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1 O lugar do meme nos cursos de licenciaturas: Formação docente para o uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação * Ives da Silva Duque-Pereira ** Resumo As Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) estão presentes, de maneira cada vez mais intensa, no cotidiano dos sujeitos no século XXI. Ao permear a sociedade, afetando hábitos e modos de se relacionar, as TDIC também alcançam o contexto educacional. O presente trabalho, ao entender o meme como um gênero textual emergente de grande força discursiva nos ambientes virtuais possibilitados pela tecnologia e ao partir da premissa que é preciso dominar a linguagem que caracteriza o ciberespaço no contexto educativo, tem por objetivo examinar o lugar do meme na formação de professores ofertado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense Campos campus Centro. Para isso, foi realizada uma pesquisa documental envolvendo os Projetos Pedagógicos de Cursos de licenciatura intuito de examinar a abordagem sobre tecnologias (concepção e currículo) e a presença (ou não) do meme como componente / conteúdo das disciplinas que tratam da temática TDIC e educação, o meme como componente curricular. Também foram aplicados questionários para alunos do último período vigente de cada curso e para os professores das disciplinas selecionadas, com a intenção de coletar percepções sobre o uso das tecnologias na aprendizagem, participação em redes sociais, papel do meme na comunicação e na instrução. Mesmo sendo visto pela maioria dos professores e alunos que participaram deste estudo, como uma tema extremamente relevante, os resultados obtidos apontam para a ausência quase que completa do meme nas abordagens em sala de aula, seja como tópico de estudo nas disciplinas ou ilustração de conteúdos e avaliações. Algo compressível já que se trata de um tema relativamente recente no meio acadêmico, principalmente na formação de professores. Palavras-chave: Meme. Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação. Educação. Formação de professores. * Este artigo constitui-se no Trabalho de Conclusão de Curso da Pós-graduação lato sensu em Docência no Século XXI: educação e tecnologias, cursada no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Fluminense, campus Campos Centro, entre os anos de 2016 e 2018, desenvolvido sob a orientação da Prof Dr Angellyne Moço Rangel. ** Mestrando em Desenvolvimento Regional, Ambiente e Políticas Públicas pela Universidade Federal Fluminense. Professor da rede estadual de ensino do estado do Rio de Janeiro. E-mail: [email protected].

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O lugar do meme nos cursos de licenciaturas:

Formação docente para o uso das Tecnologias Digitais de Informação e

Comunicação *

Ives da Silva Duque-Pereira**

Resumo

As Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) estão presentes, de maneira cada vez

mais intensa, no cotidiano dos sujeitos no século XXI. Ao permear a sociedade, afetando hábitos e

modos de se relacionar, as TDIC também alcançam o contexto educacional. O presente trabalho, ao

entender o meme como um gênero textual emergente de grande força discursiva nos ambientes virtuais

possibilitados pela tecnologia e ao partir da premissa que é preciso dominar a linguagem que

caracteriza o ciberespaço no contexto educativo, tem por objetivo examinar o lugar do meme na

formação de professores ofertado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

Fluminense Campos campus Centro. Para isso, foi realizada uma pesquisa documental envolvendo os

Projetos Pedagógicos de Cursos de licenciatura intuito de examinar a abordagem sobre tecnologias

(concepção e currículo) e a presença (ou não) do meme como componente / conteúdo das disciplinas

que tratam da temática TDIC e educação, o meme como componente curricular. Também foram

aplicados questionários para alunos do último período vigente de cada curso e para os professores das

disciplinas selecionadas, com a intenção de coletar percepções sobre o uso das tecnologias na

aprendizagem, participação em redes sociais, papel do meme na comunicação e na instrução. Mesmo

sendo visto pela maioria dos professores e alunos que participaram deste estudo, como uma tema

extremamente relevante, os resultados obtidos apontam para a ausência quase que completa do meme

nas abordagens em sala de aula, seja como tópico de estudo nas disciplinas ou ilustração de

conteúdos e avaliações. Algo compressível já que se trata de um tema relativamente recente no

meio acadêmico, principalmente na formação de professores.

Palavras-chave: Meme. Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação. Educação.

Formação de professores.

* Este artigo constitui-se no Trabalho de Conclusão de Curso da Pós-graduação lato sensu em Docência no

Século XXI: educação e tecnologias, cursada no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia

Fluminense, campus Campos Centro, entre os anos de 2016 e 2018, desenvolvido sob a orientação da Profạ Drạ

Angellyne Moço Rangel. ** Mestrando em Desenvolvimento Regional, Ambiente e Políticas Públicas pela Universidade Federal

Fluminense. Professor da rede estadual de ensino do estado do Rio de Janeiro. E-mail: [email protected].

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El lugar del meme en los cursos de licenciaturas:

Formación docente para el uso de las Tecnologías Digitales de Información

y Comunicación

Resumen

Las Tecnologías Digitales de la Información y la Comunicación (TDIC) están presentes, de manera

cada vez más intensa, en el cotidiano de los sujetos en el siglo XXI. Al penetrar la sociedad, afectando

hábitos y modos de relacionarse, las TDIC también alcanzan el contexto educativo. El presente

trabajo, al entender el meme como un género textual emergente de gran fuerza discursiva en los

ambientes virtuales posibilitados por la tecnología y al partir de la premisa que hay que dominar el

lenguaje que caracteriza el ciberespacio en el contexto educativo, tiene por objetivo examinar el lugar

del meme en la formación de profesores ofrecidos por el Instituto Federal de Educación, Ciencia y

Tecnología Fluminense Campos campus Centro. Para ello, se realizó una investigación documental

que involucra a los Proyectos Pedagógicos de Cursos de licenciatura con el propósito de examinar el

enfoque sobre tecnologías (concepción y currículo) y la presencia (o no) del meme como componente

/ contenido de las disciplinas que tratan de la temática TDIC y educación , el meme como componente

curricular. También se aplicaron cuestionarios para alumnos del último período vigente de cada curso

y para los profesores de las disciplinas seleccionadas, con la intención de recoger percepciones sobre

el uso de las tecnologías en el aprendizaje, participación en redes sociales, papel del meme en la

comunicación y en la instrucción. En el presente trabajo se analizan los resultados obtenidos en el

estudio de los resultados obtenidos en el estudio de los resultados de la investigación, y evaluaciones.

Algo compresible ya que se trata de un tema relativamente reciente en el medio académico,

principalmente en la formación de profesores.

Palabras clave: Meme. Tecnologías Digitales de Información y Comunicación. Educación. Formación

de profesores.

1 Introdução

O mundo, na contemporaneidade, se encontra diante de uma grande revolução, que é

constante, no que tange às formas de se interligar. A tecnologia está no cerne de uma

mudança estruturada nas sociedades capitalistas objetivando a inter-relação entre sujeitos,

lugares e mercadorias, em um processo globalizante, para a reprodução do capital que gera

crescente desigualdade entre os países (KAY, 2009, p. 364). Fundamentalmente, situar o

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ensino dentro do processo capitalista é entender as relações existentes entre os atores sociais e

modelos de ensino-aprendizagem que se estabelecem.

Com a chegada da terceira - há quem diga que vivemos em uma quarta - Revolução

Industrial, as necessidade do mercado mudaram, exigindo um novo modo de pensar e formar

mão de obra para o século XXI. O extenso uso das tecnologias existentes criou a necessidade

do desenvolvimento de novas competências específicas no contexto educacional. Portanto, há

uma proliferação de metodologias que visam formar o aluno para esse novo cenário

produtivo.

Assim, a escola que se estabeleceu dentro da sociedade industrial, como locus de um

conjunto de atividades formadoras do futuro trabalhador fabril, num modelo tradicional de

ensino, tendo o professor como centro e detentor do conhecimento para uma formação

homogeneizante, apresenta incapacidade para responder às necessidades da

contemporaneidade. Nesse sentido, Luiz Cláudio Abreu (2001, p. 4) acredita ser inviável a

manutenção de uma escola-fábrica diante de uma sociedade da informação. Segundo o autor,

um novo paradigma precisa emergir de forma que a linguagem docente seja híbrida, holística

e mediatizada em um misto de presencial e virtual.

É preciso o entendimento do mundo virtual e suas múltiplas possibilidades, compostas

por riscos e oportunidades, levando em consideração que a tecnologia tem moldado os

ambientes educacionais pela participação ativa dos educandos em sua própria experiência de

aprendizagem. É dentro da virtualidade mediada por dispositivos eletrônicos que se encontra

o maior desafio do docente no século XXI (DEMO, 2011, p. 15), a saber: quebra dos

paradigmas tradicionais de ensino pautados numa perspectiva sujeito-objeto em que o aluno

tem sua ação secundarizada no próprio processo de aprendizagem.

Podemos compreender que tal desafio é inerente às condições de formação tanto

inicial quanto continuada dos profissionais da educação. O século XXI se configura como um

tempo de radicais transformações técnicas e rápidas mudanças tecnológicas. Acompanhar tais

fatores geradores de constantes rupturas é um desafio para os profissionais supracitados,

muitos dos quais, chamados de imigrantes digitais por Marc Prensky (2001). Segundo

Prensky, na categoria “imigrantes digitais” se inserem todos aqueles que não nasceram no

mundo digital e que precisaram esforçar-se para aprender a lidar com as Tecnologias Digitais

de Informação e Comunicação (TDIC) por não estarem imersos, geracionalmente, nesse

contexto (diferentemente dos chamados nativos digitais, que se configuram o oposto). Para o

autor, “o único e maior problema que a educação enfrenta hoje é que os nossos instrutores

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Imigrantes Digitais, que usam uma linguagem ultrapassada (da era pré-digital), estão lutando

para ensinar uma população que fala uma linguagem totalmente nova” (PRENSKY, 2011).

A linguagem híbrida, ou seja, aquela composta por elementos presenciais e virtuais em

uma relação intrínseca e concomitante, é uma realidade cotidiana para o professor que se

propõe a empregar tecnologias no ensino. Assim, a carreira docente precisa ter em sua

formação ferramentas que possibilitem ao profissional lançar mão de metodologias adequadas

para a utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) no processo de ensino-

aprendizagem.

Entende-se as TIC como toda tecnologia que, articulada ou de modo isolado, promove

ou media os processos de comunicação, produção e consumo de informações. Nesse contexto,

as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) se configuram como

ferramentas que possibilitam os processos comunicativos por meios eletrônicos (VALENTE,

2014).

O presente trabalho se debruça, então, na seguinte questão: como se dá a utilização das

TDIC no contexto educacional, especialmente, sobre o meme como gênero textual emergente1

e integrador da linguagem que permeia o ciberespaço, na formação de professores dos cursos

de licenciatura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense campus

Campos Centro (IFFLUMINENSE). Partimos da premissa que o futuro professor precisa não

somente dominar a utilização das TDIC como ferramentas educacionais, mas também toda a

linguagem que permeia os ambientes virtuais em que ocorrem processos relacionais e inter-

relacionais com os educandos.

Por isso, se buscou examinar se os cursos de licenciatura do IFFluminense

apresentam, em sua estrutura curricular, um conjunto de ferramentas conceituais necessárias

para que a ação profissional futura dos licenciados abarque a utilização e percepção dos

memes como elementos discursivos no processo comunicacional mediado por dispositivos

eletrônicos. Somado a isso, realizou-se uma coleta de impressões, por meio de questionários

compostos por perguntas abertas e fechadas, dos atores (professores e alunos) envolvidos,

diretamente, no processo de ensino-aprendizagem dos cursos de licenciatura, com o objetivo

1 Para Luiz Antônio Marcuschi (2004), novos gêneros textuais surgem no contexto da tecnologia digital em

ambientes virtuais. O autor denomina tais gêneros como emergentes considerando a estrutura linguística dos

demais gêneros já estabelecidos. Ao analisar esse fenômeno, o linguista assevera que a utilização dos gêneros

emergentes nos ambientes virtuais tem sido feita de modo generalizado, com peculiaridades formais e informais,

promovendo uma relação entre oralidade/escrita. Mais adiante, o autor menciona que as relações estabelecidas

entre sujeitos – meio – gênero são fortemente influenciadas pelas imagens e sons. Assim, mesmo sem mencionar

o meme, Marcuschi indica uma caminho possível para sua inserção na categoria de gênero textual emergente no

contexto das tecnologias digitais em ambientes virtuais.

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de verificar o que eles pensam sobre o uso das TDIC na formação docente e o papel do meme

nesse contexto.

Na primeira seção deste artigo, apresenta-se uma revisão da literatura a partir de

estudos que tratam da relação entre tecnologia e educação e, de modo especial, da questão do

meme como elemento comunicacional no ciberespaço e no ambiente educativo. Em seguida,

são elencados os procedimentos metodológicos adotados na pesquisa. Por fim, tem-se a

indicação e a discussão dos resultados encontrados, que abrangem tanto o exame da fala

institucional (Projetos Pedagógicos de Curso) como a análise das vozes polifônicas dos

agentes implicados no processo de formação de professores (discentes e docentes) quanto ao

uso e aprendizagem de tecnologias e de memes durante o processo de preparação acadêmica

para o magistério. As considerações finais compõem a última parte deste trabalho.

