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O julgamento da justiça humana Capítulo II - Romanos

O Julgamento Da Justiça Humana - Romanos II

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Page 1: O Julgamento Da Justiça Humana - Romanos II

O julgamento da justiça humanaCapítulo II - Romanos

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O julgamento da justiça humanaCapítulo II

O titulo

Este capítulo tem duas partes:•O Juiz - Vs. 1 a 13•O Julgamento - Vs. 14 a 29

Na primeira parte - analisa as diferentes condições do homem em seu modo de proceder perante o único e eterno juiz, Jesus Cristo.

Na segunda - estuda a condição humana em termos de julgamento divino e mostra quais os princípios que regem esse julgamento, para concluir que ele se processa segundo o que houver no íntimo mais reservado, mais se creto, de cada um. Deus vê em secreto e habita em secreto; responde em secre to às nossas orações secretas; e em secreto, e segundo os nossos corações, afas ta de nós o seu rosto, deixando-nos na noite da ira, ou dá-nos a luz da sua graça.— “CRIA, Ó DEUS, EM MIM, UM CORAÇÃO PURO”. (Sal. 51,

l0).

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O julgamento da justiça humanaCapítulo II

O Juiz (2, 1-13)

Quem está na situação de desencadear a ira de Deus?

Quem tem por seu Deus o NÃO-DEUS, conhecido deste mundo?

Trata-se aqui dos homens, em geral, ou de cada um em particular?

Acaso trazemos, todos, o estigma desse falso relacionamento com Deus, esquecen do-nos de nossa própria limitação, obnubilando (Diz-se de alguém em estado de perturbação na consciência, geralmente causado por ofuscação da visão) e esvaziando nossa vida?

Será que insistimos, todos, nesse falso relacionamento, prolongando, confirmando, reforçando e adensando as trevas da ira divina?

Ou esta situação calamitosa diz respeito, somente, a algumas determinadas pessoas, ainda que estas constituam a maioria da humanidade?

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O julgamento da justiça humanaCapítulo II

O Juiz (2, 1-13)

Seria a ira divina apenas uma possibilidade histórica e psicológica [ou espiritual] ao lado de outras muitas?

Não existirá, ao lado dos ímpios e insubmissos, também uma retidão humana? Não existirá

possibilidade de existir uma retidão humana ?

Ou será que o círculo “causa-e-efeito” do afastamento [de Deus] e queda, distintivo característico do homem e do mundo, como tais, deverá permanecer fechado para sempre?

O que seria a Ira Divina ?

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O julgamento da justiça humanaCapítulo II

O Juiz (2, 1-13)

Vs. 1-2 Por isso não tens desculpa, ó homem, quem quer que sejas, quando julgas. Porquanto, enquanto julgas aos outros, julgas a ti mesmo, pois procedes de maneira idêntica aos que julgas naquilo que julgas. Sabemos, porém, que o juízo de Deus é verdadeiro, contra os que assim procedem.

1Meu amigo, não importa quem você seja, você não tem desculpa quando julga os outros.  Pois, quando você os julga, mas faz as mesmas coisas que eles fazem, você está condenando a você mesmo. 2Nós sabemos que Deus é justo quando condena os que fazem essas coisas. 

Não há desculpa; não há razão nem possibilidade de alguém isentar-se: Nem para os que não conhecem o Deus desconhecido, nem para os que o conhecem.

Também os que o conhecem pertencem ao tempo [ao presente século, ao mundo]; eles também são criaturas humanas e não há retidão humana que afaste a ira de Deus.

Não há grandeza material nem preeminência local [ou qualquer outra] que justifique o homem perante Deus.Nenhuma Carta Magna [ou de alforria] ou [boa] disposição de espírito, nem a compreensão e o entendimento — [nada disso tudo] em si, tornará o homem aceitável a Deus — [nada consegue desviar ou abrandar a ira de Deus].

“Enquanto julgas aos outros julgas a ti mesmo”.

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O julgamento da justiça humanaCapítulo II

O Juiz (2, 1-13)

Vs. 1-2 Por isso não tens desculpa, ó homem, quem quer que sejas, quando julgas. Porquanto, enquanto julgas aos outros, julgas a ti mesmo, pois procedes de maneira idêntica aos que julgas naquilo que julgas. Sabemos, porém, que o juízo de Deus é verdadeiro, contra os que assim procedem.

1Meu amigo, não importa quem você seja, você não tem desculpa quando julga os outros.  Pois, quando você os julga, mas faz as mesmas coisas que eles fazem, você está condenando a você mesmo. 2Nós sabemos que Deus é justo quando condena os que fazem essas coisas. 

O ser humano é humano, e está no mundo dos homens. O que nasceu da carne é carne e todas as coisas têm o seu tempo. Os fatos e feitos gerados pela atividade humana [ainda que alcancem destacada notoriedade] em sua existên cia, posição e expansão, são sempre oriundos do homem e. como tais, estão eivados de irreverência [impiedade] e insubmissão [perversão].

