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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL MORFOLOGIA, ULTRAESTRUTURA E MORFOMETRIA DO TEGUMENTO DA PACA (Cuniculus paca). José Geraldo Meirelles Palma Isola Médico Veterinário Jaboticabal – São Paulo – Brasil 2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CÂMPUS DE JABOTICABAL

MORFOLOGIA, ULTRAESTRUTURA E MORFOMETRIA DO

TEGUMENTO DA PACA (Cuniculus paca).

José Geraldo Meirelles Palma Isola

Médico Veterinário

Jaboticabal – São Paulo – Brasil

2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CÂMPUS DE JABOTICABAL

MORFOLOGIA, ULTRAESTRUTURA E MORFOMETRIA DO

TEGUMENTO DA PACA (Cuniculus paca).

José Geraldo Meirelles Palma Isola

Orientadora: Profa. Dra. Márcia Rita Fernandes Machado

Co-Orientadora: Profa. Dra. Paola Castro Moraes

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP, Câmpus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Cirurgia Veterinária

Fevereiro - 2010�

Jaboticabal – SP�

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DADOS CURRICULARES DO AUTOR

JOSÉ GERALDO MEIRELLES PALMA ISOLA – filho de José Ricardo Isola e

Solange Meirelles Palma Isola, nasceu em Ribeirão Preto – SP, no dia 15 de Abril

de 1980. Em novembro de 2004, graduou-se em Medicina Veterinária pelo Centro

Universitário Barão de Mauá. Em Abril de 2007, concluiu o Programa de

Especialização em Residência Clínico-Cirurgica Veterinária pelo Centro

Universitário de Rio Preto – UNIRP. Em 2008 ingressou no curso de Mestrado no

programa de Cirurgia Veterinára na Faculdade de Ciências Agrárias e

Veterinárias, FCAV – UNESP, Câmpus Jaboticabal.

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AGRADECIMENTOS

A DEUS pelo dom da minha vida, pela graça da minha saúde e pelas

oportunidades que tenho em minha vida.

À minha orientadora, professora e amiga Profa. Dra. MÁRCIA RITA FERNANDES

MACHADO, por me ensinar o que é ser um pesquisador, pela sua dedicação, seu

carinho, atenção, amizade e pelos conselhos e incentivos diários.

À minha Co-Orientadora Profa. Dra. PAOLA CASTRO MORAES, por sempre estar

ao meu lado desde a graduação, me incentivando e torcendo por mim.

Aos membros da banca examinadora Prof. Dr. GILSON HÉLIO TONIOLLO e

Profa. Dra. SHEILA RAHAL pela ajuda e atenção.

Aos meus amigos de aprendizado acadêmico e do coração ALESSANDRA, ANA

CAROLINA, ANDRÉA, LEANDRO E SÉRGIO, por todos esses anos juntos,

dividindo experiências, alegrias, preocupações e amizade.

A todos meus amigos que me deram força, apoio e incentivo para que eu

concluísse mais esta etapa da minha vida.

E por fim, entretanto, jamais menos importante, aos meus pais queridos e

amados, RICARDO ISOLA E SOLANGE MEIRELLES PALMA ISOLA, por todo

seu amor e dedicação para comigo. A vocês, meu carinho e gratidão eternos.

AMO VOCES.

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SUMÁRIO

Página

LISTA DE FIGURAS................................................................................... ix

LISTA DE TABELAS................................................................................... xi

RESUMO.................................................................................................... xii

ABSTRACT................................................................................................. xiii

1. INTRODUÇÃO...................................................................................... 01

2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................. 03

2.1 Origem da Pele............................................................................... 03

2.2 Padrões anatômicos da pele.......................................................... 04

2.3 Epiderme......................................................................................... 07

2.3.1 Estrato basal........................................................................ 08

2.3.2 Estrato espinhoso.................................................................. 08

2.3.3 Estrato granuloso................................................................... 09

2.3.4 Estrato lúcido......................................................................... 10

2.3.5 Estrato córneo........................................................................ 10

2.3.6 Melanócitos............................................................................ 11

2.3.7 Células de Langerhans.......................................................... 12

2.3.8 Células de Merkel.................................................................. 12

2.4 Membrana basal............................................................................. 13

2.5 Derme............................................................................................. 14

2.6 Receptores Sensoriais.................................................................... 15

2.7 Anexos Cutâneos............................................................................ 19

2.7.1 Pelos...................................................................................... 20

2.7.2 Glândulas Cutâneas.............................................................. 22

2.7.2.1 Glândulas sebáceas................................................. 24

2.7.2.2 Glândulas sudoríparas............................................. 25

2.8 Hipoderme...................................................................................... 26

3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................. 27

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4. RESULTADOS.................................................................................. 32

5. DISCUSSÃO..................................................................................... 59

6. CONCLUSÃO.................................................................................... 66

7. REFERÊNCIAS................................................................................ 67

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LISTA DE FIGURAS

Figura Página

1 Desenho esquemático de uma paca adulta, no qual se observam as demarcações (retângulos e setas) dos locais dos quais foram colhidos fragmentos de tegumento que foram analisados............

28

2 Fotografias da cútis das regiões do pescoço (A); Tórax (B); região medial do carpo (C) e do coxim (D), de uma paca macho adulta.Observar no pescoço e no tórax a presença de cerdas (seta). Na região medial do carpo verifica-se apenas rareados pelos (cabeça de seta), enquanto que a região dos coxins apresenta-se glabra (círculo).........................................................

32

3 Fotografia de uma paca macho adulta (A),com a região do tórax (seta) em destaque (B). A cútis teve uma parte depilada (tracejado) para facilitar a observação do arranjo das cerdas, que se apresentavam agrupadas em número de 3 ou 4 (círculo) no sentido crânio caudal do corpo.................................................

33

4 Eletrofotomicrografias de varredura da cútis da região do Tórax de uma paca macho adulta. Em A nota-se as cerdas (de maior espessura) agrupadas em 3 (barra). Em B é possível observar os pêlos menos espessos que existem entre as cerdas do mesmo grupo (setas).....................................................................

34

5 Fotomicrografia de corte perpendicular do tegumento da região do pescoço esquerdo de paca fêmea, onde é possível distinguir a epiderme (seta), derme (D), hipoderme (H) e tecido muscular (M). Observar a irregularidade da superfície da cútis (entre chaves). Coloração H. E. (1.6x).....................................................

35

6 Eletrofotomicrografias de varredura. Em A observa-se a cútis da região do pescoço de Paca fêmea evidenciando a irregularidade de sua superfície (seta). Em B verifica-se a região do carpo de Paca macho, onde é possível notar a epiderme (E) e a derme (D)..................................................................................................

35

7 Fotomicrografia de cútis da região medial do carpo de pacas macho adulta em que se verifica na epiderme (EP) nítida camada basal com células cubóides (asterisco), além da

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camada córnea, com células anucleadas e pavimentosas, bem eosinofílicas (seta); um pouco menos evidente, as camadas espinhosa (�) e granulosa com células em processo de estratificação (�). H.E. (40x).......................................................

36

8 Fotomicrografia da epiderme do carpo medial esquerdo de paca macho adulto, com destaque às células de Langerhans (CL) e melanócitos (ME). H.E. 40X..........................................................

37

9 Fotomicrografia de segmento do coxim plantar de paca macho adulto, onde se nota a presença de camada lúcida (barra), e a grande espessura da camada córnea (C). Coloração: H.E. 10X..

38

10 Em A, C e E: Fotomicrografias de corte perpendicular da cútis da região de pescoço de paca macho, coloração Hematoxilina-eosina (A); Tricromio de Masson (C) e ácido periódico e schiff (E) em aumento de 20X, onde é possível notar nitidamente a membrana basal (seta) abaixo da epiderme (EP). Em B, D e F: fotomicrografia de corte perpendicular da cútis da região de coxim palmar de paca macho coloração Hematoxilina-eosina (B); Tricromio de Masson (D) e ácido periódico e schiff (F) em aumento de 20X, onde observa-se menos nitidamente a membrana basal (seta) abaixo da epiderme (EP)........................

39

11 Fotomicrografia de corte perpendicular da cútis da região de pescoço de paca macho, no qual é possível diferenciar a derme papilar (DP), onde estão presentes a maioria dos folículos pilosos (FP), terminações nervosas (TN) e glândulas sebáceas (GS) e a derme reticular (DR), composta em sua maioria por colágeno e vasos. H.E.10X...........................................................

40

12 Eletrofotomicrografia de varredura de corte perpendicular da cútis de região torácica de paca macho, no qual é possível observar a derme papilar onde estão presentes folículos pilosos (FP) glândulas sebáceas (setas) e fibras de colágeno mais finas e esparsas (FC).............................................................................

41

13 Eletrofotomicrografia de varredura de corte perpendicular da cútis da região do pescoço de paca macho, com destaque para o tecido conjuntivo denso não modelado (seta)............................

41

14 Eletrofotomicrografia de varredura de corte perpendicular da cútis da região do carpo esquerdo de paca fêmea, ilustrando um vaso sanguineo (seta) de aproximadamente 50µm de diâmetro, em meio à derme reticular.............................................................

42

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15 Fotomicrografia de Luz H.E. 40X (A e B) e eletrofotomicrografia

de varredura (C e D) de corte perpendicular da cútis da região do pescoço de paca macho (A e C) e medial do carpo (B e D), ilustrando a diferença entre a espessura das fibras de colágeno da derme reticular quando comparadas ao mesmo tamanho de aumento (barras e setas)..............................................................

43

16 Fotomicrografia de corte perpendicular da cútis da região de pescoço de paca macho, em que se observa o bulbo de um folículo piloso (B) e glândulas sebáceas (GS) em sua base. Observar que as glândulas repletas de secreção apresentavam–se escuras (seta); as glândulas com pouco conteúdo eram mais claras (�). H.E. 40X....................................

44

17 Fotomicrografia de corte perpendicular da cútis da região de pescoço de paca macho, em que se observam glândulas sebáceas. A coloração com a reação de PAS permite se diferenciar as células repletas de secreção (GSR), daquelas que já perderam seu conteúdo e estão vazias (GSV)..........................

45

18 Eletrofotomicrografia de varredura de corte perpendicular da cútis da região do tórax de paca fêmea, em que é possível se observar o pêlo (P), seu folículo (FP) as glândulas sebáceas adjacentes (GC).............................................................................

45

19 Fotomicrografia de corte perpendicular da cútis da região de coxim de paca macho adulta, onde se observa a derme (DE) e na hipoderme (HP) presença de glândulas écrinas (seta) intercaladas a aglomerados de tecido adiposo (�). H.E. 40X......

46

20 Fotomicrografia de corte perpendicular da cútis da região de coxim de paca macho adulta, onde se observa a hipoderme (HP) e a presença de glândulas écrinas (seta) PAS. 20X.............

46

21 Fotomicrografia de cortes perpendiculares da cútis de paca macho adulta H.E. em que é possível observar a presença de terminações nervosas (setas) nas diferentes regiões corpóreas e vasos (V): A porção reticular superficial da derme da região cervical lateral, 20x; B hipoderme da região cervical lateral, 40x; C porção reticular profunda da derme da região medial do carpo, 20x; D hipoderme da região medial do carpo, 20x.

47

22 Fotomicrografias de cortes perpendiculares das cútis de paca macho adulta da região de coxim palmar (A), em que se

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observam dois corpúsculos de Pacini (CP) na porção da hipoderme em meio às glândulas écrinas (GE) e tecido adiposo (TA), H.E. 20x e coxim plantar (B) em que se observam as partes de um corpúsculo de Pacini: terminal de fibra nervosa (TFN); espaço interlamelar (EIL); lamelas concêntricas (LC) e cápsula externa (CE), H.E. 40x.....................................................

48

23 Fotomicrografias de cortes perpendiculares das cútis de paca macho adulta da região de coxim palmar (A), em que se observam dois corpúsculos de Meissner (CM) em meio às papilas dérmicas, H.E. 20x e coxim plantar (B) em que se observam em maior detalhe os corpúsculos de Meissner (CM) no meio das papilas dérmicas, H.E. 40x.......................................

48

24 Representação gráfica dos valores médios (µm) da espessura da epiderme, derme e camada córnea das regiões dos coxins palmares e plantares de pacas adultas.........................................

50

25 Representação gráfica dos valores médios (µm) da espessura da epiderme das regiões cervical, torácica e medial do carpo de pacas adultas, machos e fêmeas..................................................

51

26 Representação gráfica dos valores médios (µm) da espessura da camada córnea das regiões cervical, torácica e medial do carpo de pacas adultas, machos e fêmeas...................................

53

27 Representação gráfica dos valores médios (µm) da espessura da derme das regiões cervical, torácica e medial do carpo de pacas adultas, machos e fêmeas..................................................

54

28 Representação gráfica dos valores médios (µm) da espessura das fibras de colágeno da derme reticular das regiões cervical, torácica e medial do carpo de pacas adultas, machos e fêmeas..

56

29 Representação gráfica dos valores médios (µm2) da área das células das glândulas sebáceas das regiões cervical, torácica e medial do carpo de pacas adultas, machos e fêmeas..................

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LISTA DE TABELAS

Tabela Página

1 Valores (µm) da média, desvio padrão e intervalo de confiança a 95%, do tamanho da derme, epiderme e sua camada córnea dos coxins palmares e plantares de pacas adultas. Jaboticabal, FCAV – UNESP, 2009..................................................................

49

2 Valores (µm) da média, desvio padrão e intervalo de confiança à 95%, do tamanho da epiderme das regiões do pescoço, tórax e carpo de pacas machos e fêmeas. Jaboticabal, FCAV – UNESP, 2009...............................................................................

51

3 Valores (µm) da média, desvio padrão e intervalo de confiança à 95%, do tamanho da camada córnea das regiões do pescoço, tórax e carpo de pacas machos e fêmeas. Jaboticabal, FCAV – UNESP, 2009................................................................................

52

4 Valores (µm) da média, desvio padrão e intervalo de confiança à 95%, do tamanho da derme das regiões do pescoço, tórax e carpo de pacas machos e fêmeas. Jaboticabal, FCAV – UNESP, 2009................................................................................