2 Tecnologia e Comunicação no contexto escolar

As Tecnologias da Informação e Comunicação fazem parte do cotidiano

contemporâneo de forma a normatizar e, muitas vezes, determinar modos de vida, de

produção técnica e trabalho. Ao serem inseridas no mundo do trabalho, surge a necessidade

do aprendizado de habilidades e competências específicas no contexto escolar.

A globalização, entendida como resultado de processos econômicos envolvendo

fluxos de produção, comércio e consumo de mercadorias, tem transformado as relações

humanas interpessoais e o mundo do trabalho, sendo também associada ao surgimento de

Tecnologias da Informação e Comunicação que acabam por modificar a forma como os

saberes são produzidos e socializados por meio de dispositivos tecnológicos, acessíveis a um

grande número de sujeitos (MOREIRA; KRAMER, 2007, p. 1039).

Nesse contexto, há uma grande dificuldade, por parte de escolas e universidades, no

planejamento e promoção das aulas que não estejam desconectadas da realidade, que não

sejam rígidas e sustentadas em um ensino com horário e centralizado no monopólio da fala do

professor. Para José Manuel Moran (2004, p. 2), professores precisam reaprender a ensinar

tendo a educação online e híbrida como norte de uma mudança estruturada em constante

busca pela superação de desafios tanto tecnológicos quanto pedagógicos. A descentralização

do saber, por vezes inviabilizada em um modelo educativo mais tradicional em que os papéis

de ensinar e aprender encontram-se enrijecidos e pouco comunicantes entre si, é elemento

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crucial de um modelo híbrido participativo e constitutivo de uma construção do conhecimento

coletiva e ativa por parte do educando – eis o desafio.

Para explicar (e entender) esse novo campo de atuação dos professores, em que as

TDIC fazem parte do processo de reaprender a ensinar, Marc Prensky classifica os sujeitos

como “nativos digitais”, especificamente os alunos que nasceram imersos na cultura digital, e

como “imigrantes digitais”, referindo-se aos professores que precisam migrar para entender e

se apropriar de uma cultura mediada por dispositivos eletrônicos. Nesse contexto, Almeida

(2010), ao olhar os quatro eixos do trabalho do professor – formação, cultura profissional,

avaliação e intervenção pública – e apontar as TDIC como instrumentos que contribuem para

melhorias na educação, lembra que é preciso pensar, antes de tudo, em uma mudança de

paradigma escolar. O autor defende que mesmo as escolas que não incorporaram as TDIC em

seus Projetos Políticos Pedagógicos e/ou utilizam as TDIC esporadicamente, não ficam

apartadas dos efeitos das tecnologias, posto que as TDIC entram nos espaços educativos pelo

pensamento de muitos estudantes e professores.

Assim sendo, percebe-se que a conjuntura do século XXI não permite um

distanciamento do uso das TDIC, cada vez mais presentes no cotidiano, e termina por exigir

profissionais preparados para lidar com essas demandas, de modo que faz-se necessário, por

parte do profissional do magistério, o reconhecimento do papel da tecnologia como recurso de

aprendizagem. Por conseguinte, o papel do professor passa a ser o de orientador do estudante

na construção do conhecimento, num processo em que a tecnologia atua como mediadora.

Neste modelo, a tecnologia tenderá a modificar a função docente por meio de uma mudança

de postura que passa pelas múltiplas formas de se relacionar e comunicar com o educando.

Para que estas mudanças se efetivem, de fato, o profissional da educação deverá, então, lidar

criticamente com as TIC e buscar capacitações contínuas para seu uso pedagógico (HACK;

NEGRI, 2010, p. 92).

De acordo com Costa (et al, 2012, p. 26), ensinar a partir das mudanças estruturais na

maneira que o conhecimento tem se construído no mundo contemporâneo só será possível

com o “reconhecimento da utilização dos computadores na aprendizagem e passando uma

expectativa positiva perante os possíveis impactos que essas ferramentas poderão ter no

rendimento escolar dos alunos”. Esse reconhecimento abarca desde a gestão da educação, na

formulação de políticas públicas traduzidas por leis e diretrizes curriculares, até a formação

inicial e continuada dos educadores.

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A forma de pensar o uso das TDIC na formação dos futuros educadores está

diretamente relacionada com o comportamento dos professores em sala de aula nos seus

primeiros anos. Michael Huberman (2000, p. 39), ao descrever o ciclo de vida da carreira

docente, assevera que são nos anos iniciais que a identidade profissional será formada, por

estágios de “sobrevivência” e “descoberta”. Nesses anos, que caracteriza a fase da entrada na

carreira, formata-se o perfil dos professores. Assim, se esses profissionais não são munidos de

ferramentas em sua formação inicial para o uso das TIC, no começo da carreira haverá

maiores chances de a cristalização de um saber pedagógico sem aporte na discussão e no uso

crítico da tecnologia se tornar um desafio ou mesmo um entrave (no que tange à

ressignificação e remodelamento) nas formações/capacitações posteriores.

A partir do momento que há um paradigma de ensino baseado na centralidade da fala

do professor em uma postura de transmissor do conhecimento e na passividade do aluno em

receber as informações, instaura-se um modelo comunicacional situado no conceito de

emissor-receptor, não se fomenta um diálogo inerente à complexidade e à articulação

advindas do uso das TDIC. Entender o receptor-aluno (FREIRE, P., 2011, p. 23) como um

vaso a ser preenchido passivamente com informações oferecidas pelo emissor-professor, não

possibilita a diversificação do uso das TDIC, em cujo cerne está a abertura de espaço para a

proliferação de uma teoria crítica a este modelo tradicional de ensinar-aprender ao promover a

comunicação estruturada na interação (VALENTE, 2014, p. 142).

Os autores Roxane Rojo e Eduardo Moura (2012) promovem uma reflexão para os

professores que se encontram diante de uma sala de aula tão diversa e múltipla, tanto em

cultura quanto em linguagens. A partir de uma perspectivava multicultural, intensificada pelo

processo de globalização e surgimentos das TIC, os autores apontam para o multiletramento

escolar como forma de mudar a maneira de pensar o ensino e aprendizagem diante de um

mundo que se comunica por textos multisemióticos2. As diferentes modalidades de textos

(fotos, vídeos, sons, linguagem oral ou escrita, etc.), exigem, segundo os autores, uma

capacidade por parte dos professores de compreensão e prática – multiletramento – para

produzir significados.

Portanto, o multiletramento se refere a habilidades e competências desenvolvidas no

sentido de trabalhar as culturas de referência do aluno a partir dos gêneros, linguagens e

mídias por ele conhecidos e presentes em diferentes suportes. A prática multiletrada está

2 O sentido atribuído pelos autores para multisemiologia é o da multiplicidade de elementos/ estímulos visuais

que surgiram a partir do uso da tecnologia. Todo sujeito é produtor e consumidor de elementos visuais fazendo

proliferar, principalmente em meios digitais, informações de todo o tipo.

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inserida dentro de uma intencionalidade educativa em que há o entendimento da

multiplicidade de culturas e semiologias na construção de textos por meio dos quais os alunos

se informam e se comunicam. (ROJO; MOURA, 2012, p. 8-13)

Para Andréia Fernanda Orlando e Aparecida de Jesus Ferreira (2013), uma prática

pedagógica crítico-reflexiva de ordem colaborativa requer do professor habilidades

linguísticas e comunicacionais a fim de trabalhar significados produzidos e compartilhados no

contexto das TIC. O multiletramento, portanto, é o reconhecimento que o uso intenso de

tecnologias produz complexos usos da linguagem.

Em consonância com o pensamento bakhtiniano de que a palavra é ideológica por

natureza e que nenhum significado é fixo, a pedagogia dos multiletramentos destaca

o ‘reconhecimento da diversidade étnica, linguística, identitária e cultural, assim

como das múltiplas maneiras de se (re) construir sentidos pelas igualmente diversas

formas e meios de comunicação’ (ROCHA, 2010, p. 67), refutando qualquer tipo de

relação autoritária e monolítica (ORLANDO; FERREIRA, 2013, p. 15).

Nesse sentido, abrem-se infindáveis campos de análise de textos e sentidos produzidos

por uma sociedade que se expressa de maneira cada vez mais veloz ao produzir um crescente

volume de informações pelos meios eletrônicos que permitem acesso ao ciberespaço. A

diversidade de culturas, intercâmbios e associações de elementos textuais, virtuais e

presenciais na produção de sentidos se apresenta para os profissionais da educação como

desafio no processo de entendimento do “mundo” do educando e seus meios de se comunicar,

interagir e obter/produzir informações.

O meme surge nesse contexto como um gênero textual digital que permeia a

comunicação nos meios eletrônicos conectados à rede mundial de computadores, utilizando

do humor e das imagens como elementos discursivos das mensagens. É crescente sua

utilização como elemento significativo na interação digital, seja como forma de comunicação,

seja como meio de obter informações sobre determinado assunto.

O ciberespaço é um campo de rupturas linguísticas tanto do cotidiano, quanto da

escrita formal, propiciadas pela relação entre culturas e pela intensa participação dos sujeitos.

Esses círculos colaborativos encontram na rede digital, um espaço propício à criação de um

remix cultural que “vem alterando as lógicas da construção de sentido estabelecidas em torno

da linguagem” (INOCÊNCIO, 2014, p. 30).

A partir dos referenciais de Raquel da Cunha Recuero (2007), entende-se o meme, no

contexto da presente pesquisa, como sendo toda informação digital – textos, imagens e/ou

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vídeos – que carrega consigo uma carga de humor ao se propagar nas redes sociais digitais

replicando seu conteúdo em longevidade, fecundidade e fidelidade das cópias.

2.1 O meme como fenômeno da cibercultura

Mais do que objeto de diversão, aparentemente sem propósito educativo, o meme tem

se configurado como elemento comunicativo expressivo na internet. João Guilherme Bastos

Santos e Viktor Chagas (2017), ao analisarem os memes produzidos no debate eleitoral de

2014, percebem que há uma reconfiguração no papel da comunicação, em especial na política,

que acaba por gerar um engajamento de ações coletivas. Essa reconfiguração se refere à

interação no ciberespaço e ao protagonismo do meme na maneira de se expressar dos usuários

das redes sociais digitais.

Assim, nesse sentido, os memes podem ser percebidos como componentes do processo

comunicacional na contemporaneidade, contribuindo com a engrenagem discursiva do

ciberespaço. Portanto, a pesquisa sobre essa temática se faz urgente para todo profissional da

educação que pretende utilizar as TDIC no ensino visando promover uma comunicação para

com os educandos mediada por dispositivos digitais. Há uma necessidade de solidez

conceitual para o uso pedagógico da comunicação mediada por estes dispositivos utilizando o

meme. Conforme Viktor Chagas e Janderson Toth (2016), o meme apesar de ser conceituado

mediante algumas características mais genéricas, deve ser considerando tendo em vista a

especificação de tipologias mais adequadas. Nas palavras dos autores:

A conceituação original de Dawkins parte de três chaves analíticas: fidelidade (a

capacidade de um meme se replicar de forma idêntica), fecundidade (a capacidade de

promover múltiplas réplicas) e longevidade (a capacidade de perdurar no tempo).

Tal proposta, contudo, embora referenciada por muitos autores, concentra a

discussão em somente um dos aspectos ontológicos dos memes, seu potencial de

variação e replicabilidade, o que chamamos aqui de repercussão. A repercussão

procura avaliar, entre outros fatores, quais os memes que obtiveram maior ou menor

êxito em sua condição de circulação e reapropriação entre os internautas. Entram

nessa conta, naturalmente, a influência e o capital social dos atores que passam

adiante a mensagem (CHAGAS; TOTH, 2016, p. 216).

Os autores mencionados acreditam que descrições restritivas a respeito dos memes

podem levar a imprecisões na análise do seu conteúdo. Argumentam que os dois tipos de

classificação – o primeiro observando a mídia por onde o meme circula, classificando-os de

acordo com o seu formato e o segundo levando em consideração a classificação de quem

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compartilha – são fundados nos formatos e não na intencionalidade, não podendo ser descritos

como gênero de memes. Os autores propõem três categorias como gêneros de memes o que

facilita o trabalho de monitoramento e, por consequência, de estratégia metodológica para

futuras pesquisas.

Quadro 1 – Tipologia dos memes

Tipos de memes

Quanto à finalidade

e ao modo de

engajamento

Quanto à

linguagem e forma

de expressão

Quanto ao alcance

e à forma de

circulação

Quanto à

propriedade e

ao aspecto

enfatizados

MEMES

PERSUASIVOS

Despertar

engajamento

(no próximo)

Estratégia de apelo

e convencimento,

propaganda

Propagação viral

(a mesma peça é

replicada de modo

idêntico)

Retórica

MEMES DE

AÇÃO

POPULAR

Demonstrar

engajamento

(ao próximo)

Dinâmica de ação

coletiva, solidária e

emergente

O conteúdo é

reapropriado e

circula entre

convertidos

Recrutamento

MEMES DE

DISCUSSÃO

PÚBLICA

Familiarizar e

socializar (o próximo

e a si mesmo) com o

universo da política

Piada avulsa e

autossuficiente

O conteúdo é

reapropriado e

circula em

diferentes grupos

sociais

Repercussão

Fonte: CHAGAS; TOTH, 2016, p. 216.

Uma outra perspectiva classificatória aparece no trabalho de Raquel da Cunha

Recuero (2016) que, ao observar a relação entre as dinâmicas sociais e os memes em weblogs,

identificou uma intencionalidade de uso por parte de blogueiros na difusão de memes

específicos relacionados ao capital social dos seus leitores. Segundo a autora, dependendo do

foco das postagens, há um conjunto de propósitos a serem alcançados, que vão desde

construir uma reputação na rede, até estreitar ou criar novos laços sociais, em uma relação que

se estabelece entre reprodução dos memes e percepção do capital social que as postagens

tendem a gerar. Assim, a autora cria uma tipologia quanto à fidelidade da cópia de um meme,

podendo ser miméticos ou replicadores; quanto a sua longevidade, podendo ser persistentes

ou voláteis; quanto a fecundidade, surgindo o epidêmico ou o fecundo; e quanto ao alcance,

na escala global ou local.

Para além do aspecto comunicacional, ao entender os memes como um fenômeno da

cultura digital, em que há diferentes interpretações da realidade com criações próprias de

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significado, vislumbram-se possibilidades pedagógicas em atividades com a sua construção e

difusão, podendo ser desenvolvidas habilidades digitais, cognitivas, de conhecimento e

atitudinais por parte dos criadores. Infere-se, pois, que os docentes que propõem atividades

apoiadas na construção de memes podem promover alterações conscientes relativas na

cognição dos educandos (PINTO, 2015, p. 11). Essa prática / estratégia de ensino favorece o

estímulo à criatividade e uma percepção mais global da realidade, caracterizada pelas diversas

conexões entre ideias, as quais, por sua vez, promovem a construção de um pensamento mais

amplo e crítico dos fenômenos sociais, políticos, econômicos e culturais.

2.2 O meme como parte da cultura significativa implicada na leitura

do mundo do educando

Como já assinado, falar da educação mediada pelas Tecnologias da Informação e

Comunicação é entrar em um campo que oferece obstáculos para os “imigrantes” digitais. Do

ponto de vista dos nossos alunos – “nativos” – é algo tão corriqueiro, que é preciso um

esforço por parte dos professores – “imigrantes” - para adentrar em uma realidade repleta de

sinuosidades e novos saberes.

Paulo Freire (2011), a partir de sua experiência como educador, é categórico ao

afirmar que a educação precisa ser permeada pela solidariedade e o agir crítico de um ato

pedagógico que pretenda ser libertador. O autor discorre sobre um Brasil fundado

autoritariamente de “cima pra baixo”, em que a educação carrega consigo ações que não

levam em consideração a realidade vivida pelos educandos.

Nesse sentido, alerta Freire (2011), o educador que optar pela libertação (em termos de

pensamento) de seus educandos, deve ensinar a partir do mundo do próprio educando. É a

partir do reconhecimento da importância do mundo vivido pelo outro, em seus contextos

históricos, sociais e culturas, que a aprendizagem é transformadora. Para que isso ocorra faz-

se essencial escutar os educandos para que se conheça seus mundos (psíquicos e existenciais)

e se perceba as oportunidades diversas de promover uma educação efetivamente libertadora.

Portanto, educar levando em conta a leitura do mundo do educando, para Freire

(2011), não se trata somente de uma ação eficaz para o letramento (compreensão e produção

de escrita), mas, sobretudo, para uma educação capaz de fazer o aluno perceber o seu próprio

mundo de maneira crítica. Contudo, isto só será possível quando os profissionais da educação

deixarem de exercer uma postura autoritária e centrada na ação docente e permitirem que seus

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alunos tenham voz na construção de um conhecimento que emerge da realidade vivida, em

que “a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica

continuidade da leitura daquele” (FREIRE, P., 2011, p. 29).

Até mesmo quando Freire trata exclusivamente da alfabetização - ao dizer que foi

alfabetizado a partir de palavras do seu próprio mundo, no quintal de casa, à sombra das

mangueiras, e não do mundo maior de seus pais – percebemos a importância da valorização

da realidade vivida na construção de um conhecimento que afetará diretamente a cognição do

educando.

Nesse sentido, sabendo que nossos alunos estão imersos em um contexto dominado

pelas TIC, sendo afetados diretamente na maneira de se relacionarem uns com os outros e

com o mundo, adquirindo informações e produzindo significados, nada mais plausível do que

a busca por novos paradigmas educacionais que possam romper com os paradigmas

tradicionais que não conseguem mais responder positivamente às necessidades latentes dos

indivíduos e da sociedade contemporânea como um todo.

Diante de uma sociedade em constante evolução técnica, surge o termo “cultura das

mídias” que, para Lúcia Santaella (2003), serve para designar o campo de novas mídias que,

através de dispositivos e equipamentos, tem permitido o aparecimento de uma cultura

disponível e transitória, que é segmentada e diversificada, gerando uma hibridização das

mensagens transmitidas e recebidas. Para a autora, a nova mídia possibilita uma audiência

segmentada em contraponto à mídia de massas com sua simultaneidade e uniformidade da

mensagem recebida. Como efeito, a audiência se torna mais seletiva diante de um mundo com

múltiplas plataformas de produção e consumo de mensagens.

Faz parte desta audiência nossos alunos que, por meio dos dispositivos eletrônicos, se

conectam à Internet. Uma audiência não somente consumidora passiva, mas produtora de

conteúdo e significados. Isso afeta diretamente a escola, que passa a experimentar, muitas

vezes sem a devida reflexão, um hibridismo dinâmico no qual os educandos se encontram

conectados com o mundo, ao mesmo tempo em que confinados no espaço escolar formal da

sala de aula.

Justamente no que tange à conexão uns com os outros e com o mundo, é que a

linguagem da cultura das mídias produzirá diferenciações e virtualidades com significações

múltiplas que alteram a forma como se constrói a inteligência coletiva da sociedade. Segundo

Pierre Lévy (2000), o surgimento da linguagem é um marcador da emergência da raça

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humana no planeta posto que possibilitou a evolução da cultura. A linguagem, juntamente

com a técnica e a religião, é o que permite o aparecimento da inteligência coletiva.

Lévy (2000) preocupa-se em traçar uma linha do tempo da linguagem passando pelo

alfabeto, escrita, imprensa, até chegar no ciberespaço. Para o autor, a vida cultural é tão rica

quanto as interconexões – comunicação – que um grupo faz.

[...] O ciberespaço integra todas as mídias anteriores, como a escrita, o alfabeto, a

imprensa, o telefone, o cinema, o rádio, a televisão e, adicionalmente, todas as

melhorias da comunicação, todos os mecanismos que foram projetados até agora

para criar e reproduzir signos. O ciberespaço não é um meio, é um metameio [...] O

ciberespaço – que é o espaço de comunicação aberto pela interconexão global de

computadores – ocasiona uma nova configuração de larga escala de comunicação

“muitos para muitos” (LÉVY, 2000, p. 63-64).

Partindo do pressuposto de que é a linguagem que possibilita o homem a viver em

sociedade e a evoluir socioculturalmente, é preciso destacar que, conforme Santaella (2002, p.

5), o conceito de linguagem, independente se com palavras ou imagens, está relacionado a

toda expressão que produz sentido. Portanto, nas palavras de Santaella (2002, p. 5):

[...] quando dizemos linguagem, queremos nos referir a uma gama incrivelmente

intricada de formas sociais de comunicação e de significação que inclui a linguagem

verbal articulada, mas absorve também, inclusive, a linguagem dos surdos-mudos, o

sistema codificado da moda, da culinária e tantos outros. Enfim: todos os sistemas

de produção de sentido aos quais o desenvolvimento dos meios de reprodução de

linguagem propiciam hoje enorme difusão.

Por este caminho, entramos na conceituação do texto como expressão da linguagem na

produção de significações. Entende-se o texto como um objeto que é ao mesmo tempo

histórico e linguístico. Etimologicamente, a palavra texto tem sua origem latina no significado

de tecer. O sentido é construído por meio de uma estrutura apreendida globalmente em que o

significado das partes é dependente do todo. Assim, dentro da semiologia, o texto pode ser

entendido como um objeto de significação em que conteúdos podem ser vinculados por

diferentes planos de expressões. A título de exemplo, uma negativa pode ser manifestada por

um movimento do dedo indicador ou pela escrita da palavra “não”. Desta forma, o texto surge

com a junção estruturada de abstração e concretude de conteúdos articulados que produzem

significado ao se manifestarem verbalmente, visualmente ou pela combinação de ambos

(FIORIN, 1995, p. 166 - 167).

Para Marcuschi (2004), na atual sociedade da informação, os ambientes virtuais são

extremamente versáteis e competem em importância linguística com outros suportes como o

papel e o som. Assim, a rede mundial de computadores, a Internet, é o locus de novas formas

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de comportamento comunicativo fazendo surgir gêneros emergentes e práticas pluralistas no

que diz respeito à comunicação.

Todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão sempre

relacionadas à utilização da língua. [...] Que se efetua em forma de enunciados (orais

e escritos), concretos e únicos, que emanam dos integrantes duma ou doutra esfera

da atividade humana [...] Qualquer enunciado considerado isoladamente é, claro,

individual, mas cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente

estáveis de enunciados, sendo isso que denominamos gêneros do discurso

(BAKTHIN, 2000, p. 279).

Diante deste quadro, pensar na comunicação mediada por dispositivos eletrônicos

aparece como determinante para o professor que pretende usar as TIC no processo de ensino-

aprendizagem, numa comunicação mediada e estruturada na linguagem que perpassa o

ciberespaço. Um elemento discursivo que tem ganhando destaque nas mídias digitais é o

meme.

O conceito de meme foi cunhado por Richard Dawkins, em seu livro “O Gene

Egoísta”, publicado em 1976. Dawkins compara a evolução cultural com a evolução

genética, onde o meme é o “gene” da cultura, que se perpetua através de seus

replicadores, as pessoas. O estudo dos memes está diretamente relacionado com o

estudo da difusão da informação e de que tipo de ideia sobrevive e é passado de

pessoa a pessoa e de que tipo de ideia desaparece no ostracismo. (RECUERO, 2006,

p. 3)

Assim, tendo a língua como veículo e as mídias digitais como suporte, pode-se pensar

no meme como gênero textual no contexto do ciberespaço, que surge nos ambientes virtuais

produzindo enunciado, carregando sentido e, desta maneira, se configurando como um texto

dotado de práticas múltiplas alterando significativamente o comportamento comunicativo.

Observando o conceito de meme percebe-se que há uma estrutura que carrega significado e,

portanto, podemos inseri-la dentro de classificações de gênero textual digital no ciberespaço.

Entender o meme como um texto que produz sentidos implica, pois, no entendimento da

comunicação mediada por dispositivos eletrônicos ligados ao ciberespaço e, dessa maneira,

no domínio de seus múltiplos usos pelo professor que pretende utilizar as TDIC na educação.

3 Procedimentos metodológicos da pesquisa

O presente trabalho empreendeu uma pesquisa do tipo quali-quantitativa. A pesquisa

em educação, para Menga Ludke (2017, p. 13), tem como preocupação a coleta de dados

descritivos, com atenção dada ao processo, seguindo uma análise intuitiva dos dados. Assim,

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buscou-se na pesquisa bibliográfica, composta pela seleção de textos (artigos científicos,

livros, monografias, reportagens, etc) que auxiliaram na especificação conceitual e no

fornecimento de informações relevantes dentro dessa área do conhecimento, aporte teórico

para elaboração de argumentos necessários à defesa do meme como um texto que produz

sentidos e sua importância como elemento integrador frente à linguagem que permeia o

mundo virtual. A bibliografia também serviu de suporte para o entendimento das TDIC como

integrantes no processo de ensino e aprendizagem no contexto do século XXI (DEMO, 2011;

VALENTE, 2014; COSTA et al, 2012; GIRAFFA, 2013; MORAN, 2004). Conforme Fabiano

Maury Raupp e Ilse Maria Beuren (2006, p. 86-87), a pesquisa bibliográfica é parte

obrigatória de qualquer estudo, pois por meio dela é que se toma conhecimento sobre a

produção científica existente: “[...] o material consultado na pesquisa bibliográfica abrange

todo referencial já tornado público em relação ao tema [...]”.

Este trabalho também empreendeu uma pesquisa documental, que, de acordo com

Antonio Carlos Gil (2002, p. 45-46), difere-se da pesquisa bibliográfica pois,

[...] enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições

dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de

materiais que não recebeu ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser

reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. [...] [Ademais] há que se

considerar que os documentos constituem fonte rica e estável de dados. Como os

documentos subsistem ao longo do tempo, tornam-se a mais importante fonte de

dados em qualquer pesquisa de natureza histórica. [...]

A pesquisa documental deste estudo, composta pelos Projetos Pedagógicos dos Cursos

(PPCs) de Licenciatura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminsne

(IFFLUMINENSEluminense) campus Campos Centro em Ciências da Natureza, Geografia,

Matemática, Letras e Teatro, foi realizada com o intuito de investigar os currículos desses

cursos, a fim de explicitar e sistematizar as disciplinas que tratam da tecnologia no contexto

da educação e perceber se a discussão sobre o meme se faz presente. A maior parte dos PPCs

foram extraídos do website3 da Diretoria de Ensino Superior das Licenciaturas (DIRLIC) do

campus. Nele, optou-se por averiguar as ementas das disciplinas, a matriz curricular e o

Projeto Político Pedagógico do Curso. Houve, em alguns casos, dificuldade em encontrar, no

site da DIRLIC, os três documentos elencados – para resolver o acesso às informações de

interesse deste estudo, a coordenação do curso foi contatada e não houve qualquer empecilho

quanto ao acesso às fontes. A análise dos ementários dos cursos de licenciatura foi feita a

3 Endereço eletrônico: http://licenciaturas.centro.IFFluminense.edu.br/.

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partir da busca pela palavra-chave “tecnologia”4. Para análise dos PPCs, foram considerados

o perfil do egresso, os princípios filosóficos e pedagógicos basilares dos cursos, os programas

e projetos de pesquisa e extensão desenvolvidos, disciplinas e suas respectivas cargas horárias

e ementas contidas nas matrizes curriculares. Um conjunto de disciplinas foi examinado em

seu conteúdo programático e ementa, no intuito de verificar a abordagem da tecnologia como

ferramenta pedagógica e se esta abordagem contempla o meme como conteúdo a ser ensinado.

Cumpre salientar que o curso de Licenciatura em Geografia se encontra em um

momento de mudanças em seu PPC e, por isso, a análise do mesmo foi feita a partir de um

documento mais antigo impresso e de um documento provisório digital disponibilizado pelo

coordenador. O curso de Licenciatura em Educação Física não entrou na análise pois a

primeira turma ainda não integralizou a parte do currículo que engloba as disciplinas relativas

à área pesquisada5 (critério para seleção dos cursos que compuseram a amostra).

Optou-se por investigar cursos de licenciatura, pois, como relatado nas seções

anteriores, entende-se que para discutir o papel das tecnologias na educação, especificamente

o lugar do meme na produção/ratificação de informações e sentidos, deve-se considerar a

formação dos atores responsáveis pela condução do processo de aprendizagem, a saber, os

professores. Ademais, a escolha pelo IFFluminense campus Campos Centro como lócus de

estudo deve-se ao fato de ser esta uma instituição de ensino centenária, cuja tradição

formativa é caracterizada pela perspectiva técnica e tecnológica e cuja infraestrutura

responde, com mais propriedade, em comparação às demais instituições públicas de ensino da

região, às possibilidades do uso das TDIC (existência de equipamentos multimídia, internet

banda larga, laboratórios de informática, técnicos especializados em manutenção de

computadores e redes, etc).

Aos alunos e professores dos cursos de licenciatura do IFFluminense campus Campos

Centro foram aplicados, então, questionários, compostos por perguntas abertas e fechadas,

tendo por objetivo captar a percepção dos sujeitos participantes do estudo a respeito da

temática em foco.

Para Marina de Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos (2003), o questionário é uma

importante técnica de pesquisa que tem como vantagem: a obtenção de um número grande de

4 Em alguns cursos como o de “Licenciatura em Ciências da Natureza” e o de “Licenciatura em Geografia”,

foram encontradas disciplinas contendo tecnologia no nome. Contudo, não era algo voltado para a educação, mas

sim, tecnologias voltadas para o saber específico da área do conhecimento. Desta forma, estas disciplinas não

foram consideradas na análise do presente trabalho. 5 A primeira turma se encontra no 5º período do Curso, sendo que a disciplina “Tecnologias da Informação e

Comunicação e o Ensino de Educação Física” integra o 6º período letivo.

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dados economizando tempo, por atingir um maior número de pessoas simultaneamente; a

obtenção de respostas mais rápidas, precisas e com menos riscos de distorção, em razão do

anonimato e da influência do pesquisado na construção das alternativas.

O questionário dos alunos (APÊNDICE A) foi estruturado em três eixos principais que

reuniram: informações pessoais; usos e percepções sobre redes sociais e o meme; ensino e

aprendizagem com a utilização das TDIC. Responderam aos questionários os alunos

matriculados no último período dos cursos, partindo-se do entendimento de que os mesmos

possuem uma experiência mais ampla em termos curriculares (“experimentação das

matrizes”)6. Ao final, foram 60 questionários respondidos em todos os cursos pesquisados7,

sendo: 02 da Licenciatura em Biologia; 09 da Licenciatura em Química; 01 da Licenciatura

em Física; 13 da Licenciatura em Teatro; 20 da Licenciatura em Letras; 08 da Licenciatura em

Matemática; 07 da Licenciatura em Geografia.

Tratando-se dos questionários dos professores (APÊNDICE B), com respondentes em

todos os cursos, as perguntas visaram conhecer, basicamente: o itinerário formativo e as

informações pessoais, o ensino sobre as TDIC e o entendimento da importância do meme

nesse contexto. Os professores selecionados foram aqueles que lecionam disciplinas relativas

ao uso das TDIC na educação. No total, responderam ao questionário, 06 professores, sendo:

02 do curso de Licenciatura em Letras, 01 do curso Licenciatura em Geografia, 01 da

Licenciatura em Matemática, 01 da Licenciatura em Ciências da Natureza e 01 da

Licenciatura em Teatro. O contato com os professores deu-se mediante e-mail, telefone e

convites realizados pessoalmente nos dias das reuniões de colegiado, que ocorrerem às terças-

feiras. Todos os professores convidados aceitaram participar da pesquisa. Por meio dos

questionários aplicados aos professores das disciplinas selecionadas, procurou-se averiguar o

entendimento do meme como ferramenta comunicativa nos dispositivos eletrônicos e/ou como

elemento linguístico na produção de sentidos de textos, o que, numa formação docente

voltada à contemporaneidade, configura-se como ponto passível de debates em prol de

estratégias de comunicação com o alunado e de metodologias de ensino alinhadas com o

cenário educacional presente/futuro. A aplicação dos questionários a alunos e professores

ocorreu nos meses de janeiro e março de 2018.

6 No que se refere ao curso de Licenciatura em Teatro, por ser um curso recente no IFFluminense e não ter uma

turma formada ou em vias de conclusão, a pesquisa foi realizada junto à última turma vigente, no caso, o 5º

período do curso. 7 A turma escolhida foi a do último período vigente. O curso de Licenciatura em Matemática por intercalar a

oferta entre manhã e noite, sua última turma encontra-se no 7° período (de oito no total).

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4 Resultados e discussão

Para esta seção será reservado espaço de apresentação, discussão e análise dos

resultados da presente pesquisa. A opção foi pela divisão sistematizada, por curso, entre o

Projeto Pedagógico do Curso, questionário dos professores e questionário dos alunos. Assim,

espera-se um encadeamento lógico das principais questões encontradas no decorrer do

processo investigativo dentro da temática. No “Apêndice A” consta o questionário dos alunos;

no “Apêndice B”, o questionário dos professores; e no “Apêndice C”, os resultados obtidos,

em percentagem, das respostas dos alunos.

4.1 Licenciatura em Ciências da Natureza: Ciências e Biologia, Ciências e

Física e Ciências e Química

4.1.1 Análise do Projeto Pedagógico do Curso

O curso de Licenciatura em Ciências da Natureza: Ciências e Biologia, Ciências e

Física ou Ciências e Química foi criado no ano 2000 e oferta 48 vagas a cada semestre letivo

em um regime de matrícula flexível,8 com aulas noturnas para ingressantes do primeiro

semestre e diurnas para os ingressantes do segundo semestre.

O itinerário formativo é composto por disciplinas de base comum a todas as

habilitações e outras específicas que habilitam o futuro professor em uma área fim, podendo

ser Ciência e Biologia, Ciência e Física ou Ciência e Química. A base comum ocorre nos três

primeiro períodos, com disciplinas envolvendo a dimensão dos saberes específicos e dos

saberes instrumentais9, excluindo a prática, com um total de 1320 horas/aula cursadas. A

“Prática como componente curricular”, assim como o “Estágio Supervisionado” configuram-

se com mesma carga horária de 480 horas/aula ambas. A partir do quarto período, de um total

de oito, com a escolha da habilitação por parte do aluno, as disciplinas envolverão a disciplina

8 De acordo com a Ordem de Serviço no 19 de 18 de maio de 2016 do IFFluminense campus Campos Centro, o

regime de matrícula flexível é aquele que, a partir do 2º período do curso, desobriga o aluno de cumprir

rigorosamente a sequência da matriz curricular, possibilitando a elaboração de um plano de estudos, conforme

sua preferência, respeitando-se a periodização recomendada, os requisitos e os horários dos componentes,

mediante orientação e aprovação da coordenação do curso (IFFluminense, 2016, p. 2). 9 Conforme o documento que apresenta os princípios norteadores dos Cursos de Licenciatura do IF Fluminense

(IFFluminense, 2015), a organização didático-pedagógica dos cursos está pautada em três dimensões: a dimensão

dos saberes específicos contempla conhecimentos pertinentes à área de conhecimento a ser ministrada e

conhecimentos da área pedagógica; a dimensão dos saberes instrumentais diz respeito a conhecimentos que

fundamentam o fazer do professor, articulados aos fundamentos teóricos que dão suporte à ação do docente; e a

dimensão dos saberes da prática profissional engloba conhecimentos articulados com o exercício no campo de

atuação do professor e que ampliam e enriquecem sua atuação.

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escolhida totalizando, no curso, 4.320 horas/aula cursadas em Ciências e Biologia; 4.440

horas/aula cursadas em Ciências e Física; e 4.360 horas/aula cursadas em Ciências e Química.

No perfil do egresso destaca-se que, ao final do curso, o licenciando deverá:

Demonstrar capacidade de resolver problemas concretos à prática docente, zelando

pela aprendizagem e pelo desenvolvimento do educando; Utilizar tecnologias da

informação e comunicação, de forma a ampliar e diversificar as formas de

interagir e compartilhar conhecimentos e se qualificar para a prática

profissional; Planejar, aplicar e avaliar os programas e projetos considerando as

características, interesses, necessidades e diversidade da comunidade escolar [...]

(IFFluminense, 2015, p. 44, grifos do autor).

Na busca por disciplinas que trabalhem as Tecnologias de Informação e Comunicação,

encontrou-se, no documento de ementa das disciplinas, no 1º período, a disciplina “Educação,

Trabalho e Tecnologias”10, com carga horária de 60 horas. Essa disciplina tem por objetivo,

como descrito na ementa, o desenvolvimento de uma visão crítica sobre o contexto educativo

do século XXI, analisando a emergência das tecnologias e sua interface com a cultura da

escola. Há de se destacar que essa interface está relacionada, diretamente, com a forma como

os sujeitos no processo educacional se relacionam entre si e se comunicam, o que leva à

possibilidade de inclusão de estudos sobre a utilização do meme como ferramenta no contexto

pretendido. Contudo, não há na ementa da disciplina a citação do meme como conteúdo a ser

abordado, apesar do conteúdo programático indicar “a comunicação educativa e as

perspectivas de metamorfose do trabalho docente” (IFFluminense, 2015, p. 24).

4.1.2 Análise dos questionários

4.1.2.1 Questionário do professor

O questionário foi aplicado junto a professora da disciplina “Trabalho, Educação e

Tecnologias”, cursada no 1º período do curso de Licenciatura em Ciências da Natureza. A

professora em questão possui faixa etária entre 26 e 35 anos, formação em pedagogia na

década de 2000 e titulação atual de mestra.

O que podemos observar das respostas do questionário é que a professora participante

da pesquisa teve uma formação acadêmica em que não eram discutidas e ensinadas as TIC na

10 No PPC não aparece essa disciplina com essa nomenclatura. No 1º período, existe uma disciplina denominada

“Educação e Trabalho”. Percebeu-se algumas mudanças entre as disciplinas da Matriz contida no PPC do Curso

de Licenciatura em Ciências da Natureza e aquelas apresentadas no documento das Ementas. Como foi visto que

as disciplinas das Ementas estão de acordo com o quadro de horários do curso disponibilizado na coordenação

acadêmica do curso, a base para análise das disciplinas e conteúdo correspondentes foi o documento com as

ementas publicado no sítio eletrônico da DIRLIC.

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educação, contudo, por motivações não explicitadas, houve um interesse, por parte do

professor, de buscar por cursos de aperfeiçoamento que preenchessem essa lacuna formativa,

dada a importância da temática assinalada por ela.

Por outro lado, mesmo utilizando redes sociais digitais, o meme não é um elemento

presente e integrador da linguagem utilizada pelo docente. Ainda que lance mão de recursos

tecnológicos em sala de aula, como apresentação de slides, mecanismos de buscas, textos

digitais e vídeos, não há uma utilização do meme como conteúdo na disciplina ministrada.

Entretanto, a professora afirma que a temática do meme deveria integrar o currículo do curso

por ser um recurso tecnológico difundido entre os estudantes e por ser fundamental para quem

utiliza redes sociais digitais.

4.1.2.2 Questionário dos alunos

4.1.2.2.1 Licenciatura em Ciências da Natureza: Ciências e Biologia

O questionário foi aplicado no último período do curso (8º período) a 02 respondentes,

que compõem o total de alunos da turma. Com faixa etária entre 18 e 25 anos (50%) e 26 e 35

anos (50%), metade dos respondentes cursa sua primeira graduação (50%) e há uma

predominância do sexo feminino (100%).

Em perspectiva de análise, é possível perceber que, embora na matriz curricular exista

a disciplina “Educação, trabalho e tecnologias”, 100% dos respondentes dizem não ter

cursado nenhuma disciplina com essa temática. Outra contradição encontrada é que, mesmo

dizendo não ter tido uma disciplina sobre o tema, 100% da amostra se sente preparada para

utilizar o meme no contexto das TDIC na educação.

Esse fato pode estar baseado em um senso comum da vivência dos licenciandos que,

ao utilizarem as TDIC em seus cotidianos, tendo em vista que todos os respondentes disseram

usar frequentemente das redes sociais digitais e os memes, sentem-se seguros de fazê-lo no

contexto educacional. Entretanto, entende-se que a educação é uma área de conhecimento

específica a qual necessita de domínio teórico metodológico dos assuntos e saberes para uma

ação efetiva no que tange ao ensino.

Juana María Sancho e Fernando Hernández (2006, p. 18) nos lembram que o fato de

inúmeras pessoas viverem imersas num contexto tecnológico, fazendo uso das tecnologias

(acesso e produção de informação), não significa que disponham das ferramentas necessárias

– habilidades e saberes – para converterem todo o conteúdo, oriundo desse uso, em

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conhecimento. Por isso, segundo os autores, é comum que o uso das TIC enfrente como

principal dificuldade, frente à transformação dos contextos educativos, a superação de

modelos de ensino voltados para a centralidade do professor.

Importa destacar ainda que 50% da amostra se diz preparada para utilizar as TIC,

mesmo sem ter tido a aprendizagem sistematizada, em sua formação acadêmica no

IFFLUMINENSEluminense, sobre a temática. O questionamento suscitado é qual o tipo de

entendimento se tem sobre o tema e como, mesmo sem ter tido uma formação voltada para o

uso das tecnologias no ambiente educativo, ele será desenvolvido junto aos educandos. Para

Hernández e Sancho (2006), o uso da tecnologia por si mesma não produzirá as grandes

mudanças imaginadas, justamente, por serem usadas para reforçar crenças de ensino em que

ensinar é explicar e aprender, escutar – daí a importância de uma formação docente crítica e

criativa quanto aos usos e alcances das TDIC.

4.1.2.2.2 Licenciatura em Ciências da Natureza: Ciências e Física

O questionário foi aplicado no último período do curso (8º período) a 01 único

respondente, que corresponde ao total de alunos na turma – o que justifica os valores

absolutos das percentagens. A faixa etária do respondente está entre 18 e 25 anos, encontra-se

cursando sua primeira graduação e é do sexo feminino.

Com o respondente afirmando que não houve disciplinas que abordassem a temática,

observa-se que o meme não é contemplado como conteúdo no curso bem como não é utilizado

pelos professores em suas exposições durante as aulas. De todo modo, segundo o respondente,

o meme é um facilitador relevante na comunicação mediada pelas TDIC, ainda que o currículo

do curso não atenda as necessidade de aprendizagem para sua utilização.

Apesar de declarar não ter tido uma disciplina sobre a temática e de entender que o

currículo do curso não está adequado ao atendimento das necessidades de aprendizagem para

o uso de memes, o respondente se diz estar preparado para sua utilização na educação.

Hernandéz e Sancho (2006) chamam a atenção para a importância da integração das

TIC nos processos formativos, apontando como resultado dessa integração uma autonomia no

próprio processo de aprendizagem do educando. Assim, pode-se dizer que, no contexto da

licenciatura de Ciências da Natureza, mesmo não havendo uma disciplina específica sobre a

temática, a utilização reflexiva das TIC nas demais, por parte dos professores, tenderia a

atenuar a ausência de uma discussão centralizada em um único componente curricular.

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Todavia, em relação ao meme, dificilmente isto seria possível. Para Wendel Freire et. al.

(2011), o professor que se propõe a utilizar as TDIC precisa saber construir redes de

conhecimento e não rotas, o que envolve estratégias, que são frutos de reflexão e curiosidade

didática, e um movimento dialético que permite o desenvolvimento de uma autonomia para a

criação de possibilidades, agendamentos e engendramentos na sua relação (do professor) com

o educando, mediada pela tecnologia.

Dito isto, podemos afirmar que somente uma sistematização teórico metodológica é

capaz de construir tal autonomia no licenciando, a fim de que o uso de uma linguagem como

o meme seja consciente e reflexiva no contexto educacional.

4.1.2.2.3 Licenciatura em Ciências da Natureza: Ciências e Química

O questionário foi aplicado no último período do curso (8º período) a 09 respondentes,

que correspondem ao total de alunos da turma. A maior parte dos alunos (55,6%) se encontra

na faixa etária entre 18 e 25 anos, estando os demais entre 36 e 45 (22,2%), 26 e 35 (11,1%) e

46 e 55 anos (11,1%). A maioria cursa sua primeira graduação (100%) e há uma

predominância do sexo masculino (88,9%).

O primeiro dado a chamar atenção é a polarização de respostas quando se trata da

disciplina voltada para o uso das TIC na educação. Na matriz, como salientado anteriormente,

a disciplina existe, contudo, 44,4% da amostra diz não existir - algo recorrente nas três

habilitações do Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza. Entretanto, 77,8% dos

respondentes dizem que o currículo do curso atende às necessidades de aprendizagem para

utilização das TDIC na educação.

Outro dado a ser destacado é o não uso de redes sociais digitais por 22,2% da amostra.

É um dado significativo por contestar a ideia do senso comum de que todos na

contemporaneidade estão inseridos em tais redes. Dos 77,8% que utilizam redes sociais

digitais, apenas 55,6% se comunicam utilizando memes e, quando o fazem, é em conversas

com família e amigos. Aqui, pode-se atribuir essa porcentagem pouco significativa, quanto ao

uso de memes pelos licenciandos, à pouca apreciação pelas habilidades de processamento

múltiplo de informações e tarefas (próprio do contexto das TDIC) ou mesmo a dificuldades

encontradas por aqueles que, segundo Prensky (2001), são imigrantes digitais: ao observar a

faixa etária da turma, 55,6% têm entre 18 e 25 anos; 11,1% entre 26 e 35 anos; 22,2% entre

36 e 45 anos; 11,1% entre 46 e 55 anos.

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23

A questão geracional aliada a uma estrutura formativa acadêmica inicial que não

atende às necessidades de aprendizagem para utilização das TDIC pode limitar, dentro do que

propõe a literatura sobre o assunto, a atuação do futuro professor que, segundo Vani Moreira

Kenski (2003), precisa se sentir “confortável” para utilizar a tecnologia como objeto

pedagógico. Tal “conforto” só será possível mediante o conhecimento e o domínio das

ferramentas tecnológicas por parte do licenciado – o processo não se finda até que ele (o

professor) possa avaliar essas ferramentas criticamente e criar novas possibilidades

pedagógicas que se adequem a sua realidade profissional.

Ademais, entende-se que em decorrência da falta de aprendizagem do/no contexto

comunicacional dentro das TDIC e da ausência de uso das redes sociais digitais por parte dos

licenciandos, o meme não é visto como recurso relevante para 33,3% dos respondentes

enquanto que 22,2% não acreditam que conhecer o meme é um facilitador na

comunicação/aprendizagem. De um modo ou de outro, 100% da amostra reconhece não estar

preparada para o uso do meme no âmbito educativo.

4.2 Licenciatura em Geografia

4.2.1 Análise do Projeto Pedagógico do Curso

O PCC da Licenciatura em Geografia (que a não ser encontrado no site da DIRLIC em

versão digital foi disponibilizado impresso para consulta pelo coordenador do curso) inicia-se

com uma dissertação sobre a ciência geográfica seguida de informações relacionadas à

justificativa, perfil do egresso, competência e habilidades profissionais, estrutura do curso e

matriz curricular que totaliza 3840 horas/aula.

O curso de Licenciatura em Geografia, criado em 2001, apresenta como justificativa,

para a oferta, a existência de uma lacuna na formação de professores em geografia na região

(em termos de número de cursos em instituições públicas) e tem por objetivo formar egressos

que, entre outras competências, dominem a ciência geográfica e atuem de forma ética, crítica,

autônoma e criativa (IFFLUMINENSE, 2010).

Ao analisar o Projeto Pedagógico do Curso percebeu-se que a palavra-chave

“tecnologia” aparece relacionada à ciência geográfica, no intuito de afirmar o compromisso de

ensino balizado com as novas formas de se produzir, perceber e modificar o espaço

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24

geográfico, e, também, referenciada às habilidades e competências a serem desenvolvidas na

formação dos licenciandos, as quais consistem, por exemplo, em:

a) desenvolver metodologias adequadas à utilização das tecnologias de

informação e comunicação nas práticas educativas, integrando o conhecimento

científico, tecnológico e humanístico ao processo de aprendizagem.

b) incorporar as diversas tecnologias enquanto práticas do saber e do ofício do

professor [...] (IFFLUMINENSE, 2010, p. 12).

As disciplinas encontradas a partir da palavra-chave foram: no 1º período, “Contexto

Social: Educação, Trabalho e Tecnologia”, com total de 60 horas/aula; no 6º período,

“Tecnologia e Espaço” com 60 horas/aula; no 7º período, “Modernização Tecnológica do

Espaço Brasileiro” com 60 horas/aula. Dentre estas, a única que trata das Tecnologias de

Informação e Comunicação no contexto do ensino e aprendizagem é “Educação, Trabalho e

Tecnologia”.

Todavia, mesmo tendo como objetivo discutir a relação entre TIC e educação, há uma

extensa preocupação na ementa desta disciplina com uma abordagem histórica, política e

econômica das relações entre tecnologia e trabalho, deixando a discussão sobre as TIC e a

educação, propriamente, em um tópico chamado “A emergência das novas linguagens e a

tecnologia digital” sendo seus itens correlacionados: “Inovações tecnológicas na cultura

escolar”; “Relações interpessoais no mundo informatizado”; “Linguagem e Novas

Tecnologias de Comunicação”; “O ciberespaço”; e “A educação escolar diante da cultura pós-

moderna”. Nestes itens, seria propícia e pertinente a discussão sobre o meme, contudo,

notando a bibliografia, o referencial mais recente é datado de 2004, sendo anterior ao

surgimento do meme como linguagem nas redes sociais digitais.

4.2.2 Análise dos questionários

4.2.2.1 Questionário dos professores

O questionário foi aplicado junto a professora da disciplina “Trabalho, Educação e

Tecnologias”, com 60 horas/aula, cursada no 1º período do curso de Licenciatura em

Geografia. Com faixa etária entre 26 e 35 anos, a professora tem formação em Pedagogia na

década de 2000 e titulação atual de mestra.

A professora do referido curso diz ter sido ofertado, em sua formação inicial, preparo

para lidar com as TIC no exercício do magistério. Esse fator, possivelmente, está relacionado

com a década de ingresso no curso de graduação em pedagogia (anos 2000), momento

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25

histórico em que a discussão sobre as TIC já permeavam os currículos das universidades

brasileiras. A professora considera muito importante trabalhar as TIC na formação de

professores.

Usuária das redes sociais digitais e entendendo o meme como “sátiras de situações

cotidianas”, a respondente não faz uso dos mesmos para se comunicar nos ambientes virtuais

em que participa. Tendo slides e youtube como recursos tecnológicos utilizados em suas

aulas, não contempla o meme na disciplina e entende que esse conteúdo não deve estar

presente na formação dos futuros professores.

4.2.2.2 Questionário dos alunos

O questionário foi aplicado no último período do curso (8º período) a 07 respondentes,

que correspondem a uma amostra parcial do total de alunos na turma (muitos alunos não

estavam presentes segundo informações dos próprios colegas que participaram da pesquisa).

