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O NEOLIBERALISMO E A BANALIZAÇÃO DA INJUSTIÇA SOCIAL. Ranúlio Mendes Moreira * RESUMO:O presente artigo tem por objetivo a análise do neoliberalismo, da violência psicológica no trabalho e do processo de banalização da injustiça social. Trabalha o tema a partir de pesquisas bibliográficas, fazendo analogia entre os métodos neoliberais e as práticas nazistas, fazendo uma abordagem crítica e delineando as sua repercussão na sociedade Palavras-Chave: Direito do Trabalho; Neoliberalismo;Violência psicológica no trabalho; Banalização da injustiça social. 1. INTRODUÇÃO O mundo do trabalho é um dos terrenos mais férteis, para a proliferação da violência. Podemos falar da violência no campo, onde trabalhadores clamam por uma reforma agrária e pela possibilidade de conduzirem suas vidas com dignidade e com terra para plantar e produzir. Podemos falar da violência contra os sindicalistas e aqueles que ousam desafiar as forças dominantes tentando romper os grilhões que amarram a classe operária e inúmeras outras formas de violência que se mostram evidentes em nossa sociedade, além de outro número enorme de atos violentos que por suas peculiaridades não chegam ao conhecimento de todos, atingindo, diretamente, apenas ao trabalhador, de forma ostensiva ou subreptícia. A violência psicológica no trabalho atinge um número enorme de pessoas, principalmente nos países subdesenvolvidos. Aqui, portanto, faremos uma breve * Juiz do Trabalho Substituto no TRT da 3ª Região. Ex Juiz do Trabalho Substituto da 23ª Região. Especialização em Direito do Trabalho no IEPC - Instituto de Ensino e Pesquisa Científica /UCG.

O Neoliberalismo e a Banalização Da Injustiça Social

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  • O NEOLIBERALISMO E A BANALIZAO DA INJUSTIA SOCIAL.

    Ranlio Mendes Moreira*

    RESUMO:O presente artigo tem por objetivo a anlise do neoliberalismo, da violncia psicolgica no trabalho e do processo de banalizao da injustia social. Trabalha o tema a partir de pesquisas bibliogrficas, fazendo analogia entre os mtodos neoliberais e as prticas nazistas, fazendo uma abordagem crtica e delineando as sua repercusso na sociedade Palavras-Chave: Direito do Trabalho; Neoliberalismo;Violncia psicolgica no trabalho; Banalizao da injustia social.

    1. INTRODUO

    O mundo do trabalho um dos terrenos mais frteis, para a proliferao

    da violncia. Podemos falar da violncia no campo, onde trabalhadores clamam por uma

    reforma agrria e pela possibilidade de conduzirem suas vidas com dignidade e com terra para

    plantar e produzir. Podemos falar da violncia contra os sindicalistas e aqueles que ousam

    desafiar as foras dominantes tentando romper os grilhes que amarram a classe operria e

    inmeras outras formas de violncia que se mostram evidentes em nossa sociedade, alm de

    outro nmero enorme de atos violentos que por suas peculiaridades no chegam ao

    conhecimento de todos, atingindo, diretamente, apenas ao trabalhador, de forma ostensiva ou

    subreptcia.

    A violncia psicolgica no trabalho atinge um nmero enorme de

    pessoas, principalmente nos pases subdesenvolvidos. Aqui, portanto, faremos uma breve

    * Juiz do Trabalho Substituto no TRT da 3 Regio. Ex Juiz do Trabalho Substituto da 23 Regio. Especializao em Direito do Trabalho no IEPC - Instituto de Ensino e Pesquisa Cientfica /UCG.

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    exposio dos motivos pelos quais este mal atinge de forma to contundente massa

    trabalhadora brasileira, que, de forma cruel, mutilada por esta mquina perversa chamada

    mercado.

    2. O MERCADO DA VIOLNCIA

    As trs ltimas dcadas vm sendo marcadas pelo surgimento e pela

    implementao macia e extremamente veloz de uma poltica econmica voraz e avassaladora

    denominada neolibralismo.

    Este neoliberalismo, nada mais do que uma nova roupagem para a

    velha concepo liberal do Estado mnimo, que, tenta ressuscitar hoje como se fosse a mais

    perfeita e acabada das instituies culturais. O liberalismo foi incapaz de assegurar a vida

    digna maioria das pessoas e essas, sem garantia de emprego, recebendo salrios aviltantes,

    trabalhando durante jornadas extremamente longas, viram-se abandonadas prpria sorte

    diante da neutra indiferena do Estado1.

    Hoje impe-se o neoliberalismo, que apenas o liberalismo, desta feita,

    mais cruel e sofisticado, amparado pelo comrcio internacional, pelos meios de comunicao

    de massa e pelos grandes avanos tecnolgicos e de comunicao que deram propulso

    denominada globalizao.

