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1 O inglês instrumental como suporte para a leitura de textos específicos da área de ciências da saúde (Enfermagem, Medicina e Odontologia) na Universidade Estadual do Amazonas: interdisciplinaridade em questão Professora M.Sc. MONCAYO,Vanúbia Araújo Laulate Moncayo Universidade Estadual do Amazonas, Manaus –AM. Resumo O ensino-aprendizagem de leitura em língua inglesa de textos específicos dentro da área de ciências da saúde (Enfermagem, Odontologia e Medicina) é um advento recente nas Instituições Superiores de Ensino – IES, ainda que a leitura em língua inglesa constitua uma prática efetiva no ensino-aprendizagem de língua inglesa desde a década de 40 (CELCE-MURCIA, 2001). O objetivo geral deste estudo é caracterizar o ensino-aprendizagem da leitura de textos técnico-científicos específicos à área de ciência da saúde, bem como informar acerca da interdisciplinaridade promovida. Os objetivos específicos estão assim delineados: a) descrever a abordagem metodológica utilizada pelo regente; b) registrar a receptividade dos acadêmicos em relação ao método de abordagem utilizado; c) demonstrar a desenvoltura dos acadêmicos referente à habilidade de leitura adquirida ao longo do Curso de Inglês Instrumental; d) Informar acerca da promoção de conhecimentos técnico-científicos da área através da participação dos professores das disciplinas técnicas(Anatomia, Bases Biológicas, etc.). Para tanto, optou por uma abordagem qualitativa por ter havido uma descrição minuciosa dos fenômenos observados e dos registros obtidos através da aplicabilidade de questionários. Os mesmos foram aplicados em duas das três turmas em período letivo, em 2007. Os resultados constataram que o método utilizado para a leitura foi inovador, já que a interdisciplinaridade promoveu a inserção de professores de disciplinas técnicas, fato que favoreceu dinâmicas diversificadas e um aprimoramento de conhecimentos lingüísticos e técnico-científicos. Os acadêmicos demonstraram habilidade de leitura quando submetidos a textos com diferentes temáticas ainda que muitos desses tenham ingressado no Curso sem conhecimento prévio. Palavras chave: Inglês Instrumental; Interdisciplinaridade; Universidade do Estado do Amazonas. A leitura constitui uma das práticas mais importante em qualquer âmbito social, quer seja este formal ou informal. Luaiza (2004) afirma que a leitura tem desempenhado uma função significativa no desenvolvimento da história da humanidade e continua sendo soberana no que concerne ao recebimento de

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O inglês instrumental como suporte para a leitura de textos específicos da área de ciências da saúde (Enfermagem, Medicina e Odontologia) na Universidade

Estadual do Amazonas: interdisciplinaridade em questão Professora M.Sc. MONCAYO,Vanúbia Araújo Laulate Moncayo Universidade Estadual do Amazonas, Manaus –AM. Resumo O ensino-aprendizagem de leitura em língua inglesa de textos específicos dentro da área de ciências da saúde (Enfermagem, Odontologia e Medicina) é um advento recente nas Instituições Superiores de Ensino – IES, ainda que a leitura em língua inglesa constitua uma prática efetiva no ensino-aprendizagem de língua inglesa desde a década de 40 (CELCE-MURCIA, 2001). O objetivo geral deste estudo é caracterizar o ensino-aprendizagem da leitura de textos técnico-científicos específicos à área de ciência da saúde, bem como informar acerca da interdisciplinaridade promovida. Os objetivos específicos estão assim delineados: a) descrever a abordagem metodológica utilizada pelo regente; b) registrar a receptividade dos acadêmicos em relação ao método de abordagem utilizado; c) demonstrar a desenvoltura dos acadêmicos referente à habilidade de leitura adquirida ao longo do Curso de Inglês Instrumental; d) Informar acerca da promoção de conhecimentos técnico-científicos da área através da participação dos professores das disciplinas técnicas(Anatomia, Bases Biológicas, etc.). Para tanto, optou por uma abordagem qualitativa por ter havido uma descrição minuciosa dos fenômenos observados e dos registros obtidos através da aplicabilidade de questionários. Os mesmos foram aplicados em duas das três turmas em período letivo, em 2007. Os resultados constataram que o método utilizado para a leitura foi inovador, já que a interdisciplinaridade promoveu a inserção de professores de disciplinas técnicas, fato que favoreceu dinâmicas diversificadas e um aprimoramento de conhecimentos lingüísticos e técnico-científicos. Os acadêmicos demonstraram habilidade de leitura quando submetidos a textos com diferentes temáticas ainda que muitos desses tenham ingressado no Curso sem conhecimento prévio. Palavras chave: Inglês Instrumental; Interdisciplinaridade; Universidade do Estado do Amazonas. A leitura constitui uma das práticas mais importante em qualquer âmbito social, quer seja este formal ou informal. Luaiza (2004) afirma que a leitura tem desempenhado uma função significativa no desenvolvimento da história da humanidade e continua sendo soberana no que concerne ao recebimento de

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informação visual ou tátil, não obstante a aparição de novas formas de assimilação de conhecimentos. O ensino-aprendizagem da leitura deve ser um processo dinâmico-interativo, em que o sujeito-leitor tem o objetivo de decodificar a mensagem dos textos de quaisquer gêneros discursivos. Sobre o professor recai a responsabilidade de fazer a opção por um método que procure atender às expectativas desse leitor (ibidem). Isso não difere do ensino-aprendizagem de leitura em outros idiomas, uma vez que há uma semelhança no processo de leitura nas distintas línguas; entre elas, o francês, o português, o espanhol e o inglês, conforme constatou as pesquisas neste campo. Até o final da década de 40, aprendia-se uma língua estrangeira objetivando o exercício da leitura. Esta prática foi modificada a partir do fim da década mencionada e meados de 50, quando surgiu o método Audiolingual,com a proposta de tornar a fala a habilidade mais relevante nas aulas de língua estrangeira. Foi quando a leitura passou a ser postulada como uma ferramenta para aquisição de estruturas e vocabulários através do processo de memorização. Desde então, acreditou-se que se o aluno fosse colocado em contato com o texto de imediato, poderiam ocorrer interferências de ortografia na língua alvo, comprometendo a aquisição de uma boa pronúncia (TAGLIEBER, 1988). Todavia, a década de 70 trouxe à tona vários questionamentos e críticas acerca dos preceitos formulados pelo método Audiolingual, ocasião em que se retomou a função da leitura como ferramenta facilitadora no ensino-aprendizagem de língua estrangeira, contrariando a concepção de possibilidade de falha de pronúncia quando do contato precoce com o texto (ibidem). Nesse cenário, surgiu o Inglês Instrumental, concebido e conhecido internacionalmente como “ESP” (English for Specific Purpose/Inglês para fins específicos), na tentativa de suprir as necessidades e demandas por cursos de inglês especializados nos departamentos de Letras Anglo-Germânicas ou de Línguas Modernas e nos vários de ciências pura e aplicada. Munhoz (2001), em um breve panorama do ensino do Inglês Instrumental no Brasil, assinala o fato de que o Projeto de Inglês Instrumental estabeleceu-se em 1977 no Programa de Graduação de Lingüística Aplicada da Universidade Católica de São Paulo, sob a responsabilidade da então Coordenadora do Programa de Mestrado em Lingüística Aplicada da PUC, Antonieta Celani, responsável pelo desenvolvimento do projeto em nível nacional. Com a oficialização do termo Inglês Instrumental, a função da disciplina adquiriu um enfoque diferenciado. Anteriormente, recebia o nome de Inglês técnico e direcionava-se a diferentes áreas de atuação do aluno, especialmente voltada para ciências e tecnologia; hoje a técnica ESP possui um foco mais abrangente no que se refere à escolha dos textos por área específica, com o objetivo principal de capacitar o aluno, num período relativamente curto, a ler e compreender o essencial para o desempenho de determinada atividade. A essência dessa disciplina é levar o aluno a

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descobrir suas necessidades acadêmicas e profissionais dentro de um contexto autêntico do mundo real (SEDYCIAS, 2002). Os últimos anos, especificamente os anos noventa, marcam um importante ciclo na evolução histórica do ensino-aprendizagem da leitura. As mudanças mercadológicas em um mundo globalizado suscitaram a disseminação de cursos de inglês instrumental em muitas áreas de conhecimento, tornando-se pressuposto básico para candidatos à seleção aos cursos de mestrado e doutorado. Hodiernamente, além de escolas técnicas, escolas de ensinos fundamental e médio, cursos preparatórios para leitura de textos de vestibular, de concursos públicos. O Inglês Instrumental insere-se no componente curricular de muitos cursos de graduação das universidades brasileiras. Dentro desta perspectiva, inserem-se os de ciências da Saúde (Enfermagem, Medicina e Odontologia). O Inglês Instrumental dentro da área dessa área funciona como um suporte às demandas bibliográficas existentes, haja vista os textos científicos em questão, em grande parte, estão escritos na língua alvo, havendo, ainda, muitas produções literárias sem tradução. Consoante ao ensino de leitura nesse campo, é importante destacar os efeitos das práticas interdisciplinares como mola propulsora do processo de ensino-aprendizagem da leitura. Partindo de uma análise do termo interdisciplinar, Asumpção (2005, p: 23) sugere que “o termo interdisciplinaridade compõe-se de um prefixo – inter - e de um sufixo – dade – que ao justaporem ao substantivo – disciplina – nos levam à interpretação , onde: inter, prefixo latino, que significa ação ou posição intermediária , reciprocidade ou interação , o sufixo – dade/-idade-, por sua vez, é um sufixo latino com a função de substantiva adjetivos, atribuindo-lhe o sentido de ação ou resultado de ação, qualidade, estado ou, ainda, modo de ser. A palavra disciplina, núcleo do termo, significa a epistemé, podendo também ser caracterizado como ordem que convém ao funcionamento duma organização ou ainda um regime de ordem imposta ou livremente consentida.” Dessa abordagem morfológica do termo, entende-se a interdisciplinaridade como um encontro que pode ocorrer entre seres, na tentativa de compreender um objeto em estudo e com ele se relacionar e se comunicar, exigindo daquele que a pratica uma atitude e uma visão holística de mundo, assegura Ferreira (2005) . Na área da saúde, em especial, a inserção de professores de disciplinas específicas como Anatomia, Atenção Integral ao Paciente, História da Medicina, entre outras, como partícipes no processo de ensino-aprendizagem de ESP dar-se-á em virtude da necessidade de seleção de um material didático que atenda aos anseios e expectativas dos Cursos. Outrossim, alguns termos da área médica somente podem ser inferidos quando há o conhecimento científico daquele vocábulo. Ou seja, ainda que se aplique a inferência contextual ou lexical em um dado contexto, a construção do sentido perde-se por haver a necessidade de “apalpamento” do real significado daquilo até mesmo na língua materna. A exemplo de tal afirmação está a frase “Chain of polymerasea transcript-reverse” no fragmento “RSV infection and inflluenza

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A were diagnose don the basis of culture, reverse-transcriptase polymerase chain reaction, and serologic studies.” Diante do exposto, este artigo apresenta um recorte de estudo que tem como objetivo central caracterizar o processo do ensino-aprendizagem da leitura de textos técnicos específicos à área de ciências da saúde, bem como avaliar a interdisciplinaridade promovida. Os objetivos específicos estão assim delineados: a) descrever a abordagem metodológica utilizada pelo regente; b) registrar a receptividade dos alunos em relação ao método de abordagem utilizado; c) demonstrar a desenvoltura em relação à habilidade de leitura adquirida ao longo do Curso de Inglês Instrumental; d) informar acerca da promoção de conhecimentos lingüísticos e técnicos científicos da área através da participação do quadro docente – interdisciplinaridade. Na fase inicial do projeto, “O inglês instrumental como suporte para a leitura de textos específicos da área de Ciências da Saúde (Enfermagem, Medicina e Odontologia) na Universidade Estadual do Amazonas: interdisciplinaridade em questão”, desenvolvido nas dependências da Escola Superior de Ciências da Saúde-ESA, optou-se por uma abordagem qualitativa que buscou descrever todos os fenômenos ocorridos em sala de aula em um período entre os meses de fevereiro a junho de 2007, ao término da disciplina. Além da observação, aplicou-se questionários aos discentes de duas das três turmas de Inglês Instrumental, oriundas dos interiores do estado, perfazendo um universo amostral de setenta e cinco acadêmicos. A análise quantitativa não constituiu o foco de interesse deste estudo. Os números que serão apresentados ao longo do corpus objetivam dar uma visão global das coletas, para então partir-se para o tratamento dos dados de forma qualitativa. De um modo geral, os questionários aplicados possuíam, em grande parte, perguntas fechadas cujos conteúdos investigavam acerca do conhecimento lingüístico antes de cursar a