54

5 Valores (µm) da média, desvio padrão e intervalo de confiança à 95%, do tamanho das fibras de colágeno da derme reticular das regiões do pescoço, tórax e carpo de pacas machos e fêmeas. Jaboticabal, FCAV – UNESP, 2009................................

55

6 Valores (µm2) da média, desvio padrão e intervalo de confiança à 95%, da área das células das glândulas sebáceas das regiões do pescoço, tórax e carpo de pacas machos e fêmeas. Jaboticabal, FCAV – UNESP, 2009..............................................

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RESUMO: Considerando-se a falta de informações detalhadas sobre a

morfologia da paca e dada a importância do tegumento comum, descreveu-se a

morfologia, morfometria e a ultraestrutura da pele de oito pacas (Cuniculus paca)

machos e fêmeas, mediante a análise comparativa de segmentos cutâneos das

regiões cervical, dorsal, medial do carpo e coxins palmares e plantares.

Observaram-se macroscopicamente as características da pelagem. Parte dos

segmentos das regiões cutâneas foi analisado à microscopia de luz e parte, à

microscopia eletrônica de varredura. Mensuraram-se as espessuras da derme,

epiderme, camada córnea, fibras de colágeno da derme reticular; área das células

das glândulas sebáceas repletas, exceto nos coxins, onde se verificaram as

espessuras da derme, epiderme e camada córnea. Analisaram-se os resultados

pela estatística descritiva e teste “T” (p=0,00). A coloração da pelagem da paca é

castanho avermelhado e os pelos organizados em grupos. A epiderme apresenta

as camadas basal, espinhosa, granular e córnea, bem delimitadas; os coxins

apresentam ainda, a camada lúcida. A derme constituía-se pelas camadas: papilar

e reticular, com pelos e glândulas. Com exceção da área das células das

glândulas sebáceas repletas, a espessura de todas as estruturas avaliadas

apresentou-se maior nos machos, quando comparados com as fêmeas. A

espessura da derme, da camada córnea da epiderme, das fibras colágenas da

camada reticular da derme, além da área das células das glândulas sebáceas

repletas foram maiores na região cervical. A região medial do carpo apresentou

maior espessura total da epiderme. Em relação aos coxins verificou-se que a

espessura da derme do coxim plantar era significativamente maior do que a do

coxim palmar. De acordo com os dados deste estudo, pode-se inferir que a

arquitetura da cútis de pacas machos e fêmeas apresenta diferenças quando

comparada entre os sexos e também em um mesmo animal, diferenciando-se

entre diversas regiões corpóreas.

Palavras chave: Roedor, Tegumento, Glândulas Cutâneas, Histologia,

Microscopia Eletrônica de Varredura

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ABSTRACT: Considering the lack of detailed information on the morphology of

Paca and the importance of the common integument, this study described the

morphology, morphometry and ultrastructure of the skin of eight Pacas (Cuniculus

paca) four male and four female, through comparative analysis of the following

segments skin regions: cervical, dorsal, medial carpal and footpads. The

characteristics of the coat were observed macroscopic. Some of the segments of

skin regions were analyzed by light microscopy and the other part by the scanning

electron microscopy. Were measured thickness of the dermis, epidermis, stratum

corneum, collagen fibers of the reticular dermis and the area of cells of the

sebaceous glands filled, except in the footpads, which were analyzed the thickness

of the dermis, epidermis and stratum corneum also. We analyzed the results using

descriptive statistics and t test (p < 0,001). The color of the paca’s coat is reddish

brown and the hair arranged in groups. The epidermis have the basal, spinous,

granular and horny stratum, well-defined, the footpads have in addiction the lucid

stratum. The dermis is constituted by layers: papillary and reticular, hairs and

glands. Aside from the area of the cells of the sebaceous glands filled, the

thickness of all the structures evaluated were higher in males when compared with

females. The thickness of the dermis, stratum corneum of the epidermis, the

collagen fibers of the reticular dermis, and the area of the cells of the sebaceous

glands are more crowded in the neck. The medial carpal region showed greater

total thickness of the epidermis. For the cushions was found that the thickness of

the dermis of the hind footpad was significantly greater than that of the fore pad.

According to our data, we can infer that the architecture of the cutis of males and

females pacas differs compared between sexes and also in the same animal,

differentiating in several body regions.

Keywords: Rodent, Integument, Skin glands, Histology, Scanning Electron

Microscopy

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1. INTRODUÇÃO

A espécie Cuniculus paca, popularmente chamada de paca, depois da

capivara, é considerada o maior roedor brasileiro e, segundo EISENBERG (1989),

possui a seguinte classificação na escala zoológica: Reino: Animal; Filo: Chordata;

Subfilo: Vertebrata; Classe: Mammalia; Ordem: Rodentia; Subordem:

Hystricomorpha; Superfamília: Cavioidea; Família: Cuniculidae; Gênero:

Cuniculus; Espécie: Cuniculus paca.

Animais de porte médio, estes roedores apresentam corpo robusto e

vigoroso, cujo comprimento médio, entre o focinho e a ponta da cauda nas fêmeas

e machos e adultos é de 60 e 70 cm, respectivamente (MONDOLFI, 1972;

BENTTI, 1981; COLLET, 1981; ALHO, 1982); peso corpóreo variando de 5 a 10

kg, podendo chegar até aos 14 kg (MATAMOROS, 1982).

O pelame está constituído por pelos baixos e rígidos, de tonalidades que

variam do castanho-pardo ao castanho-avermelhado, com faixas laterais,

longitudinais mais claras fazendo com que estes animais passam despercebidos

em meio à vegetação (MONDOLFI, 1972; SILVA, 1994). Essas faixas,

provavelmente correspondem à cor da pelagem de ancestrais dos mamíferos

(HERSHKOVITZ, 1997).

Distribuem-se geograficamente do Sudeste do México ao Sul do Brasil;

vivem em áreas cobertas com vegetação alta, tais como matas e capoeirões,

sempre próximos aos rios ou riachos, pois tem o costume de mergulhar,

principalmente quando se sentem ameaçados. Possuem hábitos noturnos,

apresentam audição e olfato bem desenvolvidos, mas não enxergam muito bem.

Abrigam-se em tocas, geralmente situadas em meio a rochas ou raízes, onde

passam o dia todo, saindo apenas à noite para se alimentarem de vegetais

diversos, entretanto parecem ter preferência por frutos (MONDOLFI, 1972; SILVA,

1994).

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A paca é considerada a espécie que possui a carne mais apreciada

dentre todas as silvestres brasileiras e este grande interesse faz com que a

criação desse animal, com finalidade econômica, tenha grande potencial

(HOSKEN & SILVEIRA, 2001).

Deve-se salientar que em estudo sobre a criação comercial de paca

LOURENÇO et al. (2008) descreveram, com muita propriedade, que esta atividade

representa uma alternativa de conservação da espécie ao gerar o aumento de seu

estoque populacional e também atuar como forma de diminuição da pressão sobre

sua caça e, consequente, tráfico, além de contribuir com a conservação das áreas

marginais às florestas ou reservas.

Outra questão a ser ponderada é o fato de que os roedores, como é o caso

da paca, em virtude de apresentarem aspectos característicos tais como, tamanho

adequado, preço acessível e curto período de prenhez, juntamente com os

lagomorfos foram considerados por BJÖRKMAN et al. (1989), grupos de animais

experimentais “ad hoc". Também as observações de HAMLETT & RASWEILER IV

(1993) devem ser relevadas, ao evidenciarem a necessidade da busca de novos

exemplares, entre os animais, para serem utilizados como modelos experimentais

adequados e assim colaborarem com o desenvolvimento de pesquisas vitais tanto

ao homem quanto a outras espécies.

De outra forma, como componente da fauna silvestre brasileira, a paca, que

até o momento não teve sua morfologia amplamente estudada, merece mais

atenção dos morfologistas, pois existem ainda grandes lacunas quanto à

descrição específica de muitos de seus aspectos anatômicos.

Assim, diante da importância da pele, considerada um dos maiores órgãos

do organismo dos vertebrados e que se caracteriza por ser uma estrutura muito

mais complexa do que aparenta, apresentando, dentre várias funções,

principalmente a de proteção do organismo das ameaças externas físicas, além de

exercer atividades imunológicas, de termorregulação, nervosas e metabólicas

(CHUONG & HOMBERGER, 2003; ALBERS & DAVIS, 2007), objetivou-se com

este trabalho descrever a morfologia, morfometria e a ultraestrutura da pele da

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paca, mediante a análise comparativa de segmentos cutâneos das regiões

cervical, dorsal, medial do carpo e coxins palmares e plantares.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Origem da pele

A epiderme desenvolve-se a partir do ectoderma e a derme origina-se do

mesoderma (KRISTENSEN, 1975). No feto, a epiderme é inicialmente formada por

uma camada de células epiteliais cúbicas, mas, à medida que essas células

proliferam, ocorre estratificação (BANKS, 1992). Outras células que formam a

epiderme como os melanócitos e as células de Langerhans, originam-se da crista

neural e da medula óssea, respectivamente (KIERSZENBAUM, 2008).

A derme desenvolve-se a partir da proliferação de células mesenquimais

primitivas (MONTEIRO-RIVIERE et al., 1993). Com o desenvolvimento do feto,

esse tecido primitivo sofre maturação para formar a derme do recém-nascido. O

processo de amadurecimento dérmico inclui principalmente o aumento da

espessura e do número de fibras colágenas, a substituição gradual do colágeno

tipo III pelo colágeno tipo I, a redução da substância fundamental e a diferenciação

de células mesenquimais precursoras em fibroblastos (SCOTT et al., 2001).

A proliferação do epitélio cúbico formador da epiderme dá origem a

aglomerados de células basofílicas denominados germes epiteliais primários ou

germes do pelo e sua invaginação para a derme subjacente, na forma de um

cordão celular, resulta nos folículos pilosos e nas glândulas anexas, cujas células

se mantêm continuas com os estratos da epiderme (BANKS, 1992;

KIERSZENBAUM, 2008).

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O cordão celular forma um canal dérmico que permite que o restante da

epiderme se continue para formar a futura bainha radicular externa (MONTEIRO-

RIVIERE et al., 1993). Essa bainha dá origem à matriz germinativa na base do

folículo piloso, que, por sua vez, forma a bainha radicular interna e o pelo (BANKS,

1992; KIERSZENBAUM, 2008).

O estímulo para essa migração celular é induzido pela sinalização de

moléculas derivadas dos fibroblastos mesodérmicos da futura derme. Logo abaixo

do aglomerado inicial de células basais, os fibroblastos dérmicos formam um

pequeno nódulo, a papila dérmica. Com o desenvolvimento do folículo piloso, a

papila dérmica se projeta para o centro da área de brotamento e torna-se

circundada por um aglomerado de células epiteliais, que dão à base do folículo

piloso um aspecto dilatado, denominado bulbo folicular (KIERSZENBAUM, 2008).

2.2 Padrões anatômicos da pele

A arquitetura básica da cútis é semelhante em todos os mamíferos, mas

existem diferenças entre o homem e os animais, entre as diferentes espécies

animais, entre indivíduos da mesma espécie e entre as diferentes regiões do

corpo de um mesmo indivíduo (MAYER, 1952; MONTAGNA, 1967).

O estudo do tegumento dos animais pode ainda, refletir o modo de vida de

cada espécie, pois a cútis está em contato direto com o meio ambiente e as

propriedades deste órgão podem variar em relação ao ambiente em que cada

animal vive (DALY & BUFFENSTEIN, 1998). Assim a morfologia do tegumento

pode ser um indicador mais confiável sobre o habitat e o modo de vida dos

animais do que a filogenia (DALY & BUFFENSTEIN, 1998), embora a utilização

apenas dos pelos para a caracterização de algum atributo taxonômico tem sido

controverso (MAYER, 1952; CHERNOVA, 2002)

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Geralmente, a pele é mais espessa sobre a superfície dorsal do corpo e nas

superfícies laterais dos membros, sendo, ao contrário, mais delgada no lado

ventral do corpo e nas superfícies mediais dos membros (CALHOUN & STINSON,

1982).

Na pele com pelos há uma relação inversa entre a espessura da epiderme

e a densidade da pelagem, portanto, a epiderme dos mamíferos peludos é muito

mais fina do que a de humanos (AFFOLTER & MOORE, 1994).

Algumas espécies animais possuem semelhanças entre suas cútis, como

é o caso do “miniature pig”, cuja pele se apresenta morfológica, fisiológica e

farmacologicamente similar à humana. Entretanto, verifica-se que a epiderme da

região medial da coxa nos “miniature pig” machos apresenta-se mais espessa do

que nas fêmeas (YABUKI et al., 2007), assim como a pele do homem também é

mais espessa que a das mulheres (AZZI, et al., 2005).

AZZI et al. (2005) informaram que entre os componentes da pele há uma

série de estruturas andrógeno-sensitivas, sendo que os hormônios esteróides

influenciam a espessura da pele humana, que se torna mais delgada após uma

ovariectomia e mais espessa depois de um tratamento a base de estrógenos.

Verificaram ainda, que em camundongos os estrógenos exercem efeitos

específicos em diferentes camadas da pele e em seus anexos.

A cútis do escroto, dos coxins palmares e plantares e do plano nasal

caracteriza-se por uma epiderme muito mais espessa do que a observada na pele

com pelos e por possuir cristas conspícuas. Nesses três locais, a espessura é

dada pelo maior número de camadas do estrato espinhoso. Entretanto, nos coxins

e no plano nasal, boa parte dessa característica se deve também ao espesso

estrato córneo compacto e laminado, respectivamente (LAVKER, 1991; YAGER &

WILCOCK, 1994; YABUKI, 2007).

Na pele com pelos, o número e o tamanho das estruturas anexas variam

com o local do corpo, como no caso dos coxins e no plano nasal em que não há

unidades pilossebáceas (AFFOLTER & MOORE, 1994).