    Neste contexto, muito esclarecedora a sbia manifestao de Ricardo

    Antunes (2001, P. 15), que afirma2:

    Particularmente, nas ltimas dcadas a sociedade contempornea vem presenciando profundas transformaes, tanto nas formas de materialidade quanto na esfera da subjetividade, dadas as complexas relaes entre essas formas de ser de de existir da sociabilidade humana. A crise experimentada pelo capital, bem como suas respostas, das quais o neoliberalismo e a reestruturao produtiva da era da acumulao flexvel so expresso, tm acarretado, entre tantas conseqncias, profundas mutaes no interior do mundo do trabalho. Dentre elas podemos inicialmente mencionar o enorme desemprego estrutural, um crescente contingente de trabalhadores em condies precarizadas, alm da degradao que se amplia, na relao metablica entre o homem e a natureza, conduzida pela lgica societal

    1 AZEVEDO, Plauto Faraco de. Direito, justia social e neoliberalismo. So Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.

    2 ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmao e a negao do trabalho. 5. ed. So Paulo: Boitempo, 2001.

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    voltada prioritariamente para a produo de mercadorias e para a valorizao do capital.

    Podemos compreender, portanto, que o modelo econmico vigente

    quem determina como devem operar os fenmenos do mundo do trabalho, sendo que o

    poderoso mercado quem dita as normas que devem ser acatadas por pases e empresas que

    no queiram se ver excludos do mundo globalizado, competitivo e moderno.

    De forma irracional, acredita-se na velha teoria da mo invisvel, que

    regulamentaria automaticamente as situaes dspares, evitando o colapso do sistema

    capitalista. Todavia, esta mo invisvel afaga a um nmero mnimo de capitalistas, abafa um

    grande nmero de empresrios, principalmente os pequenos e mdios, que no conseguem se

    adaptar rapidamente sua lgica; e, finalmente esta mo espanca e sufoca a classe

    trabalhadora.

    Faz-se-nos crer que estamos em uma guerra constante, no um conflito

    armado, mas uma guerra econmica, na qual estariam em jogo, com a mesma gravidade que

    na guerra, a sobrevivncia da nao e a garantia da liberdade. Em nome desta guerra,

    utilizam-se, no mundo do trabalho, de mtodos cruis contra os cidados, a fim de excluir os

    que no esto aptos para o combate. Exigem-se sempre desempenhos superiores em termos de

    produtividade, de disponibilidade, de disciplina e de abnegao. Esta guerra importa em

    sacrifcios individuais consentidos pelas pessoas e sacrifcios coletivos decididos em altas

    instncias, em nome da razo econmica.

    A cada semana essa guerra destri mais empresas. As pequenas e

    mdias, mais vulnerveis do que as grandes, so particularmente atingidas.

    3. O NEOLIBERALISMO E A BANALIZAO DA INJUSTIA SOCIAL.

    Da loucura implementada no mundo do trabalho, decorre,

    necessariamente, a luta desenfreada pela sobrevivncia. As empresas lutam umas contra as

    outras, numa competitividade em que as pequenas sucumbem diante da fora das maiores. Os

    trabalhadores tambm no escapam essa perniciosa contenda, mas, como no possuem

    armas para lutar, so dizimados pela mquina do mercado, que pilotada por manacos e

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    gananciosos capitalistas, e o que mais grave, esta mquina blindada pela proteo estatal.

    o Leviat entregando os pequenos peixes aos tubares.

    A competitividade, combinada com a necessidade crescente de lucros

    fceis fomenta o mercado globalizado e sua lgica destrutiva aparece perante a sociedade

    como se fosse algo inevitvel, natural e moderno.

    Chistophe Dejous (2001, p. 21), afirma que a pscodinmica do trabalho

    sugere que a adeso ao discurso economicista seria uma manifestao do processo de

    banalidade do mal. O termo banalidade do mal, utilizado por Dejours, acima citado, e que

    faz parte do ttulo de seu livro A Banalizao da Injustia Social, foi utilizado pela primeira

    vez, segundo ele, pela filsofa e escritora Hannah Arendt, em sua obra Eichmann em

    Jerusalm : um relato dobre a banalidade do mal3.

    O livro de Arendt, trouxe-nos uma grande revelao em relao ao

    fenmeno da globalizao e da forma com que esta implementada, aceita e reverenciada no

    somente pelos donos do capital, mas tambm por aqueles que se submetem s suas vontades.

