O novo presidente do “Nosso Lar”fala sobre seus projetos

Estudioso da Bíblia questionasua suposta inspiração divina

O professor e escritor BartEhrman, que reside na cidade deChapel Hill nos Estados Unidos eali chefia o Departamento de Reli-gião da Universidade da Carolinado Norte, é um grande estudiosoda Bíblia, especialmente dos tex-tos que compõem o Novo Testa-mento. Ele começou a estudar aBíblia e suas línguas originais noInstituto Bíblico Moody e graduou-se na Universidade Wheaton emIllinois. Recebeu o título de Ph.De M.Div.De no Seminário Teoló-gico de Princeton. Atualmente é

coeditor da série Ferramentas deestudo para o Novo Testamento.

Em entrevista recente à revis-ta Época, Bart Ehrman diz que aBíblia não teve inspiração divinae explica por que assim entende.Vê-se que o escritor faz, no tocan-te às Escrituras, questionamentosmuito parecidos com os que Kar-dec fez há mais de 150 anos. Maso Codificador recebeu, então, todoum conjunto de ensinamentos queconstituem a chave que permiteentender o porquê da vida e o por-quê das coisas. Págs. 2 e 6

No dia 11 começa a Semana Espírita de LondrinaA 18ª Semana Espírita come-

ça dia 11, sábado, às 19h45, e en-cerra-se no dia 19, domingo. Pa-ralelamente às atividades

direcionadas para o público adul-to, serão realizadas no mesmo pe-ríodo a 9ª Semaninha Espírita, a5ª Noite Cultural, a 5ª Semana

Jovem e a 3ª Mostra da Juventu-de. O tema central do evento é“Evolução Espiritual: Desafios do3° Milênio”. Pág. 3

A culpa dos problemas queenfrentamos é nossa

A conjuntura atual do movi-mento espírita brasileiro passa pormomentos difíceis, mas a culpadisso é apenas nossa. Temos con-fundido o significado da palavratolerância. Tolerância, não há dú-vida, é um dever nosso para comtodas as pessoas, mas jamais comos erros por elas cometidos. Apon-tar o engano, a falha, o equívoco éum bem que fazemos àquele queerra, visto que, advertido dos seusequívocos, poderá galgar novopatamar de entendimento.

Nosso segundo erro é a irrespon-sabilidade que tem levado muitaspessoas, não só os médiuns, a des-prezar as bases fundamentais sobreque foi codificada a Doutrina Espí-rita. Parece até que nos esquecemosda lição que Emmanuel deu a ChicoXavier nos primórdios do seu tra-balho tão admirado pelos espíritasdo Brasil. Era preciso, disse-lhe oquerido mentor, comparar os escri-tos mediúnicos com a obra de Kar-dec e os ensinamentos de Jesus, an-tes de publicá-los. Pág. 4

Estudo de Nosso Lar começanesta edição

Este jornal inaugura nestemês uma nova seção – Estu-dando a série André Luiz –, queserá aqui apresentada mensal-mente, começando pelo estudoda obra “Nosso Lar” (foto), deAndré Luiz, psicografada pelomédium Francisco CândidoXavier e publicada pela edito-ra da Federação Espírita Bra-sileira. Além de questões ob-jetivas, a seção apresentarátambém, em fascículos, o tex-to condensado da obra menci-onada. Pág. 5

Paulo Fernando de Oliveira(foto ao lado, em que aparececom sua esposa, Cirlene Teixei-ra de Oliveira), que será empos-sado no dia 1º do corrente mês

anos diretor do Departamento deInfância e Juventude da mesmaCasa espírita e dirige o GrupoMediúnico Amigos da Paz, queintegra os inúmeros grupos ematividade na instituição.

Na entrevista, Paulo Fernan-do fala sobre sua iniciação noEspiritismo e seus planos à fren-te do Centro Espírita mais anti-go da cidade, que completou 75anos de atividades em janeiroúltimo. Nela, ele fala tambémsobre o tema violência e diz quecabe aos espíritas propagar adoutrina lembrando principal-mente a passagem em que Jesusnos ensina que devemos “Amaros nossos inimigos” e “Perdoarao próximo”, visto que não sedeve jamais combater violênciacom violência. Pág. 16

como presidente do Centro Espíri-ta Nosso Lar, de Londrina, é o nos-so entrevistado deste mês.

Natural da cidade de Rolândiae espírita há 21 anos, foi por quatro

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O IMORTALPÁGINA 2 JULHO/2009

EditorialEMMANUEL

Como pode ser verificado emuma matéria publicada neste jor-nal, o escritor e professor norte-americano Bart D. Ehrman, chefedo Departamento de Religião daUniversidade da Carolina do Nor-te, EUA, aponta para as inconsis-tências e contradições do NovoTestamento e suas interpretaçõespelos adeptos do Cristianismo.Dentre elas, duas seriam respon-sáveis por consequências graves,como a descrença em Deus e a de-sorientação das pessoas quanto àsalvação. (Leia na pág. 6 destenúmero a matéria citada.)

Segundo Ehrman, não há comoconciliar a ideia de Deus – comoum ser onipotente, justo e bom –com o caos econômico, político esocial, as doenças, as injustiças e aviolência que imperam na Terra.Um mundo como o nosso não po-deria ser obra da bondade e da jus-tiça. E Erhman faz, por isso, ques-tionamentos muito parecidos comos que Kardec fez há mais de 150anos. O Codificador recebeu, en-tão, todo um conjunto de ensina-mentos que constituem a chave quepermite entender o porquê da vidae o porquê das coisas. E o primei-ro desses ensinos, que revela a jus-tiça e a bondade do Criador, é oque nós conhecemos como lei de

Dia novo, oportunidade reno-vada.

Cada amanhecer representa di-vina concessão que não podes nemdeves desconsiderar.

Mantém, portanto, atitude po-sitiva em relação aos acontecimen-tos que devem ser enfrentados; oti-mismo diante das ocorrências quesurgirão; coragem no confronto

Automaticamente, por força dalógica, elege o homem na contabi-lidade uma das forças de base aopróprio caminho.

Contas maiores legalizam asrelações do comércio, e contasmenores regulamentam o equilí-brio do lar.

Débitos pagos melhoram ascredenciais de qualquer cidadão,enquanto que os compromissosmenosprezados desprestigiam aficha de qualquer um.

*Assim também, para lá do se-

pulcro, surge o registro contábil damemória como elemento de aferi-ção do nosso próprio valor.

A faculdade de recordar é oagente que nos premia ou nospune, ante os acertos e os desacer-tos da rota.

Dessa forma, se os atos louvá-veis são recursos de abençoada re-novação e profunda alegria nosrecessos da alma, as ações infeli-zes se erguem, além do túmulo, porfantasmas de remorso e aflição nomundo da consciência.

Crimes perpetrados, faltas co-

Fé e obrascausa e efeito, que é, ao lado danecessidade de progredirmos, averdadeira razão das existênciassucessivas, da lei da reencarnação.

A outra dificuldade que é cla-ramente explicada pelo Espiritis-mo é o conceito de salvação. Exis-tem duas correntes interpretativasdo Novo Testamento acerca disso:a que condiciona a salvação à fé ea que considera o valor das obrascomo elemento importante na cha-mada salvação.

Mas, em que, segundo o Espi-ritismo, consiste a salvação? Sal-vação é salvar-se do mundo damaterialidade e de suas baixas vi-brações, permitindo-se galgar de-graus que levem a regiões, permi-tindo-se galgar degraus que levama regiixas vibrao acerca disto:aquela que condiciona a salvaer-pretaes espiritualmente mais eleva-das e menos sujeitas à influênciada matéria.

Os adeptos da salvação pela fébaseiam-se, especialmente, naEpístola aos Romanos, em que sediz que a salvação só é possívelpela fé. Não haveria, para tal fim,outro meio. As obras, na interpre-tação de Lutero, apenas exornari-am seu autor e indicariam a natu-reza de sua crença, mas em nadacontribuiriam para a sua salvação.

Vale notar, preliminarmente,que vários estudiosos não conside-ram essa epístola como autênticae, o que é mais importante, seusuposto autor, Paulo de Tarso, emsua 1ª Epístola aos Coríntios, re-portando-se às chamadas virtudesteologais – a fé, a esperança e acaridade -, afirma enfaticamenteque das três a mais importante eexcelente é justamente a caridade,porque é através da caridade querevelamos se temos realmente es-perança e fé.

Em segundo lugar, não pode-mos ignorar que no Sermão daMontanha e na chamada Parábolado Juízo Final o próprio Jesus ele-ge a prática da caridade como con-dição única e necessária da salva-ção, fato esse destacado por Kar-dec no capítulo 15 de seu Evange-lho segundo o Espiritismo, intitu-lado “Fora da Caridade não há Sal-vação”, que acabou tornando-selema da Doutrina Espírita. Segun-do o Espiritismo, cada ato de cari-dade, ou seja, de benevolência, in-dulgência, perdão e de auxílio aopróximo, desmaterializa aos pou-cos a criatura humana, que passa acomungar das benesses do mundodos Espíritos e entrar em comuni-cação com aqueles que se interes-sam por sua evolução.

Um minuto com Joanna de Ângelisdas lutas naturais; recomeço de ta-refa interrompida; ocasião de rea-lizar o programa planejado.

Cada amanhecer é convite se-reno à conquista de valores queparecem inalcançáveis.

À medida que o dia avança,aproveita os minutos, sem pressanem postergação do dever.

Não te aflijas ante o volume de

Memória além-túmulometidas, erros deliberados, pala-vras delituosas e omissões lamen-táveis esperam-nos a lembrança,impondo-nos, em reflexos doloro-sos, o efeito de nossas quedas e oresultado de nossos desregramen-tos, quando os sentidos da esferafísica não mais nos acalentam asilusões.

*Não olvideis, assim, que, além

da morte, a vida nos aguarda emperpetuidade de grandeza e de luz,e que, nessas mesmas dimensões deglorificação e beleza, a memóriaimperecível é sempre o espelho quenos retrata o passado, a fim de quea sombra, reinante em nós, se dis-solva, nas lições do presente, im-pelindo-nos a seguir, desenleadosda treva, no encalço da perfeiçãocom que nos acena o futuro.

JOANNA DE ÂNGELIS,mentora espiritual de Divaldo P.Franco, é autora, entre outros li-vros, de Episódios Diários, doqual foi extraído o texto acima.

coisas e problemas que tens pelafrente.

Dirige cada ação à sua finali-dade específica.

Após concluir um serviço, ini-cia outro e, sem mágoa dos acon-tecimentos desagradáveis, volve àlição com disposição, avançando,passo a passo, até o momento deconclusão dos deveres planejados.

Não tragas do dia precedente oresumo das desditas e dos aborre-cimentos.

Amanhecendo, começa o teu diacom alegria renovada e sem passa-do negativo, enriquecido pelas ex-periências que te constituirão recur-so valioso para a vitória que buscas.

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EMMANUEL, que foi omentor espiritual de FranciscoCândido Xavier e coordenador daobra mediúnica do saudoso mé-dium mineiro, é autor, entre outroslivros, de Religião dos Espíritos,do qual foi extraído o texto acima.

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O IMORTALJULHO/2009 PÁGINA 3

Realiza-se no mês de julhomais uma Semana Espírita deLondrina, em sua 18ª versão, umevento que já faz parte das tradi-ções do Movimento Espírita daregião de Londrina e cidades vi-zinhas (fotos).

ANGÉLICA [email protected]

De Londrina

Começa dia 11 a 18a Semana Espírita de Londrina

se restringe ao público adulto, vis-to que neste ano realiza-se a 9ªSemaninha Espírita, com ativida-des direcionadas às crianças, um

Diversos palestrantes convidados pela USEL estarão em Londrina pela primeira vez;a abertura estará a cargo de Laércio Furlan, da Associação Médico-Espírita do Paraná

A 9ª Semaninha Espírita, que se desenvolve nos mesmos horáriosdas palestras e dos seminários, obedecerá ao seguinte programa:

A Semaninha Espíritainicia-se na manhã do dia 12

fato que já se tornou igualmentetradicional e é aguardado com ex-pectativa pelas crianças.

Realizam-se, ainda, no mesmoperíodo e no mesmo local, a 5ªNoite Cultural, a 5ª Semana Joveme a 3ª Mostra da Juventude.

O tema central do evento é“Evolução Espiritual: Desafiosdo 3° Milênio”. A organização é,como dissemos, da USEL, comapoio da 5ª União Regional Es-pírita e de todas as Casas Espíri-tas da cidade.

Eis a seguir o programa das pa-lestras e dos seminários, lembran-do que as palestras noturnas inici-am-se às 19h45, os seminários ves-pertinos às 14h45, os semináriosmatinais às 9h e a 5ª Noite Cultu-ral às 19h, todos eles na sede doCentro Espírita Nosso Lar, locali-zada na Rua Santa Catarina, 429:

A 1ª Semana Espírita de Lon-drina realizou-se em julho de 1992,por iniciativa do Centro EspíritaNosso Lar, que transferiu a respon-sabilidade de sua realização, já noano seguinte, à União das Socie-dades Espíritas de Londrina –USEL.

A 18ª Semana Espírita começano dia 11, sábado, e encerra-se nodia 19, domingo. Mas o evento não Orson Peter Carrara será uma

das atrações do evento deste ano

A Semana Espírita atrai sempre grandepúblico, como ocorreu em 2008

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O IMORTALPÁGINA 4 JULHO/2009

De coração para coração

Vivemos momentos difíceis naatualidade do movimento espíritabrasileiro, mas o culpado disso so-mos nós mesmos.

Temos confundido o significa-do da palavra tolerância. Tolerân-cia, não há dúvida, é um dever nos-so para com todas as pessoas, masjamais com os erros por elas co-metidos. Apontar o engano, a fa-lha, o equívoco é um bem que fa-zemos àquele que erra, visto que,advertido dos seus equívocos, po-derá galgar novo patamar de en-tendimento. Evidentemente que aofazê-lo não nos cabe expor nin-guém ao ridículo ou à zombaria,porque isso fere o princípio da ca-ridade, que é um bem precioso quenós espíritas não podemos ignorar.

Nosso segundo erro é a irres-ponsabilidade que tem levado mui-tas pessoas, não só os médiuns, adesprezar as bases fundamentaissobre que foi codificada a DoutrinaEspírita. Parece até que nos esque-cemos da lição que Emmanuel deua Chico Xavier nos primórdios do

seu trabalho tão admirado pelos es-píritas do Brasil. Era preciso, dis-se-lhe o querido mentor, compararos escritos mediúnicos com a obrade Kardec e os ensinamentos deJesus. Em caso de discordância, odestino dos escritos seria a cesta dolixo, ainda que o autor da comuni-cação fosse ele próprio.

Na principal obra dirigida aosmédiuns e aos dirigentes espíritas,Kardec inseriu duas lições impres-cindíveis e que se mantêm atuais,uma firmada por Erasto, outra porSão Luís.

A primeira compõe o item 230d´O Livro dos Médiuns:

“Na dúvida, abstém-te, diz umdos vossos velhos provérbios. Nãoadmitais, portanto, senão o que seja,aos vossos olhos, de manifesta evi-dência. Desde que uma opinião novavenha a ser expendida, por pouco quevos pareça duvidosa, fazei-a passarpelo crisol da razão e da lógica erejeitai desassombradamente o que arazão e o bom senso reprovarem. Me-lhor é repelir dez verdades do que ad-

mitir uma única falsidade, uma só te-oria errônea. Efetivamente, sobre essateoria poderíeis edificar um sistemacompleto, que desmoronaria ao pri-meiro sopro da verdade, como ummonumento edificado sobre areia mo-vediça, ao passo que, se rejeitardeshoje algumas verdades, porque nãovos são demonstradas clara elogicamente, mais tarde um fato bru-tal, ou uma demonstração irrefutávelvirá afirmar-vos a sua autenticidade.