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Algumas alterações cutâneas, tais quais, sua coloração, elasticidade e

textura, podem ser observadas com o envelhecimento do indivíduo (SANTANA et

al., 2000; YABUKI et al., 2007). Algumas outras características anatômicas

marcantes inerentes às distintas regiões corpóreas incluem: presença de

glândulas sudoríparas écrinas nos coxins (BANKS, 1992; SCOTT et al., 2001;

DUNSTAN, 2002); presença de vasos sangüíneos e nervos proeminentes e

ausência de anexos cutâneos no plano nasal (YAGER & WILCOCK, 1994).

Segundo os tratados de histologia a pele se estrutura em duas camadas, a

primeira mais superficial denominada epiderme, que tem origem ectodérmica e é

formada por epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, a qual se apóia

sobre a segunda, que tem origem mesodérmica, conhecida como derme

(SANTANA et al., 2000; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008), onde se localizam

fibras elásticas, colágeno, ácido hialurônico, fibroblastos, macrófagos, células

plasmáticas, vasos linfáticos, componentes do sistema nervoso, folículos pilosos e

estruturas glandulares tais como as glândulas sebáceas e sudoríparas (CALHOUN

& STINSON, 1982; PAVLETIC, 1999; HIB, 2003; JUNQUEIRA, 2005).

O limite entre a epiderme e a derme não é regular, apresentando saliências

e reentrâncias das duas camadas, que se ajustam entre si, aumentando a coesão

entre a derme e a epiderme. As projeções da derme recebem o nome de papilas

dérmicas, que possuem fibrilas especiais de colágeno que tem função de prender

a derme à epiderme (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008). De acordo com

SANTANA et al. (2000), em estudo comparativo da pele de humanos jovens e

idosos, verificou-se que com o passar da idade, a epiderme e a derme diminuem

de espessura e a pele apresenta menor quantidade de papilas dérmicas, pela

redução significativa da superfície de contato derme-epiderme.

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2.3 Epiderme

A epiderme, a camada mais externa da pele, é constituída por um epitélio

estratificado, pavimentoso e queratinizado, e subdividida nos seguintes estratos ou

camadas: basal (estrato germinativo), espinhoso, granuloso, lúcido e córneo

(BANKS, 1992; HIB, 2003; KIERSZENBAUM, 2008). Foi verificado por REIS et al.

(2008) o mesmo tipo de epitélio na região do carpo de cutias. A espessura, o tipo

de camada córnea e a presença ou ausência do estrato lúcido são influenciados

pela densidade da pelagem (MONTAGNA, 1967).

A epiderme é constituída por quatro tipos celulares: queratinócitos,

melanócitos, células de Langerhans e células de Merkel (BANKS, 1992,

MONTEIRO-RIVIERE et al., 1993; HIB, 2003; BACHA & BACHA, 2004). Os

queratinócitos são predominantes e estão em constante proliferação, estando

presentes em todas as camadas da epiderme, diferenciam-se, e apresentam

características morfológicas particulares em cada uma delas, conforme seu

percurso em direção à superfície; migram constantemente para formar os

diferentes estratos epidérmicos (BANKS, 1992, MONTEIRO-RIVIERE et al., 1993;

YOUNG & HEATH, 2001; HIB, 2003), de modo que o estrato basal é o “berço” das

células da epiderme e a queratina é o produto da diferenciação dos queratinócitos

basais (SCOTT et al., 2001). Assim, a epiderme é uma estrutura dinâmica

constantemente renovada pela descamação do estrato córneo (BANKS, 1992;

KIERSZENBAUM, 2008). Alguns autores consideram que a diferenciação final da

epiderme em estrato córneo é uma forma especializada de apoptose (MCCALL &

COHEN, 1991).

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2.3.1 Estrato basal

As células do estrato basal se dispõem em uma única fileira e possuem

forma cúbica ou cilíndrica. Essa camada repousa sobre a membrana basal e é

considerada o ponto de separação dermo-epidérmico (BANKS, 1992;

MONTEIRO-RIVIERE et al., 1993; BAL, 1996; HIB, 2003; BACHA & BACHA,

2004; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008).

Por haver intensa proliferação celular no estrato basal, é normal que sejam

observadas células em mitose e células em apoptose (SCOTT et al., 2001). Em

áreas esparsamente peludas ou glabras (sem pelos), o índice mitótico é maior,

pois essas áreas estão sujeitas a escoriações e necessitam de maior pool de

células para repor o estrato córneo (MONTAGNA, 1967).

O estrato basal é o local onde estão os corpos celulares dos melanócitos e,

dessa forma, esses também podem ser vistos na bainha radicular externa e nos

ductos das glândulas sebáceas e sudoríparas (SCOTT, 2001). Cada melanócito

emite várias extensões citoplasmáticas denominadas dendritos, a fim de

estabelecer contato direto com os queratinócitos do estrato espinhoso, formando

as unidades epidermomelânicas (KIERSZENBAUM, 2008).

Ainda neste estrato, se encontram as células de Merkel, que são células

mecanoreceptoras que estão unidas aos queratinócitos adjacentes por

desmossomas (KIERSZENBAUM, 2008).

2.3.2 Estrato espinhoso

O estrato espinhoso está logo acima do estrato basal e consiste de um

número variável de camadas, de acordo com a região do corpo (BACHA &

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WOOD,1990; BANKS, 1992; MONTEIRO-RIVIERE et al., 1993), podendo variar

de quatro a dez camadas (HIB, 2003). Apresentam forma poligonal, são maiores

que as células da camada basal e emitem prolongamentos citoplasmáticos que

contêm feixes de filamentos de queratina, os tenofilamentos. As células

espinhosas aumentam de tamanho e se tornam planas à medida que transladam

para o estrato granuloso (MONTEIRO-RIVIERE et al., 1993; SCOTT et al., 2001;

HIB, 2003; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008).

O fato dessas células se contraírem durante o processamento histológico,

deixando “pontes” citoplasmáticas presas aos desmossomas, ocasiona o aspecto

de espinho que confere a denominação ao estrato (BAL, 1996; HARGIS & GINN,

2007). Nesse estrato estão localizadas a maioria das células de Langerhans

(HIB,2003; BACHA & BACHA, 2004).

2.3.3 Estrato granuloso

O estrato granuloso é formado por uma ou várias camadas de células

rombóides ou pavimentosas, que possuem grânulos de querato-hialina basofílicos

(BANKS, 1992; MONTEIRO-RIVIERE et al., 1993; BAL, 1996; HIB, 2003; BACHA

& BACHA, 2004; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008). Esses grânulos são ricos em

filagrina, um filamento protéico não-intermediário (KIERSZENBAUM, 2008), que

atua como substância interfibrilar da queratina mole (BANKS, 1992; MONTEIRO-

RIVIERE et al., 1993), permitindo sua agregação (KIERSZENBAUM, 2008). O

estrato granuloso não está presente em todos os cortes histológicos da pele com

pelos (GRAU & WALTER, 1975).

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2.3.4 Estrato lúcido

O estrato lúcido é constituído por quatro ou cinco camadas (HIB, 2003) de

queratinócitos mortos, pavimentosos, eosinofílicos, translúcidos e anucleados,

repletos de tenofilamentos (BANKS, 1992; MONTEIRO-RIVIERE et al., 1993;

YOUNG & HEATH, 2001; HIB, 2003; BACHA & BACHA, 2004), que não mais

possuem grânulos de querato-hialina, apenas uma substância chamada eleidina

(BANKS, 1992; MONTEIRO-RIVIERE et al., 1993). Este extrato é específico de

regiões de pele espessa, que geralmente possuem muito pouco pelo ou são

glabras. Em cães e gatos, por exemplo, esse estrato ocorre somente nas regiões

dos coxins e plano nasal (BANKS, 1992; MONTEIRO-RIVIERE et al., 1993; BAL,

1996; BACHA & BACHA, 2004). Para alguns autores, o estrato lúcido é apenas

um artefato de refração de células córneas jovens (BRAGULLA et al., 2004).

2.3.5 Estrato córneo

O estrato córneo tem espessura variável, apresentando-se em grande

número nas áreas de maior fricção como os coxins, ao contrário das áreas mais

delicadas como as pálpebras. Os queratinócitos mortos do estrato córneo

possuem citoplasma plano, repleto de tenofilamentos que correm na mesma

direção da superfície da pele (YOUNG & HEATH, 2001; HIB, 2003; BACHA &

BACHA, 2004; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008).

A descamação gradual desse estrato é equilibrada pela proliferação de

células basais (SCOTT et al., 2001). A queratina é uma proteína composta por

microfibrilas, com baixo teor de enxofre, imersas em uma matriz amorfa, rica em

enxofre (BANKS, 1992). Existem dois tipos de queratina; a mole, presente na

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epiderme e em algumas mucosas e a dura, típica dos anexos cutâneos, tais quais

os pelos e as unhas (BRAGULLA et al., 2004).

Externamente, os queratinócitos do estrato córneo são envoltos por um

complexo de lipídios liberados dos grânulos lamelares para o espaço extracelular.

Esses lipídios, principalmente o glicolipídio acilglicosilceramida, ligam-se a

involucrina para formar o complexo do envoltório celular cornificado composto, que

é responsável por uma das funções mais importantes da pele, a formação de uma

barreira impermeável a líquidos, chamada barreira de permeabilidade da epiderme

(KIERSZENBAUM, 2008).

2.3.6 Melanócitos

Os melanócitos são células poliédricas que possuem inúmeros

prolongamentos citoplasmáticos, os quais se dirigem em direção à superfície da

epiderme. O prolongamento dos melanócitos penetra em reentrâncias das células

das camadas basal e espinhosa e transferem os grânulos de melanina para essas

células (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008). Localizam-se sobre a membrana

basal da epiderme. O núcleo dos melanócitos é redondo e o seu citoplasma

possui elementos vesiculares que se maturam à medida que alcançam os

prolongamentos do citoplasma. Estes elementos vesiculares, os melanossomos,

possuem um pigmento pardo denominado melanina. É este pigmento que dá a cor

característica da pele de cada espécie animal. A cor mais clara ou mais escura

das diversas regiões da pele dos animais depende do número de melanócitos

nelas existentes. Diversos fatores modificam a cor da pele, sendo a exposição à

luz solar uma delas, pois estimula a síntese de melanina (CALHOUN & STINSON,

1982; BAL, 1996; HIB, 2003; BRAGULLA et al., 2004; JUNQUEIRA, 2005).

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Sob a denominação melanina termo oriundo do grego melas, que significa

preto, encontra-se uma gama de pigmentos tais como a eumelanina, feomelanina

e outros (MONTEIRO-RIVIERE et al., 1993), que variam de marrom-amarelado a

marrom-escuro e são produzidos pelos melanócitos a partir do aminoácido tirosina

(SCOTT et al., 2001).

2.3.7 Células de Langerhans

As células de Langerhans originam-se da linhagem monocítica e funcionam

como apresentadoras de antígeno na pele (COLE et al., 1984; BANKS, 1992; HIB,

2003; YABUKI et al., 2007; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008). Em conjunto com

os linfócitos T epidermotrópicos, estas células formam o tecido linfóide associado

à pele (HARGIS & GINN 2007).

O núcleo das células de Langerhans é irregular e seu citoplasma apresenta

grânulos de glicogênio e algumas vesículas. Situam-se geralmente no estrado

espinhoso, mas podem estar presentes no estrato granuloso (HIB, 2003;

JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008). Em muitas espécies, com exceção do cão,

possuem grânulos de Birbeck (BAL, 1996; SCOTT et al., 2001).

2.3.8 Células de Merkel

As células de Merkel se encontram isoladas ou em grupos pequenos entre

os queratinócitos do estrato basal da epiderme. Seu núcleo é lobulado e o

citoplasma contém grânulos em abundância, provavelmente neurotransmissores.

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Estas células funcionam como mecanorreceptores e estão presentes em partes

sensíveis da pele, como por exemplo, as pontas dos dedos dos humanos e nos

coxins tilotríquios (AFFOLTER & MOORE 1994), (corpúsculo de toque,

corpúsculos de Pinkus ou haarscheiben) que são estruturas pequenas, com 0,16-

0,42mm de diâmetro, e sem pelos que estão presentes na pele com pelos de cães

e gatos. A parte basal da célula de Merkel mantém contato com o disco de Merkel,

que é a terminação sináptica expandida de uma fibra nervosa mielínica aferente

(HIB, 2003; KIERSZENBAUM, 2008). As fibras nervosas tornam-se amielínicas

após ultrapassar a lâmina basal da epiderme (KÜHNEL, 2005). O conjunto

integrado pela célula de Merkel e o terminal sináptico, recebe o nome de complexo

de Merkel (HIB, 2003; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008).

Embora a origem embrionária dessas células permaneça indefinida

(URMACHER, 1997), elas possuem características imunoistoquímicas que

sugerem uma diferenciação epitelial e neural (SCOTT et al., 2001).

2.4 Membrana Basal

A membrana basal é responsável pela separação dermoepidérmica e fixa a

epiderme à derme, mantendo a arquitetura da pele; é formada por dois

componentes: a lâmina basal, uma camada de matriz extracelular em contato

direto com a célula epitelial; e a lâmina reticular que sustenta a lâmina basal e é

contínua com o tecido conjuntivo (BAL, 1996; SLOMINSK & WORTSMAN, 2000;

HIB, 2003). A membrana basal realiza funções importantes, como: manter a

epiderme em estado produtivo de diferenciação, estabilizar a arquitetura epitelial

celular e facilitar o movimento de nutrientes, oxigênio e células úteis da derme por

meio dessa interface para a epiderme; além de servir como um reservatório de

fatores de crescimento (BAL, 1996; HIB, 2003).

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Na microscopia de luz, em cortes corados pela hematoxilina-eosina (HE), a

zona da membrana basal é de difícil identificação. Em cortes corados pelo ácido

periódico (PAS), essa zona pode ser visível (MONTEIRO-RIVIERE et al., 1993),

principalmente nos coxins (AFFOLTER & MOORE, 1994).