    Conta, Hannah Arendt, na obra supracitada, que foi convidada pela

    revista norte americana The New Yorker, para, em 1961, fazer a cobertura do processo de

    Adolf Eichmann, carrasco nazista encarregado da questo judaica no perodo do massacre dos

    judeus nos campos de extermnio nazistas. Eichmann, fora seqestrado pelos israelenses em

    um subrbio de Buenos Aires e levado a Jerusalm para o que deveria ser um dos maiores

    julgamentos de criminosos de guerra de todos os tempos4.

    Eichmann, no regime nazista, ficou responsvel pela questo judaica.

    Inicialmente ele promoveu a deportao dos judeus, no sem antes de tirar destes muito

    dinheiro por sua sada, criando um fundo para cuidar do que foi denominado questo judaica.

    Aps, foram os judeus remetidos aos campos de concentrao e em seguida mortos das mais

    variadas formas, desde o sepultamento vivo at a carnificina nas cmaras de gs.

    Conta Arendt, que a sua surpresa e de vrias pessoas, inclusive

    jornalistas internacionais que foram a Jerusalm para cobrir o julgamento, que durou cerca de

    3 DEJOURS, Christophe. A banalizao da injustia social. Trad. Luiz Alberto Monjardim. Rio de Janeiro: Fundao Getlio Vargas, 2001. 4 ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalm: um relato sobre a banalidade do mal. Trad. Jos Rubens Siqueira. So Paulo : Companhia das Letras, 1999.

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    9 meses, se deu em relao personalidade do carrasco nazista Adolf Eichmann. Narra a

    filsofa, que, ao contrrio do que ela e muitos imaginavam, Eichmann, que era acusado como

    responsvel pela morte de aproximadamente 6 milhes de judeus nos campos de

    concentrao, no era um monstro sdico, nem tinha uma mente brilhante e diablica como

    se imaginava. Ele era, conforme as palavras de Arendt terrivelmente normal, tendo

    inclusive os psiclogos e psiquiatras que o entrevistaram na priso na fase do inqurito

    afirmado ser o seu comportamento normal e desejvel. Afirmou Hannah Arendt5:

    O problema com Eichmann era exatamente que muitos eram como ele, e muitos no eram pervertidos e nem sdicos, mas eram e ainda so terrvel e assustadoramente normais.

    Aps os julgamentos dos criminosos de guerra nazistas em Nuremberg,

    ou, como no caso de Eichmann em Jerusalm, descobriu-se um novo tipo de criminoso, que

    se acobertava na justificativa de que cometeu os crimes no por sua iniciativa, mas porque

    fazia parte de suas atribuies e de sua responsabilidade funcional.

    Arendt afirma que este era um novo tipo de criminoso, efetivamente

    hostis generis humani, que comete seus crimes em circunstncias que tornam praticamente

    impossvel para ele saber ou sentir que est agindo de modo errado.

    Segundo Arendt, o que afetava a cabea dos homens que haviam se

    transformado em assassinos, na poca do nazismo alemo era que estavam envolvidos em

    algo histrico e grandioso. Essas pessoas no eram sdicas ou ms por natureza; ao contrrio,

    foi feito um esforo sistemtico para afastar todos aqueles que sentiam prazer fsico com o

    que faziam.

    Da mesma forma que o regime nazista matou, massacrou e destruiu os

    judeus e a todos aqueles que os arianos acreditavam ser inferiores, o mercado, a globalizao

    e o sistema econmico hoje vigentes destroem bilhes de trabalhadores.

    Podemos verificar no nosso dia-a-dia, que as pessoas que no tm curso

    superior, com ps-graduao; as pessoas mais lentas; as menos competitivas; as de mais

    difcil relacionamento social e outras que no apresentam os inmeros e crescentes

    pressupostos exigidos pelos empregadores atuais, so excludos do mercado de trabalho, do

    mercado de consumo, da vida social e da dignidade que deveria ser dada a todo ser humano.

    Isto ns podemos equiparar deportao dos judeus que era feita pelos nazistas.

    5 ___ Op. cit. p. 299.

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    Todavia, esta excluso feita pelo mercado muito mais abrangente que

    a deportao feita dos judeus, haja vista que as pessoas deportadas podiam ir para outro lugar

    e reconstruir suas vidas, mas os que so excludos do mercado de trabalho no tm para onde

    ir, visto que o modelo internacionalmente imposto e aceito. Aquele que no se adapta em

    um pas, provavelmente no se adaptar em outro.

    Portanto, tal como no sistema nazista, em que somente o ariano era

    considerado como cidado e ser superior; no sistema capitalista tambm apenas os melhores

    sobrevivem. Mas como no h lugar para todos nessa sociedade excludente, aqueles que no

    se adaptam so marginalizados, perseguidos, e, no sofrem a morte na cmara de gs, mas na

    inanio, na desonra e nos presdios, que so verdadeiros campos de concentrao, onde hoje

    grandioso nmero de presos esto contaminados com o vrus HIV.