disciplina, receptividade no que diz respeito à abordagem metodológica e material didático utilizados, bem como em relação ao desenvolvimento e aprimoramento da habilidade da leitura específica na área de ciências da saúde considerando o reflexo disso em outras disciplinas. Durante o processo observacional das aulas, verificou-se que em estágio inicial ocorreu a conscientização do ato de ler, sobretudo, em língua estrangeira. A evolução lingüística do idioma foi teorizada, dando ciência aos acadêmicos de que muitos vocábulos dentro dos contextos da área em estudo são oriundos do latim e do grego, sinalizando que os significados dos termos técnicos na área são muitas vezes desvendados a partir do processo morfológico – valor semântico de afixos. Os primeiros textos abordados em sala de aula, em diferences idiomas, versavam sobre temas transversais e agregaram as primeiras pistas para a efetivação da leitura: a predição, a importância do conhecimento cognitivo dos discentes, o layout do texto, marcas tipográficas. Dentre as pistas citadas, deu-se ênfase a relevância do conhecimento prévio como um alicerce, direto ou indireto, da compreensão. Já considerou Kleiman (1989) que o conhecimento que o leitor tem de um determinado assunto lhe permite fazer

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inferências necessárias para relacionar diferentes partes discretas de um texto num todo coerente. A autora ainda lembra que esse tipo de inferência, construída em decorrência do conhecimento de mundo e motivada pelos itens lexicais no texto, é um processo inconsciente do leitor proficiente. Na seqüência das atividades acadêmicas, expuseram-se as estratégias de leitura na sua completude em um dado texto para abstração de idéias gerais e específicas. Procurou-se agrupar todas as informações para construção do sentido do texto a fim de que o acadêmico procedesse de igual maneira nos textos subseqüentes. De posse dos textos propostos para a primeira etapa do curso, as aulas centraram-se na busca de informações pertinentes ao texto. Os discentes eram orientados a manter um diálogo com o autor do texto na busca de encontrar respostas para os seus questionamentos. Foram informados que, muitas vezes no decorrer da leitura, paráfrases e traduções são necessárias como forma de construir outro texto com sentido semântico de igual valor. Nessa direção, Silva (1980, p.10) afirma que “tanto quem aprende quanto quem ensina uma língua estrangeira precisa retrabalhar esse texto. Nesse caso, ao ler processa-se também a tradução que irá possibilitar a construção de outro texto em sua própria língua.” Partindo desse princípio, houve várias aula dirigidas à aplicabilidade de estratégias de leitura, em que os acadêmicos utilizavam textos com temáticas diversificadas dentro da área da saúde e reportavam os conteúdos deste material nos fóruns de debates ocorridos em sala de aula.. Após as apresentações, os alunos produziam resumos em português daquilo que fora tratado nos textos propostos. O grau de dificuldade dos textos aumentava gradativamente à medida que se percebia que os discentes apropriavam-se das estratégias de forma prática e objetiva. Com a percepção de que as estratégias estavam sistematizadas para a prática do acadêmico, os textos sugeridos e cedidos pelos professores das disciplinas técnicas começaram a ser introduzidos. Dada à complexidade de termos técnicos na área de ciências da saúde, foi inevitável a participação do profissional enfermeiro, dentista e médico no entendimento dos conteúdos abordados. Esses profissionais prontificaram-se a esclarecer dúvidas e recomendar pesquisas na área referente à temática estudada. Além disso, muitos deles disponibilizavam textos na língua alvo para que os acadêmicos confeccionassem seminários e outras atividades, até sendo essas, muitas vezes, avaliativas nas suas disciplinas. Uma outra evidência do envolvimento dos profissionais dentro das atividades relacionadas ao Inglês Instrumental, foi à aula de Fundamentos de Anatomia, ministrada no laboratório de Anatomia da Instituição. Ambos regentes reúnem-se para a aula prática. Os alunos colavam os nomes de músculos e ossos no manequim cadáver, consolidando os conhecimentos lingüísticos e médicos. Em relação a esse envolvimento, Kleiman e Morares (1999) posicionam-se de forma favorável. Para ela, os projetos interdisciplinares são valiosos em qualquer área do conhecimento por expor os alunos a vários tipos de texto em vários tipos de