“Lembrai-vos, no entanto, ó es-píritas! de que, para Deus e para osbons Espíritos, só há um impossível:a injustiça e a iniquidade. O Espiri-tismo já está bastante espalhado en-tre os homens e já moralizou sufici-entemente os adeptos sinceros da suasanta doutrina, para que os Espíritosjá não se vejam constrangidos a usarde maus instrumentos, de médiunsimperfeitos. Se, pois, agora, um mé-dium, qualquer que ele seja, se tor-nar objeto de legítima suspeição,pelo seu proceder, pelos seus costu-mes, pelo seu orgulho, pela sua faltade amor e de caridade, repeli, repelisuas comunicações, porquanto aíestará uma serpente oculta entre aservas. É esta a conclusão a que che-go sobre a influência moral dos mé-diuns. (Erasto).”

Do que é capaz a irresponsabilidadeASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO - [email protected]

De Londrina

Antônio pergunta-nos: – Oque é eutanásia?

Eutanásia é a antecipação damorte de um indivíduo, geral-mente de um doente terminal, apedido dele próprio. No Brasil ena imensa maioria dos países, aeutanásia é proibida, ou seja, aninguém é permitido provocar amorte de uma pessoa, mesmo queesta esteja vivendo o que chama-mos vida vegetativa, sustentadamuitas vezes por aparelhos.

Alguns consideram a euta-násia um ato de bondade paracom aquele que sofre e está de-senganado pela medicina. Noentanto, o Espiritismo é abso-

lutamente contrário à eutanásia,porque ensina que todo sofri-mento é útil à pessoa, e a nin-guém é permitido interromperuma vida, impedindo-a de com-pletar o tempo necessário parasua encarnação. Ensina o Espi-ritismo que devemos, sim, mi-norar o sofrimento dos nossosentes queridos, mas jamais in-terromper o fluxo da vida, quesó a Deus pertence. A eutanásiaé repelida expressamente naobra de Kardec, em texto assi-nado pelo Espírito de São Luís,reiterado por Joanna de Ânge-lis e diversos outros autores en-carnados e desencarnados.

O Espiritismo responde

A segunda lição pode ser vistano item 266 da obra citada:

“Em se submetendo todas as co-municações a um exame escrupulo-so, em se lhes perscrutando e anali-sando o pensamento e as expressões,como é de uso fazer-se quando se tratade julgar uma obra literária, rejeitan-do-se, sem hesitação, tudo o que pe-que contra a lógica e o bom-senso,tudo o que desminta o caráter do Es-pírito que se supõe ser o que se estámanifestando, leva-se o desânimo aosEspíritos mentirosos, que acabam porse retirar, uma vez fiquem bem con-vencidos de que não lograrão iludir.Repetimos: este meio é único, mas éinfalível, porque não há comunicaçãomá que resista a uma crítica rigorosa.Os bons Espíritos nunca se ofendemcom esta, pois que eles próprios aaconselham e porque nada têm quetemer do exame. Apenas os maus seformalizam e procuram evitá-lo, por-que tudo têm a perder. Só com issoprovam o que são. Eis aqui o conse-lho que a tal respeito nos deu SãoLuís: ‘Qualquer que seja a confiançalegítima que vos inspirem os Espíri-tos que presidem aos vossos traba-lhos, uma recomendação há que nun-ca será demais repetir e que deveríeister presente sempre na vossa lembran-

ça, quando vos entregais aos vossosestudos: é a de pesar e meditar, é a desubmeter ao cadinho da razão maissevera todas as comunicações quereceberdes; é a de não deixardes depedir as explicações necessárias aformardes opinião segura, desde queum ponto vos pareça suspeito, duvi-doso ou obscuro’.”

*Herculano Pires, que, segundo

Emmanuel e Chico Xavier, eraquem mais entendia da obra deKardec, jamais deixou de apontaros erros, fosse de quem fosse, por-que acima de tudo temos de pre-servar a Doutrina e não permitirque nos usem para denegri-la.

Divulga-se, no entanto, em nos-so meio, um jornal que parece serdirigido por não-espíritas, um jornalque usa o nome de Chico Xavier, nãopara endeusá-lo, como aparentemen-te poderíamos pensar, mas paraenlameá-lo e diminuí-lo aos nossosolhos, ao atribuir a ele a defesa doaborto em casos de anencefalia e deestupro e, o que é muito mais sério elamentável, a colocar em seus lábi-os a informação de que uma pessoapode morrer e outro Espíritoencarnar no cadáver, reanimá-lo econtinuar vivendo.

Muitos verbos apresen-tam regências d i ferentesconforme o sentido da frase.É o que se dá com o verbo“iniciar”, normalmente tran-sitivo, como nas construçõesseguintes:• Iniciamos ontem novo curso.• O escritor iniciou um novo li-vro.• O orador iniciou sua palestracom uma linda história.

Pílulas gramaticaisO verbo “iniciar” torna-se,

porém, pronominal, em constru-ções como estas:• As atividades se iniciaram à tar-de. (E não: “As atividades inici-aram à tarde”.)• O curso se iniciou com muitosparticipantes.• A palestra iniciou-se exatamen-te às 20h30.• O seminário se iniciará às 9 ho-ras da manhã.

Situação idêntica se dá comos verbos “abrir”, “reabrir” e“incendiar”, como podemosver nos exemplos seguintes:• As portas da mansão se abri-ram de par em par.• Feira abre-se hoje com mui-tas novidades.• Congresso reabriu-se comgrande pompa.• O prédio incendiou-se na ma-drugada.

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O IMORTALJULHO/2009 PÁGINA 5

D. Que razões levaram AndréLuiz a fracassar na existênciaterrena?

R.: O próprio André afirma quea filosofia do imediatismo o absor-vera no mundo. A existência ter-restre não fora assinalada de lan-ces diferentes da craveira comum.Ele havia conquistado os títulosuniversitários sem maior sacrifícioe perseguira situações estáveis quegarantissem a tranquilidade econô-mica do seu grupo familiar, masnão desenvolvera os germes divi-nos que o Senhor colocara em suaalma; ao contrário, sufocara-os cri-minosamente, no desejo incontidode bem-estar. (Nosso Lar, pág. 19.)

Texto para leitura 1. Este livro não é único. Ou-

tras entidades já comentaram ascondições da vida, além-túmulo...Certamente que numerosos amigossorrirão ao contacto de determina-das passagens das narrativas. (Pre-fácio de Emmanuel, pág. 10.)

2. Estava André convicto de nãomais pertencer ao número dos encar-nados no mundo e, no entanto, seuspulmões respiravam a longos haustos.Cabelos eriçados, coração aos saltos,medo terrível, muita vez gritou comolouco, implorou piedade e clamoucontra o doloroso desânimo que osubjugava... Mas, quando o silêncioimplacável não lhe absorvia a voz es-tentórica, lamentos mais comovedo-res que os seus respondiam a seus cla-mores. Outras vezes, gargalhadas si-nistras rasgavam a quietude ambien-te. (Cap. 1, pág. 17.)

3. A paisagem, quando não to-talmente escura, parecia banhadade luz alvacenta, como que amor-talhada em neblina espessa. Omedo de André era grande. Ondeficaram o lar, a esposa, os filhos?Sem qualquer noção do rumo a to-mar, as lágrimas lavavam-lhe in-cessantemente o rosto e apenas, emminutos raros, felicitava-o a bên-ção do sono. Bruscamente, porém,interrompia-se a sensação de alívio,porque seres monstruosos o acor-davam, irônicos, e era imprescin-dível fugir deles. (Cap. 1, pág. 18.)

Damos início à apresentação dotexto condensado da obra “NossoLar”, de André Luiz, psicografadapelo médium Francisco CândidoXavier e publicada pela editora daFederação Espírita Brasileira.

Questões preliminares A. Que representa a existên-

cia corpórea para nós?R.: A existência corpórea é in-

dispensável ao progresso humano.A Terra é oficina sagrada, e nin-guém a menosprezará, sem conhe-cer o preço do terrível engano a quehouver submetido o próprio cora-ção. A experiência de André Luizdiz bem alto que não basta à cria-tura apegar-se à existência huma-na, mas precisa saber aproveitá-ladignamente. (Nosso Lar, prefáciode Emmanuel, pág. 11.)

B. Como André conceitua avida e a morte?

R.: A vida não cessa, a vida éfonte eterna e a morte é o jogo es-curo das ilusões. Permutar a rou-pagem física não decide o proble-ma fundamental da iluminação.Uma existência é um ato. Um cor-po – uma veste. Um século – umdia. Um serviço – uma experiên-cia. Um triunfo – uma aquisição.Uma morte – um sopro renovador.(Nosso Lar, págs. 13 e 14.)

C. Como André descreve oUmbral?

R.: Silêncio implacável, cor-tado às vezes por gargalhadas si-nistras e uma paisagem, quandonão totalmente escura, banhada deluz alvacenta, como que amorta-lhada em neblina espessa, essa eraa região em que André Luiz vi-veu por vários anos, assediado porseres monstruosos e vultos negrosque o acordavam irônicos e lhedirigiam acusações impensáveis.Eis o que André diz do chamadoUmbral no capítulo inicial de seuprimeiro livro. (Nosso Lar, págs.17 a 21.)

4. Em momento algum o proble-ma religioso surgira tão profundo aseus olhos. Os princípios puramen-te filosóficos, políticos e científicosfiguravam-se-lhe agora extrema-mente secundários para a vida hu-mana. Verificava que alguma coisapermanece acima de toda cogitaçãomeramente intelectual. Esse algo éa fé. Essa análise surgia, contudo,tardiamente, porque ele nunca pro-curara as letras sagradas com a luzdo coração. (Cap. 1, pág. 18.)

5. A filosofia do imediatismo oabsorvera no mundo. A existênciaterrestre não fora assinalada de lan-ces diferentes da craveira comum.Conquistara os títulos universitá-rios sem maior sacrifício... Perse-guira situações estáveis que garan-tissem a tranquilidade econômicado seu grupo familiar, mas algo ofazia experimentar a noção de tem-po perdido. Não desenvolvera osgermes divinos que o Senhor co-locara em sua alma; ao contrário,sufocara-os criminosamente, nodesejo incontido de bem-estar.(Cap. 1, pág. 19.)

6. “Oh! amigos da Terra! – ad-verte André Luiz. – Acendei vos-sas luzes antes de atravessar a gran-de sombra. Buscai a verdade, an-tes que a verdade vos surpreenda.Suai agora para não chorardes de-pois.” (Cap. 1, pág. 20.)

7. “Suicida, criminoso, infame”– gritos assim cercavam André detodos os lados. Onde os sicáriosestavam? Quando o desespero atin-gia o auge, ele atacava-os, mas emvão esmurrava o ar nos paroxismosda cólera. Gargalhadas sarcásticasferiam-lhe os ouvidos, enquantovultos negros desapareciam nasombra. Fome e sede o torturavam.Crescera-lhe a barba, a roupa co-

meçava a romper-se. O mais dolo-roso, contudo, não era o abando-no, mas o assédio incessante deforças perversas que lhe assoma-vam nos caminhos ermos e obscu-ros. (Cap. 2, pág. 21.)

Frases e apontamentosimportantes

I. Quando o servidor está pron-to, o serviço aparece. (Frase cons-tante do subtítulo do livro, mas quefoi pronunciada na verdade peloministro Genésio; veja as págs. 5 e143.)

II. Todo leitor precisa analisaro que lê. (Emmanuel, prefácio, pág.10.)

III. O Espiritismo ganha dila-tada expressão numérica. Milharesde criaturas interessam-se pelosseus trabalhos, modalidades, expe-riências. Nesse campo imenso denovidades, todavia, não deve ohomem descurar de si mesmo.(Emmanuel, prefácio, pág. 10.)

IV. É indispensável cogitar doconhecimento de nossos infinitospotenciais, aplicando-os, por nos-sa vez, nos serviços do bem. (Em-manuel, prefácio, pág. 10.)

V. O homem terrestre não é umdeserdado. É filho de Deus, em tra-balho construtivo, aluno de escolabenemérita, onde precisa aprendera elevar-se. A luta humana é a suaoportunidade, a sua ferramenta, oseu livro. (Emmanuel, prefácio,pág. 11.)

VI. O intercâmbio com o invi-sível é um movimento sagrado...Que ninguém, todavia, se descui-de das necessidades próprias, nolugar que ocupa pela vontade doSenhor. (Emmanuel, prefácio,pág. 11.)

VII. A maior surpresa da morte

MARCELO BORELA DEOLIVEIRA

[email protected] Londrina

carnal é a de nos colocar face a facecom a própria consciência. (Em-manuel, prefácio, pág. 11.)

VIII. A Terra é oficina sagra-da, e ninguém a menosprezará,sem conhecer o preço do terrívelengano a que submeteu o própriocoração. (Emmanuel, prefácio,pág. 11.)

IX. A experiência de AndréLuiz diz bem alto que não basta àcriatura apegar-se à existência hu-mana, mas precisa saber aproveitá-la dignamente; que os passos docristão devem dirigir-se verdadei-ramente ao Cristo e que precisa-mos do Espiritismo e do Espiritu-alismo, mas, muito mais, de Espi-ritualidade. (Emmanuel, prefácio,pág. 11.)

X. A vida não cessa. A vida éfonte eterna e a morte é o jogo es-curo das ilusões. (André Luiz,mensagem inicial, pág. 13.)

XI. Permutar a roupagem físi-ca não decide o problema funda-mental da iluminação. (AndréLuiz, mensagem inicial, pág. 13.)

XII. Uma existência é um ato.Um corpo – uma veste. Um sécu-lo – um dia. Um serviço – umaexperiência. Um triunfo – umaaquisição. Uma morte – um soprorenovador. (André Luiz, mensa-gem inicial, pág. 14.)

XIII. É preciso muito esforçodo homem para ingressar na aca-demia do Evangelho do Cristo.Muito longa, portanto, nossa jor-nada laboriosa. (André Luiz, men-sagem inicial, pág. 14.)

XIV. A humanidade não seconstitui de gerações transitórias esim de Espíritos eternos, a cami-nho de gloriosa destinação. (AndréLuiz, cap. 1, pág. 18.) (Continuano próximo número.)

Estudando a série André Luiz

Nosso LarAndré Luiz

(1ª Parte)

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O IMORTALPÁGINA 6 JULHO/2009

O IMORTAL na internetAlém de circular com seu formato impresso, o jornal O

Imortal pode ser visto também na internet, bastando para issoacessar o site www.oconsolador.com, em cuja página inicialhá um link que permite o acesso do leitor às últimas ediçõesdo jornal, sem custo algum.

Para contactar a Redação do jornal, o interessado deve uti-lizar este e-mail: [email protected].

O professor Bart D. Ehrman(foto), que reside na cidade deChapel Hill nos Estados Unidos,onde chefia o Departamento deReligião da Universidade da Ca-rolina do Norte, é um grande es-tudioso da Bíblia, especialmentedos textos que compõem o NovoTestamento. Ele começou a estu-dar a Bíblia e suas línguas origi-nais no Instituto Bíblico Moody egraduou-se na UniversidadeWheaton em Illinois. Recebeu otítulo de Ph.D e M.Div.De no Se-minário Teológico de Princeton.Atualmente é coeditor da sérieFerramentas de estudo para oNovo Testamento.

Em 2007, em discurso na Uni-versidade de Stanford, referiu-seàs inconsistências textuais doNovo Testamento e desde 2008vem divulgando seu livro O Pro-blema com Deus: As respostas quea Bíblia não dá ao sofrimento. Nomês passado, em entrevista à re-vista Época, Ehrman falou sobreseu último livro, no qual debateas contradições dos evangelhos eafirma que apenas oito dos 27 li-vros do Novo Testamento foramescritos pelos autores aos quaissão atribuídos.

Ehrman cresceu em uma famí-lia religiosa e, quando adolescen-te, tornou-se um protestante fer-voroso. O interesse pela Bíblia epor sua história o acompanhou avida toda, mas atualmente, depoisde 35 anos de estudo, diz ter aban-donado o Cristianismo por nãoacreditar que Deus poderia estarno “comando de um mundo cheiode dor e sofrimento”.

“Fui criado na IgrejaProtestante e fui um cristãomuito ativo por vários anos”

Autor de 21 livros sobre reli-gião, a exemplo de Verdade e Fic-ção em O Código Da Vinci, O que

Teria a Bíblia inspiração divina?

Jesus Disse? O que Jesus Não Dis-se? e Quem mudou a Bíblia e porquê, que figurou entre os mais ven-didos na lista do The New York Ti-mes, publicou recentemente Jesus,Interrupted , que será lançado noBrasil no segundo semestre, no qualtenta revelar as contradições da Bí-blia, as quais provariam, segundoseu entendimento, que esse livronão foi enviado à Humanidade porDeus.

Da entrevista à revista Época,destacamos alguns trechos que per-mitem compreender o pensamentodo escritor:

Crença em Deus – “Não meconsidero um ateu e não acho queestou fazendo a mesma coisa queesses autores (que negam o Cria-dor). Eles têm feito coisas boas, masestão atacando a religião sem co-nhecer muito. Quando eu escrevo,faço isso como alguém que já este-ve profundamente envolvido com aCristandade, mas que agora a rejei-tou. Por isso, a minha perspectiva écompletamente diferente.”

Abandono da fé cristã – “Fuicriado na Igreja Protestante e fui umcristão muito ativo por vários anos.Mas eu deixei a cristandade não porconta dos meus estudos históricossobre a Bíblia, mas por não conse-guir mais acreditar que poderia ha-ver um deus no comando destemundo cheio de dor e sofrimento.”“O problema é que há um certo

tipo de fé cristã que diz que aBíblia não tem erros”

Contradições da Bíblia – “Sãomuitas discrepâncias, mas é possí-vel destacar duas. O apóstolo Pau-lo, por exemplo, acha que a pessoa

chega a Deus apenas pela fé, e nãopelo que faz. No capítulo 24 deMateus, no entanto, nós lemos queboas ações levam ao reino doscéus. Essas duas visões são exclu-dentes em um assunto determinan-te, que é a salvação. Também hávisões diferentes sobre quem eraJesus. No evangelho de João, Je-sus é Deus, mas nos textos atribu-ídos a Marcos, Mateus e Lucasnão há nada sobre isso. No evan-gelho de Mateus fica claro que eleacredita que Jesus é um ser huma-no, e que é o Messias. A Igrejaacabou juntando essas duas vi-sões, de que ele é humano e divi-no, e criou um conceito que nãoestá escrito nem em João e nemem Mateus.”

Questionamento da Bíblia –“As pessoas só começaram a no-tar essas diferenças na época doIluminismo, no século XVIII. An-tes disso, os estudiosos da Bíbliaeram teologicamente comprome-tidos com ela e não imaginavamque poderia haver erros. Essasdescobertas são problemáticas es-pecialmente para quem acreditaque a Bíblia foi entregue a nós di-retamente por Deus. Se isso ocor-reu, por que não temos a Bíbliaoriginal? Por que temos apenasmanuscritos escritos mais tarde eque não são iguais? Essas diferen-ças mostram que não existe umlivro com inspiração divina quefoi entregue a nós.”

Infalibilidade da Bíblia – “Oproblema é que há um certo tipode fé cristã que diz que a Bíblianão tem erros e é infalível, e eunão concordo com isso. Eu nãosou o único que pensa assim. Asopiniões que estão descritas nomeu livro são as mesmas da mai-oria dos estudiosos da Bíblia hámuitas e muitas décadas, mas elesnão costumam falar disso em pú-blico. Meu livro apenas pega o queos estudiosos dizem há muito tem-po e torna disponível para os lei-tores normais.”

Em entrevista à revista Época, o professor e escritor Bart Ehrman diz que não e explica por queentende que o livro considerado sagrado por judeus e evangélicos não foi inspirado por Deus

THIAGO BERNARDES [email protected]

De Curitiba

Bart Ehrman

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O IMORTALJULHO/2009 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

Gustave Geley, o mais espírita dospesquisadores metapsíquicos

Um dos principais filósofos e ci-entistas de tendência claramente es-pírita do século 20 foi, sem dúvida,Gustave Geley. Francês, nascido em1868, em Monceau-Les-Mines, dou-tor em medicina por Lyon, Geley des-de jovem se viu atraído pelo inquie-tante problema da sobrevivência e daevolução humana. Homem de ação ecientista por natureza decidiu dedicarsua vida e prestígio ao crescimentoda Metapsíquica. Em 1919, convida-do por Myers, abandonou a práticamédica e passou a dedicar-se integral-mente às pesquisas metapsíquicas,tornando-se o primeiro presidente doInstituto de Metapsíquica Internaci-onal (IMI).

Geley foi um dos mais notáveispesquisadores no campo das mate-rializações, tornando-se referênciaobrigatória no estudo do ectoplasmae seus fenômenos. Estão entre suascontribuições os estudos e pesquisasextensivas com os médiuns de efei-tos físicos Franek Kluski, Jean Guzike Eva Carriére. Com Franek Kluskiconseguiu obter moldes em parafi-na de mão e braços de Espíritos ma-terializados, ainda hoje em exposi-ção no IMI em Paris. Seu trabalhocom Eva Carriére, a quem subme-teu aos mais rigorosos testes e pro-vas a fim de evitar qualquer possibi-lidade de fraude, foi presenciado pormais de 150 homens de ciência, quepuderam comprovar a veracidadedas materializações ali obtidas.

Dentre suas obras destacamos: OSer Subconsciente (1899); Essay derevue generale et l’interpretationsynthetique du Spiritisme (1898);L’ectoplasmie et la Clairvoyance(1924) e Del Inconsciente al Consci-ente (1918). Podemos considerar

Geley espírita (apesar de ele mesmo nãoter-se declarado formalmente como tal),pois aceitava a sobrevivência da alma,a reencarnação e a comunicação comos mortos. Sobre o Espiritismo ele as-sim se expressa em seu Essay de revuegenerale d’interpretation syntehetiquedu Spiritisme (lançado no Brasil com otítulo Resumo da Doutrina Espírita): “ADoutrina Espírita é muito grandiosapara não impor aos pensadores uma dis-cussão profunda. Bom número delesconcluiu, seguramente, considerandoque uma doutrina baseada sobre fatosexperimentais tão numerosos e tão pre-cisos, e acordes com todos os conheci-mentos científicos nos diversos ramosde atividade humana, dando soluçãomuito clara e muito satisfatória aosgrandes problemas psicológicos emetafísicos, é verossímil; muito maisverdadeira; é muito provavelmente ver-dadeira”. (Del Inconsciente al Consci-ente, G. Geley, pág. 9, Casa EditorialMaucci, Barcelona).

Em resposta a uma pesquisa feitapela revista Filosofia della Scienza em1913, expressou assim sua posiçãoquanto à reencarnação: “Eu sou umreencarnacionista por três razões: (1)porque a doutrina me parece totalmen-te satisfatória do ponto de vista moral,(2) absolutamente racional do pontode vista filosófico e (3) do ponto devista científico aceitável, ou melhor,ainda, provavelmente verdadeira”.

Sua contribuição ao avanço daMetapsíquica é tão relevante que mes-mo o evento de sua morte foi significa-tivo e contribuiu para a comprovaçãodos fenômenos metapsíquicos. Doiscasos de premonição vaticinaram as cir-cunstâncias da morte de Geley. O pri-meiro ocorreu na experiência levada acabo pelo Dr. Eugênio Osty. Inician-do-se 31 meses antes do fato e durante14 sessões, o sensitivo insistiu na mor-te acidental, por queda, de um médico

francês, homem de ciência, duranteuma viagem a um país distante. O se-gundo caso é mais impressionante ain-da. Em abril de 1924 o sensitivo-clari-vidente francês Pascal Forthuny obte-ve um “aviso” auditivo que o ordena-va a procurar o Dr. Geley no IMI, semdemora. Pascal devia comunicar quefora prevenido da morte próxima de ummédico francês na Polônia, vítima deum desastre de aviação. Pascal procu-rou Geley imediatamente e lhe contoua premonição. Geley perguntou entãoquem seria tal médico, pergunta quePascal não soube responder. Geleycomo homem de ciência anotoudetalhadamente esse fato para posteri-or pesquisa e comprovação. Porém acomprovação veio, tragicamente, ape-nas alguns meses depois. Em 14 de ju-lho de 1924, após encerrar uma sériede sessões na Polônia com o médium

O justo não pode pagar pelo pecador

Analisando sem achismo pesso-al, fanatismo religioso, extremismocomportamental ou discriminaçãopreconcebida, com certeza absolutachega-se à conclusão de que no mun-do existem muitas injustiças, porémninguém vive injustiçado. Cada in-divíduo é o único responsável, pe-rante a Justiça Divina, por tudo o quelhe acontecer. Não há como pulveri-zar a responsabilidade, tampouco asculpas. Por esta afirmativa é crívelafirmar que ninguém poderá ser res-ponsabilizado pelos erros dos outros.

Com esta observação lógica,claudica aquele argumento secular:“o justo paga pelo pecador”.

Acreditar que isso poderia acon-tecer seria no mínimo: desdenhar do

que seria desumano. Entretanto, éinjusto atribuí-las aos desígnios ouà vontade soberana de Deus. Elejamais usará da Sua Suprema So-berania para fazer Seus filhos so-frerem sem uma causa justa.

O sofrimento está diretamenteproporcional à culpabilidade decada um. Caso contrário, o sensode justiça torna-se inexistente. Oser humano já nasceria predestina-do às vicissitudes nefastas que olevariam à miséria humana de to-dos os jaezes, sem perspectivas dedias melhores. Nesse caso, de queadiantaria ele seguir os mandamen-tos de Lei do Amor, preconizadose ensinados pelo Cristo?

O bom senso induz a pensarque o Cristo está certo: “A cada umconforme a sua obra”. Portanto, aojusto não é concebível pagar pelospecados ou erros dos outros.

Franek Kluski, o médico e pesquisa-dor Gustave Geley tentou retornar àFrança. A principio teve dificuldadesem encontrar piloto que o acompanhas-se, devido aos festejos da RevoluçãoFrancesa em Varsóvia. Porém, sem re-cordar a premonição a ele revelada porPascal Forthuny, Geley tanto insistiu atéque encontrou, finalmente, um pilotodisposto a empreender a viagem. Tãologo levantou voo sobre Varsóvia, oavião, por causas desconhecidas, caiu,matando Geley e o piloto.

Geley merece de todos nós a ad-miração e o reconhecimento por suadedicação, seu espírito cientifico eacima de tudo por suas preocupaçõeséticas e morais, na busca de um mun-do mais belo e melhor. Para mostrarum pequeno exemplo do seu pensa-mento filosófico de Geley, eis o tre-cho seguinte, extraído, em tradução li-

PEDRO DE ALMEIDA [email protected]

De Campo Grande, MS

amor, da bondade e, principalmente,da verdadeira Justiça Divina; duvidarperemptoriamente da seriedade, e deum dos sacrossantos e encorajadoresensinamentos trazidos por Jesus, oCristo: - “A cada um será dado con-forme a sua obra”; evidenciar o des-crédito no adágio popular consagradodesde antanho: - “nada acontece poracaso”; ignorar a veracidade filosó-fica quando diz: - “não há efeito semcausa, tudo tem uma razão de ser”;e sepultar nas profundezas da ignorân-cia a “Lei de causa e efeito, ação e re-ação”, que é Universal.

Agora fica o impasse. É desuma-no não sensibilizar-se diante das do-res físicas, psicológicas, morais, es-pirituais, pelas quais um ser humanoé acometido? Será justo não apiedar-se quando catástrofes tenebrosas de-vastam habitações e ceifam vidas depessoas incautas? Evidentemente

vre, de sua obra Del Inconsciente alConsciente: “O mal não é resultadoda vontade, da impotência ou daimprevidência de um Criador res-ponsável. O mal não é tampouco oresultado de uma queda. O mal écompanheiro inevitável do desper-tar da consciência. O esforço neces-sário para o passo do inconscienteao consciente não pode deixar de serdoloroso. Caos, tentativas, lutas, so-frimentos; tudo isso é consequênciada ignorância primitiva e do esforçopor sair dela... O mal, em uma pala-vra, não é mais que a medida da infe-rioridade dos seres e dos mundos. Enas fases inferiores de sua evoluçãoestá a razão suprema deste bem su-premo: a aquisição da consciência”.(Geley, G. – Del Inconsciente al Cons-ciente, pág. 375, Casa EditorialMaucci – Barcelona – Espanha.)

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Visão espírita das curas e passes na tradição judaico-cristã

Os livros da Bíblia são umagrande referência cultural para acivilização como um todo. Afirma-dos ou contraditados pelos siste-mas filosóficos contemporâneos,usados às vezes como um conhe-cimento que foi válido um dia,defendidos por crentes ardorosose confiantes na fé, os postuladosbíblicos continuam presentes nonosso cotidiano.

Kardec incentivou os espíritasao estudo bíblico à luz do Espiri-tismo, ao afirmar que “O Espiri-tismo se nos depara por toda a par-te na antiguidade e nas diferentesépocas da Humanidade. Por todaparte se lhe descobrem os vestígi-os: nos escritos, nas crenças e nosmonumentos. Essa a razão por que,ao mesmo tempo que rasga hori-zontes novos para o futuro, proje-ta luz não menos viva sobre osnovos mistérios do passado.”(KARDEC, 1978, p. 27.)

As doenças eram tratadas oucuradas com alguma prática seme-lhante ao passe nos escritos bíbli-cos? Como se interpretavam no con-texto do antigo e do novo testamen-to as práticas de cura a partir daimposição de mãos? Como o Espi-ritismo codificado por Allan Kardecé afetado pela tradição cristã daimposição de mãos?

Doença e pecadoNa introdução de “O Evangelho

segundo o Espiritismo”, Kardec de-fende a necessidade de se entender osignificado das palavras encontradasnos escritos hebreus e cristãos em suaépoca porque elas “caracterizam oestado dos costumes e da sociedadejudia naquela época” e hoje têm sen-tido diferente, dificultando a compre-ensão. Ele propõe que se faça um es-tudo hermenêutico, que se diferenci-em os mitos e lendas dos fenômenoshistóricos e que se possam explicaralgumas passagens, até hoje compre-endidas pela fé como milagres ouação de Deus, a partir dos princípiose da fenomenologia espírita.

Um estudocompreensivo doAntigo Testamen-to vai encontrarnos descendentesde Moisés um en-tendimento da do-ença como umcastigo divino aospecados da pró-pria pessoa ou deseus ascendentes.Moisés, no Penta-teuco, estabele-ceu, em nome deIahweh, todo umrito que tinha porfunção o reconhe-cimento e a puri-ficação dos peca-dos. Originalmen-te, este perdão dos

pecados estava associado aos sacri-fícios de animais, especialmente osnovilhos, os cordeiros e os bodes(daí a expressão bode expiatório).

O rito sacerdotal e os sacrifíciostinham uma função mediadora en-tre os homens e a divindade, ou seja,tornavam pública e exterior a cren-ça e a aceitação perante a sociedadedas leis atribuídas a Deus.

O adoecimento de JóA associação entre doença e pu-

nição divina é muito clara no livrode Jó. Neste possível mito bíblico,Jó é um homem que age no atendi-mento cuidadoso, para não dizer ob-sessivo, dos cuidados prescritos porDeus, para evitar o mal e a doençaem sua vida. Ele tem muitas espo-sas, filhos, rebanhos e riquezas, o quesinaliza ao leitor que ele recebeu aprosperidade em troca da fé, a pro-messa do Antigo Testamento. Inusi-tadamente, em uma esfera divina,Satanás questionaria a Deus se, aocontrário do que ele afirmava, a fénão seria fruto da prosperidade.