O reino do mundo nunca é [ou será] o reino de Deus e ninguém se exclui; ninguém é dispensado e ninguém é desculpado: não existem “felizes agraciados”.

“Enquanto julgas aos outros julgas a ti mesmo”.

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O julgamento da justiça humanaCapítulo II

O Juiz (2, 1-13)

“Enquanto julgas aos outros julgas a ti mesmo”.

Quando tu te colocas em um ponto de vista, tu te pões, a ti mesmo, em erro.

Enquanto dizes “eu”, ou “nós” ou “é isto”, estás trocando a glória do incorruptível pela imagem do corruptível (1, 23). [Quando o homem se encastela em seu próprio “eu” e afirma em seu nome e no de seus semelhantes, ser “isto” ou “aquilo” o certo ou o que Deus aprova, quando o homem se arvora, quer jactanciosamente, quer em estudada (quiçá obediente) humildade, a ser juiz de seus iguais para, distanciando-se deles, ser mais perfeito, mais puro, mais sábio perante Deus, do que os outros, coloca-se em erro e sob as trevas da ira e indignação de Deus, pois serve o NÃO-DEUS deste mundo erigindo a sua própria pessoa em imagem de Deus; tal homem não vai a Deus, mas o traz para junto de si, para seu nível, para sua perecibilidade, sua corruptibilidade, que trocou pela incorruptibilidade de Deus].

Enquanto tu te dispões a tributar honra ao Deus desconhecido, como se estivesses realizando algo possível, enclausuras novamente a verdade. Reivindicas temor e humildade como propriedades tuas [para teu benefício] e te tornaste, por isso, — irreverente e insubmisso.

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O julgamento da justiça humanaCapítulo II

O Juiz (2, 1-13)

“Enquanto julgas aos outros julgas a ti mesmo”.

Tu te desembaraças do peso do mundo sob o anteparo de teus pontos de vista e dos teus modos de ver e, por isso mesmo, o mundo passa a pesar mais sobre ti que sobre os outros. [Quando o homem cria para si uma capa religiosa alardeando a sua religiosidade, sua espiritualidade, sua fé, longe de encontrar a paz de Deus, que é diferente daquela que o mundo oferece (João, 14, 27), detém-se semi-anestesiado com suas próprias esperanças, enquanto, em torno dele e sobre ele, se avolumam os desenganos, as incertezas, as atemorizações sem fim; e sobre tal homem o mundo pesa mais que sobre os que pecam sem lei.]

Tu te separas dos teus irmãos como conhecedor dos mistérios de Deus; talvez com a melhor das intenções de os ajudar depois de os haveres ultrapassado [ou de assim pensares]; por isso mesmo nada sabes dos mistérios de Deus [pois se soubesses não seguirias esse caminho] antes, és o menos indica do para auxiliar o teu próximo. Tu vês a alheia estultícia como estultícia alheia, enquanto a tua própria clama aos céus [sem que o percebas. (Mat. 7, 35)].

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O julgamento da justiça humanaCapítulo II

O Juiz (2, 1-13)

“Enquanto julgas aos outros julgas a ti mesmo”.

Também o dizer-se “NÃO” [às coisas do mundo]. à penetração no paradoxo da vida, à submissão ao juízo de Deus, tudo isto nada é enquanto for apenas conduta, ponto de vista, método, sistema ou objeto; enquanto o homem por meio dessas atitudes pretender destacar-se entre os demais.

Mesmo a fé, enquanto de qualquer forma e em qualquer sentido, pretender ser mais que espaço vazio, não é fé: é descrença, pois nessas condições ela volta ao paradigma da rebelião do escravo que tenta abafar a aurora da verdade de Deus, o alvorecer por excelência.

Existe distinção entre o que habitualmente chamamos de “servo” do Senhor, com o sentido de seguidor fiel, e “escravo”, o que cumpre apenas. pela coação, o dever que lhe é imposto; que não tem outra alternativa se não a de executar a sua tarefa, “capinar o seu eito”; não tem outra motivação se não esquivar-se do látego que está ameaçadoramente suspenso no ar e, quiçá, alcançar efêmera recompensa que valerá, quando muito, por algumas horas: uma crosta de pão, um copo de água, um prato de lentilhas. É nas trevas da noite que o escravo se sente livre e essa alforria ilusória o leva a revoltar-se contra o sol que desponta no horizonte, pois vem tirá-lo da doce ilusão de segu rança e enquadrá-lo em mais um dia de frustrações.

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O Juiz (2, 1-13)

“Enquanto julgas aos outros julgas a ti mesmo”.

É similar à situação do homem que abrigando-se nas trevas criadas pelo obumbramento - cobrir de sombras, nublar, toldar, escurecer - de seu coração e esvaziamento de sua mente, passa a raciocinar por sofismas, bloqueia os raios de luz que vêm do alto com a obstrução que criou em si e para si e, por isso, teme a luz e se revolta com a aurora da verdade. É o desempenho do escravo do pecado, do servo do “NÃO-DEUS” que busca o esconderijo da enganosa paz].