2.5 Derme

A derme é o tecido conjuntivo no qual se apóia a epiderme e sua espessura

varia em diferentes áreas corpóreas. A presença de papilas permite dividi-la em

duas camadas não muito distintas: a camada papilar, que se vincula à epiderme, e

a camada reticular que repousa sobre a hipoderme, além de aumentar a área de

contato entre a derme e a epiderme (CALHOUN & STINSON, 1982; YOUNG &

HEATH, 2001; HIB, 2003; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008); em ratos, o

estabelecimento deste limite entre as duas camadas da derme, parece não estar

presente (SANTOS et al., 2006).

A camada papilar é também conhecida como derme papilar e compõe-se

por tecido conjuntivo frouxo com fibras colágenas tipo III (reticulares) e fibras

elásticas que, em conjunto, formam uma rede tridimensional irregular. A lâmina

basal ocupa os espaços deixados pelas invaginações da membrana plasmática

das células epidérmicas basais, aumentando a aderência entre a derme papilar e

a epiderme (SLOMINSK & WORTSMAN, 2000; YOUNG & HEATH, 2001; HIB,

2003; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008).

A camada reticular é também conhecida como derme reticular e é composta

por tecido conjuntivo denso que possui fibras colágenas tipo I e fibras elásticas

mais espessas que as da camada papilar. As fibras colágenas estão associadas

entre si e formam feixes grossos, paralelos à superfície da pele (SLOMINSK &

WORTSMAN, 2000; HIB, 2003; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008). Como o

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colágeno predomina na derme, alterações na sua quantidade podem implicar em

redução na sua espessura, resistência e tensão da pele. O número de fibras

colágenas, bem como sua ultra estrutura molecular, são propriedades que se

alteram na dinâmica do envelhecimento (SANTANA et al., 2000, AZZI et al., 2005).

A vascularização cutânea, formada pela rede de vasos composta por

artérias, veias, arteríolas e capilares, permite o aporte sanguíneo à pele e ao

tecido subcutâneo. É por essa vascularização que o sangue, contendo nutrientes

e oxigênio, pode chegar até esses dois tecidos e então nutri-los para que possa

haver seu desenvolvimento satisfatório, além de promover sua participação de

forma efetiva e determinante nos casos de injúrias (PAVLETIC, 1999).

Embora a derme do rato seja mais espessa que a humana, além de não

apresentar tecido gorduroso subcutâneo nem tela muscular subcutânea, os vasos

sanguíneos responsáveis pela irrigação cutânea de ambos, apresentam a mesma

disposição (SANTOS et al., 2006).

2.6. Receptores sensoriais

Uma das funções mais importantes da pele, graças à sua grande extensão

e abundante inervação sensorial, é receber estímulos do meio ambiente. A pele é

o receptor sensorial mais extenso do organismo (JUNQUEIRA & CARNEIRO,

2008) ela possui diversos receptores sensoriais especializados que distinguem e

reconhecem o toque, a dor, o calor, o frio, substâncias químicas e a pressão

(ALBERS & DAVIS, 2007; TSUNOZAKI & BAUTISTA, 2009). Esses receptores

são classificados de acordo com o tipo de estímulo ao qual respondem. Além

disso, os receptores podem ser encapsulados, ou não, por tecido conjuntivo

(KIERSZENBAUM, 2008).

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Basicamente, há cinco tipos diferentes de receptores sensoriais: (1)

mecanoceptores, que detectam a deformação mecânica do receptor ou dos

tecidos adjacentes a ele; (2) termoceptores, que percebem alterações da

temperatura, sendo alguns específicos ao frio e outros ao calor; (3) nociceptores,

que distinguem a presença de lesão física ou química do receptor ou do tecido

que imediatamente o circunda; (4) fotoceptores, são receptores eletromagnéticos

que detectam a luz que atinge a retina; (5) quimioceptores, são responsáveis pela

gustação e olfato, pelos níveis de oxigênio e CO2 no sangue e pela osmolaridade

dos líquidos teciduais. (GUYTON &HALL, 1986; JUNQUEIRA & CARNEIRO,

2008; KIERSZENBAUM, 2008).

Devido a sensibilidades sensoriais, torna–se possível dois tipos de

receptores sensitivos distintos detectarem diferentes estímulos sensoriais, ou seja,

cada tipo de receptor é muito sensitivo ao tipo de estímulo a que está preparado

(GUYTON & HALL,1986).

Os mecanismos nervosos que coletam informação sensitiva do corpo são

denominados de sentidos somáticos e se classificam nos seguintes tipos

fisiológicos: (a) somáticos mecanorreceptivos, estimulados por deslocamento

mecânico de alguns tecidos do corpo; (b) termorreceptivos, que detectam calor e

frio; (c) sentido da dor, que é ativado por qualquer fator que lese o tecido

(GUYTON & HALL, 1986; KIERSZENBAUM, 2008).

Os sentidos dos mecanorreceptores incluem o tato, a pressão e a vibração

(sentidos tácteis) e cada um deles possui uma função especifica em relação à

captação de sinais (JOHNSON, 2001). As modalidades sensoriais conduzidas

pelos sistemas sensoriais somáticos incluem: o tato discriminativo (precisamente

localizado); o tato grosseiro (mal localizado); a pressão e a vibração; os sentidos

da posição estática do corpo e do movimento denominados de propriocepção. As

sensações exteroceptivas são aquelas da superfície do corpo (GUYTON & HALL,

2000).

Embora tato, pressão e vibração sejam freqüentemente classificados como

sensações distintas, estas são detectadas pela mesma classe de receptores

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tácteis, os mecanoceptores. Há pelo menos seis tipos de mecanoceptores

classificados como receptores tácteis (GUYTON & HALL, 2000; JUNQUEIRA &

CARNEIRO, 2008;).

O mais simples mecanorreceptor é a terminação nervosa livre desnuda, que

não apresenta cobertura de mielina, elas são encontradas na epiderme da pele,

inclusive na córnea do olho e respondem a leves pressões e a estímulos de toque.

O segundo tipo de mecanorreceptor é o disco de Merkel. A terminação nervosa

deste receptor discrimina toques e forma uma estrutura discóide achatada que se

adere à célula de Merkel encontrada no estrato basal da epiderme, é encontrado

nas áreas glabras e também, em menor número nas partes pilosas do corpo dos

animais (GUYTON & HALL, 1986; GUYTON & HALL, 2000; JOHNSON, 2001;

KIERSZENBAUM, 2008).

O terceiro tipo são os órgãos terminais dos pelos que se adaptam

facilmente, detectando o movimento de objetos na superfície do corpo ao

deslocarem os pelos. São emaranhados em torno da base de cada pelo na

superfície corporal. (GUYTON & HALL, 1986).

O quarto, quinto e sexto tipos de mecanorreceptores são encapsulados e

são eles: o corpúsculo de Meissner, o Corpúsculo de Pacini e o corpúsculo de

Ruffini. Os corpúsculos de Meissner encontram-se no interior das papilas

dérmicas, nas regiões de pele glabra; apresentam-se em grande quantidade nos

dígitos das mãos e dos pés, nos lábios e em áreas que são bem sensíveis,

mesmo a sutis estímulos táteis (MUNGER & IDE, 1988; PARÉ et al., 2001;

HOFFMANN et al., 2004; KIERSZENBAUM, 2008).

Os corpúsculos de Meissner são receptores de rápida adaptação

(HOFFMANN et al., 2004), sendo capazes de reconhecer exatamente qual o ponto

do corpo que foi tocado e a textura dos objetos que tocaram, possuem ainda,

capacidades nociceptoras. São receptores táteis, alongados ou ovóides, e seu

eixo longitudinal é perpendicular à superfície. Apresentam uma bainha fina de

tecido conjuntivo e, no seu interior, células achatadas que subdividem o

corpúsculo em pequenos compartimentos transversais. De duas a seis fibras

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nervosas derivadas de axônio do tipo mielínico espesso, penetram entre as

células e se enroscam formando uma rede (GUYTON & HALL, 1986; JOHNSON,

2001; PARÉ et al., 2001; YOUNG & HEATH, 2001; KIERSZENBAUM, 2008).

Os corpúsculos de Pacini são mecanorreceptores (pressão) que se

apresentam sob a forma de uma terminação nervosa, envolvida por camadas

concêntricas; podem ter mais que 70 lamelas (JOHNSON, 2001) e essas são

formadas de tecido conjuntivo, rico em fibrilas, cujas células são contínuas com o

endoneuro. No centro há uma fibra nervosa terminal que perde sua bainha de

mielina ao penetrar no corpúsculo (BOULEY et al., 2007; GUSSEN, 2007;

KIERSZENBAUM, 2008; TSUNOZAKI & BAUTISTA, 2009). Sendo os maiores

receptores sensoriais da pele dos mamíferos (MUNGER & IDE, 1988), estão

presentes nas camadas profundas da derme e, em especial, na subcutânea da

pele (abundantemente nas regiões palmares e plantares e nas pontas dos dígitos),

nos ligamentos, periósteo, peritônio, mesentério, pâncreas, bexiga e outras

vísceras (no tecido conjuntivo em geral), podem chegar a um comprimento de 1 a

4 mm, visíveis a olho nú, como corpos brancos ovalados. Ao corte,

microscopicamente, tem o aspecto de uma cebola (MUNGER & IDE, 1988;

KUMAMOTO et al., 1993; GUSSEN, 2007).

Como os receptores dos corpúsculos de Pacini se adaptam em frações de

segundo, são estimulados apenas por movimentos muito rápidos, sendo

importantes na detecção de vibrações e de outras alterações rápidas (GUYTON &

HALL, 1986; YOUNG & HEATH, 2001; KIERSZENBAUM, 2008). Assim, os

componentes não neuronais deste corpúsculo podem apresentar as seguintes

funções: filtrar os estímulos mecânicos e controlar a modulação das propriedades

de resposta dos neurônios sensitivos (TSUNOZAKI & BAUTISTA, 2009). São

encontrados em diversos órgãos táteis de mamíferos, incluindo as mãos de

humanos e primatas não humanos, pés de ratos, coxins de cães e língua de

elefantes (BOULEY et al., 2007).

Os corpúsculos de Ruffini são terminações nervosas, multi ramificadas,

encapsuladas que se localizam na pele e nos tecidos mais profundos, bem como

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nas cápsulas articulares. Adaptam-se muito pouco, sinalizando a pressão e tato

contínuo aplicados à pele, ou o movimento em torno da articulação onde estão

localizados (GUYTON & HALL, 2000; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008).

A maioria desses receptores sensitivos tácteis transmite seus sinais por

meio de fibras mielinizadas relativamente grandes e com velocidade de condução

rápida. Porém, as terminações nervosas livres estão ligadas a pequenas fibras

mielinizadas e a fibras amielínicas do tipo C, que conduzem o impulso com

velocidade relativamente lenta (GUYTON & HALL, 2000). Assim, os sinais

sensitivos mais críticos são aqueles transmitidos por meio de fibras nervosas

sensitivas do tipo de condução rápida; e os mais grosseiros, como o tato

grosseiro, comichão e cócegas, são transmitidos através de fibras nervosas mais

lentas, as quais necessitam de um espaço menor nos nervos. (GUYTON & HALL,

1986).

Cada um dos receptores tácteis está relacionado na percepção da vibração,

embora diferentes receptores detectem freqüências diferentes de vibração. Os

corpúsculos de Pacini captam os estímulos vibratórios mais rápidos (30 a 800

ciclos por segundo) e estão ligados às grandes fibras mielinizadas, de “condução

rápida”. As vibrações de baixa freqüência (até 80 ciclos por segundo) estimulam

os corpúsculos de Meissner e outros receptores tácteis que, normalmente

transmitem com uma velocidade de condução relativamente baixa e se adaptam

mais lentamente que os corpúsculos de Pacini. (GUYTON & HALL, 2000)

2.7. Anexos cutâneos

Os folículos pilosos, glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas e unhas

são estruturas denominadas anexos cutâneos em virtude de sua origem

embriológica a partir de brotamentos que, originando-se na epiderme, penetram

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na derme e hipoderme (CALHOUN & STINSON, 1982; BANKS, 1992; GARTNER

& HIATT, 1999; SANTANA et al., 2000; HIB, 2003; BRAGULLA et al., 2004;

KIERSZENBAUM, 2008).

2.7.1 Pelos

A pelagem dos mamíferos é formada basicamente por dois tipos de pelos:

os denominados “pelos guardiões”, longos, eretos e cilíndricos; sob eles há os

pelos menores que formam uma densa e macia pelagem, a qual é responsável

pelo isolamento térmico (CHERNOVA, 2002; CHERNOVA, 2005), função esta,

que se caracteriza como papel básico dos pelos dos mamíferos. No entanto, é

importante destacar que a diversificada coloração da pelagem, entre as espécies,

possibilita a sinalização de um indivíduo para outros membros de seu grupo e

ainda lhe permite se camuflar conforme seu habitat, como defesa aos predadores

(POUGH et al., 2005).

Em decorrência do processo de evolução dos animais, observa-se grande

variação na coloração da pelagem das espécies, entretanto, os fatores exatos que

levaram a essa diversidade ainda não são precisamente conhecidos (CARO,

2005). Dentre as várias citações de CARO (2005), em seu estudo sobre o

significado da adaptação da coloração da pelagem dos mamíferos, estão

colocadas as observações de GLOGER (1883) sobre o fato de que as espécies de

mamíferos que habitam áreas de neve apresentam pelagem de coloração branca,

de outra forma, as que habitam regiões desérticas ou muito secas, sem

vegetação, apresentam uma tonalidade de pelagem pálida, enquanto que as

espécies que habitam lugares mais escuros como florestas tropicais e

subtropicais, possuem pelagem mais escura em tons de vermelho e cinza.

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Especificamente sobre os pelos, estes se apresentam como estruturas

filamentosas queratinizadas (CALHOUN & STINSON, 1982; HIB, 2003;

JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008), que ocorrem de forma variada no sistema,

desempenhando várias funções: isolamento, proteção e percepção sensorial

(BANKS, 1992).