Sem que Jó tivesse consciência,Deus, nesta história, põe-lhe à pro-va a fé, permitindo que todos os seusbens (incluindo-se aí a sua família)lhe fossem “tomados” e, posterior-mente, que a saúde lhe fosse afeta-da. O texto bíblico se desenvolve emum diálogo intimista entre Jó e trêsamigos que o vieram consolar, e setorna uma espécie de reflexão dafragilidade e da incompreensão hu-manas ante os desígnios divinos.

Uma questão em especial incomo-da a Jó: ele era fiel àquilo que Deuslhe havia solicitado por meio da leimosaica, e não compreendia por quepadecia todas aquelas perdas e doen-ças, como se pode ler no livro de Jó,capítulo 27: “Pelo Deus Vivo que menega justiça, por Shaddai que meamargura a alma, enquanto em mimhouver um sopro de vida e o alentode Deus nas narinas, meus lábios não

dirão falsidades, nem minha línguapronunciará mentiras! Longe de mimdar-vos razão! Até o último alentomanterei minha inocência, fico firmeem minha justiça e não a deixo. Aconsciência não me envergonha pormeus dias (...)”

Fica evidente que o homem doAntigo Testamento, que cumpre o“pacto ritual com Deus”, não enten-de o adoecimento que não cede àrudimentar medicina hebraica ouaos sacrifícios, se não tiver cometi-do algum pecado. A doença que re-siste ao tempo e aos remédios é vis-ta como castigo de Deus. Em Jó, adoença é uma prova de fé, que oherói do Antigo Testamento não écapaz de perceber.

Ainda no Antigo Testamento háoutras evidências de a doença serum sinal da ação divina. O Espiri-tismo não defende a existência deuma divindade do mal. No mito deJó, Satanás não personifica um Es-pírito mau, mas a precariedade domundo e da vida, que possibilita quequalquer homem passe por provas,seja ele religioso ou não. Shaddai,segundo a Bíblia de Jerusalém, é um“antigo nome divino da época pa-triarcal, mantido especialmente pelatradição sacerdotal”. O sentido dapalavra poderia ser “Deus da Mon-tanha”, se a palavra for originada noacádico Shadû, ou “Deus da Este-pe”, se oriundo do hebraico Sadeh.

Elias, o “Homem de Deus”Elias é um outro herói legendá-

rio bíblico que defende a fé emIahweh e se opõe a outras crenças,como a do Deus Baal. No primeirolivro de Reis, capítulo 17, Elias vaià cidade de Sarepta, ordenado porDeus, e fica na casa de uma viúvacom o filho doente. Após um epi-sódio semelhante à multiplicaçãodos pães do Novo Testamento, o fi-lho da viúva “adoeceu, e seu malfoi tão grave que ele veio a falecer”.

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A ideia de que Jesus tinha umacapacidade superior é mantida porKardec, mas não se pode esquecerde analisar a trajetória dos apósto-los. Eles também apresentam ca-pacidade de curar e usam para issoa imposição de mãos.

As curas dos apóstolos e osdons na comunidade cristãO livro dos atos dos apóstolos

contém a maioria das narrativas decuras efetuadas por eles. Ao con-trário de Jesus, os apóstolos eramhomens comuns, do povo, que mui-tas vezes chegaram a duvidar deJesus. Embora Jesus os tivesse en-viado em seu nome, vê-se que en-quanto o Mestre vivia algumas ve-zes eles não conseguiam realizarsua tarefa, como é o caso do meni-no epiléptico citado anteriormente.

Tal era a centralidade de Jesus,que os sacerdotes do templo apos-taram no fim do movimento cris-tão com o sacrifício do Mestre.Todos conhecem o episódio quesucede à prisão de Jesus, no qualPedro inicialmente corta a orelhade Malco e posteriormente nega aJesus por três vezes, conforme opróprio Mestre havia profetizado.

Ao contrário do que eles espe-ravam, estes homens continuaramcristãos, tomaram para si a tarefade evangelização do mundo, con-verteram outros e mostraram capa-cidade de curar e de falar em lín-guas desconhecidas, muitas vezesinterpretadas na linguagem evangé-lica como “dons do espírito”. (At.2:38, At. 10:45, I Cor. 12:27-30.)

Quase todos os apóstolos fo-ram martirizados, a maioria delespor Roma, dada a ameaça culturalou talvez estranheza que o Cristi-anismo passou a representar anteos valores da civilização romana,além dos variáveis interesses polí-ticos dos governantes. (Continuana pág. 10 desta edição.)

JÁDER [email protected]

De Belo Horizonte-MG

A imposição de mãos foi utilizada com frequência por Jesus, embora não haja relatos de passes (movimentação de mãos), e as obsessões foram quase totalmente tratadas com diálogos estabelecidos com os Espíritos que Jesus tratava com autoridade

Para o nosso estudo, interessa ocomentário da mãe do menino, quediz: “Que há entre mim e ti, homemde Deus? Vieste à minha casa parareavivar a lembrança das minhas fal-tas e causar a morte do meu filho!”

A viúva não pergunta, afirmasonoramente sua crença na associ-ação entre as faltas e a morte do fi-lho. Ela entende também que Eliasé homem de Deus, porque a capaci-dade de punir as faltas com a morteou a doença é um poder divino.Elias toma o menino, estende-sesobre ele por três vezes, e pede aIahweh que lhe devolva a alma, fa-zendo-o reviver. Imediatamente, aviúva comenta: “Agora sei que ésum homem de Deus e que Iahwehfala verdadeiramente por tua boca!”

Mito ou realidade, história oulenda, já se encontra no Antigo Tes-tamento uma prática semelhante àdos passes magnéticos, só que nocontexto cultural da época, que ex-plica o entendimento do seu resul-tado por meio de uma ação divina.

O Messias de IsaíasO livro de Isaías, no conjunto do

Antigo Testamento, além do cará-ter político, no qual ele incentiva seupovo a abandonar as alianças polí-

ticas com assírios e egípcios paraconfiar em Deus, denuncia a corrup-ção dos costumes e anuncia a vindado Messias. A concepção do Mes-sias em Isaías é complexa e foge aoescopo deste texto, interessandouma de suas características divinas:a capacidade de curar as doenças,libertando os homens do sacrifícioritual para Deus.

Isaías assim escreve: “... e, noentanto, eram as nossas enfermida-des que ele levava sobre si, as nos-sas dores que ele carregava” (Isaías53:4).

Iahweh, segundo a Bíblia de Je-rusalém, é o nome que Deus dá aMoisés para ser ensinado ao povo,quando está na montanha. Há umadiscussão etimológica sobre o seunome, mas a palavra está relacio-nada ao verbo ser e pode sertraduzida como “Aquele que é” etraz em seu bojo o significado daexistência, ou seja, ele apresenta-secomo o único que realmente existe.

Baal, segundo o Houaiss, é onome de uma divindade cananeia efenícia, adorada por outros povos doOriente próximo na antiguidade.Essa passagem levou o evangelistaMateus a reconhecer em Jesus, apósa expulsão dos Espíritos e a cura de

enfermos na casa da sogra de Pedro,a pessoa do Messias pregado porIsaías (Mt 8:17).

As curas de JesusParte significativa dos evange-

lhos trata das curas realizadas porJesus. Kardec evita discuti-las em“O Evangelho segundo o Espiritis-mo”, mas dedica toda uma parte de“A Gênese” explicando-as com oauxílio da Doutrina Espírita.

Kardec entende que Jesus nãoagia como médium nas curas que efe-tuava, por não necessitar de assistên-cia, mas “agia por si mesmo, em vir-tude do seu poder pessoal, como opodem fazer, em certos casos, os en-carnados, na medida de suas forças”.(KARDEC, 1973, p. 311.)

As descrições das curas nosevangelhos compreendem imposi-ção de mãos, toques, aplicação debarro sobre o órgão afetado, cura adistância, entre outras.

a) Imposição de mãos - Sãomuitas as passagens em que Jesuscura impondo as mãos sobre os do-entes. Como exemplos, Mateus nar-ra o pedido de Jairo a Jesus, que im-ponha as mãos sobre a filha, consi-derada morta (Mt 9:18 e Mc 5:21) eMarcos relata que Jesus curava en-fermos impondo as mãos (Mc. 6:5).Esta capacidade, na cultura judaica,como já foi dito anteriormente, eraprópria dos profetas. Foi após umepisódio de curas que Mateus iden-tifica Jesus como sendo o Messias(Mt 8:17), ao transcrever uma falade uma pessoa do povo, que repete aprofecia de Isaías. O conceito de saú-de não se dissociava da influência dedemônios. São inúmeras as passa-gens em que Jesus conversa com de-mônios ou os expulsa de pessoas.Lucas (Lc. 13:11) narra a cura deuma possessa encurvada por meio daimposição de mãos. A imposição demãos parece ter um outro sentido,talvez uma bênção ou, em linguagem

médica contemporânea, um papelprofilático. Em outra passagem evan-gélica, Mateus (Mt. 19:14 e 15) re-lata Jesus impondo as mãos sobre osmeninos que queriam vê-lo e emprincípio haviam sido impedidospelos apóstolos. Eles não se encon-travam doentes e, ao que parece, ape-nas desejavam conhecer a Jesus.Além da imposição de mãos, outrasformas de tratamento são descritasnos Evangelhos.

b) Toque de mãos - Jesus curoua sogra de Pedro tocando-a com asmãos (Mt. 8:15). Também a mulherhemorroíssa teve sua doença cura-da, mas foi ela quem tocou as ves-tes de Jesus (Mt 9: 20-22), que lhedisse: “Ânimo, minha filha, a tua féte salvou”. Três dos evangelistas(Mt. 9: 18-26, Mc 5:21-43 e Lc8:40-56) narram a cura da filha deJairo, chefe da Sinagoga. Ela eraconsiderada morta, mas Jesus dizque ela não havia morrido, que es-tava apenas dormindo. Ele “tomou-a pela mão e ela se levantou”.

c) Cura a distância ou por meiodo diálogo - Jesus curou os dez le-prosos (Mt. 17:11-19) mandando-osde volta à cidade. A cura se efetuouno caminho e um deles voltou paraagradecer. Jesus lhe pergunta sobre osoutros nove e lhe diz: “Levanta-te evai; a tua fé te salvou”. Jesus cura oparalítico de Cafarnaum, segundoMateus (Mt. 8:1-8), apenas dizendo:“Tem ânimo, meu filho; os teus pe-cados são perdoados” e depois “Le-vanta-te, toma tua cama e vai paracasa”. No templo (Mc 3:1-5) Jesusapenas pediu que um homem esten-desse sua mão atrofiada e ela ficoucurada. Jesus (Mc. 1:23-28) adverteum “Espírito impuro” em uma sina-goga, o qual subjugava um homem,ordenando-lhe: “cala-te e sai dele”.Também conversando, Jesus cura osdois endemoniados gadarenos, con-siderados violentos (Mt 8:28-33), ex-pulsando os demônios. Marcos (Mc.

9:14-29) relata a expulsão de um de-mônio que atormentava um meninocom sinais de epilepsia (“Quando eleo toma, atira-o pelo chão. E ele espu-ma, range os dentes e fica ressequi-do”). Jesus dirigiu a palavra ao Espí-rito impuro dizendo-lhe: “Espíritomudo e surdo, eu te ordeno: deixa-oe nunca mais entres nele”. O meninoficou como morto e Jesus tomou-lhea mão, levantando-o. O filho de umaviúva da cidade de Naim (Lc. 7:11-17) e Lázaro (Jo. 11:1-43), conside-rados mortos, acordam de seu sonomediante a voz sonora de Jesus queos chama de volta.

d) Cura com saliva e barro -Marcos (Mc 8:22-26) narra a curado cego de Betsaida na qual Jesuspassa saliva sobre os olhos e lheimpõe as mãos. A cura é comentadapor Kardec em “A Gênese” (cap.15). João (Jo. 9:1-41) relata a curade um cego de nascença, para a qualJesus mistura saliva ao barro, passasobre seus olhos e manda seja lava-da a mistura no tanque de Siloé. Omendigo, agora curado, vai ao tem-plo e enfrenta fariseus e sacerdotes,confirmando a cura de Jesus e con-siderando-o um profeta por tal.

Estas citações estão longe de es-gotar todas as narrativas de curas en-contradas nos Evangelhos. Kardecdestaca o desconhecimento de doen-ças que eram tomadas como ação dedemônios e Espíritos impuros, comoa epilepsia, os estados de coma e amudez, doenças que o Espiritismo con-temporâneo não confundiria com ob-sessão espiritual, embora possam apre-sentar um componente obsessivo.

A imposição de mãos foi extre-mamente utilizada por Jesus, emboranão haja relatos de passes (movimen-tação de mãos). As obsessões foramquase totalmente tratadas com diálo-gos estabelecidos com os Espíritosque Jesus tratava com autoridade,autoridade esta que estamos longe deter nos dias de hoje.Jesus impondo as mãos sobre um enfermo

Jesus desta vez toca a criança e a cura

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O IMORTALPÁGINA 10 JULHO/2009

Pedro (At. 3:1-10) cura umaleijado que esmolava na portado Templo de Jerusalém com umolhar e um toque, pronunciandopalavras que ficariam célebres:“Nem ouro nem prata possuo. Oque tenho, porém, isto te dou: emnome de Jesus Cristo, o Nazareu,põe-te a caminhar.”

Ananias ora e impõe as mãossobre a cabeça de Saulo, o per-seguidor dos cristãos, a pedidode Jesus que lhe aparece. O ju-deu-romano recupera a visão.(At. 9:12-18)

Enviado a Roma para ser jul-gado, Paulo cura o pai de Públio(At. 28:7-9) na ilha de Malta, im-pondo as mãos sobre ele e oran-do. Este padecia de disenteria efebre. Depois do sucesso doapóstolo dos gentios, os cidadãosdoentes da ilha passam a procu-rá-lo para serem tratados.

Outro fenômeno associado àimposição de mãos nas comu-nidades cristãs dos primeirostempos é a indução de dons doEspírito (o “dom das línguas” ea “profecia”, entre outros), queo Espiritismo entende como sen-do uma referência à mediunida-de.

No livro de Atos dos Apósto-los (At. 8:14-17), Pedro e Joãoimpõem as mãos sobre ossamaritanos e eles “recebem oespírito santo”. Igualmente, Pau-lo (At. 19:6) impõe as mãos so-bre os cristãos de Éfeso e eles“recebem o Espírito Santo, pro-fetizam e falam línguas estran-geiras”.

Ainda me é obscura a traje-tória da prática de imposição demãos entre os cristãos dos sécu-los vindouros. Com o advento damissa, a prática parece tornar-secada vez mais simbólica, fican-do as curas cada vez mais reser-vadas aos relatos das vidas dossantos, de papas e, curiosamen-te, dos reis cristãos. O Concíliode Trento consagrou a imposiçãode mãos como ato de ordenaçãoe, mais recentemente, os neopen-tecostalistas no meio evangélicoe a renovação carismática nomeio católico utilizam a imposi-ção de mãos com o objetivo decura.

O toque de mãosdos reis cristãos

Frazer (1982) já havia pro-posto uma associação evolutivaentre o feiticeiro e o rei (aos reisda antiguidade atribuir-se-iam ospoderes de um feiticeiro).Michaelus (1983, p. 70) afirmaque os imperadores romanosVespasiano (69-79 d.C.) e Adri-ano (117-138 d.C.) praticavam aimposição de mãos com fins cu-rativos.

Os livros de hipnose situama prática de os reis franceses to-carem os súditos para a cura apartir de Clóvis (496 d.C.), quefoi o primeiro monarca a tornar-se cristão.

Gomes (2007) encontra estainformação nos livros de Histó-ria da Medicina e ainda afirmaque houve uma rixa entre fran-ceses e ingleses sobre a origemdesse poder real. Os ingleses de-fendem que a prática seria oriun-da de Eduardo I (1272-1307),que tem registros de curas depacientes com escrófula, tuber-culose linfonodal, também co-nhecida como “Mal do Rei” ou“Doença das Alparcas” (que so-mariam 523 pessoas!).