    Pode-se ainda verificar, portanto, que o nazismo era menos cruel que o

    capitalismo selvagem atual, visto que os carrascos nazistas, muitas vezes matavam sem

    provocar sofrimento desnecessrio, pois esta era uma diretiva para eles. O capitalismo,

    hodiernamente imposto, mata aos poucos, retira a dignidade e a auto-estima, provocando uma

    verdadeira tortura psicolgica, antes da eliminao fsica das pessoas no produtivas, ou seja,

    das classes inferiores.

    No perodo de massacre nazista, os judeus mais fortes eram escolhidos

    para trabalhar, operando as mquinas de extermnio. Isto lhes dava uma perspectiva de

    sobrevida. Atualmente, ocorre o mesmo nas empresas. As pessoas mais qualificadas, mais

    fortes, mais geis, trabalham num esforo sobre-humano, em cargas horrias estafantes,

    submetendo-se a mltiplas funes para manter seus empregos, e com isso, operam a mquina

    gigantesca do desemprego, pois a atuao acrtica dos melhores e mais dedicados, que

    trabalham muito mais que o suportvel, implica, necessariamente, na dispensa de outro

    empregado. Com isso, ele tambm tem uma sobrevida no emprego, ou seja, conseguir

    mant-lo, at que chegue a estafa, o estresse, a doena ocupacional, ou mesmo outro

    profissional mais jovem e submisso disposto e apto a ocupar seu lugar.

    Hannah Arent afirma que sem a colaborao dos prprios judeus teria

    sido impossvel que o regime nazista tivesse conseguido implementar com tanto sucesso o

    holocausto ali perpetrado. Da mesma forma, sem a ajuda dos trabalhadores no se pode

    implementar a poltica do desemprego.

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    Quando os empregados admitem passivamente o incentivo inimizade,

    a concorrncia e a chantagem patronal de uma gratificao por superao de metas, agem tal

    como os judeus alemes, que, inicialmente colaboraram com o regime nazista pensando que a

    perseguio no os atingiria, mas apenas aos judeus estrangeiros. Quando estes foram

    eliminados, j no havia mais ningum para ajudar os judeus alemes a resistir, e,

    fragilizados, tambm sucumbiram diante do regime de Hitler.

    Afirma-se hoje, que at o final da dcada, 10% das pessoas conseguiro

    sozinhas, produzir o suficiente para suprir o consumo de todo o mundo. Portanto, verificamos

    que no mais necessitamos tanto do concurso de mos para suprir s necessidades humanas,

    tal como acontecia na poca do homem no seu estado de natureza.

    Deste modo, a permanecer a poltica econmica discriminadora e

    excludente, em pouco tempo veremos que o que se faz hoje no mercado de trabalho

    totalmente proposital e friamente pensado, eis que, para a sociedade economicamente ativa e

    detentora dos meios de produo, no necessitando do carvo humano para mover-se, a

    mquina capitalista promove a sua eliminao, ao necessria para a manuteno de uma

    futura paz social. Neste sentido, Hannah Arendt, em 1962 disse: bem concebvel que na

    economia automatizada de um futuro no muito distante os homens possam tentar exterminar

    todos aqueles cujo quociente de inteligncia esteja abaixo de determinado nvel6.

    Neste diapaso, salta-nos aos olhos a noo do Darwinismo social, eis

    que apenas os mais fortes e mais adaptados sobrevivem neste mundo neoliberal e globalizado.

    A participao voluntria das pessoas mais capacitadas (que na verdade

    no so to capacitadas assim, pelo menos do ponto de vista humano, visto que se deixam

    dobrar pela ideologia capitalista), torna difcil a luta pela sobrevivncia daqueles que no

    tiveram a felicidade de nascer em bom bero e ter o respaldo do capital.

    O neoliberalismo, implementado a partir de 1980, mudou toda a

    sociedade, aumentando a taxa de desemprego e a qualidade da vida e das relaes humanas,

    tornando as reaes sociais muito tmidas. A transformao no foi apenas econmica, mas,

    substancialmente comportamental. Segundo Dejours7:

    Desde 1980, no foi simplesmente a taxa de desemprego que mudou, mas toda a sociedade que transformou qualitativamente, a ponto de no mais ter as mesmas reaes que antes. Para sermos mais preciso, vemos nisso essencialmente uma evoluo das reaes sociais ao sofrimento, adversidade, e injustia. Evoluo

    6 Op. cit. p. 312. 7 Op. cit. p. 23.

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    que se caracterizaria pela atenuao das reaes de indignao, de clera e de mobilizao coletiva.

    Pra a ao em prol da solidariedade e da justia, ao mesmo tempo em que se desenvolveriam reaes de reserva, de hesitao e de perplexidade, inclusive de franca indiferena, bem como de tolerncia coletiva inao e de resignao injustia e ao sofrimento alheio.

    Nestas trs ltimas dcadas, o universo do trabalho sofreu

    transformaes imensas, com a adoo de posturas empresariais que afrontam

    substancialmente aos princpios do direito do trabalho e, sobretudo aos direitos humanos,

    provocando, por meio de uma estratgia ideolgica avassaladora, o desmantelamento das

    instituies de proteo das conquistas sociais. Estes novos mtodos provocaram demisses

    em massa, achatamento salarial, degradao das condies de trabalho, entre outras mazelas.

    Nunca se pensou, anteriormente, que os direitos inerentes

    personalidade humana pudessem andar para trs. Verifica-se hoje, que a poltica neoliberal,

    capitaneada pelos Estados Unidos e Inglaterra, das eras Reagan e Teatcher, em poucos anos

    conseguiu fazer ruir as conquistas seculares da classe trabalhadora. E o que mais grave, f-

    lo, de forma escancarada, diante da passividade e da inrcia dos operrios e dos intelectuais de

    todo o mundo, que no tiveram a mesma coragem e a competncia que os cientistas polticos

    e economistas da estirpe de Marx, h quase dois sculos.

    Notamos, que na poca em que Marx criticou o sistema capitalista, sua

    voz ecoou e ele conseguiu a mobilizao da classe trabalhadora. Hoje, j com o conhecimento

    histrico do massacre da classe operria, produzido pela sociedade capitalista liberal daquele

    tempo, seria impossvel aceitarmos o seu retorno. um retrocesso de sculos de histria, em

    plena era da evoluo frentica da tecnologia, da comunicao e da produo de bens.

    Neste contexto encontramos a banalidade da injustia social. A

    degradao abrupta da qualidade de vida da classe trabalhadora, que proporciona a excluso

    de bilhes de pessoas, que dada como coisa natural e admitida tanto por quem implanta e

    impe tal pensamento, como por aqueles que se submetem.

    Poucas so as vozes que reagem. E, para a surpresa geral, as tmidas

    manifestaes de desapreo poltica terrorista do mercado no so esboadas nos pases

    mais explorados, mas sim em outros mais desenvolvidos.

    Algumas dessas crticas, mesmo solitrias, merecem ser notabilizas pela

    sua perspiccia na observao do fenmeno. Alex Freitas (2001, p. 6), conta que em grande

    jogada de marketing a Nike resolveu vender a personalizao de seu tnis. O cliente pagaria

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    um adicional de US$ 10,00 e receberia o calado com o seu nome, de sua namorada ou o que

    bem entenda. Jonah Peretti, Um micreiro da Massachussets Institute of Tecnology, MIT,

    resolveu encomendar um par de tnis com a inscrio sweatshop (loja do suor), expresso

    que designa um lugar onde as pessoas trabalham em condies precrias, recebendo salrios

    aviltados. Outro consumidor fez o mesmo pedido8.

    A Nike vende tnis produzidos em pases asiticos, explorando mo-de-

    obra aviltada. Conta Freitas, que um levantamento feito junto a 4 mil trabalhadores de uma

    fbrica que serve a empresa na indonsia, revelou que 56% queixaram-se de receber insultos

    verbais, 15,7% das mulheres reclamam de bolinas e 13,7% contam que sofreram coero

    fsica em servio. Outro levantamento feito no Vietn mostrou que os trabalhadores ganham

    U$ 1,60 por dia e teriam que gastar U$ 2,10 para fazer trs refeies dirias. S podem usar o

    banheiro uma vez por dia e tomar gua apenas duas vezes. Conta ainda que o descumprimento

    de normas, como o uso do uniforme, punido com corridas compulsrias. Em outros casos, o

    trabalhador obrigado a ficar de castigo ajoelhado.

    O que Peretti e o outro cliente queriam com a palavra sweatshop nos

    seus tnis era demonstrar que repudiavam este tipo de holocausto. A empresa claro, negou-

    lhes o pedido.

    Freitas ainda conta que estes verdadeiros traficantes de mo-de-obra j

    andaram pelo Nordeste brasileiro, mas acharam que por aqui o trabalho muito caro, pois as

    cooperativas nacionais pagam pouco, no assinam a carteira de trabalho, mas remuneram as

    frias e o 13 salrio. Com esse custo, a mo-de-obra aviltada brasileira fica trs vezes mais

    cara que a asitica. Talvez esteja a, a chave de tanto empenho que algumas pessoas fazem

    pela aprovao da famigerada flexibilizao das normas trabalhistas. Teria sido a Lei urea

    assinada lpis?

    A mesma Nike, no ano de 2001 pagou ao atleta Michael Jordan a

    importncia de U$ 30.000.000,00 (trinta milhes de dlares), valor idntico ao que gastou

    durante o ano todo com os seus 30.000 empregados no Vietn, numa demonstrao

    inequvoca da utilizao do trabalho escravo. Tudo isso com as bnos do mercado.

    neste mundo do trabalho que imperam as atitudes reprovveis e

    inquas dos superiores hierrquicos contra os seus subordinados. Aqueles, bem como a 8 FREITAS, Alex. O micreiro do MIT pegou a nike. O Popular, Goinia, p. 6, 04 mar. 2001.(artigo apresentado em aula de Direito do Trabalho, ministrada pelo Professor Edson Braz da Silva, que, nos cedeu cpia).

  • 11

    sociedade de forma geral, fingem no ver o sofrimento da classe oprimida. Os prprios

    subordinados, para alimentar a perspectiva de melhorar de posto ou pelo menos de manter-se

    empregados, forosamente se tornam desleais, fazendo surgir o medo no s da perda do

    emprego, mas da perda da dignidade e de ter trair o ideal de seus valores. Mas o alcance de

    suas culpas to alto quanto a culpa dos judeus que colaboraram no aprisionamento os seus

    pares, pois, compreensvel, que a partir de certo nvel de sofrimento a misria no une, mas

    destri a reciprocidade.

    Segundo Dejours9:

    Em relao a algumas pessoas, sua participao consciente em atos injustos resultado de uma atitude calculista. Para manter seu lugar, conservar seu cargo, sua posio, seu salrio, suas vantagens e no comprometer seu futuro e at sua carreira, ele precisa aceitar e colaborar.

    Foi isso que fez Eichmann, e que tanto preocupou e assustou Hannah

    Arendt, que sem saber que o neoliberalismo surgiria poucos anos depois, mostrou-se

    preocupada com a banalidade do mal, ou seja, com o fato de as pessoas deixarem de se

    revoltar contra os atos injustos praticados contra a sociedade ou uma parcela dela por

    entenderem ser normais tais atos.

    A banalizao do mal, ou da injustia social, a tolerncia mentira, a

    no denncia e alm disso, a cooperao e a participao em se tratando da injustia e do

    sofrimento infligidos a outrem. Segundo Dejours10:

    Trata-se sobretudo de infraes cada vez mais freqentes e cnicas das leis trabalhistas: empregar pessoas sem carteira de trabalho para no pagar as contribuies previdencirias e poder demiti-las em caso acidente de trabalho, sem penalidade; empregar pessoas sem lhes pagar o que devido; exigir um trabalho cuja durao ultrapassa as autorizaes legais, etc. ... O mal diz respeito ainda ao desprezo, s grosserias e s obscenidades para com as mulheres. O mal ainda a manipulao deliberada da ameaa, da chantagem e de insinuaes contra os trabalhadores, no intuito de desestabiliz-los psicologicamente, de lev-los a cometer erros, para depois usar as conseqncias desses atos como pretexto para a demisso por incompetncia profissional, como sucede amide com os gerentes.

    Portanto, neste diapaso, a to propalada flexibilizao das leis

    trabalhistas nada mais que a positivao da banalizao da injustia social e o sepultamento

    dos direitos humanos, no que concerne s relaes de trabalho. Mas a referida flexibilizao

    no nos mostrada em sua face verdadeira. Aqueles que a querem impor, a justificam como a

    salvao para a situao catastrfica que se principiou e ainda no concluiu por ter esbarrado

    9 Op. cit. p. 73 10 Op. cit. p. 76.

  • 12

    em algumas normas protetivas, dizendo, no caso brasileiro que a CLT culpada pelo

    desemprego e pela misria.

    isto, o que se denomina a racionalizao da mentira, que uma das

    etapas da distoro comunicacional, extremamente importante na implementao da ideologia

    da classe dominante. Desta forma, arregimentam-se pessoas de bem para participar do

    processo de banalizao do mal, fazendo-as crer na veracidade deste processo perverso e

    complicado que permite enganar o senso moral sem o abolir.

    O grande trunfo do neoliberalismo, que o faz bem sucedido na sua

    implementao da poltica de banalizao da injustia social a precarizao do trabalho, que

    se d atravs da competio por um lugar no mercado de trabalho.

    O neoliberalismo, envolve, pois, o Darwinismo social, a banalizao do

    mal e o holocausto dos trabalhadores. No neoliberalismo o lucro e o poderio econmico so

    os objetivos. O econmico controla o poder poltico.

