o Modelo Neoclássico de Crescimento

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O MODELO NEOCLÁSSICO DE CRESCIMENTO

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  • O MODELO NEOCLSSICO DE CRESCIMENTO

    Livro: Dynamic Optimization - (Pgina 124 do PDF do Kamien-Schwartz)

    Notas de Aula: Anderson Passos Bezerra

    Em uma populao constante de L trabalhadores idnticos, o consumo per capita

    dado por C(t). Cada trabalhador deriva uma utilidade U(c(t)) do consumo, onde U(c) > 0 e

    U(c) < 0. Supondo que a utilidade marginal cresce indefinidamente quando o consumo tende

    a zero ( lim0 ()). Um planejador central deseja maximizar a utilidade agregada

    descontada.

    max (())

    0

    : = ((), ()) ()

    Onde; = Trajetria temporal do estoque de capital;

    (, ) = Funo de produo neoclssica;

    C = Nvel de consumo agregado.

    Vamos trabalhar com o problema em nvel per capita. Para isso as variveis devem

    ser divididas pelo tamanho da populao de modo que a restrio ser;

    Por conveno sempre que as variveis estiverem representadas de forma maiscula

    representam estoque em nvel natural, e minsculas representam estoque em nvel per capita.

    =

    1

    ((, ) ) (1)

    A funo de produo neoclssica apresenta as seguintes propriedades:

    I) homognea de grau 1 em todas as variveis, ou seja;

    (, ) = (, )

    II) A funo crescente nas variveis e cresce de modo decrescente;

    (, )

    > 0,

    (, )

    > 0

    2(, )

    2< 0,

    2(, )

    2< 0

  • III) Obedece as condies de Inada

    lim

    (, )

    = 0, lim

    0

    (, )

    =

    lim

    (, )

    = 0, lim

    0

    (, )

    =

    Pela homogeneidade da funo de produo neoclssica podemos escrever a sua

    forma per capita, como abaixo;

    1

    (, ) = (

    ,

    ) = (

    , 1) = () (2)

    Onde k = K/L e represente o estoque de capital per capita.

    Podemos tambm descrever a trajetria do estoque de capital per capita no tempo, ou

    seja,

    ( ) =

    ( )

    Como o estoque de capital e o estoque de mo de obra so funes do tempo, temos

    um derivada do quociente,

    (()

    () )

    =

    2=

    2=

    =

    Por hiptese do modelo, a taxa de crescimento da populao zero (hiptese da

    populao constante), assim =0, logo a trajetria do estoque de capital per capita :

    ( )

    =

    = (3)

    Deste modo o problema de maximizao da utilidade descontada ao valor presente

    ser, em termos per capita;

    max (())

    0

    : = (()) ()

    Que um problema de controle timo ao valor corrente, onde a varivel controle o consumo e a varivel estado o estoque de capital.

  • O hamiltoniano do valor corrente

    = (()) + ()[(()) ()] (4)

    Por economia iremos suprimir o argumento tempo em nossas notaes e de modo

    mais simples escrevemos o hamiltoniano do valor corrente;

    = () + [() ] (4.1)

    No problema de controle timo as condies necessrias para a maximizao so:

    = 0 = (5)

    = = ( ) (6)

    = () (7)

    Onde alguma funo com subscrito de um varivel representa a derivada da funo em

    relao a esta varivel, por exemplo, = ()

    e =

    ()

    ;

    Vamos caracterizar uma soluo em termos das variveis consumo e estoque de

    capital. Das condies necessrias podemos eliminar a varivel m, que nada mais do que

    uma funo do multiplicador de Lagrange e do fator de desconto. Derivando a equao (5) em

    relao ao tempo, obteremos;

    = (8)

    Substituindo (5) e (8) na equao (6), obteremos;

    = ( )

    =

    ( ) (9)

    Ficamos ento com o sistema de equaes diferenciais no lineares em c e k dado

    pelas equaes (9) e (7)

    { =

    ( )

    = ()

    Podemos fazer algumas consideraes a respeito do comportamento desse sistema

    em relao ao estado estacionrio.

    O estado estacionrio das variveis caracterizado pela variao nula das mesmas no

    tempo, ou seja;

    { = 0 = = 0 =

    Onde e so valores constantes

    Para = 0, da equao (9) teremos que;

  • ( ) = 0 = (10)

    Lembrando que = (), pelo teorema da funo implcita teremos que;

    1() = (11)

    Como r constante e positivo, a curva representativa de = 0 no plano , uma reta vertical1 situada no quadrante positivo.

    Para verificarmos a dinmica fora da reta = 0 suponha um ponto ( + , ), com a > 0, teramos (a partir da equao 11)

    1() ( + ) = 1() = < 0 (12)

    Portanto no ponto ( + , ), a funo decrescer, como apresentado no diagrama

    abaixo;

    Para = 0, da equao (7) teremos que;

    () = 0 () = (13)

    A funo () a funo de produo neoclssica em termos per capita e como dito anteriormente dentre as suas propriedades est o fato de que a mesma cresce a taxas

    decrescentes, (ou seja a funo cncava) e passa pela origem2.

    Para verificarmos a dinmica fora da curva = 0 suponha um ponto ( , + ), com a > 0, teramos (a partir da equao 13),

    () ( + ) = () = < 0 (14)

    1 Podemos verificar este fato tambm pela derivada

    (=0)

    que igual a 0.

    2 Pode ser verificado fazendo K e L iguais a 0 e utilizando a homogeneidade de grau 1 em F(K,L).

    c

    k

    =

    1() =

    +

  • Portanto no ponto ( , + ), a funo decrescer, como apresentado no diagrama

    abaixo;

    O equilbrio dinmico do sistema apresentado no diagrama de fase abaixo, pode-se

    notar que trata-se de equilbrio instvel, do tipo ponto de sela. H uma trajetria estvel que

    leva ao equilbrio de estado estacionrio, porm h tambm trajetrias que podem levar a

    distanciar do equilbrio estacionrio.

    Podemos linearizar o sistema atravs de uma expanso de Taylor de primeira ordem

    para verificarmos a existncia do equilbrio de ponto de sela como o anunciado atravs da

    anlise qualitativa do sistema.

    Realizando uma expanso de Taylor em torno do estado estacionrio ( , ), a partir

    das equaes (7) e (9);

    c

    k

    = 0

    () =

    +

    c

    k

    = 0

    () =

    c

    k

    = 1() =

  • - Expanso de Taylor sobre

    (() ) + ()( ) ( )

    Como () = 0, temos que;

    ()( ) ( ) (15)

    - Expanso de Taylor sobre

    ()

    ()( ()) ()

    ()

    ()( )

    + [()

    2 ()()

    ()2] ( ())( )

    Como () = 0, temos que;

    ()()

    ()( ) (16)

    O sistema formado pelas formas linearizadas em (15) e (16) :

    {

    ()( ) ( )

    ()()

    ()( )

    Na forma matricial o sistema pode ser escrito como;

    [

    ] = [

    () 1

    ()()

    ()0

    ] [( )( )

    ]

    Calculando o determinante da matriz de coeficientes (chamemos de A) do sistema

    acima, obteremos;

    det() = ()()

    ()< 0

    Significando portanto que as razes caractersticas do sistema so distintas e com sinais

    opostos, o que caracteriza um ponto de sela.