O monarca mais conhecido naFrança pelo seu toque curador foi,contudo, Carlos V (1364-1380), ea prática se estendeu até Luís XVI(que teria tocado 2.400 pacientesem sua coroação, em 1775) eCarlos X (que tocou 121 doentesem 1824, segundo Gomes).

Oliveira (2006) descreve combase nos trabalhos de Marc Bloch(Os Reis Taumaturgos) a associ-ação entre a lenda da SantaÂmbula e o poder régio de curar.Carlos V se intitulava cristianís-simo, e atribuía seu poder de cu-rar a Deus, que o teria concedidoà época da sua coroação porqueele teria sido ungido pelo óleo deSanta Âmbula. Este óleo teria sidodado “pelos céus” à França.

Os reis montavam um verda-deiro teatro, com a presença derepresentantes da igreja, que ti-nha como ponto alto a frase,anunciada pelo sacerdote: “O reite toca, Deus te cura.” Cerimô-nia formal, na Inglaterra e naFrança, costumava-se anotar os

nomes das pessoas que seriamtocadas pelos reis.

Ato político e formal, cadavez mais cercado de mitos e len-das, se algum benefício houves-se trazido à saúde dos participan-tes, ele certamente seria esque-cido ou posto em dúvida com aRevolução Francesa e o Ilumi-nismo Francês, inimigos do cle-ro e da nobreza, assim como detudo o que lhes dissesse respeitoou lhes sustentasse o prestígio.

A política temporal e eclesi-ástica se apropriou da imposiçãode mãos para cura e a esvazioude seu sentido espiritual, destru-indo-a aos olhos da nova inteli-gência que surgiu na Europa.Coube a Mesmer e aos seus dis-cípulos fazer uma nova leitura,com pretensão científica e embases supostamente naturais,dessa prática de tratamento, queganhou status de medicina alter-nativa nos séculos XVIII e XIX.

ConclusõesDe posse das informações,

ainda que passíveis de uma pes-quisa complementar mais pro-funda, já é possível realizar al-gumas análises.

Com relação ao conceito dedoença, o Espiritismo fica emuma posição intermediária entreo ideário do Antigo Testamentoe o materialismo científico con-temporâneo. Se, por um lado, asdoenças são passíveis de análisee tratamento com base em cau-sas naturais, o Espiritismo advo-ga um componente espiritual aeles associado que funcionariacomo uma espécie de catalisador.Esse componente não se reduzaos fenômenos psicológicos, quesão ampliados pela ação dos Es-píritos e das influências do pe-rispírito no corpo da pessoa.

O Espiritismo não concebeuma divindade vingativa, a darmostras de seu poder de formavoluntariosa adoecendo os quenão se curvam aos seus desejose ordens, como no Antigo Testa-mento. Esta concepção, se em-pregada por algum espírita, é fru-to de confusão. Ele propõe umuniverso organizado de formainteligente, regido por leis uni-

versais, que vão sendo apreendi-das em seu significado pelo ho-mem durante sua trajetória evo-lutiva, ao longo de diversas exis-tências. A ignorância e os atos emdissonância com essas leis têmcomo consequência o sofrimen-to e a dor, que são sinais, reações,e não castigos divinos.

O sofrimento não tem apenascausas espirituais, mas causaspassadas (no qual a reencarnaçãoe a ideia de justiça divina têm umpapel importante) e causas atu-ais, estas últimas geralmente es-quecidas pelos espíritas contem-porâneos, mas muito discutidaspor Allan Kardec.

Desnecessário dizer que ossacrifícios e práticas rituais coma finalidade de perdão dos peca-dos pela divindade nenhum sen-tido fazem no contexto espírita.A ideia de lei de Deus, entendi-da como o texto bíblico, serásubstituída pela consciência mo-ral da pessoa em confronto coma realidade, que muitas vezes éintuída, pensada e pesquisada porEspíritos superiores encarnadosem diferentes culturas ocidentaise orientais. O Espiritismo valo-riza a razão, a intuição e a per-cepção como meios para a cons-trução do conhecimento.

Com relação ao Novo Testa-mento, do ponto de vista espíri-ta, é difícil distinguir nos textosdos cristãos primitivos o que élenda do que é fato, mas não éinverossímil acreditar que se taiscuras se deram, deram-se por in-termédio do que Kardec conven-cionou chamar de mediunidadede cura (diferentemente do mag-netismo humano ou passes mag-néticos). As curas são quase to-das instantâneas ou a curto pra-zo e envolvem doenças crônicas,estados graves e mesmo sinto-mas mutiladores do organismohumano.

Nos casos de ressurreições,exceção feita à atribuída ao pró-prio Cristo, o que se pode espe-cular são estados que na épocade Kardec se costumava chamarde catalepsia e que mais recen-temente a medicina prefere de-nominar como estados de comaprofundo.

Visão espírita das curas e passes na tradição judaico-cristã(Conclusão do artigo publicado nas págs. 8 e 9 desta edição.)

Kardec retira do mistério dafé e da ação divina direta o pesoda explicação destes fenômenose de outros, também incomuns ouraros, que ele próprio, os espíri-tas e os magnetizadores testemu-nharam em sua época. As curase melhoras se dariam pela açãoda transmissão do fluido vital epela ação espiritual sobre o pe-rispírito, principalmente; e sobreo corpo, eventualmente, das pes-soas quando lhes são impostas asmãos e realizados passes.

A fé do paciente que procurapassistas e médiuns de cura é aconfiança na possibilidade da in-tervenção espiritual e na ação dosfluidos, que lhe propõe a harmo-nização dos pensamentos, a tran-quilidade da alma e a disposiçãoíntima para usufruir o bem-estarque essa técnica pode lhe propor-cionar. Assim, o Espiritismo re-abilita e dá um novo sentido paraas práticas cristãs primitivas,despindo-as do ritualismo e domisticismo com que foram enten-didas e modificadas no passardos anos, propondo hipótesesexplicativas da sua dimensão es-piritual e resgatando sua espiri-tualidade e seu papel na saúde dohomem contemporâneo. (JáderSampaio, de Belo Horizonte-MG.)

Fontes bibliográficas:A Bíblia de Jerusalém. São

Paulo: Paulinas, 1985.GOMES, Mauro. O toque das

mãos do rei. Disponível em http://www.pulmonar.org.br/blog/tu-berculose/o-toque-das-maos-do-rei/. Acesso em 01/12/ 2007.

KARDEC, Allan. O Evange-lho Segundo o Espiritismo. Riode Janeiro: FEB, 1978. [EdiçãoPopular]

______ A Gênese. Rio de Ja-neiro: FEB, 1973.

MICHAELUS. MagnetismoEspiritual. Rio de Janeiro: FEB,1983.

OLIVEIRA, Maria Izabel B.Morais. O milagre régio e o ci-clo legendário em prol do forta-lecimento do poder, no círculo deCarlos V França (1364-1380),Revista de História e EstudosCulturais, v.3, n. 1, jan/mar 2006.

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Eventos no Paraná

Cambé – Todas as quartas-feiras, às20h30, o Centro Espírita Allan Kardecpromove um ciclo de palestras, com pa-lestrantes especialmente convidados.

– Realizou-se no dia 21 de junho, noLar Infantil Marília Barbosa, o 4º Al-moço Fraterno Dulce Gonçalves(fotos). O evento é realizado para ho-menagear uma grande mulher, Dul-ce Ângela Calefi Gonçalves, que tra-balhou por 50 anos de sua vida emprol das crianças mais necessitadasque passaram pela instituição. Dul-ce e Hugo Gonçalves foram pais dedois filhos, Cairbar e Emanuel, mascriaram mais de 500 meninas caren-tes acolhidas pelo referido Lar. Oevento foi prestigiado por mais de300 pessoas de Cambé e cidades daregião, como Londrina, Ibiporã, Ro-lândia e Arapongas. A renda arreca-dada será destinada à manutenção doLar Infantil Marília Barbosa.

Curitiba – Foi realizado no dia 27de junho o seminário “Pais e Evan-gelização - Desafio de Urgência”,coordenado pela equipe do DIJ, daFEP. O evento aconteceu na SedeHistórica da Federação Espírita doParaná (Alameda Cabral, 300). Fo-ram abordados temas como a forma-ção do lar e missão dos pais, educa-ção à luz da Doutrina Espírita, o apoioindispensável dos pais na tarefa daevangelização, a ação conjunta dafamília e Instituição Espírita.

FEP e Marcelo Garcia Kölling, cola-borador da FEP. O evento foi realizadona União Espírita Jesus Nazareno.

Eventos em outras regiões do País

Brasília – Os 60 anos da assinaturado “Pacto Áureo” fizeram parte dapauta das quatro Reuniões das Co-missões Regionais do CFN. VáriasFederações Estaduais estão preparan-do comemorações. A edição de outu-bro do Reformador trará um Suple-mento Especial sobre a efeméride.Fato marcante, neste ano, é a elabo-ração do documento “Orientação aosÓrgãos de Unificação”, sob a coor-denação do Conselho FederativoNacional. Com o objetivo de promo-ver a união dos espíritas e das insti-tuições espíritas de nosso país e tra-balhar pela unificação do Movimen-to Espírita, a fim de fortalecer a tare-fa de difusão do Espiritismo, foi cri-ado, em 5 de outubro de 1949, o Con-selho Federativo Nacional (CFN), daFederação Espírita Brasileira, com aassinatura do “Pacto Áureo”. Infor-mações: [email protected].– A TVCEI via satélite é o aconte-cimento espírita do ano. O dia 17de junho de 2009 acaba de entrarpara a história do Espiritismo. Apóstrês anos fazendo televisão espíritapela internet, a TVCEI iniciou suastransmissões via satélite para todoo Brasil e América do Sul pelo sis-tema digital. Informações sobre oassunto podem ser obtidas no sitedo Conselho Espírita Internacionalque é divulgado na página inicialdesta revista.– Encontram-se abertas, apenas pelapágina eletrônica www.100anoschicoxavier.com.br, as inscriçõespara o 3º Congresso Espírita Brasi-leiro. Este evento, programado paraos dias 16, 17 e 18 de abril de 2010,em Brasília, está incluído no “Pro-jeto Centenário de Chico Xavier”,patrocinado pela Federação Espíri-ta Brasileira.

Serra Negra – Realizou-se aqui nosdias 19 a 21 de junho o 14º Congres-so Estadual de Espiritismo –USEESP, que contou com a partici-pação, entre outros expositores, deDivaldo Franco, Raul Teixeira, San-dra Borba e Alberto Almeida.

chegará ao final no dia 7 de julho,quando o confrade José Antônio Viei-ra de Paula, de Cambé, proferirá umapalestra, com início às 20h.

Campo Mourão – Realizou-se no dia13 de junho o seminário “A Constru-ção do Destino”, coordenado pelo as-sessor de comunicação social da FEP,Carlos Augusto de São José. O eventoocorreu no Centro Espírita Caminhei-ros do Bem, localizado na AvenidaComendador Norberto Marcondes,2.223, das 14h30 às 17h30 e abordouos princípios evolutivos, justiça e mi-sericórdia; estados da alma e felicida-de. Outras informações pelos telefones(44) 3016-2021 ou (44) 9108-0782.

Cascavel – Um seminário com o tema“O Ser Espírita na gestão de qualidadee no exercício do bem”, coordenado pelopresidente da 14ª Região e membro dacoordenadoria do estudo da DoutrinaEspírita da FEP, Ubiratan CezarArchetti, foi realizado no dia 7 de junhono Centro Espírita Paz, Amor e Luz, lo-calizado na Rua Salgado Filho, 2.509.

Guarapuava – Maria da Graça Rozet-ti e Valdecir José Rozetti, que fazemparte da Coordenação do Setor de Aten-dimento Espiritual da FEP, ministraramno dia 7 de junho o seminário “Atendi-mento Espiritual à Luz dos Ensinamen-tos de Jesus”, evento que ocorreu noCentro Espírita Jesus e Verdade, loca-lizado na Rua Tiradentes, 981.

Paranavaí – Será realizado no dia 5 dejulho o seminário “O Estudo da Doutri-na Espírita e a Juventude”, coordenadopela equipe do DIJ da FEP. O eventoacontece no Centro Espírita Fé, Amor eCaridade (Rua Guaporé, 1576), das8h30 às 12h30. Serão discutidos temascomo a melhor forma de estudar asObras Básicas na Juventude; como tor-nar as aulas mais envolventes, de formaa se transmitir ao jovem a importânciado estudo e sua aplicabilidade em seudia-a-dia e como utilizar dinâmicas comos jovens. Mais informações pelos tele-fones (44) 3622-2015 e 9976-2641.

Santo Antônio da Platina – Realizou-se no dia 27 de junho o seminário “As-pectos Psicológicos nas relaçõesinterpessoais”, coordenado por MárcioCruz, Assessor de Gestão Patrimonial da

Palestras, seminários e outros eventos– No mesmo dia 27, realizou-se tambémo seminário “Transformando TrabalhoAssistencial em Promoção Social”, co-ordenado por Marco Antônio Negrão,membro da equipe do Departamento deOrientação ao Serviço Social Espírita daFEP. O evento foi realizado no CentroEspírita Fé Amor e Caridade. – O conselheiro da Federação Espírita doParaná Alan Robertson Archetti minis-trou o seminário “Repensando o Lar”, noCentro Espírita Paz, Amor e Caridade(Rua Cleto da Silva, 747 – Boqueirão),no dia 6 de junho, das 14h30 às 18h30.Foram abordados na ocasião os compro-missos afetivos; ambiente doméstico; es-trutura familiar; alterações afetivas etc.– Maria Helena Marcon coordenou oseminário “Estratégias do Modelo eGuia na Exposição Doutrinária”, nosdias 17 e 18 de junho, na Sede Históricada Federação Espírita do Paraná, locali-zada na Rua Alameda Cabral, 300. Noseminário foram abordados temas comoo ensino oral: as parábolas; o acolhimen-to: o ambiente, o conforto, a disposiçãopara ouvir; a autoridade: a moral, o sa-ber, o fomento da verdade, etc.

Londrina – Encerra-se no dia 5 de ju-lho, na parte da manhã, com início às 10h,o Curso de Formação de Evangelizado-res organizado pelo DIJ da União das So-ciedades Espíritas de Londrina (USEL).O curso, que se desenvolveu aos domin-gos do mês de junho, nas dependênciasdo Centro Espírita Nosso Lar, terá no seudesfecho um almoço confraternativoigualmente nas instalações do “NossoLar”, na Rua Santa Catarina, 429. – Todos os domingos, às 8h30 da manhã,espíritas e simpatizantes da Doutrina Es-pírita de Londrina e região podem ouviro programa Além da Vida, transmitidopela Rádio Londrina AM (560 KHz). Oprograma é produzido por voluntáriosespíritas que abordam diversos temas deacordo com a Doutrina Espírita, além detransmitir mensagens de reflexão. – Realiza-se de 11 a 19 de julho a 18ªSemana Espírita de Londrina, que terácomo tema principal “EVOLUÇÃO ES-PIRITUAL: DESAFIOS DO 3°MILÊNIO”.(Leia sobre a Semana Es-pírita de Londrina a reportagem espe-cial publicada na pág. 3 deste número.)A parte cultural e artística da SemanaEspírita obedecerá à seguinte programa-ção: dia 11 de julho, às 19h45 - CoralEspírita Hugo Gonçalves; dia 12, às 9h

- Evangelizandos da Comunhão Espíri-ta Cristã; às 19h - Noite cultural: CoralEspírita Nosso Lar, Trio musical: Laila,Silvana e Mariah, Coral Espírita HugoGonçalves, Banda Hydesville, Quarte-to Dulce Gonçalves, Brás Peres Garcia,Coral Meimei, Paulo e Ana; dia 13, às14h45 – Brás Peres Garcia; às 19h45 -Trio musical: Laila, Silvana e Mariah;dia 14, às 14h45 – Brás Peres Garcia;às 19h45 - Paulo e Ana; dia 15, às 14h45– Brás Peres Garcia; às 19h45 - Renatoe Izabella; dia 16, às 14h45 – Brás PeresGarcia; às 19h45 - Coral Meimei; dia17, às 14h45 - Evangelizandos do LarFrei Fabiano de Cristo; às 19h45 - Co-ral Espírita Nosso Lar; dia 18, às 19h45- Banda Hydesville.- No dia 5 de julho, às 17h, realiza-senova reunião do Círculo de Leitura AnitaBorela de Oliveira, quando será conclu-ído o estudo do romance “O Amor Ja-mais Te Esquece”, psicografado pelomédium André Luiz Ruiz. A reuniãoserá realizada no edifício residencial emque mora o casal Regina e ManoelMartinho Figueiredo, na Rua Tocantins,255. Nessa reunião, além das ativida-des normais, serão tratados assuntos re-lacionados com o Grupo Espírita pró-Reforma e Autoconhecimento – GERA.– A 5ª URE promoveu no dia 6 de ju-nho, no Centro Espírita Meimei, o se-minário “Despertando a Coragem”, quefoi ministrado por Marcelo GarciaKölling e Márcio Cruz Santos, ambosde Curitiba. Estes foram os enfoquesabordados no seminário: a análise so-bre crenças e mitos: como as crençasinfluenciam nosso comportamento; con-ceito de coragem; necessidade da cora-gem diante dos desafios da vida; Jesuse as permissões para a coragem, etc.– Iniciou-se no dia 4 de junho, quinta-feira, às 14h, no Centro Espírita NossoLar, o estudo do livro Tramas do Desti-no, de Manoel Philomeno de Miranda,psicografado por Divaldo Franco. O es-tudo faz parte da programação do Gru-po de Estudos Espíritas Abel Gomes –GEEAG, coordenado por Astolfo O. deOliveira Filho. O mesmo livro está sen-do estudado também às terças-feiras, das18h30 às 19h45.