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eventos, ou a várias formas de ler um texto, oportunizando a vivência de várias práticas de forma colaborativa e com a ajuda de alguém já familiarizado com elas. De posse dos resultados dos questionários, foi possível caracterizar o perfil dos alunos que vivenciaram as experiências acima descritas. São alunos advindos dos 62 municípios do estado do Amazonas. A maioria desses acadêmicos deixa a sua terra natal exclusivamente para estudar no município de Manaus. São alunos de primeiro período cursando as disciplinas básicas. Quando questionados sobre o seu conhecimento lingüístico da língua alvo, uma grande parcela dos entrevistados (46%) declarou ter estudado inglês nas escolas públicas de seus municípios; enquanto que 29% desses revelaram não ter tido contato com a língua. Os demais discentes afirmam ter estudado inglês em cursos livres (15%) e os outros (9%) alegaram ter concluído o curso de inglês básico, somente um aluno revelou ter adquirido fluência no idioma por ter residido no Canadá. Uma grande parcela dos entrevistados demonstrou-se satisfeito com a forma que a disciplina foi conduzida, atribuindo o conceito muito bom à abordagem metodológica e ao material didático utilizados. Os alunos foram unânimes em afirmar que as aulas contribuíram para a obtenção não só de conhecimentos lingüísticos como técnicos dentro da área de saúde. Quanto à habilidade da leitura após ter cursado a disciplina, a maioria dos entrevistados pronunciou-se afirmando que houve uma substancial melhoria da leitura embora ainda existam dificuldades. Essa foi uma resposta obtida inclusive daqueles que ingressaram no curso sem conhecimento lingüístico prévio. Em relação às futuras pesquisas na área da saúde, uma grande parte dos acadêmicos sente-se capacitado e confortável em realizar estudos utilizando artigos científicos na língua alvo, sem a utilização de dicionários. Da interdisciplinaridade promovida, todos os acadêmicos parecem ter sido favoráveis à participação de outros professores das áreas técnicas. Isso, segundo eles, deu um real sentido à disciplina dentro do curso. Também, citaram a disciplina Português Instrumental como uma ferramenta importante nesse processo, uma vez que essa dar subsídios necessários para o entendimento e a construção do sentido do texto, possibilitando a incorporação desses subsídios na prática de leitura em língua inglesa. Dentre os aspectos negativos mencionados, a falta de tempo para se dedicar ao inglês em virtude do número de disciplinas técnicas do curso e conteúdos diversificados foi a mais comentada, seguida pela carga horária reduzida. Diante do exposto, é possível afirmar que o inglês instrumental foi caracterizado conforme proposta institucional: a disciplina como suporte para a compreensão de textos da área de ciências da saúde. A forma como a disciplina foi ministrada promoveu a interdisciplinaridade, envolvendo toda a comunidade na busca de informações lingüísticas e específicas à área; além de ter desenvolvido, em grande parte dos discentes, a habilidade da leitura em uma segunda língua, dando ênfase ao fato de que se pode praticar e desenvolver habilidades de leitura estrangeira apesar de não se ter conhecimento prévio.

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O envolvimento de todos em prol de um objetivo comum na disciplina pôde transformar realidades e mudar pensamentos e concepções ultrapassadas. Referências Bibliográficas: ASSUMPCAO, Ismael. Interdisciplinaridade: uma tentativa de compreensão do fenômeno. In: Práticas interdisciplinares na escola. 10ed. São Paulo: Cortez, 2005. CELCE-MURCIA. Teaching English as a second or foreign language. 2nd. Ed. 1991. FAZENDA, Ivani Catarina Arantes, coordenadora. 10 ed. São Paulo: Cortez,2005. MUNHOZ, Rosângela. Inglês Instrumental: estratégias de leitura: módulo I. São Paulo:Textonovo, 2001. KLEIMAN, Ângela. Texto e Leitor: Aspectos cognitivos da leitura. Campinas, SP: Pontes, 1989. KLEIMAN, Ângela B.; MORAES, Silva L. Leitura e interdisciplinaridade:tecendo redes nos projetos da escola. Campinas, SP: Mercado de Letras,1999. LUAIZA, Benedito almaguer. Imperatriz: Beniros, 2004. SILVA, Francisco de Fátima. O jogo da leitura e da escrita no ensino-aprendizagem da língua estrangeira, in revista de lingüística Alfa, n. 24, São Paulo, Fundação Editora da UNESP, 1980. TAGLIEBER, Loni K. A leitura na língua estrangeira. In: Tópicos de Lingüística Aplicada: O ensino de línguas estrangeiras. Florianópolis: UFSC, 1988. .