Muitas espécies de roedores apresentam pelos rígidos e até mesmo

modificados em espinhos, como no porco-espinho (família Hystricidae), a quem

essa a estrutura oferece boa proteção contra seus predadores. No caso dos

outros roedores, cujos pelos são rígidos, mas não o suficiente para a proteção aos

predadores, a função dessa pelagem é a de protegê-los contra a chuva, promover

isolamento térmico e impermeabilidade (LEKAGUL & McNEELY, 1977)

Os pelos de roedores histricomorfos, mais específicamente da paca,

cobrem toda a superfície da cútis e estão organizados em grupos de três a quatro

cerdas, embora o mais comum seja em número de três. Estas cerdas são finas em

sua base, mas podem chegar a duplicar sua espessura em seu tamanho final.

Geralmente, pelos menores e mais delgados estão presentes entre a cerda central

e as cerdas adjacentes do mesmo grupo (GLOVER, 1940)

Os pelos são formados por três regiões: cutícula, córtex e medula. A

cutícula é a parte mais externa do pelo e é formada por uma monocamada de

células cúbicas queratinizadas anucleadas e sobrepostas. O córtex forma a maior

parte do cilindro do pelo. Ele é formado por várias camadas de células planas e

queratinizadas que contêm grânulos de melanina. A medula pode estar ausente

em alguns pelos. Na parte próxima ao bulbo é representada por células cúbicas

nucleadas unidas entre si. À medida que se distanciam do bulbo, estas células se

queratinizam e perdem o núcleo, evoluindo para a morte, aparecendo espaços

entre elas que são preenchidos com ar (BANKS, 1992; HIB, 2003). As

características cuticulares, corticais e medulares são tão específicas que a

identificação das espécies pode ser feita com um exame cuidadoso dessas

regiões (HIB, 2003).

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Cada pelo possui um setor visível e outro que se encontra no interior do

folículo piloso, que é uma estrutura tubular que se localiza na derme, embora, às

vezes, invada a hipoderme (YOUNG & HEATH, 2001; HIB, 2003; JUNQUEIRA &

CARNEIRO, 2008). A presença dos folículos pilosos e, consequentemente, a

presença de pelos, varia de acordo com as regiões corpóreas dos animais

(JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008). Especificamente aos roedores, foi observado

na região do carpo de cutias grande quantidade de folículos pilosos (REIS et al.,

2008).

Os folículos pilosos se formam a partir de invaginações da futura epiderme

para a derme subjacente. O início do desenvolvimento é marcado pelo

espessamento epidérmico que se transforma em um cordão celular proeminente.

O sólido cordão da epiderme que se invagina forma um canal, criando o espaço

para o futuro pelo. O restante da epiderme invaginada se continua com a bainha

externa da raiz. Esta bainha forma a matriz germinativa, com a qual é contínua, na

base do folículo em desenvolvimento. A matriz germinativa forma o pelo e a

bainha interna da raiz. Embora o afundamento epidérmico seja descrito como uma

invaginação para a derme, a lâmina basal separa as estruturas epidérmicas e

dérmicas (BANKS, 1992).

A parede do folículo piloso possui duas camadas epiteliais, denominadas

bainha interna e bainha externa. Além disso, seu extremo proximal apresenta uma

dilatação chamada bulbo piloso, a partir do qual o pelo se origina e cresce

(CALHOUN & STINSON, 1982; HIB, 2003; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008).

2.7.2 Glândulas Cutâneas

As glândulas da pele geralmente são as que estão associadas aos pelos.

Estas são as glândulas sebáceas e as glândulas tubulares da pele. As primeiras

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depositam os seus produtos de secreção no folículo; algumas podem se esvaziar

independentemente na superfície da pele. Algumas áreas não possuem glândulas

sebáceas como os coxins plantares, os cascos, garras, cornos e outros. As

glândulas tubulares da pele ocorrem em estreita associação aos folículos, ou se

abrem independentemente na superfície (BANKS, 1992; JUNQUEIRA, 2005).

Algumas glândulas écrinas foram encontradas em coxins de diferentes

roedores, mas pouco se sabe sobre a função específica destas glândulas. Há

suposições que as secreções das glândulas écrinas dos coxins servem para

proteger o estrato córneo, uma vez que nesta região corpórea, ele é espesso

devido ao atrito mecânico (HAFFNER, 1998).

Para HASHIMOTO et al. (1986) a função principal das glândulas écrinas

nos mamíferos não humanos não é a de dissipar calor, como nos primatas,

inclusive no homem, mas sim a de providenciar umidade suficiente nos coxins

evitando que o animal escorregue.

Comparando-se os coxins dos roedores escaladores aos dos roedores

escavadores, constatou-se que os coxins dos escaladores, além de macios e

úmidos, apresentavam-se maiores, e com maior quantidade de glândulas écrinas

do que os coxins dos escavadores, que por sua vez, eram ásperos, de aspecto

ressecado, menores e com menor quantidade de glândulas (HAFFNER, 1998).

Nestes animais a espessura da camada córnea de seus coxins está diretamente

relacionada com a quantidade de glândulas ai presentes. Essas glândulas

parecem estar relacionadas com a liberação de substâncias odoríferas, entretanto,

para as espécies escaladoras, elas são importantes na medida em que ao

liberarem sua secreção, umedecem a superfície em contato com os coxins,

aumentando assim, a fricção evitando que o animal escorregue (HAFFNER,

1998). Tal observação, quanto ao aspecto funcional dessas glândulas, também foi

exarada por STUMPH & WELCH (2002) ao estudarem os coxins de Rock Hyrax.

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2.7.2.1 Glândulas Sebáceas

As glândulas sebáceas associadas aos pelos são evaginações do

revestimento epitelial do canal da raiz na forma de glândulas alveolares simples

ramificadas (BANKS, 1992; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008), cujo epitélio está

unido ao tecido conjuntivo da derme pela lâmina basal correspondente (HIB,

2003). A natureza holócrina das glândulas sebáceas requer um suprimento

abundante de células. A luz do alvéolo está preenchida com células poliédricas.

Enquanto as células são empurradas para o centro da glândula, elas acumulam

lipídios e sofrem degeneração (BANKS, 1992; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008).

Os lipídios acumulados (ácidos graxos, colesterol) e a célula inteira constituem o

produto de secreção, o sebo (CALHOUN & STINSON, 1982; BANKS, 1992; HIB,

2003). A atividade dessas glândulas é influenciada por hormônios sexuais

(JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008).

As células basais do alvéolo estão conectadas ao canal da raiz por um

ducto excretor curto e largo que está revestido por epitélio pavimentoso

estratificado (BANKS, 1992; HIB, 2003). Na maioria dos casos, o ducto

desemboca em um folículo piloso, de modo que o epitélio do ducto se continua

com o epitélio da bainha radicular externa do folículo. A desembocadura se

encontra por cima da inserção do músculo eretor do pelo (HIB, 2003), que ao se

contrair pode espremer as glândulas e os produtos de secreção entram no folículo

espalhando-se pela superfície da pele (BANKS, 1992). Em alguns sítios, o ducto

excretor desemboca diretamente na epiderme e o sebo das glândulas sebáceas

não associadas a folículos pilosos é descarregado diretamente na superfície da

pele (YOUNG & HEATH, 2001; HIB, 2003).

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2.7.2.2 Glândulas Sudoríparas

Existem dois tipos de glândulas sudoríparas: as glândulas sudoríparas

écrinas (ou merócrinas) e as glândulas apócrinas. A glândula sudorípara écrina é

uma glândula tubulosa, simples e enovelada. Elas são muito desenvolvidas no

cavalo e no homem, estando ausentes nas aves (CALHOUN & STINSON, 1982;

BANKS, 1992; HIB, 2003; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008).

As glândulas sudoríparas écrinas apresentam epitélio cúbico (BANKS,

1992) e é formada por três tipos de células, uma mioepitelial e duas secretoras. As

secretoras são denominadas células claras e células escuras, e suas secreções

são merócrinas, do tipo aquoso e mucoso, respectivamente (HIB, 2003;

JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008).

A secreção das glândulas sudoríparas écrinas é denominada suor e sua

principal função é a termorregulação, pois esfria a pele quando se evapora sobre a

superfície cutânea. Esta sudorese termorreguladora é controlada pelas fibras

parassimpáticas do sistema nervoso autônomo. Na luz do adenômero, o suor

possui uma concentração relativamente alta de íons, similar ao plasma sanguíneo,

porem, quando sai à superfície, é hipotônico, pois a maioria dos íons são

reabsorvidos pelas células epiteliais do ducto excretor (HIB, 2003; JUNQUEIRA &

CARNEIRO, 2008).

As glândulas sudoríparas apócrinas são, de modo similar às écrinas,

tubulares simples e enoveladas, cujo adenômero se diferencia pois seu epitélio é

prismático baixo (BANKS, 1992) apresentando-se mais largo e mais volumoso

(HIB, 2003). A secreção desta glândula é merócrina. O ducto excretor possui um

epitélio similar ao das glândulas sudoríparas écrinas, porém não é capaz de

reabsorver íons (HIB, 2003), além disso, eles sempre desembocam em um folículo

piloso (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008).

De acordo com PEREIRA et al. (1980), a capivara se diferencia dos demais

roedores por apresentar glândulas sudoríparas na região da pele coberta por

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pelos. Em seus estudos sobre a pele da cabeça de roedores escavadores,

KLAUER et al. (1997) não encontraram glândulas sudoríparas apócrinas e écrinas

nesta região deste tipo de roedores.

2.8 Hipoderme

Abaixo da derme está a hipoderme, mais conhecida como tecido

subcutâneo, que é uma camada de tecido conjuntivo frouxo, formado em sua

maior parte por tecido adiposo e fica interposto entre a pele e as estruturas

subjacentes como os músculos e nervos. No tecido subcutâneo ainda se

encontram vasos sanguíneos que irão nutrir o tecido cutâneo e estruturas

nervosas que conferem à pele seu poder sensorial. Entretanto, a hipoderme ou

tecido subcutâneo não integra a estrutura da pele (SLOMINSK & WORTSMAN,

2000; HIB, 2003; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008).

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3. MATERIAL E MÉTODOS

A metodologia adotada neste estudo foi aprovada pela Comissão de Ética e

Bem Estar Animal (CEBEA), na reunião de 15 de Maio de 2009, sob o protocolo

de número 008621-09 (ANEXO I).

Neste trabalho foram utilizadas oito pacas adultas, sendo quatro fêmeas e

quatro machos, excedentes do plantel do Setor de Animais Silvestres do

Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de

Jaboticabal – UNESP, os quais foram descartadas para a seleção e manutenção

do equilíbrio entre machos e fêmeas no criatório estabelecido neste setor. Este

criatório é registrado junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis – IBAMA, como criatório de espécimes da fauna brasileira

para fins científicos, número do cadastro 482508, emitido em 03/03/2009 (Anexo

II).

Relativamente à eutanásia dos animais, esta foi efetuada mediante

administração de dosagem elevada dos agentes que usualmente se emprega para

anestesiar esses animais, ou seja, para anestesia desses roedores administra-se,

1mg midazolan por quilograma de peso corpóreo, via intramuscular, além da

associação de 20 mg por quilograma de peso corpóreo de cloridrato de quetamina

com 1,5 mg de cloridrato de xilazina, ambos na mesma seringa e aplicados via

intramuscular.

Para a realização da análise morfológica do tegumento das pacas, procedeu-

se exame macroscópico, microscópico e à microscopia eletrônica de varredura

das seguintes regiões cutâneas: cervical, torácica e medial do carpo, tanto do

antímero direito quanto do esquerdo, além dos coxins palmares e plantares como

ilustrado na Figura 1.

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Figura 1. Desenho esquemático de uma paca adulta, no qual se observam as demarcações (retângulos e setas) dos locais dos quais foram colhidos fragmentos de tegumento que foram analisados. (www.1-costaricalink.com/costa_rica_fauna/paca.htm)

Para o estudo macroscópico, logo após a eutanásia dos animais, analisaram-

se as regiões cutâneas estabelecidas, observando-se os tipos e intensidade dos

pelos encontrados, sua coloração e presença de outra característica peculiar. Para

a documentação foram feitos registros fotográficos.

Imediatamente após a eutanásia dos animais foram colhidos segmentos

das regiões cutâneas em questão e essas amostras foram divididas; parte delas

foi preparada para análise comparativa à microscopia de luz e parte, processada

para observação à microscopia eletrônica de varredura.

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O material destinado a análise à microscopia de luz foi fixado em solução

de McDowell (BARNARD, 1976) e, em seguida, processado para a inclusão em

parafina plástica (Histosec® - Merck).

As preparações histológicas foram obtidas mediante cortes semi-seriados,

respeitando-se espaçamento de 100µm entre eles, obtendo-se total de cinco

cortes por região para que se procedesse a análise morfométrica do material.

Para a inclusão do material foi realizada a rotina histológica convencional. A

seguir realizou-se a microtomia em micrótomo automático (Leica, RM-2155), com

auxílio de navalhas descartáveis, obtendo-se cortes de cinco micrômetros,

conforme descrito anteriormente. Os cortes foram corados com Hematoxilina-

eosina, Tricrômio de Masson no intuito de se observar a constituição geral do

tecido em estudo, além da reação do Acido periódico e Shiff (TOLOSA et al.,

2003), para possibilitar especificamente a visibilização da membrana basal e a

ocorrência secreção glandular, e conseqüente identificação destas estruturas.

As preparações histológicas foram analisadas em microscópio (Leica,

DM5000 B), ao qual está acoplada a câmera Leica DFC300FX pela qual

capturaram-se algumas imagens para a documentação. Todos os procedimentos

foram efetuados no Setor de Microscopia do Laboratório de Anatomia do

Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da Faculdade de Ciências

Agrárias e Veterinárias, Câmpus de Jaboticabal, UNESP.

Para a realização das análises morfométricas, as preparações histológicas

foram observadas ao miscroscópio (Leica, DM5000 B) ao qual está acoplada a

câmera Leica DFC300FX e foi utilizado o software de análise Leica Qwin® (Leica

Image Processing and Analysis Software – Leica Microsystem Ltd., Heerbrugg –

Switzerland).