    O neoliberalismo se difere do nazismo apenas nos seus mtodos, pois,

    enquanto no nazismo, como em outros sistemas polticos totalitrios a violncia se impe pelo

    terror e pela fora, no neoliberalismo a violncia se d pela intimidao e pela excluso social.

    Os mtodos da SS so muito parecidos com os utilizados pelos grandes

    empresrios e difundidos atravs dos processos de reengenharia. David Rousset, ex-

    prisioneiro do sistema nazista, citado por Hannah Arendt, afirma que11:

    O grande triunfo da SS exige que a vtima torturada permita ser levada ratoeira sem protestar, que ela renuncie e se abandone a ponto de deixar de afirmar sua identidade. E no por nada. No gratuitamente, nem por mero sadismo, que os homens da SS desejem sua derrota. Eles sabem que o sistema que consegue destruir suas vtimas antes que elas subam no cadafalso... incomparavelmente melhor para manter todo um povo em escravido, em submisso. Nada mais terrvel do que essas procisses de seres humanos marchando como fantoches para a morte

    O raciocnio do mercado globalizado neoliberal idntico, impe sua

    ideologia e antes de sugar toda a fora produtiva do trabalhador j consegue fazer dele um

    derrotado, pois, mostra-lhe a todo instante que ele no capaz de acompanhar a velocssima

    evoluo tecnolgica, fazendo-o sentir-se frgil, impotente, incompetente e culpado. As novas

    tcnicas de gesto nesta fase informacional, com a propagao dos meios informatizados de

    produo fazem o operrio acreditar que ele no se atualizou, que est fadado excluso do

    mercado de trabalho pela sua prpria inrcia.

    11 Op. cit. p. 22.

  • 13

    Ricardo Antunes, no seu livro Os Sentidos do Trabalho: Ensaio sobre a

    afirmao e a negao do trabalho, afirma que12:

    A eliminao de postos de trabalho, o aumento da produtividade e a qualidade total fazem parte do iderio e da prtica cotidiana da fbrica moderna. Se no apogeu do taylorismo/fordismo a pujana de um empresa mensurava-se pelo nmero de operrios que nela exerciam sua atividade de trabalho, pode-se dizer que na era da acumulao flexvel e da empresa enxuta merecem destaque, e so citadas como exemplos a ser seguidos, aquelas empresas que dispem de menor contingente de fora de trabalho e que apesar disso tm maiores ndices de produtividade.

    Algumas das repercusses dessas mutaes no processo produtivo tm

    resultados imediatos no mundo do trabalho: desregulamentao enorme dos direitos do

    trabalho, que so eliminados cotidianamente em quase todas as partes do mundo onde h

    produo industrial e de servios; aumento da fragmentao no interior da classe

    trabalhadora; precarizao e terceirizao da fora humana que trabalha; destruio do

    sindicalismo de classe e sua converso num sindicalismo dcil, de parceria (partnership), ou

    mesmo em um sindicalismo de empresa.

    A ideologia patronal de forma impressionante consegue fazer crer ao

    operrio que ele no mais o responsvel pela produo, como Marx ensinou.

    O neoliberalismo, que hoje o neonazismo social, no persegue aos

    judeus. Sua fria muito maior. Ele impe sua viso caolha e sua implacvel e desonrosa

    poltica sobre todos os povos pobres do mundo. Povos estes que se submetem em virtude de

    suas imensas dvidas contradas junto aos grandes pases capitalistas.

    O homem de bem, sendo devedor, submete-se a muitas privaes para

    conseguir saldar seus compromissos, e, a escravido por dvida o meio mais eficaz de se

    manter o servo dcil. A escravido, pode se dar de duas formas: a primeira, por derivao da

    guerra, onde o vencedor prefere no sacrificar o vencido e o faz escravo. Outra forma tambm

    conhecida, popular entre os romanos, a submisso por dvida.

    Na escravido decorrente de guerra, podemos tambm incluir a

    decorrente de captura e contrabando, como ocorrera com os negros da frica e com os ndios

    das Amricas.

    Na escravido por dvida, encontramos um componente psico-

    ideolgico importantssimo para o desenvolvimento do nosso ponto de vista neste ensaio, qual

    seja: ao contrrio do escravo capturado ou prisioneiro de guerra, o escravo por dvida no tem 12 Op. cit. p. 53.

  • 14

    mgoa ou revolta em relao ao seu dono, mas, ao contrrio, sente-se culpado pela situao

    em que se encontra e v no seu esforo e dedicao formas de produzir mais, de modo a

    reconquistar a liberdade perdida. O escravo por dvida nutre em si esperana, enquanto o

    escravo de guerra revoltado. Por isso prefervel ter um escravo por dvida, pois este mais

    produtivo, submisso, respeitador e confivel.

    O trabalhador brasileiro um devedor nato. J nasce devendo milhes

    de dlares ao FMI e aos banqueiros internacionais. Quando adulto, deve no armazm, na loja,

    no banco, na financeira, e, desta forma nunca pode deixar de trabalhar, de aceitar a

    sobrejornada (at torcendo para que ela acontea, quando remunerada), de ser submisso e

    subserviente.

    O pior que, deste modo, jamais consegue se ver como produtor da

    riqueza, colaborador no crescimento econmico e, sobretudo, como pessoa humana, agente e

    sujeito da sociedade, com dignidade e honra que devam ser respeitados por seus

    companheiros de trabalho, pelos patres e pelo Estado.

    Infelizmente o homem trabalhador, por motivos bvios, no consegue

    compreender essa sua dimenso, haja vista que, desde o seu nascimento nunca foi respeitado

    em sua dignidade, nunca foi tratado como gente, nunca foi verdadeiramente um cidado e

    nem teve acesso efetivo aos direitos inerentes personalidade humana. No so os direitos

    apenas que lhes so negados, mas o reconhecimento de sua condio humana. E isto

    terrivelmente cruel e desonroso.

    4-CONSIDERAES FINAIS

    A dignidade da pessoa humana clama por justia, aonde quer que ela

    esteja, e seja ela quem for. Transigir com o desrespeito supremacia da sensibilidade do ser

    humano, negando-lhe esta qualidade , acima de tudo abrir mo de qualquer sentimento

    moral, negando ao homem o direito de existir.

    A superao da indiferena e uma postura responsavelmente emptica

    so fundamentais para a superao da frieza da materialidade imposta pelo mundo individual

    e materialista.

  • 15

    A esse respeito, muito prpria a lio de Alceu Amoroso Lima, em

    sua monumental obra Os Direitos do Homem e o Homem sem Direitos, onde comenta a

    Declarao Universal dos Direitos Humanos. Neste livro, Alceu Amoroso Lima, tambm

    conhecido como Tristo de Athayde, faz importante distino entre individualidade e

    personalidade, citando Jacques Maritan, que diz13:

    ...O nome pessoa reservado s substncias que possuem essa coisa divina, o esprito, e por isso constituem, cada uma por si s, um mundo superior a toda a ordem dos corpos, um mundo espiritual e moral que, propriamente, no uma parte desse universo e cujo segredo inviolvel, mesmo ao olhar natural dos anjos... Ao passo que o nome do indivduo comum ao homem, ao animal, planta, ao micrbio, ao tomo. Enquanto a personalidade repousa sobre a subsistncia da alma humana... a individualidade fundada, como tal, sobre as exigncias prprias da matria, princpio da individuao... Como indivduos, somos apenas um fragmento da matria... estamos submetidos aos outros. Como pessoas, ns os dominamos. Que o moderno individualismo? Um engano, um qiproqu: a exaltao da individualidade mascarada de personalidade. Na ordem social, a cidade moderna sacrifica a pessoa ao indivduo. D ao indivduo o sufrgio universal, a igualdade de direitos, a liberdade de opinio e (ao mesmo tempo) entrega a pessoa todas as potncias devoradoras que ameaam a vida da alma, s aes e reaes implacveis dos interesses e dos apetites....

    A questo crucial da justia est exatamente em fazer valer os direitos

    inerentes personalidade humana, a todo tempo relegados em detrimento do individualismo e

    da corruptibilidade do homem.

    O holocausto social existente hoje no deriva de ms leis, pois, a simples

    observao do Artigo I, da Declarao dos Direitos do Homem, seria suficiente para o

    estabelecimento de uma convivncia harmnica.14

    O que deve fazer o cidado, e, especialmente o operador do Direito, lutar

    no apenas contra a injustia social, mas, sobretudo, contra a sua banalizao. Sempre que

    algo atentar contra a dignidade da pessoa humana, devemos no indignar, cobrar e lutar. No

    obtendo sucesso no podemos achar normal, porque j aconteceu outras vezes, mas, ao

    contrrio, devemos nos manifestar de modo mais incisivo, visto que a repetio da injustia e

    a aceitao desta, pode faz-la normal e banal, e, a banalizao do mal o fim de todos os

    princpios.

    13 LIMA, Alceu Amoroso. Os direitos do homem e o homem sem direitos. 2. ed. Petrpolis: Vozes, 2000. 14 Declarao dos Direitos do Homem, art. I: "Todos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. So dotados

    de razo e conscincia e devem agir em relao uns aos outros com esprito de fraternidade".

  • 16

    BIBLIOGRAFIA

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    LIMA, Alceu Amoroso. Os direitos do homem e o homem sem direitos. 2. ed. Petrpolis: Vozes, 2000.