Arapongas – O Centro Espírita Fé,Luz e Caridade, localizado na RuaDrongo, 833, está comemorando des-de o mês passado 61 anos de existên-cia, com um ciclo de palestras que

Vista geral do almoço do dia 21 de junho

Outro flagrante do almoçorealizado em Cambé

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O IMORTALPÁGINA 12 JULHO/2009

ELSA [email protected]

De Londres (Reino Unido)

Da mesma maneira que você éestimulado pelas propagandas televi-sivas a comprar o sofá novo, a sonharcom um aparelho de televisão de últi-ma geração ou com um celular ultra-moderno, onde você recebe e abreseus e-mails, navega na internet, tirafotografias, ilumina o interior do car-

ro, você também assiste por quase doisminutos a propagandas mostrando cri-anças para adoção. Existe um núme-ro muito grande de crianças órfãs, ouque estão há muito tempo para seremadotadas, à espera de um novo lar,nesta pequena ilha do Mar do Norte,parte das ilhas que compõem a GrãBretanha, conhecidas também comoReino Unido, composto por Inglater-ra, Escócia, País de Gales, Irlanda doNorte e outras ilhas menores.

Fico a imaginar, quando vejo osfilmes feitos com essas crianças, quealguns são irmãos já em idade de 7 e8 anos, que não querem se separar, oque dificulta a adoção, pois muitoscasais só desejam adotar criançaspequeninas e uma só, não irmãos deduas ou três crianças que querem per-manecer juntas.

No Reino Unido, um casal entre 6tem dificuldade de ter seus própriosfilhos e estão à busca de crianças para

Crônicas de Além-Mar

No Reino Unido 5.000 crianças aguardam adoção

ELSA ROSSI, escritora e pales-trante espírita brasileira radicada emLondres, é 2ª Secretária do ConselhoEspírita Internacional, diretora doDepartamento de Unificação para osPaíses da Europa, organismo do Con-selho Espírita Internacionale secretária da British Union of Spiri-tist Societies (BUSS).

adoção. Alguns vão para outros paí-ses, mas muitos estão na fila de ado-ção dentro do próprio país. Mas hátambém os que se desencorajam de-vido à burocracia e às exigências go-vernamentais para serem consideradosadequados ao papel de pais adotivos.

Ao mesmo tempo que o governobritânico estimula, também dificultaa adoção. Penso que talvez falte a edu-cação familiar que estimule os própri-os pais a adotar seus filhos. Mas nãoé assim. Muitas crianças são abusa-das em seus lares e, por isso, retiradaspara orfanatos ou para lares de pais“adotivos pagos” durante um certo pe-ríodo de transição, até que apareçamos casais que não tiveram filhos inte-ressados em adotar crianças com maisde 7 anos, ou mesmo casais que já temfilhos mas, movidos pela bondade epelo amor filial, atendem ao apelo eoferecem um lar para uma criança quedele necessite.

Não é só no Brasil que existemcentenas e centenas de crianças aguar-dando um lar, uma família, aguardan-do um abraço de amor, de carinho, decuidados. O apoio que muitas casasespíritas oferecem é, assim, de enor-me ajuda para a sociedade, para a co-munidade.

Sabemos que, de acordo com osestudos da Doutrina Espírita, não exis-

tem vítimas e que o acaso não existe.Mas quando vemos filmes de crian-ças de todas as idades, de todas ascores, esperando um lar, sabendo dareal situação de cada um, com umamadureza além da própria idade, nãopodemos deixar de nos emocionar. Avontade, então, é ser mãe ou avó detodos eles, o que, infelizmente, é im-possível. Então, se cada um faz a suaparte, o todo se enche do bem.

Escrevi há tempos um livro volta-do para o pré-adolescente, sobre a ado-ção de um novo membro na família.Os que visitaram meu site e leram olivro Caio e Camila deixaram suasmensagens de contentamento peloconteúdo e pela mensagem que o li-vro passou de encorajamento à ado-ção. O livro permanece disponível nowebsite www.elsarossi.com .

Vemos, assim, que os pequeninossem lar não estão apenas no Brasil,mas também nas terras de além-mar.

Tempos modernos e suas dificuldades

Voltando nossos olhos para opassado, consultando os pergami-nhos que armazenam a história dahumanidade com suas lutas, progres-sos e retrocessos, constataremos quedesde tempos imemoráveis o serhumano vem sofrendo sobre a faceda Terra. Houve até um pensadorfamoso que escreveu: “A Terra é umvale de lágrimas”.

Perguntamos: será que Deuscriou o homem só para sofrer? SeráEle um sádico que se deleita com osofrimento de seus filhos? Apren-demos com Kardec que Deus é a in-teligência suprema do Universo e acausa primária de todas as coisas.Mais adiante em O Livro dos Espí-ritos, em comentários seus sobrequestão 13, sobre os atributos deDeus, Kardec afirma que Ele “é so-beranamente justo e bom”. Então porque será que se sofre tanto? Porqueos Espíritos foram criados simples eignorantes, afirmam os orientadoresespirituais. Se é por isso, por queDeus não os criou perfeitos? questi-onam muitos.

Essa mesma questão preocupoutambém Kardec, pois na questão 119de O Livro dos Espíritos ele propôsa seguinte pergunta: “Deus não po-deria isentar os Espíritos das provasque devem sofrer para chegarem àprimeira ordem?” Os orientadoresresponderam: “Se eles tivessem sidocriados perfeitos, não teriam méritopara desfrutar das benesses dessa

Defendendo exclusivamente oseu interesse pessoal, os dirigentesdos povos, especialmente os religi-osos, esconderam as verdades espi-rituais, impedindo seu crescimento.Amolentaram os Espíritos com aoferta de apenas “pão e vinho”. MasDeus na sua infinita misericórdiasempre velou por seus filhos e emépoca oportuna enviou reveladoresà Terra para ajudar o seu desperta-mento, pois a própria mensagem deJesus foi deturpada e escondida pelareligião dominante.

Os Espíritos, sob orientação su-perior, se encarregaram de sacudiros homens, manifestando-se por todaa parte, numa real demonstração deque não existe a morte e que todoscontinuam a viver, porque a alma éimortal.

A crise moral continua a exer-cer o seu mando, mas ela cessarácom o advento de novos tempos quesão anunciados. Estamos em transi-ção de um parto doloroso, mas como advento da Doutrina Espírita,trazida à Terra há um século e meio,inicia-se para a humanidade novasenda de progresso moral e espiritu-al. Com as provas irrefutáveis daimortalidade da alma e de que cadaum receberá as benesses divinas se-gundo as suas obras, os incautosacordarão para a renovação preco-nizada.

Espíritas, continuemos, pois, naluta pela nossa própria transforma-ção moral, certos de que representa-mos na presente romagem planetá-ria o “sal da terra e a luz mundo”, naafirmação sublime de Jesus.

perfeição. Onde estaria o mérito sema luta? Aliás, a desigualdade que exis-te entre eles é necessária às suas per-sonalidades; e, depois, as missões queeles cumprem nos diferentes graus daescala estão nos desígnios da provi-dência, para a harmonia do Universo”.

Nas suas considerações à mesmaquestão, Kardec argumenta: “Consi-derando-se que na vida social todosos homens podem chegar às mais al-tas funções, seria o caso de pergun-tar-se por que o soberano de um paísnão faz de cada um de seus soldadosum general; por que todos os empre-gados subalternos não são superiores,por que todos os alunos não são mes-tres. Ora, entre a vida social e a espi-ritual há esta diferença: a primeira élimitada e nem sempre permite que sesubam os degraus, enquanto a segun-da é indefinida e deixa a cada um apossibilidade de se elevar ao grau su-premo”.

Por esta sólida argumentação acei-tamos racionalmente a doutrina daevolução contínua dos Espíritos. En-tretanto, observando os tempos mo-dernos, as dificuldades por que passaa humanidade atualmente, embora vi-vendo em pleno século 21, percebe-mos que a crise moral se expande portoda a parte. Será que não houve tem-po suficiente para o seu progresso?Podemos afirmar com certeza queaconteceu o progresso das ciências,especialmente o tecnológico. O ho-mem encontrou campo livre para tan-to, mas o moral e o espiritual, essesforam cerceados e têm sua origem, emgrande parte, no fato de o Espírito ter-se imobilizado por muito tempo.

ÉDO [email protected]

De Matão, SP

É dor demais

Minhalma vive desassossegada,Devido a minha filha estar doente.É como um pesadelo, ultimamente,Que me faz acordar de madrugada.

Creio vir de outra vida já passadaA raiz desse mal que, sutilmente,Invadira seu corpo, e de repente,

Só me deixando a esperança e... mais nada...

Colho da vida mais esta lição:- Nem sempre há paz em nosso coraçãoSe vem tornar-se a dor nossa vizinha!

E, desolado, então, busco Jesus:E Ele diz: - “Suporta a tua cruz,

Tal qual eu suportei a que era minha!”

JOSÉ VIANA GONÇALVESDe Campos dos Goytacazes, RJ

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O IMORTALJULHO/2009 PÁGINA 13

Quando numa reunião fraternalnuma Casa Espírita comentava-se so-bre a postura do espírito frente a suaprópria morte, perguntava-se comocada um se portaria em seus últimos

instantes, frente ao conhecimento es-pírita que abriga. A maioria dos parti-cipantes é iniciante no Espiritismo ereconheceu não estar preparada paraesse momento crucial.

Alguns companheiros espíritasmais experientes comentaram sobre olivro “Voltei”, do Irmão Jacob, que,com tanto saber, espírita de escol, na

hora culminante, ao sentir em espíritoas lembranças do sofrimento de seucorpo físico, precisou ser socorridopelo espírito de sua filha para sentiralívio. Como será que cada um enfren-taria sua própria morte: com tranqui-lidade ou desespero? Essa é uma ques-tão importante, que devemos meditare nos preparar, para que possamoschegar em paz.

Um amigo nosso, nessa conversa,surpreendeu-nos com o seu depoimen-to, permitindo-nos relatá-lo aqui nojornal. Nós nos perguntamos, se fôs-semos nós na experiência que ele pas-sou, se teríamos tido a serenidade deleou se ficaríamos angustiados. Não osabemos, uma das razões pela qualdevemos evitar de emitir julgamentos,usando a sábia máxima de nos colo-car no lugar dos outros e pensar comoagiríamos se estivéssemos na situaçãode tal ou qual pessoa.

Segundo ele, estava chegandocom sua caminhonete no prédio emque mora, num Domingo, cerca deumas duas semanas antes da narrati-va, quando, na entrada, foi abordadopor dois homens armados que o reti-veram no veículo, num sequestro.

Ele nos disse que se surpreendeu,porque ele é muito agitado, não con-segue ficar parado meia hora, e ficoutão tranquilo naquele momento! Pen-sou que sua hora final havia chegado.Colocou-se em postura de prece, ele-vou o pensamento a Deus. Colaboroucom os criminosos, deu-lhes as infor-mações exigidas sobre cartão de ban-co, senha, etc, sem levantar o rosto,conforme o que foi ordenado.

Depois foi preso no porta-malas.Ficou cinco horas preso lá, imobiliza-do e em prece.

Disse que ficou tão tranquilo, queo porta-malas parecia iluminado! Pe-diu a Deus que, se ele tivesse solicita-do morrer daquele jeito, antes de nas-cer, que pudesse ficar em paz. Rogoua Deus que, se fosse permitido, se fos-se possível, e se não fosse incomodar,que o espírito de sua mãe pudesse es-tar ali ao seu lado quando desencar-nasse. Se também não fosse pedirmuito, se tivesse pedido para morrercom um tiro, que ele fosse no coraçãoe que morresse rápido. Aí está ummedo de sofrer antes da morte que émuito comum a todos nós.

Ficou completamente em paz na-quela circunstância tão difícil, aguar-dando a sua hora.

Quando abriu-se o porta-malas,foi transferido para outro local e sur-preendeu-se com os assaltantes, querecomendaram aos outros, onde esta-va sendo entregue, que cuidassem bemdele porque ele havia colaborado bas-tante com eles.

Algumas horas depois eles o sol-taram, mandaram que corresse, masele estava tão tranquilo que foi andan-do. Quando viu que não havia maisninguém, retirou o capuz que lhe im-pedia a visão. Estava perto de umaestrada. Não sabia onde estava. Pas-sou um carro, pediu carona e inteirou-se de onde estava. Voltou para casa empaz. Sua família era sua preocupação,porque o porteiro do prédio tinha vis-to o fato e, com certeza, notificou aela. Depois de tudo asserenado, quan-

Perante a morteJANE MARTINS VILELA

[email protected] Cambé

do a família se tranquilizou e ele rela-tou sua experiência, chegaram à con-clusão de que a pessoa certa havia sidosequestrada, pois, se fosse qualquerum deles, o desespero teria dominadoe, talvez, não saísse vivo. É claro queele cumpriu seu dever legal e acionoua polícia, que nada mais podia fazer.

Ele viveu a morte de perto e man-teve-se bem para a sua própria surpre-sa. E nós? Estaríamos preparados? Énecessário que nos preparemos paraa morte, e o melhor modo é viver bem,ou seja, conforme um cristão legíti-mo, em paz consigo.

De acordo com os espíritos, maisparticularmente, com Joanna de Ân-gelis, através da psicografia de Dival-do P. Franco, “fatalidade biológica, amorte, ou seja, a mudança de uma for-ma para outra, por impositivo da ne-cessidade de transformações incessan-tes, começa quando ocorrem as pri-meiras expressões da vida...

“...modificações incessantes emque a matéria assume a forma energé-tica e esta se adensa em novas expres-sões físicas, a morte da aparência éuma constante indispensável à evolu-ção.

“...morrer, portanto, ou desencar-nar, significa somente mudar de esta-do.”

Estejamos, pois, preparados paraa morte quando ela vier. Não sabemoso dia, nem a hora. Que possamos es-tar prontos a qualquer momento. Quenossa vida seja um ato de amor e dereverência à consciência reta, que seráo nosso motivo de paz. O nosso ami-go da história que o diga.

Histórias que nos ensinam

Inesquecíveis aqueles primeirosanos de Espiritismo, dentro da casade Hugo e Dulce Gonçalves. Eu eminha esposa, como crianças, absor-vendo aquele clima de paz e espe-rança que ali sempre reinou.