A maior parte dos alunos (42,9%) se encontra na faixa etária entre 26 e 35 anos, sendo os

demais percentuais: 28,6%, entre 18 e 25 anos; 14,3%, entre 36 e 45 anos; e 14,3% entre 46 e

55 anos. A maioria encontra-se cursando sua primeira graduação (85,7%) e há uma

predominância do sexo masculino (71,4%).

Com 71,4% dos respondentes dizendo ter cursado pelo menos uma disciplina que

abordou a questão das TIC, pensa-se nos 28,8% que dizem não ter existido esta disciplina.

No entanto, mesmo com 85,7% dos licenciandos acreditando que o currículo do curso não

atende às necessidade de aprendizagem que envolve a utilização das TDIC na educação,

71,4% dos respondentes se dizem preparados para o uso do meme no contexto educacional.

Em contrapartida, apenas 42,9% utilizam os memes em redes sociais digitais e 51,7% afirmam

não se sentirem preparados para utilização das TDIC.

4.3 Licenciatura em Letras

4.3.1 Análise do Projeto Pedagógico do Curso

O Curso de Licenciatura em Letras – Português e Literaturas iniciou suas atividades

no ano de 2013, objetivando suprir uma necessidade de oferta de formação de professores em

Língua Portuguesa e Literatura, vindo a se tornar o único curso presencial público e gratuito

na cidade de Campos dos Goytacazes e região. Como objetivos do curso destaca-se a

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formação de licenciados para atuar na Educação Básica e Profissional comprometidos com a

ética para formação de cidadãos reflexivos e críticos em uma estrutura curricular com carga

3940 horas/aula (IFFLUMINENSE, 2015).

No PPC do curso, dentre os princípios que norteiam as práticas acadêmicas, exaradas

no Plano de Desenvolvimento Institucional11, faz-se notória a importância atribuída às novas

tecnologias da informação para a “democratização do conhecimento” (IFFLUMINENSE,

2016, p. 28).

A concepção e finalidade do curso acompanham, pois, essa perspectiva: verifica-se as

TIC como objeto de estudo do licenciando em Letras nas disciplinas “Linguagens da

Cibercultura” (3° período) com 60 horas/aula e “Tecnologia da Informação e da Comunicação

e o Ensino de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira” (6° período) com 40 horas/aula.

Quanto ao perfil do Egresso, ainda se tratando da ponderação dos usos e

aprendizagens das/nas tecnologias, o curso espera que o licenciado possa, ao final de seu

percurso formativo:

[...] d) Exercitar o hábito de leituras diversificadas, incluindo a semiótica tendo em

vista a multiplicidade de linguagens circulantes na sociedade;

e) Saber ler criticamente os novos gêneros textuais;

f) Ser um leitor que domine a tecnologia do hipertexto considerando seu caráter

revolucionário-pedagógico dentro das comunicações mediadas pelas TIC [...]

(IFFLUMINENSE, 2015, p. 23, grifos do autor)

Quanto às disciplinas salientadas, apesar da ementa da disciplina “Linguagens da

Cibercultura” não apresentar o meme como conteúdo, há um subtópico do conteúdo

programático intitulado “Gêneros Textuais Emergentes”, que pode englobar a questão do

meme. Na disciplina “Tecnologias da Informação e da Comunicação e o Ensino de Língua

Portuguesa e Literatura Brasileira”, cujo um dos objetivos é discutir as TIC no contexto

educacional, o meme também não aparece como conteúdo. Entretanto, mesmo não se

encontrando o meme como conteúdo a ser ensinado em tais ementários, infere-se que o meme

tende a aparecer no cotidiano da sala de aula, já que o perfil do egresso exige um

posicionamento crítico diante das “leituras diversificadas”, “multiplicidade de linguagens” e

“novos gêneros textuais” (IFFluminense 2015).

11 O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) é um documento oficial, exigido pelo Ministério da

Educação (MEC) e que caracteriza a identidade institucional, definindo sua missão, planejamento estratégico,

diretrizes e políticas para o crescimento e alcance dos objetivos da instituição para um período de cinco anos.

Para mais informações, acessar: http://portal1.IFFluminense.edu.br/reitoria/plano-de-desenvolvimento-

institucional-pdi/apresentacao.

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27

4.3.2 Análise dos Questionários

4.3.2.1 Questionário dos professores

Os questionários foram aplicados junto a professora da disciplina “Linguagens da

Cibercultura”, com faixa etária entre 26 e 35 anos, formação em letras na década de 2010 e

titulação atual de especialista. Já o questionário aplicado junto a professora da disciplina de

“Tecnologia da Informação e da Comunicação e o Ensino de Língua Portuguesa e Literatura

Brasileira”, com faixa etária entre 36 e 45 anos, formação em letras na década de 2000 e

titulação atual de mestra.

Ainda que a formação inicial da professora da disciplina “Linguagens da

Cibercultura” seja recente (década de 2010), ela declara não ter obtido preparo, durante a

formação acadêmica, para atuar com as TDIC na educação, por esse motivo, realizou cursos

de aperfeiçoamento e qualificação profissional e declara considerar extremamente importante

trabalhar com as TIC nos cursos de formação de professores.

Usuária das redes sociais digitais, a professora utiliza memes, principalmente, em

atividades educativas. Dentre os recursos tecnológicos utilizados estão vídeos, slides, músicas

e o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Moodle. O meme está presente nas discussões

da disciplina como conteúdo ministrado. Para a professora, o currículo do curso deveria

contemplar a temática do meme na formação dos futuros professores para “capacitá-los para o

uso desse gênero, que visa comunicar uma mensagem de forma rápida”.

A professora da disciplina “Tecnologia da Informação e da Comunicação e o Ensino

de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira” teve em sua formação inicial, na década de

2000, preparo para lidar com as TDIC no exercício do magistério e, tal como a outra

professora do Curso de Letras participante da pesquisa, considera o trabalho com as TIC

extremamente importante nos cursos de licenciatura.

A professora afirma utilizar redes sociais digitais e não utilizar o meme para se

comunicar nos ambientes virtuais, contudo, o faz em sua disciplina na forma de avaliação,

apoio ilustrativo do conteúdo, conteúdo da disciplina e exercícios. Considera-se que o

currículo deveria contemplar a temática do meme na formação dos futuros professores, pois é

um “gênero textual bem aceito e conhecido por jovens e crianças”.

4.3.2.2 Questionário dos alunos

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O questionário foi aplicado no último período do curso (8º período) a 20 respondentes

que correspondem a uma amostra parcial do total de alunos na turma (25 estudantes). Grande

parte dos alunos (75%) se encontram na faixa etária entre 18 e 25 anos, estando os demais

entre 26 e 35 anos (10%) e 46 e 55 anos (15%). Com a maioria cursando sua primeira

graduação (85%), há uma predominância do sexo feminino (80%).

Não surpreende que a expressa maioria (95%) responda ter tido alguma disciplina

sobre as TDIC na educação, já que no curso existem duas específicas sobre o tema. Contudo,

apenas para 60% dos respondentes o currículo do curso atende as necessidades de

aprendizagem sobre as TDIC. Em relação aos memes, mesmo grande parte dos professores

utilizando como ferramenta pedagógica (80%), apenas 35% dos respondentes disseram ter

aprendido sobre o meme em aulas que se propunham a falar sobre as TDIC. Por conseguinte,

nem todos os alunos (30%) se sentem preparados para utilizar as TDIC na educação e os

memes no contexto das tecnologias educacionais (35%). Outro dado sobre os memes que

chama atenção é que dos 100% dos licenciandos, que fazem uso frequente das redes sociais

digitais, 65% utilizam o meme como linguagem nesses meios.

Aqui, cabe uma reflexão sobre o binômio teoria-prática, ponto crucial amplamente

discutido na literatura que aborda a educação e a docência. Para Hack e Negri (2010), uma

das competências mais importantes do professor, no mundo contemporâneo, é saber

midiatizar e propagar, pelo uso da tecnologia de mídia, a comunicação do conhecimento aos

alunos, lidando com as TDIC criticamente e utilizando-as pedagogicamente. Essa é uma

competência que não se constrói apenas com teoria, mas que demanda uma interligação e

dialogicidade com a prática. Tal dinâmica, se considerada ao abordar o meme como

conteúdo/estratégia de ensino, leva a crer que, para além de apresentar a temática

conceitualmente ou mediante exemplos, faz-se determinante a apropriação da linguagem

especifica do ciberespaço e a transposição crítica das especificidades dessa linguagem para os

espaços formais ou informais de aprendizagem – movimento que pode estar ainda em

construção entre os licenciandos e docentes de Letras partícipes deste estudo.

4.4 Licenciatura em Matemática

4.4.1 Análise do Projeto Pedagógico do Curso

O curso de Licenciatura em Matemática existe desde 2005 na estrutura organizacional

do IFFluminense Campos campus Centro. Há expressa, no Projeto pedagógico do Curso de

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Matemática, uma alteração na matriz curricular motivada por sugestões feitas pelos

avaliadores do MEC em 2005, avaliação em que o curso ficou com nota 4 (Conceito de

Curso)12, e, dentre as sugestões, propôs-se incluir a disciplina “Educação Matemática e

Tecnologia”. Outra alteração apontada no PPC refere-se ao ano de 2010, em que houve

alteração no ementário do curso, com acréscimo de livros e divisão entre bibliografias básica

e complementar. A carga horária total do curso é de 4220 horas/aula.

No perfil do egresso, é esperado que o licenciado em Matemática possa desenvolver

uma metodologia adequada à utilização das novas tecnologias digitais - primeiro PPC, dentre

os analisados, a utilizar o termo Tecnologia Digital - como forma de construir o

conhecimento.

[...] desenvolver e aplicar metodologias e tecnologias de trabalho de modo que

possa atuar, de forma mais dinâmica, prazerosa e significativa, tendo sempre

presente a reflexão acerca dos riscos e benefícios das práticas científico-tecnológicas

na dinâmica do mundo contemporâneo; desenvolver procedimentos metodológicos

adequados à utilização das novas tecnologias digitais aplicadas ao processo de

construção do conhecimento e metodologias de aprendizagem; fazer uso de

recursos da tecnologia da informação e da comunicação de forma a aumentar as

possibilidades de aprendizagem dos alunos. (IFFLUMINENSE, 2015, grifos do

autor)

Duas disciplinas se propõem a tratar das tecnologias na educação no currículo do

Curso da Licenciatura em Matemática, sendo elas: “Educação Matemática e Tecnologia I”, de

60 horas/aula, que tem como objetivo geral a integração entre TIC e o ensino aprendizagem

de Matemática, e “Educação Matemática e Tecnologia II”, de 40 horas/aula, cujos objetivos

envolvem identificar, avaliar e utilizar ferramentas diversas da Web 2.0. Ao se examinar o

ementário das disciplinas, verificou-se que o meme não aparece como conteúdo a ser estudado

pelos licenciandos.

4.4.2 Análise dos questionários

4.4.2.1 Questionário dos professores

O questionário foi aplicado à professora das disciplinas “Educação Matemática e

Tecnologia I” e “Educação Matemática e Tecnologia II” cursadas, respectivamente, no 1º e 7º

12Cf.:http://emec.mec.gov.br/emec/consulta-

cadastro/detalhamento/d96957f455f6405d14c6542552b0f6eb/MTEyMA==/c1b85ea4d704f246bcced664fdaeddb

6/TUFURU3BVElDQQ==

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períodos do curso de Licenciatura em Matemática. A professora participante tem faixa etária

entre 26 e 35 anos, formação em matemática na década de 2000 e titulação atual de mestra.

Tendo sua formação nos anos 2000, a professora das disciplinas supracitadas diz

possuir, desde sua formação acadêmica inicial, preparo para lidar com as TDIC no exercício

do magistério e, complementarmente, indicou ter cursado uma especialização que também

tratou da temática. A respondente considera extremamente importante trabalhar com as TDIC

nos cursos de formação de professores.

Usuária das redes sociais, utiliza o meme para se comunicar em conversas com

família, amigos e comentário de postagens. Entretanto, não é um elemento discutido e/ou

utilizado nas disciplinas que ministra, mesmo tendo assinalado “redes sociais” como recurso

tecnológico das aulas.

Ademais, a professora considera que o meme deveria ser contemplado no currículo de

formação dos futuros professores pois “é importante que futuros professores entendam o que

é meme, discutam sua abrangência de forma que estejam inseridos no mesmo contexto de seus

futuros alunos”. Entendimento corroborado por diversos autores do campo de pesquisa como

Valente (2014), para quem o contexto educacional deve ser levado em consideração na

utilização das TDIC.

4.4.2.2 Questionário dos alunos

O questionário foi aplicado no último período vigente do curso (7º período) a 8

respondentes, que correspondem a uma amostra parcial do total de alunos na turma. Grande

parte dos alunos (75%) se encontra na faixa etária entre 18 e 25 anos, estando os demais entre

26 e 35 anos (25%). A maioria está cursando sua primeira graduação (87,5%) e há uma

predominância do sexo feminino (75%).