Aí manifesta-se, outra vez, a arrogância, a hibridez, que ignora a distância que existe entre Deus e o homem e que, inevitavelmente, entroniza o “NÃO- DEUS”. Eis aí, novamente, a identificação do homem com Deus que acarreta seu próprio isolamento de Deus.

É o sonho [da materialização de Deus em símbolo], das coisas diretas, com o seu clamor: “Eis aqui o Templo do Senhor!” — (Jer. 7, 4). (É a imagina ção “romântica”

(por ser aí), no dizer do Autor, que pretende ver, sentir, a ver dade espiritual consubstanciada materializada (e porque não a hóstia?) em sím bolos concretos,

palpáveis, visíveis, semelhantemente aos israelitas do tempo de Jeremias, esperando fazer jus à proteção de Jeová, pela exaltação e louvor do templo:

Templo do Senhor! Templo do Senhor!].

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O Juiz (2, 1-13)

Justamente agora, ó homem, praticas a resistência humana que suscita a ira de Deus;

“enquanto julgas os outros, a ti mesmo julgas, pois

praticas as próprias coisas que condenas”.

Os servos de Deus, sabem que a Justiça de Deus é segundo a verdade e quem há que possa resistir quando aferido com

a escala da verdade divina?

Quando, como e onde seria possível que alguém. alguma [idéia] ou coisa permanecesse de pé, sob tal julgamento?

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O julgamento da justiça humanaCapítulo II

O Juiz (2, 1-13)

Ora, o que se pode dizer dos homens em geral, pode-se dizer também dos “homens de Deus” em particular.

Como homens, são iguais a todos Não há partículas, porções especiais, da história divina na história geral. Todas as histórias eclesiásticas e das religiões transcorrem [isto é, têm seu começo

e seu fim] neste mundo. A chamada “história da redenção” é, apenas, a contínua crise de toda a história e não uma história especial ao lado da História [ou

paralela a ela].Também não há santos entre os ímpios [não são santos, os

homens de Deus], pois é exatamente quando alguém quer ser santo que o deixa de ser.

São exatamente os protestos, a crítica, a acusação que os pretensos san tos lançam contra o mundo, em vez de se enquadrarem em suas próprias verberações, que os colocam, inevitavelmente, na mesma fila dos ímpios.

As acusações [que os pretensos homens de Deus fazem contra o mundo], vêm do próprio mundo; do perigo, e não do socorro. Estas falam da vida, mas não são a vida; elas são qual luz artificial nas trevas, mas não o amanhecer, o raiar do sol!

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O julgamento da justiça humanaCapítulo II

O Juiz (2, 1-13)

Ora, o que se pode dizer dos homens em geral, pode-se dizer também dos “homens de Deus” em particular.

essa imaginada santidade beata, fanática, pouco esclarecida, é seguida e adotada para quebrar, anular, ignorar a distância que

separa o homem do verdadeiro Deus,

Karl Barth quer destacar o fato extremamente sério que o homem que pretende elevar-se para

ser santo, ainda que fosse um Paulo ou um Jeremias (que foi o profeta consagrado às nações

desde o ventre de sua mãe (Jer. 1, 5), ou seja um vulto histórico como Lutero, ou contemporâneo do autor como Kierkegaard ou

Blumhardt, tal homem deixará de ser santo e separado para Deus desde o momento quando em

seu coração se aninhar a idéia de ser perfeito, santo, pois no mais profundo do ser, tal idéia viceja com intenção da preeminência entre os

demais homens, seus próximos..

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O julgamento da justiça humanaCapítulo II

O Juiz (2, 1-13)

Ora, o que se pode dizer dos homens em geral, pode-se dizer também dos “homens de Deus” em particular.

Cristo de forma alguma habita entre os justos, pois justo só é Deus, e a tragédia de todos os

homens de Deus é terem de assentar-se na injustiça para lutar pela justiça de Deus..

o juízo de Deus é segundo o paradigma da verdade e os verdadeiros homens de Deus conhecem sua situação trágica e paradoxal.

a fé somente vale por fé enquanto e quando não reivindica qualquer realidade histórica, psicológica [ou mesmo espiritual] mas é [e pre tende ser] somente a “expressão inexprimível” da realidade divina

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O julgamento da justiça humanaCapítulo II

O Juiz (2, 1-13)

Os servos de Deus, sabem que a Justiça de Deus é segundo a verdade e quem há que possa resistir quando aferido com

a escala da verdade divina?

Quando, como e onde seria possível que alguém, alguma [idéia] ou coisa permanecesse de pé, sob tal julgamento?

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O julgamento da justiça humanaCapítulo II

O Juiz (2, 1-13)

Vs. 3-5 Acaso entendes, ó homem, que tu com o teu julgamento, praticando as mesmas coisas, fosses, logo tu, livrar-te do julgamento de Deus? Ou não entendes a riqueza de sua bondade, a sua contenção e a sua paciência? Não percebes que a bondade de Deus quer levar-te ao arrependimento? Porém, com tua dureza e teu coração impenitente amontoas para ti uni tesouro de ira, para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus.