O Impacto Dos Aerogeradores Sobre a Avifauna e Quiropterofauna No Brasil

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    CENTRO DE CINCIAS BIOLGICASDEPARTAMENTO DE ECOLOGIA E ZOOLOGIA

    IMPACTO DOS AEROGERADORES SOBRE A AVIFAUNA

    E QUIROPTEROFAUNA NO BRASIL

    Matheus Hobold Sovernigo

    Florianpolis, 9 de dezembro de 2009

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    CENTRO DE CINCIAS BIOLGICASDEPARTAMENTO DE ECOLOGIA E ZOOLOGIA

    IMPACTO DOS AEROGERADORES SOBRE A AVIFAUNA E

    QUIROPTEROFAUNA NO BRASIL

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado

    disciplina BIO5156 Estgio II , como requisito

    para obteno do ttulo de Bacharel em Cincias

    Biolgicas.

    Acadmico: Matheus Hobold Sovernigo

    Orientador: Prof. Msc Alexandre Paulo Teixeira Moreira

    Florianpolis, 9 de dezembro de 2009

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    AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais, Vera Ingrid e Waldir, por terem me criado, sustentado e educado por

    toda essa vida, alm de terem apoiado a minha escolha profissional e auxiliado em muito na

    obteno de contatos e dados para o desenvolvimento de meu TCC.

    Aos profissionais das mais diversas reas, que gentilmente me cederam

    informaes pessoais sobre o estado ou impacto de alguma das usinas estudadas, quando no era

    possvel me deslocar at a fonte de informao, ou quando essa no estava publicada em lugar

    algum.

    Aos meus ex-colegas de trabalho na Eletrosul, principalmente Djoni, Bel, Arnaldo,

    Maycon e Felipe, que estavam quase todos os dias da semana junto a mim me apoiando e

    auxiliando de diversas formas a elaborar esse estudo feito em grande parte nos momentos em que

    estava livre durante o estgio, e cuja idia surgiu durante a elaborao dos estudos ambientais

    para a implantao de um parque elico por parte da empresa.

    Aos funcionrios da FATMA e da FEPAM, sobretudo Lenir e Clarice, que me

    permitiram o acesso a importantes documentos utilizados.A meu orientador, a quem tive certo contato durante a graduao e cuja pessoa

    decidi escolher para me ajudar a encerr-la, corrigindo meu TCC.

    Aos consultores da banca, fundamentais na correo e aprimoramento do texto.

    Aos meus amigos, tanto os que me acompanham desde a infncia e adolescncia

    quanto os que fiz ao longo do curso, e que me incentivaram a produzir esse extenso porm

    relevante trabalho.

    A todas as outras pessoas no mencionadas que, por uma simples palavra deadmirao pelo assunto tratado por minha pesquisa, me ajudaram a no desistir frente s

    dificuldades.

    Enfim, agradeo profundamente a cada uma dessas pessoas por terem tornado

    possvel a produo e finalizao desse meu to sonhado Trabalho de Concluso de Curso, que

    me torna apto a ser um profissional que desejo desde minha infncia, um Bilogo.

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    RESUMO

    A energia elica, utilizada comercialmente desde 1976, vem apresentando um

    impulso em sua gerao nas ltimas dcadas, devido ao esgotamento dos combustveis fsseis e o

    aumento do aquecimento global e poluio. No Brasil, o primeiro aerogerador foi instalado em

    1992, mas foi somente em 2002 que a instalao de usinas elicas no pas se tornou expressiva. A

    respeito dos danos ambientais, sabe-se que so principalmente os sonoros, visuais e

    eletromagnticos, alm dos efeitos sobre a fauna alada. Vrios estudos, sobretudo na Amrica do

    Norte e Europa, tem definido o impacto dos aerogeradores em aves e morcegos (reduo e

    excluso de habitat disponvel, barreira intransponvel, coliso com os aerogeradores,

    eletrocusso no choque com as linhas de transmisso associadas, reduo no crescimento e no

    sucesso reprodutivo) e suas causas (condies meteorolgicas adversas, altas densidades,

    atividade/comportamento e morfofisiologia da espcie, corredores migratrios, aerogeradores

    antigos). J no Brasil, o conhecimento relativo a esses impactos, ainda que inicial, est restrito

    aos relatrios de licenciamento ambiental, praticamente inacessveis a grande parte da populao

    e pesquisadores; assim, os objetivos desse estudo foram compilar esses impactos, bem como asmedidas mitigatrias, e exp-los de uma forma clara aos interessados em geral. Os aerogeradores

    do arquiplago de Fernando de Noronha apesar de serem poucos, apresentam um impacto

    significativo sobre as aves marinhas presentes, em razo da importncia da rea para a avifauna.

    J as primeiras usinas elicas de Pernambuco, Minas Gerais, Cear, Santa Catarina, Paran e Rio

    Grande do Norte, por serem de porte no to elevado, em pequeno nmero e em regies onde no

    h altas concentraes de aves e morcegos, alm de corredores migratrios, aparentemente no

    causam impacto negativo nesses. Em relao ao Rio Grande do Sul, o parque elico de Osrio,em razo de sua localizao e porte, tem causado mortes principalmente em morcegos insetvoros

    durante meses quentes, alm da coliso de aves com as linhas de transmisso. Por fim, os grandes

    parques elicos em construo e operao principalmente no Cear, Rio Grande do Norte e

    Paraba, apesar de reportarem que no h impacto sobre a fauna alada, devem ter seus dados

    contestados, visto que muitas dessas usinas tm potencial para causar impactos relevantes e esto

    sofrendo denncias e investigaes de licenciamento irregular, alm do que o monitoramento da

    avifauna e quiropterofauna no foi finalizado, estando em sua maioria ainda na fase inicial.

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    SUMRIO

    1 INTRODUO..................................................................................................................5

    2 OBJETIVOS.....................................................................................................................16

    3 METODOLOGIA............................................................................................................17

    4 RESULTADOS E DISCUSSO.....................................................................................18

    4.1 PERNAMBUCO.............................................................................................................18

    4.2 MINAS GERAIS............................................................................................................21

    4.3 CEAR...........................................................................................................................23

    4.4 PARAN........................................................................................................................29

    4.5 SANTA CATARINA......................................................................................................31

    4.6 RIO GRANDE DO NORTE...........................................................................................35

    4.7 RIO GRANDE DO SUL.................................................................................................37

    4.8 PARABA.......................................................................................................................44

    4.9 PIAU..............................................................................................................................46

    4.10 RIO DE JANEIRO........................................................................................................474.11 BAHIA..........................................................................................................................47

    5 CONSIDERAES FINAIS..........................................................................................48

    REFERNCIAS..................................................................................................................52

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    1 INTRODUO

    Com o mundo sentindo os efeitos do esgotamento do petrleo, da poluio e do

    aquecimento global devido em parte queima em excesso dos combustveis fsseis, nas ltimas

    dcadas tem-se intensificado os esforos para buscar alternativas que complementem e

    substituam o uso desses combustveis na gerao de energia. Uma dessas a energia elica.

    O aproveitamento elico tem sido utilizado h milnios pela humanidade na

    moagem de gros e no bombeamento de gua, alm de outros fins. Desde cerca de 200 a.C. h

    registro de moinhos de vento espalhados pelos continentes do velho mundo. Em 1887, nos

    Estados Unidos da Amrica (EUA.), tem-se a primeira notcia de gerao de energia eltrica

    atravs de uma turbina elica, precursora das atuais (CAMARGO, 2005). Os primeiros

    experimentos de aproveitamento elio-eltrico para a gerao suplementar de energia em grande

    escala datam das dcadas de 1940 e 1950 nos EUA. e Dinamarca (AMARANTE et al., 2001).

    No obstante, foi apenas em 1976 que a primeira turbina elica comercial, tambm chamada de

    aerogerador, cuja funo gerar energia eltrica atravs dos ventos, foi ligada rede eltrica, na

    Dinamarca (BRASIL, 2003). Ao longo das dcadas de 1980 e 1990, a energia elica foi seespalhando globalmente e crescendo, tanto em nmero quanto em tamanho e potncia gerada,

    inclusive no mar, com as usinas elicas offshore, implantadas a partir de 1991, tambm na

    Dinamarca (BARTHELMIE et al., 1996). A produo atual global de mais de 120 GW, gerados

    sobretudo por EUA., Alemanha, Espanha, China e ndia (GLOBAL WIND ENERGY

    COUNCIL, 2008).

    Enquanto o valor do custo de gerao de energia por fontes no renovveis como

    carvo e gs tem aumentado nos ltimos anos, as fontes renovveis tm seguido o rumo inverso,com uma brusca queda no custo de sua produo. Devido aos avanos tecnolgicos e de projeto

    na produo e instalao da turbina, o custo da energia elica passou de cerca de US$ 0,30/kWh

    no incio dos anos 80 para at abaixo de US$ 0,05/kWh a partir de 2006, sob condies

    favorveis em pases desenvolvidos, tornando-se compatvel com o valor das fontes no

    renovveis (LAYTON, 2009). Alm disso, tambm h os mecanismos institucionais de incentivo,

    por meio de subsdios e remunerao por energia produzida, que tem ajudado a incrementar a

    produo desse tipo de energia (AMARANTE et al., 2001).

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    No Brasil, a partir da segunda metade da dcada de 1970, universidades e institutos

    de pesquisa, em associao com entidades estrangeiras, principalmente da Alemanha, iniciarampesquisas para o desenvolvimento de aerogeradores de pequeno porte (MARQUES, 2004). J a

    primeira turbina de grande porte da Amrica Latina foi instalada no arquiplago de Fernando de

    Noronha em 1992, contribuindo na poca com 10% da energia gerada nas ilhas. Outras poucas

    usinas foram sendo construdas pelo pas, at que em 2002 surgiu o Programa de Incentivo s

    Fontes Alternativas de Energia Eltrica (PROINFA), o que determinou um impulso na construo

    de usinas elicas no Brasil (BRASIL, 2003). Mais recentemente, foi lanado um leilo para a

    contratao reserva de energia elica que ser realizado no final desse ano, no qual 441 projetos

    esto habilitados em 11 estados brasileiros (BRASIL, 2009c).

    Hoje em dia, h 36 usinas elicas em operao no pas, todas onshore (em terra),

    gerando mais de 602,284 MW, que correspondem a apenas 0,57% da matriz energtica brasileira.

    Ainda, 10 usinas elicas esto em construo e uma grande quantidade est em planejamento

    (BRASIL, 2009a).

    Visto que os aerogeradores comeam a gerar energia a partir de ventos acima de 3

    m/s e atingem sua potncia mxima a cerca de 13 m/s, e, ainda, que so considerados

    potencialmente proveitosos os locais onde o vento possui velocidade mdia anual igual ou maiordo que 7 m/s, h extensas reas com potencial para o aproveitamento elico em todas as regies

    do pas, sobretudo no Nordeste, seguido pelo Sudeste, Sul, Norte, e, por ltimo, Centro-Oeste

    (FIG. 1) (AMARANTE et al., 2001).

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    FIGURA 1 - Velocidade mdia anual do vento a 50 metros de altura, indicando o potencial elico brasileiro.

    Fonte: AMARANTE et al., 2001.

    Em decorrncia da corrida desenfreada para a instalao de aerogeradores nas

    reas com maior disponibilidade de ventos, por ser considerada uma energia limpa, a princpio

    foi relegado a segundo plano o aspecto dos danos socioambientais causados pelas turbinas

    elicas, que so principalmente os sonoros, visuais e eletromagnticos (BRASIL, 2003), alm dos

    impactos sobre a fauna alada, tambm associados aos anteriormente citados.

    Os primeiros estudos envolvendo os animais afetados pelos aerogeradores

    descreveram as aves e insetos voadores como os grupos mais atingidos (ROGERS et al., 1976,

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    1978). Apenas cerca de 20 anos depois que as colises de morcegos com os aerogeradores,

    consideradas uma das mais problemticas atualmente, comearam a ser avaliadas em estudosprprios (OSBORN et al., 1996 apud BARCLAY; BAERWALD; GRUVER; 2007),

    provavelmente devido ao menor interesse poltico associado ao desconhecimento da relevncia

    do papel ecolgico desempenhado pela ordem Chiroptera. Associado a isso est a menor

    percepo dos danos, devido a serem crpticos, alm da quantidade de pesquisadores que tambm

    inferior.

    Sobre a avifauna, um grande nmero de impactos tem sido evidenciado. Um encontro

    para discuti-los em Portugal (SOCIEDADE PORTUGUESA PARA O ESTUDO DAS AVES,

    2005) definiu como impactos dos parques elicos os seguintes: reduo de habitat disponvel,

    barreira intransponvel, coliso com os aerogeradores, eletrocusso no choque com as linhas de

    transmisso associadas, excluso do habitat, reduo no sucesso reprodutivo. Para reduzir esses

    impactos, deve-se conhecer profundamente as reas onde sero implantados novos parques

    elicos, atravs de estudos de monitoramento a longo prazo que abranjam pelo menos 3 ciclos

    anuais.

    Os resultados obtidos em diversos estudos na Europa permitem concluir que o risco

    de mortalidade de aves devido a colises com aerogeradores reduzido, estando freqentementeassociado a condies de fraca visibilidade (nevoeiros) e corredores migratrios. Alm disso, as

    aves de rapina e os passeriformes so referncias habituais entre os grupos de aves mortas por

    coliso com os aerogeradores (MENDES; COSTA; PEDREIRA, 2002). Os fatores responsveis

    pela coliso de aves com os aerogeradores incluem: condies meteorolgicas, abundncia,

    atividade/comportamento da espcie, morfologia/fisiologia da espcie, caractersticas orogrficas,

    corredores de migrao ou de deslocamento dirio.

    Existem, no entanto, casos como o do parque elico de Tarifa no sul da Espanha, emque devido inadequada localizao (Tarifa encontra-se numa rota migratria extremamente

    importante e inclusive uma rea de proteo especial para aves) e elevada dimenso, os

    impactos sobre a avifauna, principalmente sobre aves de rapina, podem ser bastante

    significativos. A taxa de mortalidade desse tipo de ave foi muito maior que o indicado em estudos

    europeus precedentes (MART MONTES; BARRIOS JAQUE, 1995 apud LOWTHER, 2000).

    Outros casos de impactos considerveis em aves devem-se a turbinas antigas, de pequeno porte,

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    com torres treliadas, como a maioria dos aerogeradores da Califrnia, EUA. (EWEA, 2003 apud

    CAMARGO, 2005).Estimativas de aves e morcegos mortos por ano junto a aerogeradores encontram-se

    presentes em diversos estudos. O problema que a maioria deles, excetuando-se alguns dos mais

    atuais, no levam em considerao a remoo de carcaas por animais carniceiros, subestimando

    assim, a taxa de mortalidade real. Outro fator que causa essa subestimao a diferena na

    dificuldade de achar carcaas de morcegos devido diversidade na vegetao ao redor das

    turbinas. Barclay; Baerwald; Gruver (2007) compilaram o resultado de diversos estudos sobre a

    fatalidade em aves e morcegos na Amrica do Norte, e aplicaram um fator de correo para

    ajustar os valores, de acordo com o que foi mencionado anteriormente. O resultado que a

    variao entre locais grande. Para as aves, estimou-se desde 0,63 aves mortas por turbina a cada

    ano em Vansycle, no estado do Oregon, E.U.A. (ERICKSON et al., 2000 apud BARCLAY;

    BAERWALD; GRUVER, 2007), at 9,33 em Buffalo Mountain, Tenessee, EUA. (FIEDLER,

    2004 apud BARCLAY; BAERWALD; GRUVER, 2007). Enquanto isso, em morcegos, a

    variao foi de 0,01 morcegos mortos por turbina a cada ano em Altamont, no estado da

    Califrnia, EUA. (SMALLWOOD ; THELANDER, 2005 apud BARCLAY; BAERWALD;

    GRUVER, 2007), at 42,7 em Mountaineer, West Virginia, EUA. (KERNS et al., 2005 apudBARCLAY; BAERWALD; GRUVER, 2007), havendo-se assim, a necessidade de analisar cada

    empreendimento separadamente para se descobrir o que estaria causando tal impacto.

    No entanto, com relao mortalidade da avifauna em razo da instalao de parques

    elicos, sua significncia deve estar relacionada a outros fatores, tais como causas

    antropognicas. Isso foi realizado por meio de estimativas nos EUA. Essa comparao no

    totalmente apropriada, devido impreciso dos dados, o no conhecimento das conseqncias

    demogrficas dessas causas de morte, a irrelevncia ecolgica de agrupar todas as espcies emum grupo e a utilizao de uma escala espacial to vasta; apesar disso, a diferena entre as mortes

    causadas por aerogeradores em comparao com outros motivos de origem humana to

    desproporcional que precisa ser mencionada. Segundo estudos, colises com janelas de prdios

    matam de 97 a 976 milhes de aves anualmente; linhas de alta tenso ocasionam pelo menos 130

    milhes de fatalidades, talvez mais de 1 bilho; carros matam 80 milhes de aves; compostos

    qumicos txicos mais que 72 milhes; torres de comunicao entre 4 e 5 milhes em estimativas

    conservadoras, podendo chegar a 50 milhes; enquanto isso, as turbinas elicas matam entre 20 a

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    37 mil aves por ano, ou seja, menos de 0,003% do total (NATIONAL ACADEMY OF

    SCIENCES, 2007).Com o passar dos anos, medida que a tecnologia avana, a tendncia tem sido de se

    aumentar o tamanho das ps, o que reduz proporcionalmente a velocidade de rotao. Por

    conseguinte, isso acarreta em uma maior possibilidade de serem evitadas por aves, tornando os

    aerogeradores menos nocivos a esses grupos animais (AMARANTE et al., 2001; TUCKER,

    1996). No entanto, h um efeito tico chamado motion smearque causa o desaparecimento das

    turbinas em rotao da viso das aves ao se aproximarem a uma certa distncia inversamente

    proporcional velocidade de rotao, principalmente nas pontas das ps, onde a velocidade

    consideravelmente maior. Para reduzir esse efeito, foram testados diferentes modos de pintura

    das ps, obtendo bons resultados em laboratrio com o padro de pintura de uma p toda de preto

    e duas ps no pintadas. Tais experimentos devem ainda ser testados em campo para comprovar a

    melhoria da acuidade visual, porm esperado que ajudem na reduo do impacto em aves

    (HODOS, 2003), embora ainda no sejam utilizados como medida mitigatria.

    Analisando os estudos apresentados e outros tantos existentes, constata-se que

    existem sim impactos significativos sobre a avifauna; porm, esses impactos podem e esto sendo

    reduzidos, tomando-se as devidas precaues antes de iniciar a operao dos parques elicos. Soessas: evitar a instalao das turbinas em reas importantes de hbitat, como as de repouso,

    alimentao e reproduo; evitar reas de corredores de migrao; arranjar adequadamente as

    turbinas no layoutdo parque, sendo a melhor forma a de um conjunto denso para espcies locais

    e em linha paralela rota de migrao para aves migratrias; usar torres tubulares e com ps em

    materiais sintticos, ao invs das treliadas e com ps metlicas; implantar sistema de

    transmisso subterrneo (CAMARGO, 2005).

    Em relao quiropterofauna, ultimamente tem-se detectado um nmero cada vezmaior de morcegos mortos prximo a aerogeradores, principalmente em espcies migratrias

    insetvoras arborcolas. Isso est acontecendo porque os estudos de impacto ambiental at cerca

    de uma dcada atrs no se estendiam quiropterofauna, tanto , que em muitos estudos a

    mortalidade em morcegos proporcional ao esforo amostral desses (KUNZ et al., 2007). Para

    explicar a alta mortalidade nesses animais, que possuem uma capacidade de ecolocalizao cuja

    maior eficincia se d em objetos mveis, como as ps do aerogerador (JEN; MCCARTY, 1978),

    e, por conseguinte, para ajudar a aprimorar os programas de conservao e reduzir os impactos,

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    BAERWALD; GRUVER, 2007). Outra parte dessa hiptese diz que os quirpteros se chocam

    com os aerogeradores durante atos de acasalamento. A maior parte das fatalidades ocorre entre ofinal do vero e o outono, em espcies arborcolas, justamente o perfil das espcies que se

    acasalam durante esse perodo ao redor de rvores altas, que nesse caso estariam sendo

    confundidas por aerogeradores (CRYAN, 2008).

    Quanto hiptese da atrao por calor (KUNZ et al., 2007), insetos, naturalmente

    atrados pelo calor produzido na parte superior da torre, dentro da nacele e nas ps, atraem os

    morcegos durante o final da tarde e noite, tanto espcies migratrias quanto residentes, para

    prximo dos aerogeradores, ocasionando em fatalidades (AHLN, 2003).

    Os insetos tambm so atrados pela luz, bem como os morcegos que podem ser

    atrados tanto pelas lmpadas colocadas nos aerogeradores para sinalizao area quanto por

    esses insetos (ARNETT et al., 2005; HORN; ARNETT; KUNZ, 2008).

    J a hiptese da baixa velocidade do vento, tambm citada por Kunz et al. (2007), diz

    que a mortalidade em morcegos que estejam se alimentando maior durante perodos de baixa

    velocidade do vento (at cerca de 5 m/s), porque apesar da velocidade de rotao dos

    aerogeradores estar reduzida, so nesses perodos em que os insetos esto mais ativos.

    Outra causa plausvel a hiptese da inverso trmica (KUNZ et al., 2007). Segundoela, a quiropterofauna mais afetada durante esse fenmeno atmosfrico, antes ou aps frentes de

    tempestade, j que a formao de densa neblina a baixas altitudes e deslocamento de massas de ar

    quente para o topo dos morros concentra tanto insetos quanto morcegos para esses locais,

    aumentando os riscos de coliso (DRR; BACH, 2004).

    Como uma parte dos quirpteros possui receptores sensveis a campos magnticos, a

    grande emisso desses campos em proximidade nacele dos aerogeradores pode causar

    desorientao nesses morcegos, resultando em mais mortes (KUNZ et al., 2007).Por fim, a hiptese da descompresso (KUNZ et al., 2007). Segundo essa causa, os

    morcegos, atrados por algum dos meios anteriores, sofrem um barotrauma devido sbita queda

    de presso atmosfrica ao se aproximar das ps das turbinas elicas, como observado por Drr ;

    Bach (2004), na Alemanha, e Baerwald et al. (2008), no Canad. Dos morcegos mortos durante

    esse ltimo estudo, em reas cultivadas, 100% sofreram leses pulmonares e 92% hemorragia

    interna, dando credibilidade para a hiptese. Isso provavelmente no ocorre em aves devido

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    diferena na anatomia do sistema respiratrio, que suporta diferenas de presso bem maiores do

    que em mamferos (WEST; WATSON ; FU, 2007).Tendo em vista o exposto, para ocorrer a reduo da mortalidade em quirpteros

    algumas medidas importantes teriam de ser tomadas, como a proibio da instalao de

    aerogeradores em rotas de migrao de morcegos, florestas e outros locais de forrageio,

    procriao e repouso de morcegos (HARBUSCH; BACH, 2006). Como esses mamferos

    voadores tm como principal sentido a audio, uma medida mitigatria eficaz deve envolv-la.

    A produo de um repelente sonoro para esses animais complicada devido s propriedades do

    ultrassom, que se atenua rapidamente no ar (JONES, 2005 apud NICHOLLS; RACEY, 2007).

    Contudo, descobriu-se recentemente que a radiao eletromagntica associada aos radares

    capaz de afastar os morcegos de seu entorno. As hipteses sugeridas para esse efeito so a de que

    ocorre uma sobrecarga trmica no corpo do morcego, ou ento de que as ondas audveis captadas

    pelo animal interfiram na sua ecolocalizao. De qualquer forma, uma medida que pode atenuar

    em grande escala o impacto na quiropterofauna se implantado nos parques elicos (NICHOLLS;

    RACEY, 2007). Outra medida estudada no Canad, Alemanha e EUA como potencialmente

    eficaz em reduzir em pelo menos 50% a mortalidade com uma reduo inexpressiva da potncia

    gerada o aumento da velocidade do vento de partida, a partir do qual a turbina comea a gerarenergia, primordialmente durante a noite, perodo em que os morcegos esto mais ativos,

    principalmente em baixas velocidades do vento. Embora novos estudos sejam necessrios para se

    conhecer a velocidade do vento de partida ideal em diferentes tipos e tamanhos de turbinas, bem

    como em distintos regimes de vento e habitats, esse mtodo de mitigao um dos mais

    promissores atualmente (ARNETT et al., 2009).

    Anteriormente foram expostos os principais impactos e causas desses impactos em

    aves e morcegos por usinas elicas onshore, alm dos mtodos de mitigao. Apesar de o Brasilno possuir nenhuma usina offshore em operao, instalao ou planejamento, o primeiro estudo

    a respeito da viabilidade desses parques elicos de ltima gerao atesta para a possibilidade

    desse tipo de empreendimento ser implantado no futuro no pas, devido ao enorme potencial de

    gerao no litoral sul e sudeste do Brasil (PIMENTA; KEMPTON; GARVINE, 2008). Embora o

    custo para implantao desses aerogeradores seja bastante elevado, a velocidade do vento no mar

    consideravelmente mais alta. Antes da instalao dessas usinas, deve-se conhecer seus efeitos

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    sobre o meio ambiente; sobre aves e morcegos, os primeiros estudos foram realizados por

    Hppop et al. (2006) e Ahln et al. (2007).Hppop et al. (2006) estudaram o possvel impacto de usinas offshore no Mar do

    Norte, na Europa, por mais de um ano. Os resultados mostraram que h uma grande migrao de

    aves durante o dia e noite, o ano todo, em alturas compatveis com as turbinas, atravessando o

    mar onde esto sendo instalados os aerogeradores. Ainda, durante condies climticas adversas,

    que gerem visibilidade reduzida, aumenta em muito os riscos de coliso, principalmente em

    passeriformes. Dessa forma, as medidas mitigatrias sugeridas so: a no construo de parques

    elicos em zonas de migrao densa e em locais de repouso e alimentao, o alinhamento dos

    aerogeradores em colunas paralelas principal direo da migrao, a presena de corredores de

    vrios quilmetros entre turbinas para a migrao livre, o desligamento de turbinas em noites

    onde haja previso de clima adverso e alta intensidade de migrao e a mudana de luz contnua

    para intermitente nos aerogeradores. Boa parte dessas medidas aplicvel no caso do Brasil,

    tendo em vista a considervel migrao litornea de aves por esse pas (VOOREN; BRUSQUE,

    1999), devendo ser utilizadas quando esses parques elicos offshore forem construdos.

    Ahln et al. (2007), por sua vez, estudaram o efeito sobre quirpteros no Mar

    Bltico. Constataram que, assim como em usinas onshore (KUNZ et al., 2007), o principalmotivo do impacto com os aerogeradores, tanto para morcegos migratrios como residentes a

    presena dos insetos em proximidade a essas turbinas elicas. Por isso, deve-se evitar a

    implantao de usinas offshore em meio a rotas migratrias de morcegos e em locais com grande

    concentrao de insetos.

    Outro tipo de turbina que est tendo um aumento considervel nos ltimos anos a

    microturbina, geralmente instalada nos telhados de residncias. Casos de aves e morcegos mortos

    por esses aerogeradores de pequeno porte esto sendo reportados em diversos locais no planeta, eembora apenas agora esteja sendo feito o primeiro estudo a respeito do impacto desses aparelhos,

    a entidade Bat Conservation Trust recomenda que no sejam instalados prximos a locais de

    repouso, alimentao e rotas de vo dessas espcies (BAT CONSERVATION TRUST, 2009).

    Um estudo a respeito da interao dos pulsos de ecolocalizao da quiropterofauna com as

    microturbinas revelou que suas ps girando em velocidades do vento de 4 a 5 m/s produzem ecos

    que interferem na capacidade dos morcegos em se esquivar de objetos. Assim, foi sugerido que

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    para reduzir a mortalidade deve-se aumentar o nmero de ps e sua largura, e tambm a

    velocidade mnima para o incio operacional, ausente em muitas microturbinas (LONG, 2009).Outros mtodos de se extrair energia dos ventos tambm tem sido estudados, como

    o aerogerador de eixo vertical de Darrieus. Produzidos em escala principalmente nos EUA e no

    Canad durante as dcadas de 1980 e 1990, esse modelo de turbina apresentava impacto

    semelhante avifauna, embora os cabos de sustentao pudessem representar um risco extra de

    coliso com aves e morcegos (PARASCHIVOIU, 2004). Diversas formas inovadoras de

    aerogeradores que causem menor ou at nenhum impacto sobre aves e morcegos tem sido

    testados por pesquisadores de muitos pases, embora no haja produo em escala desses novos

    modelos de turbinas ainda.

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    2 OBJETIVOS

    Este trabalho possui como objetivo realizar uma reviso bibliogrfica referente

    descrio dos impactos previstos e causados a instalao e operao dos parques elicos sobre a

    avifauna e quiropterofauna no Brasil e discuti-los com os resultados dos impactos registrados em

    usinas elicas de outros pases.

    Alm disso, a pesquisa tambm tem como objetivo apresentar as medidas

    mitigatrias utilizadas e propostas para reduzir esse impacto.

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    3 METODOLOGIA

    Para a realizao do estudo, foi feito um levantamento de dados bibliogrficos nas

    bases de dados Biological Abstracts, Web of Science, Bio One, CSA Environmental Engineering

    Abstracts, Scopus, Aquatic Sciences and Fisheries Abstracts, PubMed, CAB Abstracts, Portal

    SciELO e Google Acadmico, utilizando diversas palavras-chave relacionadas ao assunto. Sites

    especializados, bem como pesquisadores do tema tambm foram consultados. Alm disso, foram

    consultados e incorporados ao trabalho os relatrios ambientais, tais como o Relatrio Ambiental

    Simplificado (RAS), o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatrio de Impacto Ambiental

    (RIMA), e os relatrios das campanhas de monitoramento de avifauna e quiropterofauna de

    usinas elicas brasileiras em implantao ou operao, passveis de serem obtidos, atravs de

    contato com empresas de consultoria ambiental, empreendedores das usinas elicas e rgos

    ambientais de licenciamento.

    H uma enorme dificuldade em se obter esses relatrios ambientais, visto que no

    Brasil apenas o RIMA pblico, de acordo com a legislao vigente (BRASIL, 1986), e, ainda,

    h uma m vontade por grande parte dos portadores desses documentos em disponibiliz-los aopblico e mesmo aos pesquisadores do tema.

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    4 RESULTADOS E DISCUSSO

    No Brasil, a partir de 1986, todos os empreendimentos de gerao de energia

    eltrica com capacidade maior do que 10 MW tiveram que apresentar EIA/RIMA para a

    procedncia de seu licenciamento ambiental (BRASIL, 1986). Como nenhuma usina elica

    encontrava-se nessa categoria at a elaborao de uma legislao especfica para elicas

    (BRASIL, 2001), no houve exigncia realizao de estudos ambientais. A partir de 2001, a

    gerao de energia elica passou a ser considerada como de pequeno potencial de impacto, sendo

    exigido para tanto a elaborao do RAS, no importando seu porte. Em alguns estados h

    legislao especfica sobre o licenciamento ambiental de usinas elicas.

    O resultado da pesquisa sobre os impactos ser apresentado a seguir em ordem

    cronolgica de implantao das usinas por estado.

    4.1 PERNAMBUCO

    Em junho de 1992 foi instalada a primeira turbina elica do Brasil, na ilha

    principal do Arquiplago de Fernando de Noronha (FIG. 2). A turbina com 17 m de dimetro das

    ps e torre treliada quadrangular de 23 m de altura gera 75 kW, o que na poca em que foi

    implantada correspondia a 10% da energia da ilha (BRASIL, 2003).

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    Ambos aerogeradores, alm de outro de pequeno porte utilizado num sistema

    hbrido para a comunicao da ilha, no exigiram estudos ambientais devido ao porte e data deinstalao (BRASIL, 1986, 2001). A despeito disso, sabe-se que a turbina em operao da ilha

    tem atingido um nmero significativo de aves, segundo um guia turstico local, o que gerou,

    inclusive, complicaes com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

    Renovveis (IBAMA) (VALDECY, comunicao pessoal).

    Esse fato j era esperado, devido s caractersticas biogeogrficas da regio que a

    tornam prpria para a migrao e reproduo de diversas espcies de aves marinhas, alm da

    presena da juruviara-de-noronha (Vireo gracilirostris), cocoruta (Elaenia ridleyana), riba

    (Zenaida auriculata noronha) e gara-vaqueira (Bubulcus ibis), aves terrestres que colonizaram

    naturalmente o arquiplago (SAZIMA; HAEMIG, 2006), sendo que as 2 primeiras possuem

    distribuio restrita s ilhas de Fernando de Noronha, estando assim ameaadas de extino

    (vulnervel - VU) pelos mais diversos fatores de ocupao das ilhas (SILVEIRA; STRAUBE,

    2008). Alm disso, a estrutura da torre em trelia um fator agravante, j que propicia locais para

    o enpoleiramento e criao de ninhos de aves, alm de apresentar menor visibilidade que as torres

    tubulares (AMERICAN BIRD CONSERVANCY, 2007).

    Quanto aos morcegos, no h problemas de impacto, visto que no h nenhumaespcie de Chiroptera no arquiplago (SAZIMA; HAEMIG, 2006).

    No continente, em Olinda, foram instaladas turbinas elicas no Centro Brasileiro

    de Energia Elica (CBEE), sendo uma de 300 kW, com torre tubular de 31 m de altura e ps com

    29 m de dimetro, outra de 30 kW, com torre treliada de 20 m de altura e ps com 13 m de

    dimetro (FIG. 4), alm de outras de porte reduzido. Contam com sensores e instrumentos e so

    usadas para testes experimentais (CENTRO BRASILEIRO DE ENERGIA ELICA, 2009).

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    FIGURA 4 - Aerogeradores experimentais de Olinda.

    Fonte: CENTRO BRASILEIRO DE ENERGIA ELICA, 2009.

    Tambm devido ao porte e data de instalao, no houve a necessidade de estudosambientais (BRASIL, 1986, 2001); assim, sabe-se que no possui impacto sobre aves e morcegos

    apenas por relatos de moradores e funcionrios. A maior das turbinas, entretanto, encontra-se

    hoje em dia desativada (VINCIUS, comunicao pessoal).

    Cinco novas usinas elicas esto em construo em Pernambuco, nos municpios

    de Gravat, Pombos e Macaparana, no interior do estado. Quando estiverem prontas, em janeiro

    de 2010, tero 3 turbinas elicas cada, gerando 4250 MW em cada usina (BRASIL, 2009a;

    SUAPE, 2009).

    4.2 MINAS GERAIS

    A nica usina elica do estado, primeira ligada ao Sistema Interligado Nacional

    (SIN), foi implantada em 1994 no municpio de Gouveia. Possui 4 aerogeradores de 250 kW cada

    em operao, com ps de 29 m de dimetro e torre de 30 m de altura (FIG. 5) (BRASIL, 2003).

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    FIGURA 5 - Central Elica Experimental do Morro do Camelinho.

    Fonte: BRASIL, 2003.

    A usina, localizada em uma rea de cultivo no planalto de Minas Gerais, por ser

    experimental, no possui ou possuiu acompanhamento mensal de acidentes com animais alados

    na usina. De acordo com o Gestor da Companhia Energtica de Minas Gerais (Cemig), alm do

    relato de trabalhadores que cuidam da manuteno dos aerogeradores, as nicas informaes que

    existem sobre impactos ambientais se referem a choque de besouros contra as ps, mas no em

    quantidade significativa. No se tem notcias de algum acidente envolvendo morcegos ou aves, a

    no ser por um caso nico e no comprovado de morcego que se chocou contra a p de um

    aerogerador (LISBOA, 2009).

    Os fatores que podem explicar esse impacto quase que totalmente inexistente

    podem ser vrios, dentre eles: pequena quantidade e porte dos aerogeradores, inexistncia de

    rotas migratrias de aves e morcegos, pequena densidade de morcegos nesse tipo de ambiente.

    Porm, uma pesquisa mais profunda deve ser feita pra elucidar a ausncia desse impacto,

    sobretudo se forem construdas novas usinas na regio, visto que o local constitui um ectono

    entre os biomas Cerrado e Mata Atlntica, h uma grande quantidade de espcies de aves,

    inclusive endmicas (RODRIGUES et al., 2005).

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    4.3 CEAR

    O estado com o maior potencial elico em aproveitamento do pas atualmente

    (BRASIL, 2009a), praticamente todo sobre dunas, teve seus primeiros aerogeradores em

    funcionamento em outubro de 1996, na Central Elica Mucuripe. Na poca foram instaladas 4

    turbinas com 300 kW de potncia cada, que operaram at o ano de 2000 quando foram

    desativadas, devido a problemas de corroso em alguns componentes, causados pela maresia

    (MARQUES, 2004). Em 2002 ocorreu a troca desses aerogeradores por outros 4 mais modernos

    (FIG. 6), de 600 kW cada, gerando desde ento 2,4 MW, no parque elico localizado no litoral de

    Fortaleza (BRASIL, 2003).

    FIGURA 6 - Central Elica Mucuripe.

    Fonte: BRASIL, 2003.

    Localizado em uma zona porturia, o impacto indireto ou direto s aves e

    morcegos irrelevante, se considerado o alto grau de antropizao da rea, e o porte reduzido e

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    quantidade dos aerogeradores. Ainda assim possvel que ocorra sobre as aves costeiras que

    possivelmente utilizam o pequeno trecho vegetado como ectopo. bem provvel que no hajarota migratria de pssaros, j que se localiza entre 2 usinas elicas em que no h rotas de

    migrao (LAGE; BARBIERI, 2001), estando a cerca de 55 km da Central Elica de Taba e a 20

    km Central Elica de Prainha.

    J o segundo parque elico do estado, primeiro do mundo a ser instalado em

    dunas, a Central Elica de Taba (Fig. 7) est em operao no municpio de So Gonalo do

    Amarante desde janeiro de 1999 (BRASIL, 2003). composto por 10 aerogeradores de 500 kW

    cada, totalizando 5 MW de potncia, sendo que as ps possuem 40 m de dimetro e a torre 45 m

    de altura.

    FIGURA 7 - Central Elica de Taba.

    Fonte: BRASIL, 2003.

    Em abril de 1999, em Aquiraz, entrou em operao o terceiro parque elico do

    Cear, que foi o maior em operao no pas at 2006. A Central Elica de Prainha (FIG. 8)

    composta por 20 turbinas de 500 kW e tambm se encontra sobre dunas (BRASIL, 2003).

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    FIGURA 8 - Central Elica de Prainha.

    Fonte: http://www.panoramio.com/photo/17797558.

    Tanto a Central Elica de Taba quanto a de Prainha apresentam caractersticas

    ambientais semelhantes. Ambas esto localizadas sobre dunas e em seu entorno h a presena de

    grandes trechos de restinga e corpos de gua doce, locais atraentes para a avifauna. Nos locais

    onde os parques foram implantados, segundo os EIA/RIMA desses, no h rota migratria de

    pssaros, bem como tambm no houve deslocamento de populaes nativas ou remanejamento

    de quaisquer espcies (LAGE; BARBIERI, 2001). Deve ser ressaltado que as linhas de

    transmisso que percorrem entre os aerogeradores da Central Elica de Prainha so areas (Fig.

    8), ao contrrio do recomendado para evitar a coliso e eletrocusso com aves e morcegos.

    Desde 2008, outra usina est em operao em So Gonalo do Amarante, a Taba-

    Albatroz, com gerao de 16,5 MW por meio de 8 turbinas. A usina sofreu denncias de

    licenciamento inapropriado, quase anulado, sendo que uma das causas foi o desmatamento de 2,2

    ha de dunas recobertas por vegetao nativa (CORDEIRO, 2008; BRASIL, 2009a).

    Em Beberibe, 3 usinas elicas esto em operao: Parque Elico de Beberibe

    (FIG. 9) (25,6 MW), Foz do Rio Chor (FIG. 10) (25,2 MW) e Elica Praias de Parajuru (FIG.

    11) (28,8 MW) (BRASIL, 2009a).

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    FIGURA 9 - Parque Elico de Beberibe.

    Fonte: WOBBEN WINDPOWER, 2009.

    FIGURA 10 Usina Elica Foz do Rio Chor.Fonte: http://www.geo.ufv.br/simposio/simposio/trabalhos/trabalhos_completos/eixo3/019.pdf.

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    FIGURA 11 - Elica Praias de Parajuru.Fonte: http://info.abril.com.br/noticias/tecnologias-verdes/inaugurado-novo-parque-eolico-no-brasil-20082009-31.shl.

    A primeira das 3 usinas, operante desde agosto de 2008, no gera impacto sobre

    aves ou morcegos, de acordo com os relatrios ambientais, segundo um dos engenheiros da

    Tractebel (empresa responsvel pela usina) (SILVA, comunicao pessoal).

    Desde dezembro de 2008, a usina elica de Paracuru (FIG. 12) gera 23,4 MW no

    municpio de mesmo nome (BRASIL, 2009a).

    FIGURA 12: Usina Elica Paracuru.

    Fonte: http://images02.olx.com.br/ui/2/90/76/39558476_1.jpg.

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    Finalmente, a ltima usina a entrar em operao, em outubro de 2009, foi a Elica

    Icaraizinho, de 54,6 MW, no municpio de Amontada (BRASIL, 2009a).Aps vrias denncias de danos ambientais, como devastao de dunas, aterramento

    de lagoas e interferncias em aquferos, a Semace (Superintendncia Estadual de Meio Ambiente)

    decidiu cobrar o EIA/RIMA, com base na Lei do Gerenciamento Costeiro, que regula os usos

    possveis dos terrenos na costa brasileira. Assim, os novos projetos devero apresentar esses

    documentos no processo de licenciamento, para evitar, tambm, que os dados sejam

    inconsistentes e insuficientes (DENNCIAS..., 2009).

    No possvel determinar se esses grandes parques elicos recentemente instalados

    ou em instalao no Cear esto provocando ou iro provocar impactos significativos em aves ou

    morcegos, visto que em nenhum deles o monitoramento ps-operao est concludo, alm do

    que na grande maioria se encontra ainda em fase inicial.

    Encontram-se em construo as seguintes usinas: Praia do Morgado, de 28,8 MW, e

    Volta do Rio, de 42 MW, no municpio de Acara; Parque Elico Enacel, de 31,5 MW, Canoa

    Quebrada, de 57 MW, e Bons Ventos, de 50 MW, no municpio de Aracati, esse ltimo

    atualmente com as obras suspensas, at que apresente o EIA/RIMA (DENNCIAS..., 2009).

    Outras 6 usinas atualmente esto em outorga (BRASIL, 2009a).

    4.4 PARAN

    A primeira usina elica do sul do Brasil e nica do Paran opera na cidade de

    Palmas (FIG. 15) desde 2000. Gera 2,5 MW, atravs de 5 turbinas de 0,5 MW, as mesmasutilizadas nas usinas de Prainha e Taba, no Cear (BRASIL, 2003).

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    FIGURA 15 - Elio - Eltrica de Palmas.

    Fonte: BRASIL, 2003.

    Segundo o Coordenador de Energias Renovveis da Companhia Paranaense de

    Energia (Copel), alm de relatos de trabalhadores da usina, no h registro de acidentes em aves

    ou morcegos com os aerogeradores de Palmas (SCHULTZ, 2009), apesar de algumas espcies de

    morcegos habitarem ambientes prximos, entre elas a espcie ameaada Myotis ruber, VU no

    pas e com dados insuficientes (DD) no PR (MIRANDA; MORO-RIOS; PASSOS, 2008). Esse

    morcego insetvoro habita capes de matas, hoje em dia quase ausentes na regio do

    empreendimento, por razo das atividades agropecurias. H apenas um fragmento de mata de

    tamanho considervel nas proximidades do parque, onde foram capturadas 9 espcies de

    Chiroptera. Nas 3 campanhas semestrais de monitoramento da quiropterofauna realizadas no

    Parque Elico gua Doce, distante apenas algumas centenas de metros do parque de Palmas, no

    foi observada nenhuma carcaa de morcego ou ave prxima aos aerogeradores, o que no

    signifique que o impacto no existe, j que foram observadas espcies carniceiras que podem

    estar removendo as carcaas antes dessas serem notadas (AMBIENS, 2008a, 2008b, 2009a).

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    4.5 SANTA CATARINA

    Data de 2002 a instalao da primeira turbina elica de Santa Catarina, em Bom

    Jardim da Serra (FIG. 16). A turbina de 600 kW e 50 m de altura funciona experimentalmente,

    alimentando o sistema de iluminao da Serra do Rio do Rastro e parte do municpio onde se

    localiza (GUIA..., 2009).

    Figura 16: Elica de Bom Jardim da Serra.

    Fonte: BRASIL, 2003.

    Localizada no alto da serra em uma regio de agropecuria, a turbina elica no

    apresenta impacto significativo. Devido a ser a nica na regio, facilmente evitada por aves e

    morcegos, no to abundantes na localidade.

    J no ano seguinte, em 2003, duas usinas novas entraram em operao em Santa

    Catarina, ambas no municpio de gua Doce, localizado na divisa com a cidade de Palmas, no

    Paran. O Parque Elico do Horizonte (FIG. 17) possui 8 aerogeradores de 600 kW, totalizando

    4,8 MW. J o Parque Elico gua Doce (FIG. 18) conta com 15 aerogeradores do mesmo

    modelo ao anterior, com altura das torres de 63 m. O total gerado de 9 MW (BRASIL, 2009a;

    PREFEITURA MUNICIPAL DE GUA DOCE, 2009).

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    FIGURA 17 - Parque Elico do Horizonte.

    Fonte: http://www.panoramio.com/photo/19773291.

    FIGURA 18 - Parque Elico gua Doce.

    Fonte: http://www.flickr.com/photos/fklotz/1213777269.

    Devido a essas 2 usinas elicas se localizarem juntas usina de Palmas (PR), os

    impactos so semelhantes, ou seja, no expressivos, apesar do nmero de aerogeradores nas

    usinas catarinenses ser maior do que na do Paran. Aps 3 das 7 campanhas semestrais de

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    monitoramento que esto ocorrendo em cada uma das usinas elicas, no foi registrada nenhuma

    espcie morta de ave ou morcego, embora o intervalo entre as expedies proporcione umapossvel remoo das carcaas por parte dos animais carniceiros ali presentes (Caracara plancus

    - carcar, Coragyps atratus urubu-de-cabea-preta, Cerdocyon thous - graxaim, entre outros).

    Em relao s aves, registraram-se indivduos da espcie ameaada (VU) noivinha-de-rabo-preto

    (Xolmis dominicanus) presentes no local. Ainda, foi identificado comportamento de risco para

    algumas espcies de aves, tais como maria-faceira (Syrigma sibilatrix), curicaca (Theristicus

    caudatus) e gara-branca-grande (Ardea alba), possveis portadoras dos ossos encontrados

    prximos a 2 aerogeradores do Parque Elico gua Doce. Entretanto, h uma certa chance desses

    ossos terem sido levados at o local por animais carniceiros ou carnvoros (AMBIENS, 2008a,

    2008b, 2008c, 2008d, 2009a, 2009b).

    Sendo assim, apesar de no ser ainda possvel definir se est havendo algum impacto

    nas aves e morcegos em virtude da operao dos aerogeradores, a princpio esse pode ser

    interpretado como neutro, j que no foi verificado ao longo desses anos de monitoramento.

    Tambm no ano de 2003, iniciou-se o licenciamento ambiental de uma usina

    elica na cidade de Laguna. Tal empreendimento, aps obter a Licena Prvia (LP), teve seu

    licenciamento indeferido, devido ao grande potencial impactante avifauna, de acordo com ostcnicos da Fundao do Meio Ambiente de SC (FATMA). A regio de Laguna formada por

    um complexo de corpos hdricos lnticos e lticos interligados e suas vegetaes associadas, ou

    seja, apresenta alta atratividade para aves. Em vistoria a campo, uma das tcnicas responsveis

    chegou a relatar que em uma das lagoas no era possvel observar a lmina dgua, tamanha a

    quantidade de frangos dgua (espcies da famlia Rallidae) ocorrentes no local, sendo que a

    futura disposio dos aerogeradores seria ao redor dessa e de outras lagoas prximas s dunas e

    praias (BEGE, comunicao pessoal).Outro fator que impossibilita ainda mais o empreendimento a existncia de

    expressivos corredores migratrios no litoral sul de SC. Muitas espcies permanecem ao longo

    das grandes extenses de praias, lagoas e banhados, quando chega o inverno em sua regio de

    origem, retornando a seu local de origem no prximo vero. Durante esse perodo, centenas de

    indivduos pertencentes principalmente s famlias Haematopodidae, Charadriidae, Scolopacidae,

    Recurvirostridae, Laridae e Rynchopidae so observados, sendo que a maior parte dos espcimes

    so setentrionais (BEGE; MARTERER, 1991).

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    As usinas novas, em processo de planejamento ou instalao, esto sendo licenciadas

    de acordo com a legislao especfica do estado, que prev que usinas elicas de at 10 MWapresentem RAS, enquanto as que possuem maior potncia devem apresentar EIA/RIMA

    (SANTA CATARINA, 2008).

    Uma dessas o Parque Elico Boa Vista. Ser instalado na Serra da Boa Vista, entre

    Rancho Queimado e Alfredo Wagner, com potncia de 28,8 MW, fornecida por 16 aerogeradores

    com capacidade individual de 1,8 MW. As torres possuiro 80 m de altura e as ps dimetro de

    90 m. O equipamento tem instalao prevista para dezembro de 2010 e operao para maio de

    2011, em uma zona de transio entre Floresta Ombrfila Densa, Floresta Ombrfila Mista e

    Campos Naturais (TERRA AMBIENTAL, 2009).

    Por meio do monitoramento prvio de 1 ano, esperada a ocorrncia de pelo menos

    138 espcies de aves na rea de estudo, a maioria com ampla distribuio geogrfica e bastante

    freqentes em reas abertas e sistemas agropecurios. As espcies mais vulnerveis so as que

    fazem longos vos dirios ou ficam planando por perodos prolongados, como as das famlias

    Cathartidae (urubus), Acciptridae e Falconidae (gavies), Strigidae (corujas), Ardeidae (garas),

    Columbidae (pombas), Apodidae (andorinhes) e Hirundinidae (andorinhas). A rea no ponto

    de passagem para grandes bandos migratrios, embora estudos mais detalhados e maior tempo demonitoramento sejam importantes para elucidar essa questo. Como no h lista de fauna

    ameaada de extino no estado, utilizou-se as listas nacional e estadual do PR e RS. Das

    espcies ocorrentes, 35 esto ameaadas, entre: macuco, urubu-rei, guia-cinzenta, gavio-pato,

    aari-banana, aari-poca, galinha-do-mato, limpa-folha-coroado e tesourinha-da-mata, esses

    criticamente em perigo (CR) na lista de fauna ameaada do RS (MARQUES et al., 2002; TERRA

    AMBIENTAL, 2009).

    Para quirpteros tambm foi feito monitoramento prvio de 1 ano. H 17 espcies demorcegos de possvel ocorrncia. Apesar da utilizao de redes de neblina, nenhum espcime foi

    capturado, embora tenham sido observados no incio da noite em vrias ocasies. As espcies que

    se encontram ameaadas so Chrotopterusauritus,Diphyllaecaudata eMimonbennettii, VU no

    PR,Myotisruber, VU no RS e Brasil e DD no PR (TERRA AMBIENTAL, 2009).

    O impacto de interferncia na fauna durante a instalao, atravs de atividades como

    terraplanagem, instalao do canteiro de obras, operao de mquinas e equipamentos e o

    aumento de rudos, alm da remoo da vegetao de Pinus e pastagens, e conseqente reduo

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    de alimento, leva ao deslocamento das espcies para outras reas, como plantaes e reas

    residenciais. Na rea de Influncia Direta (AID) do empreendimento localiza-se a ReservaParticular do Patrimnio Natural (RPPN) Rio das Furnas de 20 ha, considerada como rea de

    refgio. Os indivduos afugentados podero passar a habitar a rea dessa RPPN, ou ento a de

    alguma das 3 RPPNs da rea de Influncia Indireta (AII). Depois de cessadas as atividades de

    implantao, parte da fauna dever retornar gradativamente aos seus antigos habitats, a partir da

    recuperao das reas degradadas, embora possivelmente no haver a mesma composio que

    h atualmente (TERRA AMBIENTAL, 2009).

    A elevada altura das torres e o tamanho das ps podem impactar as aves. Entretanto,

    fora das rotas de migrao raramente as aves so perturbadas, tendendo a mudar sua rota de vo

    entre 100 a 200 m acima ou ao lado da turbina. A avifauna tambm pode ser afetada pelo

    afugentamento de espcies pelos aerogeradores, embora a maioria das aves no se sinta

    ameaada, se acostumando com eles rapidamente (WIZELIUS, 2007 apud TERRA

    AMBIENTAL, 2009). Como medida compensatria ocorrer o programa de monitoramento da

    avifauna, que visa identificar as espcies e seus hbitos para posteriormente quantificar os

    impactos sobre essas. Ser executado por pelo menos um ano, para fornecer uma caracterizao

    completa da avifauna, dado o carter sazonal de apario das aves e a ocorrncia de eventuaisfluxos migratrios (TERRA AMBIENTAL, 2009).

    Os morcegos sero estudados no programa de monitoramento e manejo da fauna

    terrestre, como medida compensatria, embora maiores detalhes tenham sido suprimidos no

    EIA/RIMA (TERRA AMBIENTAL, 2009).

    Outras 13 usinas tambm se encontram em vias de serem licenciadas, em gua Doce,

    Bom Jardim da Serra e Laguna (BRASIL, 2009a).

    4.6 RIO GRANDE DO NORTE

    A primeira usina elica do estado foi um projeto piloto da Petrobrs, inaugurado

    em janeiro de 2004. A Usina de Energia Elica (UEE) de Macau (FIG. 19) gera 1,8 MW, por

    meio de 3 aerogeradores de 600 kW.

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    FIGURA 19 - Usina Elica de Macau.

    Fonte: http://ecobriefings.com/wp-content/uploads/2009/07/macau.jpg.

    No consta nenhum impacto dessa pequena usina elica localizada em uma regio

    de salinas beira-mar.

    J o Parque Elico Rio do Fogo (FIG. 20), formado por 61 turbinas de 800 kW e 1de 500 kW, totalizando 49,3 MW, opera comercialmente desde julho de 2006 (SUE, 2008).

    FIGURA 20 - Parque Elico Rio do Fogo.

    Fonte: SUE, 2008.

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    Instalada sobre dunas, a usina de Rio do Fogo, ao contrrio das outras usinas

    analisadas, relatou um impacto positivo sobre a avifauna, registrando um nmero maior deespcies no local do que havia previamente construo da usina. Isso pode ter ocorrido em parte

    devido a disposio dos aerogeradores em linhas separadas por largos corredores, alm do baixo

    nvel de rudo dos aerogeradores ali instalados, entre outros fatores a serem compreendidos, ainda

    que possa ter simplesmente ocorrido que uma espcie que j habitava o local e no tinha sido

    registrada no monitoramento anterior instalao tenha o sido aps a operao, graas

    intensificao do monitoramento (SUE, 2008).

    Listada como participante do leilo de energia elica, a UEE Morro dos Ventos

    ser situada no municpio de Joo Cmara, interior do estado, no bioma Caatinga. Est projetada

    para uma capacidade instalada de 28,8 MW, atravs da operao de 16 aerogeradores de 1,8 MW,

    a serem instalados em uma rea de 414 ha. Como o ambiente no to propcio ao

    desenvolvimento da fauna, o impacto provavelmente ser irrelevante. No h APPs na rea de

    influncia, e das poucas espcies de aves que habitam ou passam pelo local, nenhuma est

    ameaada localmente ou nacionalmente. O diagnstico ambiental no relatou nenhuma espcie

    de morcego para o local do empreendimento. Ainda assim, est previsto o monitoramento da

    avifauna incluindo a quiropterofauna (GEOCONSULT, 2009).Previstas para terem sua construo iniciada nos prximos anos, 8 usinas elicas

    esto em processo de obteno de Licena de Instalao (LI). So as seguintes: Fazenda Nova

    (180 MW), em Porto do Mangue; Alegria I (51 MW), Aratu I (14,7 MW) e Alegria II (100,8

    MW), em Guamar; Ponta do Mel (50,4 MW), em Areia Branca; Vale da Esperana (29,7 MW),

    em Touros; Salina Diamante Branco (200 MW), em Galinhos; So Gonalo (60 MW), em So

    Gonalo do Amarante (BRASIL, 2009a).

    4.7 RIO GRANDE DO SUL

    Estado onde se localiza o maior parque elico conjunto do pas, o RS vem se

    destacando nos ltimos anos na produo de energia elica. Seu primeiro parque elico,

    localizado em Osrio (FIG. 21), no norte da Plancie Costeira do Rio Grande do Sul, em regio

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    de Floresta Atlntica stricto sensu, foi dividido em 3 usinas (Osrio, Sangradouro, ndios) de 50

    MW cada (25 aerogeradores de 2 MW), para fins de licenciamento. Foram implantadoscorredores de 1 km entre as linhas de aerogeradores que possuem cerca de 135 m de altura cada,

    para a passagem da avifauna, que consiste em mais de 300 espcies no local. A entrada em

    operao dessas usinas foi em julho de 2006, outubro de 2006 e janeiro de 2007, respectivamente

    (MAIA, 2007a).

    FIGURA 21 - Aproveitamento Elico Integral de Osrio.

    Fonte: WOBBEN, 2009.

    A fim de se analisar as caractersticas comportamentais da avifauna local e sua

    relao com a mortalidade em funo do parque elico, em julho de 2006 comeou o

    monitoramento da mortalidade da avifauna e em janeiro de 2007 o monitoramento de atividade

    da avifauna (MAIA, 2007a, 2007b, 2007c, 2008a, 2008b, 2008c, 2008d, 2009a, 2009b). At

    agora, concluiu-se que: no h padro de distribuio de aves ao longo do dia, podendo estar

    associado a caractersticas climticas e comportamentais; o maior nmero de contatos areos foi

    registrado em campos alagados, tais como nos arrozais, e em vegetao arbrea; houve muitos

    registros de aves que habitam, forrageiam e tm territrios fixos nas reas dos aerogeradores; h

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    ultrassom (MAIA, 2007a, 2007b, 2007c, 2008a, 2008b, 2008c, 2008d). No primeiro ano de

    monitoramento, 1339 espcimes de morcegos foram vitimados pelos aerogeradores, aplicando-seo fator de correo, ou seja, morreram 17,85 morcegos/turbina/ano, um impacto significativo,

    intermedirio entre os valores j registrados para Altamont, Califrnia, E.U.A. (0,01

    morcegos/turbina/ano e Mountaineer, West Virginia, E.U.A. (42,7 morcegos/turbina/ano)

    (BARCLAY; BAERWALD; GRUVER, 2007). Entre essas mortes, cerca de 579 ocorreram na

    usina de Sangradouro, 475 na usina de Osrio e 285 na usina dos ndios. Essa diferena

    expressiva deve ocorrer devido proximidade maior de Sangradouro e depois de Osrio do

    Morro da Borssia, grande rea de Mata Atlntica localizada na regio. Ainda em relao ao

    nmero total de mortes, somente 184,9 delas aconteceram durante o perodo frio do ano,

    corroborando os dados do monitoramento da atividade de quirpteros que comprovam a maior

    atividade desses durante temperaturas maiores e com menor velocidade do vento, tanto para

    reproduo quanto alimentao. Esse padro repete-se no hemisfrio norte, em climas

    temperados (JOHNSON, 2005). Ao final do segundo ano de monitoramento, 731,12 indivduos

    pereceram (9,75 morcegos/turbina/ano), um nmero muito menor, que necessita do trmino do

    monitoramento para se saber se foi apenas uma variao anual ou outro causa estaria envolvida

    nessa reduo (MAIA, 2008d).No total, foram registrados casos de coliso em morcegos de 8 espcies pertencentes

    a 3 famlias: Tadarida brasiliensis, Molossus molossus, Nyctinomops laticaudatus e Promops

    nasutus (Molossidae); Lasiuruscinereus,Lasiurusega eLasiurusblossevillii (Vespertilionidae);

    e Artibeus lituratus (Phyllostomidae). Os registros de mortalidade de M. molossus, N.

    laticaudatus, P. nasutus,L. ega eA. lituratus so novos em projetos elicos. O caso de coliso de

    A. lituratus, uma espcie frugvora, o primeiro registro de mortalidade de uma espcie de

    morcego filostomdeo. Os dados indicam que a mortalidade altamente seletiva. Espcies demorcegos insetvoros das famlias Molossidae e Vespertilionidae, principalmente aqueles que

    realizam migraes, so dominantes na amostra. Aspectos comportamentais devem ser

    determinantes das probabilidades de coliso das espcies e, portanto, tm de ser melhor

    investigados, alm do aguarde do trmino do monitoramento (RUI ; BARROS, 2008).

    O estado possui 86 projetos inscritos para o leilo de energia elica reserva a

    ocorrer no fim do ano (BRASIL, 2009c). Um desses, o Complexo Elico Coxilha Negra, ser

    mais detalhado a seguir.

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    Localizado no sudoeste do estado, em Santana do Livramento, o projeto do

    Complexo Elico Coxilha Negra (CECN) prev a instalao de 210 MW de energia, sendo quepara o leilo de energia elica reserva sero leiloados 3 mdulos de 30 MW, cada um desses

    equivalendo a uma usina, no licenciamento. Os 3 mdulos devem estar prontos no final de 2010 e

    funcionando no incio de 2011 em uma rea localizada nas proximidades (AII) da rea de

    Proteo Ambiental (APA) Ibirapuit. Encontra-se no bioma Pampa, em rea ocupada

    principalmente por pastagem nativa e mata ciliar, com predominncia de pecuria extensiva e

    cultivo de cereais (AMBIOTECH, 2008).

    Foi obtido no levantamento prvio da avifauna um total de 210 espcies.

    Considerando apenas as espcies registradas durante as duas fases de campo realizadas, obteve-se

    a confirmao de ocorrncia de 166 espcies, alm de 3 espcies novas registradas na primeira

    campanha do monitoramento anual (HIDROBRASIL, 2009). Trinta e cinco espcies so registros

    novos para o local. Dentre todas as espcies, o pato-do-mato Cairina moschata (em perigo - EN),

    ogavio-cinza Circus cinereus (VU), a guia-chilenaButeo melanoleucus (VU), o junqueiro-de-

    bico-reto Limnoctites rectirostris (VU), o lenheiro Asthenes baeri (VU) e o papa-moscas-do-

    campo Culicivora caudacuta (CR)estoameaados no Rio Grande do Sul (AMBIOTECH, 2008;

    MARQUES et al., 2002). Ainda, analisando diversos fatores de risco simultaneamente, tais comoaltura de vo e ocorrncia de migraes, entre outros (QUADRO 1), os resultados apontam que

    45% das espcies (95) tm uma alta vulnerabilidade de coliso, um dado certamente preocupante

    (AMBIOTECH, 2008).

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    QUADRO 1 - Fatores de risco de coliso das principais famlias de aves da regio do CECN.

    Famlia

    Fator

    de riscoAccipitridae

    Anatidae

    Anhimidae

    Apodidae

    Ardeidae

    Caprimulgidae

    Charadriidae

    Ciconiidae

    Columbidae

    Falconidae

    Hirundinidae

    Phalacrocoracidae

    Podicipedidae

    Rallidae

    Scolopacidae

    Strigidae

    Threskiornithidae

    Tytonidae

    Deslocamentosfreqentes em busca

    de ambientes

    aquticos

    X X X X X X X X X X

    Alta velocidade dedeslocamento em

    voX X X X X X X X X X X X

    Altura de vocompatvel com as

    ps dosaerogeradores

    X X X X X X X X X X X X X X X X X

    Tamanho corporal eenvergadura

    X X X X

    Deslocamentosnoturnos

    X X X X X X X X

    Migraes oudeslocamentos

    sazonais em menorescala

    X X X X X X X X X X X

    Comportamentopredatrio

    X X

    Concentraes emgrandes bandos

    X X X X X X X X X X X

    Atividade quaseexclusivamente

    areaX X

    Forrageio areo X X X XFonte: AMBIOTECH, 2008.

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    Havia ainda o projeto do Parque Elico Capo do Tigre, que visava implantar 180

    MW no nordeste do estado, entre os municpios de So Jos dos Ausentes e Bom Jesus(BRASIL, 2009b). O licenciamento estava sendo conduzido, com a concluso e aprovao dos

    estudos ambientais prvios; porm, um reflorestamento de Pinus situado na rea de influncia do

    empreendimento impossibilitou sua instalao, devido diminuio do seu fator de potncia.

    No litoral do RS h pelo menos 2 projetos de usinas habilitados para o leilo de

    energia elica, localizados nos municpios de Rio Grande e Santa Vitria do Palmar, com

    previso de gerar 70 MW e 80 MW, respectivamente, por meio de 35 e 40 aerogeradores de 2

    MW. A LP desses empreendimentos deve sair em breve; no entanto, provvel que no cheguem

    a receber a LI, em virtude do grande impacto esperado para aves nos 2 empreendimentos. Apesar

    de o ambiente ser propcio para a gerao de energia elica, com velocidade mdia do vento

    altura do aerogerador de 9,4 m/s e 11,1 m/s, respectivamente, ambos os parques apresentam

    caractersticas similares ao parque elico que teve sua construo negada em Laguna. Situam-se

    sobre restinga, entre grandes lagoas, em reas de grande concentrao de aves, constituindo uma

    rota migratria obrigatria para aves de habitats costeiros, que atravessa o litoral de todo estado e

    parte de SC, sendo mais intensa no sul do RS (NAPEIA, 2009a, 2009b).

    J em quirpteros no deve haver impacto, em virtude das condies climticas egeogrficas locais que no propiciam o desenvolvimento de grandes populaes. Poucas espcies

    so encontradas na rea, mas nenhuma ameaada de extino (NAPEIA, 2009a, 2009b).

    Outras usinas esto em implantao. So: Parque Elico Elebrs Santa Vitria do

    Palmar 1 (126 MW), em Santa Vitria do Palmar; Parque Elico Elebrs Cidreira 1 (70 MW), em

    Tramanda; Parque Elico de Palmares (7,562 MW) e Parque Elico Pinhal (9,35 MW), em

    Palmares do Sul; Parque Elico Tainhas I (15 MW), em So Francisco de Paula; Parque Elico

    Xangri-l II (6 MW), em Capo da Canoa; Parque Elico Giru (11,05 MW), em Giru; Piloto deRio Grande (4,5 MW), em Rio Grande (BRASIL, 2009a).

    4.8 PARABA

    Com incio da operao da primeira usina em novembro de 2007, atualmente h 2

    parques elicos em Mataraca, um deles (Vale dos Ventos) (FIG. 22) composto por 10 usinas com

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    6 aerogeradores de 0,8 MW cada, e outro (Millenium) (FIG. 23), com uma usina com 10,4 MW,

    gerados por meio de 13 turbinas iguais as do parque anterior (WOBBEN WINDPOWER, 2009).

    FIGURA 22 - Parque Elico Vale dos Ventos.

    Fonte: WOBBEN WINDPOWER, 2009.

    FIGURA 23 - Parque Elico Millenium.

    Fonte: WOBBEN WINDPOWER, 2009.

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    O Parque Elico Vale dos Ventos, que ocupa uma faixa de praia de aproximadamente

    9 km de extenso e 600 m de largura, na verdade um empreendimento s, dividido em 10 para

    ter seu licenciamento facilitado. Alm do suposto licenciamento irregular, o parque, cujo

    proprietrio uma empresa australiana, est em investigao judicial por restringir o acesso dos

    moradores praia, por meio de cercas e de pessoal armado (ONG..., 2009). Ainda, segundo a

    Organizao No Governamental (ONG) S.O.S Caranguejo U, nos estudos para o

    licenciamento do parque elico, no h nada falando sobre o impacto na avifauna ou

    quiropterofauna (FILHO, comunicao pessoal).

    Esto em planejamento as usinas de Alhandra (5,4 MW), na cidade de mesmo nome,

    e Vitria (4,25 MW), tambm em Mataraca (BRASIL, 2009a).

    4.9 PIAU

    Em Parnaba, funciona desde 13 de fevereiro desse ano a usina elica Pedra do Sal(FIG. 24), com 18 MW, produzidos por 20 aerogeradores.

    FIGURA 24 - Usina Elica Pedra do Sal.

    Fonte: http://www.panoramio.com/photo/17032187.

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    Um dos engenheiros que trabalham na empresa responsvel pela usina (Tractebel)afirmou que, segundo os relatrios ambientais, no h impacto sobre a fauna alada (comunicao

    pessoal). Tal resultado duvidoso, visto que a usina elica Pedra do Sal, posicionada sobre dunas

    frontais, encontra-se em proximidade ao delta do Rio Parnaba, local com grande atratividade

    avifauna. O engenheiro referido chegou a comentar que a qualidade desses relatrios

    inapropriada (SILVA, comunicao pessoal).

    Futuramente ser implantada a usina de Praia do Arrombado em Lus Correia, que ir

    gerar 23,4 MW.

    4.10 RIO DE JANEIRO

    O Rio de Janeiro ainda no possui nenhum parque elico em operao. Porm, na

    cidade de So Francisco de Itabapoana, a construo da usina de Garga (28,05 MW) est

    prevista para ocorrer ainda esse ano, com a entrada em operao em junho de 2010(PREFEITURA MUNICIPAL DE ITABAPOANA, 2009). Alm dessa, mais 3 UEEs esto

    previstas nessa cidade (UEE Maravilha 49,6 MW, UEE Saco Danta 26,4 MW, UEE Mundus

    23,8 MW), uma em Arraial do Cabo (Quintanilha Machado I 135 MW) e uma em So Joo

    da Barra (UEE Coqueiro 14,4 MW) (BRASIL, 2009a).

    4.11 BAHIA

    O estado da Bahia ser o 11 estado brasileiro a possuir uma usina elica em

    operao. Embora ainda em fase de licenciamento prvio, est prevista a construo de parques

    elicos no estado, a partir do primeiro semestre de 2010, entrando em operao em 2012. O

    projeto prev a gerao de 177 MW nos municpios de Caetit (40 aerogeradores) e Igapor (78

    aerogeradores) (ENERGIA..., 2009).

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    5 CONSIDERAES FINAIS

    Aps a anlise de todas informaes referentes s usinas elicas em operao no

    Brasil, foi produzida uma tabela sintetizando os dados obtidos a respeito do impacto sobre a

    avifauna e quiropterofauna (TAB. 1), e outra resumindo as causas desses impactos e as medidas

    propostas e utilizadas para mitig-los (QUADRO 2).

    TABELA 1 - Usinas elicas brasileiras em operao: potncia, localizao e impacto gerado sobre aves e morcegos.

    UsinaPotncia

    (MW)Municpio - Estado

    Impacto

    em Aves

    Impacto em

    Chiroptera

    Praia Formosa 104,4 Camocim CE Incerto Incerto

    Elica Icaraizinho 54,6 Amontada CE Incerto Incerto

    Parque Elico deOsrio

    50 Osrio RS Negativo* Negativo

    Parque Elico dos

    ndios50 Osrio RS Negativo* Negativo

    Parque ElicoSangradouro

    50 Osrio RS Negativo* Negativo

    RN 15 - Rio doFogo

    49,3 Rio do Fogo RN Neutro Neutro

    Elica Praias deParajuru

    28,804 Beberibe CE Incerto Incerto

    Parque Elico deBeberibe

    25,6 Beberibe CE Neutro Neutro

    Foz do Rio Chor 25,2 Beberibe CE Incerto Incerto

    Elica Paracuru 23,4 Paracuru CE Incerto Incerto

    Pedra do Sal 18 Parnaba PI Neutro Neutro

    Taba-Albatroz 16,5 So Gonalo do Amarante CE Incerto Incerto

    Elica CanoaQuebrada

    10,5 Aracati CE Incerto Incerto

    Millennium 10,2 Mataraca PB Incerto Incerto

    Elica de Prainha 10 Aquiraz CE Neutro Neutro

    Elica gua Doce 9 gua Doce SC Neutro Neutro

    Elica de Taba 5 So Gonalo do Amarante CE Neutro Neutro

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    TABELA 1 - Usinas elicas brasileiras em operao: potncia, localizao e impacto gerado sobre aves e morcegos

    (continuao).

    UsinaPotncia

    (MW)Municpio - Estado

    Impacto

    em Aves

    Impacto em

    Chiroptera

    Parque Elico doHorizonte

    4,8 gua Doce SC Neutro Neutro

    Albatroz 4,5 Mataraca PB Incerto Incerto

    Atlntica 4,5 Mataraca PB Incerto Incerto

    Camurim 4,5 Mataraca PB Incerto Incerto

    Caravela 4,5 Mataraca PB Incerto Incerto

    Coelhos I 4,5 Mataraca PB Incerto Incerto

    Coelhos II 4,5 Mataraca PB Incerto Incerto

    Coelhos III 4,5 Mataraca PB Incerto Incerto

    Coelhos IV 4,5 Mataraca PB Incerto Incerto

    Mataraca 4,5 Mataraca PB Incerto Incerto

    Presidente 4,5 Mataraca PB Incerto Incerto

    Lagoa do Mato 3,23 Aracati CE Incerto Incerto

    Elio - Eltrica dePalmas 2,5 Palmas PR Neutro Neutro

    Mucuripe 2,4 Fortaleza CE Neutro Neutro

    Macau 1,8 Macau RN Neutro Neutro

    Elica-EltricaExperimental do Morro

    do Camelinho1 Gouveia MG Neutro Neutro

    Elica de Bom Jardim 0,6 Bom Jardim da Serra SC Neutro Neutro

    Elica de Fernando deNoronha

    0,225 Fernando de Noronha PE Negativo Neutro

    Elica Olinda 0,225 Olinda PE Neutro Neutro* Causado pelas linhas de transmissoObs: impacto negativo = prejudicial.

    Fonte: BRASIL, 2009a.

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    QUADRO 2 - Principais causas do impacto em aves e morcegos e suas medidas mitigatrias.

    Causas SoluesAerogeradores antigos (pequenos,

    barulhentos, com torres treliadas e ps

    metlicas)

    Instalao de aerogeradores modernos (porte

    mdio a grande, com rudo reduzido, com

    torres tubulares e ps de material sinttico)

    Altas densidades, habitats preferenciais

    Evitar implantao em zonas de abundncia e

    grande atratividade para reproduo, repouso e

    alimentao de aves e morcegos atravs de

    estudos ambientais prvios rigorosos

    Atividade/comportamento e

    morfofisiologia da espcie

    Monitoramentos longos pr/ps-operao,

    repelentes sonoros, visuais e eletromagnticos,

    tanto de aves e morcegos quanto de suas presas

    Condies meteorolgicas adversas

    (inverso trmica, chuva intensa, vento

    muito forte ou muito fraco)

    Maior velocidade do vento de partida do

    aerogerador, menor velocidade de corte,

    desligamento sob condies adversas

    Excluso e reduo de habitat

    disponvelEfetiva recuperao de reas degradadas

    Linhas de transmisso areasInstalao de linhas de transmisso subterrneas

    ou ento areas com sinalizadores de avifauna

    Presena de rotas migratrias

    Estudos ambientais prvios rigorosos para

    orientar a disposio dos aerogeradores em

    linhas espaadas com corredores

    Em suma, apesar de serem poucos os aerogeradores do arquiplago de Fernando de

    Noronha apresentam impacto significativo sobre as aves marinhas presentes, em razo da

    importncia da rea para a avifauna. J as turbinas continentais em Pernambuco, Minas Gerais,

    Cear, Santa Catarina, Paran e Rio Grande do Norte, muitas delas experimentais, por serem de

    porte no to elevado, em pequeno nmero e em regies onde no h altas concentraes de aves,

    morcegos e corredores migratrios, aparentemente no causam impacto negativo nesses. Em

    relao ao Rio Grande do Sul, o parque elico de Osrio, em razo de sua localizao e porte tem

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    causado morte principalmente em morcegos insetvoros durante os meses quentes e em menor

    escala em aves residentes colididas nas linhas de transmisso do parque. Por fim, os grandesparques elicos em operao principalmente no Cear, Rio Grande do Norte e Paraba, apesar de

    reportarem que no h impacto sobre a fauna alada, devem ter seus dados contestados, visto que

    muitas dessas usinas tm potencial para causar impactos relevantes e esto sofrendo denncias e

    investigaes de licenciamento irregular, alm do que o monitoramento da avifauna e

    quiropterofauna no foi finalizado em muitas dessas, que recm entraram em operao.

    Muitos estudos podem ser sugeridos para que se conhea seu real impacto em relao

    s outras usinas. Desde a comparao entre mortes por potncia gerada, tanto entre modelos,

    estados, pases, quanto a correlao entre diferentes tipos de ambientes, latitudes e a mortalidade

    por potncia, sendo possvel tambm comparar a riqueza e abundncia com a temperatura e

    ventos, entre outros fatores biticos e abiticos. Tambm podem ser feitas comparaes entre os

    resultados obtidos por empresas de consultorias contratadas e os resultados feitos por pesquisas

    independentes, utilizando-se as mesmas metodologias. Enfim, h uma grande gama de

    oportunidades de estudo para essa linha de pesquisa entorno dos impactos da energia elica sobre

    Chiroptera e Aves.

    Somente aps os estudos mais aprofundados dessas usinas que se pode definir seseu impacto estatisticamente neutro, como na maior parte das primeiras usinas brasileiras, ou

    ento supera os benefcios da energia limpa, como em casos excepcionais na Europa e Amrica

    do Norte.

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