O curso de Licenciatura em Matemática é visto, por 100% dos licenciandos, como

tendo um currículo que atende às necessidades de aprendizagem relacionadas ao uso das TIC

na educação. Destaca-se esse resultando como fruto de um conjunto de ações, posto que, além

de disciplinas voltadas especificamente para a temática, os professores, de modo geral, em

suas aulas, de acordo com 100% dos respondentes, utilizam as TIC nas mais variadas

disciplinas. Como consequência, 75% entendem estar preparados para utilização das TIC em

sala de aula.

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Todavia, se tratando do meme, mesmo que 75% façam uso constante das redes sociais,

87,5% considerem relevante o uso do meme e 75% acreditem ser o meme um facilitador na

comunicação e aprendizagem, ele não é trabalhado na formação dos licenciandos. A

afirmativa parte das respostas dos licenciandos que dizem (100%) não ter aprendido sobre o

meme em nenhuma disciplina que se propunha a tratar das TDIC na educação. Desta forma,

75% dos respondentes, apontam se sentir despreparados para utilização do meme no contextos

das TDIC na educação. Em termos comparativos, em menor ou maior percentagem, nesta

pesquisa, todos os cursos, exceto matemática, tiveram contato com o tema meme em pelo

menos alguma aula ou na disciplina que se propunha a tratar das TDIC na educação.

A importância de levar o licenciando ao entendimento não só da prática mas, também,

do contexto comunicacional diferenciado que permeia o uso das tecnologias está em entender

a importância do que Demo (2011) denomina de dinâmica disruptiva do conhecimento, ou

seja: quando uma aprendizagem está ancorada em ambientes virtuais, esta exige do professor

esforço constante de atualização. Tal dinâmica inaugura um movimento de rupturas e

aproximações sucessivas, no qual o professor encontra-se submetido a ressignificações em

seu modo de ensinar-aprender. Por isso, a formação inicial docente deve oferecer ferramentas

fluidas – moldáveis a necessidades atuais e emergentes de educação – para que habilidades e

competências possam ser reelaboras e/ou construídas durante os processos. Neste processo,

incluem-se a discussão e o uso pedagógico dos memes.

4.5 Licenciatura em Teatro

4.5.1 Análise do Projeto Pedagógico do Curso

A Licenciatura em Teatro justifica-se como um grande avanço no entendimento da

arte e suas múltiplas linguagens expressas por Parâmetros Curriculares Específicos, segundo

os quais, o teatro se enquadra como requerente de saberes profissionais próprios a fim de ser

trabalhado, pelo professor, em sala de aula. A licenciatura em Teatro foi criada no

IFFLUMINENSEluminense no ano de 2015, com o objetivo de formar professores de teatro

para a Educação Básica, a partir de uma estrutura curricular com 4120 horas/aula

(IFFLUMINENSE, 2015).

Conforme o Projeto Pedagógico do Curso (2015), o perfil do egresso é composto por

competências e habilidades voltadas para um trabalho da Arte Teatral de modo

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interdisciplinar, comprometido com a Educação Especial e orientado para a diversidade da

população brasileira de maneira crítica e autônoma na busca de novos saberes.

[...] o licenciado será um sujeito crítico com capacidade de: a) organizar

conhecimentos teatrais, contextualizando-os estética, histórica e socialmente; b)

sistematizar práticas de formação e preparação para a pesquisa em torno das poéticas

dramatúrgicas, corporais, interpretativas, cenográficas e de encenação; c) produzir

espetáculos teatrais; d) ensinar teatro em espaços formais e não formais e lecionar

para alunos da educação básica (IFFLUMINENSE, 2015).

Foram identificadas, no PPC, duas disciplinas decorrentes da busca pela palavra-chave

“tecnologia”: a disciplina “Tecnologias Digitais na Educação” de 40 horas/aula, que apresenta

como um dos objetivos a integração das TIC no ensino-aprendizagem do Teatro; e a

disciplina “Tecnologias Aplicadas ao Ensino de Teatro” de 40 horas/aula, que se propõe a

avaliar e pesquisar as inter-relações entre arte, teatro e tecnologias. Nesta segunda, não se

trata de uma disciplina voltada para as TIC na educação, mas, sim, para as tecnologias do

fazer teatral. O meme, em ambas as ementas, não foi pontuado como conteúdo e nem em

tópicos relacionados à comunicação mediada pelas TDIC.

4.5.2 Análise dos questionários

4. 5. 2. 1 Questionário dos professores

O questionário foi aplicado junto ao professor da disciplina “Tecnologias Digitais na

Educação” cursada no 1º período do curso de Licenciatura em Teatro.

O professor da referida disciplina, atualmente, pós-doutor, encontra-se na faixa etária

entre 46 e 55 anos e formou-se (Graduação em Pedagogia) nos anos de 1980. Sua formação

inicial não contemplou o preparo para o trabalho com TDIC no magistério. O professor

considera muito importante a temática da tecnologia na educação e teve contato formativo

com o tema em um curso de aperfeiçoamento.

Usuário das redes sociais digitais, utiliza o meme nos ambientes virtuais em conversas

com familiares, conversa com amigos e comentários em postagens. Diz utilizar as TIC na sua

prática educativa: “todos [os recursos] disponíveis” na “escola” em que leciona. Além disso,

assinala realizar a discussão sobre o meme na disciplina que leciona, na forma de conteúdo e

avaliação, e acredita que o currículo do curso deveria contemplar o meme como conteúdo pois

“temos que ter uma visão do futuro e o MEME é o futuro da linguagem educativa”.

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33

4. 5. 2. 1 Questionário dos alunos

O questionário foi aplicado no último período vigente do curso (5º período) a treze

respondentes que correspondem a uma amostra parcial do total de alunos na turma. Mais da

metade dos alunos (53,8%) se encontram na faixa etária entre 26 e 35 anos, estando os demais

entre 18 e 25 anos (30,8%) e entre 36 e 45 anos (15,4%). A maioria está cursando sua

segunda graduação (61,5%) e, como na maior parte dos demais cursos de licenciatura do

IFFLUMINENSEluminense campus Campos Centro, há uma predominância do sexo

feminino (61,5%).

Mesmo o curso de Licenciatura em Teatro tendo uma disciplina específica para tratar

das TIC na educação, para 61,5% da amostra, o currículo não atende às necessidades de

aprendizagem dentro da temática. Em se tratando das redes sociais digitais, 100% da amostra

utiliza alguma rede e 100% faz uso do meme como ferramenta comunicativa. Mesmo não

tendo aprendido sobre o uso do meme no processo formativo, 92,3% reconhece a sua

relevância e seu uso como facilitador na comunicação e aprendizagem. A maioria da amostra

(69,2%) se diz preparada para utiliza-lo no contexto da educação.

Possivelmente, essa percepção de preparo (e adequação) para o uso do meme em um

ambiente educativo se deve ao fato dos licenciandos serem usuários ativos dessa ferramenta e,

portanto, se sentirem seguros para utiliza-la. Contudo, como pudemos observar com Recuero

(2016), Chagas e Toth (2016) e Pinto (2015), há toda uma complexidade e tipologias próprias

sobre os memes que ultrapassam o senso comum de sua utilização cotidiana quando tratamos

crítica e analiticamente da comunicação mediada pela tecnologia na educação. Assim, sem a

devida observância das características teóricas e técnicas das TDIC e do meme, corre-se o

risco de banalização do saber e de reprodução de paradigmas de maneira acrítica que,

desconsiderando a aprendizagem sistematizada, contribui de maneira pouco profícua para a

capacitação profissional dos professores atinente ao século XXI.

5 Considerações Finais

A preocupação com a formação dos professores no que tange à utilização das

Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação apresenta-se de modo constante na

literatura e no estabelecimento de políticas públicas para a área da educação. Observamos um

esforço teórico e empírico de inserção dessa temática nos currículos das licenciaturas. No

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34

IFFLUMINENSEluminense Campos campus Centro, todas as licenciaturas possuem, pelo

menos, uma disciplina específica para tratar das TDIC no contexto educacional.

Entretanto, apenas a existência de uma disciplina não garante uma formação adequada

ao contexto do século XXI. O uso de tecnologias não é apenas uma técnica que o futuro

professor precisa aprender para executar. Há um certo consenso entre os estudiosos desse

campo que aponta para o desenvolvimento de competências e habilidades que sejam críticas

quanto ao uso pedagógico das TDIC. Indo além, é preciso que não se domine apenas o fazer

mas também o entendimento dos processos para reelaborações e adequações da prática

educativa mediada pela tecnologia.

Faz-se perceptível no cotidiano, como a evolução das ferramentas tecnológicas se dá

de maneira veloz e disforme. Naturalmente, acompanha essas mudanças, a forma como o ser

humano se reelabora, se adaptando e modificando seus hábitos e costumes a partir do uso das

TDIC. Entendendo a linguagem como sujeita à sociedade e cultura de um povo e, portanto,

em constante mudança, e, ao mesmo tempo, como elemento definidor dessa mesma sociedade

e cultura (relação dialética), a maneira de se comunicar é afetada na medida em que as

tecnologias interferem no modo que seres humanos se relacionam entre si.

As tecnologias digitais trouxeram desafios por aproximarem professores e alunos,

inserindo-os em um novo ambiente – ciberespaço – onde as relações são permeadas por

constantes transformações, tanto da técnica quanto da maneira de se comunicar e de

estabelecer papéis no processo de ensinar-aprender. Tratando da comunicação, é notório, nos

últimos anos, o papel do meme como elemento integrador da linguagem que permeia o

ciberespaço. Consequentemente, conhecer e dominar essa ferramenta comunicacional faz-se

relevante para o professor que pretende utilizar as TDIC na educação. E o espaço propício

para que o educador tenha contato aprofundado com as discussões teórico-conceituais bem

como metodológicas sobre a ferramenta supracitada é, justamente, na sua formação inicial.

A formação inicial do futuro professor é onde este irá formar sua identidade

profissional. Esta identidade precisa estar em consonância com o século XXI, e cujo contexto

aponta para uma intensa utilização de tecnologias em todos os âmbitos da vida social. Assim,

faz-se imprescindível uma atenção voltada para a linguagem que permeia tais tecnologiasa

fim de que seu potencial seja vivenciado crítica e organicamente pelos sujeitos. Conhecer as

estratégias de comunicação bem como de formação educativa no ciberespaço, especialmente

nas redes sociais digitais amplamente utilizadas nos dias atuais, passa a ser uma competência

relevante a ser inserida na preparação para o magistério.

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35

Conforme os resultados obtidos nesta pesquisa, há um entendimento expresso, pela

maioria dos alunos e professores participantes do estudo, da relevância do meme como

facilitador na comunicação e aprendizagem dentro do contexto de utilização das TDIC na

educação. Contudo, observou-se no último período vigente dos cursos de licenciatura, em

muitos casos, o último período cursado pela turma, um despreparo, na percepção dos

licenciandos, para tal fim.

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38

Apêndices

Apêndice A – Questionário aplicado aos alunos dos Cursos de Licenciatura

do IFFLUMINENSEluminense campus Campos Centro

1. Faixa etária:

( ) 18-25

( ) 26-35

( ) 36-45

( ) 46-55

( ) 56-65

( ) A partir de 66 anos

2. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

3. Gênero ( ) Masculino ( ) Feminino

4. É o seu primeiro curso de graduação?

( ) Sim

( ) Não.

Se não, qual o curso anterior e qual o ano de

conclusão?

_____________________________________

5. Durante o seu curso você teve alguma

disciplina que abordasse as Tecnologias de

Informação e Comunicação (TIC)/Tecnologias

Digitais de Informação e Comunicação (TDIC)

visando o exercício futuro do magistério?

( ) Sim

( ) Não

6. Durante o seu curso houve, por parte dos

professores, a utilização de TDIC durante as

aulas?

( ) Sim

( ) Não

7. Você acredita que o currículo do curso

atende às necessidades de aprendizagem para a

utilização das TDIC na educação?

( ) Sim

( ) Não

8. Você utiliza redes sociais digitais?

( ) Sim. Quais?

____________________________________

( ) Não

9. O que você entende por meme?

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39

______________________________________

______________________________________

______________________________________

__________________________________

10. Você utiliza memes para se comunicar nas

redes sociais digitais?

( ) Sim

( ) Não

Se sim, em quais situações você utiliza o

meme? (pode ser marcada mais de uma opção)

( ) Conversa com família

( ) Conversa com amigos

( ) Conversa com professores

( ) Comentários de postagens

( ) Atividades educativa

( ) Outro: ________________________

11. Você aprendeu sobre meme nas aulas que

se propunham a tratar das TIC na educação?

( ) Sim

( ) Não

12. Algum professor do seu curso utilizou o

meme como ferramenta pedagógica?

( ) Sim

( ) Não

Se sim, em qual situação? (pode marcar mais

de uma opção)

( ) Avaliação

( ) Apoio ilustrativo do conteúdo

( ) Conteúdo da disciplina

( ) Exercícios

( ) Outro:________________________

13. Considera o meme um recurso relevante no

contexto do uso das TDIC na educação?

( ) Sim

( ) Não

14. Acredita, como futuro professor, que saber

reconhecer e produzir memes é um facilitador

da comunicação/aprendizagem no contexto da

utilização das TDIC?

( ) Sim

( ) Não

Por quê?

______________________________________

______________________________________

______________________________________

__________________________________

15. Você se sente preparado (a) para utilizar as

TDIC na educação?

( ) Sim

( ) Não

16. Você se sente preparado para utilizar os

memes no contexto das TDIC na educação?

( ) Sim

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40

( ) Não

Obrigado pela participação

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1

Apêndice B – Questionário aplicado aos professores dos Cursos de

Licenciatura do IFFLUMINENSEluminense campus Campos Centro

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA PROFESSOR(A)

Curso(s) de atuação:_________________________________________________________

Disciplina(s) (dentro da temática) que ministra:___________________________________

1. Faixa etária:

( ) 18-25

( ) 26-35

( ) 36-45

( ) 46-55

( ) 56-65

( ) A partir de 66 anos

2. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

3. Gênero ( ) Masculino ( ) Feminino

4. Qual década da sua formação inicial?

( ) 1960

( ) 1970

( ) 1980

( ) 1990

( ) 2000

( ) 2010

5. Em qual instituição?

_____________________________________

6. Em que curso foi sua graduação?

_____________________________________

7. Titulação máxima atual:

_____________________________________

8. Em sua formação inicial, houve um preparo

para lidar com as Tecnologias da Informação e

Comunicação (TIC) no exercício de seu

magistério?

( ) Sim

( ) Não

9. Se sim, a temática referente às Tecnologias

Digitais de Informação e Comunicação

(TDIC) foi contemplada em sua graduação?

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2

( ) Sim

( ) Não

10. Já realizou algum curso de formação

continuada que tenha tratado das TIC?

( ) Sim

( ) Não

Se sim, em qual modalidade foi essa

formação?

( ) Extensão

( ) Aperfeiçoamento

( ) Qualificação

( ) Especialização

( ) Mestrado

( ) Doutorado

11. Em sua opinião, qual o grau de

importância em trabalhar as/com as TIC nos

cursos formação de professores?

( ) Extremamente importante

( ) Muito Importante

( ) Um pouco importante

( ) Pouco importante

( ) Não é importante

12. Você utiliza redes sociais digitais?

( ) Sim. Quais?

____________________________________

( ) Não

13. O que você entende por meme?

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

14. Você utiliza memes para se comunicar nas

redes sociais digitais?

( ) Sim

( ) Não

15. Se sim, em quais situações você utiliza o

meme? (pode ser marcada mais de uma opção)

( ) Conversa com família

( ) Conversa com amigos

( ) Conversa com professores

( ) Comentários de postagens

( ) Atividades educativas

16. Você utiliza recursos tecnológicos em suas

aulas?

( ) Sim.

Quais?________________________________

_____________________________________

_____________________________________

( ) Não

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3

17. Há discussão/utilização dos memes na sua

disciplina?

( ) Sim

( ) Não

Se sim, em quais ocasiões?

( ) Avaliação

( ) Apoio ilustrativo do conteúdo

( ) Conteúdo da disciplina

( ) Exercícios

18. Em sua opinião, o currículo do curso

deveria contemplar a temática do meme na

formação dos futuros professores?

( ) Sim

( ) Não

19. Se sim, por quê?

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

_____________________________________

Obrigado pela participação

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4

Apêndice C – Respostas em percentuais dos questionários aplicados aos

estudantes

Ciências e Biologia – 8º Período

Questão Resposta em %

SIM NÂO Durante o seu curso você teve alguma disciplina que abordasse as Tecnologias

de Informação e Comunicação (TIC)/Tecnologias Digitais de Informação e

Comunicação(TDIC) visando o exercício futuro do magistério? 0 100

Durante o seu curso houve, por parte dos professores, a utilização de TDIC

durante as aulas? 100 0

Você acredita que o currículo do curso atende às necessidades de

aprendizagem para utilização das TDIC na educação? 0 100

Você utiliza redes sociais digitais? 100 0 Você utiliza memes para se comunicar nas redes sociais digitais? 100 0 Você aprendeu sobre meme nas aulas que se propunham a tratar das TIC na

educação? 0 100

Algum professor do seu curso utilizou o meme como ferramenta pedagógica? 0 100 Considera o meme um recurso relevante no contexto do uso das TDIC na

educação? 100 0

Acredita, como futuro professor, que sabe reconhecer e produzir memes é um

facilitador da comunicação/aprendizagem no contexto da utilização das

TDIC? 100 0

Você se sente preparado (a) para utilizaras TDIC na educação? 50 50 Você se sente preparado para utilizar os memes no contexto das TDIC na

educação? 100 0

Ciências e Física – 8º Período

Questão Resposta em %

SIM NÂO Durante o seu curso você teve alguma disciplina que abordasse as Tecnologias

de Informação e Comunicação (TIC)/Tecnologias Digitais de Informação e

Comunicação(TDIC) visando o exercício futuro do magistério? 0 100

Durante o seu curso houve, por parte dos professores, a utilização de TDIC

durante as aulas? 100 0

Você acredita que o currículo do curso atende às necessidades de

aprendizagem para utilização das TDIC na educação? 0 100

Você utiliza redes sociais digitais? 100 0 Você utiliza memes para se comunicar nas redes sociais digitais? 100 0 Você aprendeu sobre meme nas aulas que se propunham a tratar das TIC na

educação? 0 100

Algum professor do seu curso utilizou o meme como ferramenta pedagógica? 0 100 Considera o meme um recurso relevante no contexto do uso das TDIC na

educação? 100 0

Acredita, como futuro professor, que saber reconhecer e produzir memes é um

facilitador da comunicação/aprendizagem no contexto da utilização das

TDIC? 100 0

Você se sente preparado (a) para utilizaras TDIC na educação? 100 0 Você se sente preparado para utilizar os memes no contexto das TDIC na

educação? 100 0

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5

Ciências e Química – 8º Período

Questão Resposta em %

SIM NÂO Durante o seu curso você teve alguma disciplina que abordasse as Tecnologias

de Informação e Comunicação (TIC)/Tecnologias Digitais de Informação e

Comunicação(TDIC) visando o exercício futuro do magistério? 55,6 44,4

Durante o seu curso houve, por parte dos professores, a utilização de TDIC

durante as aulas? 77,8 22,2

Você acredita que o currículo do curso atende às necessidades de

aprendizagem para utilização das TDIC na educação? 77,8 22,22

Você utiliza redes sociais digitais? 77,8 22,2 Você utiliza memes para se comunicar nas redes sociais digitais? 55,6 44,4 Você aprendeu sobre meme nas aulas que se propunham a tratar das TIC na

educação? 0 100

Algum professor do seu curso utilizou o meme como ferramenta pedagógica? 100 0 Considera o meme um recurso relevante no contexto do uso das TDIC na

educação? 66,7 33,3

Acredita, como futuro professor, que saber reconhecer e produzir memes é um

facilitador da comunicação/aprendizagem no contexto da utilização das

TDIC? 77,8 22,2

Você se sente preparado (a) para utilizaras TDIC na educação? 77,8 22,2 Você se sente preparado para utilizar os memes no contexto das TDIC na

educação? 0 100

Licenciatura em Geografia – 8º Período

Questão Resposta em %

SIM NÂO Durante o seu curso você teve alguma disciplina que abordasse as Tecnologias

de Informação e Comunicação (TIC)/Tecnologias Digitais de Informação e

Comunicação(TDIC) visando o exercício futuro do magistério? 71,4 28,6

Durante o seu curso houve, por parte dos professores, a utilização de TDIC

durante as aulas? 85,7 14,3

Você acredita que o currículo do curso atende às necessidades de

aprendizagem para utilização das TDIC na educação? 14,3 85,7

Você utiliza redes sociais digitais? 100 0 Você utiliza memes para se comunicar nas redes sociais digitais? 57,1 42,9 Você aprendeu sobre meme nas aulas que se propunham a tratar das TIC na

educação? 14,3 85,7

Algum professor do seu curso utilizou o meme como ferramenta pedagógica? 14,3 85,7 Considera o meme um recurso relevante no contexto do uso das TDIC na

educação? 85,7 14,3

Acredita, como futuro professor, que saber reconhecer e produzir memes é um

facilitador da comunicação/aprendizagem no contexto da utilização das

TDIC? 85,7 14,3

Você se sente preparado (a) para utilizaras TDIC na educação? 42,9 57,1 Você se sente preparado para utilizar os memes no contexto das TDIC na

educação? 28,6 71,4

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6

Licenciatura em Letras – 8º Período

Questão Resposta em %

SIM NÂO Durante o seu curso você teve alguma disciplina que abordasse as Tecnologias

de Informação e Comunicação (TIC)/Tecnologias Digitais de Informação e

Comunicação(TDIC) visando o exercício futuro do magistério? 95 5

Durante o seu curso houve, por parte dos professores, a utilização de TDIC

durante as aulas? 85 15

Você acredita que o currículo do curso atende às necessidades de

aprendizagem para utilização das TDIC na educação? 60 40

Você utiliza redes sociais digitais? 100 0 Você utiliza memes para se comunicar nas redes sociais digitais? 65 35 Você aprendeu sobre meme nas aulas que se propunham a tratar das TIC na

educação? 35 65

Algum professor do seu curso utilizou o meme como ferramenta pedagógica? 80 20 Considera o meme um recurso relevante no contexto do uso das TDIC na

educação? 95 5

Acredita, como futuro professor, que saber reconhecer e produzir memes é um

facilitador da comunicação/aprendizagem no contexto da utilização das

TDIC? 90 10

Você se sente preparado (a) para utilizaras TDIC na educação? 70 30 Você se sente preparado para utilizar os memes no contexto das TDIC na

educação? 65 35

Licenciatura em Matemática – 6º Período

Questão Resposta em %

SIM NÂO Durante o seu curso você teve alguma disciplina que abordasse as Tecnologias

de Informação e Comunicação (TIC)/Tecnologias Digitais de Informação e

Comunicação(TDIC) visando o exercício futuro do magistério? 100 0

Durante o seu curso houve, por parte dos professores, a utilização de TDIC

durante as aulas? 100 0

Você acredita que o currículo do curso atende às necessidades de

aprendizagem para utilização das TDIC na educação? 100 0

Você utiliza redes sociais digitais? 100 0 Você utiliza memes para se comunicar nas redes sociais digitais? 75 25 Você aprendeu sobre meme nas aulas que se propunham a tratar das TIC na

educação? 0 100

Algum professor do seu curso utilizou o meme como ferramenta pedagógica? 12,5 87,5 Considera o meme um recurso relevante no contexto do uso das TDIC na

educação? 87,5 12,5

Acredita, como futuro professor, que saber reconhecer e produzir memes é um

facilitador da comunicação/aprendizagem no contexto da utilização das

TDIC? 75 25

Você se sente preparado (a) para utilizaras TDIC na educação? 75 25 Você se sente preparado para utilizar os memes no contexto das TDIC na

educação? 25 75

Page 47: O Lugar do Meme nos Cursos de Licenciaturasbd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/2066/1/Texto.pdf · O lugar do meme nos cursos de ... modos de se relacionar, as TDIC também alcançam

7

Licenciatura em Teatro – 5º Período

Questão Resposta em %

SIM NÂO Durante o seu curso você teve alguma disciplina que abordasse as Tecnologias

de Informação e Comunicação (TIC)/Tecnologias Digitais de Informação e

Comunicação(TDIC) visando o exercício futuro do magistério? 100 0

Durante o seu curso houve, por parte dos professores, a utilização de TDIC

durante as aulas? 100 0

Você acredita que o currículo do curso atende às necessidades de

aprendizagem para utilização das TDIC na educação? 38,5 61,5

Você utiliza redes sociais digitais? 100 0 Você utiliza memes para se comunicar nas redes sociais digitais? 100 0 Você aprendeu sobre meme nas aulas que se propunham a tratar das TIC na

educação? 15,4 84,6

Algum professor do seu curso utilizou o meme como ferramenta pedagógica? 7,7 92,3 Considera o meme um recurso relevante no contexto do uso das TDIC na

educação? 92,3 7,7

Acredita, como futuro professor, que saber reconhecer e produzir memes é um

facilitador da comunicação/aprendizagem no contexto da utilização das

TDIC? 92,3 7,7

Você se sente preparado (a) para utilizaras TDIC na educação? 69,2 30,8 Você se sente preparado para utilizar os memes no contexto das TDIC na

educação? 69,2 30,8