Em cada lâmina que continha cinco cortes, foram mensuradas, em cada

corte, as estruturas em três campos distintos, totalizando dez medidas de cada

parâmetro avaliado por corte. Assim, obtiveram-se cinqüenta medidas de cada

parâmetro, para cada uma das regiões cutâneas analisadas de cada animal.

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Nas amostras cutâneas das regiões cervical, torácica e medial do carpo

foram avaliados os seguintes parâmetros: espessura da derme; espessura da

epiderme; espessura da camada córnea; espessura das fibras de colágeno da

região da derme reticular; área das células das glândulas sebáceas repletas de

conteúdo, neste caso visando avaliar sua capacidade de armazenamento.

Em relação aos coxins palmares e plantares, os parâmetros avaliados

foram as espessuras da derme, epiderme e sua camada córnea.

A derme foi mensurada em objetiva de 1,6x, considerando-se como limites

seu início na membrana basal, até seu término, imediatamente antes do começo

da hipoderme.

A epiderme, por sua vez, teve sua mensuração realizada em objetiva de

20x, medindo-se desde seu início, logo acima da membrana basal, até seu final,

na camada córnea que não se apresentasse descamada.

Concomitantemente, a camada córnea, foi mensurada também em objetiva

de 20X, tendo sua medida realizada desde sua origem, logo acima da camada

espinhosa, na cútis das regiões cervical, torácica e medial do carpo, enquanto que

nos coxins, era logo acima da camada lúcida, até o ponto em que a queratina não

se apresentava em processo de descamação.

A espessura das fibras de colágeno da derme reticular foi mensurada em

objetiva de 40x e foram avaliadas apenas as fibras colágenas que não se

apresentavam sobrepostas, ou dobradas, ou ainda fragmentadas. Do mesmo

modo, a área das células das glândulas sebáceas, foram obtidas em objetiva de

40x e foram mensuradas apenas as células que apresentavam-se repletas de

conteúdo.

Mediante aplicação da estatística descritiva (programa MINITAB versão 14)

calcularam-se, dos parâmetros analisados, os valores das médias, dos desvios

padrão e seus intervalos de confiança a 95%, buscando-se caracterizar

morfométricamente o tegumento de pacas machos e fêmeas adultas; para o

estabelecimento de comparações aplicou-se o teste “T” (p<0,001) nos valores

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encontrados para os parâmetros mensurados entre as diferentes regiões

estudadas, bem como para os diferentes sexos.

Para o estudo ultraestrutural, seguindo metodologia estabelecida pelo

Laboratório de Microscopia Eletrônica da FCAV/UNESP, parte das amostras

colhidas foram fixadas em solução de glutaraldeído a 2,5% por 24 horas, lavadas

em tampão fosfato 0,1M pH 7,4, pós-fixadas em tetróxido de ósmio a 1% por 2

horas, lavadas novamente em tampão fosfato, desidratadas em série crescente de

alcoóis (30 a 100%), durante pelo menos 20 minutos cada etapa, secas ao ponto

crítico no aparelho EMS® 850, metalizadas com átomos de ouro em aparelho

DESK II® (DESK II DETON VACCUN NJ, EUA) e examinadas ao microscópio

eletrônico de varredura JEOL® (JEOL® -JSM 5410 Tokyo-Japão), operando com

feixe de elétrons de 15 keV, onde, alguns espécimes foram documentados.

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4. RESULTADOS

Macroscopicamente a cútis das regiões laterais do pescoço e do tórax de

pacas, machos e fêmeas, ora analisados, apresentava-se revestida por cerdas

longas, espessas implantadas no sentido crâniocaudal, de coloração castanho

avermelhadas com pintas esbranquiçadas organizadas a formar faixas em posição

lateral (Figura 2).

Não se verificou presença de cerdas na cútis da região medial do carpo

sendo esta, apenas recoberta por finos pelos (Figura 2). Já a cútis da região dos

coxins palmares e plantares caracterizou-se por apresentar-se glabra (Figura 2).

Figura 2. Fotografias da cútis das regiões do pescoço (A); Tórax (B); região medial do carpo (C) e do coxim (D), de uma paca macho adulta.Observar no pescoço e no tórax a presença de cerdas (seta). Na região medial do carpo verifica-se apenas rareados pelos (cabeça de seta), enquanto que a região dos coxins apresenta-se glabra (círculo).

A B

C D

��

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Quanto à inserção das cerdas, estas se apresentavam arranjadas em

grupos de três ou quatro unidades, sendo o espaçamento entre esses grupos,

maior do que a distância entre as cerdas de um mesmo grupo (Figura 3).

Figura 3. Fotografia de uma paca macho adulta (A),com a região do tórax (seta) em destaque (B). A cútis teve uma parte depilada (tracejado) para facilitar a observação do arranjo das cerdas que se apresentavam agrupadas em número de 3 ou 4 (círculo) no sentido crânio caudal do corpo.

A

B

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Na inspeção a olho nu não foi possível observar presença de pelos

menores entre, ou mesmo próximo, a estas cerdas. Entretanto, com o auxilio da

microscopia eletrônica de varredura, pôde-se notar que entre as cerdas, nestas

regiões do tegumento em questão, existiam pelos mais finos e menores entre os

grupos de cerdas (Figura 4).

Figura 4. Eletrofotomicrografias de varredura da cútis da região do Tórax de uma paca macho adulta. Em A nota-se as cerdas (de maior espessura) agrupadas em 3 (barra). Em B é possível observar os pelos menos espessos que existem entre as cerdas do mesmo grupo (setas).

À microscopia de luz verificou-se que a pele de pacas adultas, tanto

machos quanto fêmeas, possuía superfície irregular caracterizando, nas regiões

analisadas, diferenças em suas dimensões. Verificou-se ainda, em todas as

amostras observadas, que a pele constituía-se de três camadas: epiderme, derme

e hipoderme; abaixo da hipoderme encontra-se o tecido muscular (Figura 5).

A B

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Figura 5. Fotomicrografia de corte perpendicular do tegumento da região do pescoço esquerdo de paca fêmea, onde é possível distinguir a epiderme (seta), derme (D), hipoderme (H) e tecido muscular (M). Observar a irregularidade da superfície da cútis (entre chaves). Coloração H. E. (1.6x).

Tal constituição para a cútis da paca também foi verificada nas amostras

observadas à microscopia eletrônica de varredura (Figura 6).

Figura 6. Eletrofotomicrografias de varredura. Em A observa-se a cútis da região do pescoço de Paca fêmea evidenciando a irregularidade de sua superfície (seta). Em B verifica-se a região do carpo de Paca macho, onde é possível notar a epiderme (E) e a derme (D).

D

H

M

��

��

A B

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Histologicamente a epiderme das regiões do pescoço, tórax e carpo medial,

nesses roedores, apresentava as camadas basal, espinhosa, granular e córnea,

evidenciando um tecido epitelial estratificado pavimentoso queratinizado, o qual

era formado, em sua maioria, por quatro a seis camadas de células. Na região do

carpo, em especial, o número de camadas celulares chegava a oito. Embora os

limites entre as áreas de transição das diferentes camadas fossem evidentes, as

camadas bem demarcadas eram a basal, que apresentavam células cúbicas com

núcleos esféricos bem corados e a córnea, formada por células pavimentosas

típicas; entretanto, a espinhosa e a granulosa eram menos distinguíveis,

caracterizando-se como camadas intermediárias (Firgura 7).

Figura 7. Fotomicrografia de cútis da região medial do carpo de paca macho adulta em que se

verifica na epiderme (EP) nítida camada basal com células cubóides (asterisco), além da camada córnea, com células anucleadas e pavimentosas, bem eosinofílicas (seta); um pouco menos evidente, as camadas espinhosa (�) e granulosa com células em processo de estratificação (�). H. E. (40x).

EP

∗∗∗∗���

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Ainda na epiderme verificou-se presença de queratinócitos, células de

Langerhans na camada espinhosa e melanócitos, cujos corpos celulares se

encontravam no estrato basal (Figura 8).

Figura 8. Fotomicrografia da epiderme do carpo medial esquerdo de paca macho adulto, com

destaque às células de Langerhans (CL) e melanócitos (ME). H.E. 40X.

Em quase todas as amostras de coxins plantares e palmares analisadas

nas pacas, a epiderme, além de apresentar de seis a dez camadas de células,

possuía um estrato a mais, o lúcido, situado entre os estratos granular e córneo,

este bem mais espesso que o das outras regiões corpóreas estudadas. Nos

coxins as células de Langerhans e os melanócitos eram escassos (Figura 9).

CL

ME

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Figura 9. Fotomicrografia de segmento do coxim plantar de paca macho adulto, onde se nota a presença de camada lúcida (barra), e a grande espessura da camada córnea (C). Coloração: H.E. 10X.

Abaixo da epiderme observou-se, em todas as regiões estudadas, a

presença de membrana basal, responsável pela separação entre a derme e a

epiderme e pela fixação dessas duas camadas, mantendo assim a arquitetura da

pele. Contudo, a visibilização da membrana basal na região dos coxins foi um

pouco menos evidente quando comparada com as demais regiões em estudo

(Figura 10).

Abaixo da membrana basal, foi encontrada a derme papilar ou superficial,

composta por uma parte de tecido conjuntivo frouxo, fibras colágenas finas e mais

esparsas. Nesta porção foi localizada a grande maioria, senão a totalidade, da

presença dos folículos pilosos, glândulas sebáceas e ainda a presença de grande

quantidade de vasos sanguíneos, capilares e terminações nervosas livres como

ilustrado nas Figuras 11 e 12.

C

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Figura 10. Em A, C e E: Fotomicrografias de corte perpendicular da cútis da região de pescoço de paca macho, coloração Hematoxilina-eosina (A); Tricromio de Masson (C) e ácido periódico e schiff (E) em aumento de 20X, onde é possível notar nitidamente a membrana basal (seta) abaixo da epiderme (EP). Em B, D e F: fotomicrografia de corte perpendicular da cútis da região de coxim palmar de paca macho coloração Hematoxilina-eosina (B); Tricromio de Masson (D) e ácido periódico e schiff (F) em aumento de 20X, onde observa-se menos nitidamente a membrana basal (seta) abaixo da epiderme (EP).

EP EP EP

EP

EP

EP

EP

EP

EP

EP EP

A B

C D

E F

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A derme reticular, sob a papilar, formava-se de tecido conjuntivo denso

modelado e não modelado, caracterizando-se pela grande quantidade de fibras

colágenas (Figura 13), entre elas verificou-se a presença de vasos de calibres

variados (Figura 14).

Figura 11. Fotomicrografia de corte perpendicular da cútis da região de pescoço de paca macho, onde é possível diferenciar a derme papilar (DP), onde estão presentes a maioria dos folículos pilosos (FP), terminações nervosas (TN) e glândulas sebáceas (GS) e a derme reticular (DR), composta em sua maioria por colágeno e vasos. H.E.10X.

FP DP

GS

DR TN

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Figura 12. Eletrofotomicrografia de varredura de corte perpendicular da cútis de região torácica de paca macho, em que é possível observar a derme papilar onde estão presentes folículos pilosos (FP) glândulas sebáceas (setas) e fibras de colágeno mais finas e esparsas (FC).

Figura 13. Eletrofotomicrografia de varredura de corte perpendicular da cútis da região do pescoço de paca macho, com destaque para o tecido conjuntivo denso não modelado (seta).

FP

FP

FP

FC

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Figura 14. Eletrofotomicrografia de varredura de corte perpendicular da cútis da região do carpo esquerdo de paca fêmea, ilustrando um vaso sanguineo (seta) de aproximadamente 50µm de diâmetro, em meio à derme reticular.

As fibras de colágeno da porção da derme reticular das regiões cervical e

torácica de pacas macho e fêmea, à observação pela microscopia de luz e de

varredura, eram maiores do que as mesmas fibras encontradas na região medial

do carpo desses animais, como pode ser comprovado pela figura 15.

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Figura 15. Fotomicrografia de Luz H.E. 40X (A e B) e eletrofotomicrografia de varredura (C e D)

de corte perpendicular da cútis da região do pescoço de paca macho (A e C) e medial do carpo (B e D), ilustrando a diferença entre a espessura das fibras de colágeno da derme reticular quando comparadas ao mesmo tamanho de aumento (barras e setas).

À observação microscópica de luz e eletrônica de varredura, notou-se que

as glândulas sebáceas se encontravam em maior parte na derme papilar, sempre

próximo a um folículo piloso ou a seu bulbo (Figuras 16, 17 e 18). Nas glândulas

holócrinas sebáceas adjacentes foram evidenciadas células tronco achatadas e

periféricas, e células redondas em amadurecimento com o citoplasma

A B

C D

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vacuolizado. As regiões do pescoço, tórax e medial do carpo de pacas machos e

fêmeas, apresentavam número e tamanho de glândulas sebáceas semelhantes,

porém, na região medial do carpo, estas eram bem menores e em maior número

quando comparadas às glândulas das duas outras regiões.

Figura 16. Fotomicrografia de corte perpendicular da cútis da região de pescoço de paca

macho, em que se observa o bulbo de um folículo piloso (B) e glândulas sebáceas (GS) em sua base. Observar que as glândulas repletas de secreção apresentavam–se escuras (seta); as glândulas com pouco conteúdo eram mais claras (�). H.E. 40X.

Na hipoderme dos coxins palmares e plantares verificou-se a presença de

características glândulas écrinas intercaladas a aglomerados de tecido adiposo

(Figura 19 e 20).

B

GS

GS

��

��

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��

Figura 17. Fotomicrografia de corte perpendicular da cútis da região de

pescoço de paca macho, em que se observam glândulas sebáceas. A coloração com a reação de PAS permite diferenciar as células repletas de secreção (GSR), daquelas que já perderam seu conteúdo e estão vazias (GSV).

Figura 18. Eletrofotomicrografia de varredura de corte perpendicular da cútis da região do tórax de paca fêmea, em que é possível se observar o pelo (P), seu folículo (FP) as glândulas sebáceas adjacentes (GC).

GC

P FP

GC

GSR

GSV

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Figura 19. Fotomicrografia de corte perpendicular da cútis da região de coxim de paca macho adulta, onde se observa a derme (DE) e na hipoderme (HP) presença de glândulas écrinas (seta) intercaladas a aglomerados de tecido adiposo (�). H.E. 40X.

Figura 20. Fotomicrografia de corte perpendicular da cútis da região de coxim de paca macho adulta, onde se observa a hipoderme (HP) e a presença de glândulas écrinas (seta) PAS. 20X.

DE

HP ��

��

��

HP

HP

HP

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Ainda, em todas as regiões corpóreas analisadas foram observados à

microscopia de luz, diversos feixes nervosos nas regiões superficial e profunda da

derme reticular e hipoderme (Figura 21).

Figura 21. Fotomicrografia de cortes perpendiculares da cútis de paca macho adulta H.E. em que é possível observar a presença de terminações nervosas (setas) nas diferentes regiões corpóreas e vasos (V): A porção reticular superficial da derme da região cervical lateral, 20x; B hipoderme da região cervical lateral, 40x; C porção reticular profunda da derme da região medial do carpo, 20x; D hipoderme da região medial do carpo, 20x.

Exclusivamente à análise microscópica dos coxins palmares e plantares,

foram encontrados os corpúsculos de Pacini e de Meissner, estruturas estas que

não foram observadas nas demais regiões estudadas. Os corpúsculos de Pacini

que estão envolvidos na percepção da pressão foram encontrados apenas na

A B

C D

V

V

V

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hipoderme dos coxins (Figura 22), enquanto que os corpúsculos de Meissner, que

estão envolvidos na percepção tátil, foram verificados somente nas papilas

dérmicas desta região (Figura 23).

Figura 22. Fotomicrografias de cortes perpendiculares das cútis de paca macho adulta da região de

coxim palmar (A), em que se observam dois corpúsculos de Pacini (CP) na porção da hipoderme em meio às glândulas écrinas (GE) e tecido adiposo (TA), H.E. 20x e coxim plantar (B) em que se observam as partes de um corpúsculo de Pacini: terminal de fibra nervosa (TFN); espaço interlamelar (EIL); lamelas concêntricas (LC) e cápsula externa (CE), H.E. 40x.

Figura 23. Fotomicrografias de cortes perpendiculares das cútis de paca macho adulta da região de coxim palmar (A), em que se observam dois corpúsculos de Meissner (CM) em meio às papilas dérmicas, H.E. 20x e coxim plantar (B) em que se observam em maior detalhe os corpúsculos de Meissner (CM) no meio das papilas dérmicas, H.E. 40x.

A B

CP

TA TA

GE

TFN

EIL

LC

CE

A B CM CM

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Os aspectos morfométricos da cútis de pacas, ora analisados, estão

descritos em sequência. Assim, a Tabela 1 registra e a Figura 24 ilustra os valores

das médias das medidas da derme, epiderme e camada córnea, referentes aos

coxins plantar e palmar das pacas observadas.

Tabela 1. Valores (µm) da média, desvio padrão e intervalo de confiança a 95%, do tamanho da derme, epiderme e sua camada córnea dos coxins palmares e plantares de pacas adultas. Jaboticabal, FCAV – UNESP, 2009.

DERME EPIDERME CAMADA CÓRNEA

Coxim Palmar

Coxim Plantar

Coxim Palmar

Coxim Plantar

Coxim Palmar

Coxim Plantar

Média

1019,80

1406,80

425,79

440,71

253,06

236,75

Desvio Padrão

± 241,40 ± 317,70 ± 97,64 ± 68,81 ± 81,38 ± 45,80

Intervalo de

confiança a 95%

951,20 -

1088,40

1316,50 –

1497,10

398,04 –

453,54

421,15 –

460,27

229,94 –

276,19

223,74 –

249,77

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Figura 24. Representação gráfica dos valores médios (µm) da espessura da epiderme, derme e camada córnea das regiões dos coxins palmares e plantares de pacas adultas.

Analisando os valores médios das medidas referentes aos coxins palmares

e plantares, verificou-se que a derme do coxim plantar se apresentou

significativamente maior do que a do coxim palmar (p<0,001). Entretanto, em

relação as diferenças entre as espessuras da epiderme e camada córnea,

comparando-se os coxins palmares e plantares, não se verificou diferenças

significativas (p=0,539 e p=0,220 respectivamente).

Os valores da média, desvio padrão e intervalo de confiança à 95% (totais,

considerando tanto os valores do antímero direito, quanto o do esquerdo), da

espessura da epiderme das regiões cervical, torácica e medial do carpo de pacas

macho e fêmeas estão registrados na Tabela 2 e ilustrados na Figura 25.

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Tabela 2. Valores (µm) da média, desvio padrão e intervalo de confiança à 95%, do tamanho da epiderme das regiões do pescoço, tórax e carpo de pacas machos e fêmeas. Jaboticabal, FCAV – UNESP, 2009.

Pescoço Macho

Pescoço Fêmea

Tórax Macho

Tórax Fêmea

Carpo Macho

Carpo Fêmea

Média

36,82

31,20

37,11

32,78

49,79

40,09

Desvio Padrão

± 4,57 ± 3,80 ± 4,87 ± 3,59 ±3,71 ± 3,22

Intervalo de

confiança a 95%

36,18 –

37,45

30,67 –

31,73

36,46 –

37,79

32,28 –

33,28

49,47 –

50,51

48,64 –

49,54

Figura 25. Representação gráfica dos valores médios (µm) da espessura da

epiderme das regiões cervical, torácica e medial do carpo de pacas adultas, machos e fêmeas.

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Quanto a espessura da epiderme, nas regiões cervical, torácica e medial do

carpo de pacas adultas, machos e fêmeas, constatou-se que os machos possuem

a epiderme das regiões cervical e torácica significativamente (p<0,001) mais

espessa do que as fêmeas, entretanto, essa diferença de espessura da epiderme

na região medial do carpo, não foi significativa (p=0,411) entre machos e fêmeas.

Constatou-se também, que a espessura da mesma variável aumenta

significativamente (p<0,001) em tamanho, da região cervical em direção à

torácica. Particularmente à região medial do carpo, esse valor é significativamente

(p<0,001) maior do que os das outras regiões corpóreas analisadas.

Os valores da média, desvio padrão e intervalo de confiança à 95% (totais,

considerando tanto os valores do antímero direito, quanto o do esquerdo), da

espessura da camada córnea das regiões cervical, torácica e medial do carpo de

pacas macho e fêmeas estão registrados na Tabela 3 e ilustrados na Figura 26.

Tabela 3. Valores (µm) da média, desvio padrão e intervalo de confiança à 95%, do tamanho da camada córnea das regiões do pescoço, tórax e carpo de pacas machos e fêmeas. Jaboticabal, FCAV – UNESP, 2009.

Pescoço Macho

Pescoço Fêmea

Tórax Macho

Tórax Fêmea

Carpo Macho

Carpo Fêmea

Média

7,73

6,86

7,13

6,66

6,49

5,64

Desvio Padrão

± 1,56 ± 1,36 ± 1,29 ± 1,12 ± 1,09 ± 0,70

Intervalo de

confiança a 95%

7,52 -

7,95

6,67 –

7,05

6,95 –

7,31

6,51 –

6,82

6,34 –

6,65

5,54 –

5,74

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Figura 26. Representação gráfica dos valores médios (µm) da espessura da camada córnea das regiões cervical, torácica e medial do carpo de pacas adultas, machos e fêmeas.

Quanto a espessura da camada córnea, nas regiões cervical, torácica e

medial do carpo de pacas adultas, machos e fêmeas, constatou-se que os machos

possuem essa camada significativamente (p<0,001) mais espessa do que as

fêmeas e que essa espessura diminui também significativamente (p<0,001) em

tamanho, da região cervical em direção à torácica. Particularmente à região medial

do carpo, esse valor é significativamente (p<0,001) menor do que os das outras

regiões corpóreas analisadas.

Os valores da média, desvio padrão e intervalo de confiança à 95% (totais,

considerando tanto os valores do antímero direito, quanto o do esquerdo), da

espessura da derme das regiões cervical, torácica e medial do carpo de pacas

macho e fêmeas estão registrados na Tabela 4 e ilustrados na Figura 27.

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Tabela 4. Valores (µm) da média, desvio padrão e intervalo de confiança à 95%, do tamanho da derme das regiões do pescoço, tórax e carpo de pacas machos e fêmeas. Jaboticabal, FCAV – UNESP, 2009.

Pescoço Macho.

Pescoço Fêmea

Tórax Macho

Tórax Fêmea

Carpo Macho

Carpo Fêmea

Média

3120,90

2768,20

2446,50

2197,10

1287,00

1175,00

Desvio Padrão

± 40,30 ± 183,60 ± 273,40 ± 221,80 ± 98,50 ± 101,70

Intervalo de

confiança a 95%

3073,90 –

168,30

2742,60 –

2793,80

2408,40 –

2484,70

2197,10 –

2228,00

1273,50 –

1301,00

1160,80 –

1189,20

Figura 27. Representação gráfica dos valores médios (µm) da espessura da derme das regiões cervical, torácica e medial do carpo de pacas adultas, machos e fêmeas.

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Quanto à espessura da derme, nas regiões cervical, torácica e medial do

carpo de pacas adultas, machos e fêmeas, constatou-se que os machos possuem

essa camada significativamente (p<0,001) mais espessa em relação às fêmeas e

que essa espessura diminui significativamente (p<0,001), em tamanho, da região

cervical em direção à torácica. Particularmente à região medial do carpo, esse

valor é significativamente (p<0,001) menor do que os das outras regiões

corpóreas analisadas.

Os valores da média, desvio padrão e intervalo de confiança à 95% (totais,

considerando tanto os valores do antímero direito, quanto o do esquerdo), da

espessura das fibras de colágeno da derme reticular das regiões cervical, torácica

e medial do carpo de pacas macho e fêmeas estão registrados na Tabela 5 e

ilustrados na Figura 28.

Tabela 5. Valores (µm) da média, desvio padrão e intervalo de confiança à 95%, do tamanho das fibras de colágeno da derme reticular das regiões do pescoço, tórax e carpo de pacas machos e fêmeas. Jaboticabal, FCAV – UNESP, 2009.

Pescoço Macho

Pescoço Fêmea

Tórax Macho

Tórax Fêmea

Carpo Macho

Carpo Fêmea

Média

11,24

11,36

10,12

10,23

5,13

4,68

Desvio Padrão

± 1,50 ± 1,64 ± 1,16 ± 1,15 ± 0,88 ± 0,84

Intervalo de

confiança a 95%

11,08 –

11,45

11,13 –

11,59

9,96 –

10,28

10,07 –

10,39

5,55 –

5,75

4,50 –

4,69

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Figura 28. Representação gráfica dos valores médios (µm) da espessura das fibras de colágeno da derme reticular das regiões cervical, torácica e medial do carpo de pacas adultas, machos e fêmeas.

Em relação à espessura das fibras de colágeno da derme reticular, pode-se

afirmar que o valor decresce muito pouco, embora significativamente (p<0,001) da

região cervical à torácica, entretanto, quando comparadas às fibras da região

medial do carpo, estas se apresentam aproximadamente 50% significativamente

(p<0,001) menores que as das outras regiões corpóreas em questão. O tamanho

dessas fibras, nas regiões cervical e torácica não difere significativamente

(p<0,001) entre machos e fêmeas, entretanto na mesma comparação, há

diferença significativa (p<0,001) na região medial do carpo.

Os valores da média, desvio padrão e intervalo de confiança à 95% (totais,

considerando tanto os valores do antímero direito, quanto o do esquerdo), da área

das células das glândulas sebáceas das regiões cervical, torácica e medial do

carpo de pacas macho e fêmeas estão registrados na Tabela 6 e ilustrados na

Figura 29.

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Tabela 6. Valores (µm2) da média, desvio padrão e intervalo de confiança à 95%, da área das células das glândulas sebáceas das regiões do pescoço, tórax e carpo de pacas machos e fêmeas. Jaboticabal, FCAV – UNESP, 2009.

Pescoço Macho

Pescoço Fêmea

Tórax Macho

Tórax Fêmea

Carpo Macho

Carpo Fêmea

Média

546,41

614,93

395,94

415,17

313,81

360,57

Desvio Padrão

± 27,91 ± 116,79 ± 79,14 ± 71,10 ± 46,83 ± 50,51

Intervalo de

confiança a 95%

528,50 –

564,25

598,64 –

631,21

384,91 –

406,98

405,25 –

320,08

307,28 –

320,34

353,52 –

367,61

Figura 29. Representação gráfica dos valores médios (µm2) da área das células das glândulas sebáceas das regiões cervical, torácica e medial do carpo de pacas adultas, machos e fêmeas.

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Quanto à área das células das glândulas sebáceas, nas regiões cervical,

torácica e medial do carpo de pacas adultas, machos e fêmeas, constatou-se que

as fêmeas possuem essas células significativamente (p<0,001) maiores do que os

machos e que essa espessura diminui significativamente (p<0,001), em área, da

região cervical em direção à torácica. Particularmente à região medial do carpo,

esse valor é significativamente (p<0,001) menor do que os das outras regiões

corpóreas analisadas.

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5. DISCUSSÃO

Verificou-se, em todos os animais estudados nesta oportunidade,

organização da pelagem em grupos de três a quatro pelos, características estas,

iguais às descritas por GLOVER, (1940) para os histricomorfos especialmente

para o Cuniculus paca, ou seja, todo o corpo desses animais está coberto de

pelos que se apresentam agrupados em três a quatro cerdas.

Observou-se ainda que a pelagem das pacas compunha-se de pelos bem

rígidos (MONDOLFI, 1972; SILVA, 1994). Este atributo é peculiar de alguns

roedores e embora não ofereça proteção suficiente contra os predadores, protege

o animal da chuva e promove tanto isolamento térmico quanto impermeabilidade

(LEKAGUL & McNEELY, 1977).

Não se verificou presença de pelos espessos na região medial do carpo das

pacas deste estudo sendo essa região, apenas recoberta por finos e curtos pelos.

Já, a cútis da região dos coxins palmares e plantares caracterizou-se por

apresentar-se glabra, característica específica dessa área corpórea mesmo em

outras espécies (AFFOLTER & MOORE, 1994).

A coloração do pelame das pacas ora estudadas se apresentava variando

do castanho-pardo ao castanho-avermelhado, com faixas laterais, longitudinais,

mais claras (MONDOLFI, 1972; SILVA, 1994).

A peculiar tonalidade dos pelos da paca segue os princípios exarados por

CARO (2005), sobre a influência que o processo evolutivo exerce na grande

variação na coloração do pelame observada nas espécies; também estão de

acordo com as observações de GLOGER (1883), registradas por CARO (2005),

de que as espécies que habitam lugares mais escuros como florestas tropicais e

subtropicais, possuem pelagem mais escura em tons de vermelho e cinza.

Enfim, a arquitetura e coloração da pelagem das pacas, ao lhes conferirem

a propriedade do mimetismo, além de certa impermeabilidade e ainda a

possibilidade de controle térmico (LEKAGUL & McNEELY, 1977), propicia a

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sobrevivência da espécie nas regiões neotropicais, sempre próxima aos rios ou

riachos, já que esses animais têm o costume de mergulhar (MONDOLFI, 1972;

SILVA, 1994).

De modo geral a cútis da paca se estrutura em duas camadas, epiderme e

derme, conforme descrições para os mamíferos, na literatura especializada

(BANKS, 1992; HIB, 2003; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008; KIERSZENBAUM,

2008).

Histologicamente a epiderme das regiões do pescoço, tórax e carpo medial,

das pacas, apresenta as seguintes camadas: basal, espinhosa, granular e córnea,

evidenciando um tecido epitelial estratificado pavimentoso queratinizado,

estruturação esta, condizente com os registros existentes para os mamíferos em

geral (BANKS, 1992; HIB, 2003; KIERSZENBAUM, 2008; REIS et al., 2008).

Verificou-se na epiderme das pacas, que as camadas bem demarcadas

eram a basal, e a córnea, pois apresentavam sua estrutura como de praxe,

descritas para outros mamíferos (BANKS, 1992; HIB, 2003; JUNQUEIRA &

CARNEIRO, 2008). Entretanto, a espinhosa e a granulosa eram menos

distinguíveis, diferenciando-se das afirmativas encontradas em alguns tratados

clássicos de histologia (BANKS, 1992; HIB, 2003; JUNQUEIRA & CARNEIRO,

2008).

A epiderme dos coxins palmares e plantares apresentou, além das

camadas basal, espinhosa, granulosa e córnea, também a camada lúcida, entre a

granulosa e a córnea, que é característica da epiderme de regiões glabras

(BANKS, 1992; MONTEIRO-RIVIERE et al., 1993; AFFOLTER e MOORE, 1994;

BAL, 1996; BACHA & BACHA, 2004).

Na epiderme de todas as regiões analisadas nesta oportunidade, verificou-

se presença predominante de queratinócitos, ocorrência de células de

Langerhans, as quais, em sua maioria, encontravam-se na camada espinhosa,

além de melanócitos, cujos corpos celulares se localizavam no estrato basal (HIB,

2003; BRAGULLA et al., 2004; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008); entretanto, nos

coxins, as células de Langerhans e os melanócitos eram escassos. Além disso, à

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observação exploratória pela microscopia de luz, a epiderme destas regiões, como

já se esperava, pareceu ser mais espessa; também sua camada córnea,

apresentava-se mais grossa que a das demais regiões estudadas e ainda

apresentava na epiderme dos coxins, na mesma comparação, maior quantidade

de papilas dérmicas (LAVKER, 1991; YAGER & WILCOCK, 1994; YABUKI, 2007).

Abaixo da epiderme observou-se a presença de membrana basal, assim

como se verifica na cútis dos mamíferos em geral (BAL, 1996; SLOMINSKI &

WORTSMAN, 2000; HIB, 2003).

Identificou-se, nesta oportunidade, a presença da membrana basal, tanto

nas amostras histológicas coradas com hematoxilina-eosina, quanto naquelas

coradas com o tricrômio de Masson e com o ácido periódico e Schiff, contrariando

os relatos de MONTEIRO-RIVIERE et al. (1993), ao descreverem que em cortes

corados pela hematoxilina-eosina, a zona da membrana basal é de difícil

identificação, mas em cortes pelo ácido periódico e Schiff (PAS) essa zona pode

ser mais visível.

A membrana basal, neste estudo, foi bem visibilizada em todas as

preparações histológicas das regiões do pescoço, do tórax e medial do carpo,

sendo um pouco menos evidente na região dos coxins, situação esta diferente das

colocações de AFFOLTER & MOORE (1994) ao comunicarem que a membrana

basal é mais facilmente observada principalmente nos coxins; tal fato acontece,

provavelmente, devido a irregularidade existente na junção dermo-epidérmica dos

coxins das pacas, embora análises mais detalhadas devam ser realizadas para

comprovar esta ocorrência.

Relativamente à derme da cútis observou-se nas regiões analisadas das

pacas a presença da derme papilar e da reticular, cada uma delas com seus

respectivos componentes (BANKS, 1992; SLOMINSKI & WORTSMAN, 2000;

YOUNG & HEATH, 2001; HIB, 2003; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008), embora

para BANKS (1992), o limiar entre essas duas camadas dérmicas é muito tênue e

no caso de ratos essa delimitação praticamente inexiste (SANTOS et al., 2006).

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Foram encontradas no tegumento das pacas glândulas sebáceas nas

regiões do pescoço, do tórax e medial do carpo e na maioria das vezes, essas

glândulas se localizavam na derme papilar, sempre próximo a um folículo piloso

ou a seu bulbo, à semelhança do que foi descrito para o tegumento de outros

mamíferos (YOUNG & HEATH, 2001; HIB, 2003). Entretanto, não foi verificada

nenhuma glândula sebácea na cútis dos coxins palmares e plantares desses

roedores, uma vez que são áreas glabras (BANKS, 1992; BAL, 1996; BACHA &

BACHA, 2004).

Assemelhando-se, em parte, com as observações de KLAUER et al. (1997)

que não encontraram glândulas sudoríparas na região de cabeça de roedores

escavadores e em concordância com as descrições de PEREIRA et al. (1980)

sobre a capivara, ao relatarem que esses roedores são os únicos a apresentarem

glândulas sudoríparas na região da pele coberta por pelos, na paca não se

observou este anexo cutâneo em quaisquer das regiões pilosas analisadas.

Talvez a pelagem característica de certos roedores (LEKAGUL & McNEELY,

1977), inclusive da própria paca, seja a causa da ausência de glândulas

sudoríparas em seu tegumento.

Entretanto, exclusivamente na hipoderme dos coxins palmares e plantares

das pacas verificou-se a presença de características glândulas écrinas, também

consideradas sudoríparas (HIB, 2003; JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008),

intercaladas a aglomerados de tecido adiposo, esta situação peculiar é

considerada uma característica marcante para os mamíferos em geral (BANKS,

1992; SCOTT et al., 2001; DUNSTAN, 2002).

Para HASHIMOTO et al. (1986), a função principal das glândulas écrinas

nos mamíferos não humanos, não é a de dissipar calor, como nos primatas,

inclusive no homem, mas sim, a de providenciar umidade suficiente nos coxins,

evitando que o animal escorregue. Há suposições que as secreções das glândulas

écrinas dos coxins sirvam para proteger o estrato córneo, uma vez que nesta

região corpórea, este estrato é espesso devido ao atrito mecânico (HAFFNER,

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1998). Além disso, parece também que essas glândulas estejam relacionadas com

a liberação de substâncias odoríferas (STUMPH & WELCH, 2002).

Foram observados ainda, à microscopia de luz, diversos feixes nervosos

nas regiões superficial e profunda da derme reticular da paca e também na

hipoderme, tal qual acontece nos mamíferos em geral (HIB, 2003; JUNQUEIRA &

CARNEIRO, 2008).

À análise microscópica, apenas no tegumento dos coxins palmares e

plantares da paca foram verificados os corpúsculos de Pacini e de Meissner.

Embora os corpúsculos de Pacini, estruturas relacionadas à percepção da

pressão, tenham sido encontrados apenas na hipoderme dos coxins desses

roedores, estes mecanorreceptores podem ser observados em outras estruturas e

vísceras do organismo dos mamíferos (MUNGER & IDE, 1988; KUMAMOTO et

al., 2001; GUSSEN, 2007). Nesse caso seriam necessários estudos mais

direcionados para a constatação desta ocorrência nas pacas.

Os corpúsculos de Meissner, que estão envolvidos na percepção tátil, foram

encontrados apenas nas papilas dérmicas dos coxins, tal qual as descrições

relativas aos mamíferos em geral (MUNGER & IDE, 1988; PARÉ et al., 2001;

HOFFMANN et al., 2004; KIERSZENBAUM, 2008).

Em relação aos resultados das análises morfométricas obtidos para cada

parâmetro estudado, no que se refere aos coxins da paca, apenas o valor da

média da espessura da derme dos coxins palmar e plantar, quando comparados,

foram significativos, sendo a derme do coxim plantar mais espessa que a do coxim

palmar. Levando-se em consideração que entre ambos os coxins não houve

diferenças significativas quanto às espessuras de suas epidermes e camadas

córnea, pode-se inferir que a derme é mais espessa no coxim plantar devido ao

hábito desses animais apreenderem e levarem os alimentos à boca com a

extremidade de seu membro torácico, tal qual outros roedores (WHISHAW et al.,

1998) e assim utilize mais as extremidades de seus membros pélvicos para apoio

no momento de se alimentar, propiciando ou necessitando do espessamento da

derme nesta região.

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É importante salientar ainda, que a epiderme dos coxins, tanto plantares

quanto palmares, são bem mais espessas quando comparadas com as das

regiões do pescoço, do tórax e medial do carpo, inclusive, devido ao denso estrato

córneo encontrado nessa área do tegumento, uma vez que os coxins possuem um

tipo de pele caracterizada como glabra e consequentemente mais grossa

(LAVKER, 1991; YAGER & WILCOCK, 1994; YABUKI, 2007).

Comparando-se os resultados morfométricos das variáveis referentes às

regiões cervical, torácica e medial do carpo, analisadas entre machos e fêmeas de

pacas, verificou-se que os machos apresentam espessura da camada córnea e da

derme de todas as regiões avaliadas, além da espessura da epiderme das regiões

cervical e torácica, bem como a espessura das fibras de colágeno da derme

reticular da região medial do carpo, significativamente maiores (p<0,001) do que

as das fêmeas. AZZI, et al. (2005) também relataram que a cútis humana de

homens é mais espessa que a das mulheres, assim como YABUKI et al. (2007)

observaram que a epiderme da região medial da coxa, nos “miniature pig”

machos, apresentava-se mais espessa do que nas fêmeas

De acordo com AZZI, et al. (2005) entre os componentes da pele há uma

série de estruturas andrógeno-sensitivas e os hormônios esteróides além de

influenciarem na espessura da pele, exercem efeitos específicos em suas

diferentes camadas e em seus anexos.

Embora se tenha constatado que o valor médio da área das células das

glândulas sebáceas, repletas de secreção, nas fêmeas de paca, era

significativamente (p=0,000) maior, quando comparado ao dos machos, não se

pode afirmar que há maior produção de sebo nas fêmeas, pois é necessário a

realização de análises quantitativas específicas, tanto no que se refere à área

glandular, quanto à quantidade de glândulas para complementarem essas

informações. Entretanto, é possível atribuir tal situação à presença de

progesterona, já que este hormônio estimula a secreção sebácea em ratas

(SHUSTER et al.,1977).

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Constatou-se também, na paca, que tanto a espessura da camada córnea e

da derme, quanto a espessura das fibras de colágeno da derme reticular e ainda

que a área das células repletas das glândulas sebáceas, aumentam

significativamente (p<0,001), em tamanho, da região cervical em direção à

torácica e da torácica em direção à região medial do carpo, em concordância às

colocações de MAYER (1952) e MONTAGNA (1967) sobre a possibilidade de

haver diferenças na arquitetura da pele, mesmo em um mesmo animal,

dependendo das regiões corpóreas estudadas.

Particularmente à espessura da epiderme, nas pacas, esta se apresenta

mais espessa na região cervical do que na torácica, entretanto, na região medial

do carpo, o valor foi significativamente (p<0,001) maior do que os das regiões

cervical e torácica, provavelmente porque na região medial do carpo não se

observaram pelos longos ou mesmo cerdas, e consequentemente, sua epiderme

se apresentava mais espessa, tal qual ocorre em regiões corpóreas de outros

mamíferos, com pouco revestimento piloso (AFFOLTER & MOORE, 1994).

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6. CONCLUSÃO

Mediante a metodologia utilizada e os resultados encontrados neste

trabalho, acredita-se poder concluir que nas pacas:

1. A arquitetura e coloração de sua pelagem possui atributos peculiares

tal qual ocorre em alguns roedores.

2. Seu tegumento apresenta-se histologicamente semelhante ao

tegumento dos demais mamíferos em geral, exceto pela ausência de glândulas

sudoríparas na região cutânea coberta por pelos, pois as glândulas sudoríparas

écrinas encontram-se nos coxins palmares e plantares.

3. Mediante análise morfométrica de diferentes regiões do tegumento

de machos e fêmeas, pode-se inferir que a arquitetura da cútis desses animais

apresenta diferenças quando comparada entre os sexos e também entre as

regiões cutâneas de um mesmo animal.

4. Os coxins plantares apresentam derme mais espessa que a dos

palmares e ambos apresentam suas epidermes e camadas córneas mais

espessas que as das demais regiões estudadas.

5. Os machos apresentam espessura da camada córnea e da derme,

assim como também a espessura da epiderme das regiões cervical e torácica,

além da espessura das fibras de colágeno da região medial do carpo,

significativamente maiores do que das fêmeas.

6. As pacas fêmeas apresentam a área das células repletas de

secreção das glândulas sebáceas maiores do que os machos.

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