Buscávamos Jesus e encontra-mos Kardec, seu missionário núme-ro um para a Humanidade mais ci-entífica de hoje.

E ali, na casa de Hugo, conhe-cemos muitos expoentes do Espiri-tismo Brasileiro: Heloísa Pires,Terezinha Oliveira, Divaldo Franco,Raul Teixeira... E tantos outros.

E foi ali que um dia conhecemosJosé Soares Cardoso, o poetasergipano, e onde o ouvimos contan-do a história do nascimento da poe-sia, hoje até musicada, “Onde EstáDeus?”

Disse Cardoso que numa das inú-meras viagens de ônibus, longas via-gens, ele sentou-se ao lado de umapessoa sem crença, que teria pergun-tado a ele como poderia crer em Deusante o mundo tão desajuizado, ator-mentado, confuso...

Soares contou que, chegando emcasa, não conseguia dormir, embora oenorme cansaço, pois não conseguiraconvencer o arguidor e suas pergun-tas ficaram atormentando-o.

Como um espírita, embora con-victo, não teve argumentos para con-quistar o raciocínio de um materia-lista.

Foi quando, em meio às angús-tias da situação, sentiu-se inspiradoe escreveu o inesquecível poema quedeixamos aqui registrado:

ONDE ESTÁ DEUS?Onde está Deus? Pergunta o cientista,Ninguém O viu jamais. Quem Ele é?Responde às pressas, o materialista:

- Deus é somente umainvenção da fé!

O pensador dirá, sensatamente:- Não vejo Deus, mas sinto

que Ele existe!A natureza mostra claramente

Em que o poder doCriador consiste.

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

Mas o poeta dirá, com a segurançaDe quem afirma porque

tem certeza- Eu vejo Deus no riso da criança,

No céu, no mar, na luzda natureza!

Contemplo Deus brilhandonas estrelas,

No olhar das mães, fitandoos filhos seus,

Nas noites de luar claras e belas,Que em tudo pulsa o coração

de Deus!

Eu vejo Deus brilhandonas estrelas,

Nos astros a rolar pelo infinito,Escuto Deus na voz dos namoradosE sinto Deus na lágrima do aflito!

Percebo Deus na frase que perdoa,Contemplo Deus na mão

que acaricia.Encontro Deus na criatura boa

E sinto Deus na paz e na alegria!

Eu vejo Deus no médico salvando,Pressinto Deus na dor que

nos irmana,Descubro Deus no sábio

procurandoCompreender a natureza humana!

Eu vejo Deus no gesto de bondade,Escuto Deus nos cânticos

do crente.Percebo Deus no sol, na liberdade

E vejo Deus na plantae na semente!

Eu vejo Deus, enfim,por toda parte,

Que tudo fala dos poderes seus,Descubro Deus nasexpressões da Arte,

No amor dos homens tambémsinto Deus!

Mas onde sinto Deuscom mais beleza,

Na sua mais sublime vibração,Não é no coração da natureza,

É dentro do meu próprio coração!

Esta e outras poesias do autorpodem ser encontradas no livro:“Onde Está Deus?”, pela EditoraTempos Novos Ltda., de São Paulo.

Eu não sei orar

“Já que você vai ao Centro, leveo meu nome, o meu endereço. Peçaa Deus por mim. Não estou nadabem. E o pior é que não sei orar.”

Estas palavras eu as ouvi, fazalgum tempo, da viva voz chorosade uma das muitas primas de minhaquerida esposa Neli.

Claro que fiz o que em prantos nospedia. Era superlativo o seu sofrimen-to com o marido, de que, agora, paraseu sossego, está separada, recebendoalguma pensão para encarar os acha-ques de uma depressão grave.

Criada na Igreja Católica, sóaprendera a rezar. Não estou a criti-car sua postura. De jeito nenhum! AIgreja de Roma nos deu um Francis-co de Assis, um Vicente de Paulo, umFénelon, uma Tereza d’Ávila, umamadre Tereza de Calcutá, um padreAntônio Vieira!... Diante dos altaresse postaram muitos católicos que, no

orar. Orar a Deus. Orar a Jesus. Orara um santo de sua predileção. Orar éfalar com o Pai da mesma formacomo se abre o coração a um amigosincero, leal, camarada. Aberto o co-ração, pouco importam as palavras.Podem ser simples, singelas, massentidas, saídas de nosso interiormais profundo. Não pediremos vin-ganças. Claro que não! Rogaremosem benefício de quem, agora, nosofendeu física ou moralmente. Estacriatura está de mal com ela mesma.Quem está em paz consigo próprioé incapaz de ferir uma mosca. Estapessoa está agoniada, embora, naaparência, até possa sorrir como seestivesse esbanjando felicidade.

Conversando com Deus, rogue-mos forças para vencer as adversi-dades da vida comum. Supliquemossaúde par o corpo combalido. Espe-rança para o coração aflito. Forçaspara avançar. Isto é oração.

(Caixa Postal 61003, Vila Mili-tar, Rio de Janeiro, RJ, CEP 21615-970)

CELSO [email protected]

Do Rio de Janeiro

silêncio, leram o catecismo para as cri-anças carentes, rezaram o Creio emDeus Pai junto a agonizantes famintosde amor, conversaram com presidiári-os e com cancerosos e leprosos nos seusúltimos instantes de vida física.

De igual maneira, convidado, tenhoido a casamentos em templos evangé-licos e a mim me admiram muito osconselhos sábios que certos pastoresdão aos nubentes para que haja felici-dade no lar dos noivos. Como dizia,maroto, o nosso dileto Chico Xavier:“Os guichês são diferentes, mas o Pa-trão é o mesmo”, logo...

E que dizer de umbandistas domeu conhecimento, que dão amor, dãoternura, dão afeto aos obsidiados e aosobsessores? Que dizer de umbandistasque dão comida e vestes aos pobresdo corpo e reconforto e esclarecimen-to aos carentes de orientação espiritu-al e sossego interior?

Mas, voltando àquela prima daNeli. Minha esposa, depois de passa-da a crise da parenta querida, expli-cou-lhe que nada é mais fácil do que

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O IMORTALPÁGINA 14 JULHO/2009

Lugar de lixo é no lixoRodrigo, nos seus seis anos de

idade, achava que já era muito sabi-do e, por mais que a mãe procurasseorientá-lo sobre necessidade de cri-ar hábitos bons e saudáveis, ele sem-pre reagia contra. Hábitos de higie-ne e limpeza então, nem se fale!

— Rodrigo, vá escovar os den-tes!

— Por quê? Não gosto de es-covar dentes!

— Porque existem bichinhosque se alimentam dos restos decomida que ficam na nossa boca,e que estragam os dentes.

— Bobagem! Nunca os vi!— Eles são muito pequenos e a

gente não os vê, mas eles existem.O menino concordava, mas

continuava agindo do mesmo jei-to que antes. Quer dizer, não esco-vava os dentes, a não ser que a mãeficasse perto.

E assim ele agia com muitasoutras coisas.

Não gostava de tomar banho,de arrumar o quarto, de colocar emordem seus brinquedos, de jogar as

— Entendi, mamãe.Por coincidência, na escola, al-

guns dias depois a professora fa-lou sobre a importância de se fa-zer a reciclagem do lixo, para oreaproveitamento de grande partedos materiais que são jogados fora.E ela explicava:

— Todos nós usamos muitacoisa e geramos uma quantidadeenorme de lixo. No meio desselixo, grande parte pode serreciclado, quer dizer, reaproveitadopelas fábricas e utilizados de novo.Só o material orgânico, como res-tos de comida, deve ser jogado nolixo. Os demais, como vidro, pa-pel, plástico e metal, são reapro-veitados. Entenderam?

Sim, eles tinham entendido.Rodrigo naquele momento lem-brou-se da conversa que tivera coma mãe, e ficou pensativo.

Porém, mudar era tão difícil!Rodrigo não conseguia agir dife-rente, modificando seu comporta-mento. Quando percebia, tinha agi-do errado, jogando papel na rua,sujando seu quarto, jogando peda-ços de lanche no pátio da escola.

Certo dia, o tempo estava fe-chado e nuvens pesadas indicavamque logo iria chover. Quando a mãede Rodrigo foi buscá-lo na saídada escola com um guarda-chuva,já estava chuviscando.

— Vamos rápido, meu filho,para não nos molharmos.

E não deu outra. Duas quadrasdepois, eles tiveram que parar de-baixo de um toldo para se protegerda forte chuva que caia. Rodrigo,todo molhado, tremia de frio.

Quando a chuva parou, elessaíram rápido, para chegar logo emcasa, pois ameaçava novo aguacei-ro.

Ao chegar perto da casa, per-ceberam que estava tudo inunda-do, a rua parecia uma lagoa.

— O que aconteceu, mamãe?— perguntou o menino, surpreso.

— Com certeza, meu filho, obueiro deve estar cheio de lixo e aágua da chuva não consegue esco-ar.

O garoto arregalou os olhos,espantado.

Os pensamentos maus e nega-tivos envenenam a alma.

É como se guardássemos lixodentro da mente.

Se mantivermos uma lata delixo dentro de casa, o que vai acon-tecer?

Logo estará cheia de vermes, mi-cróbios, bactérias, moscas e todo tipode insetos indesejáveis. Além disso,o mau cheiro será insuportável!

E não adianta jogarmos inseti-cidas, porque aqueles insetos mor-rem, mas aparecem outros.

O que é preciso fazer, então?Devemos fazer o que toda dona

de cada faz: separar o lixo orgâni-co dos recicláveis, colocando-o narua, em saco plástico bem fecha-do, para o lixeiro levá-lo embora.O reciclável, como vidro, metal,plástico e papel, deixar separadopara entregar a quem faça a coleta.

Em nosso lar cuidamos da hi-giene mantendo a casa limpa e emordem. Fazemos a mesma coisacom o corpo que Deus nos deu paraviver: tomamos banho todos osdias, colocamos roupas limpas ebem passadas, escovamos os den-tes, penteamos os cabelos. Assim,ficamos com boa aparência e nos

Limpeza mental

coisas no lixo.A mãe, ao vê-lo jogar um pa-

pel na rua, ordenou:— Rodrigo, pegue o papel que

você jogou no chão, meu filho.Lugar de lixo é no lixo.

— Ora, mamãe, eu não precisofazer isso! Tem varredores que pas-sam varrendo o lixo das calçadas.

Cheia de paciência, a mãe di-zia:

— Meu filho, cada um tem a res-ponsabilidade de fazer a sua parte,contribuindo para a limpeza do quar-to, da casa, da rua, da escola, de to-dos os ambientes em que vivemos.

— Por quê?— Porque todos precisam co-

laborar para que o nosso planetaseja um lugar melhor para se vi-ver, um lugar limpo e saudável.Assim, devemos ajudar a Nature-za, não poluindo nossos ambien-tes, nem o ar que respiramos, nemas nascentes, nem os rios, nem asmatas, nada. Entendeu?

sentimos bem.Mas não é só da limpeza exte-

rior que precisamos cuidar. Damesma forma devemos agir comnosso interior, mantendo-o limpoe bem arrumado.

E como fazemos isso?Não guardando sentimentos de

mágoa ou rancor, procurando des-culpar se alguém nos ofendeu, es-quecendo a agressão.

Procurando não sentir inveja deninguém, sabendo que cada um denós recebeu de Deus o melhor.

Evitando falar mal dos outrose não julgando as atitudes alheias,uma vez que não sabemos o queestá acontecendo.

Não brigando com os amigos,procurando manter no grupo umambiente sadio e paz e amizadeentre todos.

Sobretudo, cultivar semprepensamentos elevados, que trazemboa disposição e otimismo, frater-nidade e alegria de viver.

Lembrar Jesus, que nos ensina-va amar aos outros como a nósmesmos.

Assim, teremos uma vida boae saudável, tanto física quantomentalmente.

— E se continuar chovendo, aágua pode chegar até nossa casa?

— Sem dúvida. Por isso não sedeve jogar lixo na rua.

Rodrigo, muito preocupado,sentindo-se culpado, pensava:

“Será que é por causa do lixo queeu joguei na rua?... E se a nossa casaestiver também cheia de água? E jáimaginando ver os móveis, os quar-tos, suas roupas, seus brinquedos,seus livros, tudo molhado.

Eles deram a volta, contornan-do pela outra calçada, e puderam,com dificuldade, chegar até a casa,na outra quadra. Tudo estava seco;a água não chegara até ali.

Ufa! Graças a Deus! — pen-sou o garoto, aliviado.

O pai, que chegara antes e es-tava vendo televisão, mostrou:

— Olhem as imagens da nossacidade. Bairros inteiros estão inun-dados!

Rodrigo viu pessoas andandono meio da água, casas mergulha-das na água e muito lixo boiandonas ruas. O repórter dizia, alertan-do a população:

— Vejam! Quanto prejuízo ape-nas porque as pessoas têm hábito dejogar lixo nas ruas. Muitos perderamtudo o que tinham. Bastaria que setivesse um pouco mais cuidado, enada disso estaria acontecendo hoje!

Envergonhado, resolveu mudarde atitude. Daquele dia em diante,ele tornou-se um defensor do meio-ambiente.

As pessoas achavam graça vê-lo ir de casa em casa no seu bairro,falando sobre a importância da lim-peza e a necessidade da reciclagemdo lixo, para que o planeta pudes-se ser um mundo melhor para seviver, em que todos cuidassem dapreservação da Natureza.

Tia Célia

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O IMORTALJULHO/2009 PÁGINA 15

A transcomunicação permite sonhar

Sonia Rinaldi é uma paulistanamuito corajosa. Há mais de 20 anosresolveu mergulhar fundo no estu-do, na pesquisa e na experimenta-ção desse fenômeno chamadotranscomunicação instrumental.Para quem não sabe, trata-se do re-curso que permite a comunicaçãoentre encarnados e desencarnadospor meio de aparelhos eletrônicos.

Para Sonia e seus colaboradoresdo Instituto de Pesquisas Avançadasem Transcomunicação Instrumental,esse assunto, segundo consta de re-cente entrevista publicada na revis-ta eletrônica Nova E, “nada tem aver com religião, apesar de falar emvida após a morte”. Tanto assim queela está otimista com uma oportuni-dade acadêmica agora surgida.Sonia vai defender, a partir desteano, uma tese de mestrado na PUC(Pontifícia Universidade Católica),de São Paulo, cujo objetivo é, sim-plesmente, comprovar que, após amorte do corpo físico, a consciên-cia sobrevive. O que por muitos éaprisionado no compartimento domistério e da fé para ela é campoaberto à investigação e provávelcomprovação.

Na entrevista, disse que esse tra-balho acadêmico será, na verdade,

uma “megatese multidisciplinar”,com a participação de engenheiros,físicos e matemáticos, todos com tí-tulo de doutorado. E que a eles, enão à autora da tese, caberá avaliar,dentro dos parâmetros requeridospela ciência, que o fenômeno é real.

É mais uma tentativa de deixarcabalmente provado esse fenômenoda comunicabilidade entre encarna-dos e desencarnados, que muitoshomens de ciência insistem em re-legar simplesmente ao terreno dacrença, quando, na verdade, já pos-suímos respeitável aporte de recur-sos capazes de demonstrar, com ra-zoável nível de comprobabilidade,ser apenas um fato natural.

Bem, deixemos que as coisascorram. Oxalá Sonia consiga êxito.Por enquanto, fico aqui a conjecturarsobre o quanto se hão de alterar osconceitos vigentes sobre a vida esobre a morte no dia em que, me-lhor desenvolvidos e postos a servi-ço de todos, forem massivamenteutilizados esses recursos.

Nessa reflexão, convido os lei-tores a fazerem uma digressão so-bre o que, por exemplo, significavaa viagem de um filho que fosse es-tudar ou viver na Europa, por exem-plo, há 50 ou 100 anos atrás, e o queisso significa hoje. Naquele tempoem que uma ligação telefônica eradispendiosa e poucos podiam valer-se dela, em que uma carta levavadias ou muitas semanas para chegar,

em que, quando precisávamos noscomunicar com urgência, enviáva-mos um telegrama, pagando por pa-lavra, naquele tempo, um filho quefosse para um outro continente, naprática, ficava quase incomunicávelcom a gente.

Agora, que estamos todosconectados por redes mundiais decomputadores, a ausência física deum ente querido é muito mais supor-tável, porque suprível, em qualquermomento, por meios de comunica-ção que nos põem em contato ime-diato uns com os outros, pela pala-vra escrita ou falada e até com ainterface da imagem projetada numatela a poucos centímetros de nossosolhos. Por mais que sintamos a faltado ente querido em nosso ambientedoméstico, essa proximidade eletrô-nica, real e instantânea, nos dá a per-manente sensação da proximidade.É quase um contato físico.

Com a morte ocorre algo seme-

lhante. Por mais que creiamos ou quetenhamos fundamentos racionais ca-pazes de confortar o princípio filo-sófico da sobrevivência do espíritoalém da vida material, a separação ea não possibilidade da comunicaçãocom aqueles que se foram sempre éalgo profundamente penoso. As con-cepções espíritas amenizam um pou-co isso, na medida em que encon-tramos forma de manter com elesalgum contato, seja pela conexãomental, seja pelos meios comumentedenominados mediúnicos. Que o di-gam as centenas ou milhares de mãesque receberam inequívocas mensa-gens enviadas por filhos desencar-nados, na vastíssima obra, por exem-plo, de um Francisco Cândido Xa-vier ou de outros médiuns que se de-dicaram a essa consoladora tarefa.

Mais não preciso dizer sobre asconjecturas que faço acerca da ver-dadeira derrubada de muros, no ter-reno da comunicação encarnado/de-

sencarnado, que poderá representar,no futuro, o domínio mais pleno des-sa área de pesquisa e experimenta-ção, chamada transcomunicação ins-trumental.

O dia – e isso, hoje, é uma hipó-tese nada desprezível a partir dosesforços e das experiências já cata-logadas – em que pudermos, em nos-sa casa, ligar o computador e, ali,captarmos, em tempo real, a voz e aimagem de um ente querido que viveem outra dimensão, a morte já nãoserá o que é hoje. E, com certeza, omundo não será o mesmo.

Os avanços trazidos pela eletrô-nica em tão poucos anos revoluciona-ram todos os setores da vida. Agora,já podemos sonhar sejam capazes derevolucionar também os mais arraiga-dos conceitos sobre a morte, permi-tindo seja ela compreendida como umepisódio, não mais que um episódio,no grandioso fenômeno da verdadei-ra vida: a do Espírito imortal.

MILTON R. MEDRANMOREIRA

[email protected] Porto Alegre

Divaldo responde– Se a Terra está em evolução,

por que ainda tantos crimes hedi-ondos acontecem, especialmentecom crianças? Como explicar tan-tas atrocidades?

Divaldo Franco – Vivemos omomento da grande transição demundo de provas e de expiaçõespara mundo de regeneração, queainda se demorará ocorrendo poralgum tempo na Terra.

É natural que estejam reencar-nando-se, neste período, Espíritosinferiores que estavam retidos emregiões punitivas desde há muito,em face da crueldade de que sãoportadores. Muitos deles fizeramparte das tribos bárbaras que inva-diram a Europa: hunos, godos,visigodos, normandos e que, ago-ra, estão sendo beneficiados pelaoportunidade de optar pelo Bem.Permanecendo vinculados aoprimarismo em que se comprazem,

serão exilados para outros plane-tas na escala dos mundos inferio-res, a fim de se depurarem, retor-nando oportunamente, porque “oPai não deseja a morte do pecadormas sim a do pecado”, conforteacentuou Jesus.

As atrocidades que sucedemamiúde, especialmente com crian-ças – Espíritos velhos em reencar-nação libertadora – são também umconvite à reflexão das demais pes-soas, que marcham indiferentes aosacontecimentos dolorosos em rela-ção ao seu próximo...

Resgatando os seus graves de-litos, esses Espíritos não necessita-riam que outros fossem o instrumen-to da sua libertação, pois que a Di-vindade possui mecanismos especi-ais que dispensam o concurso des-ses infelizes, mas se utiliza do seuestado primitivo para que se execu-tem as propostas do progresso.

(Extraído de entrevista concedida ao jornal O Imortal, publicadaem maio de 2008.)

Onde estão os fundamentosdo Espiritismo?

Quando se inicia a aprendiza-gem em determinada área do co-nhecimento humano não se podenegligenciar as fontes que servirãocomo base para estudo.

Fontes verídicas, idôneas, cor-retas, proporcionarão ao estudanteconhecimentos verídicos, idôneose corretos da ciência que ele se pro-pôs a pesquisar.

No entanto, o inverso é verda-deiro, ou seja, se as pesquisas des-se estudante tiveram como basefontes equivocadas da ciência porele estudada, fatalmente seu conhe-cimento será falho e suas ideiasestarão em descompasso com a re-alidade.

Adaptando essa situação aocotidiano do estudioso da Doutri-na Espírita, percebe-se a importân-cia da utilização de fontesconfiáveis para que o estudo sejaeficaz.

E no caso da Doutrina Espíri-ta, forçoso admitir que sua baseestá explícita nos livros que com-põem a codificação, assim descri-tos: O Livro dos Espíritos, O Li-vros dos Médiuns, O Evangelho se-gundo o Espiritismo, O Céu e o In-ferno e a Gênese, além dos exem-plares da Revista Espírita.

Por isso é digno de registro orelançamento da campanha: Come-ce pelo começo, idealizada pela USEdo Estado de São Paulo.

A campanha tem como metaprincipal despertar o interesse peloestudo das obras da codificação es-pírita, pois elas trazem em si, indu-bitavelmente, os fundamentos per-tinentes ao Espiritismo.

Todos os livros que vieram de-pois da codificação, inclusive os ro-mances espíritas, tiveram como pe-dra angular as obras legadas pelaEspiritualidade em trabalho desen-volvido por Allan Kardec. Não há,portanto, como ignorá-las.

Aliás, é digno de registro que aEspiritualidade utilizou uma técni-ca muito difundida no mundo em-presarial contemporâneo para trazeras diretrizes espíritas a nós: Plane-jamento Estratégico.

Os empreendedores do Além sa-biam que para o sucesso do Espiri-tismo era importante que estivesseà frente da tarefa alguém com faci-lidade e comunicação, ótima lingua-gem, senso de organização e capa-cidade em tratar assuntos complexose profundos com a simplicidade dosgrandes mestres.

Por isso, estrategicamente o pla-nejamento foi elaborado para a fi-gura de Allan Kardec.

Pedagogo de exímio conheci-mento nos mais diversos campos do

saber humano, Kardec absorveu aslições da Espiritualidade desdo-brando-as em livros valorosos e ca-pazes de descortinar novos hori-zontes à criatura humana.

Importante salientar que suavasta cultura não foi impeditivapara que o Espiritismo surgissecomo doutrina de fácil assimilação.

Sua linguagem é profunda naessência e simples na roupagem.Claro, objetivo, didático, as obrastraçadas por suas mãos estão aoalcance das mais diferentes condi-ções intelectuais da criatura huma-na.

Seus exemplos são compreen-síveis e ilustram de maneira signi-ficativa situações do cotidiano daspessoas.

Ao pesquisar as obras básicase os exemplares da Revista Espíri-ta o leitor terá farto material paraconhecer com mais profundidadea Doutrina dos Espíritos.

E, diante de todos os conheci-mentos e informações contidos noslivros da codificação, vale a penaressaltar a importância da campa-nha “Comece pelo começo”, comopropõe a USE Estadual de São Pau-lo, incentivando-nos, pois, a estu-dar as obras legadas pela Espiritua-lidade e codificadas com exímiamaestria pelo francês Allan Kardec,porquanto nelas estão contidos osfundamentos do Espiritismo.

WELLINGTON [email protected]

De Bauru

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O IMORTALPÁGINA 16

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

Natural da cidade de Rolân-dia (PR), Paulo Fernando de Oli-veira (foto), que será empossadono dia 1º do corrente mês comopresidente do Centro EspíritaNosso Lar, de Londrina, é o nos-so entrevistado deste mês.

Espírita há 21 anos, foi porquatro anos diretor do Departa-mento de Infância e Juventude damesma Casa espírita e, além dapresidência do “Nosso Lar”, diri-ge o Grupo Mediúnico Amigos daPaz, que integra os inúmeros gru-pos em atividade na instituição.

Na presente entrevista, ele falasobre sua iniciação no Espiritis-mo e seus planos à frente do Cen-tro Espírita mais antigo da cida-de, que completou 75 anos de ati-vidades em janeiro último.

O Imortal: Quando vocêteve contato pela primeira vezcom o Espiritismo?

Foi em 1988 que entrei pelaprimeira vez em uma Casa espí-rita, mas somente quatro anos de-pois, em 1992, comecei a fre-quentá-la mais assiduamente.

O Imortal: Houve algumfato que haja propiciado essecontato inicial?

Posso situá-lo em dois momen-tos. O primeiro, no ano de 1988,quando namorava então minha es-posa, que na época já era espírita. Aconvite dela assisti então a palestrasno “Nosso Lar”. O segundo momen-to, no ano de 1992, deveu-se à me-diunidade ostensiva de minha mãe,o que me levou a frequentar o Cen-tro de Estudos Espirituais Vinha deLuz, que na época funcionava emuma casa de madeira situada no Jar-dim Novo Bandeirantes e era entãodirigido pelo saudoso confrade

MARCELO BORELA DEOLIVEIRA

[email protected] Londrina

Pedro Cândido Romero. (N. R.: Amãe do entrevistado chama-seZoraide Siqueira de Oliveira e suaesposa, Cirlene Teixeira de Oliveira.)

O Imortal: Dos três aspectosdo Espiritismo – científico, filo-sófico e religioso - qual é o quemais o atrai?

Com certeza, o religioso.

O Imortal: Que autores espí-ritas mais lhe agradam?

Apesar de não ser um assíduoleitor de obras espíritas, tenhomuito interesse pelas obras do Di-valdo Franco.

O Imortal: Que livros espíri-tas você considera de leitura indis-pensável aos confrades iniciantes?

Sem dúvida o “Nosso Lar”, quepode fornecer bons subsídios paraos leigos. E se demonstrarem inte-resse, devem se aprofundar nasobras básicas, mas daria a suges-tão de começar pelo Evangelho,principalmente se a leitura desselivro for feita em família.

O Imortal: As divergênciasdoutrinárias em nosso meio re-duzem-se a poucos assuntos. Umdeles diz respeito ao chamadoEspiritismo laico. Para você, oEspiritismo é uma religião?

Eu o considero, sim, uma reli-gião, mesmo sabendo que Kardecse utilizou, na codificação do Es-piritismo, de uma metodologia ci-entífica. Mas hoje no Brasil é difí-cil não pensar em Espiritismocomo sendo uma religião.

O Imortal: Na obra de J. B.Roustaing ensina-se que a encar-nação dos Espíritos não é neces-sária à evolução e só ocorre a tí-tulo de castigo, tendo o ser huma-no, nesse caso, de encarnar numaforma animal primitiva, o quesignifica admissão da metempsi-cose. Que você acha de tais ideias?

Realmente sei muito pouco ouquase nada sobre Roustaing. Emcerta época até procurei algumacoisa sobre ele, mas agora fiqueicurioso e vou pesquisar mais so-bre o assunto. Acreditar nestes pre-ceitos de Roustaing vai realmentecontra os princípios da evoluçãoespiritual. Aprendemos que nósnascemos simples e ignorantes, eao longo do caminho vamos evo-luindo até atingirmos a perfeição.Muitas vezes reencarnamos em si-tuação que para nós parece degra-dante e absurda, mas sabemos sernecessária para nossa evolução. Seacreditarmos que determinadas si-tuações reencarnatórias servempara nos castigar, vamos cair novelho dilema de que Deus pune asnossas falhas (o que é pregado emgrande parte das religiões). Quan-to ao fato de encarnar como ani-mal, como prega a metempsicose,seria um retrocesso e nós kardecis-tas sabemos que o Espírito jamaisregride e, por menos que seja, elesempre progride em algum pontode seu processo evolutivo.

O Imortal: Como você vê onível da criminalidade e da vio-lência que parece aumentar emtodo o País e como nós, espíri-tas, podemos cooperar para queessa situação seja revertida?

Eu não vejo que a violênciaesteja aumentando da forma comonos é bombardeada hoje em dia. Oque tem aumentado, sim, são asdivulgações em órgãos de impren-sa. É só lembrarmos o caso Isabelae o do menino João Hélio, e ou-tros que os órgãos de imprensa,sem ter mais nada que divulgar,repetiram incessantemente, explo-rando muito as tragédias. Mas cabea nós espíritas propagar a doutrinalembrando principalmente a passa-gem em que Jesus nos ensina quedevemos “Amar os nossos inimi-gos” e “Perdoar ao próximo”, vis-to que não se deve jamais comba-ter violência com violência.

O Imortal: A preparação doadvento do mundo de regeneraçãoem nosso planeta já deu, como sa-bemos, seus primeiros passos. Da-qui a quantos anos você acreditaque a Terra deixará de ser ummundo de provas e expiações, pas-sando plenamente à condição deum mundo de regeneração, emque, segundo Santo Agostinho, apalavra amor estará escrita em to-das as frontes e uma equidade per-feita regulará as relações sociais?

Se formos pensar no tempo queo homem está na Terra, eu diria queainda serão necessários mais um oudois séculos para alcançarmos essaplenitude, e posso estar até sendootimista.

O Imortal: Em face dos pro-blemas que a sociedade terrenatem enfrentado, qual deve ser aprioridade máxima dos que di-rigem atualmente o movimentoespírita no Brasil e no mundo?

Volto a bater na mesma tecla deque deveríamos divulgar mais oEspiritismo como uma doutrinacristã, a questão da vida após amorte, a reencarnação, a comuni-cabilidade dos Espíritos, assuntosesses que intrigam muito as pesso-as vinculadas às demais religiões.

O Imortal: Você tem emmente algum projeto com vis-tas a divulgar o Espiritismo pormeio do rádio e da televisão?

Uma das primeiras providên-cias que estamos tomando é atu-alizar o nosso site. Fiquei muitocontente em saber que por inspi-ração do nosso site é que surgiuesta maravilhosa ferramenta hojeconhecida como a revista eletrô-nica O Consolador. Em segun-do lugar, quero divulgar bastantenossos trabalhos, cursos e even-tos na imprensa em geral. (N.R.:O site do Centro Espírita NossoLar é http://www.cenl.com.br.)

O Imortal: Fale-nos dasprincipais metas que você pre-tende realizar à frente do Cen-tro Espírita Nosso Lar.

A primeira grande campanhaque vamos lançar é a da troca dascadeiras do salão principal. Ago-ra no mês de agosto devemoscomeçar com previsão para trocá-las em janeiro de 2010.

Em relação às atividades dacasa, temos um projeto de umavez por mês trazermos pales-trantes de outras cidades do Pa-raná para um ciclo de palestrasno final de semana. Voltaremostambém com o Cine pipoca,onde mensalmente exibiremosfilmes com temática espírita.Vamos criar um mural para queos frequentadores e trabalhado-res da casa possam divulgarsuas atividades e profissões,buscando assim uma integraçãomaior entre todos. E promovermais reuniões com as coordena-ções dos grupos públicos. Atu-almente as reuniões sãoquadrimestrais. O que queremosé fazer um trabalho mais efeti-vo com esses grupos, ouvir oque cada grupo tem a dizer, re-clamar ou sugerir. Afinal decontas, esses grupos são o car-tão de visita de nosso Centro.

“Não se deve jamais combater violência com violência”

JULHO/2009

O novo presidente do “Nosso Lar”, a casa espírita mais antiga de Londrina,fala sobre sua iniciação no Espiritismo e seus projetos à frente da referida instituição

Entrevista: Paulo Fernando de Oliveira

Paulo Fernando de Oliveira